janeiro/fevereiro

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janeiro/fevereiro
editorial
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publicada na Revista Nacional de Reabilitação,
desde que seja citada a fonte.
P
Desafios e oportunidades
num mercado crescente !
ode até parecer meio “clichê” o título dessa mensagem, mas é verdade. Este ano de 2016 será marcado por isso mesmo: muitos desafios, mas também, por muitas oportunidades. E o nosso mercado,
o de Tecnologia Assistiva – pessoas com deficiência, familiares e profissionais do setor de um modo
geral – é sim, feliz ou infelizmente, um mercado crescente. Existem estatísticas que mostram que, no Brasil,
cerca de 500 pessoas por dia “ingressam” nesse mercado como usuários de produtos ou serviços de Tecnologia Assistiva, com algum tipo de deficiência, seja ela congênita ou adquirida (prática de esportes radicais,
acidentes de trânsito, violência urbana etc). Ou seja, independentemente de crise econômica ou política, a
vida não pára. As pessoas continuam nascendo, os acidentes continuam acontecendo, as pessoas continuam
envelhecendo, as patologias continuam aparecendo... e com isso, o número de “usuários” de equipamentos,
de tratamentos e terapias, dos serviços correlatos, cresce diariamente.
Hoje estamos percebendo no Brasil um clima de medo, de assombro, insegurança, descrença... a incerteza
paira no ar. A crise atualmente vivida por todos nós é uma das piores já vividas, porém, mais que uma crise
econômica ou política, ela é pior porque é uma crise moral. É uma crise quase de alma. É epidêmica... estranha,
parece até mais psicológica até do que real. E quando não se sabe ao certo qual é o “foco da doença” – no
caso a crise – fica muito mais difícil se encontrar o “remédio” para curá-la, não é mesmo ? Como combater
algo que existe, de fato, porém não se sabe ao certo qual o seu real fundamento ?
Parece que voltamos no tempo. Hoje voltamos a falar em crise, inflação, empresas fechando suas portas, desemprego... O Brasil parece que regrediu décadas em meses. É como um sonho... dormimos num paraíso como
nunca antes vivido “na história desse País” (lembram-se dessa frase ?), e acordamos no dia seguinte, vivendo um
dos piores pesadelos que já atravessamos. Foi muito rápido, um golpe que não nos deu sequer chance de defesa.
Mas, o brasileiro é guerreiro... apanha, enverga mas não quebra. Vamos passar por mais essa, se Deus quiser !
Até porque, apesar de tudo que estamos vivenciando e vivendo, podemos dizer que este segmento de
Tecnologia Assistiva e pessoas com deficiência, em termos de “mercado”, está sim sendo afetado, principalmente por conta da alta do dólar incidindo diretamente nos produtos e suas matérias-primas e tal... mas
mesmo assim, somos parte de um dos mercados menos afetados diretamente por essa crise que o Brasil
está vivendo. Olhem ao redor com discernimento e vão perceber claramente isso.
Nesta mesma edição – janeiro/fevereiro – do ano passado (2015), o título desse meu editorial foi: “Fazendo
do limão uma Limonada”... lembram-se disso ? Pois é amigos... vamos ter que continuar nesse mesmo passo
em 2016 também. Tirando as lições da crise e do nosso dia a dia. Reaprendendo com essa nova situação,
lutando, trabalhando duro e dentro do cenário que temos, achar nele as “oportunidades” que uma realidade
como essa nos oferece. Em todos os sentidos. Tanto como pessoas, particularmente falando, dentro de nossas
casas ou no nosso trabalho, como também como empresas e empresários.
Vamos enxergar 2016 de um modo positivo ? Este ano temos Olimpíadas no Brasil... Paralimpíadas em
setembro no Rio de Janeiro. Um marco histórico para nosso País e para as pessoas com deficiências. Antes
disso, teremos em junho a segunda edição da feira MOBILITY & SHOW, que este ano será no Campo de Marte,
em São Paulo/SP, maior e com muitas novidades. Em janeiro agora, passou a vigorar a LBI – Lei Brasileira de
Inclusão, que chegou para mudar a vida das pessoas com deficiência no Brasil. Acabamos de ter um Carnaval
onde as pessoas com deficiência tiveram um super destaque nos Sambódromos de todo País... daqui para
frente, teremos todos os meses, eventos espalhados por todo Brasil onde a pessoa com deficiência será o grande
protagonista, seja por conta das Paralimpíadas ou por conta da regulamentação da LBI. A mídia estará dando
destaque para o nosso setor e temos que aproveitar essa deixa, tirar dos fatos positivos, as oportunidades !
Olhem o setor automobilístico, por exemplo: enquanto as vendas no chamado “varejo” caem
desde o final de 2014, em 2015 as vendas com “isenção de impostos” – as chamadas Vendas Especiais, para PcD ou familiares – cresceu 26,5 %, batendo um recorde histórico, e o mais interessante, com uma significativa tendência de crescimento para os chamados modelos da linha “Premium”, que no geral, cresceram mais de 100 % em vendas no ano passado. Estão vendo só ? Cadê
a crise ? Ela existe sim... mas será que ela é desse tamanho que nós estamos pintando e sentindo ?
Tudo na vida tem dois lados... ficar mais velho tem algumas vantagens, não muitas, mas tem. E uma delas é
que a experiência vai nos mostrando e ensinando a enxergar melhor as coisas.
Vamos em frente, reclamando menos e trabalhando mais... Feliz 2016 !!!
“... Seja forte e corajoso ! Não se apavore, nem se desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com
você por onde você andar”.
Josué 1:9
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3
entrevista
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Billy Saga
Rapper, publicitário, ator, artista plástico, presidente e consultor de
ONGs, estreando agora no papel de pai, ele liderou desde 2003,
o Movimento SuperAção, que levou às ruas milhares de pessoas em
28 edições. Em dezembro passado, em São Paulo/SP, em plena
avenida paulista, veio o anúncio que seria a última vez que o evento
aconteceria naquele formato, causando surpresa aos participantes
N
foto: Fabiana Stig e Rodrigo Reis
ascido na capital paulista em
1977, William Coelho se tornou Billy na infância, apelido
dado pelo pai. Saga veio muito depois, denominação de
seu primeiro projeto musical que acabou
incorporado ao nome. Em 1998, um acidente de moto transformaria sua vida: uma
viatura policial, sem qualquer sinalização,
atravessou o sinal vermelho e o arremessou
longe. O motorista estava com a carteira
vencida e até hoje ele espera a conclusão
do processo na Justiça.
Apaixonado por música, lançou o primeiro
CD solo em 2012: “Me jogue aos lobos e eu
volto comandando a matilha”. Em 2015 apresentou o clipe: “Derrubo um rei”, para anunciar
o segundo CD - “As ruas estão olhando” - que
será lançado ainda neste primeiro semestre.
Como ator, participou de mais de 150
apresentações da Companhia
dos Menestreis. É presidente da ONG Movimento
SuperAção, consultor da
ONG Mais Diferenças e
conselheiro da Ouvidoria da Defensoria Geral do Estado de São
Paulo. Recentemente começou um
novo trabalho,
como analista
de marketing
institucional em
uma grande empresa. Casado
com a cantora
Ju Caldas, é pai
de Emília, recém-nascida em 14 de
janeiro passado.
Foi em 2003 que,
com os amigos Gui
(Guilherme Roca) e Luca (Luciana Salomão),
começou a dar forma ao SuperAção. Em 2004
foi realizada a primeira manifestação de rua
que, além de São Paulo (só na capital paulista
foram 12), se espalhou para o Rio de Janeiro/RJ,
Porto Alegre/RS e as cidades argentinas de
São Justo e Santa Fé. Durante este período
se transformou em um dos principais nomes
na defesa dos interesses das pessoas com
deficiência em nosso País.
Vamos juntos conhecer um pouco mais
de sua trajetório e seus planos:
Revista Reação – Como surgiu o Movimento SuperAção ?
Billy Saga – Quando me tornei cadeirante, comecei a reparar o quanto a pessoa com
deficiência era excluída e não tinha seus direitos cumpridos. Nesse momento, eu comecei a
me sentir indignado e achar que a gente tinha
que fazer alguma coisa para chamar a atenção
da sociedade em geral, que não vivenciava,
não conhecia essa causa, para que a gente
conseguisse mudar esse panorama excludente que a pessoa com deficiência sofria. Criei
então um movimento, na verdade um laboratório que acabei fazendo, e uma mobilização
na avenida Paulista. Isso foi no ano de 2000,
aproximadamente, e eu não fui muito bem
sucedido, porque na época não conhecia o
segmento, estava há muito pouco tempo na
cadeira, não tinha ainda um envolvimento
político ou social para poder articular um movimento de amplo porte. Quando fui para o
teatro, em 2003, comecei a conviver com
entrevista
pessoas com deficiência que compartilhavam
desse desejo de mudança. Nessa época, junto
com o Guilherme Rocha, o Guizaul, que é um
dos cadeirantes fundadores do Superação,
junto com a Luca, a Lúcia Salomão, locutora
da 89 e que não tem deficiência nenhuma,
tivemos a ideia de fazer alguma coisa para
chamar a atenção da sociedade. Ao lado de
outras pessoas com quem compartilhamos
a ideia, pessoas com a sem deficiência, eu
idealizei o SuperAção e fizemos o primeiro
evento na avenida Paulista, em 2004.
RR – Como foi a repercussão, a ideia
foi bem aceita na época ?
BS – A partir de então, começou a se tornar praxe, todo ano a gente se reunia próximo
ao dia Mundial da Pessoa com Deficiência para
fazer esse evento que começou a ganhar corpo,
ganhar adesões. Depois de algum tempo, teve
um pessoal do Rio que procurou a gente e, no
segundo ano que fizermos lá, o boom foi muito
maior, conseguimos juntar 40 mil pessoas na
orla de Copacabana. Enquanto em São Paulo a
gente ganhava o cartão postal do Brasil, que é a
avenida Paulista, lá a gente ganhava o cartão postal
da América Latina, que é Copacabana. E era outra
vibe, na beira do mar, um caráter de festa, que foi
o que a gente teve como proposta. Apesar da
gente lutar por nossos direitos, tínhamos como
estratégia trazer a pessoa com deficiência para
protagonizar um processo de inclusão, no qual ela
celebrasse a vida. Não no qual ela ficasse naquela
caixinha assistencialista, reclamando, dizendo que
é vítima da sociedade. A gente não queria ser nem
coitadinho e nem super-herói, nenhum dos dois
extremos. O que a gente queria era ocupar a faixa
do meio e lutar por equiparação de oportunidades.
De lá, a gente foi para a Argentina e depois para
Porto Alegre/RS.
RR – Depois desta trajetória tão bem
sucedida, por que resolveram parar ?
BS – Na verdade a gente não terminou.
Existe uma frase de um rapper chamado
Emicida que diz: “Quando os caminhos se
confundem, volte ao começo, é necessário
voltar ao começo”. O que a gente fez foi voltar ao começo, pensar em tudo que a gente
tinha feito, por que a gente tinha feito, como
tinha feito e entender que como a gente
vinha fazendo estava alinhado com o que a
gente sempre quis. Começamos a entender
que as coisas mudam, o mundo mudou, a
globalização trouxe mudanças expressivas
na forma de se articular coletivamente. Começamos a entender que o que a gente
acreditava, e acredita desde o começo, o
simples ato de ir para a Paulista - que é muito
simbólico, muito valoroso, a gente não está
se desfazendo do valor disso que a gente
fez, de ir pra rua, de mostrar a cara – mas
ele não surtia mais o mesmo efeito que
surtiu há 13 anos atrás. Então decidimos
entrar em stand by, pelo menos em São
Paulo. Há 3 anos tivemos o advento das
manifestações populares que ganharam a
rua, fizeram barulho, ratificando muito nossa
atuação. Quando aquilo aconteceu, a gente
falava: há 10 anos fazemos isso e agora
a sociedade vem enxergando o valor da
mobilização social nas ruas e correndo atrás
dos seus direitos. Mas isso acabou se deturpando com o andar da carruagem, começou
muito partidarismo, a própria época, que
era do passe livre, acabou se deturpando
e muitos partidos políticos se vinculando,
querendo tirar proveito dessa mobilização.
E aí, o mais agravante, é que a sociedade
em geral começou a descreditar esse tipo de
manifestação. Não que ela não tenha valor,
mas no sentido do caos que ela causa na
cidade. Então, depois de tanto caos que a
gente viu com as manifestações, de quebra
quebra, de saqueamento de lojas, incêndio
na porta da Prefeitura, coisas que trouxeram
uma visão negativa para esse tipo de manifestação, fez com que isso respingasse no
SuperAção, que é um movimento pacífico,
de empoderamento da pessoa com deficiência. Começamos a perceber que a sociedade
leiga, que também é nosso alvo quando a
gente faz uma manifestação na Paulista, não
quer entender do que se trata, se isso está
pautado numa causa legítima. Eles acabam olhando com maus olhos, tipo: “Poxa,
tem manifestação na Paulista de novo ?”.
Quando a gente fazia, conseguia transmitir
para a sociedade que a causa é justa. A
gente nunca fechou a Paulista inteira, apenas
duas faixas para que o trânsito não ficasse
um caos. Mas, com o andar da carruagem,
com essa evolução das manifestações, a
gente entendeu que era hora de voltar para
o começo, voltar para dentro de casa e repensar. E talvez fazer formatos de eventos
menores ou ações menores, que causem
mais impacto do que fazer uma passeata.
RR – E vocês já pensaram em um
novo formato de manifestação ?
BS – A gente pretende fazer algo sim,
mas eu não posso adiantar nada agora, até
por que eu estou num processo também de
stand by, por conta do nascimento da minha
filha. A gente virou o ano, todos estão meio
de stand by no SuperAção, planejando. A
gente sempre conversa, os diretores, os
voluntários e todo o pessoal envolvido, mas
ainda não tem um formato definido. Temos
algumas ideias, entendemos que a situação
mudou. A importância da articulação social,
de divulgação de ideias, de conceitos e de
valores para a mudança cultural no Brasil
também se fortaleceu muito no meio digital, então temos planos de atuar de uma
forma mais contundente nas redes sociais
do que a gente já vem fazendo. E articular
ações que sejam interligadas, tanto na rua
ou num evento fechado quanto na rede.
Que sejam simultâneas, que conversem e
que estrategicamente consigam surtir mais
resultado, com foco realmente na mudança
cultural e na conscientização do público
que ainda é leigo, que ainda ignora uma
vaga para a pessoa com deficiência, que
ainda ignora os nossos direitos e acha que
estão nos fazendo favores, o que não é a
realidade.
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entrevista
RR - O que mudou para as pessoas
com deficiência desde que você se acidentou ?
BS – Nós vivemos na era da informação
e a mudança mais importante foi realmente
o fluxo de informações para desmitificar a
realidade da pessoa com deficiência. A globalização ajudou bastante, acho que a internet ajudou bastante. Hoje as pessoas se
articulam mais rapidamente, buscam informação mais rapidamente do que quando
eu me tornei cadeirante. Para comprar uma
cadeira de rodas era muito difícil. Hoje nós
temos acesso, por mais que ainda seja muito
caro - é quase impossível ter poder aquisitivo
por conta da realidade histórica que a pessoa
com deficiência vive, de exclusão, de falta de
estudo, falta de trabalho - mas hoje a gente
tem acesso a muito mais tecnologia assistiva
de outros países, material importado, cadeira
importada, que a gente não tinha. Acho que
foi a informação, a grande mudança foi o fluxo
de informações para desmistificar e derrubar
preconceitos. Ainda falta muito, mas eu acho
que hoje a sociedade é muito mais consciente da realidade da pessoa com deficiência
no Brasil, dos direitos que nós temos e para
quebrar preconceitos que há muito tempo,
historicamente, existem e segregam a pessoa
com deficiência na vida social e impedem a
sua cidadania.
RR – O que ainda falta conquistar ?
BS – Por mais que tenhamos tido mudanças importantes, ainda evoluimos muito
pouco, por uma questão de acesso realmente,
tanto acesso a essa informação, que a pessoa
com deficiência, por diversos fatores, ainda é
segregada dos meios de informação, como
escola, como o próprio poder aquisitivo para
poder se capacitar melhor profissionalmente.
Ou até o acesso a livros, à internet, enfim, todos os meios de comunicação. As mídias que
nós temos são muito precárias para capacitar
as pessoas com deficiência, ainda falta acesso
arquitetônico para ela chegar aos locais onde
pode se desenvolver. Falta capacitação dos
profissionais que trabalham nas escolas para
atender essas crianças com deficiência, que
serão os futuros cidadãos capacitados para
atuar profissionalmente, para poder exercer
o seu poder e a sua utilidade na sociedade.
Da minha época até agora, as crianças que
estudavam naquela época, ou não estudavam por falta de acesso, por exemplo, hoje
são adultos com deficiência não capacitados
e despreparados para o mercado de traba-
lho. Em 2014 teve o Termo de Ajustamento
de Conduta (TAC) assinado pela Secretaria
Estadual da Pessoa com Deficiência, junto
com Secretaria do Trabalho e Ministério Público, dando mais 15 anos de prazo para as
escolas estaduais serem arquitetonicamente
acessíveis, por exemplo. É uma medida que
atrasa cada vez mais essa inclusão. Enquanto a
criança com deficiência não estiver na escola,
para se desenvolver e ter capacidade de se
autoreconhecer como cidadão, de evoluir a
sua autoestima, tendo um trabalho e uma vida
digna, a gente vai ter pessoas com deficiência
excluídas e segregadas.
RR- Qual a contribuição que a Lei
Brasileira de Inclusão - LBI, que entrou
em vigor em janeiro, pode dar para mudar essa situação ?
BS – A contribuição é que as leis foram
aprimoradas, mas leis boas a gente sempre
teve. Não desfazendo da LBI, eu admiro o
trabalho que foi feito, valorizo essa lei ter sido
aprovada, mas ela tem que sair do papel,
como sempre teve que sair do papel. Se ela
continuar sendo apenas uma lei que não é
cumprida e fiscalizada, como sempre foi, de
nada vai adiantar, vai ser só mais uma. A ajuda
que essa lei pode dar é se tornar realmente
prática, sair do papel e se tornar prática. Só
que para isso muita coisa tem que mudar. O
problema é a prática. Se essa LBI não sair do
papel, vai se tornar apenas mais uma lei falida.
RR – A visão que se tem das pessoas
com deficiência oscila entre os exemplos de superação e o “coitadismo”.
Até que ponto é possível romper com
essa visão ?
BS – Isso é do ser humano, o ser humano
é muito exagerado. Muitas vezes ele se sente
culpado e trata a pessoa com deficiência de
forma assistencialista, como um coitadinho,
põe aquela musiquinha triste de fundo e fala
que o cara é genial por que correu cinco mil
quilômetros em meia hora, porque remou
mais rápido que todo mundo, porque escalou
o monte Aconcágua, mesmo tendo uma deficiência.... Enquanto a abordagem for essa, é difícil a equiparação de oportunidades. Sempre
vai ter uma comparação. A gente não precisa
disso, a gente precisa equiparar as oportunidades, é a faixa do meio. Me dê oportunidade
de igual para igual e me deixe mostrar quem
eu sou. E eu posso não ser bom. Não é toda
pessoa com deficiência que vai conseguir se
superar, mas eu também não preciso ser o
coitadinho, o estropiado que nunca conseguiu
conquistar nada. Eu posso ser um cidadão
mediano, comum. Me equipare as oportunidades e eu posso ser um cidadão que tem
um emprego comum, um salário comum, e
vou viver a minha vida. Eu não preciso ser a
super pessoa com deficiência, mas eu também não quero ficar sendo o bode expiatório
da sociedade, sempre, com todos os fardos
que a sociedade já tem... se você for ver hoje
em dia, qualquer pessoa está vivendo uma
situação muito difícil no Brasil. Para sobreviver,
está muito difícil. E a pessoa com deficiência
tem as questões referentes à falta de acesso
à educação, à cultura, saúde, ao mercado de
trabalho, enfim...
RR – Deixe seu recado para os leitores da Revista Reação.
BS - Todos somos responsáveis por uma
mudança cultural. Não é só o poder público,
não é só o poder privado, não é só a sociedade que não tem deficiência. Todos, inclusive as
pessoas com deficiência, são responsáveis por
uma mudança cultural. Uma mudança cultural
leva tempo, é provável que nossa geração não
veja o mundo... não é nem o mundo ideal
porque o mundo ideal está muito longe, é
uma mudança minimamente expressiva para
a pessoa com deficiência começar alcançar a
sua cidadania e viver com dignidade. É bem
provável que nossa geração não veja isso,
apesar de muita coisa ter mudado. Mas esse
trabalho tem que ser constante. Se não tem
mais uma passeata, nós faremos outra coisa.
Só que não basta só a nossa atitude, a atitude
de nossos familiares, nós precisamos da atitude da sociedade integralmente. Toda a sociedade tem que estar articulada e conscientizada
de que essa mudança é responsabilidade de
todos. Até porque todos são passíveis de um
dia precisar dessas mudanças. Então é essa
conscientização que eu quero deixar nesse
recado: todos são responsáveis, o poder público, privado, terceiro setor, e todas pessoas,
com ou sem deficiência, são responsáveis por
essa necessária mudança cultural.
10
coluna especial
por Romeu Kazumi Sassaki
Rumo ao
transporte inclusivo
Parte I
F
oi divulgada no último dia
26/1 a notícia de que o Fórum de Direitos da Europa
(EDF, na sigla em inglês)
manteve uma reunião com a
Comissão da União Europeia para Transporte e Mobilidade a fim de estudarem
as recomendações conclusivas da ONU
sobre as melhores formas de promover o direito ao transporte coletivo
de seus 80 milhões de pessoas com
deficiência.
Em resumo, a ONU recomenda à União
Europeia: (1) Fortalecer o monitoramento e a implementação da legislação relativa ao direito dos passageiros da
União Europeia e (2) Harmonizar o trabalho dos órgãos nacionais de execução
para assegurar o efetivo e igual usufruto
dos direitos de todos os passageiros
com deficiência na Europa. Além de
discutir estas recomendações, o EDF
analisou a recém-publicada Lei Europeia da Acessibilidade para verificar se
a acessibilidade do transporte foi
contemplada a contento.
Com esta introdução, pretendo relembrar as situações encontradas e as
lutas protagonizadas por pessoas com
deficiência em relação ao transporte
coletivo brasileiro nos últimos 35
anos, individualmente ou via associações representativas. Muitas das lutas
foram trazidas ao conhecimento público
através de jornais e revistas. Vou reper-
cutir algumas das matérias publicadas
a partir de 1980, não desmerecendo o
protagonismo demonstrado antes daquele ano. O leitor poderá também observar as terminologias utilizadas tanto
pela mídia como por pessoas com deficiência. Copiei ipsis litteris alguns trechos
de cada matéria e, quando necessário,
inseri meus comentários entre colchetes.
Deficientes recebem apoio da
EBTU (Correio Braziliense, 27/10/80).
“O presidente da Empresa Brasileira dos
Transportes Urbanos (EBTU) lançou, no
encerramento do I Encontro Nacional de
Entidades de Pessoas Deficientes, o ‘Programa de Transportes para o Deficiente
de Locomoção’, que entrará em vigor
até o final do ano em todo o Brasil. O
objetivo principal é adaptar os sistemas
de transportes urbanos, para melhorar o
deslocamento dos deficientes na cidade,
possibilitando maior facilidade de acesso
a edifícios,logradouros públicos, criando
com isso maiores condições para o trabalho”. [O Programa tem 55 pág. bem
ilustradas]
Veículos especiais para deficientes em estudos (Folha da Tarde,
27/3/81). “A CMTC informou ontem
que está estudando as sugestões apresentadas por deficientes físicos, para
adaptação de ônibus especiais para deficientes: destacam-se a adaptação de
um elevador na porta dos veículos e
de uma rampa, para acesso de cadei-
ras de rodas e a substituição de uma
parte dos bancos por encaixes, onde
ficariam essas cadeiras”. [Em maio de
1981, a CMTC, Companhia Municipal
de Transportes Coletivos, apresentou o
documento ‘Transporte de Deficientes
Físicos - Estudo Preliminar de Adaptação
de Ônibus da CMTC’, de 12 pág. CMTC
é a antiga sigla da atual SPTrans]
Deficientes ainda esperam: Apesar do Ano Internacional, pouco
se faz em São Paulo para ajudá-los (Cecília Pires, Folha de S.Paulo,
24/5/81). “São Paulo é uma cidade
proibida para o deficiente físico. Esta
é a principal conclusão dos encontros,
debates, conferências e cerimônias para
a comemoração do Ano Internacional
das Pessoas Deficientes, instituído pela
ONU. (...) A CMTC inaugurou uma linha especial para passageiros deficientes que está circulando praticamente
vazia, pois ainda não foram colocados
em operação os carros adaptados. (...).
Embora saliente que o deficiente típico
da cidade é o de baixa renda, Cândido
[Pinto de Melo] acredita que a segunda
prioridade, depois do transporte coletivo
especial para o deficiente, seria criar incentivos e facilidades para o transporte
individual adaptado.(...) A mobilização
para resgatar o papel de deficiente na
sociedade, como cidadão participante
e consciente de seus direitos, surgiu há
muito pouco tempo no Brasil. Em São
coluna especial
Paulo, especificamente, esta preocupação deu origem ao
Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes [MDPD],
que se diferencia das demais entidades assistencialistas por
defender a igualdade plena deste tipo de população, sem
paternalismos”.
Rede depredada e sem recursos (Folha de S.Paulo,
30/6/81). “Se o Metrô está se estruturando para melhor
atender os passageiros deficientes, o mesmo não se pode
dizer da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) que transporta
seiscentas mil pessoas por dia de Santos a Jundiaí e de
São Paulo a Mogi das Cruzes. Alberto Júlio Scielleski, presidente da Associação Brasileira de Medicina e chefe do
serviço médico do Detran, confirmou a decisão do órgão
de entrar em contato com indústrias automobilísticas para
que seja realizada pesquisa sobre os tipos de deficiência
mais comuns entre usuários. ‘De 1974 a 1980 - diz ele
- examinamos aproximadamente cem mil deficientes.
Essas pessoas são as que menos provocam acidentes
no trânsito. Hoje, os deficientes auditivos não precisam
mais usar a placa verde e vermelha em seus carros e
os paraplégicos podem dirigir carros mesmo não sendo
hidramáticos, desde que devidamente adaptados’.”.
Deficientes só têm promessas de melhorias
nos transportes (Catarina Arimatéia, Folha de S.Paulo,
30/6/81). “O Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes (MDPD), junto com a Associação de Integração dos
Deficientes (Aide), promoveram (...) mesa-redonda com a
presença de representantes [das organizações EBTU, Geipot, Detran, Conatran, RFFSA, CMTC, CDI, Metrô, Promec e
Volkswagen]. (...) Quanto à implantação de rotas e ônibus
especiais, [Luís Henrique] Fragomeni [assessor da presidência
da EBTU] é contrário à ideia pois, segundo ele, ‘discriminaria
os deficientes. É necessário adequar o nosso sistema de
transportes aos deficientes, mas rotas especiais não’.”.
No próximo número, a Parte 2.
Romeu Kazumi Sassaki
Romeu Kazumi Sassaki é consultor de inclusão
social e presidente da Associação Nacional do
Emprego Apoiado (gestão 2014-1016)
E-mail: [email protected]
11
14
associações
Instituto Novo Ser:
acessibilidade e inclusão social !
A
té o próximo dia 30 de
abril, as pessoas com deficiência do Rio de Janeiro podem desfrutar das
atividades tradicionais de
esporte adaptado e lazer aos sábados e
domingos, entre 9h e 14h, em Copacabana (entre os Postos 5 e 6) e na Barra da
Tijuca (em frente ao Posto 3). É a oitava
temporada do “Praia para Todos”, um dos
projetos desenvolvidos pelo Instituto Novo
Ser, tradicional entidade carioca que luta
pela inclusão da PcD.
Muitas atividades são oferecidas no
“Praia para Todos”, como banho de mar
com cadeiras anfíbias, escolinha de vôlei
sentado e de surf adaptados e handbike
stand up padde. Há esteira para passagem
de cadeiras de rodas, vagas de estacionamento reservadas, banheiros adaptados e
sinalização sonora, além de rampas de ma-
deira e concreto para acesso à areia. Todas
as atividades são gratuitas e ministradas por
profissionais das áreas de educação física,
fisioterapia e terapia ocupacional, além de
estagiários e voluntários do Instituto.
“Nesta temporada, que começou em 19
de dezembro, esperamos ter uma frequência média de 20 a 30 usuários por dia.
