caracterização do biofilme perifítico e seu papel no ciclo do mercúrio
Transcrição
caracterização do biofilme perifítico e seu papel no ciclo do mercúrio
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR Núcleo de Ciências Exatas e da Terra Departamento de Biologia CARACTERIZAÇÃO DO BIOFILME PERIFÍTICO E SEU PAPEL NO CICLO DO MERCÚRIO ANDRESSA DE JESUS FRANÇA Porto Velho (RO) 2014 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR Núcleo de Ciências Exatas e da Terra Departamento de Biologia CARACTERIZAÇÃO DO BIOFILME PERIFÍTICO E SEU PAPEL NO CICLO DO MERCÚRIO ANDRESSA DE JESUS FRANÇA Orientador: Dr. Marcio Rodrigues Miranda Monografia apresentada ao Departamento de Biologia da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas. Porto Velho (RO) 2014 3 4 ANDRESSA DE JESUS FRANÇA CARACTERIZAÇÃO DO BIOFILME PERIFÍTICO E SEU PAPEL NO CICLO DO MERCÚRIO Comissão Examinadora Dr. Marcio Rodrigues Miranda (Orientador) Dr. Wanderley Rodrigues Bastos Msc. Roberto Keidi Miyai Porto Velho, ______ de __________________________ de _______. Resultado______________________________________________________________ 5 Dedico esta monografia aos meus familiares e amigos, que sempre estiveram ao meu lado. 6 AGRADECIMENTOS Primeiramente sou grata a Deus por tudo de bom que proporcionou em minha vida e por ter me guiado até aqui. Sem a ajuda Dele provavelmente eu não teria chegado até onde cheguei. Talvez para alguns não faça sentido, mas eu realmente SEI que Ele vive, que é meu Pai e que cuida de mim. Também sou muito grata aos meus familiares (pai, mãe, tio João, primo Célio e irmãos) e amigos (Ozita, José Maurício Filho, Otávio, Olívia, Jéssica Rocha, Edna, Marcio Rocha, Jéssica Costa...) que sempre estiveram ao meu lado. Sou grata ao Luiz Alberto L. de Matos e a Maria Angélica, amigos da família que me ajudaram muito durante esses 4 anos. Também tenho muito a agradecer pela atenção, paciência e ajuda do meu orientador Marcio R. Miranda. Ele me ajudou MUITO, me ensinou muita coisa que talvez nem tenha se dado conta. Também serei sempre grata ao prof. Wanderley R. Bastos pela oportunidade de fazer parte de seu grupo de pesquisa, pelo apoio e ajuda no meu trabalhos, bem como pelos ensinamentos e momentos de descontração. Também sou muito grata ao professor Gil, a quem eu recorri várias vezes solicitando ajuda. Agradeço a todos da equipe (Marília, Leidiane, Roberta, Igor, Melissa, Deborah, Célia, Walkimar, Ronaldinho, Dario, Denilça, Eduardo, Cleber, Charlliene) do Laboratório de Biogeoquímica Ambiental Wolfgang C. Pfeiffer, que direta ou indiretamente contribuíram para meu aprendizado e realização desta monografia. Sou e sempre serei muito agradecida ao seu Antônio, que foi muito importante para o andamento das atividades realizadas, me ajudou muito nas atividades de campo, sem ajuda dele nem sei como teria realizados as amostragens de campo. MUITO OBRIGADA! Não posso me esquecer de agradecer pela amizade e bons momentos que minhas amigas (Bruna Soares, Amanda Nonato, Vanessa Cristine, Alyne Cunha, Najila, Débora Cristina, Aline Souza, Grazi...) que fiz ao longo desses 4 anos me proporcionaram. 7 RESUMO O biofilme perifítico é uma comunidade de micro-organismos que vive aderida a substratos submersos e possui grande importância nos processos biológicos de acumulação de mercúrio (Hg) e formação de metilmercúrio (MeHg). A fim de avaliar suas características e seu papel no ciclo do mercúrio este estudo foi conduzido em um igarapé impactado localizado dentro da Universidade Federal de Rondônia, no Campus de Porto Velho. O fluxo do igarapé foi barrado pela construção de uma estrada e o mesmo possui uma grande área alagada em comparação ao seu curso anterior. Na primeira parte do estudo o objetivo foi avaliar a toxicidade aguda (24 h), acumulação de Hg e formação do MeHg no biofilme perifítico. Para o estudo foram utilizadas lâminas de vidro como substrato para colonização perifítica, e após 20 dias de colonização foi realizado um mesocosmo com dois tratamentos: T Controle e T Contaminado (1600 µg HgCl2/L). Na segunda parte do estudo foram avaliadas a variação da biomassa, acúmulo de Hg e formação do MeHg no biofilme perifítico ao longo do tempo (70 dias), bem como a inter-relação destas variáveis. A retirada das lâminas foi realizada em dois períodos: águas altas/vazante (28/03 a 06/06/2013) e águas baixas (08/08 a 17/10/13) em intervalos regulares de 4, 7, 14, 22, 56 e 70 dias após imersão das lâminas. Os resultados obtidos por meio do mesocosmo foram: i) redução significativa da clorofila α no T Contaminado (p<0,05), evidenciando o caráter tóxico do Hg; ii) o peso seco e o peso seco livre de cinzas não foram afetados negativamente pela contaminação aguda pelo Hg; iii) acúmulo de cerca de 53% do Hg adicionado; iv) aumento na concentração de MeHg em relação ao TControle. Por meio da colonização perifítica ao longo do tempo observou-se que a concentração de HgT não variou com o aumento da biomassa perifítica em ambos períodos avaliados. Entretanto, a concentração de MeHg e a razão MeHg/HgT aumentou ao longo do tempo no período de águas baixas. Os valores de clorofila, peso seco e peso seco livre de cinzas apresentaram correlação positiva com o tempo de colonização (r>0,8; p<0,05) em ambos os períodos de amostragem. Com base no Índice de Lakatos e Índice Autotrófico o perifíton foi classificado como predominantemente inorgânico e heterotrófico. A concentração de MeHg foi correlacionada positivamente com a matéria orgânica (r=0,0965; p=0,0127) e com o tempo (r=0,08542; p=0,0303) no período de águas baixas, provavelmente devido a afinidade do Hg com a matéria orgânica e a importância dessa para a produção de MeHg. No presente trabalho foi possível observar que o biofilme perifítico tem alta capacidade para acumular o mercúrio e produzir o metilmercúrio. Palavras-chave: perifíton, mercúrio, metilação, ambiente aquático, toxicidade. 8 ABSTRACT The periphytic biofilm is a microbial community that live attached to submerged substrates and have important role in biological processes of accumulation of mercury (Hg) and formation of methylmercury (MeHg). In order to evaluate their characteristics and their role in the mercury cycle this study was conducted in an impacted stream located in the Federal University of Rondônia (Porto Velho). The stream flow was slowed by road construction resulting in a flooded area larger than compared to its previous course. In the first part of the study the objective was to evaluate the acute toxicity (24 h), and formation of Hg accumulation in periphytic biofilm. Glass slides were used as substrates for periphyton colonization, and after 20 days of colonization a mesocosm was performed with two treatments: TControl and TContaminated (1600 µg HgCl2/L). In the second part of the study we evaluated the variation in biomass accumulation and formation of Hg in periphytic biofilms over time (70 days). Periphyton sampling was carried out in two periods: high water/descending (28/03 to 06/06/2013) and low water (08/08 to 17/10/13) at regular intervals of 4, 7, 14, 22, 56 and 70 days after glass slides submersion. The main results are: i) significant reduction of chlorophyll α in TContaminated (p<0.05); ii) dry weight and ash free dry weight were not affected by acute Hg contamination; iii) accumulation of about 53% of the added Hg; iv) increased concentration of MeHg relative to TControl. Mercury concentration does not vary with increasing periphyton biomass in both periods. However, the concentration of MeHg and MeHg/Hg ratio increased over time at low water period. The values of chlorophyll, dry weight and ash free dry weight showed positive correlation with the colonization time (r> 0.8, p <0.05) in both sampling periods. Based on Lakatos and Autotrophic Index, periphyton was rated as predominantly inorganic and heterotrophic. Methylmercury concentration was positively correlated with organic matter (r = 0.0965, p = 0.0127) and time (r = 0.08542, p = 0.0303) at low water period. In the present study it was observed that the periphytic biofilm has high ability to accumulate mercury and produce methylmercury. Key words: periphyton, mercury, metilation,aquatic environment,toxicity. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Esquema da organização do biofilme perifítico ...................................................................... 13 Figura 2 Substratos colonizados pelo biofilme perifítico ...................................................................... 13 Figura 3 Área de estudo, igarapé localizado no Campus de Porto Velho da UNIR .............................. 17 Figura 4 Preparo do experimento de mesocosmo ................................................................................. 20 Figura 5 Precipitação diária no meses amostrados no ano de 2013 ...................................................... 21 Figura 6 Metodologia simplificada da análise de HgT na e no biofilme perifítico ............................... 25 Figura 7 Metodologia simplificada das etapas para análise de MeHg no biofilme perifítico ............... 26 Figura 8 Esquema da destilação para quantificação de MeHg em água ............................................... 27 Figura 9 Etapas do preparo para analise no CG-AFS ........................................................................... 28 Figura 10 Concentração média, mínima e máxima de clorofila α no biofilme perifítico. .................... 30 Figura 11 Concentração média, mínima e máxima do peso seco no biofilme perifítico. ..................... 30 Figura 12 Concentração média, mínima e máxima do peso seco livre de cinzas no biofilme perifítico31 Figura 13 Esquema do balanço de massa de Hg no biofilme perifítico e na água do aquário .............. 33 Figura 14 Colonização perifítica nos períodos avaliados ..................................................................... 34 Figura 15 Concentração média, mínima e máxima de clorofila α no biofilme perifítico em diferentes tempos de exposição em águas altas/vazante. ....................................................................................... 36 Figura 16 Concentração média, mínima e máxima de clorofila α no biofilme perifítico em tempos de exposição em águas baixas.................................................................................................................... 36 Figura 17 Concentração média, mínima e máxima de peso seco no biofilme perifítico em diferentes tempos de exposição no período de águas altas/vazante. ...................................................................... 38 Figura 18 Concentração média, mínima e máxima de peso seco no biofilme perifítico em diferentes tempos de exposição no período de águas baixas. Figura 19 Concentração média, mínima e máxima de peso seco livre de cinzas no biofilme perifítico em diferentes tempos de exposição no período de águas altas/vazante. ............................................... 39 Figura 20 Concentração média, mínima e máxima de peso seco livre de cinzas no biofilme perifítico em diferentes tempos de exposição no período de águas baixas. .......................................................... 39 Figura 21 Concentrações, médias, mínimas e máximas de HgT no biofilme perifíticos em diferentes tempos de exposição no período de águas altas/vazante. ..................................................................... 42 Figura 22 Concentrações médias, mínimas e máximas de HgT no biofilme perifíticos em diferentes tempos de exposição no período de águas baixas. ............................................................................... 42 Figura 23 Concentrações médias, mínimas e máximas de MeHg no biofilme em diferentes tempos de exposição no período de águas altas/vazante. ....................................................................................... 43 Figura 24 Concentrações médias, mínimas e máximas de MeHg no biofilme perifíticos em diferentes tempos de exposição no período de águas baixas. ............................................................................... 43 Figura 25 Concentrações médias, mínimas e máximas da razão MeHg/HgT no biofilme perifíticos em diferentes tempos de exposição no período de águas altas/vazante. .................................................... 44 Figura 26 Concentrações médias, mínimas e máximas da razão MeHg/HgT no biofilme perifíticos em diferentes tempos de exposição no período de águas baixas................................................................ 44 Figura 27 Concentração de HgT na água do igarapé em ambos os períodos avaliados. ....................... 45 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Classificação do biofilme perifítico segundo variações em massa (LAKATOS, 1989). ....... 24 Tabela 2 Estatística descritiva das variáveis bióticas do biofilme perifítico no T Controle e T Contaminado. . 29 Tabela 3 Classificação do biofilme perifítico dos diferentes tratamentos utilizados no mesocosmo segundo o peso seco e o conteúdo percentual de cinzas. ...................................................................... 