Cyberspace and Higher Education: a study of educational practices

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Cyberspace and Higher Education: a study of educational practices
6) CIBERESPAÇO
EDUCATIVAS
E
ENSINO
SUPERIOR:
UM
ESTUDO
SOBRE
AS
PRÁTICAS
Cyberspace and Higher Education: a study of educational practices
El ciberespacio y la Educación Superior: un estudio de las prácticas educativas
1
Rossana Cristina Ribeiro Morais
2
Maria Gabriela Parenti Bicalho
Maria Celeste Reis Fernandes Souza 3
Resumo: O desenvolvimento tecnológico multiplica as possibilidades de conexão entre indivíduos e
grupos sociais, ocasionando uma diversificação nas formas como as pessoas se relacionam em
diferentes contextos sociais. O surgimento do ciberespaço pode ser considerado um marco nesse
processo, constituindo um novo meio de comunicação por meio do qual se estruturam novas relações
sociais, econômicas e de poder (LEVY, 1999). Um dos elementos do ciberespaço são as redes sociais,
cuja utilização encontra-se cada vez mais difundida e se coloca como uma questão para o campo da
educação. Apresentamos neste trabalho dados parciais de pesquisa que tem por objetivo analisar as
possibilidades criadas pela comunicação entre professores e estudantes nas redes sociais para a
prática educativa no ensino superior. Trata-se de um estudo de cunho qualitativo que visa conhecer
as principais formas de utilização das redes sociais na interação entre professores e alunos, a
frequência da interação, as relações que se estabelecem entre professores e estudantes, os temas
abordados e as influências dessa interação sobre os processos de ensino e aprendizagem. A
metodologia abrange a observação das interações entre professores e estudantes de uma
universidade na rede social Facebook e entrevistas com professores. Como resultados parciais,
observamos que as redes sociais proporcionam uma discussão coletiva, troca de saberes e maior
interatividade entre aluno-professor-aluno e aluno-aluno. O processo de ensino aprendizagem sofre
modificação na perspectiva de uso do ciberespaço, uma vez que o mesmo possibilita novas formas de
acesso às informações virtualizadas e novos estilos de raciocínio e conhecimento. Ainda é necessário,
com o desenvolvimento da pesquisa, analisar os impactos efetivos dessas mudanças sobre os
processos de ensino-aprendizagem.
Abstract: Technological development multiplies the possibilities of connection between individuals
and social groups, leading to a diversification in the ways people relate in different social contexts.
The emergence of cyberspace can be considered a milestone in this process, providing a new medium
through which to structure new social, economic and power (Levy, 1999). One of the elements of
cyberspace are social networks, whose use is increasingly widespread and poses a question for the
field of education. Here we present partial data from research that aims to analyze the possibilities
created by the communication between teachers and students on social networks for educational
practice in higher education. This is a qualitative study aimed to know the main ways of using social
networks in that one interaction between teachers and students, the frequency , the relationships
established , the themes and influences about the processes of teaching and learning. The
methodology covers the observation of interactions between teachers and students of a university in
the social network Facebook and interviews with educators. As partial results, we found that social
networks provide a collective discussion, exchange of knowledge and greater interactivity between
student-teacher-student and student-student. The teaching-learning process undergoes modification
in view of use of cyberspace, since it enables new ways to access information virtualized and new
styles of reasoning and knowledge. It is still necessary to develop the research, analyzing the effective
impact of these changes on the processes of teaching and learning.
