Carlos Martins Nabeto

Transcrição

Carlos Martins Nabeto
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A FÉ CRISTÃ
Carlos Martins Nabeto
A FÉ CRISTÃ
- Coletânea de Sentenças Patrísticas -
Volume 3
Maria, os Santos e os
Anjos
1ª Edição
2007
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Carlos Martins Nabeto
Direitos Autorais do Autor
NABETO, Carlos Martins. 1969A Fé Cristã: Coletânea de Sentenças Patrísticas. Volume 3.
São Vicente: 2007.
(1ª edição, 96 páginas)
Bibliografia.
Registrado na Fundação Biblioteca
361.898, Livro 669, fls. 58.
Nacional
sob
o nº
1. Catolicismo; 2. Patrística; 3. Patrologia; 4. Literatura
cristã primitiva
I. Título
CDD – 281.1
Índices para Catálogo Sistemático:
1. Literatura cristã primitiva 281.1
2. Padres da Igreja: literatura cristã primitiva 281.1
3. Escritores eclesiásticos: literatura cristã primitiva 281.1
4. Patrística 281.1
5. Patrologia 281.1
Capa: Sílvio L. Medeiros – [email protected]
+NIHIL OBSTAT
pe. Caetano Rizzi - Vigário Judicial
Santos, 21/12/04 – na festa de São Pedro Canízio
+IMPRIMATUR
Conforme o cânon 827, §3, do Código de Direito
Canônico, autorizo a publicação desta obra.
+d. Jacyr F. Braido
Bispo Diocesano de Santos
01 de janeiro de 2005
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por
qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos,
microfilmáticos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos,
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Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial em qualquer sistema
de processamento de dados e a inclusão de qualquer parte da obra em
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características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos
autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei
nº 6.895, de 17.12.1980), com pena de prisão e multa, conjuntamente com
busca e apreensão e indenizações diversas (artigos 102, 103 parágrafo único,
104, 105, 106 e 107 itens 1, 2 e 3, da Lei nº 9.610, de 19.06,1998 [Lei dos
Direitos Autorais]). O autor concede licença especial para este e-book ser
armazenado
e
distribuído
pela
Internet,
apenas
pelos
sites
http://www.veritatis.com.br e http://cocp.veritatis.com.br.
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A FÉ CRISTÃ
“Todo aquele que der testemunho de Mim diante
dos homens, também Eu darei testemunho dele
diante de meu Pai que está nos céus”
(Mat. 10,32).
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Carlos Martins Nabeto
Série “Citações Patrísticas”
Volume 1
- A Palavra de Deus / A Profissão de Fé
Volume 2
- Deus Pai, Filho e Espírito Santo
Volume 3
- Maria, os Santos e os Anjos
Volume 4
- A Igreja de Cristo
Volume 5
- Os 7 Sacramentos / A Criação
Volume 6
- Escatologia e Questões Diversas
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A FÉ CRISTÃ
DEDICATÓRIA
À minha esposa, Ana Paula,
e filhos, Lucas e Victor.
Aos meus pais,
Modesto e Joaquina.
Aos irmãos de Apostolado
e a todos os meus leitores em geral.
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Carlos Martins Nabeto
SOBRE O AUTOR
Carlos Martins Nabeto, casado e pai de dois filhos, nasceu em
São Vicente-SP, vindo de uma família de classe média: o pai
comerciante e a mãe dona de casa.
Formado e pós-graduado em Ciência da Computação pela
Universidade Santa Cecília dos Bandeirantes (Uniceb); formado
em Direito pela Universidade Católica de Santos (UniSantos) e
pós-graduado em Direito Processual Matrimonial Canônico pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Trabalha como Analista de Sistemas, Professor Universitário e
Advogado.
Desde 1988 dedica-se ao estudo da Fé Cristã, tendo retornado
conscientemente ao seio da Igreja Católica em 1991. Fundador,
em 1997, do premiado site Agnus Dei, pioneiro na defesa da fé
católica na Internet. Em 2002, juntamente com Alessandro
Ricardo Lima, fundou o apostolado católico Veritatis Splendor
(http://www.veritatis.com.br) - considerado hoje um dos
maiores sites católicos em língua portuguesa – onde desde
então, além de suas atribuições familiares e seculares, dedicase à publicação e tradução de artigos referentes ao Cristianismo
Primitivo e à defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis.
Em 2007, fundou ainda o site COCP-Central de Obras do
Cristianismo
Primitivo
(http://cocp.veritatis.com.br),
visando centralizar e disponibilizar ao grande público a íntegra
de escritos do Período Patrístico.
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A FÉ CRISTÃ
ÍNDICE
INTRODUÇÃO GERAL
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DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL
O PERÍODO PATRÍSTICO
OCASIÃO DA PRESENTE OBRA
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MARIA, OS SANTOS E OS ANJOS
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1. MARIA
A) VENERAÇÃO NÃO É ADORAÇÃO
B) CULTO MARIANO
C) POSSIBILIDADE DO USO DAS IMAGENS SAGRADAS
D) O SIMBOLISMO DAS VELAS
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ANEXO - RELAÇÃO DE PADRES E ESCRITORES DO PERÍODO
PATRÍSTICO
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ÍNDICE ONOMÁSTICO
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A) DESCENDENTE DE DAVI
B) NOVA EVA
C) IMACULADA CONCEIÇÃO
D) VIRGEM ANTES DO PARTO DE JESUS
E) VIRGEM DURANTE O PARTO
F) VIRGEM APÓS O PARTO
G) A SEMPRE VIRGEM MARIA
H) ASSUNÇÃO AOS CÉUS
I) MÃE DE DEUS
J) MARIA E A IGREJA
K) A MAIS BEM-AVENTURADA PORQUE CREU
2. SANTOS
A) EXISTÊNCIA
B) A PREDESTINAÇÃO DE ALGUNS
C) O MARTÍRIO
D) A EXPANSÃO DA IGREJA MEDIANTE A PERSEGUIÇÃO E O MARTÍRIO
E) INTERCESSÃO DOS SANTOS
F) POSSIBILIDADE DAS APARIÇÕES
3. ANJOS
A) SUA EXISTÊNCIA
B) ENCONTRAM-SE HIERARQUICAMENTE ORGANIZADOS
C) TODO HOMEM POSSUI UM ANJO DA GUARDA
4. IMAGENS X IDOLATRIA
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BIBLIOGRAFIA E SITES CONSULTADOS
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LIVROS (FONTES DE CITAÇÕES)
SITES CONSULTADOS
PARA SABER MAIS...
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A FÉ CRISTÃ
OBSERVAÇÃO
Esta compilação, devidamente registrada perante as autoridades
civis e eclesiásticas, é o resultado de mais de cinco anos de
pesquisas e muitas horas de trabalho para sua organização e
editoração final.
Não obstante a isto, o Autor disponibiliza GRATUITAMENTE a
presente obra na Internet, favorecendo a edificação da fé e o
fomento da literatura cristã primitiva.
Por esse motivo, se este livro foi de alguma forma útil para
você, considere contribuir com QUALQUER VALOR que o seu
coração ordenar, efetivando depósito bancário na seguinte
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Esta obra (e futuras atualizações) somente poderá ser
encontrada e distribuída pelos seguintes sites:
APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR
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COCP-CENTRAL DE OBRAS DO CRISTIANISMO PRIMITIVO
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É terminantemente proibida a distribuição desta obra por outros
sites e comunidades da Internet, ou por outros meios, inclusive
impressos, ainda que gratuitamente ou sob qualquer alegação,
nos termos legais (cf. notícia de copyright à pág. 4). Somente
os sites acima indicados garantem a integridade e o conteúdo
da presente obra. Em caso de dúvida, acesse um desses sites
para obter gratuitamente uma cópia original desta obra.
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Carlos Martins Nabeto
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A FÉ CRISTÃ
PREFÁCIO
Com imensa satisfação, vejo nascer mais um e-book da Coleção
“Citações Patrísticas”, de autoria de Carlos Martins Nabeto.
Muito maior é minha alegria ao saber que o tema envolve toda a
doutrina da Igreja sobre os anjos, os santos e, principalmente,
Nossa Senhora. Ela, que esmaga a cabeça da serpente, também
esmaga todas as heresias!
A promessa de Deus feita à serpente foi cumprida, com efeito,
na Santíssima Virgem: “Porei ódio entre ti e a mulher...” (Gen.
3,15). De fato, Satanás não odeia a Mãe de Deus como também
induz a muitos homens, que andam perdidos nas trevas, a odiála também. E não amar Maria como ela merece é uma espécie
de ódio!
Nesse sentido, a obra de Carlos Nabeto vem prestar o tributo
devido a Nossa Senhora, demonstrando que seu culto tem
origem nos primórdios do Cristianismo. Mais do que isso: tem
origem na Encarnação do Verbo, quando o Arcanjo São Gabriel
a saúda: “Ave, cheia de graça!” (Luc. 1,28) O anjo é o primeiro
a louvá-la e nada mais fazemos do que seguir seu exemplo,
como também fez Nosso Senhor Jesus Cristo e o discípulo
amado, que em sua casa a recolheu após a Crucificação (Jo.
19,27).
Os tempos que hoje vivemos são cruciais para a Igreja. Muitos
dos seus filhos, incorporados a ela e a Cristo pelo Batismo,
andam afastados da verdadeira fé, professando os mais
variados erros. Não escapa nem mesmo a Virgem, cujos
altíssimos privilégios são rechaçados por um sem número de
seitas protestantes.
Nabeto, em seu mais recente e-book, oferece uma maravilhosa
contribuição para esses que odeiam, na prática, a Mãe de Jesus,
passem a amá-la. E amá-la com todas as veras de sua alma, de
sua inteligência, de seu coração: reconhecendo que ela é a Mãe
de Deus, a Bem-Aventurada e Sempre Virgem Maria, concebida
sem pecado original, assumpta ao céu para lá reinar com seu
Filho.
Diz de Nossa Senhora o fundador dos Legionários de Cristo e do
Movimento Regnum Christi, o pe. Marcial Maciel, LC:
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Carlos Martins Nabeto
“A Maria devo tanto! Tudo nela, relacionado com a minha vida,
está exposto por sua generosa entrega, por seu cuidado, por
seu sacrifício, por sua fidelidade, em uma palavra, por seu amor
de Mãe. Este amor me levou constantemente até Deus e apoiou
minha entrega a Ele e à humanidade, e me ensinou também,
desde o Cenáculo, o amor e a fidelidade à Igreja, sacramento de
salvação.
Maria é a minha guia em minha entrega absoluta a Deus, ao
aceitar incondicionalmente sua vontade; por Ela faço uma
aceitação e uma entrega sem indecisões nem reservas, alegre e
confiada, generosa e desinteressada, absoluta e fiel. Foi me
dada como Mãe ao pé da Cruz, e neste dom vindo do alto e
saído do próprio coração de Jesus Cristo contém os segredos de
minha fidelidade e gozo eterno” (Carta de 29 de Maio de 1988).
Se para com a Santíssima Virgem nutrimos, os católicos,
membros da única Igreja fundada por Cristo, sentimentos
altíssimos de louvor e gratidão, por causa das obras que Deus
nela fez, nem por isso descuidamos de prestar o devido culto de
honra aos demais homens e mulheres que foram fiéis ao
chamado do Espírito Santo. A esses bem-aventurados, que no
céu gozam da visão beatífica, somos devedores de suas orações
por nós, de toda a sua vida tornada exemplo, e de sua resposta
generosa a Deus que os presenteou com as riqueza de sua
graça.
Também sobre os demais santos, por isso, discorre o Autor.
Corrijo-me: não discorre... Deixa que os Pais da Igreja
discorram, com faz com a Virgem. É a voz desses escritores
eclesiásticos, primeiras testemunhas da Igreja nascente, muitos
deles contemporâneos dos Apóstolos, e todos eles, sem dúvida,
herdeiros dos mesmos na fé ensinada por Jeus, que se fez
presente nas linhas deste e-book.
Lendo-o, percebemos que a fé dos Padres, a fé da Igreja
Primitiva, a fé dos primeiros cristãos, acerca da Virgem e seus
privilégios, dos santos e dos anjos, de sua intercessão por nós,
e do nosso culto de veneração a ele, é a fé da Igreja de hoje.
Notamos claramente, pelas citações de tantos heróis da Igreja
dos primórdios, que a doutrina é a mesma, e a própria Igreja é
a mesma. Jesus fundou de fato uma Igreja: una, santa, católica
e apostólica, e esta é aquela unida ao Sucessor de Pedro!
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A FÉ CRISTÃ
Que a leitura de mais essa pérola do meu amigo Carlos Nabeto
eleve nossa alma a Deus, confirmando-nos na fé de nossos Pais
“Agostinho, Basílio, Efrém, Atanásio, Crisóstomo, Ambrósio,
Leão, Gregório etc.”, e sirva de instrumento para a conversão
de tantos irmãos separados, para que, de volta à Igreja
Católica, louvem Maria e os santos, para a perfeita adoração de
Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Rei do Universo.
Rafael Vitola Brodbeck
Pelotas-RS, 13 de agosto de 2007.
Memória de São Ponciano, Papa e
Santo Hipólito, Presbítero, Mártires.
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A FÉ CRISTÃ
INTRODUÇÃO GERAL
“Os melhores intérpretes das
Sagradas Escrituras são os
Padres da Igreja”
(João Paulo II)
Ingressamos, há alguns anos, no Terceiro Milênio da Era Cristã
mas, desde que o Senhor Jesus ascendeu aos céus (Mc. 16,19),
centenas de milhões de pessoas têm se sensibilizado por sua
palavra, por sua atitude, por seu amor... É fato que após a sua
ressurreição, coube sempre à Igreja o múnus de proclamar o
Evangelho por todo o mundo (Mt. 28,19), contando, para isso,
com o infalível auxílio do Espírito Santo (Jo. 15,26; 16,13; At.
2).
Peregrina neste mundo, a Igreja não raras vezes tem se
defrontado com obstáculos que tentam minar a fé e a unidade
dos fiéis. Um dos ataques mais comuns contra a Igreja é aquele
que a acusa de "deturpar a Palavra de Deus", visto que a Bíblia
seria "silente" em tal ou qual ponto da doutrina ou disciplina...
Surge daí, então, a dúvida: será que a Igreja Católica atual
pode ser identificada com aquela Igreja à qual Cristo empregou
o pronome possessivo "minha" (cf. Mt. 16,18)?
A resposta encontra-se claramente no Depósito da Fé confiado à
Igreja...
DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL
Sabe-se, inquestionavelmente, que Jesus passou todo o seu
ministério público ensinando as coisas de Deus Pai por viva voz,
mediante a pregação oral, com exceção de uma única vez,
quando escreveu, com o dedo, na terra (cf. Jo. 8,6);
infelizmente,
nessa
oportunidade
única,
nenhum
dos
evangelistas documentou o que ele teria escrito no chão.
Igualmente, constata-se na Bíblia que Jesus jamais ordenou aos
seus discípulos para que colocassem por escrito os seus
ensinamentos, mas os convocou para que, assim como ele,
pregassem o Evangelho a toda criatura (cf. Mc. 16,15),
afirmando, ainda, que aqueles que ouvissem seus discípulos
estariam ouvindo a Ele mesmo (cf. Lc. 10,16). Por isso, os
primeiros escritos do Novo Testamento - as epístolas de São
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Carlos Martins Nabeto
Paulo - começaram a surgir 20 anos após a ressurreição do
Senhor (os primeiros evangelhos, no entanto, somente
passaram a aparecer depois de 40 anos!). Percebe-se, assim,
que os discípulos de Jesus obedeceram fielmente a sua ordem,
primeiramente pregando e formando as primeiras comunidades,
para só depois escrever e, mesmo assim, apenas quando
necessário.
Com efeito, o próprio São Paulo deduz a existência de duas
formas de Tradição: a oral (formada pela pregação de viva voz)
e a escrita (composta pelo Antigo Testamento e os novos
documentos cristãos produzidos segundo a necessidade), como
lemos em 2Tes. 2,15. Em momento algum a Tradição escrita,
consignada na Bíblia, rejeita a Tradição oral (cf. 2Tim. 1,13,
2Tes. 3,6), até porque reconhece-se explicitamente que nem
todos os ensinamentos e feitos de Jesus poderiam caber dentro
dos limites de qualquer livro (cf. Jo. 20,30; 21,25) e que
somente a Igreja é "a coluna e o fundamento da Verdade"
(1Tim. 3,15), já que ela obviamente detém, por Pedro, as
chaves do Reino (cf. Mt. 16,19), podendo ligar e desligar as
coisas no céu (Mt. 18,18), bem como conta com a assistência
do Espírito Santo (cf. At. 2,4).
Daí a autoridade da Igreja para proclamar o Reino de Deus
(v.tb. Mt. 18,17) e, inclusive, para estabelecer o verdadeiro
cânon bíblico. Com efeito, quem estabeleceu o cânon do Antigo
(com 46 livros) e do Novo Testamento (com 27 livros) para os
cristãos foi a Igreja, no séc. IV, baseando-se na Tradição Oral
dos primeiros cristãos. Por isso, quem nega o valor da Tradição
Oral não pode nem acatar os livros da Bíblia, vez que esta, por
si só, não relaciona os livros que devem ser aceitos como
legítimos.
Por outro lado, boa parte daquilo que recebemos pela Tradição
oral foi coletada e citada por muitos cristãos primitivos, cuja fé
cristã autêntica não lhes pode ser negada ou reduzida, em seus
respectivos escritos, que demonstram posições não contrárias à
Bíblia ou complementares a esta. A autoridade de cada escritor,
porém, está firmada sobre a sua erudição, santidade e ordem
hierárquica.
Daí ser inegável a importância do período Patrístico para a
Igreja cristã, pois foi durante os primeiros séculos da Era Cristã
que não apenas a Igreja como a própria doutrina cristã se
"desenvolveram",
ou
seja,
foram
melhor
explicadas,
compreendidas e aceitas por toda a Cristandade.
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A FÉ CRISTÃ
O PERÍODO PATRÍSTICO
Geralmente compreende-se o Período Patrístico entre o final do
século I (com a morte do último Apóstolo, isto é, São João) e o
século VIII, inclusive. Durante todo esse período, muitas
perseguições e heresias surgiram e ameaçaram os fundamentos
do Cristianismo, mas graças aos esforços empreendidos por
diversos cristãos - de homens e mulheres rudes e figuras
anônimas a grandes bispos e teólogos, versados nas Sagradas
Letras (tradição escrita) e nas Tradições Apostólicas (tradição
oral) -, a fé cristã não apenas triunfou sobre os seus
perseguidores e detratores como também afastou de vez o
perigo de se ver contaminada pelo veneno mortal das heresias.
Podemos, pois, classificar esses ilustres cristãos da seguinte
maneira:
a) Padres da Igreja: São aqueles homens e mulheres de Deus
que, segundo os estudiosos da Patrística, reúnem as seguintes
características:
1) Doutrina Ortodoxa: não significa isenção total de erros,
mas a fiel comunhão de doutrina com a Igreja universal;
2) Santidade de Vida: na forma como se cultuavam os
santos na Antigüidade cristã;
3) Aprovação Eclesiástica: deduzida das deliberações e
declarações eclesiásticas; e
4) Antigüidade: dentro do período acima considerado (séc.
I-VIII d.C.)
b) Escritores Eclesiásticos: Cabe a todos os demais
escritores-teólogos da Antigüidade Cristã, mesmo os que não
refletem "doutrina ortodoxa" e "santidade de vida".
Isto posto, nota-se que o ensino unânime dos Padres é
considerado pela Igreja como regra infalível de uma verdade de
fé, já que, isoladamente, nenhum Padre da Igreja pode ser tido
por infalível, exceto quando foi Papa ensinando ex cathedra, ou
quando certa passagem de seu escrito foi aprovado por um
Concílio Ecumênico.
OCASIÃO DA PRESENTE OBRA
Conhecer os textos produzidos pelos primeiros cristãos além de
nos ajudar a compreender melhor a nossa fé, também nos
mostra que, hoje, muitas seitas voltam a pregar doutrinas já
condenadas nos primórdios do Cristianismo. E se foram
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Carlos Martins Nabeto
reprovadas é porque não refletiam - e não refletem! - a
verdadeira fé transmitida por Cristo à sua Igreja. Exatamente
por isso, não é de se estranhar que muitas pessoas tenham
retornado à Igreja de Cristo após estudar seriamente os textos
produzidos no Período Patrístico.
Porém, embora já fosse possível encontrar em língua
portuguesa algumas obras retratando personagens e ensinos ou
até mesmo reproduzindo na íntegra escritos desse Período (v.
