Educação Financeira – a receita de bolo

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Educação Financeira – a receita de bolo
Este material tem por finalidade auxiliar o futuro investidor em seu planejamento
financeiro pessoal, instruindo-o em como controlar melhor seus recursos e direcioná-los
para um determinado investimento a fim de buscar sua independência financeira.
O texto é fragmento de um trabalho de graduação(vide bibliografia) e está
apresentado em quatro breves capítulos que versam sobre: a importância de se planejar
financeiramente, alguns estudos de casos (adaptados de casos reais), um roteiro que segue as
dicas dos principais especialistas em finanças pessoais com dicas de como se organizar
financeiramente, e por fim, as considerações finais sobre o assunto.
______________________________________________________________
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO E PANORAMA GERAL........................................................... 1
CAPÍTULO 2 – CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ....................................................................... 2
CAPÍTULO 3 – MANUAL DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA – “RECEITA DE BOLO” ............. 12
CAPÍTULO 4 – CONCLUSÃO E CONSIDERÇÃOES FINAIS...................................................... 12
BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS.................................................................................................. 22
CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO E PANORAMA GERAL
Este Capítulo aborda, sucintamente, a problemática da falta de educação financeira e
suas conseqüências, trazendo textos e dados de profissionais renomados em suas áreas de
atuação.
O presente trabalho tem por objetivo propor algumas sugestões e ferramentas para se
incrementar a questão da Educação Financeira, com o intuito de formar nos leitores uma
consciência poupadora e investidora, contrapondo-se aos hábitos consumistas cada vez mais
acentuados na sociedade atual, o que está levando milhares de famílias a endividamentos
crônicos.
O conteúdo apresentado poderá servir de guia para qualquer pessoa que queira
aprimorar seus métodos de controle financeiro e investimentos.
O texto mostra também que, através de atitudes simples, como fazer um orçamento ou
calcular determinada taxa de juro de uma prestação, aliada a um plano de investimentos,
pode-se garantir uma melhoria de qualidade de vida, tanto no presente e mais ainda no futuro,
tendo em vista o aumento da expectativa de vida de nossa geração. Segundo Gustavo Cerbasi
(Cerbasi, 2004), especialista em finanças pessoais, existem cerca de 25.000 pessoas com mais
de 100 anos, e este número está crescendo cada vez mais devido, principalmente, ao avanço
da medicina. Alguns países já estão se preocupando bastante com o assunto, tanto que, em
setembro de 2000, a Inglaterra instituiu como obrigatório o ensino de Educação Financeira, da
pré-escola até o ensino médio.
Cada vez mais fazemos parte de um ciclo de consumismo, e um dos principais
causadores desse ciclo é o “analfabetismo financeiro”, ou seja, a falta de educação financeira.
A reportagem de Maria Manso, exibida no Jornal Hoje da Rede Globo, em 25 de agosto de
2007, é um exemplo da falta de comprometimento com a educação financeira em geral:
“[...] 75% dos brasileiros das classes C, D e E não se preocupam com o valor dos
juros. Uma pesquisa feita em seis capitais comprova que o consumidor de baixa
renda não se preocupa se a prestação vai caber no bolso. Na média, as taxas para
pessoa física estão em 7,28% ao mês, as mais baixas em 12 anos. Mesmo assim, o
consumidor brasileiro ainda paga os juros mais altos do mundo[...]Rosana ainda não
aprendeu a fazer essas contas. Por isso faz malabarismo para pagar o que deve.
“Numa quinzena eu pago uma, na outra quinzena eu pago a outra. E sempre tem um
atrasado “, diz”.(Jornal Hoje, 25/08/2007)
Com a estabilidade aparente da economia, a facilidade de se obter crédito, e devido à
influência da mídia (cada vez mais voltada para o consumo), perde-se a percepção dos gastos
e fica-se cada vez mais vulnerável àquilo que, muitas vezes, não é necessário e quando se dá
conta está-se mergulhado num “gráfico exponencial crescente de endividamento”, e
dificilmente consegue-se sair dele.
Segundo o IBGE, o Brasil possui hoje cerca de 42 milhões de famílias endividadas
cronicamente (dados de 2004), ou seja, aproximadamente 20% da população e esse número
vêm crescendo de forma acelerada.
Robert T. Kiyosaki (Kiyosaki, 2000) em seu livro: Pai Rico Pai Pobre, enfatiza a
importância de se começar cedo a ensinar educação financeira às crianças. Infelizmente a
grande maioria dos pais não assume esse compromisso, nem tem condições de fazê-lo, pois
não tem tempo ou conhecimento para tal. Portanto, cabe a todos nós ajudar a interromper este
ciclo vicioso, educando-se financeiramente e orientando os jovens e adultos a serem mais
racionais e menos emotivos no campo das finanças. Pois, é através da orientação adequada
que se terá o resultado esperado, implantando-se uma nova cultura financeira na sociedade.
Vê-se, de acordo com o que foi apresentado até agora, que somos parte de uma
sociedade consumista que não se importa com os juros a serem pagos nas aquisições de bens
de consumo, supervalorizando-os. Observa-se também que esta mesma sociedade não está
muito preocupada com o futuro, ou seja, com a velhice, misturando, muitas vezes, os
conceitos de desejos e necessidade. É neste contexto que surge a reeducação financeira como
uma importante ferramenta para o cidadão se planejar e começar a ter outro comportamento
com relação às finanças pessoais e os investimentos.
