wvamba ultimo teste

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wvamba ultimo teste
A CAPA:
EVAMBA
Bengo
Benguela
Bie
Cabinda
Cuando
Cubango
Cuanza Norte
Cuanza Sul
Cunene
Huambo
Huila
Luanda
Lunda Norte
Lunda Sul
Malanje
Moxico
Namibe
Uige
Zaire
História da Casa de Ogun Lode e Oxum Apara
ÁFRICA , PERÍODO DA ESCRAVATURA
A História registra o período da escravatura de forma geral e alguns historiadores e
pesquisadores adentram um pouco mais neste ou naquele ponto.
De nossa parte vamos somente fazer um paralelo entre o que se tem registrado de nossa
herança africana em linha direta de acordo com a cultura Bantu e Sudanesa.
Então o negro que aqui chegou veio com todos os seus costumes e crenças que praticava
a medida que as circunstâncias assim o permitiam. Mesmo assim até nossos dias ainda
se pratica atividades inteiramente africanista dando um exemplo da resistência e da
nossa fidelidade para com nossos ancestrais.
BANTU ( fonte : Federação Baiana do Culto Afro- Brasileiro)
Mona Andazo, Africano que recebeu o nome no Brasil de Roberto
Barros Reis Iniciou nos segredos dos cultos a Sra. Maria
Genuveva do Bonfim nascida em 1.865 falecida em 1.945 na
Bahia que recebeu dele o nome de twembe Dya Nzambe filha de
Nkisi Tigogngo.
Esta Sra. Ficou conhecida como Maria Nenem. Ela fundou o
terreiro Tumbensi em Baru, transferido mais tarde para Pau Javá,
depois para Cabrito, depois para a Fazenda do grande Retiro,
depois novamente voltou para Baru, onde hoje funciona o terreiro
do finado Rufino.
Hoje quem cuida dos Santos de Maria Nenem é Manoel
Boiadeiro, Tata confirmado para tal, funcionando na rua Dr.
Pedro Araujo n º 82 Fazenda Grande.
Maria Neném deixou aproximadamente 300 pessoas iniciadas.
Entretanto dois terreiros ainda funcionam até hoje: TERREIRO
MANSU BANDU KENKE, conhecido como BATE FOLHA e
TERREIRO TUMA JUNÇARA. .
Bate Folha foi fundado por Manoel Bernardino da Paixão em
1.916 na Mata Escura do Retiro. Com a morte de Bernardino Bate
Folha sucedeu-lhe Antônio José da Silva cuja djina era
Bandangwama, Este passou para Pedro, depois para João da Silva
e atualmente sob a responsabilidade do Sr. Eduarlindo
Crispiniano de Sousa.
O Terreiro Tumba Junçara foi fundado por Manoel Rodrigues do
Nascimento, o KATAMBI e Manoel Ciríaco de Jesus, iniciados
por Maria Neném em 1.910. Esta casa também mudou de local
saindo de da rua Campo Grande indo para Baru, depois para o
Alto do Corrupio n º 38 Vila América, Vasco da Gama. Katambi
iniciou Maria José de Jesus, a Mona Lubidi mais conhecida como
Daré Lubidi. Com a morte de Katambi, Manoel Ciriaco assumiu
que também faleceu em 13/02 de 1.965. Lubidi assumiu a
liderança até 30/10/ de 1.988 quando faleceu. Atualmente a
sucessora de Lubidi e a Sra. Iraílda Maria da Cunha, conhecida
como “Mensuenji”.
Destas duas raízes surgiram todos os outros terreiros de angola do
Brasil que se tem registro. Por exemplo:
Terreiro Malembá de Maria Rufina ou Mariquinha de Lemba
como era conhecida em Ondina, antiga areia preta. Que passou
para Gonçalo, que passou para Teodina Alves de Castro, que
passou para Fernando Alpiniano de Melo, que funciona hoje à
Rua Voluntários da Pátria n º 73, Lobato, Suburbana.
Terreiro Unzó Mutageremim, tendo à frente Angelina Santana,
iniciada por Doroteia que foi iniciada por Nicassio Manoel dos
Reis, que passou depois para Banacô.
Por volta do mês de Abril de 1.960, Doroteia veio a falecer
ficando no cargo Dona Angelina, nesta época morava na Baixada
da Torre em Brotas. Atualmente o Terreiro funciona na praia do
Forte na Rua da Rodagem, Barra da Pojuca.
Outro Terreiro importante foi o de Onzó Tata Mauendi, cujo o
fundador foi o Sr.Constancio Silva e Sousa, que foi sucedido pelo
filho carnal Gregório Makuendi,que foi sucedido pôr Romana
França de Sousa, conhecida como “Roxa”, que foi sucedida pôr
Balangue
(Heloísa França de Sousa). Deste Terreiro não se tem mais
notícia, sabia-se entretanto que funcionava na numa pequena casa
na Ladeira do Caxundé.
Outro Terreiro que faz parte das Grandes Raízes que geraram o
que hoje se tem de Angola foi o Terreiro de “Kalebetan”. Da
Nação de Muxicongo foi fundado por Maria Santana Coquejo
Sampaio Mameto Malandizambi, conhecida como “Maria do
Calabetão”. Dali saiu a Sra. Juvita Sousa Santos, com o Terreiro
na rua Virgílio Gonçalves 20/A Pero Vaz
Liberdade. Outra
pessoa que também saiu desta Casa foi o Sr. Esmeraldo Emetério
de Santana, figura extremamente conhecida e respeitada que vive
ainda hoje na Bahia sendo sem dúvida uma das maiores
autoridades para se falar das raízes do povo se Santo de raízes
Angolanas no Brasil. Ele é conhecido por “BENZINHO”. Foi
Presidente da FEDERAÇÃO Baiana do culto Afro-Brasileiro,
fundada em 24/11/1.946, funciona hoje em Salvador
no
Pelourinho à Rua Alfredo Brito 39 primeiro andar.
Assim sendo pode-se dizer da nação de Angola hoje quem não é
filho de Bate Folha o é de Tumba Junçara, uma vez que as duas
que vieram de “MARIA NENEM” e geraram todas as outras,
inclusive o conhecido Joãozinho Da Goméia.
Da raiz de Marinhinha de Brotas é que veio a Mãe Paulina de
Oxossi que iniciou a Mãe Gloria que hoje é titular da Casa de
Ogun Lodé e Oxum Apara que com a morte de Mãe Paulina tirou
a mão de Vumbe com a Iyalorixá Mãe Sílvia de Oxalá Filha de
Pai Caio de Xangô, que foi iniciado por Mãe Gilu “CASA
BRANCA”, Que por sua vez foi iniciada por BOMBOXE, que
iniciou Mãe Aninha, que iniciou Mãe Senhora. Com a passagem
de Pai Caio a Ekede Angelina repassou os conhecimentos que a
jovem Iyalorixá iria precisar para ser a Líder do AXÉ ILE OBÁ.
Mãe Silvia recebeu também a ajuda do Pai Air “PILÃO DE
OURO DE OXAGUIÔ, filho de Mãe Caetano, que era filha de
BOMBOXE.
Ogan Geraldo fui iniciado por Geraldo Augusto de Oxalá, filho
do Tateto Orladino Pimentel do Rio de Janeiro, dos tempos idos
de Tata Fomotinho, Joãozinho da Goméia Tata Ciríaco de Omolú
e fui confirmado pelo Babalorixá Sr.Cesar de Oxalá que foi
iniciado pelo Babalorixá João de Ogun que foi iniciado por Tata
Fomotinho.
Hoje
tem
como
seu
zelador
Babalorixá
TOSSYNANDÊ que tem a seguinte história: (Existiu uma
fazenda em Cachoeiro na Bahia que se chamava“ FAZENDA
DOS VENTURAS”. Seu dono Manuel Ventura era filho de
SOBÔ. Sua esposa, Maria Angorençe era de Bessãe e foi a
primeira filha de Santo de da Mãe do JEJE MAHI da Bahia,
LUDOVINA PESSOA DE OGUN TOLU. Ela foi quem trouxe
para o Brasil os Exus XEROKÊ, o guardião dos VODUNS e Exu
TIRIRI, o guardião dos ORIXÁS. Do oitavo barco de Angorençe
foi que nasceu o TATA FOMOTINHO DA OXUM DEUI, de
quem todos falam mas poucos sabem de onde ele veio. De
Cachoeiro Tata Fomotinho levou o JEJE para o Rio de Janeiro,
onde se instalou. E sempre bom lembrar que Tata Fomotinho foi o
iniciador de Pai Jão de Ogun que todos o povo de JEJE aqui em
minas ouve falar, mas também só os mais velhos conseguiram
reconhecê-lo.
Da Raiz de Tata Fomotinho também saiu, mesmo que de forma
indireta o já falecido Geraldo Augusto de Oxalá, aquele que
iniciou o Tateto OGUNJALAGBÔ, de quem herdou a casa,
juntamente com sua esposa Mãe Glória. O Ogâ Geraldo de Ogun.
Como todos nós por força do Orixá sempre voltamos à origem,
hoje o zelador do referido ogã é, com muita honra, o Sr.
VAUSTENIR. Mas quem é esse Vaustenir? alguém já ouviu falar
este senhor Vaustenir Nascimento? é, acho que não,
não é
mesmo? pois é, ele é dono de uma linda medalha da COMENDA
merecida pelos seus serviços prestados à sociedade. Agora se
falarmos assim quem conhece o Babalorixá TOSSY NANDÊ?
agora sim todos conhecem. Pois é ele e o senhor Vaustenir são a
mesma pessoa. É que a pessoa quando se dá ao Santo incorpora a
sua nova (antiga) identidade que o seu antigo (novo) nome passa
por despercebido.
Falar dos serviços prestados pelo Babalorixá Tossy aos
candomblecistas, principalmente de Minas é deprecia-lo porque
estaria falando menos do que o que ele merece dado aos inúmeros
atendimentos que ele se dispõe a fazer para qualquer pessoa do
Santo que se encontre em dificuldade espiritual, e o que é mais
interessante é a sua diversidade seu conhecimento se perde dentro
das várias nações do candomblé. Parece que ele “nasceu p’ra
coisa”. Ele é filho de ADUEFÃ de AZUANI (Valdomiro de
Xangô), do Parque do Fluminense nação
FONKETU. O seu
Santo saiu na sala na Muzenza, (nação de angola) isto devido ao
seu Orixá de Ory.Com a morte de seu iniciador, ele ficou da caída
do Kekê até o último Rumblê aos cuidados ZÉ MAKU, o OJO
TORUECY, filho de Tatá Fomotinho em São João do Miriti. Daí
para cá seu Santo era tratado pelo ‘recém falecido, Ogã Menan de
Odé, filho carnal de Berençe de Agué que foi o primeiro AGUÉ
do Rio de Janeiro, filho de Tata Fomotinho, fato ocorrido em São
João do Miriti). (fonte: Federação Baiana do Culto AfroBrasileiro)
Então pelo lado da Mãe Glória, temos a seguinte linhagem:
Mona Andarezo
Nkice Tingongo
Mançu Dende Kenke
Tumba Junçara
Marinhinha de Brotas Maria Paulina Mãe Silvia e Mãe Glória da Oxum.
É evidente que se fossemos aqui adentrar na cultura sudanesa que não é o nosso
propósito neste trabalho teríamos que estar aqui também falando de “Tio Rodolfo”,
Bomboxe , o Essa OBIOTIKO que iniciou Aninha, a IYA OBÁ BIYI, que iniciou
Senhora da Oxum que fundou o Terreiro de Opo Afonjá e que iniciou Mãe Ondina , que
iniciou Mãe Stela de Oxossi, ‘Odé Kaiode, que hoje é a titular do Opo Afonja.
Mas o que mais me interessa neste trabalho é falar daqueles que não apareceram durante
o curso da história e que entretanto pertencem ao povo Bantu. Eu me refiro à linhagem
sanguínea direta por exemplo da minha família.
O Pai Geraldo ou Cota Geraldo ou Tatetu jalabo é filho Sr. Serafim, negro falado e
respeitado na região de Rio Casca, procedente do Rio de Janeiro que está sendo
reverenciado no livro por mim escrito ainda em forma de pesquisa cujo título é “Da
África até a África”. Aquele que interessar mais informações sobre este trabalho é só
contatar-me. Meu grande objetivo é descobrir porque consigo curar as pessoas com um
olhar, com um gesto, com uma palavra, com um copo d’água e etc, sem que para tal não
preciso de nenhum embasamento científico. É evidente que essa coisa não acontece ao
meu comando, até muito pelo contrario, se a vaidade operar em si de nada adiantará um
copo d’água que eu oferecer a uma pessoa, mas por outro lado se eu permitir que a coisa
flua com naturalidade aí os resultados são surpreendentes. De onde terá saído este Dom
que a todos assusta. O meu carisma tem sido objeto de crítica e isto veio me intrigando
durante a vida e eu, Ogã Geraldo venho investindo o que tenho e posso para descobrir a
verdade deste povo humilde que de forma nômade veio do Rio de Janeiro até Belo
Horizonte no Estado de Minas Gerais.
Com o passamento do Pai Geraldo Augusto o jovem casal Pai Geraldo e Mãe Glória
assumiram plenamente a casa que viria ser o que hoje é.
Todos os ensinamentos foram passado por Pai Geraldo e isto nos facultou o acesso e ao
desenvolvimento da Cultura Bantu em toda sua plenitude.
Tudo que se podia realizar em uma roça de Santo eles realizaram.
Apresentação
Do século XII até o século XXI muitas transformações ocorreram em África assim
como no mundo ocidental.
O processo de colonização e o processo bélico deturparam os costumes e tradições
Africanas. A considerar a condição em se submeteu o Africano até a travessia do
Atlântico nos dá a certeza de que não há a mínima condição da união das diversidades
tradicionais e muito menos a pureza das atividades culturais.
Portanto, sair de um período tribal e chegar hoje no terceiro milênio também seria um
grande desafio tentar descrever e condensar os fatos durante todo esse período.
