Estoril Sol Residence, Cascais

Transcrição

Estoril Sol Residence, Cascais
Estoril Sol Residence, Cascais
1
O Conceito
O Estoril Sol Residence situa-se na Avenida Marginal em Cascais. Está
implantado nos terrenos do antigo Hotel Estoril-Sol.
A opção arquitetónica desenvolvida pretende conferir protagonismo não apenas
ao novo edifício mas, fundamentalmente ao sítio, entendido aqui numa dimensão
dialogante entre as componentes paisagísticas, arquitetónicas e urbanísticas.
Refira-se que o desenvolvimento deste projecto foi realizado em consonância
com todo o Plano de Pormenor para a Reestruturação Urbanística dos Terrenos
do Hotel Estoril-Sol e Área Envolvente. Enquadrado com este plano e com o
projecto do complexo imobiliário foram também elaborados os projetos de
remodelação da entrada do Parque Palmela a poente do complexo,
requalificação da Avenida Marginal desde a entrada no Parque Palmela até à
fronteira com o Hotel Mirage já existente a Nascente, a requalificação da entrada
Norte do Parque Palmela e ainda uma nova Passagem Inferior a Sudoeste do
complexo.
A carga icónica assumida pelo Estoril Sol Residence procura um carácter
cenográfico e simultaneamente a escala de Land-Art através da relação proposta
entre figura e fundo, entendido o edifício como matriz escultórica, charneira entre
o Parque Palmela, o morro sobranceiro a norte, e o mar e por conseguinte a
Avenida Marginal e Cascais.
Os volumes emergentes encontram-se implantados segundo uma regra que visa,
sobretudo, relações de porosidade entre figuras construídas e o fundo verde do
parque. Os volumes propostos elevam-se em dois conjuntos rodados, segundo
as duas direções topograficamente mais vincadas.
O programa é essencialmente residencial, com uma área bruta de construção
acima do solo de 29 985 m² divididos por uma área comercial com 1 195 m² e
uma área habitacional com 28 790 m². Possui ainda um embasamento com uma
área de construção de 24 534 m² abaixo do solo destinada a outros fins.
A área residencial encontra-se distribuída por três torres com 14 pisos a partir da
cota do logradouro, designadas de Torre Estoril, Torre Cascais e Torre Baía.
Nestas encontram-se definidos 107 apartamentos, em tipologias de T1 a T5,
alguns dos quais desenvolvidos em sistema duplex e triplex.
A complexidade volumétrica em combinação com o intuito de uma elevada
flexibilidade reflete-se ainda numa grande variedade tipológica das habitações,
sem nunca pôr em causa a economia e eficiência das soluções construtivas
adotadas. Modificações futuras nos espaços interiores serão facilitadas pela
utilização de sistemas de construção leve, nomeadamente parede e tetos em
estrutura metálica e gesso cartonado.
2
Engenharia e a Obra
Estrutura
A implantação dos Edifícios encaixados no talude implicou grandes volumes de
escavação (aproximadamente 150 000 m³), sendo necessário recorrer a estruturas de
suporte de terras de importância significativa e com variedade de condições de apoio
e solicitações.
O “talude” a Norte do complexo é estabilizado por um sistema de contenções de
caracter definitivo, uma cortina de estacas ancorada que estabiliza a base de
escavação, sobre a qual se desenvolvem três muros em socalcos de construção tipo
“Berlim”, totalizando um desnível máximo de 38m.
A superestrutura divide-se em três corpos separados entre si por juntas estruturais, o
embasamento, o corpo Cascais/Estoril e o corpo Baia. Esta divisão tem como
principal objetivo evitar que os impulsos descompensados do talude sejam absorvidos
pelos núcleos estruturais das torres.
Caves/Embasamento
Optou-se por uma solução tradicional para a estrutura dos pisos enterrados. As lajes
que constituem os pisos em cave são em betão armado, maciças e fungiformes. As
lajes apoiam-se diretamente em pilares, núcleos e paredes em betão armado,
apoiando-se na periferia nas paredes de contenção através de ferrolhos.
O funcionamento conjunto entre a estrutura de contenção do talude e estrutura da
cave, conduziu à disposição criteriosa de paredes contraforte dispostas
perpendicularmente à contenção, e que absorvem parte dos impulsos
descompensados do talude Norte em fase definitiva.
Torres
A conceção inicial da estrutura principal das três torres era integralmente metálica,
com pilares e vigas ligadas entre si formando pórticos resistentes. Estes pórticos eram
travados de quatro em quatro pisos através de contraventamentos localizados na
periferia do edifício, também metálicos. As lajes de piso eram compostas por treliças
metálicas apoiadas nos pórticos principais e suportando no seu banzo inferior as lajes
de pavimento composto por chapa metálica colaborante e betão. Esta solução
permitiria uma uniformidade de soluções estruturais e de soluções construtivas.
