Jornal Sindhosp - Edição Junho 2012 Edição na Íntegra 06/06/2012

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Jornal Sindhosp - Edição Junho 2012 Edição na Íntegra 06/06/2012
Ano XXIX • nº 327 • Junho / 2012
ClasSaúde reúne
1.200 congressistas
Os seis congressos de gestão em saúde denominados ClasSaúde reuniram 1.200
congressistas e 150 palestrantes entre os dias 23 e 25 de maio, no Centro de Convenções
do Expo Center Norte, na Capital paulista. O SINDHOSP é um dos promotores do evento,
ao lado da CNS, Fenaess e Hospitalar Feira+Fórum.
Edi t ori a l
IN 49 trata de reajuste e periodicidade
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
publicou no Diário Oficial da União (DOU), no final do
mês de maio, a Instrução Normativa n° 49, que regulamenta os critérios para reajustes dos valores praticados
entre operadoras e prestadores de serviços em saúde.
A nova instrução impõe com maior clareza as formas
de reajustes que deverão ser adotadas, além de prazo
para adequação dos instrumentos jurídicos firmados
entre as partes.
Apesar de não se tratar de Resolução, mas de Instrução, a iniciativa da ANS precisa ser reconhecida. Afinal,
há anos que entidades representativas dos prestadores
de serviços de saúde denunciam a falta de reajuste,
a ausência de contratos, quando esses instrumentos
existem não têm índices nem periodicidade, entre
outros abusos praticados pelas operadoras.
Segundo a Instrução, a forma e a periodicidade do
reajuste devem ser expressas no instrumento jurídico
de modo claro, objetivo e de fácil compreensão. Quatro
formas de reajuste são propostas: índice vigente e de
conhecimento público; percentual prefixado; variação
pecuniária positiva; ou fórmula de cálculo do reajuste. A livre negociação continua sendo permitida nos
contratos “desde que fique estabelecido que em não
havendo acordo até o termo final para a efetivação do
reajuste, aplicar-se-á automaticamente uma das formas
listadas, que deverá ser expressamente estabelecida
no mesmo instrumento”. Estão também vedadas cláusulas baseadas em formas de reajuste condicionadas
à sinistralidade da operadora e fórmula de cálculo
do reajuste ou percentual prefixado em que o valor
do serviço contratado seja mantido ou reduzido. As
operadoras têm 180 dias para se adequarem às regras
estabelecidas na IN 49.
Para os prestadores essa iniciativa da ANS é como
uma luz no fim do túnel. Após anos de reivindicação e
de problemas no relacionamento com as operadoras
(que ainda persistem, é bom frisar), essa IN tem um
significado que extrapola o
seu conteúdo: mostra que
a Agência enfim compreendeu nossas dificuldades e começa a se
preocupar e olhar com
mais atenção a esse segmento tão importante para
a assistência ao usuário.
Dante Montagnana
presidente
E xp ed iente
DELEGADOS REPRESENTANTES
Efetivos: Dante Ancona Montagnana e Yussif Ali Mere Júnior - Suplentes: José Carlos Barbério e Luiz Fernando Ferrari Neto
REGIONAIS
SINDICATO DOS HOSPITAIS, CLÍNICAS, CASAS DE SAÚDE,
LABORATÓRIOS DE PESQUISAS E ANÁLISES CLÍNICAS E
DEMAIS ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
DO ESTADO DE SÃO PAULO
DIRETORIA
EFETIVOS
Dante Ancona Montagnana – Presidente, Yussif Ali Mere Júnior – 1º
Vice-presidente, George Schahin – 2º Vice-presidente, José Carlos
Barbério – 1º Tesoureiro, Luiz Fernando Ferrari Neto – 2º Tesoureiro,
Luiza Watanabe Dal Ben – 1ª Secretária e Antonio Carlos de Carvalho
– 2º Secretário
SUPLENTES
Sérgio Paes de Melo, Carlos Henrique Assef, Danilo Ther Vieira das
Neves, Simão Raskin, Ricardo Nascimento Teixeira Mendes, Marcelo
Luis Gratão e Irineu Francisco Debastiani
CONSELHO FISCAL
Efetivos: Roberto Nascimento Teixeira Mendes, Gilberto Ulson Pizarro
e Marina do Nascimento Teixeira Mendes - Suplentes: Maria Jandira
Loconte Ferrari, Paulo Roberto Rogich e Lucinda do Rosário Trigo
2
ABC
Rua Porto Alegre, 257 - Vila Assunção
CEP: 09030-610 - Santo André - SP
Tel/Fax: (11) 4427-7047
e-mail: [email protected]
BAURU
Rua Bandeirantes, 7-20 - Centro - 17015-011 - Bauru - SP
Tel: (14) 3223-4747 - Fax: (14) 3223-4718
e-mail: [email protected]
CAMPINAS
Rua Conceição, 233 - 15º andar - Sala 1510 - Centro
CEP: 13010-050 - Campinas - SP
Tel: (19) 3233-2655 - Fax: (19) 3233-2676
e-mail: [email protected]
PRESIDENTE PRUDENTE
Rua Joaquim Nabuco, 150 - Centro
Presidente Prudente - SP - CEP: 19010-070 - Tel: (18) 3916-2435
e-mail: [email protected]
RIBEIRÃO PRETO
Rua Álvares Cabral, 576 - 5º andar - Edifício Mercúrio
CEP: 14010-080 - Ribeirão Preto - SP
Tel/Fax: (16) 3610-6529 - e-mail: [email protected]
SANTOS
Rua Dr. Carvalho de Mendonça, 238 - Cj. 44 - Centro
CEP: 11070-000 - Santos - SP - Tel/Fax: (13) 3233-3218
e-mail: [email protected]
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Av. Dr. João Guilhermino, 251 - 12º andar - sala 122
CEP: 12210-131 - São José dos Campos - SP
Tel: (12) 3922-5777 / 3922-5023 - Fax (12) 3946-2638
e-mail: [email protected]
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Rua Tiradentes, 2449 - Boa Vista
CEP: 15025-050 - São José do Rio Preto - SP
Tel: (17) 3232-3030
e-mail: [email protected]
SOROCABA
Rua Cônego Januário Barbosa, 145 - Vergueiro
CEP: 18030-200 - Sorocaba - SP
Tel: (15) 3211-6660 - Fax: (15) 3233-0822
e-mail: [email protected]
JORNAL DO SINDHOSP
EDITORA: Ana Paula Barbulho (Mtb 22.170)
REPORTAGENS: Ana Paula Barbulho, Aline Moura e Fabiane de Sá
PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO GRÁFICA:
Ergon Art - (11) 2676-3211
PERIODICIDADE: Mensal
TIRAGEM: 15.000 exemplares
CIRCULAÇÃO: entre diretores e administradores hospitalares, estabelecimentos de saúde, órgãos de imprensa e autoridades.
Os artigos assinados não refletem
necessariamente a opinião do jornal.
Correspondência para Assessoria de Imprensa SINDHOSP
R. 24 de Maio, 208, 9º andar, São Paulo, Capital,
CEP 01041-000
Fone (11) 3331-1555, ramais 245 e 255
www.sindhosp.com.br
e-mail: [email protected]
N otícias
A nova diretoria do SINDHOSP, para o quinquênio 2012-2017,
tomou posse na manhã de 1º de junho, em cerimônia particular
ocorrida no auditório da entidade, na Capital paulista. A chapa única foi eleita em abril passado com mais de 60% dos votos válidos.
Todos os associados da entidade que estavam aptos a votar receberam comunicados antes das eleições. “Não houve outra chapa
inscrita. Isso nos leva a acreditar que estamos desenvolvendo um
trabalho que vai ao encontro dos anseios da categoria”, afirma o
presidente recém-eleito, Dante Montagnana.
