hydrocyanate

Concentração de ácido cianídrico na maniçoba in natura e conservada1
Concentration of hydrocyanic acid in fresh and conserved “maniçoba”
Tomás Guilherme Pereira da Silva2, Cíntia Rafaela de Lima Costa3, Bruno Leal Viana4, Adriana
Guim5, Carlos Henrique da Silva Mendes6
1
Parte da monografia do primeiro autor, financiada pelo CNPq
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife,
PE, Brasil. Bolsista da CAPES. e-mail: [email protected]
3
Doutoranda do PDIZ-UFRPE, Recife, PE, Brasil. Bolsista da CAPES
4
Doutor em Zootecnia do PDIZ-UFRPE, Recife, PE, Brasil.
5
Professora Associada do DZ – UFRPE, Recife, PE, Brasil. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq
6
Técnico de Laboratório do DZ – UFRPE, Recife, PE, Brasil.
2
Resumo: Objetivou-se quantificar a concentração de ácido cianídrico (HCN) na maniçoba de
ocorrência espontânea no campo nas formas in natura, ensilada e fenada. A maniçoba utilizada
foi proveniente da Fazenda Balanço, município de Serra Branca, cariri paraibano. Assim, no
início do período de frutificação, realizou-se o corte das plantas e a quantidade total de massa de
forragem foi dividida em duas porções, sendo uma imediatamente ensilada e o restante do
material exposto ao sol para confecção do feno. Após 90 dias, os silos foram abertos para coleta
de amostras de silagem, bem como foram colhidas amostras do feno para quantificação do HCN
residual. Os processos de ensilagem e fenação promoveram a diminuição de 67,03 e 91,15% dos
valores de ácido cianídrico da silagem e do feno, respectivamente. Os métodos de conservação
de forragem reduzem a concentração de ácido cianídrico na maniçoba, sendo a fenação a técnica
aparentemente mais eficiente.
Palavras–chave: caatinga, cianeto, plantas cianogênicas, ruminantes
Abstract: The objective was to quantify the concentration of hydrocyanic acid (HCN) in
“maniçoba” of spontaneous occurrence in the field in the forms fresh, silage and hay. The
“maniçoba” used was obtained from Balanço farm, located in Serra Branca, micro region of
cariri in the state of Paraíba. Then, at the beginning of the fruiting period, there was the cutting
of plants and the total amount of forage mass was divided into two portions, one immediately
ensiled and the rest of the material exposed to the sun in order to make hay. After 90 days, the
silos were opened to collect silage samples and hay samples were also collected for
quantification of residual HCN. Silage and hay processes promoted the decrease of 67.03% and
91.15% of the HCN of silage and hay, respectively. Forage conservation methods reduce the
concentration of hydrocyanic acid in the “maniçoba”, and the haymaking is seemingly the most
efficient technique.
Keywords: caatinga, cyanide, cyanogenic plants, ruminants
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Introdução
A utilização de forrageiras nativas pode ser uma estratégia viável desde que se tenha
conhecimento dos seus aspectos agronômicos, nutricionais, efeitos de sua adição nas dietas e
respostas sobre a produtividade dos rebanhos (Backes et al., 2014). Dentre as espécies
forrageiras nativas da caatinga destaca-se a maniçoba (Manihot pseudoglaziovii), pertencente à
família Euphorbiaceae, tóxica quando consumida in natura, no entanto, produtora de feno e
silagem que podem ser utilizados na alimentação dos animais ruminantes. Souza et al. (2006),
avaliando a qualidade de silagens de maniçoba, encontraram valores de 16,40% de proteína bruta
na maniçoba conservada na forma de silagem, enquanto que França et al. (2010) mencionaram
teor de 16,06% desse nutriente no feno de maniçoba, demonstrando assim o excelente valor
proteico dessa forragem quando conservada.
