LEIDA RAMOS DE ANDRADE

Transcrição

LEIDA RAMOS DE ANDRADE
CENTRO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE ENSINO – FAE
LEIDA RAMOS DE ANDRADE
POLUIÇÃO DO AMBIENTE AQUÁTICO POR
HORMÔNIOS NATURAIS E SINTÉTICOS: um
estudo em Poços de Caldas/MG
SÃO JOÃO DA BOA VISTA
2013
CENTRO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE ENSINO – FAE
LEIDA RAMOS DE ANDRADE
POLUIÇÃO DO AMBIENTE AQUÁTICO POR HORMÔNIOS NATURAIS E
SINTÉTICOS: um estudo em Poços de Caldas/MG
Dissertação apresentada ao Centro Universitário das
Faculdades Associadas de Ensino como parte dos
requisitos para a obtenção do título de Mestre em
Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida.
Orientador: Prof. Dr. Olímpio Gomes da Silva Neto
SÃO JOÃO DA BOA VISTA
2013
FICHA CATALOGRÁFICA
Catalogação na publicação elaborada pela Bibliotecária Eloísa H. Graf
Fernandes, CRB – 8/3779, Biblioteca do Centro Universitário das
Faculdades Associadas de Ensino – FAE.
A568p
Neto.
Andrade, Leida Ramos de
Poluição do ambiente aquático por hormônios naturais e
sintéticos: um estudo em Poços de Caldas/MG. Leida Ramos de
Andrade. São João da Boa Vista, SP: [sn], 2013.
94p. il.
Dissertação (mestrado) – Centro Universitário das
Faculdades Associadas de Ensino – FAE;
Orientador: Prof. Dr. Olímpio Gomes da Silva
1.Hormônios.
3.Qualidade das águas.
II UNIFAE.
III Título
504.06
2.Poluição emergente.
I Silva Neto, Olímpio Gomes da.
CDU-
Leida Ramos de Andrade
Poluição do ambiente aquático por hormônios naturais e sintéticos: um estudo
em Poços de Caldas/MG
Dissertação apresentada ao Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – FAE
como parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre em Desenvolvimento
Sustentável e Qualidade de Vida.
Dissertação de mestrado defendida e aprovada em 08 de Novembro de 2013.
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Olímpio Gomes da Silva Neto (Orientador)
Profª. Drª. Adriana Maria Imperador (Universidade Federal de Alfenas – campus Poços de
Caldas)
Prof. Dr. Paulo Roberto Alves Pereira (UNIFAE)
Prof. Dr. Luciel Henrique de Oliveira (Coordenador do Curso de Mestrado)
São João da Boa Vista
2013
Dedico este trabalho ao meu avô materno e ao meu
pai,
in
memoriam,
conquistas sempre.
inspiradores
das
minhas
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela vida e por tudo.
A minha mãe, irmãos e a toda minha família-raízes sustentadoras.
Ao meu médico, Dr. Ronald Soubihe, por me compreender e cuidar muito bem da minha
saúde.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Olímpio Gomes da Silva Neto, pela compreensão e paciência.
Ao Prof. Dr. Gilberto De Nucci, pela gentileza e colaboração na realização das análises
laboratoriais.
Aos colegas Mauro Sucupira, André Arruda e Caroline Honaiser Lescano pelo carinho.
A Mayara da Mota Matos, pelo incentivo para que eu iniciasse o mestrado.
As amigas e companheiras do mestrado, Zilda de Cássia Moreira Diniz, Andreza Aparecida
Barbosa e Jurema Cristina dos Santos Peres.
A Adriana Moreira de Carvalho, Laboratorista do DMAE, colaboradora incansável nas
coletas das amostras. Obrigada Dri!
Aos demais servidores do DMAE: Luiz René Ballerini, Marcos Vinicius da Rocha Miranda,
Gilson Souza Lopes, Sebastião Gabriel Santana e Joel José Pinto, pela colaboração.
As amigas, Neide Aparecida Mariano, Érika Coaglia Trindade Ramos e Juliete Pereira, pela
amizade e carinho.
A Fátima Amarante Incrocci, Bruna Ramos Aniceto, Simone Vieira Corrêa, Eduardo
Carvalho Dias e Eliane Silva de Sousa pela colaboração.
“[...] ensinem as suas crianças o que ensinamos as
nossas, que a Terra é nossa mãe. Tudo o que
acontecer a Terra, acontecerá aos filhos da Terra.
Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si
mesmos.” “[...] a terra não pertence ao homem; o
homem pertence à Terra.” “[...] todas as coisas
estão ligadas como o sangue que une uma família.
Há uma ligação em tudo. Os rios são nossos irmãos,
saciam nossa sede”. “O índio prefere o suave
murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o
próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou
perfumado pelos pinheiros.”
Chefe Indígena Seattle (1854)
RESUMO
A essencialidade da água para manter a vida dos seres e o equilíbrio dos ecossistemas é
conhecimento universal. Portanto, avaliar a qualidade das águas é de suma importância,
principalmente as destinadas ao abastecimento público. Novos agentes poluidores têm
causado preocupações para os estudiosos e incentivado muitas pesquisas em todo o mundo.
Os chamados poluidores emergentes incluem os hormônios femininos naturais estradiol,
estriol, estrona e o sintético etinilestradiol, mediante comprovação dos riscos que eles
oferecem até em 1ngL-1. Solicitou-se a investigação destes hormônios na primeira e segunda
fases de coletas, sendo que o estriol (1ª fase) e estrona (2ª fase), por motivos técnicos
laboratoriais, não foram investigados. Hormônios são mensageiros químicos do organismo, os
quais, em condições normais, respondem pela comunicação entre diferentes tipos de células
para cumprir diversas funções. A poluição das águas por esses compostos acarreta sérios
danos para a saúde humana e algumas espécies de animais, pois interferem nos sistemas
endócrinos e, consequentemente, provocam a desestabilização ambiental. Esse tipo de
poluição pode ser derivado dos fármacos, dos resíduos industriais e domésticos ou
agroindustriais descartados indevidamente, mas são provenientes, principalmente, dos
efluentes sanitários. Logo, o presente trabalho visou verificar a presença dos referidos
hormônios nas águas do município de Poços de Caldas-MG, por meio da coleta e análise de
amostras nas estações de tratamento de água e esgoto (ETA’s e ETE’s), antes e depois dos
tratamentos, assim como nas fontes de águas minerais, em corpos d’água próximos ao lixão,
de criadores de suínos, próximo ao frigorífico, bebedouros públicos, represas, água
engarrafada industrialmente e águas residenciais. As primeiras amostras coletadas foram
analisadas no laboratório da Bioagri Ambiental Ltda., localizado na cidade de Piracicaba, SP,
pelo método da última versão do Standard Methods - Interf. Endócrinos POP PA 139 / USEPA
8270, SMEWW 6410, por meio do qual não foram encontrados os hormônios para o limite de
detecção de 1µg/L nas amostras coletadas. Porém, na amostra da ETE Contorno (afluente e
efluente) detectou-se a presença de resíduos fármacos: coprostanol, ibuprofeno,
pentaclorofenol, estigmasterol, dibutilftalato, colestanol e cafeína, como também resíduos de
colesterol. Para as análises amostrais da segunda fase, as amostras foram encaminhadas para o
Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda. (CEMSA), em São Paulo- SP. O método
utilizado foi a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à espectrometria de massas
(CLAE-EM/EM), com base nos padrões do Standard Methods. Nas análises dessas amostras
encontrou-se apenas a presença do hormônio estriol (16.300 ngL-1) no córrego a jusante da
granja de suínos, localizado próximo ao município de Poços de Caldas, MG. Sugere-se, com
esses resultados, a importância do monitoramento da qualidade da água quanto à detecção
desses poluentes, bem como buscar soluções para preveni-los e eliminá-los do ambiente
aquático, priorizando a saúde e a qualidade de vida populacional, bem como a preservação
dos ecossistemas.
Palavras-chave: Hormônios, Poluição Emergente, Qualidade das águas.
ABSTRACT
The essentiality of water to sustain life of beings and the ecosystem balance is universal
knowledge. Therefore, assessing the water quality is of paramount importance, especially
those intended for the public supply. New pollutants have been causing concern in scholars
and incentivized many research worldwide. The so-called emerging pollutants include natural
female hormones estradiol, estriol, estrone and the synthetic ethinyl estradiol, upon proof of
the risks that they offer. The study of these hormones was requested in the first and second
stages of sampling. Estriol (1st stage) and estrone (2nd stage), for laboratory technical reasons,
were not investigated. Hormones are chemical messengers of the body, which, under normal
conditions, are responsible for the communication between different cell types to fulfill
various functions. Water pollution by these compounds causes serious damage to human
health and some animal species by interfering in endocrine systems and, consequently, leads
to environmental destabilization. This type of pollution can be derived pharmaceuticals,
industrial, domestic or agro industrial waste discarded improperly, but mostly by the
wastewater. Therefore, this study aims to verify the presence of these hormones in some types
of water from Poços de Caldas city, Minas Gerais, through the collection and analysis of
samples in water and wasterwater treatments plants (WTP and WWTP), before and after
treatments, as well as in the sources of mineral waters, in rivers near the garbage dump, pig
farmers, near the fridge, public drinking fountains, dams, industrially bottled water and
residential water. The first samples were analyzed in Bioagri Ambiental Ltda. Laboratory,
located in Piracicaba city, São Paulo state, through the latest version of Standard Methods –
Interf. Endocrine POP PA 139 / USEPA 8270, SMEWW 6410 method, whereby no hormones
for the detection limit of 1µg/L in samples collected were found. However, in the sample of
WWTP Contorno (influent and effluent) it was detected the presence of pharmaceutical
residues: coprostanol, ibuprofen, pentachlorophenol, stigmasterol, dibutyl phthalate,
cholestanol and caffeine, as well as cholesterol residues. For the sample analysis of the second
stage, samples were sent to the Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda (CEMSA),
in São Paulo city, São Paulo state. The method used was the High-Performance Liquid
Chromatography coupled to Mass Spectrometry (HPLC-MS/MS), based on the standards of
the Standards Methods. In the analysis of these samples it was only found estriol hormone
(16.300 ngL-1) in the watercourse downstream a pig farm located near Poços de Caldas city,
Minas Gerais state. These results suggest the importance of monitoring water quality for the
detection of these pollutants as well as finding solutions to prevent and eliminate them from
the aquatic environment, prioritizing the health and quality of life of the population, and also
the preservation of ecosystems.
.
Palavras-chave: Hormones, Emerging Pollution, Water Quality.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1: Triple Botton Line................................................................................................. 18
FIGURA 2: Estrutura dos principais hormônios estrógenos .................................................... 21
FIGURA 3: O sistema endócrino ............................................................................................. 22
FIGURA 4: Gráfico comparativo do nascimento de bebês no Brasil entre os anos de 1984 a
2002, classificando por gênero. ................................................................................................ 25
FIGURA 5: Gráfico comparativo do nascimento de bebês entre os anos de 2005 a 2010,
classificando por gênero na cidade de Poços de Caldas ........................................................... 26
FIGURA 6 – Relação do consumo de fármacos das classes A, B, C, D, no Brasil ................. 30
FIGURA 7: Possíveis trajetos dos fármacos no ambiente ................................................ 32
FIGURA 8: Gráfico demonstrando as precipitações média, máxima e mínima mensal. ......... 43
FIGURA 9: Localização das bacias hidrográficas da região de Poços de Caldas, MG. .......... 44
FIGURA 10: Mapa da localização dos pontos da primeira fase da coleta ............................... 49
FIGURA 11: Primeira fase da coleta do afluente da ETE Contorno........................................ 50
FIGURA 12: Afluente ETE Contorno ...................................................................................... 50
FIGURA 13: Primeira fase da coleta do efluente da ETE Contorno........................................ 50
FIGURA 14 – Efluente Bortolan .............................................................................................. 53
FIGURA 15 – Afluente Bortolan ............................................................................................. 53
FIGURA 16: Mapa da localização dos pontos da segunda fase da coleta ............................... 54
FIGURA 17 – Cromatograma obtido para Amostra 1 (Branco em água extraída). ................. 63
FIGURA 18 – Cromatograma obtido após injeção da solução mista dos três hormônios ....... 63
FIGURA 19 – Curva analítica (solvente) ................................................................................. 64
FIGURA 20 – Cromatograma representativo da Amostra 14 .................................................. 65
FIGURA 21 – Cromatograma representativo da Amostra 37 – 2 – Pós-Granja (Córrego dos
Metais) ...................................................................................................................................... 65
FIGURA 22 – Situação da disposição final dos resíduos sólidos urbanos em Minas Gerais em
2010 .......................................................................................................................................... 71
FIGURA 23 – Lixos medicamentosos descartado no aterro controlado de Poços de Caldas .. 73
Figura 24 – Escoamento do chorume em direção ao Córrego do Moinho próximo ao no aterro
controlado de Poços de Caldas ................................................................................................. 73
FIGURA 25 – Aterro controlado de Poços de Caldas .............................................................. 74
FIGURA 26 – Aterro controlado de Poços de Caldas .............................................................. 74
FIGURA 27: Cadeia de custódia - CC ..................................................................................... 94
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Excreção diária (µg) per capita de estrogênio por humanos ............................... 27
TABELA 2 – Concentrações dos estrogênios E1 (estrona), E2 (17 – estradiol), E3 (estriol) e
.................................................................................................................................................. 35
TABELA 3 – Dados descritivos da primeira fase da coleta ..................................................... 49
TABELA 4: Dados descritivos da segunda fase de coletaFONTE: dados da pesquisa, 2013. 52
TABELA 5 – Dados dos pontos da segunda fase de coleta ..................................................... 54
TABELA 6: Condições de análise da CLAE ........................................................................... 58
TABELA 7: Eluição Isocrática CLAE. .................................................................................... 58
TABELA 8: Parâmetros de MRM, modo positivo ................................................................... 58
TABELA 9: Parâmetros de Multiple Reaction Monitoring(MRM), modo positivo ................ 58
TABELA 10: Tabela descritiva dos resultados da primeira coleta do Kit 1 – ETE Contorno –
Afluente .................................................................................................................................... 60
TABELA 11: Tabela descritiva dos resultados da primeira coleta do Kit 2 – ETE Contorno –
efluente ..................................................................................................................................... 61
TABELA 12 – Curva Analítica (solvente) ............................................................................... 64
TABELA 13: Resultados das amostras analisadas ................................................................... 66
TABELA 14 - Tabela descritiva dos resultados da primeira coleta Kit 3 – ETA V - afluente 95
TABELA 15 - Tabela descritiva dos resultados da primeira coleta do Kit 4 – ETA V - efluente
.................................................................................................................................................. 95
TABELA 16: Tabela descritiva dos resultados da primeira coleta do Kit 5 – ETA III - efluente
.................................................................................................................................................. 96
TABELA 17: Tabela descritiva dos resultados da primeira coleta do Kit 6 – ETA III, afluente
.................................................................................................................................................. 96
LISTA DE ABREVIATURAS
AAF
Autorização Ambiental de Funcionamento
ADO
Androsta-5,16-dienona
DDT
Dicloro-Difenil-Tricloroetano
DEO
10ϵ-17β-diidroxi-1,4-estradienona
DES
Dietilestilbestrol
DMAE Departamento Municipal de Água e Esgoto
Dr.
Doutor
EPI
Equipamento de Proteção Individual
Esp.
Especialista
ETA
Estação de Tratamento de Água
ETE
Estação de Tratamento de Esgoto
HSFs
Hormônios sexuais femininos
M.Sc.
Master of Science
N/D
Não detectado
PCB
Policloretos de bifenilas
PPB
Partes por bilhão
PPT
Partes por trilhão
RIE
Radioimunoensaio
TAC
Termo de ajuste de conduta
TS
Testosterona
LISTA DE SIGLAS
AIDIS
Associação Interamericana de Ingenería y Ambiental
ABES
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambietal
ABNT
Associacao Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CERH
Conselho Estadual de Recursos Hídricos
CEMSA
Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
CONAMA
Conselho Nacional de Meio Ambiente
CIM - RS
Centro de Informações sobre medicamentos do Rio Grande do Sul
COPAM
Conselho Estadual de Política Ambiental
CPRM
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
EPI
Equipamento de Proteção Individual
EUA
Estados Unidos da América
FEAM
Fundação Estadual do Meio Ambiente
FEBRAFARMA Federação Brasileira de Farmácias
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MS
Ministério da Saúde
MRM
Multiple Reaction Monitoring
NBR's
Normas Brasileiras Registradas
ONU
Organização das Nações Unidas
OPAS
Organização Pan-Americana da Saúde
SABESP
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SNIS
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SOBRAO
Sociedade Brasileira de Osteoporose
UASB
Upflow Anaerobic Sludge Blanket
UNESP
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
USEPA
United States Environmental Protection Agency
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15
2.
2.1
2.2
OBJETIVOS ................................................................................................................... 16
Objetivo geral .................................................................................................................. 16
Objetivos específicos ...................................................................................................... 16
3.
REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 17
3.1 Importância e disponibilidade da água ............................................................................ 17
3.2 Poluentes emergentes em corpos d'água ......................................................................... 19
3.3 Disruptores endócrinos.................................................................................................... 20
3.3.1 Ação dos disruptores endócrinos nos organismos vivos................................................. 23
3.4 Hormônios em corpos d’água ......................................................................................... 30
3.5 Identificação de hormônios em corpos d’água................................................................ 37
3.6 Processos de Tratamento de Água e Esgoto ................................................................... 37
3.7 Qualidades da água ......................................................................................................... 39
3.8 Legislações sobre hormônios na água ............................................................................. 40
3.9 Considerações sobre o local das Coletas das Águas ....................................................... 41
3.9.1 Histórico da Cidade de Poços de Caldas .................................................................... 41
3.9.2 Dados geomorfológicos e climáticos ............................................................................... 42
3.9.3 Sistema de Abastecimento de Água ................................................................................. 44
3.9.4 Coleta e Sistema de Tratamento de Esgoto ..................................................................... 45
4. PROCESSOS METODOLÓGICOS .................................................................................... 47
4.1 Realização das Análises .................................................................................................. 47
4.1.1 Primeira Fase da Coleta ................................................................................................. 48
4.1.2 Segunda Fase da Coleta.................................................................................................. 50
4.2 Metodologia da Análise dos Hormônios ......................................................................... 55
4.2.1 Primeira Fase ................................................................................................................. 55
4.2.2 Segunda Fase .................................................................................................................. 57
4.2.2.1
Equipamentos, Reagentes e Padrões Analíticos Utilizados ............... 57
4.2.2.2
Preparação de Amostras ..................................................................... 57
4.2.2.3
Condições Cromatográficas e de Espectrometria de Massas ............. 58
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 60
5.1 Resultados Primeira Fase ................................................................................................ 60
5.2 Resultados da Segunda Fase ........................................................................................... 62
5.3 Verificação das Políticas Públicas e de Medidas de Prevenção da Poluição por
Hormônio em Poços de Caldas................................................................................................. 69
5.3.1 Segregação de Resíduos Medicamentosos ...................................................................... 69
5.4 Aterro Controlado ........................................................................................................... 72
5.5 ETA’s e ETE’s ................................................................................................................ 75
5.6 Licenciamento de atividades poluidoras (granjas de aves e/ou suínos) .......................... 78
6.
6.1
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 79
Sugestões para estudos futuros........................................................................................ 80
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 82
ANEXO A – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DO DIREITO DA ÁGUA .............................. 92
ANEXO B – CADEIA DE CUSTÓDIA .................................................................................. 94
ANEXO C – RESULTADOS ANÁLISES BIOAGRI ............................................................ 95
15
1.
INTRODUÇÃO
Devido ao avanço das pesquisas da medicina, iniciou-se o uso de hormônios em diversos
fármacos como nos anticoncepcionais, nas reposições hormonais, na prevenção da osteoporose
e até mesmo no tratamento de alguns tipos de câncer como de próstata e mama.
Consequentemente, esse fato tem levado a um crescente aumento da poluição dos corpos
d’água principalmente pela excreção desses hormônios.
O rápido crescimento populacional e as melhorias socioeconômicas proporcionaram o aumento
no uso de hormônios, como também dos resíduos medicamentosos. A ausência de uma
legislação específica para a poluição hormonal e a falta de orientações quanto ao descarte
destes, tem provocado este tipo de poluição ainda pouco conhecida no Brasil.
Nesse contexto, pesquisadores alertam em relação à poluição das águas pelos poluentes
emergentes, tais como os derivados dos fármacos, os hormônios sexuais e os resíduos de
produtos industriais, pelo fato dessas substâncias quando ingeridas em grandes concentrações
ou em contato por tempo prolongado (caso dos peixes), poderem interferir no funcionamento
das glândulas endócrinas (GHISELLI, 2006).
As consequências dos desequilíbrios endócrinos podem ser desastrosas, causando câncer de
próstata, dos testículos, redução do número de espermatozoides, câncer de útero, de mama, de
vagina, menstruação precoce e distúrbios da tireoide. Oferece também um grande risco para os
animais aquáticos, como os peixes e outras espécies de machos, os quais podem se afeminar
causando a diminuição da procriação das fêmeas e, consequentemente, o desequilíbrio dos
ecossistemas (CHRISTANTE, 2010).
Dentre esses poluentes emergentes estão os hormônios sexuais femininos naturais estradiol,
estriol e estrona e o sintético etinilestradiol. Suas interferências podem ocorrer mesmo quando
expostos em concentrações muito baixas, em níveis de 1 ngL-1 (BILA; DEZOTTI, 2007).
Ressalta-se que no Brasil, apesar de já existirem estudos sobre a presença de disruptores
endócrinos em ambiente aquático, ainda não há parametrização legal sobre o assunto
(DALLEGRAVE, 2012).
A motivação deste trabalho baseou-se nos riscos que os hormônios sexuais femininos naturais
estradiol, estriol e estrona e o sintético etinilestradiol, trazem para os corpos d’água, para a
saúde dos seres vivos e para o desequilíbrio do meio ambiente. A investigação foi realizada no
16
município de Poços de Caldas pelo fato de ser uma cidade privilegiada e famosa pelas suas
fontes de águas naturais, as quais atraem muitos turistas que buscam nessas águas, até poderes
curativos para alguns males à saúde. Este trabalho contribuirá com as autoridades locais como
diretriz de monitoramento e de ações de políticas públicas na preservação da qualidade de suas
águas.
2.
OBJETIVOS
2.1
Objetivo geral
Verificar a presença de hormônios sexuais femininos naturais estradiol, estriol e estrona, e o
sintético etinilestradiol nas águas do município de Poços de Caldas, MG.
2.2
Objetivos específicos

