construção civil: possibilidades de um segmento de

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construção civil: possibilidades de um segmento de
CONSTRUÇÃO CIVIL: POSSIBILIDADES DE UM SEGMENTO DE
MERCADO COM BAIXA ENTROPIA EM LONDRINA-PR
Irene Domenes Zapparoli
Docente do Programa de Mestrado em Economia Regional
email: [email protected]
Fabiano Prado Pedroso
Mestrando Economia Regional-UEL
e-mail: [email protected]
Resumo
O objetivo desta pesquisa é verificar a viabilidade da reciclagem de Resíduos da Construção Civil
(RCC) comparado a extração de minério de areia in situ em Londrina-PR.. O método usado consiste
no tratamento qualitativo e quantitativo e na representação da disposição dos RCC em Londrina e sua
projeção na composição da matéria-prima da construção civil. Nos resultados constatou-se que no
Município quando se relaciona a usurpação de minério de areia ao ordenamento jurídico, incidindo em
multas pela falta de outorga de lavra e licença do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) compensa o
processo de reciclagem dos RCC. Na análise de resultados as medidas sugeridas pelo estudo mostram
a possibilidade de um segmento de mercado com baixa entropia, competitivo na economia regional e
com apropriação de um custo, que a priori governamental, mas na realidade mostra-se como
propriedade do mercado da construção civil. O benefício ambiental vem da ideologia de economizar
recursos naturais com o processo berço a berço.
Palavras-chave: resíduos da construção civil (RCC), viabilidade da reciclagem, baixa entropia.
Abstract
The aim of this research is to verify the viability of the recycling of Residues of Building compared
the sand ore extraction in situ in Londrina-PR. The used method consists of the qualitative and
quantitative treatment and the representation of the disposal of the residues in Londrina and its
projection in the composition of the raw material of the building. In the results it was evidenced that in
the City when the sand ore usurpation becomes related to the legal system, happening in fines for the
lack of grant of cultivates and license of the Instituto Ambiental do Paraná (IAP) compensates the
process of recycling of the building residues. In the analysis of results the measures suggested for the
study show the possibility of a segment of market with low entropy, competitive in the regional
economy and with appropriation of a cost, that a priori governmental, but in the reality reveals as
property of the market of the civil construction. The ambient benefit comes of the ideology to save
natural resources with the process cradle the cradle.
Keywords: residues of the building, viability of the recycling, low entropy.
1. Introdução
O setor empresarial em seu cotidiano defronta-se com as questões ambientais, e dentre as
políticas e posições que este setor tem tomado atualmente, revela a preocupação e incentivo para que
ocorram princípios de uma gestão corretiva nos desperdícios e isso minimiza os resíduos, e inova na
reutilização. (LAPINSKAS, 2010)
As questões ambientais são assimiladas por um setor econômico, de duas formas: a primeira
vem da própria conscientização que surge pelo reconhecimento dos índices ambientais, e a segunda é
pela imposição oriunda, quer seja, da jurisprudência ambiental, da cobrança governamental, mídia ou
marketing verde e/ou outras. Porém o princípio intelectual da vertente econômica dos recursos
naturais transcende e corrobora com os temas “berço ao túmulo” e “berço a berço”. (ECOD, 2012)
A Lei de número 12.305, de 2 de agosto de 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as
diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os perigosos.
As responsabilidades são dos geradores e fiscalizados pelo poder público e aos instrumentos
econômicos aplicáveis. Segundo a Secretaria Nacional de Saneamento do Ministério das Cidades, 61%
de todo o resíduo sólido gerado nas cidades brasileiras são da construção civil, traduzindo em números
são 90 milhões de toneladas de lixo por ano que é produzido no Brasil, (BRASIL, 2010)
A estatística revela que crescentemente os resíduos continuam a saturar os métodos já
conhecidos como tratamento e destinação, alertando que a não intervenção de algum agente
econômico, poderá dentre outros, acarretar em três fatores: desaceleração do setor econômico,
problemas sociais devido às poluições, e/ou a apropriação governamental de recuperar o meio
ambiente, com isso tributando e restringindo e torna ao mesmo ponto de desaceleração que, em caso,
da construção civil (CONSULTEC, 1998).
