Análise da proposta pedagógica da Secretária Municipal de
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Análise da proposta pedagógica da Secretária Municipal de
Análise da proposta pedagógica da Secretária Municipal de Guarapuava para o Ensino Fundamental de 9 anos. Solange Apª de Oliveira Collares( Unicentro) [email protected] Resumo: A presente pesquisa tem por finalidade identificar a forma de apropriação da teoria vygotskiana no documento das Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental de 9 anos, do Município de Guarapuava, com o objetivo de averiguar a utilização da fundamentação teórica, e também a compreensão do entendimento da proposta pedagógica da Secretaria Municipal de Guarapuava sobre o caráter construtivista e sócio-interacionista. O principal motivo de tal debate reside nas conseqüências divergentes que parecem resultar das teorias na apreciação e orientação da prática educacional. O referencial teórico utilizado é o da pesquisa qualitativa, buscando analisar as obras clássicas. Para a realização dessa discussão, embasamo-nos no trabalho realizado pelos autores VIGOTSKY, DUARTE, N., FREITAS, M.C. de; JR KULMANN, M.,PULASKI, PULASKI, M.A.S., que contribuem para uma melhor compreensão dos autores Jean Piaget e Lev.Vigotsky que estudaram o desenvolvimento do ser humano. Palavra –chaves: Município de Guarapuava, Lev. Vygotsky, Jean Piaget, Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 anos para o Município de Guarapuava. Analysis of the educational proposal of the Municipal Secretary of Guarapuava Elementary School for 9 years. Abstract: This research aims to identify ways of appropriation of Vygotsky theory in the document of the Basic Education Curriculum Guidelines for nine years, the Guarapuava, with the objective ofverifying the use of theoretical foundation, and also the understanding of understanding of the proposal teaching of the Municipal Guarapuava on the character and constructive social interaction. The main reason for this debate lies in the consequences which seem to result from divergent theories inassessing and guiding educational practice. The theoretical framework used is the qualitative research, trying to analyze the classical works. To carry out this discussion, embasamo on the work performed by the authors Vygotsky, DUARTE, N., Freitas, MC, JR Kuhlmann, M., Pulaski, Pulaski, MAS, which contribute to abetter understanding of the authors Jean Piaget and Lev . Vigotsky who studied the development of human beings Keyword: Guarapuava, Lev Vygotsky, Jean Piaget, Curriculum School for 9 years Guarapuava. Guidelines for Elementary Análise da proposta pedagógica da Secretária Municipal de Guarapuava para o Ensino Fundamental de 9 anos 1. Introdução O presente trabalho tem por finalidade identificar a forma de apropriação da teoria vygotskiana no documento das Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental de 9 anos, do Município de Guarapuava, com o objetivo de averiguar a utilização da fundamentação teórica, e também a compreensão do entendimento da proposta pedagógica da Secretaria Municipal de Guarapuava sobre o caráter construtivista e sócio-interacionista. O Município de Guarapuava fica localizado na região do Centro-Oeste do Estado do Paraná, atualmente, conta com 42 (quarenta duas) escolas municipais do ensino fundamental, com aproximadamente 20.000 (vinte mil) alunos e um quadro de docentes de aproximadamente 1.200.000 profissionais.Os alunos são oriundos de diferentes bairros, procurando redistribuí-los de acordo com a aproximidade do bairro e da escola. Buscando melhor compreender as questões sucitadas quanto ao processo de ensino aprendizagem e como as teorias de Vygotsky e Piaget estão contempladas, discutiremos, num primeiro momento a proposta de ensino voltada para as questões de ensino interdisciplinar, depois, os elementos da teoria de Lev. Vigotsky e Piaget e o que se entende por aprendizagem significativa, procurando sinalizar qual é o papel do professor, do aluno nestas concepções e, por fim, analisar de que forma estão disponibilizadas estas informações no escopo da Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental de 9 anos, diretriz será aplicada nas escolas municipais de Guarapuava. 2. Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental de 9 anos, do Município de Guarapuava A proposta educacional, elaborada pela Secretária Municipal de Educação, Dorotil Casagrande Melhem e a sua equipe pedagógica, tem como objetivo primordial construir o conhecimento numa perspectiva interdisciplinar, promovendo a socialização dos saberes, superando rupturas nas diferentes áreas do conhecimento, procurando atender as necessidades especiais dos alunos portadores de deficiências. Após analisar toda a estrutura da proposta das Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 anos para o Município de Guarapuava , verificamos que o documento está dividido em algumas partes que buscam descrever as ações que pretendem ser executadas nas escolas públicas do Município de Guarapuava contemplando o ensino de 9 anos. No primeiro momento, referente à apresentação da proposta, salientando a importância de um ensino voltado para uma perspectiva interdisciplinar, salientando as questões de habilidades e competências. No segundo momento, na parte introdutória, identificamos a concepção de currículo, mostrando os pressupostos teóricos adotados para fundamentar a proposta que são, num caráter construtivista e sócio-interacionista, insiprada em Piaget, Vygotsky, Emília Ferreiro, Ana Teberoski e outros da mesma concepção filosófica, o que proporciona a construção do conhecimento por meio de trocas de experiências, ampliação do diálogo e valorização do saber já construído, formulação de hipóteses, para concluir o aprendizado. Nos momentos posteriores, salienta-se a estrutura do Ensino Fundamental, como está composto por ano e série, dando ênfase também à questão da inclusão e, depois, denota os processos avaliativos. A secretária municipal de Educação e Cultura organizou o Ensino Fundamental de nove anos, da seguinte forma: No ano de 2008 – 1º ano. No ano de 2009 _ 2º ano – 1º, 2º anos. No ano de 2010 - 3º ano – 1º, 2º, 3º anos. No ano de 2011- 4º ano- 1º, 2º,3º,4º anos. No ano de 2012- 5º ano- 1º, 2º, 3º,4º, 5º anos. A implantação vem sendo feito de forma gradativa, procurando atender as modificações que ocorreram na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, devido à deliberação nº 03/2007 que proporcionou mudança no ensino fundamental de 8 para 9 anos, envolvendo crianças e adolescentes com idade entre seis a nove anos. Assim, o ensino proposto deverá ser efetuado em uma perspectiva interdisciplinar salientando o que vem sendo discutido na última Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, que denota a importância de um ensino interdisciplinar, como também nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação que permeiam a conjuntura atual do ensino brasileiro. A LDB deve regular a vida das redes escolares, no que diz respeito ao ensino formal, ficando fora de seu alcance todas as manifestações de ensino livre e aquele tipo de ensino que funciona sob a supervisão de órgãos outros. Nesse sentido a interdisciplinaridade propõe um avanço em relação ao ensino tradicional com base na reflexão crítica sobre a própria estruturação do conhecimento, na intenção de superar o isolacionismo entre as disciplinas e no desejo de revitalizar o próprio papel do professor na formação dos estudantes para o mundo. O trabalho interdisciplinar possibilita o sentido de interação entre as disicplinas, tendo em vista o avanço do conhecimento. O tema interdisciplinariedade passou a ser considerado, segundo as leis, como condição fundamental do ensino e de pesquisa. A concepção de trabalho interdisciplinar adotada pressupõe a elaboração de várias ciências para o estudo de determinados temas que orientaram as atividades pedagógicas, respeitando a especificidade de cada área de conhecimento, isto é, a fragmentação necessária no diálogo inteligente com o mundo e cuja gênese encontra-se na história do desenvolvimento do conhecimento. Para Fazenda (1979), a prática pedagógica dos professores interdisciplinares envolveria o exercício da relação de associação, colaboração, cooperação, complementação, integração entre as disciplinas. Ela vê os professores como aqueles que devem exercer trocas, não apenas entre seus conhecimentos e métodos, mas também entre suas experiências e visões de mundo. Quanto ao seu próprio desenvolvimento pessoal e profissional, o professor interdisciplinar, deve ir além daquilo que já conhece, por meio do estudo, pesquisa e preparo profissional. A formação para a interdisciplinaridade, assim, requer avanços no que se pode