Logo seria uma pretensão esperar que esta obra pudesse atingir tal objetivo.
No entanto os fatos marcantes alusivos ao tema circuncisão serão aqui abordados e para
tal alguns cuidados foram levados em conta: A cultura, o período, a tradição, e aí vem a
família, a comuna, a província e o país. Alguns dos cuidados:
De nada adiantaria revelar os atos que aparecerão no corpo dessa obra não fosse para
demonstrar o quão infinita é a forma da imagem de DEUS para o povo Africano.
Quisera que os Ocidentais pudessem possuir como tão sublime ideia de Deus como
CRIADOR de todas as ciosas. Bom seria se aprendêssemos um pouco com esse povo.
Suas práticas aqui expostas são de pura entrega na busca da perfeição Divina. Conforme
Rufino Waway Kimbanda “Desde os anos 80 do séc.”. XX essa prática foi denunciada
pela Organização das Nações Unidas (ONU), que estimava em 70 milhões as mulheres
mutiladas.
De lá para cá proliferam denúncias que chegam aos ouvidos da comunidade
internacional praticamente de modo esporádico e tímido, sem organização de luta. No
entanto, a excisão continua nos "bastiões tradicionais" que defendem o paradigma de
“identidade imutável” e enclausurada no esquema do poder patriarcal que explora a
mulher africana.
O lugar ocupado pela mulher naquelas sociedades e a visão que as mesmas têm da
sexualidade feminina é como se ela fosse a reprodutora do amor do CRIADOR aqui na
terra. O autor entende que a justificativa de tal prática tem um fundo mítico-religioso
profundo. É um ritual sacrificial de iniciação de características machistas, uma vez que
a sociedade negro-bantu é de caráter hiero-antropocêntrico. “A esta hipótese, acrescenta
a de que tal costume se destine a regular a relação conjugal homem-mulher no
casamento.”
Para o Bantu a figura de DEUS é indizível, impensável, não se materializa de forma
alguma, mas que é essencialmente concebida como a maior expressão do AMOR. Amor
esse como dádiva maior que se poderia dividir com o outro.
A natureza nos condena a viver de velhice. Se assim não o somos é porque nós mesmos
nos distanciamos de Deus e do nosso próprio interior. Em todo germe da vida
encontramos o germe da inteligência cujo limite é o infinito.
A mais recente divisão do amor Divino prolongando à sua criação é o ser humano.
Mas o AMOR DIVINO é tão límpido que pelo simples fato de Dele tirar de Si parte
para criar essa criação já surge esta com mazelas, imperfeições com desvios
infinitamente grandes diante da grandeza do Criador. Esses desvios nos levam a mortes
prematuras fazendo com que o nosso espírito seja novamente recolhido à sua origem
para se reciclar e retornar mais adiante com outra missão, agora de refazer a sua última
estadia aqui na terra fazendo a caridade a quem dela necessitar apurando desta forma a
sua existência terrena.
Não sabemos sequer a forma e nome o nome verdadeiro do Criador, mas sabemos o
espaço que nos envolve chama-se Infinito. Sabemos também que o movimento perpétuo
que denominamos tempo, onde tudo começa e finda e que também se chama infinito.
Onde está o limite da vida? No infinito. Achando o infinito pluralista, os Bantu
entenderam que entre a pureza celestial e o ser vivo existe uma Divindade capaz de
controlar os fenômenos naturais e servir de referência para os seres vivos pudesse
chegar ao Criador.
A essa Divindade ele, o Bantu deu o nome de Ktembu.
Ele está acima do ser vivente e abaixo Criador. Assim sendo justifica o porquê esta
Divindade ser “o Pai do Bantu”. Ele é o sol, a noite, o dia, a chuva, a tempestade, o
movimento universal e etc. Sua cor é a Branca que resume a união das demais. Quando
se quer ver o tempo basta olhar para cima não é mesmo?
Por isto em toda Casa de Cultura (e só nelas) Bantu existe obrigatoriamente uma
bandeira branca o mais pendurada em um mastro o mais alto possível. Ela também dá a
orientação a seguir os Bantu de acordo com a movimentação do vento, Já bem que nas
casas de cultura Bantu sopra-se a pemba branca para cima. É com a intenção de com a
bandeira e consequentemente com o Ktembu podendo através dele alcançar o Infinito, o
Criador.
Do Criador ter concedido à mulher a dádiva de poder gerar um ser semelhante é que
sustenta a nossa tese de que a excisão e a circuncisão é a preparação para aproximar do
ato divino de poder reproduzir outro ser. Assim a mulher deve ser o mais puro possível.
Dito isto, posso seguir sustentando o meu pensar dando conta de que a criação é a
imitação da doação Divina. Para o ser humano essa dádiva foi legada à mulher. Só ela
pode reproduzir de si um ser semelhante a si. Assim como fez o Senhor.
Nesse aspecto o fenômeno da Criação humana na ótica dos Africanos tem essa
consciência de que um ser novo deve ser cercado de todos os cuidados para não ser
maculado com as impurezas terrestres. Nós, norteados pela lei Divina deveríamos viver
eternamente, mas não o vivemos devido aos nossos descaminhos que comprometem o
nosso equilíbrio maior, o AMOR.
A mulher por isto tem toda proteção da aldeia quando está concebida, pois dela nascerá
um novo ser e ela deverá estar limpa para que o novo ser nasça também o mais limpo
possível.
Introdução.
Homenagem à Mãe África
"Uadila Mama Afrika - Chora Mãe África" "Uadila Mama Afrika, kukata ria an'e
makanga, jimbundu ria Ngola, Kongo ni Mosambike, nanhi ai kal'abika kukudisa mu
Brazil. Uaximana mu Nzambi Apongu Mama Afrika, ko kuta-iambu kixikanu oko ni
kudim'e ko kuxa moxi iu ixi. Uadila lelu, Mama Afrika, kukata ria an'e makialelu, ko
afua ko kutonga, ko nzala ni ko musonde ria malunda, ihi abindamene ko iluanji.
Uatuka, Mama Afrika, ria matóku'e, nanhi mulunge mam'onene ihi uatena kukala.”
“Chora Mãe África, a dor de seus filhos distantes, negros de Angola, Congo e
Moçambique que vieram como escravos fazer crescer o Brasil. Agradece a Deus Mãe
África, por ter preparado a sua religião e sua cultura para perpetuar-se nesta terra. Chora
hoje, Mãe África, a dor dos seus filhos atuais, que morrem pela guerra, pela fome e pelo
afastamento de suas tradições, a que foram obrigados pelos Conquistadores. Ressurja,
Mãe África, de suas cinzas, como a grande mãe vitoriosa que ainda pode ser.”
O País Angola é muito grande fisicamente (i), para alem da grandeza ancestral entre
outras.
Desta forma quando se fala Angola de Cabinda ao Cunene, é como se diz no Brasil, do
Oiapoque ao Chui. Isto é, de norte a sul.
Então ao se desenvolver um trabalho a que se propõe é necessário que foque em uma
determinada região.
Isto quer dizer que o mesmo trabalho poder-se-ia realizar de norte a sul de Angola
diferenciando apenas as regiões e os seu dialectos e alguns costumes locais. A base
sempre seria a mesma.
A capital de Angola, Luanda, deverá ser o nosso ponto de partida, pois lá residem povos
de todas as províncias, que de lá vieram por motivos bélicos.
Alem disso é mister que se localize qual província será objeto do estudo e mais, qual
Comuna, qual aldeia e por fim qual família. Desta forma, erra-se menos.
Cabinda os segredos do nascimento
Serão envolvidos neste livro:
1. Mitologia Cabindiana. (antes da criação do universo)
Evolução Mitológica - depois da criação do universo Divindades Atuais na terra
2. Os eventos tradicionais são
O alembamento - O casamento - A Fecundação
O pré- Natal - O parto - O nascimento - O pós- Parto - O resguardo = A pediatria
A Mitologia CABINDIANA
KUITI-KUITI = Nzambi Mpungu, Que fez a si mesmo.
Apresenta-se como filho de Deus Homem. Seus irmãos: Nkunda Mbaki Nranda,
Mbozi. Mbozi tornou-se mulher e irmã de Kuiti Kuiti, Nasceram desta união: Ne
binda Ne boma e Nkanga, filhos dos dois. Mbozi teve um filho com Nkanga, Desta
união Nasceu Bunzi (pré maturo), Mbozi teve com Né binda Né bomda três filhas:
Lusunzi, Muemba e Lunga.
Quanto às responsabilidades:
KUITI KUITI Criou a si mesmo. É o filho de Deus que já nasceu velho. Seus nomes:
Nzambe-Mpungu / Uivanga Naveka. MBOZE Representa a beleza e a sugeira.
Ora apresenta bem vestida ora maltrapilha.
LUSUNZI doutrina a verdade, os sistemas sociais, a moralidade, promotora das leis que
regem os atos da vida moral. Até hoje várias atividades são orientadas segundo suas
leis.
NKANGA (Marido da própria irmã). Preside as grandes cerimônias governa,
espiritualmente as terras de Kingagaka, Ngoio, Kankatu e outras.
MVEMBA É irmã de Lusunzi e Bunzi Responsável pela grandes calamidades.
LUNGA Irma de Lunsunzi Habita as pequenas florestas das margens dos rios.
BUNZI OU MBUNGI Filho de Nkanga e Mbozi. No seu próprio nome está o seu
reino,O NEVOEIRO. MPANGI Filha adotiva de Lusunzi Representa a pedra Npangi
espírito protetor. Nkunda Nbanki Nranda Irmão de Kuiti Kuiti e marido de Nranda
– Nkunda é o DEUS da Chuva. Possui uma calda que se aponta para o céu chove se
para o chão não chove.
MAKUNKU Filho adotivo de Lusunzi O Deus das preocupações. Tem poder sobre
o movimento do SOL. Para o tempo para auxiliar aquele que está necessitando.
(curiosidade: Bíblia livro de Josué, X12,15).
Houve desta ligações amorosas desenfreadas, momentos de ciúmes e de vingança
recheadas de mortes e de ressucitações pelas traições de Mbose em relação a KuiteKuite.
Divindades Atuais
Já se começa a perceber algumas Divindades que ainda são cultuadas mesmo sendo aqui
no Brasil.
Os filhos adotivos de Luzunzi.
(Ngoio) Vela-ke Lusunzi (andrajoso e pobretão)
Mbaki Lukola-LiMpangi (riacho do Lukola)
Mundala Mpangi (riacho do Lukola)
Kinkinda (riacho do Lukola)
Kilili na Muanda (o que bebeu comeu da língua Nbinda)
Kimpukulo Kinsunda (habitava várias regiões)
NZAMBE MPUNGU (Deus todo poderoso)
Nzambe Mvangi (Deus Criador)
Nzambi Keba (Deus Providência)
Bakisi – Basi (as forças benfazejas da natureza) são semi- deuses.
O Nganga é quem define o Bakisi nsi, o Nkisi da terra.
ZINDUNDU (albinos)
BASIMBA (gêmeos)
NSUNDA (aquele nasce colocando primeiro as pernas para fora).
KILOMBO (revelam sonhos)
VIMBU (do verbo Kuvimba= inchar, engrossar está ligado à morte)
Bandoki (os comedores de alma)
Nlunda Kondê (Kondo) = nkose (espírito do ódio, da vingança.
Luzunzi é o maior dos Bakisi-Bazi e seu sacerdotes tem os seus assentamentos.
O ALEMBAMENTO
Uma das leis que LUSINZI (aquele que tinha duas caras em uma só cabeças)
DEIXOU PARA SE CUMPRIR.
Proibido o ato de relação sexual no chão, ou com portas e janelas abertas,
Proibida a relação sexual com uma jovem ( KinKupa), sem que tenha ela passado
pela cerimônia do Kualama ( casa de tintas)
Proibida às mulheres nos seus períodos, a terem relações sexuais com seu marido,
assim como cozinhar para ele.
Proibição das relações sexuais entre parentes assim como
parentes.
Proibida divulgação entre o casal das suas confissões íntimas.
Entre outras.
do casamento entre
Então o que é o alembamento?
É o processo de se arranjar esposa. O rapaz gosta da moça, valorizando muito os dotes
de trabalho da mesma do que os dotes de beleza física. Então uma prenda é oferecida a
moça.
Em ela aceitando é marcada uma reunião com os familiares. Novas prendas são
oferecidas. Cada oferta abri uma porta do consentimento. Até que se dá o ZIBULA
MUNU e o pedido fica então aceito.
Bem, se moça já tiver passado pela casa de tintas, (o kualama) inicia-se o processo de
pagamento das prendas para o casamento. Mas se não tiver passado pela casa de tintas
terá que fazê-lo antes do casamento.
O casamento
Após o kualama (o passar pela casa de tintas pela mulher) a mulher é entregue ao noivo.
Depois da cerimônia, até chegar em sua casa ela não pode pisar no chão em respeito aos
nkisi nsi da fertilidade. A última noite de solteira a moça passa com as amigas. O
pretendente dá então a ultima parte do alembamento:
O Nlandulu Kikumbi zibula munu (abrir a boca). Agora a moça já pode falar com ele, o
que não era possível antes.
Depois então vem o cortejo e é fundamental.
Nzaka makanza bala (cerimônia para o irmão do noivo).
Tambuziana itata(cruzamento da saliva) Um prato de comida é feito na casa do noivo e
ambos (noivo e noiva) devem comer da comida, cuspir no prato a passar para o outro,
assim fica claro que não há nojo entre os nubentes.
O bisuali bibuemba (lenha da gravidez) apanhada para cozinhar os banhos ritualísticos
durante o período do parto e que tambem terá suas cinzas utilizadas para fazer a criança
dar os primeiros passos.
O ato sexual é abençoado por Nkisi nsi (Nkoza mangaka) higienização sexual apurada e
a primeira noite, tem cerimônia das duas cabaças. Elas vão informar se a noiva era
mesmo virgem. Em cada uma delas contem líquidos diferentes que ao ser atirados do
lado de fora todos saberão se a noiva era ou não virgem.