Bibliografia, no final da presente obra), inexistia - até então em nosso mercado editorial, uma obra que reproduzisse
somente as passagens mais importantes de toda essa vasta
produção literária, segundo uma abrangente ordem de matérias
e submatérias afins. É justamente esse espaço que
pretendemos preencher, "facilitando a vida", em especial, dos
estudantes de Teologia, seminaristas, clérigos e catequistas...
Visando também demonstrar que a doutrina da Igreja
permaneceu inalterada nestes dois mil anos de Cristianismo,
apresentamos cada matéria e/ou submatéria citando ainda o(s)
versículo(s) bíblico(s) correspondente(s), ainda que não
exaustivamente, bem como reproduzimos o ensino oficial da
Igreja, quer citando o Catecismo da Igreja Católica, quer quando isto não for possível - reproduzindo um texto retirado de
alguma obra de prestígio em nosso mercado editorial.
Apresentando, pois, mais de 1.600 citações dos primeiros
padres e escritores da Igreja primitiva, pretendemos, por fim,
tornar realidade, da forma mais simples possível, o desejo
explicitamente manifestado pelos padres do Concílio Vaticano II
(p.ex., decr. Presbyterorum Ordinis, nº 19). "Retornando" às
fontes patrísticas, certamente estaremos adequando o nosso
pensamento sobre as coisas de Deus com o ensinamento da
Igreja dos primeiros tempos, solidificando a nossa fé de hoje e
de sempre, já que o consenso unânime dos Padres da Igreja
continua sendo considerado argumento decisivo em qualquer
controvérsia teológica.
Carlos Martins Nabeto
Aos 13 dias de Janeiro de 2005,
Festa de Santo Hilário de Poitiers (+367),
bispo e doutor da Igreja.
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A FÉ CRISTÃ
MARIA, OS SANTOS E OS ANJOS
A Igreja, que desde o início modela a sua caminhada terrena
pela caminhada da Mãe de Deus, repete constantemente, em
continuidade com ela, as palavras do “Magnificat”. Nas
profundidades da fé da Virgem Maria na Anunciação e na
Visitação, a Igreja vai haurir a verdade acerca do Deus da
Aliança; acerca de Deus que é Todo-poderoso e faz “grandes
coisas” no homem: “santo é o seu nome”. No Magnificat, ela vê
debelado nas suas raízes o pecado do princípio da história
terrena do homem e da mulher: o pecado da incredulidade e da
“pouca fé” em Deus. Contra a “suspeita” que o “pai da mentira”
fez nascer no coração de Eva, a primeira mulher, Maria, a quem
a tradição costuma chamar “nova Eva” e verdadeira “mãe dos
vivos”, proclama com vigor a não ofuscada verdade acerca de
Deus: o Deus santo e onipotente, que desde o princípio é a
fonte de todas as dádivas, Aquele que “fez grandes coisas” nela,
Maria, assim como em todo o universo. Deus, ao criar, dá a
existência a todas as realidades; e ao criar o homem, dá-lhe a
dignidade da imagem e da semelhança consigo, de modo
singular em relação a todas as demais criaturas terrestres. E
não se detendo na sua vontade de doação, não obstante o
pecado do homem, Deus dá-se no Filho: “Amou tanto o mundo
que lhe deu o seu Filho unigênito” (Jo. 3,16). Maria é a primeira
testemunha desta verdade maravilhosa, que se atuará
plenamente mediante “as obras e os ensinamentos” (cf. At 1,1)
do seu Filho e, definitivamente, mediante a sua Cruz e
Ressurreição.
A Igreja, que, embora entre “tentações e tribulações”, não
cessa de repetir com Maria as palavras do “Magnificat”, “escorase” na força da verdade sobre Deus, proclamada então com tão
extraordinária simplicidade; e, ao mesmo tempo, deseja
iluminar com esta mesma verdade acerca de Deus os difíceis e
por vezes intrincados caminhos da existência terrena dos
homens. A caminhada da Igreja, portanto, já quase no final do
segundo milênio cristão, implica um empenhamento renovado
na própria missão. Segundo Aquele que disse de si: “(Deus)
mandou-me a anunciar aos pobres a boa nova” (cf. Lc 4,18), a
Igreja tem procurado, de geração em geração, e procura ainda
hoje, cumprir esta mesma missão.
(Carta Encíclica Redemptoris Mater nº 37)
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Carlos Martins Nabeto
1. Maria
O que a fé católica crê acerca de Maria funda-se no que ela crê
acerca de Cristo; mas o que a fé ensina sobre Maria, ilumina,
por sua vez, a sua fé em Cristo (CIC 487).
a) Descendente de Davi
“José foi também da Galiléia, da cidade de Nazaré, à
Judéia, à cidade de Davi, que se chamava Belém,
porque era da casa e família de Davi, para se recensear
juntamente com Maria, sua esposa, que estava
grávida” (Luc. 2,4-5).
“Deus enviou seu Filho” (Gal. 4,4), mas para formar-lhe um
corpo, quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde
toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho,
uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galiléia,
“uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa
de Davi, e o nome da Virgem era Maria” (Luc. 1,26-27) (CIC
488).
Agostinho de Hipona
"Mateus, ao estabelecer a genealogia de Cristo segundo a
carne desde Abraão, o pai do povo fiel, e a continuar na
linha descendente até Davi (Mt. 1,1-17) (...), teve em vista
mostrar a função e dignidade real de Cristo (...) Lucas,
querendo também fornecer a genealogia do Senhor segundo
a carne, mas na linha sacerdotal, narra os graus de origem
de seus antepassados (Lc. 3,23-38). Todavia, não menciona
os mesmos nomes de Mateus, isso porque a linhagem
sacerdotal não era a mesma que a linhagem de sangue
real; esta teve como origem Davi. Ora, um de seus filhos
(José), conforme o costume de então, desposara uma
mulher da tribo sacerdotal, o que fazia Maria pertencer a
uma e outra tribo, isto é, às tribos real e sacerdotal. Assim,
quando José e Maria foram recenseados, está escrito serem
eles da casa, isto é, da estirpe de Davi (Lc. 2,4), mas ocorre
ainda que Isabel, de quem está dito ser parenta de Maria,
pertencia à tribo sacerdotal (Lc 1,5.36)" (De diversis
quaestionibus 83).
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A FÉ CRISTÃ
***
b) Nova Eva
“Porei inimizades entre a serpente e a mulher e entre a
sua posterioridade e a posterioridade dela” (Gen.
3,15).
A Virgem Maria cooperou para a salvação humana com livre fé e
obediência. Pronunciou o seu “faça-se” em representação de
toda a natureza humana. Pela sua obediência, tornou-se a nova
Eva, Mãe dos viventes (CIC 511).
Justino Mártir
"Entendemos que [Jesus] se fez homem, por meio da
Virgem, a fim de que o caminho que deu origem à
desobediência instigada pela serpente fosse também o
caminho que destruísse a desobediência. Eva era virgem e
incorrupta; concebendo a palavra da serpente, gerou a
desobediência e a morte. A Virgem Maria, porém, concebeu
fé e alegria quando o anjo Gabriel lhe anunciou a boa nova
de que o Espírito do Senhor viria sobre ela; a força do
Altíssimo a cobriria com sua sombra, de modo que o Santo
que dela nasceria seria o Filho de Deus. Então respondeu
ela: 'Faça-se em mim segundo a tua palavra'. Da Virgem,
portanto, nasceu Jesus, de quem falam as Escrituras (...)
aquele por quem Deus destrói a serpente" (Diálogo com
Trifão 100,4-5).
Ireneu de Lião
"Por conseguinte (...) encontra-se Maria, Virgem obediente
(...) Eva, ainda virgem, fez-se desobediente e tornou-se
para si e para todo o gênero causa de morte. Maria, Virgem
obediente, tornou-se para si e para todo o gênero humano
causa de salvação (...) A partir de Maria até Eva retoma-se
o mesmo círculo. Não existe outro modo de desatar o nó a
não ser fazendo com que os fios da corda onde se deu o nó
percorram o sentido contrário (...) Eis porque Lucas inicia a
genealogia de Jesus começando pelo Senhor indo até Adão
(Lc. 3,23-38), evidenciando que o verdadeiro movimento da
geração não procede dos antepassados até Cristo, mas vai
de Cristo a eles segundo o Evangelho da Vida. Assim é que
a desobediência de Eva foi resgatada pela obediência de
Maria. Com efeito, o nó que a virgem Eva atou com a
- 23 -
Carlos Martins Nabeto
incredulidade, Maria o desatou com a fé" (Contra as
Heresias 3,22,4).
"Da mesma forma que aquela (Eva) foi seduzida para
desobedecer a Deus, esta (Maria) foi persuadida a obedecer
a Deus, por ser ela, a Virgem Maria, a advogada de Eva.
Assim, o gênero humano, submetido à morte por uma
virgem, foi dela libertado por uma Virgem, tornando-se
contrabalanceada a desobediência de uma virgem pela
obediência de outra" (Contra as Heresias 5,19).
"Foi por meio de uma virgem (=Eva) desobediente que o
homem foi golpeado, caiu e morreu. Da mesma forma, é
pela Virgem [Maria], obediente à Palavra de Deus, que o
homem (...) encontrou de novo a vida (...) Era justo e
necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, a fim de
que o mortal fosse absorvido e tragado pela imortalidade e
Eva fosse reconstruída em Maria. Deste modo, uma Virgem
feita advogada de uma virgem, cancelou e anulou a
desobediência de uma virgem com a sua obediência de
virgem" (Demonstração da Pregação Apostólica 33).
Efrém da Síria
"O anjo Gabriel foi enviado a Maria para preparar uma
morada para o seu Senhor. Nela, a raça dos homens vis e
insignificantes se uniu com a raça divina que está acima de
todas as paixões (...) Pela prole de Maria, tem sido
abençoada aquela mãe que foi amaldiçoada em seus filhos
(Gen 3,16), trazendo bênçãos, as mais profundas, a esta
mulher cuja prole destruiu a morte e a Satanás. E no seio
de Maria se fez criança Aquele que é igual a seu Pai desde a
eternidade; comunicou-nos sua grandeza e assumiu nossa
pequenez; conosco se fez mortal e nos infundiu sua vida a
fim de livrar-nos da morte (...) Maria é o jardim ao qual
desceu do Pai a chuva da bênção. Esta aspersão chegou até
o rosto de Adão e, assim, Este recobrou a vida e se
levantou do sepulcro, já que por seus inimigos tinha sido
sepultado no Xeol" (Carmina Soguita 1).
Epifânio de Salamina
"Numa consideração exterior e aparente, dir-se-ia que de
Eva derivou a vida (...) Na verdade, é de Maria que deriva a
verdadeira Vida para o mundo; é ela que dá à luz o Vivente;
é ela a Mãe dos viventes".
"Eva trouxe ao gênero humano uma causa de morte: por
- 24 -
A FÉ CRISTÃ
ela, a morte entrou no orbe da terra; Maria trouxe uma
causa de vida e por ela a vida se estendeu a nós. Foi por
isso que o Filho de Deus veio a este mundo: para que, onde
abundou o delito, superabundasse a graça; onde a morte
havia chegado, aí chegou a vida, para tomar seu lugar; e
aquele mesmo que nasceu da mulher para ser nossa vida,
haveria de expulsar a morte, introduzida pela mulher.
Quando ainda virgem no paraíso, Eva desagradou a Deus
por sua desobediência. Por isto mesmo emanou da Virgem
[Maria] a obediência própria da graça, depois que se
anunciou o advento do Verbo revestido de corpo, o advento
da eterna Vida do céu" (Panárion 78,18,1-3).
Agostinho de Hipona
Pelo sexo feminino caiu o homem e pelo sexo feminino
encontrou o homem a sua reparação, pois uma Virgem deu
à luz ao Cristo; e uma mulher anunciou a ressurreição! Pela
mulher veio a morte; pela mulher chegou a vida!" (Sermão
232,2).
"Nossa primeira queda teve lugar quando a mulher de quem
herdamos a morte concebeu, em seu coração, o veneno da
serpente. A serpente, com efeito, a persuadiu a pecar e este
mau conselho encontrou guarida em seus ouvidos. Se nossa
primeira queda teve lugar quando a mulher concebeu em
seu coração o veneno da serpente, não há de estranhar-nos
que nossa saúde tenha sido restaurada quando outra
mulher concebeu em seu seio a carne do Todo-Poderoso.
Um e outro sexo tinham caído; um e outro tinham que ser
restaurados. Por uma mulher fomos entregues à morte; por
uma mulher nos foi devolvida a saúde" (Sermão 289,2).
***
c) Imaculada conceição
“Deus te salve, cheia de graça; o Senhor é contigo”
(Luc. 28b).
Esta santidade inteiramente singular da qual Maria é enriquecida
desde o primeiro instante da sua conceição, lhe vem
inteiramente de Cristo: em vista dos méritos de seu Filho, foi
redimida de um modo mais sublime. Mais do que qualquer outra
pessoa criada, o Pai a “abençoou com toda sorte de bênçãos
espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef. 1,3). Ele a escolheu n’Ele,
desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada
na sua presença, no amor (CIC 492).
- 25 -
Carlos Martins Nabeto
Hipólito de Roma
"Ele (=Jesus) era a arca composta por madeira
incorruptível. Com efeito, o seu tabernáculo (=Maria) era
isento da podridão e corrupção" (Orat. Inillud).
Orígenes de Alexandria
"Esta Virgem Mãe do Unigênito de Deus chama-se Maria,
digna de Deus, imaculada das imaculadas, sem par"
(Homilia 1).
Efrém da Síria
"Que a mulher entoe louvor, à pura Maria" (Hinos da
Natividade 15,23).
"Somente Vós (=Cristo) e vossa Mãe sois mais belos do que
qualquer outro ser. Em ti, Senhor, não há mancha alguma;
na tua Mãe nada de feio existe" (Carmina Nisibena 27,8).
Cirilo de Jerusalém
"Que arquiteto, erguendo uma casa de moradia, consentiria
que seu inimigo a possuísse inteiramente e habitasse?".
Ambrósio de Milão
"Maria, uma virgem não profanada, Virgem tornada
inviolável pela graça, livre de toda mancha do pecado"
(Sermão 22,30).
João Crisóstomo
"Se de nada teria servido a Maria ter dado à luz o Cristo, se
não fosse plenamente rica em virtude, muito menos [a
vinda de Cristo] nos ajudará" (Comentário sobre o
Evangelho de João 21,3).
Agostinho de Hipona
"Nem se deve tocar na palavra 'pecado' em se tratando de
Maria; e isto em respeito Àquele de quem mereceu ser a
Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça"
(Sermão 215,3).
"Não entregamos Maria ao diabo por condição original pois
afirmamos que sua própria condição original se anula pela
graça da redenção." (Contra Juliano 4). "Exceto a Santa
Virgem Maria, da qual não quero, por honra do que é devido
ao Senhor, suscitar qualquer questão ao se tratar de
pecados, pois sabemos que lhe foi concedida a graça para
- 26 -
A FÉ CRISTÃ
vencer por todos os flancos o pecado, porque mereceu ela
conceber e dar à luz a quem não teve pecado algum.
Exceto, digo a esta Virgem, se tivéssemos podido congregar
todos os santos e santas que aqui viviam e perguntássemos
se jamais tinham pecado, o que teriam respondido? (...)
Não é verdade que teriam unanimemente exclamado: 'Se
dissermos que não pecamos, enganamo-nos, e a verdade
não está em nós'?" (De Natura et Gratia 36,42).
Teotecnos de Lívias
"Nasce como os querubins aquela (=Maria) que é de um
barro puro e imaculado".
Concílio Regional de Latrão
"Maria, a Santa Mãe de Deus e imaculada Virgem (...)
concebeu do Espírito Santo, sem semente viril, o próprio
Deus Verbo; deu-O à luz sem perder a sua integridade e,
também depois do parto, conservou inalterada a sua
virgindade".
João Damasceno
"Posto que a Virgem Mãe de Deus nasceria de Ana, a
natureza não se atreveu a se antecipar ao germe da graça,
mas permaneceu sem fruto até que a graça produzisse o
seu. Era conveniente, pois, que nascesse como primogênita
aquela da qual haveria de nascer o Primogênito de toda a
criatura, em quem subsistem todas as coisas (Col. 1,15-17).
Ó venturosa companheira: a vós está sujeita toda a criação!
Por meio de vós, com efeito, ofereceu o Criador o melhor de
todos os dons, ou seja, aquela augusta Mãe, a única que foi
digna do Criador! Ó felizes entranhas de Joaquim, da qual
saiu uma descendência absolutamente sem mancha! Ó seio
glorioso de Ana, no qual pouco a pouco foi crescendo e se
desenvolvendo uma criança completamente pura e, depois
de formada, foi dada à luz!" (Homilia I da Natividade de
Maria 2).
André de Creta
"O corpo de Virgem é uma terra que Deus trabalhou, as
primícias da massa adamítica divinizada em Cristo, a
imagem verdadeiramente semelhante à beleza primitiva, o
barro amassado pelas mãos do Artista divino" (Sermão da
Dormição de Maria 1).
"Hoje a humanidade, em todo fulgor da sua nobreza
- 27 -
Carlos Martins Nabeto
imaculada recebe a beleza antiga. As vergonhas do pecado
tinham obscurecido o esplendor e o fascínio da natureza
humana. Mas quando nasce a Mãe do Belo por excelência
(=Jesus), esta natureza recupera, na sua pessoa, os antigos
privilégios e é plasmada segundo um modelo perfeito e
verdadeiramente digno de Deus (...) Hoje a reforma da
nossa natureza começa e o mundo envelhecido, submetido
a uma transformação totalmente divina, recebe as primícias
da segunda criação" (Sermão da Natividade de Maria 1).
Concílio Ecumênico de Nicéia II
"Definimos, com todo rigor e cuidado, que, à semelhança da
representação da cruz preciosa e vivificante, assim como as
veneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,
quer em qualquer outro material adaptado, devem ser
expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,
nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nas
casas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus e
Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa e
Santa Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos
justos".
***
d) Virgem antes do parto de Jesus
“Foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da
Galiléia, chamada Nazaré, a uma Virgem desposada
com um varão. O nome da Virgem era Maria” (Luc.
1,26b.27b).
Desde as primeiras formulações da fé, a Igreja confessou que
Jesus foi concebido exclusivamente pelo poder do Espírito Santo
no seio da Virgem Maria, afirmando também o aspecto corporal
deste evento: Jesus foi concebido “do Espírito Santo, sem
sêmen” (Concílio Regional de Latrão). Os Padres vêem na
conceição virginal o sinal de que foi verdadeiramente o Filho de
Deus que veio a uma humanidade como a nossa (CIC 496).
Inácio de Antioquia
"O Filho de Deus (...) verdadeiramente nasceu de uma
virgem" (Epístola aos Esmirnenses 1,1).
Justino Mártir
"'A Virgem há de conceber' (Is. 7,14), não do varão (...) A
- 28 -
A FÉ CRISTÃ
força de Deus, sobrevindo a ela, recobriu-a e fez que,
embora virgem, se tornasse grávida" (Apologia 1,33).
Ireneu de Lião
“Que haveria de grande ou que sinal se produziria se uma
jovem desse à luz após ter concebido de varão? É
justamente isto o que acontece com todas as mulheres que
dão à luz" (Contra as Heresias 3,21,6).
Ambrósio de Milão
Iria escolher Nosso Senhor Jesus para ser sua Mãe a quem
se atrevesse a profanar o seio celeste com a intervenção de
um varão ou uma mulher incapaz de guardar intacto o
pudor virginal? Aquela com cujo exemplo estimula as
demais virgens ao amor da integridade" (Da formação da
Virgem 44-45).
"Dissemos que José era um varão justo, dando-nos o
evangelista a entender que ele não se atreveria a profanar o
templo do Espírito Santo: o ventre do mistério, o corpo da
Mãe de Deus" (Comentário ao Evangelho de Lucas).
Agostinho de Hipona
"Causa-te estranheza (ó Porfírio), porventura, o inusitado
parto de uma Virgem? Nem sequer isto deve constrangerte. Digo mais: isto deve conduzir-te a aceitar a ter piedade
porque Aquele que é admirável nasce admiravelmente" (A
Cidade de Deus 10,29,1.2).
"Entre todas as mulheres, Maria é a única a ser ao mesmo
tempo Virgem e Mãe, não somente segundo o espírito, mas
também pelo corpo".
"Maria deu à luz corporalmente a Cabeça deste corpo. A
Igreja dá à luz espiritualmente os membros dessa Cabeça.
