1 RITOS TIBETANOS COMO TERAPIA ALTERNATIVA PARA A
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1 RITOS TIBETANOS COMO TERAPIA ALTERNATIVA PARA A
1 RITOS TIBETANOS COMO TERAPIA ALTERNATIVA PARA A MULHER NO CLIMATÉRIO Josenilda de Carvalho Brito Moreira - NOVAFAPI Kelly de Holanda e Silva - NOVAFAPI Letícia Maria Queiróz Valgueiro de Andrade - NOVAFAPI Roberta Portela Gayoso Freitas – NOVAFAPI Maria de Jesus Lima Almeida – NOVAFAPI, FACID INTRODUÇÃO O Brasil tem, atualmente, uma população de aproximadamente 180 milhões de habitantes, dos quais 56% são do sexo feminino(1). Associado ao aumento da população brasileira, tem-se também o aumento da expectativa de vida, implicando percentual também significativo de mulheres na faixa etária do climatério. O climatério é descrito como a cessação fisiológica das menstruações associada à função ovariana declinante, durante a qual a função reprodutiva diminui e termina(2). Muitas mulheres citam uma série de alterações cognitivas e comportamentais nesse período, que inclui queixas como dificuldade de concentração, disforia e labilidade emocional(3) , sendo notória a importância da adoção de terapias alternativas para amenização de tais sintomas. Desta forma, este estudo tem como objeto os efeitos dos ritos tibetanos no equilíbrio biopsicossocial das mulheres no climatério, para conhecer o impacto desta prática sobre a qualidade de vida destas mulheres. Os ritos tibetanos se configuram como uma terapia alternativa que envolve a harmonização corpo/mente/energia. São práticas iogues modificadas, sendo cinco exercícios físicos e respiratórios, oriundas dos mosteiros do Tibete, praticados inicialmente por monges asiáticos e atualmente por todo oriente e ocidente(4). Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde resulta de um bem-estar físico, mental, social e espiritual, revelando uma perspectiva holística e integradora. Desde 1976, ela preconiza a utilização de práticas terapêuticas alternativas e não institucionalizadas e estimula a integração de conhecimentos e técnicas de eficácia comprovada existentes na medicina ocidental(5). Dessa forma, tem-se como objetivos, descrever os efeitos ocorridos na qualidade de vida das mulheres no climatério, com uso dos ritos tibetanos e discutir os efeitos da prática dos ritos tibetanos na vida destas mulheres. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa-ação, sendo um estudo descritivo construído na abordagem qualitativa por promover uma forma mais adequada à compreensão da importância do uso dos ritos tibetanos para mulheres no climatério, baseando-se na premissa de que existe uma relação dinâmica entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social, com base empírica, que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e 2 no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo(6). O cenário da pesquisa foi uma Unidade Básica de Saúde situada na zona Leste de Teresina-PI. Os sujeitos do estudo foram 18 mulheres, na faixa etária do climatério, que compõem um grupo que pratica terapias complementares, assistido por uma enfermeira do Programa Saúde da Família. Os depoimentos foram gravados em fitas cassetes e, posteriormente, transcritos na íntegra. A análise dos dados foi obtida através da transcrição e compreensão das gravações até o momento em que foi observada a saturação das respostas. E, logo após, houve a organização e classificação dos relatos respondendo aos objetivos do estudo. Para tal fim, utilizou-se o método de categorias. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Após a análise das falas mais representativas dos depoentes, emergiram as seguintes categorias: REDUÇÃO DAS DORES OSTEOARTICULARES Nesta categoria, observou-se a relevância de sintomas físicos amenizados após a prática dos ritos tibetanos, dando ênfase às dores decorrentes da osteoporose: (...) essas juntas dos pés, principalmente os joelhos, doíam, doíam muito (...) e depois que eu comecei, graças a Deus, nunca mais eu senti. (Depoente 1) (...) eu tinha muita dor nas pernas, agora eu não sinto mais dor nas. (...) tinha período que eu passava de três dias que eu não podia pisar firme no chão com aquela dor, mas acabou. (Depoente 5). O potencial analgésico das práticas de ioga tem sido evidenciado em vários estudos. Constatou-se analgesia, através destas práticas, em de dores lombares crônicas inespecíficas, osteoartrite e síndrome do túnel do carpo(7). A prática regular dos ritos tibetanos melhora a circulação e a respiração, aumenta o fluxo de energia nos chakras, estimulando a revitalização das células. Fortalece o abdômen, as pernas e os braços, alivia a tensão lombar e tem um efeito benéfico sobre a rigidez das pernas e do pescoço(4), freqüentemente associado a osteoporose. 