Segundo o Compromisso Empresarial para Reciclar (CEMPRE), a reciclagem tem
surpreendido as expectativas no Brasil, e diversos estudos e projetos fazem com que o segmento de
reaproveitamento e tratamento, injeta investimentos na economia, a ponto de torná-lo atrativa fonte de
geração de empregos. Dados mundiais de Organizações Não Governamentais (ONGs) e empresas de
reciclagem estimam que 700 milhões de toneladas de materiais de qualquer tipo sejam reaproveitadas
anualmente, o que representa um faturamento anual de US$ 200 bilhões.
A ideologia “berço a berço” serve de parâmetro para aplicação da logística reversa no setor
da construção civil, segundo Forts et al (2004) o sucesso de logística reversa que busca o
reaproveitamento é possível através da viabilidade econômica de seus agregados. É de fato possível
que um ponto de reciclagem ou de extração de minério auto angariar, investimentos capitalistas, e ao
mesmo tempo ser ecologicamente correto?
O objetivo consistem em verificar a viabilidade da reciclagem gravimétrica em local urbano
de Resíduos da Construção Civil (RCC) em Londrina, comparado a extração de minério de areia in
situ.
2 Processo de Reciclagem Granulométrica de Resíduo da Construção e Demolição
O processo de reciclagem de Resíduo da Construção e Demolição (RCD) é similar a um
beneficiamento mineral, e pode-se compreender dividindo-se em quatro operações: concentração,
cominuição, peneiramento e processos auxiliares (MOTTA, 2005)
A segunda fase do processo, quando já considera um agregado reciclado e segregado, surge
as seguintes fases verificadoras: natureza dos materiais constituintes, distribuições granulométricas,
absorção de água, atividade pozolânica, resistência ao desgaste, formato do composto, percentual de
resiliência e teor dos materiais indesejáveis. (LUZ et al, 2004; MOTTA, 2005)
Tabela 1 - Preço brita em São Paulo
Material Empregado
Brita Graduada
Brita corrida comum
Agregado reciclado de resíduo sólido da Construção civil
Fonte : Adaptada de Motta (2005)
Preço [R$/m]
52,74
45,03
43,5
Em conformidade com a NBR 15115, que especifica a dimensão dos grãos, que deve ser
igual ou inferior a 63,5mm, assim sendo, a análise granulométrica segrega um primeiro agregado do
RSC, valorizado no mercado, conforme Motta (2005) compôs o gráfico 1 pesquisado baseado no
portal da prefeitura de São Paulo.
2.1 A Análise Gravimétrica de Resíduo da Construção Civil
Os Resíduos da Construção Civil (RCC) são compostos por componentes minerais
misturados a outros não minerais como: gesso, tinta, cerâmico e outros, desta forma a necessidade da
fase concentração que detém as substâncias estranhas à fração mineral. (LUZ et al, 2004; MOTTA,
2005)
Nota-se ao discorrer o programa experimental de Motta (2005) e as normas COMANA e
contraponto com Pinto et al (1999), que as possíveis diferenciações entre RCC e RCD, são as
seguintes:
Por Motta (2005) RCC já triturado concentra grande percentual de areia, em torno de 25%
do composto, consecutivamente o RCD tem melhor aproveitamento para utilização como brita,
conforme representa a ilustração abaixo.
Pelas Normas do CONAMA, o RCC necessita de maior atenção por causa dos princípios
poluidores ativos, nos produtos como tintas, solventes e outros líquidos que por motivo da forma física
poluem mais do que quando solidificados, os sólidos imaturos representam graus de poluição
acentuada nas deslocações dentre o canteiro de obra.
Pinto et al (1999) a disposição dos RCD dentro do total de RSU nas cidades brasileiras é
consideravelmente alarmante e deve-se, entender que demolição é menos estruturada que a primeira
construção.
2.2 Passivo Ambiental em Londrina
O relato de um artigo apresentado no Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental dos autores
Morales et al (2011) sugere ineficiência alocativa nos atos da gestão dos resíduos sólidos em
Londrina. A interpretação pode vir por meio de gráficos que detalham a existência de depósitos
clandestinos de Resíduos Sólidos Urbanos nas quatro áreas regiões do Município.
Nota-se que ainda se somente levar a distância como fator de expansão do custo de
destinação dos RSU, os depósitos clandestinos serão economicamente mais atrativos aos pequenos e
médios geradores de RCC.
Implicitamente pode-se identificar também um monopólio do setor de serviços de transporte
urbano de RSU em Londrina, pelo sitio digital da prefeitura de Londrina, disposto da home Page
www.prefeituradelondrina.com.br, identifica que em torno de três empresas fazem a coleta e a
destinação dos RSU.
