RESUMO DA RESENHA DAS FORÇAS ARMADAS 10 JAN 2012 O

Transcrição

RESUMO DA RESENHA DAS FORÇAS ARMADAS 10 JAN 2012 O
RESUMO DA RESENHA DAS FORÇAS ARMADAS
10 JAN 2012
O Globo
Depois da tragédia, as medidas
Governo anuncia pacote de ações para enfrentar efeitos das chuvas no Sudeste
Evandro Éboli
Chico de Gois
O governo anunciou ontem medidas para enfrentar os efeitos das fortes chuvas na Região
Sudeste, onde pelo menos 26 pessoas já morreram. Entre as medidas está a criação da Força
Nacional de Apoio Técnico e Emergência, formada por 50 geólogos e hidrólogos que irão para
as regiões afetadas. O Executivo federal confirmou a liberação de R$444 milhões para ações de
prevenção, obras e reconstrução das cidades e residências atingidas. A presidente Dilma
Rousseff também determinou que o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais (Cemaden), em Cachoeira Paulista (SP), estenda o regime de funcionamento 24 horas
por dia, introduzido em dezembro, até o fim de março, ainda período das chuvas de verão.
Uma força-tarefa de 35 geólogos e 15 hidrólogos vai atuar nas áreas de mais alto risco de Minas
Gerais, São Paulo e Espírito Santo. As equipes serão formadas especialmente por geólogos
vinculados
aos
ministérios
de
Minas
e
Energia
e
do
Meio
Ambiente.
Além da antecipação do pagamento do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada
(BPC), Dilma autorizou a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para
que as vítimas das chuvas possam reconstruir suas casas. Não foi divulgado o volume de
recursos que poderá ser movimentado. O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra,
disse que essas liberações serão avaliadas caso a caso.
Na entrevista coletiva convocada pelo Planalto, cada ministro esforçou-se para demonstrar que
sua área está agindo da melhor forma possível para evitar tragédias ou consertar os estragos já
feitos. Aloizio Mercadante, de Ciência e Tecnologia, disse que em Belo Horizonte choveu, no
mês passado, 800 milímetros, um recorde para o mês.
Em Ouro Preto, já houve 174 deslizamentos de terra. De acordo com o ministro, 23 radares
meteorológicos estão em ação, mas ainda faltam quatro - um para a Grande Vitória, outro para
Salvador, um terceiro para substituir um antigo equipamento em Alagoas e mais um para
complementar o Vale do Paraíba, em São Paulo.
A expectativa é que em dois meses os radares estejam no Brasil. Os do Nordeste reforçarão o
sistema de alarme daquela região, onde ocorrem fortes chuvas no inverno. Mercadante disse
ainda que é necessário aumentar o número de pluviômetros e atingir três mil novas unidades.
Desse total, 1.500 seriam instalados em torres de telefonia celular, em convênio com as
operadoras.
Monitoramento estendido até março
Mercadante minimizou os efeitos da chuva no Brasil ao comparar esse evento com a ação de
furacões nos Estados Unidos e com a tsunami no Japão. Os dois países, segundo Mercadante,
apresentam os melhores sistemas de prevenção de desastres naturais do mundo. O ministro disse
que os números de vítimas e desalojados este ano são menores que nos anos anteriores.
- Quero parabenizar os heróis anônimos da Defesa Civil que estão nas ruas - disse Mercadante.
Será estendida até março a atuação dos Centros de Monitoramento e Operações mantidos em
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, que funcionam como centros de operação
conjunta entre as instituições federais, estaduais e municipais de saúde, defesa civil e
engenharia.
O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, divulgou um relatório sobre as estradas
federais atingidas: são 37 trechos, envolvendo 16 rodovias em cinco estados. Seis trechos estão
totalmente intransitáveis, 20 têm tráfego parcial, e 11 já foram liberados. O Ministério da Saúde
irá entregar 15 mil unidades de hipoclorito de sódio para municípios que tiveram o
fornecimento de água afetado. Esse produto é utilizado para tratamento da água.
Padilha anunciou ainda o envio de cem profissionais da Força Nacional do SUS para reforçar o
atendimento nas áreas mais necessitadas de Minas Gerais. Seriam enviados ainda ontem cerca
de 800 quilos de medicamentos e insumos para o Espírito Santo.
Em relação ao Bolsa Família, o governo ainda não tem um levantamento sobre o número de
beneficiados que poderão recorrer à antecipação de seu pagamento. Fernando Bezerra disse que
o governo espera concluir esse levantamento até o fim de semana.
A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que coordena o grupo que trata das ações contra as
enchentes, negou que o governo esteja atuando tardiamente. Segundo a ministra, desde o ano
passado os ministérios têm trabalhado de forma integrada.
- Eu não vim aqui para dar entrevista, mas posso dizer que começamos essas ações (preventivas)
no ano passado. Há quatro ou cinco meses os ministérios da Integração Nacional e da Ciência e
Tecnologia vêm trabalhando na prevenção. A presidente determinou que todos os ministérios
que têm relação com áreas de risco trabalhem de forma integrada. Evitar mortes é nossa
prioridade número um - disse Gleisi.
O ministro da Defesa em exercício, general Enzo Peri, disse que os militares estão atuando em
várias frentes, como a remoção de desalojados e desabrigados e a instalação de uma ponte
móvel em Guidoval (MG). Peri colocou à disposição do governo, se necessária, a estrutura de
um hospital de campanha da Aeronáutica.
Pré-Sal e caças da Embraer viram alvo de pré-candidato
Gingrich critica Obama por intenções anunciadas ao Brasil de comprar petróleo e aviões
DERRY, New Hampshire.
Aos pares ou em grupos maiores, as pessoas vão chegando à entrada do ginásio onde, na noite
fria de domingo, o pré-candidato republicano Newt Gingrich é esperado para um town hall
meeting, a mais antiga instituição democrática da Nova Inglaterra, berço da colonização e da
independência dos Estados Unidos. Derry é uma cidade de cerca de 30 mil habitantes, que
encaram uma temperatura de 2 graus negativos com galhardia e casacos leves: um inverno sem
neve balança até a convicção do mais empedernido dos republicanos sobre a "fraude" do
aquecimento global.
No espaçoso ginásio com teto de madeira, cerca de 350 pessoas se juntam para ouvir Gingrich e
desfrutar da oportunidade que a campanha em New Hampshire oferece: encontrar-se cara a cara
com os candidatos. Gingrich, que aos 68 anos é um dos políticos mais conhecidos do país, entra
acompanhado
da
terceira
mulher,
Callista,
de
45
anos,
uma
loura
platinada.
Rapidamente o alvo dos ataques vira o presidente Barack Obama. Coadjuvante, o Brasil.
Gingrich mostra irritação com o fato de Obama ter afirmado à presidente Dilma Rousseff, em
visita ao Brasil em março do ano passado, que os EUA tinham interesse em garantir a compra
de US$2 bilhões das reservas de petróleo do pré-sal (por meio de acordo para financiamento da
exploração das reservas).
- Queremos que o presidente dos Estados Unidos viaje o mundo para vender produtos e serviços
americanos, não para comprar. Pegar dinheiro emprestado dos chineses para pagar aos
brasileiros é um modelo que não funciona.