1
Coord. Curso Ciência da Computação e Mestranda em Gestão Integrada do Território – Universidade Vale do Rio
Doce – [email protected]
2
professora do curso de Pedagogia e do Curso de Mestrado em Gestão Integrada do Território da Universidade
Vale do Rio Doce – UNIVALE. [email protected]
3
professora do curso de Pedagogia e do Curso de Mestrado em Gestão Integrada do Território da Universidade
Vale do Rio Doce – UNIVALE. [email protected]
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Resumen: El desarrollo tecnológico multiplica las posibilidades de conexión entre individuos y grupos
de personas dando lugar a una diversificación de las formas de comunicación y cómo ellas se
relacionan en los diferentes contextos sociales. La emergencia del ciberespacio puede ser considerada
como un hito en este proceso creando así un nuevo medio de comunicación a través del cual se
estructuran nuevas relaciones sociales, económicas y de poder (Levy, 1999). Uno de los elementos del
ciberespacio son las redes sociales cuya utilización se haz cada vez más difundida y se coloca como
una alternativa para el campo de la educación. Este trabajo presenta datos preliminares de una
investigación que tiene por objetivo el análisis de las posibilidades creadas por la comunicación entre
profesores y estudiantes en las redes sociales para la práctica educativa en la educación superior. Se
trata de un estudio cualitativo que busca conocer las principales formas de utilización de las redes
sociales en la interacción entre profesores y alumnos, la frecuencia de la interacción, las relaciones
que se establecen entre profesores y estudiantes, los temas abordados y la influencias de la
interacción sobre los procesos de enseñanza - aprendizaje. La metodología incluye la observación de
las interacciones entre profesores y estudiantes de una universidad en la red social Facebook y
entrevistas con los profesores como resultados parciales, el estudio señalo que las redes sociales
proporcionan una discusión colectiva, el intercambio de conocimientos y una mayor interactividad
entre el estudiante-maestro-estudiante y estudiante-estudiante. El proceso de enseñanza aprendizaje sufre una modificación en la perspectiva del uso del ciberespacio, una vez que posibilita
nuevas formas de acceso a las informaciones virtuales y nuevos estilos de raciocinio y conocimiento;
siendo necesario en el desarrollo de la investigación, el análisis de los impactos efectivos de estos
cambios en los procesos de enseñanza - aprendizaje.
Introdução
As novas tecnologias de informação e comunicação são elementos importantes para a
compreensão de questões relativas às sociedades e às culturas, podendo ser analisadas como
ferramentas utilizadas pela humanidade na busca pelo atendimento de suas necessidades. Para Levy,
“a técnica é um ângulo de análise dos sistemas sócio-técnicos globais, um ponto de vista que enfatiza
a parte material e artificial dos fenômenos humanos, e não uma entidade real, que existiria
independente do resto, que teria efeitos distintos e agiria por vontade própria” (LEVY, 1999, p.22). A
técnica se desenvolve dentro de uma cultura em uma dada sociedade, portanto ela pode ser
considerada fator condicionante – e não determinante – da vida social, possibilitando novas
perspectivas de ações culturais e sociais (Lévy, 1999). Esta afirmação mostra que o desenvolvimento
tecnológico está relacionado às formas como os atores humanos inventam, produzem, utilizam e
interpretam as técnicas. (Levy, 1999).
A partir do avanço tecnológico e suas transformações na sociedade, educação, cultura,
comunicação e lazer, têm se buscado cada vez mais aprofundar os estudos e recursos a serem
disponibilizados na Educação. Após influenciar a forma como as pessoas se comunicam e fazem
negócios, o uso de diversas tecnologias vem influenciando significativamente a forma como as
pessoas aprendem. O uso crescente das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa
acompanha e amplifica a relação com o saber, que segundo Charlot (2000) é constituído em uma
história coletiva e está submetida a processos coletivos de validação, capitalização e transmissão.
Neste cenário, alguns pesquisadores e educadores defendem a educação colaborativa, por meio da
qual os alunos aprendem de forma ativa através das interações entre aluno-aluno e aluno-professor
(BARKLEY et al, 2005 apud ISOTANI; ISOTANI; ISOTANI; PORTO ALEGRE, 2008,p 1-11 ).
Apresentamos neste trabalho dados parciais de pesquisa que tem por objetivo analisar as
relações que se estabelecem entre professores e estudantes do curso de Ciência da Computação do
ensino superior. Trata-se de um estudo de cunho qualitativo que visa conhecer as principais formas
de utilização das redes sociais na interação entre professores e alunos, a frequência dessa utilização,
os temas abordados e as influências dessa interação sobre os processos de ensino e aprendizagem. A
metodologia abrange a observação das interações entre professores e estudantes de uma
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universidade comunitária da região leste de Minas Gerais na rede social Facebook e entrevistas com
professores. Como resultados parciais, apresentamos um mapeamento da utilização das redes sociais
por estudantes e professores, identificando as características e a forma de funcionamento dos grupos
formados em cada período do curso.