2.3 Redes de Projeção de Geração de Resíduo da Construção e Demolição (RCD).
A pesquisa voltada para destinação e reciclagem de RCD em Londrina, vão além das
instituições de esferas estaduais e federais, tem contado com outras entidades privadas,
governamentais, mistas e voluntárias in loco.
O Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina (CEAL) promoveu curso de
gerenciamento de resíduo sólido da construção civil, que teve em seu programa didático um
levantamento qualitativo e quantitativo de RCC em Londrina. A Universidade Estadual de Londrina
(UEL), também atua por meio da biblioteca on-line, dos eventos e publicações de materiais com
referências nos assuntos ambientais.
A Secretaria do Estado do Meio Ambiente (SEMA) atua no segmento com dados da
aplicação, certificações e atuações ocorrentes na Cidade. O portal da Ecometrópole disponibiliza
arquivos com dados empíricos das disposições de resíduos da construção em Londrina (ECOD, 2012).
Dentre estas fontes e outras, forma-se uma rede de informação, que apropriando do conceito
de redes de inovações tecnológicas de Victor Pelaes e Tamás Szmercsanyi e outros autores. Rede é
um conjunto fechado de conexões seletivas e explícitas, com parceiros preferenciais num espaço de
complementaridade do conhecimento, isto possibilita que com a coleta de dados e tratamentos dos
mesmos será possível mensurar o volume atualmente alocado no município e suas gerações futuras.
2.4 Tecnologia na Construção e na Reciclagem
Os robôs surgem como inovações à mercê deste tipo de problema sócio ambiental de
fomento econômico, dois exemplos são relevantes. O modelo é trazido ao Brasil pela empresa
Demontec, uma empresa, com
atuação nas atividades de demolição, desmontes, implosões e
terraplanagem, em obras de diferentes proporções e naturezas, esta empresa utiliza o britador móvel
Power screen Metrotrack HA, da Terex.
Resíduo sólido quer seja os detritos de cimentos e tijolos, já podem tornar materiais para
pavimentação utilizados na própria obra, o equipamento abaixo de pequeno porte e relevante
produção, consegue atribuir mais um resíduo para a reutilização imediata, segue um modelo do
equipamento triturador de mandíbula (GRANDES CONSTRUÇÕES, 2012).
2.5 Rede de inovação tecnológica e P&D na Construção Civil
O Leadership in Energy and Enviromental Design (LEED) este certificado é para que o
empreendimento torne-se internacionalmente reconhecido como pouco poluidor (LAPINSKAS,2010).
Segundo Lapinskas (2010), um empreendimento que utiliza as ferramentas das diretrizes do
green building, com a especificação para certificação LEED de construção sustentável em Londrina é
o Eco Mercado Palhano.
Certas Certificações podem gerar uma rede de inovações e pesquisas com desenvolvimento,
o que pode compreender através de learning by interacting e de learning by using, e assim, o
transbordamento de conhecimento gera inovação tecnológica (VALLE & SOUZA FILHO, 2001).
Projetos de equipamentos para produção de tijolos ecológicos, em pequenas quantidades, são
visitados em sites de mídia informadora, como por exemplo, projeto disponível para compra on line,
esta tecnologia pode ter sido incentivada através de conhecimentos trazidos pela política da construção
ecologicamente correta (OECO, 2012).
2.6 Produtos e Subprodutos da Reciclagem
Pelos possíveis subprodutos da construção civil, segundo Motta (2005), os agregados podem
ser usados como camadas drenantes, lastros para assentamentos de tubo, envelopamento de galerias e
estabilização de solo, estes subprodutos são formulados pela gramatura em seu processo de
reciclagem.
Pela figura 7, ilustrativa da cartilha da construção civil, com tema desperdício zero
disponibilizada pelo Programa da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, é
possível notar a gama de produtos já comercializados de agregado de RCC e RCD.
2.7 Logística reversa e a sustentabilidade.
Para Fortes (2007), a gestão ambiental do mundo tem como objetivos rastrear o ciclo de vida
de um produto do início ao fim, fundamentalmente pode ser corroborado pela resenha do livro
“Cradle to Cradle”, exposto no portal eletrônico ecodesenvolvimento.