Nem em Maria, nem na Igreja, a virgindade impede a
fecundidade. E nem em uma, nem em outra, a fecundidade
destrói a virgindade" (Da Virgindade Consagrada 2,2).
"[Maria] dedicou a sua virgindade a Deus, quando ainda não
sabia a quem devia conceber, a fim de que a imitação da
vida celeste no corpo terreno e mortal se fizesse por voto,
não por preceito; por opção de amor, não por necessidade
de serviço" (Da Virgindade Consagrada 4,4).
"Está dito: 'Jesus Cristo foi formado 'da estirpe de Davi
segundo a carne', conforme o Apóstolo (Rom 1,3). Isso
significa que foi modelado do limo da terra (Gen 2,7) E
- 29 -
Carlos Martins Nabeto
nesse mesmo livro do Gênesis está posto: '(Não havia ainda
nenhum arbusto sobre a terra) porque não havia homem
para cultivar o solo' (Gen 2,5). Isto é, nenhum varão tocara
a Virgem da qual nasceria Cristo. 'E uma fonte brotava da
terra e regava toda a sua superfície' (Gen 2,6). A 'superfície
da terra' significa, muito justamente, a Mãe do Senhor, a
Virgem Maria, a quem o Espírito Santo irrigou. Com efeito,
ao Espírito Santo, o evangelho denomina 'fonte' e 'água' (Jo
4,14; 7,38-39), para que do 'limo' fosse formado aquele
homem (Jesus). Foi Ele colocado no paraíso com a
finalidade de trabalhá-lo e guardá-lo, isto é, cumprir e
observar a vontade do Pai" (De genesi ad manichaeos
2,24,37).
***
e) Virgem durante o parto
“E deu à luz o seu Filho primogênito, enfaixou-o e o
reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar
para eles na estalagem” (Luc. 2,7).
O aprofundamento da sua fé na maternidade virginal levou a
Igreja a confessar a virgindade real (...) de Maria, mesmo no
parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento
de Cristo não lhe violou, mas sagrou a integridade virginal da
Sua Mãe (CIC 499).
Inácio de Antioquia
"O príncipe deste mundo ignorou a virgindade de Maria e o
seu parto, da mesma forma que a morte do Senhor: três
mistérios proeminentes que se realizaram no silêncio de
Deus" (Epístola aos Efésios 19,10).
Protoevangelho Apócrifo de Tiago
"A gruta estava coberta por uma nuvem luminosa (...) De
repente, a nuvem começou a se retirar da gruta e, lá
dentro, brilhou uma luz tão forte que nossos olhos não
podiam resistir a ela. Por um momento, ela começou a
diminuir até o ponto em que apareceu um menino e veio
tomar o peito de sua Mãe. A parteira então deu um grito,
dizendo: 'Grande é para mim o dia de hoje, pois me foi
possível ver, com meus próprios olhos, um novo milagre'"
(17,3.20).
- 30 -
A FÉ CRISTÃ
Agostinho de Hipona
"Nossa fé não é ficção. Nunca vimos o rosto da Virgem
Maria da qual, sem contato de varão e sem detrimento de
sua virgindade no parto, nasceu o Senhor Jesus Cristo
milagrosamente" (A Trindade 8,5,7).
"Cremos no Filho de Deus, que nasceu pelo Espírito Santo
da Virgem Maria. De fato, o Dom de Deus, isto é, o Espírito
Santo, é que nos valeu tão grande humildade por parte de
um Deus tão magnífico, a ponto de se dignar tomar nossa
natureza toda inteira no seio de uma Virgem. Veio ele
habitar num seio materno, deixando-o intacto" (Da Fé e do
Símbolo 4,8).
"Causa-nos admiração o parto de uma Virgem (...) Sua
integridade virginal permaneceu inviolada na concepção e
no parto" (Sermão 192,1).
Papa Gregório I Magno de Roma
"Virgem que deu à luz e, enquanto dava à luz, duplicava a
virgindade".
"O corpo do Senhor, após a ressurreição, entrou onde se
achavam os discípulos, passando por portas fechadas; esse
mesmo corpo que, ao nascer, saiu do seio fechado,
manifestando-se aos olhos dos homens. Não é para se
admirar que o Senhor, ressuscitado para viver eternamente,
tenha atravessado portas fechadas, visto que, para morrer,
Ele veio a nós através do seio fechado da Virgem" (Homilia
26,1).
***
f) Virgem após o parto
“E deu à luz o seu Filho primogênito, enfaixou-o e o
reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar
para eles na estalagem” (Luc. 2,7).
[Tal aprofundamento na fé da maternidade virginal leva a Igreja
a professar] a virgindade real e perpétua de Maria (cf. CIC 499).
Orígenes de Alexandria
"Isto soa como algo de sagrado, pois para se falar
propriamente, aplica-se apenas ao caso de Jesus. Ele é o
único menino que abre o seio de sua Mãe. Nas outras mães,
- 31 -
Carlos Martins Nabeto
o seio está aberto desde antes... Só o de Maria, sagrado e
digno de toda veneração, permanece intacto" (Homilia 14
sobre o Evangelho de Lucas).
Efrém da Síria
"Virgem gerou a Luz, sem ficar com nenhum sinal, como a
sarça que ardia ao fogo sem se consumir".
Agostinho de Hipona
“Veio Ele (=Cristo) habitar num seio materno, deixando-o
intacto".
"Mas os católicos (...), ao contrário, sempre creram na
virgindade de santa Maria, no parto. Ele tomou de Maria um
corpo real e autêntico, tendo sua Mãe permanecido virgem
no parto, assim como depois do parto" (Contra Juliano
1,2,4).
"Na verdade, era digno e de todo conveniente, que o parto
daquela que havia procriado ao Senhor do céu e da terra, e
que permaneceu virgem após ter dado à luz, fosse
celebrado não somente com festejos humanos, mas com
cânticos sublimes de louvor pelos anjos" (Sermão 193,1).
"Nosso Senhor entrou por sua livre vontade no seio da
Virgem (...) Engravidou sua Mãe, todavia sem privá-la da
sua virgindade. Tendo-se formado a si mesmo, saiu e
manteve íntegras as entranhas da mãe. Desta maneira,
revestiu aquela de quem se dignou nascer, com a honra de
Mãe e com a santidade de Virgem. Que significa isso? Quem
pode dizê-lo? Quem o pode calar? Coisa admirável! Mas não
nos é permitido calar aquilo de que somos incapazes de
esclarecer (...) Não obstante, sentimo-nos constrangidos a
louvar, para que o nosso silêncio não seja sinal de
ingratidão. Graças sejam dadas a Deus! Aquilo que não se
pode exprimir dignamente, pode-se crer firmemente"
(Sermão 215,3).
"Maria: Jesus ao ser concebido em ti, encontrou-te virgem
e, uma vez nascido, deixa-te virgem. Concede-te a
fecundidade sem te privar da integridade! De onde te vem
tudo isso? (...) Dize-me, ó Anjo, de onde veio tal glória a
Maria? E o Anjo diz: 'Eu já o declarei ao saudá-la - Ave,
cheia de graça!'" (Sermão 291,6).
Papa Leão I Magno de Roma
"O Filho de Deus foi concebido do Espírito Santo no seio da
- 32 -
A FÉ CRISTÃ
Virgem Maria, que O deu à luz, conservando a sua
virgindade, como o concebeu conservando a sua virgindade"
(Epístola a Flaviano 2).
Concílio Regional de Latrão
"Maria, a Santa Mãe de Deus e imaculada Virgem (...)
concebeu do Espírito Santo, sem semente viril, o próprio
Deus Verbo; deu-O à luz sem perder a sua integridade e,
também depois do parto, conservou inalterada a sua
virgindade" (DZ 503).
***
g) A sempre Virgem Maria
“E deu à luz o seu Filho primogênito, enfaixou-o e o
reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar
para eles na estalagem” (Luc. 2,7).
[Por tudo,] a Liturgia da Igreja celebra Maria como
Aeiparthenos, isto é, a “Sempre Virgem” (CIC 499 in fine).
a
Efrém da Síria
"Virgem, ela (=Maria) O deu à luz e fica incólume em sua
virgindade / Inclinou-se e partiu-O e, assim Virgem, ela o
levantou e o alimentou com seu leite / Ela é Virgem e assim
morre, sem que sejam violados os selos da sua virgindade"
(Hino 15,2).
Ambrósio de Milão
"Que porta é esta senão Maria, que permanece fechada por
ser virgem? Portanto, esta porta foi Maria, através da qual
Cristo veio a este mundo graças a um parto virginal, sem
romper os claustros fecundos da pureza. Permaneceu
íntegro em seu pudor e se conservaram intactos os selos da
virgindade, enquanto nascia Cristo de uma Virgem cuja
grandeza não podia sustentar o mundo inteiro. Esta porta disse o Senhor - há de permanecer fechada e não se abrirá.
Bela porta: Maria, que sempre se manteve fechada e não a
abriu! Passou Cristo através dela, mas não abriu" (Da
formação da Virgem 52-53).
Epifânio de Salamina
"Dela, na verdade, o Senhor nascera, quanto ao corpo; sua
encarnação não fora aparente, mas real. E se ela não fosse
- 33 -
Carlos Martins Nabeto
verdadeiramente sua Mãe, aquela de quem recebera a
carne e que o dera à luz, não se preocuparia tanto em
recomendá-la como a sempre Virgem. Sendo sua Mãe, não
admitia mancha alguma na sua honra e no admirável vaso
do seu corpo".
"[O Filho de Deus] encarnou-se, isto é, foi gerado de modo
perfeito por santa Maria, a sempre Virgem, por obra do
Espírito Santo" (Ancoratus 119,5).
João Crisóstomo
"Virgem que permaneceu virgem, sendo verdadeiramente
mãe".
Agostinho de Hipona
"Cristo nasceu, com efeito, da Mãe que, embora sem
contato com varão, concebeu intacta e sempre intacta
permaneceu. Concebeu virgem, dando à luz virgem, virgem
morrendo, embora fosse desposada com um carpinteiro,
extinguindo todo orgulho da nobreza carnal. Uma virgem
concebe, virgem leva o fruto; uma virgem dá à luz e
permanece perpetuamente virgem".
"Quanto ao que cremos a respeito de sua sepultura, essa fé
evoca a recordação daquele sepulcro novo que viria
testemunhar a ressurreição de Cristo para uma vida nova,
tal como aconteceu com o seio virginal em relação ao seu
nascimento. Com efeito, assim como nesse sepulcro
nenhum morto foi sepultado (Jo. 19,41), nem antes, nem
depois, também no seio virginal de Maria, nem antes, nem
depois, ser mortal algum foi concebido" (Da Fé e do Símbolo
5,11).
"Virgem concebeu, Virgem deu à luz, Virgem viveu até a
morte, ainda que estivesse desposada com um operário"
(Da Instrução dos Catecúmenos 22,40).
"Maria permaneceu virgem, concebendo o seu Filho. Virgem
ao dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo
do seu seio, Virgem sempre" (Sermão 186,1).
Cirilo de Alexandria
"Ela é Mãe e virgem! Que coisa admirável! Esse milagre me
deixa extasiado. Quem jamais ouviu dizer que o construtor
fosse impedido de habitar no templo que ele próprio
construiu? Quem se humilhou tanto a ponto de escolher
uma escrava para ser a sua própria mãe? Eis que tudo
- 34 -
A FÉ CRISTÃ
exulta de alegria! Reverenciemos e adoremos a divina
Unidade; com santo temor veneremos a indivisível Trindade
ao celebrar com louvores a sempre Virgem Maria! Ela é o
templo santo de Deus, que é seu Filho e esposo imaculado.
A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém" (Homilia no
Concílio de Éfeso).
Concílio Ecumênico de Constantinopla II
"[O Verbo de Deus,] tendo-se encarnado da santa gloriosa
Mãe de Deus e sempre virgem Maria, nasceu dela" (DS
422).
Ildelfonso de Toledo
"(Maria) Tua pureza fica salva no anúncio angélico sobre tua
prole; tua virgindade encontra segurança no nome de teu
Filho e, assim, permaneces honesta e íntegra após o parto.
Não quero ver-te (=Joviano) questionando sobre o pudor de
nossa Virgem no parto; não quero ver-te corromper a sua
integridade na geração; não quero saber violada sua
virgindade no momento em que deu à luz. Não lhe negues a
maternidade porque foi virgem; não a prives da plena glória
da virgindade porque foi mãe. Se confundes uma dessas
coisas, erras em tudo. Desconhecer a harmonia que as une
é ignorar por completo a verdade que encerram. Se não
pensas assim, estás errado e pecas contra a justiça. Se
negas à Virgem sua maternidade ou sua virgindade, injurias
grandemente a Deus: negas que Ele possa fazer a Sua
vontade, que Ele possa manter virgem a quem encontrou
virgem. Mas, então, a divindade do Onipotente antes trouxe
detrimento do que benefício a Maria: enfeiou-a Aquele que
a enchera de beleza ao criá-la. Cesse o pensamento que
assim julga; cale-se a boca que assim fala; não ressoe tal
voz! Eis que Maria é Virgem por graça de Deus. Virgem de
homem, virgem por testemunho do anjo, virgem por
declaração do Esposo, virgem sem sombra de dúvida,
virgem antes da vinda de seu Filho, virgem após concebêlo, virgem no parto, virgem após o parto. Fecundada pelo
Verbo e por Ele repleta, dignamente deu-O à luz, em
nascimento humano sim, conforme a condição e a verdade
das coisas humanas, mas de modo intacto, incorrupto e
totalmente íntegro. Isto ela deve a um dom divino, a uma
divina graça, a uma divina concessão, mediante uma obra
totalmente nova, de eficácia nova, de realização inédita,
mantendo-se virgem pela concepção e depois da concepção,
- 35 -
Carlos Martins Nabeto
pelo parto, com o parte e depois do parto, virgem com o
que havia de nascer, com o que nascia, virgem depois do
seu nascimento. Dita, pois, esposa e virgem, escolhida para
esposa e virgem, criada como esposa e virgem. Sempre
virgem, apesar do Filho e do Esposo, alheia a toda união e
contato conjugal. Verdadeiramente virgem e santa, virgem
gloriosa, virgem honrada. E após o nascimento do Verbo
encarnado, após a natividade do homem assumido em
Deus, do homem unido a Deus, mais santa virgem ainda,
santíssima, mais bem-aventurada, mais gloriosa, mais
nobre, mais honrada, mais augusta" (Da Virgindade
Perpétua de Maria).
João Damasceno
"Bem-aventurados sejam as entranhas e o ventre de onde
saíste; bem-aventurados os braços que te sustentaram e os
lábios que se alegraram dando-te castos beijos, isto é, os de
teus pais unicamente, de modo que sempre guardarás a
perfeita virgindade!" (Homilia 1 da Natividade de Maria 6).
***
h) Assunção aos céus
“Foram dadas à mulher duas asas de uma grande
águia, a fim de voar para o deserto (...) fora da
presença da serpente” (Apoc. 12,14).
Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda
mancha e culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi
assunta em corpo e alma à glória celeste. E, para que mais
plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos
senhores e Vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo
Senhor como Rainha do universo. A assunção da Virgem é uma
participação singular na ressurreição de seu Filho e uma
antecipação da ressurreição dos outros cristãos (CIC 966).
Efrém da Síria
"Disse Maria: o Menino que gerei me tomou consigo / E me
abrigou entre suas poderosas asas / Elevando-me às alturas
e explicando: / Os céus e as profundezas pertencem a teu
Filho" (Hino do Natividade do Senhor 17).
Ambrósio de Milão
"Se ela (=Maria) morria com seu Filho, sabia que havia de
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A FÉ CRISTÃ
ressuscitar com Ele, pois ela não ignorava o fato misterioso
de que havia gerado Aquele que havia de ressuscitar" (De
Institutione Virginis 7,49).
Timóteo de Jerusalém
"'Uma espada transpassará a tua alma!' (...) Destas
palavras, muitos concluíram que a Mãe do Senhor, morta
pela espada, obteve o fim glorioso que é o martírio. Mas
não foi assim. A espada metálica divide o corpo e não a
alma. Nem era possível que tal acontecesse, porque a
Virgem, imortal até hoje, foi transladada a partir do lugar de
sua assunção por Aquele que nela fez a sua morada"
(Homilia sobre Simeão e Ana).
Epifânio de Salamina
"Se alguém julgar que estamos laborando em erro, pode
consultar a Sagrada Escritura, onde não achará a morte de
Maria, nem se foi morta ou não, se foi sepultada ou não. E
quando João partiu para a Ásia, em parte alguma está dito
que tenha levado consigo a santa Virgem. Sobre isto, a
Escritura silencia totalmente, o que penso ocorrer por causa
da grandeza transcendente do prodígio, a fim de não causar
maior assombro às mentes. Temo falar nisso e procuro
impor-me silêncio a esse respeito, porque não sei,
realmente, se se podem achar indicações, ainda que
obscuras, sobre a incerta morte da santíssima e bemaventurada Virgem. De um lado, temos a palavra proferida
sobre ela: 'Uma espada traspassará tua alma, para que
sejam revelados os pensamentos de muitos corações'. De
outro, todavia, lemos no Apocalipse de João, que o dragão
avançou contra a mulher, quando dera à luz um varão, e
que lhe foram dadas asas de águia para ser transportada ao
deserto, onde o dragão não a alcançasse. Isso pode ter-se
realizado em Maria. Nem digo que tenha permanecido
imortal, nem posso afirmar que tenha morrido. A Sagrada
Escritura, transcendendo aqui a capacidade da mente
humana, deixa a coisa na incerteza, em atenção ao Vaso
insigne e excelente, para que ninguém lhe atribua alguma
sordidez própria da carne" (Panarion 78,10-12).
Pseudo-Melitão
"[Disseram os Apóstolos a Jesus:] 'Senhor, escolhestes esta
tua serva (=Maria) a fim de que se tornasse para Ti uma
residência imaculada (...) Portanto, pareceu-nos justo, a
nós, teus servos, que assim como Tu reinas na glória,
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Carlos Martins Nabeto
depois de teres vencido a morte, Tu ressuscitas o corpo de
tua Mãe e conduze-a jubilosa contigo ao céu" (Do Trânsito
da Virgem Maria).
Sacramentário de Bóbbio
"8 de janeiro: Festa da Assunção de Maria"
Germano de Constantinopla
"Era necessário que a Mãe da Vida compartilhasse a
habitação da Vida" (Homilia da Dormição de Maria).
"Assim como uma criança procura e deseja a presença de
sua mãe, e como uma mãe ama viver em companhia de seu
filho, assim também para ti (=Maria), cujo amor materno
pelo seu Filho e Deus não deixa dúvidas, era conveniente
que tu voltasses para Ele. E, em todo caso, não era por
ventura conveniente que este Deus, que provara por ti um
amor deveras filial, te tomasse em sua companhia?"
(Homilia da Dormição de Maria 1).
"[Diz Jesus:] 'É preciso que onde Eu estou, tu também
estejas, Mãe, inseparável de teu Filho'" (Homilia da
Dormição de Maria 3).
João Damasceno
"Maria não conheceu os tenebrosos caminhos que levam ao
inferno, mas disposto para ela um caminho reto, plano e
seguro em direção ao céu. Com efeito, se Cristo, que é a
verdade e a vida, disse: 'Onde eu estou, ali estará também
meu servidor' (Jo 12,26), com muito mais razão não devia
morar com Ele sua própria Mãe? Assim como ela Lhe deu à
luz sem dor, assim também sua morte esteve isenta de
dores. Funesta é a morte dos pecadores (Sl 34,22);
daquela, ao contrário, em quem foi vencido o pecado, que é
o aguilhão da morte, não teremos de dizer que a morte é o
princípio de uma vida superior e indefectível? Se em
verdade é preciosa a morte dos santos do Senhor Deus dos
exércitos, muito mais é o gloriosa translado da Mãe de
Deus" (Homilia 1 da Natividade de Maria 3).
"Era necessário que aquela que vira o seu Filho sobre a cruz
e recebera em pleno coração a espada da dor (...)
contemplasse este Filho sentado à direita de Deus" (Homilia
2 da Natividade de Maria).