Ciberespaço e Educação
Entre os diferentes contextos relacionados à evolução da tecnologia, o surgimento do
ciberespaço pode ser considerado um marco, pois se apresenta como espaço onde as informações
digitais circulam, permitindo às pessoas a construção e partilha de inteligência coletiva. Para Lévy o
ciberespaço se apresenta como um meio de comunicação proporcionada pela interconexão de
computadores. Para o autor, o ciberespaço, também chamado de rede, não é apenas a infraestrutura
material de comunicação digital, mas se constitui em um “universo oceânico de informações que ela
abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo.” (LEVY,1999, p. 17).
O acesso ao ciberespaço pode ser feito por meio de módulos de processamento, como
computadores pessoais, celulares, tablets, notebooks, entre outros, que deixam de ser um centro e
passam a ser um nó de uma grande rede universal, sendo impossível traçar os limites e as
possibilidades de acesso ao conteúdo deste espaço no qual se estruturam novas relações sociais,
econômicas e de poder. Segundo Lévy (1999), o ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento
quase independente dos lugares geográficos e da coincidência dos tempos. As informações estão
situadas fisicamente em algum lugar, mas o seu acesso pode ser feito de qualquer ponto desta
gigantesca rede de conexão.
Quanto mais o ciberespaço cresce, mais ele se torna universal, o que não significa a
totalidade do mundo informacional. Para Lévy a universalidade do ciberespaço não pode ser considera
“neutra” tendo em vista o fato de que a interconexão permite o contato entre pontos quaisquer
podendo ter uma repercussão em diversas atividades da sociedade, como por exemplo, as atividades
econômicas, políticas e culturais. Esta universalidade
transforma as condições de vida em sociedade. Contudo, trata-se de um universo
indeterminado e que tende a manter sua indeterminação, pois cada novo nó da rede
de redes em expansão constante pode tornar-se produtor ou emissor de novas
informações, imprevisíveis, e reorganizar uma parte da conectividade global por sua
própria conta. (LEVY, 1999, p. 111)
O ciberespaço pode ser visto como “prática de comunicação interativa, recíproca,
comunitária e intercomunitária, o ciberespaço como horizonte de mundo virtual vivo, heterogêneo e
intotalizável no qual cada ser humano pode participar e contribuir.”(LEVY, 1999. p. 126). Esta rede
tende a crescer, cada vez mais, em interconexão, em integração, e em sistemas independentes,
universais e “transparentes”.
A universalidade sem a totalidade constitui um paradoxo, quanto mais universal, menos
totalizável, pois “cada conexão suplementar acrescenta ainda mais heterogeneidade, novas fontes de
informação, novas linhas de fuga, a tal ponto que o sentido global encontra-se cada vez menos
perceptível, cada vez mais difícil de circunscrever, de fechar, de dominar.”(LEVY, 1999, p. 120). Para
o autor,
o movimento social e cultural que o ciberespaço propaga, um movimento potente e
cada vez mais vigoroso, não converge sobre um conteúdo particular, mas sobre uma
forma de comunicação não midiática, interativa, comunitária, transversal, rizomática
(LEVY, 1999, p.132).
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Assim, a cibercultura é universal, aberta, redes que não se circunscrevem em uma totalidade.
A interconexão possibilita a compatibilidade, a interoperabilidade e permite o acesso às comunidades
virtuais e seus conteúdos possibilitando o desenvolvimento da inteligência coletiva. Isso constitui o
universal. Entretanto, a interconexão de todos com todos possibilitando uma comunicação interativa,
nos leva a pensar que não será possível chegar a uma totalização, pois sempre existirão novas linhas
de fuga, fontes sempre mais heterogêneas e novos dispositivos de comunicação. (LEVY, 1999). Podese pensar então, que o ciberespaço é um espaço virtual onde são formados grupos, comunidades,
redes de aprendizagem, de relacionamento e que a informação está virtualmente presente em cada
ponto onde for solicitada, entendendo aqui que o virtual irá possibilitar novas oportunidades de
atualizar o real e não substitui-lo. (LEVY, 1999).