Nzo-Mpilo (casa onde a mulher vive nos períodos de menstruação) nestas épocas ela
não deve dormir com o esposo e nem cozinhar para ele.
A
FECUNDAÇÃO
Enquanto não vem a gravidez a mulher quando está menstruada não pode morar e nem
cozinhar para o marido, visto que alimentação é sagrada, ela passa a morar em uma
outra casa chamada Nzo-mpilo...
Tomando conhecimento da gravidez, é invocado Mbenza (feiticeiro que foi consagrado
sacerdote Mbenza, o deus da proteção das grávidas).
São invocados tambem.,
Mamazi, Malazi, Kobo, Kivunda, Entre outros.
A função deles é guardar e proteger as criancinhas já antes do parto, dos maus tratos
dos BANDOKI que são os matadores, comedores de almas.
Mbenza coloca na cintura da parturiente um guizo preso a um fio cordão que alem de
um pendão da erva ZIKA-ZIKA para evitar o parto pré maturo e que ela deverá usar até
o dia do parto.
A função do guizo é a de informar a todos que aquela mulher está grávida e todos
devem dispensar-lhe todo apoio.
As relações sexuais daí para frente, são controladíssimas. E quanto mais se aproxima a
data do parto mais cuidadosa ela tem que ser.
Pré natal
Desde o início da gravidez, o marido vai juntando peixe seco, carne de caça para
alimentar o povo na época do parto.
A mulher ajuda no preparo do alimento que será servido a todos que participarem do
parto.
Se a mulher não der a luz, apesar de todos os cuidados, supõe-se que o marido ficou
devendo algo do ALEMBAMENTO.
Então, o pai da parturiente interfere e o depois que o marido paga o restante do
alembamento então o pai volta abençoar a filha desta forma com as seguintes palavras:
“MIOLO-MIOLO, MASALI-MASALI. MUANA BUTA-MUANA LELA,
LEBUTI INKIETO, I BÁKALA”.
O que quer dizer: fica bem de saúde, és minha filha que de mim nasceste e que ti trouxe
no colo, vão te nascer filhos femininos e masculinos.
Depois ele toca com a mão direita no pé esquerdo e com a mão esquerda no pé direito.
Depois coloca a mão direita no sovaco esquerdo e a mão esquerda no sovaco direito.
Depois une as mãos e estende para a filha dizendo” UPU! soprando a mão.
A filha responde: IOBO!. Isto se repete três vezes.
Se a mulher teve relações com outro homem deve procurar a Ngana – funza (sacerdote
feminino confessará que teve esse ato), principalmente se estiver grávida.
Se ela não fizer a confissão, o filho que espera nasce morto.
É tambem costume estocar lenha para as lavagens e para cozinhar durante o período do
parto. Torna-se forma de se saber se em uma casa a mulher espera filho verificar a
quantidade de lenha que aquela família tem em estoque.
Relação sexual, só de costas para o marido para não ofender a criança...
Os cargos dos parteiros são ocupados por sacerdotes e o número vai depender das
complicações de cada caso.
•Nganga Malazi Corta os cabelos e lhe pinta o corpo com uma tinta colocada em uma
espécie de cesto chamada de pó de TUKULA.(tinta de cor avermelhada preparada a
partir da entre casca de uma espeçie de sândalo, o TAKULA,
Pterocarpus tinctorius,
do gênero do pau de sândalo).
•Outros, vestem a parturiente com uma túnica pintada com tukula.
O trabalho de parto é assistido pelos representantes das divindades alusivas `a matéria.
•Se um ramo de palmeira for colocado na porta do lado de fora significa que a criança já
nasceu. Se não todos aguardam.
O Parto
Os fatos ocorridos durante o trabalho de parto irão dar destino à vida da criança. Todas
as nuances são explicadas por pessoas diretamente responsáveis para o assunto
específico.
Se o filho nascer morto, explica-se.
Se parto é difícil, vários homens seguram a mulher pelas costas e pelas pernas, abramnas enquanto outros tentam tirar o bebê com as mãos dilatando a vagina até que a
criança saia. Se nascer gêmeos, explica-se (tem tratamento especial).
Portanto, o nascimento é o reflexo do cumprimento das leis de sobrevivência inspiradas
por LUSUNZI, inclusive os deveres do alembamento.
Ao terminar o parto a folha da palmeira é colocada do lado de fora da casa, é o sinal de
que tudo está sob controle e que a criança já nasceu.
O corte do cordão umbilical (vuba ikumba kimuana)
(a mãe da parturiente sempre que possível acompanha o parto)
Mede-se até a altura do joelho da criança e os corte são feitos com o auxílio de um
capim lukengunzó (navalha). Depois da queda do umbigo, coloca-se no local a cinza de
nkunza uma qualidade de capim.
A criança não sai da tenda sem antes passar por uma série de cerimônias ritualísticas,
inclusive a consagração ao Nkisi-nsi, (a iniciação começa aí, já que outros atos
iniciáticos ocorrerão ao longo da vida). A mãe tambem é assistida pelas parturientes.
A cerimônia da APRESENTAÇÃO:
Neste momento a criança é consagrada ao Nkissi e apresentado pelos chefes de
cerimônia ao público. Muita comida, muita festa e os curandeiros fazem, em grande
pompa, a apresentação da criança ao povo.
Nesta mesma cerimônia é dado o nome da criança a todos os presentes.
Durante a convalescência ela toma pelo menos dois banhos por dia.
Esses banhos quase sempre são assistidos pela mãe da parturiente.
Amigas e vizinhas ajudam nas tarefas caseiras. Os banhos são à base de ervas próprias
para a ocasião.
Toda essa comitiva é sustentada pelo pai.
Se é o primeiro parto esse tempo pode durar até seis meses.
Existem as cintas para recolocar os órgãos internos no lugar.
Os banhos ritualísticos são acompanhados dos banhos de fogueira que fazem com o que
a pele da barriga e das costas não fiquem com rugas.
Todas nuances advindas no resguardo são consultadas aos Nkissi
Pediatria
Com a sobra da lenha é consagrada ao (bisuali malu mamadokonuana) os primeiros
passos da criança.

Se a criança não anda deve ser feita a cerimônia do madoko-Doko (chamar os pés).
Somente a mulher que havia tido gêmeos podia fazer a criança a andar. Ela passeava
diante da aldeia até que a criança fosse abençoada pelo Nkissi que agraciou a mãe dos
gêmeos com dois filhos. Os primeiros leites não são dados à criança. São atirados fora.
Os filho gêmeos, recebem tratamentos especiais por todos na aldeia. O Bikelê (cinta
com guizos pendurado na cinta da criança) anunciava que aquela que o usava era gêmeo
com outro.

A mãe nunca deve chorar se morre um dos gêmeos, pois o outro morrerá tambem.
Depois do nascimento, agora todos os mais velhos são igualmente responsáveis pela
criação daquela criança, e a criança deverá chamar a todos de papai e mamães, sem
distinção.
Momentos de reflexão para meus irmãos Tata dia Nkisi e irmãs Mameto dia Nkisi.
Falou-se em gravidez, mera coincidência se afinar com o processo das primeiras
obrigações antes da iniciação propriamente dita.
Da mesma forma o cordão de guizos será que nós também não o utilizamos em nossas
cerimônias.
Falou-se cortar cabelo, pintar o corpo, banhos ritualísticos. Não serão aqueles que
realizamos também?
O próprio nascimento, será que quando nasce uma muzenza não ocorrem aqueles
mesmos rituais?
A cerimônia do nome, terá ou não alguma afinidade com aquela realizada nas saídas de
muzenzas em nossos rituais?
A cerimônia do caminhar, não terá o mesmo significado dos sete meses de resguardo da
muzenza?
Enfim, espero que este parte da obra possa trazer algum fruto para nossos irmãos que
por algum motivo não tiveram ainda a oportunidade de atravessar o atlântico para beber
daquela água do outro lado.
Que Nzambe abençoe a todos.
E quanto às divindades? Quais seriam as que vieram antes daquelas que normalmente
conhecemos como divindades mais cultuadas
Então, desde o período tribal o tradicionalismo é preservado e da mesma forma que
chegou até nossos dias, nós assim o conservamos.
• O Nkisi, plural Jinkisi e eles estão aí cantados em verso e proza em todos os
candomblé de Angola.
• Hongolo - O Senhor do Arco-Íris / Kabila - O Pastor / Kaitumbá - A Rainha das
Águas Salgadas / Katendê - Senhor das Folhas / Kaviuna / - O Senhor da Ráfia /
Kitembu - O Senhor do Tempo e Patrono da Nação Angola / Lemba - O Senhor da
Paz / Matamba - A Rainha dos Ventos e das Tempestades / Mutakalambo - O Caçador
/ Ndanda Lunda - Senhora dos Rios - Águas Calmas / Nkosi - O Pioneiro / Nvunji Patrono da Justiça / Nzambi Mpungu - Deus Todo Poderoso / Nzambi Muambi - Deus
Criador / Nzazi - O Rei dos Raios e Trovões / Pambu Njila - O Senhor dos Caminhos
/ Teleku Mpensu - O Pequeno Pescador Que Veio das Águas / Zumbarandá - Mãe da
Terra Molhada / Divinização Ancestral das Divindades /
Aluvaiá / Mavambo /
Mavile / Maviletango. / Angoloméia / Hongolo./ Caiango / Uambulu Nsema / Vanjú. /
Embambie / Kanjila / Malembê / Minikongo / Nkosi / Nkosi Mavambo / Nkosi / Kabila
/ Gongobila / Mutakalambo / Mutalambô / Ngunzu. / Kaiala / Kaitumbá / Kukueto /
Mikaiá / Samba Kalunga. / Kaiango / Zumbarandá (Zumbá). / Katendê / Manipanzu. /
Kavungu / Nsumbu / Kafungê / Kafunã. / Kisimbi / Ndanda Lunda. Lemba / Lemba
Dilê / Lembarenganga / Kassuté. / Nvunji. / Nzazi Loango, entre outros.
O presente livro trata da circuncisão1 dos jovens umbundu e da Excisão2 ou Usso3 para
o caso das jovens como Iniciação Religiosa em Mulheres Negras-Bantu, a infibulação.
É um costume africano em toda sua extensão territorial. Ainda traz o extrato do
resultante das incursões de alguns autores que pesquisam as entranhas de Angola na
busca pelo que restou da medicina africana trazida a Minas pelos escravos,
predominantemente bantu (ou Banto?) 4, com forte contingente huambu para o caso da
EVAMBA. Esta medicina fragmentária vem sendo integrada por eles não apenas à
medicina afro-americana em geral, mas ao que eles foram reencontrar em Angola, em
várias viagens e em largo tempo de permanência.
Nesta prática o amor a DEUS é fielmente revelado na cultura Bantu. A justificativa de
tal tem um fundo mítico-religioso profundo. É um ritual sacrificial de iniciação de
características religiosas, uma vez que a sociedade negro-bantu é de caráter tradicional.
De nada adiantaria revelar os atos que aparecerão no corpo desse texto não fosse para
demonstrar o quão infinita é a forma da imagem de DEUS CRIADOR para o povo
Africano.
Quisera que os Ocidentais pudessem possuir como tão sublime ideia de Deus como
CRIADOR de todas as ciosas. Bom seria se aprendêssemos um pouco com esse povo.
Suas práticas aqui expostas são de pura entrega na busca da perfeição Divina. Conforme
Rufino Waway Kimbanda “Desde os anos 80 do séc.”. XX essa prática já havia sido
denunciada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que estimava em 70 milhões
as mulheres mutiladas.
De lá para cá proliferam denúncias que chegam aos ouvidos da comunidade
internacional praticamente de modo esporádico e tímido, sem organização de luta. No
entanto, a excisão continua desde sempre nos "bastiões tradicionais" que defendem o
paradigma de “identidade imutável” e enclausurada no esquema do poder patriarcal que
explora a mulher africana.
1
2
A bíblia também nos faz o relato da circuncisão de Jesus Cristo.
remoção parcial ou total do clitóris para evitar o intercurso sexual
Circuncisão realizada nas moças (dialeto Umbundu)
4
Este termo foi introduzido pela primeira vez pelo linguista americano, Bleeck em 1856 no seu artigo intitulado “The Library of The Sir George Grey”
no qual esboçava a sua gramática comparada das línguas africanas, cuja publicação começou em 1862. Mas em termos gramaticais fica tambem visto
que BA = coletivo de.. Ntu = cabeço aqui no sentido de que cada cabeça representa um corpo inteiro, logo Ba +ntu é o coletivo de pessoas isto é povo.
3
O lugar ocupado pela mulher naquelas sociedades e a visão que as mesmas têm da
sexualidade feminina é extremamente a visão de dar ao mundo um novo ser sadio e
pronto para também reproduzir, mas uma reprodução que pudesse aproximar da
grandeza Divina. O autor entende que a justificativa de tal prática tem um fundo míticoreligioso profundo e que para os padrões atuais de civilização não se concebe tais
práticas.
“A esta hipótese, acrescenta a de que tal costume se destine a regular a relação conjugal
homem-mulher no casamento.”
Para o Bantu a figura de DEUS é indizível, impensável, inefável não se materializa de
forma alguma, mas que é essencialmente concebida como a maior expressão do AMOR.
Amor esse como dádiva maior que se poderia dividir com o outro.
A natureza, ou os Minkisi
5
foi a primeira divisão do amor Divino prolongando à sua
criação até o ser humano. Logo o ser humano também é nkisi6. Mas o AMOR DIVINO
é tão límpido que pelo simples fato de Deus tirar de Si parte para criar essa criação já
surge com mazelas, imperfeições com desvios infinitamente grandes diante da grandeza
do Criador.
Portanto a noção de bem e do mal, do feio e do bonito, do grande e do pequeno etc, não
existem quando se tenta conceber o conceito Divino. ELE É IRREFERENCIÁVEL.