A ideia é bem simples: em vez de um sistema linear (recursos > produtos > resíduos, sugere-se
a adoção de um sistema circular (recursos > produtos > resíduos> produtos...). Assim, no lugar
de um sistema que vai “de berço ao túmulo”, teremos outro “de berço a berço”, de modo que a
economia continue funcionando, mas sem deixar as sobras que arriscam nossa existência na
terra (ECODEV, 2012).
Segundo Figueiredo (2007) entre a ideologia e a gestão atualmente aplicada sobre os RCC,
sobram lacunas a serem preenchidas, até que a teoria transforma-se em prática evoluída; no entanto
seja “berço a berço” a solução “ótima”, gestão pública já tomam atitudes “boas”, por exemplo:
conforme o Decreto Municipal 768/2010 de Londrina, em seu Artigo 5º, os Geradores deverão ter
como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, redução, reutilização,
segregação, reciclagem e destinação final.
2.8 Viabilidade Econômica.
Para a economia, criar empregos é relevante, para as empresas privadas o mercado dita as
regras, e as forças governamentais respondem às necessidades ainda não lucrativas no ponto de vista
privado, neste contexto a reciclagem precisa: atrair recursos privados que viabilizem os seus
investimentos, em contrapartida, o preço de mercado de seus agregados têm que remunerá-los. A
exigência de remuneração dos capitais investidos, e/ou pelo nível de sinergias enriquecedoras entre a
reciclagem e as pressões de mercado, predominam aí, os instrumentos econômicos de política
ambiental, praticados pelo Estado. A figura 8 sugere um modelo macroeconômico o qual se deve
inserir a reciclagem de RCC (DS. BRASIL, 2012).
Na ausência de um mercado regulamentado surgem os mercados paralelos no qual os
instrumentos de comando e controle estão presentes.
3. Procedimentos Metodológicos
O método constitui uma análise de referências sobre reciclagem e a possibilidade de
exploração de minério de areia. Os procedimentos metodológicos referencias constituem em coleta e
busca de dados periódicos em Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná;
Secretaria Municipal do Ambiente de Londrina (SEMA); Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná (CREA-PR); Sindicato da Construção Civil do Norte
do Paraná (Sinduscon); Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina (CEAL).
Para o estudo de caso sobre areia, a exploração de minério de areia e a averiguação in loco
no porto de areia foi a principal fonte de informação. Os documentos apresentados constituem o
estudo de caso.
4. Análise de Resultados
Na análise de resultados valeu-se de um estudo de caso sobre exploração de minério de areia
antes de Outorga de Lavra. A justificativa se prende a morosidade do processo de licenciamento. Para
a coleta de dados na Região Metropolitana de Londrina (RML) parte-se do Relatório de Perícia com as
informações sobre Geologia, Laudo Pericial Original. O ponto de partida para o cálculo do minério de
areia considera o valor publicado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), no período de 20032006. O preço praticado era, em 2006, no valor de U$ 4,25 por tonelada, conforme Tabela 2. (extraído
do relatório fonte pelo programa Paint).
Tabela 2 - Preços de areia indicados e fornecidos pelo Ministério de Minas e Energia, 2003-2006, em
t.)
Fonte: BRASIL. MME. Produção e Comercialização de Areia, Brita e Cascalho (2014)
Para efeito de simulação do preço do minério de areia extraído foram coletados dados em
junho de 2014, na Região Metropolitana de Londrina (RML), num raio de abrangência econômica de
150 km. Para início do empreendimento foi previsto por estimativas de investimentos fixos o montante
de capital inicial de R$ R$ 1.664.800,00 (Tabela 3), compostos por máquinas e equipamentos;
estruturação da jazida; e veículos.
Tabela 3 – Estimativas de Investimentos Fixos a preço de 2006
5.1. Estimativas de Investimentos Fixos
A - Máquinas e Equipamentos
Item Equipamento
Medida Quantidade Valor Unitário
1 Escavadeira
un
2
380.000,00
2 Carregadeira
un
1
391.100,00
4 Bomba draga
un
1
15.000,00
5 Lavador
un
1
5.700,00
Valor investido
760.000,00
391.100,00
15.000,00
5.700,00
Subtotal
1.171.800,00
B - Estruturação da jazida
Item Etapa
1 Acessos
2 Rampas
3 Cancha e Lavador
4 Área de estoque
5 Escritório
Medida Quantidade
un
1
un
1
un
1
un
1
un
1
Valor Unitário
5.000,00
5.000,00
10.000,00
5.000,00
28.000,00
Subtotal
Subtotal
Valor investido
5.000,00
5.000,00
10.000,00
5.000,00
28.000,00
53.000,00
1.224.800,00
C - Veículos
Descrição
Medida Quantidade
Valor Unitário
Total
220.000,00
Subtotal
440.000,00
440.000,00
R$ 1.664.800,00
N°
1
Caminhão traçado
un
2
Total dos Investimentos Fixos
Obs. Retirada de carga no Porto CF = R$ 1.224.800,00
Para Máquinas e Equipamentos pode ser efetuado leasing operacional, num contrato direto.
