Centro Universitário de Várzea Grande

Transcrição

Centro Universitário de Várzea Grande
Centro Universitário de Várzea Grande
Curso de Graduação em Enfermagem
Disciplina: O Cuidado Complexo ao Ser em Desenvolvimento
Aula: EXAME FÍSICO DA CRIANÇA
Corpo Docente Enfermagem
Revisão: Profª Ingrid Letícia Fernandes
1. PECULIARIDADES DO EXAME FÍSICO DA CRIANÇA
Ao realizarmos o exame físico da criança considerando o ser humano como complexo
é necessário considerarmos todas as dimensões que envolve esse SER. Sendo assim, nessa
perspectiva, é necessário compreender a complexidade que envolve o Ser Criança e as relações
que acontecem. Considerando os aspectos sociais, econômicos, políticos, filosóficos, ecológicos
que envolvem a Criança e a Família. Utilizar a observação, o planejamento, destreza, habilidades,
princípio científico, o método científico, que direcionam a práxis da enfermagem, para propor
condutas pertinentes à criança que promova a sua Saúde.
2. PRINCÍPIOS DA SEMIOLOGIA
Segundo o dicionário de língua portuguesa a semiologia é definida como “meio e
modos de se examinar um paciente. - Ciência que tem como objeto de estudo os signos”. Ou seja,
semiologia é a forma de interpretar os sinais dos pacientes. Fazem parte então deste a fase inicial
que é a coleta de dados: Anamnese e Exame físico. Estes requerem técnica e conhecimento
sendo considerados recursos mais importantes para o estabelecimento de diagnósticos.
Para a prática da semiologia de uma forma geral é preciso estar familiarizado com
alguns termos:
 Sinais: alterações percebidas pelo profissional durante o exame;
 Sintomas: o que o paciente sente, percebe e conta espontaneamente ou mediante
resposta de questionamento;
 Síndrome: conjuntos de sinais e sintomas e muitas vezes de alterações genéticas,
fisiológicas e patológicas, que podem ser secundários a várias etiologias
3. ANAMNESE DA CRIANÇA
 Dados de Identificação (dados pessoais)
 Motivo da consulta: deve incluir também as principais queixas da criança e da mãe.
 História do motivo: se este for uma queixa, deve incluir em ordem cronológica o início e
todas as características.
 Antecedentes:
1. Constituição familiar: idade dos pais, posição da criança na irmandade, condições
sócio-econômicas, culturais,espirituais.
2. Antecedentes familiares mórbidos: saúde dos pais/irmãos, parentes próximos
3. Antecedentes pré-natais: planejamento, dificuldade para engravidar, intercorrências e
duração da gravidez
4. antecedentes natais: condições do parto e do nascimento, peso, internamento,
intercorrências, atitude dos pais em relação a criança, relato dos primeiros dias de vida
5. antecedentes pós-natais: alimentação, imunizações, início da dentição, controle de
esfíncteres (todos os marcos de crescimento e desenvolvimento).
6. Antecedentes pessoais mórbidos: doenças da infância, outras doenças ou sintomas
 Hábitos de vida:
1. Alimentares: alimentação atual (descrever), apetite, conduta familiar.
2. Habitação: tipo, salubridade (em especial do quarto da criança)
 Condições neuropsíquicas
1. Temperamento e personalidade
2. Sono
3. Linguagem
4. Atividades domésticas, lúdicas e sociais
5. Disciplina (métodos, carência, interferências, reações da criança
6. Escolaridade
4. AVALIAÇÃO FÍSICA DA CRIANÇA
A avaliação física da criança se dá através do exame físico e este consiste nas
mesmas técnicas utilizadas com o adulto. Porém é preciso lembrar alguns aspectos já utilizados
outros que são de maior importância ao realizar o exame físico da criança. É necessário ter
delicadeza, carinho, paciência e firmeza, respeito ao pudor da criança. Não há seqüência rígida
para o exame, podemos deixar os procedimentos desagradáveis para o fim. Não mentir e não
permitir que mintam à criança
“Negociar” sempre que possível.
O início da avaliação física começa pela determinação da faixa etária da criança:
Recém Nascido
Lactente
Pré-escolar
Escolar
Pubescência (Pré-púbere)
Puberdade
Pós-puberdade
0 à 28 dias
29 dias à 2 anos
2 anos à 7 anos
7 anos a 10 anos
Feminino
Masculino
10/12
12/14
12/14
14/16
14/16
18/21
Fonte: RODEGUES,Y.T. et al. Semiologia Pediatrica, Rio de Janeiro: Koogan, 2003.
