novos tempos - Dom Cipriano
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novos tempos - Dom Cipriano
Revista A Revista da Renovação Carismática Católica ANO XXXVIII – Nº 450 | www.comunidadeemanuel.org.br NA VIGÍLIA DOS NOVOS TEMPOS R$ 13,90 Dom Cipriano Chagas, OSB Na vigília dos novos tempos N o primeiro dia desse mês celebramos a Festa de Santa Maria Mãe de Deus. A Virgem Mãe foi escolhida desde toda a eternidade para ser a Mãe de Jesus, a Mãe de Deus. Ela, a nova Eva, inspira em nós, seus filhos, a fé. Aquela mesma fé que ela teve ao confiar inteiramente no Senhor e no seu poder. As aparições de Nossa Senhora em Fátima convidavam à oração, ao jejum e à penitência. Em Medjugorje ela nos convida à oração, à confissão, ao jejum, à leitura bíblica e à missa diária. Nossa Mãe está nos apontando a direção, nos aponta para Jesus. Porque tudo converge para ele, tudo começa e termina nele. Nesses tempos vivemos dias onde o pecado, ou melhor, a consciência do que é pecado tem sido perdida; os homens ouvem suas próprias vozes e não ouvem a voz do Senhor. Por isso, nunca se teve tanto derramamento de graças e misericórdia, por parte de Deus, como vemos hoje. E as aparições de Nossa Senhora fazem parte desse grande derramamento. Nossa Mãe tem sido aquela que avança como a aurora anunciando a volta de Jesus. Ela quer nos reconduzir à conversão e à estrada da santidade. Quer nos conduzir a novos tempos, tempos de mudança e de entrega ao Senhor para vivermos a vida nova. Essa vida nova é a vida no Espírito, mas para vivê-la Nossa Mãe nos pede para esperarmos ou pedirmos sinais, mas nos chama ao caminho de conver- “Nossa Mãe tem sido aquela que avança como a aurora anunciando a volta de Jesus. Ela quer nos reconduzir à conversão e à estrada da santidade” são e santidade: “Por isso convertei-vos e aprofundai-vos na vossa fé. Quando vier o sinal visível, para muitos será tarde demais”. Para trilharmos este caminho precisamos deixar para trás as coisas que nos limitam e nos ancoram no pecado, por isso, ela recomenda a confissão para deixarmos os pecados que tiram da vida da graça. Comungar diariamente para cuidarmos de permanecermos na graça de Deus e em comunhão com Ele. Manter uma vida de oração diária, porque a oração nos coloca em condições de receber tudo aquilo que Deus nos quer dar. E o que Ele quer nos dar? Vida Nova! Nossa Senhora nos dirige suas mensagens no sentido de nos educar no caminho da santidade, de levar-nos à união com Deus, de termos a docilidade ao Espírito Santo de Deus, à união cada vez mais profunda com Jesus. Para preparar. Nossa Senhora diz assim: “Esses são os tempos da grande misericórdia, conhecereis um amor tão grande, uma santidade tão perfeita, como jamais conhecestes até agora. Portanto, meu irmão e minha irmã, deixe para trás aquelas coisas das quais fazemos questão e não nos acrescentam nada na vida do Reino, deixe de lado as coisas que passam e abrace as que não passam. Não dê muita importância às coisas pequenas, quando Deus começa a cortá-las de nossa vida nem sabemos que isso é graça de Deus. Porque vivemos envolvidos por elas. Que Santa Maria Mãe de Deus nos prepare para este ano que se inicia, que sua proteção e suas graças se multipliquem em seu coração para alcançar a graça de ser fiel a Cristo Jesus. Vivemos na vigília de novos tempos, tempos da graça maravilhosa de Deus. Com minha bênção sacerdotal. Dom Cipriano Chagas, OSB Monge beneditino, fundador da Comunidade Emanuel, escritor, pregador e um dos precursores da Renovação Carismática Católica no Brasil. 2016 • edição 450 • Jesus Vive e é o Senhor 3 A Revista da Renovacão Carismática Católica – ANO XXXVIII – Edição 450 Jesus Vive – On Line forma canônica do matrimônio Ensino Acompanhe outros artigos sobre nulidade matrimonial. Destaques O Senhor quer nos preparar para uma vida nova no Espírito Santo. Intercessão Conteúdo estendido do Curso de Intercessão de Dom Cipriano Chagas, OSB 19 6 32 Alma feminina Homilia Capa POR ANNA GABRIELA MALTA PE. PAULO RICARDO DE AZEVEDO JÚNIOR POR DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB Com minha fé, valores e atitudes serei vitorioso no amor, na família, no trabalho, na vida. Como uma pessoa completa. A falta de rumo tornou-se epidemia mundial e isto se deve a alta incidência na prática da prudência imperfeita. Muitos têm vivido como se estivessem cegos, sem saber que o mundo está nessa luta espiritual tremenda. Vitória: Sou nascido de Deus A prudência Na vigília dos novos tempos Seções 3 CARTA AO LEITOR Na vigília dos novos tempos 24 GRUPO DE ORAÇÃO Grupo de Oração e os dons carismáticos – parte 1 POR DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB POR DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB 5 PONTO DE PARTIDA Novos tempos 26 Novos PESQUISA E REDAÇÃO POR JEANNINE LEAL 44 CATEQUESE A pessoa humana tempos, nova vida POR DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB 10 COMUNHÃO ECLESIAL Saber partilhar é uma virtude preciosa DA REDAÇÃO 46 EDUCAÇÃO Sintonizar com crianças: 36 NOSSA SENHORA A ressignificação dos instrumentos de trabalho Solenidade de Maria Santíssima PAPA FRANCISCO CATHARINA PEREIRA POR FREI RANIERO CANTALAMESSA, OFMCAP 14 VIDA E CONHECIMENTO Homem e mulher, ambos vêm de Deus 38 ESPAÇO MUSICAL Ministrando com a música POR ANGEL L. STRADA 48 JV INFORMA Retiro de Cura – Pregador Martins Prêmio Celita Campos Missa da