concepção de mulheres de 18 a 45 anos sobre a endometriose no

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concepção de mulheres de 18 a 45 anos sobre a endometriose no
CONCEPÇÃO DE MULHERES DE 18 A 45 ANOS SOBRE A ENDOMETRIOSE NO
MUNICÍPIO DE GUANAMBI-BAHIA
Adriana da Silva Lima¹, Hermínia de Oliveira Santos¹, Kelly Jayame Alves de Souza¹, Rita de
Cássia Vital Santos Sanchês2
¹Graduanda do Curso de Biomedicina, Faculdade Guanambi – FG/CESG. Email: hermí[email protected]
²Bióloga. Doutoranda em Genética e Biologia Molecular - UESC. Docente Faculdade Guanambi - FG/CESG
RESUMO: A endometriose é uma doença causada pela implantação de tecido endometrial
fora da cavidade uterina, que afeta mulheres em idade reprodutiva. A causa da doença esta
associada à menstruação retrógrada, fatores ambientais e genéticos. Objetivou-se com a
realização do presente estudo avaliar a concepção de mulheres de 18 a 45 anos sobre a
endometriose. O trabalho foi realizado no município de Guanambi- Bahia. A coleta de dados
foi realizada no período compreendido entre os dias 26 de setembro a 16 de Outubro de 2013.
A amostra foi composta por 158 mulheres que estavam dentro da faixa etária exigida e
escolhidas aleatoriamente que concordaram em responder o questionário aplicado. A análise
dos resultados comparada com a literatura demonstrou desconhecimento sobre a doença
endometriose, necessitando de um acompanhamento melhor do médico por causa dos
sintomas apresentados, sendo que a maioria das mulheres pode ter a endometriose.
Palavras-chave: Doença assintomática. Endometrio. Menstruação Retrógrada.
CONCEPTION OF WOMANS AGE 18 TO 45 YEARS ABOUT ENDOMETRIOSIS IN
THE GUANAMBI-BAHIA CITY
ABSTRACT: Endometriosis is a disease caused by the implantation of endometrial tissue
outside the uterine cavity, which affects women of reproductive age. The cause of the disease
is associated with retrograde menstruation, environmental and genetic factors. Aimed to the
realization of this study was to evaluate the design of women 18-45 years about
endometriosis. The study was conducted in the municipality of Bahia-Guanambi. Data
collection was conducted in the period between 26 September and 16 October 2013. The
sample consisted of 158 women who were within the age range required and randomly who
agreed to answer the questionnaire. The results compared to literature has demonstrated the
lack of knowledge about endometriosis disease, requiring a follow better the doctor because
of symptoms, and can most women have endometriosis.
Key words: Asymptomatic disease. Endometrium. Retrograde menstruation.
INTRODUÇÃO
A endometriose é uma doença ginecológica que acomete mulheres em idade
reprodutiva, caracterizada na presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, em
2
locais como ovários, peritônio, apêndice e bexiga com (LORENCATTO, 2002; BELLELIS,
2010).
A causa da endometriose ainda não é totalmente conhecida e gera controvérsias entre
alguns autores, a teoria mais aceita é a da menstruação retrógrada, esta foi descrita em 1927
por Sampson apud Nácul (2010) de acordo com ele ocorreria um refluxo da menstruação que
levaria o tecido endometrial através das trompas para cavidade extra-uterina. No entanto,
cerca de 70% das mulheres possuem esse tipo de menstruação, porém, a doença afeta somente
cerca de 10 a 15% das mulheres. Isso está relacionado à presença de fatores genéticos,
imunológicos, ambientais, má alimentação, dentre outros que ainda estão sendo estudados.
Estima-se que o número de mulheres com endometriose seja de sete milhões nos EUA e
de mais de 70 milhões no mundo. Sendo esta diagnosticada em torno da quarta década de vida
(BELLELIS, 2010).
De acordo Berbel (2008), estudos realizados no Brasil constataram, que a idade que
ocorre o início da doença possui uma proporção inversa ao atraso do diagnóstico, isto se deve
a crença de que ciclos irregulares e dores em adolescente sejam comuns durante os ciclos
menstruais.
Há também uma dificuldade na realização do exame físico em pacientes mais jovens e,
além disso, o método de diagnóstico mais eficiente (laparoscopia) possui custo elevado
dificultando ainda mais o diagnóstico precoce da doença.