4.1 – Avaliação dos Sinais Vitais: TEMPERATURA.
A temperatura deve ser verificada na chegada da criança no serviço de saúde, antes e
depois de cirurgia, ou procedimentos, ou em quaisquer momentos em que a criança esteja
ruborizada, quente ou letárgica. Fatores ambientais e infecções relativamente menores produzem
temperatura muito mais elevada em crianças que em adultos. A hipertermia em bebês pode ser o
único sinal de distúrbio subjacente.
O Sistema de regulação térmica na Infância
Os estímulos que atingem os receptores periféricos são transmitidos ao hipotálamo
posterior, onde são integrados com os sinais dos receptores pré-ópticos para calor, originando
impulsos eferentes no sentido de produzir ou conservar o calor (vasoconstrição na pele,
piloereção, produção de hormônios como a tiroxina, e os tremores musculares) ou perder calor
(estimulação de glândulas sudoríparas e vasodilatação dos vasos cutâneos).
Este mecanismo ainda não está bem desenvolvido até aproximadamente 7 anos de
idade, o que ocasiona flutuações dramáticas. O controle de perda de calor pelo corpo vai se
desenvolvendo de acordo com a idade, aumentando gradativamente a capacidade de tremor
muscular, acúmulo de gordura. O bebê produz mais calor corporal por unidade de peso, o que
aumenta o parâmetro de Temperatura.
O choro, exercícios, ambiente, roupas podem aumentar a temperatura das crianças. A
temperatura é mais baixa entre 1 e 4 horas da manha,e mais alta entre 16 e 18 horas.
Avaliação da Temperatura: Locais de verificação
 Axilar: indicada a todas as faixas etárias, contra-indicada quando a precisão for essencial
(estágios iniciais de hipertermia)
 Oral: indicadas a crianças de 5 a 6 anos, cooperativas, e adolescentes;
 Retal: todas as faixas etárias, recomenda-se em crianças com mais de 2 anos por risco de
quebra de termômetro (somente quando não há outra via de determinação)
 Timpânico: não indicado as crianças menores de 3 anos ou crianças com otite média,
sinusite, ou canal auditivo pequeno,
Parâmetros Infantis
3 meses: 37,5ºC
1 ano: 37,7ºC
3 anos: 37,2ºC
5 anos: 37ºC
7 anos: 36,7ºC
9 anos: 36,7ºC
13 anos: 36,6 ºC
4.2 Avaliação dos Sinais Vitais: PULSO
A expansão e a retração de uma artéria, produzida pela onda de sangue, forçada
através da mesma pela contração cardíaca produz uma série de “batimentos” por minuto
(frequência) e esta são influenciadas por idade, ritmo Circadiano, gênero, exercício e atividade,
volume de Sangue, drogas( Digitálicos e Atropina ), estresse e emoções.
Ao nascer temos aproximadamente 8,5% do peso corporal constituído por volume
sanguíneo, após o período neonatal essa proporção diminui para 7 a 7,5% e o coração aumenta o
que resulta em aumento da frequência cardíaca. Após esse período o coração continua a crescer
e a proporção de volume sanguíneo continua estável assim os batimentos começam a diminuir a
freqüência. Resultando então nos parâmetros abaixo:
IDADE
RESPOUSO
(DESPERTO)
REPOUSO
(DORMINDO)
EXERCÍCIO E
FEBRE
Neonato
100 a 180 bpm
80 a 160 bpm
Até 220 bpm
1 a 3 meses
100 a 220 bpm
80 a 180 bpm
Até 220 bpm
3 meses a 2 anos
80 a 150 bpm
70 a 120 bpm
Até 200 bpm
2 a 10 anos
70 a 110 bpm
60 a 100 bpm
Até 180 bpm
10 anos até adulto
60 a 100 bpm
55 a 90 bpm
Até 180 bpm
4.3 Avaliação dos Sinais vitais: FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA
A respiração consiste na sucessão rítmica de movimentos de expansão e de retração
pulmonar com a finalidade de efetuar as trocas gasosas entre o organismo e o meio ambiente
promovendo absorção de O2 e eliminação de CO2. Seu tipo pode ser classificada em abdominal
ou diafragmática, torácica. O ritmo em irregular e regular.(prematuros e lactentes pequenos, o
ritmo é irregular, os movimentos são mutantes, em geral superficiais.). A freqüência é classificada
em: normal ou eupineica, bradipneica, taquipneica.(varia de acordo com esforço, excitação,
digestão, idade.)
