Lições a partir do Projeto Oásis
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Lições a partir do Projeto Oásis
Implementação do Pagamento por Serviços Ambientais no Brasil: Lições a partir do Projeto Oásis Authors: YOUNG, C.E.F; DE BAKKER, L. B.; FERRETTI, A.; DOS SANTOS, C.; ATANAZIO, R. Resumo Este estudo analisa a experiência do Projeto Oasis de pagamentos pela conservação da floresta associada à proteção de bacias hidrográficas no Brasil. O Projeto Oasis, patrocinado por doadores privados e públicos e liderado pela ONG brasileira "Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza", em parceria com o governos (locais) municipais, já está operando em três municípios brasileiros (São Paulo / SP, Apucarana / PR e São Bento do Sul / SC). Os resultados mostram que o programa Oasis é uma das experiências brasileiras de maior sucesso de Pagamento por Serviços Ambientais, visando à conservação de florestas em propriedades rurais. No entanto, existem problemas e desafios importantes a serem resolvidos, e este trabalho se concentra nas lições que podem ser aprendidas a partir do Programa de Oasis. Palavras-Chave: Pagamento por Serviços Ambientais, recursos hídricos, instrumentos econômicos 1 Introdução Atualmente, há uma grande discussão sobre a importância da conservação do meio ambiente para o bem-estar da sociedade na qual depende significantemente dos serviços ambientais fornecidos pela natureza, que incluem a regulação do clima na Terra, a formação dos solos, o controle contra erosão, o armazenamento de carbono, a ciclagem de nutrientes, o provimento de recursos hídricos em quantidade e qualidade, a manutenção do ciclo de chuvas, a proteção da biodiversidade, a proteção contra desastres naturais, elementos culturais, a beleza cênica, a manutenção de recursos genéticos, entre muitos outros. Na literatura existem inúmeras definições para serviços ambientais como, por exemplo, aqueles que proporcionam as condições e os processos que dão suporte à vida e, de maneira direta ou indireta, contribuem para a sobrevivência e o bem-estar humanos (Medeiros & Young, 2011; FAO, 2007; ISA, 2007; Robertson e Wunder, 2005). No entanto, a regulação por meio dos instrumentos de comando e controle como, por exemplo, pagamento de multas para aquelas empresas que não possuem filtros em suas fábricas não oferece estímulo ao poluidor na redução de sua emissão. Isto se justifica já que as políticas de comando e controle são determinadas legalmente e, não dão aos agentes econômicos opções flexíveis para solucionar o problema. Assim, as formas de regulação são diretas e indireta por meio de legislação e normas. Alguns autores (Young, Mac-Knight & Meireles, 2005; May, 2005) observam que a utilização de instrumentos de comando-e-controle não tem se mostrado suficiente para assegurar os resultados esperados de políticas ambientais, sobretudo quanto ao uso de recursos florestais, por falta de capacidade de monitoramento, fiscalização e aplicação de penalidades. Por conta disto, a presença de instrumentos econômicos é importante já que tratam-se de ferramentas para flexibilizar o atendimento de normas ambientais, contornando a rigidez das políticas de ‘’comando e controle’’ mas sem perder a preocupação de atender as metas ambientais. Com isso, busca-se conciliar a preservação ambiental com crescimento econômico, demonstrando que ambos são complementares para o desenvolvimento sustentável. Dentre os principais instrumentos econômicos 2 utilizados no Brasil podem ser descritos o ICMS Ecológico1, Compensação Ambiental2 e o Pagamento por Serviços Ambientais que será descrito no artigo. O sistema de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) possui uma lógica bem simples: aumenta-se a renda das atividades econômicas compatíveis com a conservação para valorizar financeiramente o uso sustentável dos recursos naturais, ao mesmo tempo em que se deve penalizar as atividades predatórias. Em um sistema “ideal”, o “poluidor” paga para que o “protetor” receba. Desta forma, valoriza-se aquela variedade de bens e serviços que o meio ambiente fornece gratuitamente, já descritos anteriormente, e que são de interesse direto ou indireto do ser humano. Ou seja, o PSA é um instrumento econômico que se baseia no pressuposto de que os agentes tendem a modificar atitudes, segundo o recebimento de incentivos e penalidades econômicas, de modo a maximizar seus lucros ou sua utilidade. Dessa perspectiva, os instrumentos econômicos são