Verificar a presença dos referidos hormônios em:
 Estações de Tratamento de Águas (ETA’s) e nas Estações de Tratamento de
Esgoto (ETE’s);
 Fontes de águas minerais (fontanários);
 Despejo do efluente de uma suinocultura em um corpo d’água;
 Córrego próximo a um frigorífico;
 Água engarrafada industrialmente;
 Águas residenciais provindas do abastecimento público;
 Amostras das represas Saturnino de Brito e Bortolan.

Verificar políticas públicas e medidas de prevenção de poluição por esses hormônios na
cidade de Poços de Caldas.
17
3.
3.1
REFERENCIAL TEÓRICO
Importância e disponibilidade da água
A água deu origem à vida e é a fonte mantenedora de todos os seres vivos. A água potável e de
boa qualidade é essencial para a saúde e bem estar da humanidade. Infelizmente, a maioria da
população mundial ainda não tem acesso à água com qualidade e os estudos têm demonstrado
uma escassez cada vez maior desse precioso líquido, tanto para o consumo humano, quanto
para a produção de alimentos e o desenvolvimento econômico.
Para atender a essas necessidades, especialistas estimam que o consumo mínimo de água per
capita deva ser de, pelo menos, 1.000 m³ por ano. Aproximadamente 30 países, sendo a maioria
localizada no continente africano, já se encontram abaixo deste valor e, devido ao rápido
crescimento da população, acredita-se que várias outras localidades deverão atingir esta
categoria no futuro próximo. Salienta-se que Pequim, Cidade do México, Nova Deli e Recife
estão acima desse valor porque optaram pela exploração de águas subterrâneas para poder
atender ao grande número populacional e às atividades industriais (NEBEL; WRIGHT, 2000).
Os problemas com a água se resumem em dois fatores: o primeiro é que a água é um bem
essencial à vida e, o segundo, é o desperdício. O uso da água é quase sempre desregrado para
atender as atividades industriais, domiciliares, práticas agrícolas, lazer, turismo, geração de
energia, dentre outros, o que muito contribui para a sua escassez. Pode se afirmar, que para o
terceiro fator as preocupações maiores deverão ser com a potabilidade, pois milhares de
pessoas não possuem acesso à água potável e também as alterações climáticas poderão trazer
consequências desastrosas tanto para a água quanto para os alimentos.
O sistema econômico é destrutivo no sentido em que atribui valores aos recursos naturais e
permite que o mercado financeiro determine uma cota para diversos usos de recursos naturais
que venham a escassear. A sociedade deverá ter sabedoria e consciência cívica que a leve a
mudar a forma de ver, enfrentar e evitar a problemática da água, que está sendo envolvida por
interesses políticos, financeiros e sociais (PETRELLA, 2009).
O abastecimento público de água em termos de quantidade e qualidade é uma preocupação
constante da humanidade, não apenas devido à escassez dos recursos hídricos, mas também
pela deterioração da qualidade dos mananciais. A Figura 1 traz o Triple Botton Line como
18
representação do sistema econômico, do equilíbrio ambiental e do bem estar social, os quais
são amplamente beneficiados pela total qualidade e preservação da água.
FIGURA 1: Triple Botton Line
FONTE: LICENCIAMENTO AMBIENTAL, 2013.
A Organização das Nações Unidas (ONU) tem se preocupado com a água, mesmo sabendo que
dois terços da Terra sejam formados por ela. Esta preocupação se justifica porque, infelizmente,
sabe-se também que pouca quantidade, ou seja: cerca de 0,008% do total da água do planeta, é
potável. E para agravar o quadro atual, grande parte das fontes desta água (rios, lagos e represas)
está sendo contaminada, poluída e degradada pela ação predatória do homem. Esta situação
poderá levar a falta de água, num futuro próximo, para o consumo de grande parte da
população.
Segundo a Declaração Universal dos Direitos da Água (ANEXO A), “O direito à água é um
dos direitos fundamentais do ser humano – o direito à vida, tal qual é estipulado no artigo 3o da
Declaração Universal dos Direitos do Homem” (BRASIL, 2012; CPRM, 2012).
Os organismos internacionais, como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da
Associação Interamericana de Ingenería y Ambiental (AIDIS) e nacionais, como o Ministério
19
da Saúde (MS) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), têm reconhecido a
problemática da água. Tais preocupações fizeram com que, em 1992, fosse assinada, em
Havana, uma declaração para a proteção da qualidade da água, sendo instituído o Dia
Interamericano da Água (BRASIL, 2006).
O relatório anual da ONU tem feito projeções assustadoras para o futuro da humanidade com
relação à escassez e a qualidade da água. A ONU prevê que, em 2050, mais de 45% da
população mundial não poderão contar com a mínima porção individual de água para as
necessidades básicas. A água constitui cerca de 60% do organismo humano, não sendo vital
somente ao ser humano, mas também a outros seres vivos, tais como os animais e vegetais
(ZATELLI et al., 2008).
Os dados do sistema de abastecimento de água e saneamento básico no Brasil são
(INSTITUTO TRATA BRASIL, 2010):

A distribuição de água potável atinge 81,1% da população brasileira;

A coleta de esgoto atinge 46,2% da população brasileira1;

Do esgoto gerado, apenas 37,9% recebe algum tipo de tratamento. A região Centro-Oeste é
a que apresenta o melhor índice de tratamento de esgoto (43,1%);

Entre 2009 e 2010, houve um crescimento de 7,1% no consumo diário de água por
brasileiro. A região Nordeste é a que apresenta o menor consumo (117 litros diários por
habitante) e a região Sudeste é a que apresenta o maior (186 litros diários por habitante).
Pelos dados observados, justifica-se a urgência de criar momentos de reflexão, análise e
implantação de medidas conscientizadoras e obrigatórias para que se economize a água e tenha
mais cuidado com a sua potabilidade.
3.2
Poluentes emergentes em corpos d'água
Poluentes emergentes são definidos como substâncias ou produtos químicos, ou seja: os
fármacos, os hormônios naturais e sintéticos, pesticidas, substâncias tensoativas, polímeros de
baixa massa molecular, produtos de uso veterinário, solventes e outros poluentes orgânicos
presentes em efluentes municipais e industriais. As ações de alguns destes sobre a biota podem
1
De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2010), apenas 53,3% da população
urbana brasileira tem acesso à coleta de esgoto (INSTITUTO TRATA BRASIL, 2012).
20
acarretar disfunções reprodutivas, como também serem indutores de cânceres. Diversas
substâncias químicas que estão presentes em efluentes urbanos e industriais e que hoje são
consideradas poluentes emergentes, têm demonstrado ação desreguladora endócrina
(BARCELÓ, 2003; LOPES et al., 2008).
Com relação ao aumento do uso de cosméticos, artigos de limpeza e de determinados
medicamentos (diclofenaco, ácido acetilsalicílico, triclosan2), Jardim (1998), citado por Reynol
(2010) reforça que isto só vem a aumentar o lixo químico que vai parar nos cursos d’água sem
receber tratamento nenhum. Além disso, a legislação a respeito do assunto é omissa, o que pode
resultar num aumento da presença dos interferentes hormonais no abastecimento domiciliar.
Ainda segundo o autor, esses novos agentes descobertos em muitos países da Europa, nos
Estados Unidos e Brasil receberam diversas denominações como: Poluentes Emergentes,
Poluição Invisível, Poluição Silenciosa e Desreguladores ou Disruptores Endócrinos. Seja qual
for a denominação escolhida, as preocupações dos estudiosos são as mesmas em relação aos
riscos que eles podem acarretar, tanto ao meio ambiente, quanto ao homem e a outros seres
vivos (JARDIM, 1998).
3.3
Disruptores endócrinos
Para melhor definição dos disruptores endócrinos, é necessário conhecer a importância e
funcionamento deste sistema. O sistema endócrino está dentre os de maior importância para a
saúde e vitalidade do organismo e cada órgão que o compõe possui suas funções específicas,
sendo que a principal é a segregação de hormônios. Cada hormônio desempenha sua função
característica, finalizando com os efeitos necessários para o equilíbrio de todo o corpo. O
sistema endócrino também coordena e regula a comunicação entre as células e é constituído por
combinações de glândulas e hormônios, os quais são responsáveis pelas funções biológicas
normais, como: reprodução, desenvolvimento embrionário, crescimento e metabolismos (REIS
FILHO; ARAÚJO; VIEIRA, 2006).
Os disruptores endócrinos podem ser substâncias orgânicas e inorgânicas e são definidos de
várias formas por alguns autores. São encontrados em depósitos de lixo (poluindo o solo), em
lençóis freáticos, mananciais de água para o abastecimento público, como também, pela queima
de resíduos hospitalares e industriais em incineradores.
2
O triclosan é empregado em enxaguatórios bucais (JARDIM, 1998, apud REYNOL, 2010).
21
Os hormônios também estão enquadrados como disruptores endócrinos, porque assim eles
atuam quando os fatores externos lhes propiciam um erro nas suas funções. Em condições
normais no organismo, eles ativam ou inibem as funções celulares promovendo o controle entre
elas. No entanto, quando os hormônios são ministrados em seres humanos e em algumas
espécies animais, eles são excretados pelas fezes e urina dos mesmos, podendo retornar para
esses ou outros corpos via cadeia alimentar, ingestão de água poluída ou exposição prolongada
(ASSUNÇÃO; PESQUERO, 1999).
Os hormônios sexuais mais estudados e investigados atualmente são os estrógenos, por serem
muito ativos biologicamente e estarem relacionado às causas de diversos tipos de cânceres. Os
naturais, estradiol, estriol e estrona, e o sintético etinilestradiol, usados também como
medicamentos preocupam pela alta potência e quantidade excretada no ambiente
continuamente. Estes hormônios são bem reconhecidos pelos seus receptores, o que resulta em
respostas máximas, tornando-os principais responsáveis pela maioria dos efeitos de disrupção
endócrina (REIS FILHO; ARAÚJO; VIEIRA, 2006).
Os hormônios naturais estradiol, estriol e estrona e o sintético estinilestradiol são desenvolvidos
para uso medicinal e muito aplicados em terapias de reposições hormonais femininas e como
métodos contraceptivos. Alguns estudos já comprovaram a presença desses hormônios na água,
oferecendo riscos para a saúde humana e para os seres vivos do meio aquático, como também
ao desequilíbrio desses habitats (GUIMARÃES, 2008).
A estrutura química destes compostos hormonais é demonstrada na Figura 2.
FIGURA 2: Estrutura dos principais hormônios estrógenos
FONTE: REIS FILHO; ARAÚJO; VIEIRA, 2006, p. 21.
22
A Figura 3 demonstra as glândulas que compõem o sistema endócrino no organismo humano.
FIGURA 3: O sistema endócrino
FONTE: AIRES, 1999.
Para cada glândula, a relação de algumas de suas funções:








Hipófise ou Pituitária: produz o hormônio de crescimento;
Paratireoides: produzem a tiroxina;
Tireoide: produz o paratormônio;
Timo: produz a timosina alfa (maturação dos linfócitos), timopoetina,
timulina e fator tímico circulante;
Suprarrenais ou Adrenais: produz a adrenalina;
Pâncreas: produz as enzimas digestivas e os hormônios como: insulina,
glucagon e a somatostatina;
Ovários: produzem a progesterona e estrógeno;
Testículos: produz a testosterona (AIRES, 1999).
O sistema endócrino normal é composto por alguns órgãos e glândulas, incluindo a glândula
pituitária, a tireoide, os ovários, os testículos e outras, que também produzem os hormônios. Os
hormônios funcionam como sinais químicos, que emitem os sinais de alerta e transportam
informações básicas para o funcionamento normal de outras partes do corpo. Estes sinais, ou
informações, são importantes para regular o ciclo menstrual, a pressão arterial, estimular o
23
desenvolvimento dos gêneros masculino e feminino e ainda equilibrar o metabolismo do corpo.
Por definição de países integrantes da União Europeia, os disruptores endócrinos podem
danificar diretamente um órgão endócrino, ou alterar a função dele, interagir com um receptor
de hormônios, ou modificar o metabolismo de um hormônio em um órgão endócrino.
O uso de alguns tipos de medicamentos e produtos para esterilização de equipamentos
cirúrgicos em algumas áreas de hospitais, também foram citados como interferentes endócrinos
e oferecem comprovadamente riscos aos profissionais desta atividade (XELEGATI; ROBAZZI,
2003).
3.3.1 Ação dos disruptores endócrinos nos organismos vivos
Somente no final da década de 1990 foi que os efeitos provocados pelos desreguladores
endócrinos passaram a ser mais investigados. O termo “poluentes emergentes” refere-se não
necessariamente as suas recentes descobertas, mas sim ao fato destes serem um grupo em
especial, que possui características peculiares que os tornam ambientalmente importantes em
razão de crescentes níveis de utilização e de poluição (BRUCHET et al., 2002).
Carson (1962) já mencionava os transtornos desses agentes poluidores quando publicou o livro
denominado “Silent Spring” (“Primavera Silenciosa”), no qual relata acontecimentos
gravíssimos, causados pelas pulverizações no combate aos insetos nas plantações e dá um
grande alerta sobre os perigos dos inseticidas para os seres vivos e o meio ambiente.
Os poluentes orgânicos antropogênicos persistem no ambiente por muito tempo e sendo
substâncias químicas resistentes a degradação física, química e bioquímica, permanecendo
disponíveis para absorção e bioacumulação nos organismos. Pela sua similaridade estrutural
com os hormônios endógenos, sua capacidade de interagir com proteínas transportadoras de
hormônios ou de alterar o metabolismo hormonal, diversos poluentes antropogênicos mimetiza
ou bloqueiam os efeitos de hormônios endógenos acarretando as disrupções. Em 1991, numa
conferência na cidade de Wingspread, nos Estados Unidos da América (EUA) originou-se a
denominação de tais substâncias: endocrine disruptor (disruptor endócrino) (COLBORN;
CLEMENT, 1992).
Carson (1962) mencionou que as substâncias usadas para as pulverizações, compostas pelos
organoclorados,
mais
conhecidos
por
Dicloro-Difenil-Tricloroetano
(DDT),
destruiu
24
populações inteiras de aves, peixes e outros, que, quando não morriam pela poluição das águas,
morriam por se alimentarem dos insetos e alguns anelídeos, como a minhoca, mortos pelas
pulverizações. Alguns seres humanos, também perderam suas vidas ou ficaram gravemente
enfermos, por desconhecerem os verdadeiros riscos e manipularem esses produtos de forma
inadequada.
Na década de 1970, ocorreu a tragédia no Lago Ontário (Região dos Grandes Lagos, entre os
EUA e o Canadá). Neste lago, foi observada a biomagnificação de policloretos de bifenilas
(PCB), afetando desde os fitoplânctons e zooplânctons até as trutas e gaivotas. A concentração
de PCB no sedimento do referido lago era o fator inicial. A partir dele, os pesquisadores
observaram sua concentração aumentar: fitoplânctons = 250 vêzes; zooplânctons = 500 vezes;
truta = 2.800.000 vezes e gaivota = 25.000.000 vezes. Essa ocorrência veio fortalecer os relatos
e alertas da pesquisadora, quanto aos riscos ambientais. A obra e luta de Carson, fez com que
agências governamentais de vários países, incluindo a United States Environmental Protection
Agency (USEPA), adotassem medidas restritivas à fabricação e uso desses produtos
(COLBORN; DUMANOSKI; MYERS, 2002).
No livro “Nosso Futuro Roubado”, reforçando os esclarecimentos e alertas de Carson, em
“Primavera Silenciosa”, os autores revelam resultados preocupantes obtidos em seus estudos e
pesquisas. Em populações silvestres, observaram indícios de anomalias sexuais e falhas na
reprodução, atribuindo suas causas às substâncias químicas, que substituem os hormônios
naturais, desregulando ou até mesmo rompendo os processos normais de reprodução e
desenvolvimento (COLBORN; DUMANOSKI; MYERS, 2002).
Substâncias como dióxido de titânio, presente em alguns corantes, protetores solares e sucos
artificiais em pó, podem causar danos ao comportamento natatório e na frequência cardíaca de
crustáceos, como também matar algas. Nos países asiáticos, onde a população é grande
consumidora de peixes e frutos do mar, está exposta a sérios riscos pelo alto nível de poluentes
nos peixes, o que motivou os órgãos competentes a implantar uma regulamentação. Já a
Agência Europeia para Segurança Alimentar, estabeleceu limites máximos para a presença das
referidas substâncias na comida e o bisfenol A, que é um composto com atividade hormonal,
foi banido em diversos países (JARDIM, 1998 apud REYNOL, 2010).
Segundo a USEPA, os desreguladores endócrinos são agentes exógenos que interferem na
produção, liberação, transporte, metabolismo, ligação, ação ou eliminação de hormônios
25
naturais, os quais são responsáveis pela manutenção da homeostase e como reguladores do
desenvolvimento e do comportamento. As formas de ação desses desreguladores endócrinos
podem ocorrer de pelo menos três maneiras: 1) imitando a ação de um hormônio produzido
naturalmente pelo organismo, como o estrógeno e a testosterona, desencadeando reações
químicas semelhantes no corpo; 2) bloqueando os receptores nas células que recebem os
hormônios, impedindo assim a ação dos hormônios naturais; 3) prejudicando a síntese, o
transporte, o metabolismo e a excreção dos hormônios naturais do organismo (GHISELLI,
2006).
A redução de nascimentos de bebês do sexo masculino também pode estar relacionada às ações
dos hormônios como disruptores endócrinos (CHRISTANTE, 2010). Porém, dados levantados
entre os anos de 1984 a 2002 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não
confirmaram o maior número de nascimento do gênero feminino, conforme Figura 4.
FIGURA 4: Gráfico comparativo do nascimento de bebês no Brasil entre os anos de 1984 a 2002,
classificando por gênero.
FONTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 2010.
Outro levantamento do IBGE também constatou que, em Poços de Caldas-MG, houve mais
nascimentos de bebês do gênero masculino no período de 2005 a 2011 (diferença de 130 bebês
no valor acumulado), demonstrado na Figura 5.
26
1040
Quantidade de nascimentos
1020
1000
980
960
940
Masculino
920
Feminino
900
880
860
840
2005
2006
2007
2008
Ano
2009
2010
2011
FIGURA 5: Gráfico comparativo do nascimento de bebês entre os anos de 2005 a 2010, classificando por
gênero na cidade de Poços de Caldas.
FONTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 201 0.
Apesar do uso de anticoncepcionais ter-se iniciado em grande escala na década de 1970, não foi
encontrado nenhum registro de controle de natalidade constando os gêneros dos bebês a partir
desta década até 2005, em Poços de Caldas MG (IBGE, 2010).
As inquietações e alertas dos pesquisadores sobre a presença desses poluentes emergentes se
dão pelo fato de que o aumento da utilização desses compostos hormonais é significativo,
principalmente devido às mudanças dos padrões quanto à atividade sexual dos jovens, a
preocupação com o planejamento familiar, como também, o uso indiscriminado desses
hormônios na bovinocultura, suinocultura, avicultura e equinocultura.
Tais hormônios são excretados por meio da urina e fezes destes animais, como também dos
humanos, chegando aos efluentes na forma in natura ou tratados, causando a poluição
hormonal do ambiente aquático.
Johnson et al. (2000) apud Bila e Dezotti (2007) revisaram as quantidades diárias dessas
substâncias excretadas pelos humanos, conforme a Tabela 1.
27
TABELA 1: Excreção diária (µg) per capita de estrogênio por humanos
Categoria
Estrona
17β-estradiol
Estriol
Homens
3,9
1,6
Mulheres menstruando
8
3,5
Mulheres na menopausa
4
2,3
Mulheres grávidas mulheres
600
259
Mulheres
FONTE: JOHNSON et al. (2000 apud BILA; DEZOTTI, 2007, p. 657).
1,5
4,8
1
6.000
-
17αetinilestradiol
35
O estradiol é o hormônio natural mais abundante e o mais potente encontrado em corpos
d’água. Degrada-se facilmente a estrona, por ação de uma dehidrogenase específica. O estriol é
um produto metabólico e de excreção do estradiol e da estrona, com fraco efeito estrogênico
(GUIMARÃES, 2008).
Calcula-se que são lançados diarimente nos esgotos de todo o Brasil, aproximadamente meia
tonelada de 17 β-estradiol por dia (RAIMUNDO, 2007).
Seu acúmulo pode ser consequência do déficit de infraestrutura no processo de saneamento
como também pela ineficiência tecnológica para a remoção desses compostos nas Estações de
Tratamento de Água ou de Efluentes, além da falta de políticas públicas na gestão para descarte
dos resíduos químicos medicamentosos (GUIMARÃES, 2008; ALVES, 2007).
Alguns estudos desenvolvidos na França, Escócia e Dinamarca mostraram que em indivíduos
mais jovens a qualidade dos espermatozoides não é boa. Na Dinamarca comprovou-se que
rapazes com idade entre 18 e 20 anos nascidos por volta de 1980, obtiveram a pior contagem de
espermas já registrada em homens dinamarqueses normais. Os pesquisadores relatam que os
fatores ambientais ou de estilo de vida também podem ser as causas mais prováveis para a
diminuição da quantidade e qualidade dos espermas, assim comprometendo a fertilidade
masculina. Acredita-se ainda que estejam surgindo no meio ambiente, substâncias capazes de
interferirem no sistema hormonal alterando os seus mecanismos normais (SKAKKEBAEK;
RAJPERT-DE; MAIN, 2001).
No final da década de 1950, os médicos ainda acreditavam que a barreira placentária somente
podia ser afetada por radiações. Não se acreditava que medicamentos e agentes químicos
fossem capazes de passar pela placenta, atingir o útero e o feto, causando reações indesejáveis.
Em 1962, tornou-se pública a tragédia da talidomida. Tal acontecimento fez com que as
opiniões mudassem, pois os médicos passaram a perceber algo assustador: um medicamento
28
que não afetava a mãe poderia trazer consequências trágicas ao feto (COLBORN;
DUMANOSKI; MYERS, 2002).
Nos primeiros relatos das substâncias químicas como disruptoras endócrinas, foi descrito o
dietilestilbestrol (DES), como medicamento usado por mulheres grávidas (como forma de
prevenir o aborto), entre os anos de 1950 e 1970, as quais apresentaram resultados desastrosos
como o câncer de vagina e infertilidade nas filhas nascidas de mães que o usaram,
comprovando assim o seu efeito teratogênico (BILA; DEZOTTI, 2003).
As filhas nascidas de mães que fizeram uso do DES, além de sofrerem as deformações
irreversíveis do útero, muitas delas só tiveram conhecimento dos problemas aos vinte anos de
idade. Os meninos também nascidos dessas mães que usaram o mesmo medicamento durante a
gravidez vieram a sofrer de criptorquídea, que é a ausência de testículos no escroto
(COLBORN; DUMANOSKI; MYERS, 2002). E os homens que trabalhavam nas fábricas do
referido medicamento, tiveram crescimento das mamas (BOWLER; CONE, 2001).
Lopes et al. (2008) reforçam os relatos de Bila e Dezotti (2007), acrescentando que a presença
de hormônios estrogênicos na água podem ocasionar também a redução no crescimento de
plantas.
Grande parte dos estrogênios naturais tem vida curta e não se acumulam nos tecidos. Mas os
estrogênios sintéticos como 17α-etinilestradiol e DES são mais estáveis e permanecem no
organismo por mais tempo que os estrogênios naturais (TAPIERO et al., 2002).
Os estrogênios naturais e sintéticos exibem atividades estrogênicas na faixa de cem a um
milhão de vezes maior que os compostos químicos possuem, evidenciando o fato de esses
estrogênios causarem anomalias em organismos aquáticos, mesmo em concentrações muito
baixas, ordem de 1ng L-1 (ROUTLEDGE; SUMPTER, 1996; TANAKA et al., 2001).
O 17β-estradiol é o principal estrogênio humano por possuir alta potência estrogênica e por ser
utilizado como padrão (controle positivo), na medida da atividade estrogênica por ensaios (in
vivo e in vitro) (COLDHAM et al., 1997). Este hormônio é também o responsável pela
formação das características femininas, comportamento sexual, ciclo menstrual e ovulação.
Atua ainda, na formação óssea, no sistema cardiovascular, na memória, pele e no sistema
imunológico (ROUTLEDGE; SUMPTER, 1996; TAPIERO et al., 2002; NOGUEIRA, 2003;
KUSTER et al., 2004; NGHIEM et al., 2004).
29
O 17α-etinilestradiol é encontrado nos anticoncepcionais e aplicado em terapias de reposição
hormonal. É considerado pelos pesquisadores, como um dos desruptores endócrinos mais
importante do ambiente aquático por ser altamente estrogênico, resistente à biodegradação e
bioacumulativo (SNYDER et al., 1999; LIU et al., 2004 apud FERREIRA, 2008).
A reposição hormonal, cuja finalidade pode ser um dos fatores que contribui muito para poluir
as águas e uma de suas finalidades é a prevenção da osteoporose. Os estrógenos estão entre os
fatores sistêmicos associados à homeostase do tecido ósseo, que são fundamentais para a
regulação desse metabolismo. A importância desses compostos é tão significativa que a queda
em suas taxas está diretamente relacionada à ocorrência da osteoporose, pois esses compostos
inibe a reabsorção óssea, impedindo a sua perda. A perda óssea acarreta o desenvolvimento de
um quadro de osteopenia e, posteriormente, a osteoporose, que é uma doença “silenciosa” e
ligada às fraturas frequentes. No Brasil, em 2004, ocorreram, aproximadamente, 100.000
fraturas de fêmur, de acordo com a Sociedade Brasileira de Osteoporose (SOBRAO)
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE OSTEOPOROSE, 2004, apud FALONI; CERRI, 2007).
A osteoporose afeta milhões de pessoas na Europa, Japão e nas Américas, desenvolvendo-se,
principalmente em mulheres acima de 50 anos, quando, normalmente, iniciam-se as perdas
hormonais (HILDEBOLT, 1997).
No Brasil, cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem de osteoporose (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE OSTEOPOROSE, 2004, apud FALONI; CERRI, 2007). Uma estimativa do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calculou que haverá em 2050 o aumento
da longevidade para aproximadamente 15 milhões de idosos com 80 anos de idade ou mais.
Consequentemente, o índice de fraturas por osteoporose também tende a aumentar, e,
considerando, a baixa capacidade de reparos para estas lesões, elas resultam em alto custo para
o tratamento, acarretando um problema de saúde pública (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2006, apud FALONI; CERRI, 2007).
O uso de métodos anticoncepcionais é amplo no mundo todo. No Brasil cresceu
acentuadamente nas últimas décadas e os fármacos contraceptivos são contribuintes da
poluição aquática por hormônios. Uma entrevista realizada por Lubianca e Wannmacher (2011)
com 8.707 mulheres em idade de 15 a 44 anos revelou que 27,4% das entrevistadas fazem uso
de anticoncepcionais orais, por ser este considerado o mais efetivo método reversível e o mais
utilizado dentre os medicamentos anticoncepcionais.
30
As causas do aumento para o uso dos anticoncepcionais devem-se ao crescimento do poder
aquisitivo, a elevação da participação da mulher no mercado de trabalho e o controle da
fertilidade para o desenvolvimento profissional feminino. Cada comprimido possui
concentrações de 30 a 300 µg de hormônios sexuais femininos (HSFs) e a eliminação contínua
pode chegar até a 80%, sendo a maior liberação pela urina e a menor pelas fezes
(FERNANDES, 2007 apud MACHADO, 2010).
A Federação Brasileira de Farmácias (FEBRAFARMA), também relacionou o consumo geral
dos medicamentos com o poder aquisitivo populacional, no qual em torno de 84% dos
medicamentos são consumidos pelas classes A e B no Brasil, conforme Figura 6.
FIGURA 6 – Relação do consumo de fármacos das classes A, B, C, D, no Brasil
FONTE: FEBRAFARMA, 2004 apud RODRIGUES, 2009.
O consumo indevido de fármacos está diretamente ligado à renda do consumidor e não a real
necessidade terapêutica do indivíduo, pois estudos comprovam que cerca de 1/3 da população
mundial não tem acesso regular aos medicamentos essenciais (RENOVATO, 2008 apud
RODRIGUES, 2009).
3.4
Hormônios em corpos d’água
31
Desde o início do século XX, preocupações com a poluição dos lagos, rios, lençóis freáticos e
mares têm motivado os estudiosos a se voltarem para os problemas ambientais no mundo. Em
diversos estudos destaca-se a ocorrência de resíduos fármacos em corpos hídricos. A população
em geral faz descarte indevido dos fármacos, medicamentos em desuso, vencidos ou
deteriorados, que normalmente são destinados a aterros e lixões, os quais se associam aos
resíduos domiciliares, acabando por poluir as águas superficiais e profundas (GIL; MATHIAS,
2005).
De acordo com Ghiselli e Jardim (2007), as aglomerações urbanas e o saneamento precário
aumentam a concentração de hormônios em corpos d'água. Esses hormônios parecem
inofensivos pelo fato de fazerem parte do cotidiano dos seres humanos, mas quando
concentrado nas águas ingeridas, ou em contato por tempo prolongado, que é o caso de outras
espécies como os peixes, eles podem ser prejudiciais interferindo no sistema endócrino.
Os hormônios naturais são produzidos nos organismos humanos e animais, ou são ingeridos na
forma de medicamentos e neste caso entram também os hormônios sintéticos. Posteriormente
são excretados pelas fezes e urina, para a rede coletora de esgoto, no caso dos humanos. Em
algumas circunstâncias, o esgoto é lançado in natura, diretamente nos corpos d'água e em
outros, o esgoto passa pelo processo de tratamento em Estações de Tratamento de Esgoto
(ETE’s) e o efluente também é lançado nos corpos d'água. Essas águas, após passarem por
Estações de Tratamento de Água (ETA’s), que ainda utilizam apenas os métodos convencionais,
vão para o abastecimento público, sem que as substâncias hormonais sejam removidas e, no
final, acabam sendo ingeridas pela população (OKHO et al., 2002 apud LOPES et al., 2008).
A Figura 7 exemplifica possíveis trajetos dos fármacos no ambiente.
32
FIGURA 7: Possíveis trajetos dos fármacos no ambiente
FONTE: COSTA; DORDIO, 2010.
Alves (2007) investigou sobre o descarte de resíduos químicos medicamentosos no município
de Uberaba, MG. Após um questionário aplicado em 403 pessoas sobre quais os medicamentos
consumidos pela população, assim como seu armazenamento e descarte, verificou-se que os
hormônios, seguidos pelos anti-hipertensivos e analgésicos, eram os mais utilizados. Após esta
constatação foi realizada a análise da água dos poços de monitoramento do aterro sanitário da
referida cidade, objetivando verificar se os resultados desta análise condiziam, ou não, com os
dados obtidos na pesquisa de campo. Foi identificada a presença de substâncias hormonais tais
como noretindrona, levonorgestrel, etinilestradiol, que são consideradas disruptores endócrinos
frequentes. Concluiu-se que isto ocorria pela falta de conhecimento e orientação da população,
principalmente em relação ao descarte, e que campanhas e politicas públicas deveriam ser
frequentemente, realizadas no sentido de informar e conscientizar a população sobre a forma
correta de dispor os medicamentos.
Uma das primeiras cidades a enfrentar esse tipo de poluição foi Las Vegas, nos Estados Unidos.
Sendo uma região extremamente seca, o município depende de uma grande quantidade de água
33
retirada do Lago Mead, o qual também recebe o esgoto da cidade. Apesar de contar com um
bom tratamento de esgoto, a água da cidade acabou provocando alterações hormonais nas
comunidades de animais aquáticos do lago, com algumas espécies de peixes tendo apresentado
altos índices de feminilização. Universidades e concessionárias de água se uniram para estudar
o problema e chegaram à conclusão de que o esgoto precisava de melhor tratamento. “Foi uma
abordagem madura, racional e que contou com o apoio da população, que se mostrou disposta
até a pagar mais em troca de uma água limpa desses contaminantes” (JARDIM, 1998 apud
REYNOL, 2010).
De acordo com Verbinnen, Nunes e Vieira (2010), o 17α-etinilestradiol (estrógeno sintético), a
estrona, o 17β-estradiol e o estriol (estrógenos naturais) podem afetar o sistema endócrino de
peixes em concentrações de 1ngL-1, mas podem ser encontrados no meio ambiente em
concentrações que variam na ordem de µg.L-1.
A bioconcentração de medicamentos foi estudada em plasma sanguíneo de peixes expostos a
efluente de esgoto tratado em três locais na Suécia, por 14 dias com base na lipofilidade. As
concentrações plasmáticas de fármacos nesses organismos aproximavam-se dos níveis
terapêuticos encontrados em humanos. Dos 25 fármacos analisados, 16 foram detectados no
plasma do peixe em concentrações superiores a 1/1.000 à concentração plasmática terapêutica
humana. Com relação ao hormônio sintético levonorgestrel, sua concentração no plasma
sanguíneo dos peixes analisados de acordo com a espectrometria de massa, cromatografia
gasosa de alta resolução, apresentou em concentrações de 8,5 – 12 ngL-1, excedendo o nível
plasmático terapêutico humano. Diante da constatação dos níveis elevados do levonorgestrel
nessa pesquisa, desencadearam-se preocupações aos estudiosos, porque com estes valores pode
se afirmar que ocorre a interferência nos órgãos reprodutores comprometendo a fertilidade de
peixes (FICK et al., 2010).
Cordeiro (2009) afirma que o levonorgestrel, por persistir no meio ambiente, acumula no solo e
ao longo da cadeia trófica, causando desequilíbrio hormonal em humanos e animais. Além
disso, pode provocar distúrbios no sistema hormonal de recém-nascidos ao ser excretado pelo
leite materno. Comparado com os hormônios de origem vegetal, estes não são tão danosos à