Bebês e crianças menores possuem volume de inspiração menor, e expiração mais
rica em O2. Têm um número menor de alvéolos e conseqüentemente menor superfície alveolar
que associado as altas taxas metabólicas características da infância leva a um aumento da
frequência respiratória. Resultando nos parâmetros abaixo:
Bebê prematuro
Neonato
1 ano
2 anos
3 anos
5 anos
10 anos
15 anos
20 anos
40 a 90 irpm
30 a 80 irpm
20 a 40 irpm
20 a 30 irpm
20 a 30 irpm
20 a 25 irpm
17 a 22 irpm
15 a 20 irpm
15 a 20 irpm
Padrões respiratórios:






Eupinéia: ritmo e frequência normais para a idade
dispnéia: dificuldade respiratória, ou esforço, indicada por retrações.
Bradipnéia: diminuição da freqüência
Taquipnéia: aumento da freqüência
Hiperpnéia: respirações profundas e rápidas;
Cheyne-Stokes: respiraçao rápida e profunda alternado com apnéia (observada em bebês
e em crianças em sono profundo, em adultos pode ser patológica ou medicamentosa)
 Kussmaul: respiração profunda associada a acidose metabólica;
 Biot ou atáxica: imprevisível, irregular.
4.4 Avaliação dos Sinais vitais: PRESSÃO ARTERIAL
A pressão arterial é a pressão exercida pelo sangue contra a parede das artérias,
quando este é impulsionado pela sístole cardíaca. A pressão sistólica é o ponto mais alto da
pressão arterial e acontece no momento da sístole cardíaca. A pressão diastólica é o ponto mais
baixo da pressão arterial, acontecendo no momento da diástole cardíaca. No neonato a Pressão
sistólica é baixa devido a capacidade mais fraca do ventrículo esquerdo (resquíscio de circulação
fetal). De acordo com o crescimento o coração aumenta de tamanho gradativamente e desta
forma os valores de Pressão Arterial acompanham. Na adolescência o coração sofre uma
hipertrofia abrupta aumentando a Pressão Arterial a níveis adultos.
Para se ter uma verificação de pressão arterial infantil faz-se necessário observar
alguns aspectos:
 Locais de verificação: os mesmos que os adultos
 Manguito adequado: 30% da circuferência braquial medida na metade da extensão entre a
extremidade superior do úmero e o cubito;
4.5 Avaliação da Pele e anexos da Criança
Os bebês possuem o pH da pele mais alto, a pele mais fina e a secreção de suor e
sebo é mínima, desta forma tendem a infecções e doenças de pele. A frouxa aderência entre
derme e epiderme favorecem a formação de bolhas. As unhas devem ter aspectos saudáveis com
superfícies regulares e coloração conforme características raciais. Os cabelos normalmente são
brilhosos, sedosos e fortes (respeitando os aspectos raciais. Ao avaliarmos a pele e anexos
devemos estar atentos aos parâmetros:
 A pele deve ser íntegra
 Ao nascimento pele recoberta de Vérnix caseosa
 Apresenta uma penugem muito fina (lanugo)
 A cor varia de acordo com as características raciais: negros podem exibir tonalidade
azulada nas gengivas, margens da língua e leitos ungueais. Crianças de origem
mediterrânea podem exibir tonalidade azulada nos lábios e crianças orientais podem ter
aspecto ictérico.
 Icterícia fisiológica: 48 a 72 horas após o nascimento e desaparece em 7 dias.
 A pele da criança normalmente é ligeiramente seca, principalmente nas dobras cutâneas,
sendo que as mucosas devem estar sempre úmidas;
 A temperatura varia de acordo com a faixa etária;
 Normalmente os bebes e crianças possuem a pele lisa e acetinada;
 Turgor e elasticidade normais: a pele retorna com rapidez ao lugar sem deixar marcas
residuais.
