Piega Twen
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Piega Twen
TESTE Nuno Poço de Melo Piega Twen Por tradição cultural é comum dizerse que os povos do Sul da Europa são afáveis, impetuosos e calorosos, em claro contraste com os povos do Norte que, por via do clima, são tidos como rígidos, frios e distantes. Ora esta maneira de ser e de estar é em 24 AUDIO&CINEMA EM CASA parte verdade e aplica-se muitas vezes aos modos de funcionamento das sociedades, ao modo de pensar e a um modo de estar característico. Essas mesmas filosofias são aplicadas e muitas vezes identificadas no mundo do áudio como características sónicas que são típicas de cada marca (que assentam em filosofias de construção próprias) mas também de cada país. Ninguém no mundo do áudio diria que umas colunas melódicas e «quentes» como são na generalidade as Sonus Faber, poderiam ter origem Fevereiro 2007 n.° 197 num fabricante norueguês, só para dar um exemplo. Mas lá voltaremos ao porquê desta introdução. Faço agora as apresentações à marca suíça Piega, que é uma empresa de alta-fidelidade que iniciou a sua actividade há vinte anos, tendo sido pioneira no desenvolvimento de tweeters de fita. Este tipo de tweeter tem provado por diversas vezes ser uma solução vantajosa em termos técnicos, mas mais importante em termos qualitativos. Desde os primeiros modelos de coluna produzidos por esta marca que esta tecnologia tem estado presente e com bastante sucesso. Este tipo de dispositivo apresenta inúmeras vantagens técnicas. O princípio de funcionamento é muito simples, pois trata-se apenas de colocar uma fita de um material condutivo imersa num potente campo magnético. O resultado da resposta da fita às variações de intensidade no campo magnético é a excitação do ar, agindo como um diafragma e como uma bobine móvel, gerando assim sons de frequências agudas. Como a fita tem pouca massa e, consequentemente, baixa inércia, permite que se desloque no ar a uma velocidade muito alta, tendo como resultado prático uma excelente resposta aos transientes. Como evolução desta tecnologia a Piega equipou o seu modelo topo-degama, as C40, com um único altifalante de fita para reprodução das frequências médias/altas e cinco woofers para reprodução das baixas frequências. E para celebrar os vinte anos de actividade nada melhor do que fazer aquilo que se sabe fazer melhor, colunas. Neste caso as Twen, um modelo que tem no seu desenvolvimento todo o know-how da marca suíça. As Twen são umas colunas de duas vias e meia, e utilizam o famoso tweeter de fita com tecnologia LDR (Linear Drive Ribbon), que permite obter uma frequência de resposta de 50 kHz. Como se poderá perceber na construção deste modelo nada foi deixado ao acaso, passando também pelo design. Para conceber este produto foi contratado o designer suíço Hannes Wettstein, que desenhou uma caixa esguia de linhas modernas e com um acabamento em titânio, isto sem que exista uma preponderância da forma sobre a função, antes pelo contrário. Ao ter desenhado uma caixa triangular e assimétrica, conseguiu que a forma contribuísse para a função, pois o facto de ser assim desenhada ajuda fortemente a minimizar a existência de ondas estacionárias e a impedir ressonâncias internas. Mas para além da forma também os materiais contribuem em muito para a qualidade final de uma coluna, e neste caso o alumínio em conjunção com o acabamento em titânio contribuíram para elevar a rigidez estrutural do conjunto. De referir também que o uso da tecnologia MDS (Maximum Displacement Suspension), propriedade da marca, no chassis que sustenta a coluna de graves, permite que estes altifalantes tenham um comportamento linear, independentemente das exigências musicais. A instalação destas colunas decorreu sem problemas, sendo fácil chegar a uma conclusão sobre o seu posicionamento na sala de audição. Não por nenhuma especificidade do modelo, mas porque é bastante simples (isto no contexto da minha sala) colocar colunas que não possuam um pórtico posterior de bass-reflex. Assim, ficaAUDIO&CINEMA EM CASA 25 TESTE Piega Twen tornam-se de facto mais cristalinos e límpidos sem que isso se reflicta em sons mais agressivos ou aumente o cansaço auditivo. A reprodução das vozes dos sopranos torna-se mais natural, sendo a resposta aos transientes de facto melhor do que num tweeter convencional. No global o som é quente, o que me leva à introdução do artigo para dizer que, ao contrário do que seria expectável dada a origem do fabricante e aparência metálica e fria das colunas, o som não o é. Aliás, a conjugação conseguida com os restantes elementos do sistema foi muito boa, parecendome que se tivesse tido oportunidade de alterar a cablagem usada entre o amplificador e as colunas, a noção de palco poderia aumentar e o som tornar-se-ia um pouco mais aberto. De todos os modos e qualquer que fosse o género de música o resultado foi sempre bom, pois as colunas foram capazes de responder a todas as exigências impostas, com um excelente controlo dos graves, o que se traduz numa reprodução natural mas ao mesmo tempo intensa desta gama de frequências. Conclusão ram com uma distância aproximada de dois metros entre elas, com uma ligeira inclinação para o local de audição e a cerca de quarenta centímetros da parede posterior. Apenas faltava ligar o amplificador, neste caso o habitual Musical Fidelity A3.2, e o leitor de CD’s Talk Electronics Thunder One. A cablagem é composta pelo interconect DPA Black Slink e como cabo de coluna o Kimber 4TC. Para além do sistema ser o de sempre, também o primeiro CD a ser ouvido é o já clássico disco de testes da Chesky Records. A primeira faixa, Spanish Harlem, interpretada por Rebeca Pidgeon, transporta-me sempre para um ambiente intimista em que os intérpretes explanam as suas emoções de um modo sedutor, sendo que a voz da intérprete nos embala numa doce melodia. Desta vez senti o deslumbramento de ouvir tudo mais niti26 AUDIO&CINEMA EM CASA damente, quem sabe efeitos magnéticos de uma fita, mas ao mesmo tempo continuando num ambiente mais intimista do que o habitual. Significa isto que se conjugaram dois factores aparentemente inconciliáveis: uma maior transparência e nitidez, comparativamente com o som produzido pelas B&W Nautilus 805, mas um palco de menores dimensões, levando a um ambiente mais intimista. Prolongando as sessões pude verificar as virtudes práticas que um tweeter de fita tem. Os agudos A Piega está duplamente de parabéns, primeiro pelo seu vigésimo aniversário, depois pelo excelente produto que nos ofereceu como marco da data festiva. Com um design bem conseguido e moderno, características técnicas de excepção e, finalmente, com uma sonoridade completa, quente, envolvente, mas ao mesmo tempo transparente e definida, estas colunas são sem dúvida um produto vencedor. Recomendadas sem hesitações. Preço: 2.559,15 e Representante: Luz & Som Tel.: 22 938 55 60 Especificações Potência admitida 20 – 150 Watt Sensibilidade 90 db/W/m Impedância 4 Ohm Resposta em frequência 45 Hz – 50 kHz Altifalantes 2 x10 cm MDS® Bass 1 LDR Ribbon Dimensões 101 x 25 x 12 cm Peso 18 kg