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A RAZÃO
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CASAMENTO Os que vão constituir família devem levar em conta que a felicidade no mundo Terra é relativa
MAIO / 2007
Paixão desenfreada
A
paixão é um sentimento bastante complexo que se fundamenta na emoção e que
se manifesta ora como um
amor ardente, ora como um
vício dominador e dominante. É o anseio pela busca da união
perfeita entre o possível e o ideal, tendo
este último como limite a atingir. Nesta
ampla faixa oscila a paixão, ora como um
atroz tormento íntimo da alma, ora como
um incomensurável enlevo de felicidade.
A verdadeira paixão é repleta de sentimentos generosos e leva a criatura a amar
de verdade, enquanto a falsa paixão é
aquela encontrada nas criaturas que têm
medo de passar por muitos sofrimentos
no caso de verem quebrados os laços
sentimentais que a fundamentam. A
primeira exige coragem e desprendimento, enquanto a segunda está eivada de
sentimentos egoísticos e até mesmo do
desejo de posse carnal e sexual. Daí, na
falsa paixão, existir o grande perigo das
conseqüências nefastas, podendo gerar
conflitos e tormentos tão grandes e incontroláveis que muito se assemelham à
obsessão. Esse é o perigo que existe em
se confundir a paixão com a sexualidade
dominante, o que é um erro bastante comum e freqüente.
O maior perigo encontra-se na paixão
unilateral, aquela que tem a criatura que
doa o seu amor com generosidade a uma
outra criatura, mas não recebe desta, na
mesma intensidade, a contrapartida de
seu gesto, não raras vezes recebendo em
troca o desprezo, que nele se transformará em verdadeiro tormento, sujeitandoo ao avassalamento espiritual e levando-o
a cometer os piores desatinos. Esta é a
dificuldade de receber respostas afetivas
do mesmo grau e intensidade que as emitidas pelo doador.
Somos daqueles que colocam a paixão como o ideal do mais generoso e
sublime amor. Realisticamente, porém, devemos nos conscientizar que estamos diante de um ideal raro de se obter, devido à grande heterogeneidade de graus de
espiritualidade dos espíritos encarnados.
Não raro, encontraremos diferenças de
temperamento entre criaturas generosas
e egoístas, diferenças de gostos, preferências e interesses. Acomodar todos esses
conflitos é tarefa quase impossível. Por isso, contam-se aos milhões os casamentos
frustrados e fracassados.
Portanto, aqueles
que vão constituir fadevem levar em
As afinidades mília
conta que a felicidade no mundo Terra é
precisam
apenas relativa, já
que toda trajetória
predominar
evolutiva encontra
sempre muitos persobre as
calços. É preciso,
pois, dotar-se de
diferenças
grande flexibilidade e
exercer compreensão,
para afastar
paciência e tolerância
muito grandes, preinfluências
parar-se para esta tão
árdua missão. Em
negativas.
síntese, é preciso conhecer a difícil arte
de saber viver. As afinidades precisam,
portanto, predominar sobre as diferenças
para afastar os fatores e as influências
negativas que levam às eternas brigas entre os casais, com grande influência na
educação dos filhos. E quando isso
ocorre, vemos o amor se transformar em
ódio entre os casais, levando às separações inevitáveis.
Além dos requisitos básicos da simpatia
e da empatia, há que aprender e saber
muitas outras questões. É preciso fazer um
projeto de vida a dois, verificar outros aspectos práticos e funcionais capazes de
transformar paixão em amor duradouro,
mesmo quando o casal e a família dele
decorrente tenham que passar por grandes
agruras e sofrimentos. No casamento, nem
tudo são rosas. Há muitos espinhos sempre prontos a ferir as suscetibilidades, todas embasadas no amor-próprio que toda
criatura tem em maior ou menor grau.
Algumas vezes os espinhos são tão numerosos, que não é fácil conviver com
eles. Por isso, é preciso haver muita compaixão, muito respeito, muita paciência,
pois nem todos estão preparados para ouvir críticas nem aceitar a ordem e a disciplina que humaniza e
Há que
harmoniza as pessoas.