A temporada passada foram 330 pessoas
que frequentaram o projeto, dos quais 10
% pela primeira vez na vida”, conta Nena
Gonzales, diretora executiva do Instituto
e uma de suas fundadoras. Ela tem um
filho, Ricardo, que se tornou tetraplégico
em um acidente automobilístico em 1997,
aos 15 anos. A família não tinha nenhum
conhecimento sobre a situação das pesso-
as com deficiência. Foi de sua luta para dar
as melhores condições possíveis ao filho
que resolveu fundar, em 2002, o Instituto
Novo Ser, junto com a fisioterapeuta Sheyla
Mattos. “Tínhamos o desejo de compartilhar o aprendizado e as conquistas que
vínhamos alcançando com a nossa experiência. Isso se mostrou fundamental para
aqueles que, como nós, antes buscavam
informações e alternativas para superarem
suas dificuldades. Hoje, Ricardo está muito
bem e ajudando a criar e desenvolver os
projetos do Instituto”, explica Nena.
Ela lembra que, na época da fundação
associações
do Novo Ser, a situação no Rio de Janeiro era de muita exclusão e preconceito,
nada muito diferente do que é observado
hoje em dia. “Contudo, com o passar do
tempo, observamos avanços graduais na
sociedade de forma geral, o que torna
nosso trabalho ainda mais estimulante”,
garante a diretora.
de emprego para pessoas com deficiência.
“Os problemas são muitos, desde a falta de
cumprimento da Lei de Cotas até a desigualdade de oportunidades oferecidas às pessoas com deficiência. A capacidade dessas
pessoas ainda é muito subvalorizada e mal
aproveitada”, analisa.
A entidade não tem ainda sede própria.
Conta com cinco funcionários fixos e profissionais remunerados e voluntários específicos para cada projeto desenvolvido. Mas
depende de doações de pessoas físicas e
jurídicas para sua manutenção.
Uma nova identidade visual do Instituto
acaba de ser criada e, em breve, estará à
disposição um novo site. Os planos para
2016 incluem ainda, o lançamento de um
programa de reconhecimento de voz para
pessoas tetraplégicas, totalmente gratuito e
com recursos inovadores. “Estamos criando
um setor de tecnologia no INS, voltado para
inclusão digital”, anuncia a diretora, confiante
no futuro da entidade.
Outros projetos
O Instituto também foi o criador do primeiro time de Futebol em Cadeira de Rodas
da América Latina (Power Soccer). Em 2015
os atletas disputaram e ganharam todos os
torneios de forma invicta, sendo tricampeões
brasileiros e campeões da Copa Powerchair
Libertadores, disputada no Uruguai. “Por ser
ainda um esporte pouco conhecido, precisamos muito de pessoas e empresas interessadas em apoiá-lo e divulgá-lo”, explica Nena.
O Instituto oferece também palestras e
capacitações às empresas e divulga vagas
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16
educação
Grupo da Universidade
Federal de Alagoas
investe em inclusão
O
Núcleo de Acessibilidade
(NAC) já é uma realidade
em Maceió/AL, no campus A.C. Simões, sede da
Universidade Federal de
Alagoas (UFAL). Coordenado pela professora Neiza Fumes, foi fundado no esteio
das políticas do governo federal, a partir
do Programa Incluir, de 2005. O campus
de Arapiraca/AL também está empenhado na criação de um núcleo para que a
comunidade acadêmica do interior possa
ter um contato mais próximo com esse
“ambiente de referência” e com o fomento de estudos e pesquisas na área.
Incentivado pela professora
Lívia Couto Guedes, que
ministra disciplinas da área
de Gestão Escolar e Práticas
Educativas, o NAC começou
a ser estruturado em 2010,
quando ela começou as atividades no campus, em conjunto com
Nágib Mendes, um docente e pesquisador
especialista nos temas da Inclusão Social
da Pessoa com Surdez e Sudocegueira.
A ideia já era alimentada por professores
da UFAL e o primeiro passo foi aprovar,
junto à Pró-reitoria de Gestão de Pessoas,
um curso de capacitação para técnicos da
universidade, realizado em 2003.
A iniciativa envolveu a divulgação da
temática, da legislação e especialmente
dos direitos e deveres da universidade
para com a inclusão das pessoas com
deficiência e acessibilidade. Um dos resultados concretos foi a criação de uma
página com o nome do curso, “Ações de
Acessibilidade”, em uma rede social, a qual
é alimentada regularmente.
“A partir daí, coordenei, em parceria
com o professor Nágib, um projeto de
pesquisa e extensão que teve duração de
três semestres letivos, intitulado ‘Ações de
Acessibilidade voltadas à Inclusão Social/
Educacional de Pessoas com Deficiência
no Ensino Superior’, do qual participaram
formalmente 11 membros, quatro docentes, três técnicos e quatro estudantes
bolsistas. Mas outros se somaram aos nossos esforços, voluntariamente”, lembra a
professora.
Nessa fase, de setembro de 2014
a dezembro de 2015, foram realizadas
importantes parcerias com a sociedade,
através do fomento de eventos acadêmicos – alguns deles realizados em espaços
itinerantes – e de um grupo de estudos
permanente, aberto ao público, no qual
participaram membros de algumas Secretarias Municipais de Educação e de
entidades locais que possuem o mesmo
objetivo, além de interessados da própria
comunidade acadêmica.
Esse trabalho resultou em artigos escritos coletivamente, abordando aspectos da
acessibilidade no campus, como a questão
arquitetônica e comunicacional. Também
produziu um significativo estudo que visou
construir a versão em Libras do Projeto
Pedagógico do Curso de Pedagogia. Foi
feita ainda a coluna “Você Sabia?”, através
da qual conversavam com a comunidade
acadêmica via cartazes afixados nos murais
do campus, contendo informações sobre
a inclusão das pessoas com deficiência na
sociedade, legislação, direitos humanos e
outros itens. Foram ainda confeccionadas
placas informativas acessíveis em língua
portuguesa, Libras, Braile e imagem associada, reproduzidas a partir de materiais
de baixo custo e afixadas em portas do
campus. Outras ações do projeto deverão
ser levadas a diante no futuro.
Quantas são as pessoas
com deficiência ?
Um aspecto curioso, é que não se sabe
ao certo quantos alunos possuem deficiência por lá. Entre novembro e dezembro
de 2015 o Núcleo fez um levantamento
piloto e descobriu que há distorção entre
a realidade e o registro institucional feito
sobre quantas pessoas apresentam algum
tipo de deficiência no campus, o que foi
considerado muito grave. “Nesse censo
inicial, registramos - apenas para o curso
de Pedagogia - a presença de estudantes
com baixa visão, cegueira e deficiência
física. Suspeitamos que haja outras deficiências, transtornos e/ou síndromes
que ainda não foram declaradas entre os
membros da comunidade acadêmica e
esperamos que haja uma presença mais
significativa de discentes nos próximos
anos”, explica a professora.
“Ainda lidamos com entraves clássicos,
tais como a negação da deficiência, a ignorância a respeito do tema e barreiras
educação
programáticas e metodológicas, entre
outras. Negação e ignorância são manifestações muito comuns de duas barreiras
atitudinais que, quando praticadas, podem
causar exclusão e atentar contra os direitos
legais já assegurados pela Constituição
Federal, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o Estatuto da Pessoa
com Deficiência”, afirma Lívia.
Para a professora, a luta é travada em
prol da sensibilização de todos, mas primeiros dos gestores, dos colegas de trabalho, das esferas superiores da gestão, já
que a dificuldade maior em reconhecer e
assumir o discurso e a prática da inclusão
reside na percepção cultural. “Para tanto,
é preciso dar a conhecer o paradigma da
inclusão, dialogar sobre ele, colocá-lo em
evidência nas mídias sociais, nas escolas,
nas universidades, na imprensa em geral,
considerando que a inclusão atende aos
apelos da democracia e se afina com a prática efetiva dos direitos humanos”, garante.
Ela considera que, a primeira demanda, é tornar a universidade acessível e
inclusiva, e ter um Núcleo de Acessibilidade em Arapiraca - cidade considerada
a segunda capital do estado – é de suma
importância, já que, na UFAL, o campus
de Arapiraca/AL é responsável por quatro
unidades acadêmicas - Arapiraca, Penedo,
Palmeira dos Índios e Viçosa. “Ainda não
há núcleos além de Maceió, mas apenas iniciativas isoladas, por exemplo, em
Palmeira dos Índios/AL, que são frutos
dos esforços dos servidores de lá, que
estabeleceram parceria com a professora
Neiza Fumes. Mas essas ações precisam
urgentemente ser fortalecidas com a devida estrutura institucional, em todos os
campi”, acredita Lívia.
O núcleo busca no momento, uma
sede física para suas atividades. “No que
se refere ao compromisso do NAC com a
formação, pretendemos com este espaço
sedimentado, seguir participando dessas
formações continuadas de docentes e técnicos da universidade, levando o ponto de
vista do paradigma da inclusão. Acreditamos que esse caminho poderá auxiliar na
formação da própria sociedade alagoana
e, para tanto, lutamos pela aquisição de
um espaço físico no campus”, declara a
professora.
Como são docentes lotados no Núcleo
Pedagógico e possuem contato com as
secretarias municipais e coordenadorias
regionais de educação, a ideia em Arapiraca é unir forças para que o trabalho, enquanto Núcleo de Acessibilidade, também
possa atingir os docentes da educação
básica. “Para tanto, uma estratégia é continuar a parceria com as entidades locais,
produzir conhecimentos e estabelecer
diálogos que contribuam com a formação dos nossos atuais licenciandos, que
durante a graduação têm contato com as
escolas da rede pública estadual e municipal e, acreditamos, podem ser agentes
de transformação”, acrescenta.
“Esperamos que ações de acessibilidade desenvolvidas pela UFAL possam ser
reconhecidas como referência para outras
universidades; esperamos seguir aprendendo mais com as pessoas com deficiência,
produzir mais conhecimentos e, a cada
dia, envolver mais gente nessa luta que é
de todos e só engrandece a universidade
pública e a sociedade em geral. Que essa
seja a nossa bandeira de luta pela democracia participativa”, acrescenta.
17
20
novidade
Mudanças na comunicação
com Surdos e Pessoas com
Deficiências Visuais
D
esde 18 de janeiro deste
ano, os cartórios de todo o
estado de São Paulo passaram a disponibilizar tradução em LIBRAS, numa
iniciativa da Associação dos Notários e
Registradores (ANOREG/SP), com base na
entrada em vigor da LBI - Lei Brasileira de
Inclusão. De acordo com dados disponíveis
do IBGE, o estado tem cerca de 586 mil
pessoas com deficiência auditiva.
O novo sistema passa a integrar o atendimento presencial no cartório a um intérprete de LIBRAS que estará disponível por
teleconferência. De acordo com o presidente
da ANOREG/SP, Leonardo Munari, “é preciso
tratar a inclusão das pessoas com deficiência
com consciência e responsabilidade, vislumbrando uma oportunidade de crescimento
social e não como uma mera obrigação jurídica”, afirma.
Na tevê
Até 2017, toda a programação transmitida
pela TV aberta deverá contar com os recursos de legenda oculta (closed caption) e dublagem. A meta foi estabelecida pela Norma
Complementar Nº 01/2006, do Ministério das
Comunicações (MC). A legenda atende não só
deficientes auditivos, mas também a uma gama
maior de usuários, como idosos e telespectadores em ambientes com limitação de áudio.
A acessibilidade na TV aberta começou
a ser implantada em 2008, quando pelo
menos duas horas diárias do conteúdo exibido pelas emissoras passaram a contar com
legenda oculta e dublagem. Esse número de
horas aumentou progressivamente, e, em
2015, chegou a 20 horas diárias.
Já a janela de LIBRAS, na qual a imagem
do intérprete humano ou virtual é apresentada sobre o vídeo original, pode vir incorpora-
da, aberta a todo o público, ou por meio de
tela secundária em receptores com software
de suporte. A norma do MC estabelece que
essa janela deverá aparecer nos programas
de propaganda político-partixdária e eleitoral,
além de campanhas institucionais e informativos de utilidade pública. A ampliação dessa
obrigatoriedade está em discussão pela ABNT
- Associação Brasileira de Normas Técnicas.
No caso da audiodescrição, que favorece
pessoas com deficiência visual, a obrigação
atual é que seja presente somente nas transmissões digitais e durante 6 horas semanais
da programação da emissora. O cronograma
vigente prevê o aumento progressivo dessa
facilidade, alcançando 20 horas semanais
nas emissoras até julho de 2020.
No Cinema
O Ministério Público Federal (MPF) em
São Paulo, apresentou ação civil pública contra a ANCINE - Agência Nacional de Cinema
e dez distribuidoras de filmes que atuam no
País para que todos os filmes nacionais e
estrangeiros tenham legendas e janela com
intérprete de LIBRAS. As distribuidoras não
poderão fornecer apenas cópias dubladas,
e a ANCINE deverá fiscalizar o cumprimento
da ordem.
Em inquérito feito pelo Ministério Público,
verificou-se que muitos cinemas no País disponibilizam somente cópias dubladas dos filmes,
o que inviabiliza a compreensão do conteúdo
pelas pessoas com deficiência auditiva, apesar de a legislação brasileira garantir a elas o
direito de acesso aos meios de comunicação.
Na ação, o MPF pede a adoção dos recursos
técnicos necessários para a acessibilidade.
Dicionário de sinais
A Câmara dos Deputados firmou acordo
com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e a Universidade Federal
da Paraíba (UFPB) para incluir termos do
cotidiano legislativo no dicionário de sinais
do aplicativo VLIBRAS, que converte conteúdos da internet para a linguagem de sinais.
Atualmente, esse software faz a tradução de
7.400 sinais de sites comerciais e do governo
e, com o dicionário elaborado pela Câmara,
serão incluídos mais 1.200 sinais.
Caberá aos intérpretes de Libras da TV
Câmara, traduzir para a língua de sinais as
informações do legislativo. Esse material será
enviado para a Universidade Federal da Paraíba, onde a figura humana será substituída
por um avatar - expressão que traduz uma
figura gráfica no meio digital. Segundo a
coordenadora de acessibilidade da Câmara,
Adriana Januzi, o dicionário legislativo de
sinais deve estar completo no próximo mês
de julho.
A versão atual do aplicativo VLIBRAS está
disponível nas versões Android e iOS para
smartphones e tablets e pode ser baixada de
forma gratuita pelo site: www.vlibras.com.br
notas
21
Foto: O Globo
Escola de samba inova em comissão de frente
No primeiro dia dos desfiles das escolas de samba do Rio
de Janeiro, a segunda escola a passar chamou a atenção do
público pela qualidade e inovação de sua comissão de frente.
A União da Ilha, trouxe para a passarela o enredo “Olímpico
por Natureza, todo Mundo se Encontra no Rio” e abriu o desfile com um grupo de guerreiros que contou com 6 atletas
cadeirantes da equipe Santer Rio Rugby e mais Felipe Berty,
bailarino do Grupo de Dança sobre Rodas Corpo em Movimento, da ANDEF - Associação Niteroiense de Deficientes. O tema
do grupo era: Transcender, Superar e Vencer. Os participantes
treinaram por quatro meses com o coreografo Patrick Carvalho.
Os atletas não tinham experiência com desfiles, mas Berty já
participou por seis vezes da comissão de frente da Embaixadores da Alegria, uma escola de samba formada por pessoas
com deficiência, tradicional nos desfiles cariocas. A ideia do
grupo era apresentar a guerra e tinha também andantes.
Foi encenado um confronto entre os dois grupos até serem
surpreendidos pela “Deusa da Vitória”, quando se chegava
ao ponto principal da coreografia: um movimento olímpico
junto ao surgimento da pira. A performance dos dois atletas,
um cadeirante e um andante sobre o carro, a sete metros
do chão, empolgou o público. De acordo com o coreografo,
as Olimpíadas vieram para apaziguar as guerras, daí optarem
por esse início do desfile.
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22
informe publicitário
Certeza de crescimento
O Grupo Grand Brasil sempre obteve bom desempenho em volume de
vendas para PCD e, nos últimos anos,
o grupo vem aumentando a equipe especializada nesse nicho, por acreditar
em tal mercado. Quem explica é Marcel
Adipietro,
diretor comercial do Grupo
Grand Brasil.
Ele conta, por
exemplo, que
a BMW entrou no mercado de PCD no
ano passado, um dos motivos para as
grandes expectativas deste ano. “Além
das isenções para PCD serem um direito legal do consumidor, temos feito
da acessibilidade uma preocupação do
grupo”, conta Adipietro.
Uma das iniciativas é o aumento de
equipe especificamente para PCD em
todas as marcas pertencentes à empresa.
“Diferentemente do ano passado, estamos criando um budget exclusivo para
PCD”. Isso significa que, como as equipes
de vendas são separadas, departamentalizar a operação facilita foco total no
segmento. Além disso, o grupo desenvolve atualmente um “trabalho muito forte
online”. Essa opção de vendas teve início
no ano passado e conta com um vendedor dedicado somente aos contatos
pela internet.
Marcel Adipietro relata ainda que a
empresa tem apostado em anúncios
via Google ou no próprio site do Grupo
Grand Brasil, com retorno positivo. “O
público é mais online do que nunca e não
estávamos preparados para atender prontamente a essa demanda. Melhoramos e
agora estaremos preparados para isso”. A
tendência online é geral, não apenas no
segmento de PCD, que também possui
clientes muito conectados e que procuram informações pela internet.
As equipes, que antes eram as mesmas para outros tipos de clientes, agora
são totalmente independentes. E graças
a investimentos em treinamento e formação especializados, o time de vendedores para PCD está apto a responder
quaisquer dúvidas que possam surgir por
parte dos consumidores em potencial.
Conforme a tendência de 2015, independentemente da queda geral das vendas
no varejo, “PCD é um mercado à parte
e o Brasil está entendendo melhor esse
cliente, que antes não sabia sobre seus
direitos de isenções”.
Adipietro comenta inclusive que alguns compravam no showroom não dedicado a PCD, por causa desse desconhecimento. Hoje, com ajuda das mídias
especializadas no setor e das próprias
concessionárias, o cenário se reverteu.
“Era uma demanda desatendida, por isso
acreditamos em um bom crescimento.
Ainda tem muita gente chegando nesse
mercado, inclusive o não condutor.” Ou
seja, são aquelas pessoas que utilizam
o veículo para auxiliar algum parente ou
familiar PCD em sua rotina.
Em relação aos produtos mais buscados, na Hyundai predomina o HB 20,
“muito desejado”, e o mesmo ocorre na
Toyota, com o Corolla. Este ano, o grupo
tem a certeza de uma grande demanda
de PCD pelo Etios com câmbio automático, lançamento muito relevante. Adipietro mostra confiança na continuidade
do crescimento neste nicho de mercado,
exatamente pelo nível mais alto de informação sobre o assunto entre a população. Os lançamentos ao longo do ano
também devem trazer ainda mais dinamismo a esse tipo de vendas. O diretor
comercial do Grupo Grand Brasil enxerga
o segmento de PCD como permanete
na sociedade, que precisa ser atendido
e, não, como algo momentâneo. “Hoje,
muitas concessionárias têm pelo menos
um vendedor nesse segmento e sabem
que precisam melhorar”. O próprio envelhecimento da população, tendência
inevitável no país e no mundo, também
deverá contribuir para a estabilidade dessa vertente.
Diante da atual crise econômica, o desempenho das vendas diretas para PCD
acaba funcionando como um fator que
ajuda montadoras e concessionárias a
atravessar as dificuldades, amortizando,
por exemplo, os custos de estoque. É
fundamental também ter a consciência de que toda uma cadeia produtiva
se beneficia desse contexto, incluindo
despachantes, empresas especializadas,
mídia segmentada, empresas de adaptação, etc. Ou seja, é um nicho que ajuda
a impulsionar toda a economia brasileira
e, inclusive por esse motivo, “merece
muito respeito”.
24
trabalho
Empresas ganham
prêmio por inclusão de
trabalhadores com deficiência
D
uas empresas se destacaram em 2015 na área da
inclusão: o Citibank e o
Senac/SP. Elas acabaram
empatadas em primeiro lugar no II Prêmio Melhores Empresas para
Trabalhadores com Deficiência, entregue
em dezembro passado pela Secretaria de
Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em São Paulo.
A premiação, idealizada pela consultoria
i.Social, foi instituída em parceria com a
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) com o objetivo de dar visibilidade às boas práticas relacionadas à inclusão
profissional de pessoas com deficiência, ao
reconhecer e estimular as demais organizações a aperfeiçoarem seus programas de
respeito a diversidade humana. Participaram 58 empresas que empregam mais de
500 mil funcionários, dos quais cerca de
17 mil são trabalhadores com deficiência.
Elas foram avaliadas em quesitos como
promoção da política dos direitos da pessoa com deficiência; igualdade de oportunidades; autonomia e independência no
ambiente de trabalho; respeito à legislação
(Lei de Cotas); grau de sustentabilidade
dos projetos e disponibilidade de recursos
materiais e psicológicos que viabilizem ao
trabalhador condição plena para o desempenho de suas funções, entre outros.
A experiência do Citi Brasil
Empresa global, o Citi tem no Brasil 72
agências e 4.500 funcionários, sendo 229
com deficiência. Pela Lei de Cotas, devem
empregar 5 % de trabalhadores com deficiência, o que significa que superaram o
esperado. Existe uma área de Diversidade
estabelecida, dedicada a trabalhar com mulheres, etnia, LGBT, aprendizagem, pessoas
com deficiência e Citi Master (pessoas acima de 50 anos).
Em relação às pessoas com deficiência,
são desenvolvidos vários programas como
Projeto SOMAR (deficiência intelectual),
Projeto SOMAR TEC (autistas, para tecnologia), Projeto Sorriso (deficiência visual),
Projeto sem Fronteiras (deficiência auditiva), Projetos de Capacitação (em conjunto com a Federação Brasileira de Bancos,
área de tecnologia), Assessment (avaliação,
gestão profissional), Aprendiz, Estagiário e
Realocação desses trabalhadores.
De acordo com
Adriano Bandini,
especialista em Diversidade do Citi
Brasil, há uma política global de inclusão na empresa,
mas cada país tem liberdade para atuar da
forma que julgar mais adequada. “Em toda
a América Latina, entre os países com presença do Citi, somos reconhecidos pelas
boas práticas no tema e compartilhamos
nossos avanços”, conta Bandini.
trabalho
O especialista diz que a cada ano a
empresa recebe mais candidatos com deficiência qualificados, que querem desenvolver uma carreira e serem vistos como
profissionais e não apenas como pessoas
com deficiência. Uma vez admitido, o funcionário passa por avaliação ergonômica e
de acessibilidade para que receba tudo o
que for necessário para eliminar eventuais
barreiras. Alguns recebem treinamentos específicos para a área em que atuam, outros
recebem assessment, e outros são acompanhados por equipes de especialistas em
emprego apoiado, especialmente os com
deficiência intelectual do Projeto SOMAR.
“Atuamos permanentemente para a
promoção da acessibilidade atitudinal, ou
seja, o relacionamento é de respeito e inclusão. Quando identificamos algum ponto
a melhorar, fazemos intervenções para que
o relacionamento saudável seja sempre
efetivo”, explica Bandini. “Orientamos não
apenas a equipe de trabalho daquela pessoa mas todas as pessoas do andar e até
mesmo do prédio para ampliar a assertividade da acessibilidade e descontruir mitos.
Toda a equipe ganha muito com esses
momentos”, afirma Adriano.
Agora em 2016 o projeto é ampliar soluções de LIBRAS e expandir o SOMAR,
projeto que já existe há mais de 8 anos. A
proposta é contratar autistas para trabalhar
com programação em tecnologia da informação e aproveitar a mesma metodologia
de emprego apoiado que o Projeto SOMAR
apresenta para o desenvolvimento e crescimento de cada funcionário.
A inclusão no Senac/SP
O Senac é uma instituição educacional
que completa 70 anos de atividades neste
ano, especializada em ensino nos setores
de comércio de bens, serviços e turismo.
No estado de São Paulo são 59 unidades
e em todas existem trabalhadores com
deficiência. O número também supera as
contratações exigidas pela Lei de Cotas:
são 8.946 funcionários, sendo 456 com
deficiência.
Os coordenadores do Programa de Inclusão, Andreza Gonçalves Matsumoto
e Mario Augusto Costa Valle, explicam
que a contratação dos profissionais não é
feita com base em mapeamento de cargos,
mas são considerados os pré-requisitos da
vaga e as competências exigidas. “Desta
maneira, podemos afirmar que o Senac
tem por princípio contratar a pessoa e não
a sua deficiência, tornando seus processos
acessíveis a todos os candidatos, visando
proporcionar a participação em condição
de igualdade”, afirmam.
O Programa de Inclusão paulista foi formalmente constituído em 2002. Ele vem
se aprimorando e, atualmente, está sob a
gestão do Núcleo de Educação Corporativa,
ligado à gerência de pessoal. “O objetivo
é promover ações de orientação e sensibilização de todos os funcionários, garantir
a disponibilização de recursos para que
os trabalhadores com deficiência possam
desempenhar o seu trabalho na plenitude
de suas potencialidades e disseminar a
cultura inclusiva na organização”, explicam
os coordenadores.
Para seu desenvolvimento, foram estabelecidas diretrizes em conjunto com
diversas frentes da organização, com o
objetivo de eliminar barreiras que impeçam a participação desses funcionários.
O fornecimento de recursos tecnológicos
assistivos, por exemplo, é gerido pela área
de Recursos Humanos em conjunto com
a área de Tecnologia. Como política de
benefícios, esses funcionários são liberados
do pagamento de coparticipação no plano
de saúde e possuem apoio da cooperativa
de crédito para adquirir próteses médicas,
como pernas ou braços mecânicos, coletes,
aparelhos auditivos ou outras próteses.
As adaptações físicas e arquitetônicas
são definidas pelo Serviço de Engenharia
em conjunto com uma consultoria especializada, por meio da análise individual das
unidades, conforme normas vigentes e da
adoção, quando possível, de soluções de
desenho universal. Além disso, para garantir
o processo de inclusão existem os representantes da inclusão, um grupo formado,
atualmente, por mais de 60 funcionários,
que têm a missão de promover e apoiar
a contratação dessas pessoas, sensibilizar
e orientar as equipes locais, além de proporcionar a ambientação desses funcionários conforme as diretrizes do programa
de inclusão.
“No período de 2008 a 2015, registramos mais de 4,6 mil funcionários capacitados presencialmente nos cursos
do portfólio de inclusão, ministrados por
multiplicadores preparados internamente.
O grande investimento em ações de conscientização e desenvolvimento das equipes e lideranças favoreceu a eliminação
de barreiras comportamentais e atitudinais,
consideradas questões-chave no processo
de inclusão”, afirmam os coordenadores.
Para este ano, a intenção é intensificar
o número de ações de sensibilização, bem
como propor estratégias que possam estimular a discussão do tema de maneira
mais aprofundada. Um exemplo é o Encontro da Relações de Trabalho que vai
debater o processo de desenvolvimento
profissional da pessoa com deficiência, envolvendo lideranças e funcionários (com e
sem deficiência) a partir da reflexão sobre
as atribuições e os processos de trabalho
no qual estão envolvidos. “O compromisso
com a disseminação da cultura inclusiva é
um princípio, uma razão de ser, que coloca como prioridade o desenvolvimento
de produtos e serviços que contribuam
para o desenvolvimento das discussões
sobre o tema na sociedade”, concluem
Andreza e Valle.
25
26
movimento
Lei Brasileira de Inclusão
já está em vigor !
D
epois de quase 15 anos
de tramitação no Congresso Nacional, desde
primeiro de janeiro deste
ano, está em vigor a nova
LBI, legislação referente às pessoas com
deficiência. A Lei Nº 13.146/15 começou a valer após 180 dias da sanção
presidencial, garantindo novos direitos
e prevendo punições mais severas aos
infratores. A legislação classifica o que é
deficiência, prevê atendimento prioritário
em órgãos públicos e fixa pena de prisão
de um a três anos para quem discriminar
pessoas com deficiência, entre outras
questões.
O estatuto também estabelece que
“a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável; II
- exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o
número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e
planejamento familiar; IV - conservar sua
fertilidade, sendo vedada a esterilização
compulsória; V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária;
e VI - exercer o direito à guarda, à tutela,
à curatela e à adoção, como adotante ou
adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
Na esfera criminal, a pena para quem
comete discriminação é ampliada em um
terço se a vítima encontrar-se sob responsabilidade do agente e pode chegar
a cinco anos de prisão caso a discriminação seja cometida por meios de comunicação social. Apropriar-se de bens e
benefícios dessas pessoas também pode
render reclusão, de até 4 anos.
Impedir ou dificultar o ingresso da
pessoa com deficiência em planos pri-
vados de saúde rende pena de dois a
cinco anos de detenção, além de multa.
A mesma punição se aplica a quem negar emprego, recusar assistência médico-hospitalar ou outros direitos a alguém,
em razão de sua deficiência. Fica proibida
ainda a cobrança de valores adicionais
em matrículas e mensalidades de instituições de ensino privadas.
Outra novidade é a possibilidade de
o trabalhador com deficiência recorrer
ao Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço quando receber prescrição de
órtese ou prótese para promover sua
acessibilidade.