"É aqui que o Criador de todas as coisas recebe em suas
mãos a alma sacrossanta que emigra daquele corpo, que é
- 38 -
A FÉ CRISTÃ
o receptáculo em que habitou o Senhor! Com razão quis Ele
prestar esta honra àquela que, embora por natureza fosse
sua escrava, por uma altíssima e inefável decisão de sua
bondade, ao assumir verdadeiramente nossa carne, a fez
sua Mãe (...) Os coros dos anjos, segundo cremos,
contemplaram - ó Virgem - tua saída deste mundo, por eles
ansiada (...) Os anjos e arcanjos te transladaram. Ante teu
translado, os espírito imundos que voam pelos ares se
estremeceram de espanto. Com tua passagem o ar ficou
abençoado e tudo foi santificado. O céu, com gozo, recebeu
tua alma. As potestades celestiais saíram ao teu encontro,
cantando
hinos
sagrados, com
festiva
alegria
e
expressando-se com estas ou parecidas palavras: 'Quem é
esta que sobe toda pura, surgindo como a aurora, formosa
como a lua e brilhante como o sol? Ó, que formosa és e
toda cheia de suavidade! O Rei te introduziu em sua
câmara, onde as potestades te escoltam, os principados te
abençoam, os tronos entoam cânticos em tua honra, os
querubins se maravilham e os serafins proclamam teus
louvores, já que, por divina disposição, foste constituída
verdadeira Mãe do Senhor'" (Homilia 1 da Assunção de
Maria 1,1).
"Quem ama ardentemente alguma coisa costuma trazer seu
nome nos lábios e nela pensar noite e dia. Não me censure,
pois, se pronuncio este terceiro panegírico da Mãe de meu
Deus, como oferenda em honra de sua partida. Isto não
será favor para ela, mas servirá a mim mesmo e a vós, aqui
presentes (...) Não é Maria que precisa de elogios; nós é
que precisamos de sua glória. Um ser glorificado, que glória
pode receber ainda? A fonte da luz, como será iluminada
ainda? Ela (Maria) cativou o meu espírito; ela reina sobre a
minha palavra; dia e noite sua imagem me é presente. Mãe
do Verbo, dá-me de que falar! (...) Eis aquela cuja festa
celebramos hoje em sua santa e divina assunção. Aquele
que (...) desceu ao seio virgíneo para ser concebido e se
encarnar, sem deixar o seio do Pai; Aquele que através da
Paixão
marchou
voluntariamente
para
a
morte,
conquistando pela morte a imortalidade e voltando ao Pai;
como não poderia Ele atrair ao Pai sua Mãe segundo a
carne? Como não elevaria da terra ao céu aquela que fora
um verdadeiro céu na terra? Hoje, da Jerusalém terrestre, a
Cidade viva de Deus foi conduzida à Jerusalém do alto:
aquela que concebera como seu primogênito e unigênito o
- 39 -
Carlos Martins Nabeto
Primogênito de toda a criatura e o Unigênito do Pai, vem
habitar na Igreja das primícias! A arca do Senhor, viva e
racional, é transportada ao repouso de seu Filho! As portas
do paraíso se abrem para acolher a terra portadora de
Deus, onde germinou a árvore da vida eterna, redentora da
desobediência de Eva e da morte infligida a Adão! Aquela
que foi o leito nupcial onde se deu a divina encarnação do
Verbo veio repousar em túmulo glorioso, como em tálamo
nupcial, para de lá se elevar até a câmara das núpcias
celestes, onde reina em plena luz com seu Filho e seu Deus,
deixando-nos também como lugar de núpcias seu túmulo
sobre a terra (...) Mas então? Morreu a fonte da vida, a Mãe
de meu Senhor? Sim, era preciso que o ser formado da
terra à terra voltasse, para dali subir ao céu, recebendo o
dom da vida perfeita e pura a partir da terra, após ter-lhe
entregue o seu corpo. Era preciso que, como o ouro no
crisol, a carne rejeitasse o peso da imortalidade e se
tornasse, pela morte, incorruptível, pura e, assim,
ressuscitasse do túmulo (...) Erguei vossos olhos, Povo de
Deus! Alçai vosso olhar! Eis em Sião a Arca do Senhor, Deus
dos exércitos, à qual vieram pessoalmente prestar
assistência os Apóstolos, tributando seu derradeiro culto ao
corpo que foi princípio de vida e receptáculo de Deus! Eis a
Virgem, filha de Adão e Mãe de Deus! Por causa de Adão,
entrega o seu corpo à terra; mas por causa de seu Filho,
eleva a alma aos tabernáculos celestes! Que toda a criação
celebre a subida da Mãe de Deus: os grupos de jovens, em
sua alegria; a boca dos oradores, em seus panegíricos; o
coração dos sábios, em suas dissertações sobre essa
maravilha; os anciãos de veneráveis clãs, em suas
contemplações. Que todas as criaturas se associem nesta
homenagem que, ainda assim, não seria suficiente. Todos,
pois, deixemos em espírito este mundo com aquela que dele
parte. Cantemos hinos sacros e nossas melodias se inspirem
nas palavras: 'Ave, cheia de graça: o Senhor é contigo'"
(Homilia sobre a Dormição de Nossa Senhora).
"Como é possível que aquela que no parto ultrapassou todos
os limites da natureza, agora se submeta às leis desta e seu
corpo imaculado se sujeite à morte? (...) Certamente era
necessário que a parte mortal fosse deposta para se revestir
de imortalidade, porque nem o Senhor da natureza rejeito a
experiência da morte. Com efeito, Ele morre segundo a
carne e com a morte destrói a morte; à corrupção concede
- 40 -
A FÉ CRISTÃ
a incorruptibilidade e o morrer faz d'Ele nascente da
ressusrreição" (Panegírico sobre a Dormição da Mãe de
Deus 10).
Sacramentário Gregoriano
"[Este é o] Dia em que a Santa Mãe de Deus sofreu a morte
terrena, mas não permaneceu nas amarras da morte".
***
i) Mãe de Deus
“Donde me vem que a Mãe do meu Senhor venha ter
comigo?” (Luc. 1,43).
Denominada nos Evangelhos “a Mãe de Jesus” (Jo. 2,1; 19,25),
Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito, desde antes do
nascimento do seu Filho, como “a Mãe do meu Senhor” (Luc.
1,43). Com efeito, Aquele que ela concebeu do Espírito Santo
como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho
segundo a carne, não é outro que o Filho eterno do Pai, a
Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que
Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos) (CIC 495).
Anônimo (séc. II)
"Sob a vossa proteção procuramos refúgio, santa Mãe de
Deus: não desprezeis as nossas súplicas, pois estamos
sendo provados, mas livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem
gloriosa e bendita" (Oração Egípcia).
Alexandre de Alexandria
"[Jesus] não teve apenas a aparência, mas tinha carne de
verdade recebida de Maria, Mãe de Deus" (Epístola a
Alexandre de Constantinopla 12).
Atanásio de Alexandria
"A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tem
por finalidade e característica afirmar de Cristo Salvador
estas duas coisas: que Ele é Deus e nunca deixou de o ser,
visto que é a Palavra do Pai, seu esplendor e sabedoria; e
também que nestes últimos tempos, por causa de nós, se
fez homem, assumindo um corpo da Virgem Maria, Mãe de
Deus" (Da Trindade).
"Houve muitos que já nasceram santos e livres do pecado:
Jeremias foi santificado desde o seio materno; também
- 41 -
Carlos Martins Nabeto
João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria ao ouvir a
voz de Maria, Mãe de Deus" (Da Trindade).
Ambrósio de Milão
"Dissemos que José era um varão justo, dando-nos o
evangelista a entender que ele não se atreveria a profanar o
templo do Espírito Santo: o ventre do mistério, o corpo da
Mãe de Deus" (Comentário sobre o Evangelho de Lucas).
"Que há de mais excelente do que a Mãe de Deus?" (De
Virginibus 2,2,7).
João Crisóstomo
"Ó Filho único e Verbo de Deus: sendo imortal, vos
dignaste, pela nossa salvação, encarnar-vos da Santa Mãe
de Deus e sempre virgem Maria, vós que sem mudança vos
tornaste homem e foste crucificado, ó Cristo Deus, que pela
vossa morte esmagaste a morte; sois Um na Trindade,
glorificado com o Pai e o Espírito Santo. Salvai-nos!" (O
Monoghenis).
João de Antioquia
"[O título] 'Mãe de Deus' foi concebido, dito e escrito por
muitos Padres (...) Não há perigo algum em dizer e pensar
as mesmas coisas daqueles doutores que na Igreja gozaram
de boa reputação" (Epístola a Nestório 4).
Concílio da União entre Orientais e Ocidentais
"Confessamos (...) Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho único
de Deus, Deus perfeito e homem perfeito (...), gerado antes
dos séculos por seu Pai, segundo a divindade, e nos últimos
dias, o mesmo, por causa de nós e para nossa salvação,
gerado da Virgem Maria, segundo a humanidade. O mesmo
consubstancial ao Pai por sua divindade e consubstancial a
nós por sua humanidade, porque a união das duas
naturezas se realizou. E é porque confessamos um só
Cristo, um só Filho, um só Senhor que, neste mesmo
pensamento da união sem mistura, confessamos a Santa
Virgem Mãe de Deus, porque o Deus-Logos se encarnou"
(Símbolo da União).
Cirilo de Alexandria
"Causa-me profunda admiração haver alguns que duvidam
em dar à Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus.
realmente, se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que
motivo não pode ser chamada de Mãe de Deus a Virgem
- 42 -
A FÉ CRISTÃ
Santíssima que o gerou? Essa verdade nos foi transmitida
pelos discípulos do Senhor, embora não usassem esta
expressão. Assim fomos também instruídos pelos santos
Padres. Em particular Santo Atanásio, nosso pai na fé, de
ilustre memória, na terceira parte do livro que escreveu
sobre a santa e consubstancial Trindade, dá freqüentemente
à Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus (...) Essas
palavras são de um homem inteiramente digno de lhe
darmos crédito, sem receio, e a quem podemos seguir com
toda segurança. Com efeito, ele jamais pronunciou uma só
palavra que fosse contrária às Sagradas Escrituras" (Maria,
Mãe de Deus).
"Contemplo esta assembléia de homens santos, alegres e
exultantes que, convidados pela santa e sempre Virgem
Maria e Mãe de Deus, prontamente acorreram para cá.
Embora oprimido por uma grande tristeza, a vista dos
santos padres aqui reunidos encheu-me de júbilo. Neste
momento vão realizar-se entre nós aquelas doces palavras
do salmista: 'Vede como é bom, como é suave os irmãos
viverem juntos, bem unidos' (Sl. 132,1). Salve, ó mística e
santa Trindade, que nos reunistes a todos nós nesta igreja
de Santa Maria, Mãe de Deus. Salve, ó Maria, Mãe de Deus,
venerável tesouro do mundo inteiro, lâmpada inextinguível,
coroa da virgindade, cetro da verdadeira doutrina, templo
indestrutível, morada daquele que lugar algum pode conter,
virgem e mãe, por meio de quem é proclamado bendito nos
santos evangelhos 'o que vem em nome do Senhor' (Mt
21,9). Salve, ó Maria, tu que trouxeste em teu sagrado seio
virginal o Imenso e Incompreensível; por ti é glorificada e
adorada a Santíssima Trindade; por ti se festeja e é
venerada no universo a cruz preciosa; por ti exultam os
céus; por ti se alegram os anjos e os arcanjos; por ti são
postos em fuga os demônios; por ti cai do céu o diabo
tentador; por ti é elevada ao céu a criatura decaída; por ti
todo o gênero humano, sujeito à insensatez dos ídolos,
chega ao conhecimento da verdade; por ti o santo batismo
purifica os que crêem; por ti recebemos o óleo da alegria;
por ti são fundadas igrejas em toda a terra; por ti as nações
são conduzidas à conversão. E que mais direi? Por Maria, o
Filho unigênito de Deus veio 'iluminar os que jazem nas
trevas e nas sombras da morte' (Lc. 1,77); por ela os
profetas anunciaram as coisas futuras; por ela os Apóstolos
proclamaram aos povos a salvação; por ela os mortos
- 43 -
Carlos Martins Nabeto
ressuscitam; por ela reinam os reis em nome da Santíssima
Trindade. Quem dentre os homens é capaz de celebrar
dignamente a Maria, merecedora de todo louvor? Ela é Mãe
e virgem! Que coisa admirável! Esse milagre me deixa
extasiado. Quem jamais ouviu dizer que o construtor fosse
impedido de habitar no templo que ele próprio construiu?
Quem se humilhou tanto a ponto de escolher uma escrava
para ser a sua própria mãe? Eis que tudo exulta de alegria!
Reverenciemos e adoremos a divina Unidade; com santo
temor veneremos a indivisível Trindade ao celebrar com
louvores a sempre Virgem Maria! Ela é o templo santo de
Deus, que é seu Filho e esposo imaculado. A ele a glória
pelos séculos dos séculos. Amém" (Homilia no Concílio de
Éfeso).
Vicente de Lérins
"Theotokos [=Mãe de Deus], mas não no sentido imaginado
por certa heresia ímpia que sustenta que ela deva ser
chamada a Mãe de Deus não por outro motivo, mas apenas
porque deu à luz àquele homem que posteriormente se
tornou Deus, exatamente como falamos de uma mulher
como mãe de um sacerdote, ou mãe de um bispo, querendo
dizer que ela era tal não por ter dado à luz a alguém já
sacerdote ou bispo, mas dado à luz a alguém que
posteriormente se tornou sacerdote ou bispo. Não dessa
forma, afirmo, foi a santa Maria Theotokos - a Mãe de Deus
- mas, pelo contrário, como disse anteriormente, porque em
seu sagrado ventre se operou o mais sagrado dos mistérios
pelo qual, por singular e única unidade de Pessoa, como a
Palavra na carne é carne, assim o Homem em Deus é Deus"
(Comentários 15).
Concílio Ecumênico de Calcedônia
"O sábio e salutar símbolo de Nicéia-Constantinopla era
suficiente, pela graça de Deus, para fazer conhecer de
maneira perfeita e para consolidar a verdadeira fé (...) Mas,
uma vez que aqueles que procuram destruir o ensinamento
da verdade difundiram, por suas heresias particulares,
doutrinas vãs, alguns ousando desfigurar o mistério da
Encarnação do Senhor diante de nós - recusando à Virgem o
nome de 'Mãe de Deus' - os outros introduzindo miscelânea
e confusão, imaginando loucamente que a carne e a
divindade não são mais que única natureza, e supondo
monstruosamente que, em função dessa mistura, a
- 44 -
A FÉ CRISTÃ
natureza divina do Filho único seja capaz de sofrer; por
causa disso, desejando fechar a porta a todas as suas
maquinações contra a verdade, o santo e grande Concílio
ecumênico aqui presente, que ensina a inabalável doutrina
pregada desde o começo, decidiu, antes de tudo, que a fé
dos 318 padres [de Nicéia] deve permanecer ao abrigo de
qualquer ataque. E ele confirma também o ensinamento
acerca da essência do Espírito dado mais tarde pelos 150
padres reunidos na cidade imperial [de Constantinopla] por
causa dos pneumatômacos: eles levavam ao conhecimento
de todos que não desejavam acrescentar nada ao
ensinamento de seus predecessores, como se este fosse
incompleto, mas expunham claramente seu pensamento
sobre o Espírito Santo, mediante o testemunho das
Escrituras, contra aqueles que tentavam rejeitar sua
Soberania (...) Seguindo, por conseguinte, os santos
padres, proclamamos todos a uma só voz um único e
mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito
em divindade, o mesmo perfeito em humanidade, o mesmo
Deus verdadeiro e homem verdadeiro, feito de uma alma
racional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo a
divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade,
semelhante a nós em tudo, exceto no pecado, gerado pelo
Pai antes de todos os séculos quanto à sua divindade, mas,
nos últimos dias, para nós e para a nossa salvação, gerado
por Maria, a Virgem, a Mãe de Deus, quanto à sua
humanidade, um único e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Filho
unigênito, que reconhecemos possuir duas naturezas, sem
confusão nem mudança, sem divisão nem separação; a
diferença das naturezas não é absolutamente suprimida
pela união, mas, ao contrário, as propriedades de cada uma
das duas naturezas permanecem intactas e se unem numa
única Pessoa ou hipostase" (Definição Dogmática).
Lecionário Jerusalemitano
"[15 de agosto:] O dia de Maria, Mãe de Deus".
Anônimo (séc. V/VI)
"Proclamamos-te bem-aventurada, nós, gerações de todas
as estirpes, ó Virgem, Mãe de Deus. Em ti, Aquele que está
acima de tudo, Cristo, nosso Deus, dignou-se habitar.
Felizes de nós, que temos a ti como nossa defensora,
porque tu intercedes noite e dia por nós (...) Por isso te
louvamos, gritando: 'Salve, ó cheia de graça! O Senhor é
- 45 -
Carlos Martins Nabeto
contigo" (Hino).
Concílio Ecumênico de Constantinopla III
"[Cristo foi] gerado (...) segundo a humanidade, pelo
Espírito Santo e por Maria Virgem, aquela que é
propriamente e com toda a verdade Mãe de Deus" (DS
555).
João Damasceno
"Ó casto casal, Joaquim e Ana: vós, observando a castidade
que prescreve a lei natural, fostes agraciados com dons que
estão muito acima da natureza, já que colocastes no mundo
aquela que, sem obra de varão, foi a Mãe de Deus. Vós,
levando uma vida humana, piedosa e santa, tivestes uma
filha superior aos anjos e que é agora Senhora dos anjos. Ó
criança preciosa e cheia de doçura! Ó lírio entre espinhos,
gerado da nobre e régia estirpe de Davi! Por meio de ti a
dignidade real se uniu à do sacerdócio. Por ti a lei foi
transformada e se manifestou o Espírito que antes estava
oculto debaixo da letra, passando a dignidade sacerdotal da
tribo de Levi para a de Davi (...) Bem-aventurados sejam as
entranhas e o ventre de onde saíste; bem-aventurados os
braços que te sustentaram e os lábios que se alegraram
dando-te castos beijos, isto é, os de teus pais unicamente,
de modo que sempre guardarás a perfeita virgindade! Hoje
se iniciou a salvação do mundo: enaltece o Senhor toda a
terra! Cantando, alegrai-vos e entoai salmos! Levantai
vossa voz! Levantai vossa voz, exultai de júbilo, não temais,
porque hoje nos nasceu, na santa Probática (=lar de
Joaquim), a Mãe de Deus, da qual quis nascer o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo" (Homilia 1 da Natividade
de Maria 6).
"Quem ama ardentemente alguma coisa costuma trazer seu
nome nos lábios e nela pensar noite e dia. Não me censure,
pois, se pronuncio este terceiro panegírico da Mãe de meu
Deus, como oferenda em honra de sua partida. (...) As
portas do paraíso se abrem para acolher a terra portadora
de Deus, onde germinou a árvore da vida eterna, redentora
da desobediência de Eva e da morte infligida a Adão! (...)
Erguei vossos olhos, Povo de Deus! Alçai vosso olhar! Eis
em Sião a Arca do Senhor, Deus dos exércitos, à qual
vieram pessoalmente prestar assistência os Apóstolos,
tributando seu derradeiro culto ao corpo que foi princípio de
vida e receptáculo de Deus! Eis a Virgem, filha de Adão e
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A FÉ CRISTÃ
Mãe de Deus! (...) Cantemos hinos sacros e nossas
melodias se inspirem nas palavras: 'Ave, cheia de graça: o
Senhor é contigo'" (Homilia sobre a Dormição de Maria).
Concílio Ecumênico de Nicéia II
"Definimos, com todo rigor e cuidado, que, à semelhança da
representação da cruz preciosa e vivificante, assim como as
veneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,
quer em qualquer outro material adaptado, devem ser
expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,
nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nas
casas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus e
Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa e
Santa Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos
justos" (DS 600-601).
***
j) Maria e a Igreja
“Todos os Apóstolos perseveraram unanimemente em
oração, com as mulheres, com Maria, Mãe de Jesus, e
seus irmãos” (At. 1,14).
Volte-se o olhar para Maria, a fim de contemplar nela o que é a
Igreja no seu mistério, na sua peregrinação na fé, e o que ela
será na pátria ao termo final da sua caminhada, onde a espera,
na glória da Santíssima e indivisível Trindade, na comunhão de
todos os santos, aquela que a Igreja venera como a Mãe do seu
Senhor e como que a sua própria Mãe: assim como no céu,
onde já está glorificada em corpo e alma, a Mãe de Deus
representa e inaugura a Igreja na sua consumação no século
futuro, da mesma forma nesta terra, enquanto aguardamos a
vinda do Dia do Senhor, ela brilha como sinal da esperança
segura e consolação diante do Povo de Deus em peregrinação
(CIC 972).
Clemente de Alexandria
"Que estupendo mistério! Há um único Pai do universo; um
único Logos do universo e também um único Espírito Santo,
idêntico em todo lugar. Há também uma única virgem que
se tornou Mãe e me agrada chamá-la de Igreja" (Paed.
1,6).