Daí a nossa tese de que a excisão e a circuncisão é a preparação para aproximar do ato
divino de poder reproduzir outro ser, mas o mais puro possível.
Dito isto, posso seguir sustentando o meu pensar dando conta de que a criação é a
imitação da doação Divina. Para o ser humano essa dádiva foi legada à mulher. Só ela
pode reproduzir um ser semelhante a si. Assim como fez o Senhor.
Nesse aspecto o fenômeno da Criação humana na ótica dos Africanos tem essa
consciência de que um ser novo deve ser cercado de todos os cuidados 7 para não ser
maculado com as impurezas terrestres.
5
São as divindades naturais transvestidas dos elementos que hoje denominamos NATUREZA.
Singular de Minkisi (essa tese carece de uma discussão mais profunda)
7
Vide aula dada pelo autor “A cerimônia do nascimento” na ótica dos Cabidianos. Arquivo do CEMEMOR.
6
Nós, norteados pela lei Divina deveríamos viver eternamente, mas não o vivemos
devido aos nossos descaminhos que comprometem o nosso equilíbrio maior, o AMOR.
A mulher por isto tem toda proteção da aldeia quando está concebida, pois dela nascerá
um novo ser que deverá o mais limpo possível.
Poder-se-ia louvar as Divindades em qualquer nação Africana que as história não
sofreriam muita alterações. Então vou inserir a lenda da circuncisão primeira segundo o
povo Tchokwe: conforme acervo do Sr. Acácio Videira8.
Tshimwto foi um grande caçador nômade da etnia LundaKioka, famoso pelas várias histórias que nas longas noites do
cacimbo9 corriam de boca em boca e chegaram até nós numa
grande dose de realismo e aventura que muito enriqueceram o
folclore Lunda-Kioko, como o primeiro homem a ser circunciso
acidentalmente.
Tshimwto vivia da caça e não tinha lugar
certo onde pudesse ser encontrado. Também não tinha família. A
caça predileta eram os antílopes, desde o casseixe (o menor de
todos), até ao vuri o maior. Uma vez ou outra, procurava caça
grossa.
Esta, só por encomenda como a palanca, gunga e vau.
Secava a carne ao sol, sobre estrados que ele próprio construía e
algumas vezes defumava-a para estocar em lugares seguros e
protegida dos chacais, formigas e outros animais carnívoros.
De tempos a tempos deslocava-se às aldeias ou centros
comerciais
para
negociar
os
estoques
armazenados
no
acampamento, levando com ele reduzido mostruário que
negociava geralmente por permuta, trocando a carne por sal,
óleo, feijão, fubá de mandioca, etc.
Maiores quantidades negociava-as com os comerciantes,
trocando a carne por pólvora, armas e tudo o que necessitava
para exercer suas atividades sem problemas
8
Fotografo; Escultor madeira e marfim; Modelador em argila; Reprodutor em gesso por meio de moldes e fôrmas de
borracha e execução destes moldes e fôrmas; Desenhista a lápis e nanquim; Pintor a óleo; Aquarela; Guache;
Trabalhos manuais e decoração; Desenho de propaganda.
9
Época do frio em Angola
Era muito respeitado e querido, porque além de honesto e
trabalhador era também um ótimo contador de histórias do
folclore tradicional, bom falante das suas atividades, conhecedor
da vida de todos os animais e da natureza. Não tinha inimigos.
Um dia, após ter chegado a uma “chana”, rica pela
quantidade e variedade de fauna, animais de médio porte,
deparou com um “vuri” que o
olhava curiosamente, como que o desafiando a pegá-lo,
aparecendo e desaparecendo protegido pelo capim alto e alguns
arbustos. A perseguição estava se tornando difícil por causa de
obstáculos que iam surgindo e Tshimwto desanimado pensava
desistir quando viu o vuri numa clareira como se o esperasse,
apontou a lazarina10, fez fogo e o animal deu um pulo e
desapareceu novamente protegido pelo capim, deixando algumas
pequenas manchas de sangue.
Tshimwto sorriu murmurando. Estás ferido, não vais
longe e vou pegar-te.Mas enganou-se. O caminho tornou-se cada
vez mais difícil, a roupa não resistia aos arbustos agrestes e
Tshimwto entusiasmado na perseguição não deu conta do
sangramento dos ferimentos no seu próprio corpo, nem reparou
que estava ficando nu.
O pênis sem qualquer proteção sangrava por um corte
profundo no prepúcio.
Sentia dores fortes e cansaço, mas
não podia parar porque as manchas de sangue que o animal
perdia eram cada vez mais distanciadas e fracas o que
significava que já havia perdido muito sangue e deveria estar
morrendo. Percorreu mais uns passos, viu um pequeno riacho e
agonizando lá estava o vuri, caído sem forças para continuar
fugindo.
Foi então que sorrindo satisfeito e sem se preocupar com
o animal entrou na água, lavou os ferimentos, estancou o sangue,
10
Espécie de espingarda
pisou algumas ervas e folhas para evitar infecções em especial no
pênis, porque este além de ser o que mais sangrava e doía, era o
que mais o preocupava.
Estancado o sangue, logo começou a construção de uma
pequena cubata de pau a pique para se proteger e onde
guardaria a carne depois de seca sobre um estrado que
construiria ali mesmo depois de esfolar o animal e esquartejá-lo.
O local era ótimo e oferecia todo o material necessário para
levar a bom termo esta tarefa.
Felizmente não só era um
ótimo profissional, como também muito prático na solução destas
situações pelas quais já passou várias vezes.
Depois deste acidente, demorou quarenta dias no
acampamento, preparando-se para a viagem às aldeias onde
negociaria a carne seca e peles.
Quando chegou à aldeia contou todas as aventuras
porque havia passado, despertando a curiosidade principalmente
nas mulheres que não escondiam a curiosidade de verem os
ferimentos (cicatrizes), mas a sós.
A notícia espalhou-se rapidamente por todos os lugares e
decorridos dois anos os nascimentos de crianças aumentaram
consideravelmente, graças à curiosidade feminina de quererem
conhecer o primeiro homem circunciso acidentalmente.
Este acidente tornou-se um ato de crença religiosa e
tradicional, principalmente nas etnias da cultura Lunda-Kioka e
afins.
Nenhuma mulher desta cultura mantém ato sexual com um incircunciso e se o
fizer corre o risco de ser severamente castigada e expulsa do convívio familiar e da
comunidade, que a espanca e persegue até sumir para longe.
O povo de Cabinda, por exemplo, tem a seguinte prática durante a gravidez da mulher:
É costume estocar lenha para as lavagens e para cozinhar durante o período do parto.
Torna-se forma de se saber se em uma casa a mulher espera filho verificar a quantidade
de lenha que aquela família tem em estoque.
Os cargos dos parteiros são ocupados por sacerdotes e o número vai depender das
complicações de cada caso. •Nganga Malazi 11 Corta os cabelos e lhe pinta o corpo com
uma tinta colocada em uma espécie de cesto chamada de pó de TUKULA. 12 o
TAKULA, ou Pterocarpus tinctorius, do gênero do pau de sândalo).
Outros, vestem a parturiente com uma túnica pintada com tukula. O trabalho de parto é
assistido pelos representantes das divindades alusivas `a matéria. Se um ramo de
palmeira for colocado na porta do lado de fora significa que a criança já nasceu. Se não
todos aguardam.
E para a preparação da futura mamãe para o nobre ato da fecundação e do parto a
Excisão como Iniciação Sexual e Religiosa em Mulheres Negro-Bantu e Circuncisão no
jovem defende a libertação da mulher africana e promover sua saúde é, certamente, um
compromisso urgente e relevante. E isto deve estar acima de qualquer juiz de ordem
ética ocidental.
Então, cercadas de cuidados por todos os lados a criança tem o seu crescimento
abençoado por Nzambe. E ao atingir a idade da iniciação tudo muda. A vida anterior
deverá ser esquecida e uma nova vida surge para a grandeza do amor Divino.
No seu livro Cultura tradicional banto, Raul Altuna (1985:279) situa a prática da
excisão entre os ritos de celebração da puberdade. Esta constituiria uma das fases da
iniciação à vida comunitária.
Na Somália, por exemplo, os homens e ainda hoje, se recusam a casar com uma moça
não infibulada, por eles chamadas de "noiva aberta”. Sem casamento, não há futuro para
uma mulher naquele país. A circuncisão de meninas ocorre em casa, entre as mulheres,
parentas e vizinhas, sendo a avó ou uma mulher mais velha a responsável pelo
procedimento. Em cada ocasião, geralmente só uma menina ou as vezes duas irmãs são
infibuladas no mesmo dia, porém todas as meninas, sem exceção, devem sofrer esta
mutilação, pois esta é a principal exigência para o casamento.
A “operação” em si não é acompanhada por qualquer cerimônia ou ritual. A criança,
completamente nua, é sentada em um banquinho. Várias mulheres tomam conta dela e
abrem suas pernas. Feito isso, o operador, geralmente uma mulher com experiência
11
12
Responsáveis pelos processos iniciáticos e também dos partos
(tinta de cor avermelhada preparada a partir da entre casca de uma espeçie de sândalo,
neste procedimento, senta-se diante da criança e com uma faca, penetra e abre o capuz
clitoriano ou prepúcio.
Após a abertura, ela começa a cortá-lo enquanto outra mulher limpa o sangue, o
operador faz escavações com a unha afiada no buraco, para separar e retirar o órgão.
A menina, pressionada pelas mulheres ajudantes, grita de dor extrema, mas a cerimônia
continua. O operador puxa o clitóris e o corta com a faca até que possa sentir e ver o
osso. Seus ajudantes novamente limpam o sangue que jorra com um pano. O operador
então remove o restante da carne, cavando com o dedo para remover qualquer vestígio
do clitóris dentro do buraco.
As mulheres vizinhas são então convidadas, uma a uma, a mergulharem seus dedos
dentro do buraco sangrento para verificar se cada pedaço do clitóris foi removido.
A “Excisão como Iniciação Sexual e Religiosa em Mulheres Negro-Bantu rito de
maturidade, uma dramatização da ruptura com a infância e o ingresso na condição de
adulto. O órgão sexual é o símbolo da vida: cortá-lo é como que abrir as comportas
para a vida,para que o seu caudal possa ter livre curso”. Em outros lugares, como na
Etiópia, pensam que é uma medida higiênica com consequências morais positivas que
garante a feminilidade. Na Costa do Marfim, convencem-nas de que, de outra forma,
não terão filhos.( Rufino Waway Kimbanda)
À infibulação, precedida ou não da clitoritomia, sujeitam-se as mulheres dos países
islamizados do nordeste africano, Sudão, Etiópia, Somália, Djibuti, Tchade. Quase
exclusiva dos maometanos, parece que esta prática não é conhecida na área bantu.
Abusiva e desumana, tenta garantir a virgindade da jovem e a fidelidade da esposa
quando o marido se ausenta durante longas temporadas.
Em fim, de qualquer forma quer seja a CIRCUNCISÃO Masculina como a Excisão
como Iniciação Sexual e Religiosa em Mulheres Negro-Bantu, fica registrado que não
há da parte do autor qualquer pensamento pejorativo ao escrever esse livro.
Há sim, um desejo imenso de elevar ao mais alto patamar a beleza da grandeza de Deus
na ótica do Bantu.
A cerimônia da circuncisão é comum por todos os lados por onde existam povos Bantu.
Para o povo Tchiokwe que ocupa uma extensa área geográfica desde o ângulo direto
superior do quadrante nordeste, até alcançar a fronteira do sul, na altura em o rio
Kubango atravessa, compreende os povos Lunda Norte, Lunda Sul, e que compreende a
província do Moxico e um prolongamento para o sul penetrando nas províncias
Kuando-Kubangu, esta cerimônia chama-se MUKANDA CÕKUE
Para os Malawi predomina o NGWELO, iniciação masculina e o CHINAMWALI para
as raparigas. Para os povos kimbundo a cerimônia chama-se MWANDA e os candidatos
são chamados de Tutanji ou Tutanda. Então para cada povo ela muda de nome mas não
de tradição.
Falar da circuncisão na ótica do povo Bantu como processo de iniciação é muito mais
do um simples relato de uma prática tribal. É, acima de tudo e principalmente uma
questão de conceito de higiene no sentido literal da palavra, alem de ser uma medida
profilática e da iniciação como pessoa pronta para os desafios que a vida lhes reserva
quer seja na parte conjugal assim como nas relações de equilíbrio, respeito e
convivência com a natureza, de onde tudo lhes é dado.
A prática do lado de dentro da cerimônia é a mesma em todas as regiões angolana.
Conforme texto no final da obra fazendo alusão a cerimônia do nascimento do povo
de Cabinda. As alterações que por ventura hajam são de caráter regionalista, tais como
diferença de uma ou outra folha medicinal ou forma do preparo de uma medicamento.
Com algumas observações são insignificantes a essência é sempre a mesma e
caprichosamente vou dissertar sobre esta prática sob a ótica do povo UMBUNDO que a
chama de EVAMBA.
Vamos então falar da EVAMBA, do povo Umbundu aplicada aos meninos quando se
reza a Oração para o mais antigo homem que foi circuncidado. (O Kessongo)
WAENO
Waeno, tunawawa watete nbuinavi
Nbuinbui walimeneca cthissica xaculia miti
Kalunga wacunawando wanda
Tolimanelena co soma yetu wa
tussemena congongo winbo ctnilonbola na wipi.
Tulicunoengueji cthiwawa.
A tradução não é permitida pois revela segredos da cerimônia secreta. Mas pode-se
entender como sendo a informação que o noviço dá aos mais velhos de quem realizou a
sua iniciação e de que forma.
As escolas de educação tradicional.
A iniciação masculina e feminina na África é parte integrante da cultura, tendo o papel
fundamental de preparar os jovens para a vida sob todos os aspectos.
