Revista Textura 2008 PDF
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PANORAMA EVOLUTIVO DA MORTALIDADE MATERNA NO ESTADO DA BAHIA ENTRE 1996-2004 Graziele Machado da Silveira* Marcos Lima Maia** Maria José Lima Lordelo*** RESUMO: Neste estudo, objetivou-se conhecer a evolução da Razão de Mortalidade Materna no Estado da Bahia, entre os anos de 1996-2004, relacionada às características demográficas maternas e ao óbito materno. Para isso, realizou-se uma pesquisa documental a partir das Declarações de Óbito Maternos disponibilizadas no Sistema de Informações sobre Mortalidade. Na análise dos dados, calculou-se a Razão de Mortalidade Materna em função da idade e anos de estudo, assim como se distribuiu o total de óbitos maternos por causa obstétrica e principais categorias de doenças codificadas na 10ª Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Observou-se que houve um aumento de cerca de 43% na Razão de Mortalidade Materna no Estado, evoluindo de 47,61 para 68,67 entre o período estudado, apresentando-se mais elevada que em todas as grandes regiões do País. Detectou-se ainda uma variação expressiva da Razão de Mortalidade Materna em função da idade e anos de estudo materno. Os transtornos hipertensivos constituíram-se a principal causa de morte materna por causa obstétrica direta. PALAVRAS-CHAVE: Mortalidade materna; incidência; principais causas; fatores associados ABSTRACT: In this study, it was made with the purpose to know the evolution on the Reason of the Maternal Mortality in the State of the Bahia, between 1996-2004, related the characteristics of the maternal demographic and the maternal death. For this, a documental research was become fulfilled to leave of the Declaration of Maternal Death available in the Mortality's System Information. In the analysis of the data, was calculated the Reason of Maternal Mortality in function of the age and years of study, as well as was distributed the total of maternal death for obstetric case and the mains categories of illness codified in 10th Classification in the International Illness (CID-10). It was observed that there was a increase of about 43% in the Maternal Mortality Reason in the State, evolved from 47,61 to 68,67 between the studied period, presenting it higher than all large regions of the Country. One still detected a significant changing of the Maternal Mortality Reason in function of maternal age and years of study. The hipertensive disruption had been the main reason of maternal death because of the obstetric direct. KEY-WORDS: Maternal mortality; incidence; main reason; associate factors *Acadêmica de Enfermagem da Faculdade Maria Milza **Acadêmico de Farmácia da Faculdade Maria Milza. E-mail: [email protected] *** Orientadora. Professora Titular da Faculdade Maria Milza Textura, Cruz das Almas-BA, ano 3, n.º 1, p. 76-86, Jan./Jul., 2008. 77 INTRODUÇÃO Morte materna, segundo a 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10), é a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez, devido a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devido a causas acidentais ou incidentais. A mortalidade materna é um importante indicador da saúde da mulher, retratando as condições de saúde e de atenção à saúde da mulher e suas desigualdades. Razões de mortalidade materna (RMM) elevadas indicam precárias condições socioeconômicas, baixo grau de informação e escolaridade, dificuldades de acesso a serviços de saúde de boa qualidade e, também, serviços de saúde de assistência à gravidez, ao parto e ao puerpério deficitários. (MINISTÉRIO DE SAÚDE, 2006) Em 2004, do total de óbitos ocorridos entre mulheres na faixa etária entre 10-49 anos, 22% foram em decorrência das neoplasias, 22% das doenças do aparelho circulatório, 19% das causas externas, 34% de outras causas e 3% das complicações na gravidez, no parto e no puerpério. