Por que as meninas adoram cor de rosa?

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Por que as meninas adoram cor de rosa?
Hospital Infantil Waldemar Monastier -
Por que as meninas adoram cor de rosa?
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Postado em:04/08/2011
Uma família da Suíça e outra do Canadá estão educando seus filhos sem dizer se são menino ou
menina, com o objetivo de evitar os estereótipos criados pela distinção dos gêneros. Mas será que
estão certos?
É quase inevitável. Azul para meninos, rosa para meninas. Super-heróis para eles, princesas para
elas. O mundo, já há algum tempo, vem etiquetando as crianças assim, e exigindo delas uma
postura bem definida desde cedo. Por isso mesmo, um casal suíço causou polêmica, nos últimos
meses: eles resolveram criar seu bebê sem lhe dar um rótulo masculino ou feminino. O bebê se
chama Pop, é vestido com calças ou saias, e só cinco pessoas sabem seu sexo. Um pouco distante
dali, a experiência está sendo feita também – não com menos holofotes - por um casal
canadense, que cria uma criança de um jeito parecido. Storm, como eles chamam o bebê
sorridente, “deverá desenvolver sua identidade sexual sem seguir estereótipos sociais ou
atender às expectativas relacionadas com gênero”, justificou a mãe, que tem sido apoiada e
criticada pelo mundo afora, à imprensa internacional. As duas famílias fazem parte de uma nova
geração que quer acabar com estereótipos, e pregam um equilíbrio maior entre os sexos. O que
buscam, dizem, é uma nova atitude para mudar as raízes de onde os gêneros seriam, talvez,
distorcidos: a infância. O movimento ganhou ainda mais olhares mundiais com a escola Egalia, na
Suécia, que resolveu educar seus alunos também sem identificá-los pelo sexo. Os professores
devem se referir às crianças (de 1 a 6 anos) sem chamá-los de “ele” ou
“ela”, usando simplesmente um pronome que os suecos chamam de
“hen”, termo que indefine sexo na língua falada por lá. No pátio da escola, todos
brincam juntos e com todos os brinquedos. Contos de fadas foram substituídos por livros que
incluem histórias sobre casais de pessoas do mesmo sexo, pais solteiros e crianças adotadas.
“A Egalia dá às crianças a fantástica oportunidade de ser quem elas quiserem”,
acredita a professora Jenny Johnsson. Uma das questões em jogo é: isso não seria criar um mundo
ilusório para as crianças, já que, depois que crescerem, elas vão encarar um mundo que diz o
contrário? A psicóloga e doutora em filosofia Maria Luiza Macedo de Araújo, presidente da
Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (Sbrash), critica a escolha. “Quem
diz que criar um filho em um ambiente absolutamente neutro garantirá que esta criança não terá
outras influências e identificações na sociedade, em um mundo globalizado?”, diz. “De
forma alguma poderemos fazer um laboratório na nossa casa para criarmos nossos filhos. E as
variáveis intervenientes?”, completa. Afinal, boa parte do desenvolvimento do gênero é
aprendida culturalmente. Para a psicóloga Angelita Corrêa Scárdua, mestre em desenvolvimento
humano adulto e em felicidade, a diferença entre homens e mulheres é inegável. “A questão
é o valor que se dá a essas diferenças”, afirma. Até porque, aponta Angelita, biologicamente,
o masculino e o feminino se expressam de formas diferentes, programados por hormônios que ditam
comportamentos diversos. “E isso não é ruim. As diferenças não correspondem a
valores”, diz. Ela cita ainda que o movimento que prega esse meio caminho entre o feminino
e o masculino não é novo na história humana. “A sociedade ateniense, os romanos e na
época vitoriana tentaram expor essa estética de homens iguais a mulheres." O movimento seria,
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então, cíclico, segundo a especialista, e geralmente restrito a um pequeno grupo. Contos de Fadas
A invasão do cor de rosa chega a revoltar algumas mães. Recentemente, a jornalista americana
Peggy Orenstein lançou o livro Cinderella Ate My Daughter, ainda sem tradução no Brasil. A obra
está no topo das mais lidas no New York Times. Peggy, a autora, é mãe de Daisy, de 5 anos, e
martela pesado no que ela chama de “processo de princesificação”das meninas da
idade de sua filha. “Elas estão aprendendo que não devem ser a mais esperta, a mais
inteligente. Elas devem ser a mais ‘fada’ de todas”, diz Peggy, no livro. Ela
enfatiza que as crianças têm navegado inocentemente por esse mundo “girlie-girl”,
imposto pela mídia e pela indústria de brinquedos. Insconscientemente, os pais têm embarcado
juntos, sem muita opção, já que os apelos infantis são pesados. O problema, ela critica, é quando
isso atinge até mesmo as bonecas mais ingênuas, como a Moranguinho, que teve a cintura afinada
nos últimos anos, provocando uma visão distorcida do corpo. Com a pedagoga Márcia Regina
Bortoluzzi Malta, 42 anos, o destino também foi irônico. Embora ela nunca tenha dado a boneca
Barbie para a filha, Bianca, de 5 anos, e tenha se preocupado em decorar o quarto dela todo em
tons de verde, foi impossível evitar que a menina absorvesse a cultura do rosa. "Na escola as
meninas até competem pra ver quem tem mais coisas cor de rosa", conta. O problema, acredita
Márcia, não é a cor. "Me preocupo mais é com uma espécie de 'ditadura' que existe por exemplo
nas lojas, onde os brinquedos são nessa cor e as roupas também. Até tento fugir dessas lojas, mas
fico de mãos atadas porque Bianca ama rosa", diz, inconformada. Mas claro que o posicionamento
dos pais também conta. “Tudo depende do ponto de vista”, diz a psicóloga Angelita
Scárdua. “Podemos ver (e contar para as crianças) a história de uma Cinderella sofredora, ou
podemos escolher vê-la como uma batalhadora que conseguiu ir ao baile depois de superar seus
problemas”, afirma. Há pouco tempo, a mídia internacional chamou a atenção para a
pequena Shiloh, filha de Angelina Jolie e Brad Pitt, que só usava "roupas masculinas". Especialistas
discutiram amplamente sua sexualidade a partir de um simples estilo de se vestir. Angelina deu
ombros à situação, e disse que era como ela, quando pequena. E fim de papo. E no Brasil, como
funciona? Se nos países desenvolvidos há casais que querem criar bebês sem gênero definido, no
Brasil ainda não há casos nem de longe parecidos. E quem quer bancar uma decisão como a do
casal canadense provavelmente vai esbarrar em preconceito - se é que por lá a situação será
diferente. Na prática, a sociedade, de modo geral, ainda quer gêneros definidos. É tudo uma
questão de bom senso, como sempre na educação. Não é preciso radicalizar criando filhos sem
gênero, mas devemos ensiná-los desde cedo que homens e mulheres são diferentes, sim, e que há
elementos positivos nos dois. Só assim seu filho vai aprender a dar mais valor ao ser humano,
independentemente do sexo, raça ou classe social. Fontes: Maria Luiza Macedo de Araújo, mestre
em psicologia, doutora em filosofia e presidente da Sociedade Brasileira para Estudos da
Sexualidade Humana (Sbrash), Angelita Corrêa Scárdua, mestre em desenvolvimento adulto e
felicidade.
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