LIVRO - Stradivarius: Cinco Violinos, Um Violoncelo e Três

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LIVRO - Stradivarius: Cinco Violinos, Um Violoncelo e Três
Strings
LIVRO - Stradivarius: Cinco Violinos, Um Violoncelo e Três Séculos de Perfeição
A sedução do Stradivarius
Autor conta a história de seis das principais criações do célebre luthier italiano
João Luiz Sampaio - Domingo, 9 abril de 2006 - Jornal Estado de SP - CADERNO 2
"Tenho um violino que nasceu em 1713. Já estava vivo muito antes de mim, e espero que continue vivendo muito
tempo depois de mim. Não o considero como meu violino. Talvez eu é que seja o seu violinista; estou apenas passando
pela sua vida." A frase do violinista Ivry Gitlis tornou-se símbolo do mistério e da fascinação que os instrumentos criados
pelo italiano Antonio Stradivari, no século 18, exercem até hoje nas pessoas. Já houve várias tentativas de reproduzilos. Mas, no final das contas, seus violinos, violoncelos e violas permanecem como referenciais absolutos. Alcançam
valores cada vez mais altos em leilões e viajam o mundo com status de estrela semelhante ao dos virtuoses privilegiados
o suficiente para empunhá-los. E cinco deles acabam de ganhar biografia pelas mãos do pesquisador Toby Faber,
autor de Stradivarius: Cinco Violinos, Um Violoncelo e Três Séculos de Perfeição, que a editora Record lança agora no
Brasil (280 págs., R$ 39,90).
A história de Stradivari e suas criações começa na Cremona do início do século 18. Quando o jovem luthier começa a
trabalhar, o mercado ainda está tomado pela influência dos instrumentos de Andrea Amati. Seus primeiros violinos
seguem de perto o modelo do mestre. Mas ele eventualmente adquire um estilo pessoal que o transformaria em
referência, só ameaçado, mas não de muito perto, por Andrea Guarnieri, neto de um aprendiz do velho Amati.
Qual o motivo de tamanha distinção? São muitos. A madeira, a afinação, o verniz, etc. Mas para Faber isto é só o começo da
história. Ele lembra que ouviu falar de um Stradivarius pela primeira vez ainda criança. Estudava violino e foi ensinado de
que as peças de Stradivari eram insuperáveis tecnicamente. Era muito jovem para entender o porquê. "Mas me lembro
de assistir a alguns concertos e ficar pensando: nossa, esse violino foi feito há mais de 200 anos e ainda é o melhor.
Era isso que me impressionava", conta ao Estado. Muitos anos depois, ele leu um artigo sobre um dos violinos de
Stradivari, chamado "Messias". "O autor contava a história do instrumento e mostrava como alguns especialistas
questionavam sua autenticidade. E aí pensei que seria interessante contar a história destes instrumentos." Faber
escolheu, então, seis das criações de Stradivari, cinco violinos e um violoncelo - o "Messias", o "Viotti", o "Khevenhüller", o
"Paganini", o "Lipinski" e o "Davidov". "Uma das coisas mais impressionantes é que cada instrumento tem sua história.
Imagina-se que ele fabricou mais de mil deles, cerca de 600 chegaram aos nossos dias. Sabemos de onde vieram,
quem foram seus donos."
E como foi feita a escolha para o livro? "Procurei pôr peças que tivessem histórias interessantes, mas que também me
ajudassem a relembrar a trajetória do próprio Stradivari, que foi uma figura muito fascinante." Assim, por exemplo, o violino
"Viotti" ajuda a mostrar, por meio do trabalho de solista de seu dono na época, como começou a surgir a fama de
Stradivari; da mesma forma, o violino usado por Paganini participou do processo em que o solista se transformou em
grande estrela, com o Stradivarius associando-se na busca desses músicos pelo "som perfeito".
Ao todo, foram dois anos de pesquisas. Faber diz ter se divertido bastante com as histórias que encontrou. Mas um dos
tópicos que mais chamaram a atenção é o que diz respeito ao mercado que se criou a partir dos instrumentos. "É um
mundo muito sombrio, difícil de penetrar. Há muita gente cuidadosa, honesta. Mas há uma parte complicada,
principalmente quando se mexe com valores, vendas, negócios", diz, sem dar muitos detalhes a respeito. Ressalta,
porém, que não se refere apenas ao presente. Muitos desses negociantes aparecem ao longo da narrativa que ele
constrói muito habilmente, intercalando capítulos dedicados a cada instrumento. É o caso de um certo Tariso, que percorria
cidades do interior da Itália, oferecendo "gentilmente" violinos novos em troca daqueles mais antigos, "ultrapassados",
guardados em instituições como mosteiros ou mesmo em casas de família. O próprio Paganini, lembra Faber, adulterou as
etiquetas de algum dos seus Stradivarius - colocando uma data mais próxima à morte do luthier, esperava obter com as
peças valores maiores.
FASCÍNIO
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Criado em: 1 October, 2016, 21:13
Strings
Faber evita grandes discussões técnicas. Elas aparecem apenas nos momentos em que são imprescindíveis para a
compreensão de alguns casos que relembra. É neles, aliás, que está um dos trunfos do livro. O anedotário acaba
criando um contraponto interessante com a aura mística adquirida pelos instrumentos. É como se cada violino fosse um
personagem, uma testemunha ocular do passar do tempo e das vicissitudes da vida humana. E a fascinação por essa
permanência foi o que motivou Faber. No livro, ele recupera o contexto em que as peças surgiram, mostra como
mudanças na história da composição levaram a alterações no modo de interpretar, exigindo, conseqüentemente, um novo tipo
de instrumento que pudesse ser um veículo para o virtuosismo. Mas, no fim, ele volta à constatação da infância. "Esses
instrumentos se tornaram símbolos de poder para os músicos que o utilizam, ainda é tido como o melhor disponível.
Mas o que mais me impressiona é o modo como oferece uma ligação com o passado. Vê-los no palco e saber que eles
estão ali há 300 anos. É incrível."
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