A nova lei obriga ainda reserva de
assentos em teatros, cinemas, auditórios,
estádios, ginásios de esporte e outros
locais similares, em áreas com boa visibilidade e de acordo com a capacidade de lotação. Legislações anteriores já
previam a reserva de 2% das vagas dos
estacionamentos públicos para pesso-
as com deficiência, mas o novo texto
garante que haja no mínimo uma vaga
em estacionamentos menores. Os locais
devem estar devidamente sinalizados e
os veículos deverão conter a credencial
de beneficiário fornecida pelos órgãos
de trânsito. Hotéis e pousadas devem
garantir 10 % dos dormitórios acessíveis.
O poder público deve criar programas
de habilitação profissional, promover a
inclusão em atividades culturais, estimular a oferta de livros e artigos científicos
acessíveis e apoiar a manutenção de
moradia para a vida independente da
pessoa com deficiência, além de capacitar tradutores e intérpretes da Libras.
Municípios devem elaborar plano de rotas acessíveis, entre outros artigos.
É muita coisa boa e necessária... Vamos ficar atentos e cobrar o Ministério
Público e as autoridades, vamos fazer
valer nossos direitos e fazer da LBI a
nossa bandeira !!!
28
crônica
por Deborah Prates
A advogada com deficiência
ficou do lado de fora !
G
rande conquista histórica foi alcançada pela mulher advogada através do Provimento 164/2015
do Conselho Federal da OAB, que criou o Plano
Nacional de Valorização da Mulher Advogada, com
vigência a partir de 2016. As seccionais terão até
janeiro de 2017 para as necessárias providências administrativas,
objetivando o cumprimento do Plano.
A ideia do fortalecimento dos direitos humanos da mulher
fora justa e seria mais uma vitória da democracia se, de fato,
todos os tipos de preconceitos que circundam a vida de todas
as mulheres fossem combatidos por uma classe profissional que
deveria ser um exemplo para a sociedade brasileira.
O texto legal é expresso ao contemplar a igualdade de gêneros e a participação das mulheres nos espaços de poder.
Lindo! Pela norma estão contempladas: a defesa humanitária das
mulheres encarceradas; a defesa e a valorização das mulheres
trabalhadoras rurais e urbanas; a defesa e a valorização das
mulheres indígenas; o combate ao racismo e à violência contra
as mulheres negras.
Ora, diante das especificações acima, fica flagrante que as
mulheres COM deficiência foram, no mínimo, esquecidas ! A
falta de reconhecimento, melhor dizendo, da valorização da
mulher advogada com deficiência, sem
dúvida alguma, compromete
o seu bem-estar emocional e
profissional. Isto porque as
mulheres advogadas com
deficiência têm, infinitamente, menos chances do que as
advogadas sem deficiência
por todos os motivos já sabidos, em especial o preconceito pela deficiência que as
tornam, diante da cegueira
voluntária social, incapacitadas para a vida laboral. Essa
crônica vem frisar o sentimento de pertencimento à
espécie da mulher advogada
com deficiência !
O contexto social brasileir o e políticas desiguais geram às
mulheres sem deficiência capacidades humanas desiguais.
Por esse triste panorama é que a EXCLUSÃO da advogada com
deficiência do Plano Nacional de Valorização da Advogada foi o
suprassumo da crueldade, da desumanidade !
O Artigo 5º da Constituição da República ordena que todos
sejam iguais perante a lei. No entanto, para a lei em enfoque
(Plano de Valorização) a mulher advogada com deficiência fora
tida como menos igual que as demais advogadas. Ou será que
foram consideradas quase humanas para serem flagrantemente
menosprezadas, deslembradas, desrespeitadas ?
Seria, sem dúvida, mais uma oportunidade de consciencialização dos advogados e coletividade para que, dentre um leque
de motivos, compreendessem que, por ilustração: ser mulher,
cega, cinquentona, profissional liberal excluída do mercado de
trabalho por motivo de gênero, deficiência, idade e pelo Processo Judicial Eletrônico (PJe) é imensurável monstruosidade !
Preconceito de todo lado ! Até pelo Plano Nacional de Valorização
da Mulher Advogada !
Venho fazendo um corpo a corpo severo com a advocacia,
afirmando que o imensurável desafio a ser vencido é o relativo
ao terrível preconceito e, é claro, a seguida discriminação. Estou
convicta de que falta o estudo da ética no Brasil, a fim de que
seja alcançada a solidariedade. Talvez temperando a democracia
com os princípios republicanos...
Ah, como seria bacana, salutar, se a advogada sem deficiência
se colocasse, um tiquinho que fosse, no lugar da advogada com
deficiência ! Certamente mudaria as egoístas atitudes. Mas como
se ela nem nos vê ? É questão mesmo de fazer as pazes consigo
mesma para ter condições de perceber o outro, melhor dizendo
a outra. Sim ! A advogada com deficiência ! Ética é a palavrinha
do momento para alcançar a acessibilidade atitudinal.
Finalizo as presentes reflexões com um pensamento de
Augusto Cury: “Todos fecham seus olhos quando morrem, mas
nem todos enxergam quando estão vivos”.
Deborah Prates é cega, advogada, delegada
da Comissão OAB-Mulher do Rio de Janeiro,
membro efetivo do Instituto dos Advogados
Brasileiros (IAB) e integrante da comissão de
Direitos Humanos da entidade. Desenvolve o blog
http://deborahpratesinclui.blogspot.com.br/ e a
página facebook.com/deborahpratespalestrante
por Fábio de Seixas Guimarães
rio de janeiro
“Chegou 2016 ou melhor, alguns
de nós chegamos em 2016”
P
arecia tão distante o Ano
da Olimpíada e Paralimpíada quando sentei em uma
cadeira de rodas emprestada do amigo André Fuentes,
em junho de 2013.
Na minha primeira saída com a cadeira, atravessei a Avenida Atlântica, em
Copacabana – Rio de Janeiro/RJ – com a
dificuldade de quem está dando seus primeiros “passos”. Não mais de 200 metros
“cadeirando” (tocando a cadeira) e cheguei exausto, mas vitorioso, ao calçadão
da praia. Como prêmio, me dei um chopp
no primeiro pitstop que fiz.
Em seguida, telefonei para meu primo
Beto Seixas, médico e cadeirante, que
mora em São José do Rio Preto/SP. Foi
ele quem propôs que eu sentasse em
um cadeira de rodas para entender as
dificuldades de um cadeirante.
Ao falar que estava na Praia de Copacabana em uma cadeira de rodas, ele riu e
me deu um novo desafio: “ Quero ver você
sair daí agora e andar por Copacabana”,
disse Beto. E lá fui eu. Faltavam rampas
– rebaixamentos - nas travessias entre as
esquinas e calçadas mal conservadas. Foi o
que encontrei. A partir daquele momento
começou a “cair a minha ficha” sobre a
realidade de uma Pessoa com Deficiência
numa cadeira de rodas no Rio de Janeiro.
Enquanto os jovens iam para as ruas
protestar contra o aumento das passagens,
em meio a tanto “blá, blá, blá”, eu iniciava
então o “Projeto BLA – Busco Legados
de Acessibilidade”, num voo solitário de
um cidadão de 54 anos. Minha camiseta
levava a frase: Não sou cadeirante, mas...
e se fosse ?
Participamos de muitos eventos, conhecemos pessoas engajadas na causa e
apuramos nosso olhar em relação à (in)
acessibilidade na cidade. Participamos da
Marcha em Defesa dos Direitos das PcD,
na mesma Praia de Copacabana, ao lado
do amigo e militante Geraldo Nogueira,
29
30
rio de janeiro
organizador do evento, e com Elizabeth
Marge, Izabel Maior, Regina Cohen e Andrei Bastos, e tantos outros. Depois, fomos
à uma reunião no COMDEF – Conselho
Municipal de Defesa dos Direitos da PcD
e, em evento pelos direitos das PcD na
OAB-RJ. Em 2014, veio a Copa e o Dia
Internacional da Luta das PcD. E os “Cadeirantes da Lei Seca”, com Robson Goulart
e Ana Claudia Monteiro, hoje Presidente
do COMDEF. Foi lá que conheci Robson,
morador de Mesquita, Baixada Fluminense.
Um desses caras incansáveis que lutava
diariamente pela melhoria da qualidade
de vida de todos com deficiência. E em
um de nossos vários encontros presenciei
ele ensinando um motorista de ônibus na
Barra da Tijuca a manusear o elevador/
plataforma do veículo, para descer um cadeirante. Era e é nítido o despreparo desses
profissionais. Mas, infelizmente, esse nosso
“parceiro de batalha” ficou pelo caminho,
faleceu no início de outubro de 2015 e não
chegou até 2016 para conferir se ficarão ou
não legados de acessibilidade para as PcD,
após os grandes eventos deste ano. Uma
pessoa que valorizou o nosso trabalho no
BLA e que, sem dúvida, merecerá sempre
o reconhecimento de todos nós.
Para nossa grata surpresa, no final de
2013, inspirados no nosso Projeto e slogan,
o Comitê Rio 2016 lançou internamente o
Programa: “Não sou cadeirante, mas e se
eu fosse ?”. Sabrina Porcher, coordenadora
Beto Seixas e a minha filha Anna Carolina
Geraldo Nogueira e Elizabeth Marge
de Legados do Rio 2016, fez um trabalho
que sensibilizou muitos colaboradores do
Comitê, no período de 2013 a 2015, e
continua em 2016 também com os patrocinadores. Augusto Fernandes, que também
conhecemos em um dos movimentos na
Comitê Rio 2016
Praia de Copacabana, que é Coordenador
de Acessibilidade no Rio 2016, foi quem
levou a nossa ideia para Sabrina.
Entramos em 2014 animados com a
possibilidade da Copa do Mundo, participamos de algumas reportagens para TV,
Jornais e Revistas. Fomos a Salvador/BA ver
de perto a acessibilidade da Arena Fonte
Nova e a falta dela nos seus arredores.
Desfilamos na Marquês de Sapucaí na Escola Embaixadores da Alegria, fizemos o
“Movimento BLARIO 2014”, identificando a
falta de rampas. Visitamos a feira REATECH
em São Paulo, a feira REHACARE em Dusseldorf na Alemanha, entre tantas outras
atividades. Produzimos um vídeo - BLARIO
2014 - com legendas em português e inglês, e interpretação LIBRAS, com patrocínio de várias pessoas através do patrocínio
coletivo CATARSE. No vídeo, entrevistei o
então Consultor de Acessibilidade João
Carlos Farias da Rocha, sobre o transporte
público para PcD no RJ. E ele respondeu
assim: “Moro no Largo do Machado há
mais de 20 anos, sou cadeirante a mais de
30, conheço bem esta cidade. Infelizmente,
se for olhar para o tempo que eu estou na
cadeira e olhar para o transporte que hoje é
oferecido às PcD, eu vou dizer que a única
coisa que avançou foi a minha condição
de reabilitação e disponibilidade de andar
na cidade, porque em relação a questão
de transporte, ela ainda não atende”. E o
rio de janeiro
elo entre um bom equipamento, que gera
liberdade e autonomia para uma pessoa
que se sentia limitada em sua cadeira de
rodas, me deu um prazer enorme. Um
prazer que aprendi com o BLA.
notas
Projeto na Câmara propõe
nova isenção de
impostos para PcD
ASA – Ações e Soluções em
Acessibilidade
destino levou João também... no final de
novembro de 2014. Lá se foi mais um
guerreiro que não chegou em 2016.
Pois é, passou a Copa do Mundo, e o
que ficaram foram algumas poucas “Ilhas
de Acessibilidade”. Um exemplo são os novos estádios - Arenas da Copa 2014 - com
elevadores, rampas, locais reservados para
PcD, mas como chegar até eles ?
Em janeiro de 2015, conversando com
Rodrigo Rosso, editor desta revista, vimos
a oportunidade de representar e divulgar
mais a Revista Reação no Rio de Janeiro.
Em fevereiro entramos para o quadro de
“Voluntários Pioneiros no Rio 2016”.
A partir de março começamos a escrever
esta seção na revista em todas as edições.
A vivência nesta trajetória com o BLA,
somada ao nosso espírito empreendedor
nos fez enxergar uma possibilidade de criar
um negócio, que beneficiasse o público
PcD, sem que ele precisasse ter despesas
com isso. Foi assim que colocamos um
“carro escalador de escadas” a serviço de
empresas que precisavam proporcionar
acessibilidade em eventos no Rio de Janeiro. Foram mais de 10 eventos até agora.
No meio de 2015, conhecemos o “Kit
Livre”, uma ideia do engenheiro mecatrônico Júlio Olivetto, que monta o equipamento
em São José dos Campos/SP. A sensação
de liberdade dada ao transformar a cadeira
de rodas manual num triciclo motorizado,
nos levou a pegar a representação do produto para o RJ. Um retorno bacana dessa
experiência aconteceu em dezembro último, quando fui entregar um kit em Duque
de Caxias/RJ. Escutei da senhora de 80
anos que acabava de ganhar o presente de
um dos filhos: “Você é um anjo que surgiu
na minha vida”... Sei que não sou um anjo,
longe disso, mas o fato de poder ser o
No final de 2015, nasceu o ASA, fruto
de todas essas vivências e da vontade de
nos juntarmos àqueles que estão dispostos
a mudar o mundo. É com orgulho que
cito a Revista Reação e empresas como a
Livre Montadora, Casa Ortopédica RJ, Elleva Acessibilidade, Azul Locadora, Instituto
Novo Ser, Espaço Ideal Eventos, dentre
outras tantas, e pessoas que entenderam
nossa relação com as Pessoas com Deficiência e com mobilidade reduzida. Hoje, o
BLA acabou se transformando em um dos
Projetos da ASA, pois já temos o protótipo
do novo Projeto “CadeirAlimentar”, que se
propõe a incluir, inicialmente, cadeirantes
em eventos, na forma de vendedores, garçons, atendentes, caixas etc. Saiba mais no
site: www.asaparatodos.com.br
Ih ! Chegou 2016...
Então amigos, parceiros, sociedade e
governantes, estamos na reta final para
uma real possibilidade de mudanças na
“mobilidade urbana do Rio de Janeiro”.
Uma mobilidade que, se boa para as
Pessoas com Deficiência, será boa para
todos os cidadãos. Só assim poderemos
transformar o Rio, em uma verdadeira “Cidade Maravilhosa”... Porque, se
não for agora, perderemos o trem da
história !
Fábio de Seixas
Guimarães
não é cadeirante (mas e se fosse ?),
é paulista radicado no Rio de Janeiro
desde 1978. Foi oficial da Marinha até
1995, quando deixou o serviço militar
para trabalhar na Rede Globo, onde
foi Diretor de programas de TV. Posteriormente, passou a ser produtor
independente. É o criador e responsável pelo Projeto BLA
e da empresa ASA– Ações e Soluções de Acessibilidade.
Site: www.buscolegados.com
E-mail: [email protected]
Pessoas com deficiência física, visual e auditiva poderão ficar livres do Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) na compra de smartphones, computadores pessoais, tablets, notebooks,
modems e acessórios importados, sem
que existam similares produzidos no
Brasil. O projeto PL Nº 1685/15, em
tramitação na Câmara Federal, é de
autoria do deputado Aelton Freitas (PR-MG). Pela proposta, a isenção será
válida a cada 2 anos e caberá à Receita Federal verificar a adequação do
requerente. De acordo com a Agência
Câmara de Notícias, para pessoas com
deficiência física, a isenção vale para
quem apresente alteração completa
ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o
comprometimento da função física,
membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam
dificuldades para o desempenho de
funções. No caso das pessoas com
deficiência visual, o benefício será concedido em três situações: para aqueles
que apresentem acuidade visual igual
ou menor que 10 % no melhor olho,
após a melhor correção, aqueles que
tenham campo visual inferior a 20°,
ou ocorrência simultânea de ambas
as situações. Para deficiência auditiva,
a proposta determina a isenção para
quem apresente perda bilateral, parcial
ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais.
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões
de Defesa dos Direitos das Pessoas
com Deficiência; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de
Cidadania. Se aprovado, não precisará
ser aprovado em plenário.
31
32
sexualidade
por Edson Luiz Defendi
A pessoa com deficiência
e a prevenção de DSTs/AIDS
É
muito comum o aumento de campanhas de prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis/AIDS no período do Carnaval. Mesmo sabendo que
campanhas educativas sobre prevenção
de DSTs/AIDS são fundamentais, é nesse período
carnavalesco que elas surgem com mais frequência.
A construção de uma cultura de prevenção é de
extrema importância para que as pessoas exerçam
seu direito à sexualidade de forma saudável e com
mais consciência.
Sabemos que informação apenas não muda
comportamento, principalmente quando o assunto
é sexualidade, DSTs/AIDS e outros temas relevantes,
como: gravidez na adolescência, métodos contraceptivos e outros. É necessário que as politicas
públicas relacionadas à prevenção de DSTs/AIDs e
outros temas relevantes comecem a fazer parte da
nossa cultura, de forma constante e sistêmica e não
apareçam meramente como peças ou campanhas
informativas em períodos restritos, como na época
de Carnaval, por exemplo.
Num País como o Brasil no qual a cultura sexista
prevalece, campanhas de prevenção são pouco
estimuladas, inclusive questionadas sobre sua importância. Pesquisam mostram que apenas 5 %
das escolas possuem um programa de educação
sexual que trabalham temas preventivos. Esse é um
dado extremamente preocupante, pois a educação
sexual é um poderoso recurso da construção de
uma cultura de prevenção.
Se esses dados são preocupantes, cabe-nos
uma importante reflexão: as campanhas de prevenção de DSTs/AIDS são construídas de forma
acessível para incluir as pessoas com deficiência ?
Essa reflexão leva-nos a considerar a vulnerabilidade que pessoas com deficiência possuem
quando expostas a situações de risco referentes
às DSTs/AIDS. A vulnerabilidade da pessoa com
deficiência está relacionada a vários fatores de
saúde, culturais e sociais acerca deste público. Percepções equivocadas e preconceituosas como o
mito sobre a pessoa com deficiência como sendo
um “ser assexuado”, a exclusão de pessoas com
deficiência em campanhas de prevenção, a falta
de planejamento de comunicações e informações
acessíveis colaboram sobremaneira para aumentar
a vulnerabilidade de PcD.
Um importante documento elaborado pelo
Ministério da Saúde, intitulado Direitos Sexuais e
Reprodutivos na Integralidade da Atenção à
Saúde de Pessoas com Deficiência, deixa claro
a relevância em considerar a PcD como público
das campanhas de prevenção. Destacamos os
seguintes pontos:
- Adotar estratégias, mídias, métodos, didática, formas e conteúdos adequados aos
diferentes tipos de deficiência e em diferentes
fases do ciclo de vida, no desenvolvimento,
execução, monitoramento e avaliação de materiais de informação e prevenção de DSTs/ AIDS
voltados às pessoas com deficiência;
- Desenvolver material de informação e comunicação dirigido às pessoas com deficiência,
focado nos direitos de acesso e acessibilidade
aos serviços de saúde que integram o SUS –
Sistema único de Saúde;
- Disponibilizar informação adequada sobre
sexualidade, direitos sexuais e reprodutivos, em
formato acessível às diversas deficiências, e
respeitando os diversos ciclos de vida;
- Desenvolver, executar e avaliar ações para
informação e educação em sexualidade para
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos
com deficiência;
- Adaptar material informativo já existente
em direitos sexuais e reprodutivos, por intermédio da adoção de estratégias, mídias, métodos,
didática, forma e conteúdo adequados aos
diferentes tipos de deficiência e às fases do
ciclo de vida.
Concluindo, estamos dizendo, que na prática é mais que urgente que as campanhas de
prevenção precisam ter vídeos, mídias, folhetos,
informações acessíveis, ou seja, com audiodescrição, Braile, legendagem e LIBRAS para
pessoas com deficiência visual e deficiência
auditiva. Esses materiais precisam também ser
elaborados com uma linguagem adequada
para atingir pessoas com deficiência intelectual.
Essas pessoas precisam participar, aparecer
em campanhas educativas, a visibilidade é fundamental para romper barreiras. Precisamos
discutir questões específicas sobre prevenção,
sexualidade e deficiência física.
Direitos sexuais são direitos humanos. As
campanhas preventivas não devem e não podem excluir de seu escopo o público com
deficiência. Vamos incentivar esse debate e
garantir campanhas de prevenção inclusivas e
democráticas para todos.
Outra dica de leitura é o livro da educadora
Jimena Furlani editado pela autêntica editora,
chamado “Educação sexual na sala de aula”
– relações de gênero, orientação sexual e igualdade étnico-racial, numa proposta de respeito
às diferenças. Nele você encontra uma discussão ampla sobre sexualidade e prevenção,
além de dicas de atividades para educação
sexual, como aspecto fundamental para a
construção de uma cultura de prevenção.
O documento citado no texto elaborado
pelo Ministério da Saúde pode ser encontrado
no site: www.unfpa.org.br/Arquivos/direitos_
sexuais_integralidade_pessoas_deficiencia.pdf
Edson Luiz Defendi é Doutorando em
Psicologia Clínica pela PUC-SP. Especialista em
Psicologia Hospitalar e Reabilitação de pessoas com
deficiência pela Faculdade de Medicina da USP.
Psicólogo clínico, terapeuta familiar e educador. É
colaborador da área de serviços de apoio a inclusão
da Fundação Dorina Nowill e coordenador do grupo
de pais homossexuais – GpaiH.
E-mail: [email protected]
36
evento
Mobility & Show será em junho no
Campo de Marte, em São Paulo/SP e
é o único evento para PcD em 2016 !!!
Devido ao grande sucesso do evento que ocorreu em setembro do
ano passado no Autódromo de Interlagos, organizadores e expositores
preparam a segunda edição em novo local e com muitas novidades...
A
Mobility & Show 2016 acontecerá nos dias 24, 25
e 26 de junho próximo, no PAMA - Parque de Material Aeronáutico de São Paulo – mais conhecido
como Campo de Marte – na pista de manobra das
aeronaves, na pista dos aviões.
O evento é uma exposição de automóveis, veículos e adaptações, equipamentos e serviços para pessoas com deficiência e
familiares, idosos e pessoas com mobilidade reduzida e sequelas
motoras. Lançada no Brasil em 2015, a mostra ocorre nos moldes
da “Mobility Road Show”, feira que acontece há mais de 30 anos
em Londres – Inglaterra. No ano passado, a primeira edição da feira,
realizada em Interlagos, contou com quase 30 expositores, recebeu
cerca de 3 mil visitantes e realizou 989 test-drives em apenas 2
dias de evento... Sucesso Absoluto !!!
Quem participou, aprovou o sistema inovador, direto, prático
e objetivo que a feira foi montada e estruturada. Sem luxo, sem
privilégios e padronizada na participação dos seus expositores, a
exposição foi focada na satisfação do público que busca por soluções para compra do carro 0Km e CNH, bem como, equipamentos
e dispositivos para uma melhor qualidade de vida. Sem dispersão,
sem apelos e sem assistencialismos.
“Acredito que esse foi o grande sucesso da Mobility & Show...
a fórmula adotada veio para suprir em cheio as necessidades do
mercado atual, tanto para expositores – que buscam um evento
simples e de resultados efetivos, com baixo investimento – como do
visitante, que quer encontrar um evento simples de ser visitado, não
tão grandioso, mas que traz sem dispersão os produtos e serviços
que ele realmente foi buscar. E o melhor, na Mobility & Show tudo
está à disposição de forma gratuita, desde o transporte adaptado
saindo de estações do Metrô mais próximas, até a entrada e o estacionamento, assim como as informações e soluções que podem
ser encontradas nos postos de isenções, pré-avaliação médica,
CNH, test-drive organizado... tudo de graça e feito por especialistas.
Essa fórmula vitoriosa será repetida em junho no Campo de Marte
e com algumas melhorias”, garante o organizador do evento, Rodrigo Rosso, diretor/editor da Revista Reação e criador da REATECH,
feira que organizou e promoveu também com muito sucesso até
2012. Rodrigo trouxe toda sua experiência dos mais de 10 anos à
frente da REATECH, para a Mobility & Show, permitindo perceber e
realizar um evento do tamanho e do formato que o mercado e os
consumidores queriam.
A feira
A fim de integrar a cadeia produtiva – prestadores de serviço e os
consumidores – a feira reúne em único local, montadoras de automóveis com seus modelos de veículos para exposição e test-drive;
despachantes e autoescolas para instrução e esclarecimento de dúvidas
sobre direitos e documentação; adaptadoras veiculares; atendimento
médico para avaliação prévia; seguradoras, bancos – linhas de crédito
e financiamento, plataformas/elevadores e rampas, cadeiras de rodas
motorizadas e triciclos, produtos e equipamentos de Tecnologia Assistiva
e tudo mais correspondente ao universo da pessoa com deficiência,
que ofereça maior e melhor mobilidade e qualidade de vida.
Diferente e despojada, na Mobility & Show não existem estandes
montados. Todos os expositores ficam em tendas tipo chapéu de
bruxa, padronizadas, ao ar livre.
O credenciamento é inteligente, identificado para quem quer e
pode fazer test-drive – só para habilitados ou com acompanhantes
– e a pista de test-drive é a maior já disponibilizada no Brasil para
um evento desse tipo, com mais de 40 veículos adaptados ou não
à disposição dos visitantes, com instrutores treinados.
A praça de alimentação é composta por Food-Trucks, com atendentes, disponibilizando o que há de mais interessante na gastronomia contemporânea.
evento
Apoios importantes
A Mobility & Show 2016 contará com o apoio de importantes
órgãos e organizações. Como por exemplo, o apoio do Governo
Federal, através da Secretaria Especial de Direitos Humanos e
Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. A feira também conta com o apoio da Prefeitura de SP, da
Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, além do Grupo
Bandeirantes de Rádio (Radio Bandeirantes, Band News FM e
Rádio Sulamerica Trânsito. A ABRIDEF – Associação Brasileira das
Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para Pessoas
com Deficiência também é parceira do evento, assim como a
Baccarelli Consultoria. A realização é da C&G 12 Comunicação e
Marketing – com promoção da Revista Reação.
“Quem visitou no ano passado no Autódromo tem que visitar
novamente este ano no Campo de Marte. Lá tivemos todo charme da pista de corridas, agora, teremos o charme da pista dos
aviões, o aeroporto, enfim... quem já foi tem que ir novamente.
Quem não teve a oportunidade de visitar em 2015, não pode
deixar passar essa oportunidade em 2016. A feira é uma delícia.
Esperamos receber mais de 5 mil pessoas em 3 dias e bater o
recorde de realização de test-drives. Estamos esperando pessoas
de todas as regiões do País. Será um prazer receber a todos”,
convida Rodrigo Rosso.
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SERVIÇO
MOBILITY & SHOW 2016
24, 25 e 26 de junho de 2016
Horários:
24 de junho - Sexta-feira - 12h às 18h
25 de junho - Sábado - 09h às 18h
26 de junho - Domingo - 09h às 18h
Local - Campo de Marte
Av. Santos Dumont, Nº 2241 - Santana
Zona Norte - São Paulo/SP
• Estacionamento Gratuito no local.
• Acessibilidade: empréstimos de cadeiras de rodas
motorizadas, manuais e triciclos
(Sujeito à disponibilidade no momento da visita).
TRANSPORTE GRATUITO
Ida e Volta até o evento – leva e traz – feito pelas Vans
do Programa ATENDE e Vans adaptadas, saindo da
Estação Tietê do Metrô. Embarque e desembarque na Rua
Marechal Odylio Denis, ao lado da Saída do Metrô Tietê.
DESPACHANTE
Desp. Responsável
Mauro Matsumoto
SSP 7423
FONE: 11 2942-1450
ID: 2*24520/ 2*832910 / 2*832911
Site: www.lyondespachante.com.br
E-mail: [email protected] / [email protected]
facebook.com/lyon.despachantes
@lyondespachante
11 9.9633-2363
Horário de Atendimento de Segunda à Sexta
Das 08:00hs. às 18:00hs.
Rua Padre Adelino, 1998 - Tatuapé - CEP 03303-000
(Próx. a Praça Silvio Romero)
38
veículos e adaptações
por Hermes de Oliveira
Direto do interior
do Paraná...
um cadeirante taxista. E de forma legal !
P
or fim saiu meu Alvará de
taxi... Já não era sem tempo.
Venho lutando para voltar a
ser um motorista profissional, desde quando sofri um
capotamento com uma carreta em 2002,
onde fiquei paraplégico, e após minha reabilitação, concluiu-se que eu estava hábito
ao trabalho. Mas que tipo de trabalho se
eu era motorista profissional e agora na
legislação de trânsito estava escrito que
pessoas com deficiência estavam proibidas de exercer atividades remuneradas ?
Foi aí que iniciei a minha luta para mudar isso no Brasil, escrevi email até para o
CONADE - Conselho Nacional da Pessoa
com Deficiência, em Brasília/DF. Escrevi
um livro - Um Motorista Especial de Carreta - registrado em 2006, reclamando sobre
esta proibição. E logo veio a decisão do juiz
federal Danilo Almasi Vieira Santos, da 10ª
Vara Cívil de São Paulo, que vai contra a
norma do CONTRAN - Conselho Nacional
de Trânsito, que proibia as pessoas com
deficiência de exercer a profissão de motorista profissional.