CAPÍTULO 2 – CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Este Capítulo apresenta a contextualização do problema causado pela
falta de um bom planejamento financeiro ao longo dos anos.
A proposta do presente capítulo é ilustrar o problema mostrado no capítulo anterior
através de três casos de famílias comuns – adaptados da vida real - com diferentes rendas
mensais (R$ 600,00; R$ 3000,00 e R$ 20.000,00, respectivamente). Há ainda um quarto caso
de uma família que se planejou financeiramente e obteve êxito em suas metas - é o modelo
que se espera dos alunos após a apresentação da presente proposta.
Caso 1
A família Silva é composta do mecânico Marcos Paulo, sua esposa Janaína, grávida de
Rafaela, e seus outros três filhos: João (dois anos), Maicon (quatro anos) e Anderson (sete
anos).
Marcos Paulo, após ser demitido de seu emprego anterior, conseguiu montar uma
oficina em sua residência num bairro pobre de São Paulo e tem uma renda liquida média de
R$ 600,00 por mês. Ele não paga aluguel, pois conseguiu um terreno doado pela prefeitura
onde construiu uma modesta casa de apenas dois cômodos. A família tem as seguintes
despesas mensais∗:
- alimentação – R$ 300,00
- material escolar de Anderson – R$ 10,00
- ferramentas que comprou para a oficina – R$ 80,00
- material de construção para o espaço da oficina – R$ 100,00
- celular (prestação mais créditos) – R$ 100,00
- TOTAL - R$ 590,00
Vê-se que o orçamento da família Silva está no limite, sem considerar gastos eventuais
como remédios, por exemplo.
A vida da família seguia como tantas outras, até Janaína ver uma propaganda sobre
uma promoção do tipo: “Só hoje”, “leve uma TV de 21 polegadas, pagando somente R$ 50,00
por mês com entrada para 60 dias”. Marcos Paulo sentiu pena de sua esposa e filhos (pois
passavam a maior parte do tempo em casa e sem muito lazer) então pensou: “R$ 50,00 por
mês eu consigo pagar”. Ele decidiu então substituir sua TV seminova de 14 polegadas, por
uma de tela plana de 21 polegadas; só não refletiu que teria 24 duras prestações pela frente.
Foi uma compra por impulso. Após o nascimento de sua filha, os gastos com leite e fraldas
aumentaram e sua renda mensal não aumentou.
Figura 1: “Promoção” de televisores
Fonte: www.google.com.br/ acesso em agosto de 2007
Para resumir a história..., Marcos Paulo teve que vender a TV por R$ 500,00 para seu
vizinho e assumir ainda as 18 parcelas restantes, pois era honesto e não queria sujar o seu
nome.
Uma pesquisa divulgada em 19 de abril de 2007, pela Eletrobrás/Procel, mostra que a
história de Marcos Paulo é bastante comum, pois o brasileiro é apaixonado por televisores. O
número de aparelhos televisores supera o de outros eletrodomésticos, como geladeira, por
exemplo.
[...]97,1% dos lares brasileiros possuem aparelhos de televisão. A média do número
de televisores por residência é de 1,41, o que demonstra que há mais de um aparelho
em grande parte das casas. Em segundo lugar no ranking de posse de aparelhos, vêm
os refrigeradores, que podem ser encontrados em 96% dos lares brasileiros. Além
disso, o estudo aponta que 77% desses equipamentos foram comprados há menos de
dez anos.(Fonte: www.infomoney.com.br)
Caso 2
Observe-se agora a história da família Oliveira, que tem por chefe o Sr. Oliveira, um
funcionário público que tem uma renda mensal de R$ 2100,00. Sua esposa Ana trabalha numa
loja de eletrodomésticos e tem um salário mensal de R$ 900,00. Tem um filho de 8 anos que
estuda em uma escola particular. Recentemente, a família Oliveira resolveu trocar seu
automóvel e seu orçamento doméstico mensal está descrito abaixo:
Educação
- Escola do filho – R$ 250,00
- Faculdade de Ana -R$ 400,00
- Material escolar para ambos – R$ 20,00
Alimentação
- Compras no supermercado – R$ 400,00
- Gastos eventuais com alimentação (feira, por exemplo) – R$ 80,00.
Moradia
- Aluguel – R$ 500,00
- Condomínio – R$ 80,00
Transporte
- Gasolina – R$ 200,00
- Van – R$ 120,00
∗
foi feita uma estimativa dos gastos anuais e dividido por 12
Vestuário
- Carnê – R$ 200,00
Lazer
- Almoço no restaurante aos finais de semana - R$ 200,00
TOTAL – R$ 2.450,00
A tabela 1 mostra o orçamento da família Oliveira de uma forma detalhada.
Tabela 1: Planilha de orçamento doméstico.
Mês: outubro
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73%
Fonte: http://www.bovespa.com.br/educacional
107%
É óbvio que as contas da família Oliveira não fecham no final do mês, ou seja, eles
vivem além de suas possibilidades, gastando mais do que ganham. Uma sugestão para esta
família seria morar em uma casa mais modesta e diminuir os gastos com automóvel, visto que
ele representa 10 % de seu orçamento, conforme é mostrado abaixo.