capazes de alterar ou induzir comportamentos, principalmente dos proprietários rurais, podendo premiar aqueles considerados corretos do ponto de vista ambiental (ISA, 2007). A partir desta abordagem descrita, o objetivo geral do artigo é analisar o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) conhecido como Projeto Oásis e avaliar os principais pontos positivos e negativos do programa, procurando contribuir diretamente com o tema para o Projeto Oásis e indiretamente para novos sistemas de PSA que estão sendo formulados no Brasil. Contextualização O estudo tem como foco o sistema de pagamento por serviços ambientais no Brasil conhecido como Projeto Oásis coordenado pela ONG Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza (FGBPN) em associação com os governos municipais juntamente com outras instituições como, a Fundação Mitsubishi e a Empresa de Saneamento e Abastecimento de Água do Estado do Paraná (SANEPAR). Atualmente, 1 Para mais informações ler LOUREIRO, W. (2002) 2 Para mais informações ler FARIA (2008) 3 o Projeto Oásis encontra-se estabelecido em três municípios brasileiros: Apucarana (PR), São Paulo (SP) e São Bento do Sul (SC). Além disso, outros municípios estão em estado avançado para a implantação do programa em outros estados . O Projeto Oásis consiste em um sistema de PSA focado principalmente na proteção das bacias hidrográficas que se encontram nos municípios analisados. Além disso, o projeto possui o objetivo de conservar a floresta por meio das propriedades rurais particulares. As primeiras experiências foram implementadas nos municípios de São Paulo (SP) e Apucarana (PR), e, por isso, foram o objeto deste estudo – a implementação em São Bento do Sul só ocorreu em 2012 e por isso não havia dados disponíveis para a análise. A idéia do projeto é premiar os proprietários que historicamente conservaram as florestas e nascentes das suas propriedades, mas também incentivar aqueles que estão efetivamente agindo para recuperar áreas naturais em suas propriedades (FGBPN, 2011a). A lógica é que tanto a conservação quanto a recuperação de áreas florestadas contribui positivamente para o fornecimento de serviços ambientais, em especial a proteção dos corpos hídricos. O Projeto Oásis foi iniciado em São Paulo em 2006, com recursos da Fundação Mitsubishi e apoio da FGBPN (FGBPN, 2011b). A avaliação positiva serviu de estímulo para replicar a experiência. Apucarana aderiu ao projeto em 2009, quando foi promulgada a lei municipal nº 058/09 e nº 241/09 que estabelece uma parceria financeira com a SANEPAR, Por meio dessa parceria, a SANEPAR repassa 1% do faturamento da empresa na cidade para o Fundo Municipal do Meio Ambiente, e com esses recursos a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo (SEMATUR) efetua o pagamento dos proprietários rurais participantes do projeto, com apoio técnico da FGBPN. 4 Avaliação da forma atual de cálculo do valor dos pagamentos A primeira etapa do estudo foi analisar os procedimentos de cálculo aos proprietários rurais estabelecidos pelo Projeto Oásis em São Paulo e em Apucarana3. As propriedades rurais do Projeto Oásis em São Paulo são relativamente grandes (60 hectares em média por propriedade) e com um número reduzido de proprietários participantes do projeto (apenas 13). Todas as propriedades estão localizadas no extremo sul da capital paulista, onde localiza-se a bacia Guarapiranga, que abastece cerca de 4 milhões de pessoas. A premissa é que a conservação florestal nessas propriedades privadas contribui de forma decisiva na produção de água de boa qualidade, acarretando menores custos de tratamento para potabilidade. Uma peculariedade do Projeto Oásis em São Paulo é que as propriedades rurais participantes do projeto não visam produção, mas principalmente lazer e os pagamentos pelos serviços ambientais oscilam entre R$ 100 a R$ 7.000,00 por mês, dependendo de características essencialmente ambientais como densidade hídrica, conservação florestal e lançamento de esgoto. O Programa Oásis em Apucarana apresenta uma realidade bastante distinta, com propriedades de tamanho médio menor (24 hectares em média), mas todas voltadas à produção agrícola. Ao final de 2011 existiam 133 propriedades rurais participantes, com 385 nascentes identificadas. As premiações aos proprietários rurais no município são de no máximo R$ 597 mensais e no mínimo R$ 80 mensais. Como a renda média líquida de cada pequeno proprietário é de R$ 500 por mês, as premiações pelos serviços ambientais prestados significam um incremento de renda de 18% a 100%, dependendo da produção e do manejo da propriedade (FGBPN, 2011a). Principais críticas à atual forma de pagamento aos proprietários rurais no Projeto Oásis Os atuais pagamentos são feitos tanto em Apucarana quanto em São Paulo por propriedade com características somente ambientais. Assim, este pagamento baseia-se 3 Para mais informações sobre o contexto do Projeto Oásis e o cálculo atual do programa em Apucarana e São Paulo ver FGBPN (2011a) e FGBPN (2011b). 