As redes de computadores são infraestrutura física do universo informacional da virtualidade,
e quanto mais crescem, tanto em extensão quanto em capacidade, mais possibilitam a multiplicação
de mundos virtuais. Segundo Lévy (1999), um mundo virtual é possível simular o mundo real, o
mundo imaginário e os espaços não físicos e pode ser pensado como um lugar de encontro e um meio
de comunicação uma vez que possibilita ser percorrido e atualizado coletivamente. A interconexão dos
mundos virtuais é proporcionada pela infraestrutura técnica do ciberespaço.
O autor considera a Internet como o maior símbolo do ciberespaço. A rede mundial de
computadores passou a ser disponibilizada para a sociedade na década de 90, mesma década em que
foi criada a World Wide Web (WWW), tecnologia que permitiu a criação de softwares e sites que
possibilitavam a navegação por este novo universo informacional. Nos anos 2000 um novo conceito
conhecido como Web 2.0 é implementado. A Web 2.0 é considerada uma segunda geração de
comunidades e serviços na Internet que proporcionam um ambiente de interação e participação dos
usuários, ampliando as chances de construção coletiva de novos conhecimentos, consequência dos
modos de relações vivenciados no ciberespaço (O'REILLY, 2005). A filosofia da Web 2.0 visa à
utilização coletiva e social das ferramentas e serviços, num ambiente acessível a todos os sujeitos
conectados a rede, permitindo a livre publicação e compartilhamento de informações, de acordo com
os seus interesses e necessidades (PATRICIO E GONÇALVES, 2010). O uso de tecnologias da Web 2.0
permite a interação e a construção de relações e conhecimentos de acordo com a necessidade de
cada usuário.
Neste contexto, o processo de ensino aprendizagem sofre modificação na perspectiva de uso
do ciberespaço, uma vez que o mesmo possibilita novas formas de acesso às informações
virtualizadas e novos estilos de raciocínio e conhecimento. Para Lévy (1999) o uso do ciberespaço
pode modificar os processos educativos se pensamos que os conteúdos aprendidos se tornam
obsoletos mais facilmente, que o trabalho adquire novas formas, pois entra em jogo as questões do
aprender, do transmitir saberes e produzir conhecimento. Além disso, as tecnologias intelectuais
existentes no ciberespaço podem amplificar, exteriorizar e modificar as funções cognitivas humanas,
levando ao aumento do potencial de inteligência coletiva dos grupos humanos. (LÉVY, 1999). O
ciberespaço permite, portanto, a construção de novos “espaços de conhecimentos” organizados em
fluxos não lineares, nos quais os saberes estão acessíveis em mapas continuamente transformados
pela interação entre os sujeitos on line.
Algumas técnicas existentes no ciberespaço, como por exemplo, a World Wide Web (WWW),
possibilitam o compartilhamento e a integração de documentos, que agora possuem um caráter
dinâmico e aberto. A multiplicidade da rede proporciona uma articulação transversal, em rizoma, sem
unificação sobrejacente e cada ponto desta rede, cada indivíduo, cada grupo pode ser um emissor de
informação (LÉVY, 1999). Desta forma, com as possibilidades proporcionadas pelo ciberespaço, o
conhecimento passa para o lado do intotalizável, do indominável. (LEVY,1999). O ciberespaço permite
a criação de zonas de significação móveis e mutáveis, e deverão ser devidamente apropriadas a cada
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navegação pela imensa rede informacional Os elementos do ciberespaço podem expressar desejos,
ideias, saberes, transações. Por trás desses elementos “fervilham a multiplicidade e suas
relações”(LEVY, 1999, p. 162). . Para o autor, “as redes digitais interativas são fatores potentes de
personalização ou de encarnação do conhecimento” (LEVY, 1999, p. 162), assim, independentes de
encontros, o ciberespaço promove várias formas de comunicação, sendo uma delas a interação que
possibilita a participação ativa dos sujeitos envolvidos em uma transação de informação (LEVY,
1999,). Portanto, no ciberespaço, as comunidades passam a conhecer a si mesmas como coletivos
inteligentes.