A tabela 2 mostra os gastos reais da família com seu automóvel.
Tabela 2: Gasto médio de um automóvel.
Item
Mês
Ano
Seguro (5%)
R$ 90,00
R$ 1080,00
Ipva(.4% )
R$ 84,00
R$ 1000,00
Óleo e filtro (3 trocas ao ano)
R$ 18,00
R$ 216,00
Pneu( um jogo cada 2 anos)
R$ 25,00
R$ 300,00
Alinhamento/ balanceamento
R$ 5,00
R$
Depreciação ( 4% em 2 anos)
R$ 42,00
R$ 500,00
Seguro obrigatório/ licenciamento
R$ 25,00
R$ 300,00
Multas e eventualidades
∗
*
Som , película protetora de vidros, lavagem, outros
*
*
Total
R$ 300,00
60,00
R$ 3600,00
Fonte: HALFELD, Mauro. Investimentos: Como administrar melhor seu dinheiro
Nota-se pela planilha que se a família Oliveira não usar seu novo carro, terá um gasto
mínimo de R$ 300,00 ao mês (que equivale a 10% da receita total), além disso, essa família
paga um financiamento de R$ 450,00 ao mês, aumentando seu gasto com transporte em cerca
de R$ 100, 00, pois freqüenta lugares que antes não freqüentava. Portanto essa família tem um
gasto médio mensal de R$ 850,00 com seu automóvel, ou seja, quase 30% de sua receita total.
A tabela aplicada ao automóvel pode ser aplicada a qualquer item, como a um celular, por
exemplo, para se verificar o gasto real daquele determinado produto.
∗
estima-se os gastos eventuais em R$11,00, em média.
* não foi considerado o combustível no cálculo, pois o valor seria gasto com outro meio de transporte.
Uma sugestão importante é dividir o valor de seu salário pelas quantidades de horas
trabalhadas para verificar qual o rendimento por hora e, assim, avaliar quantas horas
trabalhadas são necessárias para adquirir o bem pretendido.
A família Oliveira, a exemplo da família Silva, teve de abrir mão de seu bem para cortar
gastos; mesmo assim, demorou bastante para sair do “vermelho”.
Caso 3
Será verificado agora um exemplo de uma família de renda mensal um pouco maior:
A família Ferreira é uma família bastante tradicional que vive no interior de São Paulo
em uma cidade de aproximadamente 300.000 habitantes, e é composta do Sr. João que
trabalha no Tribunal de Contas e recebe cerca de R$ 12.000,00 ao mês. Montou recentemente
um negócio para sua esposa Marta, pois seus rendimentos não eram suficientes para manter o
padrão de vida que eles gostariam de ter. Esse novo negócio de Marta, no ramo varejista,
garante um lucro líquido de aproximadamente R$ 8000,00 mensais. A renda da família é de
R$ 20.000,00, aproximadamente. Seus três filhos são: Andréia – 22 anos, Mariana – 19 anos e
André – 16 anos.
Andréia cursa medicina e Mariana direito, ambas em faculdade particular, dividem um
carro popular e recebem mesada, pois não trabalham ainda. André quer cursar engenharia na
USP.
Os gastos da família Ferreira se resumem a:
Educação
Faculdade de Andréia – R$ 2500,00
Faculdade de Mariana – R$ 850,00
Colégio de André – R$ 450,00
Pré – vestibular de André - R$ 400,00
Material didático para todos – R$ 300,00
Total – R$ 4500,00
Alimentação
− Supermercado – R$ 2500,00
− Feira e outros gastos com alimentação – R$ 700,00
− Total – R$ 3200,00
Moradia
−
Aluguel – R$ 2000,00
−
Condomínio – R$ 700,00
−
Prestação da casa própria – R$ 1800,00
−
Total – R$ 4500,00
Lazer
−
Restaurante/ teatro / cinema/ outros – R$ 2000,00
Empregada
−
R$ 800,00
Mesadas
−
Andréia – R$ 1000,00
−
Mariana – R$ 700,00
−
André – R$ 500,00
−
total – R$ 2200,00
Planos de saúde e previdência
−
R$ 3500,00
−
água/ luz/ telefone- R$ 800,00
Transporte
−
Combustível do carro de João R$ 300,00
−
Combustível do carro de Andréia R$ 250,00
−
Combustível do carro de Marta R$ 300,00
−
Financiamento do carro de Andréia R$ 380,00
−
Financiamento do carro de Marta R$ 530,00
−
Total -R$ 1760,00
OBS: a família precisa de três carros, pois João usa o carro principal para trabalhar,
Andréia e Mariana usam outro para irem à faculdade e sair aos finais de semana, e Marta
usa um terceiro para trabalhar e levar o filho ao colégio.
O gasto mensal da Família Ferreira é de aproximadamente R$ 23.000,00 sendo que
sua renda mensal é de R$ 20.000,00, mas eles não percebem isso por terem um grande fluxo
de caixa, ou seja, muitas entradas e saídas sem controle. Essa diferença geralmente é
compensada pelo cartão de crédito e cheque especial (que estão sempre negativos), portanto,
além de um déficit de aproximadamente R$ 3000,00 em seu orçamento, pagam cerca de 8%
de juros ao banco para fechar as contas mensais.
