37 CURSO DE TEOLOGIA BÍBLICA INTRODUÇÃO À BÍBLIA
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37 CURSO DE TEOLOGIA BÍBLICA INTRODUÇÃO À BÍBLIA
37 CURSO DE TEOLOGIA BÍBLICA INTRODUÇÃO À BÍBLIA AULA 11 – A DIVISÃO E O MANUSEIO DA BÍBLIA Nos antigos manuscritos, a Bíblia apresenta-se em “escrita contínua”, sem espaçamentos, e frequentemente só em caracteres maiúsculos. Para encontrar facilmente uma citação, criou-se o sistema de referências bíblicas, através da divisão em capítulos e versículos. 1 - Antecedentes desta divisão Os pioneiros foram os judeus que dividiram a Bíblia hebraica em capítulos e seções para a leitura na sinagoga, antes da era cristã. A Lei foi dividida em 54 seções (uma para cada semana do ano)1. As primeiras divisões pelos cristãos datam de manuscritos antigos do século V, onde aparecem as primeiras tentativas de divisão bíblica.Nessa antiga classificação, Mateus tinha 68 capítulos, Marcos 48, Lucas, 83 e João contavam 18 capítulos. 2 - A divisão em capítulos Em 1226 Étienne Langton (ou Estêvão Langton) teve a ideia de dividir cada livro em capítulos numerados, (futuro arcebispo de Canterbury, em Inglaterra), enquanto desempenhava as funções de professor na Sorbone, em Paris. Esta divisão, foi usada, pela primeira vez na “Bible de Paris”. O êxito deste sistema foi enorme, e foi usado até pelos judeus. 3 - A divisão em versículos À medida que o estudo da Bíblia ganhava em precisão e minúcia, revelou-se esta divisão insuficiente. Assim, o dominicano italiano Santos Pagnino, publicou em 1528, em Lyon uma Bíblia toda subdividida em frases pequenas. Entretanto, o autor do nosso sistema atual de classificação de versículos é de Roberto Stefano (ou Estienne), um editor protestante.Ele aceitou a divisão de Pagnino do Antigo Testamento com pequenos retoques. Entretanto, Pagnino não subdividira os 7 deuterocanónicos. Coube a Estienne o fazer!). Robert Etienne adotou a numeração de Pagnini e numerou os versículos do Novo Testamento em sua edição de 1555. 4 - A primeira vulgata com divisões e subdivisões Finalmente o Papa Clemente VIII mandou publicar uma nova versão da Bíblia em latim para uso oficial da Igreja, pois o texto anterior de tanto ser copiado à mão tinha sido deformado. A obra foi concluída a 9 de Novembro de 1592 e foi a primeira edição da Igreja Católica que apareceu com a já definitiva divisão de capítulos e versículos. 5 - Como manusear a Bíblia? 1. Saber o Nome ou o Título do Livro - ver se o Livro está no Antigo ou no Novo Testamento; 1 Os profetas não foram divididos inteiros como a Lei, mas seleccionaram-se 54 trechos deles, os chamados "haftarot" (despedidas), porque com a sua leitura se encerrava nas funções litúrgicas a leitura da Bíblia. Em Lc 4, 16-19, Jesus foi convidado a ler a haftarot (despedida) e leu um trecho de Isaías 61. www.fe-e-esperanca.com Curso de Teologia Bíblica – Pe. Ronaldo Sabino de Pádua CSsR 38 2. 3. 4. 5. Número do Capítulo está sempre em tamanho grande, no início do capítulo do Livro. Número do versículo está sempre em tamanho menor, espalhado pelo meio do texto. Entre o número do capítulo e do versículo vai sempre uma vírgula. Se o texto abranger mais de um versículo, então se separa a sequência dos versículos por um traço. Ás vezes encontra-se um “s” ou dois “ss” depois do versículo. Quer dizer “versículo seguinte” ou “versículos seguintes”. Ás vezes encontra-se um “a” ou um “b” após o versículo. Indicam se é a primeira ou a segunda parte do versículo. Isso acontece quando o versículo é formado por uma ou mais frases. 