apostila - segmento farma editores
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TEMAS CONTROVERSOS EM REUMATOLOGIA Dor lombar Dor lombar – Melhorando o diagnóstico O papel do reumatologista no tratamento. Como fazer a diferença? Dor lombar – Melhorando o diagnóstico SILVIO FIGUEIRA ANTONIO Médico responsável pelo Ambulatório de Algias Vertebrais do Serviço de Reumatologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-FMO), presidente da Comissão de Coluna Vertebral da Sociedade Brasileira de Reumatologia, biênio 2006-2008 Introdução Complexas e de âmbito multidisciplinar, as síndromes dolorosas lombares persistem com um desafio diagnóstico contínuo e intrigante, necessitando de atenção constante, perspicácia diagnóstica e atualização freqüente do médico atendente. Este deve estar sintonizado com os variados aspectos clínicos dessa síndrome bem como com a semiologia aplicada ao segmento lombar e sempre reciclar os aspectos de anatomia, fisiopatologia, métodos complementares de diagnóstico, atualização farmacológica e de medicina física, entre outros. Apesar dos inúmeros estudos e da extensa literatura médica disponível, muitos dos aspectos fundamentais das lombalgias ainda não foram completamente elucidados. Esse tema é freqüentemente abordado na imprensa leiga e muitas vezes os pacientes são conduzidos por profissionais não habilitados e não familiarizados com os principais aspectos do diagnóstico, que podem, em muito, piorar as situações clínicas ou agravar as dores lombares mais comuns. Portanto, o primeiro aspecto controverso desse tema é: qual profissional está ple- namente capacitado para a condução dos pacientes portadores de dores lombares? Seria uma equipe multidisciplinar mais efetiva para abordagem e diagnóstico desses enfermos? Existe espaço para ações alternativas para tais pacientes? Como resposta imediata, é necessário que os médicos que atendem enfermos com dores lombares mudem sua postura diante do paciente, detalhando melhor sua anamnese, fazendo interrogatório complementar, exame físico, considerando os diagnósticos diferenciais, aspectos psíquicos e trabalhistas e, sobretudo, tenham amplo domínio da terapêutica e, conseqüentemente, de seus efeitos colaterais, como será abordado adiante. Reveste-se de fundamental importância o médico deixar de encarar as queixas como crônicas, incuráveis, simuladas ou fictícias. Uma atitude entusiasta e interessada deve sempre ser assumida, para minimizar a procura desenfreada por parte dos pacientes de alternativas de tratamento, mudando freqüentemente de médicos e de suas especialidades. É importante um bom relacionamento entre as especialidades médicas que atuam no atendimento desses pacientes, visando a um consenso do ponto de vista de diagnóstico, tratamento e prognóstico. Na atual conjuntura previdenciária, na qual grande parte dos benefícios é proveniente de patologias lombares, deve o médico, independentemente de sua especialidade, porém atuando como perito previdenciário, estar familiarizado com os principais fatores de risco e, sobretudo, com os aspectos evolutivos dos pacientes lombálgicos. Quanto menos conhecemos sobre as patologias lombares, mais enfadonhos e cansativos tornam-se nossos atendimentos. 4 De acordo com orientações recentes, em diversas instituições encontram-se estabelecidos atendimentos multidisciplinares, contando com vários especialistas envolvidos no atendimento das patologias lombares, visando a maior benefício e ampliação das condutas diagnósticas e terapêuticas. Devemos salientar, porém, como outro ponto controverso se tais condutas, sob vários aspectos disciplinares, beneficiam positivamente a evolução desses pacientes ou influenciam de forma negativa na sua evolução. Como apoio a uma padronização e acurácia diagnóstica e terapêutica, a Sociedade Brasileira de Reumatologia e a Associação Médica Brasileira – Projeto Diretrizes – disponibilizam o 1o Consenso Brasileiro sobre Lombalgias e Lombociatalgias, no site www.projetodiretrizes. org.br, realizado em São Paulo, em 2000, que em breve será revisado e atualizado. Dados epidemiológicos As patologias da coluna vertebral constituemse em um problema de saúde pública e, principalmente, previdenciária. Deve-se ter amplo conhecimento sobre sua real incidência e prevalência, visando a minimizar afastamentos desnecessários do trabalho, conflitos beneficiários e especialmente uma diminuição dos custos diretos e indiretos gerados por essa entidade. De maneira ampla, pode-se afirmar que a lombalgia é a queixa musculoesquelética mais freqüente e uma das principais causas de incapacidade para o trabalho. Estima-se que 80% da população adulta terá pelo menos um episódio de dor lombar durante a vida. Apesar de sua grande prevalência, a procura por atendimento médico ainda é pequena, corTEMAS CONTROVERSOS EM REUMATOLOGIA respondendo a aproximadamente 3% a 5% dos casos. As mulheres são, em geral, mais acometidas do que os homens, e sua incidência inicia-se na segunda década de vida, aumentando progressivamente com o passar dos anos. A grande maioria das lombalgias é autolimitada, e dos indivíduos acometidos que são atendidos por um médico, 40% a 50% melhorarão em uma semana, 51% a 86%, em um mês e 92%, em dois meses. Apesar de sua grande freqüência, para apenas 15% dos casos existe uma causa específica para a dor, sendo essa proporção aumentada pelo atendimento por médicos especializados em coluna. A F B E D C G 