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Carlos Martins Nabeto
Efrém da Síria
"Maria é a terra na qual foi semeada a Igreja".
Ambrósio de Milão
"Sim, ela (=Maria) é noiva, mas Virgem, porque é tipo da
Igreja, que é imaculada, mas é esposa: virgem concebeunos por obra do Espírito, Virgem deu-nos à luz sem dor"
(Sobre o Evangelho de Lucas 2,7).
Agostinho de Hipona
"Com efeito, a Virgem Maria (...) é reconhecida e honrada
como a verdadeira Mãe de Deus e do Redentor (...) Ela é
também verdadeiramente Mãe dos membros [de Cristo]
(...) porque cooperou pela caridade para que na Igreja
nascessem os fiéis que são os membros desta Cabeça" (Da
Virgindade Consagrada 6).
"A Igreja imita Maria" 9Enchiridion 34).
"Maria é parte da Igreja, um membro santo, um membro
excelente, um membro supereminente, mas um membro da
totalidade do Corpo" (Sermão 25).
“Se Cristo é a Cabeça da Igreja, Maria é o membro mais
santo, a mais eminente da Igreja" (Sermão 25,7).
"A Igreja é semelhante a Maria" (Sermão 213).
***
k) A mais bem-aventurada porque creu
“Bem-aventurada a que acreditou, porque se hão de
cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram
ditas” (Luc. 1,45).
Ao anúncio de que conceberia “o Filho do Altíssimo” sem
conhecer homem algum pela virtude do Espírito Santo, Maria
respondeu com a “obediência da fé” (Rom. 1,5), certa de que
nada é impossível para Deus: “Eu sou a serva do Senhor; façase em mim segundo a tua palavra” (Luc. 1,37). Assim, dando à
Palavra de Deus o seu consentimento, Maria se tornou Mãe de
Jesus e, abraçando de todo o coração sem que nenhum pecado
a retivesse a vontade divina de salvação, entregou-se ela
mesma totalmente à pessoa e à obra de seu Filho, para servir,
na dependência d’Ele e com Ele, pela graça de Deus, ao
ministério da Redenção (CIC 494).
- 48 -
A FÉ CRISTÃ
Ireneu de Lião
"[Maria tornou-se] para si e para todo o mundo causa de
salvação" (Contra as Heresias 3,22,4).
Agostinho de Hipona
"[Maria] cooperou com sua caridade a fim de que os fiéis
nascessem na Igreja" (Da Virgindade Consagrada 6).
"Maria é mais bem-aventurada recebendo a fé de Cristo do
que concebendo a carne de Cristo" (Irvig. 3).
"Maria é bem-aventurada porque enviou a Palavra de Deus
e a pôs em prática; porque conservou mais a verdade no
espírito do que a carne no seio" (Sermão sobre Mateus
12,49).
"O anjo anuncia; a Virgem escuta, crê e concebe" (Sermão
13).
"De nada teria servido a Maria a intimidade da maternidade
corporal se não tivesse, primeiro, concebido a Cristo de
maneira mais feliz: em seu coração; e só depois em seu
corpo" (Sermão 215).
"Cristo é acreditado e concebido mediante a fé. Em primeiro
lugar verifica-se a vinda da fé ao coração da Virgem e, em
seguida, vem a fecundidade ao seio da Mãe" (Sermão 293).
- 49 -
Carlos Martins Nabeto
2. Os Santos
Os santos e as santas sempre foram fonte e origem de
renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja.
Com efeito, a santidade é a fonte secreta e a medida infalível da
sua atividade apostólica e do seu ela missionário (CIC 828 in
fine)
a) Existência
“Sede, pois, perfeitos como também vosso Pai celestial
é perfeito” (Mat. 5,48).
Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solenemente que
esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na
fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do
Espírito de santidade que está em si e sustenta a esperança dos
fiéis dando-lhes como modelos e intercessores (CIC 828).
Gregório de Nissa
"Aquele que vai subindo jamais cessa de ir progredindo de
começo em começo por começos que não têm fim. Aquele
que sobe jamais cessa de desejar aquilo que já conhece"
(Hom. Cant. 8).
"A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada" (V.
Mos.).
Ambrósio de Milão
"As vítimas triunfantes sejam postas no lugar em que Jesus
é a vítima. Mas Jesus, que sofreu a paixão por todos, seja
colocado sobre o altar. Os mártires, que foram redimidos
pela paixão de Jesus, debaixo do altar. Reservara eu esse
lugar para mim, pois é justo que o sacerdote repouse onde
costumava oferecer a população, mas eu cedo às santas
vítimas a parte da direita, pois é esse o lugar que cabe aos
mártires" (Epístola 22,13).
João Crisóstomo
“De fato, não é pelos milagres que estamos acostumados a
admirar os santos (...) mas porque deram prova de vida
angélica" (Da Verdadeira Conversão 8).
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A FÉ CRISTÃ
Agostinho de Hipona
"Na assembléia dos santos, vós sois glorificados e, coroando
seus méritos, exaltais os vossos próprios dons" (Comentário
sobre o Salmo 102,7).
Martinho de Tours
"É conveniente que se ponha, em virtude do bem comum, a
sepultura dos mártires lá onde se celebra a morte de Jesus
todos os dias (...) Em virtude da identidade de destino,
erigiu-se o túmulo do mártir lá onde se depositaram os
membros do Senhor imolado, de modo que os que
estiveram unidos em uma mesma paixão estejam agora
reunidos em um mesmo lugar sagrado" (Sermão 78).
***
b) A predestinação de alguns
“Conforme está escrito no profeta Isaías, ‘eis que envio
o meu anjo ante a tua presença o qual preparará o teu
caminho diante de ti’. Apareceu João Batista no deserto
pregando o batismo de penitência, para remissão dos
pecados” (Mc. 1,2.4).
[No caso de Maria, por exemplo,] ao longo de toda a Antiga
Aliança, a missão de Maria foi preparada pela missão das santas
mulheres. No princípio está Eva: a despeito da sua
desobediência, ela recebe a promessa de uma descendência que
será vitoriosa sobre o Maligno, e a de ser a mãe de todos os
viventes. Em virtude dessa promessa, Sara concebe um filho
apesar da sua idade avançada. Contra toda expectativa
humana, Deus escolheu o que era tido como impotente e fraco
para mostrar sua fidelidade à sua promessa: Ana, a mãe de
Samuel, Débora, Rute, Judite e Éster, e muitas outras mulheres.
Maria sobressai entre esses humildes e pobres do Senhor que
d’Ele esperam e recebem com confiança a salvação. Com ela,
finalmente, excelsa filha de Sião, depois de uma demorada
espera da promessa, completam-se os tempos e se instaura a
nova economia (CIC 489).
Atanásio de Alexandria
"Houve muitos que já nasceram santos e livres do pecado:
Jeremias foi santificado desde o seio materno; também
João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria ao ouvir a
voz de Maria, Mãe de Deus" (Da Trindade).
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Carlos Martins Nabeto
Agostinho de Hipona
"Entre a graça e a predestinação existe unicamente esta
diferença: que a predestinação é uma preparação para a
graça, e a graça é já a doação efetiva da predestinação. E
assim, o que diz o Apóstolo: "[a salvação] não provém das
obras, para que ninguém se vanglorie; pois somos todos
obra de Deus, criados no Cristo Jesus para realizar boas
obras" [Ef. 2,9s] significa a graça; mas o que segue: "as
quais Deus de antemão dispôs para caminharmos nelas",
significa a predestinação, que não se pode dar sem a
presciência, por mais que a presciência possa existir sem a
predestinação. Pela predestinação, Deus teve presciência
das coisas que haveria de realizar; por isto; foi dito: "Ele fez
o que ia ser" [Is 45-LXX]. Mas a presciência pode versar
também sobre as coisas que Deus não faz, como o pecado de qualquer espécie que seja. Embora haja pecados que são
castigos de outros pecados, conforme foi dito: "entregou-os
Deus a uma mentalidade depravada, para que fizessem o
que não convinha" [Rm. 1,28], não há nisto pecado por
parte de Deus, mas justo juízo. Portanto, a predestinação
divina, que versa sobre o que é bom, é uma preparação
para a graça, como já disse, sendo que a graça é efeito da
predestinação. Por isto, quando Deus prometeu a Abraão a
fé de muitos povos, dentro de sua descendência, disse: "Eu
te fiz pai de muitas nações" [Gn. 17,4s], e o Apóstolo
comenta: "Assim, é em virtude da fé, para que, por graça,
seja a promessa estendida a toda a descendência" [Rm.
4,16]: a promessa não se baseia na nossa vontade mas na
predestinação. Deus prometeu, não o que os homens
realizam, mas o que Ele mesmo havia de realizar. Se os
homens praticam boas obras no que se refere ao culto
divino, provém de Deus cumprirem eles o que lhes mandou,
não provém deles que Deus cumpra o que prometeu; de
outro modo, teria provindo da capacidade humana, e não do
poder divino, que se cumprissem as divinas promessas; em
tal caso os homens teriam dado a Abraão o que Deus lhe
prometera! Não foi assim que Abraão creu; ele "creu, dando
glória a Deus e convencido de que Deus era poderoso para
realizar sua promessa" [Rm. 4,21]. O Apóstolo não emprega
o verbo "predizer" ou "pré conhecer" (na verdade Deus é
poderoso para predizer e pré-conhecer as coisas), mas ele
diz: "poderoso para realizar", e portanto, não obras alheias,
mas suas. Pois bem; porventura prometeu Deus a Abraão
- 52 -
A FÉ CRISTÃ
que em sua descendência haveria as boas obras dos povos,
como coisa que Ele realiza, sem prometer também a fé como se esta fosse obra dos homens? E então Ele teria tido,
quanto a essa fé, apenas "presciência"? Não é certamente o
que diz o Apóstolo, mas sim que Deus prometeu a Abraão
filhos, os quais seguiriam suas pisadas no caminho da fé:
isto o afirma clarissimamente (...) O mais ilustre exemplar
da predestinação e da graça é o próprio Salvador do mundo,
mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo. Pois para
chegar a ser tudo isto, com que méritos anteriores - seja de
obras, seja de fé - pôde contar a natureza humana que nele
reside? Peço que me responda: aquele homem que foi
assumido, em unidade de pessoa, pelo Verbo eterno com o
Pai, para ser Filho Unigênito de Deus, de onde mereceu
isto? Houve algum mérito que tivesse ocorrido antes? Que
fez ele, que creu, que pediu previamente para chegar a tal
inefável excelência? Não foi acaso pela virtude e assunção
do mesmo Verbo que aquele homem, desde que, começou a
existir, começou a ser Filho único de Deus? Não foi acaso o
Filho único de Deus aquele que a mulher, cheia de graça,
concebeu? Não foi o único Filho de Deus quem nasceu da
Virgem Maria, por obra do Espírito Santo, sem a
concupiscência da carne e por graça singular de Deus?
Acaso se pôde temer que aquele homem chegasse a pecar,
quando crescesse na idade e usasse o livre arbítrio? Acaso
carecia de vontade livre ou não era esta tanto mais livre,
nele, quanto mais impossível que estivesse sujeita ao
pecado? Todos estes dons, singularmente admiráveis, e
outros ainda, que se possam dizer, em plena verdade,
serem dele, recebeu-os de maneira singular, nele, a nossa
natureza
humana
sem
que
houvesse
quaisquer
merecimentos precedentes. Interpele então alguém a Deus
e diga-lhe: "por que também não sou assim?" E se, ouvindo
a repreensão: "ó homem, quem és tu para pedires contas a
Deus" [Rm. 9,20], ainda persistir interpelando, com maior
imprudência: "Por que ouço isto: ó homem, quem és tu?
pois se sou o que estou escutando, isto é, homem - como o
é aquele de quem estou falando - por que não hei de ser o
mesmo que ele?" Pela graça de Deus ele é tão grande e tão
perfeito! E por que é tão diferente a graça, se a natureza é
igual? Certamente, não existe em Deus acepção de pessoas
[Col. 3,25]: quem seria o louco, já nem digo o cristão, que
o pensasse? Fique manifesta, portanto, para nós, naquele
que é nossa cabeça, a própria fonte da graça que se difunde
- 53 -
Carlos Martins Nabeto
por todos os seus membros, conforme a medida de cada
um. Tal é a graça, pela qual se faz cristão um homem desde
o momento em que principia a crer; e pela qual o homem
unido ao Verbo, desde o primeiro momento seu, foi feito
Jesus Cristo. Fique manifesto que essa graça é do mesmo
Espírito Santo, por obra de quem Cristo nasceu e por obra
de quem cada homem renasce; do mesmo Espírito Santo,
por quem se verificou a isenção de pecado naquele homem
e por quem se verifica em nós a remissão dos pecados.
Deus, sem dúvida, teve a presciência de que realizaria tais
coisas. É esta a predestinação dos santos, que se manifesta
de modo mais eminente no Santo dos santos; quem poderia
negá-lo, dentre os que entendem retamente os
ensinamentos da verdade? Pois sabemos que também o
Senhor da glória foi predestinado, enquanto homem tornado
Filho de Deus. Proclama-o o Doutor das Gentes no começo
de suas epístolas: "Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado
para ser apóstolo, escolhido para o Evangelho de Deus, que
Ele de antemão havia prometido por meio dos profetas, nas
santas Escrituras, acerca de seu Filho o que nasceu da
estirpe de Davi segundo a carne e foi constituído Filho de
Deus, poderoso segundo O Espírito de santidade desde sua
ressurreição entre os mortos" [Rm. 1,1-4]. Jesus foi,
portanto, predestinado: aquele que segundo a carne haveria
de ser filho de Davi seria também Filho de Deus poderoso,
segundo o Espírito da santificação pois nasceu do Espírito
Santo e da Virgem" (Agostinho de Hipona, +430; Da
Predestinação dos Santos 10).
"[A predestinação é] a pré-ciência e a preparação dos
benefícios divinos quanto aos que serão certamente salvos"
(Do Dom da Perseverança 14,35).
"Desde o início do gênero humano, os que creram em
Cristo, os que de algum modo o conheceram ou viveram
piedosamente segundo os preceitos que são seus, foram,
sem dúvida alguma, salvos por Ele, onde quer que
estivessem" (Epístola 102,12).
***
c) O martírio
“Cheios de confiança, temos mais vontade de nos
ausentarmos do corpo e estar presentes ao Senhor”
(2Cor. 5,8).
- 54 -
A FÉ CRISTÃ
O martírio é o supremo testemunho prestado à verdade da fé;
designa um testemunho que vai até a morte. O mártir dá
testemunho de Cristo morto e ressuscitado, ao qual está unido
pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina
cristã. Enfrenta a morte num ato de fortaleza (CIC 2473).
Papa Clemente I de Roma
"Deixemos de lado os exemplos dos antigos e falemos dos
nossos atletas mais recentes. Apresentemos os generosos
do nosso tempo, vítimas do fanatismo e da inveja, sofreram
perseguição e lutaram até à morte. Tenhamos diante dos
olhos os bons Apóstolos: por causa de um fanatismo iníquo,
Pedro teve de suportar duros tormentos, não uma ou duas
vezes, mas muitas; e depois de sofrer o martírio, passou
para o lugar que merecia na glória. Por invejas e
rivalidades, Paulo obteve o prêmio da paciência: sete vezes
foi lançado na prisão, foi exilado e apedrejado, tornou-se
pregador da Palavra no Oriente e no Ocidente, alcançando,
assim, uma notável reputação por causa da sua fé. Depois
de ensinar o mundo inteiro o caminho da justiça e de chegar
até os confins do Ocidente, sofreu o martírio que lhe
infligiram as autoridades. Partiu, pois, deste mundo para o
lugar santo, deixando-nos um perfeito exemplo de
paciência. A estes homens, mestres de vida santa, juntouse uma grande multidão de eleitos que, vítimas de um ódio
iníquo, sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se,
desta forma, para nós, um magnífico exemplo de fidelidade.
Vítimas do mesmo ódio, mulheres foram perseguidas, como
Danaides e Dircéia. Suportando graves e terríveis torturas,
correram até o fim a difícil corrida da fé e mesmo sendo
fracas de corpo, receberam o nobre prêmio da vitória. O
fanatismo dos perseguidores separou as esposas dos
maridos, alterando o que disse nosso pai Adão: 'É osso dos
meus ossos e carne de minha carne' (Gn. 2,23). Rivalidades
e rixas destruíram grandes cidades e fizeram desaparecer
povos numerosos. Escrevemos isto não apenas para vos
recordar os deveres que tendes, mas também para nos
alertarmos a nós próprios, pois nos encontramos na mesma
arena e combatemos o mesmo combate. Deixemos as
preocupações inúteis e os vãos cuidados e voltemo-nos para
a gloriosa e venerável regra da nossa Tradição.
Consideramos o que é belo, o que é bom, o que é agradável
ao nosso Criador. Fixemos atentamente o olhar no Sangue
- 55 -
Carlos Martins Nabeto
de Cristo e compreendamos quanto é precioso aos olhos de
Deus, seu Pai, esse sangue que, derramado para a nossa
salvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da penitência"
(1ª Epístola aos Coríntios).
Inácio de Antioquia
"Somente quando o mundo não vir mais nada de meu corpo
é que serei verdadeiramente discípulo de Cristo (...) Busco
Aquele que morreu por nós; quero Aquele que por nós
ressuscitou" (Epístola aos Esmirnenses 3).
“Sou vossa vítima [ó Deus] e me ofereço em sacrifício por
vossa Igreja" (Epístola aos Efésios 21).
"De viagem da Síria para Roma, estou lutando com feras,
por terra e por mar, de noite e de dia. Acorrentado a dez
leopardos, os milicianos da minha escolta militar (...) Espero
poder enfrentar com alegria as feras que estão preparando
para mim e peço a Deus que eu possa encontrá-las prontas
a lançarem-se sobre mim. Se não quiserem, em mesmo as
instigarei para que me devorem num instante (...) Tenham
compaixão de mim. Sei muito bem o que é útil para mim.
Somente agora começo a ser discípulo, não me deixo
impressionar por coisa alguma, visível ou invisível, para
poder unir-me a Cristo. Fogo, cruzes, feras, lacerações,
desconjuntura dos ossos, o corpo reduzido a pedaços, as
piores torturas caiam sobre mim: importante é unir-me a
Jesus Cristo. Que proveito poderão dar-me os prazeres do
mundo ou os reinos da terra? Nenhum! Para mim é melhor
morrer por Jesus Cristo do que reinar sobre toda a terra. A
minha vida é busca contínua daquele que morreu por nós;
quero Aquele que por nós ressuscitou. Vejam: meu
nascimento se aproxima! Nada melhor podeis fazer por mim
do que deixar que eu seja sacrificado a Deus (...) Rogo-vos:
não tenhais para comigo uma benevolência inoportuna!
Deixem-me ser pasto das feras, pelas quais chegarei a
Deus. Sou o trigo de Deus, moído pelos dentes das feras
para tornar-me o pão duro de Cristo (...) Quando o mundo
não puder mais ver o meu corpo, serei verdadeiramente
discípulo de Cristo" (Epístola aos Romanos 6,1-2).
"O meu Amor está crucificado e não há mais em mim fogo
terreno, mas uma água viva que brota em mim e me diz por
dentro: 'Vai até o Pai'" (Epístola aos Romanos 7).
"Meu desejo terrestre (=Cristo) foi crucificado (...) Há em
mim uma água viva que murmura e que diz dentro de mim:
- 56 -
A FÉ CRISTÃ
'Vem para o Pai'" (Epístola aos Romanos 7,2).
Policarpo de Esmirna
"O chefe o constrangia, dizendo: 'Jura e te
liberdade. Amaldiçoa a Cristo!' Ele (=Policarpo)
'Há oitenta e seis anos o sirvo e não me fez
Como posso blasfemar contra meu Rei e
(Martírio de Policarpo 9).
ponho em
respondeu:
mal algum.
Salvador?'"
"Eu te bendigo, Senhor, por me terdes julgado digno deste
dia e desta hora, digno de ser contado no número dos
vossos mártires (...) Guardastes vossa promessa, Deus da
felicidade e da verdade! Por essa graça e por todas as
coisas, eu vos louvo, vos bendigo e vos glorifico pelo eterno
e celeste sacerdote, Jesus Cristo, vosso Filho bem amado.
Por Ele, que está conosco e com o Espírito, vos seja dada a
glória agora e por todos os séculos dos séculos. Amém"
(Martírio de Policarpo 14,2.3).