A tabela 3 mostra o impacto de uma taxa de juros se 8 % ao mês sobre um capital de
R$ 3000,00 em um ano.
Tabela 3: Taxas do cartão de crédito/ cheque especial.
rentabilidade de um valor fixo em um determinado tempo
Capital a ser tomado
R$ 3.000,00
Taxa de juros
7,59 %
Tempo de uso do empréstimo
12 meses
Toal
R$ 7.217,46
Fonte: do autor com dados do Banco Central do Brasil(Bacen), maio 2007.
Fica evidente que a falência da família Ferreira é questão de tempo. Controlando-se os
gastos, provavelmente será identificados o problema e sua solução antes da situação se
complicar.
Enquanto a família Silva adquiriu um bem (televisão) através de um crediário, as duas
outras famílias tinham uma alternativa mais atraente: devido ao fato de ambos os chefes das
famílias serem funcionários públicos, tinham a possibilidade de adquirir empréstimos a taxas
de 1,5% ao mês. Foi o princípio do fim.
Se as receitas dessas famílias nunca foram maiores do que as despesas, como
conseguiriam quitar as prestações de seus empréstimos? Elas foram atraídas pela falsa ilusão
de que um montante inicial de dinheiro emprestado iria resolver todos os seus problemas e,
ainda, poderiam manter seus padrões de vida.
O resultado em ambos os casos foi um endividamento crônico, culminando na perda
de seus bens, transferência dos filhos para escolas públicas/ trancamento de matrícula de
faculdade, e na dissolução do casamento da família Oliveira, que não suportou a crise
financeira.
Resultado: Em 2 anos todos já estavam sem os bens materiais que haviam sonhado,
restando-lhes uma enorme dívida para pagar.
Infelizmente esse quadro vem se agravando em todas as classes sociais, e o reflexo
dessa falta de habilidade de organização financeira está na desunião entre casais, aumento do
estresse, crescimento da criminalidade, e má qualidade de vida em geral.
Caso 4
O caso da família a seguir pode ser um retrato daquilo que se espera de um bom
planejamento financeiro, pois segue rigorosamente as sugestões que serão apresentadas no
capítulo cinco. Advindos de famílias humildes, o casal se aposentou com 45 anos de idade; há
cinco anos faz trabalhos voluntários com pessoas carentes. Com férias semestrais, conhece
grande parte dos pontos turísticos mais importantes dos roteiros de viagem.
A trajetória dessa família foi a seguinte:
Aos 16 anos de idade Julio, o garçom de um modesto restaurante de uma cidade do
interior paulista, conheceu Maria, uma jovem cheia de sonhos e poucas condições de realizálos.
Conheceram-se no ônibus que os levava à periferia onde moravam. Ambos estavam no
segundo ano do ensino médio de uma escola publica daquela cidade.
Julio ganhava R$ 350,00 por mês e ajudava seu pai nas horas de folga em sua oficina.
Esse trabalho lhe rendia cerca de R$ 150,00 mensais, portanto ele tinha um montante de R$
500,00, do qual capitalizava a metade e sobrevivia com o resto. Ele investia em um fundo de
renda fixa que lhe dava em torno de 1% de juros ao mês. Fez isso por quatro anos, ou seja, até
ficar noivo de Maria. Em quatro anos ele capitalizou R$ 15.000,00.
A tabela 4 mostra o resultado da capitalização de Julio por 4 anos, a uma taxa de juros
de 1% ao mês.
Tabela 4: Programa de simulação de investimentos.
PROGRAMA PARA SIMULAR INVESTIMENTOS
CAPITAL(C) QUE VOCÊ QUER INVESTIR TODO MÊS:
C=
250
,00 reais
TEMPO (T) QUE VOCÊ QUER INVESTIR (EM MESES):
T=
48
meses
TAXA DE JUROS(em porcentagem)APLICADA AO MÊS :
I=
1
%
FORMULA :
Sn¬i=c*((((1+(i/100))^t)-1)/(i/100))∗
Total =
R$ 15.305,65
reais
Fonte: do autor
Aos 19 anos, Julio conseguiu ser aprovado em um concurso público para a prefeitura
de sua cidade para ganhar um salário de R$ 1100,00. Resolveu começar a planejar seu
casamento, pois já estava em um emprego que lhe oferecia estabilidade; Maria também havia
conseguido um emprego como secretária, ganhando R$ 350,00 por mês.
Decidiram que ela compraria o enxoval necessário e ele mobiliaria a casa e arcaria
com as despesas do casamento. Quatro anos depois eles se casaram, e três anos depois ambos
terminaram suas faculdades.
Pagavam um aluguel de R$ 250, 00, gastavam cerca de R$ 200,00 com alimentação,
não gastavam com transporte, pois não moravam longe do trabalho. A maior despesa do casal
era a faculdade de Maria; Julio conseguira fazer uma faculdade pública.
∗
a formula utilizada consta em: [Tosi 2000] Tosi, A. Matemática financeira utilizando Excel 2000: aplicável
às versões 5.0, 7.0 e 97. São Paulo: Atlas S.A.1.ed.,2000.
Suas despesas mensais eram em torno de R$ 1.100,00 e o restante de seus rendimentos
era investido mensalmente com muita disciplina e diálogo, seguindo um fiel planejamento, a
exemplo do que será detalhado no capítulo cinco.