2 1 H A – Ligamento comum vertebral anterior B – Disco C – Cartilagem D – Ligamento comum vertebral posterior E – Orifício de conjugação F – Ligamento amarelo e cápsula articular G – Articulação interapofisária posterior H – Espaço interespinhoso com seus ligamentos 1 – interespinhoso 2 – supra-espinhoso Figura 1. Segmento motor et Ramo primário posterior Fa c Os dados de literatura disponíveis permanecem inconsistentes com relação à contribuição dos fatores de riscos físicos e psicológicos na ocorrência e na potenciação das dores lombares, porém a obesidade, o nível socioeconômico, a depressão e a insatisfação no trabalho revestem-se de importância. Pouco se conhece sobre os fatores determinantes na evolução das lombalgias agudas para as formas crônicas. a Fatores de risco Ramos do n. sinovertebral de Luschka Raiz Anel fibroso Ramo anterior Simpático Núcleo pulposo Aspectos anatomofuncionais básicos da região lombar Um conhecimento apropriado da anatomia e da biomecânica da coluna lombar é essencial na abordagem diagnóstica dessa entidade, bem como na interpretação dos exames subsidiários que possam ser solicitados. As figuras 1 e 2 demonstram, de maneira esquemática, a unidade funcional vertebral e as principais inervações vertebrais. DOR LOMBAR Figura 2. Inervação vertebral Abordagem clínica das dores lombares Serão apresentados, de maneira sucinta e objetiva, os principais dados quanto à história clínica, ao exame físico e ao diagnóstico das síndromes dolorosas lombares. 5 Uma boa anamnese é um passo essencial na avaliação de portadores de dor lombar (Tabela 1). O médico deve permitir ao paciente expressarse com suas próprias palavras. Entretanto, deve orientar as questões capazes de fornecer subsídios importantes para o diagnóstico. A idade do paciente é útil na determinação das causas potenciais de lombalgia. Certas condições são prevalentes em pacientes jovens, como as síndromes espondilíticas com sua manifestação clínica cardinal de lombalgia inflamatória, enquanto outras ocorrem prevalentemente em indivíduos idosos, como a osteoartrose lombar e a estenose do canal espinhal. Torna-se importante caracterizar a forma de início, a duração, a freqüência, a localização e a irradiação da dor, bem como a associação com fatores de melhora ou piora. A dor lombar do tipo mecânica apresenta início súbito, geralmente associado a manobras de esforço físico, tendendo a ser de curta duração (dias, até duas semanas), melhorando com repouso e piorando com tarefas pesadas e movimentos. A dor lombar de caráter inflamatório apresenta início gradual, sem fatores predisponentes identificáveis, de intensidade geralmente progressiva, apresentando-se por período prolongado (semanas a meses), com componente de rigidez matinal nítido, além de despertar o paciente durante a noite. De maneira didática, podem-se dividir as lombalgias em: agudas, com duração de até seis semanas, subagudas, com duração de seis semanas a três meses, e crônicas, com queixas dolorosas persistentes acima de três meses. As lombalgias recorrentes são aquelas que aparecem após períodos de acalmia. Devemos proceder de modo rotineiro o interrogatório sobre alterações neurológicas sensitivas (parestesias ou hipoestesias) associadas. 6 Tabela 1. Anamnese: guia de consulta rápida Avaliar se a dor aparece de manhã ou no decorrer do dia; na hérnia de disco, como nas lombalgias inflamatórias, ela pode ocorrer de manhã. No canal estreito artrósico, pode também ter início de manhã e piorar ao longo do dia No osteoma osteóide, a dor aparece de madrugada Nas espondiloartropatias, a dor é matinal, projeta-se nas nádegas, melhora ao longo do dia e, às vezes, desaparece à tarde Na lombalgia mecânico-degenerativa, a dor aparece com os movimentos, no fim da tarde, após o trabalho, e se relaciona com o estresse físico e emocional Quando lombalgias e lombociatalgias, realizar a anamnese de outros órgãos e sistemas Geralmente a dor raquidiana tem relação com os movimentos da coluna, enquanto a dor de origem extra-raquídea não guarda tal relação Nas compressões radiculares, a dor obedece quase sempre a um trajeto dermatomérico. Algumas vezes isso pode não ocorrer (superposição de dermátomos e esclerótomos) Nas hérnias de disco centrais, pode não haver dor irradiada A grande maioria das dores lombares se limita à região lombossacra. Danos nas estruturas musculoesqueléticas (discos, ligamentos, articulações interfacetárias, entre outras) podem originar dor referida nas áreas adjacentes à coluna lombar. A identificação do ponto máximo de dor auxilia na diferenciação das lesões ósseas daquelas originadas em tecidos moles. A maior parte do tempo gasto na obtenção da história clínica é utilizada para elucidar os fatores que afetam a dor. Devem ser obtidos dados para o entendimento da cronologia da lombalgia, suas características e sua resposta a tratamentos anteriores, medicamentosos ou de medicina física e reabilitação. As estruturas anatômicas da coluna lombar recebem inervações sensoriais específicas, que estão associadas com diferentes categorias de dor (Tabela 2). TEMAS CONTROVERSOS EM REUMATOLOGIA Tabela 2. Categorias de dor lombar Categoria Origem Característica Somática superficial Pele, tecido subcutâneo Músculos, fáscias, ossos, ligamentos, articulações Nervos motores e sensitivos Vísceras abdominais, pélvis, aorta Queimação, bem definida Difusa, profunda, irradiação local Irradiação, forte intensidade