Justino Mártir
"Tendo os santos sido conduzidos diante do tribunal, disse o
prefeito Rústico: 'Antes de tudo, submete-se aos deuses e
obedece aos imperadores'. Justino disse: 'Nada há de
censurável nem de condenável em nos submetermos aos
preceitos de nosso Salvador Jesus Cristo'. O prefeito Rústico
disse: 'Que doutrinas professas?' Disse Justino: 'Tentei
aprender todas as doutrinas, mas aderi às doutrinas
verdadeiras dos cristãos, embora não agradem aos que
pensam erradamente'. O prefeito Rústico disse: 'Essas
doutrinas te agradam, infeliz?' Justino disse: 'Sim, pois é
uma crença justa que me faz segui-las'. O prefeito Rústico
disse: 'Que crença é essa?' Disse Justino: 'A piedade que
professamos para com o Deus dos cristãos. Acreditamos
que Ele é único, criador e artífice, desde o princípio, de toda
a criação visível e invisível; e adoramos o Senhor Jesus
Cristo, servo de Deus, cuja vinda para a raça humana foi
anunciada antecipadamente pelos profetas; devia vir como
mensageiro da salvação e mestre de belos ensinamentos. E
eu, que sou apenas um homem, creio poder dizer apenas
pouca coisa sobre sua divindade infinita, confessando ao
mesmo
tempo
o
poder
profético
que
anunciou
antecipadamente, como eu disse, que Ele é o Filho de Deus
(...)'. Disse o prefeito Rústico: 'Então, afinal, tu és cristão!"
Justino disse: 'Sim. Sou cristão!" (Atas do Martírio).
- 57 -
Carlos Martins Nabeto
Tertuliano de Cartago
"Os olhos erguidos, as mãos estendidas (porque são puras),
a cabeça descoberta (porque não temos do que nos
envergonhar). Não nos ditam palavras, oramos de coração
(...) Enquanto oramos, com as mãos erguidas para Deus,
quantas unhas de ferro nos rasgam (...) Só esta atitude do
cristão que ora, mostra-o pronto para todos os suplícios.
Vamos, excelentes governadores! Arrancai uma alma que
ora pelo Imperador! O crime estará aí, onde está o
verdadeiro Deus e seu culto" (Apologia 30,4.7).
Cipriano de Cartago
“Aquele que venceu a morte uma vez pode vencê-la em
cada um de nós" (Epístola 10,3).
"Se os mártires cristãos são em número tão grande, como
se vê, ninguém deve considerar árduo e difícil ser mártir"
(Epístola a Fortunato 11).
Orígenes de Alexandria
"Para os nossos perseguidores que ainda não fizeram
derramar o nosso sangue, não queremos ser ocasião de
pecarem e de se tornarem ainda mais ímpios. Por isso os
evitamos, quando nos é possível. Do contrário, eles ficariam
com uma culpa ainda maior e teriam um castigo ainda mais
duro toda vez que nós, em nosso egoísmo, pensássemos
somente em nosso benefício e nos deixássemos matar,
mesmo quando isso não fosse estritamente necessário"
(Comentário sobre o Evangelho de João 28,18).
Ósio de Córdoba
"Confessei Jesus Cristo na perseguição que Maximiano,
vosso avô, provocou contra a Igreja. Se quiserdes repeti-la,
encontrar-me-eis disposto a tudo sofrer, antes que trair a
verdade e derramar o sangue do inocente (...) Não me
abalam nem vossas cartas, nem vossas ameaças; é inútil
prossegui-las. Será mais vantajoso para vós renunciar às
opiniões de Ário e não escutar os orientais (...)" (Epístola a
Constantino).
***
d) A expansão da Igreja mediante a perseguição e o martírio
“Quem se prender à sua vida, irá perdê-la;quem perder
sua vida por causa de Meu amor, irá encontrá-la” (At.
- 58 -
A FÉ CRISTÃ
1,14).
Com o maior cuidado, a Igreja recolheu as lembranças daqueles
que foram até o fim para testemunhar a fé. São as “Atas dos
Mártires”. Constituem os arquivos da verdade escritos em
“letras de sangue”. (CIC 2474).
Justino Mártir
"Eu mesmo, quando me comprazia nos ensinamentos de
Platão, ouvia acusar os cristãos. Vendo-os, porém, sem
medo diante da morte e de tudo o que se teme, compreendi
que era impossível que vivessem na malícia e devassidão
(...) Desprezei essas mentiras, a calúnia e o julgamento da
multidão; quero ser visto como cristão e luto de toda forma
para isso, confesso" (Apologia 2,13).
"É manifesto que nos cortam em pedaços, que nos colocam
na cruz, que nos lançam nas cadeias, que nos entregam aos
animais e às chamas, mas nada nos impede de confessar
Jesus Cristo. Ao contrário, quanto mais nos maltratam, mais
aumenta o número dos que se tornam fiéis e abraçam a
piedade verdadeira. Acontece conosco o que vemos ocorrer
com a videira: quando se lhe cortam alguns ramos, ela
cresce de novo, de maneira mais fecunda e mais vigorosa"
(Diálogo com Trifão 110).
Tertuliano de Cartago
"Mais poderosos nos tornamos todas as vezes que somos
por vós (=o imperador) ceifados. O sangue dos mártires é a
semente de novos cristãos" (Apologia 50).
Cipriano de Cartago
"Para que se patenteie a fortaleza de ânimo e a firmeza da
fé que devemos considerar e louvar com simplicidade de
coração, quando naquele tempo o intrépido [papa] Cornélio
se assentou na cátedra de Roma, o tirano (=imperador
Décio) atacou os sacerdotes de Deus com palavras que se
proferem e que não se dizem, afirmando que mais preferiria
e toleraria um rival do que um sacerdote de Deus em
Roma".
Lactâncio
"Cresce a religião de Deus quanto mais é premida"
(Instituições 5,19,9).
- 59 -
Carlos Martins Nabeto
Agostinho de Hipona
"A Igreja avança em sua peregrinação através das
perseguições do mundo e das consolações de Deus" (A
Cidade de Deus 18,51).
***
e) Intercessão dos santos
“Disse Onias: ‘Este é o amigo de seus irmãos e do povo
de Israel: é Jeremias, profeta de Deus que ora muito
pelo povo e por toda a cidade santa” (2Mac. 15,14).
Pelo fato de os habitantes do céu estarem unidos mais
intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na
santidade da Igreja. Eles não deixam de interceder por nós
junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra
pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por
conseguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza
recebe o mais valioso auxílio (CIC 956).
Inácio de Antioquia
"Meus irmãos: transbordo de amor por vós e é com alegria
que procuro vos fortalecer - não eu, mas Jesus Cristo;
estando acorrentado por causa d'Ele, temo ainda mais, ao
pensar que continuo imperfeito. Vossa oração, contudo, me
tornará perfeito diante de Deus, para que eu obtenha a
herança cuja misericórdia recebi, refugiando-me no
Evangelho como na carne de Cristo e nos Apóstolos como
no presbitério da Igreja" (Epístola aos Filadelfos 5).
Frutuoso Mártir
"Sim, eu devo ter em mente toda a Igreja espalhada pelo
mundo, do Oriente ao Ocidente [quando estiver junto de
Deus]" (Ata de Frutuoso 1,7).
Cipriano de Cartago
"Se um de nós partir primeiro deste mundo, não cessem as
nossas orações pelos irmãos" (Epístola 57).
Orígenes de Alexandria
"O pontífice não é o único a se unir aos orantes. Os anjos e
as almas dos justos também se unem a eles na oração" (Da
Oração).
"Eles (os santos) conhecem os que são dignos da amizade
- 60 -
A FÉ CRISTÃ
de Deus e auxiliam os que querem honrá-Lo" (Contra
Celso).
Hilário de Poitiers
"Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para
permanecer fiéis, não lhes faltará nem a guarda dos anjos,
nem a proteção dos santos".
Cirilo de Jerusalém
"Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de
nós: patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires, para que
Deus, por suas intercessões e orações, se digne receber as
nossas".
"Em seguida (=na Oração Eucarística), mencionamos os que
já partiram: primeiro os patriarcas, profetas, apóstolos e
mártires, para que Deus, em virtude de suas preces e
intercessões,
receba
nossa
oração"
(Catequeses
Mistagógicas).
Jerônimo
"Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua
carne mortal e ainda necessitados de cuidar de si, ainda
podiam orar pelos outros, muito mais agora que já
receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um
só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil
homens armados e Estevão, para seus perseguidores. Serão
menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo
diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens,
que seguiam com ele no navio (=naufrágio na ilha de
Malta). E depois de sua morte? Cessará sua boca e não
pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no
mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?" (Adv.
Vigil. 6).
Agostinho de Hipona
"Portanto, como bem sabem os fiéis, a disciplina eclesiástica
prescreve que, quando se mencionam os mártires nesse
lugar durante a celebração eucarística, não se reza por eles,
mas pelos outros defuntos que também aí se comemoram.
Não é conveniente orar por um mártir, pois somos nós que
nos devemos encomendar a suas orações" (Sermão 159,1).
“Não deixemos parecer para nós pouca coisa; que sejamos
membros do mesmo corpo que elas (=Santa Perpétua e
Santa Felicidade) (...) Nós nos maravilhamos com elas, elas
- 61 -
Carlos Martins Nabeto
sentem compaixão de nós. Nós nos alegramos por elas, elas
oram por nós (...) Contudo, nós todos servimos um só
Senhor, seguimos um só Mestre, atendemos um só Rei.
Estamos unidos a uma Cabeça; nos dirigimos a uma
Jerusalém; seguimos após um amor, envolvemos uma
unidade" (Sermão 280,6).
João Cassiano
"Por vezes, é a intercessão dos santos que alcança o perdão
das nossas faltas (1Jo 5,16; Tg 5,14-15) ou ainda a
misericórdia e a fé" (Conferência 20).
Inscrições e grafitos dos três primeiros séculos
encontrados em cemitérios, catacumbas e túmulos
cristãos:
“Santos mártires: lembrai-vos de Maria" (Cemitério de
Aquiléia).
"Sebaio, doce alma: pede e roga por teus irmãos e
companheiros" (Cemitério de Gordiano).
"Anatólio (...) Que teu espírito descanse em Deus. Pede por
tua mãe" (Cemitério de Santa Priscila).
"Vicência: pede a Cristo por Febe e seu esposo" (Cemitério
de São Calixto).
"Mártires santos, bons e
(Cemitério de São Pânfilo).
benditos:
ajudai
a
Ciríaco"
"Pedro: pede a Cristo Jesus pelas almas dos santos cristãos
sepultados junto do teu corpo." (Grafito encontrado no
túmulo de São Pedro).
"Genciano, fiel em paz (...) Que em tuas orações rogues por
nós pois sabemos que estás em Cristo" (Túmulo na Via
Salária).
***
f) Possibilidade das aparições
“Eis que lhes apareceram Moisés e Elias falando com
Jesus” (Mat. 17,3).
Depois dos Apóstolos, o Senhor Deus pode permitir que os
santos – como Nossa Senhora – apareçam aos homens a fim de
nos exortar a uma vida santa e ao apostolado. Essas aparições,
porém, mesmo quando autênticas, nada acrescentam ao
- 62 -
A FÉ CRISTÃ
patrimônio da fé1.
Gregório de Nissa
"Então o outro (ancião) estendeu a mão como para mostrar
algo que de improviso havia aparecido. Gregório voltou a
vista na direção indicada, viu uma figura que era de uma
mulher muito mais linda que qualquer pessoa humana.
Novamente, perturbado, desviou o olhar e se sentiu cheio
de perplexidade; não sabia o que pensar acerca daquela
visão em que não conseguia olhar. O mais extraordinário
era que, apesar de ser noite escura, brilhava diante dele
uma luz ao lado da figura aparecida, como se tivesse sido
acendida uma luz muito brilhante (...) Diz-se que Gregório
escutou a mulher que exortava ao evangelista João para
explicar ao jovem (Gregório) o mistério da verdadeira fé.
São João, por sua vez, se declarou totalmente disposto a
obedecer a Mãe do Senhor e disse o que desejava de todo o
coração" (Vida de Gregório Taumaturgo).
Agostinho de Hipona
“Pois nós sabemos, com efeito, não por vagos rumores, mas
por testemunhas dignas de fé, que o confessor Félix, cujo
túmulo tu (=Paulino de Nola) veneras piedosamente como
santo asilo, deu não somente marcas de seus benefícios,
mas até de sua presença, tendo aparecido aos olhos dos
homens por ocasião do cerco da cidade de Nola pelos
bárbaros. Esses fatos escepcionais acontecem graças à
permissão divina e estão longe de entrar na ordem
normalmente estabelecida para cada espécie de criatura”
(Do Cuidado devido aos Mortos 16).
1
Cf. BETTENCOURT, Estêvão Tavares. Católicos Perguntam. São Paulo: O Mensageiro de Santo Antonio,
1ª ed., 1997, pp. 111-115.
- 63 -
Carlos Martins Nabeto
3. Anjos
a) Sua Existência
“Depois veio outro anjo e parou diante do altar, tendo
um turíbulo de ouro. Foram-lhe dados muitos
perfumes, a fim de que oferecesse as orações de todos
os santos sobre o altar de ouro que está diante do
trono de Deus” (Apoc. 8,3).
A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada
Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé.
O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a
unanimidade da Tradição. Enquanto criaturas puramente
espirituais, são dotados de inteligência e de vontade. São
criaturas pessoais e imortais. Superam em perfeição todas as
criaturas visíveis. Disto dá testemunho o fulgor de sua glória
(CIC 328, 330).
Atenágoras de Atenas
“Não somos ateus. Cremos em Deus Pai, Filho e Espírito
santo, mas ensinamos também que existe uma multidão de
anjos servidores, ministros de Deus Criador e ordenador do
mundo nas coisas que aí se encontram e na sua ordem”
Justino Mártir
“Nós adoramos a Deus e a seu Filho por Ele gerado e ao
Espírito profético que nos ensinou, bem como aos anjos que
lhe são obedientes e semelhantes” (Apologia).
Ireneu de Lião
“Deus é o criador do céu e da terra e de todo o universo, e
formador dos anjos e dos homens. Só Ele é Pai, Deus
criador, formador e moldador. Ele criou e formou ambas as
coisas, tudo: o visível e o invisível, neste mundo e no céu”.
“Por conseguinte, criou também os seres espirituais. O
universo não foi criado nem formado pelos anjos. Deus não
necessitava deles para esse fim”
“Os anjos são espirituais, não possuem carne”.
Clemente de Alexandria
“Aquele que crê, reza com os anjos, mesmo que reze
- 64 -
A FÉ CRISTÃ
sozinho, porque com ele se reúne o côro dos santos que
ficam em sua companhia”
Orígenes de Alexandria
“Onde quer que exista uma Igreja de homens, ali haverá
também uma Igreja de anjos”
“O culto que se deve aos anjos é o de veneração e não de
adoração”.
“Cada diocese é dirigida por dois bispos: um secular e um
anjo”.
“Cada assembléia eclesiástica compreende também uma
parte celestial formada por anjos, mensageiros de Deus que
habitam entre nós, que rezam com os homens e levam suas
orações aos céus. Apesar disso, os anjos nunca abandona, a
presença de Deus. Sua amizade conosco é um sinal de
nosso bom relacionamento com Deus”.
“Os anjos são diferentes uns dos outros”.
“[Os anjos] estão em toda parte; vigiam e governam a
natureza”.
“Se somos merecedorres da presença dos anjos bons, estes
nos assistem e nos inspiram bons pensamentos e se
comunicam com nossa alma durante o sono”.
Atanásio de Alexandria
“Os anjos vêem a face do Pai por uma participação no
Logos, por uma graça do Espírito Santo”.
“Os anjos foram criados antes do cosmos” (Carta a
Serapião 111,4).
Basílio Magno de Cesaréia
“Os anjos não foram criados como crianças imperfeitas que,
aos poucos, foram se aperfeiçoando pelo exercício, de tal
forma que se fizeram dignos de receber o Espírito santo. Ao
contrário, desde o primeiro instante de sua existência,
juntamente e em conjunto com a sua substância,
receberam a santidade, isto é, a graça santificante” (In
Psalm. Hom. 32,4).
Ambrósio de Milão
“No batismo, o sacerdote atua na missão de um anjo” (De
Mysteriis 11,6).
“Deus não tinha a necessidade de anjos, porém, o homem
- 65 -
Carlos Martins Nabeto
deles tem necessidade. Enquanto os homens foram criados
à imagem de Deus, os anjos o foram segundo o ministério
de Deus” (Expos.Ps.108)
“Todos aqueles que seguem a Cristo têm acesso aos anjos”
(De Sacramentis 1,6).
“Os anjos foram criados antes do mundo material” (In
Exodum 27,185).
Cirilo de Jerusalém
“Todos os côros celestiais tomam parte em cada batismo e
cantam sobre o povo cristão” (Protocatechesis).
“Os anjos podem, entretanto, serem chamados de
‘espíritos’ se a palavra designar algo que não é formado por
matéria bruta”.
Jerônimo
“Os anjos cuidam e velam até pelos pormenores do
cosmos” (Comm. In Eccles. 10,20).
Agostinho de Hipona
“Deus criou os anjos dando-lhes a natureza e infundindolhes, ao mesmo tempo, a graça” (A Cidade de Deus
4,12,9,9).
“Encontramos nas Escrituras que os anjos apareceram a
muitas pessoas e achamos, portanto, que não é racional
duvidar de sua existência” (In Psal. 103).
"A palavra anjo é designação de um encargo, não de
natureza. Se perguntarres pela designação da natureza, a
resposta será: é um espírito; se perguntares pelo enviado:
é um anjo. É espírito por aquilo que é; é anjo por aquilo
que faz" (In Psal. 103,1,5).
“Aos anjos não se oferece sacrifício; somente os veneramos
como amor” (A Cidade de Deus 10,7).
“Aos anjos celestes, que possuem a Deus na humildade e o
servem na bem-aventurança, está submetida toda a
natureza corporal e toda a vida irracional” (A Cidade de
Deus 8,24).
“Juntamente com os anjos, formamos uma só e mesma
cidade de Deus” (A Cidade de Deus 10,7).
"Os santos anjos não alcançam o conhecimento de Deus
mediante palavras soantes, mas pela própria presença da
- 66 -
A FÉ CRISTÃ
verdade imutável, isto é, do Verbo Unigênito, e conhecem o
Verbo, o Pai e o Espírito Santo; sabem que Eles formam a
Trindade inseparável, na qual as Pessoas em si mesmas são
uma única substância e, no então, não são três deuses,
mas um só Deus. Eles conhecem esta verdades melhor do
que nós conhecemos a nós mesmos. Também conhecem as
criaturas na sabedoria de Deus (...) e nela conhecem
igualmente a si mesmos" (A Cidade de Deus 11,29).
"Só conheceremos a natureza dos anjos de modo
perfeitamente claro quando estivermos para sempre unidos
a eles na posse da bem-aventurança eterna” (Enchiridion
58).
Cirilo de Alexandria
“Os anjos foram criados também à imagem de Deus,
inclusive, incomparavelmente mais do que nós, em razão
de sua espiritualidade superior à nossa” (Resposta a Tibério
Sociosqua 14).
João Crisóstomo
“O ar que nos rodeia está cheio de anjos”.
“Que há de melhor, diga-me? Falar do vizinho e da vida
alheia, bisbilhotar tudo, ou se entregar com os anjos e com
as coisas feitas para nos enriquecer?” (Hom. In Io. 18).
Papa Gregório I Magno de Roma
“Os anjos são incomparavelmente mais íntimos de Deus
que os homens (...) São espíritos e somente espíritos,
enquanto o homem é espírito e carne” (Moralia in Job
4,3,8).
“[Os anjos] contemplam a Deus face a face”
“Comparados com os nossos corpos materiais, [os anjos]
são espíritos; mas comparados com Deus, que é Espírito
ilimitado, são de certa forma materiais”.
João Damasceno
“Os anjos foram criados do nada; são incorpóreos quando
comparados com os homens, porém, não possuem o
mesmo grau de espiritualidade de Deus - puro espírito. Sua
exata naturreza só pode ser conhecida por Deus”
"Por serem espíritos (...) os anjos não são fisicamente
circunscritos. De fato, eles não possuem corpo, nem três
dimensões, mas estão presentes e operam espiritualmente
- 67 -
Carlos Martins Nabeto
para onde quer que vão. Por outro lado, não podem atuar
simultaneamente em dois lugares distintos (...) Eficientes e
solícitos no cumprimento da vontade de Deus, são velozes a
ponto de comparecer instantaneamente onde a vontade de
Deus os chama. Alguns defendem as várias partes do
mundo, presidem às nações e regiões, conforme a ordem
do Sumo Criador, governam as nossas coisas e prestam-nos
ajuda" (Exposição da Fé Ortodoxa).