Para o povo Bantu essa prática tambem tem esse enfoque. A higienização corpórea
passa pela circuncisão.
11 - PUBERDADE
No início da puberdade as meninas são iniciadas nos mistérios da vida por um período
que varia de segundo os costumes tribais. É uma verdadeira escola onde aprendem
trabalhos e atribuições de uma dona de casa. Portanto a mulher tambem passa pela
circuncisão a exemplo dos rapazes.
Os rapazes são levados para as matas onde ficam por um período de três meses,
aprendendo todos os mistérios da vida, a caça , a pesca , as técnicas de construção
civil, relações humanas, princípios da medicina natural, etc. E lá são circuncidados (A
ESTE ATO CHAMAM DE EVAMBA).
Eles são apanhados nas proximidades de suas casas sob os olhares de todos com ou sem
vontade (os pais bem que já sabem de tudo). A negação em ir para a EVAMBA fica por
conta do segredo do que se passará indo, então os rumores é que amedrontam aos
jovens. Então, quando vêm um Thinganji correm para o mais longe possível para não
serem apanhados.
A figura do (palhaço) para os jovens ainda novos e Thinganji para os mais esclarecidos,
sobre quem falaremos mais adiante, a todos amedronta. Todos os jovens ao vê-lo
andando pelas ruas, saem em disparada para não serem pegos.
Vários artifícios são utilizados para ludibriar os jovens para facilitar a s suas capturas
pelo thinganji e dar início então ao processo iniciático. Às vezes eles são convidados
pelos mais velhos para irem passear e pelos caminhos então surgem o Thinganji ou seus
seguidores que recolhem os jovens para o cerimonial.
Fora as épocas em que o Thinganji vai à cidade para recolher os jovens...
... a coisa decorre assim: um não iniciado, independentemente da idade ou sexo, ao
passar por um caminho qualquer e quando menos se espera surge em sua frente na
estradinha ou trilha de uma mata, colocado caprichosamente, um ramo cruzando o
caminho.
E sem de nada saber, passa normalmente pelo ramo e de repente, sai de dentro da mata
vários homens e sequestra aquela pessoa e a leva para o interior da mata. Pronto, ela, a
pessoa, não podia ter passado por cima daquele ramo sem saber exatamente o que ele
representava.
Bem, agora é só esperar o momento do início da cerimônia.
Os seus familiares são avisados do ocorrido e a duração do processo é de dois a três
meses. E os guardiões voltam de novo para a beira da estrada e ficam à espera de outros
não iniciados.
Normalmente, as mães ficam de sobre aviso nas proximidades mas não tão próximo
para oferecer apoio logístico durante a cerimônia.
12 - A cerimônia pelos caminhos da MUANDA
(A cruz na estrada)
O simbolismo que existe em uma cruz, para o povo bantu é algo de uma profundidade
sem tamanho. Nada tem de comum com significados outros, principalmente na cultura
ocidental.
Ela representa, em princípio, o elemento chave para se percorrer os caminhos da vida
permitindo um vai e vem entre a ancestralidade e os descendentes.
Como se explica tal coisa?
É assim, se a olharmos na vista superior, ela representará os pontos cardeais básico
NORTE / SUL / LESTE / OESTE. Mas não esses pontos somente como orientação
direcional mas sobretudo sobre seus significados que podem ser o divisor de água na
dinâmica vital.
O POLO SUL representa a posição de repouso. O momento de se raciocinar, repensar,
de se reprogramar. Representa o momento fetal, é a criança no Útero materno, o frio,
enfim, no polo sul PENSA-SE. É simples, veja a noite, ela tem esse simbolismo. É nela
que se recolhe para se refazer as energias dispensadas durante o dia. Então sempre que
se necessitar de tomar uma decisão deve-se buscar o momento fetal. Quem ainda não
viu em uma representação de escultura Bantu a figura de uma pessoa agachada de tal
forma que os dois joelhos ficam paralelo ao rosto ou bem unidos a esse. Estaria ele ali
por acaso?
O POLO LESTE representa o momento do nascimento. Eis que fica fácil esse
entendimento, pois dali nasce tambem o sol. Então do leste é que se arranca para todas
as ações a serem tomada de acordo com o que foi planejado no polo sul. É fácil perceber
a teia que se projeta em torno dos pontos cardeais. Então, partindo do sul chega-se ao
leste e para se o caminhar rumo ao poente que será detalhado daqui a pouco.
O POLO NORTE é momento motor, o grande dinamizador de todo sistema vital. Logo
para partir do sul para o leste, e do leste para o oeste só se faz utilizando a energia do
norte. É dali que se entende o iniciar dos instintos bélicos dos seres vivos. As ações
quentes da vida nascem ali. O fogo está no norte. Esse calor está ligado a todos os atos
possíveis neste sentido, bastando dar asas à imaginação e crêr.
Convido pois, a todos que quiserem a fazer um exercício a respeito do que foi dito até
aqui a respeito desses pontos cardeais. Imaginemos a linha do equador. Todos sabemos
que ela é imaginária e que divide o globo terrestre em dois hemisfério, o norte e o sul.
Isto é fato científico.
Mas observe que à medida que vamos nos aproximando desta linha, o calor aumenta. E
o inverso nos conduz ao frio. Mas o que ocorre quando ultrapassamos essa linha /
INCIA-SE UM PROCESSO INVERSO. O calor vai caindo e em seu lugar vai
assumindo o frio até atingirmos o polo norte.
A polêmica agora toma lugar ao exercício porque o polo norte ainda a pouco era visto
como o lugar quente. É neste ponto que queria chegar. O calor do polo norte (ocidental)
nos revela isto, e é verdade. Mas é fundamental que não se perca no caminho do
exercício porque a linha em dois hemisfério alí é o lugar portanto se caminharmos na
linha do equador daremos a volta ao mundo indefinidamente transitando no calor. Da
mesma forma se cortarmos essa linha como íamos ainda a pouco rumo ao norte (o
ocidental) vamos virar o globo e voltaremos, de novo a buscar o polo norte (agora o
africano) mas inverso pois já estamos do outro lado de onde iniciamos o raciocínio.
Então, se caminharmos somente no norte, isto é na linha do equador, experimentaremos
os piores dias enquanto durar porque faltará à nos o bom censo para as decisões mais
pensadas, sofreremos os desgostos da decisões mal tomadas, pautadas tão somente
numa linha de raciocínio o que poderá fatalmente nos conduzir ao insucesso com
certeza e a história está recheada de fatos desta natureza.
Espero que tenham gostado do exercício, mas ele não esgota aqui. Fica agora na
imaginação de cada um se localizar, refletir, e buscar o melhor caminho.
Gostaria de permanecer mais um pouco neste exercício mas ele irá me desviar da meta
maior neste momento.
O POLO OESTE é o lugar da morte, da recompensa e das consequências das decisões
bem ou mal tomadas e fomentadas. Então nós caminhamos para o oeste sem dúvida e
por isto precisamos temperar este caminho buscando a todo instante, com base nos
demais momentos, o sul, o norte e o oeste, uma avaliação de nossas ações sobretudo
quando decidimos por outros porque dai poderá advir o futuro de tantos e não só o
nosso.
É ali que colhemos os frutos da conduta por nós escolhida e recebemos os méritos
devido a essa conduta. Será então irreversível? Não. Definitivamente não. A todo
momento podemos buscar a recuperação e este é o grande mistério da vida, ela é
recuperável enquanto ela existir, desde que não haja abusos desmedido, ou repetição dos
mesmos erros, porque aí fica caracterizado o não desejo da recuperação e a falta do
aproveitamento da economia vital que é a chance que nos dispensa o CRIADOR.
Quantos são aqueles que buscam no sul nova rota para suas vidas. E retomam o
caminho da verdade conseguindo assim dar uma nova dinâmica às suas vidas. E é assim
que se raciocina na cruz em sua vista superior.
Na sua vista vertical, ou frontal. Agora sim ficará mais clara a sua simbologia, a cruz
vai representar o que há de mais sutil na questão vital.
No seu pé está representado os ancestrais. É o lugar da consulta ao ancestral, aos
antepassados. É a busca da espiritualidade é a busca da memória e do aconselhamento
dos que já passaram por onde haveremos de passar.
A cabeceira da cruz é o desejo do alcance dos espaços ocupados pelos seres superiores.
É o encontro com Deus, que dependerá da nossa conduta para alcança-Lo ou não. Uma
busca desesperada para alcançar o que já temos dentro da gente. O que há mais belo é
que se observarmos bem, Ele nunca esteve fora de nós, somente foi esquecido e
preterido por nossa decisões cartesianas e ou ignorantes.
A parte central da cruz é o momento da escolha do caminho a ser percorrido por nós
para seguir em frente. É o ponto de decisão. Portanto, o bantu não passa por uma cruz
sem observar a sua posição, seu pé, sua cabeceira, porque ele poderá estar ignorando a
existência do ancestral maior e correndo o risco de complicar todo o seu
desenvolvimento vital.
Daí poder-se observar que existem muitas pessoas de origem humilde mas de posturas e
decisões superiores.
Os braços representam o livre arbítrio, ou a liberdade que cada ser vivente possui para
seguir este ou aquele caminho.
São exemplos como estes que dão o conhecimento do significado da cruz para o povo
bantu. Durante vários momentos o bantu utiliza a cruz para garantir a certeza do seu
caminho, ela é usada durante as cerimônias de iniciação, muitos a tem no corpo em
forma de cortes ritualísticos.
Então ela é a MUANDA para os ovibundos, sobre a qual vamos falar.
Vamos fazer uma retrospectiva e considerar que naquela situação do ramo em forma de
cruz na estrada apareça um INICIADO.
Ao se deparar com o ramo ele olha para a frente e grita em voz alta:
NAMILHATA! Isto antes de passar por sobre ela. Seguido da posição de levantar um
dos pés do chão permanecendo o calcanhar balançando as pontas dos mesmos.
Percebem que ele já entendeu a presença do ancestral. Isto é ao pé da cruz.
E de dentro da mata ouve-se algumas vozes que respondem
NAMILHATUKA! Pode ser em grupo de vozes ou uma só. Não importa a voz veio da
mata.
Ouve-se então um estalo alto produzido por um chicote produzido a partir da fibra da
Pita. Este chicote (napa) é muito bem manuseado por quem de repente surge de dentro
da mata, figura do THINGANJI. (1) Na verdade, só se vê um monte enorme de folha de
fibras de pita batidas ou de folhas de palmeira. Em princípio, sabia-se ou imaginava-se
que ali dentro poderia ter uma pessoa, mas como nada se via, Não se podia tambem
afirmar que ali pudesse ter alguma pessoa.
Daquele monte de folhas não se via nada senão aquele volume de folhas norteados por
uma máscara que se deduz ser ali o rosto ou a frente daquela figura sinistra. Na mão, ou
no local onde se deduz estar a mão, sai o chicote chamado de NOPA. As folhas não
permitem que se vê nenhuma parte do corpo a descoberta, nem os pés e nem as mãos.
Entretanto o Thinganji faz um movimento, ainda à distância dando a entender que teria
dado um passo à frente sem entretanto tirar o calcanhar do chão e mantendo a ponta do
pé da frente no ar. Neste exato momento o Thinganji para como uma estátua e fica
esperando o que o iniciado diga o significado daquele movimento.
Então, sem vacilar o iniciado (Mbuimbo) grita:
NAMILHATA!
E o Thinganji então, sem nada dizer levanta a perna que estava na frente levando-a para
a lateral e permanece parado esperando o pronunciamento do Mbuimbo que grita de
novo em voz bem alta:
NAMILHATUKA!.
E o Thinganji satisfeito permite que o noviço chegue mais perto, mas o Mbuimbo
verificando a direção do vento, procura sempre ficar fora daquela que vem do Thinganji
para se livrar das moléstias que ele traz no seu vento. Em ficando na direção do vento
está correndo o risco de contrair feridas e urticária de todas as espécies. E ninguém
duvida de tal.
Então o Thinganji apoiado nas duas pernas começa a tremer as duas pernas como se
tivesse com um acesso febril intenso mas só nos joelhos. E enquanto treme espera o
pronunciamento do Mbuimbo que mais que depressa grita;
KANGONJI! KANGONJI!
Para cada movimento o thinganji, sem nada falar, atira o chicote ora para traz, ora para
um dos lados ora para frente e assim vai seguindo o procedimento. É como se o noviço
ou o iniciado estivesse passando por um teste escolar mas de forma arguitiva. Para cada
resposta certa nova chicotada no vento. Mas para cada resposta errada a chicotada vai
no iniciado ou que aquele que se quer passar pelo tal.
Então o Thinganji cessa os movimentos do joelhos satisfeito com a resposta de
Kangonji, Kangonji.
A seguir inicia um movimento trêmulo, agora do quadril. É lindo como só treme aquela
parte escolhida para tremer. E mais uma vez espera do Mbuimbo a postura e ele diz
então:
MILALA! MILALA!
E o Thinganji vira de costa e faz um movimento com a coluna e o iniciado responde:
THITOMBUILO THIKANGANJI.
Dando prosseguimento o Thinganji faz movimento com a nuca e o Mbuimbo responde:
THITAFEKA.
Por fim o Thinganji vira-se e mostra a testa para Mbuimbo e este sem pestanejar grita:
THITALAKOMBE THIAKANGANJI .
O ritual continua desta forma. Dá para perceber que o Thinganji vai subindo para a
parte superior do corpo tais como cintura, ombro, omoplatas, clavículas, coluna
vertebral entre outros, realizando movimentos a respeito dos quais o Mbiumbo vai
revelando os nomes dos movimentos que identificam as partes anatómicas do corpo do
Thinganji. É uma verdadeira aula de anatomia mas nos moldes Bantu.
Ao chegar no alto da cabeça o Thingaji abaixa a cabeça mostrando a nuca e o Mbiumbo
grita:
THITAFEKA. E tudo está indo bem, até aí.