5 num cálculo que premia igualmente propriedades com características bastante distintas em termos da qualidade da preservação, inclusive desconsiderando a área total sob conservação. Assim, pode-se afirmar que a fórmula atual de pagamento aos proprietários rurais gera uma distorção nos valores a serem pagos pelo sistema de PSA, pois ele não é feito de maneira que leve em consideração a proporcionalidade com a área conservada. O atual cálculo não leva em consideração o custo de oportunidade da terra. Por isso, como é destacado pelos resultados preliminares da pesquisa de campo efetuada por Mateus Zanella (2011) comparando o Oásis com experiências similares em Minas Gerais (Extrema) e Espírito Santo (ProdutorES de água), o PSA em análise é bem mais caro que em experiências similares se a unidade de referência é o pagamento por hectare. Outro problema da atual forma de cálculo é a atribuição arbitrária de pontuação sob forma de progressão geométrica na questão referente ao número de nascentes e à conectividade de áreas naturais entre vizinhos. Sendo assim, buscou-se apresentar uma evolução de forma linear para solucionar estes pontos. Proposição de uma nova forma de cálculo do valor dos pagamentos Com o intuito de apresentar uma metodologia mais consistente para o pagamento por serviços ambientais nas propriedades envolvidas com o Programa Oásis, foi desenvolvida uma nova fórmula de cálculo, descrita na próxima seção. A nova metodologia proposta de cálculo do PSA para o Projeto Oásis altera diversos aspectos dos atuais procedimentos usados nos municípios de Apucarana e São Paulo sem, contudo, desvirtuar o espírito norteador que vem sendo empregado com bastante êxito: premiar as propriedades que contribuam para a conservação florestal e serviços ambientais associados, especialmente a proteção de mananciais e corpos hídricos. Assim, foram examinados os pontos positivos e negativos dos atuais procedimentos, procurando avaliar a metodologia de pagamento aos proprietários rurais. 6 Metodologia proposta para o pagamento aos proprietários rurais Com o objetivo de corrigir essas distorções, a nova maneira de calcular o valor do PSA deveria ser elaborada na tentativa de combinar uma compensação pelo custo de oportunidade da terra com uma premiação pelos serviços ambientais mantidos pela propriedade, e também levando em consideração uma bonificação para proprietários com práticas agrícolas adequadas. Assim, além das importantes características ambientais utilizadas no cálculo atual, a proposta de novo cálculo também aborda critérios econômicos e também sociais essenciais para uma estimativa mais eficiente do valor do PSA. Em seguida, é apresentada a descrição das variáveis que são utilizadas na nova fórmula geral proposta para o PSA. Grupos de variáveis Primeiramente, foram elaborados grupos de variáveis que estão relacionadas a um dos três elementos considerados cruciais para o projeto: nascentes, conservação florestal e práticas agrícolas. Dessa forma, foram criadas três Notas (N1, N2 e N3) que sintetizam esses diferentes critérios como: Qualidade Hídrica Qualidade da Conservação Qualidade Agrícola Dentro de cada nota, foram desenvolvidas variáveis ponderadas com pesos para que cada propriedade receba recursos financeiros não só por questões ambientais, mas também por critérios “sociais” (indiretamente) e econômicos. A denominação do grupo de variáveis em “Notas” tem como objetivo evidenciar a performance da propriedade em cada critério. A tabela abaixo faz um resumo das notas e das respectivas variáveis Tabela 1: Grupos de variáveis utilizadas na fórmula geral para Projeto Oásis Notas: Variáveis: Qualidade Nascentes protegidas; Rios, Corrégos ou lagos protegidos Hídrica 7 Qualidade Formação de Corredores; Área Natural; Existência de RPPN; da Percentual de Área Conservada Conservação Qualidade Agricultura Orgânica Certificada; Rotação de Culturas; Curva de Nível; Agrícola Realiza