“[Os anjos] estão em um lugar determinado, embora não
no espaço: como não são como os homens tridimensionais,
a bilocação é para eles um fenômeno de ordem espiritual”.
“Os anjos estão onde atuam, isto é, onde exercem seu
poder”.
“[Os anjos] são imortais pela graça. Contemplam a Deus
pela iluminação própria que Deus lhes concede”.
“A obra dos anjos no céu consiste em louvar a Deus; na
terra, servem o Senhor e revelam seus mistérios”.
“O conhecimento do futuro lhes advém unicamente da
revelação de Deus”.
“Os anjos foram criados antes dos homens e antes mesmo
do cosmos”.
***
b) Encontram-se Hierarquicamente Organizados
"Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as
criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações,
principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele" (Col.
1,16).
Na literatura e no cinema existem muitas histórias sobre
habitantes de outros planetas, geralmente representados como
mais inteligentes e poderosos que nós, pobres mortais ligados à
terra. Mas nem o mais engenhoso dos escritores de ficção
científica poderá fazer justiça à beleza deslumbrante, à
inteligência poderosa e ao formidável poder de um anjo. Se isto
é assim na ordem inferior das hostes celestiais - na ordem dos
anjos propriamente chamados assim -, que não dizer das
ordens ascendentes de espíritos puros que se encontram acima
dos anjos? Na Sagrada Escritura enumeram-se os arcanjos, os
principados, as potestades, as virtudes, as dominações, os
tronos, os querubins e os serafins. É muito possível que um
arcanjo esteja a tanta distância de um anjo, em perfeição, como
- 68 -
A FÉ CRISTÃ
este de um homem (A Fé Explicada, p. 32).
Orígenes de Alexandria
“Conforme o grau de iluminação que receberam, os anjos
possuem funções diversas na administração do universo. As
dominações, virtudes e potestades são destinadas a dirigir
os outros anjos. Os anjos têm, portanto, uma certa
subordinação entre si”.
“Um homem iluminado com a luz do conhecimento
sobrenatural percebe a presença dos anjos: vê os anjos e a
seu chefe, Miguel. O mesmo com relação aos arcanjos,
tronos, dominações, potestades e virtudes celestiais”.
Atanásio de Alexandria
“As hierarquias celestes encerram muitos mistérios” (Carta
a Serapião 1,13).
Basílio Magno de Cesaréia
"Também os anjos, os arcanjos e todas as potências
celestiais recebem do Espírito [Santo] a santidade" (Epístola
159,2).
Papa Gregório I Magno de Roma
“Sabemos pela autoridade da Escritura que existem nove
ordens de anjos: anjos, arcanjos, virtudes, potestades,
principados, dominações, tronos, querubins e serafins.
Existem anjos e arcanjos em quase todas as páginas da
Bíblia e os livros dos profetas falam de querubins e serafins.
São Paulo também, escrevendo aos efésios, enumera
quatro ordens de anjos, quando disse: ‘sobre todo
principado, potestade, virtude e dominação’ e, em outra
ocasião, escrevendo aos colossenses, disse: ‘nem tronos,
dominações, principados ou potestades’. Se unirmos estas
duas listas, temos cinco ordens; e agregando os anjos e
arcanjos, querubins e serafins, temos nove ordens de
anjos”
Eusébio de Cesaréia
“Anjos, arcanjos, espíritos, forças divinas, exércitos
celestiais, virtudes, tronos, dominações são orientados pelo
Espírito Santo. Eles cantam o ‘Laudate Dominum de coelis’
para exaltação da glória de Deus. A fé reconhece estas
potestades divinas para o serviço e a liturgia de Deus todo-
- 69 -
Carlos Martins Nabeto
poderoso” (Praeparatio Evang. 7).
João Crisóstomo
“Os serafins louvam a Trindade, rodeiam o altar celestial do
qual a Igreja é o modelo neste mundo”
“Na capital celeste, Jerusalém, nossa mãe comum, estão os
serafins, querubins, muitos milhares de arcanjos e
inumeráveis anjos” (Hom. In Seraphin 1).
“Saber que o lugar dos serafins é junto a Deus é mais
importante que o conhecimento de sua natureza” (Hom. In
Seraphin 2).
Cirilo de Jerusalém
“Não podemos sondar a natureza dos querubins, nem
sequer conhecemos a diferença entre tronos, dominações,
virtudes, podestades, poderes e anjos. Só sabemos que a
diferença implica em graus diversos do conhecimento
anjélico de Deus”.
Cirilo de Alexandria
“Anjos e arcanjos servem a Deus e o adoram em hinos
sempiternos” (Contra Juliano 3).
Gregório de Nanzianzo
“Os anjos contemplam a face do Pai, mas a íntima
profundidade do mistério lhes está oculto. Os anjos e
arcanjos vêem apenas a glória de Deus, não sua própria
natureza, que está oculta por trás dos querubins”
João Damasceno
“Não apenas anjos e arcanjos, potestades e virtudes, mas
também os tronos, querubins e serafins, os supremos da
hierarquia angélica, rodeiam o corpo de Maria e, cheios de
alegria, cantam seus louvores” (Hom. 1 In Dormit.).
***
c) Todo Homem possui um Anjo da Guarda
“Viva o Senhor, cujo anjo foi o meu guardião” (Jdt 13,20).
Desde a infância até a morte, a vida humana é cercada pela
proteção e pela intercessão dos anjos. Cada fiel é ladeado por
um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida. Ainda
aqui na terra, a vida cristã participa, na fé da sociedade bemaventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus (CIC
- 70 -
A FÉ CRISTÃ
336).
Orígenes de Alexandria
“Não é apenas o sumo-sacerdote que ora com aqueles cuja
oração é sincera, mas há também os anjos que rejubilam
no céu. É de crer-se que lá [onde os fiéis se reúnem], as
potência angélicas participam das assembléias dos fiéis. É
de fato lá que desce a força de nosso Senhor Salvador e se
reúnem os espíritos dos santos (...) Se temos o direito de
nos referirmos aos anjos graças ao adágio: ‘O anjo de
Iahveh acampa entre os seus fiéis e os assiste’ [Sal. 34,8] e
se Jacó ao mencionar que ‘o anjo o salvou de todo o mal’
[Gên. 48,16] referia-se não apenas a si próprio mas a todas
as pessoas devotas, é então verdade que quando várias
pessoas se encontram reunidas para louvar a Cristo, o anjo
encarregado de proteger e conduzir cada um rodeia aqueles
que crêem em Deus. Assim, quando pessoas santas se
acham reunidas, acham-se na presença uma da outra duas
Igrejas: a dos homens e a dos anjos. Se Rafael afirma a
Tobias que havia oferecido sua súplica diante da glória do
Senhor [Tob. 12,12], bem como as de Sara, que se tornaria
esposa do jovem Tobias, o que não se passará quando um
número grande se reúne em um mesmo local animado pela
mesma intenção e formando um só corpo com Cristo?” (De
Orat.).
“Junto a cada homem existe sempre um anjo do Senhor
que o ilumina, o guarda e o protege de todo mal” (Coment.
Mat. 18,10).
Gregório Taumaturgo
“Santos anjos de Deus, que desde a minha juventude me
tem protegido...” (Orat. Ad Orig. 4).
Basílio Magno de Cesaréia
“Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor,
para conduzi-lo à Vida” (Adv. Eunonium 3,1).
Ambrósio de Milão
“Devemos rezar aos anjos que nos são dados como
guardiães” (De Viduis 9,55).
Jerônimo
“A dignidade de uma alma é tão grande que cada pessoa
tem um anjo guardião desde seu nascimento”.
- 71 -
Carlos Martins Nabeto
4. Imagens x Idolatria
Adorar a Deus é, no respeito e na submissão absoluta,
reconhecer o “nada da criatura”, que não existe a não ser por
Deus. Adorar a Deus é, como Maria no Magnificat, louvá-Lo,
exaltá-Lo e humilhar-se a si mesmo, confessando com gratidão
que Ele fez grandes coisas e que seu Nome é santo. A adoração
do Deus único liberta o homem de se fechar em si mesmo, da
escravidão do pecado e da idolatria do mundo. A idolatria não
diz respeito somente aos falsos cultos do paganismo. Ela é uma
tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é
Deus. Existe idolatria quando o homem presta honra e
veneração a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de
deuses ou de demônios (por exemplo, o satanismo), do poder,
do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro
etc. (...) A idolatria nega o Senhorio exclusivo de Deus; é,
portanto, incompatível com a comunhão divina (CIC 2097,
2113).
a) Veneração não é adoração
“Moisés, saindo ao encontro de seu sogro, prostrou-se
diante dele e o beijou” (Ex. 18,7).
O culto cristão de imagens não é contrário ao primeiro
mandamento, que proíbe os ídolos. De fato, a honra prestada a
uma imagem se dirige ao modelo original e quem venera uma
imagem, venera nela a pessoa que nela está pintada. A honra
prestada às santas imagens é uma veneração respeitosa e não
uma adoração, que só compete a Deus (CIC 2132).
Policarpo de Esmirna
"Eles não sabem que nós não poderíamos esquecer o Cristo
que sofreu para salvar aqueles que estão salvos no mundo
inteiro, nem adorar ninguém mais. Nós o adoramos porque
Ele é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nos os amamos
como discípulos e imitadores do Senhor e dignamente
devido à sua afeição sem par por seu Rei e Mestre.
Possamos também nós nos tornar seus seguidores e
discípulos companheiros" (Martírio de Policarpo 17,2-3).
- 72 -
A FÉ CRISTÃ
Orígenes de Alexandria
"[O idólatra é aquele que] refere a qualquer coisa que não
seja Deus a sua indestrutível noção de Deus" (Contra Celso
2,40).
Agostinho de Hipona
"Nós, os cristãos, não cremos em Pedro, mas n'Aquele em
quem Pedro acreditou; sendo deste modo que somos
edificados pelas palavras de Pedro anunciadoras do Cristo"
(A Cidade de Deus 8,54).
"Acontece, porém, que a cidade terrena teve certos sábios
condenados pela doutrina de Deus; sábios que, por
conjecturas ou artifícios dos demônios, disseram que
deviam amistar muitos deuses com as coisas humanas (...)
A cidade celeste, ao contrário, conhece um só Deus, único a
quem se deve o culto e a servidão, em grego chamada
'latréia' (adoração), e pensa com piedade fiel não ser devido
senão a Deus. Tais diferenças deram motivo a que essa
cidade e a cidade terrena não possam ter em comum as leis
religiosas" (A Cidade de Deus 19,17).
"Oferece-se o sacrifício a Deus e não aos mártires, ainda
que seja celebrado em suas memórias ou capelas; e porque
quem celebra é sacerdote de Deus e não dos mártires. O
sacrifício que é o Corpo de Cristo, não se oferece aos
mártires, porque eles mesmos são o corpo de Cristo" (A
Cidade de Deus 22,10).
"Honremo-los (=os anjos) com espírito de amor, não de
servidão (=adoração)".
"O diabo se alegra muito com os pecados de luxúria e
idolatria".
Papa Gregório I Magno de Roma
"Era preciso não as quebrar, pois as imagens não foram
colocadas na igreja para ser adoradas, mas para instruir as
mentes dos ignorantes" (Epístola 9,105).
"Tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas, não
para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado.
Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender,
mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces.
O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem
o é para os ignorantes: mediante essas imagens, aprendem
o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não
- 73 -
Carlos Martins Nabeto
sabem ler" (Epístola 11,13 a Sereno).
João Damasceno
"Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria (...)
Quando se trata de imagens, é preciso considerar a
intenção daqueles que a fazem. Se a intenção é justa e
reta, e se o fazem para a glória de Deus e de seus santos,
por desejo da virtude, de fuga dos vícios e para a salvação
das almas, é preciso recebê-las como imagens (...), é
preciso venerá-las, beijá-las, saudá-las com os olhos, os
lábios, o coração. Tratam-se da representação do Deus
encarnado, ou de sua Mãe, ou de seus santos,
companheiros de sofrimentos e da glória de Cristo" (Das
Imagens 1,8; 2,5.10).
***
b) Culto mariano
“Portanto, eis que de hoje em diante, todas as
gerações me chamarão ‘bem-aventurada’” (Luc.
1,48b).
A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca
ao culto cristão. A Santíssima Virgem é legitimamente honrada
com um culto especial pela Igreja. (...) Este culto, embora seja
inteiramente singular, difere essencialmente do culto de
adoração, que se presta ao Verbo encarnado e igualmente ao
Pai e ao Espírito Santo, mas o favorece poderosamente; este
culto encontra a sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à
Mãe de Deus e na oração Mariana, tal como o Santo Rosário,
“resumo de todo o Evangelho” (CIC 971).
Melitão de Sardes
"Ele (=Jesus) nasceu de Maria, a ovelha formosa" (Homilia
da Páscoa).
Orígenes de Alexandria
"[Disse Isabel a Maria:] 'Eu é que deveria vir a ti, porque és
bendita acima de todas as mulheres; tu, a Mãe do meu
Senhor; tu, minha Senhora" (Fragmenta PG 13, 1902D).
Epifânio de Salamina
"Ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo se adora (...) Maria
seja honrada (=venerada), o Senhor seja adorado" (Haer.
- 74 -
A FÉ CRISTÃ
79).
Agostinho de Hipona
"Ela (=Maria) fez a vontade do Pai e a fez totalmente; e,
por isso, vale mais para Maria ter sido discípula de Cristo do
que sua Mãe" (Sermão 72,A,7).
"Na verdade, era digno e de todo conveniente, que o parto
daquela que havia procriado ao Senhor do céu e da terra, e
que permaneceu virgem após ter dado à luz, fosse
celebrado não somente com festejos humanos, mas com
cânticos sublimes de louvor pelos anjos" (Sermão 193,1).
Beda Venerável
"Introduziu-se na Igreja o belo e salutar costume de cantar
diariamente esse cântico de Maria (=Magnificat) na
salmodia do louvor vespertino (...) e precisamente na hora
das vésperas, para que nossa mente, fatigada e tensa pelos
trabalhos e pelas muitas preocupações do dia, ao chegar o
tempo do repouso, volte a encontrar o recolhimento e a paz
de espírito" (1,4).
Germano de Constantinopla
"[Cristo quis] ter, por assim dizer, a proximidade dos teus
lábios e do teu coração (=Maria). Desta maneira, Ele atende
a todos os desejos que lhe exprimes, quando sofres pelos
teus filhos, e Ele realiza, com o seu poder divino, tudo o que
lhe pedes" (Homilia 1).
“Tu (=Maria) habitas espiritualmente conosco e a grandeza
da tua vigilância sobre nós faz ressaltar a tua comunidade
de vida conosco" (Homilia 1).
João Damasceno
"Quando
se
tornou
Mãe
do
Criador,
tornou-se
verdadeiramente a soberana de todas as criaturas" (Da Fé
Ortodoxa 4,14).
"O céu, com gozo, recebeu tua alma. As potestades
celestiais saíram ao teu encontro, cantando hinos sagrados,
com festiva alegria e expressando-se com estas ou
parecidas palavras: 'Quem é esta que sobe toda pura,
surgindo como a aurora, formosa como a lua e brilhante
como o sol? Ó, que formosa és e toda cheia de suavidade! O
Rei te introduziu em sua câmara, onde as potestades te
escoltam, os principados te abençoam, os tronos entoam
cânticos em tua honra, os querubins se maravilham e os
- 75 -
Carlos Martins Nabeto
serafins proclamam teus louvores, já que, por divina
disposição, foste constituída verdadeira Mãe do Senhor'"
(Homilia 1 da Assunção de Maria 1,1).
Concílio Ecumênico de Nicéia II
"Maria é representada como trono de Deus, que carrega o
Senhor e o entrega aos homens, como caminho que leva a
Cristo, mostrando-O, como suplicante, em atitude de
intercessão e sinal da presença divina no caminho dos fiéis
até o dia do Senhor, como protetora que estende seu manto
sobre os povos ou como Virgem misericordiosa de ternura.
A Virgem é habitualmente representada com seu filho, o
Menino Jesus, que carrega nos braços: é a relação com o
filho que glorifica a Mãe. Às vezes ela O abraça com
ternura; outras vezes, hierática, parece absorta na
contemplação daquele que é o Senhor da história (Ap 5,914)".
***
c) Possibilidade do uso das imagens sagradas
“Pôs no Santuário dois querubins feitos de madeira de
oliveira, de dez côvados de altura” (1Reis 6,23).
No entanto, [ainda que proibido pelo primeiro mandamento,]
desde o Antigo Testamento Deus ordenou ou permitiu a
instituição de imagens que conduziriam simbolicamente à
salvação através do Verbo encarnado, como são a serpente de
bronze (Num. 21,4-9), a arca da Aliança e os querubins (Ex.
25,10-22; 1Rs 6,23-28; 7,23-26). Foi fundamentando-se no
mistério do Verbo encarnado que o Sétimo Concílio Ecumênico,
em Nicéia, em 787, justificou contra os iconoclastas, o culto dos
ícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjos
e de todos os santos. Ao se encarnar, o Filho de Deus inaugurou
uma nova “economia” de imagens (CIC 2130, 2131).
Orígenes de Alexandria
"Assim sendo, portanto, cada justo que imita o melhor que
possa o Salvador, ergue uma estátua à imagem do Criador.
Realiza isto contemplando a Deus com um coração puro,
tornando-se uma réplica de Deus (...) Deste modo, o
Espírito de Cristo habita, se assim posso dizer, em suas
imagens".
- 76 -
A FÉ CRISTÃ
Basílio Magno de Cesaréia
"A honra prestada a uma imagem venera nela a pessoa
que nela está representada" (Spir. 18,45).
Gregório de Nissa
"O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e
ajuda grandemente" (Penegírico de São Teodoro).
Teodoreto de Ciro
"Os pintores, ao representar na tela ou na parede as
histórias passadas, não apenas alegram os olhos de quem
as contemplam, mas também conservam vivas por muito
tempo as memórias dos eventos que já se foram" (História
Eclesiástica 1,1).
Papa Gregório I Magno de Roma
"Tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas, não
para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado.
Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender,
mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces.
O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem
o é para os ignorantes: mediante essas imagens, aprendem
o caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não
sabem ler" (Epístola a Sereno 9,13).
"Ao contemplar [as imagens], possam [os analfabetos] ler,
pelo menos nas paredes, aquilo que não são capazes de ler
nos Livros" (Epístola a Sereno).
João Damasceno
"Como fazer a imagem do Invisível? Na medida em que
Deus é invisível, não o represento por imagens, mas desde
que viste o Incorpóreo feito homem, fazes a imagem da
forma humana, já que o Invisível se tornou visível na carne
e, assim, pintas a semelhança do Invisível (...) Antigamente
Deus, que não tem corpo nem face, não poderia ser
absolutamente representado através de uma imagem. Mas
agora que Ele se fez ver na carne e que Ele viveu entre os
homens, tornou-se possível para mim fazer uma imagem do
Deus que vi. Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria
(...) Estaríamos realmente no erro se fizéssemos uma
imagem do Deus invisível, que não tem traços nem linhas
sensíveis (...) Mas depois que Deus, em sua bondade
inefável, se encarnou e foi visto em carne na terra (...),
depois que Ele viveu com os homens, tendo assumido a
- 77 -
Carlos Martins Nabeto
natureza, a densidade, a figura, a cor da carne, nós não nos
enganamos ao fazer a sua imagem (...) Represento Deus, o
Invisível, não na medida em que é invisível, mas na medida
em que se tornou visível em nosso favor, participando da
carne e do sangue" (Das Imagens 1,6.8.16).
"O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para
os analfabetos" (Das imagens 1,17).
"A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É
uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo
dos campos estimula o meu coração para dar glória a
Deus".
Concílio Ecumênico de Nicéia II
"Para proferir sucintamente a nossa profissão de fé,
conservamos todas as tradições da Igreja, escritas ou não
escritas, que nos têm sido transmitidas sem alteração. Uma
delas é a representação pictória das imagens, que concorda
com a pregação da história evangélica, crendo que, de
verdade e não de aparência, o Verbo de Deus se fez
homem, o que é também útil e proveitoso, pois as coisas
que se iluminam mutuamente têm, sem dúvida, um
significado recíproco".
"Na trilha da doutrina divinamente inspirada dos nossos
santos padres e da tradição da Igreja Católica, que sabemos
ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos,
com todo rigor e cuidado, que, à semelhança da
representação da cruz preciosa e vivificante, assim como as
veneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,
quer em qualquer outro material adaptado, devem ser
expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,
nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nas
casas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus e
Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa e
Santa Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos
justos".