Hora Universal da Graça Bendito Bazar – Escola Dom Cipriano POR JOÃO VALTER FERREIRA FILHO Tudo é para o bem 39 POINT JOVEM A face de Jesus Misericordioso POR PE. FRANCISCO FERNÁNDEZ CARVAJAL POR ALEXANDRE HONORATO Convalidação e a sanação do matrimônio 49 A PALAVRA VIVA 40 CURSO – Intercessão POR DOM ANSELMO CHAGAS DE PAIVA, OSB A revista “JESUS VIVE E É SENHOR” é uma publicação mensal da Comunidade Emanuel, entidade sem fins lucrativos, declarada de Utilidade Pública pelo Decreto 8.969 de 13/05/86. A COMUNIDADE EMANUEL tem entre seus Ministérios a Evangelização através da Palavra escrita, servindo à Renovação Carismática da Igreja. Sua espiritualidade é centrada em Jesus Cristo, guiada pelo Espírito Santo de Deus, incentivando os seus leitores à vida sacramental, à oração pessoal e ao uso comunitário dos Dons e Carismas. Orientação da COMUNIDADE EMANUEL. Uma Associação Particular de Fiéis Leigos, assim reconhecida por Decreto, pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Revista com Eclesiástica. 4 Aprovação Jesus Vive e é o Senhor • edição 450 Santa Elizabeth Ann Bayley Seton CAPA POR MAURO MOITINHO MALTA 22 MATÉRIA ESPECIAL Nulidade matrimonial - parte 27 42 SANTO Como ser Intercessor Por que rezar? Caderno especial para a Lectio Divina PESQUISA E REDAÇÃO MAURO MOITINHO MALTA POR DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB ® Copyright 1996 – Direitos Reservados COMUNIDADE EMANUEL CNPJ 29.983.269/0001-17 - ISSN:0103-8133 - Rua Cortines Laxe, nº 2 Centro - CEP 20090-020 - Caixa Postal 941 CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ Brasil - Tel.: 0+XX+21 2263-3725 Fax: 0+XX+21+2233-7596. • Conselho de Redação: Dom Cipriano Chagas, Maria Teresa Malta, Anna Gabriela Malta, Alexandre Honorato D. Ferreira “Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus o constituiu Senhor e Cristo, a este Jesus a quem vós crucificastes” (At 2,36). • Redator Responsável: Jeannine Leal COMUNIDADE EMANUEL SOCIEDADE PROVIDÊNCIA Rua Cortines Laxe, nº 2, 4 e 6 - Centro Rio de Janeiro - RJ - Brasil – Caixa Postal 941 - CEP 20001-970 Tel.: (21) 2263-3725 / Fax: (21) - 2233-7596 [email protected] Órgão Fundador da Associação Latino-americana de Revistas de Renovação no Espírito Santo. • Revisão e Tradução: Comunidade Emanuel • Fundador: DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB. Os artigos publicados nesta revista são de responsabilidade dos autores. Todo material para a revista, sendo publicado ou não, não será devolvido. “A este Jesus, Deus o ressuscitou, e disto nós todos somos testemunhas. Portanto, exaltado pela direita de Deus, ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e o derramou, e é isto o que vedes e ouvis” (At 2,32-33). • Diretor-Presidente: Dom Cipriano Chagas, OSB . • Diretor Responsável: Mauro Moitinho Malta • 2016 • Revisor: Dom Antonio Augusto Dias Duarte, Bispo Auxiliar • Coordenador de Edição: Comunidade Emanuel • Projeto Gráfico e Diagramação: Comunidade Emanuel • Impressão e acabamento: Walprint Editora e Gráfica JESUS, EU CONFIO EM VÓS! Santa Faustina Kowalska Mauro Moitinho Malta Novos tempos N osso Papa Francisco inicia sua homilia com a seguinte declaração: “Hoje refletimos sobre uma qualidade característica da vida familiar que se aprende desde os primeiros anos de vida: o convívio, isto é, a atitude a partilhar os bens da vida e a sentir-se feliz por “o poder fazer.” Partilhar e saber partilhar é uma virtude preciosa! O seu símbolo, o seu “ícone”, é a família reunida ao redor da mesa doméstica. A partilha da refeição — e, portanto, além do alimento, também dos afetos, das narrações, dos eventos... — é uma experiência fundamental. Quando há uma festa, um aniversário, todos se reúnem à volta da mesa. Em algumas culturas costuma-se fazê-lo, inclusive, para um luto, a fim de permanecer próximo de quem sofre pela perda de um familiar.” E vai adiante, afirmando: “O cristianismo tem uma especial vocação para o convívio”. Termina nos convocando para nosso encontro com Deus, afirmando: “Neste nosso tempo, marcado por tantos fechamentos e por demasiados muros, a convivência, gerada pela família e dilatada pela Eucaristia, torna-se uma oportunidade crucial. A Eucaristia e as famílias nutridas por ela podem vencer os fechamentos e construir pontes de acolhimento e de caridade.” Vivemos uma época de desilusões, onde o convívio assume a característica de se falar mal do que acontece a nosso redor. Esse tipo de procedimento não nos deixa muita margem para refletir sobre o bem que se faz, apesar das circunstâncias negativas. Dom Cipriano aborda essa questão em seus dois artigos, enfatizando: “Estamos vivendo tempos novos, uma nova era, estamos vivendo situações novas que jamais existiram nesse mundo, em intensidade de mal e em intensidade de graças.” Nos alerta que o poder do mal ainda age à nossa volta, informando que: “Consta que em 1884, o Papa Leão XIII teve uma visão em que Satanás afirma, com orgulho, que pode destruir a Igreja, mas para fazer isso pede mais tempo e poder. Jesus, de maneira misteriosa, aceita a petição e pergunta-lhe de quanto tempo e de quanto poder ele necessita. Satanás responde que necessita de cerca de cem anos e um poder maior sobre aqueles que se colocaram a serviço de Cristo. Jesus concede a Satanás o tempo e o poder que solicita, dando-lhe plena liberdade para dispor como quiser: mas apesar disso não destruirá a