Julio tinha o montante de 15.000,00 que continuou rendendo 1% ao mês e
conseguiram guardar cerca de R$ 100,00 ao mês nos anos que antecederam a preparação para
o casamento e término de faculdade de ambos. Após o casório, resolveram esperar mais dois
anos para ter filhos e mantiveram o padrão de vida anterior. Já tinham até então um
patrimônio de R$ 30.000,00.
Maria foi chamada para ser coordenadora pedagógica em uma escola na cidade e
passou a receber R$ 1300,00 por mês. Julio, que se formou em engenharia mecânica, foi
aprovado em outro concurso público, com um salário de R$ 2100,00.
A renda da família passou para R$ 3.300,00 mensais, e eles conseguiam guardar R$
700,00 todo mês. Quando seu filho completou seis anos, o patrimônio da família era de R$
250000,00 e a partir daí nada mais atrapalhou a expansão de Maria e Julio, pois, ao
adquirirem inteligência financeira, eles aprenderam a tirar vantagens dos juros compostos,
conforme mostrado no capítulo cinco do presente trabalho.
Eles compraram o primeiro carro, após oito anos de casados, e sua casa foi comprada
recentemente. O filho sempre estudou na melhor escola da cidade e está no último ano do
curso de direito da Universidade de São Paulo.
O patrimônio total do casal corresponde a R$ 1.500.000,00 à juros de 1% ao mês que
lhes garantem uma renda fixa de R$ 15.000,00 ao mês.
Graças a muito empenho e dedicação, Julio e sua família atingiram o objetivo de
construir um lar sólido e ter conforto em sua maturidade, algo que é totalmente plausível,
desde que haja comprometimento, dedicação, fé e muita paciência, pois não foi fácil para eles
suportarem as privações do caminho que escolheram e controlar os seus desejos consumistas,
mas, a recompensa chegou e eles ainda têm muito que desfrutar, curtindo sua “boa vida”.
Com base nos casos mostrados, pode-se observar que nos três primeiros, a falta de
planejamento financeiro não depende da faixa salarial, é um problema crônico; por outro lado,
observa-se que, com uma boa educação financeira, é possível obter resultados surpreendentes,
conforme será detalhado adiante.
CAPÍTULO 3 – MANUAL DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA – “RECEITA DE BOLO”
Neste Capítulo estão compiladas as principais idéias referentes à economia doméstica
e planejamento financeiro, propostas por renomados especialistas da área e organizadas
aqui na forma de um manual. Parte deste manual foi aplicada em um programa de educação
financeira, com resultados bastante satisfatórios.
Este capítulo tem por finalidade orientar aqueles que desejarem melhorar o controle
financeiro; partindo de um possível endividamento, passando pela capitalização e culminando
com o investimento, utilizando-se do “fermento” dos juros compostos para fazer seu “bolo”
crescer.
Estas orientações que doravante serão chamadas “ingredientes” são fruto de um estudo
das sugestões de grandes especialistas em finanças domésticas, tais como Mauro Halfeld,
Gustavo Cerbasi, entre outros; e de instituições especializadas no assunto, como o Serasa e a
Bovespa.
Segue a lista de ingrediente para a uma boa saúde financeira:
Ingrediente 1- consciência – Assim como um alcoólatra ou um usuário de drogas, o
primeiro passo para se resolver um problema financeiro é assumi-lo. Muitos têm dificuldade
de admitir sua falência, prorrogando seu sofrimento e prejudicando quem está a sua volta;
outros, sequer se dão conta da dimensão do deficit em seu orçamento, enganando a si mesmo.
Existe até uma patologia relacionada ao assunto, chamada oneomania – são os compradores
compulsivos - que atinge, segundo pesquisas, cerca de 3% da população brasileira. Portanto,
em outras palavras, é preciso descobrir a complexidade do problema para então tentar
solucioná-lo.
“Enfrentar a realidade talvez seja a forma mais eficiente de resolvermos nossos
problemas. E, para isso, temos que estar cientes de qual é nossa situação atual. Um
exemplo simples: a reação da maioria das pessoas quando sofre algum tipo de dor ou
mal estar é ir ao médico e buscar identificar o que está ocorrendo. Quanto antes
conhecermos a doença, mais fácil será a cura. O mesmo se aplica na hora de
analisarmos nossas finanças”. (equipe infomoney)
Fonte: www.google.com.br, visitado em 13/08/2007
Ingrediente 2 – organização – Ao se conscientizar do problema, torna-se fundamental
a organização para solucioná-lo. Liste todos os débitos e defina qual a prioridade para
quitação dos mesmos. Comece pagando as contas que insidam maiores juros e corte suas
compras no cartão de crédito e cheque especial (suas taxas são em média 100% ao ano). Em
se tratando de contas atrasadas, tenha uma conversa franca com seus credores e tente negociar
novas taxas de juro e prazo (não tenha vergonha de pechinchar). Elimine ao máximo suas
despesas, e se for o caso, desfaça-se de algum bem material temporariamente (além de
eliminar eventual parcela, automaticamente será eliminada a despesa causada por esse bem).