ação de proteção de área natural Variável de Referência – X: Foi desenvolvida uma variável proxy do custo de oportunidade da terra definida com base no valor de referência do preço do arrendamento desse fator de produção. Assim, “X” corresponde a 25% do preço desse arrendamento, o que sugere a criação de um PSA mais simples. Ou seja, esse valor está relacionado à terra de baixa produtividade, como a chamada “pecuária ruim” devido ao seu baixo valor monetário. Dessa maneira, argumenta-se que é mais fácil compensar o proprietário rural que pratica a “pecuária ruim”, pois este abriria mão mais facilmente da baixa produtividade dessa atividade em troca do PSA do que os proprietários de terras com alta produtividade. Já nas terras com alta produtividade, um mecanismo de PSA não seria tão viável, pois esse pagamento deveria ser muito alto para compensar os ganhos advindos de atividades mais rentáveis. Esta variável “X” foi escolhida, portanto, como um parametrizador já que o valor total a ser investido em cada propriedade será uma proporção desta variável. Com isso, o pagamento é feito por área conservada (em hectares) em cada propriedade (Variável Z). Variável de área conservada em cada propriedade – Z: A variável Z consiste na área conservada de cada propriedade em hectare. Esta informação é importante já que o pagamento é feito pela área conservada, evidenciando que o PSA Oásis incentiva a conservação e restauração da área conservada. Assim, a partir da descrição de todas as variáveis utilizadas para a proposta de cálculo para o Projeto Oásis pode-se definir a fórmula geral como sendo: Valor PSA = Z*X*[(1+(N1)+(N2)+(N3)] 8 Desta forma, a fórmula-padrão define pesos para cada nota da propriedade, sendo a nota máxima de 1 para Qualidade Hídrica, 2,5 para Qualidade da Conservação e 1,5 para Qualidade Agrícola. Com isso, a fórmula-padrão pode assumir valor mínimo de 25% do preço do arrendamento da terra caso não atenda a nenhum dos requisitos desejados, ou seja, para isso todas as Notas devem assumir valor zero. De outra forma, pode-se assumir um valor máximo de seis vezes o limite inferior, ou seja, 1,5 vezes o preço do arrendamento da terra. Isto porque a fórmula-padrão consiste em 1 + N1 (nota máxima de 1) + N2 (nota máxima de 2) + N3 (nota máxima de 1) = 6. O appendice 1 apresenta as variáveis detalhadas na proposta de cálculo. Deve-se ressaltar que esta crítica no artigo não tem como objetivo a valoração do serviço ambiental, mas sim mudar a forma de pagamento com o intuito de aumentar o incentivo aos proprietários rurais a modificarem a maneira de uso da terra quando essas não estiverem em consonância com as práticas conservacionistas. Resultados de simulações com a nova fórmula proposta para o cálculo do PSA em Apucarana Nesta seção será apresentado o resultado da simulação feita para o município de Apucarana com a fórmula-padrão que foi detalhada anteriormente. Pode-se afirmar que o maior pagamento mensal por hectare é R$ 26, o que corresponde a aproximadamente 5 vezes o limite inferior (25% do preço do arrendamento da terra por mês em Apucarana que corresponde a R$ 6/ha/mês para a fórmula geral). O menor valor pago por hectare é R$ 11 o que corresponde a pouco menos de 2 vezes o limite inferior (25% do valor do preço do arrendamento da terra = ‘’pecuária ruim’’ = R$ 6/ha/mês). A média dos pagamentos por hectare das propriedades participantes do Projeto Oásis em Apucarana é de pouco mais de R$ 18 /ha. A partir do momento em que se sabe o valor a pagar por hectare para cada propriedade então deve-se pagar pela área preservada de cada propriedade (variável Z). Sendo assim, para a fórmula-padrão temos que o maior valor pago para uma propriedade seria entorno de R$ 1.160 enquanto que o menor seria de R$ 7. Esta disparidade entre os pagamentos se explica por conta da diferença entre o tamanho das 9 propriedades participantes no projeto Oásis. O valor pago em média aos proprietários rurais seria em torno de R$ 176. Outras dificuldades e soluções no Projeto Oásis A definição da forma mais adequada de cálculo do valor do pagamento a ser efetuado aos proprietários rurais não é o único desafio a ser superado. Equacionar outras questões é igualmente relevante para o sucesso de uma experiência de PSA, como o Projeto Oásis. Esta seção discute três elementos cruciais para o sucesso de um sistema de PSA: o envolvimento de autoridades locais, o financiamento dos pagamentos e o monitoramento das propriedades. Involvement