E o Brasil continua na berlinda, com mais uma reclamação: o político republicano tampouco
aprova a compra, por US$355 milhões, de 20 aviões A-29 Super Tucano, caças da Embraer, em
detrimento da concorrente americana, Hawker Beechcraft.
- Por que não uma empresa americana?
Durante 45 minutos de discurso, ele descreve Obama como um presidente fraco e despreparado,
insistindo nas comparações com Jimmy Carter (1977-1981).
- Uma coisa é a Casa Branca não saber jogar xadrez. Agora, não saber jogar damas... - cutuca,
provocando risos e aplausos.
As piadas cedem lugar a um discurso apocalíptico, no qual as eleições do dia 6 de novembro são
as mais importantes dos nossos tempos, e a última chance para salvar o país do declínio.
Terminado o discurso, o candidato abre a guarda para as perguntas dos eleitores, numa variação
dos debates no modelo town hall que já foram considerados a versão do Novo Mundo para a
democracia direta de Atenas.
- Esse tipo de evento é uma parte muito importante da tradição política de New Hampshire. É a
chance de se julgar o caráter, a personalidade da pessoa, algo que não se consegue ver na TV diz Linda Dupere, moradora de Derry e veterana voluntária de campanhas republicanas. (F.G.)
Bezerra é investigado em quatro ações do MPF
Ministro é suspeito de improbidade quando prefeito de Petrolina; um dos processos apura
convênio de R$24 milhões com a Codevasf
Alessandra Duarte
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, é investigado em quatro ações civis
públicas do Ministério Público Federal de Pernambuco, por suspeita de improbidade
administrativa na época em que foi prefeito de Petrolina (PE). As ações, encaminhadas à Justiça
Federal no estado, foram propostas nas últimas semanas de dezembro, quando - pelo fato de o
último mandato de Bezerra como prefeito ter terminado em 2006 - vencia legalmente o prazo
para eventuais processos contra sua gestão, segundo o MPF.
Numa das ações, sobre possíveis irregularidades num convênio de R$24,4 milhões da prefeitura
de Petrolina com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
(Codevasf), outro investigado, além de Bezerra, é seu irmão Clementino de Souza Coelho atual presidente interino da Codevasf e então diretor de engenharia do órgão, tendo assinado a
liberação da 1ª parcela do convênio. O então presidente da Codevasf, Luiz Carlos Everton de
Farias, também é investigado, entre outros.
De setembro de 2005, o convênio tinha como objetivo a "implantação de Estação de Tratamento
de Esgotos Sanitários da Bacia Centro", e já tinha sido alvo de outras duas representações, uma
da Controladoria Geral da União (CGU) e outra encaminhada pela Associação de Moradores do
Bairro Dom Avelar, segundo a ação do MPF. A própria Codevasf, segundo a ação, também
abriu uma tomada de contas especial sobre o caso.
Segundo o procurador da República Fábio Conrado Loula, entre as supostas irregularidades
haveria o pagamento por serviços não realizados - o que fora apontado também pela CGU:
- Há ainda suspeitas de sobrepreço. Além disso, receberam o dinheiro (do convênio) sem ainda
haver licença ambiental. Por isso, foi preciso assinar um aditivo, o que aumentou o valor da
obra - diz o procurador. - Em outra irregularidade investigada, iniciaram obras sem constatar se
o terreno era de fato público; mais tarde, a obra teve de ser parada ao se ver que nem toda a área
era pública.
Outra das ações do MPF trata de supostas irregularidades na contratação, pela prefeitura de
Petrolina, em abril de 2001, da empresa SP Síntese Ltda., com dinheiro do SUS. A empresa foi
contratada sem licitação para fornecimento de próteses e órteses para o Hospital Dom Malan.
"Adverte-se que a presente ação terá por objeto as fraudes decorrentes de dispensa e de
inexigibilidade de licitação ilegais, bem como os respectivos contratos e os termos aditivos", diz
a ação, que, além de Fernando Bezerra, investiga, entre outros, Alexandre Jorge Torres Silva,
então procurador do município; e Erika Alexandra Street Coelho, sócia da SP Síntese.
Há outra ação sobre supostas irregularidades na aplicação de R$630 mil do Ministério do Meio
Ambiente; e outra sobre possíveis irregularidades em convênio de R$3,8 milhões com o Dnit,
para obras na BR-407.
Procurada pelo GLOBO ontem à noite, a assessoria do Ministério da Integração disse que,
devido ao prazo dado, só conseguiria responder hoje sobre as ações.
AL sem Brasil
Merval Pereira
Apesar de ter uma viagem marcada para o Brasil durante a campanha presidencial, quem tiver
curiosidade de saber a opinião de Mitt Romney sobre o país não terá nenhuma pista no principal
documento divulgado até agora sobre a estratégia de política externa do mais provável
candidato republicano à presidência dos Estados Unidos.
Intitulado "Um Século americano - Uma estratégia para garantir os interesses e ideais
permanentes americanos", quando aborda a América Latina, não tem uma referência sequer ao
Brasil. Mas tem muitos pontos que certamente entrarão em choque com a posição do governo
brasileiro.
O documento anuncia que o governo de Mitt Romney terá "um papel ativo na América Latina,
apoiando aliados democráticos e relacionamentos baseados em economia de mercado, contendo
forças internas desestabilizadoras como gangues criminais e terroristas, e se opondo a
influências externas desestabilizadoras como o Irã".
O ponto mais importante do documento é o anúncio de que nos primeiros cem dias o novo
governo republicano lançará "uma vigorosa promoção pública de diplomacia e comércio",
denominada Campanha para Oportunidade Econômica na América Latina, Ceola em inglês,
sigla que aparentemente pretende substituir a Alca.
O propósito seria ressaltar "as virtudes da democracia e do livre comércio", seguindo a linha dos
acordos em vigor ou prestes a serem aprovados pelo Congresso com países da região como
Panamá, Colômbia, Chile, México, Peru, e os membros do acordo de livre comércio da América
Central.
O eventual governo Romney tentará usar o programa para contrastar os benefícios da livre
iniciativa e o modelo de autoritarismo socialista oferecido por Cuba e Venezuela, que são, na
verdade, as grandes preocupações na região.
Na visão de Romney, "décadas de notável progresso na América Latina baseado na segurança,
democracia e crescente laços econômicos com a América estão atualmente sob ameaça".
Venezuela e Cuba estariam liderando "uma virulenta campanha antiamericana" num movimento
"bolivariano" por meio da América Latina com a intenção de sabotar instituições de governança
democrática e oportunidades econômicas.
Esse "movimento bolivariano", segundo o documento, ameaça aliados dos Estados Unidos
como a Colômbia, interfere na cooperação regional para o combate às drogas e em ações de
contraterrorismo, tem fornecido proteção para traficantes de drogas e encorajado organizações
terroristas regionais, além de ter convidado o Irã e organizações terroristas estrangeiras como o
Hezbollah.
O documento destaca também o que chama de "epidemia de violência de gangues criminais e
cartéis da droga" que leva a morte ao México e diversos países da América Central e Caribe.
