Fascículo I – A importância da sedação na UTI
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Fascículo I – A importância da sedação na UTI
Curso de Reciclagem Sedação em Terapia Intensiva Fascículo 1 – A importância da sedação na UTI A Importância da Sedação na UTI Este trabalho pôde ser desenvolvido devido à experiência dos autores em suas áreas de atuação, pesquisa e aplicação de conhecimento nas Unidades de Tratamento Intensivo Neurológicas (UTIN) do Hospital Beneficência Portuguêsa de São Paulo e do Hospital Bandeirantes. A equipe responsável pelo gerenciamento das unidades é composta pelos seguintes médicos: Dr. Cassio Morano Peluso, Dr. Israel Ferreira da Silva, Dr. Luís Vicente Forte e Dr. Salomon Ordinola Rojas. O presente trabalho foi elaborado pelos seguintes membros da equipe: Autor – Dr. Israel Ferreira da Silva Diretor do Instituto de Tratamento Neurológico e Terapia Intensiva – INETI. Diretor do Serviço de Anestesiologia do Hospital do Servidor Público Estadual do Estado de São Paulo (HSPE). Presidente da Comissão de Residência Médica e Graduação do HSPE. Anestesiologista da equipe do Prof. Dr. Sergio Almeida de Oliveira no Hospital Beneficência Portuguêsa de São Paulo e no Hospital Sírio e Libanês. Co-autor – Dr. Luís Vicente Forte Diretor do Instituto de Tratamento Neurológico e de Terapia Intensiva – INETI. Neurocirurgião da equipe do Prof. Dr. Roberto Godoy no Hospital Beneficência Portuguêsa de São Paulo. Produzido por: © 2001 AP Americana de Publicações Ltda. Av. Eng. Luís Carlos Berrini, 936 - 11o andar, Brooklin Novo - 04571-000 - São Paulo, Brasil Tel./Fax: 5501-5999 e-mail: [email protected] Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito dos editores. 3 Índice I. Introdução ........................................................................................................................................3 II. Conceitos .........................................................................................................................................4 III. Aspectos não-medicamentosos ..................................................................................................4 IV. Exame clínico pré-sedação ...........................................................................................................5 V. Fluxograma para escolha do esquema de sedação................................................................. 10 VI. Despertar da sedação ................................................................................................................. 15 I. Introdução O s avanços tecnológicos propiciaram novos recursos para o tratamento dos pacientes criticamente enfermos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Junto com esses benefícios observamos a necessidade crescente do emprego de agentes sedativos, hipnóticos, analgésicos e/ou relaxantes musculares durante fases específicas do tratamento, exigindo do médico intensivista novos conhecimentos. A indicação de uso de sedativos parece óbvia, mas a escolha do agente, em dose e via de administração adequadas, requer experiência e uma avaliação cuidadosa da condição clínica de cada paciente. O objetivo desta coleção é fornecer informações para auxiliar na escolha e condução de um esquema de sedação para pacientes em UTI. Utilizaremos um método (fluxograma) baseado em três perguntas: 1. Por que sedar e por quanto tempo? - Determinar o grupo farmacológico. 2. O que utilizar? - Determinar o agente medicamentoso. 3. Como utilizar? - Determinar a via e a forma de administração. A resposta adequada a cada uma das perguntas resultará em uma sedação precisa, com resultados positivos e mínimas chances de intercorrências. Lembramos que as modalidades de tratamento para dores crônicas não serão abordadas nesta coleção. 4 II. CONCEITOS Atualmente o termo “sedar” está fortemente associado à administração de qualquer substância para controle da agitação psicomotora de um paciente. Essa definição informal não considera os aspectos farmacológicos da substância utilizada, o grau de profundidade do sono induzido ou o motivo para o uso de sedativos, tornando o termo muito abrangente. A expressão “sedar um paciente” é utilizada indiscriminadamente para caracterizar ações distintas, tais como: propiciar conforto durante ventilação mecânica, controlar a agitação psicomotora provocada por dor ou controlar um surto psicótico. Apesar de essa associação estar consagrada, devemos conhecer alguns conceitos para evitar confusões ou expressões inadequadas. • Sedação (de sedar, do latim sedare) reflete o emprego