A medida vai de encontro à Consti-
tuição Federal, que garante a igualdade
de tratamento a pessoas com deficiência, bem como exercícios plenos dos
direitos sociais e individuais, incluindo
o direito ao trabalho. Ok, então pronto.
Tudo certo ?!? Mas, não !
Eu verifiquei que no Brasil não existia
autoescola preparada para atender uma
pessoa com deficiência que quisesse
fazer uma CNH especial de motorista
profissional ! Única saída era ser taxista na
categoria B especial, fiz todos os cursos
necessário e fiz um pedido de um alvará,
na prefeitura de São Paulo/SP, onde eu
morava.
Mas o pedido foi negado. Fui ao Ministério Público, onde fui informado que
eu teria que entrar com ação contra a
Prefeitura, com obrigação de fazer. Mas
não fiz isso.
Resolvi voltar a morar na cidade de
onde nasci, a pequena Boa Esperança/PR.
E pedi ao então prefeito, Cláudio Gotardo,
um Alvará de taxi e este me foi autorizado.
Fiz todo o processo novamente no CIRETRAN da cidade de Goioerê/PR e a
vistoria do INMETRO feita no meu veículo,
e por fim, o emplacamento de veículo de
aluguel. Nossa que correria !
Agora já estou pronto para o trabalho. É
só avaliar como vai ser a reação dos clientes e como vai ficar a questão econômica.
Lembrando que, naquela época ainda não,
mas atualmente, já existem no Brasil, autoescolas preparadas para atender pessoas
com deficiência para tirar habilitação nas
categoria A, B e D.
Lembro também ainda, que sou apenas mais um nessa luta que já existe há
muito tempo. Como disse meu amigo Rodrigo Rosso, editor dessa revista: “sempre
é bom ter uma ‘Boa Esperança’ na vida”...
Eu sempre tive. E deu certo !
Deixo aqui meus agradecimentos à
Revista Reação e a todas as pessoas envolvidas que estiveram e estão sempre me
apoiando nessa luta. Agora sou um taxista,
um motorista profissional legalizado outra
vez... Ninguém me segura !
Hermes Oliveira é cadeirante, piloto de Parakart patrocinado pela Revista Reação, estudante de administração de empresas, autor
do livro “Um motorista especial de carreta”.
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O CARRO DO
ANO´2015
PARA PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA !!!
1º lugar
NOVO COROLLA (TOYOTA)
Em 18 anos ininterruptos da realização dessa pesquisa, os leitores e assinantes
da Revista Reação, formadores de opinião e usuários de veículos – pessoas
com deficiência, familiares e também profissionais da área – elegem, através
do voto direto, pelo nosso site ou no cupom Carta-Resposta encartado na
própria revista: “O Melhor Carro Para a Pessoa com Deficiência”
2º lugar
3º lugar
HRV (HONDA)
DUSTER (RENAULT)
ECOSPORT (FORD)
CITY (HONDA)
NOVO FIT (HONDA)
pesquisa
42
C
omo já é tradição, há 18 anos a pesquisa do “Carro do Ano para PcD” é
realizada pela Revista Reação, tornando-se referência para as montadoras
de veículos em seus departamentos de Vendas Diretas ou Vendas Especiais
e, também, principalmente, referência para o consumidor de automóveis
com deficiência e seus familiares.
Realizada através do voto direto, nessa Pesquisa é o leitor da revista quem expressa
sua opinião e os resultados são computados ao final, sem qualquer ingerência, influência
ou opinião da publicação. A pesquisa é livre e realizada junto aos leitores e assinantes
da Revista Reação, consumidores de veículos comercializados com isenção de impostos.
O resultado NÃO é uma eleição do “modelo mais vendido” para o segmento, não é
ranking de vendas. É o voto do consumidor no modelo que eles acham ser o melhor
para cada um, os mais admirados, desejados, que atendem mais suas expectativas,
enfim, a pesquisa leva em conta a opinião de quem vota.
A pesquisa para eleição do “Carro do Ano para Pessoas com Deficiência 2015” teve
inicio no mês de outubro de 2015 e se estendeu até o final de janeiro de 2016. Foram
cerca de 100 dias de votação.
Essa é a forma mais clara de expressão do consumidor a respeito do seu desejo e gosto.
Prova disso é a participação expressiva que temos dos leitores que votam. Nessa edição
da pesquisa, recebemos 1.987 votos, com quase 85 % deles chegando através do site
da Revista Reação, pelos posts no Facebook, ou seja, pela Internet. O restante ainda vem
através dos Correios, pelo formato de cupom de Carta-Resposta – com postagem gratuita.
Todos os que votam levam em consideração, na hora de eleger os melhores modelos, alguns itens e a relação custo x benefício, sem contar no atendimento. São eles,
certamente:
RESULTADO DA PESQUISA - 2015
1º LUGAR
NOVO COROLLA (TOYOTA)
19,5 %
2º LUGAR
CITY (HONDA) / NOVO FIT (HONDA) 17,5 %
3º LUGAR
HRV (HONDA) / DUSTER (RENAULT) /
ECOSPORT (FORD)
15 %
4º LUGAR
HB20 SEDAN (HYUNDAI) / NOVO CIVIC (HONDA)
13 %
5º LUGAR
RENEGADE (JEEP) / UP! (VW) / DOBLO (FIAT)
SPIN (GM)
11 %
6º LUGAR
ONIX (GM) / VOYAGE (VW) / FOX (VW) /
ETIOS (TOYOTA) / NOVO FOCUS (FORD)
8%
7º LUGAR
CRUZE (GM) / PAJERO (MITSUBISHI) / SW4 (TOYOTA) 6 %
8º LUGAR
408 (PEUGEOT) / C3 (CITROEN) / PRISMA (GM)
5%
SIENA (FIAT)
NEW FIESTA (FORD) / 308 (PEUGEOT) / 320 i (BMW) 3,5 %
LANCER (MITSUBISHI) – C4 LOUNGE (CITROEN)
9º LUGAR
10º LUGAR
OUTROS
1,5 %
- Beleza;
- Acessibilidade aos comandos de painel;
- Espaço interno e de porta-malas;
- Design e estilo;
- Acessibilidade e transferência;
- Funcionalidade e visibilidade;
- Tecnologia e acessórios;
- Motor, câmbio e suspensão;
- Conforto, desempenho
e dirigibilidade;
- Preço e condições de compra;
- Atendimento da rede
de concessionárias.
Num ano difícil para as montadoras,
como foi 2015, as vendas de automóveis
para pessoas com deficiência – as chamadas Vendas Especiais – foram um de seus
sustentáculos, somadas aos outros segmentos das Vendas Diretas. O varejo, as vendas
comuns aos consumidores finais, caíram
vertiginosamente em 2015. Só que, na
contramão dessa crise, o consumidor com
deficiência e seus familiares continuaram
comprando normalmente. Pelo contrário,
as vendas para esse segmento cresceram
mais de 26 % em relação a 2014.
O trabalho das montadoras se
reflete também no resultado
Durante todos esses 19 anos de Revista Reação e 18 anos de realização dessa
pesquisa, em todas as nossas edições, as
montadoras, num sistema de parceria com
nossa publicação, nos enviam modelos de
automóveis – que são devidamente adaptados em empresas parceiras da revista – para
pesquisa
que nossa equipe de técnicos especializados
– equipe essa, competente, única e exclusiva – possa testar cada um deles.
Depois disso, publicamos matérias
especiais de test-drive, onde também
convidamos pessoas com deficiências
e familiares para testarem os modelos.
Todos expressam suas opiniões que, por
sua vez, são publicadas nas matérias, de
forma isenta, objetiva, imparcial e bastante pertinente, levando em conta pontos
específicos do uso diário do carro em
situações cotidianas de PcD e suas famílias. O que sempre percebemos é que os
carros que são testados pela publicação
chamam a atenção dos leitores, e logicamente, acabam sendo lembrados com
mais facilidade na hora do voto.
Outro ponto que sem dúvida nenhuma reflete demais na hora do voto, é o
trabalho que cada montadora faz durante
o ano junto a esse público consumidor.
O investimento que cada uma faz na
comunicação direta com o público com
deficiência, como anúncios dos modelos
em revistas especializadas, patrocínio de
eventos, participação em feiras, ações na
rede concessionária etc... salvo raras exceções, faz com que os modelos de determinadas montadoras sejam mais votados
que outros, por exemplo. Isso faz valer o
velho ditado popular: “quem não é visto,
não é lembrado !”. E é verdade.
Mas, o ponto que deve ser um dos mais
importantes na tomada de decisão e passa às
vezes “invisível” numa avaliação menos criteriosa dos fatos é, sem dúvida, o atendimento
que a rede concessionária dá ao cliente com
deficiência e seus familiares. Saber atender,
com informações corretas e respeito, vale
mais do que qualquer coisa no ponto de vista
desses consumidores. Um bom atendimento
é mais de 80 % da venda feita. Por isso, o
investimento das montadoras na formação
da sua rede, dos profissionais que atendem
o público PcD, é primordial.
Análise do resultado
O Novo Corolla foi eleito pelos leitores mais uma vez como o “Melhor Carro
para a Pessoa com Deficiência”. O modelo
foi lançado e conquistou o primeiro lugar
em 2014, repetindo o feito em 2015. Os
modelos da Honda, a montadora mais
premiada desses 18 anos de pesquisa,
ficaram juntos, dois deles, empatados no
2º lugar. Mas, o que mais chamou a atenção mesmo nos resultados dessa eleição
foi, sem dúvida, a alavancada dos modelos SUV. Isso comprova a preferência de
boa parte do consumidor brasileiro – com
deficiência ou não – que vem cada vez
mais adotando essa categoria. E também o
destaque para os sedans, que continuam
aparecendo bem, sendo os preferidos da
maioria.
Vamos conhecer um pouco mais de
cada um dos modelos citados em suas
colocações da pesquisa 2015:
Deu Corolla mais uma vez
em 1º lugar !
Honda como companheiro, o City, que por
um empate técnico, divide o segundo lugar
com o Fit. Tanto o City quanto o Fit sempre
ocuparam as primeiras colocações dessa
pesquisa, já tendo sido campeões em outros
anos. A Honda com esses dois modelos e
também com o Civic, tem um público bastante fiel e comprador entre as PcD.
Em 3º lugar, a hora e a vez das
SUVs !
As ruas acabam refletindo a vitória do
Novo Corolla também nessa pesquisa. O
modelo é um dos mais vendidos e desejados do público com e sem deficiência
no Brasil e no mundo. Desde o seu lançamento, o Novo Corolla caiu mesmo nas
graças do consumidor. A marca é sinônimo
de segurança, prestígio, economia e ótima
relação custo x benefício. Isso tudo, aliado
ao bom atendimento que a rede Toyota
oferece ao consumidor PcD, certamente
influenciaram nos votos dos leitores e assinantes da Revista Reação. Essa foi a 5ª
vitória do Corolla desde que essa pesquisa
começou a ser realizada há 18 anos.
Dois modelos da Honda em 2º
lugar !
Em 2014, o Novo Fit já conquistou a
2ª colocação nessa pesquisa. Só que em
2015, ele ganhou outro modelo da marca
Não tem jeito, já não é mais uma
tendência apenas, é uma realidade: as
SUVs estão conquistando o consumidor
brasileiro. E no meio das pessoas com
deficiência e familiares não é diferente,
pelo contrário. Esse tipo de modelo vem
atender em cheio as necessidades desses
consumidores, que precisam de espaço
interno e de porta-malas e, também, porque atende, em grande parte, uma parcela de consumidores com deficiência ou
43
44
pesquisa
Quatro modelos em 5º lugar !
Foram quatro modelos empatados na
5ª colocação dessa pesquisa. O grande
lançamento do ano e um dos mais procurados modelos dos últimos tempos: Renegade (Jeep) dividiu sua posição com outra
mobilidade reduzida que preferem carros
altos, não só para dirigir, mas para entrar
e sair deles. Inclusive alguns cadeirantes.
Este ano, a pesquisa traz o lançamento
da Honda, o HRV, em 3º lugar. Esse foi
um dos modelos mais disputados pelos
consumidores em 2015. E ele vem acompanhado, num empate técnico entre eles,
do Duster (Renault) e do Ecosport (Ford).
Todos eles na mesma categoria e com
características muito parecidas.
novidade, mas de categoria diferente: o
UP! (VW) e mais dois velhos conhecidos,
compacto e outro sedan. Deles, o Fox foi
o que mais subiu, saindo da nona colocação na pesquisa passada para a sexta
em 2015. E eles vem com a companhia
do Onix (GM) – um dos modelos mais
Dois sedans na 4ª posição !
Em 4º lugar, dois modelos sedan dividem
a opinião do público. Um deles é o HB20 Sedan (Hyundai), que já figurou na 4ª posição
a Dobló (Fiat) – que em 2013 e 2014
vendidos do varejo no Brasil – e o Etios
(Toyota) que nem sequer ainda tem a
na pesquisa anterior e manteve seu lugar
como um dos mais procurados na categoria.
Já o outro, que vem dividindo a colocação,
é o maior vencedor dessa pesquisa nesses
18 anos de história. Ninguém menos que o
Civic (Honda), que em 2013 foi o campeão,
em 2014 caiu para a terceira posição e agora,
chega em 4º lugar empatado tecnicamente
com o HB20 Sedan (Hyundai).
ocupou a terceira colocação – e a Spin
(GM), que vem subindo ano a ano na
preferência do consumidor PcD.
versão do câmbio automático, além do
Novo Focus (Ford), que nem aparecia na
edição passada da pesquisa, em 2014.
Dois da VW e mais três modelos
ocupam a 6ª colocação !
Em 7ª e 8ª lugares, aparecem 7
modelos bem diferentes !
O 6º lugar vem com 2 modelos da
alemã Volkswagen: o Fox e o Voyage. Um
Na sétima posição, o Cruze (GM), com
modelos nas versões hatch e sedan, em-
pesquisa
gimento da Pajero, além de provar que os
SUVs estão ganhando cada vez mais espaço, prova também que aparecer com a
marca no universo da PcD faz a diferença.
E foi o que aconteceu para a Mitsubishi.
Em 8º lugar, 4 modelos, sendo 3 deles
sedans – o bom e velho 408 (Peugeot),
patou tecnicamente com duas SUVs: a
SW4 (Toyota), que em 2014 ficou na
o Prisma (GM) totalmente repaginado e
A BMW já vem mostrando
sua cara entre os 5 modelos
na 9ª colocação... Já em 10º,
1 % dos votos para outros
modelos somados !
quarta colocação, e mais uma novidade
na pesquisa: a Pajero (Mitsubishi). O sur-
o também tradicional Siena (Fiat) – dividiram a colocação com o compacto C3
(Citröen).
Na 9ª posição, uma surpresa: o modelo 320i (BMW) já começa a mostrar
sua cara e marcar território no mercado
Premium entre os consumidores com
A crise aqui não tem vez !
Mercado de automóveis fecha com praticamente 106 mil carros vendidos
com isenção para PcD em 2015... um crescimento de 26,5 %
Ainda com a crise no setor automotivo, o segmento de vendas de
automóveis com isenção de impostos para pessoas com deficiência e
familiares cresceu cerca de 26,5 % em 2015.
Esse é o balanço final que chegamos após ouvir praticamente 24
montadoras de automóveis em seus departamentos de Vendas Diretas
e sua rede, formal e informalmente. Até porque, muitas não revelam
seus números neste setor. Mesmo assim, constatamos um salto enorme e um cenário extremamente positivo e crescente, o que reflete a
realidade vivida nas concessionárias no ano passado e atualmente. É
nitido o aumento da procura por automóveis com isenção de impostos.
Com cada vez mais pessoas informadas sobre as isenções, principalmente para as deficiências não tão “aparentes” e para os chamados
“não condutores”, esse aumento será cada ano maior. Afinal, se somadas
todas as patologias que podem gerar sequelas motoras numa pessoa,
somados também a esse número as pessoas idosas – que pela idade
certamente possuem, em sua maioria, sequelas de mobilidade – e
as próprias pessoas com deficiência e seus familiares, chegamos ao
espantoso número de 150 milhões de brasileiros, praticamente. Ou
seja, quase 1 em cada 2 cidadãos. Pouco mais da metade da população
brasileira, se levarmos a legislação e suas vertentes à risca, “podem” ter
direito à isenção de impostos na compra do carro 0Km. Obviamente que
nem todos tem... por isso, as pessoas precisam passar pela avaliação
médica do Detran para obter os laudos. Mas, hoje esse fator é uma
realidade. Praticamente um em cada 10 ou 15 clientes que buscam
uma concessionária de veículos em busca do carro 0Km, hoje em dia,
são cadeirantes, por exemplo. A maior parte nem aparenta deficiência
alguma ou são familiares. O mercado mudou. E as montadoras e concessionárias, assim como as adaptadoras de veículos, despachantes,
empresas de isenções e autoescolas, estão precisando se adequar à
essa nova realidade.
O volume de vendas é grande, porém, pode ser ainda maior do
que este, se levarmos em conta que uma boa parte dos consumidores que tem direito às isenções, acaba desistindo da compra com
o benefício, empurrados pela burocracia e a demora nos processos.
Estes mais intolerantes e impacientes, acabam comprando seus carros
sem usufruir do benefício e ficam fora das estatísticas. Outra parcela
que fica fora deste número são as PcD que optam pela compra de
um veículo importado. Prova disso são as montadoras do chamado
segmento Premium, que começaram a despertar para as vendas para
PcD, investindo em programas internos de atendimento para esse público. Algumas dessas montadoras já produzem automóveis no Brasil
ou passarão a produzir nos próximos meses.
45
46
pesquisa
deficiência e familiares. Agora, com o recém lançado programa de
vendas para PcD da montadora alemã, que já está fabricando alguns
modelos no Brasil, a BMW promete chegar com tudo para ocupar
uma fatia até então pouquíssimo disputada entre PcD, mas, com um
potencial enorme, mesmo contando apenas com a isenção de IPI
em seus modelos, por conta dos valores. Junto com a BMW, estão
na mesma colocação o New Fiesta (Ford), o 308 (Peugeot), o Lancer
(Mitsubishi) e o C4 Lounge (Citröen).
O paulistano Rodrigo Rezende levou para casa o Prêmio da votação de 2015 !!!
A pesquisa para eleger o “Melhor Carro para Pessoas com
Deficiência” do Brasil acontece há 18 anos e é feita junto aos
leitores e assinantes da Revista Reação. Todos os anos, a revista
promove um sorteio entre aqueles que enviam seus votos,
tanto pela Carta-Resposta (Correios), como pela Internet.
Nessa edição da Pesquisa, sorteamos entre os votantes uma
Fritadeira Elétrica (Air Fryer). E o grande sortudo que levou
o eletrodoméstico para casa, foi o jovem com deficiência
(paralisia cerebral), Rodrigo Rezende Gomes, de 32 anos,
advogado e bancário, morador do bairro de Chácara Inglesa,
na zona sul da capital paulista.
Rodrigo é assinante da Revista Reação. Ele fez sua assinatura
durante a feira Mobility & Show 2015, no Autódromo de Interlagos/SP, em
setembro, durante sua visita ao evento. Ele optou em votar pelo site: “votei
no Cruze (GM), até porque é o carro que eu tenho... e tive muita sorte,
porque é o primeiro ano que eu voto e fui sorteado em meio a quase
duas mil pessoas”, comentou o rapaz, que visitou a redação da Revista
Reação para retirar o seu prêmio e conhecer a equipe. O diretor e editor
da publicação, Rodrigo Rosso, xará do ganhador, fez questão de entregar a
fritadeira pessoalmente. Parabéns Rodrigo Rezende !!!
lição de vida
Fábio Souza
e sua vida
dedicada ao
esporte !
A
os 43 anos de idade,
paraplégico, casado e
com uma filha de 11
anos, Fábio Souza
continua fazendo o
que gosta: trabalhando com esporte,
agora não mais atuando nas quadras,
mas no Comitê que prepara os Jogos
Olímpicos e Paralímpicos que acontecerão no próximo semestre, no Rio de
Janeiro. Seu cargo, desde novembro
de 2015, é de Especialista em Serviços no Basquetebol em Cadeira de
Rodas e auxílio no Basquete Olímpico. “Fiquei sabendo
da vaga disponível e fiz todo o processo de entrevistas,
sempre ansioso para que desse certo. Finalmente me
juntei a uma equipe fantástica de profissionais muito
comprometidos e competentes”, conta Souza. A nova
atividade parece ser a consequência lógica para quem foi
um dos astros do grande e lendário “Magic Hands”, time
de basquete em cadeira de rodas da ADD - Associação
Desportiva para Deficientes, entidade paulista referência
em esportes para PcD. Ele foi um dos fundadores do
grupo e jogou lá de 1977 a 2004. O “Magic Hands” era
uma equipe brilhante, considerada na época, praticamente imbatível.
“Fundamos uma nova perspectiva para os atletas do
basquete em cadeira de rodas, com uma equipe multidisciplinar, incentivando os participantes ao estudo e
oferecendo condições que eram raras até então, como
cadeiras de rodas ‘de ponta’ e condições profissionais
de treino. Foi um tempo incrível, sem dúvida, aprendi
muito, fui capitão do time por um bom tempo, participamos de alguns torneios internacionais, tínhamos
um grupo muito capacitado e entrosado, foi o melhor
momento como atleta na minha vida”, recorda Souza.
“Depois joguei no Clube Amigos dos Deficientes de São
José do Rio Preto (CAD), onde encerrei a carreira como
atleta, e lá também tivemos momentos inesquecíveis.
O CAD já nasceu com um espírito campeão, mostran-
lição de vida
do alguns anos depois que foi criado e
dirigido com muita capacidade e visão”.
A importância do esporte
O basquete foi fundamental na vida de
Souza. Nascido em Estância, interior de
Sergipe, aos 10 anos de idade começou a
apresentar dores musculares nas duas pernas, que evoluíram rapidamente. Em uma
semana não sentia mais nada da altura do
peito para baixo. Depois de muita fisioterapia, conseguiu recuperar alguma sensibilidade, mas a mobilidade nunca voltou, com a
lesão estabilizada na T11. “Nunca tive um
diagnóstico preciso e definitivo”, comenta
o aleta.
Souza conta que a adolescência foi o período mais complicado de sua vida, mas que,
com o apoio da família, conseguiu superar
essa fase. “Cinco anos depois, minha irmã
também teve algo muito estranho e também ficou paraplégica. Pode ser algo genético, claro que pode, mas nenhum médico
jamais afirmou isso, alguns até falaram que
poderia ter sido uma terrível coincidência. Eu
não acredito muito nisso, mas todas as possibilidades foram consideradas”, conta Fábio.
O convite para jogar basquete em cadeira
de rodas veio de um amigo. No início ele relutou porque não sabia como era. “Comecei
jogando no Águias de São Paulo, depois na
Associação dos Deficientes Físicos de Santos
(ADFISA) e passei pelo Clube dos Paraplégicos de São Paulo (CPSP)”, ele relembra.
A possibilidade de jogar lhe deu outra
perspectiva de vida: “percebi que se eu
podia fazer uma cesta de três pontos ou
participar de competições tão importantes,
poderia também fazer qualquer outra coisa
que quisesse em minha vida. Os limites
ficaram mais distantes, as possibilidades foram ampliadas, socialmente foi muito positivo, pois o esporte permite uma interação
fundamental para a inclusão social”, afirma.
“Psicologicamente foi muito significativo,
pois resgatou minha autoestima. Acho que
esses pontos são importantes para as pessoas que, por algum motivo, adquirem uma
deficiência”, destaca o atleta.
Fora do esporte, ele já trabalhou com
seguros em um grande banco, e em uma
empresa especializada, mas considera que
a possibilidade de estar no Comitê Rio 2016
é parte do sonho de participar dos Jogos
Paralímpicos. Não conseguiu como atleta,
mas será possível agora na organização. “Especialmente sendo em nosso País, é uma
oportunidade ímpar, não sei quando teremos
outro evento como esse na América Latina e
estou super feliz e motivado com essa oportunidade”, reforça. Depois dos jogos, Fábio
Souza pensa em voltar ao mercado financeiro
ou continuar no esporte, dependendo das
oportunidades que virão.
47
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são paulo
por José Luiz Zanzini (Zézinho)
Movimento social das Pessoas
com Deficiência e Mobilidade
Reduzida na cidade de São Paulo
A
Cidade de São Paulo sempre esteve na vanguarda
dos movimentos sociais
brasileiros. Lembro-me de
1980, quando minha filha
com deficiência Intelectual tinha um ano,
e apenas a APAE - Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais de São Paulo,
na Direção do Dr. Antonio dos Santos
Clemente Filho e Dona Jô Clemente,
se desdobravam para dar o tratamento
neste procedimento específico de “DI”
com qualidade, acompanhados sempre
do filho Zequinha, que era Down.
Na APAE, aprendi com o Dr. Clemen-
te, duas palavras que ele instituiu como
padrão de vida a quem fazia o bem à
população carente: “OBRIGADO” e “POR
FAVOR”...Nunca esqueci dessas palavras
e as mesmas me direcionaram em meu
voluntariado. Ainda no início da década
de 1980, na iniciativa privada, busquei
os grupos que atuavam na área de pessoas com deficiência intelectual e Down,
visto desde 1974 estar apenas auxiliando
voluntariamente a Casas André Luiz, a
Casa de Davi, a APAE-SP, a Associação de
Assistencia à Criança Defeituosa, como a
AACD era conhecida na época... o GRAAC, a Casa Santa Terezinha, o Kodomo
No Sono e outras instituições de menor
porte.
Encontrei a instituição do MDPD –
Movimento em Defesa das Pessoas
Portadoras de Deficiência, e nessa instituição, fui descobrindo os segmentos
que existiam dentro do movimento das
pessoas com deficiência. Por estar na
iniciativa privada, muitos dos eventos não
participava, me tornei um espectador, e
me envolvi na luta contra o preconceito
às pessoas com deficiência. A época, o
MDPD organizou as atividades do AIPD
– Ano Internacional das Pessoas Deficientes, com representantes como: Sandra Maciel, Nice Loureiro, nossa saudosa
e querida amiga Dorina Nowill, Aristides
Santos, Luiz Moura do NID, Luiz Augusto
Machado, Robson de Carvalho, querido
Prof. Candido Pinto de Melo, José Evaldo
Doin, e o guerreiro dentro dos movimentos em prol das pessoas com deficiência,
um nome inexquecivel, o batalhador e
fotógrafo, Romeu Kazumi Sassaki - ele
que é hoje uma sumidade na área de
pessoas com deficiência e inclusão.
O AIPD, foi realizado com enorme sucesso em 1981, e desse ano ao início de
1983, todos os meios de comunicação
só falavam das pessoas com deficiência,
depois do dia para a noite, a imprensa
em todos os seus níveis, esqueceu que
existiam pessoas com deficiência no Brasil. Mas os gritos pelos direitos à inclusão
continuaram em direção a Constituição
de 1988, o movimento lá estava, buscando seus direitos. Eram instituições,
associações, sociedade civil, representantes sociais, sindicais, de educação,
exigindo que a nossa Constituição nos
reconhecesse como cidadãos produtivos
são paulo
e parte da sociedade Brasileira. Conseguimos com pressão e luta que a Constituição Federal, dentro dos dispositivos
referentes às pessoas com deficiência,
garantisse os direitos especificados em
5 títulos, 7 capítulos, 8 artigos, 3 seções,
9 itens e 3 parágrafos, onde constitucionalmente descreve-se todos os direitos
das pessoas com deficiência.
Com muitas decisões a nivel de políticas públicas, o movimento tomou grande
impulso a partir de 1994, buscando o
fundamental para a inclusão, como a
“Educação Inclusiva”, que desde as mudanças da PNE - Plano Nacional de Educação, vem gerando um desgaste muito
grande aos gestores educacionais, visto
as salas de aulas não estarem adaptadas
e a parte de recursos humanos educacionais, sem treinamento especifico a
cada tipo de deficiência. Em vez dessas
instituições fazerem a inclusão, acabam
fazendo a exclusão, com as pessoas com
deficiência ignoradas na sala de aula,
professores sem a mínima condição de
dar atenção especial a criança ou jovem
com deficiência.
Outra preocupação é quanto à “Acessibilidade e a Mobilidade Urbana”. Ao
analisarmos a Lei Nº 16050/2014 do
PDE - Plano Diretor Estratégico, quanto aos mecanismos de qualificação e
uma estruturação de deslocamentos
articulados na cidade, que promova a
acessibilidade e a mobilidade, fala-se
apenas sobre bicicletas e circulação de
pedestres. O poder público municipal
se exime das referências sobre pessoas
com deficiência, mobilidade reduzida e
idosos. Como pode as pessoas com deficiências exercerem o seu direito de ir
e vir, se o “PDE” não os consultou para
as reformas Urbanas de mobilidade e
acessibilidade na Cidade de São Paulo
de 2016 a 2030 ?