O conceito de interatividade envolve o processo de reapropriação, recombinação e de
personalização de uma mensagem e para Lévy (1999), cada vez mais questões educacionais estão
ligadas ao meio de comunicação. Por meio da interação, os usuários podem explorar e atualizar os
mundos virtuais. A interação permite uma participação ativa dos sujeitos aprendentes e possibilita
uma intervenção direta no fluxo informacional, possibilitando interrompê-lo e reorientá-lo em tempo
real. (Lévy, 1999). A produção de conhecimento encontra-se descentralizada, uma vez que o
ciberespaço proporciona a interconexão de todos com todos Nesse sentido, o uso das Tecnologias de
Informação e Comunicação pode modificar a aquisição, classificação, acesso e exploração do saber e
do conhecimento. Dentro das várias possibilidades tecnológicas permitidas na Web 2.0 no contexto
educacional, destacaremos as redes sociais, que permitem comunicação e interação entre os usuários,
além do compartilhamento de informações.
Redes sociais no Ensino Superior presencial: o ciberespaço na sala de aula?
A interação e a colaboração proporcionadas pelas novas tecnologias têm se configurado como
um desafio para os professores, abrindo possibilidades para que os mesmos estabeleçam práticas
educativas que permitam uma apropriação adequada das mídias digitais no processo educacional.
O acesso à internet já faz parte da rotina diária da maioria dos alunos do ensino superior
proporcionando o acesso às informações virtuais que estão localizadas em algum ponto do
ciberespaço. O uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação permite que o
processo de ensino aprendizagem e a integração entre os sujeitos que participam deste processo
ultrapassem as barreiras físicas das salas de aula. Neste contexto, conforme afirma Barbosa (2010), a
integração às novas tecnologias e a utilização das mesmas como recursos complementares não é mais
uma opção para os professores, .
As redes sociais digitais são exemplos de tecnologia que podem auxiliar no processo de
ensino aprendizagem, e são consideradas recursos online de interação social, com a capacidade de
compartilhar opiniões, conceitos, experiências, ideias, perspectivas e conteúdos de forma colaborativa.
Essas mídias sociais promovem a difusão da informação utilizando um modelo “todos para todos”
(Lévy, 1999), nas quais todos os sujeitos conectados podem produzir, divulgar e compartilhar os
conteúdos disponibilizados nesses ambientes digitais. Podem proporcionar grandes mudanças, uma
vez que permitem a formação de pequenos grupos compartilhando informações e conhecimento de
forma diversificada e descentralizada. Atualmente as redes sociais possuem milhões de usuários
interagindo em comunidades virtuais. Na ótica de Lévy (1999) as comunidades virtuais ou redes
sociais são espaço onde as pessoas trocam informações.
Uma comunidade virtual é construída sobre as afinidades de interesses, de
conhecimentos, sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de
troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das filiações
institucionais. (LÉVY, 1999. p.127)
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As redes sociais se apresentam como uma nova maneira de partilhar contatos, informações e
conhecimentos. O seu uso no ensino superior permite que os professores utilizem estratégias
pedagógicas que possibilitem aos alunos aprenderem no ciberespaço, construindo seu próprio
conhecimento através da cooperação, da partilha e da interação. Pode-se pensar que as redes sociais
proporcionam uma discussão coletiva, uma troca de saberes e maior interatividade entre alunoprofessor-aluno e aluno-aluno, e permitem, além do compartilhamento de informações, a interação
entre os sujeitos, visto que essas redes proporcionam um novo ambiente de ligação entre pessoas.
Além de serem um meio de interação social, as redes sociais podem se configurar como um meio de
aquisição de conhecimento. Isso vai depender de como alunos e professores irão se apropriar desta
tecnologia.
O Facebook foi desenvolvido em 2004 por alunos de Harward com o objetivo de permitir que
os alunos desta universidade pudessem trocar informações entre os “amigos virtuais” ou entre grupos
de interesse comum. Rapidamente a rede estava sendo disponibilizada para outras universidades e
em seguida para todo o mundo. Em fevereiro de 2012, o Facebook já tinha 845 milhões de usuários
ativos.