"Quem venera uma imagem, venera nela a pessoa que está
pintada".
"Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações,
mais serão levados a se recordar dos modelos originais e
importantes da fé".
"Aquele que se prostra diante do ícone, prostra-se diante da
pessoa (a hipóstase) daquele que na figuração é
- 78 -
A FÉ CRISTÃ
representado".
Teodoro Studita
"Aquilo que por um lado é manifestado pela tinta e pelo
papel, por outro, no ícone, é manifestado pelas várias cores
e pelos outros materiais" (Antirrheticus 1,10).
Papa Adriano I de Roma
"Aquele falso sínodo que se reuniu sem a Sé Apostólica (...),
indo contra a Tradição dos Padres mais venerados, para
condenar as sagradas imagens, seja anatematizado na
presença de nossos apocrisiários (...) e cumpra-se a palavra
de nosso Senhor Jesus Cristo: 'As portas do inferno não
prevalecerão contra ela', e também: 'Tu és Pedro...'. A Sé
de Pedro brilhou com primazia sobre toda a terra e ela é a
cabeça de todas as Igrejas de Deus" (Epístola ao Patriarca
Tarásio).
"Graças a um rosto visível, o nosso espírito será
transportado, por um atrativo espiritual, até à majestade
invisível da Divindade, através da contemplação da imagem
em que está representada a carne, que o Filho de Deus se
dignou assumir para a nossa salvação. E, sendo assim, nós
adoramos e conjuntamente louvamos, glorificando-O em
espírito, este mesmo Redentor, porque, como está escrito:
'Deus é Espírito' e é por isso que nós adoramos
espiritualmente a sua Divindade" (Carta aos Imperadores).
***
d) O simbolismo das velas
“Sobre o candelabro de ouro puro conservará em
ordem as lâmpadas perante o Senhor continuamente”
(Lev. 24,4).
Uma celebração sacramental é tecida de sinais e de símbolos.
Segundo a pedagogia divina da salvação, o significado dos
sinais e símbolos deita raízes na obra da criação e na cultura
humana, adquire precisão nos eventos da Antiga Aliança e se
revela plenamente na pessoa e na obra de Cristo (CIC 1145).
Hipólito de Roma
"Com a presença do bispo, ao cair da noite, o diácono trará
a lucerna e aquele, de pé, no meio de todos os fiéis
presentes, dará graças (...): 'Graças te damos, Senhor, pelo
- 79 -
Carlos Martins Nabeto
teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, pelo qual nos
iluminaste, revelando-nos a luz incorruptível. Atingindo,
portanto, o fim do dia e chegando ao início da noite, tendonos beneficiado da luz do dia, que criaste para a nossa
sociedade, e não carecendo agora da luz da tarde, pela tua
graça, te louvamos e te glorificamos, pelo teu Filho Jesus
Cristo, nosso Senhor, pelo qual a ti seja a glória e o poder e
a honra com o Espírito Santo, agora e sempre, e pelos
séculos dos séculos. Amém'" (Tradição Apostólica 64).
- 80 -
A FÉ CRISTÃ
ANEXO - Relação de Padres e Escritores do Período Patrístico
Padre/Escritor
Abércio de Hierápolis .
.
Adriano I de Roma (papa). .
Afrate da Pérsia .
.
.
Agostinho de Hipona .
.
Alexandre de Alexandria .
Ambrósio de Milão
.
.
Anastácio I de Roma (papa)
Anastácio II de Roma (papa)
Anastácio do Sinai. .
.
André de Creta .
.
.
Aristides de Atenas .
.
Atanásio de Alexandria
.
Atenágoras de Atenas
.
Basílio de Ancira
.
.
Basílio de Selêucia
.
.
Basílio Magno de Cesaréia .
Beda Venerável .
.
.
Bento de Núrsia .
.
.
Bonifácio I de Roma (papa)
Caio (ou Gaio) .
.
.
Calisto I de Roma (papa). .
Capreólogo
.
.
.
Cassiodoro
.
.
.
Celestino I de Roma (papa)
Cesário de Arles.
.
.
Cipriano de Cartago .
.
Cirilo de Alexandria .
.
Cirilo de Jerusalém .
.
Clemente I de Roma (papa)
Clemente de Alexandria
.
Columbano
.
.
.
Cornélio I de Roma (papa) .
Cromácio de Aquiléia .
.
Dâmaso I de Roma (papa) .
Dionísio de Alexandria
.
Dionísio de Corinto .
.
Dionísio I de Roma (papa) .
Efrém da Síria .
.
.
Egéria
.
.
.
.
- 81 -
.
.
.
.
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.
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.
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.
.
.
.
.
.
Falecimento
215
795
~375
430
325
397
402
498
~700
~750
130
373
181
364
469
379
735
547
422
217
222
~440
~575
432
543
258
444
386
101
215
615
253
407
384
265
166
268
373
~420
Carlos Martins Nabeto
Enéias de Gaza .
.
.
.
Epifânio de Salamina .
.
.
Estevão I de Roma (papa) .
.
Eudóxio de Constantinopla .
.
Eusébio de Alexandria
.
.
Eusébio de Cesaréia .
.
.
Eustáquio de Antioquia
.
.
Eutíquio .
.
.
.
.
Filoxeno da Síria
.
.
.
Firmiliano da Capadócia
.
.
Frutuoso Mártir .
.
.
.
Fulgêncio de Ruspe .
.
.
Gelásio I de Roma (papa) .
.
Germano de Constantinopla
.
Gregório de Nanzianzo
.
.
Gregório de Nicéia
.
.
.
Gregório de Nissa
.
.
.
Gregório I Magno de Roma (papa)
Gregório II de Roma (papa)
.
Gregório III de Roma (papa)
.
Hegésipo .
.
.
.
.
Hermas de Roma
.
.
.
Hilário de Poitiers
.
.
.
Hipólito de Roma
.
.
.
Hormisdas de Roma (papa)
.
Ildelfonso de Toledo .
.
.
Inácio de Antioquia .
.
.
Inocêncio I de Roma (papa)
.
Ireneu de Lião .
.
.
.
Isidoro de Pelúsio
.
.
Isidoro de Sevilha. .
.
.
Jerônimo .
.
.
.
.
João Cassiano .
.
.
.
João Crisóstomo
.
.
.
João Damasceno
.
.
.
João de Antioquia
.
.
.
João II de Roma (papa)
.
.
João IV de Roma (papa) .
.
João Mosco
.
.
.
.
Júlio I de Roma (papa)
.
.
Justino Mártir .
.
.
.
Lactâncio .
.
.
.
.
Leão I Magno de Roma
.
.
Libério I de Roma
.
.
.
- 82 -
.
.
.
.
.
.
.
.
.
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.
.
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.
.
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.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
518
403
257
369
~450
340
~350
~582
523
268
259
533
496
~730
379
~séc. V
394
604
731
741
117
140
367
235
523
667
107
417
202
435
636
420
435
403
749
~420
535
642
619
352
165
317
461
366
A FÉ CRISTÃ
Marcelo de Ancira
.
.
Martinho de Braga
.
.
Martinho de Tours
.
.
Máximo Confessor
.
.
Máximo de Turim
.
.
Melitão de Sardes
.
.
Metódio de Olimpo .
.
Minúcio Félix
.
.
.
Nestório .
.
.
.
Nicetas de Remesiana
.
Nilo Magno de Ancira .
.
Optato de Milevi
.
.
Orígenes de Alexandria.
.
Ósio de Córdoba
.
.
Pacômio .
.
.
.
Panciano .
.
.
.
Papias de Hierápolis .
.
Paulino de Nola .
.
.
Pedro Crisólogo .
.
.
Pedro de Alexandria .
.
Pelágio I de Roma (papa) .
Pelágio II de Roma (papa) .
Policarpo de Esmirna .
.
Prudêncio de Espanha.
.
Rufino de Aquiléia
.
.
Serapião de Thmuis .
.
Severiano de Gábala .
.
Silvestre I de Roma (papa)
Simeão de Tessalônica
.
Simplício de Roma (papa) .
Sirício de Roma (papa)
.
Sisto III de Roma (papa) .
Sócrates de Constantinopla
Sozómeno .
.
.
.
Sulpício Severo .
.
.
Teodoreto de Ciro
.
.
Teodoro Studita .
.
.
Teófilo de Antioquia .
.
Teotecnos de Lívias .
.
Tertuliano de Cartago
.
Vicente de Lérins
.
.
Vigílio de Roma (papa)
.
Zacarias de Roma (papa) .
Zeferino de Roma (papa) .
- 83 -
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
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.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
~340
579
397
662
466
~170
311
~200
451
~420
430
~400
253
~400
346
392
130
431
450
311
561
590
156
405
410
362
431
335
~séc. V
483
399
440
440
~450
420
460
séc. VIII
182
~600
220
450
555
752
217
Carlos Martins Nabeto
Zenão de Verona
.
Escritos Anônimos
Atas dos Mártires
.
Constituições Apostólicas
Constituições Egípcias
Didaqué .
.
.
Decreto Gelasiano
.
Epístola a Diogneto .
Epístola de Barnabé .
Lecionário Jerusalemitano
Mártires de Lião .
.
Pseudo-Agostinho
.
Pseudo-Clemente
.
Pseudo-Dionísio .
.
Pseudo-Hipólito .
.
Pseudo-Justino .
.
Pseudo-Melitão .
.
Sacramentário de Bobbio
Sacramentário Gregoriano
Concílios Ecumênicos
Concílio Ecumênico
Concílio Ecumênico
Concílio Ecumênico
Concílio Ecumênico
Concílio Ecumênico
Concílio Ecumênico
Concílio Ecumênico
de
de
de
de
de
de
de
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Ano
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
de Composição
.
~165
.
~400
.
~450
.
~90
.
495
.
~200
.
~74
.
~450
.
~175
.
~séc. VI
.
~séc. IV
.
~séc. IV
.
~séc. V
.
~séc. III
.
~séc. III
.
~650
.
~750
Ano
Calcedônia
.
Constantinopla I
Constantinopla II
Constantinopla III
Éfeso
.
.
Nicéia I .
.
Nicéia II .
.
Concílios Regionais
Concílio da União Oriental/Ocidental
Concílio Regional de Antioquia .
Concílio Regional de Arles I
.
Concílio Regional de Arles II
.
Concílio Regional de Braga .
.
Concílio Regional de Cartago III .
Concílio Regional de Cartago IV .
Concílio Regional de Elvira .
.
Concílio Regional de Frankfurt .
Concílio Regional de Friul .
.
Concílio Regional de Hipona
.
Concílio Regional de Laodicéia .
Concílio Regional de Latrão
.
- 84 -
Ano
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
371
de Realização
451
381
553
681
431
325
787
de Realização
433
324
314
~475
561
397
418
306
794
796
393
367
649
A FÉ CRISTÃ
Concílio Regional de Milevi .
.
.
Concílio Regional de Orange II .
.
Concílio Regional de Palmari
.
.
Concílio Regional de Pávia .
.
.
Concílio Regional de Quiersy
.
.
Concílio Regional de Roma I
.
.
Concílio Regional de Roma II
.
.
Concílio Regional de Sárdica
.
.
Concílio Regional de Toledo IV .
.
Concílio Regional de Toledo VI .
.
Concílio Regional de Toledo XI .
.
Concílio Regional de Toledo XV .
.
Concílio Regional de Toledo XVI .
.
Sínodo de Ambrósio .
.
.
.
Sínodo Permanente de Constantinopla
Escritos Apócrifos/Não-Cristãos Ano
Apócrifo Odes de Salomão .
.
Apócrifo Vida de Adão e Eva
.
Atos Apócrifos de João
.
.
Evangelho Apócrifo de Pedro
.
Protoevangelho Apócrifo de Tiago
Talmud Babilônico
.
.
.
- 85 -
416
529
501
850
853
382
680
343
633
638
675
688
693
389
~545
de Composição
.
séc. II d.C.
.
séc. II d.C.
.
séc. III d.C.
.
séc. II d.C.
.
séc. I d.C.
.
séc. V d.C.
Carlos Martins Nabeto
Índice onomástico
Abércio de Hierápolis, 81
Afrate da Pérsia, 81
Agostinho de Hipona, 22, 25,
26, 29, 31, 32, 34, 48, 49, 51, 52, 54,
60, 61, 63, 66, 73, 75, 81
Alexandre de Alexandria,
41, 81
Ambrósio de Milão, 26, 29, 33,
36, 42, 48, 50, 65, 71, 81
Anastácio do Sinai, 81
André de Creta, 27, 81
Anônimo, 41, 45
Aristides de Atenas, 81
Atanásio de Alexandria, 41,
51, 65, 69, 81
Atas dos Mártires, 59, 84
Atenágoras de Atenas, 64,
81
Atos Apócrifos de João, 85
Basílio de Ancira, 81
Basílio de Selêucia, 81
Basílio Magno de Cesaréia,
65, 69, 71, 77, 81
Beda Venerável, 75, 81
Caio, 81
Cassiodoro, 81
Cesário de Arles, 81
Cipriano de Cartago, 58, 59,
60, 81
Cirilo de Alexandria, 34, 42,
67, 70, 81
Cirilo de Jerusalém, 26, 61,
66, 70, 81
Clemente de Alexandria,
47, 64, 81
Columbano, 81
Concílio da União entre
Orientais e Ocidentais, 42
Concílio Ecumênico de
Calcedônia, 44, 84
Concílio Ecumênico de
Constantinopla, 35, 46, 84
Concílio Ecumênico de
Éfeso, 84
Concílio Ecumênico de
Nicéia, 28, 47, 76, 78, 84
Concílio Regional de
Antioquia, 84
Concílio Regional de Arles,
84
Concílio Regional de
Cartago, 84
Concílio Regional de
Elvira, 84
Concílio Regional de Friul,
84
Concílio Regional de
Hipona, 84
Concílio Regional de
Laodicéia, 84
Concílio Regional de
Latrão, 27, 28, 33, 84
Concílio Regional de
Orange, 85
Concílio Regional de
Palmari, 85
Concílio Regional de
Pávia, 85
Concílio Regional de
Quiersy, 85
Concílio Regional de
Roma, 85
Concílio Regional de
Sárdica, 85
Concílio Regional de
Toledo, 85
Constituições Apostólicas,
84
Constituições Egípcias, 84
Cromácio de Aquiléia, 81
- 86 -
A FÉ CRISTÃ
Decreto Gelasiano, 84
Didaqué, 84
Dionísio de Corinto, 81
Efrém da Síria, 24, 26, 32, 33,
36, 48, 81
Egéria, 81
Enéias de Gaza, 82
Epifânio de Salamina, 24, 33,
37, 74, 82
Epístola a Diogneto, 84
Epístola de Barnabé, 84
Eusébio de Alexandria, 82
Eusébio de Cesaréia, 69, 82
Eustáquio de Antioquia, 82
Eutíquio, 82
Evangelho Apócrifo de
Pedro, 85
Filoxeno da Síria, 82
Firmiliano da Capadócia, 82
Frutuoso Mártir, 60, 82
Fulgêncio de Ruspe, 82
Germano de
Constantinopla, 38, 75, 82
Gregório de Nanzianzo, 70,
82
Gregório de Nicéia, 82
Gregório de Nissa, 50, 63, 77,
82
Gregório Taumaturgo, 63, 71
Hegésipo, 82
Hermas de Roma, 82
Hilário de Poitiers, 20, 61, 82
Hipólito de Roma, 26, 79, 82
Ildelfonso de Toledo, 35, 82
Inácio de Antioquia, 28, 30,
56, 60, 82
Inscrições e grafitos, 62
Ireneu de Lião, 23, 29, 49, 64,
82
Isidoro de Pelúsio, 82
Isidoro de Sevilha, 82
Jerônimo, 61, 66, 71, 82
João Cassiano, 62, 82
João Crisóstomo, 26, 34, 42,
50, 67, 70, 82
João Damasceno, 27, 36, 38,
46, 67, 70, 74, 75, 77, 82
João de Antioquia, 42, 82
João Mosco, 82
Justino Mártir, 23, 28, 57, 59, 64,
82
Lactâncio, 59, 82
Lecionário
Jerusalemitano, 45, 84
Martinho de Tours, 51, 83
Mártires de Lião, 84
Máximo Confessor, 83
Máximo de Turim, 83
Melitão de Sardes, 74, 83
Metódio de Olimpo, 83
Minúcio Félix, 83
Nestório, 42, 83
Nicetas de Remesiana, 83
Nilo Magno, 83
Optato de Milevi, 83
Orígenes de Alexandria, 26,
31, 58, 60, 65, 69, 71, 73, 74, 76, 83
Ósio de Córdoba, 58, 83
Panciano, 83
Papa Adriano I de Roma,
79
Papa Clemente I de Roma,
55
Papa Gregório I Magno de
Roma, 31, 67, 69, 73, 77
Papa Leão I Magno de
Roma, 32
Papias de Hierápolis, 83
Pedro Crisólogo, 83
Pedro de Alexandria, 83
Policarpo de Esmirna, 57, 72,
83
Protoevangelho Apócrifo
de Tiago, 30, 85
Pseudo-Agostinho, 84
Pseudo-Clemente, 84
Pseudo-Dionísio, 84
Pseudo-Hipólito, 84
Pseudo-Justino, 84
Pseudo-Melitão, 37, 84
- 87 -
Carlos Martins Nabeto
Rufino de Aquiléia, 83
Sacramentário de Bóbbio,
38
Sacramentário
Gregoriano, 41, 84
Serapião de Thmuis, 83
Severiano de Gábala, 83
Simeão de Tessalônica, 83
Sínodo de Ambrósio, 85
Sínodo Permanente de
Constantinopla, 85
Sócrates de
Constantinopla, 83
Sulpício Severo, 83
Talmud Babilônico, 85
Teodoreto de Ciro, 77, 83
Teodoro Studita, 79, 83
Teófilo de Antioquia, 83
Teotecnos de Lívias, 27, 83
Tertuliano de Cartago, 58,
59, 83
Timóteo de Jerusalém, 37
Vicente de Lérins, 44, 83
Zenão de Verona, 84
- 88 -
A FÉ CRISTÃ
Bibliografia e Sites Consultados
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4. CORUNUM CATHOLIC APOLOGETICS
(http://www.cin.org/users/jgallegos/contents.htm)
5. ICTIS (http://www.ictis.cjb.net)
6. NEW ADVENT (http://www.newadvent.org)
7. SOU CATÓLICO, SOU IGREJA
(http://www.na.com.br/users/toni/)
8. VERITATIS SPLENDOR (http://www.veritatis.com.br)
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Carlos Martins Nabeto
Para Saber Mais...
1. ALTANER, Berthold; STUIBER, Alfred. Patrologia: Vida,
Obras e Doutrina dos Padres da Igreja. São Paulo:
Paulinas.
2. AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de. Escola da Fé I:
Sagrada Tradição. Lorena:Cléofas
3. GOMES, Cirilo Folch. Antologia dos Santos Padres. São
Paulo:Paulinas.
4. HAMMAN, A.. Os Padres da Igreja. São Paulo:Paulinas.
5. LACARRIÈRE, Jacques. Padres do Deserto: Homens
Embriagados de Deus. São Paulo: Loyola.
6. LIÉBAERT, Jacques. Os Padres da Igreja: Séculos I-IV. São
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8. MORESCHINI, Cláudio; NORELLI, Enrico. História da
Literatura Cristã Antiga Grega e Latina. 3 volumes. São
Paulo: Loyola.
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TRESE, LEO J.. A Fé Explicada. São Paulo:
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Igreja
Católica.
Petrópolis:Vozes etal.
Para ulteriores pesquisas, sobre este ou outros temas
relacionados ao Catolicismo, acesse a ferramenta de busca
existente no topo da página do site Veritatis Splendor –
Memória e Ortodoxia Cristã
http://www.veritatis.com.br
Para ler obras patrísticas na íntegra, acesse
COCP – Central de Obras do Cristianismo Primitivo
http://cocp.veritatis.com.br
- 94 -
A FÉ CRISTÃ
- 95 -
Carlos Martins Nabeto
“Com efeito, a Virgem Maria é
reconhecida e honrada como a
verdadeira Mãe de Deus e do
Redentor.
Ela
é
também
verdadeiramente Mãe dos membros
de Cristo porque cooperou pela
caridade
para
que
na
Igreja
nascessem os fiéis que são os
membros desta Cabeça” (Agostinho
de Hipona).
“Aos que fizeram tudo o que tiveram
ao seu alcance para permanecer fiéis,
não lhes faltará nem a guarda dos
anjos, nem a proteção dos santos”
(Hilário de Poitiers).
Você quer conhecer melhor o Catolicismo?
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