32 Tabela 4 Estatísticas descritiva das concentrações de mercúrio total, metilmercúrio do biofilme perifítico nos tratamentos utilizados. .................................................................................................... 32 Tabela 5 Estatísticas descritiva das concentrações de mercúrio total, metilmercúrio e porcentagem de MeHg em relação ao HgT da água dos aquários dos tratamentos utilizados. ....................................... 32 Tabela 6 Valores médios e desvio padrão das variáveis bióticas do biofilme perifítico ao longo de 70 dias de colonização em dois períodos de amostragem. ......................................................................... 35 Tabela 7 Classificação do biofilme perifítico de acordo com o índice de Lakatos (1989) para ambos os períodos amostrados. ............................................................................................................................. 40 Tabela 8 Estatísticas descritiva das concentrações de mercúrio total, metilmercúrio e porcentagem de MeHg em relação ao HgT do biofilme perifítico dos dois períodos amostrados. ................................. 41 Tabela 9 Matriz de correlação entre as variáveis bióticas do biofilme perifítico e as espécies de mercúrio analisadas na amostragem de AA/V. Os resultados em negrito são aqueles que apresentaram correlação significativa (p <0,05).......................................................................................................... 46 Tabela 10 Matriz de correlação entre as variáveis bióticas do biofilme perifítico e as espécies de mercúrio analisadas na amostragem de AB. Os resultados em negrito são aqueles que apresentaram correlação significativa (p < 0,05)......................................................................................................... 47 Tabela 11 Conteúdos máximos e médios (*) de clorofila e peso seco em substrato exposto a colonização do biofilme perifítico em alguns ecossistemas aquáticos brasileiros. ............................... 48 11 SUMÁRIO RESUMO.................................................................................................................................................................7 ABSTRACT ........................................................................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 12 1. OBJETIVOS..................................................................................................................................................16 1.1. OBJETIVO GERAL ..................................................................................................................................... 16 1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................................ 16 2. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................................................... 16 2.1. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................................................................... 16 2.2. DELINEAMENTO AMOSTRAL ................................................................................................................ 18 2.2.1. Tipo de Substrato ............................................................................................................................... 18 2.2.2. Experimento com mesocosmo ........................................................................................................... 19 2.2.3. Colonização Perifítica ........................................................................................................................ 20 2.3. PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS .................................................................................................. 282 2.3.1. Variáveis Bióticas e Índices do Biofilme Perifítico .......................................................................... 22 2.3.1.1. Clorofila α ............................................................................................................................................ 22 2.3.1.2. Peso Seco e Peso Seco Livre de Cinzas ............................................................................................... 22 2.3.1.3. Índice Autotrófico ................................................................................................................................ 22 2.3.1.4. Índice de Lakatos ................................................................................................................................. 22 2.3.2. Mercúrio Total (Hg-T) e Metilmercúrio (MeHg) ............................................................................ 24 2.3.2.1. Biofilme Perifítico ............................................................................................................................... 24 2.3.2.2. Água ................................................................................................................................................... 246 2.4. TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................................................................... 28 3. RESULTADOS.............................................................................................................................................29 3.1. EXPERIMENTO COM MESOCOSMO.......................................................................................................29 3.1.1. Variáveis Bióticas e Índices do Biofilme Perifítico...........................................................................29 3.1.1.1. Clorofila α.................................................................................................................. ...........................29 3.1.1.2. Peso Seco...............................................................................................................................................30 3.1.1.3. Peso Seco Livre de Cinzas................................................................................................... .................31 3.1.1.4. Porcentagem de Matéria Orgânica e Inorgânica...................................................................................31 3.1.1.5. Índice Autotrófico e Índice de Lakatos.................................................................................................31 3.1.2. Mercúrio Total e Metilmercúrio........................................................................................................32 3.2. COLONIZAÇÃO PERIFÍTICA...........................................................................................................33 3.2.1. Variáveis Bióticas e Índices do Biofilme Perifítico...........................................................................34 3.2.1.1. Clorofila α............................................................................................................................................. 35 3.2.1.2. Peso Seco e Peso Seco Livre de Cinzas................................................................................................37 3.2.1.3. Porcentagem de Matéria Orgânica........................................................................................................39 3.2.1.4. Índice Autotrófico e Índice de Lakatos.................................................................................................40 3.2.2. Mercúrio Total e Metilmercúrio........................................................................................................41 3.2.3. Correlação das Variáveis....................................................................................................................45 4. DISCUSSÃO.......................................................................................................................... .......................47 4.1. BIOMASSA PERIFÍTICA NO PROCESSO DE COLONIZAÇÃO PERIFÍTICA ..................................... 47 4.2. DISTRIBUIÇÃO E ACÚMULO DO HG NO EXPERIMENTO COM MESOCOSMO ............................ 52 4.3. DISTRIBUIÇÃO E ACÚMULO DO HG NO PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DO BIOFILME PERIFÍTICO . .........................................................................................................................................................54 CONCLUSÕES.....................................................................................................................................................56 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................................................57 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 58 12 INTRODUÇÃO No ambiente, a maioria das bactérias se desenvolve em biofilmes (COSTERTON et al., 1994; COSTERTON et al., 1995; NIKOLAEV & PLAKUNOV, 2007) que funcionam como microhabitats, apresentando-se em condições diferentes das do ambiente a sua volta, possibilitando as células microbianas exercerem funções que não poderiam ser realizadas fora do biofilme (MORRIS & MONIER, 2003). A matriz polissacarídica fornece diversas vantagens para os micro-organismos agindo como proteção contra o estresse ambiental, sistema de captura e retenção de carbono orgânico dissolvido, como via para o transporte intercelular e como um meio em que as exoenzimas ficariam mais próximas as células microbianas facilitando a degradação de moléculas de alto peso molecular e sua absorção (FREEMAN & LOCK, 1993). O biofilme perifítico ou perifíton (Figura 1) é uma comunidade microbiana que, além de colonizado por bactérias, também é composto por outros micro-organismos tais como as algas, fungos, e protozoários, e detritos orgânicos e inorgânicos, que crescem aderidos a um substrato submerso orgânico ou inorgânico, vivo ou morto (WETZEL, 1983). O biofilme perifítico varia em espessura e se desenvolve na superfície de rochas e vegetação submersa de macrófitas, na parte externa de barcos, em outras superfícies naturais e artificiais de rios, riachos, igarapés, represas, lagos, áreas alagadas e estuários (TUNDISI & MATSUMURATUNDISI, 2008; ESTEVES, 2011; ŽIŽEK et al, 2011), como pode ser visto na figura 2. As algas constituem a maior parte do biofilme perifítico e são um dos componentes mais estudados (MOSCHINI-CARLOS, 1999; ESTEVES, 2011). A composição de espécies é dependente da trofia da água, da velocidade da correnteza, e da natureza e qualidade do substrato, como por exemplo, composição química e rugosidade (MOSCHINI-CARLOS, 1999). As algas possuem um ciclo de vida curto, respondendo rapidamente às mudanças ambientais, como por exemplo, estresse ambiental, mas também são as primeiras a se recuperarem desse distúrbio (CETTO et al, 2004; FERREIRA et al, 2006; CASTRO et al, 2008). 13 Figura 2 Esquema da organização do biofilme perifítico (MIRANDA, 2005). Figura 3 Substratos colonizados pelo biofilme perifítico. Foto: Andressa de J. França As algas do perifíton são consideradas grandes produtoras primárias, contribuindo consideravelmente para a produção de matéria orgânica e fluxo de energia de alguns ecossistemas aquáticos tropicais, principalmente em ambientes rasos, como córregos, riachos 14 e lagoas costeiras, podendo contribuir com até cerca de 70 a 85% da produtividade primária total (MOSCHINI-CARLOS, 1999; GOMES, 2000; VERCELLINO & BICUDO, 2006; ŽIŽEK et al., 2007; TUNDISI & MATSUMURA-TUNDISI, 2008; ESTEVES, 2011). As taxas de produção primária das algas vão depender, por exemplo, da área do substrato disponível para a colonização, das características dos substratos, das condições físicas e químicas da água e da morfometria dos sistemas aquáticos (MOSCHINI-CARLOS, 1999; TUNDISI & MATSUMURA-TUNDISI, 2008). Desse modo, o biofilme perifítico tem uma grande importância para a base alimentar das cadeias tróficas (GOMES, 2000). Rico em proteínas, vitaminas e minerais constitui em importante alimento para muitos organismos aquáticos, como inúmeros invertebrados e peixes (DOS SANTOS & DE FREITAS, 1986; MOSCHINI-CARLOS, 1999; ŽIŽEK et al., 2007; ESTEVES, 2011). Existe uma carência de informações a respeito do biofilme perifítico (BICUDO, 1990; GOMES, 2000; ESTEVES, 2011). Os estudos dessa complexa comunidade começaram mais tarde que os estudos do fitoplâncton (CASTRO et al, 2008; TUNDISI & MATSUMURATUNDISI, 2008), sendo negligenciado por muitos anos (ESTEVES, 2011). Ainda são poucos os trabalhos desenvolvidos nesta área, muito embora a atenção de vários pesquisadores tenha se voltado para essa comunidade nos últimos anos (ESTEVES, 2011). Ainda mais escassos são os estudos que relacionam a dinâmica da comunidade perifítica e a influência de xenobióticos (MIRANDA et al., 2007). O mercúrio é um contaminante global e extremamente tóxico aos organismos (MIRANDA et al, 2007). As comunidades microbianas são as primeiras a sofrerem quando ocorre qualquer alteração no ecossistema, e.g., a entrada de um contaminante como o mercúrio (MIRANDA et al, 2007). O mercúrio (Hg) é um elemento traço ou metal pesado com elevada toxicidade (BASTOS & LACERDA, 2004). Não possui nenhuma função fisiológica benéfica para o organismo humano, uma vez que em qualquer uma das formas que se apresenta é tóxico para os seres vivos e para o meio ambiente (OPAS, 2011). Alguns trabalhos experimentais tem revelado o efeito tóxico do mercúrio sobre comunidades microbianas tais como a diminuição do crescimento e da produção