elsie cobra teixeira efeitos dos exercícios na paralisia facial
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elsie cobra teixeira efeitos dos exercícios na paralisia facial
ELSIE COBRA TEIXEIRA EFEITOS DOS EXERCÍCIOS NA PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA IDIOPÁTICA: REVISÃO SISTEMÁTICA DE ENSAIOS CLÍNICOS ALEATÓRIOS Monografia apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Especialista em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares. SÃO PAULO 2004 ELSIE COBRA TEIXEIRA EFEITOS DOS EXERCÍCIOS NA PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA IDIOPÁTICA: REVISÃO SISTEMÁTICA DE ENSAIOS CLÍNICOS ALEATÓRIOS Monografia apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Especialista em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares. Orientador: Profº Dr. Jefferson Rosa Carsoso SÃO PAULO 2004 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA E NEUROCIRÚRGIA Chefe do Departamento: Profª Dra. Débora Amado Scerni Coordenadores do Curso de Especialização em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares: Profº Dr. Acary Souza Bulle de Oliveira e Ms. Francis Meire Fávero Ortensi. iii ELSIE COBRA TEIXEIRA EFEITOS DOS EXERCÍCIOS NA PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA IDIOPÁTICA: REVISÃO SISTEMÁTICA DE ENSAIOS CLÍNICOS ALEATÓRIOS Presidente da Banca: Profº Dr. Jefferson Rosa Cardoso Banca Examindora: Ms. Alfredo Alexander Raspa da Silva Dra. Sissy Veloso Fontes Aprovado em: ___/___/___. iv DEDICATÓRIA A Deus pela vida e capacidade de conhecer, descobrir e pesquisar. Aos meus pais, Elson e Fátima, pelo amor incondicional e total dedicação. v AGRADECIMENTOS Ao Profº Dr. Jefferson Rosa Cardoso pela orientação dessa pesquisa, e por me conduzir na busca do conhecimento científico. À Profª Ms. Francis Meire Fávero Ortensi pela compreensão e apoio durante esse ano. Aos meus pais pela colaboração e disposição para ajudar-me a finalizar essa pesquisa. Ao Vinícius pela compreensão afetiva e apoio moral durante todo esse ano. vi A Fisioterapia sem o profissional consciente é como o sol sem brilho. A busca pelo conhecimento científico nos torna profissionais mais conscientes do nosso papel como Fisioterapeuta. Elsie Cobra Teixeira vii SUMÁRIO Dedicatória v Agradecimentos vi Resumo ix I. Introdução 1 II. Objetivos 4 III. Hipótese 4 IV.Métodos 5 V. Resultados 8 VI. Discussão 11 VII. Implicações para Prática Clínica 14 VIII. Implicações para Pesquisas 15 IX. Conclusões 17 X. Referências 18 Abstract Bibliografia Consultada viii RESUMO Introdução: As intervenções fisioterapêuticas têm um papel importante diante da Paralisia Facial Periférica Idiopática (PFPI) ou Paralisia de Bell, prevenindo ou minimizando suas complicações. Essas intervenções podem ser por meio de exercícios que estimulem a expressão facial. Objetivos: Investigar os efeitos dos exercícios associados ou não ao biofeedback por espelho sobre a PFPI. Métodos: O tipo de estudo utilizado foi a revisão sistemática de ensaios clínicos aleatórios (ECA). Foram utilizadas seis bases de dados (COCHRANE LIBRARY, EMBASE, MEDLINE, PEDRO, DARE e LILACS) com suas respectivas estratégias de busca, sem restrição de idioma ou data de publicação na identificação dos estudos. Foram incluídos pacientes com diagnóstico de PFPI. Os desfechos clínicos considerados foram a simetria da face, a sincinesia e a rigidez da musculatura, a mobilidade labial e os aspectos físicos e sociais dos pacientes com PFPI. Para avaliação desses desfechos foram selecionadas as seguintes escalas: House-Brackmann Scale, Linear Measurement Index, Facial Disability Index (FDI), Lip-lenght (LL) e Snout (S) Índices, e 4 level scale. A qualidade dos métodos foi avaliada segundo a lista Delphi. Resultados: Quatro ECA preencheram os critérios de inclusão. Cento e onze pacientes (53 no grupo de tratamento e 58 no controle) foram estudados. Do total de pacientes estudados, 57 tinham diagnóstico de PFPI ou de Paralisia de Bell. O tempo médio de lesão variou entre 16 e 46 meses. A duração