saúde quanto os de origem sintética, como o levonorgestrel, por exemplo, porque eles não se
acumulam nos tecidos corpóreos.
34
Os fármacos são compostos muito persistentes e pouco biodegradáveis. Nos Estados Unidos,
em 139 riachos foram identificados aproximadamente 100 poluentes orgânicos e, dentre eles,
os fármacos (KOLPIN et al., 2002).
Um estudo realizado pela Brune University e pelas Universidades de Exeter and Reading e do
Centre for Ecology & Hidrology demonstrou que um grupo de bloqueadores químicos de
testosterona está presente nos rios do Reino Unido, afetando a fauna e potencialmente, os
humanos. A conclusão do estudo foi publicada na revista Environmental Health Perspectives
com a identificação de que um grupo de produtos químicos age inibindo a função do hormônio
masculino, a testosterona, reduzindo a fertilidade masculina e também acarretando a
feminização em peixes machos. Ainda na demonstração dessa pesquisa, os hormônios sexuais
femininos, como os estrogênios e alguns produtos químicos, mimetizam os estrogênios
naturais, desencadeando um processo diferente e assim, contribuindo para a anomalia sexual
(JOBLING, 2009).
Em outros países já constataram distúrbios em algumas espécies, como nos ursos polares no
Ártico e os pinguins-de-adélia da Antártida, tendo menos filhotes. Na Flórida, já se encontram
crocodilos com dois gêneros, como também, no litoral brasileiro onde foi encontrado moluscos
com as mesmas anomalias, as quais podem ser atribuídas à poluição das águas por hormônios
(CHRISTANTE, 2010).
Estudos realizados por Sant’Anna et al. (2008), biólogo da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), em São Vicente, no litoral do estado de São Paulo, também
constatou alterações nos caranguejos ermitões, com a masculinização das fêmeas. O ocorrido se
deu em apenas 2% a 8% das populações dos ermitões.
A presença desses hormônios na água, mesmo em baixas concentrações, é um risco porque o
normal do nosso corpo é trabalhar com pequenas quantidades de hormônios, portanto, qualquer
valor para mais ou para menos, pode desencadear um desequilíbrio. Em amostras de água
tratada indicando a presença deles, nos revela que os métodos tradicionais de tratamento nem
sempre impedem que pequenas quantidades cheguem à população (BILA; DEZOTTI, 2007).
A Tabela 2 apresenta as concentrações da estrona, estradiol, estriol e etinilestradiol encontrados
em afluentes e efluentes de ETE’s, em águas superficiais e potáveis de alguns países.
35
TABELA 2 – Concentrações dos estrogênios E1 (estrona), E2 (17 – estradiol), E3 (estriol) e
EE2 (etinilestradiol) no afluente e no efluente de ETE’s em água superficial e potável de
vários países.
FONTE: LOPES et al., 2008, p. 124.
De acordo com a Tabela 2, com relação ao afluente da ETE, o Brasil comparando com os
outros países, apresentou na região de Campinas, SP, índices bem mais altos para hormônios
estrona (E1) e 17β-estradiol (E2), 4800 e 6700 ngL-1 respectivamente. Os outros países
estudados apresentaram índices para um ou outro estrogênio em concentrações capazes também
de trazer interferências na saúde humana; pois estão acima de 1ngL-1
Já para o efluente da ETE, em relação ao afluente analisado, o Brasil apresentou uma redução
de aproximadamente 15% para o estrona (E1) e de 16% para o estradiol (E2). A Itália
apresentou uma queda de aproximadamente 82% para o estrona (E1) e de 90% para o estradiol
36
(E2); a Alemanha apresentou uma queda de aproximadamente 66% para o estrona (E1) e de
93% para o estradiol (E2). Quanto ao hormônio estriol, o Canadá apresentou uma redução de
88%.
Na avaliação das águas superficiais, o Brasil na região de Campinas e Jaboticabal apresentou
índices elevados quando comparados com outros países, em torno de 5.000 ngL-1 e 600 ngL-1
para o estrona (E1) e de 6.000 ngL-1 e 30 ngL-1 para 17β-estradiol, respectivamente. Outros
países apresentaram índices bem inferiores para os poluentes mencionados.
A concentração encontrada nos diversos países avaliados de 0,1 ngL-1 e 2,5 ngL-1 para água
potável mostrou-se bem significativa para as amostras analisadas no Brasil (região de
Campinas) para o estradiol em 2.600 ngL-1.
Além da excreção hormonal humana, alguns animais como as aves, os bovinos e suínos
também contribuem para a poluição hormonal aquática, porque somando à produção hormonal
natural do organismo, eles excretam pelas fezes e urina os hormônios oriundos dos fármacos
aplicados pela medicina veterinária. Os níveis de excreção variam de 0,1 a 160 mgdia-1, sendo
que os bovinos, excretam mais pelas fezes e os suínos pela urina (MACHADO, 2010).
As preocupações com a poluição, proveniente das atividades agropecuárias, vêm desde as
últimas décadas e, no futuro, elas tendem a aumentar. As produções, cada vez mais
especializadas, fazem com que prevaleçam os modelos de concentração da criação em grandes
unidades produtoras e a monocultura. Estes sistemas acabam gerando uma grande concentração
e regionalização de atividades produtivas, o que leva ao desequilíbrio ambiental, pela
impossibilidade do meio em absorver os resíduos específicos de uma atividade única em áreas
relativamente restritas. Exemplificando, na região Sul do Brasil se alojam cerca de 13 milhões
de suínos de um total de 32 milhões de animais que compõem o rebanho nacional. Na região de
concentração dos suínos o relevo acidentado é predominante, o que desfavorece o plantio de
culturas que adsorveriam os dejetos decorrentes desta atividade e ainda facilitaria o aporte dos
resíduos nos corpos d’água superficiais pela erosão e lixiviação do solo. Outro agravante, é que
os sistemas de tratamento para os efluentes suinícolas não são satisfatórios (HIGARASHI, et al.
2004).
Complementando as ideias expostas, Lopes et al. (2008) citam a poluição das nascentes
localizadas no nordeste do estado do Arkansas, nos Estados Unidos, pelo hormônio 17βestradiol, local com intensiva criação de aves e gado.
37
3.5
Identificação de hormônios em corpos d’ água
Para a determinação de estrogênios e outros desruptores endócrinos em amostras de
águas, publicam-se frequentemente os métodos analíticos baseados na extração por fase sólida
(EFS), derivatização e detecção por CG/EM, CG/EM/EM ou CLAE/EM. Esta extração é uma
técnica simples, rápida e requer menos solvente.
Segundo Birkett e Lester (2003) citado por Bila e Dezotti (2007) algumas técnicas biológicas
também relatadas na identificação e quantificação de estrogênios naturais e sintéticos são os
ensaios de imunoadsorção enzimática (ELISA e o radioimunoensaio (RIE)).
Ainda segundo as autoras, o método ELISA é baseado no uso de antígenos e tido como
altamente sensível e seletivo para esses hormônios, como também para outros desreguladores
endócrinos aquáticos. Outros métodos analíticos estão sendo desenvolvidos baseados em
imunoensaios objetivando monitorar estrogênios e pesticidas em amostras aquáticas. Um
exemplo é o biossensor óptico.
3.6
Processos de Tratamento de Água e Esgoto
De acordo com Jardim (1998), as estações de tratamento de água no Brasil ainda fazem uso de
tecnologias ultrapassadas e métodos seculares. Novas tecnologias somente serão incorporadas
pelas empresas por meio de uma legislação específica, uma vez que elas encarecem o sistema
de tratamento de água. Como não há legislação, as empresas de distribuição não fazem a
retirada dessas substâncias do esgoto que se joga nos rios e nem da água deles captada. Alguns
estudos já demonstram métodos específicos para serem usados nas estações de tratamento de
água, com a finalidade de eliminar esses agentes poluentes. São eles: osmose reversa, oxidação
química, carvão ativado e ozonólise.
Sabe-se que o ozônio reage com grande número de compostos e que a constante de velocidade
de reação do dióxido de cloro é duas ordens de magnitude menor que a do ozônio, mas maior
que a do cloro gasoso. Os dois oxidantes, dióxido de cloro e o cloro gasoso, reagem
primeiramente com grupos funcionais ricos em elétrons, como fenóis e aminas, portanto
contribuiriam na oxidação de estrogênios, quando aplicados no tratamento de água (HUBER et
al., 2005).
38
Outros materiais que possuem capacidade de adsorver estrogênios presentes em água, também
podem ser utilizados no tratamento convencional. Dentre eles, o carvão ativado granular, a
quitosana, a quitina e adsorvente orgânico preparado a partir do lodo de ETE calcinado.
Estudos comparativos mostraram melhor desempenho para o adsorvente orgânico (87.500
mLg-1 para estrona e 116.000 mLg-1 para 17β-estradiol), seguido do carvão ativado granular
(9.290 mLg-1 para estrona e 12.200 mLg-1 para 17β-estradiol). A desvantagem desse método é
quanto ao tempo para atingir o equilíbrio, que no caso do carvão ativo granular, pode levar até
125 horas (ZHANG; ZHOU, 2005).
Nessas novas tecnologias enquadram-se também a nanofiltração e a ultrafiltração. Em todos
estes, a remoção ocorre devido à carga e ao volume molecular. A nanofiltração é diferente da
osmose reversa, porque a osmose reversa retém somente íons multivalente. Já as membranas de
nanofiltração possuem características intermediárias entre a ultrafiltração e a osmose reversa. A
capacidade de remoção no processo nanofiltração fica entre 95 e 99% na faixa de concentração
1 e 1.000 ngL-1 (SCHAFER et al., 2003 apud AMORIM, 2007).
Uma outra técnica de tratamento é a degradação por fotocatálise com TiO. Ela consiste em
uma técnica avançada, apresentando degradação de mais de 99% de 17ß-estradiol em 30
minutos, numa solução com concentração 10-6 mol.L-1. Para esse caso, a geração de produtos
identificou como sendo 10ϵ-17β-diidroxi-1,4-estradienona3 (DEO), androsta-4,16-dienona
(ADO) e testosterona (TS) (OKHO et al., 2002 apud LOPES et al., 2008).
No Brasil, as etapas para o Tratamento de Água realizado pela Sabesp são: pré-cloração, préalcalinização, coagulação, floculação, decantação, filtração, pós-alcalinização, desinfecção por
cloro e fluoretação (COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO
PAULO – SABESP, 2013).
Reafirmando, a implantação dessas formas de limpeza das águas, implica num custo bastante
elevado, o que dificulta adotá-las nas empresas.
Quanto ao Tratamento de Esgoto, Ternes et al. (1999) realizaram o monitoramento de
estrogênios naturais e do contraceptivo sintético etinilestradiol, na ETE da Penha/RJ. No esgoto
doméstico foram encontrados os estrogênios, estradiol e o estrona e detectados em
concentrações de 0,021 e 0,04 µgL-¹, respectivamente. As taxas de remoção de estrona
observadas foram de 67% para o efluente tratado em filtro biológico e 83% para o efluente
tratado pelo processo de lodos ativados. Para o estradiol, estas taxas foram de 92,0% e 99,9%
39
para efluente tratado em filtro biológico e para o efluente tratado pelo processo de lodos
ativados, respectivamente. Para o estrogênio contraceptivo etinilestradiol, as taxas de remoção
na ETE foram de 64% para o efluente do filtro biológico e 78% para o efluente do tanque de
lodos ativados.
A maioria dos estudos realizados refere-se ao sistema de tratamento por lodos ativados, sendo
que no Brasil as lagoas de estabilização representam uma das principais tecnologias de
tratamento de esgotos. Ainda é necessário comprovar a eficiência na remoção dos disruptores
endócrinos (PESSOA et al., 2012).
Tem sido também pesquisado o uso de bioadsorventes, o qual consiste em utilizar produtos
naturais no processo de despoluição apresentando-se em uma proposta mais promissora se
comparados aos demais métodos (BILA; DEZOTTI, 2007).
Os bioadsorventes que já estão sendo bastante utilizados são: sabugo de milho, serragem de
madeira, mesocarpo de coco e bagaço de cana-de-açúcar (SANTOS et al., 2007).
Na Alemanha, como prioridade numa abordagem que visa à determinação de bioindicadores
para a qualidade das águas e com embasamento científico, utilizaram-se bactérias, fungos e
protozoários. E como qualquer grupo pode ser utilizado em programas de biomonitoramento,
desenvolveram-se também metodologias de avaliação para macrófitas aquáticas, peixes e
macros invertebrados. A utilização da comunidade de peixes com essa finalidade tem sido
extensamente implantada, principalmente nos Estados Unidos, o qual já tem planos em usar no
programa para todo país (BUSS et al., 2003).
3.7
Qualidades da água
Devido à reformulação na estrutura do Ministério da Saúde (MS), a Portaria MS nº 1.469/20003
foi revogada, passando a vigorar a Portaria MS – nº 518 4 , de 25 de março de 2004. Essa
portaria estabelece em seus capítulos e artigos a responsabilidade por parte de quem produz a
água. No caso são os sistemas de abastecimento de água com soluções alternativas no
cumprimento do exercício de “controle de qualidade da água”, como também das autoridades
3
Portaria n. 1.469: Controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade
(BRASIL, 2000). Esta portaria foi substituída pela Portaria n. 2.914 de 12 de dezembro de 2011.
4
Portaria n. 518: Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade
para o consumo humano e seu padrão de portabilidade, e dá outras providências (BRASIL, 2004).
40
sanitárias das diversas instâncias de governo, a quem cabe à missão de “vigilância da qualidade
da água para o consumo humano”. A ampla difusão e implantação dessa portaria no país
constituem um importante instrumento para o efetivo exercício da vigilância e do controle da
qualidade da água para o consumo, visando garantir a prevenção de inúmeras doenças e
promover a saúde da população. Essa lei estabelece seu padrão de potabilidade para o consumo
humano e o não cumprimento deste padrão se sujeita à vigilância da qualidade da água. A lei
estabelece também, que os parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos
atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereçam riscos à saúde (BRASIL, 2004).
3.8
Legislações sobre hormônios na água
A Deliberação Normativa Conjunta do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) e
do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), de Minas Gerais, n.1, de 05 de maio de
2008 dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá
outras providências (CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTA – COPAM–
/CONSELHO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS – CERH, 2008).
A Lei n.º 13.199/99 e o Decreto n.º 41.578, de 08 de março de 2001 do COPAM, no uso das
atribuições que lhe são conferidas pela Lei Delegada nº 178, de 29 de janeiro de 2007,
regulamentada pelo Decreto nº 44.667, de 3 de dezembro de 2007, tendo em vista o disposto no
seu regulamento interno e com base no art. 1º e § 1º do art. 2º da Resolução do CONAMA n.º
237, de 19 de dezembro de 1997 e o CERH de Minas Gerais, no uso de suas atribuições,
especialmente aquelas contidas no art. 41, inciso I de março de 2001 (CONSELHO
ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL – COPAM – / CONSELHO ESTADUAL DE
RECURSOS HÍDRICOS – CERH, 2008), consta dentre as várias considerações desta
Deliberação Normativa, a citação sobre os poluentes emergentes:
Substância com efeito endócrino: compostos orgânicos que atuam como disruptores
endócrinos perturbando o sistema hormonal e, em particular os hormônios sexuais,
acarretando riscos à fertilidade, provocando a feminilização e masculinização nos
sexos opostos da biota aquática, como também nos seres humanos. (CONSELHO
ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL – COPAM – / CONSELHO ESTADUAL
DE RECURSOS HÍDRICOS – CERH, 2008).
Conforme levantamento bibliográfico, no Brasil, ainda não há legislação para os poluentes
emergentes na água e é fundamental que ela seja implementada devido à constatação de alguns
riscos oferecidos por este tipo de poluição. Exemplificando, os hormônios tem sido um dos
41
poluentes de maior preocupação para os cientistas e autoridades envolvidas com a preservação
e fornecimento da água tendo em vista que o crescimento populacional e a melhora do poder
aquisitivo têm propiciado um aumento deste agente poluidor e, consequentemente, os fatores de
risco. Para que se façam controles eficientes para tais poluentes, é necessário o estabelecimento
de limites legais para eles.
No Brasil, novos critérios para a potabilidade da água são estipulados na Portaria n. 2.914 do
Ministério da Saúde, publicada no Diário Oficial da União em 14 de dezembro de 2011, com a
finalidade de revisar a Portaria n. 518/04, no atendimento ao disposto em seu artigo 4º, o qual
determina a revisão da Norma no prazo de cinco anos, ou a qualquer tempo com solicitação
justificada. A revisão ainda não foi concluída, porque o Ministério da Saúde requer mais
estudos comprobatórios para especificar quantidades limites dessas substâncias.
A Europa e os Estados Unidos estão mais a frente sobre a legislação e cuidados com os
poluentes emergentes. A Federação Europeia das Associações Nacionais de Serviços de Água e
Esgoto já regula a quantidade de algumas substâncias farmacêuticas na água, como o hormônio
etinilestradiol e o anti-inflamatório diclofenaco, como também defende novos estudos
objetivando estabelecer limites para outros produtos. Nos Estados Unidos, a Agência de
Proteção Ambiental iniciou pesquisas para estipular os limites legais para esses agentes
poluidores (ROSA, 2012).
3.9
Considerações sobre o local das Coletas d as Águas
3.9.1
Histórico da Cidade de Poços de Caldas
Inicialmente, por volta de 1675, acreditavam-se encontrar na região, hoje denominada Poços de
Caldas, alguns metais valiosos como o ouro e pedras preciosas. Na ausência destes, era
necessário buscar alternativas exploratórias, o que não foi difícil, porque o local era
privilegiado com uma terra fértil e água em abundância. A descoberta das águas sulfurosas de
origens vulcânicas, consideradas possuidoras de poderes curativos, as fontes de águas minerais,
belas cachoeiras e cascatas foram os fatores principais para que, no final do século XVIII,
fizessem com que mais pessoas viessem à região em busca das mesmas, o que também
propiciou a sua valorização. Nessa fase, as águas eram conhecidas como “Caldas” por
significar, na época, “fontes, nascentes de águas minerais ou estação de águas termais”. A
crença de que elas possuíam propriedades terapêuticas, foi um dos motivos para a atração de
42
muitos turistas. Depois de ter passado pela denominação de arraial e distrito, em 1889, a região
recebeu o nome de Poços de Caldas e também se dava o início do seu crescimento.
No século XX, foi inaugurado o prédio Palace Cassino, o qual atraía personalidades famosas
para os jogos. Posteriormente, com a proibição dos jogos, ele recebeu a denominação de Palace
Hotel, e nesta época foi construído o prédio das Thermas Antônio Carlos. Essas duas
arquiteturas tornaram-se chamativas para mais turistas; pois o conforto do hotel, mais os
banhos relaxantes e medicinais das Thermas, foram os responsáveis de um grande impulso para
que a pequena cidade ganhasse fama e prestígio (PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇOS DE
CALDAS, 2012).
3.9.2 Dados geomorfológicos e climáticos
As características básicas de Poços de Caldas estão em seu solo: na região norte, localizam-se
as terras férteis para a agricultura, na região sul, as terras de campo e as jazidas minerais, e no
centro estão as águas ditas medicinais. Sua área física encontra-se sobre um planalto composto
por montanhas, campos, vales e área total de 547, 26 km², sendo a zona urbana, uma área de 91
km2 e a zona rural 456 km². Sua localização geográfica está a 21°50ʼ20ˮ de latitude e
25°33ʼ53ˮ de longitude. Está localizada a 1.186 metros de altitude, sendo que a altitude
máxima é de 1.686 metros. É considerada a maior cidade do sul de Minas Gerais, fazendo
divisa com as cidades de Botelhos e Bandeira do Sul ao Norte, Caldas ao Leste, Andradas ao
Sul e Águas da Prata, São Sebastião da Grama, Caconde e Divinolândia ao Oeste, ambos os
últimos no estado de São Paulo. O município possui um clima mesotérmico com inverno seco
nos meses de abril a setembro e com verão úmido nos meses de outubro a março. Tem uma
precipitação média anual de 1.745 mm com variações entre 25 mm em julho e 297 mm em
janeiro, aproximadamente (FIGURA 7). A temperatura média é de 17,6ºC com valores
mínimos e máximos já registrados de -6,0ºC e 31,7ºC (SANTOS et al., 2008). Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o censo de 2010 registrou 152.435
habitantes e a estimativa para o fim de 2012 era de 154.974 habitantes (PREFEITURA
MUNICIPAL DE POÇOS DE CALDAS, 2012).
A Figura 8 apresenta as precipitações média, máxima e mínima mensais em Poços de Caldas
durante 12 meses do ano de 2012.
43
600
550
500
Precipitação (mm)
450
400
350
300
Média
250
Máxima
200
Mínima
150
100
50
0
1
2
3
4
5
6
7
Mês
8
9
10
11
12
FIGURA 8: Gráfico demonstrando as precipitações média, máxima e mínima mensal.
FONTE: dados da pesquisa (2012).
A partir do Gráfico 8 nota-se que a precipitação de chuvas no município de Poços de Caldas
são de baixa densidade nos meses de maio, junho, julho, agosto e setembro.
A bacia hidrográfica da cidade de Poços de Caldas, inserida na unidade de Gestão GD6 (Mogi
Guaçu/Pardo) da Bacia do Rio Grande, é representada, principalmente, pelo Rio Pardo, tendo
como afluente principal o Rio Lambari. Os rios Ribeirão da Serra e Ribeirão de Caldas cortam
o centro da cidade e, ao se encontrarem, formam o rio Ribeirão de Poços no início da Avenida
João Pinheiro, o qual deságua no Rio das Antas. Fazem parte também da bacia hidrográfica do
município, o Ribeirão do Córrego do Vai-e-Volta, o Ribeirão Várzea de Caldas, o Ribeirão do
Cipó e o Córrego José Avelino (FIG. 8). Poços de Caldas possui 23 minas de águas naturais
distribuídas pela cidade (DMAE, 2011).
A Figura 9 localiza as bacias hidrográficas próximas à região estudada.
44
FIGURA 9: Localização das bacias hidrográficas da região de Poços de Caldas, MG .
FONTE: dados da pesquisa (2012).
3.9.3 Sistema de Abastecimento de Água
O serviço de abastecimento de água é prestado pela prefeitura, por meio do Departamento
Municipal de Água e Esgoto (DMAE), autarquia municipal criada em 1965, com a finalidade
de administrar os serviços de saneamento básico do município (água e esgoto). A autarquia
considera que há 99,7% de cobertura dos serviços de água, com extensão de rede de 1.048,07
km.
O DMAE possui, atualmente, três estações de tratamento de água (ETA’s) em funcionamento e
todas dotadas de um mesmo sistema: cloração, floculação, decantação, filtração e fluoretação,
em que são tratados 16.681.350 m3 de água (DMAE, 2012):