A proposta de Mitt Romney é juntar as iniciativas de combate às drogas e ao terrorismo para
criar a Força Tarefa Hemisférica para Crime e Terrorismo, com o objetivo de coordenar as
ações de inteligência e repressão entre os aliados regionais.
No plano mais geral, o documento adverte que quem assumir a presidência em 2013 terá pela
frente uma série de "ameaças e oportunidades".
O papel de "países poderosos" como China e Rússia pode levar à valorização do sucesso
econômico, reforçando a importância de um sistema construído à base da liberdade econômica e
política.
Mas pode também, adverte o documento de Romney, ameaçar tal sistema pelo autoritarismo
característico desses países, que já estaria colocando em perigo a segurança internacional.
O documento chama a atenção para o surgimento de atores relativamente novos na cena global,
como os grupos terroristas transnacionais.
Os grupos islâmicos radicais são apontados pelo documento como "um perigo onipresente" para
os Estados Unidos, apesar das vitórias obtidas nos últimos anos no combate ao terrorismo.
Mitt Romney utiliza-se do documento das "armas de destruição em massa" para chamar a
atenção para os perigos de elas caírem "em mãos erradas".
A região que vai do Paquistão à Líbia, envolta em "profunda turbulência", tem uma importância
geoestratégica que não pode ser menosprezada: "É o primeiro ponto para a proliferação
nuclear", ressalta o documento, um constante risco de uma "guerra catastrófica" que poderia
colocar a economia mundial no caos.
A política externa de Mitt Romney se preocupa com "países fracos demais para se defender
sozinhos" e também com "países falidos ou em falência", como Somália, Yemen, Afeganistão e
Paquistão, "e num grau alarmante, nosso vizinho México".
Esses são países com "governança fraca, tomados pela pobreza, doenças, refugiados, drogas e
crime organizado", que são ou podem vir a ser lugares seguros para terroristas, piratas e outros
tipos de redes criminosas.
Romney retoma também a expressão "Estados bandidos" muito utilizada no governo de George
W. Bush, para definir Irã, Coreia do Norte, Venezuela e Cuba, que têm "interesses e valores
diametralmente opostos aos nossos" e colocam a segurança internacional em perigo,
especialmente nos casos da Coreia do Norte e do Irã, que buscam obter armas nucleares.
O professor de estudos estratégicos da Universidade Johns Hopkins Eliot Cohen, conselheiro
especial do governador Romney, descreve no prefácio do livro quais são os objetivos que
movem a sua candidatura: a tese do mundo multipolar, onde o poder de influência dos Estados
Unidos seria decrescente, seria "falaciosa e perigosa".
"Os Estados Unidos não podem retirar-se dos problemas mundiais sem provocar perigo para si
mesmo e para os outros. (?) Queiramos ou não, nossos valores, nossas políticas e nosso exemplo
importam a todos os que valorizam a liberdade".
Dilma e a chance de relançar o governo
Editorial
Convocar reunião de ministros num domingo serve ao menos para ressaltar o sentido de
urgência do governo diante das enxurradas de verão no Sudeste. Mas, em certa medida, esta
reunião, estendida para segunda-feira, já na presença da presidente Dilma, tem um ano de
atraso.
Quando determinou que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, suspendesse a folga de fim
de ano e voltasse a Brasília, para administrar a crise deflagrada com a revelação de que o
ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (PSB), privilegiara seu estado, Pernambuco,
na liberação de verbas, a presidente também emitiu um sinal positivo. A questão é saber se os
gestos se materializarão em ações concretas de um governo com um mínimo de eficiência
administrativa. O que não aconteceu no primeiro ano do governo Dilma. Os resultados estão à
vista de todos: dinheiro liberado que não chegou, chegou tarde demais ou foi para lugares
menos necessitados, em obediência à lógica clientelista e do fisiologismo que plasmou parte do
Ministério nestes primeiros 12 meses de gestão. Tanto que o Planalto gastou boa parte do tempo
na ação de bombeiro no rescaldo da base parlamentar, em ebulição várias vezes com a saída de
ministros apanhados no trabalho de surrupiar dinheiro público para as respectivas legendas - ou
destinos mais obscuros. Depois de defenestrados ministros do PR, PMDB, do PCdoB e do PDT
- Alfredo Nascimento, Pedro Novais, Wagner Rossi, Orlando Silva e Carlos Lupi -, veio o caso
de Fernando Bezerra, do PSB, partido cortejado até pela oposição. Verbas concentradas no
estado natal, privilégio a emenda parlamentar de filho - deputado federal Fernando Coelho, do
PSB de Pernambuco, é claro -, compõem um quadro clássico sob o signo do lulopetismo. O
caso ganhou dimensões especiais, pois tem a ver com o socorro a vítimas de graves acidentes
climáticos,
castigadas
também
pelo
baixo
nível
da
política
praticada
no
país.
Há, ainda, indícios gritantes da proverbial lerdeza estatal. Um exemplo é o Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência e
Tecnologia. Foi anunciado em janeiro do ano passado, enquanto se fazia o balanço da catástrofe
na Serra Fluminense, mas ainda não funciona em "perfeitas condições", admite Carlos Nobre,
secretário do ministério responsável pelo centro. Das 251 cidades listadas para serem
monitoradas pelo Cemaden, só 56 o são no momento. E como a lerdeza não é apenas federal,
das 75 pontes prometidas pelo governo fluminense, na Região Serrana, só uma foi reconstruída,
mesmo
assim
pela
metade:
apenas
uma
pista
está
aberta
ao
tráfego.
A presidente, porém, em cuja agenda está prevista uma rodada de mudanças no primeiro
escalão, tem a chance de, junto com a troca de nomes, alterar métodos administrativos. O ideal é
dar coerência à equipe de ministros, montada sem maiores preocupações com a eficiência,
basicamente para servir de moeda de troca no Congresso e período eleitoral. E também seria
essencial reduzir o número de ministérios. Como disse o empresário Jorge Gerdau, da Câmara
de Gestão, criada por Dilma, "é impossível administrar com 40 ministérios". Emparedada por
situações criadas por ministros que não escolheu, Dilma tem a oportunidade de começar de fato
seu governo, com o resgate da imagem de administradora que forjou no Ministério de Lula.
O Estado de São Paulo
Descuidos bilionários
O Estado de S.Paulo
O Brasil tem bilhões de reais investidos em obras sem possibilidade de uso por falta de um
complemento. Outros bilhões serão desperdiçados neste e nos próximos anos, se o planejamento
e a execução dos projetos continuarem tão ruins quanto têm sido há muitos anos. Um porto sem
via de acesso é tão inútil quanto uma hidrelétrica sem linha de transmissão, uma termoelétrica
sem combustível, uma eclusa sem rio navegável ou uma reserva de petróleo sem equipamento
de perfuração. Exemplos como esses poderiam parecer casos de ficção em outros países, mas
não no Brasil, onde o governo federal se mostra incapaz, há muito tempo, de entregar obras em
condições de funcionamento. Em alguns Estados e municípios ainda resta competência
administrativa, mas a maior parte do setor público vai muito mal nesse quesito. Isso foi
comprovado, mais uma vez, em reportagem publicada no Estado desta segunda-feira.