do tratamento variou entre um e 12 meses. Os artigos pontuaram entre quatro e cinco pontos na avaliação de qualidade. Conclusão: Não foi encontrado evidências suficientes para concluir sobre os efeitos dos exercícios de expressão facial associado ou não ao biofeedback sobre a PFPI. Descritores: Paralisia facial idiopática/reabilitação. Técnicas de fisioterapia. Exercícios. Ensaio controlado aleatório. Revisão sistemática. ix 1 I. INTRODUÇÂO A Paralisia Facial Periférica Idiopática (PFPI) ou Paralisia de Bell é considerada um transtorno do sistema nervoso periférico, com comprometimento do nervo facial, causando paresia ou paralisia unilateral dos músculos da face de início agudo, sem causa específica1. É uma enfermidade relativamente benigna e somente alguns casos não têm evolução satisfatória. Nestes, a paralisia facial pode se tornar um problema psicológico devido a alteração estética da face e da qualidade de vida2. Os primeiros relatos sobre a PFPI foram descritos por Avicenna que viveu entre 980 e 1037. Após este achado, a PFPI foi encontrada nos manuscritos de Nicolaus Anton Friedreich em 1797, aproximadamente, 24 anos antes do trabalho mais famoso publicado sobre o tema por Sir Charles Bell3. A etiologia da PFPI ainda não é totalmente esclarecida. Existem pelo menos três teorias em debate: a teoria viral (vírus herpes simples – tipo I), a vascular (isquemia) e a auto-imune4. Alguns autores sugerem que as alterações climáticas influenciam no aparecimento da doença. A incidência é de 23 a 35/100.000 casos e ambos os gêneros com mais de 30 anos são acometidos5-6. A sincinesia, cuja incidência pode variar entre 1,7 a 42%, é uma das complicações mais encontradas na PFPI e consiste na inibição do músculos levantador da pálpebra e ptose palpebral quando ocorre a abertura da boca3,7. Devido a persistência dessa sincinesia e utilização de exercícios ou eletroestimulação de forma inadequada a recuperação total da função muscular facial pode ser.tardia8. 2 Duas revisões sistemáticas da Colaboração Cochrane sobre o efeito do corticoesteróide (prednisona)9 e do antiviral (aciclovir)10 foram realizadas recentemente. A primeira aponta por meio de uma metanálise que 13/59 dos pacientes alocados para receber a terapia com o esteróide tiveram uma recuperação da função motora facial incompleta após seis meses, comparado com 15/58 pacientes do grupo controle. A conclusão da segunda revisão mostrou que não há evidências sobre a eficácia da droga antiviral sobre a recuperação funcional facial, embora a utilização em conjunto com o corticoesteróide pode ser útil. O tratamento por meio da fisioterapia também é preconizado e vem sendo descrito desde a década de 50. O primeiro ensaio clínico aleatório foi publicado em 1958. Os autores comparam a utilização da eletro-estimulação (corrente galvânica) e a foto-estimulação (infravermelho) associada a massagem realizada pelo próprio paciente. Nenhuma diferença estatisticamente significante foi encontrada entre os dois tratamentos11. Uma revisão sistemática sobre os efeitos da eletro-termoterapia foi realizada em 200312. Várias modalidades foram investigadas separadamente, como por exemplo: eletro-estimulação, ondas-curtas, ultra-som, laser e biofeedback por eletromiografia de superfície. Como síntese, os autores apontam a utilização destas modalidades complementares, mas nenhuma parece ser superior. Vale ressaltar a inclusão de ensaios clínicos não controlados, relato de série de casos e retrospectivos, o que demonstra um viés de seleção. Um autor8 relata contra-indicação da eletro-estimulação com a finalidade de tratar os pacientes com PFPI. Por um outro lado, autores vêm demonstrando que a 3 combinação entre a eletro-estimulação e a foto-estimulação associadas aos corticoesteróides parece levar a uma completa recuperação funcional13-14. Devido as incertezas sobre os efeitos da eletro-estimulação e da ação medicamentosa em pacientes com PFPI é proposta uma revisão sistemática sobre os efeitos dos exercícios faciais e biofeedback por espelho. 