Apesar de seus atributos, a maniçoba, assim como as demais plantas do gênero Manihot,
apresenta quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos em sua composição (linamarina e
lotaustralina, localizadas nos vacúolos) que, ao se hidrolisarem e mediante a ação da enzima
linamarase (presente na parede celular), dão origem ao ácido cianídrico (HCN). Entretanto,
grande parte do ácido cianídrico formado é eliminado quando o material é fenado ou ensilado
(França et al., 2010). Diante do exposto, objetivou-se quantificar a concentração de ácido
cianídrico na maniçoba (Manihot sp.) de ocorrência espontânea no campo nas formas in natura,
ensilada e fenada.
Material e Métodos
As plantas utilizadas para análise in natura e confecção do feno e da silagem foram
provenientes da Fazenda Balanço, município de Serra Branca, cariri paraibano. Assim, no início
do período de frutificação, realizou-se o corte das plantas e a quantidade total de massa de
forragem foi dividida em duas porções, sendo uma imediatamente ensilada e o restante do
material exposto ao sol para confecção do feno.
Para confecção das silagens, as plantas foram trituradas em máquina forrageira, resultando
partículas com tamanho de aproximadamente 3 cm, que foram compactadas em tambores
plásticos com volume de 200 litros, atingindo-se densidade de 515 kg/m3. Já o material
submetido à desidratação, após ter atingido o ponto de feno, foi acondicionado em sacos de
polietileno. Após 90 dias, os silos foram abertos para coleta de amostras de silagem, bem como
foram colhidas amostras do feno para quantificação do HCN residual.
O material coletado foi acondicionado em caixa de isopor contendo gelo e conduzido ao
Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural
de Pernambuco (UFRPE), localizado no Recife, onde foi congelado a -20ºC para posteriores
análises de HCN. O teor de ácido cianídrico presente nas amostras da maniçoba in natura e
conservada foi determinado segundo metodologia adaptada de Ades Totah & Hernandez Luis
(1986). Os dados foram submetidos à análise estatística descritiva, com determinação da média e
do erro-padrão, utilizando-se o programa Microsoft Office Excel® Versão 2011.
Resultados e Discussão
Os processos de ensilagem e fenação reduziram a concentração de HCN em 67,03% e
91,15% em relação à planta in natura, respectivamente (Figura 1).
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Figura 1. Valores médios e respectivos erros-padrão da concentração de ácido cianídrico na
maniçoba (Manihot sp) de ocorrência natural, no início da frutificação, nas formas in
natura, de silagem e de feno.
A redução da concentração do HCN proporcionada pela ensilagem pode ser atribuída à
fermentação dos glicosídios cianogênicos pelas bactérias anaeróbicas presentes no silo. O
processo de fermentação anaeróbia que ocorre durante o processo de ensilagem pode evitar a
intoxicação dos animais através da transformação dos princípios tóxicos em gases inofensivos.
No caso da fenação, a exposição das plantas aos raios solares e ao vento favoreceu a
volatilização do HCN.
Conclusões
Os métodos de conservação de forragem reduzem a concentração de ácido cianídrico na
maniçoba, sendo a fenação a técnica aparentemente mais eficiente.
Literatura citada
ADES TOTAH, J. J.; HERNÁNDEZ LUIS, F. Presencia de acido cianhidrico en forrajes
cultivados en Mexico. Agricultura Tecnica en Mexico, México, v. 12, n. 1, p.77 - 90, 1986.
BACKES, A. A.; et al. Valor nutritivo da silagem de maniçoba (Manihot pseudoglaziovii) com e
sem fubá de milho como aditivo. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, Salvador, v.
15, n. 1, p. 182 - 191, 2014.
FRANÇA, A. A.; et al. Anatomia e cinética de degradação do feno de Manihot glaziovii. Acta
Scientiarum. Animal Sciences, Maringá, v.32, n.2, p.131-138, 2010.
SOUZA, E. J. O.; et al. Qualidade de silagens de maniçoba (Manihot epruinosa) emurchecida.
Archivos de Zootecnia, Córdoba, v. 55, n. 212, p. 351 - 360, 2006.
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