As eclusas de Tucuruí, segundo a reportagem, custaram R$ 1,6 bilhão e foram inauguradas em
2010, mas só funcionam plenamente em épocas de cheias, porque faltam as obras
complementares para tornar o rio navegável. A primeira turbina da Hidrelétrica de Santo
Antônio, no Rio Madeira, deverá estar em condições de gerar energia cerca de um ano antes da
linha de transmissão estar pronta. O Porto de Itapoá, em Santa Catarina, é um dos mais
modernos da América Latina, mas seu uso é limitado porque o governo estadual foi incapaz de
concluir 23 quilômetros da Rodovia SC-415.
Todos esses casos - e muitos outros - indicam uma falha fundamental no planejamento e na
execução de projetos. Os administradores descuidaram de condições críticas para a conclusão
dos trabalhos e para o pleno aproveitamento das obras. Por despreparo, desleixo ou mera
incompetência na execução das tarefas de supervisão e de coordenação, deixaram de respeitar a
sequência das operações e perderam de vista o objetivo global do investimento.
O descuido ocorreu, em alguns casos, em relação a uma obra complementar - como a via de
acesso a um porto ou a linha de transmissão entre a usina geradora e os consumidores da
energia. Em outros, em relação ao fornecimento de um insumo, como o combustível necessário
a uma termoelétrica. Mas o cardápio de falhas é mais amplo.
O governo federal poderia ter financiado um número muito maior de obras de saneamento
básico, nos últimos anos, se mais municípios tivessem capacidade para elaborar projetos. Muito
dinheiro ficou parado, por falta de uso, antes de se perceber a importância daquele detalhe: a
maior parte das prefeituras simplesmente carece de condições para planejar o investimento. Esse
item é um impedimento tão sério quanto o atraso na construção de uma rodovia de acesso ou de
uma linha de transmissão.
No caso da exploração do pré-sal, um dos grandes problemas tem sido a incapacidade do
governo de fixar prioridades. A Petrobrás tem sido forçada a combinar dois objetivos - a
dificílima e custosa exploração do petróleo e do gás localizados em grandes profundidades e a
compra de equipamentos com elevado grau de nacionalização. A exigência de 70% de conteúdo
nacional tem criado problemas técnicos e de custos e isso tem prejudicado a licitação para
compra de sondas de perfuração.
A exploração do pré-sal pode gerar recursos muito importantes para o desenvolvimento do País,
mas esse é um empreendimento muito caro e tecnicamente complicado. O governo comete um
erro gravíssimo de estratégia, ao torná-lo mais caro e mais complicado para atender a objetivos
de política industrial. O correto seria realizar essa política por outros meios, desonerando a
produção e procurando tornar as indústrias mais eficientes e mais competitivas. A mistura de
objetivos, especialmente quando envolve um empreendimento do porte do pré-sal, é uma
inequívoca demonstração de incompetência na fixação de prioridades e na gestão de programas
públicos. Essa mesma incompetência se revela também nos investimentos custeados pelo
Tesouro, com realização sempre muito inferior à programada e sempre com a transferência de
grande volume de restos a pagar de um ano para outro.
Depois de pôr irmão em estatal, ministro deu cargo a tio em comitê
Osvaldo Coelho, ex-deputado e tio de Bezerra, não tem remuneração, mas possui atuação
política
Marta Salomon
BRASÍLIA - O ex-deputado federal Osvaldo Coelho (DEM), tio do ministro da Integração
Nacional Fernando Bezerra Coelho, foi nomeado há quatro meses, pelo sobrinho, membro do
comitê técnico-consultivo para o desenvolvimento da agricultura irrigada, criado dias antes por
portaria do ministério. Trata-se do segundo integrante da família Coelho a ter cargo indicado
pelo ministro e subordinado a ele, contabilizada a permanência do irmão Clementino na
presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba
(Codevasf).
Osvaldo Coelho se diz perito em irrigação, tema que atrai muito a atenção do sobrinho-ministro.
Procurado pelo Estado, o tio queixou-se de trabalhar pouco. Desde a criação, o comitê só se
reuniu uma vez, para a sua instalação, em 20 de setembro. "Estou fazendo de conta de que sou
conselheiro, mas não estou dando conselho nenhum. Não sei se o conselho é que está estático
ou se é o ministro", queixa-se.
A legislação - expressa em decreto presidencial e em códigos de conduta - impede a nomeação
de familiares por autoridades. O Ministério da Integração nega que seja caso de nepotismo. Em
nota, alegou que o comitê não tem "personalidade jurídica". "Trata-se de um órgão colegiado,
paritário, consultivo e opinativo. A função de conselheiro não é cargo em comissão ou função
de confiança", diz a nota.
O Ministério da Integração Nacional alega ainda que os integrantes do comitê da agricultura
irrigada apenas opinam sobre a política nacional de irrigação, sem direito a remuneração.
"Quando necessário, podem ser solicitadas apenas passagens e diárias", afirma a Integração. A
Controladoria-Geral da União (CGU) endossa o entendimento do ministério, baseada no decreto
editado em junho de 2010.
‘Princípio da moralidade’.
O código de conduta da Comissão de Ética Pública, subordinado à Presidência da República
afirma, porém, que "nomear, indicar ou influenciar, direta ou indiretamente, a contratação, por
autoridade competente, de parente consanguíneo ou por afinidade para o exercício de cargo,
emprego ou função pública" ofende o princípio da moralidade administrativa e compromete a
gestão ética.
A nomeação do tio do ministro da Integração Nacional deve ser analisado pela Comissão de
Ética Pública, que volta a se reunir em fevereiro.
Água e vinho. Osvaldo Coelho nega que seja nepotismo. "Eu e o ministro somos água e vinho,
não temos nada para estarmos juntos. Apenas como eu tinha essa bandeira da irrigação, decidi
aceitar o convite", explica o ex-deputado.
Divergências políticas à parte, o sobrinho-ministro Fernando Bezerra Coelho está seguindo à
risca as recomendações feitas pelo tio. As prioridades apontadas por Osvaldo Coelho são
respaldadas pelo Programa Mais Irrigação, em estudo pelo ministério e que deverá ser lançado
em breve pela presidente Dilma Rousseff.
A Codevasf, hoje presidida pelo irmão do ministro, Clementino Coelho, vai ser a principal
gestora do programa.
O perímetro batizado de Nilo Coelho, nome do ex-senador e outro tio do ministro, em
Pernambuco, será um dos primeiros a ter edital publicado para parceria público-privada, ainda
no primeiro semestre do ano. Mais de 30% dos projetos de irrigação são considerados ociosos.
O Programa Mais Irrigação prevê a operação de 775 quilômetros quadrados de perímetros de
irrigação até 2014, ano da próxima eleição presidencial. "É uma coisa muito bacana", disse
recentemente o ministro.