4 II. OBJETIVOS Investigar os efeitos dos exercícios associados ou não ao biofeedback por espelho sobre a Paralisia Facial Periférica Idiopática (PFPI). III. HIPÓTESE Exercícios faciais com ou sem biofeedback por espelho não são mais efetivos que a não realização de um programa de fisioterapia ou somente exercícios faciais. 5 IV. MÉTODOS Para atingir os objetivos propostos foi escolhida a revisão sistemática de ensaios clínicos aleatórios. Este estudo foi realizado no Setor de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, no Programa de Pós-graduação em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares. Para a localização dos ensaios clínicos aleatórios (ECA) foi criada uma estratégia de busca que correlacionava o tipo de doença, os tipos de intervenções e os ECA. Essa estratégia foi realizada nas seguintes bases de dados: Cochrane Library, EMBASE (1980-2004), MEDLINE (1966-2004), LILACS (1982-2004), PEDRO (Physiotherapy Evidence Database) e DARE (Database of Reviews of Effects). Não houve restrição de idioma e data de publicação. Os descritores utilizados para o tipo de doença foram: paralisia facial periférica idiopática, paralisia facial e paralisia de Bell; para o tipo de intervenção foram: fisioterapia, cinesioterapia, terapia por exercícios, exercícios de mímica ou expressão facial e massagem; e, para o tipo de estudo, os descritores foram: ensaio clínico aleatório, revisão sistemática e metanálise. Vale ressaltar que a estratégia proposta pelo Grupo de Doenças Neuromusculares da Colaboração Cochrane foi amplamente seguida. Os estudos selecionados para essa revisão foram os ensaios clínicos aleatórios que ressaltassem a cinesioterapia associada ou não ao biofeedback (por meio de espelho) como forma de tratamento para pacientes com PFPI. Os exercícios para o treinamento neuromuscular são os de mímica facial ou expressão facial. Suas funções são: estimular a combinação de movimentos 6 funcionais da face e da expressão facial; promover a simetria da face; controlar e reduzir a sincinesia; reintegrar as expressões emocionais e manter a musculatura ativa e a percepção do movimento8. O biofeedback é uma técnica que utiliza certos equipamentos que revelam ao indivíduo alguns dos seus eventos fisiológicos normais ou anormais, na forma de sinais visuais ou auditivas e, os ensina como manipular esses eventos no intuito de melhorar a resposta de interesse15. Foram excluídos os artigos que relatassem qualquer outro tipo de tratamento como: medicamentoso e ou cirúrgico ou com fisioterapia (eletro-termofototerapia). Os desfechos clínicos considerados foram: simetria da face, sincinesia, rigidez da musculatura, mobilidade labial e os aspectos físicos e sociais dos pacientes com PFPI. Para avaliação desses desfechos foram selecionadas as escalas descritas a seguir: House-Brackmann Scale: classificada como escala universal pela American Academy of Otolaryngology – Head and Neck Surgery Comitê de Desordens do Nervo Facial. Foi proposta e modificada por House e Brackmann16 em 1985. Analisa a simetria, sincinesia, rigidez e mobilidade global da face. É dividida em 6 categorias (normal, disfunção leve, disfunção moderada, disfunção moderadamente grave, disfunção grave e paralisia completa); Linear Measurement Index: escala alternativa a House-Brackmann Scale, desenvolvida por Burres e Fisch17 em 1986. Analisa a simetria e a função global da face, de forma objetiva e quantitativa; Facial Disability Index: desenvolvido por VanSwearingen e Brach18. Trata-se de um questionário com 10 questões que avalia aspectos físicos e sociais dos pacientes (mastigação, deglutição, comunicação, mobilidade labial, alterações emocionais e integração social); Liplenght (LL) e Snout (S) Index19: avalia a mobilidade labial por meio da função da 7 musculatura peri-oral. É medida a distância entre as comissuras labiais em milímetros, em diferentes movimentos labiais e Four Level Scale: escala subjetiva que avalia a sincinesia e a rigidez. É classificada como: 0 = normal, 1= leve, 2 = moderada