Ambição culturAl - Fondation Pierre Arnaud

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por Marilane Borges fotos Sébastien Crettaz (in situ) e François Bertin
Ambição
cultural
Inaugurada em dezembro, a Fundação Pierre Arnaud, na
Suíça, tem como propósito exibir exposições temporárias
com foco numa nova visão da arte moderna
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C
rans-Montana é um lugar excepcional, rodeado por uma bela paisagem que forma uma cordilheira com vista para o Rio Rhône e
os Alpes suíços. Entre lagos e montanhas, essa região aprazível é
perfeita para quem pretende recarregar as energias, ama a natureza,
aprecia os resorts suíços e deseja se deleitar apreciando a arte local numa área
pitoresca. É nessa estação balneária criada no início do século 20, graças a
seu rico potencial de agricultura de montanha, que se encontra um dos mais
recentes centros culturais do país – a Fundação Pierre Arnaud, criada em homenagem ao industrial francês (1922-1996), que habitava Crans-Montana
e fez fortuna comercializando barcos em Tânger durante o pós-Guerra.
Como colecionador de arte, Pierre Arnaud apreciava principalmente
as obras dos pintores da região do Valais, por isso a Fundação que leva seu
nome tem como ambição comparar essa criação pictural suíça com as principais tendências internacionais da pintura entre 1850-1950, estabelecendo uma junção entre a arte ocidental e não ocidental a partir desse período.
Situada nos arredores de Lens, onde se encontra uma célula do Louvre, a cidade tem suas atividades culturais distribuídas em torno de sua monumental igreja, suas famosas pistas de esqui, cassinos e campos de golfe,
entre outros atrativos regionais. Nesse contexto, a Fundação Pierre Arnaud
veio agregar valor cultural à paisagem desse vilarejo que, ao longo dos últimos anos, transformou-se num pujante polo imobiliário. Erguido em dois
níveis e com estrutura moderna e funcional, o prédio da Fundação Pierre
Arnaud foi projetado especificamente para a organização de exposições
temporárias. Seus 900 metros quadrados comportam acabamento de uma
tecnologia de alto desempenho que garante a integridade das obras de arte.
Além das salas de exposição, o edifício conta com livraria, restaurante e, no
terraço, um jardim paisagístico que oferece uma bela vista sobre o lago e a
cadeia de montanhas circundantes.
A agência de arquitetura JP Emery & Partners projetou a Fundação
Pierre Arnaud como uma obra de arte para se destacar nessa paisagem alpina com imponente fachada de vidro reflexivo totalmente coberta com
células solares. A imagem do prédio refletida na lagoa cria um visual impressionante a distância. Graças à estrutura ecológica do projeto, o edifício
é relativamente independente em termos de energia, ao mesmo tempo que
se integra no cenário dessa cadeia de montanhas como uma caixa de vidro
que flutua sobre as águas. O designer Adrien Gardère, que também assina
o projeto cenográfico das exposições do Lens Louvre, trabalha em estreita
colaboração com a equipe multimídia para compor a museologia da Fundação, que optou por concentrar sua abordagem curatorial entre o diálogo
e o confronto das diferentes práticas do pensamento cultural, considerando que, através dessa perspectiva, é possível criar uma visão diferente do
mundo da arte.
Em tese, a proposta da Fundação Pierre Arnaud é a de organizar duas
exposições por ano, de acordo com o calendário sazonal, ou seja, uma no
inverno e outra no verão. A exibição inaugural, que fica em cartaz até abril
deste ano, concentra-se sobre o Divisionismo e coloca em evidência trabalhos de artistas da região alpina, que criaram uma nova interpretação dessa
tendência, bem como do realismo, do romantismo e do simbolismo com
os grandes mestres desse movimento liderado por Georges Seurat. No calendário de eventos está prevista como primeira exposição para o verão de
2014 uma homenagem ao surrealismo e à arte primitiva.
www.fondationpierrearnaud.ch
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Ao lado, Pousada de
Oschwand, 1906, de
Amiet Cuno. Abaixo,
Hospício e Farol
em Honfleur, 1886,
de Georges Seurat.
Embaixo, Vento de
Aquilon, 1902, de
Carlo Fornara