Queimação, formigamento Cólica, pontadas Córtex cerebral Variável Somática profunda Radicular Neurogênica Visceral Psicogênica Nervos espinhais Após a caracterização da dor lombar é de fundamental importância proceder ao interrogatório sobre os diversos aparelhos, para a obtenção de dados relacionados a alterações oculares, presença de ulcerações de mucosas, doenças dermatológicas, queixas relacionadas ao aparelho respiratório e cardiovascular, alterações intestinais e sintomatologia urinária. O interrogatório sobre sinais e sintomas neurológicos é importante, principalmente com relação à síndrome da cauda eqüina (disfunção vesical e anestesia em sela do períneo), que se constitui emergência neurológica. A presença de febre deve sempre alertar quanto à possibilidade de quadro infeccioso como responsável pela gênese da lombalgia. Na avaliação complementar, deve-se questionar sobre antecedentes de câncer, perda de peso inexplicável, tratamento imunossupressor, utilização de drogas intravenosas, que seriam sinais de alerta para infecções ou doenças malignas. Deve-se sempre questionar sobre quedas ou traumatismo direto na região lombar de modo a evitar demora no diagnóstico de fraturas. DOR LOMBAR Uma avaliação psicológica e socioeconômica torna-se importante, pois tais fatores podem contribuir para exacerbação ou manutenção dos sintomas e para uma resposta terapêutica insatisfatória. Informações sobre estilo de vida e atividades profissionais do paciente auxiliam na identificação de fatores de risco para o desenvolvimento das lombalgias. Deve-se aferir o grau de satisfação no trabalho, associação de sua atividade com o desencadeamento ou perpetuação da dor, bem como sua expectativa quanto ao retorno ao trabalho. Hábitos sociais como tabagismo, alcoolismo e vida sedentária são fatores de risco relativos para o desenvolvimento de dor lombar. Exame físico da coluna lombossacra Qualquer que seja a possível causa, um exame físico completo deve ser realizado antes da avaliação do sistema musculoesquelético. O objetivo do exame é demonstrar as anormalidades estáticas e dinâmicas desse segmento e compreende inspeção, palpação, percussão, avaliação da mobilidade, exame neurológico dirigido e manobras especiais. Inspeção Deve-se observar a simetria das cristas ilíacas superiores e dos sulcos glúteos. No plano lateral, deve-se verificar a presença de hiperlordose ou retificação da curvatura lombar e, no plano ântero-posterior, observar a simetria dos ombros e das cristas ilíacas anteriores. Palpação É mais bem realizada com o paciente assumindo o decúbito ventral, para obter-se 7 melhor relaxamento muscular. Podem-se detectar dor localizada, espasmos musculares, pontos-gatilho ou alterações ósseas sobre os processos espinhosos. Percussão Embora de pequena utilidade semiológica para o segmento lombossacro, é útil na elucidação de pontos dolorosos e na avaliação das articulações sacroilíacas. Mobilidade • Flexão: torna-se útil a medida da distância dedo–chão na avaliação do grau de comprometimento da mobilidade, como também na resposta ao tratamento. A dor exacerbada pela flexão sugere alteração nos elementos anteriores da coluna, incluindo doença discogênica. Tal movimento deve ser avaliado, levando-se em conta grau de aptidão física, volume abdominal e idade do paciente. O teste de Schober (medida e centímetros de excursão lombar) deve ser realizado rotineiramente. • Extensão: uma exacerbação da dor por esse tipo de movimento sugere dano aos elementos posteriores da coluna, incluindo as articulações interfacetárias. • Lateralização: a causa exata da dor com tais movimentos é de difícil caracterização. A dor homolateral pode ter origem nas articulações interfacetárias, enquanto a dor produzida no lado oposto ao movimento pode ter origem na musculatura, em ligamentos ou nas fáscias. • Rotação: consiste na rotação da coluna sobre seu próprio eixo. Dores exacerbadas por esses movimentos são sugestivas de alterações nas estruturas musculares ou nas articulações interfacetárias. 8 É fundamental a realização do exame das sacroilíacas e coxofemorais, com a finalidade de descartar condições patológicas dessas articulações capazes de originar dor irradiada ou referida. • Exame neurológico: esse exame dos membros inferiores, principalmente nos casos de ciatalgia, é de suma importância. A marcha poderá auxiliar na diferenciação da síndrome radicular L5 daquela de S1. Na compressão da raiz de L5, o paciente terá dificuldade para se manter ou andar sobre os calcanhares; no acometimento de S1, é difícil permanecer ou andar na ponta dos pés. O teste de Lasègue é útil na detecção de processo compressivo do nervo ciático. Deve ser realizado com o paciente em decúbito dorsal, elevando-se passivamente a perna com o joelho em extensão completa; a positividade do teste ocorre quando o paciente refere dor na face posterior da perna a partir de 30 graus de elevação. A presença de dor contralateral nessa manobra sugere lesão central de grande volume no canal medular (geralmente hérnias mediolaterais extrusas). A realização da manobra de Valsalva proporciona aumento da pressão do líquido cefalorraquidiano sobre as raízes nervosas. Durante essa manobra, se ocorrer uma acentuada exacerbação da dor ou se houver uma nítida reprodução da irradiação, principalmente se inexistente antes da realização da prova, torna-se muito provável que exista uma compressão radicular. O teste de estiramento