of local authorities with the Program O envolvimento de autoridades locais com os sistemas de PSA é muito dificultado por conta da coordenação de interesses entre os proprietários rurais que desejam ter uma produção agrícola satisfatória e a autoridade local executora do programa que possui como objetivo principal aumentar a qualidade e quantidade dos serviços ambientais prestados pela natureza. Entretanto, há uma vasta literatura (Medeiros & Young, 2011; De Souza et al, 2008; De Marco Jr. & Coelho, 2003) que relaciona agricultura e meio ambiente de forma complementar e não como antagônicos, principalmente a partir do uso de Sistemas Agroflorestais4 (SAFs). Assim sendo, reconhece a importância dos serviços ambientais para o aumento da eficiência na agricultura. Para persuadir os proprietários rurais, portanto, é necessário haver uma ação das autoridades locais para que conseqüentemente o programa obtenha sucesso. Assim sendo, pode-se obter o município de Apucarana como um bom exemplo já que as autoridades locais, principalmente a SEMATUR, atua em duas frentes: 4 Antes mesmo se serem definidos o que eram SAFs, King & Chandler (1978) definiram como ‘’sistemas sustentáveis de uso da terra que combinam, de maneira simultânea ou em seqüência, a produção de cultivos agrícolas com plantações de árvores frutíferas ou florestais e/ou animais, utilizando a mesma unidade de terra e aplicando técnicas de manejo que são compatíveis com as práticas culturais da população local. 10 i) diretamente na coordenação do programa, conscientizando os proprietários rurais da importância dos serviços ambientais prestados por suas propriedades rurais. Além disso, os funcionários da SEMATUR procuram explicar a forma de cálculo aos proprietários para que os mesmos entendam o porque de diferentes valores recebidos para cada proprietário rural. Assim, o sucesso neste objetivo tem gerado cada vez mais uma procura por parte dos proprietários rurais para a participação no programa. Haviam 64 proprietários rurais em Apucarana participantes do programa ao final de 2010. Já ao final de 2011 haviam 133 proprietários rurais participantes e a projeção para os próximos anos é aumentar mais ainda este número. Isto demonstra o sucesso do programa na região no qual vem sofrendo elevada aceitação por parte dos proprietários rurais. ii) na colaboração em conjunto com o órgão executivo municipal de Apucarana (PR) e no involvement of the Legislative power (Lei Municipal, nº058/09) with the initiative is also important, since the effective implementation of the Project usually requires new laws, or the adaptation of existing legislation, to the situation of payment for ecosystem services, even if the source of the funding is private. For example, if not adjusted adequately, the tax regime to be applied to the payments may become an important obstacle to the initiative implementation. Além disso, outro ponto interessante para o sucesso na implementação do sistema de PSA é the presence of representatives of the rural producers in the executive board responsible for the execution of the Program is another component that increases the support for the Project. Isto fica evidente no Projeto Oásis em Apuracana coordenado pela SEMATUR em que conseguiu reunir duas importantes pessoas para atuarem neste programa. O primeiro é uma pessoa com credibilidade perante a sociedade no qual consegue conversar amistosamente com os proprietários rurais. O outro funcionário importante é um proprietário rural com bastante credibilidade frente ao seu grupo, conseguindo convencê-los da importância da mudança do uso do solo para melhores práticas agrícolas com o intuito de aumentar os serviços ambientais e concomitantemente ser elegível a receber o pagamento por este serviço ambiental prestado pela natureza em sua propriedade rural. 