A anormalidade dos parâmetros acima podem estar relacionados aos achados abaixo:
 Cor castanha sugere doença de Addison ou alguns tumores hipofisários;
 Azul avermelhado: policitemia
 Avermelhada: exposição ao frio, hipertermia, rubor, alcool ou inflamação (localizada)
 Azul (cianose) periférica: normalmente exposição ao frio;
 Azul (cianose) central: diminuição de transporte de O2 visível em lábios, boca e tronco.
 Amarelada sugere icterícia, é mais bem observada nas escleróticas, membranas mucosas
e abdome. (hepatopatias e infecções graves em bebês)
 Amarelamento da palma das mãos, planta dos pés e face podem indicar carotenemia;
 Amarelamento de areas expostas pode indicar doença renal crônica;
 Contusão em áreas de tecido mole e não nas canelas e joelhos ou cotovelos podem ser
indícios de abuso infantil ou práticas culturais de cura;
 Descoloração generalizada de pele e anexos indica albinismo;
 Palidez é sugestivo de síncope, febre, choque ou anemia;
 Pele seca nos lábios, mãos ou genitália é sugestivo de dermatite de contato;
 Ressecamento generalizado, acompanhado por dobras úmidas e mucosas úmidas indica
exposição prolongada ao sol, excesso de banhos ou desnutrição, áreas pegajosas indicam
choque;
 Hipertermia pode indicar febre, queimadura solar ou distúrbio cerebral;
 Hipotermia generalizada pode indicar choque. A local geralmente se deve a exposição ao
frio;
 Pele seca e áspera pode indicar excesso de banhos, desnutrição, exposição ao tempo ou
algum distúrbio endócrino (normalmente síndrome de down)
 Flocos ou escamas indicam eczemas, dermatite ou infecções;
 Pregas cutâneas indicam desidratação e desnutrição;
 Cacifo positivo indica edema.
 Baqueteamento de unhas podem indicar doença cardíaca ou respiratória
 Unhas côncavas ou convexas, podem ser herança genética ou deficit de ferro ou infecção;
 Cabelos secos, quebradiços e despigmentados pode ser indícios de desnutrição ou
disturbios tireoideanos;
 Linha capilar que se estende até o meio da testa pode indicar cretinismo, mas pode ser
normal.
 Ausência de pelos pode indicar displasia ectodermica;
 Cabelos incomumente finos incapazes de formar ondas podem indicar hipertiroidismo;
 Alopécia pode estar relacionada a micose ou hábito de arrancar cabelos;
 Tufos de pelos nas costas e nádegas podem indicar espinha bífida
4.6 AVALIAÇÃO DA CABEÇA E PESCOÇO
Deverão ser observados: tamanho, forma, simetria, fontanelas e suturas e o controle
da cabeça.
As fontanelas são formadas pela junção de 3 ou mais ossos cranianos, sendo
percebidas como concavidades moles. Podem ser palpadas as fontanelas anterior e posterior.
Aos 4 meses o bebê pode manter a cabeça ereta e na linha média. Aos 6 movimenta
completamente a cabeça quando sentado. A tireóide não é palpada em bebês e crianças jovens.
AVALIAÇÃO DA FACE
Expressão facial demonstra as emoções da criança. Criança que fica de boca aberta
pode estar sofrendo de rinite. O sorriso é normalmente simétrico (assimetria pode indicar paralisia
de face). O nariz tem forma e tamanho simétricos. Nariz achatado pode indicar anomalias
congênitas (excluindo característica racial). Devemos observar a tipicidade das fascies.
AVALIAÇÃO DO CRÂNIO





Observar tamanho e formato que podem ser classificados em:
Dolicocéfalo: predomínio ântero-posterior;
Mesocéfalo- existe um equilíbrio dos diâmetros;
Braquicéfalo- predomínio do diâmetro transverso (cabeça chata);
Turricéfalo- crânio pontiagudo na parte posterior, podendo ser também na parte
anterior, com aspecto de torre.
Plagiocefalia – assimetria do crânio.
Realizar medida com fita métrica do perímetro cefálico e inserir na classificação de
percentil. Medir fontanela anterior, posterior, suturas e afundamento, observar bossa
serosanguinolenta (não respeita sutura), cefalohematoma (respeita sutura). Nesta avaliação
devem ser encontrados os padrões abaixo:
 A cabeça deve ter seu perímetro dentro dos percentis de normalidade;
 É comum uma pequena assimetria em bebês com menos de 4 meses, em relação a
modelagem (longa, estreita, achatada) em decorrência de influências genéticas;
 As suturas são percebidas como cristas salientes. No neonato elas se acavalam e se
aplainam por volta dos 6 meses.