do nervo femoral é realizado com o paciente em decúbito ventral (teste de Ely), sendo o joelho flexionado com o quadril em hiperextensão, ocorrendo dor na presença de síndromes compressivas radiculares de L3 e L4. TEMAS CONTROVERSOS EM REUMATOLOGIA Complementando o exame, devemos pesquisar a integridade dos reflexos patelar (L4) e aquileu (S1), a força dos grupos musculares dos membros inferiores e a pesquisa da sensibilidade cutânea. Em pacientes com suspeita de dor lombar de origem visceral, um exame detalhado das lojas renais, região abdominal e pélvica, além da palpação cuidadosa dos pulsos periféricos, deve ser executado, e, em casos especiais, pode incluir-se até o toques vaginal e retal. Diagnóstico diferencial das lombalgias Inicialmente, deve-se conceituar alguns termos amplamente utilizados na prática médica. Lombalgias são todas as condições de dor, com ou sem rigidez, localizadas na região inferior do dorso em uma área situada entre o último arco costal e a prega glútea. A lombociatalgia é a dor que se irradia da região lombar para um membro inferior ou para ambos os membros. A ciática ou ciatalgia é a dor que tem início na raiz da coxa, geralmente unilateral e raramente bilateral, ultrapassando o joelho e alcançando, na maioria das vezes, o pé homolateral, acompanhada ou não de déficit motor ou sensitivo. Todas essas formas podem ser classificadas, do ponto de vista evolutivo, em agudas, subagudas ou crônicas. As queixas de dor lombar podem ser divididas em dois grupos: • Lombalgia comum: quando não existem fatores de risco ou doenças subjacentes. A maioria dos casos desse grupo é de origem inespecífica e freqüentemente atribuída a fatores mecânicos; • Lombalgia secundária: é a que se apresenta em pacientes com fatores de risco, conforme DOR LOMBAR citado anteriormente, e merece investigação cuidadosa do ponto de vista diagnóstico. A ciática ocorre em 2% a 3% dos pacientes com lombalgia. As distribuições clássicas das síndromes radiculares lombares são apresentadas nas figuras 3, 4 e 5. Dor + alterações da sensibilidade Atrofia muscular e hipotonia de quadríceps Reflexo rotuliano diminuído ou abolido. Força muscular à extensão do joelho diminuída Raiz L4 L3 L4 Local da patologia L5 Figura 3. Síndrome radicular Dor e alteração da sensibilidade Raiz L5 L3 L4 Diminuição da força muscular à flexão do joelho Local da patologia L5 Diminuição da flexão dorsal do 10 artelho e do tornozelo Figura 4. Síndrome radicular Dor e transtornos da sensibilidade Força muscular de flexão do joelho diminuída L3 L4 Raiz S1 Local da lesão L5 Reflexo aquileu diminuído ou abolido. Diminuição da flexão plantar dos artelhos e tornozelos Figura 5. Síndrome radicular S 9 Exames complementares A solicitação de exames complementares deve ser orientada a partir das possibilidades diagnósticas. Não se justifica realizar extensa investigação laboratorial e imagenológica como rotina de trabalho. Do ponto de vista laboratorial, nos indivíduos com suspeita clínica de neoplasia, infecção ou processo inflamatório, assim como nos indivíduos com mais de 50 anos, nos quais existe maior incidência de doenças osteometabólicas, fraturas osteoporóticas e metástases, deve-se incluir a realização de hemograma completo, velocidade de hemossedimentação, além da determinação de níveis séricos de cálcio, fósforo, fosfatases ácidas e alcalinas e eletroforese de proteínas séricas. A hemossedimentação se mostra útil na diferenciação das lombalgias inflamatórias das mecânicodegenerativas, sendo geralmente normal nestas últimas situações. Também se mostra de valia nessa diferenciação a dosagem das mucoproteínas séricas (fração alfa-1-glicoproteína ácida) e da proteína C reativa, que estão elevadas nas condições inflamatórias e neoplásicas. Outros exames que podem ser solicitados em situações especiais incluem dosagem do antígeno prostático específico, pesquisa de paraproteinemia de Bence Jones e dosagem de creatinina sérica ou realização da depuração de creatinina. A realização de radiografias simples da coluna lombossacra pode fornecer informações diagnósticas valiosas. Deve-se salientar que em pacientes com mais de 50 anos de idade é muito freqüente a observação de alterações degenerativas discovertebrais sem que esse achado seja responsável pelo quadro clínico atual, configurando situação de dissociação 10 clínico-radiológica. Em situações selecionadas, pode haver a necessidade de realização de radiografias dinâmicas, em flexão e extensão da coluna lombar. Na lombalgia mecânica comum, com evolução típica, não há necessidade de realização de radiografias; no entanto, se sua evolução clínica mostra-se desfavorável ou atípica, após quatro semanas de tratamento clínico bem conduzido, ou se apresentarem recorrências, serão indicadas radiografias convencionais nas incidências ântero-posterior e em perfil. As radiografias oblíquas devem ser reservadas para as situações de espondilolistese com ou sem lise associada. A tomografia computadorizada é de grande auxílio na abordagem diagnóstica. Deve-se enfatizar que sua solicitação deve ser norteada por anamnese e exame físico detalhado. Essa técnica mostra não só a configuração óssea, como também as partes moles, as raízes nervosas e os discos intervertebrais. A ressonância nuclear magnética é o exame de excelência para a detecção de anormalidades da coluna lombar e no diagnóstico de hérnia discal, alterações degenerativas discais incipientes, substituições