de substâncias calmantes ou indutoras de sono. • Analgesia (do grego analgesía) expressa a perda da sensibilidade à dor. • Anestesia (do grego anaisthesía) indica a perda de todas as modalidades sensitivas. Em UTI o uso de agentes sedativos, hipnóticos, analgésicos e/ou relaxantes musculares tem por objetivo manter ou restabelecer a sensação de bem-estar do paciente. O medo, a dor e as alucinações ou delírios são as principais causas da perda do bem-estar. Um indivíduo manifesta a presença de uma sensação desagradável por meio de determinados sinais e sintomas. A ansiedade, a irritabilidade e a agitação psicomotora são sinais importantes e constituem as principais indicações de uso de sedativos e/ou analgésicos. O reconhecimento imediato da causa principal determinará a escolha do tratamento adequado. Isso nem sempre é fácil. Nos pacientes graves diversas condições associadas dificultam a identificação da causa principal, tais como: dores agudas, doenças ou situações com elevado potencial de lesão tecidual, alterações do nível e/ou conteúdo de consciência, pro- cedimentos invasivos, ventilação mecânica, etc. Sabemos que a dor pode ser a causa da agitação psicomotora e que a ansiedade ou a excitação diminui o limiar para a dor. Circuitos encefálicos responsáveis pela percepção da dor e pela manutenção da vigília possuem alguns núcleos interconectados, que explicam a atuação de um sistema sobre o outro. Como determinar as necessidades isoladas de sedação e/ou analgesia em pacientes criticamente enfermos? Devido a essas dificuldades, alguns autores têm utilizado o termo “analgossedação” para caracterizar melhor a intenção de restaurar o bem-estar do paciente, ou seja, reduzir o medo, a ansiedade, os episódios de agitação psicomotora, aumentar o limiar para dor e induzir o sono. Nesta coleção manteremos o termo sedação no seu sentido mais amplo, dada sua utilização freqüente e consagrada. III. ASPECTOS NÃO-MEDICAMENTOSOS A Organização Mundial de Saúde (OMS) define Saúde como o estado de bem-estar físico, mental e socioeconômico. Essa visão mais abrangente do indivíduo trouxe uma preocupação crescente com o conforto e o bemestar do paciente durante a internação. A busca de um ambiente agradável e o comportamento mais caloroso contribuem para a recuperação do paciente e estimulam a superação das fases mais difíceis do tratamento. Essa visão tem se firmado, principalmente, nos setores mais críticos dentro do ambiente hospitalar. Não poderíamos discutir questões de sedação e analgesia sem incentivar a otimização dos aspectos nãomedicamentosos do tratamento. Ambiente O respeito às normas técnicas deve ser observado no planejamento e na montagem das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). 5 O local deve ser amplo o suficiente para comportar o número de leitos pretendido, com: • a maior privacidade possível para cada paciente; • um ambiente agradável, com temperatura, coloração e iluminação adequadas; • níveis aceitáveis de ruído aliados a programas específicos de musicoterapia; • comunicação e vigilância contínuas; • espaço suficiente no boxe para acomodar, confortavelmente, cama, equipamentos, poltrona, régua de suporte, hamper, carrinhos de banho e a equipe de enfermagem. Esses cuidados podem, por si sós, atenuar os estados de sofrimento e estresse, tanto dos pacientes quanto da equipe de saúde. Os equipamentos para monitorização e o sistema de informática devem estar de acordo com as necessidades e as disponibilidades econômicas. É possível a elaboração de diferentes configurações, com distâncias orçamentárias significativas, sem comprometer a confiabilidade das informações obtidas. Essas medidas servem como ponto de partida para a avaliação das reais necessidades de cada unidade. Equipe multiprofissional Existe uma preocupação crescente em aprimorar os recursos humanos em unidades especializadas, preferencialmente na formação de uma equipe multiprofissional. Essa abordagem global precisa incluir a assistência aos familiares. Programas de formação profissional e reciclagem são fundamentais para o aprendizado, a conscientização e o preparo para o convívio com pacientes graves. A equipe de saúde deve estar treinada para acessar, interpretar e disponibilizar as informações contidas no sistema e empregá-las rapidamente. As ações precisam ser normatizadas por protocolos minuciosamente desenvolvidos, aplicados e monitorizados em cada unidade. Os protocolos deverão ser discutidos e atualizados por toda a equipe, reforçando a necessidade de um trabalho conjunto e não a imposição de uma chefia. Um profissional