Os veículos podem ser dispensados mediante retirada da areia no porto. Uma prática comum efetuada
pelos distribuidores.
Para uma melhor simulação, os investimentos disponibilizados e integralizados no capital
social estimado, foram necessários deflacionar os valores a preços de 2006. Para o calculo foi usado o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), com base na Tabela 4.
Tabela 4 – Capital fixo a preço de 2006
Capital fixo a preços de 2006 (INPC)
Ano
Inflação efetiva Fator Deflação
Valor real
2013
5,56
1,00
1.664.800,00
2012
6,20
2011
6,08
2010
6,47
2009
4,11
2008
6,48
2007
5,16
2006
2,81
849.017,79
Capital fixo a preços de 2006 (INPC)
R$ 849.017,79
Fonte: Banco Central do Brasil (BCB, 2014)
Para metodologia de cálculo usou-se o índice base de 2006, 2,81, dividido pelo índice de
2013, 5,56, multiplicado pelo valor a deflacionar (R$ 1.664.800,00). Esses dados são utilizados para
efetuar o cálculo dos juros, custo operacional, a ser pago ao agente financiador.
Tabela 5 – Capital de giro a preço de 2006
A - Estimativa de Estoque Inicial
Quantidade média
N°
Descrição
Medida
Valor m³ (R$)
anual de extração
1 Minério de Areia
m³
16.804,84
7,24
Subtotal
B - Caixa Mínimo
Dias por
Custo
Item
Descrição
Custo diesel/Dia
mês
Manutenção
1
Escavadeira
22
44
10,00
2
Carregadeira
10
20
10,00
3
Caminhão traçado
6
12
5,00
4
Bomba draga
8
16
2,00
5
Prestação BNDES
5
Mão de obra
Subtotal
Total
Total mensal
10.138,92
R$ 10.138,92
Total mensal
978,00
210,00
77,00
130,00
20.116,33
21.168,83
42.680,17
R$ 52.819,09
O estoque inicial foi baseado quantidade produzida liquida no mês, tanto o custo de insumo
como o estoque é mensal.
Tabela 6 - Carga horária de trabalho
Carga horária normal de trabalho
Horas por dia
Horas por mês
Dias trabalhos mês
Valor litro diesel
Unidade
h/dia
h/mês
dias/mês
Quantidade
8,8
193,6
22
Litro
2
Os cálculos serão baseados em unidade de horas, mas os resultados estão agrupados em mês.
Tabela 7 - Investimentos pré-operacionais
N°
Descrição
Medida
Quantidade
1
Despesas de legalização (Lavra e LA)
Divulgação (Criação de portfólio e ID
Visual, Mídias digitais e impressas)
Cursos e Treinamentos
Barracão e casa de ferramentas de 100 m²
Banheiro de 5m²
Assessoria Especializada
Valor
1
2
3
4
5
9
Valor
Valor
m²
m²
Valor
1
1
1
1
1
Valor
Unitário
40.000,00
180,00
1.000,00
9.000,00
3.000,00
1.000,00
Subtotal
Total
40.000,00
180,00
1.000,00
9.000,00
3.000,00
1.000,00
R$ 54.180,00
A areia faz parte de um segmento econômico que utiliza pouca divulgação, assim previsto
despesas com cartões de visita.
Tabela 8 - Investimento Total - Resumo
N°
Descrição dos Investimentos
1 Investimentos Fixos - Quadro 5.1
2 Capital de Giro - Quadro 5.2
3 Investimentos Pré-operacionais - Quadro 5.3
TOTAL (1 + 2 + 3)
N°
Fontes de Recursos
1 Recursos de terceiros
2 Recursos próprios
3 Outros
TOTAL (1 + 2 + 3)
Valor (R$)
1.224.800,00
72.528,18
54.180,00
1.351.508,18
Valor (R$)
1.331.840,00
332.960,00
1.664.800,00
(%)
91%
5%
4%
100%
(%)
80
20
100
Do total investido 80% foram financiados e o restante é participação dos sócios.