11 Encontrando recursos financeiros para suporte ao projeto Para atender o objetivo de aumentar cada vez mais os proprietários rurais em Apucarana no Projeto buscou-se encontrar recursos financeiros que possam financiar a entrada de novos proprietários rurais. Para isso, pode-se afirmar que o PSA relacionado às bacias hidrográficas trata-se de um benefício relativamente difuso, havendo muita resistência para que os beneficiários diretos aceitem pagar pela melhoria na oferta de água através do financiamento de ações de conservação florestal ou melhores práticas agrícolas a montante. O exemplo mais evidente é a relutância do setor agrícola em pagar pela água que consome, apesar de ser o maior consumidor de água e, portanto, maior beneficiário em potencial de esquemas de PSA. Segundo Porras (2003), a disposição a pagar de um grupo de beneficiários depende do serviço específico a receber, do valor do serviço (comparado com os custos de medidas alternativas) e do tamanho do grupo de beneficiários. Segundo May & Geluda (2005), alguns demandantes em potencial e seus interesses em serviços ecossistêmicos específicos incluem: usinas hidroelétricas, irrigações, indústrias, centros populacionais e serviços municipais de água, usos ecológicos. Nota-se, contudo, que a maior parte dos recursos é oriunda de alocações orçamentárias cuja arrecadação não está vinculada ao benefício gerado pelo programa (consumo de água). Por exemplo, caso a presente proposta de alteração de repartição de royalties de petróleo e gás natural for efetivada, o Estado do Espírito Santo sofrerá sérias necessidades de redução de gastos, colocando em risco a continuidade do Programa ProdutorES de Água caso outras fontes de financiamento não sejam identificadas. Por isso, é fundamental que os sistemas de PSA sejam estabelecidos de forma harmônica entre a captação do recurso financeiro junto ao consumidor de água e a alocação do recurso junto aos proprietários conservadores de corpos hídricos. O maior potencial está na aplicação da cobrança da água, como já previsto pela Lei 9.433/2007, vinculada ao uso de parte do recurso no financiamento dos PSAs. A participação ativa dos Comitês de Bacias deve ser realçada já que os mesmos são juridicamente 12 responsáveis pela gestão da água. Outras formas possíveis de cobrança de usuários diretos são: Royalties da geração hidrelétrica (“compensação financeira”) Fundos de Recursos Hídricos Recursos oriundos de termos de ajuste de conduta e outras formas de compensação ambiental por projetos que tenham estabelecido danos ambientais não mitigáveis Desta forma, the identification of direct benefits of forest conservation (in this case, water supply and quality) is an important tool to convince companies associated to water resources (water supply, hydroelectricity, irrigation) to sponsor the Project and guarantee its financial sustainability. On the other hand, como já foi dito anteriormente, the risks of future funding problems where the sponsorship is made by donations or fiscal transfers dissociated from water services (for example, royalties from oil and gas exploitation). Monitoramento do Projeto Oásis Após ser feita a análise das diversas soluções e dificuldades relacionados ao Projeto Oásis que está implementado nos municípios de Apucarana (PR) e São Paulo (SP) deve-se observar o monitoramento a ser feito no programa para que o mesmo possa ter uma melhor avaliação do projeto a partir de indicadores não só ambientais mas também econômico-social. Entretanto, é importante afirmar que esta avaliação deve ser feita antes mesmo de começar o programa. Assim, o objetivo desses indicadores é fornecer informação necessária para verificar a evolução das metas do programa. Além disso, eles podem ser usados para analisar a satisfação dos agentes envolvidos com os resultados do projeto. Por outro lado, essas informações, quando cruzadas com dados de outras microrregiões ou microbacias com características semelhantes, podem fornecer evidências importantes da real diferença que a implementação do programa de PSA traz para o bem-estar dos agentes beneficiários e da região afetada. Estes indicadores podem ser divididos em 5 13 grupos: hídricos, conservação florestal, financeiros, sociais e melhores práticas agrícolas. Os indicadores hídricos são divididos em duas seções: qualidade e quantidade da água. Enquanto isso, dentre os indicadores de conservação florestal destacam-se a proporção de área natural dentro de cada propriedade e a existência de Reserva Particular de Patrimônio Natural5 em parte da propriedade. Os indicadores de melhores práticas agrícolas buscam encontrar o aumento de melhores práticas agrícolas como, por exemplo, agricultura orgânica, plantio direto na palha e plantação em curva de nível, atendendo a proporcionalidade dentro de cada propriedade. Da mesma forma, os indicadores financeiros buscam analisar a relação entre as práticas conservacionistas e a variação nos custos dos proprietários da terra. Finalmente, os indicadores sociais procuram avaliar mudanças na renda do proprietário rural assim como mudanças de padrões de consumo e indicadores que avaliam a qualidade na saúde. Além desses indicadores, pode haver indicadores de ‘’satisfação’’ dos proprietários rurais sobre as mudanças qualitativas ocorridas por conta da existência do programa. A partir destes dados coletados, pode-se construir índices agregados de performance. O problema é atribuir um peso aos indicadores, mas para isso pode-se usar exemplos internacionais como feita na experiência da Costa Rica (Moreno, 2011). Desta forma, pode-se criar um radar de indicadores mostrando a evolução da performance ao longo do tempo como demonstra a figura 1 com o exemplo hipotético. 