Acompanhe, abaixo, a composição da nova diretoria do
SINDHOSP:
Foto: Divulgação
Nova diretoria do SINDHOSP toma posse
Os integrantes da nova diretoria
DIRETORIA SINDHOSP 2012/2017
DIRETORIA
Dante Ancona Montagnana – presidente
Yussif Ali Mere Júnior – 1º vice-presidente
George Schahin – 2º vice-presidente
José Carlos Barbério – 1º tesoureiro
Luiz Fernando Ferrari Neto – 2º tesoureiro
Luiza Watanabe Dal Ben – 1ª secretária
Antonio Carlos de Carvalho – 2º secretário
Suplentes
Sérgio Paes de Melo
Carlos Henrique Assef
Danilo Ther Vieira das Neves
Simão Raskin
Ricardo Nascimento Teixeira Mendes
Marcelo Luis Gratão
Irineu Francisco Debastiani
CONSELHO FISCAL
Efetivos
Roberto Nascimento Teixeira Mendes
Gilberto Ulson Pizarro
Marina do Nascimento Teixeira Mendes
Suplentes
Maria Jandira Loconte Ferrari
Paulo Roberto Rogich
Lucinda do Rosário Trigo
DELEGADOS REPRESENTANTES
Efetivos
Dante Ancona Montagnana
Yussif Ali Mere Júnior
Suplentes
José Carlos Barbério
Luiz Fernando Ferrari Neto
Dal Ben Home Care recebe certificação da JCI
conquista. “Motivo de
cesso de acreditação
satisfação para todo o
está na melhoria da
setor e, mais especialsegurança do cuidado
mente, para os colaao paciente, impleboradores da Dal Ben,
mentando soluções
que foram decisivos”,
práticas e sustentáveis.
informou. A Dal Ben
A organização atua
Home Care é o segunem mais de 80 países
do estabelecimento
desde 1994, concebrasileiro especializadendo certificações e
do em atendimento
promovendo serviços
Luiza Dal Ben, diretora presidente
domiciliar a receber a
de consultoria e eduda Dal Ben Home Care
acreditação da JCI.
cacionais a estabeleciO foco dos auditores e do trabalho mentos de saúde, ministérios da saúde
desenvolvido pela JCI ao longo do pro- e organizações globais.
Foto: Arquivo SINDHOSP
A Joint Comission International
(JCI), maior órgão para concessão de
certificações de saúde do mundo, acaba
de conceder a acreditação à Dal Ben
Home Care, empresa de atendimento
domiciliar dirigida por Luiza Watanabe
Dal Ben, diretora do SINDHOSP.
A certificação alça o estabelecimento a padrões mundiais de qualidade,
levando em conta todos os processos
envolvidos nas áreas assistencial, de
segurança do paciente, de formação de
pessoas, entre outras. Em comunicado
oficial, a empresa reafirma o envolvimento dos colaboradores para mais esta
edição 327
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N ot íc i a s
Incentivos ao setor marcam Hospitalar 2012
Fotos: Leandro Godoi
Gerador de empregos e em crescimento
acima da média. Este é o setor de saúde brasileiro, cuja indústria encontra-se em franca
expansão. As engrenagens da saúde movimentam, a cada ano, cerca de R$ 340 bilhões,
o equivalente a 9% do PIB brasileiro. Apesar
disso, o governo precisa se debruçar mais
sobre as políticas de incentivo à produção
nacional, além é claro de prever mais recursos para o sistema público. Este foi o tom dos
discursos, debates, conversas e rodadas de
negócios travadas durante a Hospitalar 2012.
Prova da capacidade do setor em gerar
cifras foi o resultado desta 19ª edição da
Hospitalar, que vendeu direta e indiretamente R$ 6,4 bilhões - 6% mais que em 2011. A
maior feira e fórum de saúde do Brasil e das
Américas reuniu, no Expo Center Norte, em
São Paulo, 1.250 expositores nacionais e
internacionais, e recebeu 92 mil visitas profissionais, cerca de 3% acima do ano anterior,
durante os quatro dias de evento.
As reivindicações por mais incentivo
à indústria reverberaram na abertura da
Hospitalar, que contou com a presença da
anfitriã, Waleska Santos, de políticos, empresários e representantes de associações
do setor, como o presidente do SINDHOSP,
Dante Montagnana, da Federação Nacional
dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde
(Fenaess), Humberto Gomes de Melo, e da
Confederação Nacional da Saúde (CNS), José
Carlos Abrahão. Franco Pallamolla, presidente da Associação Brasileira da Indústria de
Artigos e Equipamentos Médicos e Similares
(Abimo), foi um dos que se destacou nas
críticas e reivindicações. “Exportamos R$ 700
milhões em 2011, crescemos acima de outros
setores, mas lutamos de forma solitária pela
inovação e pelo crescimento”, afirmou, em
O stand do SINDHOSP na Hospitalar 2012
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discurso. Pallamolla pediu medidas de proteção e incentivo, como a inclusão da indústria
da saúde no Plano Brasil Maior, anunciado
recentemente pelo governo federal e que
contempla uma série de medidas de fomento.
No nível estadual, o governador Geraldo
Alckmin reconheceu a saúde como setor que
mais cresce em todo o mundo. “É um setor
social e economicamente cada vez mais
importante, e representará o maior PIB do
mundo. Mas a população vive num mar de
sofrimento e isso vai piorar, se não tiver mais
orçamento, se não corrigir a tabela SUS”, criticou. Os secretários da pasta em São Paulo,
Januário Montone (na esfera municipal) e
Giovanni Guido Cerri (estadual) também
estiveram na cerimônia de abertura.
Em visita à exposição no dia do encerramento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
anunciou que novos investimentos estão em
aprovação para o segundo semestre deste ano
para compra de equipamentos de diagnóstico,
por parte do governo. Isso significa que a indústria brasileira terá prioridade nas compras
que o governo federal fizer para o SUS.
O SINDHOSP na feira
O tema central desta edição é “Inovação –
Ideias, Tendências e Ações que Transformam o
Mercado de Saúde”. A publicação, considerada uma referência no setor de saúde, foi eleita
ano passado como uma das cinco melhores
do país, na categoria jornalismo corporativo.
O Anuário SINDHOSP possui 300 páginas, é
impresso em quatro cores, 15 mil exemplares,
e seu lançamento é esperado para setembro.
A versão digital, para Ipad, tablets e smartphones, será anunciada na sequência.
Personalidade do Ano
Tradicionalmente anunciado durante
o jantar de confraternização da Hospitalar,
o Prêmio Personalidade do Ano na Área da
Saúde de 2012 foi entregue à Silvia Brandalise, presidente do Centro Infantil Boldrini, em
23 de maio, no espaço Leopolldo, na capital
paulista, com a presença de 400 convidados.
Na ocasião, o vice-presidente do SINDHOSP,
Yussif Ali Mere Júnior, representou Dante
Montagnana, presidente do Sindicato.
Silvia Brandalise é pediatra onco-hematologista e fundou o Centro Infantil Boldrini,
que cuida de crianças e adolescentes com
câncer e doenças hematológicas. Instalado
em Campinas, o Centro começou a ser construído em 1978, com auxílio de doações. Foi
Silvia quem implantou o primeiro protocolo
brasileiro de tratamento da Leucemia Linfoide Aguda (LLA), modificando os rumos da
doença no Brasil. Em 1978, o índice de cura
era de menos de 5%, hoje está em 80%. Na
hematologia pediátrica, ela foi responsável
pela implantação do primeiro programa de
Triagem Neonatal para a Doença Falciforme
no Brasil, na Unicamp. A experiência foi
decisiva para o direcionamento de políticas
públicas na área.
O SINDHOSP esteve presente na Hospitalar 2012 com seu stand. O espaço
funcionou como ponto de encontro para
associados e contribuintes que visitaram a
feira, e contou com a presença das equipes
de Marketing, Comunicação, Saúde Suplementar, SUS, Interior e demais colaboradores
do Sindicato, que prestaram informação,
produziram boletins exclusivos sobre os
principais acontecimentos da feira e do ClasSaúde, e atualizaram o site e as redes sociais
diariamente, o que permitiu aos internautas
acompanhar o que se passou nos eventos.
A novidade deste ano no stand
foi a colocação de um totem para a
votação pela melhor capa da próxima edição do Anuário SINDHOSP
2012, a quarta produzida pela entidade em parceria com a Public. Foram três as versões de capa expostas ao público durante os quatro
dias de feira. No site do SINDHOSP,
e na fan page do Sindicado no
Facebook, os internautas também
votaram. A mais popular será eleita
Representantes do setor na homenagem a Silvia Brandalise
a capa oficial do Anuário 2012.