da medula óssea por tecido tumoral e infecções. Quando utilizada com gadolíneo, mostra vantagens claras na demonstração de tumores intra-espinhais, discites e na diferenciação entre hérnia discal recorrente e tecido cicatricial pós-operatório. No entanto, seu alto custo e sua disponibilidade limitada não permitem seu emprego de forma indiscriminada. Esse método diminuiu a necessidade de exames mais invasivos, com elevada carga de radiação como a mielografia e a discografia, que hoje são exames de exceção. A cintilografia óssea deve ser solicitada com critérios e, apesar da sua baixa especificidade, TEMAS CONTROVERSOS EM REUMATOLOGIA mostra sensibilidade maior do que a radiologia simples na detecção precoce de patologias tumorais primárias e secundárias, doenças inflamatórias e metabólicas, como exemplo a doença de Paget ou a osteíte deformante. A eletroneuromiografia pode ser solicitada para pacientes com sinais e sintomas de radiculopatia, com ou sem lombalgia associada, que persiste ou aumenta de intensidade após quatro semanas de tratamento clínico bem conduzido, para detectar a severidade do acometimento neural ou para documentação do nível da lesão em pré-operatório. Em situações clínicas bem definidas, esse exame não está indicado. Os métodos de imagem e os testes eletrodiagnósticos não se excluem mutuamente, mas geram informações complementares, estando sujeitos a limitações extrínsecas. Todos os exames complementares devem ser solicitados de maneira pertinente ao quadro clínico e ser interpretados em conformida- DOR LOMBAR de com a clínica de cada paciente. A solicitação inadequada gera custos importantes ao sistema de saúde, e sua interpretação incorreta levanta diagnósticos imprecisos e falência de conduta em grande parte dos pacientes. Bibliografia recomendada Antonio SF, Szajubok JCM, Chahade WH. Como diagnosticar e tratar lombalgias e lombociatalgias. Rev Bras Med 1995; 52:85-101. Borestein DG, Wiesel SW, Boden SD. Low Back and Neck Pain. Comprehensive diagnosis and management. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2004. Cecin HA. Consenso Brasileiro sobre lombalgias e lombociatalgias. Sociedade Brasileira de Reumatologia. Comitê de Coluna Vertebral, 2000. Klippel JH, Dieppe PA. Rheumatology. 2.ed. Londres: Mosby International, 1998. Natour J et al. Coluna Vertebral. 2.ed. São Paulo: Etcetera Editora, 2004. Resnick D, Kransdorf MJ. Bone and Joint Imaging. 3.ed. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2005. The World Health Organization. Departament of Noncommunicable Disease Management. Low Back Pain Initiative – WHO, 1999. 11 O papel do reumatologista no tratamento. Como fazer a diferença? JOSÉ EDUARDO MARTINEZ Professor titular do Departamento de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutor em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Introdução A reumatologia é a especialidade da clínica médica responsável por diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças que têm nas estruturas do aparelho locomotor suas principais sedes de lesão. Nesse contexto, destacam-se as articulações e as estruturas periarticulares como elementos bastante suscetíveis a agressões. Podem-se dividir os agravos ao aparelho locomotor entre aqueles relacionados às doenças propriamente ditas, ocasionadas pelos principais processos patológicos, e as lesões decorrentes de lesões externas em virtude de estilo de vida, ocupação, ambiente e até de questões de natureza ocupacional. Assim, como não poderia deixar de ser, a coluna vertebral e suas estruturas circunvizinhas se apresentam entre os elementos mais possivelmente comprometidos, já que são bastante exigidos na execução das funções locomotoras. Embora seja considerada uma estrutura única, ela é formada por 24 elementos ósseos (vértebras), além do sacro e do cóccix, articulados entre si por articulações sinoviais (interapofisárias) e encondroses (discos), envoltos por fortes ligamentos e músculos. Considerando-se a amplitude dos movimentos executados pelas várias regiões da coluna, podem-se supor as inúmeras possi- bilidades de lesão. Por isso, torna-se necessário estabelecer estratégias e competências para a abordagem de pacientes com algias vertebrais. A dor lombar é a mais freqüente entre elas, visto que é o segmento que mais se submete às sobrecargas no cotidiano. A abordagem começa pelo enfrentamento de uma questão essencial, que é o diagnóstico correto e completo. De acordo com a propedêutica médica, é fundamental que os três níveis de diagnósticos sejam explorados: funcional ou sindrômico, patológico e etiológico. Acrescenta-se ainda o diagnóstico do impacto na qualidade de vida. Assim, tratar lombalgia como diagnóstico único é uma tarefa ingrata e pode ser ineficiente, já que esse rótulo é insuficiente. Fica evidente, portanto, que a abordagem terapêutica e mesmo preventiva decorre da capacidade diagnóstica. Nesse sentido, os reumatologistas têm muito a contribuir. Como clínicos e conhecedores das técnicas da observação clínica clássica, aliadas aos exames subsidiários bem indicados e analisados, os reumatologistas têm responsabilidades não só em relação aos pacientes, mas também na formação de colegas que possam, nos três níveis de atenção à saúde, deparar com o desafio de atender pacientes com lombalgia crônica. A prioridade do tratamento deve ser colocada para a doença de base, o que garantirá sucesso no longo prazo da abordagem, mas