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006) Apesar de uma minoria de mulheres morrer em decorrência das complicações originárias na gravidez no parto e no puerpério, a quase totalidade destes óbitos poderia ser evitada com a adoção de medidas assistenciais adequadas. Um estudo realizado na cidade de Recife/PE revelou que, cerca de 82% do total de óbitos analisados, poderiam ser evitados por meio de assistência adequada ao prénatal, parto e puerpério. (COSTA et al., 2002) Um dos grandes fatores limítrofes para uma análise conclusiva dos estudos sobre mortalidade materna tem sido a sub-notificação, havendo em muitos estudos a necessidade de adoção de um fator de correção para o cálculo da RMM. Estudo realizado em Campinas/SP, que analisou todas as DO de mulheres entre 10-49 anos ocorridos no município, entre os anos de 1992-1994, revelou uma subnotificação cerca de 40%, sendo as complicações infecciosas do aborto a principal causa de óbito com sub-notificação (71,5% ou 5/7 casos), seguida pela morte materna obstétrica indireta (66,6% ou 2/3 casos). (PARPINELLI et al., 2000) Tendo em vista a importância da RMM como indicador social, objetivou-se, neste estudo, estabelecer a evolução da mortalidade materna no Estado da Bahia, entre o período de 1996-2004, relacionada a características sociodemográficas maternas e ao óbito materno. METODOLOGIA O presente estudo tratou-se de uma pesquisa documental a partir das Declarações de Óbitos Maternos (DO) disponibilizadas no Sistema de InformaTextura, Cruz das Almas-BA, ano 3, n.º 1, p. 76-86, Jan./Jul., 2008. 78 ções sobre Mortalidade (SIM), referente aos anos de 1996-2004, no Estado da Bahia. Este sistema encontra-se acessível ao público através do site produzido pelo Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As DO foram consultadas no mês de julho/2007. O SIM é o mais antigo sistema de informação de saúde em funcionamento no País. Foi instituído pelo Ministério da Saúde em 1975, porém só começou a disponibilizar as DO referente aos óbitos maternos a partir de 1996. As DO são coletadas pelas secretarias estaduais ou municipais de saúde, em estabelecimentos de saúde e cartórios, sendo então codificadas e transcritas para o SIM. (OPAS, 2002) Na distribuição da Razão de Mortalidade Materna (RMM) em função das características sociodemográficas maternas foram destacadas as seguintes variáveis: escolaridade e idade. Em relação à idade foram considerados apenas os óbitos ocorridos entre as mulheres na faixa etária entre 10-49 anos. O grau de escolaridade foi medido através dos anos de estudo. As variáveis consideradas em relação ao óbito materno foram: o tipo de causa obstétrica, o período de ocorrência do óbito e grupo de doenças responsáveis pela morte materna codificadas na 10ª Classificação Internacional de Doenças (CID-10). O tipo de causa obstétrica é estratificado em morte materna obstétrica direta e morte materna obstétrica indireta. A morte materna obstétrica direta é aquela que ocorre por complicações obstétricas na gravidez, no parto e no puerpério em razão de intervenções, omissões, tratamento incorreto ou de uma cadeia de eventos resultantes de qualquer dessas causas. Enquanto a morte materna obstétrica indireta é aquela resultante de doenças existentes antes da gravidez ou de doenças que se desenvolveram durante a gravidez, não provocadas por causas obstétricas diretas, mas que foram agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006, p. 374) O período de ocorrência do óbito materna é comumente estratificado em: durante a gravidez, parto ou aborto; durante o puerpério, até 42 dias; e durante o puerpério, de 43 dias a um 1 ano. Trabalhou-se a RMM, obtendo-se no SIM o número de óbitos maternos, conforme definições descritas anteriormente no texto, dividindo-se pelo número de nascidos vivos de mães residentes, obtido no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), sem a utilização de nenhum fator de correção, figurando a seguinte fórmula: RMM = nº de óbitos maternos de mulheres residentes no período X 100.000 nº de nascidos vivos de mulheres residentes no período Textura, Cruz das Almas-BA, ano 3, n.