3 Por isso, a prática de exercício físico é ideal para manter a massa óssea após a idade adulta, sendo importante para a prevenção e tratamento da osteoporose, cuja incidência ocorre, principalmente, em mulheres pós-menopausadas(8). AUMENTO DA FLEXIBILIDADE CORPORAL Nesta categoria, as falas das depoentes revelam que houve uma melhora na flexibilidade, proporcionando-lhes a capacidade de realização de alguns movimentos antes não realizados, como se segue: (...) já me abaixo sozinha, sem me segurar em nada. (Depoente 3). (...) minhas juntas eram duras, agora posso esticar minhas juntas”. (Depoente 8) (...) o movimento do meu corpo já está mais leve (...). (Depoente 15). Níveis adequados de força muscular e flexibilidade são fundamentais para o bom funcionamento músculo-esquelético, contribuindo para a preservação de músculos e articulações saudáveis ao longo da vida. A manutenção e o desenvolvimento dos níveis de flexibilidade podem ser obtidos através de exercícios de alongamento, independente do nível de flexibilidade inicial. Estes exercícios exercem influência sobre a estrutura e a composição bioquímica dos tecidos conectivos, mantendo ou elevando a sua capacidade de extensibilidade. Por esse motivo, tem sido apontados como os exercícios específicos mais indicados com relação a essa finalidade de desenvolvimento da flexibilidade(9). MELHORA DOS SINTOMAS DO ESTRESSE 4 Nesta categoria, encontram-se depoimentos relacionados a melhora dos sintomas do estresse, que, direta ou indiretamente, interferem na qualidade de vida das pessoas: Eu era mais estressada; agora não, eu me sinto mais calma, relaxo mais, não me estresso com pouca coisa(...) (Depoente 9) Pra mim tanto faz como tanto fez, eu sou calma agora, tranqüila, não me zango com nada. Pra mim pode dizer o que quiser, pra mim não é comigo”. (Depoente 11). Eu estou mais em paz, em termo de tanta briga toda hora, me irritava. Agora sinto mais paz.” (Depoente 12). As práticas iogues, como os ritos tibetanos, consistem-se num método de autoregulação consciente que conduz à integração física, mental e espiritual da personalidade humana e possibilita relação harmônica do homem com o meio que o rodeia. Essa prática também traz melhora de sintomas relacionados ao estresse, promovendo relaxamento e maior sentimento de autodomínio(10). O exercício tem se mostrado tão efetivo quanto as técnicas mais tradicionais na redução dos níveis de estresse, com a vantagem de se evitar o uso de drogas. Quanto melhor o condicionamento físico dos indivíduos, mais favoráveis são suas respostas ao estresse(11). ELEVAÇÃO DA AUTO-ESTIMA Nesta categoria estão depoimentos que denotam confiança no modo de enfrentar os problemas, valorização pessoal e sentimentos de segurança: (...) Eu estou mais segura de mim mesma, estou mais confiante que eu posso ser alguém (...) (Depoente 8) (...) Estou deixando de cuidar somente dos outros, estou cuidando mais um pouco de mim.(...). (Depoente 9) A respiração correta proporcionada pelos ritos promove não apenas a agilidade do corpo, a vigilância do espírito e o equilíbrio mental, mas também uma capacidade maior do hemisfério direito do cérebro, ao qual compete a fantasia, a vida onírica e as capacidades criativas, conferindo sentido e alegria à nossa existência e à nossa individualidade. Respirar corretamente proporciona um acréscimo de energia ao corpo sutil ou prana, que mantém vivo o corpo psíquico(12). 