e 3 = grave. Os artigos incluídos foram avaliados quanto sua qualidade e, para isso, a lista Delphi20 foi utilizada. Esta consiste de nove itens com respostas “sim” e “não”, sendo que a somatória de respostas “sim” é a pontuação final. Os itens são: 1. aleatorização; 2. ocultação da alocação; 3. grupos eram similares; 4. descrição dos critérios de elegibilidade; 5. mascaramento do avaliador; 6. mascaramento do terapeuta; 7. mascaramento do paciente; 8. medidas de tendência central e variabilidade; 9. análise por intenção de tratar. Os dados são apresentados na forma descritiva. As metanálises não foram realizadas, pois os estudos apresentavam características incompatíveis para serem agrupados, como por exemplo: tipo de tratamento (incluindo o tratamento do grupo controle), tempo de duração do estudo e desfechos. 8 V. RESULTADOS Foram encontrados 132 resumos relacionados a PFPI após a utilização da estratégia de busca em cada base de dado que se encontram distribuídos da seguinte forma: Cochrane Library = 33, EMBASE = 37, MEDLINE = 28, LILACS = 24, PEDRO = 02 e DARE = 08. Alguns estudos (n = 25) estavam indexados em duas ou mais bases de dados, ocorrendo a duplicação dos mesmos. Cento e um artigos foram excluídos por não se encaixarem nos critérios de inclusão. Cinco estudos contemplavam os objetivos deste estudo e foram adquiridos e avaliados21-25. Um estudo foi excluído por não ter o desfecho clínico de interesse do estudo25. Nos quatros estudos inclusos, foram totalizados 111 pacientes (53 no grupo de tratamento e 58 no controle). Do total de pacientes estudados, 57 tinham diagnóstico de PFPI ou de Paralisia de Bell. O tempo médio de lesão variou entre 16 e 46 meses. A duração do tratamento variou entre um e 12 meses. Beurskens e Heymans (2003)21 estudaram 50 pacientes (25 no grupo de tratamento – média idade = 43 anos e 25 no grupo controle – média idade = 44 anos), com tempo médio de lesão de 16 meses, durante três meses. Duas perdas foram relatadas. Os desfechos foram: rigidez, mobilidade labial, aspectos físicos e sociais. O grupo de tratamento realizou terapia de mímica facial (exercícios de expressão facial), uma vez por semana, com duração de 45 minutos, totalizando 10 sessões para cada participante. Os exercícios também foram orientados para serem realizados em domicílio. O grupo controle não realizou algum tipo de tratamento. A conclusão dos autores foi que a terapia por mímica facial é uma boa 9 escolha para o tratamento da PFPI nos desfechos redução da rigidez e mobilidade labial. Nakamura et al. (2003)22 testaram a eficácia dos exercícios estimulados pelo biofeedback por espelho, durante 30 minutos diários de atividades (com orientação domiciliar), por 10 meses. Doze pacientes foram alocados para o grupo de tratamento e 15 no grupo controle (sem tratamento). Os exercícios envolviam a manutenção dos olhos abertos simetricamente durante três movimentos específicos da boca. Não houve relatos de perdas. O desfecho foi a mensuração da sincinesia, calculada pela percentagem da assimetria da largura dos olhos abertos, por meio de fotografias. Ao término do estudo, foi concluído que o biofeedback por espelho foi eficaz na prevenção da sincinesia. Segal et al. (1995)23 realizaram o estudo com dois grupos de tratamento compostos por cinco pacientes cada. O tratamento oferecido ao grupo principal era um protocolo de exercícios de “pequenos movimentos”, enquanto exercícios padrões foram estimulados no grupo controle. Os desfechos clínicos foram a mensuração da sincinesia a da simetria facial. Após um mês de tratamento, obtiveram-se resultados similares quanto a simetria e leve redução da sincinesia no grupo de tratamento com os exercícios de “pequenos movimentos”, porém sem diferença estatisticamente significante. O estudo de Ross et al. (1991)24 foi o único que teve três grupos de comparação, embora nesta revisão não será considerado o terceiro grupo (n = 6), pois os pacientes não apresentavam o diagnóstico de PFPI. O grupo principal era composto por 11 pacientes