primária, letalidade dependendo da dose e da forma química do elemento (PÉRÈS, 1997; LEFEBVRE, KELLY& BUDD, 2007). O mercúrio ocorre naturalmente e é disperso no ambiente por processos naturais e antrópicos, sendo encontrado em diferentes formas orgânicas (e.g., metilmercúrio) e inorgânicas (e.g., mercúrio iônico). As espécies químicas naturais de mercúrio mais comuns que são encontradas no meio ambiente são o mercúrio metálico (Hg0), sulfeto de mercúrio 15 (HgS), cloreto de mercúrio (HgCl2) e metilmercúrio (CH3Hg) (OPAS, 2011). Em comparação ao mercúrio inorgânico, a formação do composto orgânico metilmercúrio aumenta a sua mobilidade e dispersão no sistema aquático (OPAS, 2011). O metilmercúrio é uma espécie química com reduzida afinidade com as superfícies minerais do sedimento. Assim, o metilmercúrio (MeHg) produzido é liberado para a coluna d’água e pode entrar na cadeia trófica por rápida difusão sendo rapidamente acumulado e biomagnificado, atingindo altas concentrações nos tecidos dos peixes de topo de cadeia (NRIAGU et al, 1992). O problema da contaminação por mercúrio (Hg) tornou-se expressivo em áreas de garimpagem a partir da corrida do ouro na região amazônica (MALM et al, 1990). No entanto, os solos amazônicos constituem reservatórios importantes de Hg (ROULET & LUCOTTE, 1995; FOSTIER et al, 1999; FADINI & JARDIM, 2001), e uma parcela importante da contaminação mercurial dos ecossistemas aquáticos seria causada pela erosão destes solos após o desmatamento para fins agropecuários (ROULET et al, 1999; FARELLA et al, 2001). É extremamente importante conhecer o ciclo biogeoquímico do mercúrio no ambiente para o entendimento do grau de toxicidade de seus compostos. Apesar de haver diversos trabalhos na literatura centralizados na dinâmica de produção e consumo do MeHg em vários tipos de matrizes ambientais (GUIMARÃES et al, 2000; MAURO et al, 2002; BISOTINI E JARDIM, 2004; GUIMARÃES et al, 2006; COSSA, AVERTY & PIRRONE, 2009), ainda não está completamente esclarecida a dinâmica do metilmercúrio no ambiente. Vários trabalhados têm relatado a importância e eficácia do biofilme perifítico na acumulação do mercúrio e sua transformação para metilmercúrio, bem como seu papel na transferência do MeHg para organismos superiores da cadeia trófica (DESROSIERS, PLANAS & MUCCI, 2006; MOLINA et al., 2010). Segundo Bell e Scudder (2007) ainda não está estabelecido pela comunidade científica se o biofilme perifítico assimila passivamente, ativamente, ou adsorve o Hg na superfície de suas células. A fim de entender qual o papel desempenhado por essa comunidade no ciclo do mercúrio, foram determinadas no presente estudo as características bióticas do biofilme perifítico (clorofila α, peso seco e peso seco livre de cinzas) e averiguados as suas interações com o mercúrio. 16 1. OBJETIVOS 1.1. OBJETIVO GERAL Caracterizar o biofilme perifítico, segundo suas variáveis biológicas (clorofila α, peso seco e peso seco livre de cinzas) e avaliar seu papel no ciclo do mercúrio em um igarapé da região amazônica, Porto Velho, Rondônia. 1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS I. Determinar a distribuição do mercúrio e do metilmercúrio ao longo de um processo de colonização da comunidade perifítica. II. Investigar as possíveis relações entre as variáveis bióticas (clorofila α, peso seco e peso seco livre de cinzas) do biofilme perifítico com as concentrações de mercúrio. III. Investigar a distribuição, acumulação e metilação de mercúrio no biofilme perifítico. IV. 2. Investigar o efeito tóxico agudo do mercúrio sobre a biomassa perifítica. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Segundo SEDAM e COGEO (2012) no Estado de Rondônia “o clima predominante, durante todo o ano, é o tropical úmido e quente, com insignificante amplitude térmica anual e notável amplitude térmica diurna, especialmente no inverno”. De acordo com a classificação de Köppen, o clima predominante no Estado é do tipo Aw - Clima Tropical Chuvoso. A média anual da precipitação pluviométrica varia entre 1.400 a 2.600 mm/ano, com precipitação inferior a 20 mm nos meses de junho, julho e agosto, enquanto a média anual da temperatura do ar varia entre 24 a 26 °C (SEDAM e COGEO, 2012). A área de estudo consiste em um igarapé que está localizado no Campus José Ribeiro Filho, situado na BR 364, km 9,5 sentido Rio Branco – AC, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Porto Velho, Rondônia (Figura 3). O igarapé tem sua nascente próxima ao Aterro Sanitário Municipal, antigo Lixão, que está a 1 km da UNIR (MARTINS, 2006). O solo da região é predominantemente da classe dos Latossolos Amarelos, Gleyssolos e 17 Latossolos Vermelhos Amarelos geralmente encontrados em relevo predominantemente plano e suave ondulado (DOS SANTOS, 2007). O igarapé é um ambiente impactado tanto pelo Lixão quanto por uma estrada construída para o acesso ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio no Rio Madeira (Figura 3). Devido a barragem pela estrada, na parte situada dentro da UNIR, o igarapé foi alterado de um ambiente lótico para um ambiente lêntico. Em função dessa alteração o local de estudo apresenta vasta quantidade de vegetação morta submersa e maior entrada de radiação solar do que anteriormente, o que permite a alta proliferação de biofilme perifítico. Provavelmente a decomposição bacteriana é intensa quando comparada a igarapés prístinos. Desse modo, o ambiente estudado possui características semelhantes a um reservatório formado por ocasião da construção de uma usina hidrelétrica e que não teve sua vegetação retirada. Portanto é um ambiente propício para a produção de metilmercúrio (HUGUET et al., 2010). Figura 4 Área de estudo, igarapé localizado no Campus de Porto Velho da UNIR; evidenciando o ponto amostrado e a estrada que barrou o igarapé. Mapa elaborado com base na imagem de alta definição do Google Earth, por Andressa de J. França e MSc Igor Bruno Barboza de Holanda do Laboratório de Biogeoquímica Ambiental Wolfgang C. Pfeiffer 18 2.2. DELINEAMENTO AMOSTRAL 2.2.1. Tipo de Substrato A maioria dos trabalhos desenvolvidos com essas comunidades é direcionada ao estudo da estrutura, taxonomia (RODRIGUES, JATI & PEREIRA, 2000; RODRIGUES et al., 2001; FONSENCA & RODRIGUES, 2005; RODRIGUES et al., 2005; TANIGUCHI, BICUDO & SENNA, 2005; VERCELLINO & BICUDO, 2006; ROFRIGUES et al., 2008; ESTEVES, 2011), dinâmica e importância no metabolismo dos ecossistemas aquáticos do qual fazem parte (MOSCHINI-CARLOS, 1999). Como o biofilme perifítico se caracteriza por colonizar a superfície de objetos submersos (FERREIRA et al, 2006), o estudo desta comunidade pode ser feito por meio da sua remoção de substratos naturais como rochas, folhas, caules ou raízes de plantas submersas. Substratos artificiais, tais como cerâmica, vidro, acrílico, acetato de celulose, plástico e outros, têm sido intensamente utilizados para determinar a taxa de crescimento do perifíton, da sucessão das comunidades e da concentração de biomassa (BICUDO, 1990; SCHWARZBOLD, 1990; MOSCHINI-CARLOS, 1999; TUNDISI & MATSUMURATUNDISI, 2008;). A amostragem pode ser feita pela retirada do material de uma área do substrato artificial; da análise do peso seco, do peso úmido, da concentração de clorofila; e contagem de células (SCHWARZBOLD, 1990; TUNDISI & MATSUMURA-TUNDISI, 2008). A comunidade perifítica é muito heterogênea, o que dificulta a separação de seus constituintes (MOSCHINI-CARLOS, 1999; ESTEVES, 2011). Logo, as medidas de biomassa e produção são relativas a comunidade como um todo (MOSCHINI-CARLOS, 1999). Neste estudo optou-se pela utilização de lâminas de vidro de microscopia como substrato artificial para colonização pelo biofilme perifítico (APHA, 1971), devido ao baixo custo financeiro, facilidade de coleta em campo e manuseio em laboratório. Elas também possuem outras vantagens como: 1) superfície uniforme, 2) fácil determinação da área colonizável, 3) conhecimento do tempo de colonização da comunidade perifítica (MOSCHINI-CARLOS, 1999; VERCELLINO, 2007; MADIGAN et al. 2010; FELISBERTO & RODRIGUES, 2012; TORGAN et al., 2013). As lâminas foram descontaminadas com extran, seguido de banho ácido (ácido nítrico 5%), enxágue com água deionizada e secagem em estufa a cerca de 50ºC. A área colonizável total de cada uma das lâminas foi de 34,57 cm2 ou 0,003457 m2. As lâminas foram coladas em 19 posição vertical em espumas de polietileno – fixadas a suportes de madeira. Os suportes contendo as lâminas foram submersos no igarapé por meio de estacas. 2.2.2. Experimento com mesocosmo Inicialmente foi realizada em Setembro de 2011 uma amostragem prévia ao experimento com mesocosmo. O substrato artificial foi imerso no igarapé por 14 dias. Foi uma etapa importante que permitiu: 1) padronizar técnicas de análise de mercúrio total (HgT) e metilmercúrio; 2) estabelecer quantidade de massa necessária para medir o mercúrio e algumas variáveis bióticas (clorofila α, peso seco e peso seco livre de cinzas) do biofilme perifítico; 3) determinar a concentração de Hg total para posterior delineamento experimental. Para avaliar os efeitos do mercúrio no biofilme perifítico, bem como investigar o possível papel deste no ciclo do mercúrio, foi realizado um experimento de mesocosmo (Figura 4) no igarapé de estudo, no período de 30 de Novembro a 21 de Dezembro de 2012. No experimento, foram utilizadas 600 lâminas de vidro (medidas: 26,0 x 76,0 mm. Espessura ~ 1 a 1,2 mm) e 6 aquários de vidro retangulares com tampa (medidas: 11,3 x 23,8 x 10,5 cm), cada um com capacidade para 2 litros (Figura 4.A). Foram delineados dois tratamentos, cada qual com três réplicas, denominados T contaminado, controle, sem adição de mercúrio e T com a adição de cloreto de mercúrio (HgCl2) na concentração de 1600 µg/L. Tal concentração foi estabelecida com a finalidade de provocar um efeito tóxico agudo sobre o biofilme perifítico (KERRISON et al., 1988; LEFEBVRE, KELLY & BUDD, 2007). O experimento foi iniciado após 20 dias de submersão das lâminas no igarapé. As lâminas colonizadas pelo biofilme perifítico foram transferidas para os aquários (Figura 4.B) e posteriormente foram adicionados cerca de 2 L de água do igarapé (Figura 4.C), previamente filtrada com papel filtro qualitativo Nalgon com 3 µm de porosidade dois dias antes do experimento em campo. A água do tratamento contaminado havia sido contaminada previamente com o 1600 µg/L de HgCl2 em laboratório. Cada aquário continha aproximadamente de 75 a 95 lâminas. 20 Figura 5 Preparo do experimento de mesocosmo. 4.A Suporte com aquários. 4.B Transferência das lâminas para os aquários. 4.C Água sendo colocada nos aquários. 4.D Mesocosmo pronto. Foto: Andressa de J. França. Após 24 h, as lâminas dos tratamentos controle e contaminado foram coletadas. A água do igarapé e a utilizada no experimento também foram coletadas para avaliar as concentrações de mercúrio total e metilmercúrio. A água do igarapé foi coletada da superfície com garrafa âmbar de 500 mL. A água presente nos T controle e T contaminado também foi coletada com garrafa âmbar de 500 mL, sendo uma garrafa para cada aquário. As lâminas presentes nos aquários foram coletadas e distribuídas em tubos porta lâminas para análises de biomassa, clorofila α, e em sacos de polietileno para análises de mercúrio. Após a coleta, as amostras foram levadas para o laboratório de Biogeoquímica Ambiental Wolfgang Christian Pfeiffer (UNIR) e mantidas refrigeradas ou congeladas até a sua análise. 2.2.3. Colonização Perifítica Esta amostragem foi realizada a fim de caracterizar as variáveis bióticas (peso seco, peso seco livre de cinzas e clorofila α) e a distribuição das concentrações de mercúrio total e metilmercúrio do biofilme perifítico ao longo de 70 dias de colonização, bem como avaliar a formação de MeHg. Além disso, foi avaliado se as concentrações das espécies de mercúrio e metilmercúrio variam ao longo do tempo de colonização e se estão relacionadas a alguma das variáveis biológicas do biofilme perifítico. 21 As amostragens foram realizadas nos períodos 28 de Março a 06 de Junho (águas altas/vazante) e 08 de Agosto a 17 de Outubro (águas baixas) do ano de 2013. Ao longo de 70 dias as lâminas de vidro foram coletadas em intervalos regulares de 4, 7, 14, 22, 56 e 70 dias após a imersão dos substratos artificiais no igarapé. É importante relatar que no primeiro período de amostragem a quantidade de precipitação ainda estava muito alta (Figura 5), principalmente no início da colonização dos substratos artificiais pelo biofilme perifítico, de modo que em algumas coletas a água do igarapé tinha aspecto bem turvo. Figura 6 Precipitação diária no meses amostrados no ano de 2013. Dados obtidos pela a estação de monitoramento na usina Santo Antônio, Porto Velho Rondônia (SEDAM). 