Plano do governo federal previa ação policial na cracolândia só em abril
Cronograma obtido pelo 'Estado' mostra que ainda neste semestre Rio, Recife, Salvador,
DF e Porto Alegre terão intervenções
Bruno Paes Manso - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - O cronograma traçado pelo governo federal para ser discutido com o Estado e a
cidade de São Paulo previa o começo das ações policiais na cracolândia apenas em abril. A
proposta era começar o ano fortalecendo serviços de retaguarda nas áreas de saúde e proteção
social e inaugurar os consultórios de rua em fevereiro. Só depois seriam instaladas bases móveis
da Polícia Militar em locais com alta concentração de consumidores de drogas e iniciado o
policiamento ostensivo na região, com monitoramento das ruas por câmeras. Em maio, o
policiamento dessas áreas ganharia apoio de equipes de ronda ostensiva - no caso de São Paulo,
a Rota.
O cronograma ao qual o Estado teve acesso - e que está sendo coordenado pela Casa Civil do
governo federal - prevê uma série de intervenções em cracolândias ainda neste semestre em seis
capitais brasileiras: além de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Distrito Federal e
Porto Alegre. Mas a antecipação da intervenção no centro paulistano para janeiro acabou
prejudicando o diálogo com a União, que deveria ser intensificado neste mês.
‘Cenas’. Uma das ações dificultadas pela ocupação da PM na cracolândia foi, por exemplo, o
mapeamento pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) dos mais de cem pontos de consumo de
crack em São Paulo - chamados no estudo de "cenas do crack". Os 12 pesquisadores da entidade
- que estão conversando com usuários para identificar necessidades de tratamento e
equipamentos públicos - enfrentam problemas por causa da migração de dependentes pela
região central. O plano do governo federal previa ainda estratégias para o caso de dispersão de
consumidores,
com
deslocamento
de
bases
policiais
e
escritórios
de
rua.
O detalhamento e a sequência das ações eram uma tentativa de facilitar que o pacote de R$ 4
bilhões em ações para combater o crack, divulgadas em dezembro pela presidente Dilma
Rousseff, começassem rapidamente a sair do papel. Na estratégia discutida pela União, os
policiais ainda têm tarefas bem detalhadas.
No caso de encontrarem uma pessoa inconsciente ou correndo risco de morte, por exemplo,
devem chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Caso um adulto seja flagrado
com droga, deve ser encaminhado ao Distrito Policial, onde será indicada uma Unidade Básica
de Saúde, Centro de Apoio Psicossocial ou Centros de Referência Especializado de Assistência
Social.
A secretária de Estado da Justiça, Eloisa de Sousa Arruda, diz, no entanto, que não teve acesso a
nenhum documento do governo federal com definição de datas para ações na cracolândia. Mas
isso, segundo ela, não significa que Estado e União não pretendam conversar daqui para a
frente. Eloisa diz que a parceria com a União já permitiu a São Paulo montar um Centro de
Atendimento de Saúde Mental em Perdizes, na zona oeste. "Queremos ampliar as conversas
para termos mais recursos."
A Assessoria de Comunicação do Ministério da Justiça ressaltou que constitucionalmente o
governo federal não pode tomar medidas unilaterais sem que Estado e município sejam ouvidos,
pois são eles que tomam as decisões locais.
Folha de São Paulo
Virgínia Leite (1916-2012)
Foi enfermeira na Segunda Guerra
ESTÊVÃO BERTONI
Virgínia Leite assustou todo mundo quando entrou no ônibus com uma arma. Acabou tendo de
dar explicações. Não era para uso pessoal: a peça, contou, estava sendo levada ao museu da
Casa do Expedicionário, em Curitiba.
Paranaense de Irati, foi professora primária até decidir se inscrever como voluntária da Cruz
Vermelha para ir à Segunda Guerra Mundial.
O país enviou à Europa 68 enfermeiras. Virgínia foi em 1944 à Itália, onde ficou oito meses
cuidando dos feridos.
Quando retornou, passou a se dedicar à memória da FEB (Força Expedicionária Brasileira).
Ajudou a fundar a Legião Paranaense do Expedicionário e, entre os anos 70 e 80, percorreu o
país atrás de material (como a arma que carregou no ônibus) para compor o acervo do museu.
A historiadora Carmen Lúcia Rigoni, estudiosa da Segunda Guerra e amiga de Virgínia, destaca
a capacidade que a enfermeira teve para angariar respeito num ambiente masculino e machista
como o dos expedicionários.
Memória viva sobre a participação do Brasil na guerra, costumava ajudar os pesquisadores e a
dar entrevistas.
"A família não conseguia fazer as coisas com ela, mas os expedicionários conseguiam", brinca a
sobrinha Ana Maria. Apesar das dificuldades para andar, deixou de ir a poucas solenidades.
Das enfermeiras do PR que foram à guerra, era a última ainda viva. Esteve lúcida até o fim.
Internada por causa do coração, teve devaneios devido aos remédios e comemorou o fim da
guerra como se tivesse acabado de ocorrer. Morreu na quinta (5), aos 95. Solteira, não teve
filhos.
Tribunal de MG é acusado de promover juízes ilegalmente
Ao julgar o caso, CNJ pode anular a nomeação de 17 desembargadores
Entidade afirma que as promoções não foram publicadas em edital nem seguiram critérios
como
produtividade
FREDERICO VASCONCELOS
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está julgando o pedido de anulação das promoções de 17
juízes ao cargo de desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, entre 2006 e 2009.
As promoções foram denunciadas ao CNJ por uma entidade nacional que representa juízes.
Segundo a Anamages (Associação Nacional dos Magistrados Estaduais), o tribunal privilegiou
parentes de desembargadores e ex-dirigentes de outra entidade de classe em detrimento de
juízes mais antigos.
Além de não observar critérios como antiguidade e produtividade, as promoções foram feitas às
escuras, sem a publicação de edital, sustenta a Anamages.
Por meio de sua assessoria, o tribunal mineiro informou que vai aguardar a decisão final do CNJ
e cumprir o que for determinado.
VOTAÇÃO
Dois conselheiros do CNJ já votaram. Ambos consideraram ilegais as promoções, mas
divergiram sobre a providência a ser tomada.
Jorge Hélio Chaves de Oliveira pediu a anulação das promoções por considerar que os atos "não
podem ser convalidados com o tempo".
O relator, Fernando Tourinho Neto, votou pela manutenção das promoções, somente se
aplicando a resolução em casos futuros.
O julgamento foi suspenso em dezembro, após pedido de vista (tempo para análise do
processo), e deve ser retomado em fevereiro.
O tribunal tem 130 cargos de desembargadores e dez vagas a serem ocupadas.
A acusação foi feita em 2009 ao CNJ. Entre os promovidos, há sete ex-dirigentes da Amagis
(Associação dos Magistrados Mineiros), entre os quais Nelson Missias, atual secretário-geral da
AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).
A AMB, maior entidade de juízes do país, é pivô da mais recente polêmica envolvendo o CNJ.
A pedido da entidade, o Supremo Tribunal Federal tomou duas decisões que desidrataram o
poder de investigação do conselho, impedindo que ele abra investigação por iniciativa própria.
CRITÉRIOS
Além de Missias, também consta da lista Doorgal Andrada, promovido quando era vicepresidente da AMB.
Segundo o pedido de anulação, a promoção de Andrada preteriu 41 juízes mais antigos do que
ele.
Por sua vez, ao ser promovido, Missias era o 46º na lista de antiguidade e não atuava como juiz
-no período, dedicava-se à Amagis e, por isso, não poderia ter sua produtividade analisada.