bem formado e seguro transmite mais segurança à equipe e ao paciente, conquistando a confiança e a colaboração de todos. Suporte aos familiares Não parece viável propiciar bem-estar (que enfoca os vários aspectos citados) excluindo os familiares mais próximos, definitivamente envolvidos no tratamento dos pacientes. Antigos problemas de relacionamento dentro do núcleo familiar podem aflorar quando um parente encontra-se gravemente enfermo. O afastamento súbito e a sensação de perda iminente afetam os familiares, que demonstram comportamentos variáveis, transferindo seus medos, conflitos e angústia para a equipe da UTI. A criação de grupos de familiares e o suporte psicológico diminuem o nível de ansiedade e aproximam a equipe dos familiares. Um relacionamento adequado com certeza atinge o paciente e contribui para o seu bem-estar psíquico. Relação equipe da UTI x médico do paciente O atendimento de pacientes graves implica integração, confiança e comunicação entre a equipe da UTI e o médico responsável pelo paciente. Os médicos intensivistas acompanham a evolução do paciente no decorrer do dia e detectam oscilações clínicas que nem sempre estão presentes na hora da visita do médico responsável pelo paciente. Dessa forma, quando necessário, o intensivista deverá possuir a liberdade de escolher o esquema de sedação mais adequado para a resolução de problemas imediatos, procurando não interferir no plano terapêutico definido. O desenvolvimento e a padronização propiciarão segurança para a indicação, manutenção e interrupção da sedação. IV. EXAME CLÍNICO PRÉ-SEDAÇÃO A Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), por intermé- 6 dio da RESOLUÇÃO CFM 1363/93, determinam que, antes de iniciar um procedimento anestésico, o médico deve avaliar rigorosamente as condições clínicas do paciente e planejar a indução, a manutenção e o despertar, determinando a monitorização que será necessária e o suporte de cuidados intensivos e de reanimação cardiorrespiratória e encefálica. A SBA também define como procedimento anestésico o ato de induzir um indivíduo ao sono ou administrar um analgésico potente (opióide), pois essas condições podem alterar o estado nociceptivo, de vigília ou de autonomia ventilatória. Necessitamos, então, realizar uma cuidadosa avaliação clínica e estabelecer hipótese(s) diagnóstica(s) clara(s) antes de iniciar o processo de escolha de um esquema de sedação. A avaliação clínica pré-sedação é dividida em três etapas: 1. Avaliação do estado geral. 2. Avaliação neurológica. 3. Avaliação do fator nociceptivo. 1) Avaliação do estado geral A avaliação do estado geral deverá seguir as normas de uma anamnese padrão. Se possível, as informações deverão ser obtidas diretamente com o paciente ou o responsável. Salvo em situações de emergência, não iniciar a infusão de sedativos antes de: 1. Obter a história completa do paciente. 2. Realizar exame clínico rigoroso com ênfase nos itens discriminados no quadro 1. Pesquisar a presença de sinais ou sintomas de doenças prévias. 3. Interrogar sobre antecedentes, hábitos, costumes, medicações em uso e alergias. 4. Determinar o fator de risco pré-sedação. Sugerimos a Classificação da ASA (American Society of Anesthesiologists) por sua credibilidade já estabelecida e relacionada à condição clínica do paciente (tabela 1). As informações obtidas pela avaliação do estado geral serão importantes para a escolha do agente. O conhecimento de insuficiência de órgãos, alergias pré- vias, uso de medicamentos, etc. permitirá optar pela droga mais adequada dentro do grupo farmacológico escolhido. 2) Avaliação neurológica A avaliação do sistema nervoso merece destaque dentro da avaliação clínica do estado geral. Por meio dela conseguimos determinar a possibilidade de lesão encefálica primária ou secundária, que influenciará a escolha do esquema e do objetivo da sedação. Ao sedarmos um paciente, perdemos parâmetros para a avaliação neurológica. Poderemos monitorizar, de forma não-invasiva, a função de praticamente todos os órgãos, menos o encéfalo. Se suspeitarmos de lesão encefálica deveremos considerar o objetivo principal da sedação como terapêutico, e só poderemos iniciá-lo após a monitorização do hemometabolismo cerebral. Atualmente consideramos três indicações básicas para a monitorização da pressão intracraniana na fase aguda de uma lesão encefálica: • Escore inicial na Escala de Coma de Glasgow (ECG) menor ou igual a 8. • Queda de dois pontos na ECG em duas horas. • Indicação de sedação por alteração de outro órgão ou sistema (ex.: insuficiência respiratória no