º 1, p. 76-86, Jan./Jul., 2008. 79 RESULTADOS E DISCUSSÃO No Estado da Bahia, entre o período de 1996-2004, ocorreram 1.181 óbitos maternos. Numa apreciação evolutiva da RMM no Estado, observou-se que houve um aumento de cerca de 43% da razão de óbitos maternos/100.000 nascidos vivos no Estado. Em 1996, a RMM era de 47,61, em 2004, aumentou para 68,67, alcançando o seu pico em 2003, 71,96. Tanto a Região Nordeste quanto o Brasil também apresentaram aumento na RMM para o mesmo período, cerca de 12% e 5%, respectivamente (Figura 1). Tendência semelhante também foi observada em Recife/PE, entre os anos de 1996-2000, onde ocorreu um aumento na RMM, evoluindo de 58,10, em 1996, para 67,08, em 2000 (COSTA et al. 2002). Além de a RMM no Estado ter apresentado um elevado aumento no período estudado, em 2004, apresentou-se maior, não só em relação ao Brasil e a Região Nordeste, mas também em relação às outras grandes regiões: Norte (53), Sudeste (44,4), Sul (59) e Centro-Oeste (61,8) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Na distribuição da RMM em função da idade materna, notou-se que as mães na faixa etária entre 10-29 anos apresentaram as menores taxas: 10-14 anos (43,3), 15-19 anos (45,93) e 20-29 anos (49,69). Já as mães na faixa etária entre 30-49 anos apresentaram taxas de mortalidade materna extremamente elevadas em comparação com as mães adolescentes e as adultas jovens: 30-39 anos (134) e 40-49 anos (288,82) (Tabela 1). Em São Paulo, também se verificou um aumento progressivo da RMM em função da idade materna. Observou-se que entre as mulheres na faixa etária entre 40-44 anos este indicador foi de 140,85 e entre as mulheres na faixa etária entre 45-49 anos, foi de 692,04 (PAZERO et al., 1998). No município do Rio de Janeiro, numa análise entre os óbitos maternos ocorridos entre os anos de 1993-1996, também se evidenciou maior coeficiente de mortalidade materna entre as mulheres com 40 ou mais anos de idade. (THEME-FILHA; SILVA; NORONHA, 1999) Mais uma vez a baixa escolaridade materna mostrou-se como um fator de risco para resultados perinatais insatisfatórios. Neste estudo, observou-se que houve uma redução gradual da RMM com o aumento dos anos de estudo materno: nenhuma escolaridade (201,43), 1-3 anos (67,21), 4-7 anos (34), 8-11 anos (25,27) e 12 anos ou mais (42,56). No entanto, constatou-se que as mães com 12 anos ou mais de estudo apresentaram uma RMM maior que aquelas que tinham entre 4-11 anos de estudo (Tabela 1). Theme-Filha; Silva; Noronha (1999), na análise do total de óbitos maternos ocorridos no município do Rio de Janeiro, entre o período de 1993/96, também constatou uma redução gradativa da RMM em função do aumento dos anos de estudo materno: nenhuma (164,1), fundamental (57,8), 2º grau completo (36,6) e superior (28,3). Textura, Cruz das Almas-BA, ano 3, n.º 1, p. 76-86, Jan./Jul., 2008. 