Nas sessões que decidiram pelas promoções, há desembargadores que justificam sua escolha ao
elogiar a atuação dos juízes no comando das entidades de classe, sem levar em consideração sua
atuação como magistrados.
"Não se fala em produtividade, assiduidade ou qualquer outro critério, apenas se dá ênfase ao
compadrio pessoal ou associativo", acusa a Anamages em documento enviado ao CNJ.
Andrada e Missias classificam o caso como uma retaliação, fruto de disputas no Judiciário
mineiro.
Correio Braziliense
Um pacote para salvar o ministro
Fernando Bezerra e o Planalto traçam estratégia de defesa contra as denúncias de
favorecimento. Plano inclui o depoimento relâmpago ao Congresso e o anúncio de medidas
de combate às tragédias provocadas pelo clima
JULIANA BRAGA
PAULO DE TARSO LYRA
Acuado há uma semana com denúncias de privilégios para sua base eleitoral em Petrolina,
Pernambuco, e para seus familiares espalhados na máquina pública federal, o ministro da
Integração Nacional, Fernando Bezerra, decidiu antecipar sua ida ao Congresso Nacional em
pleno recesso para prestar esclarecimentos. A decisão faz parte de uma estratégia de defesa
acordada com o Palácio do Planalto, que incluiu a edição de um pacote de medidas contra as
tragédias provocadas pelas chuvas. Ontem, pelo menos 12 pessoas morreram, agravando a
situação provocada pelo clima no Sudeste (leia mais abaixo e na página 8).
Seguindo o script do Planalto, Bezerra telefonou ontem mesmo para o presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), e solicitou que fosse convocado para se apresentar na Comissão
Representativa do Congresso amanhã, seguindo a estratégia de explicar-se para um Legislativo
esvaziado
pelo
recesso
de
janeiro
—
apenas
17
deputados
e
sete
senadores.
Nos bastidores, tanto ele quanto o PSB apostam no esvaziamento da crise política até o início do
ano legislativo, em fevereiro. Sob holofotes, no entanto, ele disse acreditar que o depoimento
em pleno recesso não facilita sua defesa. "Eu creio até que é mais difícil a blindagem nessas
circunstâncias", defendeu. Ele adiantou, após reunião com a presidente Dilma Rousseff e outros
ministros para tratar das enchentes no país, que pretende "tirar qualquer dúvida em relação à
gestão dos recursos da Defesa Civil".
Como o Correio mostrou na última semana, Bezerra usou o cargo para beneficiar familiares em
Pernambuco. Ele e o irmão Clementino de Souza Coelho, presidente interino da Codevasf,
intermediaram a licitação para a compra de cisternas de plástico da empresa Acqualimp, a serem
distribuídas no sertão brasileiro. O custo de instalação do produto é duas vezes e meia maior do
que o das cisternas de concreto.
Além disso, a Acqualimp acertou a instalação de uma fábrica em Petrolina, município no qual o
filho do ministro, Fernando Coelho Filho, será candidato a prefeito em outubro. No mesmo dia
em que a matéria foi publicada, a Casa Civil divulgou nota confirmando o nome de Guilherme
Gonçalves Almeida como novo presidente da Codevasf, em substituição a Clementino.
Bezerra passou o fim de semana em Pernambuco e conversou diversas vezes, por telefone, com
o governador do estado, Eduardo Campos. Desde o início da crise, tem cabido a Eduardo — que
também é presidente do PSB — dar o tom das declarações do ministro. Foi o governador quem
primeiro avisou que as obras das barragens na Bacia do Una foram feitas "com o conhecimento
pleno da presidente Dilma". Na quarta-feira, em entrevista coletiva no ministério, Bezerra
repetiu a estratégia de defesa. Outra ação combinada é tentar desqualificar as denúncias
relacionando as acusações à disputa eleitoral pelas prefeituras.
Força-tarefa
No Planalto, a estratégia até o momento é mostrar que o titular da Integração Nacional não está
ameaçado de demissão. Como parte dessa estratégia de fortalecimento, ele foi escalado para
anunciar o pacote de medidas elaborado pelo governo para o enfrentamento das chuvas. Após
duas horas e meia de reunião com a presidente Dilma Rousseff e com os ministros dos
Transportes, Paulo Passos; da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; da Saúde, Alexandre Padilha; da
Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante; e o interino da Defesa, Enzo Peri, coube a Bezerra
anunciar as principais medidas decididas pelo governo federal.
Confiante, o titular da Integração Nacional garantiu que conta com o "apoio e confiança" da
presidente Dilma Rousseff para continuar no cargo. "Se eu não contasse com a confiança e o
apoio da presidenta Dilma, não estaria nessta solenidade", completou. Ele afirmou que teve uma
"uma longa e boa conversa" com a presidente e que ela já havia recebido todas as informações
sobre as denúncias. "O Ministério do Planejamento já se manifestou em relação aos recursos da
Defesa Civil, a CGU já se manifestou em relação à situação da direção da Codevasf. Portanto,
todos
os
pontos
levantados
já
foram
devidamente
respondidos",
sustentou.
Bezerra está confiante de que as denúncias não vão ter maiores consequências. "Nós estamos
tranquilos, nenhuma dessas denúncias irá prosperar, porque nunca prosperou nenhuma denúncia
contra minha pessoa. E eu nunca tive nenhuma conta rejeitada em toda minha vida pública",
enfatizou.
Valor Econômico
Ahmadinejad na América Latina
O presidente Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, visitou ontem o venezuelano Hugo Chávez, em
Caracas, na primeira escala de sua viagem à América Latina (foto). Sob intensa pressão
internacional, sobretudo dos EUA, pelo controverso programa nuclear do país, e em meio a
crescente tensão militar no Golfo Pérsico, Ahmadinejad tenta mostrar que o Irã não está
totalmente isolado e que ainda possui aliados. Além de Chávez, ele se reunirá esta semana com
Daniel Ortega (Nicarágua), Raúl Castro (Cuba) e Rafael Correa (Equador), todos líderes
antiamericanos. A visita inclui promessas de investimentos, como numa hidrelétrica no
Equador. Mas o Irã ainda não cumpriu compromissos assumidos em viagens anteriores de
Ahmadinejad, como a construção de um porto na Nicarágua e de uma refinaria no Equador. A
Agência Internacional de Energia Atômica disse que o Irã começou a enriquecer urânio numa
nova usina, sob uma montanha. O país nega fins militares e alega que é para uso pacífico.
American deve quase US$ 1 bi ao BNDES
Por Francisco Góes | Do Rio
A recuperação judicial da American Airlines (AA), uma das maiores empresas de aviação
comercial dos Estados Unidos, interessa diretamente a um grande credor brasileiro - o BNDES.
O banco financiou mais de 200 aviões da Embraer, modelos 135, 140 e 145, à aérea americana,
que recebeu as aeronaves brasileiras entre 1998 e 2002. Estimativas de mercado apontam que
cerca de US$ 900 milhões, ou 30% do valor inicial do financiamento do BNDES à American,
ainda precisam ser pagos pela companhia. Os outros 70%, ou US$ 2,1 bilhões dos cerca de US$
3 bilhões financiados pelo banco, segundo as projeções do setor, foram quitados.