que foram tratados com biofeedback por eletromiografia de superfície e espelho e, o grupo de comparação, por 13 pacientes tratados com exercícios realizados de frente para o espelho. Os 10 pacientes foram tratados durante um ano e não foram relatadas perdas. O desfecho analisado foi a função motora facial (medida linear do movimento facial, movimento voluntário e resposta elétrica). Ambos os grupos melhoram quanto a simetria do movimento voluntário e da medida linear. Todos os estudos incluídos foram submetidos a uma avaliação de qualidade conforme a lista Delphi20. Os estudos foram considerados de qualidade moderada, com pontuação entre quatro e cinco, conforme tabela 1. Nenhum estudo foi excluído por baixa qualidade. Tabela 1. Avaliação da qualidade dos métodos utilizando a lista Delphi. Pontuação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total 21 sim não sim sim não não não sim não 4 22 sim não sim sim sim não não não não 4 sim não sim sim não não não sim não 4 sim não sim sim sim não não sim não 5 Estudo Beurskens 2003 Nakamura 2003 Segal 1995 Ross 1991 23 24 1. aleatório; 2. ocultação da alocação; 3. grupos similares; 4. elegibilidade; 5. mascaramento do avaliador; 6. mascaramento do terapeuta; 7. mascaramento do paciente; 8. medidas de tendência central e variabilidade; 9. análise por intenção de tratar. 11 VI. DISCUSSÃO A relevância desse estudo está associada à falta de um protocolo de tratamento eficaz e efetivo para pacientes com PFPI utilizando a fisioterapia (exercícios e ou eletro-termo-fototerapia). Por esta razão, foi proposta esta revisão sistemática. Há ainda escassez de estudos encontrados nas diversas bases de dados utilizadas, o que reforça a importância deste trabalho. Apenas cinco ensaios clínicos foram encontrados no período de 1958 a 2004. Isto deve ser utilizado como alerta aos profissionais da área da saúde, pois os estudos primários (ECA), que respondem as perguntas de tratamento, ainda estão sendo realizados de maneira discreta e gradativa. Ensaio clínico aleatório (ECA) é um modelo de pesquisa analítica, que tem na sua essência a capacidade de alocar os participantes, aleatoriamente, para receber uma das intervenções propostas pelo estudo. Ainda, é um modelo de pesquisa primário com melhor qualidade para avaliar intervenções em saúde, tanto de tratamento, quanto de prevenção26. Em geral, há um aumento considerável nas publicações de ensaios clínicos aleatórios em fisioterapia, porém não relacionadas a PFPI27. Com a finalidade de propor um método livre de vieses, foi fundada em 1992, a Colaboração Cochrane. As revisões sistemáticas conseguem agrupar e sintetizar as melhores evidências disponíveis na literatura28. Beurskens e Heymans (2003)21 estudaram os exercícios de mímica facial em 50 pacientes aleatorizados igualmente em grupo tratamento e grupo controle. A conclusão foi que esses exercícios têm efeitos positivos sobre os pacientes com PFPI. Foram utilizados vários instrumentos para avaliação de algumas características como: rigidez, mobilidade peri-oral e aspectos físicos e sociais dos 12 pacientes. A análise estatística foi realizada nos seguintes desfechos: Facial Disability Index18, Lip-lenght (LL) e Snout (S) Index19, porém a Escala de HouseBrackmann16, que é indicada como um desfecho clínico importante, foi somente utilizada para incluir e classificar os participantes no estudo, e não para verificar a melhora dos pacientes. Nakamura et al. (2003)22 utilizou um grupo de exercícios e um instrumento não mencionado por nenhum dos outros autores e, por isso, sua comparação com os demais se torna impossível. A inclusão e classificação dos pacientes foram feitas por meio da não resposta muscular a estimulação elétrica e, a Escala House-Brackmann16, nem foi se quer citada pelo autor. A justificativa da melhora do quadro foi baseada no tratamento neuromuscular (mecanismo central) e na plasticidade nervosa (mecanismo periférico). Segal et al. (1995)23 realizaram um ECA que com objetivo de diminuir a sincinesia comparando uma terapia