tórax instável, dor excessiva por múltiplas fraturas, cirurgia abdominal, etc.), que impedirá a avaliação neurológica. O exame neurológico permite, também, determinar o grau de confiabilidade das respostas do paciente ao interrogatório sobre os fatores nociceptivos. Não é objetivo desta coleção descrever o exame neurológico, porém deveremos estabelecer um roteiro mínimo, com ênfase especial na avaliação dos seguintes itens: • Nível de consciência (grau de alerta comportamental) - sugerimos utilizar a Escala de Coma de Glasgow. • Conteúdo de consciência (soma de todas as funções cognitivas e afetivas) – sugerimos utilizar a escala de Jouvet. • Pupilas – avaliar tamanho, simetria e reatividade. • Movimentação ocular extrínseca (se necessário, uti- 7 Quadro 1. Itens do exame clínico ♦ ♦ ♦ ♦ Estado Nutricional Doença do Sistema Cardiovascular Doença do Aparelho Respiratório Insuficiência Hepática Aguda Crônica Insuficiência Renal Aguda Crônica Alterações Hematológicas Alterações Metabólicas Alterações Hidreletrolíticas Alterações Hormonais ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ lizar as provas oculocefálica e oculovestibular) – avaliar III, IV e VI pares de nervos cranianos, pesquisar desvios conjugados ou posicionamentos bizarros. • Reflexos de face – corneano, tosse, vômito, etc. • Resposta motora aos estímulos nociceptivos – observar déficits localizados, posturas patológicas (flexão, decorticação, descerebração ou ausência de resposta). • Ritmo respiratório – observar a eficácia da ventilação (hiperventilação, Cheyne-Stokes, Biot, apnéia). Esses parâmetros constituem o roteiro mínimo, classicamente empregado, para avaliação de pacientes em estado de coma. 3) Avaliação do fator nociceptivo A determinação do fator nociceptivo e sua intensidade representa uma etapa fundamental na escolha do esquema de sedação. Sabemos que é inadequada a utilização de opióides para induzir a sedação, seria necessária uma dose elevada e poderíamos causar profunda depressão respiratória. Também é inadequado o emprego de sedativos para o controle da dor, pois ela só poderá ser debelada utilizando-se substâncias que atuem nas vias específicas da sensibilidade dolorosa. Como já mencionamos, a dor, o medo e as alucinações ou delírios predominam no ambiente da UTI e são responsáveis pela perda do bem-estar físico ou psíquico. A ansiedade, a irritabilidade e a agitação psicomotora são sinais importantes e constituem as principais indicações para o uso de sedativos e/ou analgésicos. A avaliação será feita de acordo com o nível de consciência e a colaboração do paciente (tabela 2). Reavaliações, em intervalos regulares, acompanharão a resposta ao tratamento, adequando o esquema de sedação. Em pacientes acordados e colaborativos, o simples interrogatório será suficiente. Em pacientes sonolentos ou confusos, devemos observar a fácies, o comportamento e procurar por sinais de atividade simpática, como: sudorese, taquicardia, hipertensão arterial, dilatação pupilar e lacrimejamento. Os interrogatórios envolvem a participação ativa do paciente. Para facilitar e padronizar as respostas, devemos utilizar tabelas e escalas que quantifiquem a intensidade do fator nociceptivo. Para avaliar a intensidade da dor inicial e o grau de analgesia obtido utilizamos as seguintes escalas: Tabela 1. Classificação do risco pré-sedação conforme a condição clínica Categoria Descrição I Paciente sadio II Leve doença sistêmica sem limitação funcional III Grave limitação sistêmica limitação funcional definida IV Doença sistêmica grave que é uma ameaça constante à vida V Paciente moribundo improvável de sobreviver 24 h com ou sem operação * Classificação da American Society of Anesthesiologists (ASA). 8 • Escala descritiva simples (figura 1). • Escala de gradação numérica (figura 2). • Escala análogo-visual (figura 3). Para avaliar a intensidade da ansiedade inicial e o grau de sedação obtido utilizamos a Escala de Ramsay (tabela 3). O nível 1 significa sedação insuficiente; os níveis 5 e 6 representam sedação excessiva; os níveis 2, 3 e 4 significam sedação aceitável. A aplicação das escalas implica na cooperação do paciente: necessariamente, o nível e o conteúdo de consciência deverão estar preservados. Como a avaliação será subjetiva, devemos sempre considerar o componente afetivo de dor e/ou ansiedade. Podemos utilizar métodos complementares para avaliar a profundidade da sedação em pacientes comatosos. Em tais situações, o objetivo da monitorização contínua da sedação é evitar o despertar em um momento não desejado. Dessa forma, podemos adequar