Igreja.” Para confirmar isso, Dom Cipriano relaciona vários fatos que testemunham o poder da Igreja: “Em 1917, a Virgem Maria apareceu em Fátima, apresentou-se como a Virgem Imaculada e revelou alguns segredos àqueles pastorezinhos; em 1972, o padre Stefano Gobbi (19302011) é impelido interiormente a confiar em Nossa Senhora que se serviria dele como instrumento para anunciar suas mensagens aos sacerdotes, a fim de aceitarem o convite para se consagrarem ao seu Imaculado Coração; em 1981, iniciam os fenômenos diários de aparições de Nossa Senhora em Medjugorje. As mensagens foram transmitidas a seis videntes.” Em seu segundo artigo Dom Cipriano nos alerta: “É preciso nos abrirmos à graça do Espírito Santo para uma mudança de mentalidade. Não podemos voltar nossa mente, nossa vida e o nosso coração às coisas que passam, mas abraçar as coisas que não passam. Presos à vida antiga, não podemos progredir na santidade e reforçamos a ação de Satanás sobre nós.” E termina com a manifestação de Nossa Senhora em Medjugorje: “ “Passado o tempo do grande sofrimento, raiará a hora do grande renascimento e tudo voltará. A humanidade será um novo jardim de vida e beleza, a Igreja, uma família iluminada pela verdade, alimentada pela graça, consolada pela presença do Espírito. Jesus instaurará o seu Reino glorioso e estará convosco. Conhecereis os novos tempos, a nova era. Vereis uma terra nova e novos céus. Esses são os meus tempos porque são os tempos da grande misericórdia. E Jesus reinará.” Este é nosso tempo, irmãos e irmãs, para nos santificarmos e buscarmos as coisas do alto, as que duram eternamente, e não as do mundo, que passam e são carcomidas pela ferrugem. Reflitamos sobre as notícias negativas que são merecedoras das manchetes dos jornais e reflitamos também sobre as ações positivas, realizadas principalmente pelas igrejas, que não são objeto de manchetes nos meios de comunicação. Ainda há tempo! Procuremos nos dedicar à causas do bem para mudar o mundo que nos cerca. Mauro Moitinho Malta Mauro Moitinho Malta Membro do conselho da Comunidade Emanuel, autor do livro “Perdão, o caminho da felicidade”. 2016 • edição 450 • Jesus Vive e é o Senhor 5 Comunhão Eclesial Foto: L‘Osservatore Romano Saber partilhar é uma virtude preciosa Papa Francisco abençoa família durante missa no Vaticano PAPA FRANCISCO A convivência e a partilha são marcas próprias do cristianismo. A Família é o lugar do encontro e da partilha H oje refletimos sobre uma qualidade característica da vida familiar que se aprende desde os primeiros anos de vida: o convívio, isto é, a atitude de partilhar os bens da vida e de sentir-se feliz por o poder fazer. Partilhar e saber partilhar é uma virtude preciosa! O seu símbolo, o seu “ícone”, é a família reunida ao redor da mesa doméstica. A partilha da refeição — e, portanto, além do alimento, também dos afetos, das narrações, dos eventos... — é uma experiência fundamental. Quando há uma 10 Jesus Vive e é o Senhor • edição 450 • “Jesus escolheu a mesa também para confiar aos discípulos o seu testamento espiritual” 2016 festa, um aniversário, todos se reúnem à volta da mesa. Em algumas culturas costuma-se fazê-lo inclusive para um luto, a fim de permanecer próximo de quem sofre pela perda de um familiar. O O convívio é um termômetro garantido para medir a saúde das relações: se em família tem algum problema, ou uma ferida escondida, à mesa compreende-se imediatamente. Uma família que raramente faz as refeições unida, ou na qual à mesa não se fala, mas, assiste-se à televisão, ou se olha para o smartphone, é uma família “pouco família”. CNS foto / Clarin Quando os filhos à mesa continuam ligados ao computador, ao celular, e não se ouvem entre si, isto não é família, é um pensionato. O cristianismo tem uma especial vocação para o convívio, todos o sabem. O Senhor Jesus ensinava de bom grado à mesa, e, às vezes, representava o reino de Deus como um banquete festivo. Jesus escolheu a mesa também para confiar aos discípulos o seu testamento espiritual — fê-lo durante uma ceia — condensado no gesto memorial do seu Sacrifício: dom do seu Corpo e do seu Sangue como alimento e bebida de salvação, que nutrem o amor verdadeiro e duradouro. Nesta perspectiva, podemos dizer que a família é “de casa” na Missa, precisamente porque leva à Eucaristia a própria experiência de convívio e a abre à graça de uma convivência universal, do amor de Deus pelo mundo. Participando na Eucaristia, a família é purificada da tentação de se fechar em si mesma, fortalecida no amor e na fidelidade, e amplia os confins da própria fraternidade, segundo o coração de Cristo. Neste nosso tempo, marcado por tantos fechamentos e por demasiados muros, a convivência, gerada pela família e dilatada pela Eucaristia, torna-se uma oportunidade crucial. A Eucaristia e as famílias nutridas por ela podem vencer os fechamentos e construir pontes de acolhimento e de caridade. Sim, a Eucaristia de uma Igreja de famílias, capazes de restituir à comunidade o fermento diligente da convivência e da hospitalidade recíproca, é uma escola de inclusão humana que não teme confrontos! Não há pequeninos, órfãos, débeis, indefesos, feridos e desiludidos, desesperados e abandonados, que o convívio eucarístico das famílias não possa nutrir, fortalecer, proteger e hospedar. Papa Francisco com a família, ainda era seminarista. Detalhe, sentados – sua avó paterna, Rosa, e o pai, Mario, foto sem data “Hoje muitos contextos sociais põem obstáculos ao convívio familiar. É verdade, hoje não é fácil. Devemos encontrar o modo de a recuperar” A memória das virtudes familiares ajuda-nos a compreender. Nós mesmos já conhecemos, e ainda conhecemos, quantos milagres podem acontecer quando uma mãe tem olhar e atenção, assistência e cuidado pelos filhos dos outros, além dos próprios. Até recentemente, era suficiente uma mãe para todas as crianças da praça! E ainda: sabemos bem que força adquire um povo cujos pais estão prontos a mover-se em proteção dos filhos de todos, porque consideram os filhos um bem indivisível, que são felizes e orgulhosos de proteger. 