BNDES*
Taxa de juros: 4.5% a.a.
Prazo de empréstimo: 120 meses
*Finame PSI Bens de Capital - MPME
Quadro 1 – Taxa de juros
Fonte: Financiamento pelo BNDES (2014)
O financiamento em 10 anos ultrapassa o período de extração, porem foi utilizado para
cálculo de custo operacional, os juros e a quitação de 48 parcelas, considerando o período de 2006 a
2009. Anexo “A” – Sistema de Amortização Constante (SAC)
Tabela 9 - Estimativa de faturamento mensal
N°
Produto/Serviço
1 Areia Lavada m³
TOTAL
Quantidade
(Estimativa de
Vendas)
1.400
Preço de Venda
Unitário (em R$)
Faturamento
Total (em R$)
7,24
10.138,92
R$ 10.138,92
Tabela 10 - Preço da areia, em 2006, em 2009, Brasil
Em U$ (2006) em ton.
Cotação do Dólar
Em R$ (2006)
4,25*
2,2747
9,67
Valor de mercado local, em m³, em R$
9,67 **
1,6
6,04
Valor de mercado local em 2009 em R$
6,04
1,1985***
7,24
Fonte: *MME (2014); **BCB, (2014) ***INPC 2006-2009
A quantidade faturada em consideração considera o volume final de minério de areia, neste
caso descontado perda de qualidade.
Tabela 11 - Estimativa de custos de comercialização, mensal, Impostos do Simples Nacional
Descrição
Faturamento
Estimado
%
1. Impostos
Impostos Federais
SIMPLES
IRPJ
PIS
COFINS
IPI
CSLL – Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido
Custo Total
(R$)
4,50%
0,00%
0,00%
0,00%
0,50%
10.138,92
10.138,92
10.138,92
10.138,92
10.138,92
456,25
0,00
0,00
0,00
50,69
0,00%
10.138,92
0,00
Impostos Estaduais
ICMS – Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços
1,25%
10.138,92
Impostos Municipais
ISS – Imposto sobre Serviços
10.138,92
CFEM - Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
CFEM
2,00%
9.251,33
Subtotal 1
Subtotal 1 m³
2. Gastos com vendas
Comissões e premiações
0,00%
10.138,92
Propaganda
0,00%
10.138,92
Taxa de administração do cartão
de crédito
0,00%
10.138,92
Subtotal 2
TOTAL (Subtotal 1 + 2) m³
126,74
185,03
R$ 887,59
R$ 0,04
0,00
0,00
0,00
R$ 0,00
R$ 0,04
A escolha do nível de faturamento foi em função da quantidade de areia pura disponível no
minério, não utilizou a capacidade produtiva.
Tabela 12 - Apuração dos Custos de Materiais Diretos - CDM
Item
1
Produto
Areia
Estimativas de
Vendas (m³ mensal)
Custo Unitário de
Materiais
4,42
1.400
1
Produto
Areia
Estimativas de
Vendas (m³)
Custo Unitário com
Capital
1.400
5,38
Subtotal
8.639,01
R$ 8.639,01
Subtotal
Item
CMD (R$)
CMD (R$)
10.488,83
R$ 10.488,83
O custo unitário de materiais, R$ 4,44, compreendem dispêndios com mão de obra,
combustíveis, juros da dívida e impostos. Já o custo unitário com capital, R$ 5,38, é o investimento em
capital fixo, pagamento do principal da dívida. No custo unitário do metro cúbico de areia levou-se em
consideração a capacidade produtiva, mantendo uma taxa de 20% de ociosidade. O primeiro item não
inclui a taxa de atratividade do capital, o segundo remunera capital próprio a uma taxa de 1% ao mês,
mas não contempla o capital a pagar para o BNDES, o juro faz parte da composição do custo
operacional. Esse sendo considerado como agregação de valor.
Tabela 13 - Custos de Mão de Obra – Custos Fixos.