o esquema e realizar alterações nas drogas e/ou doses antes do paciente manifestar sinais de atividade simpática ou movimentação espontânea. Três métodos merecem destaque: eletroencefalograma espontâneo (EEG), potenciais evocados (PE) e índice biespectral (BIS). O EEG reflete a atividade elétrica cerebral, de forma não-invasiva e de fácil aplicação, porém o seu emprego mostrou-se inconclusivo para a análise da profundidade da sedação. O PE consiste em promover uma estimulação nervosa periférica ou sensorial e monitorizar o(s) efeito(s) no sistema nervoso central (SNC), entre as diversas ondas elétricas do EEG. No entanto, essas respostas centrais não estão relacionadas a um padrão aplicável ao grau de sedação. Em 1985 foi desenvolvido um sistema capaz de correlacionar as ondas do EEG ao grau de sedação. O projeto envolveu vários ensaios clínicos e laboratoriais, com mais de um milhão de voluntários, constatandose a eficácia do método. O resultado foi a montagem de um aparelho que converte os vários parâmetros do EEG em um índice. A análise biespectral das ondas encefalográficas (índice biespectral, BIS) não necessita de profissionais especializados para a interpretação dos resultados, ao contrário dos métodos anteriores. O BIS permite o controle mais adequado dos níveis de sedação, por intermédio de um sensor que transmite os registros eletroencefalográficos do paciente, convertidos em uma escala de 0 a 100. Os valores são demonstrados diretamente na tela do aparelho, de forma que: • 0-40 sedação profunda; • 40-60 sedação moderada; • 60-70 sedação moderada com probabilidade de recordação explícita; • 70-100 sedação insuficiente ou ausente. Com as informações do BIS obtemos o controle adequado da sedação e determinamos as doses realmente necessárias. A infusão total diária diminui através da otimização do esquema de administração dos agentes sedativos e/ou analgésicos. Conseqüentemente, teremos algumas vantagens com o uso do BIS: • Economia, com uso racional dos sedativos e analgésicos. • Menor incidência de reações colaterais, complica- Tabela 2. Método de identificação do fator nociceptivo conforme o resultado da avaliação neurológica Grupo Consciência Designação Identificação do fator nociceptivo Nível Conteúdo 1 Preservado Preservado Vígil e orientado Inquérito direto 2 Preservado Alterado Vígil e confuso Observação do examinador 3 Alterado Preservado Sonolento e orientado Inquérito direto 4 Alterado Alterado Comatoso Monitorização + observação do examinador 9 Figura 1. Escala descritiva simples Por favor, anote a intensidade da dor que você sente neste momento 1. Ausência de dor 2. Dor fraca 3. Dor moderada 4. Dor intensa 5. Dor insuportável Nome: Data: Hora: Figura 2. Escala de gradação numérica Por favor, marque a intensidade da dor que você sente neste momento 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 II Ausência de dor Máximo de dor imaginável Nome: Data: Hora: Figura 3. Escala análogo-visual graduada Frente Cursor Ausência de dor Máximo de dor imaginável Verso Cursor IIIIIIIIIIIIIIIII (.) IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII (.) 10 Tabela 3. Escala de Ramsay e col. Nível clínico Grau de sedação atingido 1 Ansioso, agitado ou irrequieto 2 Cooperativo, aceitando ventilação, orientado e tranqüilo 3 Dormindo, resposta discreta a estímulo tátil ou auditivo 4 Dormindo, resposta mínima a estímulo tátil ou auditivo 5 Sem resposta a estímulo tátil ou auditivo, porém com resposta a dor 6 Sem resposta a estímulo doloroso ções e/ou interações medicamentosas com outros agentes empregados em UTI. • Recuperação mais precoce da capacidade cognitiva, com possibilidade de alta precoce do paciente. A reavaliação do grau de intensidade do fator nociceptivo deverá ser realizada em intervalos regulares para garantir o adequado nível de analgossedação no período de manutenção e conduzir a um processo de despertar seguro. envolvido, sua intensidade e o tempo necessário de manutenção da sedação são as informações mais importantes utilizadas para definição do(s) grupo(s) farmacológico(s). Relembramos que, quanto mais específico for o diagnóstico, mais segura será a sedação. Baseados nas informações obtidas podemos concluir que dois objetivos se destacam para o emprego de sedação em UTI: V. FLUXOGRAMA PARA ESCOLHA DO ESQUEMA DE SEDAÇÃO I. Propiciar conforto ou proteção ante os fatores nociceptivos Salvo em situações de emergência, a administração de um agente sedativo, hipnótico ou analgésico constitui, em última análise, um procedimento anestésico e deverá seguir um planejamento rigoroso para cada etapa: 1. Por que sedar e por quanto tempo? – Determinar o grupo farmacológico. 