ETA I, conhecida como São Benedito, foi construída em 1943 e ampliada em 1957 no
bairro de São Benedito. Os pontos de captação de água para tratamento são os da Represa
Saturnino de Brito, Ribeirão da Serra e Marçal Santos, com vazão total de tratamento de
aproximadamente 210 L/s-1, em torno de 30% do total. Abastece as regiões leste em sua
totalidade, toda a região norte e parte da central do município e recebe contribuições da
ETA V;

ETA III é manual, recebe água do Ribeirão Várzeas de Caldas e abastece parte da Região
centro, bairros São Geraldo, Santa Augusta, Bandeirantes, Centenário, Quisisana, São José
45
e proximidades, com vazão de tratamento de, aproximadamente, 75 L/s-1, o que
corresponde a 10% do total;

ETA V, localizada na Rodovia do Contorno, possui pontos de captação no Ribeirão do Cipó
e abastece quase toda a cidade, contribuindo com a ETA I. É automatizada e possui vazão
aproximada de 420 L/s-1, o que corresponde a 60% do total.
Conforme informações do DMAE, até o presente momento, Poços de Caldas não possui
controle sobre a presença dos hormônios em águas das ETA’s e ETE’s, mas a empresa utiliza a
Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, a qual substituiu a
Portaria n° 518 de 24 de março de 2004, que “dispõe sobre os procedimentos de controle e de
vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade” (BRASIL,
2011). O Departamento segue na íntegra as exigências da referida Portaria de acordo com o
número da população da cidade.
3.9.4 Coleta e Sistema de Tratamento de Esgoto
A coleta de esgoto realizada pelo DMAE é de aproximadamente 99,2% com extensão de rede
de 986,5 Km. O DEMAE possui atualmente, duas estações de tratamento de esgoto em
funcionamento. A ETE contorno, a qual na segunda fase da coleta encontrava-se desativada, e a
ETE Bortolan.

A ETE Contorno voltou a operar e atende à grande parte da Zona Sul da cidade, o que
corresponde ao esgoto de 40.000 habitantes.

A ETE Bortolan, localizada na Represa Bortolan, apresenta vazão recebida de 12 L/s, com
percentual de tratamento de, aproximadamente, de 5 a 8% do esgoto recebido, que
corresponde ao atendimento de 3.000 habitantes (DMAE, 2012).
As etapas de tratamento de esgoto são: por gravidade e bombeamento, o esgoto chega à estação
de tratamento, passa por uma grade para reter a parte sólida e o líquido passa para a caixa de
areia, onde ocorre filtragem (tratamento preliminar). Por bombeamento, ele é lançado na
elevatória e desta para o tanque, onde se realiza o primeiro processo bacteriológico anaeróbico,
o qual leva de 4 a 5 horas. Finalizando esta etapa, o esgoto passa para outro tanque e inicia-se
outro processo bacteriológico, que é o aeróbico (tratamento secundário). Este processo é de
46
aproximadamente 1 hora. O efluente tratado passa por um filtro e é descartado no córrego das
Antas.
47
4. PROCESSOS METODOL ÓGICOS
Este trabalho consistiu em uma pesquisa descritiva, exploratória, qualitativa e quantitativa e
cujo objetivo foi a investigação da presença de hormônios sexuais femininos naturais estradiol,
estriol e estrona, e o sintético etinilestradiol, nas águas de Poços de Caldas, MG, e no seu
entorno. Porém, reafirmando que por motivos técnicos laboratoriais, o estriol e o estrona não
foram investigados. As amostras para o processo investigatório foram coletadas em corpos
d’água do referido município nos seguintes pontos: Estações de Tratamento de Esgotos (ETE’s)
e Estações de Tratamento de Águas (ETA’s), em seus afluentes e efluentes, em fontes de águas
minerais, em águas de residências que são abastecidas pelas respectivas ETA’s, em amostra de
água engarrafada industrialmente, no córrego próximo ao aterro controlado, córrego localizado
próximo a um frigorífico, no córrego a montante e a jusante de uma criação de suínos,
bebedouros públicos e nas represas Bortolan e Saturnino de Brito.
Os materiais utilizados nas coletas foram:

Um recipiente inox (coletor com braço fixo);

Frascos de polietileno;

Frascos âmbar de capacidade de 500 mL

Equipamento de Proteção Individual (EPI) - (luvas de látex, óculos de segurança, máscara);

Um funil de alumínio;

Caixa de isopor com gelo;

Álcool etílico 70% para desinfecção dos materiais.
Nas análises das amostras das águas foram consideradas as possibilidades de detectarem a
presença ou não dos hormônios femininos naturais estradiol, estriol e estrona e o sintético
estinilestradiol.
4.1
Realização das Análises
Inicialmente o projeto para o desenvolvimento deste trabalho seria a realização das análises em
uma única fase e em um único laboratório, mas houve dificuldades para encontrar um
laboratório que realizasse as análises para os referidos hormônios em um nível de detecção
desejável. Além disso, os poucos laboratórios encontrados eram inviáveis considerando o alto
custo das análises e a logística de operação de coleta para as análises.
48
Diante do exposto, o Laboratório Bioagri Ambiental Ltda., localizado na cidade de PiracicabaSP, apresentou uma proposta com valores mais acessíveis, a qual foi aceita para a realização de
análises em seis amostras de águas.
No entanto, os resultados emitidos pelo referido laboratório foram apresentados em µg/L-1 e
como nesse nível é mais difícil detectar a presença de hormônios, optou-se então pela busca de
outro laboratório que realizasse as análises com nível de detecção em ngL-1, necessitando de
uma segunda fase de coletas.
Contatou-se o Prof. Dr. Gilberto De Nucci, médico e Professor em Farmacologia da Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (UNICAMP) e Professor do Departamento
de Farmacologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) e a
ele foi solicitada ajuda para a realização das análises da segunda fase de coletas. O Dr. Gilberto
prontamente se dispôs a ajudar e ofereceu para que as amostras fossem analisadas na Galleno
Research Centre, a qual ele dirige e está localizada na mesma cidade. Após o acordo, foi
solicitado que o número de amostras deveria ser 50 em frascos de 1,5 litros com réplica,
perfazendo um total de 100 amostras. Atendeu-se a solicitação e as amostras foram levadas até
a Galleno Research Centre. Porém, por problemas técnicos as análises não puderam ser
realizadas na Galleno, sendo providenciado para que as mesmas fossem levadas ao Centro de
Espectrometria de Massas Aplicada Ltda. - CEMSA, localizado em São Paulo – SP, onde
foram analisadas.
4.1.1 Primeira Fase da Coleta
Na primeira fase, coletaram-se amostras de águas de seis pontos: ETA III (afluente e efluente),
ETA V (afluente e efluente) e ETE Contorno (afluente e efluente). Estas coletas foram feitas
em fevereiro de 2013 e nesta ocasião as referidas ETA’s e ETE se encontravam em condições
normais de operação.
A Figura 10 demonstra pontos de amostragem da primeira fase de coleta.
49
FIGURA 10: Mapa da localização dos pontos da primeira fase da coleta
FONTE: Google Maps - modificado (2013).
Os dados descritivos dos pontos de coleta da primeira fase encontram-se na Tabela 3.
TABELA 3 – Dados descritivos da primeira fase da coleta
KIT
Descrição do Local
Data
Horário
Kit 1
ETE CONTORNO
20/02/2013
16:35
Kit 2
ETE CONTORNO
20/02/2013
16:40
Kit 3
ETA V
20/02/2013
17:00
Kit 4
ETA V
20/02/2013
17:06
Kit 5
ETA III
20/02/2013
17:40
Kit 6
ETA III
20/02/2013
17:45
FONTE: Dados da pesquisa, 2013.
Chuva 24h (S/N)
N
N
N
N
N
N
Observações
Afluente
Efluente
Afluente
Efluente
Efluente
Afluente
Para coletar as amostras do afluente da ETE Contorno, usou-se um frasco de polietileno de 500
ml (FIGURA 11) e em seguida transferiu-se para um recipiente de vidro âmbar de 500 ml,
conforme demonstra a Figura 12.
50
FIGURA 11: Primeira fase da coleta do
afluente da ETE Contorno
FONTE: arquivo pessoal, 2013.
FIGURA 12: Afluente ETE Contorno
FONTE: arquivo pessoal, 2013.
Na coleta de amostra do efluente da mesma ETE Contorno, utilizou-se um coletor com braço
fixo e longo devido à altura do ponto de coleta como mostra a Figura 13.
FIGURA 13: Primeira fase da coleta do efluente da ETE Contorno
FONTE: arquivo pessoal, 2013.
Nas coletas amostrais da ETA V e da ETA III inicialmente também foram usados frascos de
polietileno, no entanto, as amostras dos afluentes quanto as dos efluentes foram transferidas
para os frascos âmbar para uma preservação adequada.
4.1.2 Segunda Fase da Coleta
Na segunda fase, repetiram-se os seis pontos de coleta da primeira fase (afluentes e efluentes
das ETA’s III e V, afluentes e efluentes da ETE Bortolan, como também coletaram-se amostras
de outros pontos da cidade e no seu entorno, nos dias 16, 17 e 18 de junho de 2013.
51
Para esta fase foram escolhidos pontos estratégicos da cidade de Poços de Caldas – MG, a
seguir:
Afluente e efluente das ETA's e ETE’s, para averiguar se há eficiência dos tratamentos dessas
estações quanto à remoção dos possíveis agentes;