2016 • edição 450 • Jesus Vive e é o Senhor 11 2016 • edição 450 • Jesus Vive e é o Senhor 13 Vida e Conhecimeto Tudo é para o bem POR PE. FRANCISCO FERNÁNDEZ CARVAJAL Omnia in bonum. Para os que amam a Deus, tudo concorre para o seu bem T odos, ainda que o menor do universo, existem porque Deus o sustém em seu ser. Ele é que cobre o céu de nuvens, quem prepara a chuva para a terra. Quem faz brotar a erva dos montes para os animais que servem ao homem; quem alimenta o gado e os filhotes das aves que clamam.1 A criação inteira é obra de Deus, que também cuida amorosamente de todas as criaturas, começando por mantê-las constantemente na existência. Este “manter” é, em certo sentido, um contínuo criar (conservatio est continua creatio)”.2 Este cuidado e providência se estendem muito particularmente ao homem, objeto de sua predileção. Jesus Cristo nos dá a conhecer constantemente que Deus é nosso Pai, que quer o melhor para seus filhos. O que poderíamos imaginar, para nós mesmos e para aqueles a quem mais amamos, está muito longe dos planos divinos. Ele sabe muito bem o que necessitamos, e seu olhar alcança esta vida e a eternidade; a nossa é limitada e muito deficiente. Evidentemente, a felicidade, e a santidade, consistem, essencialmente, em conhecer, amar e realizar a vontade de Deus, que se nos manifesta de formas diversas, mas com a suficiente luz, ao longo da vida. Em Mateus 6,24-34, o Senhor nos faz uma recomendação para que os nossos dias se encham de paz: “não andeis preocupados por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, pelo que vestireis. A vida não é mais que o alimento e o corpo não é mais que as vestes? Olhai as aves do céu: não semeiam “Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem em celeiros e vosso Pai celeste as alimenta” - e cuida de cada um de nós “A nossa é limitada e muito deficiente. Evidentemente, a felicidade, e a santidade, consistem, essencialmente, em conhecer, amar e realizar a vontade de Deus” nem ceifam, nem recolhem em celeiros e vosso Pai celeste as alimenta” (Mateus 6,25-26).3 É um convite a viver com alegre esperança, o trabalho diário. É logico que encontraremos sofrimentos, preocupações, trabalhos, mas devemos realizá-los como filhos de Deus, sem preocupações inúteis, sem a sobrecarga da rebeldia ou da tristeza, porque sabemos que o Senhor permite esses sucessos, aquelas enfermidades, aquilo que parece um desastre, para purificar-nos, para converter-nos em corredentores. Os sofrimentos, a contradição, devem servir-nos para purificar-nos, para crer nas virtudes e para amar mais a Deus. 2016 • edição 450 • Jesus Vive e é o Senhor 17 Homilia A prudência POR PE. PAULO RICARDO DE AZEVEDO JÚNIOR A falta de rumo tornou-se epidemia mundial e isto se deve a alta incidência na prática da prudência imperfeita O mundo atual padece de uma grave epidemia: a falta de rumo. As pessoas, em geral, não têm ideia de qual é a sua finalidade última. A falta de direção atinge não somente as pessoas, mas a própria Igreja como um todo e isso tem uma causa muito clara: a imanentização do fim último do ser humano. Parece ser algo muito difícil de se compreender, mas não é. Primeiro é preciso recordar que a finalidade da vida humana está na vida eterna, da mesma forma que a finalidade da história está na meta-história, a finalidade do mundo está fora dele e assim por diante.1 Todavia, por causa da acusação marxista de que falar de vida eterna, de céu, inferno etc., é alienante, atualmente ninguém mais fala sobre esses temas, temendo justamente ser tachado de “alienado”. A imanentização, portanto, é centrar-se no hoje, naquilo que pode ser experimentado. É o agora. Ocorre que deixar de falar da finalidade última do homem destrói a vida espiritual como um todo e até mesmo as virtudes que se tenta ordenar tornam-se sem sentido por falta de direção. Por isso, é preciso potencializar justamente a virtude que permite a ordenação de todas as outras: a virtude da prudência. Na linguagem comum, a palavra “prudência” significa uma espécie de cautela, esperteza… mas, na tradição da filosofia perene, de Santo Tomás de Aquino, é a virtude que dispõe os meios 20 Jesus Vive e é o Senhor • edição 450 • A pessoa que possui a prudência verdadeira escolhe a finalidade honesta, em vez do fim útil que pode até ser bom, mas não é o verdadeiro “A prudência é falsa na medida em que toma como fim não um bem verdadeiro, mas uma semelhança de bem” para se alcançar o fim. Ora, o ser humano em seu agir tem uma finalidade, uma direção, diferentemente dos animais, por exemplo, que quando amanhece, esperam pelo anoitecer e quando anoitece, pelo amanhecer e assim dia após dia. Eles não têm uma meta, não têm uma vocação. Mas o agir humano tem essa meta, tem sede de realização, isso é inegável e pode ser comprovado apenas com um olhar para dentro de si mesmo. 