 As fontanelas devem estar em tamanho adequado (bregmática até os 12 meses de 1 a
5cm), macia, plana e pulsátil, salientando-se quando a criança está chorando.
Deve se verificar também a presença dos achados clínicos:
 Circunferência maior que o percentil de normalidade pode indicar hidrocefalia ou tumor
cerebral;
 Circunferência menor pode indicar microcefalia, ou revelar uso de cocaína ou alcool
durante a gestação;
 Um occipúcio achatado pode indicar posicionamento supino em excesso. O conjunto de
occipúcio achatado, cabeça pequena e arredondada são observados em bebês com
síndrome de down;
 Assimetria acentuada pode denotar oclusão prematura das suturas;
 A cabeça de uma criança com síndrome de down é típica: occipúcio achatado, cabeça
pequena e arredondada, fontanela bregmática grande, fácie típica;
 Fontanela protuberante pode indicar aumento da Pressão Intra-craniana, geralmente
secundária a lesões cranianas, meningites ou neoplasias;
 Fontanela deprimida é sinal de desidratação;
 Fontanela pequena sugere distúrbio de crescimento ósseo
AVALIAÇÃO DO OLHO
Esta avaliação é significativa para o desenvolvimento infantil deve-se examinar as
partes internas e externas do olho, acuidade visual, movimento extra-ocular, posição,
alinhamento.
Os olhos surgem aos 22 dias de gestação a na 8 semana já tem forma familiar,
continua se desenvolvendo até a idade escolar. No nascimento a mielinização das fibras nervosas
já estão completas e desta forma as pupilas estão reativas porem com visão limitada (identifica as
formas mais próximas, luz e movimento, não consegue seguir agilmente os movimentos). Desta
forma o estrabismo convergente é comum até os 6 meses de idade devido a imaturidade
muscular. (atingida aos 12 meses). A hipermetropia é fisiológica devido a maturação da mácula
que é alcançada aos 6 anos. A íris assume normalmente a cor definitiva aos 6 meses, mas pode
se estender até 12 meses. E o lacrimejamento pode ser ausente até as 12 semanas de vida.
Em relação aos olhos devemos avaliar:
 Posição e implantação: Em média a distância entre os cantos internos é de 2,5cm;
 Inclinação dos olhos: ambos olhos obedecem linha reta nos cantos internos, crianças
orientais podem exibir inclinação na parte superior dos olhos;
 Hipotelorismo (diminuição da distância entre os olhos) e hipertelorismo (aumento da
distância entre os olhos) característica de síndrome de down;
 Dobras epicânticas podem indicar síndrome de down;
 Inclinação superior dos olhos podem estar associados a síndrome de down e exposição o
HIV;
 Posicionamento palpebral: a pálpebra está entre as margens da íris;
 Aparecimento da esclerótica (sinal do por do sol) indica hidrocefalia;
 Ptose (palpebra sobre a pupila) pode ser normal ou sinal de paralisia de nervo craniano
oculomotor;
 Entrópio (pálpebras viradas para dentro) podem causar irritação devido os cílios;
 Ectrópio (para fora) irritação por exposição da conjuntiva;
 Demora no fechamento das pálpebra ou oclusão incompleta indicam hipertireoidismo;
 Sobrancelhas: simétricas em relação ao crescimento dos pêlos, forma e tamanho;
 pálpebras: cílios normalmente se curvam para fora e estão distribuidos uniformemente,
coloraçao igual a da pele subjacente, sem edema, corrimento ou lesões.
 Conjuntivas: rosadas e brilhosas e íntegras
 Esclerótica: brancas, límpidas, é normal a ocorrência de marcas negras diminutas em
crianças da pele escura.
 Palidez indica anemia, hiperemia indica irritação, processo infeccioso ou alérgico;
 Coloração amarelada pode indicar icterícia, azulada pode indicar osteogênese imperfeita,
glaucoma, estágios avançados de excesso de bilirrubina ou exposição pré-natal ao HIV
 Pupilas: As pupilas normalmente são redondas, diâmetros iguais, responsivas a luz
rapidamente (contração a incisão contra-lateral).