2. O que utilizar? – Determinar o agente medicamentoso. 3. Como utilizar? – Determinar a via e a forma de administração. Sugerimos o fluxograma abaixo para determinar o esquema de sedação mais adequado a cada situação clínica, por meio de um raciocínio lógico. Neste grupo, a sedação não é o agente principal do tratamento e será empregada para manter ou restabelecer o conforto do paciente. Definimos o(s) grupo(s) farmacológico(s) conforme o fator nociceptivo e sua intensidade: 1. Medo ou ansiedade: grupo dos sedativos e hipnóticos. Exemplos: o medo ou a ansiedade provocados por cirurgia, exame invasivo, procedimento, ventilação mecânica, surto neurótico, etc. 2. Dor: • Tratamento — grupo dos analgésicos e/ou anestésicos. Exemplo: a dor provocada por cirurgia, exame invasivo, procedimento, ventilação mecânica, etc. • Preemptivo — grupo dos AINEs, analgésicos e/ou anestésicos. 3. Alucinações ou delírios: grupo dos sedativos e hipnóticos e/ou grupo dos neurolépticos e antipsicóticos. Exemplos: estados psicóticos, delirium, etc. 4. Mais de um fator nociceptivo: associação de grupos farmacológicos. 1. Por que sedar? A escolha do esquema de sedação começa com a definição do(s) grupo(s) farmacológico(s) indicado(s). O diagnóstico da doença do paciente, a determinação da ação desejada com a sedação, o fator nociceptivo 11 II. Ação terapêutica Neste grupo, a sedação é o agente principal do tratamento. Definimos o(s) grupo(s) farmacológico(s) conforme as necessidades de cada situação. Duas ações terapêuticas merecem destaque: 1. Diminuir o metabolismo celular: possibilidade de emprego de todos os grupos isolados ou em associação. Exemplo: proteção do miocárdio, do encéfalo de lesões isquêmicas em evolução, etc. 2. Durante a intubação traqueal: possibilidade de emprego de todos os grupos isolados ou em associação. O procedimento requer um preparo especial para que a intubação traqueal seja realizada sem lesões, trauma ou estresse para o paciente e a equipe da UTI. A região laríngea é ricamente inervada, destacando-se a participação dos nervos glossofaríngeo, vago e hipoglosso. Podemos observar alterações hemodinâmicas distintas na intubação, de acordo com o estado geral do paciente, o local e a intensidade do estímulo na laringe. Durante as manobras de laringoscopia e intubação, os estímulos mecânicos exercidos na base da língua e parede anterior da laringe poderão causar hipotensão e bradicardia por ação vagal. Estímulos na parede posterior da laringe e na traquéia poderão causar hipertensão e taquicardia por ação simpática. No paciente adequadamente ventilado, sedado, relaxado e corretamente posicionado, a intubação traqueal será realizada de maneira rápida e fácil, permitindo a escolha do tamanho ideal da cânula e minimizando as lesões ou intercorrências. Se mesmo com esse planejamento cuidadoso a intubação traqueal não for possível, o paciente estará preparado para uma eventual crico ou traqueostomia. Depois de determinar o(s) grupo(s) farmacológico(s), devemos escolher a droga, o tempo de manutenção e a via de administração de acordo com as informações obtidas durante a avaliação clínica pré-sedação. 2. Por quanto tempo? A variável tempo de manutenção da sedação exercerá grande influência na escolha final do agente. A sedação poderá ser necessária apenas durante alguns minutos para realização de procedimentos rápidos (ex.: endoscopia digestiva, broncoscopia, punção para acesso venoso central, etc.) ou para manutenção de estados de coma induzido prolongado (ex.: tratamento de edema cerebral grave, ventilação mecânica prolongada por lesão pulmonar grave, etc.). Agentes sedativos de rápida metabolização e meiavida curta terão prioridade de escolha em procedimentos de curta e média duração (de minutos a horas). Agentes com meia-vida longa serão utilizados para procedimentos de maior duração (de dias a semanas). Próximo da fase final do tratamento devemos substituí-los por agentes de meia-vida curta, para que o despertar ocorra no momento desejado pela equipe, sem esperas prolongadas, de acordo com a metabolização e eliminação das drogas. As mudanças nos objetivos, nas condições clínicas do paciente, nos fatores nociceptivos e no tempo de manutenção determinam as alterações do esquema de sedação, conferindo um caráter dinâmico ao processo. As reavaliações constantes fornecem informações para a otimização do processo. 