convencional com um protocolo de exercícios de “pequenos movimentos”. O número de participantes em cada grupo era pequeno (n = 5) e, ainda, alguns pacientes tinham apenas cinco meses de lesão o que poderia causar viés devido estarem no período na qual pode ocorrer uma melhora espontânea. Ressalta-se que quase todos pacientes (9/10) tinham o diagnóstico de PFPI. O estudo de Ross et al. (1991)24 foi o único que teve três grupos, porém os participantes do terceiro grupo não apresentavam o diagnóstico de PFPI. Os outros dois grupos utilizavam o biofeedback por espelho associado ou não a eletromiografia de superfície e ambos os grupos melhoraram, mas não obtiveram resultados com significância estatística. Os 31 pacientes tinham diversas causas de Paralisia Facial, somente quatro foram considerados com PFPI. 13 Todos os estudos utilizavam exercícios de mímica facial como base do tratamento, porém cada um teve sua especificidade. Dois21,23 utilizavam exercícios de expressão facial demonstrando sensações como alegria (sorrir), tristeza (choro), canto (assobiar); outro22 já impôs uma forma de movimentar os lábios sem fechar os olhos, e finalmente, o último24 não descreveu o tipo de exercício empregado. A utilização de exercícios de mímica facial associados ou não ao biofeedback por espelho parece ter efeitos benéficos sobre os pacientes com PFPI. Cada autor utilizou um desfecho diferente. Nenhum utilizou a Escala de House-Brackmann16 como desfecho principal e, quando a utilizaram, foi apenas para incluir e classificar os pacientes. Outro desfecho, utilizado por dois autores23, foi a Linear Measurement Index17 similar a House-Brackmann16 segundo 24 citação de Segal et al. (1995)23. A Paralisia Facial pode ser idiopática ou ter outras causas. Dos 111 pacientes inclusos, 57 tinham diagnóstico de Paralisia Facial Periférica Idiopática (PFPI), o restante pertenciam aos outros tipos de Paralisia Facial causados por neuromas acústicos (n = 27), Herpes Zoster (n = 24), traumas (n = 3), neuromas das meninges (n = 2), doença de Lyme (n = 1), trombo em artéria jugular (n= 1), neuromas faciais (n = 1), trauma (n = 1) e um caso não foi especificado. Quanto à avaliação de qualidade dos estudos, estes foram considerados moderados, com pontuação menor ou igual a cinco (máximo de nove pontos)20. Um dos motivos para isto é a não descrição da ocultação da alocação (descrição da alocação dos participantes por meio de envelopes selados e opacos, após a geração dos números) e a não descrição da análise dos dados por intenção de tratar (análise em todos os pacientes aleatorizados, levando em consideração, 14 inclusive, as perdas). Outro motivo é a impossibilidade do mascaramento (terapeuta e paciente) quando o exercício é praticado. Ainda vale ressaltar a publicação do Consort-Statement29 em 2001 (grupo de pesquisadores e editores de revistas especializadas que estipularam normas para realização e publicações dos ECA). Dois estudos incluídos foram escritos antes dessas normalizações. VII. IMPLICAÇÕES PARA PRÁTICA CLÍNICA A pergunta deste estudo ainda permanece em aberto, pois não foram detectadas nos estudos incluídos nesta revisão as diminuições para grau II ou inferior na Escala House-Brackmann16 e na Four Level Scale que envolvem a diminuição da sincinesia e rigidez além da melhora da simetria e da mobilidade global da face. Do ponto de vista prático, deve-se levar em consideração: a praticidade da utilização do espelho (baixo custo e fácil acesso) diferentemente dos aparelhos de eletro-estimulação ou de biofeedback por eletromiografia de superfície, a orientação domiciliar, o conhecimento do paciente na realização dos exercícios de mímica facial o que facilita em sua execução, o conhecimento do terapeuta em diferenciar os diversos graus de ambas escalas e a experiência ou não do terapeuta com os exercícios de expressão facial. As melhoras observadas nos desfechos clínicos podem ser temporárias. 