Poderíamos listar uma série de irre-
gularidades, uma delas, as escadas nas
instituições de ensino, que inibem as PcD
a exercerem o seu direito de votar, e que
registro esse fato desde 2002. Além de
outros pontos na cidade, onde a mobilidade e acessibilidade são o absurdo do
absurdo. Outras escadas complicadas
para as pessoas com deficiência, mobilidade reduzida e idoso, são as escadas
de muitos ônibus na cidade, nunca vi
uma pessoa com mobilidade reduzida
ou idoso, entrando pela porta dos cadeirantes nos coletivos ! Outro problema é
a chamada “Lei de Cotas” e o ingresso
da pessoa com deficiência no mercado
de trabalho, a Lei Nº 8213/91, veio
para agilizar o processo de admissão
das pessoas com deficiência, durante
10 anos a mesma ficou esquecida por
falta de fiscalização direta nas empresas,
apenas em 2001, o segmento tomou
a direção para o qual a lei foi criada.
Hoje depois de 26 anos, as empresas
Nossa equipe está preparada
para atender Você !!!
CREDENCIADO PELO
DETRAN
LAUDO DE AVALIAÇÃO DE DEFICIÊNCIA PARA ISENÇÕES FISCAIS
EXAME MÉDICO E PSICOTÉCNICO
PRIMEIRA HABILITAÇÃO
MUDANÇA DE CATEGORIA
UNIDADE TIJUCO
Rua Tijuco Preto, 462
Tatuapé - São Paulo/SP
Fone: (11) 2225-1843 / 2359-9678
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são paulo
buscam cumprir sua responsabilidade
social, com muitos problemas a serem
resolvidos, dentro de um desenvolvimento econômico oscilante, que complica a
recolocação das pessoas com deficiência
no mercado de trabalho.
Uma alternativa seria as empresas
e seus profissionais com deficiência,
fazerem uma mescla de funções, com
análises de cargos e salários, no reaproveitamento hierárquico das instituições,
abrindo vagas a profissionais que estão
iniciando no mercado e em processo de
especialização profissional para carreiras
de sucesso. O atendimento do SUAS Sistema Único de Assistência Social, que
seja entendido, “um direito do cidadão
e um dever do Estado”, desde que o
mesmo passou a ser um direito na Constituição Federal de 1988, e ter um caráter
diferenciado de Previdência Social, visto
esse tipo de Assistência Social não exigir contribuição do cidadão, o mesmo,
tem como objetivo, atender a população
Brasileira que necessita desse beneficio.
Em 6 de junho de 2011, para garantir a
continuidade da Proteção Social Básica, que cobre riscos sociais e pessoais
e a Proteção Social Especial, famílias e
pessoas em situação de risco, por maus
tratos, abandono, vícios de drogas, abuso
sexual, estupro etc... Foi sancionada a Lei
Nº 12.435, que coube ao Estado a coordenação política para o desenvolvimento
desse programa, voltado aos municípios,
a todas ONGs e iniciativa privada.
Quanto a “Inclusão Social”, desde
1974 quando iniciei no movimento,
tenho ouvido que Inclusão são nossas
ações direcionadas as pessoas com deficiência e outras lutas humanitárias, voltadas a inclusão que beneficiam a vida
dessas pessoas, dentro da sociedade,
nos segmentos das relações públicas
e sociais, o que não acontece, fazendo
com que o grito dos interessados tome
a rua e cheguem aos governantes. Isto
mostra, que precisamos olhar as pessoas com deficiência com proximidade
e fazer com que, seus direitos sejam
respeitados, sem pressão da sociedade,
mas dentro das Leis que já existem e os
amparam, nas limitações e dificuldades
do dia-a-dia. É, exatamente esse processo que não vem acontecendo, uma vez
que as pessoas ditas “normais”, sempre
buscam descaracterizar os direitos conseguidos das pessoas com deficiência,
inclusive em nível do governo federal,
que na LBI - Lei Brasileira de Inclusão,
vetou seis artigos, para aprovar a mesma.
Outro impasse é questionar as “tecnologias desenvolvidas para o mundo
das pessoas com deficiência”, porque o
acesso a todos esses benefícios se tornaram praticamente impossível, começando pelos custos de aquisição. Há uns 3
anos atrás, descobri que o Brasil tem leis
que incentivam a tecnologia e a bioengenharia dentro do território nacional, bem
como facilita a aquisição e importação de
produto que beneficie e promova a Inclusão Social de pessoas com deficiência.
O motivo pelo qual, essas informações
não são amplamente divulgadas ainda
não sei, mas o beneficio dentro de uma
população de 45,6 milhões de pessoas
com deficiência, muitos poderiam ser
beneficiadas e empresas especializadas
poderiam reduzir os custos exorbitante de muitos equipamentos, onde uma
bengala, com uma pequena luz auxiliar,
chega a custar cerca de R$ 1 mil.
Lembrando que a pessoa com mobilidade reduzida, o idoso e quem necessita
desse equipamento, não precisa de luxo
e sim da ferramenta. São esses e outros
absurdos que as pessoas com deficiência
questionam para o mundo da Tecnologia
direcionada. Quanto a Lei N° 13.146/15,
conhecida como LBI – Lei Brasileira de
Inclusão, tivemos uma caminhada de 15
anos na tramitação da mesma dentro do
Congresso Nacional, com o evento em
2006 na Convenção Internacional sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência na ONU – Organização das Nações
Unidas, onde foi ratificada a Convenção
por meio de emenda Constitucional em
2008. Em junho de 2015 a Presidente
da República, assina o Estatuto da Pessoa
com Deficiência.
No caso da LBI, dos 127 artigos, seis
foram vetados, ficando 121 dentro do
estatuto. Um dos mais importantes é o
que pune criminalmente a discriminação
contra a pessoa com deficiência, além de
muitos outros artigos, importantíssimos
para o respeito dos direitos as leis e a
inclusão das pessoas com deficiência,
passando a vigorar a partir de janeiro de
2016 nas pastas de saúde, educação,
transporte, esporte e cultura.
No campo da Inclusão, da Acessibilidade e quedas de barreiras, tem muitas
coisas a realizar. Entre os maiores desafios é mostrar culturalmente aos brasileiros, as questões inclusivas e fazê-los se
integrar aos movimentos, para maiores
ações sociais e de Direitos Humanos.
Neste século, são muitas ONGs sendo
criadas, novos segmentos se especializando e abraçando o movimento de
pessoas com deficiência, muitas já trabalhando em cima dos problemas dos
ostomizados e na área do nanismo.
Assim caminha esse segmento na Cidade de São Paulo, com 2,8 milhões de
pessoas com deficiência. E aquilo que
não conseguirmos pelo Decreto Federal
Nº 5296/2004, agora temos também a
Lei Nº 13146/2015, para discutirmos e,
buscarmos soluções junto ao governo e
da sociedade civil organizada.
Professor José Luiz Zanzini (Zezinho), tem 61
anos, é palestrante e conferencista, atua no movimento
das pessoas com deficiência, idosos e crianças em risco
de rua há 42 anos de maneira voluntária. É jornalista,
pós-graduado em Sociologia, Gestão Ambiental e Teologia. É filósofo, gestor de serviços públicos e gestor
em administração. Escritor da ONE - Ordem Nacional
dos Escritores, com milhares de artigos, textos, matérias escritas em jornais, revistas, internet etc. Ativista
ambiental, poeta do Movimento Poético Nacional, da
Casa do Poeta Lampião de Gás, Associação dos Poetas
Portugueses, 28 livros de antologias poéticas publicados no Brasil e Portugal, imortal da Academia Ipuense
de Letras e Artes Cênicas de IPU-Ceará.
E-mail: [email protected]
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paralimpíadas
Atletas premiados se
preparam para as
Paralimpíadas !
A
festa de premiação dos melhores atletas Paralimpícos
de 2015 aconteceu em dezembro passado, no Rio de
Janeiro. Foi uma prévia dos
grandes nomes que disputarão a próxima
Paralimpíada, marcada para o período de
7 a 18 de setembro de 2016, também
no Rio. Foram agraciados os nomes de
maior destaque em cada uma das 22
modalidades que compõem o programa
dos jogos. No total, poderemos ver em
Lista de premiados das outras categorias
Atletismo
Felipe de Souza Gomes
Basquete em cadeira de rodas
Lia Maria Soares Martins
Bocha
Maciel Sousa Santos
Canoagem
Luis Carlos Cardoso da Silva
Ciclismo
Lauro César Mouro Chaman
Esgrima em cadeira de rodas
Jovane Silva Guissone
Futebol de 5
Ricardo Steinmetz Alves
Futebol de 7
Marcos dos Santos Ferreira
Goalball
Victoria Amorim do Nascimento
Halterofilismo
Maria Rizonaide da Silva
Hipismo
Sérgio Froés Ribeiro de Oliva
Judô
Wilians Silva de Araújo
Natação
Daniel de Faria Dias
Remo
Josiane Dias de Lima
setembro a disputa de 528 provas que
valem medalhas, sendo 226 femininas,
264 masculinas e 38 mistas.
A edição 2015 da premiação teve votação popular para os melhores atletas. Os
vencedores foram o piauiense Luis Carlos
Cardoso, canoísta ouro em Toronto 2015 e
campeão mundial em duas modalidades,
200m KL1 e 200m VL1, e a sul-matogrossense Silvania Costa, campeã do salto em
distância no Mundial de Atletismo, em
outubro, e medalha de ouro nos Jogos
Parapan-Americanos de Toronto.
Já nas categorias, os melhores em cada
esporte foram definidos por um grupo
de diretores e chefes técnicos do Comitê
Paralímpico Brasileiro e por representantes
do Conselho de Atletas. Um dos destaques foi o atleta revelação Daniel Tavares,
de 19 anos que, no Mundial de Atletismo de Doha, ganhou o primeiro ouro
Rugby em cadeira de rodas
Alexandre Vitor Giuriato
Tênis de mesa
Cátia Cristina da Silva Oliveira
Tênis em cadeira de rodas
Natália Mayara Azevedo da Costa
Tiro com arco
Jane Karla Rodrigues Gogel
Tiro esportivo
Geraldo von Rosenthal
Triatlo
Fernando Aranha Rocha
Vela
Tui Francisco Andrade de Oliveira
Voleibol sentado
Suellen Cristine Dellangelica Lima
notas
paralimpíadas
Pinacoteca paulista apresenta fotos feitas por PcD visuais
Foto: Daniel Zappe
A exposição “Transver - fotografias feitas por pessoas com deficiência visual”
reúne trabalhos na Pinacoteca do Estado de São Paulo até dia 3 de abril próximo.
Seus 10 autores participaram do “Curso de Fotografia para Deficientes Visuais”,
realizado entre agosto e outubro de 2015. A exposição foi aberta em novembro
passado. As aulas foram iniciativa do Núcleo de Ação Educativa (NAE) do museu,
que faz parte da Secretaria de Cultura do Estado. O curso teve três módulos que
mesclaram ensinamentos teóricos e práticos, sob a coordenação do fotógrafo
João Kulcsár, que desenvolve um método especializado desde 2008. Ele é coordenador do projeto de fotografia com deficientes visuais do Senac-SP. Entre as
atividades propostas nas aulas, os participantes foram sensibilizados pelas poesias
de Manoel de Barros, pelos trabalhos de fotógrafos contemporâneos, pelas visitas
à Pinacoteca e seu entorno e pelo uso de diversos materiais multissensoriais do
Programa Educativo para Públicos Especiais do NAE. Com diferentes graus de
deficiência visual, os alunos aprenderam a lidar com o equipamento, a desenvolver as competências básicas necessárias e a perceber o espaço a partir dos
outros sentidos. Não está ainda definido pela Pinacoteca quando haverá outro
curso na área. Estão expostas uma foto de cada participante, acompanhadas de
pranchas táteis, audiodescrições e textos em Braile. Um código QR possibilitará
que os visitantes assistam aos depoimentos gravados pelos artistas participantes
da mostra, tornando a exposição acessível aos diversos públicos. A Pinacoteca
fica na Praça da Luz, região central da capital paulista. Vale a pena visitar !
da delegação brasileira, com a vitória nos
400m T20, para atletas com deficiência
intelectual.
A premiação lembrou também dos técnicos: Fábio Dias, do atletismo, recebeu o
prêmio de melhor técnico de modalidades
individuais. Nos esportes coletivos, o troféu ficou com Dailton Freitas, treinador da
seleção feminina de goalball.
Andrew Parsons, presidente do Comitê
Paralímpico Brasileiro (CPB), destacou o
trabalho dos atletas em 2015. “Foi espetacular. A cereja do bolo foram os Jogos
Parapan-Americanos, quando ganhamos
257 medalhas. Só não subimos ao pódio
em uma das modalidades”, lembrou Parsons. Na oportunidade, foi lançada a nova
campanha do CPB rumo aos jogos do Rio:
“Coração Paralímpico” !.
Ford lança modelo adaptado nos Estados Unidos
O Salão de Chicago, aberto para o público em
fevereiro, trouxe dois modelos personalizados do
Explorer, tradicional SUV da Ford. Um deles, adaptado
para cadeirantes: o BraunAbility MXV. O Explorer é
considerado o utilitário esportivo mais vendido do
mundo há 25 anos. Os SUV, com suas características
de veículos de passeio combinadas com utilitários
para todo o terreno (off-road), aliam conforto, espaço
e versatilidade e fazem parte do segmento que mais
cresce em vendas no mundo. O BraunAbility MXV é
produzido pela Ford em parceria com a BraunAbility,
empresa líder na adaptação de veículos. É o primeiro
utilitário esportivo de série com acesso para cadeirante. Já à venda nos EUA, conta
com porta deslizante e rampa automática, bancos do motorista e do passageiro
removíveis e outras adaptações para oferecer a mesma funcionalidade de uma
van com o estilo e liberdade de um SUV. Pena que é só nos EUA e não no Brasil.
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esporte
por Adriana Buzelim
Está chegando a hora !
O
novo ano chegou trazendo muitas expectativas
para o Esporte Paralímpico, afinal a cidade maravilhosa será sede das Paralimpíadas Rio 2016.
Os olhares de todo o mundo estarão voltados
para nós. Nossa casa, o Brasil será anfitrião de
um dos eventos mais inclusivos do planeta. Estaremos mostrando
a importância do esporte adaptado que sempre inclui, integra e
agrega. É dessa integração das pessoas com deficiência com o
esporte que diminuímos nossas diferenças, mostrando que somos capazes. Capazes de competir e conquistar medalhas como
quaisquer atletas sem deficiência em uma grande Olimpíada.
Acostumados com obstáculos diários do nosso cotidiano, os
atletas paralímpicos nos orgulham com sua capacidade de superação. Não só se superam, como superam suas deficiências,
mostrando ao mundo a beleza do esporte.
E fazem bonito !
Fazem tão bonito que em 2015, nos Jogos Parapan-Americanos
de Toronto, no Canadá, a delegação dos 272 paratletas brasileiros
saiu dos jogos com 109 medalhas de ouro, 74 de prata e 74
de bronze. O País conquistou um expressivo 1º lugar, com uma
diferença de 36 medalhas para o 2º colocado, o país anfitrião
(Canadá), que alcançou 221 medalhas. Com tudo isso, saímos
com a autoestima elevada para enfrentar os Jogos Paralímpicos
de 2016 em nossa casa.
No Rio 2016 serão apresentadas 23 modalidades, como:
atletismo, basquetebol em cadeira de rodas, canoagem, bocha,
ciclismo de estrada, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5,
ciclismo de pista, futebol de 7, goalball,
halterofilismo, hipismo, judô, rugby em
cadeira de rodas, tênis de mesa, natação,
remo, tênis em cadeira de rodas, tiro com
arco, tiro esportivo, triatlo, vela e voleibol
sentado.
Orgulhosos de sermos brasileiros, de
sermos atletas paralímpicos e de sediar
esse maravilhoso evento, iremos mostrar ao mundo a grandeza do esporte
adaptado.
Estarei aqui, nas próximas edições,
falando de cada modalidade e de como
estamos nos preparando para esta grande festa !
Adriana Buzelin
cursou relações públicas, produção editorial
e design gráfico. Modelo
publicitária antes de se
acidentar, hoje faz parte
da agência de modelos
inclusivos Kica de Castro.
É a primeira mergulhadora tetraplégica mineira registrada pela HSA. É
criadora da Revista Digital Tendência Inclusiva
e encara batalha pela inclusão social.
Site pessoal: http://www.adrianabuzelin.com
Site da revista: www.tendenciainclusiva.com.br
atitude
Projeto Pedaleiros espalha
bicicletas pelo Rio de Janeiro
C
egos e pessoas com deficiência visual severa têm a oportunidade de passear de bicicleta
acompanhados por um guia
treinado que também descreve a paisagem por onde passam. Desde o
último mês de dezembro, o Parque Madureira e a Orla de Copacabana veem passar
o grupo animado que também pode incluir
pessoas com os olhos vendados que querem experimentar a sensação de pedalar
sem enxergar. “A ideia surgiu em 2015, com
a missão de ‘olhar’ e ‘ver’ para além das
possibilidades dos nossos olhos, de conseguir perceber no outro as suas necessidades
mais básicas, deixando de lado as nossas
próprias vontades e estabelecendo relações
de ajuda mútua”, explica Rafaello Ramundo,
sócio-diretor da Novo Traço, empresa que
trabalha com leis de incentivo, desenvolve
ações de merchandising e produz eventos.
“A partir disso, desenvolvemos um projeto
que oferece lazer e entretenimento, com
segurança, para pessoas com deficiência
visual. Ele ainda estimula a mobilidade dessas pessoas”.
Até 14 de fevereiro foram realizados um
evento-teste e três passeios. A ideia é terminar esta fase do projeto em março, mas
o objetivo é realizar outras pedaladas ao
longo do ano e nos próximos, abrangendo
diferentes cidades do Rio e até de outros
estados brasileiros. “Para isso, estamos conversando com novas empresas e parceiros
estratégicos que realmente compreendam
o conceito do projeto e desejem se engajar
com o intuito de criar essa experiência única
para as pessoas”, conta o organizador.
O Pedaleiros conta com patrocínio de
Furnas, apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro,
Secretaria de Ordem Pública, Guarda Municipal e Wöllner, e dispõe de 11 bicicletas de
dois lugares compradas pela Novo Traço.
Tem uma página oficial - www.facebook.
com/projetopedaleiros - que anuncia e comenta a programação, além de servir como
plataforma para a seleção dos instrutores, já
que os interessados devem fazer um curso
de “pedaleiro guia” para poder participar. O
treinamento conta com uma palestra que
explica o conceito do projeto, tem instruções técnicas e teóricas e uma palestra que
aborda a parte psicológica da atividade, além
de teste psicotécnico, módulo de primeiros
socorros e módulo prático.
“Após o curso, é realizada uma cerimônia
para entrega dos certificados dos pedaleiros
guias. Eles também recebem uma insígnia,
que chamamos de ‘brevê’, em alusão aos
diplomas de piloto que completam um
curso de aviação, uma vez que os participantes descrevem a experiência como um
verdadeiro voo. Hoje, já formamos mais de
30 Pedaleiros Guias e temos muitos outros
interessados”, garante Ramundo.
No evento teste e nas duas primeiras
edições o organizador acredita que mais
de 200 deficientes visuais passearam de
bicicleta, fora as quase 100 pessoas sem
deficiência que também participaram de
olhos vendados mas esse número tende a
crescer com mais divulgação dos eventos. “É
incrível como conseguimos atingir aquilo que
desejávamos, que é mexer com a vida das
pessoas. Os relatos que recebemos são impressionantes, tanto por parte dos deficientes visuais quanto dos não deficientes, que
passam a enxergar seus problemas diários
sob uma nova perspectiva. É muito legal ver
que estamos conseguindo tocar a vida das
pessoas”, analisa Ramundo.
O último evento da temporada está previsto para 12 de março próximo. “Nosso
maior objetivo é gerar cultura e entretenimento e tirar as pessoas com deficiências
visuais de dentro de suas casas. Queremos
fazer com que as pessoas vejam o que as
possibilidades físicas dos olhos não podem
ver e se mobilizem em torno de uma causa
capaz de gerar alegria inestimável para o seu
próximo”, finaliza.
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bate bola
por Júlio Cesar de Sousa
Copa e Jogos Olímpicos
e Paralímpicos:
quem ganha é a Pessoa com Deficiência !
A
ssim que foi anunciado
que a Copa mundial de
futebol seria no Brasil,
por ter sido um jogador
de futebol profissional,
com passagem em grandes clubes e na
própria Seleção Brasileira, muita gente
me perguntou:
- Você acha que o Brasil tem condições de sediar uma Copa do Mundo de
futebol ?
Eu respondia sempre que nós tínhamos muitos problemas prioritários a
serem resolvidos antes de fazer um
investimento astronômico em uma competição esportiva em nível mundial. É
óbvio que todos sabiam, antes mesmo
do Romário falar, que a Copa foi trazida
para o Brasil com finalidades políticas
eleitoreiras do PT, além de abrir muitas
oportunidades de desvio de verba por
parte de políticos e seus conchavos. E
foi exatamente o que aconteceu. Mas se
tratando de Brasil, não é necessário realizar uma Copa do Mundo para desviar
dinheiro. Aqui isso acontece diariamente
e de várias formas.
Veio então a segunda pergunta... e
inevitável:
- O que o Brasil ganha sediando a
Copa do Mundo ? E eu respondia: tirando a FIFA, a conta bancária dos cartolas
do futebol e da política, uma das poucas
coisas que a sociedade brasileira ganhará com o tal “legado da Copa”, será a estrutura que terá que ser preparada para
o evento, e particularmente foi o nosso
segmento – da pessoa com deficiência
– quem mais se beneficiou com isso,
uma vez que, pelo menos alguma coisa
do tão dito “ Padrão FIFA”, realmente foi
feito e com alto padrão. Muita coisa foi
feita pensando na “inclusão da PcD”, até
porque, principalmente na Europa isso é
levado a sério já que o povo europeu é
mais educado e politizado, não só cobra
como respeita os direitos das pessoas
com deficiência e a FIFA tem isso como
padrão. E foi com muita alegria que após
a Copa eu comprovei que estava certo
em minhas respostas.
Estive recentemente no estádio do
Corinthians e no do Palmeiras, em São
Paulo/SP, assistindo a jogos da Copa
do Brasil e Campeonato Brasileiro, e fiz
questão de ficar na área reservada a PcD,
uma vez que sou Surdo. E confesso que
foi uma grata surpresa !
A começar pelo fato da PcD não pagar
pelo ingresso, e se estiver com acompanhante, ele só paga metade do valor normal. A área inclusiva é de fato inclusiva,
com placas de orientação e localização
por todo estádio, assentos preparados,
área para cadeirantes e pasmem... Esta
área fica no melhor local dos estádios
! Pude perceber vários funcionários dos
estádios – agora chamados de Arenas
– nesta área, preocupados em fazer o
que fosse possível para que a PcD de
fato tivesse todo conforto e um melhor
atendimento. Os banheiros limpos e de
fato inclusivos, bem adaptados. Só faltou
darem um Kit lanche para cada PcD na
entrada dos jogos (o que não seria má
ideia).
No estádio do Palmeiras foi o mesmo
procedimento e a mesma organização
encontrada no chamado Itaquerão, a
Arena Corinthians. Enfim, temos estrutura para receber dignamente a PcD e
bate bola
notas
E o movimento
perdeu Benomia...
para que ela possa participar, torcer pelo
seu time como qualquer pessoa. Após
pesquisar outros estádios, descobri que
todos aqueles que sediaram jogos da
Copa do Mundo ofereciam a mesma
estrutura e isso foi uma exigência mesmo da FIFA. Logicamente outros estádios
importantes que não sediaram os jogos
da Copa terão também que acompanhar
o mesmo padrão para atender aos torcedores PcD, como consequência natural
de ter uma estrutura inclusiva.
Agora teremos as Olimpíadas, seguida das Paralimpíadas, e isso trará ainda
mais inclusão e maiores benefícios às
PcD, pois não se estenderá apenas aos
locais dos jogos, mas também aos pontos de turismo, rede hoteleira, restaurantes, entre outros segmentos, pois a
presença de torcedores de outros países
é muito maior nesses eventos do que
na Copa. Além disso, as Paralimpíadas
por sí só, será o evento ícone do público
com deficiência.
O que se espera, entretanto, não é
apenas a inclusão física da PcD, mas
principalmente a inclusão atitudinal...
que é muito mais difícil, uma vez que
para isso é necessário muito treinamento
para aqueles que irão atender as pessoas
com deficiência vindas de todas as partes do mundo. Além de educação para
que todos respeitem as leis e os direitos
das PcD, e é aí que o Brasil não está
preparado. Ainda não se respeita vagas
em estacionamentos ou qualquer outro
direito adquirido por lei. O próprio governo deixa a desejar em realizar campanhas para informar a sociedade sobre as
necessidades das PcD, e continua tudo
igual no País do “faz de conta”... Salvo
raras exceções, que de fato trabalham
para melhorar a vida e ver cumprido
os direitos da PcD. Apesar desta triste
realidade, com toda certeza, não só a
Copa do Mundo de futebol como os
Jogos Olímpicos e Paralímpicos serão um
grande passo para dar mais estrutura ao
nosso segmento.
Júlio Cesar de Sousa é
Embaixador da Pessoa com
Deficiência no Brasil, palestrante
empresarial nas áreas de Inclusão
e Motivação. Fundador do Instituto
Jogadas da Vida, é ex-jogador
de futebol, pianista, escritor e
compositor.
E-mail: [email protected]
No último dia 12 de fevereiro, o
movimento da PcD no Brasil teve a
triste notícia que a querida Benomia
Maria Rebouças havia falecido, depois
de 7 dias em coma em João Pessoa/
PB. Ela foi uma mulher engajada no
movimento da Pessoa com Deficiência, mas o seu maior foco eram as
mulheres com deficiência. Benomia
tinha Ostegenese Imperfecta, mais conhecida como OI ou Ossos de Cristal.
No entanto, sua deficiência sempre a
motivou a lutar. Era formada em pedagogia na Universidade do Estado do
Rio Grande do Norte (UERN) e com
pós-graduação em Direitos Humanos,
era servidora estadual e atuava na área
de Educação Inclusiva. Foi uma precursora nesta luta, uma grande feminista,
visionária e adorava estar em todos os
lugares que tivesse a PcD em pauta.
Também era Coordenadora do RN da
Ong “Essas Mulheres”, pois acreditava
no potencial da Inclusão e sonhava
com um mundo melhor, sem diferenças e exclusão. Para Benomia, fica aqui
expresso o sentimento de todos os
amigos, de eterna saudade e gratidão
por tudo que fez pelas pessoas com
deficiência e pelo movimento durante
sua trajetória de vida.
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58
campanha
notas
Projeto Abraça
quer conseguir
próteses biônicas
U
ma nova ação colaborativa
pela Internet, o “Projeto
Abraça”, está em curso para
conseguir realizar o sonho
de Carolina Tanaka, que
nasceu sem os dois braços. Casada, ela
quer ter um filho e poder segurá-lo no
colo, além de andar de mãos dadas com
ele no futuro. “Quero reconquistar minha
autonomia para poder criar meu filho”, ela
explica ela, que ficou famosa há alguns
anos quando apareceu na TV dirigindo um
carro com os pés.
O objetivo da campanha é conseguir angariar doações no valor de R$ 700 mil para
adquirir duas próteses biônicas e um colete
em fibra de carbono para sustentação. No
site é dito que será a primeira tentativa no
mundo de realizar essas próteses. Ela já fez
testes de captação cerebral na sede da Ortopedia Conforpés, especialista neste tipo
de equipamento, em Sorocaba/SP, e eles
foram todos positivos. As duas próteses ortopédicas terão as seguintes características:
cartucho confeccionado em fibra de carbono e sourlin flexível, acompanhando o formato do ombro contralateral com eletrodos
de captação de sinal cerebral embutidos,
correias de sustentação e opção de mudança de sistema através de microchave,
cotovelo com ativação elétrica de flexão
e extensão, antebraço confeccionado em
fibra de carbono e bateria embutida para
melhora da cosmética.
A mão biônica virá com motores concentrados na palma para equilíbrio de
peso e a palma será emborrachada para
melhor apreensão de objetos. Terá botão
de desligamento e mudança de função
embutido na membrana da região dorsal
da mão, movimentação independente de
cada dedo, proporcionando diversos tipos
de pinça e apreensão, força de apreensão
próxima a do ser humano, com software
para diversos tipos de comando da mão
através do computador, com punho de ativação myoelétrica de prono-supinação, luvas em silicone de características humanas
e um carregador de baterias. Os recursos
arrecadados vão para os custos das peças,
já que os componentes são todos importados da Alemanha e da Inglaterra, o que
os encarece muito devido à alta do dólar.