2016 A partir disso, o homem passa a determinar os meios que precisará dar para alcançar o seu fim último, a sua realização. Ora, estando num ambiente de Igreja, por exemplo, em que ninguém mais fala do céu, da vida eterna, mas, ao contrário, conclamam para trabalhar e fazer uma “sociedade mais justa”, “um mundo melhor” o que ocorre é que claramente mudou-se o fim. Nesse momento, todo o edifício mora e, toda espiritualidade caem por terra. Jean Lauand, em sua obra “Prudência, a virtude da decisão certa”, afirma que “para Tomás de Aquino, sem a prudência não há nenhuma virtude”.2 Trata-se de uma afirmação bastante grave e o autor cita Tomás em outra frase não menos chocante, retirada do “Comentário às sentenças”, quando diz que “sem a prudência, as demais virtudes quanto Capa Novos tempos, nova vida POR DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB Estamos na limiar de novos tempos. Tempos de mudança de atitude. Nossa Senhora nos chama a trilhar o caminho de conversão e santidade E stamos vivendo tempos novos, uma nova era, estamos vivendo situações novas que jamais existiram nesse mundo, em intensidade de mal e em intensidade de graças. Nossa Senhora tem sido àquela que avança como a aurora anunciando a volta de Jesus. Ela quer nos reconduzir à conversão e à estrada da santidade. Quer nos conduzir a novos tempos, tempos de mudança e de entrega ao Senhor para vivermos a vida nova. Consta que em 1884, o Papa Leão XIII teve uma visão em que Satanás afirma, com orgulho, que pode destruir a Igreja, mas para fazer isso pede mais tempo e poder. Jesus, de maneira misteriosa, aceita a petição e pergunta-lhe de quanto tempo e de quanto poder ele necessita. Satanás responde que necessita de cerca de cem anos e um poder maior sobre aqueles que se colocaram a serviço de Cristo. Jesus concede a Satanás o tempo e o poder que solicita, dando-lhe plena liberdade para dispor como quiser: mas não destruirá a Igreja. Papa Leão XIII permanece de tal maneira impressionado por essa experiência que escreve uma oração em honra de São Miguel. Em 1917, a Virgem Maria apareceu em Fátima, apresentou-se como a Virgem Imaculada e revelou alguns segredos àqueles pastorezinhos. Recomendou 26 Jesus Vive e é o Senhor • edição 450 • “Hoje eu os convido, a todos, à oração. Sem a oração, queridos filhos, vocês não podem sentir nem a Deus, nem a mim, nem a graça que lhes dou” MEDJUGORJE – 03 de julho de 1986 a oração do Terço, a conversão e pediu a consagração da Rússia ao seu Coração Imaculado. Predisse que haveria muitas lutas e catástrofes nesse mundo e, na própria Igreja, haveria lutas. Mas, no fim, o seu Coração Imaculado venceria. Em 1972, O padre Stefano Gobbi (1930-2011) é impelido interiormente a confiar em Nossa Senhora que, serviria-se dele como instrumento para anunciar suas mensagens aos sacerdotes para aceitarem o convite para a consagrarem-se ao seu Imaculado Coração, permanecerem fortemente ligados ao Papa e à Igreja a ele unida e conduzirem os fiéis 2016 ao seguro refúgio de seu Coração Materno. O fruto dessas locuções interiores foi o Movimento Sacerdotal Mariano, presente nos cinco continentes. Em 1981, iniciam os fenômenos diários de aparições de Nossa Senhora em Medjugorje. As mensagens foram transmitidas a seis videntes. Em Medjugorje, Nossa Senhora começa uma “escola” que, através de suas mensagens, ensina a viver mais plenamente a vida do Evangelho, a obedecer mais a Deus e contar com a realidade do plano de Deus e a presença de Deus. Inicialmente, Nossa Senhora pediu aos jovens que rezassem: sete Pai-Nossos, sete Ave-Marias e sete Glórias. Cinco em honra das cinco chagas de Cristo, um pelas intenções do Santo Padre e um pela vinda do Espírito Santo. Ela apresentou-se como a Rainha da Paz, e que veio preparar a vinda de seu Filho Jesus. É uma mensagem muito forte quando consideramos tudo aquilo que pela Sagrada Escritura deve anteceder a vinda de Jesus: a grande apostasia e a grande tribulação – ela veio nos preparar para atravessar essa época de apostasia e tribulação. Em suas mensagens exorta que cada um encare seriamente a vida de oração, se converta e faça penitência. Em sua pedagogia ela ensina como a oração deve preencher todo o nosso dia (ver quadro). Nossa Senhora Solenidade de Maria Santíssima POR FREI RANIERO CANTALAMESSA, OFMCAP A Filha de seu Filho “Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho, que nasceu de uma mulher”. São Paulo, ao dizer: “nasceu de uma mulher”, deu à sua afirmação um alcance universal e imenso. É a mulher mesma, cada mulher, quem tem sido elevada, em Maria, a tal incrível elevação. Maria é aqui “a mulher”. Atualmente, fala-se muito da promoção da mulher, que é um dos sinais tempos mais belos e alentadores. Mas Deus nos precedeu muito; confirmou à mulher uma honra tal, para fazer-nos emudecer a todos. passagem de Lucas 2,16-21 recorda a base real e histórica sobre a qual se apoia o título de Maria Mãe de Deus: “Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno”. Mas é Paulo que, em Gálatas 4,4-7, nos oferece a verdadeira dimensão do mistério: “Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção” (v. 4-5). Em sua origem, o título “Mãe de Deus”, o foco concernia mais na pessoa de Jesus que a da Virgem. Dele, temos