100 90 Precipitação diária (mm) 80 70 60 50 40 30 20 10 0 março-13 abril-13 maio-13 junho-13 Meses julho-13 agosto-13 setembro-13 outubro-13 22 O preparo dos substratos artificiais seguiu o mesmo método descrito anteriormente. Para cada amostragem foram utilizadas cerca de 1500 lâminas. Os suportes contendo as lâminas foram submersos no igarapé por meio de estacas em três pontos, distantes aproximadamente 1,5 m. Cada ponto continha cerca de 500 lâminas. As lâminas colonizadas pelo biofilme perifítico foram coletadas de acordo com o intervalo estabelecido e descrito anteriormente e armazenadas em sacos de polietileno para as análises de mercúrio total (HgT) e metilmercúrio (MeHg), em tubos de polipropileno de 50 mL para as análises de peso seco e peso seco livre de cinzas ou em potes de poplipropileno para as análises de clorofila α. A água do igarapé também foi coletada, como descrito acima, para avaliar as concentrações de HgT. Após a coleta, as amostras foram levadas para o laboratório e mantidas refrigeradas ou congeladas até o início dos procedimentos laboratoriais. 2.3. PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS 2.3.1. 2.3.1.1. Variáveis Bióticas e Índices do Biofilme Perifítico Clorofila α A análise de clorofila α é uma medida indireta da biomassa de algas presentes no biofilme perifítico (APHA, 1971; SCHWARZBOLD, 1990; RODRIGUES et al., 2008). O método para análise de clorofila α e posterior equação foi adaptado de APHA (1971). Para a extração de clorofila α, foi adicionado álcool 96% a subamostra. Em seguida a subamostra foi refrigerada a 18ºC negativos por cerca de 24 h para posterior leitura em espectrofotômetro UV visível (SHIMADZU – modelo 2450). Ao fim do período de imersão em álcool, as amostras foram raspadas das lâminas e o conteúdo (perifíton e álcool) foi transferido para tubos de polipropileno de 50 mL. Posteriormente, as amostras foram centrifugadas a 3000 RPM por 5 minutos. Após a centrifugação, 3 mL do sobrenadante foi transferido para uma cubeta de quartzo para leitura em espectrofotômetro UV visível, nos comprimentos de onda 663 e 750 nm. Após a primeira leitura, a amostra foi acidificada com a adição de 100 µL de ácido clorídrico (HCl) 4 N. Após 90 segundos, a amostra foi novamente submetida à leitura nos comprimentos de onda 663 e 750 nm . 23 2.3.1.2. Peso Seco e Peso Seco Livre de Cinzas No presente estudo, o peso seco é o total de massa perifítica que foi removida do substrato e submetida à desidratação. O peso seco livre de cinzas representa o teor de matéria orgânica do biofilme perifítico e é obtido por combustão a elevadas temperaturas até que toda a matéria orgânica seja queimada e eliminada, restando apenas o material inorgânico ou as cinzas, que incluem também o material de origem alóctone aderido ou depositado com silte e argilas (SCHWARZBOLD, 1990). Posteriormente calcula-se a diferença entre peso inicial (peso seco) e o peso final após a combustão. As medidas de biomassa por peso seco (PS) e peso seco livre de cinzas (PSLC) foram realizadas como descrito a seguir (adaptado de SCHWARZBOLD, 1990). As amostras foram raspadas das lâminas com auxílio de bisturi e água ultra-pura (Milli-Q) e transferidas para beckers de 80 mL, previamente pesados em balança analítica. Posteriormente, as amostras foram colocadas em estufa a 40⁰C por mais de 24 horas até secarem e atingirem peso constante. Após o resfriamento, as amostras foram pesadas e calcinadas em forno mufla a 450ºC por aproximadamente 4 horas. Após o resfriamento, as amostras foram novamente pesadas e suas massas anotadas. Os resultados foram normalizados pela área de colonização e expressos em g/m2. 2.3.1.3. Índice Autotrófico (IA) A fim de determinar a natureza trófica do biofilme perifítico foi calculado o índice autotrófico, proposto por APHA (1971). O IA é obtido pelo quociente entre os valores de peso seco livre de cinzas e de clorofila α. Valores inferiores a 200 indicam um estado autotrófico enquanto que valores superiores indicam um estado heterótrofo. Esse índice permite determinar a característica dos organismos que compõe a comunidade perifítica. 2.3.1.4. Índice de Lakatos A partir do peso seco, percentual de cinzas e clorofila α, Lakatos (1989) propôs alguns índices para classificação do biofilme perifítico (Tabela 1). Para este trabalho só serão utilizados os índices baseados no percentual de cinzas e no peso seco. 24 Tabela 1 Classificação do biofilme perifítico segundo variações em massa (LAKATOS, 1989). Tipo I II III I II III IV 2.3.2. Peso seco Perifíton com massa elevada Perifíton com massa média Perifíton com massa baixa Conteúdo de cinzas Perifíton tipo inorgânico Perifíton tipo inorgânico./orgânico Perifíton tipo orgânico./inorgânico Perifíton tipo orgânico g/m2 > 40 20 – 40 < 20 % > 75 50 – 75 25 – 50 < 25 Mercúrio Total (Hg-T) e Metilmercúrio (MeHg) Para garantir o controle de qualidade analítico as amostras foram analisadas em duplicata e foram usados brancos nos processos de extração química e análises. Além de spikes para a análise das amostras de água e amostras certificadas (e.g., com concentração de mercúrio conhecida), TORT 2, BCR 463 (TUNA FISH), IAEA 140, DOLT 2, NIST 2876, para análise das amostras de biofilme perifítico. 2.3.2.1. Biofilme Perifítico As subamostras destinadas as análises de mercúrio total e metilmercúrio foram raspadas das lâminas com auxílio de bisturi e água ultra-pura (Milli-Q). Em alguns casos as lâminas foram colocadas em lavadora ultrassônica (UNIQUE) por no mínimo 3 ciclos de trinta minutos para a desorção do biofilme perifítico das lâminas. O material perifítico ainda aderido foi raspado com bisturi. Posteriormente estas amostras foram liofilizadas. Para a análise de mercúrio total (Figura 6) foi pesada uma massa de aproximadamente 20-200 mg em tubos de ensaio de 25 mL, de acordo com o tamanho da amostra. Para as amostras do T contaminado foi pesada uma massa menor, devido o alto teor de mercúrio. A abertura química seguiu as seguintes etapas: (1) adição de 1 mL de peróxido de hidrogênio (H2O2) concentrado; (2) adição de 3 mL de ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado; (3) aquecimento no bloco digestor a temperatura de 80° C por 1 hora e 30 minutos; (4) posteriormente adição de 3 mL de ácido nítrico (HNO3) concentrado; (5) aquecimento no bloco digestor a 80°C por 1 hora e 30 minutos; (6) resfriamento das amostras à temperatura ambiente; (7) adição de 5 mL de permanganato de potássio (KMnO4) 5 %; (8) aquecimento no bloco digestor a 80°C por 15 minutos. (9) Após resfriamento, as amostras permaneceram 25 em “overnigth” por 12 h. (10) Após esse período, foi adicionado 1 mL de cloridrato de hidroxilamina a 12% (NH2OH.HCl) e aferido o volume final a 13 mL. A determinação do mercúrio total foi realizada por espectrofotometria de absorção atômica por geração de vapor frio (FIMS-400 Perkin Elmer), equipado com um sistema de injeção de fluxo (FIAS) com amostrador automático utilizando “Software” (Winlab-Perkin Elmer). A metodologia empregada foi adaptada dos métodos desenvolvidos por BASTOS et al. (1998). Figura 7 Metodologia simplificada da análise de HgT na e no biofilme perifítico. Para a análise de metilmercúrio foi pesada uma massa de aproximadamente 20-80 mg em tubos de polipropileno de 14 mL (Figura 7). As amostras sofreram extração alcalina fechada em estufa de metal a 68ºC com 3 mL KOH/Metanol 25% por cerca de 6 horas, sendo que a cada 2 horas as amostras eram agitadas para maior eficiência da reação. Posteriormente as amostras foram armazenadas no escuro para evitar degradação do metilmercúrio pela luz por 48 horas, tempo necessário para a completa reação e estabilização das amostras. Após as 48 h seguiu-se a etapa de etilação aquosa com adição de 300 µL de solução tampão acetato de sódio (pH ~ 4,9) para manter o pH da solução adequado para a reação de etilação após a adição de 50 µL de tetra-etil-borato de sódio 1% (NATEB). É importante detalhar que somente uma alíquota de 30 µL da amostra é etilada em frasco âmbar de 40 mL contendo água ultra-pura (Milli-Q). As amostras foram analisadas por cromatógrafo gasoso acoplado ao espectrofotômetro de fluorescência atômica (CG-AFS) (MERX™ Automated Methyl Mercury Analytical System – Brooks Rand). Os protocolos de análise das amostras foram baseados em EPA (2001) e Pichet (1999). 26 Figura 8 Metodologia simplificada das etapas para análise de MeHg no biofilme perifítico. 2.3.2.2. Água Para a quantificação de HgT na água foram pesados 25g da amostra em frascos de 40 mL. Depois foram adicionados as amostras 100 μL de monocloreto de bromo. Após 40 minutos, foram adicionados 100 μL de cloridrato de hidroxilamina 30 %. Posteriormente as amostras foram homogeneizadas e foram adicionados 100 μL de cloreto estanoso 20 %. Após 10 minutos foi realizada a leitura das amostras no CG - AFS. O protocolo de análise foi baseado no método 1631 da EPA (2002). A quantificação de MeHg na água foi obtida após as etapas de destilação (Figura 8), etilação aquosa (Figura 9), purge and trap e cromatografia gasosa acoplado a espectrometria de Fluorescência Atômica - GC-AFS (Sistema MERX da Brooks Rand Labs) a partir do método 1630 da EPA (2001). 27 Figura 9 Esquema da destilação para quantificação de MeHg em água (adaptado de Machado, 2011). 28 Figura 10 Etapas do preparo para analise no CG-AFS (adaptado de Machado, 2011). 2.4. TRATAMENTO DOS DADOS Inicialmente foi feita uma análise descritiva dos dados. Posteriormente foi utilizada uma matriz de correlação para medir o grau de correlação entre: (1) o tempo de colonização e as variáveis biológicas (clorofila α, peso seco e peso seco livre de cinzas) do biofilme perifítico; (2) das variáveis biológicas (clorofila α, peso seco e peso seco livre de cinzas do biofilme perifítico entre si; (3) das variáveis biológicas (clorofila α, peso seco e peso seco livre de cinzas) do biofilme perifítico com as concentrações de mercúrio total e 29 metilmercúrio; (4) o tempo de colonização e as espécies de mercúrio analisadas; e (5) do mercúrio total com o metilmercúrio. O teste de Kruskal-Wallis com comparações múltiplas utilizando o procedimento de Dunn foi utilizado para verificar as diferenças entre as médias ao longo do tempo de colonização para todas as variáveis medidas. Foi utilizado o teste t para comparar os resultados obtidos das amostras dos tratamentos do experimento de mesocosmo. O intervalo de confiança utilizado para os testes foi de 0,05. Foram utilizados o software Microsoft Office Excel versão 2007 para preparo das figuras e o programa Bioestat versão 5.3 para os tratamentos estatísticos. 3. RESULTADOS 3.1. EXPERIMENTO COM MESOCOSMO 3.1.1. Variáveis Bióticas e Índices do Biofilme Perifítico Os dados descritivos dos parâmetros biológicos do biofilme perifítico do experimento com mesocosmo, assim como o Índice Autotrófico estão exibidos na tabela 2. Tabela 2 Estatística descritiva das variáveis bióticas do biofilme perifítico no T Variáveis T controle n Clorofila α (mg/m2) Peso Seco (g/m2) Peso Seco Livre De Cinzas (g/m2) Matéria Orgânica (%) Matéria Inorgânica (%) Índice Autotrófico 3.1.1.1. 6 5 5 5 5 5 Média 0,64 21,08 4,94 23,55 76,45 8895,52 DP 0,21 2,59 0,57 0,69 0,69 2252,54 CV 32,83 12,31 11,47 2,92 0,90 25,32 n 3 3 3 3 3 3 Controle e T Contaminado. T contaminado Média DP 0,16 28,82 6,31 21,64 78,36 39597,86 0,01 4,50 1,18 0,46 0,46 8611,03 CV 8,19 15,61 18,69 2,11 0,58 21,75 Clorofila α Foi encontrada diferença significativa (p=0,0013) quando comparadas as médias do T Controle e do T Contaminado, evidenciando a redução da clorofila com a exposição ao contaminante, na concentração e tempo estabelecidos neste estudo. A média da clorofila α do controle foi 4 vezes maior que a média do contaminado (Figura 10). 30 Figura 11 Concentração média, mínima e máxima de clorofila α no biofilme perifítico. 1.00 0.90 Chl a (mg/m2) 0.80 0.70 0.60 0.50 0.40 0.30 0.20 0.10 0.00 Controle Contaminado Tratamento 3.1.1.2. Peso Seco A média do peso seco (PS) do T Controle foi menor que o do T Contaminado (p = 0,0097). Figura 12 Concentração média, mínima e máxima do peso seco no biofilme perifítico. 40.00 35.00 PS (g/m2) 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 Controle Contaminado Tratamento 31 3.1.1.3. Peso Seco Livre de Cinzas A média do peso seco livre de cinzas (PSLC) do T Contaminado Controle foi menor que o do T (p=0,0313). Figura 13 Concentração média, mínima e máxima do peso seco livre de cinzas no biofilme perifítico. 9.00 8.00 PSLC (g/m2) 7.00 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 Controle Contaminado Tratamento 3.1.1.4. Porcentagem de matéria orgânica e inorgânica A diferença observada entre os tratamentos foi significativa (p=0,0027). Portanto, a % de MO foi maior no T Controle do que no T Contaminado e para a % de MI ocorreu o inverso, isto é, foi maior no T Contaminado do que no T Controle. 3.1.1.5. Índice Autotrófico e Índice de Lakatos O índice autotrófico (IA) (APHA 1971) baseado no quociente entre PSLC e a Chl α, indicou um biofilme perifítico predominantemente heterotrófico (e.g., IA > 200) em ambos os tipos de tratamentos (Tabela 2). De acordo com o índice de Lakatos (1989) o biofilme perifítico foi classificado como tipo II ou com massa média em relação ao peso seco, e tipo I ou inorgânico em relação ao percentual de cinzas. Isto ocorreu para os dois tratamentos (Tabela 3). 