A suspeita diagnóstica da endometriose é principalmente clínica (ABRÃO, 2009), no
entanto a endometriose apresenta-se de maneira inespecífica, algumas pacientes são
assintomáticas outras apresentam sintomas como dores intensas durante a relação sexual,
infertilidade, alterações urinárias, e intestinais durante o ciclo menstrual.
A partir do momento que se obtém o conhecimento que a endometriose trata-se de uma
doença estrogênio- dependente (BELLELIS, 2010), esta pode ser classificada como sendo um
distúrbio da “mulher moderna” isto se deve ao atual papel da mulher na sociedade que optam
pela carreira profissional, desta forma acabam tendo menor número de gestações em idade
mais avançada ficando exposta a maior número de ciclos menstruais e consequentemente
mais picos de estrogênio (LORENCATTO, 2002).
“Até o momento poucos estudos consistentes foram feitos com o intuito de se
caracterizar as pacientes portadoras de endometriose” (BELLELIS, 2010). Desta forma os
objetivos desta pesquisa consistem em avaliar a concepção de mulheres em faixa etária
produtiva e reprodutiva a cerca dos sintomas característicos da endometriose podendo auxiliálas na busca do diagnóstico precoce e tratamento adequado para cada caso.
3
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada no centro da cidade, localizada da cidade de Guanambi/Ba.
As pessoas foram interpeladas para responder um questionário com 17 perguntas objetivas a
responder: sim, não ou talvez. A coleta de dados foi realizada no período compreendido entre
os dias 26 de setembro a 16 de Outubro de 2013, durante um turno, sendo a equipe compostas
por estudantes de Biomedicina.
A amostra da pesquisa foi composta de 158 mulheres exclusivamente com idades entre
18 a 45 anos. Tratou-se de uma pesquisa de caráter exploratório com base qualitativa. Foi
incluído no estudo um questionário semi-estruturado com perguntas como: possui filhos,
sente cólicas intensas durante o período menstrual, dor pélvica leve ou intensa, apresenta ou
apresentou algum tipo de desconforto intestinal urinário no período menstrual, dias antes ou
depois de menstruar, sente dores durante a relação sexual, apresenta ou já apresentou
dificuldades para engravidar, já procurou atendimento de um médico ginecologista por estar
sentindo alguns sintomas, seu médico já conversou com você sobre a endometriose, já ouviu
falar sobre endometriose, sabe como acontece a doença, realiza o exame preventivo
regularmente, sente dores ao ir ao banheiro para as necessidades fisiológicas, usa
anticoncepcional, desde quando, sente a barriga inchada durante a menstruação, ficam dias de
cama por conta do ciclo menstrual.
Foi determinado por critério de inclusão e exclusão no preenchimento do questionário,
ser o entrevistado do sexo feminino ter idade entre 18 e 45 anos e residir no município de
Guanambi- Bahia sendo facultativa a participação. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética
local e todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE),
elaborado segundo os aspectos relativos à Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
A análise estatística foi baseada através das perguntas tidas como mais importantes
dentre o questionário aplicado, tais como: você já procurou atendimento de um médico
ginecologista por estar sentindo algumas dores dos sintomas da endometriose, seu médico já
conversou com você sobre endometriose, você já ouviu falar em endometriose, você sabe
como acontece a doença.
Estas foram submetidas ao teste de erro padrão tendo como resultado 3,24% e nível de
confiança de 95% de acordo com Gil (1999) com um cálculo de amostras para população
considerada finita. Algumas perguntas foram descartadas por estarem fora do padrão da
pesquisa realizada e as demais perguntas também consideradas relevantes para o resultado
final.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Esta pesquisa buscou verificar a concepção de um grupo de mulheres com idade de 18
a 45 anos sobre a endometriose. Fizeram parte da amostra 158 mulheres que responderam um
questionário com 19 perguntas objetivas relacionadas ao entendimento sobre a doença.
As perguntas associadas as suas respostas trouxeram informações importantes a
respeito do conhecimento da doença, dados estes que corroboraram com a literatura
supracitada (Tabela 1).