testemunho que é verdadeiro homem: “Por que dizemos que Cristo é homem, senão porque nasceu de Maria que é uma criatura humana?” (Tertuliano). Em segundo lugar, temos o testemunho de que é verdadeiro Deus. Somente se vemos Jesus como Deus, é possível chamar Maria de “Mãe de Deus”. Finalmente, de Jesus, testemunha-se que ele é Deus e homem em uma só pessoa. Se, em Jesus humanidade e divindade houvesse estado unidas enquanto união apenas moral e não pessoal (assim pensavam os hereges contra os quais foi definido o título “Mãe de Deus”, Theotokos, no Concílio de Éfeso, no ano 431), ela não poderia já haver sido chamada 36 Jesus Vive e é o Senhor • edição 450 • “O título Mãe de Deus basta por si só para fundamentar a grandeza de Maria e justificar a honra que lhe é atribuída” Mãe de “Deus”, mas somente Mãe de “Jesus” ou de “Cristo”. Maria é aquela que fez Jesus nosso irmão. Elegendo esta via materna para manifestar-se a nós, Deus revelou, ao mesmo tempo, a dignidade da mulher: 2016 O título Mãe de Deus nos diz, enfim, naturalmente de Maria. Maria é a única, no universo, que pode dizer, dirigindo-se a Jesus, o que disse a Ele o Pai celestial: “Tu és meu Filho; eu hoje te gerei” (cf. Hb 1,5; Salmo 2,7). Santo Inácio de Antioquia disse, com toda simplicidade, que Jesus é “de Deus e de Maria”. Quase como nós dizemos de um homem que é filho desta ou daquela. Dante Alighieri encerrou o duplo paradoxo de Maria, que é “virgem e mãe” e “mãe e filha”, em um só verso: “Virgem Mãe, filha de teu Filho”. O título Mãe de Deus basta por si só para fundamentar a grandeza de Maria e justificar a honra que lhe é atribuída. Às vezes, reprova-se, dizendo-se que os católicos exageram na honra e na importância que atribuem a Maria, e em algumas ocasiões, há que se reconhecer que a acusação não tem fundamento, pelo menos não da maneira como é feita. Contudo, jamais se pode pensar isso “O título de Mãe de Deus é também hoje o ponto de encontro e a base comum a todos os cristãos” de Deus. Ele foi muito além ao honrar Maria, fazendo dela, Mãe de Deus, que ninguém mais pode dizer, “ainda que tivesse – dizia o próprio Lutero – tantos idiomas quanto folhas de grama na terra.” O título de Mãe de Deus é também hoje o ponto de encontro e a base comum a todos os cristãos, o retorno e o ponto de partida para se reencontrar a concordância sobre o lugar de Maria na fé. A oração mariana mais antiga, Sub tuum praesidium, expressa a confiança e o consolo que o povo cristão sempre tirou deste título da Virgem: “Sob vossa proteção nos colocamos, Santa Mãe de Deus; não rejeite nossas súplicas que vos dirigimos em nossas necessidades; antes, livra-nos sempre de todo perigo, ó Virgem gloriosa e bendita! ”. Nota: Festa da Solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, 1º de janeiro. Filha de seu Filho – Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap <www.cantalamessa,org> Passagens-base: Gálatas 4,4-7; Lucas 2,16-21; Hebreus 4,4-7. Frei Raniero Cantalamessa, ofmcap, franciscano Capuchinho, Doutor em teologia e em literatura, foi professor de história das origens cristãs na Universidade Católica de Milão e diretor do Instituto de Ciências Religiosas. Membro da Comissão Teológica Internacional (1975-1981). Em 1977 deixou o ensino acadêmico para dedicar-se inteiramente ao serviço da Palavra de Deus. Em 1980 foi nomeado Pregador da Casa Pontifícia. 2016 • edição 450 • Jesus Vive e é o Senhor 37 Curso de Intercessão Como ser Intercessor Por que rezar? POR DOM CIPRIANO CHAGAS, OSB É necessário saber o quadro da batalha espiritual na qual está entrando. Como intercessores, não se pode pensar de forma distorcida e simplista, há um mistério muito maior na oração “O que queres que eu te faça?” (Mc 10,51) A s palavras de Jesus indicam-nos que a ação de Deus está limitada por nossa vida de oração, isto é, se Deus quer fazer algo por nós, não poderá, a menos que lhe peçamos. O porque disto encontramos só na Sagrada Escritura, pois é um segredo que ele nos revela. Outra dificuldade que muitos têm é pensar que Deus está dirigindo este mundo. Não é bem assim. Este mundo está uma grande desordem. O empenho de quem o está dominando é destruí-lo e a nós também. Violências, mortes, mesmo de crianças inocentes, crianças passando fome, mulheres e homens sofrendo, guerra em toda parte. Deus não está fazendo isto à sua Criação, que ele viu que era muito boa. Deus não quer que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao conhecimento da verdade e ao arrependimento (2Pd 3,9). Isto depende de nós, que somos de Deus, e não está acontecendo. Quando as pessoas aceitam Jesus como seu Senhor e Salvador, então se abrem para que a vontade de Deus se realize em suas vidas. Reconciliam-se com Deus, deixam de oferecer resistência à sua vontade. Assim, o reino de Deus vai se estendendo na terra. Quando Deus 40 Jesus Vive e é o Senhor • edição 450 • “A necessidade de um intercessor começou num jardim, no Jardim do Éden. Um lugar maravilhoso, o paraíso na terra.” estiver dirigindo as coisas e realizando a sua vontade nas vidas de todos, serão os novos céus e a nova terra. A rebelião Uma indicação da causa da rebelião de Lúcifer pode ser encontrada no Salmo 8,5, onde o salmista registra que Deus criou os seres humanos “um pouco menores do que o próprio Deus”. Embora historicamente muitos tradutores digam aqui que os seres humanos foram criados “um pouco menores do que os anjos”, isto parece ser uma tradução baseada mais numa mentalidade teológica preconcebida e histórica do que linguística. A tradução mais acurada sugere que na ordem da criação, os seres humanos foram colocados acima dos anjos, inclusive Satanás. 