existem modalidades terapêuticas comuns a todos os pacientes com lombalgia. Modalidades terapêuticas Alguns objetivos estarão sempre presentes nos tratamentos de doenças musculoesqueléDOR LOMBAR ticas: aliviar os sintomas, manter a capacidade funcional e melhorar a qualidade de vida. As modalidades terapêuticas utilizadas nas algias vertebrais poderiam, como de costume, ser abordadas nessa série, divididas em medicamentosas e não-medicamentosas. No caso das lombalgias, estas últimas adquirem uma importância tão proeminente que poderíamos dizer que, em especial, nos casos crônicos, os medicamentos têm papel adjuvante. Assim, educação em saúde, exercícios físicos, reabilitação e ainda terapias chamadas de alternativas devem ser discutidas inicialmente. Terapias não-medicamentosas Mudanças comportamentais Tópicos que devem ser enfatizados no auto cuidado com o corpo são as prevenções primária e secundária dos distúrbios ponderais. A associação de obesidade, em especial com aumento da circunferência abdominal, e lombalgia está bem estabelecida. Assim, é necessário que o profissional de saúde enfatize a importância de educação alimentar no sentido da manutenção da proporção ideal peso–altura. Os desequilíbrios ponderais podem ocasionar alterações biomecânicas causadoras de dor lombar mecânico-postural, bem como degeneração de estruturas vertebrais, ou ainda ser agravantes de outras doenças da coluna vertebral1,2. Em casos de obesidade mórbida, tem sido inclusive proposto que pacientes com lombalgia possam se beneficiar de cirurgia de redução gástrica3. Quanto às questões relacionadas a posturas e atividades diárias, seria importante a realização de um inventário individual das atividades do cotidiano que habitualmente causam 13 desconforto ou mesmo dor. A identificação de hábitos, posturas e atitudes ocupacionais e mesmo de lazer que submetam as estruturas lombares às sobrecargas mecânicas permitirá uma discussão individualizada nas adaptações necessárias para a proteção dessa importante região do aparelho locomotor. Os fatores mais freqüentemente associados à piora da lombalgia são carregamento de peso, posturas estáticas e posição sentada por tempo prolongado4. Discussão sobre o ambiente do lar e ocupacional deve estar presente em qualquer programa de educação em saúde. A influência de móveis e equipamentos tem sido bem estudada no âmbito ocupacional, mas poucos artigos abordam questões ambientais em casa e no lazer5,6,7,8. Terapias estruturadas visando a modificações comportamentais, como a terapia cognitivo-comportamental, são alternativas interessantes e eficazes para pacientes que têm acesso a esse tipo de serviço. Os tratamentos comportamentais procuram reduzir a incapacidade por meio de modificações de contingências ambientais e processos cognitivos9. Deve-se também comentar a metodologia conhecida como “escola de postura” ou “escola de coluna”. Trata-se de um curso que alia técnicas de educação em saúde, exercícios físicos e apoio psicológico para pacientes. Embora haja certa controvérsia quanto aos resultados no longo prazo, a literatura apresenta evidências moderadas quanto ao benefício para dor lombar inespecífica. Temos aqui novamente a questão do acesso a essas iniciativas, que, em geral, são prerrogativas de serviços de saúde de nível terciário10. 14 Exercícios físicos A prática de atividade física é essencial a qualquer planejamento terapêutico para patologias musculoesqueléticas. Se a função do aparelho locomotor é o movimento, seria um contrasenso se o exercício físico não fizesse parte da correção desses distúrbios. Temos situações distintas de acordo com a evolução. Nos casos agudos, os exercícios não se mostram efetivos em relação às evidências científicas presentes na literatura. Nos casos subagudos, há alguma evidência de que programas de exercícios graduados podem diminuir o absenteísmo ao trabalho. As melhores evidências são no sentido de que a atividade física pode ser levemente efetiva em diminuir a dor e melhorar a função em adultos com dor lombar crônica11. Embora sua eficácia esteja determinada, não se sabe qual é a melhor maneira de ser implementada. Maher et al., em uma revisão sistemática, concluíram que vários fatores influenciam sua eficácia. Programas intensivos, presença de supervisão e inclusão de princípios da terapia comportamental promovem ganho de eficácia12. Entre as modalidades mais citadas, estão alongamento, fortalecimento muscular paravertebral e abdominal e atividades aeróbicas de baixo impacto. Tanto a realização de exercícios em solo como em água tem sido proposta13. Outra controvérsia bastante freqüente na literatura é a indicação de repouso no leito nos casos de dor lombar aguda. Em revisão sistemática recente, concluiu-se que se manter em atividade ou em repouso no leito não causa diferenças significativas nos resultados clínicos. Por outro lado, o repouso no leito prolongado pode causar dano. Assim, é mais razoável aconselhar os pacientes a permanecerem ativos14. TEMAS CONTROVERSOS EM REUMATOLOGIA Terapia física Órteses (colete) As modalidades de fisioterapia podem ser divididas de acordo com o grau de eficácia. O uso do laser, embora diminua a dor no curto prazo, parece ter pouca importância clínica quanto a seu efeito13. A massoterapia é bastante popular na terapia da dor lombar desde o início dos tempos. Vários estilos de massagem podem ser utilizados como tratamento único ou dentro de um