denominar de aprender a conhecer de um modo interdisciplinar. Mas a reflexão sobre a formação dos professores para a interdisciplinaridade deve ainda ser considerada enquanto atitude diante do conhecimento. Dentro desta perspectiva interdisciplinar, como trabalhar então, com as teorias da Psicologia Sócio-Histórica e construtivista? É possível? Quais são as contradições dessas teorias e seus fundamentos? Como elas podem auxiliar no processo de ensino aprendizagem? Observa-se no transcorrer do documento uma tentativa em aproximar as idéias de Vygotsky e Piaget. Acredito ser algo impossível, pois ambas são teorias distintas e trabalham as suas concepções de formas diferenciadas. Acreditamos que o ensino interdisicplinar acontecerá à medida que os professores obtiverem clareza quanto às diferenciações teóricas existentes. Há inúmeras tentativas no escopo do trabalho de aproximação dos elementos teóricos como .... para Vygotsky, como a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento, a escola tem um papel essencial na construção do ser psicológico e racional. A escola deve dirigir o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, mas sim para estágios de desenvolvimento ainda não incorporados pelos alunos, funcionando como um incentivador de novas conquistas psicológicas. Portanto, a escola deverá ter como ponto de partida o nível de desenvolvimento real da criança (em relação ao conteúdo) e como ponto de partida os objetivos da aula que deve ser alcançado, ou seja, chegar ao potencial da criança. (Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 anos,s/d, p.15) A concepção de processo ensino-aprendizagem tem por base o interagir e o construir pelo professor e pelo aluno. Com necessidade de “ressiginificar a unidade entre aprendizagem e ensino” (P.C.N, 1997, p.50). Esse ressignificado encontra-se respaldado pelo construtivismo configurado a partir da psicologia genética, da teoria sócio-interacionista e das explicações da atividade significativa. (Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 anos,s/d, p.17a) Para Vygotsky, um dos aspectos fundamentais de sua teoria é a relação de interdependência entre desenvolvimento e aprendizagem. Como um ser em desenvolvimento, a criança tem o comportamento formado na inter-relação com o meio e por regulação de períodos de desenvolvimento de seu organismo, os quais determinam o seu relacionamento com o meio. Na educação formal, o professor deve administrar o meio social, à medida que educa, organiza e regula o meio social do aluno, pois a educação se dá pela própria experiência que o aluno tem com o seu meio. Ele define que ninguém pode educar o outro, sendo apenas possível, ao educador, exercer influência que provoque mudanças no organismo dos educandos, mas a este cabe a mobilização para mudança de suas reações inatas usando as suas próprias experiências. Ao educador cabe, do ponto de vista psicológico, organizar o meio social educativo, regular e controlar a interação do aluno com o seu meio, sendo este a mola propulsora do processo ensino aprendizagem. E essa direção consciente e organizada feita pelo educador é comparativamente superior aos processos espontaneístas de aprendizagem. Mesmo defendendo princípios analíticos, Vygotsky diz que o desenvolvimento da criança é determinado por um princípio dialético tendo em vista que as mudanças se processam por períodos de progressão do crescimento infantil e períodos de estagnação e inibição. Ele conclui que a educação é resultado da contradição entre a hereditariedade e o meio e é função da educação entender esses períodos, as mudanças que acontecem no desenvolvimento infantil. Segundo Castorina(et.al,2000, p.11) as diferenças são mais relevantes do que as semelhanças: ....para Vygotsky, a interação social e o instrumento lingüístico são decisivos para compreender o desenvolvimento cognitivo, enquanto em Piaget, este ultimo é interpretado a partir da experiência com o meio físico, deixando aqueles fatores em um lugar subordinado. .... o processo de desenvolvimento intelectual, explicado por Piaget pelo mecanismo de equilibração das ações sobre o mundo, precede e coloca limites aos aprendizados sem que estes possam influenciar sobre aquele. ...para Vygotsky a aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo a Zona de Desenvolvimento Proximal.] Os mesmos autores citados acima sinalizam que há