80 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Bahia 47,91 39,25 40,49 58,91 50,93 61,93 66,14 71,96 68,67 Nordeste 56,7 54,9 56,2 56,2 57,6 57,4 61,4 63 63,6 Brasil 51,6 61,15 64,8 57,3 52,2 50,6 54 52,1 54,2 Figura 1: Evolução da RMM no Estado da Bahia, na Região Nordeste e no Brasil, entre 1996-2004 Na distribuição das principais causas de óbito materno no Estado, em 2004, sem distinção de causa obstétrica, (O00-O08) o aborto (10%), (O10-O16) as doenças hipertensivas (18%), (O60-O75) as complicações do trabalho de parto e do parto (15,5%), (O95-O99) as afecções obstétricas NCOP (31%) e (O30-O48) a assistência prestada à mãe ligada ao feto, cavidade amniótica e problema de parto (12%) constituíram nos grupos de doenças responsáveis pela maioria dos óbitos maternos. (Tabela 2) Na evolução do número de óbitos maternos no Estado por grupos de doenças, verificou-se que os principais grupos de doenças que apresentaram aumento como causa de óbito materno, entre 1996-2004, foram: (O30-O48) a assistência prestada à mãe ligada ao feto, cavidade amniótica e problema de parto (67%); (O60-O75) as complicações do trabalho de parto e do parto (32%); (O95-O99) as afecções obstétricas NCOP (455%). (Tabela 3) Em 2004, a maioria dos óbitos maternos ocorreu por causa obstétrica direta (63%). As mortes maternas por causas obstétricas indiretas corresponderam a 36%, ocorrendo apenas uma morte materna sem causa obstétrica identificada. Em relação ao período de ocorrência do óbito, 40% dos óbitos maternos ocorreram na gravidez ou parto e 16% ocorreram durante o puerpério. No entanto, percebeu-se que 41% das DO não discriminaram o período de ocorrência do óbito. (Tabela 4) Textura, Cruz das Almas-BA, ano 3, n.º 1, p. 76-86, Jan./Jul., 2008. 81 Tabela 1: Distribuição da RMM segundo a idade e escolaridade materna, no Estado da Bahia, em 2004. nascidos vivos óbitos maternos n n 10-14 anos 2309 1 43,3 15-19 anos 56599 26 45,93 20-29 anos 126779 63 49,69 30-39 anos 42537 57 134 40-49 anos 4501 13 288,82 Ignorado 1722 0 Nenhuma 9929 20 201,43 1 a 3 anos 40172 27 67,21 4 a 7 anos 82334 28 34 8 a 11 anos 63310 16 25,27 12 anos e mais 21144 9 42,56 Ignorado 17565 61 Variáveis RMM Idade materna Escolaridade Na distribuição das principais causas de mortalidade materna por distinção de causa obstétrica, acurou-se que as principais causas de morte materna por causa obstétrica direta foram: (O10-O16) as doenças hipertensivas (26%); (O60O75) as complicações do trabalho de parto e do parto (24%); (O30-O48) a assistência prestada à mãe ligada ao feto, cavidade amniótica e problema de parto (20%); (O00-O08) o aborto (16%) (Tabela 5). Laurenti; Jorge; Gotlieb (2004) também identificaram os transtornos hipertensivos (26,9%) como a principal causa de mortalidade materna para 1º semestre de 2002 na Região Nordeste. Dados do Ministério da Saúde (2006) também evidenciaram a eclampsia/pré-eclâmpsia (26,8%) como a principal causa de morte obstétrica direta no Brasil, em 2004. Outros estudos também constataram a eclâmpsia/pré-eclâmpsia como grupo de doenças responsável pela maioria dos óbitos maternos diretos. (PAZERO et al., 1998; THEME-FILHA; SILVA; NORONHA, 1999; ANDRADE et al., 2006; COSTA et al., 2002). Já (O95-O99) as afecções obstétricas NCOP constituíram as principais causas de morte materna por causa obstétrica indireta, sendo responsável por 83% do nº de óbitos. (Tabela 6) Textura, Cruz das Almas-BA, ano 3, n.º 1, p. 76-86, Jan./Jul., 2008. 82 Tabela 2: Distribuição das principais causas de óbito de materno no Estado da Bahia, em 2004. Grupos de doenças (CID-10) n % Doença pelo vírus da imunodeficiência humana [HIV] 4 2,5 O00-O08 Gravidez que termina em aborto 16 10 O10-O16 Edema, proteinúria e transtornos hipertensivos na gravidez, no parto e no puerpério 27 18 O20-O29 Outros transtornos maternos relacionados predominantemente com a gravidez 7 4 O30-048 Assistência prestada à mãe por motivos ligados ao feto, cavidade amniótica e problemas de parto 20 12 O60-O75 Complicações do trabalho de parto e do parto 25 15,5 O85-O92 Complicações relacionadas predominantemente com o puerpério 12 7 O95-O99 Outras afecções obstétricas NCOP 50 31 Total 161 100 Tabela 3: Evolução das principais causas de óbito materno no Estado