32 Tabela 3 Classificação do biofilme perifítico dos diferentes tratamentos utilizados no mesocosmo segundo o peso seco e o conteúdo percentual de cinzas. Tratamentos T Controle T Contaminado 3.1.2. Peso seco II – massa média II – massa média % cinzas I – inorgânico I – inorgânico Mercúrio Total e Metilmercúrio As concentrações de HgT e o MeHg foram respectivamente 734 vezes e 100 vezes maior no biofilme perifítico do T Contaminado do que no do T Controle (Tabela 4). Isso evidencia que o biofilme perifítico acumulou o mercúrio adicionado no tratamento contaminado e que provavelmente ocorreu metilação na comunidade perifítica. Tabela 4 Estatísticas descritiva das concentrações de mercúrio total, metilmercúrio do biofilme perifítico nos tratamentos utilizados. Tratamentos n Mercúrio total (µg/kg) Média DP CV (%) T Controle 3 3 184 62 134878 19283 T Contaminado 34 14 Metilmercúrio (µg/kg) Média DP CV (%) 2 245 1 43 51 17 Na Tabela 5 estão descritos os resultados encontrados da análise de mercúrio total metilmercúrio da água dos aquários dos dois tratamentos utilizados no mesocosmo. Após fazer o balanço de massa (Figura 13), foi possível observar que dos 1600 µ HgCl2/L, que equivale a 2364 µg Hg, adicionados no T Contaminado mais de 50% (1258,75 µg de Hg) de Hg foi acumulado no biofilme perifítico e cerca de 10 % (233,20 µg de Hg) ficou na água. Houve uma perda de cerca de 37 % (872,05 µg de Hg). A massa de MeHg do T Contaminado correspondeu a 2,28 µg no biofilme perifítico e 0,11 µg na água. Tabela 5 Estatísticas descritiva das concentrações de mercúrio total, metilmercúrio e porcentagem de MeHg em relação ao HgT da água dos aquários dos tratamentos utilizados. Tratamentos n Mercúrio total (ng/L) Média DP CV (%) Metilmercúrio (ng/L) Média DP CV (%) T Controle 3 2 44 26 116599 28850 0,08 56,37 T Contaminado 58 25 0,06 12,82 74,17 22,74 33 Figura 14 Esquema do balanço de massa de Hg no biofilme perifítico e na água do aquário. 3.2. COLONIZAÇÃO PERIFÍTICA Na Figura 14 é possível observar o aumento da biomassa perifítica em função da colonização perifítica nos substratos artificiais submersos no igarapé nos períodos de águas altas/vazante e águas baixas no período de 70 dias. 34 Figura 15 Colonização perifítica nos períodos avaliados. 14.A. Após 4 dias no período AA/V. 14.B. Após 70 dias no período AA/V. 14.C. Após 4 dias no período AB. 14.D. Após 70 dias no período AB 3.2.1. Variáveis Bióticas e Índices do Biofilme Perifítico Na tabela a seguir (Tabela 6) estão expostos os valores médios e o desvio padrão dos resultados obtidos das duas amostragens realizadas em diferentes períodos no ano de 2013. 35 Tabela 6 Valores médios e desvio padrão das variáveis bióticas do biofilme perifítico ao longo de 70 dias de colonização em dois períodos de amostragem. Tempo (dias) Chl α (mg/m2) PS (g/m2) PSLC (g/m2) MO (%) 4 7 14 22 56 70 Período: 28 de Março a 06 de Junho 0,048±0,004 6,07±1,37 1,37±0,16 23 0,010±0,003 8,49±1,60 1,71±0,31 20 0,102±0,061 8,20±2,95 1,73±0,65 21 0,003±0,003 31,77±15,30 5,40±2,60 17 0,238±0,162 75,73±19,78 15,12±3,60 20 0,251±0,034 46,28±16,21 9,99±2,60 22 4 7 14 22 56 70 0,023±0,002 0,052±0,005 0,087±0,011 0,127±0,012 0,130±0,026 0,159±0,044 3.2.1.1. Período: 08 de Agosto a 17 de Outubro 0,91±0,13 0,30±0,009 32 1,35±0,25 0,43±0,08 32 2,03±0,34 0,67±0,08 33 4,41±0,96 1,49±0,25 34 5,87±0,34 2,74±0,13 47 9,60±2,70 3,26±0,95 34 MI (%) IA 77 80 79 83 80 78 28673 170822 17047 2162260 63570 39800 68 68 67 66 53 66 12709 8276 7665 11783 21013 20455 Clorofila α A concentração de clorofila α aumentou ao longo do tempo de colonização para ambos os períodos de amostragem (Figuras 15 e 16)De acordo com o teste de Kruskal-Wallis e Dunn só houve diferença significativa entre os dias 22 e 70 (p=0,0096) na amostragem de 28 de Março a 06 de Junho, e entre os dias 4 e 70 (p=0,011) na amostragem de 08 de Agosto a 17 de Outubro. Os maiores valores de Chl α foram registrados quando o biofilme perifítico estava com 70 dias de colonização no igarapé, para ambas as amostragens (Figuras 15 e 16). 36 Figura 16 Concentração média, mínima e máxima de clorofila α no biofilme perifítico em diferentes tempos de exposição em águas altas/vazante. 0.450 0.400 r = 0,8584 Chl a (mg/m2) 0.350 0.300 y = 0,0457x - 0,0516 R² = 0,5923 0.250 0.200 0.150 0.100 0.050 0.000 4 7 14 22 56 70 Dias Ocorreu maior flutuação nos valores de clorofila α do primeiro período de amostragem (Figura 15) do que do segundo, neste último a produção de clorofila α ao longo do tempo foi mais linear. Aparentemente a concentração média de clorofila α foi maior no primeiro período de coleta (águas altas/vazante), contudo devido ao baixo n amostral não é possível inferir o efeito sazonal nas concentrações de clorofila α. Figura 17 Concentração média, mínima e máxima de clorofila α no biofilme perifítico em tempos de exposição em águas baixas. 0.450 0.400 Chl a (mg/m2) 0.350 0.300 r = 0,9644 0.250 y = 0,0272x + 0,0013 R² = 0,9692 0.200 0.150 0.100 0.050 0.000 4 7 14 22 Dias 56 70 37 3.2.1.2. Peso Seco (PS) e Peso Seco Livre de Cinzas (PSLC) As concentrações do PS (Figuras 17 e 18) e do PSLC (Figuras 19 e 20) aumentaram ao longo do tempo para ambos os períodos de amostragem. Houve uma correlação positiva e significativa com o tempo de exposição das lâminas. Na amostragem de 28 de Março a 06 de Junho (AA/V) foi observada diferença significativa entre os dias 4 e 56 tanto para os valores de peso seco (p=0,0103) e peso seco livre de cinzas (p=0,0112), com declínio na biomassa perifítica no dia 70. Com relação ao período de 08 de Agosto a 17 de Outubro (AB) foram observadas diferenças significativas entre os dias 4 (p=0,0054) e 70 (p=0,0069). 38 Figura 18 Concentração média, mínima e máxima de peso seco no biofilme perifítico em diferentes tempos de exposição no período de águas altas/vazante. 100.00 90.00 80.00 PS (g/m2) 70.00 r= 0,8903 60.00 y = 12,181x - 13,211 R² = 0,6713 50.00 40.00 30.00 20.00 10.00 0.00 4 7 14 22 56 70 Dias Figura 19 Concentração média, mínima e máxima de peso seco no biofilme perifítico em diferentes tempos de exposição no período de águas baixas. 100.00 90.00 80.00 PS (g/m2) 70.00 60.00 50.00 r= 0,9914 40.00 30.00 y = 1,6962x - 1,9095 R² = 0,9086 20.00 10.00 0.00 4 7 14 22 Dias 56 70 39 Figura 20 Concentração média, mínima e máxima de peso seco livre de cinzas no biofilme perifítico em diferentes tempos de exposição no período de águas altas/vazante. 20.00 18.00 PSLC (g/m2) 16.00 14.00 r= 0,9023 12.00 y = 2,4853x - 2,809 R² = 0,6866 10.00 8.00 6.00 4.00 2.00 0.00 4 7 14 22 56 70 Dias Figura 21 Concentração média, mínima e máxima de peso seco livre de cinzas no biofilme perifítico em diferentes tempos de exposição no período de águas baixas. 20.00 18.00 PSLC (g/m2) 16.00 14.00 12.00 10.00 8.00 r= 0,8554 6.00 y = 0,6441x - 0,7729 R² = 0,9194 4.00 2.00 0.00 4 7 14 22 56 70 Dias 3.2.1.3. Porcentagem de matéria orgânica Não houve grandes alterações nas porcentagens de matéria orgânica e inorgânica ao longo do tempo para ambos os períodos analisados. Todavia de acordo com o teste de Kruskal-Wallis e Dunn houve uma diferença significativa entre os dias 4 e 22 (p=0,0362) para o período de AA/V, enquanto que para o período de AB não houve diferença significativa (p=0,1198) ao longo dos 70 dias de colonização pelo biofilme perifítico. 40 3.2.1.4. Índice Autotrófico (IA) e Índice de Lakatos De acordo com o IA (APHA, 1971) o biofilme perifítico teve natureza heterotrófica (IA > 200) ao longo dos 70 dias de colonização e em ambas as épocas de amostragem. Com base no índice de Lakatos (1989) o biofilme perifítico foi classificado como tipo I (inorgânico) segundo o percentual de cinzas em todo o período de AA/V enquanto que em todo o período de AB foi classificado como tipo II (inorgânico/orgânico). Em relação ao peso seco o biofilme perifítico amostrado no período de AA/V foi classificado como tipo III (massa baixa) no inicio da colonização e até o dia 14. O biofilme perifítico do dia 22 foi classificado como tipo II (massa média) e o dos dias 56 e 70 como tipo I (massa elevada). Já em todo o período de AB o biofilme perifítico foi classificado como tipo III. Tabela 7 Classificação do biofilme perifítico de acordo com o índice de Lakatos (1989) para ambos os períodos amostrados. Tempo (dias) Peso seco % cinzas 4 7 14 22 56 70 Período: 28 de Março a 06 de Junho III – massa baixa I – inorgânico III – massa baixa I – inorgânico III – massa baixa I – inorgânico II – massa média I – inorgânico I – massa elevada I – inorgânico I – massa elevada I – inorgânico 4 7 14 22 56 70 Período: 08 de Agosto a 17 de Outubro III – massa baixa II – inorg./orgânico III – massa baixa II – inorg./orgânico III – massa baixa II – inorg./orgânico III – massa baixa II – inorg./orgânico III – massa baixa II – inorg./orgânico III – massa baixa II – inorg./orgânico 41 3.2.2. Mercúrio Total e Metilmercúrio A estatística descritiva referente aos teores de mercúrio total, metilmercúrio e porcentagem de MeHg no biofilme perifítico está exposta na tabela 8. Não houve diferença significativa na concentração de HgT (p=0,1337) do biofilme perifítico ao longo do tempo de colonização no período de águas altas/vazante (Figura 21). Entretanto, no período de águas baixas foi observada uma diferença significativa (p=0,0134) na concentração de HgT entre os dias 4 e 22 (Figura 22). Tabela 8 Estatísticas descritiva das concentrações de mercúrio total, metilmercúrio e porcentagem de MeHg em relação ao HgT do biofilme perifítico dos dois períodos amostrados. Tempo (dias) n Mercúrio total (µg/kg) Média DP CV Metilmercúrio (µg/kg) Média DP MeHg/HgT CV Média DP CV Período: 28 de Março a 06 de Junho 4 3 176,93 3,72 2,10 0,73 0,21 29,07 0,41 0,12 29,17 7 3 183,84 3,64 1,93 0,36 0,14 37,37 0,19 0,08 38,82 14 3 177,71 13,07 7,35 0,59 0,25 41,76 0,33 0,15 44,64 22 3 190,32 15,50 8,14 0,64 0,25 38,09 0,33 0,11 31,51 56 3 168,33 10,61 6,30 2,48 0,30 11,90 1,49 0,28 18,91 70 3 191,95 10,14 5,29 0,50 0,16 32,61 0,26 0,10 37,09 Período: 12 de Agosto a 17 de Outubro 4 3 128,81 11,26 8,74 0,40 0,05 11,46 0,31 0,06 18,15 7 3 141,58 8,59 6,07 0,61 0,05 7,51 0,43 0,06 12,71 14 3 161,27 10,66 6,61 1,12 0,24 21,37 0,69 0,10 15,01 22 3 179,92 8,86 4,92 2,32 2,01 86,86 1,30 1,14 87,73 56 3 143,72 4,45 3,10 6,92 5,64 81,41 4,74 3,74 78,88 70 3 157,79 8,73 5,53 3,97 0,75 18,82 2,54 0,59 23,26 42 Figura 22 Concentrações, médias, mínimas e máximas de HgT no biofilme perifíticos em diferentes tempos de exposição no período de águas altas/vazante. 200.00 HgT (µg/kg) 180.00 160.00 r = 0,0164 140.00 y = 0,7475x + 179,73 R² = 0,022 120.00 100.00 4 7 14 22 56 70 Dias HgT (µg/kg) Figura 23 Concentrações médias, mínimas e máximas de HgT no biofilme perifíticos em diferentes tempos de exposição no período de águas baixas. 200.00 r= 0,1975 180.00 y = 4,8574x + 135,18 R² = 0,2559 160.00 140.00 120.00 100.00 4 7 14 22 56 70 Dias No período de amostragem compreendido entre 28 de Março a 06 de Junho foi observada diferença significativa entre os dias 7 e 56 na concentração de MeHg (p=0,0427; Figura 23) e na razão MeHg/HgT (p= 0,045; Figura 25). No período de 08 de Agosto a 17 de Outubro foi observada diferença significativa entre os dias 4 e 56 na concentração de MeHg (p=0,0115; Figura 24) e na razão MeHg/HgT (p=0,0116; Figura 26). Em ambos os períodos de amostragem, os maiores valores na concentração de MeHg e razão MeHg/HgT foram registrados no 56º dia seguido de um declínio no 70º dia. 43 Figura 24 Concentrações médias, mínimas e máximas de MeHg no biofilme em diferentes tempos de exposição no período de águas altas/vazante. 14.00 MeHg (µg/kg) 12.00 10.00 8.00 r= 0,4433 6.00 y = 0,1501x + 0,3567 R² = 0,1251 4.00 2.00 0.00 4 7 14 22 56 70 Dias Figura 25 Concentrações médias, mínimas e máximas de MeHg no biofilme perifíticos em diferentes tempos de exposição no período de águas baixas. 14.00 MeHg (µg/kg) 12.00 10.00 8.00 r= 0,8542 6.00 y = 1,0858x - 1,2422 R² = 0,6523 4.00 2.00 0.00 4 7 14 22 Dias 56 70 44 Figura 26 Concentrações médias, mínimas e máximas da razão MeHg/HgT no biofilme perifíticos em diferentes tempos de exposição no período de águas altas/vazante. 10.00 9.00 8.00 % MeHg 7.00 6.00 5.00 r=0,4433 4.00 3.00 y = 0,0893x + 0,1896 R² = 0,1173 2.00 1.00 0.00 4 7 14 22 56 70 Dias Figura 27 Concentrações médias, mínimas e máximas da razão MeHg/HgT no biofilme perifíticos em diferentes tempos de exposição no período de águas baixas. 10.00 9.00 8.00 % MeHg 7.00 6.00 5.00 r=0,8542 4.00 y = 0,7042x - 0,7958 R² = 0,5921 3.00 2.00 1.00 0.00 4 7 14 22 56 70 Dias A concentração de HgT na água do igarapé não foi variou muito em ambos os períodos de amostragem (Figura 27). A média da concentração de HgT na água do igarapé ao longo do período de AA/V amostrado foi 3,34 ± 0,43 µg HgT/kg. O coeficiente de variação foi 12,91%. Enquanto que no período de AB a média foi 1,86 ± 0,27 µg HgT/kg, com 14,51 % de coeficiente de variação. 45 Figura 28 Concentração de HgT na água do igarapé em ambos os períodos avaliados. 4.00 3.50 µg HgT/kg 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 4 7 14 22 56 70 Dias Águas altas/vazante 3.2.3. Águas baixas Correlação das Variáveis Ao analisar a matriz de correlação (Tabela 9 e Tabela 10) de ambos os períodos amostrados é possível observar que a maioria das correlações significativas (p < 0,05) entre as variáveis foi positiva. No período de AA/V o tempo de colonização (em dias) correlacionou positivamente com o PS, PSLC e Chl α. O PS também foi correlacionado com o PSLC (r=0,9953), e este com a Chl α (r=0,8168). A concentração de HgT no biofilme perifítico não correlacionou-se com nenhuma das outras variáveis analisadas. O MeHg do biofilme perifítico só correlacionou-se com a razão MeHg/HgT (r=0,9999). Algumas variáveis apresentaram correlação positiva, mas não significativa (tabela 9). 