É sobre essa parte da frota com empréstimos vigentes que vão se concentrar, nos próximos
meses, as negociações entre American e BNDES e que também vão envolver a Embraer. O
processo está no início e ainda não há registro de default, o que significa parcela vencida e não
paga. Até entrar em recuperação judicial em 29 de novembro do ano passado, amparada pelo
Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos, a American vinha cumprindo
religiosamente os compromissos com o BNDES.
Fontes do setor aeronáutico dizem que o Capítulo 11 dá segurança ao BNDES de que outros
credores não terão tratamento privilegiado em relação ao banco na renegociação das dívidas. As
primeiras reuniões de negociação ainda serão marcadas. O pagamento dos próximos
vencimentos, em 2012, depende dessas negociações. Ao entrar em recuperação judicial, a
empresa ganhou esse direito da corte junto aos seus credores e fornecedores.
Nas negociações, existe, porém, a possibilidade de o BNDES ter que assumir, como credor,
parte das aeronaves da Embraer hoje em poder da American para recolocar estes aviões no
mercado, seja com empresas de leasing, seja com companhias aéreas. Até hoje houve somente
um caso de default que obrigou o BNDES a retomar a aeronave financiada e recolocá-la no
mercado. Um observador disse que esse é um indicador de que a carteira do banco para o setor
aeronáutico é saudável, com boa geração de receitas e de margens, apesar dos riscos. Nessa
carteira, há mais de 40 companhias, entre empresas aéreas e de leasing financiadas pelo banco.
O BNDES informou, via assessoria de imprensa, que tomou conhecimento da recuperação
judicial da American Airlines, foi contatado pela empresa e está em negociação. O banco não
faz
outros
comentários
sobre
o
caso,
nem
cita
valores
envolvidos.
O ponto de partida da negociação entre American, BNDES e Embraer será a proposta da aérea
aos credores nem seu plano de reestruturação. O banco, segundo fontes próximas das
negociações, sente-se confortável por considerar que o processo de reorganização da aérea vai
permitir à empresa sentar com todos os credores e apresentar um plano de negócios para o
futuro. Uma fonte disse que o BNDES também conta com garantias extras, além das aeronaves,
no financiamento. O pedido de proteção, feito à Corte de Falências do distrito sul de Nova
Iorque, partiu da AMR Corporation, controladora da American Airlines e da American Eagle.
Em comunicado aos credores e locadores de aeronaves, em 29 de novembro de 2011, o vicepresidente de desenvolvimento corporativo e tesoureiro da companhia, Beverly Goulet,
reconheceu que a empresa não podia se dar ao luxo de manter todos os aviões atuais nas suas
frotas nem da American Eagle nas taxas atuais. A American considerou, na ocasião, não ter
alternativa a não ser negociar reduções substanciais no custo das aeronaves retidas. E admitiu
que durante um período garantido pela Lei de Falências planejava pagar o aluguel e a parte
principal e juros de hipotecas somente de uma parte da frota de aeronaves.
A análise da empresa de que precisará reestruturar a frota considera as encomendas de novos
aviões feitas à Boeing e Airbus. Está claro que a empresa tem necessidade de acelerar a
renovação de aeronaves. Como resultado, não deverá requerer todas as aeronaves atualmente em
poder da companhia. Segundo sua informação, a frota combinada soma 900 aeronaves. Os
modelos 135, 140 e 145 da Embraer, com capacidade de 37 a 50 passageiros, são aeronaves que
têm nicho em rotas menores para substituir turbo-hélices, disse fonte do setor.
No início, as mais de 200 aeronaves adquiridas da Embraer tinham o financiamento atrelado à
American Eagle. Depois o contrato financeiro e as aeronaves foram transferidos para a
controladora. Daí que hoje o devedor do BNDES seja diretamente a companhia aérea
americana. "Hoje as aeronaves da Embraer são de propriedade da American, não estão em
leasing", disse uma fonte.
O vice-presidente da Embraer para o mercado de aviação comercial, Paulo César de Souza e
Silva, disse que a American tomou a decisão de pedir proteção ao Capítulo 11 da Lei de
Falências porque tinha o maior custo entre as chamadas "majors" do setor e era a única, entre
essas grandes companhias americanas, que ainda não havia seguido esse caminho. Em 2010,
United e Continental, anunciaram acordo de fusão.
Para Souza e Silva, quando sair da recuperação, a American deverá ter um custo bem mais
baixo, em linha com as demais empresas, e poderá competir e investir de forma a se tornar
novamente uma das principais companhias aéreas do mundo. "Ainda não sabemos ao certo
quantas aeronaves regionais permanecerão na sua frota [da AA], mas acreditamos que seja a
maioria. Poderá haver também novas oportunidades de negócios, com jatos maiores, como os EJets [da Embraer]. Teremos que aguardar para saber os planos da AA", disse o executivo em email enviado ao Valor.
A American reconheceu no comunicado aos credores de 29 de novembro que a substancial
desvantagem de custos da empresa em relação aos principais concorrentes, os quais também
reestruturaram dívidas e custos via Capítulo 11, tornou-se cada vez mais insustentável devido o
impacto acelerado da incerteza econômica global. Esse cenário, apontou, resulta em
instabilidade de receita, preços de combustíveis voláteis e crescentes e intensificação dos
desafios de competitividade.
Fontes do setor aeronáutico não acreditam que a American Airlines vá desaparecer. Pelo
contrário, apostam que a empresa poderá sair mais forte do processo de reorganização pelo qual
deverá apresentar um plano de negócios que tende a incluir a devolução de aeronaves alugadas e
a renegociação de contratos da frota própria.
Navio da Vale que rachou tem 80% da carga de óleo removida
Problema foi detectado em carregamento de minério de ferro
A operação de salvamento do navio Vale Beijing, que apresentou rachaduras no casco, já
retirou da embarcação cerca de 4.000 toneladas de óleo combustível. O volume representa
80% do total que deve ser removido.
O navio, de 361 m de comprimento e 65 m de largura, sofreu rachaduras no casco dos
tanques de lastros, durante a operação de carregamento de minério de ferro, no dia 3 de
dezembro, no terminal Ponta da Madeira, em São Luís (MA).
Estavam armazenadas no navio cerca de 7.000 toneladas de óleo. Não há informações de
vazamentos.
Desde então, o navio segue na costa maranhense, a 40 milhas náuticas (cerca de 70 km) de
distância.
A retirada do óleo começou na quarta passada e deve ser concluída nos próximos dias.
Segundo a STX Pan Ocean, proprietária do navio, após terminada, a retirada da carga será
avaliada a necessidade de fazer um reparo emergencial no casco ainda na costa do
Maranhão.
Caso não seja necessário, o navio seguirá viagem até um porto onde será feito um reparo
definitivo.
A retirada de parte da carga foi exigida pelo Ibama, para reduzir o impacto ambiental em
caso de naufrágio.