Então o thinganji lhe mostra a testa, não tirando a máscara mas inclinando o corpo para
frente deixando claro, que ele quer saber o nome que se dá a essa parte do corpo
humano
E o noviço grita em bom tom: OTHITALA KUMBUI ITALAGANJI!.
Isto garante ao Thinganji que aquela pessoa foi iniciada mas, assim mesmo ele faz
estalar o seu chicote em quatro direções sequencialmente e Mbiumbo grita:
E um Nawa que o acompanha pergunta: MUANDA!
E a pessoa responde: MUANDOLOLA!.
Chegam alguns acompanhantes do Thinganji conhecidos como NAWA e perguntam ao
Mbiumbo:
UAENO ?(quem foi que lhe cortou) referindo-se à circuncisão ou melhor a EVAMBA.
E o Mbiumbo responde:
Tunawawa, uatetaMbiumbo.(quem me cortou foi o Soba/ Nawa).
Então o Mbiumbo faz a reza que dá plena certeza do seu conhecimento a respeito do
Thinganji e fica liberado e reconhecido como iniciado.
Daí, naquele mesmo local o Thinganji costuma dançar, realizando movimentos
diversos, acompanhado pelo Mbiumbo e os Nawa que por ventura por lá estiverem. É
muita alegria. É importante saber que o Thinganji não fala, ele fala somente com os
movimentos e isto se aprende “lá dentro” na época da iniciação.
Bem, na verdade se o noviço tropeçar em algum momento desta apresentação ele corre
risco de apanhar com o chicote do Thinganji. É melhor não errar. E se ficar claro que
ele não foi iniciado, agora, apartir daquele momento ele entrará para o grupo dos que
serão iniciados.
Haja vistas que se ao final da iniciação, no dia da grande festa se o noviço que não
souber qualquer das cerimônias aprendidas durante os três meses de iniciação, ele fica,
não sai, volta para a mata para ser novamente preparado enquanto os seus companheiros
Mbiumbo são liberados para convirem novamente com os seus familiares, que os
aguardam com a maior alegria.
13 - A cerimônia da evamba
a ) em sendo do sexo masculino
Vez por outra as crianças em idade de ser iniciadas são recolhidas nas casas para
passarem pela cerimônia da iniciação.
Uma das armadilhas, como foi dito é a cruz (muanda / ussongo) em uma estrada e o
jovem, não sabe do que se trata, são apanhados e conduzidos para o mato, em um local
previamente organizado, para esperarem a hora ou o dia de sua iniciação.
Bem o noviço passa por banhos ritualísticos e recebe uma vestimenta diferente bem
folgada lembrando bem uma mortalha. Daí ele perde o contacto com a família que só
recebe, no máximo, uma carta dando notícia do filho, que é monitorada pelo
acompanhante chamado Nawa.
Alem da mortalha, o noviço recebe tambem um cinto, o MUNDIANGA feito
artesanalmente com um grande número de nós. Esses nós vão ser desmanchados à
medida em que o noviço vai aprendendo os ensinamentos durante todo o período de
iniciação e o seu avaliador é o Nawa. No pescoço vai uma espécie de colar chamado de
NGUINDIO. Na testa é amarrada a pena de uma espécie de papagaio, chamada de
ONDUVA. Nos pés são amarrados os MINIATA, espécie de guizos que emitem ruídos
ao caminhar. No pulso vai amarrado a MENHANHA.
Para acompanhar os noviços durante o período de iniciação aparece a figura do
NAWUA (nos ritos brasileiros que essa figura é conhecida como mãe criadeira no caso
das moças e pai pequeno nos casos dos rapazes). Toda noite aparece um THINGANJI, o
REZADOR MASCARADO que tambem irá ensinar os segredos daquele culto aos
noviços, só que ele não vai falar, mas sim fazer movimentos e o Nawa irá traduzi-los
aos iniciantes para que eles aprendam.
Sem dizer que no final da Evamba surgirá a figura do NBUANGUNGU que é
THINGANGI MAIOR, esperado ansiosamente por todos os iniciantes.
TUAPANDULA que quer dizer muito obrigado é o mínimo que os noviços devem falar
ao Nawa para cada um dos ensinamentos por ele passado. E a cada aprendizado o Nawa
desfaz um dos nós do Mundianga. Há dizeres, (e isto corre solto entre os iniciados) que
quando o nawa vai premiar o noviço com o desmanchar de m dos nós, ele, utiliza de sua
autoridade e pede ao iniciante que mande um recado para seu parentes pedindo alguma
coisa gostosa de se comer, por exemplo, uma galinha e aquela encomenda é enviada
pelos parentes do iniciado mas quem come é somente o Nawa. É um nó a menos no
Mundianga.
Neste aspecto é bom lembrar que o noviço só se alimenta, no início dos fundamentos,
de folhas (ramas de batata doce, folha de mandioca etc).
Todo contato do noviço com seus familiares passam daí para frente a ser mediado pelo
Nawua. Neste aspecto é muito importante ter uma boa relação com o Nawua porque
tudo ele pode durante esse período em os noviços ficam recolhidos para a iniciação.
Bem ainda na mesma noite tem início ao cerimonial. O nawua chefe chamado de
tunawawa é quem faz os atos cirúrgicos.
A Glande dos penes dos jovens são desencapadas e à medida que vão surgindo os
obstáculos à sua passagem esse obstáculo sofre um corte para deixar a passagem livre.
A coisa ocorre com tamanha rapidez. Os cortes são efetuados sem nenhum
medicamento anestésico e num piscar de olhos o penes dos jovens já foram cortados e
quando o jovem pensa em gritar (e grita) a cisão já aconteceu.
O sangue corre sem dó. A dor é intensa. Mas logo após a higienização feita com
Owawa (água), vem outros Nawa com os medicamentos feitos à base das folhas, casca e
raízes de Upó, árvore grande de folhas que brilham de onde se tira o medicamento para
curar os cortes da circuncisão.
Para essa cura utiliza-se tambem o OTIKOLE, medicamento em forma de um óleo bem
espesso como manteiga que tambem é utilizado no trato na circuncisão.
Às vezes usa-se como cicatrizante o OUIKI, mel de abelha.
Aí então se justifica aquela roupa larga e comprida sempre em cor clara é que por baixo
dela não se usa nada, mesmo porque o penes fica tão grosso dado os curativos ali
efetuados que nada pode encostar, o que não seria possível com roupas normais.
Os jovens permanecem toda a noite ali assentados com as pernas afastadas entre si, um
ao lado do outro quietos sem gemer mas sentindo ainda muitas dores.
Outros cortes ocorrem durante a cerimônia que fazem parte do processo da vida como
um todo. Porque na verdade, o processo de iniciação inicia no ato do nascimento. Parte
dos ensinamentos e proteções são ensinados ao longo da vida, à medida que a criança
vai crescendo. Os atos protetores são então realizados de acordo com a idade.
Após esse processo é colocado nos iniciantes alguns objetos para a sua proteção durante
o restante da iniciação.
b) em sendo do sexo feminino
Tudo igual até a hora da circuncisão.
Vez por outra as raparigas em idade de ser iniciadas são recolhidas nas casas ou levadas
pelas mães ou parentes com poderes para tal, para passarem pela cerimônia da iniciação.
Uma das armadilhas, como foi dito é a cruz (muanda / ussongo) em uma estrada e a
jovem, não sabendo do que se trata, são apanhadas e conduzidas para os locais
previamente preparado, na mata, para esperarem a hora ou o dia de sua iniciação.
Bem a noviça passa por banhos ritualísticos e recebe uma vestimenta diferente bem
folgada lembrando bem uma mortalha. Daí ela perde o contacto com a família que só
recebe, no máximo, uma carta dando notícia dela daí para frente, carta esta que é
monitorada pela acompanhante chamada KAVIULA que o nome das
utilizadas pelas mulheres circuncidadas. Tambem o
máscara
xicote para as mulheres
chama-se OTHINJOLE.
Alem da mortalha, a noviça recebe tambem um cinto, o MUNDIANGA feito
artesanalmente com um grande número de nós. Esses nós vão ser desmanchados à
medida em que ela vai aprendendo os ensinamentos durante todo o período de iniciação.
No pescoço vai uma espécie de colar chamado de NGUINDIO. Na testa é amarrada a
pena de uma espécie de papagaio, chamada de ONDUVA. Nos pés são amarrados os
MINIATA, espécie de guizos que emitem ruidos ao caminhar. No pulso vai amarrado a
MENHANHA.
Para acompanhar as noviços durante o período de iniciação aparece a figura da
NAWUA (nos ritos brasileiros que essa figura é conhecida como mãe criadeira no caso
das moças e pai pequeno nos casos dos rapazes). Toda noite aparece um
THINGANJI, a REZADEIRA MASCARADA que tambem irá ensinar os segredos
daquele culto aos noviços, só que ele não vai falar, mas sim fazer movimentos e
A mulher Nawa vai traduzi-los às iniciantes para que elas aprendam.
Sem dizer que no final da Evamba surgirá a figura do NBUANGUNGU que é
THINGANGI MAIOR, esperado ansiosamente por todas as iniciantes.
TUAPANDULA que quer dizer muito obrigado é o mínimo que as noviças devem falar
ao mulher Nawa para cada um dos ensinamentos por ela passado. E a cada aprendizado
é desfeito um dos nós do Mundianga. Há dizeres, (e isto corre solto entre os iniciados)
que quando a mulher Nawa vai premiar a noviça com o desmanchar de um dos nós, ela,
utiliza de sua autoridade e pede ao iniciante que mande um recado para seu parentes
pedindo alguma coisa gostosa de se comer, por exemplo, uma galinha e aquela
encomenda é enviada pelos parentes do iniciado mas quem come é somente o Nawa. É
um nó a menos no Mundianga. Portanto, os mesmos caprichos que passam os meninos,
passam tambem as meninas.
Neste aspecto é bom lembrar que a noviça só se alimenta, no início dos fundamentos, de
folhas (ramas de batata doce, folha de mandioca etc).
Todo contato da noviça com seus familiares passam daí para frente a ser mediado pela
mulher Nawa. Neste aspecto é muito importante ter uma boa relação com a Nawua
porque tudo ela pode durante esse período em os noviços ficam recolhidos para a
iniciação.
Bem ainda na mesma noite tem início ao cerimonial.
A mulher Nawa chefe é quem faz os atos cirúrgicos.
A vagina da rapariga é verificada a integridade de seu ímem. Uma tentativa de
penetração é feita com o dedo mínimo. Não tendo sucesso, um ovo de uma ave
pequena(normalmente é o primeiro ovo que uma galinha bota) é colocado na vagina da
rapariga até o limite de sua penetração sem pressão. O próximo passo é então forçar a
introdução deste ovo até a sua metade. A pele dos lábios vaginais que tendem a reter a
introdução do ovo é cortado até que este permita a introdução do ovo.
Ao chegar à metade, já se sabe que o restante é tudo igual. Então depois de retirado o
ovo é realizado o estanqueamento da hemorragia. Terminada esta parte é feita a
higienização vaginal e está tudo consumado.
A exemplo dos jovens a coisa ocorre com tamanha rapidez. Os cortes são efetuados
sem nenhum medicamento anestésico e num piscar de olhos a vagina da jovem já foi
cortada e quando ela pensa em gritar (e grita) a cisão já aconteceu.
A higienização corre nos mesmos moldes dos jovens
Aí então se justifica aquela roupa larga e comprida sempre em cor clara é que por baixo
dela não se usa nada, mesma vagina fica dolorida e é bom que nada encoste por ali nem
mesmo as pernas, o que não seria possível com roupas normais.
As jovens permanecem toda a noite ali assentadas um ao lado da outra quietas sem
gemer mas sentindo ainda muitas dores.
Outros cortes ocorrem durante a cerimônia que fazem parte do processo da vida como
um todo. Porque na verdade, o processo de iniciação inicia no ato do nascimento. Parte
dos ensinamentos e proteções são ensinados ao longo da vida, à medida que a criança
vai crescendo. Os atos protetores são então realizados de acordo com a idade e sexo..
Após esse processo é colocado nas iniciantes alguns objetos para a sua proteção durante
o restante da iniciação.
Até os fatos históricos como este a seguir:
Há entre os umbundos boatos de que são verdadeiros feiticeiros porque conseguem
certos milagres impossíveis a um ser humano. Mas estes segredos são passados de
família para família, sendo que nada é passado para outra pessoa estranha.
Por exemplo quando um bebê está ainda no colo da mãe os tratamentos ofertados a ele
se restringem àqueles que a própria mãe pode se ocupar, pois o tempo inteiro ele está
junto ao corpo da mãe. Quando essa criança começa a engatinhar ela recebe os
tratamentos que a imuniza contra por exemplo mordeduras de animais peçonhentos
como cobra, escorpiões lagartos, quer dizer aqueles animais que, agora sim, a criança
irá ter contato.
O grande fato é que quase todo tratamento é realizado por terapeutas tradicionais sem
auxílio de nenhum cuidado médico. E ainda, quase todos os tratamento se dão
utilizando o expediente dos cortes no corpo através de um instrumento cortante (por
exemplo a capa da ostra).
Logo depois com um xifre de vitelo furado na parte mais pontiaguda, tampam-na
extremidade com cera de abelha, coloca-se a parte aberta do xifre no local onde foi
sangrado e se faz uma sucção pelo orifício. Logo a seguir, com o próprio dente fecha-se
a abertura com a cera de abelha. Deixa sair o sangue.
Volta a abrir o buraquinho da ponta do xifre e mais uma vez suga, suga , suga até sair
bastante sangue. Novamente o buraco é fechado com a cera de abelha. O sangue
contaminado vai se escoando até se ter certeza que o sangue sujo já tenha saído.
Feita esta parte, agora vem a introdução nas aberturas feitas, dos elementos capazes de
curar a ferida, imunizar o corpo com aquele medicamento sacralizado e cheio de
poderes mágicos para alem dos poderes curativos.
Agora aquela menina pequenina já pode sair por aí sem que a mãe precise se preocupar
com animais peçonhentos.