programa de reabilitação multiprofissional. Revisões sistemáticas têm concluído sua eficácia, porém não se conhece realmente o tamanho de seu efeito15-17. A hidroterapia tem grande popularidade entre os pacientes. A literatura apresenta dois ensaios clínicos randomizados que demonstraram que essas técnicas são ineficientes18,19. O uso de estimulação elétrica nervosa transcutânea (Tens), geralmente usada para obtenção de analgesia, também tem seu valor contestado na literatura como intervenção única20-22. Da mesma forma, o ultra-som é usado para efeito analgésico, porém a única revisão sistemática não demonstrou benefício23. A indicação de tração para induzir a separação vertebral também está envolta em controvérsia. As revisões sistemáticas demonstram falta de benefício clínico ou valor ignorado24-26. O uso de órteses com o objetivo de alívio da dor, suporte e proteção nas agudizações e para facilitar a movimentação tem-se popularizado. Observa-se, porém, falta de comprovação científica. Seu valor é ignorado segundo duas revisões sistemáticas28,29. Acupuntura O uso de acupuntura em dor musculoesquelética crônica tem sido preconizado. No caso da dor lombar aguda, uma revisão sistemática recente não conseguiu concluir sua eficácia. Na lombalgia crônica, a acupuntura é mais eficaz para alívio da dor e da capacidade funcional que placebo. A revisão conclui que ela pode ser útil como terapêutica adjuvante27. DOR LOMBAR Cirurgias A indicação de procedimentos cirúrgicos está restrita a diagnósticos específicos que não são passíveis de tratamento conservador. As modalidades citadas, quando indicadas com base em uma avaliação clínica individualizada e fazendo parte de um planejamento terapêutico com objetivos, métodos e formas de acompanhamento bem definidos, terão benefício garantido. A falta de benefício comprovado pelas revisões sistêmicas não deve ser motivo de exclusão de seu uso, desde que o racional da indicação justifique. Deve-se também observar que a dor lombar, além do aspecto físico, ajusta-se a um modelo biopsicossocial de doença. Desse racional decorre a necessidade de que, sempre que possível, a abordagem seja multiprofissional. Terapias medicamentosas O uso de medicamentos na lombalgia visa basicamente o alívio da dor e o tratamento de uma eventual doença de base. Em relação ao tratamento de doenças causadoras de dor lombar, esse deve ser individualizado com base nos diagnósticos realizados e em seu estadiamento. Quanto ao alívio da dor, recomenda-se que se leve em conta intensidade, periodicidade e fatores agravantes como a associação 15 com depressão e ansiedade. Os medicamentos analgésicos devem ser prescritos pelo menor tempo necessário, levando-se em consideração contra-indicações, possíveis efeitos colaterais, condições prévias do paciente e aspectos específicos de cada subpopulação, por exemplo, faixa etária. Sua eficácia tem-se mostrado maior com o uso regular e não de acordo com a demanda. As principais modalidades farmacêuticas utilizadas na dor lombar são: vos e não aliviam a dor radicular. Deve-se respeitar seu perfil de segurança31-32. Paracetamol Essa classe farmacológica tem efeito antinociceptivo em dor crônica e dor neuropática em especial. Essa evidência indica que os antidepressivos podem ser efetivos na dor lombar crônica35. Há evidências fortes no sentido da efetividade do paracetamol no alívio da dor no curto prazo30. Antiinflamatórios não-hormonais Pelo menos duas revisões sistemáticas demonstraram que os antiinflamatórios não-hormonais aliviam a dor, mas não têm qualquer efeito no retorno ao trabalho, na história natural ou na cronicidade. Os vários antiinflamatórios são igualmente efeti- 16 Relaxantes musculares Três revisões sistemáticas demonstraram que os relaxantes musculares, independentemente do tipo a ser usado, reduzem a dor. Deve-se, porém, usá-los com precaução em virtude de seus possíveis efeitos adversos31,33,34. Antidepressivos Opióides Agentes opióides fracos são considerados efetivos no tratamento de curto prazo da dor lombar aguda ou crônica agudizada30. Injeções epidurais Há evidências conflitantes quanto à sua eficácia36. TEMAS CONTROVERSOS EM REUMATOLOGIA Referências bibliográficas 1. Liuke M, Solovieva S, Lamminen A et al. 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São Paulo, 2000. 119 p. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo. 7. Coury HJCG. Informativo: perspectivas e requisitos para atuação preventiva da fisioterapia nas lesões músculo-esqueléticas. Rev Fisioterapia em Movimento 1993; 5(2):63-9. 8. Barreira THC. Um enfoque ergonômico para as posturas de trabalho. Rev Brasileira de Saúde Ocupacional 1989; 17(67):61-71. 9. Ostelo RWJG, van Tulder MW, Vlaeyen JWS, Linton SJ, Morley SJ, Assendelft WJJ. Behavioural treatment for chronic low-back pain (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 1, Oxford: Update Software, 2006. 10. Heymans MW, van Tulder MW, Esmail R, Bombardier C, Koes BW. Back schools for nonspecific low-back pain. (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 1, Oxford: Update Software, 2006. 11. Hayden JA, van Tulder MW, Malmivaara A, Koes BW. Exercise therapy for treatment DOR LOMBAR of non-specific low back pain (Cochrane Review). 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In: The Cochrane Library, Issue 1, Oxford: Update Software, 2007. 