15 VIII. IMPLICAÇÕES PARA PESQUISAS Uma das principais implicações resultantes desta revisão sistemática é a necessidade de novas pesquisas para investigar os efeitos dos exercícios de expressão facial associados ao biofeedback por espelho nos pacientes com PFPI. Esses exercícios poderiam prevenir ou reduzir a sincinesia, melhorar a funcionalidade orofacial, e, ainda, evitar o isolamento social. Para tanto, sugere-se a condução de um ensaio clínico aleatório segundo as orientações do ConsortStatement29. Esse estudo deve ter respostas livres de vieses e contribuir para a tomada de decisão clínica em pacientes com PFPI. Segue a proposta desse novo estudo. O objetivo seria comparar os efeitos dos exercícios de expressão facial associado ao biofeedback por espelho com grupo controle. O processo aleatório será realizado com a geração dos números e de suas seqüências mediante uma tabela aleatória padronizada e a ocultação da alocação, com o uso de envelopes selados, opacos, sorteados e numerados em série. Cada envelope terá um cartão com seu respectivo tratamento. Farão parte da pesquisa pessoas com diagnóstico de PFPI ou Paralisia de Bell classificados pela Escala de House-Brackmann16 com grau III ou superior e pela Four Level Scale com grau II ou superior. Os pacientes teriam que estar entre o 1º. e o 15º. dia paralisia. Os participantes serão aleatorizados para um dos dois grupos. O grupo um realizaria os exercícios que envolveriam a mímica facial demonstrando a expressão facial (sorrir, assobiar, tristeza) associados ao biofeedback por espelho. Já o grupo dois seria o grupo controle, sem tratamento. Os desfechos clínicos sugeridos são a Escala de HouseBrackmann16 e a Four Level Scale. Será considerado que houve melhora do caso 16 quando o grau da classificação de House-Brackmann16 e da Four Level Scale for igual ou menor que II. Foi definida uma amostra total de 160 pacientes, ou seja, 80 em cada grupo. Levou-se em consideração o poder estatístico de 80% e o erro alfa de 5% para se detectar uma diferença de 20% na melhora da sincinesia e mobilidade global da face30. 17 IX. CONCLUSÕES Não foi possível determinar se os exercícios associados ou não ao biofeedback por espelho são eficazes devido a falta de ECA. As evidências encontradas são insuficientes para demonstrar diferenças clinicas e estatísticas significantes entre os grupos. Os desfechos clínicos utilizados deveriam ser padronizados. São necessários mais ensaios clínicos aleatórios de boa qualidade sobre o assunto. 18 X. REFERÊNCIAS 1. Peitersen E. The natural history of Bell's palsy. Am J Otol 1982;4:107-11. 2. Martinez C, Benjamim A, Aillach E, Aliste V, Alvorado C, Carrasco X, et al. 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Six databases (COCHRANE LIBRARY, EMBASE, MEDLINE, PEDRO, DARE e LILACS) were used to identify all articles with their respective search strategy, without language or date publication restriction. Patients with IPFP were included. The outcome measures used were face symmetry, synkinesis, lip mobility and physical and social aspects. For these, were used the following scales: House-Brackmann Scale, Linear Measurement Index, Facial Disability Index (FDI), Lip-lenght (LL) and Snout (S) Indices, and Four level scale. The methodological quality was assessed through Delphi list. RESULTS: Four RCT met the eligibility criteria. A hundred-eleven patients were studied (53 in the treatment group and 58 in the control one). From the total patients studied, 57 got a Bell’s Palsy diagnostic. The mean time of lesion varied form 16 to 46 months. The treatment length varied from one to 12 months. The articles received between four and five points at the quality assessment. CONCLUSION: It was not find sufficient evidences to conclude about the facial expression exercises effects associated or not with mirror biofeedback on IPFP. Keywords: Idiopathic facial palsy/rehabilitation. Physiotherapy techines. Exercises. Randomized clinical trial. Systematic review. 22 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. Rother ET, Braga MER. Como elaborar sua tese: estrutura e referências. São Paulo,2001.