N°
Funcionário Função
Quantidade
Salário
Mensal (R$)
1
2
3
4
5
6
Op. Escavadeira
Op. Carregadeira
Motorista
Op. Lavador
Escritório
Pró-labore
2
1
2
1
1
1
2.000,00
2.000,00
1.500,00
1.000,00
1.300,00
3.500,00
Dec. Ter.
salário
333,33
166,67
250,00
83,33
108,33
291,67
Subtotal
Férias
1/3
férias
111,11
55,56
83,33
27,78
36,11
97,22
333,33
166,67
250,00
83,33
108,33
291,67
Total 2013
8722,22
3750,56
6541,67
1875,28
2437,86
6563,47
21.168,83
Ind.
Salário
min.
12,86
5,53
12,00
3,47
4,78
14,11
Salário
2006
2006
380,00
380,00
380,00
380,00
380,00
380,00
4.888,56
2.102,08
4.561,16
1.319,64
1.816,45
5.363,70
20.051,59
Para cálculo do custo de mão de obra foi provisionado 13º salário, férias e adicional de
ferias, distribuído ao longo do ano, os tributos foram calculados conforme quadro 2. Usou-se uma
metodologia para deflacionar os salários sendo: índice do total é igual salário total bruto dividido pelo
salário mínimo atual, posteriormente multiplicando pelo salário mínimo em 2006.
Alíquotas de encargos sociais e provisões
Item Encargos
(%)
1 Contribuição ao INSS
28,8%
2 Contribuição ao FGTS
8,5%
Total de Encargos sociais
37,3%
Provisões (Férias, 13. salário, Rescisões)
20,0%
Total Geral
57,3%
Quadro 2 - Alíquotas trabalhistas.
Tabela 14 – Estimativa de custos de depreciação
Ativos Fixos
5.1.A – Máquinas e equipamentos
5.1.B – Móveis e máquinas
5.1.C – Veículos
TOTAL
Valor do
Equipamento
(R$)
1.171.800,00
53.000,00
440.000,00
Vida útil
em Anos
20
10
5
Depreciação
Anual (R$)
58.590,00
5.300,00
88.000,00
Depreciação
Mensal (R$)
4.882,50
441,67
7.333,33
R$ 12.657,50
No cálculo do custo de areia por metro cúbico está incluso o valor a descontar de
depreciação.
Tabela 15 – Estimativa de custos fixos
Descrição
IPTR
Água
Energia elétrica
Telefone
Honorários do contador
Manutenção dos equipamentos
Salários + encargos – quadro 5.9
Material de limpeza(desinfetante,vassouras, rodo,
detergente, sacos de lixo)
Material de escritório
Combustível
Taxas diversas
Serviços de terceiros
Depreciação – quadro 5.10
Materiais de copa, higiene e limpeza
Outras despesas
TOTAL
Custo Total Mensal (R$)
40,00
50,00
90,00
200,00
1.200,00
200,00
20.051,59
100,00
30,00
500,00
200,00
100,00
12.657,50
250,00
2.000,00
R$ 37.669,09
5. Conclusão
Na atualidade os pesquisadores buscam levantar estudos que apontam possibilidades e
métodos para transformar em processos sustentáveis com redução de prejuízos sócios ambientais, as
atividades econômicas que geram custos extrínsecos ao lucrado, os quais são emergências
governamentais, sociais e ambientais, para toda uma comunidade, região, pais e mundo.
Os recursos extraídos de acordo com o Licenciamento Ambiental do IAP, Outorga de Lavra
do Departamento Nacional de Produção Mineral, Ministério de Minas e Energia, possui um tempo de
espera para que a documentação seja completada que, em muitas vezes, levam os empresários a
fazerem a exploração antes que a documentação seja concretizada. Essa ação tem levado a multas.
Esse mercado de matéria prima para a construção civil ainda se apresenta incerto como no
estudo de caso de usurpação de minério de areia. Para efeito de cálculo nos custos operacionais
considera-se o volume total de 223.860,13 m³, útil lavrável a ser movimentado, no qual incide as
despesas chamadas de custos semi-variáveis, variáveis ou custos operacionais.
Para efeito da receita considera a quantidade de 223.860,13m³ comercializada. Na
composição do preço está o custo operacional de R$ 4,42, por metro cúbico comercializado. Preço da
areia, em 2009, R$ 7,24. Com faturamento nos quatro anos de R$ 1.620.747,34 e custos operacionais
de R$ 988.920,39. Pode-se verificar que a empresa teve uma receita, descontando os custos
operacionais, de R$ 631.826,95, ou seja, o valor do metro cúbico da quantidade de minério de areia
extraída é de R$ 2,82.
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