Contudo, por razões de custo, em fase de projecto de execução optou-se pela
substituição da solução integralmente metálica por uma solução mista, mantendo-se a
estrutura da ponte e consolas em construção metálica e a restante estrutura das
torres em betão armado. A estrutura das torres é composta por lajes maciças em
betão armado apoiadas na periferia em pilares de betão armado ou mistos e no
núcleo central da caixa de escadas e de elevadores.
3
No interior de cada torre define-se um núcleo em betão armado para a caixa de
escadas e elevador que, além de suportar as cargas verticais, de garantir a
resistência às ações horizontais do vento e sismo, tem ainda a função de suportar a
excentricidade de carga das consolas e ponte.
As lajes de pavimento dos pisos são maciças, em betão armado, com 20 cm de
espessura. Sobre os pilares, nos cantos dos núcleos e nas zonas de ligação à ponte e
consolas metálicas definem-se capitéis ou bandas invertidas com 40 cm de
espessura. O acabamento final dos pisos é realizado através de um pavimento falso
de modo a permitir a utilização do espaço entre as lajes e o pavimento pelas
instalações das diversas especialidades. Sob as lajes existe um teto falso com 5 cm
que garante o isolamento acústico e a colocação de cabos elétricos.
Por questões arquitetónicas a fachada Sul das torres tem um menor número de
pilares para garantir uma maior transparência. O vão é de aproximadamente 10 m
pelo que as bandas de 40 cm de espessura em betão armado não são suficientes
para garantir a segurança do estado limite de deformação. Deste modo houve a
necessidade de incorporar pré-esforço nas bandas de modo a garantir que as
deformações são compatíveis com a fachada em vidro. Adotam-se 5 cabos de
pré-esforço aderente localizados sobre os pilares garantindo uma força de pré-esforço
útil aproximada de 5000 kN.
Consolas
Nas três torres, entre os pisos 10 e 15 projeta-se um volume em consola. A estrutura
das consolas é metálica e é composta por três alinhamentos principais de treliças com
a diagonal tracionada. Nesses alinhamentos definem-se ainda vigas ao nível de cada
piso que dão apoio às madres treliçadas que suportam, no seu banzo inferior, as lajes
de piso. Estas são lajes mistas compostas por chapa metálica nervurada e betão com
12 cm de espessura. As lajes para além de suportar as cargas verticais provenientes
dos pisos, têm também a função de contraventar a estrutura na direção horizontal,
uniformizando os deslocamentos da grelha de vigas e treliças metálicas.
4
Ponte
Os pisos 6 a 10 das Torres Cascais e Estoril são ligados por intermédio de uma ponte
em construção metálica. Esta ponte é estruturada por 3 vigas treliça principais com
altura de 4 pisos, vencendo um vão de 38,6 m. Perpendicularmente a estas treliças
principais definem-se 3 alinhamentos de vigas treliça secundárias com altura de um
piso, que travam transversalmente as vigas treliça principais e apoiam as madres
treliçadas de piso (VT), que por sua vez suportam no seu banzo inferior as lajes de
piso. À semelhança das consolas, estas são lajes mistas compostas por chapa
metálica nervurada e betão com 12 cm de espessura.
Faseamento Construtivo
A singularidade desta Obra, os grandes volumes projetados, compeliu à
implementação de um sistema construtivo não convencional, concebido de raiz,
procurando responder de forma eficiente e segura a todas as invulgares
condicionantes. O sistema construtivo surgiu da ideia chave de que a construção das
estruturas no solo é mais simples, rápida e segura. Optou-se pela execução de todos
os trabalhos de construção metálica no solo, tendo-se posteriormente içado a
estrutura integralmente montada, com sistemas de elevação especiais. Estes
sistemas são compostos por guinchos elétricos suportados em pórticos provisórios
ancorados à estrutura das torres. Estes sistemas foram concebidos tendo como
pressuposto basilar a sobreposição da resultante de reação do conjunto dos guinchos
com o centro de massa da estrutura a elevar.
A grande dificuldade do processo de elevação resultou fundamentalmente de quatro
parâmetros, o volume destas construções, o seu peso, a altura a elevar e a precisão
de elevação. O volume da construção da ponte é de 11700 m³, com um peso total de
400 tons, elevando-se esta estrutura a 22m de altura. O volume de construção das
consolas é de 3 600 m3, pesando cada consola 120 tons, tendo sido elevadas a 35m
de altura.
5