7º Congresso Brasileiro de Gestão em Clínicas de Serviços de Saúde
ClasSaúde
O mapa de sobrevivência das clínicas
O debate sobre ameaças e oportunidades
capacidade de aglutinar ações de prevenção e promoção de saúde. “Vejo para este
mercado um futuro brilhante, o que faz com
que investidores olhem com lupa para este
setor”, afirmou. Na concepção de Staffa, a
concentração de mercado começa a chegar
às clínicas. “Principalmente nos serviços de
home care, nas clínicas de imagem e de tratamentos complementares em cidades de
médio e grande portes”, explicou.
As parcerias entre os setores público e
privado sempre existiram e na saúde modelos diversos estão em prática. No âmbito
das clinicas, as parcerias já podem ser vistas
em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro,
com as UPAs (no Rio) e as AMAs e AMEs (em
SP). Flávia Maria Porto Terzian, superintendente da Autarquia Hospitalar Municipal
de São Paulo, destacou que todo o serviço
de radiologia da cidade já é realizado por
e coach. “Em 100% das empresas, a comunimeio de parceria com o setor privado. “Isso
cação é um problema. Detectamos ausência
é uma maneira de reduzir os custos sem
de feedback, de critérios claros de seleção e
reduzir qualidade. Até 2013, fecharemos
promoção, falta de investimento no desennovas parcerias nas áreas de fisioterapia e
volvimento dos profissionais, de metas claras
de atendimento domiciliar”, revelou.
e de foco na gestão de pessoas”, identificou.
Para as clinicas, no entanto, é preciso
pensar em modelos de parceria que
ofereçam garantias de pagamento e
que incluam, em especial, a prestação
de serviços ou a gestão dos mesmos.
O modelo tradicional da PPP, no qual
o Estado está em busca de capital, não
vale para os estabelecimentos menores.
Quem fez o alerta foi Alberto Hideki Kanamura, diretor do Instituto Israelita de
Responsabilidade Social Albert Einstein.
Antes de dar um novo passo rumo
às parcerias com o governo, muitos
estabelecimentos têm de enfrentar
ainda um problema recorrente, que
A regulamentação da Anvisa foi um dos temas do evento
são os registros, as exigências e, por
Outra poderosa ferramenta, que pode
vezes, o excesso de burocracia das vigilândestruir a reputação institucional de um
cias sanitárias locais, e da própria Anvisa.
serviço, está nas redes sociais. A nova onda,
Os gestores e proprietários de clínicas,
se bem administrada, pode trazer enormes
segundo Luiz Roberto da Silva Abraão,
benefícios para as clínicas. Ao mesmo temque atua como gestor, têm muitas dúpo, expõe como nunca as pessoas, os fatos
vidas quanto às exigências feitas pelos
e as organizações. O jornalista Luiz Algarra,
fiscais. “Seguimos ora o que preconizam
designer de fluxo e conversação, afirmou
aos hospitais, ora aos consultórios. As
que uma rede de conversas entre os panormas são confusas e regionalizadas, e
cientes está acontecendo. “A reputação dos
ainda variam conforme a interpretação
serviços médicos nunca esteve tão exposta
de cada agente”, afirmou Abraão.
como agora e nós não temos mais como
A gerente geral de Tecnologias e Serdesqualificar ou bloquear esta fala”, afirmou.
viços de Saúde da Anvisa, Diana Oliveira,
Ao mesmo tempo, o poder das redes
reconheceu o problema e afirmou que o
pode mobilizar pessoas para o bem. “Para
órgão tem buscado harmonizar o entencomeçar, é preciso identificar dentro da
dimento de alvará sanitário. Apresentou
própria empresa aquele funcionário que
a RDC 63, publicada no final de 2011, que
normatiza o funcionamento dos serviços
de saúde. Diana ainda reconheceu que a
inspeção dos agentes locais é carregada
de subjetividade, mas afirmou que não é
possível criar uma regulamentação única, que regule o país inteiro, uma vez que
é formado por regiões muito diversas.
No âmbito jurídico, ainda velhos
dilemas assombram os gestores. A boa
notícia tem sido o aumento do número
de ações favoráveis às empresas em
ações trabalhistas, segundo a advogada
Vanessa Cardone, sócia do escritório BeAs clínicas são “a bola da vez”, segundo André Staffa,
nício Advogados. Ela mostrou jurispruque falou sobre concentração de mercado
dências recentes que confirmam maior
já é líder, que atua como um formador de
flexibilização da Justiça do Trabalho, contendo
opinião e multiplicador dentro do Twitter, do
ações anulatórias em autos de infração.
Facebook. Ele pode ser o início da construção
Manter um relacionamento duradouro
de uma rede de relacionamento positiva”, encom a equipe é, na verdade, outro grande desinou Marcelo Sampaio, do Revoluv Group.
safio, segundo Márcia Fonseca Vieira, psicóloga
Fotos: Leandro Godoi
Uma avalanche de informações, regras,
normas e tendências têm assombrado a vida
dos gestores de clínicas. De menor porte, esses estabelecimentos enfrentam, por vezes,
o mesmo furor regulatório imposto aos hospitais e centros de diagnóstico. Deparam-se
com tendências do mercado, como parcerias
público-privadas e fusões e aquisições, sem
saber direito de que forma encará-las. Ainda
assim, devem manter a qualidade de seus
serviços, pensar em certificação e fidelização
de clientes, além de contar com equipes
profissionais treinadas. Esta profusão de
temas foi abordada durante o 7º Congresso
Brasileiro de Gestão em Clínicas de Serviços
de Saúde, realizado em 23 de maio, dentro
da programação do ClasSaúde.
A boa notícia, apresentada pelo consultor em saúde, André Staffa, é que as clínicas
são a bola da vez, “o futuro da saúde”, porque
ganharam mercado com a tendência da
desospitalização, por prestarem serviços
especializados e porque possuem maior
edição 327
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ClasSaúde
17º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde – Público-Privado
Os dilemas da saúde hoje e amanhã
O talk show sobre gestão e assistência
que mais investe em saúde, em porcentagem do PIB. Na América Latina é o quarto
país em investimento do PIB, mas quando
comparado apenas o investimento público
per capita, nosso país figura entre os últimos da lista.
André Medici defende o estabelecimento de prioridades antes de se destinar mais
recursos à saúde. Também lembra que a carga tributária brasileira é uma das mais altas
do mundo, comparada à da Suécia, e que
não há espaço para a criação de um novo
imposto ou tributo que subsidie o setor. “A
pergunta que toda a sociedade deve fazer
é aonde reduzir gastos desnecessários em
outros setores?”, questionou. Reconsiderar
o conceito da universalidade e aumentar a
complementariedade entre o público e o
privado são soluções que podem auxiliar,
na opinião do economista.
O talk show que debateu o assunto
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do mundo. Com R$ 7
foi moderado pelo dibilhões de orçamento
retor do Centro Paulista
anual, a Secretaria Muem Economia da Saúnicipal de Saúde recebe
de (CPES), Marcos Bosi
aproximadamente 20%
Ferraz. Maureen Lewis,
do total de recursos da
assessora econômica do
Prefeitura. Mesmo asBanco Mundial, lembrou
sim, recente pesquisa de
que não há no mundo
opinião pública apontou
um sistema de saúde
que a saúde é a maior
“ideal”. Para ela, o mopreocupação do paulisdelo das organizações
tano. “O cidadão deveria
sociais, implantado pelo
ser atendido por um
Governo do Estado de
O presidente da CNS fala sobre a
ou outro sistema e não
São Paulo, é interessante
saúde no Brasil em 15 anos
por ambos, como ocorre
e exemplo para outros
hoje. A renúncia fiscal é
países. “A China não tem
outro fator que precisa ser revisto”, defenum sistema de saúde estabelecido, mas
deu. Para o diretor de Normas e Habilitação
investe tanto em educação que alguns
da Agência Nacional de Saúde Suplementar
indicadores, como a taxa de mortalidade
(ANS), Leandro Reis Tavares, essa discussão
infantil, são até melhores do que os brasiconceitual esbarra em amarras legais.
leiros”, sentenciou.