Em três residências, localizadas uma em cada região de abastecimento das ETA’s, para
averiguação de possível poluição das águas após o abastecimento;

Em duas represas, Saturnino de Brito e Bortolan, que são os maiores pontos de captação das
ETA’s e de despejos de efluentes industriais;

Na água mineral engarrafada industrialmente e envasada com águas do fontanário Fonte
dos Amores, na cidade;

A montante e a jusante à suinocultura, no Córrego dos Metais e no córrego Ponte Alta
próximo a um frigorífico, para verificar se há poluição das águas por hormônios utilizados
nessas criações e processos industriais;

A jusante do Córrego do Moinho próximo ao aterro controlado da cidade de Poços de
Caldas;

Fontanários Afonso Junqueira (Fonte dos Amores), Biaggio Varallo (Bairro Vila Rica),
José Alves (Rua Assis Figueiredo com Avenida David Benedito Ottoni), Ipê (Bairro Jardim
Ipê) e Monjolinho (Bairro Monjolinho), pontos de águas de consumo direto da população;

Bebedouros públicos.
Na Tabela 4 constam as descrições das referidas coletas da segunda fase como: local, data,
hora, condições meteorológica e observações pertinentes ao processo de coleta, demonstrando
as ETA’s e ETE’s.
52
TABELA 4: Dados descritivos da segunda fase de coleta
Ponto
1
2
3
1EM
2SM
3EM
4SM
4
5EM
6SM
7EM
8SM
5
6
7
1ET
2ST
8
9
10
11
12
13
14
1EM
2SM
3EM
3SM
15
16
4SM
4EM
5EM
5SM
18
19
1ET
1ST
2ET
2ST
7ST
7ET
2SN
1EN
17
20
1EM
1SM
TORNEIRA
BEBEDOURO
Descrição do Local
Próximo à nascente do Córrego dos Metais
Após a Granja no Córrego dos Metais
Após o lixão no Córrego do Moinho
Entrada da ETA V - Água Bruta
Saída da ETA V - Água Tratada
Entrada da ETA III - Água Bruta
Saída da ETA III - Água Tratada
Rua Peru, 209, Jardim Quisisana
Entrada da ETA I - Água Bruta
Saída da ETA 1 - Água Tratada
Entrada da ETE II - Esgoto Bruto
Saída da ETE II - Esgoto Tratado
Ponte do Frigorífico
Fontanário Afonso Junqueira
Fontanário Biagio Varallo
Entrada ETE II - Esgoto Bruto
Saída ETE II - Esgoto Tratado
Rua Arnaldo Tavares
Fontanário José Alves
Fontanário Ipê
Rua Tupinambás
Rua Comendador João Afonso Junqueira, 388, aptp 43, Jardim dos Estados
Ponte do Frigorífico
Fontanário Monjolinho
Entrada ETA I - Água Bruta
Saída ETA I - Água Tratada
Entrada ETA III - Água Bruta
Saída ETA III - Água Tratada
Após o lixão no Córrego do Moinho
Represa Saturnino de Brito
Saída ETA V - Água Tratada
Entrada ETA V - Água Bruta
Entrada ETE II - Esgoto Bruto
Saída ETE II - Esgoto Tratado
Próximo à nascente do Córrego dos Metais
Após a Granja no Córrego dos Metais
Entrada ETA I - Água Bruta
Saída ETA I - Água Tratada
Entrada ETE II - Esgoto Bruto
Saída ETE II - Esgoto Tratado
Saída ETA V - Água Tratada
Entrada ETA V - Água Bruta
Saída ETE II - Esgoto Tratado
Entrada ETE II - Esgoto Bruto
Represa Bortolan
Água mineral envasada Poços de Caldas
Entrada ETE II - Esgoto Bruto
Saída ETE II - Esgoto Tratado
Torneira da Cozinha dos Servidores
Bebedouro da entrada do Prédio A
Data
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
16/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
17/jun
18/jun
18/jun
18/jun
18/jun
18/jun
Horário Chuva 24h (S/N)
08:00
N
08:25
N
10:30
N
11:25
N
11:35
N
09:50
N
09:55
N
10:10
N
12:05
N
12:09
N
12:30
N
12:40
N
15:45
N
16:00
N
16:15
N
17:20
N
17:15
N
18:00
N
18:20
N
18:40
N
06:25
S
06:00
S
08:00
S
08:50
S
08:40
S
08:30
S
09:10
S
09:15
S
09:30
S
09:45
S
10:00
S
10:05
S
12:30
S
12:40
S
S
S
15:00
S
15:10
S
13:30
S
13:45
S
17:45
S
17:50
S
19:00
S
19:15
S
10:45
S
11:00
S
08:00
S
08:15
S
13:00
S
13:15
S
Observações
Granja de suíno
Granja de suíno
Residência
Bortolan
Bortolan
Na Fonte dos Amores
Bairro Vila Rica
Bortolan
Bortolan
Filtro Santa Rosália
Filtro José Alves
Bairro Jardim Ipê
Bairro Vila Togni
Residência - ETA 1
Bairro Monjolinho
Lixão de Poços de Caldas
Bortolan
Bortolan
Bortolan
Bortolan
Bortolan
Bortolan
Bortolan
Bortolan
FONTE: dados da pesquisa, 2013.
As amostras foram acondicionadas em freezer e enviadas para o laboratório.
Nas coletas foram utilizados os procedimentos de acordo com as referências e critérios das
Normas Brasileiras Registradas (NBR 9898), preservações e técnicas de amostragem para
efluentes líquidos e corpos receptores da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
53
Na NBR 9898 ainda não constam as orientações quanto às coletas e o armazenamento de águas
especificamente quando o objetivo das análises é a detecção de hormônios.
A Figura 14 e 15 mostram os procedimentos de coletas do efluente e afluente da ETE Bortolan,
respectivamente.
FIGURA 14 – Efluente Bortolan
FONTE: arquivo pessoal, 2013.
FIGURA 15 – Afluente Bortolan
FONTE: arquivo pessoal, 2013.
Os materiais utilizados para a coleta das amostras de águas na segunda fase foram os mesmos
da primeira. Salientando que coletaram 50 amostras de 1,5 litros cada e mais 50 em duplicatas,
totalizando 100 amostras.
A Tabela 5 especifica as localizações dos pontos de coleta da segunda fase.
54
TABELA 5 – Dados dos pontos da segunda fase de coleta
Nº Mapa
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
Local
Lixão
Após Granja SP
Nascente Metais
UNIFAL
Represa Bortolan
ETE 2
Rua Tupinambás
Frigorífico Tamoyo
Fontanário Biagio Varallo
Fontanário Afonso Junqueira
Água mineral envasada Poços de Caldas
Fontanário José Alves
Rua Comendador João Afonso Junqueira
Rua Armando Sales
Fontanário Monjolinho
Rua Peru
Represa Saturnino de Brito
Fontanário Bosque Ipê
ETA V
ETA I
ETA III
Latitude (°)
-21° 53' 13.37"
-21° 52' 12.76"
-21° 52' 36.34"
-21° 49' 12.00"
-21° 46' 51.01"
-21° 46' 43.25"
-21° 47' 0.39"
-21° 47' 47.59"
-21° 46' 51.82"
-21° 46' 48.46"
-21° 46' 50.70"
-21° 46' 40.83"
-21° 47' 3.57"
-21° 46' 52.94"
-21° 47' 37.60"
-21° 47' 51.07"
-21° 49' 3.15"
-21° 48' 2.04"
-21° 50' 0,97"
-21° 47' 17,25"
-21° 48' 37,58"
Longitude (°) Altitude (m)
-46° 34' 14.21"
1.270
-46° 40' 27.74"
1.221
-46° 40' 42.36"
1.239
-46° 39' 44.69"
1.239
-46° 38' 6.89"
1.244
-46° 37' 36.42"
1.244
-46° 36' 6.94"
1.208
-46° 30' 12.67"
1.308
-46° 35' 10.69"
1.237
-46° 34' 13.06"
1.249
-46° 34' 15.41"
1.248
-46° 33' 51.24"
1.263
-46° 33' 16.53"
1.223
-46° 32' 21.52"
1.326
-46° 33' 23.10"
1.248
-46° 33' 59.09"
1.268
-46° 32' 59.12"
1.273
-46° 32' 42.18"
1.301
-46° 36' 6,10"
1.262
-46° 33' 41,66"
1.302
-46° 34' 3,99"
1.342
FONTE: dados da pesquisa, 2013.
A Figura 16 ilustra a representação dos pontos de coleta no município de Poços de Caldas, MG,
descritos na Tabela 5.
FIGURA 16: Mapa da localização dos pontos da segunda fase da coleta
FONTE: Google maps modificado (2013).
55
4.2
Metodologia da Análise dos Hormônios
4.2.1 Primeira Fase
As seis amostras da primeira fase foram coletadas e enviadas ao laboratório Bioagri Ambiental
Ltda. e analisadas conforme a última versão do Standard Methods, SVOC normal, baseada no
EPA 8270D.
Os procedimentos para a análise dos compostos foram: extração, concentração dos extratos e
análises dos compostos. O processo de extração consistiu nas seguintes etapas:

Retirou-se a amostra da geladeira e esperou-se até que fosse atingida a temperatura
ambiente;

Em funil de separação de 2,0 L, adicionou-se 1,0 L da amostra;

Conferiu-se o PH por meio de fita universal e anotou-se o resultado no livro de registro.
Este devia estar na neutralidade (PH = 7) e, para os casos em que não estavam, foram
corrigidos com soluções de NaOH ou H2SO4;

Adicionou-se 60 mL de diclorometano e agitou-se vigorosamente por no mínimo 1 minuto,
tomando-se o cuidado de abrir periodicamente o funil para a saída dos gases formados;

Transferiu-se a fase orgânica para um balão de fundo chato, passando por um funil de
transferência contendo papel de filtração rápida e sulfato de sódio;

Repetiu-se a adição de diclorometano e filtração em sulfato de sódio;

O PH foi corrigido para ≤ 2 com ácido sulfúrico;

Repetiu-se mais duas vezes a adição de diclorometano e filtração em sulfato de sódio;

A fase aquosa foi descartada e a fase orgânica recolhida no balão de fundo chato.
A concentração dos extratos consistiu nos seguintes passos:

Concentrou-se a fase orgânica num volume aproximado de 1 mL no rota evaporador com
banho a 45ºC ou no concentrador automático Buchi, no programa 5 (temperatura da base a
60ºC e temperatura da tampa 70ºC);

Transferiu-se o extrato para um vial de 2 mL com auxilio de uma pipeta;
56

Lavou-se muito bem o balão com diclorometano e transferiu-se novamente para o vial de 2
mL;

Concentrou-se a fase orgânica até 1 mL com fluxo baixo de gás inerte (TecVap), com muito
cuidado, pois se o volume fosse reduzido demais, poder-se-ia perder alguns compostos;

Os extratos foram armazenados em vial de 2 mL, devidamente identificados;

Conservaram-se os extratos refrigerados até o momento que que foram levadas para o
equipamento de análise.
As análises dos compostos foram realizadas em cromatógrafo gasoso acoplado a espectrômetro
de massas (Agilent, modelo do GC 6890 e massas 5975), com a coluna cromatográfica e fase
5% fenilmetilsiloxano – 20 m; ID 180 µm; Film 0,18 µm (agilent-db5-MS) e todos os padrões
de referência dos interferentes (puros ou em solução) adquiridos comercialmente, devidamente
certificados e armazenados em freezers, com temperaturas ≤ -10ºC. As soluções preparadas
são armazenadas da mesma maneira.
Não foram realizadas análises para o hormônio estriol nesta fase devido a falta de um padrão
de referência.
O controle de qualidade da análise, conforme recomendação do método foi feito por meio do
branco LCS e checagem de curva de calibração do equipamento.
As condições cromatográficas foram:

Volume injetado: 2 uL;

Forno da coluna;

Temperatura inicial: 60°C;

Tempo inicial: 2 min;

Tempo de execução: 16,17 min;

Superfície de entrada;

Modo: injector de vaporização

Temperatura inicial: 250 oC;

Fluxo (constante): 1 mL/min;

Tipo do gás: Hélio.
57
4.2.2 Segunda Fase
As análises de 17--estradiol, estriol e 17--etinilestradiol, foram realizadas pelo método de
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à espectrometria de massas (CLAEEM/EM), com base nos padrões do Standard Methods. Segundo informações desse laboratório,
por motivos técnicos, não foi possível efetuar a análise do hormônio estrona.
4.2.2.1

Equipamentos, Reagentes e Padrões Analíticos Utilizados
CLAE (Bomba binária, degaseificador e forno de coluna), modelo Agilent 1200, marca
Agilent Technologies;

Injetor automático modelo Agilent 1200, marca Agilent Technologies;

Espectrômetro de massas, modelo 5500 QTRAP, marca AB Sciex;

Fonte modelo APCI, marca AB Sciex;

Programa de aquisição de dados modelo Analyst 1.5.2, marca AB Sciex.

Metanol, marca J.T.Baker, especificação grau CLAE

Água, marca Millipore, especificação tipo 1;

Ácido fórmico marca Sigma-Aldrich especificação Grau LC-MS;