da Bahia, entre o período de 1996-2004. Grupos de doenças (CID-10) Outras doenças bacterianas 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 2 1 1 4 0 2 0 0 1 0 1 0 9 5 9 11 15 11 17 16 28 28 32 32 37 21 36 27 6 2 3 2 5 1 4 7 7 11 8 12 10 10 14 20 18 15 14 17 14 25 27 25 11 7 13 16 24 21 21 12 10 25 60 32 38 67 51 50 90 95 143 122 146 157 172 161 Doença pelo vírus da imunodeficiência 0 humana [HIV] Síndrome comportamental associada a 0 disfunções fisiológicas e fatores físicos O00-O08 Gravidez que termina em aborto 16 O10-O16 Edema, proteinúria e transtornos hipertensivos na gravidez, no parto e no 25 puerpério O20-O29 Outros transtornos maternos relacionados predominantemente com a 3 gravidez O30-048 Assistência prestada à mãe por motivos ligados ao feto, cavidade 12 amniótica e problemas de parto O60-O75 Complicações do trabalho de 19 parto e do parto O85-O92 Complicações relacionadas 11 predominantemente com o puerpério O95-O99 Outras afecções obstétricas 9 NCOP Total 95 Neste estudo, não se realizou uma análise estratificada das principais causas de mortalidade materna por período de ocorrência do óbito, em decorrência de 41% das DO, em 2004, não apresentarem a discriminação do período de ocorrência do óbito materno. No entanto, estudos mais criteriosos identificaram o puerpério até 42 dias como o período onde ocorreu o maior número de óbitos maternos. (REZENDE; MORELI; REZENDE 2000; ALBUQUERQUE et al. 1998; LAURENTI; JORGE; GOTLIEB, 2004). Textura, Cruz das Almas-BA, ano 3, n.º 1, p. 76-86, Jan./Jul., 2008. 83 Tabela 4: Distribuição dos óbitos maternos por tipo de causa obstétrica e período de ocorrência do óbito, no Estado da Bahia, em 2004 Ocorrência do óbito materno T ip o d e c a u s a m a te rn a o b s t é t r ic a M o rte m a te rn a o b s t é s tr ic a M o rte m a te rn a o b s t é t r ic a d ir e ta in d ir e ta n ã o e s p e c if ic a d a T o ta l P e río d o d o D u ra n te a g r a v id e z , p a r t o D u ra n te o p u e r p é r io , a té D u ra n te o p u e r p é r io , d e n a % 1 0 1 6 3 5 9 3 6 o b s té tr ic a M o rte N ã o n 1 1 1 6 1 1 0 0 6 4 4 0 2 7 1 6 3 2 ó b ito g r a v id e z o u o u 4 2 4 3 a b o rto d ia s d ia s a 1 a n o p u e r p é r io Ig n o ra d o T o ta l 1 1 6 6 4 1 1 6 1 1 0 0 Tabela 5: Principais causas de morte materna obstétrica direta, no Estado da Bahia, em 2004. Grupos de doenças (CID-10) n % O00-O08 Gravidez que termina em aborto 16 16 O10-O16 Edema, proteinúria e transtornos hipertensivos na gravidez, no parto e no puerpério 26 26 O20-O29 Outros transtornos maternos relacionados predominantemente com a gravidez 2 2 O30-048 Assistência prestada à mãe por motivos ligados ao feto, cavidade amniótica e problemas de parto 20 20 O60-O75 Complicações do trabalho de parto e do parto 25 24 O85-O92 Complicações relacionadas predominantemente com o puerpério 12 12 Total 101 100 Tabela 6: Principais causas de morte materna obstétrica indireta, no Estado da Bahia, em 2004. Grupos de doenças (CID-10) n % Doença pelo vírus da imunodeficiência humana [HIV] 4 7 O10 Hipertensão pré-existente complicando a gravidez, o parto e o puerpério 1 2 O20-O29 Outros transtornos maternos relacionados predominantemente com a gravidez 5 8 O95-O99 Outras afecções obstétricas NCOP 50 83 Total 60 100 Textura, Cruz das Almas-BA, ano 3, n.º 1, p. 76-86, Jan./Jul., 2008. 