Transição demográfica e modelo de
José Cechin, diretor executivo da Featenção foi o tema que abriu os debates
naSaúde, lembrou que a realocação
do período da tarde do módulo. A palestra
de recursos no orçamento da União
que provocou o debate foi proferida pelo
terá que ser feita em paralelo a deprofessor titular do Centro de Estudos do
bates importantes, já que dois terços
Envelhecimento do Departamento de Medos gastos federais são destinados
dicina Preventiva da Universidade Federal
ao pagamento de servidores e INSS.
de São Paulo, Luiz Roberto Ramos. Em sua
“Hoje, 15% da população brasileira
opinião, é preciso quebrar paradigmas,
têm algum tipo de benefício previcomo mudança de comportamentos, estilo
denciário. Precisamos mexer nisso se
de vida, inclusão social e, principalmente,
quisermos investir mais em saúde e
a aderência aos tratamentos. A Unimed de
outros setores”.
Belo Horizonte possui 13% da sua carteira
A falta de vontade política para
formada por pessoas acima de 60 anos. Para
mudar essa realidade é o grande
o diretor-presidente da cooperativa, Helton
entrave, na visão do coordenador do
Freitas, o aumento do custo assistencial se
debate, Marcos Bosi Ferraz. André Medá à medida em que as pessoas envelhedici também defendeu maior fiscalização
cem. “As formas de adoecer e morrer encana aplicação do dinheiro destinado à saúde,
receram. O sistema está baseado na cura,
já que um estudo de 2006 mostrou que 65%
nos tratamentos agudos. Pacientes crônicos
dos municípios brasileiros gastavam esses
são mal cuidados e mal geridos”, acredita.
recursos de forma irregular.
A ANS tem tentado avançar com os
O segundo debate do módulo aborprogramas de promoção
dou Gestão e Assistência.
e prevenção e pretende
Gonzalo Vecina Neto,
se aprofundar na análise
superintendente corpoe avaliação de incorporativo do Hospital Sírioração tecnológica. Foi
-Libanês, foi o moderao que afirmou a repredor do talk show. “Um
sentante da Agência no
dos maiores desafios da
debate, Martha Oliveira.
humanidade é aumenCeleste Rodrigues, retar a eficiência”, alertou.
presentante do MinisO secretário de Saúde
tério da Saúde, lembrou
de São Paulo, Januário
as dificuldades do órgão
Montone, apresentou os
na implantação de podesafios que enfrenta na
líticas com a dimensão
gestão do sistema em
André Medici, do Banco Mundial
continental do Brasil e
uma das maiores cidades
Fotos: Leandro Godoi
O 17º Congresso Latino-Americano de
Serviços de Saúde, evento internacional do
ClasSaúde, realizado nos dias 23 e 24 de
maio, teve como tema central “Dilemas da
Saúde: Presente e Futuro”. O evento reuniu
cerca de 500 participantes e foi dividido em
três Módulos: Sistema de Saúde Público-Privado, Capacitação Profissional e Saúde
Suplementar.
O debate sobre Financiamento e Reforma Fiscal para a Saúde Brasileira abriu os
trabalhos do módulo de Sistema de Saúde
Público-Privado, em 23 de maio. André Medici, economista da Saúde do Banco Mundial, apresentou o investimento global na
área, comparando os gastos brasileiros no
setor com o de outros países. “O Brasil está
dentro da média de investimento mundial,
apesar de o investimento público per capita
estar abaixo da média latino-americana”,
frisou. Dos países do BRIC – Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul, nosso país é o
17º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde – Capacitação Profissional
Em busca de profissional qualificado
Na abertura do módulo de Capacitação
Profissional em Saúde, em 23 de maio, o
presidente da CNS, José Carlos Abrahão,
deu início aos trabalhos ressaltando a
importância de capacitar as equipes multidisciplinares ligadas à saúde para garantir a
sobrevivência do setor. “Não existe serviço
nesta área sem a presença do ser humano.
Por isso, cada vez mais é importante a qualificação dos profissionais.” O presidente da
Federação Brasileira de Administradores
Hospitalares (FBAH), Paulo Câmara, disse
que o setor, muitas vezes, está preocupado com parcerias público-privadas (PPPs),
equipamentos e financiamento e acaba
deixando o fator humano de lado.
Essa opinião foi reiterada no primeiro
painel do módulo, que abordou A Importância das Pessoas na Gestão Estratégica
da Empresa, e trouxe a experiência internacional do presidente da Inter - Thema
Consultoria Empresarial, Theunis
Marinho. Após visitar mais de 50
países, ele observou que há uma
acomodação no Brasil no que se refere
à competitividade dos profissionais
de RH que atuam no setor de saúde.
Para ele é preciso estar conectado
com as metas da empresa para fazer a
diferença. O equívoco de só se investir
em tecnologia para equipamentos e
produtos, acreditando que somente
isso faz os tratamentos serem mais
eficazes, faz o setor esquecer que
tudo está a cargo do material humano e cabe a este superar os desafios
para que o negócio saúde funcione.
“O profissional da saúde tem que ser mais
estratégico para ser eficiente”.
O vice-coordenador de Pesquisa em
Regulamentação Econômica e Estratégias
Empresariais da PUC-SP, Eduardo Perillo,
que abordou a dimensão do mercado de
trabalho da saúde brasileira, afirmou que
existe muita mão de obra na saúde, mas
o que está faltando é investimento na
qualificação desses profissionais. Na sua
percepção, o setor é tratado no país como
uma indústria de segunda classe. “Não
temos uma cadeia produtiva estruturada,
com tributação só no produto final, e sim
em todas as etapas do processo. Isso faz da
saúde um produto caro, oneroso e sempre
vai faltar investimento em algum ponto
dessa cadeia. Infelizmente, acaba sendo
na mão de obra”, afirmou.
Considerado um dos principais dilemas
da saúde, a judicialização foi o painel que
encerrou o módulo. As discussões tiveram
início com o questionamento: podemos
regular a oferta de assistência no setor? O
diretor da Consultoria PWC, Carlos Suslik,
coordenador do painel, considera que a
máxima garantida pela Constituição de
que “saúde é direito de todos e dever do
Estado” abre a prerrogativa para distorções
por parte da população. “Hoje, a demanda
de ações e as liminares estão pressionando
o setor privado, que deve sempre funcionar
com base em um tripé: financiamento,
acesso e cobertura. Mas até onde vai esta
cobertura? Não estamos vendo isso ser
debatido no Brasil”, lamentou.
Para o secretário estadual da Saúde da
Bahia, Jorge Solla, um dos grandes problemas para conseguir atender as centenas de
ações judiciais está na falta de categorização, documentação insuficiente e erros nos
encaminhamentos das decisões para aten-
Foto: Leandro Godoi
as diversas realidades regionais. A atenção
aos crônicos é uma das prioridades do
Ministério, segundo ela.
Com tantos desafios e temas relevantes em discussão, como estará o sistema
de saúde brasileiro em 15 anos? Essa foi a
tônica da discussão que encerrou o módulo.
O assessor especial do Ministério da Saúde,
Fausto Pereira dos Santos, acredita que o
Brasil caminha para um sistema de saúde
parecido com o chileno. “Cada país tem
suas particularidades, mas antes de tudo
precisamos definir o que é integralidade e
qual o papel dos sistemas público e privado”, defendeu.
O impacto do envelhecimento da
população no sistema de saúde foi a preocupação trazida pelo diretor executivo
da FenaSaúde, José Cechin, já que isso
impacta nas despesas de saúde. Até os 69
anos de idade, a despesa média per capita,
segundo pesquisa da Unidas, é de R$ 2.741.
A partir dos 70 anos sobre para R$ 7.223.
Isso se mostra ainda mais preocupante ao
constatar que em 2027 18,5% da população
brasileira terá mais de 60 anos. “O gasto
público também irá aumentar. Se o atual
cenário se mantiver, 18% da população
estará recebendo algum benefício do INSS
em 2027. Com isso, o crescimento econômico que se vislumbra não será sustentável
e as dificuldades fiscais serão crescentes”,
alertou Cechin. Como soluções para esses
problemas, o diretor da FenaSaúde propõe
a revisão da aposentadoria rural e de professores. “Apenas a discussão sobre a idade
mínima para a aposentadoria desses profissionais, que é de 55 anos, já geraria aos
cofres da União mais de R$ 15 bilhões por
ano”, frisou. Além disso, defende a adoção
de novos produtos para financiar a saúde,
como planos com capitalização para custear os cuidados durante a aposentadoria.