3. O que e como utilizar? A escolha final do agente e das doses de indução e manutenção será determinada pelas possíveis alterações encontradas durante a avaliação clínica do paciente e pelo tempo estimado de duração da sedação. Os cuidados acima diminuirão as chances de possíveis intercorrências ou efeitos colaterais durante a administração. No Fascículo 2 discutiremos as características farmacodinâmicas, farmacocinéticas e a forma de administração das drogas de cada grupo. O conhecimento dos grupos e das principais drogas é importante para a escolha adequada de associações. Vários trabalhos têm demonstrado que a administração de drogas em associação e infusão contínua mantém os níveis séricos mais estáveis, otimizando a sedação e reduzindo as chances de efeitos colaterais e os custos. Com esse método alcançamos melhores resultados do que com a infusão em bolus. 12 13 No quadro 2 estão listados os grupos de agentes mais empregados em sedação e analgesia. Descreveremos, de forma sumária, as principais características farmacológicas dos grupos citados. e/ou a proteção dos pacientes. Apresenta excelente qualidade de sedação e hipnose, com despertar rápido e previsível. Analgésicos Sedativos e hipnóticos O maior objetivo do emprego desses agentes é conferir conforto e/ou proteção aos pacientes. A necessidade de controlar a ansiedade ou promover uma hipnose profunda, assim como o tempo em que se deseja manter o tratamento, são condições que devem estar previamente estabelecidas para que o agente adequado possa ser empregado e o resultado obtido seja satisfatório e previsível. Estudos farmacocinéticos e farmacodinâmicos têm demonstrado que a infusão contínua dos agentes hipnóticos e sedativos promovem um efeito mais previsível, mantendo a concentração plasmática próxima do desejável sem a ocorrência de vales e picos (observados nas injeções em bolus) e com redução do consumo final de agentes. Dispomos de uma gama considerável de agentes sedativos e hipnóticos para o uso clínico, destacandose os seguintes: benzodiazepínicos, propofol, barbitúricos, etomidato e dexmedetomidina. Cada um deles possui indicações específicas. Existe uma propriedade em comum e, com exceção da dexmedetomidina, esses agentes não possuem qualquer efeito analgésico intrínseco. No entanto, seu emprego em associação com os opióides promove benefícios inequívocos quando o componente doloroso é intenso. Merece especial destaque o fato de o etomidato interferir na esteroidogênese, o que limita o seu emprego em infusão contínua e por períodos prolongados. Os barbitúricos apresentam tropismo por tecidos ricos em lipídios, tornando a eliminação bastante prolongada e retardando o despertar. Atualmente, os benzodiazepínicos e o propofol são os medicamentos mais empregados desse grupo. O propofol tem sido utilizado tanto em procedimentos de curta duração, tais como cardioversão elétrica, endoscopia, intubação traqueal, quanto em sedação prolongada, tendo como objetivo o conforto Antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) Esses medicamentos têm sido empregados como potencializadores de analgésicos e opióides, principalmente no tratamento da dor aguda, diminuindo os reflexos endócrino-metabólicos ao trauma, promovendo uma melhor cicatrização e como componente principal na terapêutica preventiva da dor pós-operatória. Podemos destacar os seguintes agentes desse grupo: ácido mefenâmico, piroxicam, dipirona, fenilbutazona, oxifembutazona, indometacina, sulindaco, diclofenaco, cetoprofeno, ibuprofeno, naproxeno, paracetamol, fenacetina, nimesulida e rofecoxib. No entanto, devemos ressaltar que o emprego desses agentes deve estar correlacionado a uma boa função renal. Vários autores desaconselham seu uso perante qualquer limitação da função renal. Analgésicos opióides São analgésicos potentes, que têm a morfina como precursora e promovem analgesia e anestesia satisfatórias quando empregados em dosagens eqüipotentes. No entanto, os diferentes perfis farmacocinético e farmacodinâmico desses agentes nos sugerem indicálos de forma bastante criteriosa, de forma que os seus benefícios suplantem alguns paraefeitos conhecidos e que estes possam ser resolvidos prontamente. Atualmente, os principais opióides empregados na prática clínica são os seguintes: alfentanil, fentanil, meperidina, morfina, remifentanil, sufentanil, tramadol e nalbufina. A morfina foi empregada por Lowenstein em 1969, em doses elevadas, como agente único em anestesia para cirurgia cardíaca. Tendo em vista o mesmo objetivo, o fentanil foi utilizado na década de 70, também em dosagens elevadas. No entanto, a experiência clínica mostrou que mes- 14 mo em dosagens elevadas esses agentes não