28. Jellema P, van Tulder MW, van Poppel MN, Nachemson AL, Bouter LM. Lumbar supports for prevention and treatment of low back pain: a systematic review within the framework of the Cochrane Back Review Group. Spine 2001; 26(4):377-86. 29. Koes B, Van Den Hoogen H. Efficacy of bed rest and orthoses of low back pain. A review of randomized clinical trials. Eur J Phys Med Rehabil 1994; 4(3):86-93. 18 30. Koes BW, Scholten RJPM, Mens JMA, Bouter LM. Efficaccy of non-steroidal anti-inflamatory drugs for low back pain: a systematic review of randomized clinical trials. Ann Rheum Dis 1997; 56:214-23. 31. van Tulder MW, Scholten RJPM, Koes BW, Deyo RA. Non-steroidal anti-inflamatory drugs (NSAISs) for non-specific low back pain. In: The Cochrane Library, Issue 4, Oxford: Update Software, 2000. 32. Pohjalainen T, Jekunen A, Autio L, Vuorela H. 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TEMAS CONTROVERSOS EM REUMATOLOGIA PREXIGE ® lumiracoxibe Forma farmacêutica e apresentações comercializadas: Comprimidos revestidos. Prexige® 100 mg: embalagens com 20 comprimidos. Prexige® 400 mg: embalagens com 4 e 7 comprimidos. Indicações: tratamento dos sintomas da osteoartrite e da artrite reumatóide. Tratamento da dor aguda e da dismenorréia primária. Posologia: osteoartrite: 100 mg uma vez ao dia; artrite reumatóide: 200 mg uma vez ao dia; dismenorréia: 200 mg ou 400 mg uma vez ao dia, não excedendo 10 dias consecutivos; dor aguda: 400 mg uma vez ao dia, não excedendo 10 dias consecutivos. Deve-se iniciar o tratamento com a menor dose em pacientes idosos e em pacientes com insuficiência hepática leve a moderada. Deve-se fazer uma reavaliação periódica quanto às necessidades do paciente em relação à terapia, especialmente nos pacientes com osteoartrite e artrite reumatóide. Contra-indicações: hipersensibilidade conhecida ao lumiracoxibe ou a qualquer um dos excipientes; hipersensibilidade conhecida ao ácido acetilsalicílico ou a qualquer outro antiinflamatório não-esteróide, disfunção renal grave; doença hepática grave, dor pós-operatória de cirurgia de ponte de safena e mamária. Interações medicamentosas: deve-se monitorar a função renal quando em uso concomitante com ciclosporina, tacrolimo e lítio. Deve-se ter cuidado com o uso concomitante com diuréticos e anti-hipertensivos (inibidores da ECA ou antagonistas da angiotensina II). Deve-se evitar o uso de altas doses de ácido acetilsalicílico, de outros AINE´s ou de inibidores seletivos de COX-2 concomitantemente a Prexige®. A atividade anticoagulante deve ser monitorada cuidadosamente em pacientes tomando varfarina ou substâncias similares. O lumiracoxibe tem baixo potencial para ocasionar interações farmacocinéticas com outros substratos de CYP2C9 (ex.: varfarina). Precauções e advertências: evitar no terceiro trimestre de gravidez, porque, assim como os outros medicamentos que inibem a síntese de prostaglandina, pode causar inércia uterina e fechamento prematuro do ducto arterial. Não deve ser usado durante o primeiro e segundo trimestres de gravidez a menos que o benefício potencial para as pacientes justifique o risco potencial para o feto. Não deve ser usado por mulheres que estejam amamentando. Não é recomendado em pacientes com histórico de doença gastrointestinal, com ulceração péptica ativa ou sangramento gastrintestinal, doença do intestino inflamado e em pacientes com idade inferior a 18 anos. Os pacientes com função hepática anormal devem ser monitorados. Deve-se estar atento em relação à retenção de fluido grave e edema. Deve-se ter cuidado com os pacientes idosos e em pacientes usando concomitantemente qualquer outro AINE ou ácido acetilsalicílico/aspirina. Deve-se ter precaução e/ou monitoramento em pacientes com disfunção renal, hepática ou cardíaca e em pacientes com alto risco de eventos cardiovasculares ou com história de doença cardíaca isquêmica, doença vascular periférica e doença cerebrovascular, pacientes com problemas hereditários raros de intolerância à galactose, deficiência de lactase grave ou mal absorção de glicose-galactose (comprimidos de 100 mg contém lactose). O tratamento deve ser descontinuado nos casos de reações cutâneas sérias, lesões nas mucosas ou outros sinais de reações alérgicas. Reações adversas: as reações adversas comuns são: sintomas de gripe, infecção do trato respiratório (ex.: bronquite), infecção do trato urinário, tontura, cefaléia, tosse, faringite, dor abdominal, constipação, diarréia, dispepsia, náusea, vômito, flatulência, fadiga e edema. Os seguintes efeitos adversos incomuns a raros, mas sérios: síncope, pancitopenia, infarto do miocárdio, hemorragia gastrintestinal, hepatite, insuficiência renal, acidente cerebrovascular, angioedema e anafilaxia. Material destinado exclusivamente à classe médica. Uso adulto Venda sob prescrição médica Reg. MS. 1.0068.0971 Informações completas para prescrição disponíveis mediante solicitação ao Departamento Médico da Novartis. BPI 18.07.05 O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es), que não possui(em) vínculo com a Novartis Biociências S.A. Tiragem especial para a Novartis Biociências S.A. Direitos autorais reservados à Novartis Biociências S.A. Expediente Diretoria Executiva SBR (Biênio 2006-2008) Presidente: Fernando Neubarth Secretária-Geral: Maria Amazile Ferreira Toscano Primeira-Secretária: Solange Maria Toffoli Tesoureiro: Roberto Calil Diretor Científico: Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro Av. 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