uma possibilidade de se trabalhar com as respectivas teorias mesmo que distintas por meio dos aspectos didáticos, frisando as diferenças e acentuando o como e para que fazer. Assim, Piaget quer mostrar que o sujeito humano estabelece, desde o nascimento, uma relação de interação com o meio; aponta o desenvolvimento cognitivo como produto dos esforços das crianças para compreender e atuar sobre o mundo. Vygotsky fundamenta a sua teoria no marxismo e adota o materilismo histórico e dialético como filosofia, teoria e método. O desenvolvimento que os seres humanos experimentam é, sobretudo, um produto das interações que estabelecem entre o sujeito que aprende e os agentes mediadores da cultura, entre os quais os educadores ocupam um lugar essencial. O que será que podemos entender por atividade significativa descrita no escopo do documento que acentua as propostas educativas? Como podemos refletir sobre atividades significativas dentro das teorias de Vygotsky e Piaget? Nas páginas 20 e 21 do documento estudado, encontra-se o que se entende por atividade significativa, para Vygotsky e Piaget, e a forma como se pensa em aplicá-la: O contexto da sala de aula é percebido como o da interação entre professores, alunos e o conhecimento, ação potencializadora do desenvolvimento de aprendizagens significativas de agentes sociais que se constroem no processo. Faz, dessa maneira, o pêndulo se equilibrar : o centro não é o professor- transmissor de conteúdos, não é também, apenas as atividades dos alunos sob orientação do professor- no contexto da sala de aula ocorre a interação dos sujeitos, professores e alunos, com o conhecimento, tendo em vista aprendizagens significativas (Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 anos, s/d, p.21b) Para Piaget, o aprendizado é construído pelo aluno e é sua teoria que inaugura a corrente construtivista. A obra de Piaget leva à conclusão de que o trabalho de educar crianças não se refere tanto à transmissão de conteúdos quanto a favorecer a atividade mental do aluno. Portanto, para Vygotsky, a aprendizagem é necessariamente mediada e isso torna o papel do professor mais ativo e determinate do que o previsto por Jean Piaget. Verificamos que, ao sinalizar a intenção de uma proposta significativa dentro destas perspectivas, não se deixa claro o “como fazer”, “por que fazer”, quando “fazer” , e quais os objetivos a serem atingidos. Não se descrevem em nenhum momento as metas as serem atingidas? A forma como foi apresentada, deixa dúvidas do que vem a ser uma aprendizagem significativa. Na página 20, descreve-se o que se entende por aprendizagem significativa e a teoria citada e elaborada por Jean Piaget, como: ... desloca a ênfase dada aos conteúdos transmitidos pelo professor para as atividades desenvolvidas pelos alunos sob a orientação do professor. Prioriza a observação e a problematização da realidade por entender que o conhecimento é uma construção complexa que envolve os aspectos cognitivos, afetivos e morais em busca de autonomia do sujeito que conhece. É preciso então considerar o conhecimento como um processo aberto, sempre inacabado e provisório (Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 anos, s/d, p.20). .... Neste processo o pensamento e a linguagem desenvolvem-se mutuamente a partir de inclinações, interesses, impulsos, afetos e emoções (Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 anos, s/d, p.20c). Piaget enfatiza que cabe ao professor não impor suas idéias, mas propor situações problemáticas, que levem os alunos a elaborarem novos conhecimentos, para conduzi-los à reconstrução do conhecimento válido, para legitimar ao aluno o direito de reelaborar o conhecimento utilizando-se de suas próprias experiências e ações. Assim, a tarefa docente é de decidir quanto à estruturação e seleção de conteúdos escolares para a realização de um ensino com base construtivista. Isso pressupõe um determinado entendimento a respeito de algumas questões como o que significa dar significados aos conteúdos apresentados aos alunos? Que conteúdos favorecem essa atividade de atribuição de significados? Portanto, na epistemologia genética, estudam-se os mecanismos e processos que os sujeitos atravessam na passagem dos estados de menor conhecimento, para o estado de maior conhecimento, avaliando-se esse sujeito pelo grau de conhecimento adquirido e compreendido. Na psicologia