Título do Trabalho em Português1

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Título do Trabalho em Português1
XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Teores de matéria seca em feno de capim Tifton 85 em diferentes ambientes de armazenamento1
Levels of dry matter in Tifton 85 bermudagrass hay in different storage systems
Marilda Schmoeller2, Sandra Mara Stroher2, Caroline Daiane Nath2, Marcela Abado Neres3
1
Parte da dissertação de mestrado da primeira autora desenvolvida na UNIOESTE campus de Marechal
Cândido Rondon - PR
2
Discente do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPZ) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
– Unioeste. [email protected], [email protected], [email protected]
3
Docente do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPZ) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
– Unioeste. [email protected]
Resumo: Objetivou-se avaliar o teor de matéria seca (MS) do feno de capim tifton 85 sob diferentes formas
de armazenamento e tempo de estocagem. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com
parcelas subdivididas no tempo, com 4 sistemas de armazenamento alocados nas parcelas e 3 tempos nas
subparcelas, com 5 repetições. Os ambientes de armazenamento foram: galpão fechado arejado (Galpão),
galpão coberto sem paredes laterais com os fardos cobertos com lona transparente (Transparente), no tempo
revestido com lona dupla face (Dupla Face) e fardos expostos no tempo (Aberto). Os tempos de
armazenamento avaliados foram: 25, 52 e 86 dias. O corte da forragem foi realizado com uma segadora
condicionadora aos 50 dias de rebrota, a 5 cm do solo. A forrageira foi enfardada após 24h00 em função das
condições climáticas favoráveis ao armazenamento. Para a determinação dos teores de MS do feno, foram
coletadas aproximadamente 300 g de amostra após o enfardamento. A MS do feno armazenado, aos 25 dias,
em galpão fechado e em galpão semifechado coberto com lona transparente foi aproximadamente 12%
superior (P<0,05) ao feno exposto no tempo (76,47%). O feno armazenado por 52 dias sob a lona dupla face
apresentou MS aproximadamente 28% maior (P<0,05) em relação ao feno exposto ao tempo (62,78%). Os
teores de matéria seca do feno de capim Tifton 85 são influenciados pela forma de armazenamento e fenos
armazenados no tempo têm os teores de MS influenciados pelas condições climáticas.
Palavras–chave: ambiente aberto, condições climáticas, galpão, lona dupla face, lona transparente
Abstract: The objective was to evaluate the dry matter (DM) content of Tifton 85 hay under different forms
of storage depending on the storage time. The experimental design was completely randomized with portion
sub divided in time with 4 allocated storage systems in the plots and times three in the subplots with 5
repetitions. The storage environments were: airy closed shed (Shed); a shed without sides with bales covered
with transparent canvas (Transparent); in time coated with double-side canvas (Double Sided) and burdens
exposed in time (Open). The storage times evaluated were: 25 , 52 and 86 days. The cut of the forage was
accomplished with a mower conditioner in the 50 days of regrowth, at the 5 cm of soil. The forage was
dehydrated in the field for 24.00 hours as a function of climate conditions to the baling and storage. For the
determination of DM of the hay were collected approximately 300 g sample after baling. The MS of the hay
stored at the 25 days in a closed shed and shed semi closed covered with transparent plastic sheet was,
approximately, 12% higher (P<0.05) hay exposed in time (76.47 %). The hay stored at 52 days in the doublesided canvas showed the DM approximately 28% higher (P <0.05) than the hay exposed in the time (62.78
%). The levels of the dry matter of grass hay Tifton 85 are influenced by the way storage and and hay stored
in time have the DM influenced by weather climate conditions.
Keywords: double-sided canvas, open environment, shed, transparent canvas, weather conditions
Introdução
O processo de fenação constitui uma das alternativas ao problema da sazonalidade das plantas
forrageiras, permitindo que o excedente produzido em pastagens ou em áreas exclusivas de cultivo possa ser
armazenado e empregado na alimentação dos animais em épocas de escassez (Aguiar et al., 2006). Desde que
estocado adequadamente, o feno pode ficar armazenado por longos períodos com pequenas alterações no
valor nutritivo, utilizado em grande e pequena escala, podendo atender o requerimento nutricional de
diferentes categorias animais (Reis et al., 2001). Muitas vezes o excesso de feno produzido no verão para ser
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utilizado no período de escassez de pastagem não possui estrutura adequada para armazenamento, como por
exemplo, galpão coberto e arejado, sendo então armazenados em estruturas improvisadas.