Tabela 1-
Questões sobre os sintomas da endometriose
Questões
Sim
Não
Às vezes
Total
Possui filhos
60 %
40%
Você sente cólicas intensas durante o período 34%
44%
22%
100%
21%
49%
30%
100%
Apresenta ou já apresentou algum tipo de 37%
50%
13%
100%
77%
17%
100%
83%
1%
100%
53%
3%
100%
70%
2%
100%
100%
menstrual
Dores na região pélvica leve ou intensa
desconforto intestinal ou urinário no período
menstrual, dias antes ou depois de menstruar.
Sente dores durante a relação sexual
6%
Apresenta ou já apresentou dificuldades para 16%
engravidar
Você já procurou atendimento de um médico 44%
ginecologista por esta sentindo alguns dos
sintomas acima
Seu medico (a) ou enfermeiro (a) já conversou 28%
com você sobre a endometriose
Já ouviu falar em endometriose
51%
48%
1%
100%
Sabe como acontece essa doença
26%
70%
4%
100%
Realiza o exame preventivo regularmente
63%
20%
17%
100%
81%
13%
100%
Sente
dores
ao
ir
necessidades fisiológicas
ao
banheiro
fazer 6%
5
Usa anticoncepcional
43%
55%
2%
100%
Sente a barriga inchada durante a menstruação
61%
29%
10%
100%
Fica de cama por conta do ciclo menstrual
5%
87%
8%
100%
63%
9%
100%
54%
10%
100%
Sente alguma alteração intestinal durante o 28%
período menstrual
Sente uma “pontada de faca” no abdome ou 36%
“dor de lado” quando esta no período
menstrual
Desta forma, foi possível constatar que embora 51% das entrevistadas já tenham
ouvido falar sobre a endometriose, 70% delas não sabem como ocorre a doença; como pode
ser visto nas figuras 1 e 2.
Figura 1 Mulheres que já ouviram falar sobre a endometriose
1%
48%
51%
6
Figura 2 Sabem como acontece a doença
4%
26%
70%
A endometriose é definida como a presença de tecido endometrial (glândulas e
estroma) fora do útero. O aspecto da endometriose varia de algumas lesões mínimas em
órgãos pélvicos até grandes cistos endometrióticos ovarianos que comprometem a anatomia
tubo-ovariana e extensas aderências que podem acometer órgãos como o intestino e a bexiga
(D’HOOGHE & HILL, 2008). De acordo com Minson et al. (2012), a fisiopatologia da
endometriose ainda é, em grande parte, desconhecida e seu comportamento variado, tendo que
o diagnóstico é habitualmente obtido com a videolaparoscopia e exame histológico de lesões
suspeitas, assim excisão laparoscópica e tratamentos clínicos hormonais, com contraceptivos
orais combinados ou derivados de progesterona são os tratamentos considerados mais efetivos
e frequentemente utilizados.
A manifestação clínica da endometriose pode afetar a vida das portadoras de várias
formas: no trabalho, nas relações pessoais e na fertilidade. Além disso, em termos de gastos
com saúde, o prejuízo não é apenas diretamente relacionado aos custos de exames e
internações hospitalares, mas também àquele prejuízo indireto pelo afastamento laborativo de
inúmeras mulheres jovens em seu período mais produtivo (SANTOS et al., 2012)
“O quadro clínico da paciente com endometriose é bastante variável, em alguns casos a
mulher pode ser assintomática, referir infertilidade ou ter sintomas como dismenorréia
(cólicas), dipareunia (dor durante a relação sexual), dor pélvica crônica” (NACUL, 2010). O
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que leva a endometriose a ser uma doença enigmática é o fato de os sintomas nem sempre
estarem relacionados ao quadro clínico da paciente, algumas apresenta comprometimento
pélvico severos e são assintomáticas enquanto outras possuem apenas infiltrações mínimas e
queixam-se de dores intensas (LORENCATTO et al., 2002).
Figura 3 Mulheres que sentem cólicas intensas durante o período menstrual
3%
44%
53%
Figura 4 Mulheres que sentem dores na região pélvica leve ou intensa
2%
28%
70%
Dentre as voluntárias entrevistadas 22% declaram que sentem cólicas leves ou intensas
durante o ciclo menstrual, 44% disseram não sentir e 34% às vezes sentem. A dor pélvica foi
8
queixa de 30% das entrevistadas já a dispareunia foi relatada por apenas 17% dessas
mulheres, de acordo com as figuras 3 e 4.