46 Tabela 9 Matriz de correlação entre as variáveis bióticas do biofilme perifítico e as espécies de mercúrio analisadas na amostragem de AA/V. Os resultados em negrito são aqueles que apresentaram correlação significativa (p <0,05). Tempo (dias) HgT MeHg MeHg/HgT PS PSLC Chl α 1 --- --- --- --- --- --- 0,0164 1 --- --- --- --- --- 0,4433 -0,7831 1 --- --- --- --- 0,4391 -0,7894 0,9999 1 --- --- --- 0,8584 -0,2894 0,7931 0,7876 1 --- --- 0,8903 -0,2921 0,7793 0,7748 0,9953 1 --- 0,9023 -0,3102 0,5505 0,552 0,7621 0,8168 1 Variáveis Tempo (dias) HgT MeHg MeHg/HgT PS PSLC Chl α O período de AB apresentou padrão semelhante ao período de AA/V diferindo nas seguintes correlações: i) o PS foi correlacionado positivamente com a Chl α (r=0,9023; p=0,0138); ii) tanto a concentração de MeHg como a razão MeHg/HgT foram correlacionadas positivamente entre si (r=0,9964; p< 0,0001), com o tempo de colonização (r=0,8542 e p=0,0303; r=0,8286 e p=0,0415, respectivamente), com o PSLC (r=0,8708 e p=0,0239; r=0,8388 e p=0,0368, respectivamente) e com a % de MO (r=0,9065 e p=0,0127; r=0,9296 e p=0,0072, respectivamente), e foram negativamente correlacionadas com a % de MI (r= -0,9065 e p=0,0127; r= -0,9296 e p=0,0072, respectivamente). Algumas variáveis apresentaram correlação positiva, mas não significativa, como por exemplo, a Chl α com a concentração do MeHg (r=0,7323; p=0,0978) e com a razão MeHg/HgT p=0,1402). (r=0,6762; 47 Tabela 10 Matriz de correlação entre as variáveis bióticas do biofilme perifítico e as espécies de mercúrio analisadas na amostragem de AB. Os resultados em negrito são aqueles que apresentaram correlação significativa (p < 0,05). Variáveis Dias HgT MeHg MeHg/HgT PS PSLC Chl α MO % MI % 1 ----------------Dias HgT MeHg MeHg/HgT PS PSLC Chl α MO % MI % 4. 0,1975 1 --- --- --- --- --- --- --- 0,8542 0,0993 1 --- --- --- --- --- --- 0,8286 0,0236 0,9964 1 --- --- --- --- --- 0,9644 0,3657 0,732 0,6873 1 --- --- --- --- 0,9914 0,274 0,8708 0,8388 0,9719 1 --- --- --- 0,8554 0,6703 0,7323 0,6762 0,9023 0,8909 1 --- --- 0,5657 -0,1015 0,9065 0,9296 0,3767 0,5829 0,4318 1 --- -0,5657 0,1015 -0,9065 -0,9296 -0,3767 -0,5829 -0,4318 -1 1 DISCUSSÃO 4.1. BIOMASSA PERIFÍTICA A colonização de superfícies submersas pelo biofilme perifítico ocorre rapidamente, conforme observado neste estudo. Os pioneiros na colonização são bactérias e fungos, principalmente em ambientes ricos em matéria orgânica (SCHWARZBOLD, 1990; MOSCHINI-CARLOS, 1999). Alguns dias ou mesmo horas são suficientes para colonização bacteriana; depois as algas também aderem a bioderme perifítica (SCHWARZBOLD, 1990; MOSCHINI-CARLOS, 1999). Após formada uma rica camada de bactérias e algas, o ambiente está propício para o aparecimento de vários grupos de protozoários (MOSCHINICARLOS, 1999). O padrão de colonização pelo biofilme perifítico foi diferente entre as duas amostragens. Isso pode estar relacionado com as mudanças naturais no ambiente aquático causadas pela sazonalidade tais como a temperatura, disponibilidade de luz e nutrientes, turbidez e hidrodinâmica do igarapé. Comparando os resultados obtidos neste trabalho com os de outros autores (Tabela 11) existe uma grande diferença, que pode estar associada ao tipo de amostragem que os autores executaram em termos de tipo substrato, tempo de colonização e frequência de coletas, bem como pela área de estudo. 48 Os valores de clorofila α encontrados no presente trabalho estão abaixo dos encontrados pelos outros autores nas diferentes localidades. Isto já era esperado, pois o igarapé é um ecossistema de baixa produção primária (ANJOS 2005). Tabela 11 Conteúdos máximos e médios (*) de clorofila e peso seco em substrato exposto a colonização do biofilme perifítico em alguns ecossistemas aquáticos brasileiros. Frequência Clorofila Peso Local Substrato Duração de coletas α seco Observações Referência (amostragem) (mg/m2) (g/m2) Repressa da UHE Carlos 31-32 Chamixaes Placas de vidro Semanal 6,1 Verão Botelho dias (1991) (Lobo/Broa) -antes do reservatório 9,8 Inverno (jusante) -depois do reservatório 2,2 Verão (montante) Córrego 3,4 Verão Itaqueri 2,0 Inverno Córrego 2,0 Verão Perdizes 2,0 Inverno Lagoa Costeira de Typha 20-28 Verão de Fernandes Semanal 4,2 Jacarepaguá dominguensis dias 1990 (1993) (2 locais) Península Rocha Placas de vidro 70 dias Semanal 11,8 0,10 m Lago Norte (1979) Lagoa Placas de vidro 70 dias Semanal 89,0 0,34 m Paranoá Reservatório da UHE Pontederia Soares Carlos 42 dias Semanal 55,5 1,3 cordata (1981) Botelho (Lobo/Broa) Rio Santa Maria da Brachiaria Martins Vitória, ES 6,7 35,0 Julho/2005 mutica (2016) – área preservada Rio Santa Maria da Vitória, ES 2,1 51,0 Janeiro/2005 – área de influência antrópica Rio Felisberto Parapanema Vegetação Estação e 50.600* -reservatório fanerógama chuvosa Rodrigues Capivara (2005) 49 cont.Tabela 11 Conteúdos máximos e médios (*) de clorofila α e peso seco em substrato exposto a colonização do biofilme perifítico em alguns ecossistemas aquáticos brasileiros. Local Substrato Rio Parapanema -reservatório Taquaraçu Rio Parapanema -reservatório Salto Grande Eichhornia azurea Kunth Eichhornia azurea Kunth Rio Jaú, MA Estuários dos rios Paripe – jusante Folhas de árvores Lâminas de Vidro Duração Frequência de coletas (amostragem) Clorofila α (mg/m2) Peso seco (g/m2) Observações - - 13.900* - Estação Seca - - 1.400* - Estação chuvosa - - 1.900* - Estação Seca - - 61,1 - Cheia/1995 28-33 Ao fim do experimento Estuários dos rios Paripe – desembocadura Estuários dos rios Igarassu – desembocadura Igarapé da UNIR Lâminas de vidro 20 Ao fim do experimento 4 - 7 14 22 56 70 - 60,8 40,8 Cheia/1996 Cheia/1997 1,2 - Agosto/89, Fevereiro e Março/90 18,8 - Novembro/1989 27 - Agosto/1989 0,6* 21,1* 0,2* 28,8* 0,05 0,01 0,17 0,01 0,40 0,28 7,1 9,6 10,8 49,4 98,6 60,9 Dezembro/ Enchente Tratamento controle Tratamento contaminado Março-Junho/ Águas altas/vazante Referência Díaz Castro et al (2008) Moura, Passavante & Feitosa (1995) Este trabalho Agosto-Outubro/ 0,025 0,99 Águas baixas 7 0,057 1,54 14 0,095 2,32 22 0,137 5,21 56 0,160 6,26 70 0,192 12,68 Fonte: Adaptado de Bicudo et al. (1995) Apud Tundisi & Matsumura-Tundisi (2008). 4 - Tanto na amostragem de AA/V como na de AB houve um aumento nas concentrações de clorofila α no decorrer do período de colonização estudado, porém no período de AA/V algumas flutuações ocorreram nos dias 7 e 22. Provavelmente esses resultados acompanharam a precipitação e dinâmica do igarapé estudado. Nos dias 56 e 70 foram registrados os maiores 50 valores de clorofila α para ambos os períodos de amostragem, provavelmente devido a maior biomassa de algas que devem ter colonizado o biofilme perifítico com o decorrer do tempo, e particularmente no período de AA/V devido a estabilidade do igarapé na época dessas coletas, o volume de precipitação já havia diminuído, colaborando para uma maior transparência da água do igarapé e consequentemente maior incidência de luz sobre o mesmo, favorecendo a atividade fotossintética. A intensidade luminosa também é um fator limitante para a produção primária das algas perifíticas (ANJOS 2005). Quando a carga de material em suspensão é alta, a penetração da luz no corpo d’água é limitada (ANJOS 2005, DÍAZ CASTRO et al 2008). Isso também poderia explicar os baixos teores de clorofila α obtidos no início do período de AA/V, visto que nos dias que sucederam grandes precipitações a água do igarapé ficou com alta carga de material particulado em suspensão, como observado em campo. Cetto et al (2004) atribuíram a diminuição na riquezas de espécies de algas perifíticas a grande quantidade de material em suspensão na coluna de água que pode ter provocado o sombreamento e, consequentemente, afetado o metabolismo celular das algas, devido à diminuição da intensidade luminosa e da temperatura. A comunidade perifítica é sensível as alterações na qualidade e também hidrodinâmica da água. A quantidade de luz que incide sobre o igarapé, também é influenciada pela abertura do dossel (DÍAZ CASTRO et al 2008). Aparentemente os valores de clorofila α foram maiores no período de AA/V do que no período de AB, embora a intensidade de luz e transparência da água fossem maiores. Outro fator como, por exemplo, a disponibilidade de nutrientes, também influencia na biomassa perifítica (KAHLERT, 2001; LEANDRINI et al., 2002; LEANDRINI & RODRIGUES, 2008; FERRAGUT, RODELLO & BICUDO, 2010). Existe a possibilidade de ter ocorrido uma maior entrada de nutrientes no igarapé por ocasião da chuva no período de AA/V. Em estudos realizados por França, Lopes & Ferragut (2009 e por) Ferragut, Rodello & Bicudo (2010) foi observado que a sazonalidade influenciou o estado nutricional e a biomassa do perifíton. As medidas de peso seco e peso livre de cinzas também foram úteis para demonstrar o aumento progressivo do biofilme perifítico ao longo do tempo, com um significativo decréscimo da biomassa perifítica após um período prolongado de exposição das lâminas, no período de AA/V, que é um evento que pode ocorrer naturalmente no biofilme perifítico a medida que o perifíton se torna mais maduro, ou por predação dos organismos que se alimentam da comunidade perifítica, ou ainda por desprendimento do material frouxamente aderido na matriz perifítica. 51 Os valores de peso seco estão de acordo com os encontrados por outros autores (Tabela 11), e em alguns casos até maiores, por exemplo, Rocha obteve valores máximos de peso seco igual a 11,8 e 89,0 g/m2 ao longo do período de exposição placas de vidro por 70 dias na Península Lago Norte e Lagoa Paranoá, respectivamente. Enquanto que neste estudo foram encontrados valores superiores com um tempo de exposição menor ou igual (e.g., 22 dias = 49,4 g PS/m2, 56 dias = 98,6 g PS/m2, e 70 dias = 60,9 g PS/m2). Semelhantemente os resultados obtidos em ambas as amostragens foram maiores que os resultados obtidos por França, Lopes & Ferragut (2009) no Lago Viveiro (Acre) em diferentes períodos sazonais. Os autores também utilizaram lâminas de vidro como substrato artificial e o tempo de exposição variou de 4 a 35 dias. Os valores de peso seco livre de cinzas obtidos na amostragem de AB no presente estudo estão de acordo com os obtidos por outros autores ao comparar o tempo de exposição (BORDUQUI, FERRAGUT & BICUDO 2008; FRANÇA, LOPES & FERRAGUT 2009; FERRAGUT, RODELLO & BICUDO 2010). Entretanto, os valores obtidos na amostragem de AA/V foram mais elevados quando comparado com esses diferentes autores. Estudando a comunidade perifítica em reservatórios em cascata do Rio Paranapanema Felisberto e Rodrigues (2005) encontram maiores valores de matéria inorgânica durante o período chuvoso, o que foi atribuído a alta precipitação característica da estação em que o estudo foi realizado, que transportou sedimento para os reservatórios, incrementando este material a massa perifítica. No presente trabalho o biofilme perifítico do período de AA/V teve alto teor inorgânico, enquanto que no período de AB o biofilme perifítico foi classificado como inorgânico/orgânico. No período de águas altas/vazante havia alta carga de material particulado em suspensão em consequência da elevada precipitação ocorrida que consequentemente leva a resuspensão do sedimento e maior entrada de material particulado para o igarapé. Esse material particulado pode ter depositado nas lâminas e ter sido incorporado a biomassa perifítica. O caráter mais heterotrófico do biofilme perifítico pode estar associado a vários fatores, tais como: maior densidade de bactérias e/ou fungos, que são organismos caracteristicamente pioneiros, baixa densidade de organismos nas primeiras fases da colonização, afrouxamento dos organismos perifíticas em fase final e armazenamento de material inorgânico nos substratos (FERNANDES & ESTEVES 2003). 