Quem quiser colaborar, a campanha
está no ar no site: www.kickante.com.br/
abraca
Multa por estacionamento
proibido aumenta 140 %
Motoristas que estacionam irregularmente em vagas destinadas a
pessoas com deficiência, gestantes
e idosos estão pagando mais caro
desde janeiro último. A multa deixou de ser uma infração leve, com
valor de R$ 53,20 e 3 pontos na
carteira, e passou para a categoria
grave, valendo R$ 127,69 e 5 pontos. O veículo ainda pode ser removido pela autoridade de trânsito.
A mudança no Código de Trânsito
Brasileiro (CTB) foi feita pela Lei Nº
13.146, de 06 de julho de 2015,
que criou a LBI - Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência. Vale lembrar que quem tem direito ao estacionamento precisa de
uma comprovação, a chamada credencial para vagas especiais. Sem
ela, o motorista também poderá
ser autuado e o carro guinchado.
Vale lembrar que, pela legislação, 2
% das vagas em vias públicas nos
municípios devem ser destinadas
a pessoas com deficiência e 5 %
para idosos.
cultura
60
Novos livros chegam
ao mercado editorial
foto: Victoria Barros
O
mercado editorial brasileiro tem expandido o
número de títulos que
remetem à questão da
deficiência, com diferentes percepções e abordagens variadas. Três lançamentos recentes se debruçam sobre o tema. “História de
Missy - uma história de amor”, de
Izabella Menicucci Badra, foi produzido
com o objetivo
de ser acessível
a todas as crianças, com ou
sem deficiência.
O livro mostra o amor de
sua própria família pela cadela
Missy, da raça Pointer Inglês. Acompanha
cada exemplar um CD com audiodescrição e uma música composta pela cantora
e compositora Martinha. O texto foi desenvolvido também em Braile, com letras
grandes e texturas. Na contra capa há um
“QRCode” e o conteúdo de texto pode ser
visto por meio de LIBRAS - língua brasileira
de sinais. O projeto foi realizado por meio
da Lei de Incentivo à Cultura e contou com
a orientação da Fundação Dorina Nowill
e do Estúdio Serigráfico Efeito Visual para
elaboração dos recursos de acessibilidade. É o primeiro livro da autora mineira,
bailarina, dona de escola e professora de
balé por vários anos, que muitas vezes
trabalhou com crianças com deficiência
intelectual e baixa visão em conjunto com
o restante dos alunos, obtendo bons resultados. Essa ideia de inclusão ela levou para
o livro, imaginando duas crianças lendo
juntas o mesmo texto, mas de maneiras
diferentes. “O principal objetivo do projeto
é trazer a criança com deficiência para o
convívio com a sociedade, vivendo todos
juntos sem preconceitos. Missy mostra
isso com os seus amigos, pois alguns são
muito diferentes dela. Para Missy, isso não
tem a menor diferença, o que importa é
o que sentem um pelo outro. A criança
se espelha na Missy e pode ver que ter
amiguinhos diferentes não tem nenhum
problema”, explica a autora. “Fazendo esse
trabalho com as crianças é muito mais fácil, pois a criança cresce um adulto melhor,
sem preconceitos”, afirma Izabella.
A autora gostou tanto da experiência
que pretende escrever outros livros no
gênero. A obra já foi doada para duas
escolas paulistas, a Escola Municipal José
Cândido de Souza, que inclui crianças com
deficiência intelectual, e para a Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos
Anne Sullivan. O livro pode ser adquirido
pelo site: www.lojinhadamissy.com.br
Síndrome de Down
“O Clube dos Livros Esquecidos”
é o quarto livro de autoria de
Fábio Monteiro, e
tem Flora como personagem principal.
Professor de história, ele é hoje coordenador pedagógico
do Colégio Parthenon em Guarulhos/SP e
alimenta o blog: comohistorias.blogspot.
com.br.
Na definição do autor, Flora é uma
menina de olhos amendoados, mãos e
pés pequenos, com características físicas
similares às crianças com Síndrome de
Down. Dona de singularidades, luta por
seu lugar numa infância saudável, na defesa da sua imaginação e espaço social.
Ela faz parte de um clube que se reúne
todas as semanas para seus membros comentarem o último livro que leram. “Flora
é uma criança com deficiência, mas uma
cidadã capaz de revolucionar as ideias de
quem a conhece e, por isso, digo que ela
é uma personagem capaz de transformar
preconceito em reconhecimento de suas
eficiências”, explica o autor.
cultura
Ele conta que Flora foi uma personagem que
aconteceu em sua história para o desafiar a pensar sobre as diferenças de cada um. “No meu
cotidiano, lido com a deficiência em várias instâncias profissionais e procuro garantir espaço
para todas as pessoas. Reconhecer a deficiência
é importante e eficaz no trabalho a ser realizado,
mas isso nunca poderá ser o limite, aliás, quando
falamos do ser humano, penso que ao constituirmos espaços acessíveis e acolhedores, todos
podem desenvolver suas capacidades além do
esperado”, garante. O livro está à venda nas livrarias e também na loja virtual da editora, no site:
www.editoradobrasil.com.br
Registro em fotos
O livro “Diversos Íntimos” da
fotógrafa Bárbara
Coufal, lançado em
novembro passado,
registra o dia a dia
de pessoas com deficiência e também
se tornou viável por
meio da Lei de Incentivo à Cultura. Foi
a primeira vez que
ela trabalhou com o
tema apesar de ser
muito próxima a ele,
já que a avó paterna fundou e dirigiu o
primeiro educandário do Rio Grande do Sul para
crianças com deficiência.
Para fazer suas fotos, ela se inspirou em Brandon Stanton, um fotógrafo americano que iniciou
o projeto H.O.N.Y (Humanos de Nova York), em
que fotografa pessoas comuns, moradores da
cidade de NY, em situações rotineiras, em locais
públicos como: Metrô, parques e ruas. Ele retrata
e conversa com elas. As fotos, no início, eram
colocadas em um site/blog que criou, acompanhadas de uma frase ou depoimento. Em 2014
ele lançou um livro com o mesmo título.
“Quando comecei a escrever e idealizar o meu
projeto, eu vinha acompanhando o trabalho dele
e pensei que poderia desenvolver uma proposta
parecida para falar dos meus personagens, retrato
mais depoimento”, conta a fotógrafa, que buscou
pessoas com diferentes tipos de deficiência e que
tinham um histórico de vida relevante. “O ensaio
é um conjunto de fotos de minha autoria e dos
próprios personagens, são pontos de vista que
se complementam”. Bárbara explica a escolha do
nome da obra: “Diversidade = Diversos. E Íntimos
porque realmente foi uma experiência de aproximação. As fotos sempre foram feitas após longas
conversas e entrevistas com os personagens.
Assim como em qualquer relação, com alguns eu
consegui uma abertura maior, outros menos, e
isso influenciou diretamente no resultado”, conta.
Apesar de não trabalhar rotineiramente com
o tema, a fotógrafa disse foi conquistada por
ele, o que a tornou uma pessoa com visão de
mundo diferente. “Aprendi muita coisa com este
projeto e com os personagens, que vou levar para
toda vida. Hoje me sinto muito à vontade para
desenvolver outro projeto com o mesmo tema, é
questão de oportunidade”, garante. O livro pode
ser solicitado via e-mail e enviado pelo correio:
[email protected]
Romeu Sassaki lança livro/
cartilha com apoio da Secretaria
Estadual da Pessoa com
Deficiência de São Paulo
De forma bastante direta, o autor – Romeu
Kazumi Sassaki – um dos ícones da inclusão no
Brasil, reconhecido nacional e internacionalmente pela sua história, trajetória e conhecimento no
meio da pessoa com deficiência, com mais de 50
anos de experiência, trata de forma objetiva no seu
recém lançado livro “As Sete Dimensões da Acessibilidade”, temas como: eliminação de barreiras na
sociedade, nomenclaturas da acessibilidade, o que
dizem os dicionários sobre o tema e muito mais.
notas
Lançamento
do livro
“LBI na Prática”
No dia 21 de janeiro último, às 18h30,
na Livraria Cia. dos Livros da Universidade
Mackenzie, na capital
paulista, a jornalista
Maria Isabel da Silva
– assessora técnica da
Secretaria Estadual da
Pessoa com Deficiência
de São Paulo – lançou
o seu mais recente trabalho baseado na Lei
Brasileira de Inclusão:
o livro “LBI na Prática”,
que traz de forma direta, simples e objetiva,
para que todos possam
entender a aplicação
da lei na vida cotidiana
das pessoas com deficiência. A autora recebeu vários amigos que
prestigiaram mais esse
importante trabalho realizado por ela em sua
brilhante carreira dedicada às pessoas com
deficiência. Parabéns e
Sucesso !
61
62
artigo
notas
por Jony da Costa e Ananda Leal
Conquistas
x Desafios
M
uito se fala sobre inclusão e suas vertentes,
mas a questão é: as
entendemos de fato
? Sabemos realmente
qual a nossa parte nesta realidade ?
Toda a luta tem seu início, com as pessoas com deficiência não é diferente. Ao
longo do tempo elas vêm conquistando
seu espaço na sociedade em variados
segmentos. Se pensarmos que há pouco
tempo as pessoas com deficiência eram
isoladas com pouca visibilidade, fica difícil acreditar que hoje temos várias delas
no mercado de trabalho e buscando seu
espaço na educação.
Todas estas conquistas vieram aliadas
à uma mudança no Brasil que, seja por
pressão social ou outro motivo qualquer,
entendeu que era preciso começar a reparar as injustiças sociais.
Para começar, era necessária a derrubada de paradigmas e pré-conceitos que
cercavam as pessoas com deficiência. A
luta em seu início se juntou a de outros
grupos que, na época, buscavam seu espaço. Entre eles: as mulheres, os negros,
os homossexuais.
A segregação de direitos vinha de diversas formas, até mesmo com a não garantia
de direitos civis. Isso foi mudando e aos
poucos foi se entendendo que era preciso
buscar formas diferentes para atender as
necessidades de cada pessoa com deficiência. Foi preciso se construir lideranças
que representassem o seguimento.
Elas se fortaleceram, trilharam um caminho sólido para as novas gerações e
hoje temos um conjunto de leis que protegem direitos básicos, como a educação,
por exemplo.
Esses direitos são estabelecidos pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB). A lei traz regras que devem ou
deveriam, ser seguidas para a inclusão de
todos na escola, em nível fundamental,
médio e superior. Ela diz que: “A educação
é direito de todos”. Mas apesar desta garantia, as dificuldades na educação inclusiva são muitas, elas variam de profissionais
não preparados para receber alunos com
deficiência até o preconceito, que não
deixa de ser uma forma de excluir. Vamos
entender melhor isto ?
Socialmente falando, o termo EXCLUSÃO pode ser definido e entendido como
a combinação de falta/escassez de meios
e condições econômicas, físicas, estruturais e afins, que impeçam qualquer indivíduo de participar plenamente da vida
econômica, social e civil de sua comunidade e/ou qualquer ambiente onde esteja
inserido.
Ananda Leal é escritora
de livros Infantis e poetisa,
artesã, atriz, colunista,
blogueira e palestrante.
Idealizadora do projeto
Expressões do Coração,
vice-diretora do projeto
Inclusão para Todos, revisora
de textos e pesquisadora nas
áreas da educação inclusiva e inclusão.
E-mail: [email protected]
Jony da Costa Naim
é pessoa com deficiência,
escreveu dois livros: um
de poesias variadas e
outro infantil. É idealizador
do projeto INCLUSÃO
PARA TODOS e atua como
repórter e palestrante
na área da inclusão de
pessoas com deficiência.
É dramaturgo e cursou teatro e expressão corporal.
É conhecido como o “Repórter Inclusão”.
E-mail: [email protected]
“Além das Convenções”
Aconteceu
em
dezembro de 2015,
no Conjunto Nacional, em São Paulo/SP,
a exposição fotográfica “Além das Convenções”, em comemoração ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. A autora das
fotos é a fotógrafa Kica
de Castro. Foram expostos retratos
de 9 mulheres com deficiência, num
total de 27 telas, em poses de nu
artístico, valorizando o corpo como
ele é, beleza natural, sem intervenção
de programas de computação gráfica. Em uma sociedade que valoriza padrões muito restritos de beleza
feminina, e deteriora e despreza a
diversidade, o projeto estimulou o
olhar e a reflexão sobre o papel e a
forma do corpo da mulher com deficiência. As pessoas com deficiência, e
principalmente as mulheres, nunca tiveram destaque estético. A beleza de
seus corpos nunca foi valorizada ou
reconhecida, restando-lhe até então,
a quase invisibilidade. A exposição fotográfica foi uma iniciativa da Agência
Kica de Castro, com o apoio ONG
Essas Mulheres, Tv Cidade - programa Viver Eficiente, Revista Reação,
revista digital Tendência Inclusiva e
REC 7 Produções, além do apoio do
deputado estadual Marcos Martins
e da Secretaria Municipal da Pessoa
com Deficiência e Mobilidade Reduzida. Em abril, a exposição estará na
Erotika Fair 2016.
notas
Vem aí o primeiro Concerto Jogadas da Vida !
No dia 19 de maio próximo, às 21
h, o Teatro MUBE, que fica no bairro
dos Jardins, área nobre da capital paulista, receberá um espetáculo único e
inclusivo: o Concerto Jogadas da Vida.
A apresentação conta a incrível história
de vida de Julio Cesar de Souza, ex-jogador da seleção brasileira, campeão
na década de 80 pelo Corinthians em
plena “Democracia Corinthiana”, sua
experiência jogando na Bélgica, entre
outros fatos marcantes, engraçados e
emocionantes.
Julio Cesar ficou surdo aos 30 anos
e teve que abandonar o futebol. Depois
disso, aprendeu piano e mesmo completamente surdo, compôs o Concerto Jo-
gadas da vida, que
nos passa através
da música, as emoções que vivenciou
durante sua trajetória de vida. Neste
espetáculo, serão
apresentadas ainda, músicas consagradas, como: “Sonata ao Luar”, de
Beethoven e tema
do filme “ Romeu e
Julieta”, bem como, demais composições
do pianista e ex-jogador Surdo. Durante o
espetáculo, Julio Cesar contará ao público
as passagens mais emocionantes de sua
trajetória no futebol, e como conseguiu
aprender piano e, principalmente, compor seu Concerto musical, mesmo sem
ouvir absolutamente nada.
O espetáculo contará com a partici-
pação da Camerata Acadêmica FIAAM-FAAM, que será regida pelo Maestro
Rodrigo Vitta. E para interpretar as músicas, a linda voz de Luiza Caspary, primeira cantora brasileira a realizar shows
inclusivos. O evento contará ainda com
vários recursos para receber pessoas
com deficiência, como: audiodescrição,
intérprete de LIBRAS, legendas e acesso para cadeirantes no MUBE, que é
totalmente acessível. Os ingressos serão vendidos a preços promocionais e
PcD pagarão meia entrada, bem como
seus acompanhantes. Será uma apresentação única e o Teatro MUBE tem
poucos lugares, portanto, é preciso reservar o seu ingresso o quanto antes. O
concerto conta com o apoio do FIAM/
FAAM – Centro Universitário, da Revista
Reação e do Instituto Jogadas da Vida.
Não Percam !!!
Atleta de handbike busca vaga em Paralimpíada
Jady Malavazzi está em busca de
uma vaga para a disputa no Rio de
Janeiro. Aos 21 anos, ela participa de
temporada de treinos e em fevereiro
disputou, com mais de 50 paratletas,
de uma competição em Clermont, na
Flórida (EUA), onde sua handbike, a
Bólido CX1, estreou em uma competição internacional. Ela fez parte
de um “Training Camp” durante 15
dias com paratletas americanos e eu-
ropeus, parte deles iniciantes e outros
profissionais, sendo alguns campeões
mundiais. Aproveitando a oportunidade,
a handbike de Jady foi submetida a
algumas alterações para ficar personalizada e assim conseguir a melhor
performance para o conjunto paratleta/
equipamento. A Bólido CX1 foi desenvolvida pela Vemex e outros parceiros
como a Shimano, Univap e Fatec, em
um projeto financiado pela Finep.
63
64
oportunidade
Massagem:
uma opção profissional para pessoas cegas !
C
om base na última pesquisa do
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no Brasil são
mais de 528 mil pessoas cegas
e mais de 6 milhões com baixa
visão ou visão subnormal. Com o número
crescente de pessoas com algum tipo de
deficiência visual, cresce a necessidade de
inclusão profissional e social desse contingente. A área da massagem, por exemplo,
pode ser uma boa perspectiva de trabalho. É
o que acredita Alice Kuhl Rossi, fundadora
e diretora administrativa da “Serenidade do
Toque”, empresa paulistana especializada na
capacitação profissional na área.
“Acreditamos que todas as pessoas merecem ter oportunidades igualitárias, a pessoa
com deficiência visual se desenvolve perfeitamente bem na área da massagem, pois a
ausência de visão faz com que ele tenha mais
foco. Sendo assim, não dispersa a atenção,
que deve ser o bem estar do seu cliente”,
explica Alice.
A ideia de promover essa capacitação surgiu em 2007. Alice conheceu o parceiro Cicero de Oliveira Mesquita em um curso técnico
de massoterapia do Senac. Eles abriram uma
clínica, a Serenos Espaços Terapêuticos, mas
desde a formatura, tinham o desejo de levar
o conhecimento deles a pessoas carentes.
Inicialmente pensaram em fazer um trabalho
voluntário em asilos, mas um telefonema da
área de telemarketing da Laramara - Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com
Deficiência Visual, solicitando doações, deu a
ideia: “vamos ensinar a essas pessoas um ofício com o qual elas dependam unicamente
delas mesmas, a massagem”, conta a diretora.
A Laramara se entusiasmou com a parceria e até agora já foram formadas 17 turmas.
Também foram desenvolvidos cursos com a
Fundação Dorina Nowill para Cegos, além de
cursos próprios e de outras parcerias. “Não
temos como objetivo apenas ensinar um
ofício às pessoas com deficiência visual, mas
também inseri-las socialmente”, afirma Alice.
Os cursos são em apostila em áudio, com
aulas 100 % práticas e uso de peças anatômicas para maior conhecimento das áreas a
serem trabalhadas. “Nós tínhamos experiência em ensinar pessoas que enxergavam, de
início foi tudo novidade, mas fomos
interagindo com
as pessoas com
deficiência visual,
conhecendo seu
universo e buscando entender
como elas ‘enxergavam’ através
do toque. Assim
desenvolvemos nosso próprio método de
ensino”, explica a diretora.
As técnicas ensinadas são de quick massage e reflexologia podal. O curso varia de 44
a 120 horas, dependendo da disponibilidade
de agenda das instituições. Nesses casos, são
totalmente gratuitos e geralmente há uma
lista de espera nas duas instituições, é preciso
consulta prévia. Pode ser feito por pessoas
acima de 18 anos, sem limite máximo. Como
muita gente fica com alguma deficiência visual já em idade adulta, é comum as turmas
terem em torno de 30 % de pessoas acima
de 50 anos. Fora das instituições, na sede da
empresa, o curso é pago.
A diretora se entusiasma com os resultados obtidos: na Associação Laramara foram 168 pessoas formadas desde 2007; na
Fundação Dorina, 70 pessoas desde 2012;
na cidade de Campos do Jordão/SP, junto
à prefeitura, foram 16 pessoas em 2010. Já
no espaço próprio, foram 28 pessoas desde
2014. “Ao todo, são 282 pessoas formadas
e capacitadas, com mais de duas mil vidas
transformadas. Em nosso espaço terapêutico,
todas as pessoas que atendem são formadas
e capacitadas por nós”, explica.
Quando o trabalho de formação foi iniciado, os sócios não tinham noção da dimensão
que poderia tomar. Nos 5 primeiros anos,
mantiveram os cursos junto à Laramara com
recursos próprios, mas isso se tornou inviável
para a empresa. Foi a partir de 2011 que começaram a ser remunerados por instituições
e empresas que voltaram seus olhos para as
questões de responsabilidade social no país.
“O número de pessoas com deficiência visual
sem nenhuma ocupação ainda é alarmante.
Muitos necessitam de uma nova perspectiva
de vida”, avalia Alice.
No momento, a Serenidade está cada vez
mais engajada em buscar patrocinadores e
parceiros nesse processo inclusivo, porque
não só forma e capacita, mas também busca
a empregabilidade ou através da inclusão
por Lei de Cotas ou em eventos com foco
na qualidade de vida que promove dentro
das empresas. “Nosso trabalho só é possível
graças a pessoas e empresas que acreditam
em nossa missão e contribuem para o desenvolvimento de nossos projetos, além de
continuarem facilitando a inclusão de centenas de pessoas com deficiência visual que
nos procuram anualmente”, conclui Alice.
informe publicitário
Segmento consolidado
Todas as lojas Viamar possuem atendimento exclusivo para
PCD, de acordo com
uma tendência de
crescimento desse
nicho que “continua
muito forte”, conforme explica Sandra
Falchi, gerente regional de Vendas Diretas do Grupo Viamar.
Nas 6 unidades, os clientes do segmento
podem optar pelo agendamento para serem atendidos, realizar test drive e contar
com vendedores exclusivos. Esses profissionais acompanham todo o processo, inclusive esclarecendo aos clientes que buscam
orientações de como obter a possibilidade
das isenções. “São vendedores preparados
para orientar desde o início, mostrar todo o
caminho, os passos que devem ser percorridos, e acompanham o cliente em toda essa
trajetória”, explica Sandra. O time é exclusivo
e dedicado em tempo integral a PCD. Foram
realizados treinamento específicos e a maioria
dos colaboradores já está no segmento de
Vendas Diretas há muitos anos.
“Eles têm mais tempo disponível para o
cliente, tanto na loja quanto externamente”,
continua Sandra Falchi. Basta entrar em contato com o vendedor exclusivo de Venda
Direta PCD, e consultar o agendamento de
atendimento no próprio showroom ou no lo-
cal onde a pessoa desejar, serviço que acaba
sendo solicitado muitas vezes por clientes que
têm mobilidade reduzida.
As lojas, claro, são todas preparadas especialmente para atender questões de acessibilidade, como estacionamento especial e
banheiros devidamente adaptados. Desde
2015, o uso do WhatsApp tem se intensificado, e todas as unidades da Viamar possuem
vendedores sempre conectados. A gerente
conta, ainda, que o maior volume de clientes
PCD no Grupo Viamar atualmente é composto por pessoas com deficiência visível ou
não, que têm dúvida sobre a possibilidade
de conseguirem as isenções. “Quando eles
iniciam, há um longo trajeto e, na realidade, vamos atender esse cliente várias vezes,
acompanhando e dando assessoria.” Inclusive
orientando após a concretização da venda e
licenciamento do veiculo , onde informamos
ao cliente a importância de ficar atento no
prazo limite para requer a isenção do IPVA e
Rodízio, quando o beneficiário for o condutor.
O Grupo Viamar completa o pacote de
ações para PCD com um leque de parcerias
com despachante, empresas de adaptações
e escritórios especializados em isenções. “O
cliente também pode escolher entre nossos Parceiros, e/ou nos trazer o Escritório de
Isenções de sua preferência”, destaca Sandra.
O atendimento pós-venda acompanha
“o padrão diferenciado que a rede GM já
possui, completo e com conveniências ao
proprietário da marca”, com técnicos treinados
e experientes no atendimento ao portador
com deficiência. Diversos produtos da GM
têm registrado bastante procura no nicho
de PCD dentro da rede Viamar, em todas
as regiões de São Paulo/SP. Onix, Prisma,
Novo Cobalt e Spin, possuem transmissão
100% automática com 06 (seis) velocidades, e ofertam espaço e conforto interno,
com porta malas que atendem ao público
cadeirante. O modelo Spin, oferece ainda a
opção de adaptação da rampa que auxilia a
acessibilidade do cadeirante. O Cruze sempre
foi muito procurado. E este ano, a empresa
se surpreendeu com o aumento do interesse
pela Trailblazer. Tendo em vista, que ambos
os modelos citados estão acima do limite de
R$ 70 mil para isenções do ICMS. “Nossa
expectativa é que esse limite seja revisto,
porque houve vários aumentos e não houve
alteração nesse teto”, comenta Sandra. Isso
vai ampliar a gama de opções para os clientes, que demonstram a mesma expectativa.
Mesmo assim, há um volume significativo de
compradores do segmento que abrem mão
da isenção de ICMS, quando estão interessados em um veículo de valor mais elevado
como Cruze e a Traiblazer. “Eles aproveitam a
isenção de IPI e o desconto da própria fábrica,
que é muito interessante e busca incentivar
esse consumidor.” Sandra observa, ainda, que
outra tendência no nicho de PCD é a maior
conscientização sobre isenções para não condutores. Por isso, as vendas nessa categoria
também têm crescido, pois o não condutor
possui também a isenção de ICMS, e não
somente de IPI como no passado, podendo
adquirir veículo automático ou mecânico, com
a facilidade de não alterar a categoria da sua
CNH (Carteira Nacional de Habilitação). A
maior parte dos veículos comercializados para
PCD possui transmissão automática, mas no
caso da isenção para não condutores, esse
motorista também acaba optando pelo câmbio mecânico em alguns casos.
Finalmente, Sandra Falchi analisa que o
bom desempenho da Viamar se deve também ao custo X benefício dos veículos GM
atuais frente à concorrência. “São carros muito
completos e outras montadoras não atingem
o mesmo nível nessa equação.” Confira a
lista de vendedores especializados do grupo
e seus contatos.
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66
acontecendo
Chef Cenoura:
receitas vegetarianas especiais em Libras
A
s pessoas surdas que gostam
de cozinhar e são fluentes
em LIBRAS - Língua Brasileira
de Sinais, contam com um
canal no YouTube: o “Chef
Cenoura”, especializado em receitas vegetarianas. Desde novembro de 2015, os
gaúchos: Débora Pereira Cláudio Dable
e Felipe Figueras Dable ensinam a fazer
pratos variados, como risoto de palmito com
pesto de rúcula, hambúrguer de grão-debico, massa com couve-flor e por aí afora,
tudo bem explicado por ela em Libras.
Morando atualmente em Curitiba/PR,
eles começaram com um blog de mesmo
nome em 2014 - www.chefcenoura.com.
br - para mostrar aos conhecidos que não
comiam apenas saladas. O amigo Lucas
Costa, que é fotógrafo profissional, deu a
ideia de gravar as receitas e colocar no YouTube, mas foi só em 2015 que o casal se
animou e Lucas foi encarregado de fazer a
captação e a edição das imagens.
A mãe do Felipe trabalha com culinária
francesa e toda a família tem muito gosto
pela cozinha. Já a opção pela tradução para
Libras surgiu como consequência da experiência familiar e profissional de Débora,
que é intérprete e professora de Libras na
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
(UTFPR) e na Universidade Positivo. Felipe
é psicólogo clínico e professor na Positivo.
“Nasci em uma família bilíngue e aprendi
Libras como primeira língua. Minha irmã
mais velha, Janaína, é surda e foi com ela
e por ela que a família ingressou em um
mundo visual. Comecei a atuar como intérprete em casa”, conta Débora. “Quando
assistíamos a um filme ou desenho, era eu
quem, na maioria das vezes, traduzia do Português para a Libras para minha irmã. Minha
mãe sempre dizia: ‘se você, Débora, estiver
assistindo a alguma coisa e a Janaína estiver
junto, ela tem direito de saber o que é que
está sendo dito na televisão’. Isso se tornou
muito natural no nosso dia a dia”, conta.
Felipe achou a ideia ótima: “conheço a
família da Débora há 16 anos e sempre
observei a Libras como algo super natural
e que proporcionava uma interação entre
todos. Nunca tive dificuldades em me comunicar com a Janaína e até arrisco alguns
sinais”, ele explica, contando que os dois
são casados há 7 anos.
De acordo com Débora, o canal em
Libras foi pensado porque não há nenhum
similar, pelo menos que conheçam, que
seja inclusivo tanto para o ouvinte quanto
para o surdo. “Ou os canais são só em
Libras, ou só falados em português e torça
para a legenda estar certa!”, ela diz. “Não
há inclusão nisso. Como vivi a inclusão
de forma tão natural em casa, tão leve e
descontraída, pensamos em dividir isso
com mais pessoas, cozinhando e dando
amor”, completa.
A repercussão, até agora, tem sido sensacional, segundo o casal. Diariamente chegam mensagens de surdos, de seus amigos
e parentes, estudantes de Libras e mesmo
pessoas que não têm envolvimento direto
com a questão. Uma que os tocou especialmente foi dos pais de uma menina surda de
2 anos, que estão fazendo aulas de Libras
a conselho do fonoaudiólogo dela. “Além
disso, se reúnem para fazer as receitas do
Chef Cenoura e aprender novos sinais. A
gratidão e o imenso carinho e amor das
mensagens é de arrepiar. Somos felizes
demais com este canal”, garante Débora.
Agora em 2016, eles pretendem continuar com as gravações, mas estão preocupados com o custo de produção, que é alto.