Padrões analíticos: 17--estradiol, estriol e 17--etinilestradiol, ambos da marca SigmaAldrich, especificações de analito.
4.2.2.2
Preparação de Amostras
As amostras foram filtradas utilizando filtro 0,45 µm (Millipore), trocando o filtro entre cada
amostra. Após filtração as amostras foram passadas em coluna de fase sólida.
Em um suporte foram colocadas as colunas abertas a qual contém a fase sólida (Oasis) para
eluição. Em seguida foram adicionados 5 mL de metanol e 5 mL de metanol/água (90:10) para
acondicionar as colunas.
Adicionou-se 7 mL de cada amostra nas colunas repetindo por 29 vezes. Lavou-se as colunas
com 5 mL de metanol/água (90:10). A eluição das amostras foi feita com 5 mL de diclometano
/ metanol (60:40). Após eluição as amostras foram secas em nitrogênio a 25 º C por 20 minutos.
58
Todas as amostras foram recebidas em tubo de ensaio (resíduo de SPE seco) e foram mantidas
refrigeradas (4ºC) até o momento das análises.
Então, todas as amostras secas foram reconstituídas com 0,200 mL (200 L) da solução
metanol: água na proporção 50h50min (v/v) e analisadas no CLAE-EM/EM.
4.2.2.3
Condições Cromatográficas e de Espectrometria de Massas
As condições da análise de CLAE estão expressas nas Tabelas 6 e 7. As condições de ionização
e parâmetros de Multiple Reaction Monitoring (MRM) encontram-se nas Tabelas 8 e 9.
TABELA 6: Condições de análise da CLAE
Coluna
:KINETEX C18 50x2.1mm 2.6µm
Fase móvel (A)
:H2O Tipo I + 0.1 % Ácido Fórmico (v/v)
Metanol + 0.1 % Ácido Fórmico (v/v)
Fase móvel (B)
Temperatura da coluna
:45°C
Fluxo
:0,550 mL min-1.
Volume de injeção
:5 µL
Tempo de corrida
:3 min.
Solução para lavagem de agulha :ACN:H2O (60:40) (v/v)
FONTE: CEMSA – Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
TABELA 7: Eluição Isocrática CLAE.
Tempo
%A %B
(min.)
0.0
50
50
0
3.0
50
50
1
FONTE: CEMSA – Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
Etapas
TABELA 8: Parâmetros de MRM, modo positivo
Parâmetros – Modo
Compostos
Valores
Positivo
Monitorados
17 alfaCurtain Gas
25
etinilestradiol
Needle Current (NC)
4
Estriol
Source Temp.
550 ºC
17 beta-estradiol
Íon
Precursor
[M+H –
H2O]+
[M+H –
H2O]+
[M+H –
H2O]+
Q1
279.3
271.2
255.0
Gas 1 (nebulizer)
40 a.u.
Gas 2 (aux.)
30 a.u.
FONTE: CEMSA – Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
TABELA 9: Parâmetros de Multiple Reaction Monitoring(MRM), modo positivo
Compostos monitorados Íon precursor
Q1
Q3
17α-etinilestradiol
[M + H – H2O]+ 279.3 133.2
159.2
Q3
133.2
159.2
133.0
159.0
133.0
159.0
59
Estriol
[M + H – H2O]+
371.2
133.0
159.0
17β-estradiol
[M + H – H2O]+ 255.0 133.0
159.0
FONTE: CEMSA – Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
60
5. RESULTADOS E DISCUSS ÃO
5.1
Resultados Primeira Fase
Na primeira fase coletaram-se as águas de seis pontos no munícipio de Poços de Caldas para
investigação dos hormônios femininos estradiol, estrona e estriol e o sintético etinilestradiol.
As amostras foram enviadas ao Laboratório Bioagri Ambiental Ltda. para serem analisadas. O
procedimento de coleta foi descrito no Capítulo 4 – Processos Metodológicos.
As Tabelas 10 e 11 mostram os resultados do Kit 1 - ETE Contorno – afluente e Kit 2 - ETE
Contorno – efluente. Os Kits são especificações utilizadas pelo Laboratório Bioagri para
identificar as amostras.
TABELA 10: Tabela descritiva dos resultados da primeira coleta do Kit 1 – ETE Contorno – Afluente
FONTE: Bioagri Ambiental Ltda. (2013)
61
TABELA 11: Tabela descritiva dos resultados da prime ira coleta do Kit 2 – ETE Contorno –
efluente
FONTE: Bioagri Ambiental Ltda. (2013).
Conforme as Tabelas 10 e 11, para as amostras coletadas na ETE contorno (Kit 2), afluente e
efluente, respectivamente, nenhum destes hormônios foi encontrado em concentrações maiores
que 1µg/L-1. No entanto, detectou-se a presença da cafeína que apesar de não ter sido o objetivo
do projeto, é uma substância vista com certo cuidado pelos estudiosos por ser considerada
indicadora da qualidade dos mananciais e do tratamento de água. Ela pode ser encontrada em
fármacos, refrigerantes, chás, bebidas a base de café, bebidas energéticas e produtos de higiene
pessoal (SANTANA, 2013).
A presença da cafeína na água tratada pode indicar que outros poluentes químicos também não
tenham sido eliminados no processo de tratamento. Essa substância consta em diversos
trabalhos de monitoramento de água no Brasil e alguns pesquisadores justificam relacionar o
hábito populacional em consumir substâncias com alto teor de cafeína, como a erva mate
(chimarrão), muito usada em Porto Alegre – Rio Grande do Sul, mas ainda necessitando de
mais estudos comprobatórios (SANTOS 2012).
O Conselho da Associação Médica dos Estados Unidos em Assuntos Científicos (American
Medical Association on Scientific Affairs) recomenda consumo moderado da cafeína em até
62
250mg ao dia (GARDINALI; ZHAO, 2002). A cafeína não é vista como substância suspeita de
agir interferindo no sistema endócrino e não se conhece seus efeitos na biota, mas em alguns
casos ela foi associada à elevada concentrações de nitrato no meio aquático (CHEN et al., 2002
citado por RAIMUNDO, 2007), como também à presença de coliformes totais, por vezes
usados como traçador de contaminação fecal (PIOCOS E DE LA CRUZ, 2000, citado por
RAIMUNDO, 2007). Isso justificaria a utilização da cafeína em muitos estudos como traçador
de atividades humanas.
As substâncias descritas nas Tabelas 10 e 11 (colesterol, coprostanol, estigmasterol,
dibutilfitalato e colestanol) não foram substâncias previamente definidas para análise, mas deve
se considerar como sendo sugestivas de atenção pela forma e concentração que apareceram nas
amostras e por serem substâncias de crescente presença no meio ambiente indicando poluição
de resíduos medicamentosos.
Para as análises do Kit 3 – ETA V – afluente, Kit 4 – ETA V – efluente, Kit 5 – ETA III –
efluente e Kit 6 ETA III – afluente também não foram encontrados os hormônios femininos
estradiol, estrona e estriol e o sintético etinilestradiol além das substâncias encontradas no Kit 1
e 2.
Os resultados completos referentes aos Kits 3, 4, 5 e 6 da primeira fase (Laboratório Bioagri
Ambiental Ltda.), encontram-se no Anexo C.
5.2
Resultados da Segunda Fase
Os resultados da segunda fase para investigação dos hormônios naturais estradiol e estriol e o
sintético etinilestradiol em Poços de Caldas foi expedido pelo Centro de Espectrometria de
Massas Aplicada Ltda. (CEMSA), conforme as descrições.
A Figura 17 representa o resultado do Cromatograma obtido por meio da Amostra 1 (Branco
em água extraída). Os hormônios utilizados como padrões para as análises de cada amostra
estão representados em cores descritas na legenda. Nesta análise não houve elevação de pico
para nenhum dos hormônios investigados, concluindo a ausência deles na amostra.
63
FIGURA 17 – Cromatograma obtido para Amostra 1 (Branco em água extraída).
FONTE: CEMSA – Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
Cores Legenda:
A Figura 18 mostra a solução mista dos três hormônios (15ng mL-1). Para o hormônio Estriol
(Tr.: 0.60 min), 17 beta-estradiol (Tr.: 2.05 min) e 17 alfa-etinilestradiol (Tr.: 2.21).
FIGURA 18 – Cromatograma obtido após injeção da solução mista dos três hormônios
(15ng mL -1 ) em Metanol: H 2 O (50:50).
FONTE: CEMSA – Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
Para análise da curva analítica em solvente foram preparados 6 pontos de concentração em
solvente (metanol: água 50:50 v/v) de cada hormônio avaliado, cuja faixa de trabalho aplicada
64
foi o intervalo de 2,5 ng mL-1 a 100 ng mL-1. A Tabela 12 mostra o resultado obtido a partir da
curva analítica (solvente).
TABELA 12 – Curva Analítica (solvente)
17β-etinilestradiol (279>133)
17β-estradiol (255>159)
Ponto
conc. (ng/mL)
Área (cps)
Área (cps)
P1
2.5
1.56E+04
N/D
P2
5
2.91E+04
3.31E+04
P3
15
7.78E+04
9.21E+04
P4
35
1.84E+05
2.19E+05
P5
50
2.78E+05
3.25E+05
P6
100
5.40E+05
6.19E+05
FONTE: CEMSA – Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
Estriol (271>133)
Área (cps)
N/D
N/D
3.59E+04
6.88E+04
1.09E+05
2.05E+05
A Figura 19 ilustra de forma clara os pontos, a concentração e as áreas dos hormônios da Curva
Analítica (solvente).
Curva Analítica (solvente)
7.00E+05
6.00E+05
y = 6206.x + 3387.
R² = 0.999
Area (cps)
5.00E+05
y = 5409.x + 257.2
R² = 0.999
4.00E+05
3.00E+05
17B-Etinilestradiol
17B-Estradiol
2.00E+05
y = 2014.x + 3843
R² = 0.996
1.00E+05
Estriol
0.00E+00
0
20
40
60
80
100
120
conc. (ng/mL)
FIGURA 19 – Curva analítica (solvente)
FONTE: CEMSA – Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
A Figura 20 mostra os resultados das amostras que foram injetadas conforme a lista de pontos
de coletas enviada para o laboratório. Considerou para amostra 14 o mix estradiol,
etinilestradiol e estriol 20 ng/L em água extraída.
65
FIGURA 20 – Cromatograma representativo da Amostra 14
FONTE: CEMSA – Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
Observa-se para os resultados apresentados no Cromatograma acima, ter havido vários ruídos
os quais podem ter surgido como consequência da presença de substâncias diferentes daquelas
que se pretendeu investigar e estas terem causado interferências nos compostos que eram o foco
da pesquisa.
A Figura 21 demonstra o resultado da amostra 37 (pós-granja – Córrego dos Metais), na qual
detectou-se a presença do hormônio estriol, representado pela elevação do pico.
FIGURA 21 – Cromatograma representativo da Amostra 37 – 2 – Pós-Granja (Córrego dos
Metais)
FONTE: CEMSA – Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
66
A Tabela 13 mostra o resultado completo das amostras analisadas na segunda fase pelo Centro
de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda. (CEMSA). Esclarecendo que as abreviações
representam entrada e saída de água ou esgoto nos períodos da manhã, tarde e noite. SM= saída
manhã, EM= entrada manhã, ET= entrada tarde, ST= saída tarde e SN= saída noite.
TABELA 13: Resultados das amostras analisadas
Nº
Amostra
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
Descrição da
amostra
8 - Rua Armando
Tavares
2 - ET - Entrada
esgoto bruto
2 - SM - Saída água
tratada ETA – 5
5 - EM - Entrada
esgoto bruto
19 - Pós - granja
(Córrego dos
Metais)
EM - Saída água
tratada ETA -5
4 - Perv, 209 –
Quisisana
20 - Água mineral
industrializada
18 - Próxima
nascente (Córrego
dos Metais)
6 - Fontanário
Afonso Junqueira
7 - ST - saída água
tratada ETA -5
12 - Rua Comend.
J. A. Junqueria
11 - Rua
Tupinambás, 210
10 - Fontanário Ipê
17 - Represa
Bortolan
9 - Fontanário José
Alves
1 - Próxima
nascente (Córrego
Metais)
14 - Fontanário
Monjolinho
4 - SM - Saída água
tratada ETA -3
5 – Córrego Ponte
Alta- Frigorífero
7 - Fontanário
Biagio Varalo
1 - EM - Entrada
esgoto bruto
1 - EM - Entrada
água bruta ETA -5
Estriol
Conc.
(ng/L)
17β Estradiol
Conc.
(ng/mL)
17 αEtinilEstradiol
Conc.(ng/mL)
N/D
N/D
N/D
N/D
N/D
N/D
N/D
N/D
N/D
17BEstriol
Area
17B-Etinil
Estradiol
Area
-
-
-
-
-
N/D
-
-
-
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
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N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
Estriol
Area
-
67
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
1 - EM - Entrada
esgoto bruto
3 - SM - Saída água
tratada ETA – 3
13 –Córrego Ponte
Alta- frigorífico
5 - SM - Saída água
tratada
4 - SM - Saída água
tratada ETA -5
7 - EM - Entrada
esgoto bruto
5 - EM - Entrada
água bruta ETA 1
Bebedouros
públicos
2 - SM - Saída água
tratada
16 - Represa
Saturnino Brito
15 - Pós –Córrego
do Moinho
3 - EM - Entrada
água bruta ETA – 3
7 - ET - Entrada
água bruta ETA – 5
2 – Pós- Granja
(Córrego dos
Metais)
Bebedouros
públicos
1 - ST - Saída água
tratada ETA – 1
1 - EM - Entrada
água bruta ETA -1
1 - ET - Entrada
água bruta ETA – 1
2 - SN - Saída
esgoto tratado
1 - ET - Entrada
esgoto bruto
3 - Pós - aterro
(Córrego do
Moinho)
3 - SM - Entrada
água bruta ETA 3
8 - SM - Saída
esgoto tratado
1 - SM - Saída
esgoto tratado
2 - ST - Saída
esgoto tratado
2 - ST - Saída
esgoto tratado
6 - SM - Saída água
tratada ETA – 1
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
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-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
16.300
N/D
N/D
36.716,5
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
N/D
N/D
N/D
-
-
-
-
-
-
N/D
N/D
N/D
Fonte: CEMSA – Centro de Espectrometria de Massas Aplicada Ltda.
Observam-se na Tabela 13 os resultados para as amostras de águas coletadas nas residências,
bebedouros públicos bem como na água engarrafada industrialmente, fontanários, águas das
68
represas Saturnino de Brito e Bortolan, Córrego do Moinho, Córrego Ponte Alta, afluente
Córrego dos Metais, ETE - Bortolan e ETA’s. Não houve a detecção da presença dos
hormônios naturais estriol, estradiol e o sintético etinilestradiol investigados para concentrações
superiores a 1 ngL-1. Porém, em uma das amostras do efluente Córrego dos Metais (após a
granja de suínos) no entorno de Poços de Caldas, destacada na Tabela 13 (Amostra 37),
verificou-se a presença do hormônio estriol na concentração de 16.300 ngL-1. O estriol foi
detectado somente para esta amostra devido a sua alta concentração. Sua ausência na outra
amostra (Amostra 5, mesmo ponto de coleta da Amostra 37) pode ser justificada pela presença
dos ruídos, de acordo com o cromato-grama da Figura 20, como impedimento para não ter sido
detectado o mesmo hormônio, como também dos outros hormônios investigados.
Avaliando o método de preparação e análise verificou-se que o cromatógrafo não foi
padronizado para identificar os micropoluentes que estavam presentes nas amostras da primeira
fase (resíduos fármacos). No entanto, sabe-se que a presença deles nas últimas amostras
analisadas podem ter gerado os muitos ruídos que apareceram, sendo considerado grande
obstáculo para a identificação das substâncias hormonais no nível de detecção desejado.
Mesmo algumas substâncias tendo sido encontradas em baixos níveis, vale lembrar que os
autores reforçam a preocupação com a presença desses hormônios, pois eles podem atingir os
mananciais e água potável em concentrações acima de 1 ngL-1, dose mínima para causar efeitos
biológicos.
Em uma conversa informal com vizinhos próximos da granja de suínos, os mesmos relataram
que já houve várias reclamações, com a presença da mídia e atuação da CETESB ( pelo fato do
referido entorno pertencer ao Estado de São Paulo). Foi informada também, a ocorrência de
descargas regulares do efluente sem tratamento, gerando um odor insuportável, além é claro, da
poluição da água. Isto pode ainda justificar a ausência do Estriol na Amostra 5 quando
comparada com a Amostra 37, as quais foram coletadas em dias diferentes e neste dia pode
não ter ocorrido a descarga do mesmo.
O processo de excreção dos hormônios por esses animais normalmente ocorre em sua maioria
pela urina. No entanto, como a granja tem matrizes para reprodução dos mesmos, de acordo
com a literatura, durante o período de gestação das fêmeas ocorre um aumento significativo na
produção de hormônios, que também são excretados pela urina e em uma quantidade muito
69
superior, excretados durante o parto, aumentando a concentração dos hormônios no efluente
gerado.
Quanto a interferência pluviométrica, acredita-se que não foi um fator relevante na detecção
dos hormônios investigados, pois as coletas das amostras foram realizadas no mês de Junho,
onde a precipitação é baixa, não contribuindo para a diluição dos hormônios nos corpos d’água.
5.3
Verificação das Políticas Públicas e de Medidas de Prevenção da Poluição
por Hormônio em Poços de Caldas
5.3.1 Segregação de Resíduos Medicamentosos
As substâncias encontradas nas amostras da primeira fase (o colesterol, coprostanol,
ibuprofeno, pentaclorofenol, estigmasterol, dibutilftalato e colestanol) podem ser em
decorrência do aumento no uso dos produtos medicamentosos, principalmente os que são
vendidos sem prescrição médica, o que faz aumentar a presença dos seus resíduos em corpos
d’água. As técnicas analíticas mais sensíveis os detectam até em ngL-1 e os pesquisadores veem
estudando a origem, o destino e seus efeitos adversos a biota.
Muitos desses fármacos após ministrados são excretados por meio das fezes e urina em uma
mistura contendo o medicamento que não foi metabolizado pelo organismo e seus metabólitos.
Por exemplo, para o ibuprofeno, apenas 15% do que foi ingerido é eliminado na forma original
enquanto 26% são excretados nas formas hidroxi-ibuprofeno e 43% como carboxi-idrupofeno
(Weigel et al., 2004 citado por Raimundo, 2007). Pouco se sabe sobre as rotas dos fármacos no
ambiente, mas os esgotos domésticos e hospitalares são as principais fontes de contaminação,
sobretudo de matrizes aquáticas. Entre as substâncias citadas, não se observou atividades
estrogênicas, mas a maneira como os resíduos medicamentosos vêm aumentando é motivo de
preocupação, necessitando assim de medidas preventivas como a segregação e disposição final.
Os novos padrões de consumo da sociedade industrial fez crescer a produção de resíduos de
diversos produtos sem que a natureza possa absorvê-los. Os descartes inadequados dos resíduos
medicamentosos colocam em riscos os recursos naturais, e compromete as gerações futuras.
O conhecimento das autoridades envolvidas bem como da população em geral, sobre a
segregação de resíduos medicamentosos e a disposição destes na forma adequada, é o primeiro
70
passo para a prevenção e eliminação dos resíduos fármacos no ambiente aquático. Alves (2007)
após a sua pesquisa, concluiu a falta de conhecimento e orientação da população em relação aos
descartes dos medicamentos, sugerindo campanhas e políticas públicas de conscientização e
informações à população, sobre a forma correta do destino destas substâncias. Além disso,
pode-se verificar que o maior consumo de medicamentos é da classe A e B, pelo seu maior
poder aquisitivo, o que de certa forma facilitaria a conscientização da problemática causada
pela não segregação dos resíduos medicamentosos e a aplicação de políticas públicas como
meio de atenuar o problema (FEBRAFARMA (2004) apud RODRIGUES, 2009).
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) os resíduos são
classificados conforme as suas características e os possíveis riscos que podem causar a saúde
dos seres e ao meio ambiente. Os resíduos medicamentosos estão classificados no grupo B, por
acarretar riscos já descritos e ainda considerando suas características de inflamabilidade,
corrosividade,
reatividade
e
toxicidade
(CENTRO
DE
INFORMAÇÕES
SOBRE
MEDICAMENTOS DO RIO GRANDE DO SUL – CIM-RS, 2011).
A segregação dos resíduos medicamentosos é de fundamental importância para evitar a
poluição do ambiente aquático. Na resolução da ANVISA RDC-306/04 consta a exigência de
documentos direcionados aos estabelecimentos de saúde para cumprirem as exigências
seguindo as orientações estipuladas. Dentre elas constam não só a segregação, mas também a