Embora muito se tenha relatado sobre a epidemiologia da endometriose pouco se sabe
sobre a gestão da doença na prática médica, em vários estudos pode-se observar relatos de
atrasos no diagnóstico, porém a literatura médica não explica as razões para esse atraso
(PETTA et al., 2007). De acordo com a pesquisa constatou-se que os médicos e enfermeiros
não sabem ao certo se as pacientes estão ou não com diagnóstico da doença, o que demora os
resultados de exames, corroborando a literatura.
Os principais relatos de sintomas na fase da adolescência começam com estágios
leves, aumentando as manifestações com a idade, a dismenorréia é caracterizada por cólicas
fortes na região do abdômen, que se manifestam durante o período menstrual podendo se
estender até o período intra-menstrual, a dor tem manifestação intensa normalmente no
primeiro dia do ciclo ocasionando sintomas como náusea, cefaléia e diarréia, estas alterações
ocorrem sem causa aparente e atuam de duas maneiras, cíclica ou não cíclica, já em adultos a
dor na maioria das vezes é cíclica, podendo haver um aumento da dor ao longo do tempo, as
quais podem permanecer durante todo o mês, tendo a manifestação de problemas intestinais e
sintomas vesicais. Algumas das mulheres possuem cólicas, em algumas as cólicas interferem
nas suas atividades habituais prejudicando o seu bem estar (CARDOSO et al., 2011), assim
como mostram as figuras 5 e 6.
Figura 5 Mulheres que apresentam desconforto intestinal ou urinário
Figura 6 Mulheres que sentem dores durante a relação sexual
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Existem mulheres que por se sentirem com cólicas ficam acamadas, o que interfere no
seu dia a dia, esse número chega a 44% do total de entrevistas e é considerado um número
grande.
Na adolescência a mulher é mais suscetível e oferece uma janela de oportunidades
para a manipulação hormonal da endometriose tendo a utilização de contraceptivos, o
anticoncepcional oral combinado cíclico como recomendação, o que pode evitar um problema
considerado maior, trazendo também maiores consequências (Figura 7).
Figura 7 Mulheres que usa anticoncepcional
No Brasil em 2001, foi relatada uma média de sete anos para o efetivo diagnóstico de
endometriose, Cardoso et al. (2011) avaliou um período de 3-4 anos entre o início dos
sintomas e seu diagnóstico, talvez esta diferença apresentada possa ser devido à importância
10
das mulheres terem o conhecimento sobre a doença e seus sintomas. Mas infelizmente ainda
há dificuldades do diagnóstico em algumas regiões e pacientes provenientes do Sistema Único
de Saúde (SUS), que enfrentam maiores dificuldades a chegarem aos cuidados de hospitaisescolas com atendimentos terciários.
Não tem sido fácil estabelecer a real incidência da patologia, determinando a idade
correta em que a endometriose pode se desenvolver, mas novos estudos confirmam a presença
de uma variação de faixa etária da mulher com endometriose, atingindo adolescentes,
mulheres jovens adultas e pré-menopausadas, ou seja, a mulher esta suscetível da menarca a
ultima menstruação (GYLFASON et al., 2010; SANTOS et al., 2012). Neste trabalho não foi
encontrado nenhuma pessoa entrevistada que tivesse a doença da endometriose, portanto
apenas diagnóstico de que possivelmente tenha a doença.
Figura 8 Mulheres que já procuraram atendimento de um médico ginecologista por estar
sentindo alguns dos sintomas
Desta forma pode-se observar que embora as entrevistadas já tenham sentido alguns
dos sintomas característicos da endometriose 53% não procuraram seus médicos por esse
motivo enquanto que 70% delas afirmaram que seus médicos ou enfermeiros nunca
conversaram com as mesmas sobre a doença, observa-se com detalhes nas figuras 8 e 9.
11
Figura 9
Mulheres que já conversaram com seus médicos ou enfermeiros sobre a
endometriose
De acordo com Petta et al. (2007), embora muito tenha sido publicado sobre a
epidemiologia da endometriose, pouco se sabe sobre a gestão da doença na prática médica.