2016 É, portanto, plausível considerar que a raiz da rebelião de Lúcifer foi que seu elevado posto, o mais perto de Deus, devia ser ocupado, por desígnio do próprio Deus, pelos novos seres — de onde a rebelião ciumenta e destruidora que se seguiu. Este deslocamento também explica o seu ódio declarado aos seres humanos. O propósito declarado do domínio de Satanás tornou-se, então, a destruição da Criação de Deus e, especialmente, a destruição dos seres humanos como objeto central que são do amor de Deus na Criação. A queda do Homem Pelo plano de Deus, a humanidade iria ter o domínio sobre toda a ordem criada (Gn 1,28). Mas os homens e mulheres foram também criados para estar em íntimo relacionamento com o Pai, a “caminhar com ele na fresca da tarde”. Deus tinha colocado apenas uma exigência sobre os seres humanos em troca de seu lugar de domínio sobre a terra: que obedecessem as regras que Deus tinha estabelecido. A necessidade de um intercessor começou num jardim, no Jardim do Éden. Um lugar maravilhoso, o paraíso na terra. Não é um lugar parecido com um campo de batalha. Sereno, bonito, criado por Deus, um Pai amoroso para os seus filhos. Um lugar de relacionamentos de amor. Adão e Eva, ambos se amavam e amavam seu Pai Celestial e desfrutavam da companhia do Pai. Mas, durante esses passeios, havia alguém que espiava com raiva, com ciúme, com ódio. Durante todo o tempo, o inimigo estava observando, planejando a quebra daquele relacionamento. Satanás odiava o domínio que Deus dera a Adão sobre todas as coisas. Até que um dia veio a serpente e Satanás usou as mesmas palavras que Deus Pai lhes havia dirigido. E convenceu a mulher de que Deus Pai os tinha enganado. Que não morreriam. Eva tomou do fruto daquela árvore e comeu. Adão, que tinha sido bem instruído por Catequese A pessoa humana DA REDAÇÃO D eus criou o homem à sua imagem e semelhança e não o homem criou Deus. A pessoa humana é criação da pesstoa divina. Pode-se perceber sinais de sua alma espiritual quando se pergunta sobre a existência de Deus, pois traz em si o gérmen da abertura à verdade e à beleza, o senso do bem moral, com sua liberdade e consciência e sua aspiração à felicidade e ao infinito. Criados Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, o homem que procura a Deus, descobre certas “vias” para aceder ao conhecimento de Deus. Chamamo-las também de “provas da existência de Deus”, não no sentido das provas que ciências naturais buscam, mas no sentido de “argumentos convergentes e convincentes” que permitem chegar a verdadeiras certezas. Estas “vias” para chegar a Deus têm como ponto de partida a criação: o mundo material e a pessoa humana.1 Por ser à imagem de Deus, o indivíduo humano tem a dignidade de pessoa: ele não é apenas alguma coisa, mas alguém. É capaz de conhecer-se, de possuir-se, de doar-se livremente e entrar em comunhão com outras pessoas, e é chamado, por graça, a uma aliança com seu Criador, a oferecer-lhe uma resposta de fé e de amor, que ninguém mais pode dar em seu lugar.2 Criados em idêntica dignidade “à imagem de Deus”, homem e mulher, refletem a sabedoria e a bondade do Criador exprime esta realidade com uma linguagem simbólica, ao afirmar que “O Senhor Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou nas suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2,7). Portanto, o homem na sua totalidade, é querido por Deus.3 As dimensões da pessoa Muitas vezes, o termo alma designa na Sagrada Escritura, a vida humana ou a pessoa humana inteira. Mas designa também o que há de mais íntimo no homem e o que há nele de maior valor, aquilo que mais particularmente o faz ser imagem de Deus: “alma” significa o princípio espiritual no homem.4 A pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual. O relato bíblico O corpo do homem participa da dignidade da “imagem de Deus”: ele é corpo humano precisamente porque é 44 Jesus Vive e é o Senhor • edição 450 • 2016 animado pela alma espiritual, e é a pessoa humana inteira que está destinada a tornar-se, no Corpo de Cristo, o Templo do Espírito.5 A unidade da alma e do corpo é tão profunda que se deve considerar a alma como a “forma” do corpo; ou seja, é graças à alma espiritual que o corpo constituído de matéria é um corpo humano vivo; o espírito e a matéria do homem não são duas naturezas unidas, mas a união deles forma uma única natureza.6 A Igreja ensina que cada alma espiritual é diretamente criada por Deus – não é “produzida” pelos pais – e é imortal: ela não perece quando da separação do corpo na morte, e se unirá novamente ao corpo quando da ressurreição final.7 2016 • edição 450 • Jesus Vive e é o Senhor 47 JV INFORMA RETIRO DE CURA E LIBERTAÇÃO 1 3 2 PRÊMIO CELITA MENDES 8 5 7 11 4 9 10 6 Nos dias 20, 21 e 22 de novembro foi realizado o retiro de Cura e Libertação (3), no Refúgio Nossa Senhora das Graças (em Teresópolis), com o pregador Martins (1). O celebrante foi o Pe. Jésus (2), de Teresópolis. PRÊMIO CELITA MENDES No dia 05 de dezembro, aconteceu a Solenidade de Premiação da Escola Dom Cipriano Chagas no auditório do Colégio São Bento. Alunos e pais compareceram ao evento prestigiado pela presença de Dom Cipriano Chagas, Maria Teresa Malta e Prof. Carlos Alberto Serpa (4) compondo a mesa. Os ex-alunos Raphael Portela (engenheiro), Jansen (médico), Matheus (1º Tenente das forças armadas) e Arthur (bolsista do ensino secundário do Colégio São Bento) estavam presentes à cerimônia (5). 