Que o envelhecimento populacional trará
impactos para a saúde é fato. André Medici,
economista do Banco Mundial, lembra que
o Brasil não está preparado para atender a
essas pessoas, tão pouco para cuidar dos
doentes crônicos, que devem aumentar.
Para José Carlos Abrahão, presidente da
CNS, a proposta de Cechin se mostra uma
boa ferramenta de gestão do sistema de
saúde em longo prazo. “É preciso promover
uma discussão mais ampla sobre reforma
tributária, combater o desperdício, fazer com
que a saúde pública e privada convivam de
forma mais harmoniosa e ter como foco dos
debates a segurança do paciente”, defendeu.
A JudicialIzação também foi debatida no módulo
der aos pacientes. “Por dia, recebemos 37
ações judiciais somente para recebimento
de medicação. Isso inviabiliza todo o sistema”, ressaltou. Ele apresentou dados que
comprovam que apesar dos investimentos
que estão sendo feitos no setor, a demanda
de limares para medicamentos, principalmente para tratamentos oncológicos, só
faz crescer. De 2009 a 2011, o aumento de
processos administrativos e judiciários no
Estado da Bahia aumentou 890%.
A situação no segmento privado não
é muito diferente. Segundo o gerente Médico da diretoria técnica da Amil, Cláudio
Tafla, hoje os contratos entre operadoras e
usuários “na teoria, tornou-se um pedaço
de papel sem muito valor”. 82% dos processos geram liminar a favor do demandado,
segundo ele, evidenciando que nessas
ações quem está decidindo pelo tratamento não é o médico.
edição 327
7
ClasSaúde
17º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde – Saúde Suplementar
Oportunidades, expansão e concentração
O talk show sobre concentração de mercado
8
com escala, a concentração impõe o peso do
com pacientes. “Como gestores precisamos
prestador no momento da negociação. Do
estar preparados para essa tendência”.
outro lado, algumas operadoras investem
Chao Lung Wen, presidente do Conselho
na verticalização e até em modelos de negóBrasileiro de Telemedicina e Telessaúde,
cios diferenciados com alguns prestadores.
apresentou as iniciativas do que ele chaA Bradesco Saúde, por exemplo, aposta no
ma de “medicina a todo momento”. Em
que o diretor da seguradora, Sérgio Galvão,
sua opinião, a casa do paciente é o novo
chamou de “verticalização virtual”, que nada
espaço de saúde. “Com serviços inteligentes, comunicação, redes sociais e
conectividade podemos levar dicas
de saúde diariamente às pessoas. Isso
é importante, pois 75% dos custos da
assistência vêm das doenças crônicas”.
O gerente de Relações com Prestadores
da ANS, Carlos Figueiredo, acredita
que a internet tem papel importante
na aquisição de serviços de saúde por
parte do consumidor do século XXI e
ressaltou que nem sempre a regulação
acompanha a velocidade da inovação,
das transformações.
O mercado irá se expandir a médio
O debate sobre a relação público-privado lotou o auditório
e longo prazos? Quais as perspectivas?
mais é do que direcionar a alguns prestaEssa foi a tônica da palestra de Enrico De
dores procedimentos pré-negociados. A
Vettori, da Deloitte. “Serviços intermediários,
livre escolha do usuário, nessa situação, fica
como o de gerenciamento de crônicos e
prejudicada, fato levantado por Sinisgalli. A
home care têm espaço enorme dentro do
justificativa da seguradora se dá pelo alto
mercado. Outra área com grandes oportucusto dos materiais, órteses, próteses e
nidades é a de odontologia”, ressaltou. No
medicamentos, cobrados pelos hospitais.
setor hospitalar, o consultor lembrou que
Sérgio Galvão disse ainda que a seguradora
algumas fraquezas devem ser equacionadas
está em vias de lançar no mercado uma empara que os investimentos que virão gerem
presa com o único objetivo de intermediar
os resultados esperados. Entre elas, destaca
a compra desses itens.
o atual modelo de remuneração da saúde
O último debate tratou da concentração
suplementar, o relacionamento entre os
dos serviços. Coube à coordenadora da
atores, a falta de mão de obra qualificada,
GVSaúde, Ana Maria Malik, a apresentação
baixa padronização dos indicadores, gestão
dos pontos que provocou o talk show.
orçamentária deficiente e dificuldade em
“Existe uma tendência na consolidação e
fidelizar a clientela.
surgimento de redes. Na concentração da
O setor diagnóstico faturou R$ 10 bisaúde, quem defende os interesses do conlhões e registrou um crescimento de 7,8%
sumidor?”, questionou Malik.
em 2011. Até 2013, o crescimento deve ser
Maior foco na qualidade do serviço
de 8% ao ano, em média. De Vettori cita
prestado foi uma das ponderações feitas
dois setores onde a concentração de
pelo coordenador do departamento de
mercado deve ser mais latente: farmáSaúde Suplementar do SINDHOSP, Danilo
cias e serviços de apoio. “Eficiência e
Bernik. “Eu mesmo já vivi a experiência de
margem operacional são os caminhos
ser atendido em uma instituição de saúde
que levam valor ao negócio. No último
antes e depois da aquisição. E a qualidade
ano percebemos que ambos caíram,
do serviço piorou”. Para ele, o usuário está
apesar do aumento de receita das
sendo surpreendido com essas mudanças
organizações. E essa é uma boa notíe vem perdendo seu direito de escolha. Já
cia: significa que há dinheiro perdido
o assessor da Presidência da Amil, Paulo
dentro das empresas”, finalizou.
Souza, garantiu que a concentração foi uma
O talk show que debateu o tema foi
“fatalidade” na trajetória da operadora, que
moderado pelo diretor do SINDHOSP,
a empresa vem crescendo muito na região
Fábio Sinisgalli. O presidente da Rede
nordeste e vê oportunidades em mercados
D´Or, Jorge Moll, colocou os planos e
até então dominados pelas Unimeds.
perspectivas do grupo. Além do ganho
Fotos: Leandro Godoi
O módulo de Saúde Suplementar do 17º
Congresso Latino-Americano começou com
o debate sobre A Relação entre o Sistema
Público e Privado. Marcos Bosi Ferraz, diretor
do Centro Paulista em Economia da Saúde
(CPES), lembrou que os problemas enfrentados pelo setor já estão diagnosticados, como
a insuficiência de investimento público, o
desperdício e ineficiência, o envelhecimento
populacional. “Se já sabemos quais são e
onde estão esses problemas por que não os
resolvemos?”, questionou Ferraz.
Sobre as parcerias entre o governo de
São Paulo e as organizações sociais (OS), o
moderador dos debates, o consultor da Logika, André Staffa, ressaltou que será necessário rever o modelo, pois ele já está causando
distorções. “A OS fica sem capacidade de
investimento, já que os contratos de gestão
não permitem lucro ou sobra. Muitas já estão
se questionando se vale a pena correr tantos
riscos”, adiantou. Para o secretário de Estado
da Saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Cortes,
“o paciente não quer saber se o médico é
servidor público, celetista ou autônomo. Ele
quer ter o seu problema resolvido”.
Jorge Oliveira, do Consórcio Prodal,
que administra o Hospital do Subúrbio em
Salvador, primeiro modelo de PPP do país,
afirmou que a eficiência dessas parcerias se
busca na prestação de serviços, na operação.
Mas muitas barreiras precisarão ser quebradas para que novos exemplos e iniciativas de
parcerias aconteçam, na opinião de Luciano
Moreira, vice-presidente do Iabas.
O segundo talk show abordou as oportunidades que podem ser identificadas no
aumento das demandas na saúde. José
Henrique Germann, superintendente do
Instituto de Consultoria e Gestão Albert Einstein, mostrou os resultados de uma pesquisa
recente: médicos formados a partir da década de 90 trocam mais de 40 e-mails diários
3º Congresso Brasileiro de Gestão e Políticas em Saúde Mental
Afinal, é possível prevenir a doença mental?
pesquisador e professor de Psiquiatria da
Unifesp, avisou que o estigma, além de
gerar preconceitos, atrasa pesquisas e adia
tratamentos possíveis. Deixando de lado os
tabus, a comunidade científica tem descoberto e proposto novas maneiras de tratar
a esquizofrenia, baseada em pesquisas
pioneiras na área da neurociência.