5 A prática regular da atividade física tem sido associada a mudanças significativas nos estados psicológicos de humor, trazendo melhora à saúde psicológica e favorecendo uma visão positiva de futuro, estando relacionada à melhora da disposição, do ânimo, da energia, existindo sentimento de prazer ao realizá-la(13). CONSIDERAÇÕES FINAIS Consideramos como resultado desta pesquisa uma melhoria na qualidade de vida de mulheres, na faixa etária do climatério, após praticarem os ritos tibetanos, sendo esta alcançada através da amenização de dores osteoarticulares, aumento da flexibilidade corporal, assim como redução de sintomas relacionados ao estresse e à elevação da auto-estima. Com a redução das dores, principalmente as articulares, percebemos que a dor física reflete intensamente no bem-estar das pessoas, impossibilitando-as também de realizarem suas atividades cotidianas. Após a prática dos ritos, consideramos também que as atividades cotidianas foram facilitadas pelo aumento da flexibilidade, trazendo grande benefício para as mulheres no climatério, pois estas, freqüentemente, são acometidas pela osteoporose, doença esta que limita a movimentação corporal se não for tratada adequadamente. Da mesma forma, a irritabilidade, constituindo-se de um dos sintomas do estresse, ao ser amenizada, principalmente por meio dos exercícios respiratórios, refletiu-se como um fator positivo na manutenção da saúde mental dessas mulheres, assim como o resgate da preocupação com o autoconceito e auto-estima, manifestados por meio do desejo de melhorarem a imagem corporal e de sentimentos de autoconfiança. Tais resultados demonstram a importância da implementação de políticas de saúde pública relacionadas ao incentivo de práticas alternativas, em prol de estilos de vida ativos e saudáveis. Programas de divulgação sobre exercício físico desta natureza podem ser uma ferramenta efetiva no combate ao sedentarismo, principalmente se focalizar esforços no aconselhamento a toda população e ações para o incentivo e esclarecimento sobre este tema. Tais estratégias poderiam possibilitar que, após intervenções, fossem feitas reavaliações para determinar o real impacto destas políticas sobre a saúde física e mental da população. Futuros estudos que avaliem as questões compreendidas pela relação entre exercício físico e saúde poderão colaborar para a diminuição dos sintomas do climatério e melhoria da qualidade de vida de mulheres nessa faixa etária. Palavras-chave: climatério, ioga, qualidade de vida. 6 REFERENCIAS 1. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (BR). Censos demográficos [on-line] Brasília (DF), 2000. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ home/estatistica/populaçao/ default_2000.shtm> Acesso em 20 mar 2006. 5. Brunner LS; Studdart DS. Tratado de Enfermagem Médico -cirúrgica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara KOOGAN, 2002. 3v. 1533 p. 2. Fernandes CE. Sumário das questões à deficiência estrogênica: Curso de atualização em climatério. Associação Brasileira de Climatério, 1996.p 44. 3. Queiroz MS. O itinerário rumo às medicinas alternativas: uma análise em representações sociais de profissionais da saúde. Cad. Saúde Pública. [periódico on-line] 2000,16(2): p.36375.Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo>. Acesso em 13 mai 2006. 4. Kelder P. A Fonte da Juventude. São Paulo: Best Seller; 2004. 382 p. 5. Thiollent M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986. 108 p. 6. Thiollent M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986. 108 p. 7. Silva GD; Lage, LV. Ioga e fibromialgia. Rev. Bras. Reumatol. [periódico on-line]. 2006, 46(1). p: 37-39. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em 26 Ago 2006. 8. Cadore EL, Brentano MA, Kruel LFM. Efeitos da atividade física na densidade mineral óssea e na remodelação do tecido ósseo. Rev Bras Med Esporte. [periódico on-line]. 2005, 11(6): p. 373-379. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em 07 Out 2006 9. Farias JC, Barros MVG. Flexibilidade e aptdão física relacionada à saúde. Rev. Assoc. Med. Bras [periódico on-line]. 1999, 3 (2): p. 34-43. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo >. Acesso em 09 Out 2006. 10. Andrade RLP, Pedrão LJ. Algumas considerações sobre a utilização de modalidades terapêuticas não tradicionais pelo enfermeiro na assistência de enfermagem psiquiátrica. Rev. Latino-Americana. Enfermagem. [periódico on-line]. 2005, 13(5): p.737-742. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em 26 Ago 2006. 11. Nunomura, M; Teixeira, LAC; Caruso, MRF. 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Acesso em 11 Out 2006. *Acadêmica de Enfermagem da NOVAFAPI [email protected] **Acadêmica de Enfermagem da NOVAFAPI [email protected] ***Acadêmica de Enfermagem da NOVAFAPI [email protected] ****Acadêmica de Enfermagem da NOVAFAPI [email protected] ***** Professora Mestre da Faculdade NOVAFAPI e FACID [email protected]