são capazes de conferir um grau de hipnose confiável, sendo o seu uso mais adequado quando combinado com agentes sedativos e hipnóticos. Tal conceito é válido tanto para sedação e analgesia quanto para anestesia geral endovenosa. Dessa forma, as dosagens podem ser ajustadas, otimizando seus efeitos terapêuticos e diminuindo consideravelmente os riscos. mento para controle de transtornos psiquiátricos. Os neurolépticos devem ser usados com cuidado em pacientes com glaucoma, hipertrofia de próstata, epilepsia e em idosos. São contra-indicados a doentes com mal de Parkinson. Dentre os principais agentes desse grupo, merecem destaque: clorpromazina, fenotiazínicos, haloperidol, tioxantinas, antidepressivos tricíclicos, inibidores da monoamina-oxidase (IMAO) e sais de lítio. Antipsicóticos e neurolépticos Rela x ant es neur omusculares Relax antes neuromusculares Apresentam ação ansiolítica, antiemética e sedativa, alteram a percepção da dor e controlam os transtornos psicóticos. Devemos lembrar que o uso crônico de algumas drogas denominadas psicotóxicas (estimulantes, opióides e sedativos), assim como daquelas de consumo popular (álcool, alucinógenos, café, Cannabis sativa e tabaco) ou das prescritas para tratamento de outras desordens (anti-hipertensivos, esteróides, estimulantes, glucosídeos cardíacos e sedativos), pode alterar o funcionamento do SNC, quer por toxicidade, quer por síndrome de abstinência. Atualmente, mais de 20% das prescrições médicas nos Estados Unidos incluem algum tipo de medicaQuadro 2. Principais grupos de agentes utilizados em sedação e analgesia 1. SEDATIVOS E HIPNÓTICOS • Benzodiazepínicos • Barbitúricos • Propofol 2. ANALGÉSICOS • Antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) • Opióides 3. ANTIPSICÓTICOS E NEUROLÉPTICOS 4. RELAXANTES MUSCULARES 5. ANESTÉSICOS • Locais • Endovenosos • Inalatórios Transmissão neuromuscular A inervação da musculatura esquelética é composta por fibras mielinizadas eferentes do tipo A α, cujos corpos celulares estão localizados nos núcleos dos nervos cranianos ou na substância cinzenta do corno anterior da medula. A porção do nervo junto à fibra muscular não possui a bainha de mielina, e na junção de ambos forma-se uma rica ramificação do primeiro e um íntimo contato com o sarcolema. A transmissão neuromuscular ocorre devido à transmissão do estímulo elétrico do nervo para o músculo, mediado por um neurotransmissor denominado acetilcolina (Ach). Os relaxantes neuromusculares podem ser classificados em dois grupos distintos, a saber: • Despolarizantes • Adespolarizantes Relaxante neuromuscular despolarizante O único agente empregado clinicamente nesta modalidade é a succinilcolina. Atualmente são descritos alguns mecanismos de ação desse agente, destacando-se o efeito agonista da succinilcolina, que ocupa as subunidades α, causando despolarização e dessensibilização à Ach e tendo como efeito final a flacidez muscular. Outro efeito descrito é o bloqueio dos canais de sódio na área perijuncional. Como a succinilcolina permanece mais tempo na 15 junção neuromuscular do que a Ach, a abolição do relaxamento muscular está na dependência da sua metabolização. A succinilcolina também tem ação na membrana pré-sináptica, promovendo a liberação adicional de Ach. A miofasciculação observada clinicamente pode ser a explicação desse efeito. Relaxante neuromuscular adespolarizante Esses agentes atuam na membrana pré-sináptica, causando a diminuição da liberação de Ach, ação esta que os torna úteis para evitar as miofasciculações causadas pela succinilcolina. O principal mecanismo desse grupo de agentes é o antagonismo da Ach por ação competitiva na placa motora, ocupando as subunidades α. Outro mecanismo proposto seria o efeito tampão, impedindo o influxo de sódio local. Os principais bloqueadores neuromusculares pertencentes a esse grupo empregados na prática clínica são os seguintes: alcurônio, atracúrio, cisatracúrio, galamina, mivacúrio, pancurônio, vecurônio e rocurônio. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. Anes tésicos Os anestésicos são subdivididos, conforme a via de administração, em: • Locais. • Endovenosos – abordados junto com os agentes sedativos e hipnóticos. • Inalatórios – não serão comentados, devido ao uso limitado em terapia intensiva. 15. 16. VI. DESPERT AR D A SED AÇÃO DESPERTAR DA SEDAÇÃO 17. O despertar deve ser tão previsível e programável quanto os motivos que levaram a equipe a indicar a sedação. 18. Referências bibliográficas 1. 2. Condutas no Paciente Grave. 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