Bressan apresentou estudos que já
demonstram mudanças cerebrais, como
perda de conectividade e de massa cinzenta, em pacientes em estado de risco para o
diagnóstico de esquizofrenia. Iniciadas na
Austrália, as pesquisas associaram sintomas
iniciais da doença - como ideias persecutórias, conteúdo incomum do pensamento
e discurso desorganizado - às mudanças
neurocerebrais. O passo seguinte às constatações foi indicar terapias neuroprotetoras para esses pacientes em estado de
“ultra-alto risco”, o que conseguiu prevenir
o surgimento de quadros psicóticos ou diminuir sua incidência. Os estudos
demonstram a importância de se
pesquisar mais e melhor a neurociência, e sua aplicabilidade na
prevenção das doenças mentais.
Levando em conta que 12,7%
das crianças e jovens possuem
algum tipo de transtorno mental,
diversas iniciativas apontam para
uma nova vertente, que é levar informação o mais cedo possível
sobre saúde mental. “Informe, e
as pessoas passarão a entender”,
Ricardo Mendes, do SINDHOSP, e Humberto de Melo,
disse Rodrigo Bressan, que partida Fenaess, abrem o evento
cipa do Projeto Cuca Legal, uma
iniciativa da Unifesp. A ideia do projeto é
Brasileiro de Gestão e Políticas em Saúde
ajudar professores e alunos a identificar
Mental, realizado durante o ClasSaúde. Sob
os transtornos, através de capacitação dos
o eixo central da prevenção e promoção,
educadores e avaliação dos jovens. Uma
os palestrantes apresentaram pesquisas
das idealizadoras do Cuca Legal, a psicóinéditas que apontam a importância dos
loga Marlene Apolinário Vieira, lembrou,
estudos científicos do cérebro para se
no entanto, “que estamos distantes de
entender e prevenir a doença mental. Trapromover a saúde mental, ainda fazemos
çaram um mapa da assistência no Brasil e
muito tratamento”.
suas falhas, falaram sobre o estigma de se
Parte desta deficiência em promover a
abordar a saúde mental dentro das escolas
saúde é problema antigo, e não exclusivo
e apontaram caminhos para esta trincheira.
da área. Evelyn Kuczynski, psiquiatra da
Psiquiatra e pesquisador da Unifesp,
Infância e Adolescência da USP, destacou
Thiago Fidalgo conduziu as apresentações,
a enorme escassez de médicos especialios debates e abriu o evento com importanzados no Brasil. “Estima-se que existam 4,5
te reflexão: “A percepção geral é que nossas
milhões de crianças que sofrem de transtordoenças (na esfera mental) não matam,
nos mentais em todo o país. 15% disso são
então não são consideradas importantes”.
quadros graves. E contamos com apenas
O estigma, segundo ele, é um dos maiores
três psiquiatras para cada cem mil casos
problemas a ser enfrentado no tratamento
graves, enquanto que esta proporção, nos
das pessoas que sofrem de algum transEUA, é de 160 para cada cem mil”. A médica
torno. Neste campo, Rodrigo Bressan,
Fotos: Leandro Godoi
Ainda estigmatizada, a doença mental
afeta cada vez mais parcelas da população.
Para se ter uma ideia, cinco das dez causas
mais frequentes de afastamento no trabalho são transtornos mentais. A dependência química também aumenta, inclusive
entre os trabalhadores. Doenças mentais
acometem ainda quase 13% das crianças
e adolescentes do país. Em contrapartida,
o já conhecido dilema da falta de leitos
psiquiátricos permanece afetando a rotina
de famílias desestruturadas, sem condições econômicas e psicológicas para arcar
com a tarefa do cuidar. Doentes crônicos,
agora “socializados”, passaram a viver nas
ruas e encontram barreiras imensas para
obter acesso aos serviços de assistência
anunciados como revolucionários pela
reforma iniciada há mais de dez anos, com
a lei 10.216.
Estes velhos problemas ganharam
novos paradigmas durante o 3º Congresso
ainda criticou a completa inexistência de
uma rede hierarquizada de atendimento.
A dificuldade de se conseguir atendimento, aliás, não é exclusividade das
crianças e adolescentes brasileiros. Sob uma
perspectiva mais ampla, a pesquisadora
da Unifesp, Fernanda Moreira, apresentou
dados que revelam uma faceta cruel da rede
de assistência à saúde mental. Com a desospitalização, os doentes crônicos - em especial
os esquizofrênicos - saíram do enclausuramento, mas permanecem excluídos da sociedade e do acesso a tratamento. “Os leitos
que restaram estão sendo ocupados pelos
usuários de drogas”, destacou Fernanda.
E quando o problema extrapola a adolescência, chega à fase adulta e vai bater
na porta das empresas? Para a psiquiatra
Natália Rufino, este percurso é mais comum
do que se pensa. Segundo a Associação
Brasileira de Estudos de Álcool e Outras
Drogas, pelo menos metade dos dependen-
A atenção na infância foi um dos temas do evento
tes químicos tem emprego fixo no Brasil.
Embora a Organização Internacional do
Trabalho possua diretrizes que apontam
para a necessidade de implantação de programas de prevenção ao uso de drogas nas
empresas, os empresários de maneira geral
vão procurar estudar o problema quando
ele já se tornou enorme. Esta foi a constatação de Ana Lúcia Gomes Castello, psicóloga
da Unifesp que desenvolve os programas
de dependência química da Pirelli.
Algumas características podem ser
observadas pelas empresas na hora de
detectar usuários, como o absenteísmo
recorrente, atrasos excessivos, índice de
faltas de duas a três vezes maiores em relação aos outros colaboradores e aumento
no índice de acidentes. Segundo Ana Lúcia,
de 20% a 30% dos acidentes de trabalho
estão diretamente relacionados ao uso
de drogas.
edição 327
9
ClasSaúde
5º Congresso Brasileiro em Gestão de TICs
Em nome de um novo tempo
O congresso lotou o auditório
10
que apresentou Vânia
ser assistenciais ou admiRohsig, supervisora asnistrativas”, afirmou Paulo
sistencial da Unidade de
de Morais, da Perceptive
Internação do Hospital
Software. Segundo ele,
Moinhos de Vento. Lá, a
é preciso investir na ordispensação e ministraganização de toda esta
ção de medicamentos gama de informações.
são 100% digitalizadas,
Quem cumpre atuale realizadas através de
mente esta jornada é
dispensadores eletrôo Hospital Sabará, que
nicos, à beira do leito.
apresentou seu case du“Com a implantação do
rante do Congresso. O
programa, não tivemos
diretor de TI da instituiPaulo Magnus, da MV
mais erros de medicação, Milton Alves, afirmou
ção”. A mobilidade das
que a gestão de todos
informações dentro dos
os documentos exigidos
hospitais, no entanto, é um ponto crítico.
dentro do processo hospitalar já está sendo
Vânia admitiu, por exemplo, que manter a
feita numa plataforma de transmissão e
estabilidade da conexão dos dispositivos
armazenamento de informações. “Todo
móveis nas áreas de UTI, por exemplo, ainda
o processo de admissão do paciente,
é um problema a ser resolvido.
internação, exames, tratamento e alta estão
Charles Schimmock, diretor da MV Sistesendo digitalizados. O hospital planeja dizer
mas, afirmou que a mobilidade é primordial.
adeus ao papel até o final de julho”, afirmou.