genética, o processo é interativo entre o sujeito e o objeto é nessa perspectiva que ocorrerá a construção do conhecimento. Percebe-se que todo o processo avaliativo está centrado em uma perspectiva teórica construtivista, ao abordar as questões do ensaio e erro. Diferentemente do modelo biológico de Piaget, Vygotsky tem como pressuposto que o homem, como ser social, exige o modelo de desenvolvimento humano e que a interação não se processa apenas entre o homem e o meio mas entre o homem, o homem e o meio e não pode prescindir do educador que lhe transmite os meios para adquirir conhecimentos e isso se dá pela educação sistemática. A interação se amplia para além do indivíduo e meio e nesse modelo de desenvolvimento humano entra a cultura e os conhecimentos historicamente desenvolvidos e acumulados. Vygotsky, considera que a educação de crianças menores de seis anos deve ocorrer em uma escola, por ser um ambiente institucional que, segundo Saviani (1997, p.18-19), socializa o saber sistematizado: portanto, à escola caberia a responsabilidade de construir o conhecimento elaborado e não o conhecimento espontâneo; o saber sistematizado e não o saber fragmentado; valorizar a cultura erudita no objetivo de desenvolvimento do saber historicamente produzido. A escola está focada na ciência que é constituída por um saber metódico, e sistematizado. A educação é vista por ele, como um processo intencional que deve ter objetivos claros, ou seja, saber aonde se quer ou se pretende chegar. Para ele, o saber não é estático e unilateral; ganha vida por intermédio das experiências e do fazer. Assim, a criança passa a ser compreendida como um ser em construção, em processo de humanização, pois a natureza humana é fruto de nossa história social. No momento seguinte discutiremos sobre os processos avaliativos utilizados, para verificar a aprendizagem conseguida pelo aluno, verificamos que os meios avaliativos estão permeados pela teoria construtivista quando afirmam que: ....o erro oferece novas informações e formula novas perguntas sobre a dinâmica aprendizagemqdesenvolvimento, individual e coletiva (...) é um estímulo ( ou desafio) ao processo de ensino/aprendizagem – estímulo para quem aprende e estímulo para quem ensina”. (Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 anos, s/d, p.31d). Para Piaget o erro é uma forma de aprendizagem, pois é o ponto de partida, para verificar o que o aluno realmente aprendeu, o que foi capaz de fazer sozinho e de resolver. Piaget não vê o erro como uma forma de punição, mais sim, de verificar o que ficou faltando em termos de conhecimento, para que o aluno possa concluir o seu processo de ensino aprendizagem. Nas próximas páginas 13 a 16 do documento, elaborado pela atual gestão da Secretaria da Educação Municipal, verificamos trechos da teoria Psicologia Sócio Cultural, abordando questões relativas ao processo ensino- aprendizagem, salientando o papel do professor e do aluno e de uma forma explícita distinguindo o que se entende por ensino e qual é o papel do educador nesse processo de formação. Salientam-se as questões da Zona de Desenvolvimento Proximal- proposta por Vygotsky, que mostra a necessidade do auxílio do professor inicialmente para a construção de conceitos elementares para o seu desenvolvimento do aluno. A forma apresentada da teoria e proposta por Vygotsky no documento requer algumas ressalvas, precisamos elucidar alguns aspectos pertinentes da teoria elaborada por ele, e que aspectos determinam a sua teoria: ....viene determinada em primer lugar por el tiempo em que vivió y trabajó, la época de lan Gran Revolución Socialista de Octubre. El profundo y decisivo cambio introducido por La revolución em la ciência psicológica no se produce de repente.....Cómo se puede construir la psicologia marxista partiendo de la tesis generales Del materialismo dialético? Para responder a esta pergunta Vygotski proponía tomar el ejemplo clásico de la economía política marxista, expuesta em El capital, em el que se muestra cómo sobre la base de los princípios generales del materialismo dialéctico se puede desarollar la metodología de uma ciência concreta. Con esto, Vygotsky fue el primero de los psicólogos soviéticos que hizo ver la importância que para la creación de la psicologia marxista tênia el desarollo de su teoria filosófico-metodológica de nível intermediário. Em esos