Eliminar despesas e mudar os hábitos não é tarefa fácil. O planejador financeiro Mauro
Halfeld (Halfeld,2000), escritor de vários livros sobre o assunto, expõe a seguinte opinião:
“O maior desafio para construir uma vultosa poupança está na dor que
imediatamente é sentida quando se renuncia ao consumo imediato, na esperança de
ser recompensada em um futuro ainda mais distante. Para jovens, principalmente,
esse é um desafio muitas vezes insuportável”.(Mauro Halfeld Planejador financeiro).
Ingrediente 3 – orçamento – O orçamento doméstico é, sem dúvida, o item mais
importante para seu controle financeiro. E através dele que se consegue monitorar suas
despesas e prever eventuais situações de dificuldade.
Robert Kiyosaki em seu livro Pai Rico Pai Pobre, chama a atenção para a importância
de um orçamento. Para Kiyosaki (Kiyosaki, 2000) um orçamento deve ser composto de
receitas, que é a composição de todos os seus rendimentos obtidos através do trabalho - seu
salário e até o chamado “bico” fazem parte da receita.
Outro item importante de um orçamento, segundo Kiyosaki, são as despesas que
podem ser classificadas em despesas fixas e despesas variáveis. As despesas fixas são os
gastos que são previstos, como, uma mensalidade escolar; já as despesas variáveis são aquelas
compostas de gastos eventuais, como uma farmácia, por exemplo.
Por fim, deve-se incluir em um orçamento os ativos e os passivos. Em uma linguagem
clara, e abstraindo os conceitos formais de economia, pode-se dizer que ativo é tudo aquilo
que coloca dinheiro no seu bolso; como exemplo, cita-se um investimento que renda juros
mensais. O conceito de passivo é o oposto, ou seja, passivo é tudo aquilo que retira dinheiro
do seu bolso. Um carro zero km que não é usado para auferir lucro é considerado um passivo,
pois além dos gastos, este ainda sofre um deságio de mercado.
Para as pessoas que ainda estão adquirindo o hábito de controlar suas finanças, o
orçamento também pode ser feito de forma mais simplificada, constando apenas das receitas e
das despesas, conforme modelo a seguir.
Tabela 5: Planilha para controle de gastos
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Fonte: www.bovespa.com.br/educacional, visitado em 13/08/2007.
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Assim como numa empresa, o orçamento permite a verificação do impacto financeiro
gerado em cada setor doméstico, e a partir daí caberá a implementação de medidas corretivas.
Se a planilha de orçamento acusar que os gastos mensais com transporte, por exemplo, está
em torno de 50% da receita, há duas alternativas: primeira está em aumentar a receita e a
segunda é diminuir os gastos no setor de transporte.
Ingrediente 4 – pesquisa – Mesmo tomando consciência do problema financeiro,
organizando-se para atacá-lo, fazendo um orçamento e eliminando tudo aquilo que não é
essencial das despesas domésticas, restam ainda os gastos essenciais, ou seja, aqueles que são
fundamentais para uma família, como alimentação, vestuário e educação. Uma boa pesquisa
para se informar sobre os preços praticados no mercado é de suma importância para uma boa
compra e para não se deixar levar por estratégias de vendas do tipo: “ de R$ 100,00 por R$
80,00 ( sendo que o valor de mercado é R$ 70,00) ; ou do tipo: só hoje! ( sendo que muitas
vezes a mercadoria está saindo de linha e na semana seguinte estará mais barato).
Uma sugestão quanto às compras de supermercado é usar uma planilha conforme
mostrado abaixo, com os preços dos itens de suas compras. Nessa planilha deverão constar os
preços mais baixos de cada produto e o local encontrado; a partir daí tem-se uma referência de
preços mínimos e, com um pouco de tempo e paciência, pode-se percorrer dois ou três
supermercados aproveitando as melhores promoções de cada loja. Com essa medida pode-se
economizar até 30% em suas compras.
Tabela 6: Lista de compras
LISTA DE COMPRAS
Produto
limpeza/higiene
água sanitária
creme dental
esponja
detergente
(outros)...
Alimentação
arroz
carne
peixe
frango
Loja 1 / preço
Loja 2/ preço Loja 3/ preço Preço ideal
(outros)...
verduras /legumes
tomate
alface
(outros)...
Frutas
mamão
banana
(outros)...
Total
0
0
0
0
Fonte: do autor.
Ingrediente 5 – controle – O controle e a disciplina são fundamentais para a busca de
qualquer objetivo, e no campo financeiro não poderia ser diferente. O controle rigoroso de
todos os passos acima é imprescindível; uma sugestão para manter o controle dos gastos é
anotá-los em uma agenda e, no final de cada mês somá-los e lançá-los na planilha de
orçamento. O resultado dessa atitude será surpreendente. Patrícia Alves, colunista da equipe
infomoney, escreve o seguinte sobre o impacto da falta de controle dos pequenos gastos:
“É muito comum, ao final do mês, os gastos serem maiores do que o previsto, e isso
acontece porque, simplesmente, nos esquecemos de certas despesas na hora de
preencher
a
planilha:
os
gastos
invisíveis.
A cervejinha no final do dia, o maço de cigarros, o chocolate depois do almoço... são
pequenas despesas que fazem grandes estragos ao bolso no final do mês, se não
forem computadas junto com o planejamento da família”.