“Temos que fazer com que a informação
Milton Alves destacou que até mesmo
seja móvel para que ela esteja disponível
os documentos que precisam de assinatura,
no local onde o profissional se encontra. Em
como a autorização de internação exigida
2011, a produção de smartphones superou
dos pais no caso de um hospital infantil,
a de notebooks e de desktops”, disse. E a
será feita por meio de tablets. As equipes
comercialização de dispositivos móveis
de assistência, inclusive médica, também
específicos para empresas cresce num ritmo
já possuem seus cartões de assinaturas
de 30% a 40% ao ano, segundo informou. As
digitais, o que permitirá que os laudos, os
soluções móveis são específicas e não subsexames, e todos os documentos necessários
tituem sistemas tradicionais, mas auxiliam o
durante o processo de atendimento tramiprofissional de saúde na sua prática diária.
tem de maneira digital, sem necessidade
Podem ser as mais diversas, como pamls,
de impressão. “No nosso pronto-socorro,
celulares ou tablets. Neste último caso, a
quase a totalidade dos médicos já assina
utilização na área da saúde tem sido cresdigitalmente. A ideia é que apenas a receita
cente. Para Ana Oliveira, da Motion Brasil,
seja impressa, para o paciente comprar os
os tablets têm crescido nos ambientes de
remédios na farmácia”.
saúde porque se adaptam às necessidades,
A SulAmerica, operadora pioneira na
em especial quando o assunto são os Pronimplantação de certificados digitais em
tuários Eletrônicos do Pacientes.
seus processos e que já trabalha de maneira
O preparo dos profissionais que atuam
eletrônica com 45 prestadores de serviços
na linha da frente de TICs, no entanto, ainda
em saúde, percebe redução
é um problema. Segundo Renato Sabbatini,
de custos e agilidade nos padiretor de Educação e Capacitação Profissiogamentos com a implantação
nal da SBIS, há um déficit de profissionais
das trocas digitais, segundo
de TI em saúde no Brasil. “É um perfil extreCláudia Lima de Morais. Mas
mamente difícil de encontrar, que precisa
reconhece que o maior invesunir a racionalidade da engenharia à arte da
timento neste processo tem
medicina”, afirmou. A SBIS lançou, em 2011,
que ser feito pelos prestadores.
o proTICS (Programa de Profissionalização
A importância desta inda Informática em Saúde). O projeto englotegração da cadeia é fundaba o fomento e estímulo à criação de novos
mental, para Claudio Giulliano
cursos de graduação e pós-graduação na
da Costa, presidente da SBIS.
área, além do reconhecimento das comUma importante experiência
petências dos profissionais essenciais, por
assistencial foi compartilhada
meio de certificação.
com o público, conforme o
Fotos: Leandro Godoi
Apesar de estar aquém da média mundial, as instituições no Brasil avançam nos investimentos em Tecnologias da Informação
e Comunicação em Saúde (TICs). Segundo
levantamento da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), apenas 17% dos
hospitais brasileiros possuem algum tipo de
sistema de gestão hospitalar. Este número
está bem longe da Dinamarca (97%), ou
da Noruega (50%), mas chega próximo dos
Estados Unidos (25%). A pressão do mercado
pela qualidade e por maior controle dos
custos, o avanço dos modelos de pagamento
baseados em desempenho e a alta regulação
da Agência Nacional de Saúde Suplementar
são alguns dos fatores que impulsionam os
estabelecimentos a investir nos sistemas de
informação, em nome da redução de custos
em consonância com ganhos em eficiência.
Este foi o tom das abordagens do 5º
Congresso Brasileiro de Gestão em TICs,
realizado em 25 de maio, durante o ClasSaúde. A eliminação do papel dentro dos
hospitais foi uma vertente bastante explorada pelos debatedores, que apresentaram
experiências diversas país afora. Para o
presidente da MV Sistemas, Paulo Magnus,
em dez anos a eliminação do papel chegará
às instituições menores, o que impactará
significativamente toda a cadeia. “Quando
começamos a usar prontuário eletrônico,
tivemos aumento do papel, porque cada
evento tinha que ter um registro assinado.
A mobilização do Conselho Federal de Medicina e da SBIS na validação de certificados
digitais fez com que os processos avançassem”, afirmou. A MV Sistemas é parceria na
realização do Congresso.
O primeiro grande desafio das instituições que partem para a digitalização
de seus processos é a integração de todas
as suas plataformas. “Um hospital possui
diversas fontes de conteúdo, que podem
3º Congresso Brasileiro de Aspectos Legais para Gestores e Advogados da Saúde
Em debate temas que impactam o dia a dia das organizações
Fotos: Leandro Godoi
criação de mecanismos que diminuíssem a
o painel que tratou da
Terceirização de Serviperda por armazenagem inadequada e/ou
Responsabilidade do Adços – A Saúde e suas Parprazo de validade; reforma das docas, das
ministrador dos Serviços
ticularidades foi o tema
câmaras frigoríficas e de todos os almoxariPrivados de Saúde nas
que abriu o 3º Congresso
fados dos hospitais; e implantação de área
Relações Jurídicas com
Brasileiro de Aspectos
exclusiva para medicamentos excepcionais e
o Ente Público. Delimitar
Legais para Gestores e
de alto custo. “Além disso, conseguimos dez
juridicamente a natureza
Advogados da Saúde, no
tomógrafos, reduzimos o absenteísmo e inaudos contratos e convêdia 25 de maio. Mediaguramos o Hospital da Mulher e o Hospital
nios é o primeiro passo
do pela superintendente
de Traumatologia e Ortopedia”, comemorou.
para a aplicabilidade ou
Jurídica do SINDHOSP,
O último tema do Congresso tratou da
não das leis de improbiEriete Ramos Teixeira, o
pesada carga tributária do setor saúde, de
dade administrativa e de
debate abordou questões
37%, e a apresentação de propostas de muresponsabilidade fiscal.
diretamente ligadas ao
Sandro Mabel apresentou o PL
danças na tributação. De acordo com Enrico
Nesse caso, segundo o
tema, como pessoalidade
que regulamenta a terceirização
De Vettori, sócio da Deloitte, a reivindicação
desembargador, o ene atividades meio e fim.
por mudanças na tributação da saúde é
quadramento público vai
Para José Eduardo Pastouma das reclamações mais frequentes de
muito além do gestor privado que assume
re, da Pastore Advogados, comprar serviços é
empresários, gestores e prestadores de
um serviço público, pois a atenção também
diferente de comprar mão de obra. “Quando
serviços. “Apesar de a saúde ser um direito
estará voltada para o uso e aplicação dos
a empresa compra um serviço independe de
fundamental, não recebe benefícios fiscais e
recursos financeiros. “Tem que haver controle
quem o prestará, não se pode exigir este ou
é um segmento dos mais tributados, ficando
administrativo público do gestor e dos agenaquele profissional. Quando isso ocorre estão
à frente até mesmo do financeiro.”
tes e de suas ações, porque assim estabelece
comprando, na verdade, mão de obra. É por
Para ele, o excesso de impostos ameaça
a Constituição Federal, que inclui a moralidaaí que passa o conceito da terceirização”. O
a receita de hospitais. “A saúde teria que estar
de juntamente com a legalidade dos atos.”
advogado lembrou que para a Justiça do Traà frente de tudo. Para a classe média, ter um
As relações entre o poder público e as
balho o terceirizado é hipossuficiente e tem
plano de saúde está no topo do ranking de deentidades sem fins lucrativos têm evoluído
direito à licença maternidade e o que garante
sejos de aquisição. É aí que temos que chamar
nos últimos anos. Mas ainda existem muias normas de saúde e segurança do trabalho.
a atenção do Executivo e do Legislativo para
tas dúvidas no que se refere à eficácia da
O projeto de lei (PL) 4330, de autoria do
buscar soluções que desonerem o setor.”Como
legislação e das decisões judiciais para que
deputado federal Sandro Mabel, objetiva
proposta, De Vettori propõe a criação de um
tragam segurança a essas parcerias. Este foi
regulamentar o serviço terceirizado no Brasil.
imposto sobre o faturamento das empresas
o enfoque do debate do painel que tratou
A proposta foi apresentada pelo próprio autor
de saúde e hospitais, em troca de tirar a carga
da gestão compartilhada dos serviços de
durante o evento. “O PL propõe a terceirização
tributária paga com a contratação de pessoal.
saúde entre a iniciativa privada e o poder
por especialidade e não por atividade fim, até
Eduardo Fleury, sócio do Fleury Advopúblico. O diretor Jurídico da Pró-Saúde,
porque hoje não se consegue estabelecer
gados Associados, pede atenção à questão
Josenir Teixeria, disse que exemplos exitosos
o que meio e o que é fim”, afirmou Mabel.
do Imposto sobre Serviços (ISS). Hospitais e
dessas parcerias ocorrem em vários Estados
Eriete Teixeira lembrou que este é o PL declínicas particulares pagam o tributo sobre
e municípios, mas que em alguns lugares a
fendido pelo Sindicato e também pelo Fórum
o faturamento, enquanto estabelecimentos
aproximação entre a administração e as enPermanente em Defesa do Empreendedor.
menores recolhem um valor por profissional.
tidades não deram tão certo, principalmente
Pela proposta, a empresa contratada pode
Como sugestão, Fleury propôs a alteração
em razão do descumprimento das obrigasubcontratar outra empresa ou profissional
no parágrafo segundo, do artigo 2º da Lei
ções assumidas por uma ou outra parte.
para a realização de serviços especializados.