48 Jesus Vive e é o Senhor • edição 450 • 2016 Foram entregues as premiação Celita Mendes (intercâmbio em Londres) (6). A premiada foi a aluna Giovana (7); 10 bolsas DOM-SBCI (curso da Cultura Inglesa) (8,9,10); Mérito em Português, Matemática, Simpatia e Cortesia, Perseverança e Comprometimento para os alunos que se destacaram em todas as turmas. A gestora da Escola Dom, Anna Gabriela Malta estava presente à solenidade (11). O cantor e compositor Gabriel Moura fechou o evento cantando Salve Jorge, Burguesinha e Felicidade. No dia 8 de dezembro, Dom Cipriano Chagas e Pe. Marco Túlio celebraram a Missa de Nossa Senhora da Conceição, a Hora Universal da Graça. (Fotos à esquerda.) Edição nº 34 – Lectio Divina Meditações 16 de JANEIRO a 15 de FEVEREIRO 2016 – ANO C Pesquisa e redação Mauro Moitinho Malta “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos dos Apóstolos 9,4) 2a Semana 10 a 16 de JANEIRO Sábado, 16 de janeiro Marcos 2,13-17 “Ele come com os publicanos e com gente de má vida?” (Marcos 216) Jesus estava na casa de Levi, o cobrador de impostos, com numerosos pecadores e os fariseus, vendo-o participar daquela refeição, indignaram-se. Mas Jesus os ouviu e retrucou: “Os sãos não precisam de médicos, mas os enfermos; não vim chamar os justos, mas os pecadores” (v. 17). Essa passagem nos mostra que Jesus veio para trazer uma nova interpretação da Lei. Ele assume publicamente que veio com o objetivo de resgatar aqueles à margem da sociedade, os que eram julgados pelos fariseus como pecadores e subservientes às forças romanas de ocupação, como os cobradores de impostos. Hoje, temos a tendência a rejeitar os que não comungam de nossa fé, achamos que somos mais importantes, mais sábios do que os demais. Não é essa a mensagem de Cristo. Ele veio para converter os pecadores. Leia o livro À MANEIRA DE JESUS e veja como Ele se comportava diante dos marginalizados. 1Samuel 9,1-4.17-19;10.1a; Salmo 20(21),2-3.4-5.6-7 3a Semana 17 a 16 de JANEIRO Domingo, 17 de janeiro João 2,1-11 “Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: ‘Eles já não têm vinho’” (João 2,3) Jesus, em Caná da Galileia, deu início aos sinais e manifestou sua glória e seus discípulos creram nele. Em Caná aconteceu uma nova epifania de Jesus: ele se manifestou como havia se manifestado no início, aos magos e a João Batista, no Batismo do Jordão. “Manifestou-se” e não simplesmente, “se fez ver”. Muitos, com efeito, viram Jesus naqueles trinta anos desde a visita dos magos até o batismo do Jordão, mas Ele não se manifestou a todos, isto é, não manifestou a todos quem era realmente, sob as aparências que se podiam ver. Também esta vez, em Caná da Galileia, o fruto de sua manifestação é a fé. Jesus manifestou sua glória e os discípulos creram nele. Leia o livro SOB A LUZ DE DEUS e veja como você pode exercer todo o poder que possui utilizando sua fé no poder de Deus. Isaías 62,1- 5; Salmo 1-2a.2b-3.7-8a-10a.c (R: 1a.3b); 1Cor 12,4-11 Segunda-feira, 18 de janeiro Marcos 2,18-22 “Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?” (Marcos 2,18) Jesus faz uma declaração de princípios por algo insignificante. Era um dia de jejum. Os fariseus, sempre prontos a criticar o comportamento inconformista de Jesus, encontram os discípulos dele comendo e indagam: “Por que os teus discípulos não jejuam?” Jesus não se limita a justificar aquele ato particular – o preceito do jejum é só uma tradição – o problema é posto num nível mais profundo e radical. Era como se afirmasse: “Vós vos preocupais com vossos jejuns e não percebeis quem tendes na frente.” Agarrados ao “velho”, não percebeis “a coisa nova” - o Reino de Deus – que está se realizando entre vós. Agarrados ao mérito, não sabeis acolher a graça, permaneceis escravos da lei, na hora em que a liberdade vos passou ao lado.” Leia o livro 2016 • Edição 34 • A Palavra Viva • 49 Casa de Maria e José Sede da Comunidade Emanuel – Rio de Janeiro rua cortines laxe, nº 2, centro - rio de janeiro – (21) 2263-3725 Agenda SEMANAL MISSA COM ORAÇÃO DE CURA 12h Celebrante Dom Cipriano Chagas, osb transmissão ao vivo pela internet – www.comunidadeemanuel.org.br Agenda mensal casa de maria e josé ATENDIMENTO E ACONSELHAMENTO ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO Na capela | 11h às 15h GRUPO DE ORAÇÃO DE SÃO PADRE PIO Na capela | 14h às 16h30 ATENDIMENTO E ACONSELHAMENTO com hora marcada | 13h às 16h ORAÇÃO PELO PAPA FRANCISCO Na capela | 15h às 16h GRUPO DE ORAÇÃO EMANUEL 19h às 20h30 O grupo emanuel é um dos primeiros grupos da de oracão do rio de janeiro com hora marcada 10h às 15h Toda terceira quarta-feira do mês TARDE DE CURA Na capela | 14h às 15h30 Toda primeira quinta-feira do mês ORELHÃO ESPIRITUAL Na capela | 14h às 16h ATENDIMENTO E ACONSELHAMENTO – por ordem de chegada Dom Cipriano Chagas, OSB Monge beneditino do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, um dos precursores da Renovação Carismática no Brasil e Presidente-fundador da Comunidade Emanuel e da revista Jesus Vive e é o Senhor /comunidade_emanuel @comEMa_RJ
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