O mais fantástico é que para essa menina agora deve se ensinar a nunca mais ela durante
toda a sua vida não vai poder maltratar aqueles animais dos quais ela fora imunizado.
Ou seja, ela não pode matar cobras, lagarto e etc. de acordo com os fundamentos que
foram realizados para ela. Então, ainda desde muito novinha o povo umbundo já
aprende que não se deve maltratar os animais nem mesmos os peçonhentos. Pois eles
são imunes aos seus ataques.
Mas mais fantástico ainda, é que nenhum animal peçonhento, ataca um umbundo que
tenha passado pelos fundamentos nestes moldes.
Uma cobra por mais venenosa que seja, ao chegar próximo a um umbundo que fora
sacralizado e que vem cumprindo os preceitos da iniciação, ela pode até armar o bote
mas na hora de soltar o bote que armara, ela, como se obedecendo um comando
superior, desfaz o bote a sai rastejando para bem longe do umbundo que ela iria atacar.
O mesmo vai acontecer com um pernilongo ou outro animal para o qual já tenha sido
feito a cerimônias de proteção.
Isto é fato. Mas, entretanto, se durante a sua vida um umbundo que passou por este
fundamento, por descuido, por maldade ou por qualquer outro motivo, vier a matar ou
maltratar um desses animais, ele está condenado igual a qualquer outro que não tenha
passado pelos fundamento a morrer por uma menor que seja picada de um desses
animais. Suas picadas serão fulminantes e fatais.
Foi aberto esse parêntese para explicar porque a circuncisão ocorre nesta época.
É exatamente o momento da vida que o menino ou a menina necessita de higienizar as
partes íntimas. Esse é um ato que é muito mais evoluído qualquer outro ocidental. Ou
seja os jovens tem que estar prontos para a vida conjugal mas antes de tudo deverão
estar muito limpos pois não se pode ter relações sexuais com as partes sujas pois pode
afetar a saúde do filho que irá nascer. Mesmo após o ato sexual a higienização é
obrigatória entre os Bantu. Outra coisa, é importante ficar claro é que a circuncisão é
parte de um processo muito maior da iniciação que começou lá quando o feto ainda
estava na barriga da mãe.
14 - PROFILAXIA DURANTE A CIRCUNCISÃO
O jovem recebe o seu cantil de água (cabaça), com raízes medicinais trocadas
periodicamente, de acordo com as necessidades de cada momento (OTCHAVA). Assim
toda água que o jovem beber tem um certo teor medicinal, e isso ajuda a ser mais
resistente aos agentes patogênicos, em fim um infinito de vantagens.
Andam descalço é recomendável aos jovens para reflexoterapia plantar. Os jovens
durante todo o período que ficar na iniciação receberá do Nawa orientações e
ensinamentos. Daí da-se prosseguimento a iniciação.
Os trabalhos domiciliares é geralmente expontâneos, cabendo aos adultos orientar sem
gritos ou punições. Os trabalhos de caça e pesca assim como construção de moradia,
são ali ensinados aos jovens. Mas nada lhes são dado sem uma dose de mistérios do
alem e do respeito à natureza.
15 - TRATAMENTO TRADICIONAIS
Para o povo Kimbundo aparece a figura do TCHIMBANDA que tem as mesmas
funções Thingaji dos Umbundos.
Enfermidade comum: a fitoterapia é usada em grande escala. Ocupa
papel
preponderante. A geoterapia é usada tanto internamente como internamente.
Normalmente a terra usada fica nos formigueiros.
Para picada de qualquer serpente venenosa ou escorpião, basta amarrar o membro acima
da picada, sangrar o local da picada e colocar alcatrão da piteira ou do cachimbo ou
colocar a pedra negra. Havendo a falta desses elementos o barro é usado, e como
antídoto é usado a urina. Esta , após uma picada de um animal peçonhento, tem salvo
muitas pessoas na África.
Existe ainda o processo de tratamento tradicional chamado de LUVAI.. .
Outro método usado é o da sangria, que consiste em fazer alguns cortes pequenos e
aplicar ventosa feito com chifre de Vitelo ou cabrito. A pressão negativa ou sucção faz
sair o sangue venoso(contaminado) até que o organismo se restabeleça. Esse processo
chama-se LUCEBO. Há ainda as enfermidades mais complexas, cuja a etiopatogenesia
é ignorada por falta de conhecimentos científicos para diagnosticar e fazer um
prognóstico seguro.
Nesses casos são procurados então os TCHIMBANDA (médicos tradicionais e vidente
ao mesmo tempo). Em um primeiro contacto é feito uma visita ao Tchimbanda, e ele
faz uma sabatina na pessoa, isto é realiza o que poderíamos caracterizar como entrevista
semiológica. Pergunta tudo: dos costumes, envolvimentos com a comunidades (por
exemplo brigas passadas, discussões). Ai pode até descobrir se há UANGA (feitiço ou
vudu)
Tchimbanda agora possui todos os da ANAMINESE do paciente e da família. Um
detalhe importante acontece num segundo momento da anamnese é que a causa mortis
dos ancestrais é sempre analisada, para colaboração diagnóstica. Quase sempre é
necessário realização de cerimônias mediúnica chamada de ILUNDU para verificação
da verdade. Dai são receitado os remédios fitoterápicos ou outro alternativo. Por esta
cura ele o Tchimbanda cobra um determinado dote, que varia de acordo com o caso.
Se durante o Ilundu for descoberto que houve Uanga (feitiço), então é desencadeado
outros processos de curas que não carece neste momento ser evidenciado, mas a pessoa
se cura.
16 - APRENDIZADO DURANTE A INICIAÇÃO
Relacionamento com o Nawa.
Ele é o responsável pela transmissão dos conhecimentos para os iniciantes. As rezas
todas as atividades secretas, tudo ele ensina. E para cada ensinamento um nó é retirado
do seu cinto. Muito antes de se recorrer ao Thinganji recorre-se ao Nawa. Ele é como
um pai menor. O iniciante apanha uma confiança muito grande com o Nawa que
durante toda a sua vida essa confiança perpetua. Os grandes segredos que não se fala a
ninguém, para o Nawa se fala.
17 - Alimentação durante a EVAMBA.
Quando é chegada a hora do aprendizado da caça, eles são levado para um local onde
exista um grande árvore chamada MULEMBA, onde se faz um ritual sagrado e Nawa
então os conduz ao pé da árvore e dá um corte em um de seus galhos ou do tronco e do
talho vai surgindo um líquido viscoso e cada um dos inciandos colhe em uma cabaça
um pouco daquele visgo.
Logo a seguir pegam um pouco de farinha de mandioca e misturam com aquele visgo
que sairá da árvore, juntando com Nawa, fazendo uma espécie de grude.
Agora para se caçar já tem meio caminho andado.
Agora é só chegar em uma árvore onde pousam os pássaros maiores e sob o comando
do Nawa os iniciantes vão subindo nos galhos da árvore a vai passando aquele óleo
grudento em volta dos galhos.
Cuidado maior deve ter com os IMBONDEIROS porque neles residem os ancestrais e
logo só podem ser incomodado por um mais velho que sabe quão tamanha é a sua
respeitabilidade devida a esse que é o maior símbolo da ancestralidade para qualquer
africano, quanto mais para um Umbundo. Um Embondeiro durante a noite possui uma
maestria que saltam aos olhos de qualquer um que tem privilégio de vê-lo.
Em Angola existem florestas de Imbondeiros. Todos sagrados.
Todos descem e ficam escondidos no mato em total silêncio como um verdadeiro
animal caçador. Não demora muito lá vem um pássaro bem grande, como que se tivesse
sido enviado por algum ancestral superior, e pousa em dos galhos da árvores. Sentindo
que há algo errado sob suas patas o pássaro tenta levantar vôo mas não consegue. Está
preso, muito preso no galho devido o grude que lá fora colocado. Então aquele que
colocou o grude naquele galho sobe até lá e apanha o pássaro vivo e desce com ele,
conseguindo desta forma passar por essa etapa da caça, já pode comer daquela carne. É
mais um nó do cinto é desfeito.
O mesmo ocorre para apanhar ombo, avestruz , osima, macaco, onunsi, cabra.
Para cada animal existe um ou mais tipos de armadilhas
A colheita de frutas tambem são ensinada aos jovens e eles aprendem a colher
omkachichi, abacaxi, omelão, omanga, manga, omelasiya, ahondio, banana, olalanja,
laranja entre outros.
Desta forma tudo vai sendo ensinado. A construção de casas tambem lhes são ensinados
durante cerimônia
Os umbundos possuem uma culinária maravilhosa, mas infelizmente os iniciante, por
força de fundamento inciático há de se alimentam de folhas, ramas e raízes.
Aos poucos ele vai ganhando o direito de comer um ou outro pedaço de carne. As
KISILA (preceitos) são levadas muito a sério porque depois durante toda a vida do
iniciado qualquer coisa que ele comer que for nkisila ele irá passar mal e aí ele terá que
voltar ao Thimbanda para que ele descubra qual foi a nkisila que foi quebrada pelo
iniciado.
A culinária Umbundo possui pratos maravilhosos, super deliciosos como os a seguir que
nos são gentilmente ensinados por Madalena Tchilingaoesi: Quase toda iguaria leva
o azeite de dende(ii)
IPUTA (pirão)
Põe-se ao lume uma quantidade de água, geralmente de acordo com o número do
agregado familiar. Aquece-se a referida água até a uma temperatura própria, contanto
que a mesma não entre em ebulição (não ferva) e depois, aos poucos, vai-se deitando a
farinha de milho, para que possa facilitar a efervescência (oku tomboyoka). Chamo
atenção ao facto de que a água não deve ferver muito, não vá provocar bolhas (aputi).
Depois deixa-se a substância pastosa a ferver aproximadamente uns 15 minutos. Após
isso agrega-se uma certa quantidade de fubá até a mesma ficar pastosa. Mexe-se bem,
com uma colher de pau (oluiko) e quando estiver pronta mete-se numa travessa. O Iputa
nunca se come só. Tem de ser acompanhado por um condimento, que podem ser
couves, carne, peixe, quisaka e outros tipos de “condutos” tradicionais”. Porquê não
experimentar com a efuanga, conforme a primeira receita que eu dei?
ASOLA (canjica de milho)
É feita com uma determinada quantidade de milho que antes de ir ao lume para ser
cozido, tem que ser desfarelado num almofariz e lavado. Só depois disso é que se mete
numa panela de pressão ou numa normal, juntamente com a mesma quantidade de
feijão. Também se pode adicionar carne de vaca ou de porco para dar um sabor mais
agradável ou outros ingredientes conforme os gostos de cada um. Depois de se cozinhar
bem, prepara-se o refogado a parte e mistura-se tudo. Com uma temperatura normal e
não muito elevada, vai-se mexendo até que se note um aspecto compacto. Depois servese.
OLOSEKE (“rolão”)
Prepara-se uma determinada quantidade de milho. Depois desfarela-se num almofariz,
lava-se e põe-se a secar. Quando estiver bem seco, moe-se, passando a ser milho ralado
ou oloseke. De seguida, põe-se água numa panela em quantidade proporcional a
quantidade do referido rolão. Ferve-se até o oloseke cozer. Depois de cozido, pode
deitar-se nele leite e açúcar, leite e sal, ou apenas sal ou açúcar com limão. É,
geralmente, servido no pequeno almoço.
Qualidades prodigiosas das folhas de mandioqueira
Ombelela Yesuanga ou Efuanga (Conduto de Efuanga ou Esuanga)
Para se preparar o conduto efuanga ou esuanga, que são folhas de mandioqueira, devese, em primeiro lugar, ir à lavra para colher as folhas de mandioqueira, cuja operação se
dá da o nome de oku ka efuanga ou oku nola efuanga. Depois, as mesmas são levadas a
casa, com o fim de se ver se trazem consigo bichinhos, alguns deles venenosos, como os
aleñalo (camaleões) e ahotio (caracóis).
Depois, as folhas são postas num almofariz para serem pisadas. Tiram-se do almofariz e
põem-se num ongalo (balaio) para arrefecer um pouco. Em seguida, põe-se numa panela
de barro para serem cozidas. É costume serem temperadas a óleo ou banha.
Ombelela Yudiungu (Conduto de Ediungu)
O undiungu é feito com pasta de ginguba ou de outro produto que se chama ondungo.
Põe-se esse produto no sal e passa toda a noite no fogo. No dia seguinte, antes de se ir
às lavras, faz-se pirão e come-se aquela efuanga. O undiungu não pode ser cozinhado
durante a noite; não pode ficar muito tempo ao fogo, caso contrário, fica amargo por
causa das cinzas. Para se confeccionar o ondiungu, colhe-se efuanga, como foi
explicado acima. Depois, põe-se no almofariz e pisa-se como da primeira vez. Em
seguida, pega-se nos apumu (caroços de milho seco) ou folhas de bananeiras e queima-
se, pegando-se, a seguir, na respectiva cinza bem peneirada e põe-se na água, que
servirá para cozinhar numa panela de barro ou de ferro. Só fica no fogo durante uma
hora, pois fica amargo se ficar muito tempo. Se estiver bem cozido fica todo ele muito
verde.Também pode ser comido com pirão. Pena que tem sujado muito os dentes.
Ombelela yo Ochitieña (Conduto de Ochitieña)
O processo é quase o mesmo: colhe-se o efuanga na lavra. Limpa-se e deita-se na água
quente e depois mete-se na água fria. De seguida, mete-se numa panela e põe-se ao
lume. Também pode ser temperado com ondungo, óleo, etc..Depois de cozido põe-se
nos pratos e come-se acompanhado com pirão. Os três tipos cozinham-se com a panela
destapada. Para se comer têm ser bem cozidos, não se come cru. Muitos morreram por
terem comido efuanga mal cozida.
É muito comum, em Luanda, um trabalhador de uma empresa pedir licença para ir até a
província para realizar tratamento tradicional, é muito comum.