Conforme Barbosa et al. (2014), a perda de matéria seca, oriunda do consumo de carboidratos não
estruturais e o aquecimento, durante o armazenamento do feno, afetam a concentração da maioria dos
nutrientes. Esta perda constitui uma matéria seca altamente digestível e, portanto, é imprescindível a
realização de estudos a fim de verificar possíveis perdas no teor de matéria seca em fenos armazenados.
O objetivo do trabalho foi avaliar o teor de matéria seca do feno de capim tifton 85 sob diferentes
formas e tempos de armazenamento.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em uma propriedade destinada a produção de feno no município de
Marechal Cândido Rondon-PR, com área total de produção de feno de 20 hectares; localizada sob as
coordenadas geográficas: latitude 24º33’ 40’’S, longitude 54º04’12’’ W e altitude de 420 m. O clima local,
classificado segundo Koppen, é do tipo Cfa, subtropical com chuvas bem distribuídas durante o ano e verões
quentes. As temperaturas médias do trimestre mais frio variam entre 17 e 18°C, do trimestre mais quente
entre 28 e 29°C e a anual entre 22 e 23°C. Os totais anuais médios normais de precipitação pluvial para a
região variam de 1.600 a 1.800 mm, com trimestre mais úmido apresentando totais que variam entre 400 a
500 mm (IAPAR, 2006).
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com parcelas subdivididas no tempo, sendo
4 tratamentos nas parcelas principais: galpão fechado arejado (Galpão), galpão coberto sem paredes laterais
com os fardos cobertos com lona transparente (Transparente), no tempo revestido com lona dupla face
(Dupla Face) e fardo exposto no tempo (Aberto) e 3 tempos alocados nas subparcelas (25, 52, 86 dias de
armazenamento), com 5 repetições.
A área de capim tifton 85 é destinada exclusivamente à produção de feno e tem como adubação o uso
de biofertilizante, oriundo da criação de suínos, o qual é tratado em um biodigestor modelo canadense. A
adubação do campo de feno ocorreu 30 dias antes do corte para fenação com 70m3 ha-1 de biofertilizante. O
corte da forragem ocorreu às 11:00 horas e foi realizado com auxílio de uma segadora condicionadora com
batedores de dedos livres, com altura de corte de 5 cm do solo, quando o capim tifton 85 encontrava-se com
idade de rebrota de 50 dias. Após o corte, a forrageira permaneceu no campo por um período de 24 horas
para que ocorresse a desidratação da mesma com o intuito de que atingisse teores de matéria seca ideais para
o enfardamento (acima de 800 g kg-1), sendo que no período as condições climáticas foram favoráveis à
desidratação, com temperatura máxima de 36,5 (ºC).
Após o enfardamento, com peso médio de aproximadamente 6 kg, os fardos foram armazenados nos
quatro ambientes. Para a determinação do teor de MS do feno foram coletadas aproximadamente 300 g de
amostra em cada período avaliado, sendo estes 25, 52 e 86 dias após o enfardamento. As amostras coletadas
foram acondicionadas em sacos de papel e submetidas à secagem em estufa com ventilação forçada de ar por
72h a 55oC. Os dados foram submetidos a análise de variância, e quando constatado a significância aplicouse o teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Não houve diferença significativa (P>0,05) nos teores de matéria seca, quanto ao tempo de
armazenamento do feno alocado em lona dupla face e em galpão revestido com lona transparente. No
entanto, houve diferença significativa (P<0,05) no teor de matéria seca do feno de capim tifton 85 em relação
ao tempo de armazenamento dos fardos que foram expostos no tempo, sendo encontrado menor teor aos 52
dias de armazenamento (62,78%). De acordo com Barbosa et al. (2014), o aquecimento do ar durante o
primeiro mês de estocagem ajuda a secar o feno e, após o primeiro mês, o feno apresenta, normalmente,
redução de 18% de umidade, estando relativamente estável durante o período remanescente de estocagem. As
variações dos teores de MS (Tabela 1) durante o armazenamento também podem ter ocorrido devido a
alterações nas condições climáticas durante este período. Segundo Raymond et al. (1978), o feno é
higroscópico, e portanto, pode absorver e perder água para o ambiente sendo então seus teores de matéria
seca influenciados pelas condições de umidade relativa do ar.