5 Prevista na Lei Federal nº 9.985/2000, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, a RPPN é uma categoria de unidade e conservação privada, com objetivo de conservar a diversidade biológica, na qual podem ser desenvolvidas atividades de ecoturismo, educação ambinetal e pesquisa científica. A iniciativa para criação da RPPN é um ato voluntário do proprietário e de caráter perpétuo (Lei 9.985/2000). 14 Figura 1: Exemplo hipotético do radar de indicadores 15 Conclusão Pagamento por Serviços Ambientais / ambientais (PSA) é uma possibilidade para a melhoria da eficácia da política ambiental através da criação de incentivos aos agentes econômicos que assume uma atitude pró-conservação. Iniciativas de PSA tem um grande potencial como uma estratégia alternativa para as atividades de conservação no Brasil. O Projeto Oásis é um exemplo de como um sistema de PSA pode ser estabelecido através de parcerias entre o setor público, empresas públicas e privadas e ONGs. A expansão do programa é uma indicação de que os resultados estão a ser encarado de forma positiva Entre as partes interessadas (governos municipais, patrocinadores e proprietários rurais). No entanto, houve críticas importantes para o problema nos procedimentos para estimar quanto cada propriedade adotada deve receber em termos monetários. O principal objetivo deste trabalho é apresentar uma melhoria na metodologia utilizada para estimar os valores a pagar para as propriedades, de uma forma que o custo de oportunidade da terra e da qualidade e quantidade de conservação são considerados adequadamente. No entanto, existem desafios importantes que ainda não foram totalmente abordados pelo projeto: o envolvimento das autoridades locais ("propriedade") com o Projeto, como obter fontes sustentáveis de financiamento necessário para os pagamentos, e como monitorar o desempenho das propriedades e avaliar o programa em si. Estes desafios não são específicos para o Projeto Oásis, sendo um problema comum com outros programas de PSA. 16 Resta um longo caminho para a melhoria dessas iniciativas, assim como o reconhecimento dos problemas e lacunas ainda a serem percebidas como um incentivo para novas pesquisas, ao invés de obstáculos para impedir a sua execução. 17 Apêndice Tabela 2: Questões e Índices para proposta de novo cálculo em Apucarana (PR) Notas NASCENTES Sub-grupos 1.1) Possui Nascente(s) Protegida(s) 1.2) Possui rios, corrégos ou lagos naturais protegidos Parâmetros 0,5 0 0,5 Possíveis respostas Sim Não Sim 0 Não 0,25 sim 0,25 sim 0 0,5 0 Não sim não sucessional avançado/médio (x1) sucessional inicial (x2) degradada 2.1) Formação de Corredores 2.2) Possui RPPN CONSERVAÇÃO 1 2.3) Área Natural 0,5 0 0,5 Sim 0 Não 0,33 0 0,33 0 0,33 0 0,5 Sim Não Sim Não Sim Não Sim 0 Não 2.4) Percentual de área conservada 3.1) Agric. Orgânica AGRICULTURA 3.2) Plantio Direto na Palha 3.3) Curva de nível 3.4) Realiza alguma ação de proteção da área natural (fiscalização, acero, placas informativas, cercas, etc) Outras Informações conectividade entre áreas naturais internas (RL-APPexcendete) conectividade entre áreas naturais internas e externas (com vizinhos) x1/(x1 + x2 )*1 x2/(x1 + x2)*0,5 Relação entre área conservada (x1) e área total (y2) - mede o esforço (em área) do produtor para conservação, compensando pela não utilização da área para produção. 18 Referências Bibliográficas DE MARCO Jr., Paulo & COELHO, Flávia. Services performed by the ecosystem: Forest remnants influence agricultural cultures pollination and production, 2003. DE SOUZA, Juscelio et al. Sustentabilidade de sistemas integrados de agricultores familiares orgânicos em transição agroecológica na Região Serrana Fluminense, 2008. FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations). Paying farmers for environmental services. Roma: FAO. 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