Fonte: www.infomoney.com.br/, visitado em 13/08/2007
Tabela 7: O impacto dos gastos eventuais
Produto
Preço unitário*
Gasto no mês
Gasto no ano
Refrigerante (lata) R$ 2,00
R$ 60,00
R$ 720,00
Chocolate
R$ 1,50
R$ 45,00
R$ 540,00
Goma de mascar
R$ 0,10
R$ 3,00
R$ 36,00
R$ 21,00
R$ 252,00
Pão com manteiga R$ 0,70
Fonte: www.infomoney.com.br/, visitado em 13/08/2007.
Ingrediente 6 – meta – Após ter cumprido todos os passos anteriores e se ter atingido a
estabilidade financeira, deve-se buscar a independência financeira e para isso as metas
tornam-se fundamentais.
As metas financeiras devem estar de acordo com cada indivíduo, mas alguns autores
consagrados, como Mauro Halfeld (Halfeld, 2000), por exemplo, sugere um modelo conforme
segue abaixo.
Figura 2: Metas ao longo da vida
Fonte: HALFELD, Mauro. Investimentos: Como administrar melhor seu dinheiro
Algumas planilhas também são importantes para auxiliar em seu planejamento de
metas financeiras. A planilha abaixo ilustra o planejamento de um jovem investidor do
mercado de ações, que pretendia alcançar seu primeiro milhão em 15 anos, investindo R$
300,00 mensais a uma taxa de juros média de 2,5 % ao mês.
Tabela 8: Simulador de investimento com capitalização mensal
PROGRAMA PARA SIMULAR INVESTIMENTOS
CAPITAL(C) QUE VOCÊ QUER INVESTIR TODO MÊS:
C=
300
,00 reais
TEMPO (T) QUE VOCÊ QUER INVESTIR (EM MESES):
T=
180
meses
TAXA DE JUROS(em porcentagem)APLICADA AO MÊS :
I=
2,5
%
FORMULA :
Sn¬i=c*((((1+(i/100))^t)-1)/(i/100))
Total =
R$ 1.010.061,47
reais
Fonte: do autor.
A próxima planilha indica a mesma meta, de se atingir R$ 1.000.000,00, através de um
capital inicial de R$ 12.000,00 (sem capitalizar mensalmente) aplicados em uma renda fixa
com rentabilidade de 2,5% ao mês num prazo de 15 anos.
Tabela 9: Simulador de investimento sem capitalização mensal
Rentabilidade de um valor fixo em um determinado tempo
Capital a ser investido
R$ 12.000,00
Taxa de juros(em porcentagem)
2,5
%
Tempo de investimento(em meses)
180
meses
Total
R$ 1.022.061,47
Fonte: do autor.
Definir uma meta mensurável facilita o planejamento financeiro. Sabendo quantificar
o objetivo final, pode-se medir, ao longo do tempo, o quanto da meta já foi alcançado. Se a
meta não for específica e mensurável, isso não será possível, dificultando a avaliação dos
resultados obtidos.
Ingrediente 7 – investimento – Somente com um bom investimento poderá se atingir a
meta outrora planejada; por outro lado, não há bom investimento para quem está preso em
dívidas. Daí a importância de se cumprir rigorosamente os passos anteriores.
Dentre os investimentos possíveis destacam-se os imóveis, um negócio próprio,
fundos de renda fixa e renda variável, poupança, títulos do governo, mercado de ações etc.
Outro investimento possível e mais importante é a educação.
A educação é o investimento mais seguro que se pode fazer, portanto, partindo-se do
princípio de que já se está investindo nesse setor, a partir daí poder-se-á buscar outras formas
para diversificação.
Dentre essas formas de investimento, com o cenário de estabilidade que a economia
apresenta, destacam-se os investimentos no mercado de ações e os fundos da dívida pública
do governo, o Tesouro Direto.
Diferentemente de países como a Suíça, o brasileiro ainda não adotou uma cultura
investidora e para agravar esse panorama, há muitos paradigmas quanto ao assunto e
resquícios de um passado econômico difícil, onde a alta inflação frustrava qualquer
perspectiva de investimentos.
Contudo essa mentalidade está mudando e hoje se tem boas opções para acúmulo de
capital com relativa segurança. Os quadros a seguir mostram a rentabilidade de alguns
investimentos nos últimos anos. (lembrando que a poupança e os fundos de renda fixa,
oferecem rentabilidade média de 0,7 % ao mês - fonte BACEN).
Figura 3: Rendimentos do índice Bovespa
Fonte: www.infomoney.com.br/, visitado em 15/10/2007.
Este gráfico mostra o rendimento médio das principais ações negociadas na Bolsa de
Valores de São Paulo nos últimos dois anos. Isso significa que se alguém adquiriu alguma
ação que compõe as principais da Bovespa, tem grandes chances de ter recebido um lucro
bem próximo ao mostrado no gráfico, ou seja, cerca de 5 % ao mês.
Mas se o investidor preferir aplicar em títulos da dívida pública do governo federal
(Tesouro Direto), poderá ter a rentabilidade que segue.
Figura 4: Rentabilidade do tesouro direto.
Fonte: www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/, visitado em 13/08/2007.
Outra possibilidade de aplicação é a de fundos de ações. Segue abaixo uma tabela de
rendimentos destes fundos.
Tabela 11: Rentabilidade dos fundos de ações.
Fonte: www. bb.com.br /, visitado em 15/10/2007.