6 - Como procurar e encontrar uma citação bíblica? As citações bíblicas têm sempre a seguinte ordem: Título do livro (abreviado), capítulo e versículo (Mt 4,23-25). A vírgula ( , ) separa o capítulo do versículo (Jo 6,5). O ponto ( . ) indica um pulo entre os versículos. Neste caso, lê-se o número que vem antes e depois do ponto (Jo 1,3.9). O traço ( - ) indica que deve-se ler de um versículo até o outro (Jo 17,20-26 ). O traço pode também indicar uma sequência de capítulos (Jo 17,20-18,12). O ponto e a vírgula ( ; ) separam uma citação de outra, ou um livro de outro livro (Jo 1,5; 16,14). Dois esses ( SS ) indicam os versículos seguintes ao citado (Jo 1,5ss). Às vezes encontra-se um a, ou b, ou ainda um c depois da citação do versículo (Jo 1,18a). Quando o livro tem um só capítulo, omite-se a indicação do capítulo e cita-se só o versículo (Jd 3). 7 - Os Salmos na Bíblia Hebraica e Grega Todas as edições da Bíblia trazem os mesmos 150 salmos. Sua numeração, porém, varia: existe a do texto hebraico e a da versão dos setenta (e também da Vulgata). Então, a versão dos setenta juntou em um só os salmos 9 e 10, bem como os salmos 114 e 115, mas dividiu em 2 os salmos 116 e 147 do texto hebraico. Então as diferenças ficam assim: www.fe-e-esperanca.com HEBRAICO 1-8 9 10 11-113 114 115 116,1-9 116,10ss 117 - 146 147,1-11 147,12ss 148 - 150 GREGO 1–8 9,1-21 9,22ss 10 – 112 113,1-8 113,9ss 114 115 116 – 145 146 147 148 - 150 Curso de Teologia Bíblica – Pe. Ronaldo Sabino de Pádua CSsR 39 8 – A Bíblia em números Mas ajuda-nos a conhecer a Bíblia até às minúcias: por exemplo: A bíblia tem: 1.328 capítulos; 40.030 versículos; As palavras no texto original somam 773.692 As letras somam 3.566.480 letras. A palavra Javé, o nome sagrado de Deus, aparece 6.855 vezes. O salmo 117 encontra-se exatamente na metade da Bíblia. 9 – Questões para aprofundamento 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Como era a escrita nos antigos manuscritos maiúsculos? Como os judeus dividiram a Tanak? Quem e quando a Bíblia foi dividida em capítulos? Quem e quando a Bíblia foi dividida em Versículos? O que é necessário saber para manusear a Bíblia? Explique esta citação bíblica: Jo 1,5;16,14-17.20-17,12ss. O que é Septuaginta e Vulgata? 10 – Bibliografia sobre o tema estudado 1. ARENS, Eduardo. A Bíblia sem mitos: uma introdução crítica. São Paulo: Paulus, 2007. 2. BÍBLIA. Bíblia do Peregrino. São Paulo: Paulus, 2002. 3. PONTIFÍCIA COMISSÃO BIBLICA. A interpretação da Bíblia na Igreja. 7.ed. São Paulo: Paulinas, 2006. 4. RAYMOND E. BROWN / Joseph A. Fitzmyer / Roland E. Murphy. Novo Comentário Bíblico de São Jerônimo. Novo Testamento e artigos sistemáticos. São Paulo: Academia Cristã, Paulus, 2011. 5. SCHNELLE, Udo. Introdução à exegese do Novo Testamento. São Paulo: Loyola, 2004. 6. GASS, Ildo Bohn. (08 volumes): Cebi; Paulus, 2004 (Uma Introdução à Bíblia). 7. KONINGS, Johan. A Bíblia nas suas Origens e Hoje. 4ª edição. Petropolis: Vozes, 2002. 8. LACOSTE, Jean-Yves. Dicionário Critico de Teologia. São Paulo: Paulinas-Loyola, 2004. 9. LÉON-DUFOUR, Xavier (diretor), Jean Duplacy, Augustin George, Pierre Grelot, Jacques Guillet e Marc-François Lacan. Vocabulário de teologia bíblica. 11ª Edição. Petrópolis: Vozes, 2009. 10. BOGAERT, Pierre-Maurice; DELCOR, Matthias; JACOB, Edmond; LIPISNK, Édouard; MARTINACHARD, Robert; PONTHOT, Joseph. Dicionário enciclopédico da Bíblia. São Paulo: Loyola, Paulinas, Paulus, Academia Cristã, 2013. Ronaldo Sabino de Pádua www.fe-e-esperanca.com Curso de Teologia Bíblica – Pe. Ronaldo Sabino de Pádua CSsR