84 CONCLUSÕES A RMM no Estado da Bahia, além de ter apresentado um aumento significativo no período estudado, em 2004, apresentou-se mais elevada que em todas as grandes Regiões do País. Sem desconsiderar, que mesmo sem a utilização de fator de correção, está muito acima da taxa máxima tolerada pela OMS, cerca de 20 óbitos/100.000 nascidos vivos. A variação da RMM em função da idade materna permite inferir que com o aumento da idade também ocorra o aumento na predisposição de desenvolver complicações na gravidez, no parto e no parto, como as doenças hipertensivas. Já a variação da RMM, em função do aumento dos anos de estudo materno, aponta para a desigualdade que ainda existe na prestação dos serviços de saúde voltados à assistência na gravidez, no parto e no puerpério. As doenças hipertensivas, como principal causa de morte materna obstétrica direta alerta, para a precária assistência pré-natal que estas mães tiveram durante a gestação. Estudo numa maternidade-escola no Estado do Ceará revelou que a assistência pré-natal não foi realizada em 61,4% das parturientes que morreram em decorrência dos transtornos hipertensivos. (BEZERRA et al., 2005) Na análise das principais causas de mortalidade materna, sem distinção de causa obstétrica e período de ocorrência de óbito, verificou-se que do total de óbitos maternos ocorridos no Estado da Bahia, em 2004, as principais causas de mortalidade materna estiveram diretamente relacionadas por problemas originados ou intensificados durante a gravidez, o parto e o puerpério. Este achado vislumbra para a intensificação na adoção de medidas de atenção à saúde da mulher nestes períodos. Cecatti; Caldéron (2005) afirmam em relação à assistência durante o parto, que medidas, como atenção profissional capacitada nos partos institucionais, o uso de tecnologias apropriadas e o apoio psico-social durante o parto mostraram-se como fatores benéficos na prevenção de óbitos maternos. O panorama da mortalidade materna no Estado da Bahia, no período estudado, sugere a implantação e consolidação de Comitês de Mortalidade Materna em todos os municípios baianos, a fim de determinar a real Razão de Mortalidade Materna no Estado, assim como apontar falhas nos recursos envolvidos no atendimento à mulher e apresentar sugestões para que as mesmas possam ser corrigidas, contribuindo para a queda deste indicador. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, R.M. et al.. Fatores Sócio-Demográficos e de Assistência Médica Associados ao Óbito Materno. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia - v. 20, nº 4, 1998 ANDRADE, A.T.L. et al.. Mortalidade materna: 75 anos de observações em uma Textura, Cruz das Almas-BA, ano 3, n.º 1, p. 76-86, Jan./Jul., 2008. 85 Maternidade Escola. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2006; 28(7): 380-7 BEZERRA, E.H.M. et al.. Mortalidade materna por hipertensão: índice e análise de suas características em uma maternidade-escola. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2005; 27(9): 548-53 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2006 : uma análise da situação de saúde no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 620 p. : il. – (Série G. Estatística e Informação em Saúde) CECATTI, J.G.; CALDERÓN, I.M.P.. Intervenções benéficas durante o parto para a prevenção da mortalidade materna. 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Rede Interagencial de Informações para a Saúde - Ripsa. – Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 2002. p. 268 Revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10). 10ª edição. Disponível em: <hppt: www.datasus.gov.br/cid10>. Acessado em: 15/01/2008. REZENDE, C.H.A.; MORELI, D.; REZENDE, I.M.A.A.. Mortalidade materna em Textura, Cruz das Almas-BA, ano 3, n.º 1, p. 76-86, Jan./Jul., 2008. 86 cidade de médio porte, Brasil, 1997. Revista de Saúde Pública, São Paulo, 2000;34(4):323-8 THEME-FILHA, M.M.; SILVA, R.I.; NORONHA, C.P.. Mortalidade materna no Município do Rio de Janeiro, 1993 a 1996. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 15(2):397-403, abr-jun, 1999. Textura, Cruz das Almas-BA, ano 3, n.º 1, p. 76-86, Jan./Jul., 2008.
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