Verifica-se, na Tabela 1, que os teores médios de matéria seca do feno armazenado aos 25 dias em
galpão (86,61%) e o revestido com lona transparente (85,98%) foram aproximadamente 12% superiores
(P<0,05) ao feno armazenado exposto no tempo (76,47%). Resultado semelhante ocorreu para o feno
armazenado nestes locais aos 52 e aos 86 dias. Isto pode ser decorrente da menor exposição deste feno aos
fatores climáticos nos tratamentos de armazenamento em galpão.
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O feno armazenado aos 52 dias sob a lona dupla face apresentou um teor de matéria seca (80,61%)
aproximadamente 28% maior (P<0,05) que o teor do feno exposto ao tempo (62,78%). Provavelmente isto
ocorreu devido à utilização da lona, que reduziu as perdas de matéria seca, mesmo estando os fardos
armazenados no mesmo ambiente. De acordo com Cândido et al. (2013), a maior parte da perda de matéria
seca ocorre na camada externa dos fardos, 10-20 cm, onde o feno é exposto aos efeitos do meio ambiente, ou
seja, chuvas, sereno e umidade do solo. Com o uso de plástico ocorre a condensação da umidade na
superfície da lona, reduzindo-se também as perdas de matéria seca. Conforme Reis (2001), as perdas de
matéria seca de fardos armazenados em local desprotegido podem variar de 3 a 40%, dependendo das
condições climáticas, sendo que a colocação dos fardos em locais elevados reduz em 3% as perdas de matéria
seca, enquanto o uso de uma cobertura plástica diminui em 30%.
Independente do período observado (25, 52 e 86 dias), o feno armazenado em ambiente aberto
apresentou teores de matéria seca abaixo dos limites estipulados por Rotz (1995) para a sua boa conservação,
enquanto que, os aqueles armazenados sob dupla face, lona transparente e em galpão fechado mantiveram os
teores acima do preconizado. Diante do exposto, a utilização de artifícios que reduzam o contato do feno com
umidade, como lonas e galpões semiabertos ou fechados, pode reduzir as perdas de matéria seca, e
consequentemente, de nutrientes do material enfardado.
Tabela 1. Teores de matéria seca (MS) do feno de capim Tifton 85 em função do tempo (25, 52 e 86 dias) e
do armazenamento exposto no tempo (Aberto), fora do galpão revestido com lona dupla face (Dupla Face),
em galpão fechado com ausência de iluminação (Galpão) e em galpão semicoberto revestido com lona
transparente (Transparente).
Dias
Tratamentos
25
52
86
Aberto
76,47 Ab
62,78 Bb
76,91 Ab
Dupla face
82,55 Aab
80,61 Aa
82,22 Aab
Galpão
86,61 Aa
86,78 Aa
87,27 Aa
Transparente
85,98 Aa
84,43 Aa
87,59 Aa
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste
de Tukey, a 5% de probabilidade; CV1(%) = 1,72; CV2(%) = 7,12
Conclusões
Os teores de matéria seca do feno de capim Tifton 85 são influenciados pela forma de armazenamento
não sendo recomendado o armazenamento no tempo.
Literatura citada
AGUIAR, E.M., LIMA, G.F.C., SANTOS, M.V.F., CARVALHO, F.F.R., GUIM, A., MEDEIROS, H.R.,
BORGES, A.Q. Rendimento e composição químico-bromatológica de fenos triturados de gramíneas
tropicais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.6, p.2226-2233, 2006.
BARBOSA, M.A.A.F. et al. Eficiência na conservação de forragens. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ZOOTECNIA, 24., Vitória, 2014. Anais... Vitória: UFES, 2014.
CÂNDIDO, M. J. D.; ANDRADE, I. R. A.; CHAVES, D. R.; Desafios relacionados ao ajuste na taxa de
lotação no manejo de pastagens. In: SIMPÓSIO DE FORRAGICULTURA E PASTAGENS, 9., Lavras,
2013. Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2013. 34p.
REIS, R.A., MOREIRA, A.L., PEDREIRA, M.S. Técnicas para produção e conservação de fenos de
forrageiras de alta qualidade. In: SIMPÓSIO SOBRE PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE FORRAGENS
CONSERVADAS, Maringá, 2001. Anais... Maringá: UEM, 2001. 319P.
REYMOND, F.; SHEPPERSON, G.; WALTHAM, R. Forage conservation and feeding. 3 ed. Sulffolk:
Farming Press. 1978. 208p.
ROTZ, C.A. 1995. Field curing of forages. In: Post-harvest physiology and preservation of forages. Moore,
K.J., Kral, D.M., Viney, M.K. (eds). American Society of Agronomy Inc., Madison, Wisconsin. p. 39-66.
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