AVALIAÇÃO DO NARIZ
Ao nascimento os bebês não possuem os seios frontal , que se desenvolve aos 7 anos,
e o esfenóide que se desenvolve na adolescência. A cavidade nasal dos bebês tem ponte
estreita e respiram obrigatoriamente pela boca, o que faz com que sejam suscetíveis a
Infecções respiratórias. O olfato ao nascer é deficiente.
A inspeção da cavidade nasal fica restrita ao vestíbulo (revestido por pêlo e pele e não por
mucosa), à porção anterior do septo e aos ossos. A região posterior necessita de um espelho
nasofaríngeo, que é exame exclusivo do otorrinolaringologista. Desta forma devemos notar a
que as narinas internas devem estar íntegras, pérveas, livre de leucorréia, ou dor e sem
movimentos respiratórios, o que indica esforço. Crianças de maiores idades são capazes de
demonstrar a acuidade olfativa.
AVALIAÇÃO DA BOCA
A boca do bebe é cura e lisa, tem um palato mole relativamente longo. A língua parece
grande, o que permite que o leite reflua. Por volta dos 6 meses a língua e a boca são
proporcionais. Até os 4 meses demonstra um impulso lingual de reflexo e extrusão, o que pode
ser confundido com a rejeição a alimentos. Depois dos 6 meses esse movimento passa a ser o
clássico de sucção. Reflexo de busca é presente. Por volta dos 3 meses, aumenta a produção de
saliva.
O paladar ao nascimento é imaturo, e a maturidade só se completa aos 2 anos. As
gengivas geralmente são lisas, com uma franja elevada. A dentição começa a aparecer por volta
dos 6 meses. Por volta de 30 meses apresenta uma dentição de 20 dentes e os dentes primário
são trocados por volta dos 6 anos.
Devemos observar os parâmetros e achados mais comuns:
 Os lábios deve estar intactos, rosados e firmes.
 Alterações: cianose (diminuição de o2 ou frio), palidez (anemia) vermelho-cereja
(acidose), fissuras (deficiência de riboflavina) rachaduras, (respiração oral, frio, febre);
 Mucosa oral: corada, firme, lisas e úmidas;
 Feridas ulceradas brancas, podem ser de origem traumática, viral ou irritantes locais
 Áreas acinzentas com orlas vermelhas internamente na bochecha são os primeiros
sinais de sarampo (manchas de koplik);
 Manchas caseosas sinal de candidíase oral;
 A língua deve ser móvel, de forma que a criança alcance a crista areolar com a ponta
da língua;
 Incapacidade de tocar a crista revela língua presa;
 Glossoptose, ou protusão da língua é observada em casos de retardo mental e
paralisia cerebral;
 A dentição deve ser a adequada para a idade;
 Dentes normalmente são brancos, íntegros, sem depressões, sendo essas alterações
sinais de avitaminoses;
AVALIAÇÃO DAS ORELHAS E OUVIDOS
Em crianças menores que 3 anos o canal aponta para cima, em maiores está
direcionado para baixo e para frente e o canal auditivo secreta mais cerume. Os neonatos
possuem capacidade de discriminar sons respondendo prontamente aos agudos. O tímpano dos
neonatos pode estar coberto e vérnix caseoso dificultando sua visualização. As respostas aos
sons normalmente são reflexas. Observar os parâmetros:
 Implantação e posicionamento das orelhas: altura do epicanto do olho, sem desvio maior
que 10º de uma linha perpendicular a linha horizontal
 Protusão e achatamento das orelhas: as orelhas dos neonatos ficam achatadas contra a
cabeça
 Orelhas baixas ou em posição oblíqua sugerem anormalidades geniturinárias ou
cromossômicas e m muitas síndromes;
 Orelhas achatadas em bebês maiores sugerem manutenção de posição, saliências
sugerem inchaço relacionado a picadas de insetos ou mastoidite.
 Ouvido externo e canal auditivo externo: higienizado, sem corrimento escoriações ou
marcas incomuns, normalmente com cor de carne, com cerume amarelo-castanho
 Ausência de cerume pode indicar limpeza rigorosa, otite média aguda, corrimento amarelo
pode indicar ruptura timpânica, sanguinolento irritação por corpo estranho.