Algumas empresas ajudam enviando panos
de prato, aventais, toalhas e cerâmicas, mas
eles esperam conseguir outros parceiros.
“Queremos que mais e mais surdos possam aprender receitas novas com a gente.
Esperamos que esse clima descontraído
que buscamos ter no canal, chegue nas
casas onde moram surdos, muitas vezes
com uma família toda de ouvintes. Ter um
surdo na família não é um problema. A
inclusão pode sim, ser leve e gerar lindos
aprendizados a todos”, conclui Débora.
por Suely Carvalho de Sá Yañez
ponto de vista
Um incentivo à CRIATIVIDADE
ferramenta importante na reabilitação,
no trabalho, no dia a dia...
C
omo tem sido a abordagem
que fazemos com as pessoas ? Como têm sido nossos
atendimentos, quer seja em
Reabilitação, na promoção
de empregos ou outras frentes ? Temos
nos relacionado com “autoridade”, dando direções, mas também permitindo o
crescimento e desenvolvimento de cada
um, estimulando descobertas e aprendizados com profundidade, ou temos usado
o “autoritarismo”, ditando regras rígidas,
estabelecendo metas inflexíveis sem levar
em consideração limites e tempo de cada
pessoa que está sob nossos cuidados ?
Quando queremos resultados melhores, contextualizados e renovadores (e
cada vez mais precisamos de novos horizontes e ajustes, sem descartar o que
sempre foi bom), percebemos o valor
de levar o indivíduo a pensar, refletir, participar de situações e desafios em sua
reabilitação, trabalho, relacionamentos...
em sua vida !
É por causa de nossa criatividade que
descobrimos formas de fazer algo diferente e mais eficientemente todos os dias. A
criatividade tem sido o foco de várias pesquisas acadêmicas que têm como objetivo
explicar e até sistematizar o pensamento
criativo. Não iremos aqui abordar esse
assunto profundo. Embora a criatividade
seja importante para o desenvolvimento
e solução de dificuldades de qualquer
área da nossa vida, alguns fatores podem
influenciar no bloqueio de um processo
criativo. Não é raro encontrarmos em instituições, trabalho ou outros locais, algumas
situações que sabotam o processo criativo.
Uma visão exageradamente sistemática e
padronizada de atividades visando apenas
resultados em tempo recorde, pode não
contribuir para a criatividade de cada um.
Um planejamento não é negativo, mas
é importante ressaltar que uma padronização inflexível ou a mecanização dos
atendimentos são consideradas fatores
bloqueadores para o desenvolvimento da
criatividade... e de uma reabilitação plena.
Dependendo do ambiente no qual
estamos inseridos podemos inibir ou estimular uma pessoa na capacidade de ver
oportunidades ao invés de problemas nas
diversas situações cotidianas.
Ter flexibilidade é bom... Alguns fatores
organizacionais como o estilo de liderança,
a estrutura organizacional e os propósitos
organizacionais podem ou não comprometer o potencial criativo, de acordo com
as condições propícias ao desenvolvimento da criatividade. Sabemos que a capacidade cognitiva dos indivíduos também
pode inibir o processo criativo.
O processo criativo é desenvolvido na
prática da busca pelo novo, a também
fazer perguntas ao invés de apenas se
contentar com respostas prontas, por
exemplo. Os bloqueios à criatividade fazem o contrário, pois inibem o potencial
criativo das pessoas, permitindo apenas
que fiquem na “zona de conforto”, em
que tudo é mais seguro e previsível. A
zona de conforto é um bloqueador da
criatividade, pois não desperta nas pessoas a vontade de pensar ou criar de
forma diferente.
Alguns fatores contribuem para a paralização da criatividade e de um bom
resultado em programas de reabilitação
e também em empresas que contratam
pessoas (com alguma deficiência ou
não). Em alguns depoimentos de pessoas com deficiência visual (de diversos
locais), podemos perceber algumas situações e exemplos interessantes:
• Não tenho oportunidades de expor
ideias. Tudo é corrido;
• Tenho medo das opiniões dos outros,
medo do ridículo, de errar, isso me faz
tremer e aí travo;
• Já fui podado nas minhas ideias quando criança;
• Tenho medo de enfrentar algo novo;
• No meu trabalho não tem liberdade,
incentivo, nem motivação;
• Se eu fosse menos criticado com
broncas constantes poderia me soltar;
67
68
notas
ponto de vista
• Tenho preguiça;
• Meu professor é muito autoritário
e opressivo e tenho medo da crítica
destrutiva;
• Sou insegura, não acredito em mim;
• Quando vou fazer uma atividade, a
pessoa acaba fazendo por mim, não
me deixando terminar a tarefa sozinho;
• Minha chefe chega estressada, não
confia nem delega funções a outras
pessoas e não podemos nem sorrir
no ambiente.
Bloqueios... São obstáculos que nos
impedem de perceber corretamente um
problema ou conceber uma solução. Pela
ação destes bloqueios nós nos sentimos
incapazes de pensar e fazer algo diferente,
mesmo quando há necessidade.
Os bloqueios emocionais também
podem contribuir para o impedimento à
criatividade, devido à história de vida da
pessoa, traumas, medos, dificuldade com
autoridade ou outras situações não superadas. Alguns bloqueios até podem ser
criados por nós mesmos, como temores,
percepções, preconceitos, experiências,
emoções etc. São paredes invisíveis que
nos impedem de sair do “casulo”.
Em todas as atividades no setor de
Terapia Ocupacional - e em todas as outras que se propõem a contribuir para a
melhoria do indivíduo e suas realizações
- deve existir o espaço para o desenvolvimento da criatividade. Momentos de
música, de pausas, conversas, interações,
reflexões, atividades físicas, atividades
expressivas, exploratórias, imaginativas,
lúdicas, atividades estruturadas e livres e
outras atividades são extremamente ricas.
Costumo sempre citar um exemplo em
que um rapaz com deficiência visual era
cobrado por sua família para que colocasse chocolate em pó no seu copo de
leite. Porém, ele tinha muitas dificuldades
de realizar essa cobrança da família (e
até da própria instituição), por apresentar
dificuldades de coordenação motora fina,
o que o deixava bastante aflito. Foram necessários alguns exercícios para que ele
adquirisse os requisitos básicos e criasse
o caminho para realizar essa tarefa. No
tempo dele, conseguiu colocar adequadamente o chocolate no copo de leite e
tomar a bebida com gosto, sem o estresse das cobranças. Mesmo que em alguns
serviços forem estipulados resultados em
tempo diferente do tempo da pessoa, um
acordo pode ser estabelecido.
Alguns itens são muito importantes
para que nossa criatividade seja estimulada. Quando nos sentimos confiantes
e motivados, crescemos. Um ambiente
ameaçador não cria novas soluções. O
medo é inibidor da nossa criatividade.
É preciso dar tranquilidade ao nosso cérebro para que ele possa criar. A nossa
motivação está relacionada com o quanto gostamos do que estamos fazendo
e também das recompensas que conseguimos ao atingir nossos objetivos.
Estas recompensas vão desde elogios
até salários melhores. Mas nós mesmos
podemos melhorar nossas recompensas se estivermos atentos e valorizarmos
nossos esforços e resultados (itens baseados em estudos da neurocientista
Dra. Carla Tieppo).
Trabalhar com situações diferentes
com pessoas que pensam, agem e conhecem coisas diferentes de nós pode
ser muito bom. Ser criativo é ter pensamentos ágeis, ser curioso e motivado,
ter produtividade e ter a mente tranquila.
Podemos contribuir para isso ?
Que possamos não apenas ser criativos, mas que possamos estimular as
pessoas que estão ao nosso redor para
isso, seja com um aluno, cliente, paciente,
chefe, funcionário, amigos, familiares...
“Se teus olhos forem bons... tudo será
luminoso”... (Jesus)
Suely Carvalho de Sá Yañez
é Terapeuta Ocupacional especializada
em Orientação e Mobilidade para pessoas com deficiência visuaL e atua na área
de reabilitação e Consultoria.
Agora sim ! Ministério
Público aciona emissoras
de rádio, TV e a União por
descumprimento de lei...
Para garantir o direito à
acessibilidade das pessoas
com deficiência auditiva, o
Ministério Público Federal,
em São Paulo, por meio da
Procuradoria Regional dos
Direitos do Cidadão, ajuizou ação civil
pública, no início de fevereiro, com pedido liminar, em relação a 7 emissoras
de televisão que, segundo o procurador
da República, Pedro Antonio de Oliveira Machado, não estão cumprindo na
íntegra a legislação vigente em relação
a recursos de acessibilidade, inclusive
legenda oculta. De acordo com o inquérito, duas empresas não cumpriam a lei
na totalidade e outras cinco cumpriam
parcialmente. Estas, porém, passaram
a seguir a legislação, após cobrança do
Ministério das Comunicações. Foram
acionadas: Fundação Padre Anchieta,
Fundação Evangélica Trindade, Rádio e
Televisão Capital, Rádio e TV CV Ltda, TV
Studios de Brasília Ltda, Rádio e Televisão
Bandeirantes Ltda e Fundação Sara Nossa Terra. A União também foi colocada
como ré na ação. O MPF pede que esta,
através do Ministério das Comunicações,
não edite normas que venham a restringir as obrigações e deveres atualmente
previstos quanto à implementação de
Tecnologias Assistivas pelas concessionárias de radiodifusão de sons e imagens
para os PcD visuais, auditivos e/ou sensoriais. A União também não poderá ampliar o cronograma e prazos atualmente
previstos para a implementação de tais
tecnologias, como a janela de libras, dublagem e audiodescrição. O MPF requer
ainda que em seus próximos editais e
contratos de publicidade, a União somente contrate empresas de radiodifusão de
sons e imagens que disponibilizem as
citadas Tecnologias Assistivas. Em caso
de descumprimento de quaisquer dos
pedidos, o procurador pede que as rés
arquem com multa diária de R$ 50 mil.
por Alex Garcia
espaço aberto
Alex Garcia - 15 anos de graduação !
O
lá colegas do Espaço
Aberto ! Nesta 1ª edição
de 2016, vou destacar
a conquista que tive no
mês de janeiro: Alex Garcia - 15 anos de graduação ! Exatamente.
O tempo passa e eu completei o 15º
aniversário, desta, que foi a minha maior
conquista: cursar a faculdade !
Esta data foi especial não apenas pelos
15 anos, mas, por dois motivos fundamentais:
1º - Fui a primeira Pessoa Surdocega
do Brasil a cursar a Universidade.
2º - Fui a primeira Pessoa com Deficiência a ingressar no curso de Educação
Especial da UFSM.
Estes fatos serviram e ainda servem
de inspiração a outras Pessoas com Deficiência, para que acreditem que sim,
é possível. Como pode observar, abrir
portas e derrubar barreiras é a essência.
O encontro para comemorar os 15
anos aconteceu dia 16 de janeiro na cidade de Santa Maria/RS. A turma de Educação Especial da UFSM, que se graduou
em 2001, foi reunida. As colegas, hoje,
vivem e atuam em distintas cidades do
Rio Grande do Sul e do Brasil. Emociono-me ao observar que muitas colegas são
“mães de família”. Muitos filhos já chegaram. Os bebês são muito graciosos !
Mesmo com a distância, muitas pessoas do Brasil, da América Latina e do
Mundo comemoraram comigo estes 15
anos, escrevendo mensagens. Confira
algumas:
- “Amigo Alex ! Você é a superação
mais especial para Deus. Merece tudo de
mais belo da vida. Digo isso com muita
certeza, pois pude compartilhar de tuas
vivências como Secretária do Curso de
Educação Especial. Força, coragem, sucesso e muito amor e paz no seu coração”, Maria Odet Portes Martins. Servidora
Pública Federal Aposentada. Canoas/RS.
- “Alex é uma pessoa mais que especial, ele tem luz ! É um exemplo de determinação e força, admiro muito ! Quando
aluno, convivi com ele na UFSM e sempre
foi positivo e alto astral ! Parabéns Alex,
todo sucesso e felicidades pra
Você ! Grande abraço !”, Gilce Maria
Fenner de Souza. Servidora Pública da
UFSM, Coordenadora da Assessoria
de Comunicação do Centro de Educação.
Santa Maria/RS.
- “Caro Alex ! Obrigado por me deixar ser parte de uma celebração muito
especial. Quando alguém se gradua é
motivo de alegria para a pessoa, família
e amigos. No seu caso, transcende um
marco na carreira dos graduados e nas
vidas das pessoas com deficiência para
ampliar seus horizontes e aumentar a
consciência. Estes 15 anos foram um
recorde de reconhecimento público e
apreciação que, além do título-essência
é a sua presença, a sua luta incessante,
o seu compromisso e envolvimento. Parabéns ! Um abraço e que o bom Deus
continue a guiar seus passos”, Pilar Samaniego, Maestra, Quito, capital do Equador.
Enfim, para mim, a vida tem sentido
porque vivo emoções !
Alex Garcia é gaúcho e Pessoa
Surdocega. Presidente da Agapasm.
Especialista em Educação Especial.
Autor do livro “Surdocegueira: empírica e científica”. Vencedor do II Prêmio Sentidos. Rotariano Honorário
- Rotary Club de São Luiz Gonzaga/
RS. Líder Internacional para o Emprego de Pessoas com Deficiência pela
Mobility International USA/MIUSA.
Membro da Federação Mundial de
Surdocegos.
Site: www.agapasm.com.br
E-mail: [email protected]
“Alequinho Surdocego” é o boneco
inspirado no Alex Garcia. Confeccionado por sua amiga Eloa Araújo, de Ouro
Preto/MG, é todo feito de retalhos e
costurado a mão.
Alex e seu boneco Alequinho buscam, juntos, romper paradigmas e
acima de tudo romper com a invisibilidade das pessoas Surdocegas, assim,
colaborando com a inclusão. Estão
sempre unidos nas viagens, fazendo
grande sucesso.
O boneco está disponível para
compra e custa R$ 35,00 (mais o valor de frete). Toda quantia arrecadada
contribui para manutenção do trabalho do Alex mundo a fora.
Pedidos, consultas ou dúvidas, escreva para: [email protected]
69
70
terceiro setor
por Ricardo Beráguas
O ano de 2016 promete muita
visibilidade para as entidades que
forem criativas e tiverem sua
documentação em ordem
O “Instituto de Apoio Operacional e Assistencial – IAPAS” é uma entidade filantrópica
de assistência social, fundada em 2008, cujo foco é ajudar as entidades sem fins
lucrativos a superar as barreiras da burocracia em prol da sustentabilidade
P
ela primeira vez o País não
está enfrentando (ainda)
uma crise financeira ou de
crédito, mas sim uma crise
de credibilidade. Há recursos
disponíveis para investimento, mas não há
confiança. As pessoas e empresários que
tem por missão investir em projetos sociais
tornaram-se mais seletivos em razão da baixa auto-estima que está assolando o país
como um todo.
As entidades sociais, além de precisar
sair da mesmice para fazer brilhar os olhos
dos investidores e deverão estar atentas
aos detalhes técnicos e de burocracia que
farão toda a diferença para o futuro dos
projetos sociais.
Vamos fazer um exercício:
Devemos começar pela leitura dos objetivos sociais descritos no Estatuto Social.
Tenha a certeza de que os objetivos que
estão descritos ali estão no contexto do seu
projeto social. Uma falha aqui pode arruinar
um projeto.
Agora olhe para seu cartão de CNPJ e
veja se os Códigos de Atividade Econômica
também estão de acordo com o que se
pretende desenvolver.
No próximo passo é analisar o documento de cadastro da Prefeitura (CCM) e
verificar se possui algum código de serviço.
É fundamental existir um código para quem
prestar algum serviço ou pretender receber
algum recurso além de mensalidade.
Como a associação lida com recursos
de terceiros, as atas de prestação de contas
são um excelente elemento motivacional
para exibir aos financiadores. E ela deve vir
acompanhada de uma Certidão Negativa
de Tributos Federais que é emitida gratuitamente pela Receita Federal, uma do FGTS
para provar que não está em débito com
esta obrigação e uma de tributos municipais
para comprovar que não está em débito
com a Cidade. Quem estiver em dia com
as obrigações não terá dificuldades em obter as certidões, pois todas são expedidas
gratuitamente.
A lei determina que as assembléias de
prestação de contas sejam elaboradas até
o final do mês de abril de cada ano e sua
realização demonstrará a lisura dos dirigentes dando-lhes uma quitação de suas
obrigações.
Agora que se tem a documentação fisco-legal, chegou a hora do projeto que servirá
para captação dos recursos e deverá ser
composto de 3 partes. Inicialmente, monte
um projeto com toda a sua informação técnica, descritivos e materiais de apoio, além dos
materiais burocráticos acima mencionados.
A seguir, faça uma planilha contendo os
gastos previstos para o seu projeto, sem
contingenciamentos e, por fim um material super resumido do projeto em papel e
slides. Lembre-se de que a pessoa que vai
receber o seu material não lhe conhece,
não conhece seu trabalho e precisará ser
envolvido carinhosamente com a sua obra.
Ele precisará saber que você, realmente,
quer fazer algo. E que isso é importante,
que vai de encontro com os sonhos dele
e que os investimentos dele estão sendo
feitos em local confiável: no site www.iapas.
org.br, está disponibilizado uma planilha de
cálculos como exemplo, para donwload.
Outra recomendação de grande importância é que a entidade tenha um site rico
em informações, para que sejam consultadas pelos investidores.
Lembrando que, o recibo de qualquer
associação pode ser dedutível do imposto
de renda das empresas tributadas pelo lucro
real. Antes era só das OSCIP e Utilidade
Pública, agora vale para qualquer uma.
Bons investimentos e bom projeto !
Ricardo Beráguas
é contador e proprietário da
A2 Office, especializada em
terceiro setor e presidente do
Instituto de Apoio Operacional e Assistencial – IAPAS
E-mail: [email protected]
Informações e orientações ao
público: www.iapas.org.br
mais eficiente
música e arte
por Samara Del Monte
Pessoas Com
Deficiência
fazem o Carnaval
Inclusivo !!!
C
arnaval, sinônimo de alegria, e não podemos ficar
de fora não !
A Escola de Samba Imperador do Ipiranga, que
surgiu em 1968 como forma de protesto pelas
enchentes do bairro na época, atualmente conta
com 1.200 componentes, entre eles, vários com deficiência. “A
quadra tem acessibilidade para as pessoas com deficiência, que
participam o ano inteiro de nossos ensaios e comemorações.
Já tivemos, anos atrás, alas específicas, porém entendemos
que eles devem sair na ala que escolherem, e não numa ala
específica imposta. Então, hoje temos PcD em várias alas da
escola, inclusive na bateria”, diz o ritmista Leandro Lima Soares.
Também encontramos na bateria do Grêmio Recreativo
Cultural Escola de Samba Mocidade Alegre, que tem 48 anos
e 3.500 componentes, sambistas com deficiência na bateria,
mas não em todas as alas, como explica o diretor cultural Fábio
Cavicchio Parra: “Não dá para inserir em qualquer ala os cadeirantes, pois algumas alas são coreografadas e podem oferecer
riscos por causa do volume de ferragens na fantasia”.
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Amizade Zona Leste
tem 1.200 componentes e 100 são cadeirantes que estão numa
ala específica desde 2005. Percebendo a audição apurada dos
sambistas cegos, o presidente da escola, Camilo Augusto Neto,
foi um dos idealizadores do curso de formação de jurado cego
do quesito bateria do carnaval de São Paulo. O curso inédito
teve início em 2011, com duração de 3 meses e aulas teóricas.
“O critério para avaliação da bateria é essencialmente auditivo,
sendo assim resolvemos convidar os cegos que já eram componentes das escolas de samba a participar desse curso de jurado”.
Então seja na passarela do samba ou no grupo de jurados,
seja em São Paulo ou em outra cidade, também estamos na
maior festa popular do Brasil !
Samara Andresa Del Monte
é jornalista, idealizadora da Revista
Mais dEficiente, tem paralisia cerebral, é
cadeirante, se comunica com símbolos
bliss e escreve no computador usando
capacete com ponteira.
E-mail: [email protected]
Jogos, músicas,
brincadeiras e o
amor materno
ajudam Vinícius
no hospital
O
i, pessoal ! Conversei com a maravilhosa Elisangela, mãe do Vinícius que
tem 8 anos de idade. Ele nasceu em
Avaré/SP e sofre da Síndrome do
Intestino Curto, alimenta-se por um
cateter venoso central (NPP - Nutrição Parenteral Parcial), bebe pouca água e usa uma sonda na barriga,
por onde sai o suco gástrico e o líquido bilioso.
Com 4 meses de vida, fez uma cirurgia e tirou uma pequena parte, com 4 anos tirou totalmente o intestino, teve algumas infecções
generalizadas e os médicos da UTI não davam muito tempo de vida
para ele.
Quando sua mãe (os pais são separados) soube, ficou sem chão
e está nessa luta diária com o filho, internado há 4 anos em São
Paulo/SP, sem poder sair do hospital. Algumas pessoas ajudam como
podem, mas precisa de um transplante muito caro, cujo processo
é burocrático, por isso foi criada a página no Facebook: Ajudem o
Vinícius Thimoteo.
Ambos tiveram que se adaptar a essa realidade e Vinícius estuda
português e matemática. Mas gosta mesmo é de ver vídeos e jogos
no celular e no tablet. Sempre brinca com seus super-heróis quando
está na cama e, quando se levanta, quer correr, brincar de pega-pega e
esconde-esconde no quarto e pelos corredores. Também adora ouvir
as músicas da Celelê, dançar, pintar desenhos em papel ou isopor e
fazer pinturas a dedo com guache e pincel.
Essas atividades ajudam-no a superar todas as dificuldades.
Seu sonho é ir para casa, estudar numa escola, ter amigos para
brincar, conviver com o irmão Giovanni de quem sente saudades, e
poder comer tudo o que tem vontade, como uma criança normal. Ele
diz que o hospital é chato, faz muitos exames e queria tirar férias. Sua
mãe, com todo o seu amor, diz a ele que espere mais um pouco, tenha
paciência, pois um dia, com fé em Deus, irão para casa. Emocionei-me
com a história deles, que são exemplos de coragem e luta !
Celise Melo (Celelê)
é cantora, compositora, atriz, autora,
educadora, musicoterapeuta e é sucesso
de público e crítica há 22 anos.
Site: www.celeleeamigos.com.br
E-mail: [email protected]
Facebook: Celelê e Talili
Fan Page Facebook: Celelê
71
moda e beleza
por Kica de Castro
DNA da Beleza:
T
enho algo para te contar. Uma
descoberta científica que poucos sabem: todo ser humano
nasce com o DNA da B-E-L-E-Z-A ! Ainda é uma descoberta
recente para a maioria de nós. Ano após
anos, a história da HUMANIDADE vem
nos mostrando que a beleza passa por
períodos históricos. Em cada momento da
evolução, um tipo de característica física
tem seu destaque.
Infelizmente, existe um pequeno grupo,
chamado MÍDIA que, sorrateiramente, foi
tomando o controle de tudo. Por vários
anos, a mídia conseguiu vender a ideia de
que a beleza deveria seguir um padrão. A
todo o momento, somos bombardeados
com imagens e discurso que valorizam
um determinado tipo de estética e o pior
(!), o rotulam como padrão de beleza a
ser seguido.
Por sorte, ainda existem pessoas que
não aceitam ser excluídas. Com o crescimento da tecnologia e das redes sociais,
tornou-se mais fácil comprovar que a
mídia mentiu e escondeu-nos a verdade
durante anos.
O primeiro ponto foi mostrar que não
existe perfeição. Há vários artigos que
comprovam que, as mulheres, consideradas mais belas, têm suas imagens transformadas em programas de computação
gráfica, antes de serem divulgadas na
mídia. Isso reforça o discurso de supervalorização de um tipo físico que nem a
cirurgia plástica é capaz de atingir.
A chegada da TV em alta definição veio
para mudar esse discurso mentiroso. Ela
realmente serve de contradição para os
manipuladores, pois nela não é possível
esconder nenhum detalhe, mesmo usando muita maquiagem. A beleza é composta pela diversidade estética !
O único momento em que a beleza fica
conheça o seu !
Foto: Kica de Castro / Maquiagem: Andre Lima / Revisão: Silvio César Carvalho
72
Thuani Gogliano, mulher sem deficiência que tem visual alternativo, tatuagens e
alargadores nas orelhas. Audrey Top, drag queen e sem deficiência, e Paula Ferrari,
que é fisioterapeuta com mielite, usuária de cadeira de rodas.
escondida é quando não nos aceitamos
como somos. Não importa o quanto a
HUMANIDADE fala que para ser bonito
tem que ser assim ou de outro jeito. O
que você deve saber é que se você se
aceitar como é, com certeza, descobrirá
que a beleza existe. O conceito de beleza
é variável, de acordo com a cultura e com
a opinião de cada um. O que é belo para
uma pessoa, pode não ser belo para outra.
Mesmo correndo o risco de cair no
clichê, afirmo: beleza, de fato, vem de
dentro para fora. Na recente descoberta
do DNA da Beleza, o que determina o que
é belo ou não, é o nosso pensamento !
Podemos ver na
capa da revista uma
pessoa bem diferente do nosso biótipo.
No entanto, o fato
dela estar na capa e
você não, não é mo-
tivo para você achar que ela é mais bonita
que você. Nesse caso, ela só está ali por
ter colocado isso como objetivo de vida,
transformando isso em profissão. Quando
queremos algo e temos foco e determinação, as oportunidades aparecem. Tenha
em mente que as coisas não acontecem
de um dia para outro. É preciso dedicação.
É uma batalha diária até conquistarmos o
que desejamos. A pessoa que está em
destaque, como referência de beleza, está
um passo à sua frente, pois lutou mais
que você. O DNA da Beleza existe. Todas
as pessoas nascem com ele. Resta saber
como cada pessoa vai lidar com o seu.
Kica de Castro
é publicitária e fotógrafa. Tem uma agência de modelos exclusiva para profissionais com alguma deficiência desde 2007. Site: www.kicadecastro.com.br
E-mail: [email protected]
por Márcia Gori
mulher
Tenhamos mais paz em
nossos corações...
V
amos tocar em um assunto
que me incomoda muito e
que está tão entranhado em
nossas vísceras que parece ser
normal perante a sociedade,
porém não tem nada de positivo: a desunião
entre nós mulheres.
Fico intrigada como somos tão manipuladas pelo machismo e por nossas próprias
mães, que somos educadas desde pequenas a não confiar em outra mulher, somos
alertadas da falsidade que pode existir entre
amigas, porque seremos traídas por elas e
nossos namorados, afinal: somos um perigo.
Essa rivalidade entre as mulheres é uma
forma de nos enfraquecer, fragilizar, sendo
alimentada por todos os lados, porque é inconcebível ver mulheres sendo amigas e leais
umas com as outras. Se forem muito próximas gera desconfiança da família, amigos,
namorado, enfim dizem que a amiga está
levando a outra para o mau caminho. Chega a
ser engraçado essas atitudes preconceituosas,
essa misoginia instituída, reforçada contra nós,
é muito negativa, assim como não traz be-
nefício nenhum para nossa convivência social.
Para quem não sabe, “misoginia” é repulsa, desprezo ou ódio contra as mulheres. Esta
forma de aversão mórbida e patológica ao
sexo feminino está diretamente relacionada
com a violência que é praticada contra a mulher. Etimologicamente, a palavra “misoginia”
surgiu a partir do grego “misogynia”, ou seja,
a união das partículas “miseó”, que significa
“ódio”, e “gyné”, que se traduz para “mulher”.
Um indivíduo que pratica a misoginia é considerado “misógino”.
A cultura popular do machismo está intrinsecamente presente em quase todas as
sociedades humanas há séculos. O conceito
da superioridade de gênero, instituído pelo
patriarcado ao longo dos anos, e o sexismo
ajudam a alimentar a idéia da desvalorização
e preconceito contra as mulheres.
Devemos praticar a filoginia, que é o amor,
afeto, apreço e respeito pelo sexo feminino, é
tão mais fácil quando temos uma pessoa em
quem confiar, dividir as coisas boas ou ruins,
e porque não ser outra mulher, uma amiga,
companheira ?
Filoginia significa carinho ou amor direcionado exclusivamente às mulheres. Teoria que
se baseia na igualdade ou correspondência
intelectual entre homens e mulheres. Vem
do grego: philos + gyne. Não é bacana ?
Também pratiquei este ato insano na educação de minhas filhas, até tomar consciência
do erro, do quanto o machismo, o sexismo
está dentro de nós levou um tempo para
que a ficha caísse e observasse que somos
responsáveis pelo abuso, violência contra a
mulher, pois os nossos algozes são educados
por quem ? Nada menos do que outra mulher, educados para serem duros e machões
com namoradas, esposas ou peguetes.
Será que inconscientemente sentimos
necessidade de judiar de outra mulher ? Isso
também é uma prática de misoginia, de certa
forma mais cruel, porque sabemos como
somos tratadas em uma sociedade injusta
e desigual, é de interesse desta sociedade
patriarcal a nossa desunião, o antagonismo
nosso, pois são fortalecidos laços deles contra nós, nos subjugando, pisando em nossa
autoestima. Penso eu que tudo precisa chegar
ao fim e mudarmos nosso caminho e ponto
de vista.