10.147, com alíquota zero de PIS e Confins soO subsecretário da Subsecretaria Jurídica
“Muitos alegam que isso é a quarteirização,
bre a venda de medicamentos por hospitais.
e Corregedoria da Secretaria da Saúde do Rio
o que não é verdade. O mundo mudou, exisde Janeiro, Pedro Henrique Patem empresas e profissionais cada vez mais
lheiro, disse ter visto na gestão
especializados e a proposta deve contemplar
compartilhada a saída para os
essa realidade”, justificou o deputado. A
vários problemas da saúde no
expectativa de Sandro Mabel é que o PL seja
Estado. “Não é privatização do
aprovado pelo Congresso até o início de 2013.
serviço público. Precisamos
Os serviços contratados e conveniados
de novos formatos de gestão
com o SUS atraem para o administrador
porque o serviço público soresponsabilidades, especialmente no que diz
zinho não tem como atender
respeito à utilização dos recursos financeiros
a demanda”, salientou. Com a
a serem aplicados pela instituição de saúde.
parceria, o governo estadual
Conhecer e debater questões referentes ao
conseguiu implantar o sistema
tema é importante para essas instituições
de gestão de suprimentos,
parceiras do serviço público. Assim, o demodernização da Central Geral
sembargador do Tribunal de Justiça de Santa
Gestão compartilhada entre público e privado foi tema
de Armazenamento (CGA) e
Catarina (TJ-SC), Luiz Cézar Medeiros, abriu
edição 327
11
ClasSaúde
6º Congresso Brasileiro de Gestão em Laboratórios Clínicos
Gestão diferenciada pode ser solução
12
Fotos: Leandro Godoi
estabelecida”, explicou
ca pela criatividade, o
o proprietário. De acorcontínuo aprendizado
do com o empresário,
e a quebra de paradiginvestir na formação da
mas são, segundo ele, as
equipe e fazê-la se sentir
possíveis soluções para
parte do processo foi o
os desafios da gestão
diferencial para o cresdos laboratórios clínicos.
cimento do laboratório.
“Aprender com os erros
O aumento da sidos outros, tentar consnistralidade das operatruir novos formatos de
doras, investimento em
sucesso e, principalmentecnologia e qualidade,
te, fugir da inércia farão
informatização e acirratoda a diferença para
O diretor do SINDHOSP,
mento da concorrência,
quem quiser se manter
José Carlos Barbério
aliados à falta de reajuste
neste mercado.”
das tabelas, são fatores
A temática da mesaimpostos ao mercado de laboratórios, que
-redonda coordenada pelo presidente da
estão obrigando o setor a evoluir. Com este
Conex-SBPC/ML, Carlos Alberto Ballarati,
cenário, segundo o diretor-presidente do
enfocou que o mercado laboratorial tem se
Pasteur Medicina Diagnóstica, João Carlos
mostrado cada vez mais competitivo. Para
Paes, “não há mais espaço para erros e
mostrar o que o setor público tem feito de
amadorismo. Quem erra está fora do neinovação, foi convidada a coordenadora
gócio”, alertou. Outro case que mostrou a
do Laboratório Municipal de Patologia
importância na maturidade da gestão foi
Clínica de Campinas, Regina Cássia Salles.
apresentado pelo diretor-administrador do
“No início o projeto de modernização do
Quaglia Laboratório, Vitor Pariz. Ele contou
laboratório, único para todo o município
o momento difícil que a empresa passou
que tem mais de um milhão de habitanpor ter o seu principal cliente (uma das
tes, com atendimento 100% SUS, era um
maiores operadoras do país) não pagando
grande desafio. Mas, em 2006, vimos que
pelos serviços. “Buscamos informações
precisávamos reformular o nosso sistema
sobre o mercado e nos preparamos através
para atender a demanda diária de solicitade um planejamento. Por fim, conseguimos
ções de exames”, explicou.
romper o contrato,” disse.
O projeto de automação, baseado em
O modelo de parcerias público modelo espanhol, consistiu na implantação
privadas (PPP) ainda enfrenta resistência
de um formulário único, com código de
na área da saúde, que vai desde o próprio
barras, para a requisição de exames, orgaesclarecimento do papel do ente público e
nizando o fluxo para as análises. “Com o
do privado até a falta de definição, controprojeto, reestruturamos a parte operacional
les e gestão. Este tema foi abordado pelo
e conseguimos uma redução nos custos de
superintendente corporativo do Hospital
24%. Além disso, saltamos de 1.200 exames
Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina Neto, no
por dia para 1.600”, destacou. Para o sócio
painel que encerrou o Congresso. “Ideoloproprietário do SalomãoZoppi Diagnóstico,
gicamente temos dificuldades de entender
Luís Vitor Salomão, ser criativo, fazer de maas diferenças entre privado, público, estatal
neira diferente, é a maneira de se dese particular. Há instituições privadas que
tacar dentro do mercado consolidado,
são públicas”, esclareceu.
tanto privado quanto público. Uma
Em sua explanação, o médico explicou
das formas de inovação utilizada pela
porque as PPPs na saúde são diferentes.
empresa foi o investimento na seleção
“Não se trata de um simples negócio do
e contratação de pessoal. Através de
mundo capitalista. Não está errado dizer
práticas gerenciais, foi desenvolvido o
que um hospital tem lucro só porque ele
que se chamou de “credo empresarial”.
tem como negócio cuidar da saúde, da
“O sistema consiste em apresentar
vida das pessoas”. Para o médico, em São
ao colaborador os compromissos, os
Paulo as Organizações Sociais de Saúde
diferenciais e a forma de gestão, por
(OSs) estão dando certo e são um modelo
meio de princípios éticos, para que
consolidado. “O que falta é integrar as ações
ele possa acreditar, ter confiança e
das secretarias estadual e municipal para
querer realizar melhores práticas e dar
Gonzalo Vecina e Nairo Sumita, no debate sobre PPP
melhorar a gestão”, observou.
a sua colaboração para cumprir a meta
Dentro da programação do ClasSaúde
2012, no dia 24 de maio, foi realizado o 6º
Congresso Brasileiro de Gestão em Laboratórios Clínicos. A abertura contou com
a presença de vários representantes de
entidades. Informação, sustentabilidade e
superação foram as palavras utilizadas pelo
presidente da Fenaess, Humberto Gomes
de Melo, para caracterizar os desafios que
o segmento tem enfrentado. Já o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia
Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML),
Paulo Azevedo, ressaltou a importância
em debater os assuntos e ir em busca de
soluções para os dilemas do mercado laboratorial. Representando o SINDHOSP e
a Fehoesp, o diretor José Carlos Barbério
enalteceu a coragem dos representantes
de laboratórios em discutir os problemas e
dificuldades do segmento, destacando ser
este o caminho para que “um dia o cenário
seja diferente”.
No primeiro painel, o diretor da WorldInvest, Ivo Tolesano Junior, falou sobre as
tendências e perspectivas atuais e futuras,
dentro da visão econômico-financeira para
o mercado laboratorial e os desafios e decisões estratégicas a serem tomadas para
atender às expectativas de um cenário em
expansão. Ele apresentou um panorama geral de como está a situação dos laboratórios
no Brasil, suas dificuldades, obstáculos e
atrativos. “O segmento enfrenta a verticalização, com busca de redução de custos,
aquisição de empresas por grandes players
e dificuldades na negociação com as operadoras. Mas, mesmo com este panorama,
ainda é um setor atrativo”.
De acordo com Tolesano Junior, o desenvolvimento do diagnóstico por imagem,
junto às tecnologias para a realização de
análises clínicas, são questões ligadas ao
futuro da medicina laboratorial. E a bus-

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