Por diversos paradigmas, o mercado de capitais é visto por muitos como algo
inalcançável ou “coisa de milionário”, ou ainda como um “jogo”, mas essa mentalidade
começou a mudar graças à propaganda nos meios de comunicação e devido a projetos de
popularização∗, como o programa “Bovespa Vai até Você”, desenvolvidos pela Bolsa de
Valores de São Paulo. Este programa teve início em agosto de 2002 e foi idealizado para dar
acesso ao mercado às pessoas, através de palestras, eventos, material de consulta, treinamento.
O projeto evoluiu, tendo variações como: Bovespa Vai à Praia, Bovespa Vai ao Clube;
Bovespa Vai à Indústria; Bovespa Vai aos Municípios, entre outros, assim, a participação das
pessoas físicas no mercado de ações no Brasil tem aumentado e tende a continuar crescendo.
Ao contrário daquilo que pensa a maioria, para se investir em ações, não é necessário
muito dinheiro (existem ações que custam abaixo de R$ 10,00). Só é necessário informação:
existem inúmeras fontes confiáveis para consultas, lembrando sempre que são investimentos
de renda variável, e estão sujeitos às instabilidades do mercado.
∗
Mais
informações
http://www.bovespa.com.br
sobre
os
projetos
da
Bovespa
podem
ser
encontradas
em
Uma boa forma de começar a familiarizar-se com o assunto é fazer simulações. O
folhainvest*∗ é uma iniciativa da Folha de São Paulo, juntamente com a Bovespa, no qual, no
ato do cadastramento, é dado ao investidor uma determinada quantidade de capital virtual (em
dinheiro e em ações); a partir daí, pode-se começar a negociar no mercado de ações com todos
os elementos de uma negociação real.
Outra forma de saber sobre o mercado de ações é pesquisar na Internet ou em livros
especializados no assunto, ou ainda, participar de cursos ou de projetos da Bovespa, conforme
já citado anteriormente.
Por fim, há os clubes de investimento, que é uma modalidade de investimento em
ações onde um grupo de pessoas (colegas de trabalho, familiares etc) se reúnem com o
objetivo de capitalizar uma determinada quantidade de dinheiro, em um prazo estipulado por
seus membros, para investir em ações. Nesse caso, uma corretora de valores irá orientar os
membros do clube sobre as melhores opções e fará a administração da carteira de ações do
clube. Essa modalidade vem crescendo bastante nos últimos anos, visto que os investidores
não necessitam de muito conhecimento do mercado.
Ingrediente 8 – perseverança – Este último ingrediente é essencial para se chegar ao
objetivo, pois é a perseverança que fará refletir e continuar quando, por exemplo, a meta
daquele investimento não for atingida, ou ainda, numa eventualidade que o levou a ficar no
“vermelho” tendo que começar tudo de novo. A perseverança e a fé naquilo que se planejou,
farão refletir sobre a melhor decisão a ser tomada em um momento critico, e se for o caso
começar de novo.
Os japoneses são um exemplo muito interessante quando se fala em perseverança. A
determinação e disciplina dos japoneses os tornam um povo muito respeitado e admirado. No
campo das finanças não seria diferente.
O japonês tem o habito de poupar e contabilizar diariamente tudo o que recebe e gasta,
através de um livro caixa. O Tyokim é a poupança que irá garantir a velhice do japonês e é
formada por 18% de seu salário. É o tyokim que garante o seu investimento no mercado
financeiro. Além do tyokim, há no Japão o Heçokuri, que é a poupança da dona de casa, para
casos de doenças da família; lá é bastante comum mulheres pouparem e investirem sua
poupança em ações. O Tyokimbako, que é a poupança da criança é formada por pequenas
quantias que geralmente são desprezadas no dia a dia, como a sobra do cafezinho, por
exemplo.
∗
*
O folhainvest é uma plataforma onde o investidor compra e vende ações com dinheiro
virtual(http://www.folhainvest.folha.com.br)
CAPÍTULO 4 - CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os “ingredientes” mostrados até aqui não encerram este trabalho, entretanto, são um
bom legado para se iniciar um aprimoramento do planejamento financeiro doméstico e iniciar
uma nova cultura relacionada a consumo. Não se trata aqui de fórmula mágica para
enriquecimento, ao contrário, trata-se de muito trabalho e um constante duelo entre presente e
futuro (comprar ou esperar), onde cada indivíduo saberá o que é melhor para si e qual
“ingrediente” deverá adicionar em maior quantidade ao “bolo de sua vida”, a fim de que fique
mais saborosa.
Com base no estudo apresentado, espera-se não só uma sensibilização quanto à
importância do tema abordado, mas uma profunda reflexão quanto ao caminho que se está
seguindo. Será que estamos sabendo diferenciar desejo e necessidade?
O assunto discutido até aqui é apenas mais um entre outros temas relevantes como:
meio ambiente, esporte, cultura; ligados à auto-estima e à cidadania, contudo, não são
priorizados, restando a nós, a exemplo de tantas iniciativas de sucesso, tornarmos parte do
problema e agir.
BIBLIOGRAFIA
[Theodoro 2007] Theodoro, F. Trabalho de Graduação em Matemática- Universidade
Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá. O uso da matemática
para a educação financeira a partir do ensino fundamental. Guaratinguetá: [s.n].
2007.

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