 Sangramento pode indicar fratura de base de crânio
 Processo mastóide e aurícula: sem dor ou sensibilidade
 Acuidade auditiva: reatividade através dos reflexos (bebês) e respostas claras (crianças
maiores). Dor nestas regiões indicam otite e mastoidite. Ausência de resposta significam
perda de audição;
PESCOÇO
O bebê deve ser colocado sentado e observado os movimentos da cabeça. Crianças
maiores obedece aos comandos (olhar para cima, para baixo, para os lados). Deve ser verificado
a existência de edema, formação de membrana cervical, dobras cutâneas extras e distensão
venosa. Deve ser palpadas a traquéia e a tireóide. Adquire o controle motor até os 6 meses,
movimenta sem dor, edema, tireóide não visível porém palpável, traquéia sem desvios (linha
média ou ligeiramente a direita). Verificar a presença dos achados:
 atraso no controle de posicionamento da cabeça pode indicar paralisia cerebral;
 Dor e resistência pode indicar irritação das meninges;
 Resistência lateral pode indicar torcicolo como resultado de lesão
esternocleidomastóideo;
 Pele excessiva e frouxa é observada em crianças com síndrome de down;
 Edema pode indicar infecções (caxumba, IRA)
 Distensão venosa pode ser observada em esforço respiratório;
do
4.7 AVALIAÇÃO DO TÓRAX
O exame físico da criança é procedido exatamente igual ao do adulto porém devemos
nos atentar as diferenças:





O tórax é mais redondo em crianças jovens;
Em alguns bebês o esterno pode ser tão flexível que o peito parece afundar;
Não deve ter retração intercostal;
As mamas podem estar aumentadas no neonato por ação hormonal materna;
Em crianças com menos de 7 anos, as respirações são diafragmáticas. Em meninas
com mais de 7 anos a respiração torna-se torácica. Respiração abdominal numa
criança de mais idade pode indicar um distúrbio respiratório ou fratura na costela;
 Fase expiratória e inspiratório são equivalentes;
 Não deve haver frêmito tátil;
 Os sons respiratórios são mais estridentes em crianças menores e são vesiculares em
todos os pontos de ausculta.
4.8 AVALIAÇÃO DO ABDOME
É normal que o contorno do abdome até a puberdade seja volumoso ou proeminente e
quando em posição supina achatado. Devemos verificar a cor e integridade do abdome, auscultar
os movimentos peristálticos, caracterizar a cicatriz umbilical, palpar o tamanho dos órgãos,
verificar a presença de hérnia inguinal e as características anais.
Em recém-nascidos podem estar palpáveis o fígado, baço e rins.
Em relação ao sistema geniturinário deve-se observar: conformação genital, urina e
edema.
É importante ressaltar que a maioria dos lactentes do sexo masculino no prepúcio não
é completamente retrátil, caracterizando uma "fimose fisiológica", seu meato uretral está no ápice
e centralizado. Nas crianças maiores deve-se avaliar o grau de exposição da glande.
Nos lactentes do sexo feminino é comum os lábios livres e não aderidos, a mucosa
rósea e o hímen imperfurado. Recém nascidas podem apresentar sangramento vaginal,
resultantes da supressão hormonal abrupta ocasionada pelo nascimento.
4.9 AVALIAÇAO DO SISTEMA LOCOMOTOR
Devemos avaliar posicionamento da coluna vertebral, direcionamento de membros,
marcha, movimentação ativa e passiva. Caracterizando:
Em Membros superiores: simetria, movimentação espontânea, dor à palpação,
avaliação da mobilidade ativa e passiva de todas as articulações. Em recém-nascidos, é
importante perceber a simetria dos reflexos primitivos (principalmente o de moro), à procura de
possíveis paralisias obstétricas.
Em Membros inferiores: simetria, movimentação espontânea, dor à palpação,
avaliação da mobilidade ativa e passiva de todas as articulações, durante os dois primeiros
meses, é fundamental a realização da manobra de Ortolani para o diagnóstico da displasia do
desenvolvimento do quadril (luxação congênita do quadril). Após essa idade, esse diagnóstico é
realizado pela presença de assimetria de pregas, diferença do tamanho dos membros e pela
dificuldade de abdução; é comum, nos primeiros anos de vida, a presença de pés planos
posturais, que costumam regredir com a idade. Em crianças maiores é fundamental a avaliação
da marcha. (classificar os tipos de marcha conforme exame físico do adulto)
4.10 AVALIAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO
Deve ser avaliada a atitude, tônus, força, equilíbrio, motilidade, coordenação,
sensibilidade e linguagem de acordo com a idade. Desta forma temos:






Atitude: recém-nascido fica normalmente em flexão generalizada, assimétrica até o
final do primeiro mês, a partir do terceiro ou quarto mês assume atitude simétrica. No
quinto ou sexto mês, deitada espontânea e a partir dessa época, ativa espontânea
(sentada com ou sem apoio ou de pé com apoio). As crianças maiores são ativas e
comunicantes com o meio.