Já vi muitos saírem com sintomas dos mais complicados e dentro de uma ou duas
semanas, voltam totalmente curado.
Para alguns dos tratamentos os bantu lançam mão da fitoterapia
Uma lista das principais ervas medicinais dos Bantu está registrada no final desta
obra.
18 - A sexualidade
Como nos foi dito pelo Dr. Joaquim Cangue, logo após a circuncisão os
jovens são colocados
para se conhecerem
uns aos outros,
principalmente os órgãos genitais, para sentirem as carícias
e
descobertas sexuais, e assim desperta - los para o início de uma vida
sexual e para o casamento, visando a preservação da espécie. Tanto
mais que para as raparigas ainda são ensinadas as atividades caseiras
como cozinhar, lavar, limpar e etc.
Então os homens iniciam a atividade sexual aos vinte anos e a mulher
aos dezoito.
O que é ensinado sobre a descoberta de uma causa morte:
É assim ensinado, e aí o noviço passa a descobrir o porque daquelas
cerimônias que ele não podia ver quando ocorram em suas famílias:
Já no velório, a família conta detalhadamente para o mediador, desde o
início da doença até a morte. Se o relato da família não for o suficiente e
gerar dúvida, é feita a cerimônia de corpo presente. Atenção, quem
responde às perguntas é o morto. Um ancião, conhecido como (COTA)
entra em transe ou não e faz as pergunta ao morto. Ele responde às
pergunta realizando movimentos laterais violentos afirmando ou
negando. Esta cerimônia é realizada perto de uma fogueira e só depois
de reconhecida a causa morte é que se realiza a marcha fúnebre. Se
alguma dúvida ficou para traz ao chegar no cemitério o morto se nega a
ser enterrado de novo realizando movimentos retrógrados e é necessário
voltar ao local de velório e recomeçar o ritual. Por exemplo se for caso
de homicídio é colocado do lado de fora uma tocha de fogo, (tição) por
sobre a qual passará o caixão. Em menos de uma hora o assassino se
apresenta e confessa o crime. Não acontecendo tal é dada a ordem para
realizar o enterro, mas ai dentro de 24 horas, no máximo, os
responsáveis pela morte também morrem, quase sempre asfixiados.
19 - Como é ensinado as questões da Eutanásia
Algumas civilizações Africanas praticam a eutanásia com a finalidade de
minimizar o sofrimento de pessoas idosas, caquéticas em fase terminais,
com mais de um ano de tratamento e só piorando o quadro e já com
aspecto cadavérico. Este ato é realizado perguntando às forças da
natureza (principalmente o ar , de onde provem a energia vital).
A VISITA DO THINGANJI.
Conforme depoimento do nosso amigo José Joaquim Quiteque, aquele
que recebeu o nome de “o espantalho”, determinadas noites aparece o
Thinganji e então ele nada falando, apresenta-se diante dos jovens que
quase tremendo começam a decifrar as suas mímicas.
É evidente que o Nawa está ali para ajudar. Mas mesmo assim o chicote
come solto se o aprendiz responde errado. E começa então a aula:
Mostra o pé coberto por palha e os jovens respondem MATEMBÊ, logo
ele bate com os pés no chão e os guizos repinicam seu sons no ar. E os
jovens respondem :
Ele mostra o chicote e os jovens respondem : ONOPA YACANGANJI.
Ele mostra o saiote e os jovens respondem; MUNJANÇA. Depois vem as
rezas e aquela noite passou. Tudo bem. Como será a próxima?
resmungam os jovens.
O FINAL DA CIRCUNCISÃO
Na noite que antecede o dia da saída é como o dia de prova final em uma
escola.
Todos os ensinamentos são tomados dos iniciantes em forma de
arguição.
A rezas têm que ser rezadas sem faltar nada e conhecendo todos os seus
fundamentos.
O mesmo ocorre com as cantigas. Todas devem estar na ponta da língua.
Nesta noite o Thinganji maior vem para certificar dos conhecimentos dos
jovens.
Então a roupa de BUMBA para apresentação de cada iniciado aos seus
familiares.
Debaixo da roupa do Thinganji ninguém sabe o que tem, porque nada
fica visível. Portanto para quem não tem conhecimentos há ali somente
folhas e máscara.
No outro dia então uma grande festa é preparada pelos familiares para o
retorno dos jovens.
Na frente vem O Nawa Maior e o Thinganji Maior. Fazendo várias
coreografias das mais lindas acompanhados pelos sons dos tambores e
outros instrumentos seguidos pelos iniciados que vêm atrás cada um
acompanhado pelo seu respectivo Nawa.
Todos dançando com muita alegria. Os familiares que os recebem em
praça ou local aberto. E a alegria é geral.
A cultura do Ovimbundo é simples mas muito rica em ensinamentos que
os ocidentais fizesse uma reflexão a respeito muito aprenderia,
nomeadamente quanto ao respeito aos elementos da natureza. Aqui no
Brasil os afro brasileiros tentam demonstrar essa cultura através dos
cultos dos ancestrais principalmente os angoleiros que honrando a
tradição do povo Bantu não se deixou nunca se escravizar. Mesmo agora
nestes tempos atuais que dizem que a escravidão acabou, com o que não
acredito, ele é rebelde. Quando conhecer um negro ou descendente dele
que lhe causar a impressão de insubordinação, não o condene, pois ele
só estará deixando extravasar os ímpetos ancestrais que residem dentro
do si. Há dentro deste ser humano toda uma cultura pulsando de forma
muito forte que ele não consegue dominar e nem tão pouco sabe
explicar.
Mas, se alguma pessoa se fizer passar por um Bantu com esses ímpetos,
fácil será descobrir se é legítimo ou um impostor. O negro Bantu apesar
desta postura, ele traz por traz dela um olhar maravilhoso e por traz
desse olhar um coração maravilhoso e um respeito sem tamanho aos
mais idosos porque foi assim que ele aprendeu.
E quando não tiver mais paciência, busque no interior deste negro e verá
muita cultura. Procure ouvi-lo antes de condená-lo O Umbundo não
sabe falar não, está sempre pronto a dar o que não tem para atender a
um pedido de uma pessoa.
O Thinganji é o médico dos pobres, o responsável pelas mais diversas
decisões políticas, sociais inclusive direcionadas com os destinos das
províncias entre outros. Ele está acima dos SOBAS, que é consultado e
respeitados por todos.
Será só coincidência?
Chegou no Brasil, trazido pelos escravos e até hoje é cultuado as divindades africanas.
Dentre elas existem as que estão ligadas às doenças, as mortes, as pestes etc.
Suas roupas são bem diferentes das demais. Eles usam palha da costa (folhas de Mariwô
= palmeiras do dendê desfiadas).
O seu arquétipo é exatamente o arquétipo dos Nkisi do povo Bantu. Até viver à margem
é uma tônica desta divindade.
Da mesma forma que ele também está ligado às doenças Epidêmicas, (varíola, malária,
todo tipo de febres etc), também o estão as divindades dos povos Bantu.
Todos vivem nas matas.
Todos só saem para o público nas festas
Todos curam e todos matam. Coincidência ou não, eis as divindades:
Thinganji
Obaluayê
e Thiganji Maior para os Umbundos
e Omolu para os Iorubanos
Ngana Thingongo e Ngana Kikokngo para os Moxicongos e os povos das Lundas.
Thimbanda e Thinganga para os Kimbundos.
Assim como há a cerimônia no final da EVAMBA para as pessoas que nas divindades
crêm, existem também cá no Brasil esta mesma cerimônias (salvo algumas alterações de
caráter etnicos) veja por exemplo uma cerimônia da Cocuana em uma casa de raízes dos
Lundas.
A Cerimônia da COCUANA (Kwkwana)13
1 ) A ABERTURA:
a) Abertura com a saudação é a Moavile (o guardião), seguido do defumador e pemba.
b) Cânticos para as divindades angolanas. Os Nkisi.
c)
especificamente neste dia pode haver a cerimônia
de novos filhos.
13
A comida dos filhos
de entrada para a comunidade
1A SAÍDA DA COCUANA. (em respeito todos devemos ficar de pé) e cantar:
“akudiwa dê angolê Cocuana arê (biz)”
De branco que representa o amor a todos os seres vivos que sofrem por viverem sob as
mazelas dos sete pecados capitais, as divindades entram no barracão sob os cânticos e
os toque alegres dos atabaques, (tambores sagrados).
2 ) O CURRAM DE BARRACÃO DE ANGOLA
a) o curram (rezas para reverenciar os ancestrais, próprias da ocasião )
b) distribuição dos alimentos agora divinizados, pelos próprios Nkisi.
Os Nkisi então oferecem as comidas para nos livrarem dos males do corpo e da alma.
Ao som dos atabaques e dos cânticos todos comem.
b) Após a comida, todos rezam para agradecer os alimentos recebidos.
2A SAÍDA: DA COCUANA
Devemos, mais uma vez de pé, receber os Nkisi com muitas palmas e alegria.
vestido a caráter, isto é muita palha e muitos guizos, o corpo quase não aparece, tudo é
só palhas. As divindades nada falam, vêm, agora, contar a suas lendas através da dança,
sob os cânticos entoados por todos os presentes.
3A O FECHAMENTO
Todos os presentes iniciados ou não rezam para agradecer o momento e com a certeza
de ter recebido as graças dos Nikisi, retornam às suas casas e recomeça assim um novo
ciclo da Cocuana já que próximo ano tudo se repetirá.
Para os Ioruba Omulu, é o MÉDICO DOS POBRES.
No mês de agosto comemora-se a sua festa nos terreiros(canzua) ou Ilê para os nagô.
Esta festa é chamada OLUBAJÉ. Tem os mesmos fundamentos da Kwkwana, mas com
esse nome só os fazem os iorubanos ( os Nagô e suas derivações)
i
ÁREA: 1.246.700 KM2, incluindo os 7270 km2 do enclave de Cabinda, no litoral do Congo.
Pop.: 13.900.000 hab. (2002*) sendo cerca de 70 mil em Cabinda (1990). CAPITAL: Luanda (2,08
milhões, est. 1988). OUTRAS CIDADES: Huambo (203.000), Benguela (155.000), Lobito (150.000),
Lubango (105.000) (estimativas de 1984) IDIOMAS: Português (oficial) e línguas nacionais: ovibundo
(37,2% da pop.), quimbundo (21,6%), umbundu, kicongo e congo, as principais.
CLIMA: tropical de savana na maior parte; árido tropical (na fronteira com a Namíbia). RIOS
PRINCIPAIS: Cuanza, Cuando, Cuito, Zambeze, Cunene, Congo (ao norte, fazendo parte da fronteira c/
o Congo) Ponto mais alto: monte Moco (2620 m), próximo ao centro do território do país. RELEVO:
litoral pouco recortado, com linha de montanhas paralela à costa. Planalto no interior (1000 m de
altitude
em
média).
Extensão
de
litoral:
1600
km
GOVERNO: república presidencialista. Chefe de estado e de governo: presidente José Eduardo dos
Santos (MPLA) desde 1979 Legislativo: unicameral (não há senado e câmara separados) com 220
membros, eleitos para um mandato de 4 anos. Constituição em vigor: 1975, alterada em 1992. Divisão
administrativa:
18
províncias.
O país viveu uma guerra civil durante quase 27 anos, desde sua independência em 1975. De um lado, o
governo de linha marxista do MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola - inicialmente
comandado por Agostinho Neto e, com a morte deste em 1979, sucedido por José Eduardo dos Santos; de
outro, a UNITA - União para independência Total de Angola - comandada por Jonas Savimbi e apoiada
durante muito tempo pelos EUA e pelo regime do "apartheid" da África do Sul. Houve uma tentativa de
acordo em 1995, porém a guerra foi retomada em 1998, com ataques da guerrilha da UNITA no interior
do
país.
ii
NOME CIENTÍFICO: Elaes Guinesis, Palmae
Nome Africano :
Egbò Èpo
Habitat Natural:
África Tropical.
Produção:
Do fruto é extraído o azeite de dendê.
Da folha é retirado material para confecção de materiais úteis na vida doméstica e nos rituais
sagrados.
O Naturista Lineu a considerou como:
O PRÍNCIPE DO REINO VEGETAL.
Nome científico: Cola Acuminada
Família das Esterculíaceas
Habitat Natural: África Tropical
Nome Africano: OBÍ
Composição Química: princípio ativo: Tanióide ( vermelho de cola e bases púricas que representam
a cafeína).
Propriedades medicinais: Estimulante do sistema neuro muscular e mais força mental, muscular e
sexual.
Preparação: Pó, Tintura ou extrato fluído.
Contra indicação: no erctismo cardíaco, nas palpitações,nos nervos exitaveis,nas tensões arteriais,e
nas insônias.
Dosagens: Do Pó: 1gr até 5 gr. ; do estrato: de 1gr até 4 gr ; do vinho de 2 colheres das de sopa até
3 colheres.
O QUE A HISTÓRIA CONTA : (*)
(Jornal A tarde de 04/08 de 1923)
“Dois sacos de OBI IAM SAHINDO DO CÓRDOBA,passou hontem. No posto Paquete Francês
CÓRDOBA, que ancorou. De bordo deste navio, procuram desembarcar para um saveiro,
infringindo as leis aduaneiras,saccos de obis, fructa exotica e que está no mercado por preço
caríssimo. O contrabando foi pegado pelo guarda Cecino Veloso que lavrou o competente auto,
abrindo-se o inquérito na alfândega”.
Notas de comerciantes “... 40 mil são mencionadas numa carta de 21/11/1862 (Verger 1952), 71.500
numa carta de 01/08/1863 (224)e , finalmente, 8200 numa carta de 27/12/1863 (245). Estas cartas, e
a mercadoria, foram mandadas por José Francisco dos Santos, o alfaiate, para João Gler Baeta na
Bahia.”
(*) conforme Carlos Cardoso e Jeferson Bacelar , em “FACES da cultura afro-brasileira

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