52 4.2. DISTRIBUIÇÃO E ACÚMULO DO HG NO EXPERIMENTO COM MESOCOSMO A contaminação por HgCl2 levou a uma redução no teor de clorofila α. Isto já era esperado, pois os estudos têm revelado que os metais pesados levam a uma diminuição da produção primária (HILL et al, 2010, DEVARS et at, 2000), incluindo a clorofila α. Hill et al., (2000) observaram em seus estudos que a clorofila α foi significativa e negativamente correlacionada com os metais Cd, Mn, Zn e Cu e relataram que seus resultados corroboram com os de outros autores. Apesar da expressiva diminuição nas concentrações de clorofila, foi observado um aumento na concentração de metilmercúrio no tratamento contaminado quando comparado com o tratamento controle, evidenciando a metilação do mercúrio no biofilme perifítico mesmo em altas concentrações de mercúrio inorgânico. Tal fato pode indicar que, no caso da metilação ser de origem biótica, a presença de bactérias metiladoras resistentes ao mercúrio e com seu metabolismo independente do metabolismo algal. O PS e o PSLC não foram medidas sensíveis a contaminação pelo cloreto de mercúrio. Provavelmente as medidas mais sensíveis a experimentos de contaminação são aquelas relacionadas a atividades dos micro-organismos, tais como clorofila α, abundância de células, atividade enzimática ou atividade bacteriana. Este estudo, em especial o mesocosmo, confirma a eficiência do biofilme perifítico na acumulação de mercúrio, pois o biofilme acumulou mais de 50% do mercúrio adicionado ao tratamento contaminado. Žižek et al. (2007) também encontraram altas concentrações de HgT e MeHg no biofilme perifítico de uma região na Eslovênia que recebeu durante muitos anos o impacto de uma mineração de mercúrio. Houve perda de cerca de 37% do Hg adicionado ao tratamento contaminado, o que pode ser resultado da adsorção nas paredes dos aquários e materiais plásticos presentes nos aquários para fixação das lâminas. Ao final do experimento foi observado uma perda de material perifítico na manipulação das amostras, visto que uma parte do perifíton estava fracamente aderida ao substrato, o que pode ser um indicativo de sua maturidade. Uma outra via importante poderia ser volatilização do mercúrio mediada por alguns micro-organismos, como algas e bactérias que transformam o Hg para uma forma volátil como estratégia de reduzir os efeitos tóxicos do elemento. Entretanto, como a comunidade microbiana da comunidade perifítica pode ser caracterizada como de baixa atividade biológica, tal via pode não ter importância significativa na alta concentração utilizada no experimento. É importante ressaltar que algumas transformações entre as espécies químicas do Hg também ocorrem por 53 outras vias que a não a biológica. Kerrison et al (1988) ao estudarem os efeitos de diferentes concentrações de Hg e outros metais em fitoplâncton também observou consideráveis perdas do Hg adicionado poucos dias após a adição do composto. Os autores associaram essas perdas a adsorção do Hg ao material particulado em suspensão e/ou a agentes complexantes, ambos presentes na água. No presente estudo foi observada a formação de metilmercúrio no biofilme perifítico, corroborando com o resultado de outros autores que afirmam a eficiência da comunidade perifítica na produção de MeHg (COELHO-SOUZA et al, 2011; GUIMARÃES et al, 2006; HUGUET et al., 2010; MAURO et al., 2002). No experimento com mesocosmo foi visto que a concentração de MeHg nas amostras do T comparada com as amostras do T Controle (2 Contaminado foi alta (245 µg MeHg/kg), quando µg MeHg/kg). Contudo a quantidade de mercúrio metilada em relação a concentração adicionada no biofilme perifítico foi baixa, o que pode ser em função da elevada entrada de mercúrio no sistema em curto tempo ou pouco mercúrio biodisponível. Na água do T Contaminado foi encontrada uma alta concentração de MeHg (56,08 µg MeHg/Kg), cerca de 704 vezes maior que na água do T Controle. Sabe-se que na água também ocorre metilação do mercúrio, e que esta pode ser química ou fotoquímica. Além disso, a alta concentração de MeHg observada na água também pode ser resultado da liberação do MeHg produzido no biofilme perifítico naturalmente ou no ato de manipulação das amostras. Mauro et al. (2002) obtiveram maiores taxas de metilação de Hg no biofilme perifítico do que em outras matrizes como água e sedimento. Guimarães et al., (2006) observaram a importância dos processos microbianos para a metilação de mercúrio. Os autores realizaram ensaios de produção bacteriana e de metilação do mercúrio com biofilme perifítico associado a raízes de 2 espécies macrófitas aquáticas e detectaram ausência de produção de metilmercúrio para o biofilme perifítico da raiz de Myriophyllum spicatum, onde a produção bacteriana era muito baixa. Já para Eichhornia crassipes detectaram alta produção de metilmercúrio que foi associada com a alta atividade bacteriana. Para esses autores os dois processos dependem de fatores como a composição das bactérias ativas, a disponibilidade de substrato (por exemplo, enxofre oxidado por bactérias redutoras de sulfato) e as condições físico-químicas, em particular os potenciais redox; fatores que podem ser modificados pela incubação das amostras. Em algumas situações a eficácia da metilação biótica do mercúrio vai depender mais da atividade microbiana e da concentração de mercúrio biodisponível, do que da quantidade total de mercúrio existente no ambiente (MIRANDA et al., 2007), e isso ficou claro na 54 amostragem experimental, pois uma grande quantidade de mercúrio foi adicionada, mas somente uma pequena fração foi metilada. 4.3. DISTRIBUIÇÃO E ACÚMULO DO HG NO PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DO BIOFILME PERIFÍTICO As concentrações de mercúrio total observadas neste trabalho estão de acordo com a literatura enquanto que as concentrações de metilmercúrio e suas porcentagens estão abaixo dos resultados encontrados por outros autores (DOMINIQUE, Y. et al., 2007; DESROSIERS, PLANAS & MUCCI, 2006; COELHO-SOUZA et al, 2011; ŽIŽEK et al., 2011; MOLINA et al., 2010; LEWIS & CHANCY, 2008; ). De modo geral, não houve muita variação na concentração de HgT do biofilme perifítico e da água do igarapé ao longo do processo de colonização em ambos os períodos amostrados, o que pode indicar que não houve variação significativa na entrada de HgT nesse ambiente aquático, seja por deposição atmosférica ou por lixiviação dos solos. A concentração do HgT no biofilme perifítico não apresentou variação com o aumento da biomassa perifítica. O que mostra que pelo menos para o ambiente estudado, o acúmulo de Hg no biofilme perifítico não acompanha a maturidade da comunidade perifítica, o que pode ser resultado da falta de variação nas concentrações de HgT no sistema. A capacidade de acumular HgT no biofilme perifítico foi observada no experimento de mesocosmo, evidenciando a sua resposta à entrada de mercúrio “novo” no sistema, acumulando-o em quantidades consideráveis. A concentração de MeHg e razão MeHg/HgT não seguiram o mesmo padrão observado para a concentração de HgT. O MeHg tendeu a aumentar ao longo do tempo, principalmente no período de AB. Tendo em vista a ampla literatura sobre o tema, é bastante provável que o aumento de metilmercúrio no biofilme perifítico seja resultado da metilação do Hg pelas bactérias perifíticas. Tal processo pode ter sido influenciado pelo aumento da biomassa, em especial da matéria orgânica, visto que pelo menos no período de AB tanto a concentração de MeHg como a razão MeHg/HgT teve correlação positiva com o tempo de colonização, o PSLC e a % de MO do biofilme perifítico. Bell & Scudder (2007) também encontraram resultados semelhantes. Enquanto que Desrosiers, Planas & Mucci (2006) obtiveram correlação negativa das concentrações de MeHg com o PS, PSLC e Chl α, o que eles associaram ao fator de biodiluição. O HgT e o MeHg possuem afinidade com a matéria orgânica (DESROSIERS, PLANAS & MUCCI, 2006). E este estudo corrobora com essa afirmação, pois no período de 55 AB a concentração e porcentagem de MeHg correlacionaram positiva e significativamente com o PSLC e a % de MO. Poucos trabalhos têm avaliado as relações entre as concentrações de Hg com as variáveis biológicas do biofilme perifítico o que torna difícil a comparação e compreensão dos resultados obtidos neste trabalho. 56 CONCLUSÕES Com relação ao experimento com mesocosmo, o biofilme perifítico possui grande capacidade para acumular o mercúrio em suas diferentes formas químicas; Diante de uma entrada de Hg no sistema pode ocorrer metilação no biofilme perifítico; O Hg teve um efeito tóxico sobre a clorofila α, mostrando a sensibilidade desta variável a ensaios de contaminação. Enquanto que o peso seco e peso seco livre de cinzas não foram variáveis sensíveis a contaminação com o Hg; Com relação a colonização perifítica ao longo do tempo, o biofilme perifítico colonizou rapidamente os objetos submersos em ambientes aquáticos; A biomassa perifítica aumentou ao longo do tempo de exposição dos substratos artificiais, revelando que o tempo é uma variável importante no estudo da comunidade perifítica; Os valores de clorofila α estão abaixo dos resultados obtidos por outros autores. O biofilme perifítico do igarapé estudado apresentou uma composição majoritariamente inorgânica e natureza heterotrófica. A concentração de HgT não variou no biofilme perifítico com o aumento da biomassa. A concentração e a razão de metilmercúrio/mercúrio total aumentaram ao longo do tempo, principalmente no período de águas baixas, indicando que pode ter ocorrido metilação; No período de águas altas/vazante a concentração e razão de metilmercúrio foram correlacionadas positivamente mas não significativamente com a clorofila α e com o peso seco livre de cinzas. No período de águas baixas a concentração e razão de metilmercúrio foram correlacionadas positivamente com a % de matéria orgânica e com o peso seco livre de cinzas, e correlacionadas positivamente mas não de forma significativa com a clorofila α. A clorofila α e a matéria orgânica foram correlacionadas positivamente com o peso seco total do biofilme perifítico em ambos os períodos avaliados. 57 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho foi evidente a importância do biofilme perifítico para o ciclo do mercúrio no ambiente aquático, em especial em ambientes que foram impactados antropicamente. Ele acumulou consideravelmente parte do mercúrio adicionado no experimento de mesocosmo e metilou uma pequena parte. Além disso, foi observada a sua vulnerabilidade as altas concentrações de mercúrio inorgânico no sistema aquático. Algumas variáveis biológicas são mais sensíveis a contaminação que outras, como poder ser visto na diminuição das concentrações de clorofila α. Estudos dessa natureza merecem mais atenção e esforço amostral, como por exemplo, medição de outras variáveis biológicas como atividade bacteriana e/ou enzimática; identificação dos organismos presentes no biofilme perifítico e de potenciais metiladores; ensaios experimentais em maior escala em relação a tempo, ambiente e dosagens do contaminante; o estudo em outros igarapés amazônicos, que são relativamente abundantes, porém, pouco estudados; transferência de Hg para outros níveis tróficos a partir do biofilme perifítico; amostragens de outros períodos sazonais. Outros fatores que também poderiam se estudados em conjunto com a comunidade perifítica e o Hg seriam os parâmetros físico-químicos da água e a quantidade de luz que incide sobre o igarapé. Pois essas variáveis direta ou indiretamente vão influenciar tanto nas características estruturais e funcionais do biofilme perifítico quanto nas interações e transformações do mercúrio no ambiente aquático. 58 REFERÊNCIAS ANJOS, M. B. Estrutura de Comunidades de peixes de igarapés de terra firme na Amazônia Central: Composição, Distribuição e Características Tróficas [dissertação]. Manaus: INPA/UFAM; 2005. APHA – AWWA- WPCF. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 13 th ed. Washington, D. C.: American Public Health Association. 1971. BASTOS, W. R et al. Establishment and Analytical Quality Control of Laboratories for Hg Determination in Biological and Geological Samples in the Amazon Brazil. Ciência e Cultura Journal of the Brazilian Association for the Advencement of Science, Rio de Janeiro. 50: 255260, 1998. BASTOS, W. R. & LACERDA, L. D. A Contaminação por Mercúrio na Bacia do Rio Madeira: Uma Breve Revisão. Geochimica Brasiliensis, 18 (2): 099-114, 2004. BELL, A. H.; & SCUDDER, B. C. Mercury Accumulation in Periphyton of Eight River Ecosystems. Journal of the American Water Resources Association (JAWRA) 43(4):957-968. 2007. BISINOTI, M. C. & JARDIM, W. F. O Comportamento do Metilmercúrio (MetilHg) no Ambiente. Química Nova, v. 27, n. 4, 593-600, 2004. BICUDO, C. E. M. Metodologia para o Estudo Qualitativo das Algas do Perifíton. Acta Limnol. Brasíl. v. 3, 477-491, 1990. BORDUQUI, M.; FERRAGUT, C. & BICUDO, C. E. M. Chemical Composition and Taxonomic Structure Vertical and Seasonal Variation of Periphyton Community in a Shallow Hypereutrophic Reservoir (Garças Reservoir, São Paulo, Brazil). Acta Limnol. Bras., vol. 20, no. 4, p. 381-392, 2008. CASTRO, D. et al. Fatores controladores da biomassa do ficoperifiton no Rio Jaú -Parque Nacional do Jaú (Amazônia Central). Revista de Biologia e Ciencias da Terra, Vol. 8, Núm. 2, pp. 93-104. 2008. CETTO, J. M.; LEANDRINI, J. A.; FELISBERTO, S. A.; RODRIGUES, L. Comunidade de Algas Perifíticas no Reservatório de Irai, Estado do Paraná, Brasil. Acta Scientiarum, v. 26, n. 1, p. 1-7, 2004. COELHO-SOUZA, S. A. et al. Mercury and flooding cycles in the Tapajós river basin, Brazilian Amazon: The role of periphyton of a floating macrophyte (Paspalum repens). Science of the Total Environment 409. 2746–2753. 2011. COSSA; D. AVERTY, B. & PIRRONE, N. The origin of methylmercury in open Mediterranean waters. Limnol. Oceanogr., 54(3), 837–844, 2009. COSTERTON, J. W. et al. Biofilms, the Customized Microniche. J Bacteriol 176: 21372142. 1994 59 COSTERTON et al. MICROBIAL BIOFILMS. Annu. Rev. Microbial. 49:711-45.1995 DESROSIERS M, PLANAS D, MUCCI A. Total mercury and methylmercury accumulation in periphyton of Boreal Shield lakes: influence of watershed physiographic characteristics. Sci Total Environ. 