Apesar de todos
se levar
esses requisitos básicos, o amor-paixão
em conta
está sujeito a muitas
contradições, princitambém a
palmente quando sobressaem as difeinfluência dos
renças e os desentendimentos, causentimentos
sando o esfriamento
nos relacionamentos,
de orgulho
que vão se acentuando de sobrese inveja.
salto em sobressalto
até desaparecer por
completo. Há que se levar em conta
também a influência dos sentimentos de
orgulho e inveja, esta exercendo papel
preponderante no confronto dos valores
advindos do sucesso de um dos parceiros durante a sua vida em suas atividades e funções, principalmente quando houver entre eles uma grande diferença de cultura, que acentua o complexo de inferioridade no outro.
É preciso atentar para as condições
que permitem transformar a paixão em
verdadeiro amor, ou pelo menos, em
amor-paixão, a fim de minimizar a
cegueira que uma paixão desenfreada
pode causar, levando as criaturas ao desajuste e ao desgaste emocional. Para isso, convidamos as pessoas a refletirem sobre as premissas e condições básicas, todas já comentadas neste tema:
Condições físicas de atração (magro, gordo, raça etc)
Condições sentimentais, como gostos e preferências
Condições intrínsecas de espiritualidade
Simpatia e empatia
Espontaneidade (nunca forçar nada)
Introversão versus extroversão
E como saber que estas condições
básicas estarão presentes para manter a
auto-sustentação dos futuros laços? É
muito difícil saber de antemão se uma
união vai dar certo ou não. Porém, se
houver, entre ambos os parceiros, uma
forte tendência ao bom senso, à tolerância
e à compreensão estarão presentes as
condições básicas e a harmonia reinará
na família.
É necessário sonhar, mas não fazer
dos sonhos os nossos únicos senhores,
como disse Rudyard Kipling em seu
famoso poema "Se", mas sim um instrumento para o efetivo desenvolvimento e
a evolução das criaturas.
Buscando sempre conciliar os objetivos na carreira, na profissão, nos filhos
e na obtenção de um patrimônio comum
para garantia de sobrevivência independente quando chegarem os anos da velhice, o casal pode e deve sonhar junto,
desde que se disponha sempre à transformação e adaptação para uma vida a
dois. Muitos pensam que este sonho é
possível, pois persistindo acabam conseguindo. O segredo está, portanto, na
persistência.
VÍCIO
Na escola que é
o mundo Terra,
a mentira é rainha
Quando os espíritos encarnam é para evoluir e por
isso escolhem os pais, país, irmãos, tudo é ponderado. Os adultos terão de se educar, até por que os pais
são o espelho dos filhos. A família conta com os pais
para partilhar aprendizagem, que vai desde a perda de
vícios até melhorar o caráter, adquirir valores.
Se você tem o vício da mentira, ponha um ponto
final nele, até porque está a arranjar débitos no presente e no futuro. Então, você se perguntará: “qual o
resultado deste vício?”
Os vícios são pagos com sofrimento, e se você sofre
arrasta a sua família para essa situação, já que ela vive
com você. Na família, sempre uns
contam com os outros, por isso não
Se você sofre, a desiluda.
Os vícios não têm graus de
classificação.
Por este motivo, não
arrasta sua
pense que existe diferença entre a
grande e a pequena mentira.
família para
O ser humano que não é capaz
combater sozinho seu vício
essa situação, mas detiver
vontade de combatê-lo,
poderá
recorrer
a sessões de psiporque
coterapia. Nelas irá identificar o
verdadeiro problema por trás dessa
ela vive
necessidade e, assim, encontrar os
meios para mudar de atitude.
com você.
Os mentirosos compulsivos não
têm crédito algum, são sempre apanhados nas suas próprias teias. Ninguém confia num mentiroso. Será muito difícil a ascensão na empresa onde presta serviços.
Os Espíritos de Luz não se aproximam de quem
tem vícios. Quem os assiste são espíritos afins, mais
especificamente do astral inferior. Recomendo a leitura
do livro Contos Morais, de Maria Cottas. Na crônica Não
Quero Mentir, verão o auto-retrato de um mentiroso.
MARIA BESTEIRO
Militante da Filial Lisboa - Portugal
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CARUSO SAMEL
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