Gazeta Russa
Marinha russa terá novos mísseis e submarinos
O final de 2011 foi marcado pelo lançamento bem-sucedido de dois mísseis balísticos
intercontinentais Bulavá-30 a partir de um submarino submerso
Víktor Litóvkin
Os dois Bulavás - ou SS-NX-30 na classificação da Otan - foram lançados de uma vez pelo
submarino Iuri Dolgorúki, da classe Borei (projeto 955), em imersão no mar Branco coberto
de gelo. Segundo a assessoria de imprensa do ministério da Defesa da Rússia, o lançamento
correu bem e todas as ogivas instalados nos mísseis (podendo cada um transportar entre seis
e dez munições) atingiram os alvos no campo de provas de Kura na península de
Kamchatka, após percorrer oito mil quilômetros.
Ao todo, o Bulavá realizou 18 lançamentos, dos quais apenas onze foram reconhecidos
como bem sucedidos. Mas esse lançamento, que foi o primeiro a ser realizado em salva, deu
ao presidente russo, Dmítri Medvedev, motivos para dizer, em uma recepção no Kremlin,
que os testes do Bulavá foram concluídos e que o míssil e seu lançador, o submarino Iúri
Dolgorúki, serão entregues, em breve, à Marinha russa.
O presidente não falou das datas concretas, mas os especialistas acreditam que a entrega
acontecerá nos primeiros meses de 2012.
O projeto 955 (de submarinos lançadores de mísseis balísticos da classe Borei) foi concebido
e desenvolvido em São Petersbugo em meados dos anos 90 para lançar o míssil balístico
Bark, projetado pelo centro de engenharia e projeção Víktor Makeev. No entanto, os três
primeiros lançamentos do Bark a partir de uma rampa no mar Branco falharam. Além disso,
o míssil apresentado para os testes era duas vezes maior e mais pesado do que aquele
encomendado pelo ministério da Defesa.
Midiamax.com-MS
Brasil é o primeiro país a gerar energia limpa a partir de biocombustível na Antártica
Em uma iniciativa pioneira, o Brasil vai iluminar a Estação Antártica Comandante Ferraz
com um motogerador a etanol. A ação faz parte da comemoração dos 30 anos da Estação,
operada pela Marinha do Brasil, e conta com a parceria da Vale Soluções em Energia (VSE)
e da Petrobras.
Na quarta-feira (11), o ministro da Defesa, Celso Amorim, estará na Antártica para visitar a
Estação, onde dará partida na operação do motogerador a etanol, que tem capacidade de
suprir, com folga, toda a energia necessária às operações e aos programas científicos lá
realizados.
A partir do evento, o motogerador passará a operar continuamente na Antártica, dando início
ao programa científico que faz do Brasil o primeiro país do mundo a utilizar biocombustível
para produção de energia no continente.
Segundo Celso Amorim, a iniciativa brasileira é digna de celebração, pois coloca o país em
destaque no cenário tecnológico mundial e alinhado com a meta da ONU, que declarou 2012
como o Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos.
O projeto – O motogerador a etanol brasileiro foi desenvolvido com tecnologia totalmente
nacional e gera energia limpa, sem qualquer tipo de aditivo, a partir de um sofisticado
equipamento de controle e comando via internet. A tecnologia foi desenvolvida pela VSE,
uma empresa da Vale e do BNDES.
A Petrobras fornece 350 mil litros de etanol, idêntico ao utilizado nos veículos nacionais, e
fará o acompanhamento tecnológico para validar a utilização do biocombustível em
condições climáticas severas.
O projeto é beneficiado pela Lei da Inovação, por meio da Financiadora de Estudos e
Projetos (FINEP), que promove e incentiva o desenvolvimento de produtos e processos
inovadores voltados para atividades de pesquisa.
O equipamento e o biocombustível partiram em outubro do Brasil para a Antártica no navio
de Pesquisas Oceânicas Ary Rongel. Em seguida, uma equipe de engenheiros brasileiros
partiu para o continente para realizar as instalações e os testes necessários ao funcionamento
do equipamento.
A partir de agora e durante um ano, o motogerador vai operar em total sincronismo com os
motogeradores já existentes a diesel, preservando o parque energético atual como uma
medida adicional de segurança.
Estação Antártica Comandante Ferraz – A estação brasileira é operada pela Marinha do
Brasil e foi instalada na Baía do Almirantado, localizada na Ilha Rei George, no verão de
1984. A partir de 1986, passou a ser ocupada anualmente e guarnecida por militares da
Marinha do Brasil e pesquisadores, podendo acomodar até 58 pessoas. A estação possui
laboratórios
destinados
às
ciências
biológicas,
atmosféricas
e
químicas.
A partida na operação do motogerador a etanol é um dos eventos que marcam os 30 anos do
Programa Antártico Brasileiro (Proantar), gerenciado pela Marinha por meio da Secretaria
da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM).
Criado em janeiro de 1982, o Proantar tem realizado importantes pesquisas científicas em
diversas áreas de conhecimento, de forma a respaldar a condição do Brasil de membro
consultivo do Tratado da Antártica, assegurando a participação nacional nos processos
decisórios relativos ao futuro daquele continente.
Acompanham o ministro da Defesa na missão à Antártica o comandante da Marinha,
almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto, e o comandante da Aeronáutica, tenentebrigadeiro-do-ar Juniti Saito.
Uma tragédia anunciada
Eliane Cantanhêde
BRASÍLIA - Sabe aquela história do "é melhor prevenir do que remediar"? Não parece ser o
forte do governo federal, seja com FHC, com Lula ou agora com Dilma.
Todos os anos terminam sob a expectativa de chuvas fortes, desabamentos ou tragédias, que não
sempre, mas geralmente, atingem o lado mais fraco da sociedade. E não há prevenção,
planejamento.
Outubro se vai, vem novembro, chega dezembro, janeiro cai na nossa cabeça e, aí sim,
presidente, ministros, governadores, prefeitos, todos são obrigados a interromper férias ou
folgas e voltar correndo para seus gabinetes, tentando remediar o que não foi prevenido.
Costuma ser tarde demais, além de sair muito mais caro.
O governo da "gerentona" não foge à regra, apesar de Dilma ter sido chefe da Casa Civil
durante tragédias anteriores e ter mesmo visitado áreas dramaticamente alagadas no ano
passado, já como presidente.
Ano após ano, a história se repete, com o mesmo corre-corre, e os que não preveniram não
apenas correm atrás do prejuízo como ficam matutando como reduzir os danos políticos e ainda
tirar alguma casquinha.
Foi assim que uma penca de ministros se reuniu no domingo à noite e foi ontem ao Planalto
levar propostas para Dilma, que despachou especialistas para Minas, quilos de medicamentos
para o Espírito Santo, aviões da FAB por aí, o comandante do Exército não sei para onde.
Subitamente, verbas não faltam. E sobem a cada novo deslizamento, a cada família desabrigada,
a cada morto registrado nas telas de TV. Crie-se uma força tarefa! Antecipe-se o Bolsa Família!
Abra-se o FGTS! Flexibilize-se o Orçamento! Aja-se imediatamente diante das câmeras!
Até o próximo ano, a próxima tragédia, a próxima vítima, os próximos desvios criminosos dos
recursos para as cidades e as populações atingidas. É uma tragédia anunciada, entra ano, sai ano;
entra década, sai década.