355:247–58. 2006. DEVARS et al. Mercury uptake and removal by Euglena gracilis. Arch Microbiol. 174: 175– 180. 2000. DÍAZ CASTRO,J.G. et al. Fatores Controladores da Biomassa do Ficoperifiton no Rio Jaú Parque Nacional do Jaú (Amazônia Central). Revista de Biologia e Ciencias da Terra, Vol. 8, Núm. 2, sin mes, 2008, pp. 93-104. DOMINIQUE, Y. Biofilm and Mercury Availability as Key Factors for Mercury Accumulation in Fish (Curimata cyprinoides) from a Disturbed Amazonian Freshwater System. Environmental Toxicology and Chemistry. vol 26, Nº1, pg 45-52. 2007. DOS SANTOS, M. B. L.; DE FREITAS, J. R. Consumo Quantitativo e Qualitativo de Perifíton Colonizado em Substrato Artificial, por Biomphalaria tenagophila (Gastropoda, Planorbidae). Mem. Ins. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, vol. 81(4): 359-364. 1986. DOS SANTOS, N.B. Análise da Estrutura Fitossociológica da Comunidade Arbustiva e Arbórea de uma Floresta Ombrófila Densa Aluvial localizada no Campus Universitário José Ribeiro Filho Porto Velho – Rondônia. MONOGRAFIA. Departamento de Ciências Biológicas da Fundação Universidade Federal de Rondônia. 2007 ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA). Method 1630: Methyl Mercury in Water by Distillation, Aqueous Ethylation, Purge and Trap, and CVAFS. U.S. Environmental Protection Agency, EPA. 821-R-01-020. 2001. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (EPA). Method 1631: Revision E: Mercury in Water by Oxidation, Purge and Trap, and Cold Vapor Atomic Fluorescence Spectrometry. U.S. Environmental Protection Agency, EPA. 821-R-02-019. 2002. ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Rio de Janeiro, 3ªed, Ed. Interciência. 2011. p. 120. FADINI, P. S; JARDIM, W. F. Is the Negro River Basin (Amazon) Impacted by Naturally Occurring Mercury? The Science of the Total Environment. 275: 71-82. 2001. FARELLA N. et al. Deforetation Modifying Terrestrial Organic Transport in the Rio Tapajós, Brazilian Amazon. Organic Geochemistry, 32 : 1443-1458. 2001. FELISBERTO, S. A.; RODRIGUES, L. Periphytic Community of a Reservoirs Cascade in the Paranapanema River, Brazil. Acta Scientiarum, vol. 27, no. 3, p. 215-223. 2005. FELISBERTO, S.A. & RODRIGUES, L. Dinâmica sucessional de comunidade de algas perifíticas em um ecossistema lótico subtropical. Rodriguésia 63(2): 463-473. 2012 60 FERNANDES, V. O. & ESTEVES, F. A. The Use of Indices for Evaluating the Periphytic Community in Two Kinds of Substrate in Imboassica Lagoon, Rio de Janeiro, Brazil. Braz. J. Biol., 63(2): 233-243. 2003. FERRAGUT, C.; RODELLO, A. F.; & BICUDO, C. E. M. Seasonal Variability of Periphyton Nutrient Status and Biomass on Artificial and Natural Substrates in a Tropical Mesotrophic Reservoir. Acta Limnologica Brasiliensia, vol. 22, no. 4, p. 397-409. 2010. FERREIRA, R. A. R; SANTOS, C. M.; HENRY, R. Estudo Qualitativo da Comunidade Perifíticas no Complexo Canoas (Rio Paranapanema, SP/PR) Durante as Fases de Pré e Pósenchimento. In: NOGUEIRA, M. G.; HENRY, R.; JORCIN, A. Ecologia de Reservatórios: Impactos Potenciais, Ações de manejo e Sistemas em Cascatas. 2ªed. São Carlos: RiMa, 2006. p. 205-234 FONSECA, I.A. & RODRIGUES, L. Comunidade de algas perifíticas em distintos ambientes da planície de inundação do alto rio Paraná. Acta Scientiarum. Biological Sciences Maringá, v. 27, no. 1, p. 21-28, Jan./March, 2005. FOSTIER, A. H.; GUIMARÃES, J. R. D.; FORTI, M. C. Mercury Accumulation in Natural Forested Amazonian Soils. In: Proceedings of the Fifth International Conference on Mercury as a Global Pollutant. Rio de Janeiro, RJ, Brazil, 23-28 May 1999: p. 557. FRANÇA, R. C. S.; LOPES, M. R. M. & FERRAGUT, C. Temporal Variation of Biomass and Status Nutrient of Periphyton in Shallow Amazonian Lake (Rio Branco, Brazil). Acta Limnol. Bras., vol. 21, no. 2, p. 175-183. 2009. FREEMAN, C. & LOCK, M. A. The biofilm polysaccharide matrix: A buffer against changing organic substrate supply? Limnol. Oceanogr., 40(2), 1995, 273-278. 1995 GARCIA JÚNIOR, O; BEVILAQUA, D. Microorganismos, Minerais e Metais – Bioacumulação e Biotransformação de metais. In: MELO, I.S. & AZEVEDO, J.L. Microbiologia Ambiental. Embrapa. 2ª ed. 2008. p. 49-81. Cap. 3. GUIMARÃES, J. R. et al. Mercury methylation along a lake-forest transect in the Tapajós river floodplain, Brazilian Amazon: seasonal and vertical variations. The Science of the Total Environment 261: 91-98. 2000. GUIMARÃES, J. R. et al. Simultaneous radioassays of bacterial production and mercury methylation in the periphyton of a tropical and a temperate wetland. Journal of Environmental Management 81. 95–100. 2006. GOMES, N. A. Estrutura da Comunidade de Algas Perifíticas no Igarapé Água Boa e no Rio Cauamé, Município de Boa Vista, Estado de Roraima, Brasil, ao Longo de um Ciclo Sazonal. [Tese]. Manaus: INPA/UA; 2000. HILL, B. H. et al. Periphyton Community Responses to Elevated Metal Concentrations in a Rocky Mountain Stream. Hydrobiologia 428: 161–169, 2000. HILL, W. R. et al. The Role of Periphyton in Mediating the Effects of Pollution in a Stream Ecosystem. Environmental Management . 45:563–576. 2010. 61 HUGUET et al. Mercury methylation rates of biofilm and plankton microorganisms from a hydroelectric reservoir in French Guiana. Science of the Total Environment 408: 1338–1348. 2010. KAHLERT, M. Biomass and Nutrient Status of Benthic Algae in Lakes. Acta Universitatis Upsaliensis. Comprehensive Summaries of Uppsala Dissertations from the Faculty of Science and Technology 649. 35 pp. Uppsala. ISBN 91-554-5097-0. 2001. KERRISON, P.H. et al. Effects of low concentrations of heavy metals on plankton community dynamics in a small, shallow, fertile lake. Journal of Plankton Research Vol.10 no.4 pp.779-812, 1988. LACERDA, L. D. & MALM, O. Contaminação por Mercúrio em Ecossistemas Aquáticos: Uma Análise das Áreas Críticas. Estudos avançados 22 (63), 2008. LAKATOS, G. Composition of reed periphyton (biotecton) in the Hungarian part of lake Fertö. BFB-Bericht 71,125-134. 1989. LEANDRINI, J. A. & RODRIGUES, L. Temporal variation of periphyton biomass in semilotic environments of the upper Paraná River floodplain. Acta Limnol. Bras. vol. 20, no. 1, p. 21-28. 2008. LEANDRINI, J. A. et al. Mudanças de Biomassa da Comunidade Perifítica na Planície Alagável do Alto Rio Paraná. Nupélia 53-58. 2002. LEFEBVRE, D. D.; KELLY, D.; BUDD, K. Biotransformation of Hg(II) by Cyanobacteria. APPLIED AND ENVIRONMENTAL MICROBIOLOGY, Vol. 73, No. 1 p. 243–249.2007. LEWIS, M. CHANCY, C. A summary of total mercury concentrations in flora and fauna near common contaminant sources in the Gulf of Mexico. Chemosphere 70. 2016–2024. 2008. MACHADO, V. L. F. Metilmercúrio nas águas da bacia do Rio Madeira, na área de Influência do Reservatório da Usina e Santo Antônio, Amazônia Ocidental. (dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Rondônia – UNIR. 2011. MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. Artmed. 12ª ed. 2010. MALM, O. et al. Mercury Pollution Due to Gold Mining in the Madeira River Basin, Brazil. Ambio, 19:11-15. 1990. MARTINS, A.S. Avaliação de parâmetros físico-químicos e bacteriológicos no igarapé próximo ao campus da UNIR sob influência do lixão municipal. Monografia (Bacharel em Ciências Biológicas) – Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho. 2006 MARTINS, F. C. O. Respostas Ecofisiológicas da Comunidade Perifítica in Situ a Diferentes Condições Ambientais no Rio Santa Maria da Vitória, ES. [dissertação]. Vitória,ES. UFES/CCHN 2006. 62 MAURO, J. B. N. et al. Mercury methylation in macrophytes, periphyton, and water – comparative studies with stable and radio-mercury additions Anal Bioanal Chem 374 :983– 989. 2002. MIRANDA, M. R. et al. Mercúrio em sistemas aquáticos: Fatores ambientais que afetam a metilação. Oecol. Bras., 11 (2): 240-251 2007 MIRANDA, M. R. Incorporação de [3H] leucina por bactérias perifíticas associadas às raízes de Eichornia crassipes. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: UFRJ/IBCCF,2005. MIRANDA, M. R.; GUIMARÃES J. R. D.; COELHO-SOUZA, S. A. [3H] Leucine Incorporation Method as a to Measure Secondary Production by Periphytic Bacteria Associated to the Roots of Floating Aquatic Macrophyte. Journal of Microbiological Metohds, 71: 23-31. 2007. MOLINA, C. I. et al. Transfer of mercury and methylmercury along macroinvertebrate food chains in a floodplain lake of the Beni River, Bolivian Amazonia. Science of the Total Environment 408. 3382–3391. 2010 MOSCHINI-CARLOS, V. Importância, Estrutura e Dinâmica da Comunidade Perifítica nos Ecossistemas Aquáticos Continentais. In: POMPÊO, M. L. M., ed. Perspectivas na Limnologia do Brasil. São Luís: Gráfica e editora União. 1999. p. 198. MORRIS , C.E. & MONIER , J. 2003. The ecological significance of biofilm formation by plant-associated bacteria. Annual Review of Phytopathology, 41: 429–453. MOURA, A. N.; PASSAVANTE, J. Z. O.; FEITOSA, F. A. N.. Biomassa das Algas Perifíticas em Substrato Artificial nos Estuários dos Rios Paripe e Igarassu -Ilha de Itamaracá - Pernambuco – Brasil. Trab. Oceanog. Univ. Fed. PE, Recife, 23:17-23,1994/95. NIKOLAEV, Y. A. & PLAKUNOV, V. K. Biofilm—“City of Microbes” or an Analogue of Multicellular Organisms? Microbiology, v. 76, nº. 2, pp. 125–138. 2007. NRIAGU, J.O. et al. Mercury pollution in Brazil. Nature, 356-389. 1992. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Cooperação Técnica entre Brasil, Bolívia e Colômbia: Teoria e Prática para o Fortalecimento da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Mercúrio. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011. PELLEGRINI E, B. G.; FERRAGUT, C. Variação sazonal e sucessional da comunidade de algas perifíticas em substrato natural em um reservatório mesotrófico tropical. Acta bot. bras. 26(4): 810-821. 2012. PÉRÈS, F. Effects of methylmercury and inorganic mercury on periphytic diatom communities in freshwater indoor microcosms. Journal of Applied Phycology 9: 215–227, 1997. PICHET, P. et al. Analysis of Total Mercury and Methylmercury in Environmental Samples. In; Germany: Mercury in the Biogeochemical Cycle. Springer, 1999. p. 41-52. cap. 2 63 RODRIGUES, L.; JATI, S. & PEREIRA, S. R. S. Componente Biótico – Perifiton. Relatório Anual Peld. pg 101-112. 2000. Disponível em: http://www.peld.uem.br/Relat2000/2_2_CompBioticoPerifiton.PDF RODRIGUES, L. et al. Perifíton .Relatório Anual PELD (Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração). 2001. Disponível em: http://www.peld.uem.br/Relat2001/pdf/componente_bioticos_perifiton.PDF RODRIGUES, L. et al. Perifíton .Relatório Anual PELD (Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração). 2005. Disponível em: http://www.peld.uem.br/Relat2005/pdf/03_perifiton2005.pdf. ROFRIGUES, L. et al. Relatório anual/ PELD – A planície Alagável do Alto Rio Paraná – sítio 6. Cap 4. Perifíton. 2008. Disponível em: http://www.peld.uem.br/Relat2008/pdf/Capitulo04.pdf ROULET, M.; LUCOTTE, M. Geochemistry of Mercury in Pristine and Flooded Ferralitic Soils of Tropical Rain Forest in French Guiana, South America. Water Air Soil Pollution, 80:1079-1088. 1995. ROULET, M. et al. Effects of Recent Human Colonization on the Presence of Mercury in Amazonian ecossystems. Water, Air and Soil Pollution, 112:297-313. 1999. SECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL (SEDAM) & COORDENADORIA DE GEOCIÊNCIAS (COGEO). Boletim Climatológico de Rondônia Ano 2010. v12, 2010 Porto Velho. 2012. Disponível em: http://www.sedam.ro.gov.br/images/boletim2010.pdf. Acesso em 24/02/2014 SCHWARZBOLD, A. Métodos Ecológicos Aplicados ao Estudo do Perifíton: Acta Limnologica Brasiliensia, vol. 3: 545 – 592. 1990. TANIGUCHI, G. M.; BICUDO, D. C. & SENNA, P. A. C. Gradiente litorâneo-limnético do fitoplâncton e ficoperifíton em uma. lagoa da planície de inundação do Rio Mogi-Guaçu. Revista Brasil. Bot., V.28, n.1, p.137-147, jan.-mar. 2005. TORGAN, L. C.et al. Colonização e Sucessão do perifíton. In: SCHWARZBOLD, A.; BURLIGA, A. L. & TORGAN, L. C. Ecologia do perifíton. São Carlos: RiMa. Editora, 2013. TUNDISI, J. G.; MATSUMURA-TUNDISI, T. Limnologia. Oficina de textos, São Paulo, 2008. p. 161,194-198. VERCELLINO, I.S. Respostas Do Perifíton Aos Pulsos De Enriquecimento Em Níveis Crescentes De Fósforo E Nitrogênio Em Represa Tropical Mesotrófica (Lago Das Ninféias, São Paulo). Tese apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Rio Claro, para obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas (Área de concentração: Biologia Vegetal). Rio Claro Estado de São Paulo – Brasil. 2007. 64 VERCELLINO, I. S.; BICUDO, D. C. Sucessão da Comunidade de Algas Perifíticas em Reservatório Oligotrófico Tropical (São Paulo, Brasil): Comparação entre Período Seco e Chuvoso. Revista Brasil. Bot., V.29, n.3, p.363-377, jul.-set. 2006. WETZEL, R.O. (ed.), Periphyton of Freshwater Ecosystems. Dr W. Junk Publishers, The Hague. ISBN 90 6193 768X. 1983. ŽIŽEK, S. et al. Bioaccumulation of Mercury in Benthic Communities of a River Ecosystem Affected by Mercury Mining. Science of the Total Environment, 377: 407–415. 2007. ŽIŽEK, S.; et al. Periphyton as a Bioindicator of Mercury Pollution in a Temperate Torrential River Ecosystem. Chemosphere. 85: 883–891. 2011.