O Facebook permite a interação entre seus usuários através de comentários, participação de
grupos de discussão, utilização de jogos e aplicativos. É um espaço de encontro, partilha, discussão
de ideias e, provavelmente, é a rede social mais utilizada entre estudantes universitários. Proporciona
uma vasta lista de ferramentas e aplicações que permitem aos utilizadores comunicar e partilhar
informação, assim como controlar quem pode acessar a informação ou realizar determinadas ações.
(EDUCAUSE, 2007).
No contexto desta pesquisa estamos considerando como objeto de estudo o uso da rede
social Facebook por professores e estudantes de um curso de Ciência da Computação. Em uma etapa
inicial da pesquisa, foram mapeadas as principais formas de interação desses sujeitos nessa rede
social. . Observou-se que cada uma das três turmas em funcionamento no curso possui um grupo
específico no Facebook, sendo que a iniciativa de criação dos grupos na rede social foi dos próprios
alunos. Nas turmas do oitavo e quarto períodos os grupos tem participação somente dos alunos, e
segundo relato dos mesmos, é utilizada para compartilhamento de material acadêmico, auxílio mútuo
em atividades propostas pelos professores e discussão de problemas acadêmicos. Todos os
estudantes desses dois períodos participam dos grupos.
Na turma do segundo período, o grupo conta com a participação de alunos e professores.
Pode ser observado que 40% dos professores deste período utilizavam o Facebook para interagir com
seus alunos, o que fazem com o objetivo de acompanhar as discussões sobre a disciplina, perceber
possíveis dificuldades dos alunos e compartilhar material complementar. Entre os estudantes deste
período, a participação é de 100%, e os objetivos da utilização, além da troca de informações e
interação com os colegas de turma, inclui a troca de informações que extrapolam os assuntos
acadêmicos.
Em alguns relatos dos alunos do segundo período ficou clara a preferência pelo uso de redes
sociais como ferramenta de interação entre alunos-professores e alunos-alunos. Alguns afirmaram que
praticamente não utilizam mais e-mail para comunicar com seus colegas de turma, pois as redes
sociais proporcionam uma comunicação mais dinâmica e interativa.
Os professores que participaram do grupo do segundo período informaram que os
comentários dos estudantes sobre as questões das disciplinas proporcionaram, além de uma maior
dinâmica nas discussões tanto no ambiente virtual quanto no real, uma revisão na prática pedagógica.
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Os comentários dos alunos faziam com que os professores tivessem a oportunidade de modificar as
atividades de avaliação e a maneira de expor os conteúdos conforme o nível de entendimento da
turma.
De maneira geral, podemos afirmar que para os docentes e estudantes do curso de Ciência da
Computação que compõem este estudo, a utilização do Facebook como ferramenta de auxílio no
processo de ensino aprendizagem trouxe uma maior integração e interação entre aluno – professor,
proporcionado uma nova dinâmica na troca de conhecimento. A continuidade da pesquisa, conclusão
das observações e realização de entrevistas com os professores, poderá aprofundar a análise dessa
interação.
Considerações finais
A emergência do ciberespaço e todas as possibilidades de comunicação e interação
proporcionadas por este meio vem interferindo nos processos educativos do Ensino Superior.
Tecnologias como redes sociais digitais que são implementadas no ciberespaço permitem aos usuários
uma comunicação participativa possibilitando interação entre os sujeitos, cooperação e
compartilhamento de informações. As observações realizadas como etapa inicial de uma pesquisa
sobre as interações entre professores e estudantes de um curso de Ciência da Computação, mostrou
que a rede social Facebook como ferramenta complementar no processo de ensino aprendizagem é
amplamente utilizada pelos alunos e professores sujeitos da pesquisa. Essa utilização acontece com
diferentes objetivos: compartilhamento de material complementar, solução de dúvidas, troca de
informações sobre atividades acadêmicas. Para alguns professores, a interação com os estudantes no
Facebook possibilitou alterações da prática pedagógica. Pretende-se, com o desenvolvimento da
pesquisa, analisar com maior profundidade a qualidade das interações entre professores e estudantes,
discutindo sua organização e suas consequências para o processo de ensino-aprendizagem no curso
estudado construindo, desse modo, um repertório teórico que contribua para ampliar as discussões
sobre o comparecimento das TICs no ensino superior.
Referências
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