Alguns estudos relatam uma longa demora entre o início dos sintomas e o diagnóstico de
endometriose principalmente devido à demora do médico para indicar um procedimento de
diagnóstico. No entanto, não foi encontrado dado na literatura médica para explicar este
atraso, o que pode ter consequências graves para o paciente. Mulheres com endometriose
sintomática afirmam que seu estado de saúde geral foi prejudicado pela demora em chegar a
um diagnóstico. Além disso, as mulheres se queixam que, apesar de os médicos terem várias
oportunidades para chegar a um diagnóstico precoce, este foi muitas vezes ignorado. Em
geral, o atraso do diagnóstico foi maior em mulheres jovens e que se queixam de dor pélvica
do que em mulheres com infertilidade.
Lorencatto et al. (2002) considera a endometriose como sendo uma doença enigmática
e a referencia como sendo uma patologia da “mulher moderna” mulheres estas que estão
propensas a uma menarca precoce e um menor número de gestações, pois com a chegada de
novos tempos, com a industrialização e urbanização a mulher passou a ter mais oportunidades
no mercado de trabalho, estudo e formação acadêmica, como consequência passou a buscar
primeiramente sua carreira profissional, deixando relacionamentos, casamentos e gravidez em
segundo plano, este novo modelo de vida acarreta a um quadro de menos filhos, onde a
mulher fica mais exposta a vários ciclos menstruais (Figura 10), apenas 6% das entrevistadas
tiveram mais de três filhos enquanto que 94% possuem de 1 a 3 filhos.
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Figura 10 Mulheres que tiveram filhos.
Alguns sintomas clínicos da patologia podem levar anos para se manifestarem por isso
o diagnóstico em sua maioria e realizado em mulheres adultas com problemas de fertilidade,
levando a algumas pacientes a ter danos irreversíveis na parte anatômica feminina e nas
funções dos seus órgãos reprodutivos (ARRUDA, 2010). De acordo com os dados do presente
trabalho, o resultado encontrado se mostra novo, onde no número de mulheres entrevistadas a
grande minoria apresentou dificuldades para engravidar, mas o que não significa infertilidade
ou com sintomas para tal (Figura 11).
Figura 11 Mulheres que apresentam ou apresentaram dificuldades para engravidar
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A endometriose ainda é um desafio para os ginecologistas porque o diagnóstico
depende de um procedimento cirúrgico e há uma falta de consenso mundial sobre o manejo
terapêutico. Ainda não se tem um tratamento ideal para a doença, mas existem procedimentos
terapêuticos recomendados, os quais podem ser medicamentoso, cirúrgico ou uma associação
entre os dois. O tratamento da endometriose deve ser feito de acordo com os sintomas da
paciente, o estágio em que a doença se encontra e a idade da paciente, visando melhorar a
qualidade de vida, diminuindo as fortes dores e eliminando os focos de células endometriais
(AMARAL et al., 2009).
De acordo com Bellelis (2011), a endometriose representa uma afecção ginecológica
comum, atingindo de 5%-15% das mulheres no período reprodutivo e até 3%-5% na fase pósmenopausa. Estima-se que o número de mulheres com endometriose seja de sete milhões nos
EUA, sendo, em países industrializados, uma das principais causas de hospitalização
ginecológica. Os resultados apresentados nesta pesquisa, no interior da cidade do Nordeste,
estão bem longe de alcançar estes dados, sendo que a principal precaução das mulheres com
faixa etária acima dos 30 anos é o exame preventivo onde se detecta alguma irregularidade
com o órgão reprodutor feminino e a grande maioria das mulheres entrevistadas fazer esse
exame periodicamente, de acordo com a figura 13.
Figura 13 Mulheres que realizam o exame preventivo periodicamente
14
Dentre outros fatores, a eventual inespecificidade do quadro clínico e a falta de
correlação entre sintomas e gravidade da doença podem explicar a demora no diagnóstico da
endometriose.
CONCLUSÕES
O que foi constatado através deste trabalho é que o grupo de mulheres entrevistadas
apresentaram alguns dos sintomas que podem ser da endometriose, no entanto essas mulheres
embora já tenham ouvido falar a respeito do tema não sabem como ocorre a doença e,
portanto não costumam procurar auxilio médico para sintomas como cólicas e dores na região
pélvica.
Nota-se também que existe uma falta de informação por parte dos médicos e
enfermeiros que atendem essas mulheres já que os mesmos não costumam conversar com suas
pacientes sobre as causas, sintomas e danos emocionais e sociais causados pela endometriose,
fato este que contribui para a continuação do desconhecimento da doença e muitas mulheres
perdem sua qualidade de vida.
15
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