Tônus muscular: avaliado pela palpação e movimentação. Recém-nascido tem
predomínio do tônus flexor dos membros até o terceiro mês, com diminuição
progressiva e hipotonia fisiológica a partir do sexto mês. Das crianças maiores verificase a adequação para a idade.
Força muscular: nos lactentes a movimentação passiva, manobras do écharpe e dos
membros pendentes na beira do leito são usados para avaliar a força muscular dos
membros superiores e inferiores. Nas crianças maiores isto é feito oferecendo-se
resistência à realização dos movimentos
Equilíbrio: avalia-se o equilíbrio estático e o equilíbrio em movimento de acordo com a
idade.
Coordenação: presença e característica da coordenação motora fina e grossa
conforme as fases de desenvolvimento.
Linguagem: nos primeiros meses, expressa pelo choro, expressão facial e variações
de tônus; a partir do quarto mês, arrulhos, posteriormente, balbucio e primeira palavra
com significado por volta dos 12 meses . crianças maiores conforme os parâmetros de
crescimento e desenvolvimento.
4.11 AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS
Os reflexos do recém-nascido devem ser provocados e registrados. Os reflexos são
vitais para o recém-nascido e muito deles são de proteção. A ausência de reflexo pode indicar
uma alteração ou manifestação orgânica.
 Reflexo básico: o recém nascido vira a cabeça na direção de um objeto que toque sua
bocecha.
 Marcha reflexa: De pé, com apoio nas axilas, o bebê ergue uma perna como se estivesse
marchando. As mães adoram. Mas não se devem iludir, é puro reflexo e some por volta do
primeiro mês.
 Reflexo de moro: Esse movimento de abraçar simétrico é estimulado pelos movimentos
súbitos da cabeça do bebê demonstra um senso de equilíbrio. O bebê joga a cabeça para
trás, estica as pernas, abre e fecha os braços. Em geral, isso acontece quando ele se
assusta.
 Reflexo de extrusão da língua: este reflexo normal com que o bebê coloque a língua
para fora quando um objeto é colocado em sua boca.
 Reflexo de procura: também conhecido por reflexo dos quatro pontos cardeais, quando a
mãe vai amamentar o bebê e o bico do seio toca a região próxima a boca do bebê, o bebê
vira a cabeça em direção ao seio para poder introduzi-lo em sua boca e iniciar a sucção.
Este reflexo está presente ao nascimento e vai diminuindo a partir do quarto mês, quando
a criança começa a levar a mão à boca e inicia-se um processo de adequação da
sensibilidade oral
 Reflexo de sucção: também está presente ao nascimento e por volta dos 4 meses
começa a tornar-se voluntário. É uma continuidade do reflexo de procura. Após a criança
introduzir o bico do seio em sua cavidade oral, o contato deste com a porção anterior da
língua, desencadeia um processo de movimentos rítmicos de sucção.
 Reflexo de deglutição: Também presente ao nascimento e tornando-se mais voluntário a
partir do quarto mês, quando vai se aprimorando um processo mais coordenado com a
sucção e a respiração.
 Reflexo de preensão dos dedos: O RN flete seus dedos ao contato com um objeto ou
quando o próprio polegar lhe toca a palma da mão. Os bebês podem até levantar seu
próprio peso sob certas circunstâncias e com ajuda se impulsionarão para a posição
sentada. Alguns cientistas acreditam que este reflexo representa uma adaptação da
evolução porque permitia que o bebê se segurasse ao cabelo durante caminhadas
prolongadas ou enquanto fugiam de algum perigo.
 Reflexo de babinsk: Reflexo no qual o dedão do pé se flexiona em direção à parte
superior do pé e os outros dedos se abrem quando se bate com firmeza na sola do pé;
normal em crianças, mas anormal após os dois anos de idade aproximadamente.

Documentos relacionados