Sugiro fazermos uma longa reflexão, ler
mais sobre feminismo, tirar o nosso preconceito de que feminista é mulher macho que
não gosta de homem, ao contrário, gostamos
demais, somente deixamos de ser escravas e
submissas a eles...
Até nosso próximo encontro !!!
Márcia Gori é bacharel em Direito-UNORP,
Presidente-fundadora da
Ong “ESSAS MULHERES”,
Idealizadora da Assessoria de Direitos Humanos
- ADH Orienta- ção e Capacitação LTDA,
Ex-presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência - CEAPcD/SP
2007/2009, ex - apresentadora do Programa
Diversidade Atual no canal 30-RPTV, ex-Conselheira Estadual do CEAPcD/SP 2009/2011, ex-Presidente do Conselho Municipal da Pessoa
com Deficiência de São José do Rio Preto/SP
2009/2012. Idealizadora do I Simpósio sobre
Sexualidade da Pessoa com Deficiência do
NIS – Núcleo de Inclusão Social da UNORP,
Seminário sobre Sexualidade da Pessoa com
Deficiência na REATECH 2010 a 2014, co-realizadora do I Encontro Nacional de Políticas Públicas para Mulheres com Deficiência
em 2012, capacitadora e palestrante sobre
Sexualidade, Deficiência e Inclusão Social da
Pessoa com Deficiência, modelo fotográfico da
Agência Kica de Castro Fotografias.
E-mail: [email protected]
Blog/site: www.marciagori.net
Site: www.essasmulheres.org
73
74
mãe
por Karolina Cordeiro
Aquele dia...
como me tornei mãe
L
embro como uma cicatriz, que
a gente passa a mão e logo
arrepia a espinha, porque volta na mente tudo de uma vez,
como num filme, o dia em que
descobri o que você tinha. O que mudou
nossa vida não foi um diagnóstico, foi o
amor. Mas esse amor veio de uma dor, sim,
até física, porque ardia o meu peito no dia
em que ouvi que você tinha Síndrome de
Aicardi Goutieres. Cheguei do médico e,
com você nos braços, sorri e o coloquei no
berço. No meu quarto, despenquei na cama
e, com o rosto enfiado no colchão, chorei.
Não foi um chorinho triste, foi um choro
urrado... mistura de grito abafado, uma dor.
Acho que era de tanto medo.
Tive o Pedro de parto natural. E na hora
que ele estava nascendo, gritei de dor, mas
sorrindo, “vem Pedro, vem Pedro”.... No dia
do diagnóstico, nesse choro estava parindo
novamente. Mas não era um Pedro, era uma
mãe. E como doeu este parto ! Não pela
gravidade da síndrome, mas porque crescer
dói. E naquele momento, toda casca, tudo
o que fui até ali, naquele momento, estava
ficando para trás. A jornada de mãe com
um filho com deficiência é um processo,
uma caminhada de descobertas, dia a dia.
Neste dia me senti muito pequena diante
de Deus. E com tanta humildade, pedi: “Oh
meu Deus, me dê forças para carregar meu
filho !”. Fui em silêncio e, sem ele me ver,
ajoelhei.
“Que eu tenha olhos de alegria, para
que meu filho enxergue em mim toda cor.
Que eu possa aceitar sem revolta
novos dias que virão.
Que ele nunca veja sua deficiência
refletida em meus olhos.
Que eu enxergue nele uma humanidade.
Que ele seja a criança
que sempre sonhei”.
Eu acho que é porque as pessoas nunca
imaginam que um filho possa parir uma
mãe.... Um diagnóstico, uma síndrome rara,
uma deficiência transforma uma vida. Eu
fui presenteada com o poder da escolha.
Escolher olhar meu filho, não a síndrome.
Escolher lutar pelos seus direitos e não ser
vítima da própria história.
A gente dança, a gente corre, a gente ri
muito. Sim, estas são suas doses de medicamentos diárias. Um diagnóstico não é
muitas das vezes para o filho, mas para a
mãe. O que faz uma menina se transformar
em mulher não é um homem, mas um
filho. E todos os dias agradeço este “parto
às avessas”. Seu sorriso é a NOSSA cura.
Neste dia, nasci para meu filho. Nasci
para meu Pedro. Neste mesmo momento eu estava recebendo o maior presente
que alguém poderia ganhar, até mesmo no
dia das mães: uma nova mãe, uma nova
mulher.
Muitos anos se passaram e hoje, com
olhar de espanto, muitas pessoas se perguntam, me perguntam....: “Como essa mãe
pode ser tão feliz ? Será que ela não tem
noção ? Por que sentes tanta gratidão ?”
Karolina Cordeiro é geógrafa, corredora do
Angel Hair Team e coordenadora do Movimento:
Eu Respeito As Vagas e Você ?
por Dudé
D
opinião
Mulheres até
o último detalhe
entro das experiências de
vida, algumas luzes nos são
jogadas para determinados
assuntos considerados obscuros. Situações testemunhadas, muitas vezes, longe das vistas dos
intitulados especialistas no assunto.
Longe de questionar os teóricos e seus
estudos, quero fazer apenas uma pequena
ressalva para aqueles que seguem as teorias
à risca, sem ao menos viver algo na prática
para comprová-las. Por exemplo, alguém
sabe me dizer, ou me comprovar, da onde
vem o raciocínio que desejo, feminilidade,
beleza e deficiência são incompatíveis ? Ou
de que, no caso das mulheres, sua sensualidade se torna impossível de se comprovar
sem associá-la à sua patologia?
Bom, deixe-me desatar o nó que criei na
cabeça do caro leitor escrevendo de forma
mais direta. E o farei através de uma história
simples e de fácil assimilação.
Entre outubro e novembro de 2015, a
banda Dudé e A Máfia, iniciou os preparativos para a produção do seu novo clipe
que seria lançado em dia 03 de dezembro
- Dia Internacional de Luta Pelos Direitos da
Pessoa Com Deficiência. O objetivo: criar
um vídeo que, através de uma linguagem
simples, ajudasse a mudar a visão social da
mulher com deficiência.
Para tal, escolhemos como modelos as
lindíssimas Marinalva de Almeida e Lucianna
Trindade e as colocamos num ambiente
comum a tantas mulheres paulistanas. O
cenário escolhido foi o bar que funciona
como sede do Pepe Legal Moto Clube.
O clima foi regado com liberdade, alegria e música. Aliás, típica de qualquer
balada. Fizemos dessa forma para que
a interação entre os frequentadores do
bar (as filmagens se deram numa noite
normal de funcionamento) e as nossas
musas, se desse da forma mais natural
possível. E confesso a vocês que funcio-
nou muito além do que imaginávamos,
muito antes mesmo do clipe ir para o ar.
Digo isso porque ao colocar duas mulheres lindas e carismáticas num ambiente
de balada, não demorou muito para os
flertes começarem. E posso adiantar a
vocês... nossa, e como aconteceram !
Mas também pudera, como não se apaixonar pela Lucianna ou pela Marinalva ?
Vamos fazer um ligeiro exercício mental:
que tal enxergá-las apenas pelo que são:
mulheres ? Pois é, foi o que fizeram os frequentadores do bar Pepe Legal. E estamos
falando de um lugar onde as duas nunca
estiveram antes e com pessoas que nem
sequer as conheciam.
Tudo acontecendo da forma mais natural
possível, dentro de uma cadeia de eventos que
poderia acontecer em qualquer outro lugar da
famosa noite paulistana. Ali, o que havia eram
duas mulheres lindas e atraentes e ponto final.
Isso me fez pensar com meus botões
por um instante. Sim, o preconceito existe
e ele ainda é parte da nossa rotina. Ainda
mais aqui no Brasil, onde o preconceituoso
se manifesta no covarde manto velado da
falsa cultura do “’povo descolado, residentes do país abençoado por Deus e bonito
por natureza”. Mas será que nesse combate
contra a discriminação e a favor de nosso
lugar ao sol, não nos perdemos no ressaltar
demais nossas deficiências ?
É claro que nenhuma deficiência deve
ser motivo de vergonha ao ponto de escondê-la, não quero ser interpretado de forma
errada. Mas na nossa busca pela igualdade
de oportunidades e, porque não dizer, da
nossa interação nas relações interpessoais,
não seria mais coerente nos ressaltarmos
e, consequentemente, nos reafirmarmos
como seres humanos antes de darmos
tanto valor às nossas patologias ?
Talvez, na busca por igualdade, nos apegamos a alguns princípios que acabam por
evidenciar nossas diferenças. Diferenças essas que, ao mesmo tempo, nos esforçamos
tanto em fazer que o mundo entenda que
elas não fazem diferença alguma. Deixei
esse parágrafo propositalmente redundante para que ficasse claro o que, na minha
visão, é uma filosofia contraditória.
Na minha visão de homem, as mulheres
são fascinantes por vários aspectos. Uma lista
enorme onde o quesito deficiência passa batido. Cada uma à sua maneira, as mulheres
são lindas, carismáticas, sexys, inteligentes, sensíveis, misteriosas e intrigantes. Sério mesmo
que dentro dessa lista fantástica de virtudes,
a deficiência precisa se fazer valer ? Acho que
não. Porém, não nos enganemos que ressaltar a deficiência, pesando-a na balança das
relações pessoais, é uma via de mão dupla.
Por isso, quero terminar esse artigo
dando um toque às mulheres com deficiência: olhem pra si com orgulho, pois
sua feminilidade não provém da sua patologia, mas da sua essência como mulher.
E isso, todas as mulheres do planeta Terra
têm, sem exceção. Para delírio de nós homens. E quem quiser ver o clipe, está em:
https://youtu.be/V_OkQulpR94
Dudé – Eduardo José
Magalhães Martins
Junior – é pessoa com
deficiência,
músico,
professor de canto popular,
ator e produtor musical.
Atualmente está à frente das
bandas: “Dudé e A Máfia” e
“Dudé Blues Band”.
Blog: www.exemplodeque.
blogspot.com.br/
E-mail:
[email protected]
75
76
aconselhamento
T
por Celia Buratto
Profilaxia
ermo muito usado na Medicina e Odontologia, a profilaxia
significa um conjunto de precauções e cuidados especiais,
afim de evitar doenças e problemas, relacionados com a saúde.
Como já dissemos em nossas matérias anteriores, vamos hoje nos reportar
ao encerramento de princípios básicos: a
preparação da futura mãezinha, durante
seu período gestacional.
Falamos de preparação psíquica, física,
social e encerraremos este ciclo com uma
assunto fundamental, que é o PROFILÁTICO... embora possa parecer uma palavra
de difícil assimilação (pois é técnica), não
é difícil de nos acostumarmos com ela.
Profilaxia nada mais é, do que uma higiene mais detalhada, cuidados especiais
com as estrias, exercícios próprios para o
trabalho de parto, como respiração especial para relaxar, iniciação aos movimentos
de ginástica (preparo físico, sempre orientado por profissionais), ou seja, vamos
iniciar hoje com o preparo de Higiene.
Cuidados especiais deverão ser acrescentados no seu dia a dia à espera do
bebê e, também, após o parto. Vejamos:
1: Tenha as mãos sempre limpas, ao
sair e entrar em casa, utilizando álcool,
álcool gel, soro que poderá ser substituído
por água e sal na dificuldade de acesso
a outras substâncias, mesmos que tenha
feito um simples passeio a pé...
2: As unhas das mãos deverão estar
preferivelmente limpas e bem aparadas.
Sim aparadas, pois após o nascimento
do bebê, todo cuidado é pouco, pois a
pele do bebê é macia e sensível. Procure
também ao usar esmalte, escolher cores
claras, de preferência tons como, o natural
ou base transparente.
3: Maquiagens também deverão ser
leves e suaves. E os cabelos deverão ser
lavados com frequência com shampoo em
aromas suaves, de preferência naturais,
de frutas, flores etc. Hoje existe a técnica
Co-Wash, para lavar os cabelos com um
leve condicionador.
4: Ao usar sabonete que seja hidratante, de leite, glicerinado etc. Hoje temos
muitos produtos para escolher de sua preferência, sempre contando com seu apurado senso de controle de aromas. Não
esqueça, agora você lida com seu bebê
diretamente. Lembre-se tudo deve ser
sempre feito com cautela e bom senso.
5: Para as estrias (mesmo sem tê-las),
após 5 mês de gestação você deverá fazer
aplicações com massagens circulatórias e leves com Glicerina líquida e Vaselina cristalina;
Como evitar estrias:
Material:
• Glicerina Liquida;
• Vaselina Cristalina.
Toda noite, aplicar uma noite Glicerina e outra com Vaselina, ou seja, dias
alternados.
Para a barriga, pegar um chumaço de
algodão, ou gaze. Derrame algumas gotas de Glicerina Liquida sobre a barriga
e levemente faça com o algodão ou a
gaze, movimentos circulatórios durante
5 minutos.
Cubra a barriga com um pano leve
(bandagem) e durma tranquila. No dia
seguinte, fazer o mesmo procedimento,
só que agora com a Vaselina Cristalina.
Nos seios deverá ter os mesmos cuidados especiais, com as mesmas bases:
Glicerina Líquida, Vaselina Cristalina, Algodão e Gaze.
Deitar de costas, aplicar gotas de Glicerina Líquida sobre a barriga e com algodão ou gaze, fazer massagens leves sobre
os seios, de cima para os mamilos. Preste
atenção: não é necessário aplicação sobre o bico dos seios, somente da parte
alta do seio na direção dos mamilos.
Cobri-los com um pano leve. Fazer essa
aplicação todas as noites antes de dormir.
Nas coxas, os procedimentos e materiais são os mesmos utilizados, com
a diferença do tipo de massagem. Em
pé, com os materiais de uso, ensopar o
algodão e em movimentos de cima para
baixo, na parte alta das coxas, do lado de
fora, passar várias vezes nos lugares comuns de estrias. A seguir, faça o mesmo
na outra coxa e não é preciso cobri-las
com panos.
Lembre-se sempre: você não está doente e sim é uma Gestante, todo o cuidado com você só lhe traz saúde, beleza e
autoestima, que são presentes do Nosso
Criador !!!
Celia Buratto
é Fisioterapeuta, foi
palestrante, elaborou e
desenvolveu o Curso
Psíquico-físico-profilático
para gestantes; foi cofundadora da Associação
Brasil – Parkhinson e Diretora
Executiva da Feneis/SP.
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78
por Luciene Gomes
Viajem ao Rio de Janeiro:
experiências de uma turista pronta para tudo
R
ecesso de final de ano é
“quase” férias e, como nas
minhas estava me recuperando de uma cirurgia, o
local da viagem foi deliciosamente programado. Juro, demoramos
mais de um mês para escolher. Afinal,
cadeirante tem muitas restrições para decidir uma viagem e tudo fica um pouquinho
mais difícil quando junto vai minha “irmã
postiça” que tem lúpus, a Fabiana, que
eu chamo de Ex. Para quem não sabe,
em muitos casos a doença restringe (e
muito) a condição física da pessoa, sem
contar a restrição ao sol, e no auge do verão brasileiro e minha mãe com a coluna
bem comprometida, isso tudo deveria ser
considerado.
Optamos por Reveillon no Rio de Janeiro (sim, Rio 40 graus). A cidade é relativamente acessível, linda sempre, minha
mãe já havia ido para a “virada do ano” e
disse que era incrível, o Johan marido da
Ex iria, assim como o amigo Marcelo. A Ex
e o Marcelo não conheciam a cidade, e
eu não me canso de voltar.
Passagens compradas e surgem, claro,
as primeiras dificuldades: alugar um apartamento acessível próximo a Copacabana
ou no bairro, local com edifícios muito
antigos e acessibilidade quase nenhuma.
Foram muitos (mesmo) apartamentos
consultados em sites especializados em
locação de imóveis, mas o que se encontrava eram: corredores e portas incrivelmente estreitos, escadas, degraus,
elevadores pequenos etc... Quase desistimos, já que alugar um apartamento
era mais barato que ficar em um hotel
nos mesmos locais. Nos 45 minutos do
segundo tempo conseguimos (ufa!!!),
no Leme na divisa com Cobacabana de
frente pro mar ! Gol !!!
Antes de sairmos, resolvi não ir com a
cadeira motorizada, decisão muito acerta-
da ! São Carlos/SP até Campinas/SP de
carro, que ficou em um estacionamento
próximo ao aeroporto, com translado feito
em uma van que, claro, não tinha rampa
para cadeira de rodas, mas possuía bancos
bem altos. Foram necessários três homens
e minha mãe (sempre) para me colocarem sentada no banco e, dez minutos
depois, o mesmo trabalho para descer.
Algumas malas (...), cadeira, eu, eles,
check-in, espera, 5 horas da manhã, sem
dormir, revista, espera, chamada prioritária
e lá vamos eu e a Ex que, embora ande,
por conta da doença também tem atendimento prioritário. De repente percebo
que terei que subir em uma “cadeira de
propulsão elétrica” que é bem estreita e,
infelizmente, sem regulagem de altura.
Para quem não sabe, sou tetra com alguns
movimentos nos braços, magra, mas com
1,81m de altura (sou alta sentada) e bem
medrosa.
O assento era baixinho e minhas pernas foram abrindo cada vez mais, um
funcionário me puxava, o outro tentava
ajeitá-las sem sucesso, eu apavorada e
a Ex rindo muito alto. Sentar na cadeira
do avião naquele momento foi o mesmo
que deitar na minha cama, uma delícia.
Almofada comigo para não correr o risco
de ser danificada e recomendações infinitas para que tivessem cuidado com a
cadeira. Voo rápido e logo chegamos e,
para meu alívio, no Santos Dumont tem
Ambulift. Uma dica na aterrissagem para
quem é tetraplégico: peça para alguém
apoiar seu corpo com as mãos, como
a pista é menor, a freada pode ser um
pouco brusca !
Saindo do aeroporto, onde fui conduzida
por um funcionário até a porta, utilizamos
um táxi comum até o prédio que tinha
entrada acessível, mas elevador pequeno. Para encaixar a cadeira era necessário
entrar, alguém levantá-la para caber bem
apertadinha, a motorizada não caberia
nem se flutuasse. No apartamento, em
apenas um dos quartos a porta era larga,
no corredor do banheiro não era possível
passar, então o banho foi improvisado
entre a cozinha e a área de serviço, sem
estresse. No Réveillon pudemos assistir
a queima de fogos de forma privilegiada,
bem na nossa frente na cobertura, mas
claro, o elevador não chegava até lá. Os
meninos e minha mãe me carregaram
com cadeira e tudo escada acima. Foi
muito difícil e perigoso, mas valeu. Foi
lindo, lindo, lindo !
Não tínhamos um roteiro pré-estabelecido, mas tínhamos bloqueador, chapéu,
bom humor e vontade de ser feliz !
As calçadas do bairro do Leme, Copacabana, Leblon, São Conrado, Lagoa, Lapa e
no Centro da cidade, perto de muitas por
aí, estão bem razoáveis. É claro que na orla
as pedras portuguesas estão em melhores
condições que as que encontramos no
interior dos bairros, duas vezes quase cai,
porque as rodinhas ficaram presas em
buracos (a cadeira fica e eu vou). Para
chegarmos próximo à Praia Vermelha, no
bairro da Urca, é preciso de alguém forte
que empurre a cadeira por paralelepípedos e, para chegarmos até a pista Cláudio
Coutinho, há uma subida bem íngreme
com paralelepípedos (obrigada Marcelo
!), mas o visual compensa.
Em todos os lugares que fui, andei quase sempre pelas calçadas e muito pouco
79
mesmo pelas ruas, como de costume.
Em alguns bairros as guias rebaixadas são
facilmente encontradas, e quase sempre
passíveis de uso. Mas é importante deixar
claro, o Rio está em obras.
Um dia, resolvemos usar o ônibus, quase todos identificados como “acessíveis”,
só que não... Alguns passavam sem ao
menos parar, e juro, tentamos mais de
VINTE ônibus e em nenhum deles a rampa funcionou. Além disso, os motoristas
estão completamente despreparados para
utilizarem os equipamentos e lidar com
uma pessoa com deficiência, uma vergonha, me senti muito triste por passar por
situação tão constrangedora. Chamamos
a polícia, que o máximo que fez foi parar
os ônibus. Finalmente um parou, a rampa
funcionou, mas cadê o cinto ou qualquer
equipamento de segurança para segurar
eu e a cadeira ? O equipamento foi minha
mãe... Uma decepção !
No Metrô tive experiências bem contrastantes... Nas estações pelas quais passei,
encontrei funcionários que passam por
treinamento para conduzir cadeirantes,
elevadores ou plataformas foram instalados, mas na Estação Cardeal Arcoverde,
uma das mais antigas (ou a mais) do Rio,
localizada em Copacabana, só é possível
circular pela escada rolante ou por plataformas elevatórias instaladas nas escadas.
O funcionário, com muita pressa, resolveu
usar a escada rolante: a primeira, foi. Na
segunda, ele não conseguiu encaixar a
cadeira no degrau, a cadeira foi tombando, minha mãe tentando segurar, acabou
caindo, e eu e ele quase.... Foi assustador
! Só então ele entendeu que seria mais
seguro usar a plataforma na escada. Como
eu estava assustada, ele foi comigo na
plataforma (que certamente precisa de
manutenção), e claro, não aguentou o
peso e parou no degrau, para piorar eu
de frente, estagnada, presa olhando escada abaixo, são muitos lances e é muito
íngreme.
Nas outras vezes, utilizei os elevadores e deu tudo certo, inclusive para subir
nessa mesma plataforma que anda bem
devagar, outro funcionário foi subindo ao
meu lado pela escada até vencermos todos os lances, me senti um pouco mais
segura. Também utilizei o táxi adaptado,
e não sei porquê, a tarifa é mais cara do
que a cobrada pelo táxi comum. O taxista
foi bem cuidadoso, rampa automática e
altura suficiente para que cadeirantes se
sintam confortáveis no interior do carro.
Mas, na maior parte do tempo, utilizei um
táxi comum com um motorista “gente
boa” demais.
Fomos ao Museu do Amanhã, literalmente horas de fila, aquele calor carioca.
Em alguns momentos, o bom humor não
supera o cansaço. Entramos, tivemos pouco tempo para visitar, mas pude verificar
que a acessibilidade física está boa, mas
há a necessidade de melhorar o mobiliário
para cadeirantes e disponibilizar recursos
para que pessoas com diferentes deficiências possam interagir com o acervo
disponível. Há muito que melhorar, mas
valeu a experiência.
Meus amigos foram embora três dias
antes, e fui com a minha mãe para um
hotel de uma famosa rede no centro,
quase na Lapa, com quarto acessível
previamente reservado. “Adaptado” é
sempre uma surpresa, mas foi ótimo, espaçoso, cederam uma cadeira de banho
e os funcionários foram muito solícitos.
Infelizmente, no dia que iria ao Projeto
Praia Acessível fez “frio” e choveu em
alguns momentos, mas não senti falta
de entrar no mar. Olhar, sentir o cheiro,
sentir o sol, clima de praia, ah, isso não
tem preço.
Por conta da data, a cidade estava muito
cheia, com preços altos, fila grande para
tudo, por isso, eu e minha mãe abrimos
mão de irmos até o Corcovado e o Pão
de Açúcar dessa vez, e sem nenhum arrependimento ! A volta foi tranquila, com
exceção da descida da escada do avião
na cadeirinha, mas como não cai, já está
bom ! E os funcionários dos aeroportos
Santos Dumont (RJ) e de Viracopos em
Campinas/SP, assim como o da companhia aérea, foram atenciosos.
Resumindo, foram dias lindos, onde o
bom humor prevaleceu e a vontade de ser
feliz estava acima de tudo ! Espero que
tudo melhore quanto à acessibilidade na
Cidade Maravilhosa, e agora é pensar na
próxima viagem. Bóra ???
Luciene Gomes é cadeirante, arquiteta e urbanista. Doutoranda em Terapia
Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) nas áreas de
Acessibilidade e Desenho
Universal. Docente do SENAC São Carlos na área de Arquitetura e Design.
E-mail: [email protected]
80
A Arena Corinthians, em
São Paulo, é acessível ?
Foto: Zanoni Antunes e Ton David
P
ara responder a pergunta, a
equipe do Biomob – www.
biomob.com.br – aplicativo
que vistoria a acessibilidade de
locais públicos e estabelecimentos comerciais, visitou o local no bairro de
Itaquera, zona leste paulistana, que sediará
os jogos de futebol na Olimpíada de 2016,
no próximo mês de agosto.
O grupo foi formado por 8 pessoas que
fizeram o percurso a partir da Estação Sé
do Metrô, utilizando as duas saídas possíveis para quem vai ao estádio: as estações
de Arthur Alvim e Corinthians/Itaquera. “A
acessibilidade nas três estações é muito
boa, porém o percurso de Arthur Alvim até
o estádio é muito ruim”, comenta Valmir
Souza, professor de educação física e um
dos idealizadores do Biomob. A avaliação
constatou que o percurso é longo, árido e
com péssimas condições de acessibilidade,
além de passar por uma região pouco segura
e praticamente não haver nenhum estabelecimento acessível no caminho, como
lanchonetes, lojas e bares.
Ele recomenda às pessoas com deficiência a utilização da Estação Corinthians/
Itaquera, mas alerta para que os torcedores
fiquem atentos aos procedimentos que são
adotados quando há um evento de grande
porte, como o isolamento de 1 Km, o que
praticamente inviabiliza a acessibilidade.
Chegando ao estádio, a situação muda: “a
acessibilidade é muito boa, lugares com ótima visibilidade, espaço para acompanhante
e bons banheiros, percebemos um grande
avanço com relação aos estádios antigos”,
garante Valmir. As notas dadas pelo Biomob
vão de 0 a 5 e a calçada do estádio, entrada
principal, acesso a veículos, circulação interna
e banheiros ganharam a nota máxima, sendo
considerados ótimos. O único item em que
a nota foi 3, que significa um índice bom,
foi a sinalização que, segundo ele, precisa
ser otimizada já que as distâncias percorridas
são muito grandes. “É importante sinalizar
melhor onde ficam os acessos para as pessoas com deficiência mas, no geral, a nota
do estádio é muito boa”.
Ele afirma que a acessibilidade, de uma
maneira geral, está melhorando e que nas
novas edificações esse processo é bem mais
simples, o que é o caso do estádio. “É importante salientar que, esse processo é mais
atitudinal do que arquitetônico, enquanto a
sociedade, de uma forma geral, não se conscientizar que as pessoas com mobilidade
reduzida, deficiência física, visual, auditiva
e intelectual possuem as mesmas necessidades que as outras, não enxergaremos
essa evolução. Tornar um estabelecimento
acessível não é privilegiar e sim fazer cumprir
os direitos de ir e vir, estabelecidos pela convenção da ONU”, explica o avaliador.
O Biomob é uma iniciativa da Goodbros e
da Bio+, empresas que atuam para melhorar
o bem-estar das pessoas com deficiência. O
aplicativo pode ser baixado gratuitamente no
GooglePlay (https://goo.gl/2n3WaM). Atualmente está disponível somente na versão
para Android, mas os organizadores esperam
disponibilizar a versão IOS provavelmente no
mês de março.
Projeto
quer tornar
parques
acessíveis
O
s parques públicos poderão
ter equipamentos de lazer
adaptados para pessoas
com deficiência. A Comissão de Defesa dos Direitos
das Pessoas com Deficiência da Câmara Federal aprovou o Projeto de Lei Nº
3276/15, de autoria do senador Vicentinho Alves - PR/TO.
O objetivo é ampliar a exigência contida
na Lei de Acessibilidade (Nº 10.098/00)
que estabelece: parques de diversões,
públicos e privados, devem adaptar, no
mínimo, 5 % de cada brinquedo e equipamento, e identificá-lo para possibilitar sua
utilização por pessoas com deficiência ou
com mobilidade reduzida, tanto quanto tecnicamente possível. O projeto Nº 3276/15
prevê essa mesma regra para “vias públicas,
parques e demais espaços de uso público
existentes”.
De acordo com a relatora, deputada Zenaide Maia (PR-RN), “é essencial que os
espaços públicos e privados de uso público,
onde existam equipamentos de lazer e brinquedos, estejam adequados para receber
as crianças com deficiência ou mobilidade
reduzida. Para tanto, propõe-se essa modificação na Lei de Acessibilidade, uma vez que
ela versa apenas sobre parques de diversão,
o que não apresenta a devida inclusão de
outros espaços destinados a lazer”.
A proposta ainda será analisada pela
Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania em caráter conclusivo. Se for
aprovada, não precisará ser votada em Plenário, salvo se houver recurso de 10 % dos
deputados para sua apreciação.
82
ensaio
“O espelho tinha
razão, sou linda”
(Kica de Castro - em palesta de autoestima)
Modelo: Priscila Menucci - nanismo
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