mismos trabajos de 1925-27, Vygotski intenta determinar el camino concreto de estruturación de la base teórico- metodológica de la psicologia marxista (Vygotshi, 1991, p.427) Quando compreendemos realmente de onde surgem os elementos que fundamentam sua teoria, verificamos que há incompatibilidades teóricas e mesmo de conceitos quanto à possibilidade da teoria de Jean Piaget, vir a complementar os ensinamentos propostos por Liev Semiónovich Vygotski. As idéias de Vygotski, no campo da Psicologia, foram desenvolvidas a partir do clima da Revolução Russa, de outubro de 1917, e seu trabalho é resultado da atmosfera social, política e cultural da Rússia pós-revolucionária, na qual houve a intenção de se construir uma sociedade socialista com fundamentos marxistas. A tentativa de uma nova Psicologia só foi possível pela Revolução Socialista. A proposta de Vygotsky era superar tanto o idealismo como as formas empiristas que sustentam as concepções naturalizantes do psiquismo humano, aplicando-o à Psicologia. O objetivo era superar a separação entre corpo e mente, compreendendo o homem como um ser social e histórico, princípio que iria influenciar seus conceitos em educação. Portanto, a ideia de Vygotsky era clara quanto aos ... fundamentos teórico- metodológicos de la psicologia marxista deberían comenzar a elaborar a partir del análisis psicológico de la actividad prática, laboral del hombre, a partir de posiciones marxistas. .... Vygotski no se ocupó de estudiar los fenómenos psíquicos em si, sino de analizar la actividade prática. Como es sabido, los clásicos del marxismo destacaron de esta actividad, em primer lugar, su condición intrumental, el caráter mediado del processo laboral por médio de herramientas (Vygotski, 1991, p.428-429a). Assim, tanto a psicologia quanto o conhecimento, em Vygotsky passam pela via marxista fundamentados em sua teoria histórico-cultural, em função de se respaldar na concepção do homem como um ser sócio-histórico. Acumular e transmitir experiências é uma característica exclusivamente humana valorizada por Vygotsky e seus seguidores que consideram a construção do conhecimento como um processo intersubjetivo, portanto, um processo sócio-histórico que depende da apropriação do conhecimento histórico produzido. O fazer educativo, sobretudo, deve reconhecer a historicidade dos sujeitos com os quais trabalha e “valorizar a transmissão do conhecimento socialmente existente” (Duarte, 1996, p.93). Em outras palavras, não sendo neutras, a teoria e a pratica de uma forma de ensino articulam as finalidades individuais de educação do homem a um modelo de sociedade, por meio da atividade de quem ensina e aprende e dos meios que se utilizam. 3. Conclusão: Após analisar o documento elaborado pela Secretaria Municipal de Educação de Guarapuava, constatou-se um esvaziamento da sua proposta quanto ao que se refere ao ensino e à forma pelo qual será ministrado. Verificamos que se utilizam da concepção teórica de Lev Vigotsky e Jean Piaget, para fundamentar as suas ações, porém, essa busca da junção entre a teoria de Piaget e Vygotsky tem conduzido os estudiosos a uma análise, nesse caso a psicologia histórico-cultural, utilizando referenciais que pertencem ora à pedagogia liberal à Escola Nova. Não discordo do fato de Piaget ser um clássico na educação e na psicologia, portanto deve ser estudado, porque o casamento entre ambos leva um esvaziamento, pois ambos não partem da mesma base teórica- metodológica. Nesse sentido, percebe-se que há um ecletismo teórico, buscando nos teóricos citados referenciá-los ora por um outro sobre os processos de ensino-aprendizagem. 4. Referências: DUARTE, N. Vigotsky e o “aprender a aprender”: crítica às apropriações neoliberais e pósmodernas da teoria vigotskiana. 4 ed. Campinas , S.P.Autores Associados, 2006. MARTINS, L. M. A formação social da personalidade do professor: um enfoque vigottskiano. Campinas: Autores Associados, 2007. Proposta da Secretaria Municipal de Guarapuava para o Ensino Fundamental de o a 9 anos. PULASKI, M.A.S. Compreendendo Piaget: uma introdução ao desenvolvimento cognitivo da criança. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. VYGOTSKI, L. S. Obras Escogidas. Problemas teóricos y metodológicos de la Psicología.Editorial Pedagóguika,Moscú 1982. VIGOTSKI, L. S. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo, Ícone e EDUSP, 1982.