geração, o acondicionamento, coleta, manejo dos resíduos sólidos, observação das
características e os riscos, armazenamento, transporte e disposição final. Portanto, é necessário
que os responsáveis pelos órgãos geradores de resíduos nos serviços de saúde e outros,
implantem Programas de Gerenciamento para esses resíduos bem como sistemas de orientações
a população quanto ao uso indiscriminado de medicamentos e descartes apropriados.
Destacando que no Brasil são gerados 120 mil toneladas de lixo ao dia e deste total 1 a 3% é de
origem de estabelecimentos de saúde, e ainda, deste total de 10 a 25% oferecem riscos ao meio
ambiente e a saúde da população (ANVISA, 2006 apud RODRIGUES, 2009).
Uma opção para diminuir a quantidade de resíduos medicamentosos é o fracionamento de
remédios, pois permite o consumo na quantidade e dose certas e consequentemente promove o
uso racional de medicamentos (CIM-RS, 2011).
Segundo informações obtidas por meio da Prefeitura Municipal de Poços de Caldas não possui
um gerenciamento de serviços para a coleta seletiva dos resíduos fármacos. É a Secretaria de
71
Saúde quem se responsabiliza pela coleta desses resíduos nas instituições de saúde e o seu
destino final. A cidade também não possui programas de conscientização e segregação dos
resíduos medicamentosos junto à população do município, fatores estes de fundamental
necessidade mediante comprovações das condições de saneamento e disposição dos resíduos
sólidos domésticos, industriais e hospitalares (PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇOS DE
CALDAS, 2012).
De acordo com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) as destinações finais dos
resíduos sólidos nos munícipios de Minas Gerais, estão conforme o mapa ilustrado na Figura
22.
FIGURA 22 – Situação da disposição final dos resíduos sólidos urbanos em Minas Ger ais em
2010
FONTE: FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – FEAM, 2010.
Legenda:
72
Minas Gerais possui 853 municípios e destes 311 possuem lixões, 60 municípios possuem
aterro sanitário, l município possui aterro sanitário não regularizado, 8 municípios possuem
aterro sanitário/usina de triagem e compostagem regularizados, 112 municípios possuem usina
de triagem e compostagem regularizada, 15 municípios possuem usina de triagem e
compostagem não regularizada, 288 municípios possuem aterro controlado, 3 municípios
possuem seus lixões fora do estado de Minas Gerais e 55 municípios possuem Autorização
Ambiental de Funcionamento (AAF) em verificação. Na Figura 22 pode se observar que Poços
de Caldas é a cidade em destaque e segundo classificação da FEAM (2010) o município possui
aterro controlado.
5.4
Aterro Controlado
Como a cidade de Poços de Caldas não possui um programa de segregação dos resíduos
medicamentosos e que os mesmos tem como destino final o aterro controlado evidencia-se o
impacto que isso pode ocasionar nos solos e consequentemente nos corpos hídricos.
Alguns estudos de diagnósticos no aterro existente, utilizando algumas técnicas geofísicas
como sondagens por caminhamento dipolo-dipolo, constatou infiltração de chorume o qual
diminui a resistividade da zona saturada. Os períodos de chuvas são críticos, pois ocorrem
maiores penetrações das águas nos resíduos que interagindo com estes geram mais chorume e
consequentemente maiores riscos destes atingirem as águas subterrâneas (ELIS, 2008). Isso
demonstra a capacidade de infiltração não só do chorume mas também do lixiviado, o que
acarreta na contaminação do solo e também dos corpos d’água.
No diagnóstico realizado por Medeiros et al. (2009) no aterro do município de Poços de Caldas
também foi constatado que os resíduos sólidos urbanos continuam sendo dispostos a céu
73
aberto, além do local encontrar-se em estado de degradação. Verificou-se ainda que no aterro
do município não existe um sistema de drenagem pluvial o que faz aumentar o risco de
lixiviação e estes atingirem os cursos d’água.
As Figuras 23 e 24 ilustram, respectivamente, os resíduos fármacos descartados no referido
aterro e o escoamento do chorume em direção ao Córrego do Moinho, próximo ao local.
As Figuras 23 e 24 evidenciam a situação de degradação que o aterro se encontra, como
também os riscos de poluição e desequilíbrio do ambiente.
FIGURA
23
–
Lixos
medicamentosos
descartado no aterro controlado de Poços de
Caldas
FONTE: MEDEIROS et al. 2009.
Figura 24 – Escoamento do chorume em
direção ao Córrego do Moinho próximo ao
no aterro controlado de Poços de Caldas
FONTE: MEDEIROS et al. 2009.
Com a finalidade de verificar e comparar a situação atual do aterro controlado de Poços de
Caldas com as fotos de Medeiros et al. (2009), foi feita uma visita ao aterro e as Figuras 25 e
26 demonstram situação do local.
74
FIGURA 25 – Aterro controlado de Poços de
Caldas
FONTE: arquivo pessoal, 2013.
FIGURA 26 – Aterro controlado de Poços de
Caldas
FONTE: arquivo pessoal, 2013.
As fotos foram feitas no dia 05 de outubro de 2013 próximas ao aterro, pois o portão de acesso
encontrava-se fechado. O visual das últimas fotos não difere muito das anteriores e vistas ao
longe não se podem identificar os tipos de resíduos dispostos atualmente.
O que caracteriza um aterro controlado, é que o lixo deve ser coberto por camadas de terra
podendo ser misturada a entulhos, a cada disposição dos lixos. As camadas devem cobrir todo o
lixo depositado e logo em seguida fazer o trabalho de compactação com o auxílio de um trator,
evitando assim o mau cheiro, a presença de alguns insetos como as moscas, também dos ratos e
urubus.
A Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB) esclarece que a confecção
dos aterros deve seguir estudos de engenharia que adotam critérios importantes para que esses
aterros sejam seguros quanto à defesa do meio ambiente e corpos d’água (CETESB, 2008).
Porém pode se observar pelas fotos, que o aterro da cidade de Poços de Caldas não condiz com
um aterro controlado, pois o lixo não se encontra totalmente coberto e a compactação das
camadas não estão conforme o recomendado. Além dos outros agravantes, a preocupação maior
é com a infiltração do chorume o qual polui o solo e os corpos hídricos. Especificamente neste
aterro, constatou-se que parte do chorume gerado tem descarte direto no Córrego do Moinho.
Observa-se que do lado sul do aterro existe uma plantação de eucaliptos, onde há pouco lixo
exposto e a maioria está envolto pela terra, mas o cheiro ainda é característico de um lixão. Os
75
resíduos que puderam ser observados foram os vindos de construção civil, muitos plásticos,
resíduos eletrônicos e domésticos. Pelo que foi constatado pode-se verificar que o aterro
municipal de Poços de Caldas não se enquadra como aterro controlado por não se encontrar nos
padrões recomendados.
Firmando a urgência para a execução do aterro sanitário, a cidade necessita elaborar Planos
Municipais de Gerenciamentos Integrados de Resíduos Sólidos Urbanos, incluindo os
medicamentosos, como também projetos para que o Aterro Sanitário possa acolher estes
resíduos e que os sistemas sejam sustentáveis. Para tanto, terão que se dispor de uma equipe
técnica composta por profissionais da área de Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental na
condução dos trabalhos.
A Prefeitura Municipal de Poços de Caldas informou que já foi assinado um acordo junto a
Promotoria denominado Termo de Ajuste de Conduta (TAC), constando que se deve construir
um aterro sanitário com a previsão de estar concluído em 2016. A construção será em frente ao
aterro controlado existente localizado na Rodovia BR 146 que liga as cidades de Poços de
Caldas e Andradas, no município de Poços de Caldas, a cerca de 12 Km da área urbana de
Poços de Caldas, à margem do córrego do Retiro dos Moinhos, na bacia do Rio das Antas.
5.5
ETA’s e ETE’s
O Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) da cidade de Poços de Caldas-MG,
possui atualmente três estações de tratamento de água em funcionamento. A ETA I, ETA III e a
ETA V e todas são dotadas de um mesmo sistema: cloração, floculação, decantação, filtração e
fluoretação (DMAE, 2012).
Mesmo na amostragem e análise de hormônios neste trabalho não ter encontrado quantidades
de hormônios a montante e a jusante das ETA’s, deveria ser considerado um planejamento para
adequações dos tratamentos com técnicas mais apuradas quanto a remoção dos hormônios,
visto que como foi verificado na literatura, os tratamentos convencionais utilizados pelas ETA’s
no Brasil não são eficientes na remoção dos hormônios.
Alguns países europeus, como a Holanda e a França e também os Estados Unidos, há tempos
utilizam o ozônio no processo de desinfecção de suas águas em substituição ao cloro por ser
este mais rápido na inativação de bactérias, alto poder de oxidação, não produzir toxinas e
76
maior rapidez no processo (SNATURAL, 2011). Ressaltando que a utilização do ozônio é bem
mais dispendiosa que o cloro, podendo ser um fator de impedimento para a sua implantação nas
Estações de Tratamento de Águas no Brasil.
Para os micropoluentes atuantes como disruptores endócrinos, vários estudos buscando
eficiência nos sistemas de tratamentos de águas para removê-los foram desenvolvidos e
mostraram que os tratamentos convencionais não são satisfatórios. Alguns tratamentos já
provaram eficiência na remoção do estradiol, etinilestradiol, nonilfenol, bisfenol A e
dietilftalato e são: carvão ativado em pó, carvão ativado granular, ultrafiltração, nanofiltração,
osmose reversa e filtro biológico com MnO2 (PÁDUA, 2013).
Quanto as ETEs coordenadas pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) Poços
de Caldas constatou-se que aproximadamente 70 % do esgoto gerado são descartados em
corpos d’água sem tratamento (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA
SANITÁRIA E AMBIENTAL - ABES, 2013).
A promissora Estação de Tratamento de Esgoto (ETE- I), ainda não está concluída e a ETE-III
opera de forma indesejável. A falta de autonomia e de recursos financeiros impediu a
realização do Plano Diretor dos Recursos Hídricos em Poços de Caldas, segundo a conselheira
do Comitê Ângela Maria dos Santos (ABES, 2013).
As tecnologias mais usadas no Brasil para remover os constituintes emergentes das águas
residuárias são: fossa séptica de filtro anaeróbio, lagoas facultativas, lagoas anaeróbicas
seguidas por facultativas, lodos ativados e reatores UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket),
seguidos por pós-tratamento. Nas ETE’s brasileiras os sistemas compostos por lagoa de
aeração, sedimentação e lodo estão entre os mais utilizados nos tratamentos de efluentes (REIS
FILHO et al., 2007).
Em Poços de Caldas o Sistema de Tratamento dos Efluentes ocorre da seguinte forma: por
gravidade e bombeamento, o esgoto chega à estação de tratamento. Passa pela grade de
retenção das partículas sólidas e o líquido vai para a caixa de areia (tratamento preliminar),
desta para a elevatória e para o tanque onde ocorre o primeiro processo bacteriológico
anaeróbico, o qual leva de 4 a 5 horas. No final deste e em outro tanque, inicia-se o processo
bacteriológico aeróbico (tratamento secundário) e finalizando o efluente tratado passa por um
filtro e é descartado no córrego das Antas.
77
Ressaltando que os motivos expostos anteriormente, como presença de substâncias não
hormonais bem como os ruídos, podem ter sido os obstáculos para não identificação da
presença dos hormônios investigados estriol, estradiol, estrona e etinilestradiol, nas amostras
dos afluentes e efluentes coletadas nas ETE’s Contorno e Bortolan na cidade de Poços de
Caldas.
Inúmeras técnicas são propostas e recomendadas para os Tratamentos de Efluentes no sentido
de melhorar a eficiência e auxiliar na remoção de micropoluentes como os hormônios e os
fármacos. E algumas delas já estão sendo usadas principalmente nas grandes cidades
brasileiras, como a Adsorção por Carvão Ativado e Osmose Reversa. Outras técnicas
recomendadas são: ozonização, radiação UV, filtração em membranas (nanofiltração),
tratamento terciários seguido de injeção em aquífero (soil-aquifer treatment - SAT). Essas
técnicas são mais dispendiosas, o que pode dificultar implantá-las em todos os sistemas de
tratamentos no Brasil.
Na Europa as três fases de tratamentos de efluentes, ocorrem da seguinte forma: O tratamento
primário (mecânica) retira parte dos sólidos em suspensão enquanto que o tratamento
secundário (biológico) utiliza microrganismos aeróbios ou anaeróbios para decompor a maior
parte da matéria orgânica e reter alguns dos nutrientes (cerca de 20 - 30%). Na fase terciária
(avançada), a remoção da matéria orgânica ocorre de forma mais eficiente incluindo geralmente
a retenção de fósforo e, em alguns casos, a remoção de nitrogênio (EUROPEAN
ENVIRONMENT AGENCY, 2012).
Os bioadsorventes também já estão sendo utilizados no Brasil e podem ser alternativas
promissoras para os tratamentos de efluentes poluídos com resíduos fármacos, os quais
consistem em usar produtos naturais por um custo mais reduzido. São eles: sabugo de milho,
serragem de madeira, palha de arroz, mesocarpo de coco e bagaço de cana-de-açúcar.
Recomenda-se também, o uso de ensaios de toxicidade específicos na busca de atividades
farmacodinâmica nas águas de lançamentos das ETE’s. Ressaltando que na nova resolução do
CONAMA 357/2005, capítulo VI inciso 1º, citado por Reis Filho et al. (2007) onde consta que:
“O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos organismos
aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios de toxicidade estabelecido pelo órgão
ambiental competente”.
78
Verificou-se neste trabalho, a presença de substâncias significativas de fármacos nas amostras
de água coletas na cidade de Poços de Caldas as quais podem oferecer certos riscos para a
saúde do homem e do meio ambiente. Assim sendo, fica claro a necessidades de mais atenção
por parte das autoridades envolvidas com a qualidade das águas, principalmente a dos
abastecimentos públicos. Sabendo-se ainda que estas substâncias poluidoras não sejam
removidas pelas técnicas convencionais de Tratamentos de Águas e Esgoto utilizados em
diversas cidades no país, devem se buscar alternativas mais eficientes e viáveis
economicamente e que as mesmas sejam implantadas nas Estações de Tratamentos e
Distribuições priorizando a saúde populacional e o equilíbrio dos ecossistemas.
5.6
Licenciamento de atividades poluidoras (granjas de aves e/ou suínos)
Nos países europeus e nos Estados Unidos, as atividades relacionadas a granjas de aves e/ou
suínos são controladas por órgãos ambientais com foco na gestão ambiental e autorizam esse
tipo de empreendimento apenas se houver o manejo nutricional, ou seja, se os dejetos forem
usados como adubo e ainda há a determinação da área de produção. No Brasil, as licenças
ambientais são requeridas para a produção animal e são exigidas caso o empreendimento ou
atividade utilizem recursos ambientais e/ou são capazes de causar degradação ambiental
(PALHARES, 2008). Entre as exigências, tem-se o estabelecimento da distância mínima entre
as instalações de produção de suínos e manejo de resíduos, bem como dos recursos naturais e
ainda o atendimento de padrões de descarga de efluentes em corpos d’água. No entanto, não
existe um monitoramento quanto ao lançamento de hormônios nos corpos d’águas para essa
atividade.
Levantou-se junto a Prefeitura Municipal de Poços de Caldas sobre os dispostos legais para a
implantação de granjas de aves e/ou de suínos no município e foi relatado que o município não
possui licenciamentos específicos para estas criações, porque seguem as normas do Código de
Postura do município as quais proíbem esse tipo de criação (PREFEITURA MUNICIPAL DE
POÇOS DE CALDAS, 2012).
79
6.
CONCLUS ÃO
Esse trabalho resultou em informações que foram discutidas no Capítulo 5 e que podem ser
resumidas em algumas conclusões:
Com a realização deste trabalho pode–se verificar a dificuldade de conhecer e monitorar a
qualidade da água que é consumida pela população. Os diferentes caminhos de poluição por
esses hormônios devem ser melhores estudados, assim como o desenvolvimento de
metodologias de análise em corpos d’água menos dispendiosas, possibilitando o
monitoramento dos mesmos. Além disso, a criação de uma legislação mais específica também
contribuiria para a manutenção e melhora da qualidade dos corpos d’água, consequentemente
da qualidade de vida.
A partir da pesquisa e das análises realizadas nas águas do município de Poços de Caldas – MG
pode-se verificar em uma primeira fase, que não foram encontrados os hormônios investigados,
hormônios femininos naturais: estradiol, estrona e estriol e o hormônio sintético etinilestradiol
para concentração superior a 1µL-1, porém foram encontradas outras substâncias como;
colesterol, coprostanol, estigmasterol, dibutilftalato, colestanol e cafeína. A cafeína está
presente nos fármacos, refrigerantes e em outros produtos, além de ser um indicador para a
presença de agentes poluidores da água tratada.
Observou-se em uma segunda fase, que também não foi detectada a presença dos hormônios
investigados, para concentrações superiores a 1 ngL-1, porém, em seu entorno foi verificada a
presença do hormônio estriol na amostra do efluente pós-granja de suínos, que pode ser
resultado de descargas regulares de efluente sem tratamento.
A ausência dos hormônios investigados nas amostras da segunda fase não significou que os
mesmos não estavam presentes. Na análise foram observados ruídos durante o processo de
investigação dos hormônios solicitados. Tais ruídos ocorreram provavelmente devido a
presença de outras substâncias, cujas massas moleculares são maiores do que as dos hormônios,
dificultando a detecção dos mesmos.
Quanto às políticas e medidas de prevenção da poluição realizadas pela prefeitura da cidade de
Poços de Caldas em relação aos hormônios investigados, verificou-se a necessidade de adotar
medidas preventivas, como esclarecer e orientar a população quanto a segregação e descarte de
80
resíduos medicamentosos, os quais podem poluir os corpos d’água pela lixiviação dos resíduos
e pelo chorume gerado no aterro, ou mesmo pelo seu descarte direto no esgoto pela população.
O aterro controlado da cidade mostrou-se inapropriado para o descarte dos resíduos, que pode
ser verificado por fotos, pelo manejo inadequado dos resíduos, como o recobrimento por terra e
pela compactação incorreta dos resíduos, verificada por estudos sobre infiltração de chorume e
de lixiviação do referido aterro o qual não contém a lona impermeabilizante de proteção do
solo e dos corpos d’água, que é exigida para o aterro sanitário. Portanto, providências por parte
das autoridades envolvidas se faz necessárias e urgentes, visando adequar o aterro.
Outro ponto verificado foi à insuficiência de Estações de Tratamento de efluentes, pois de todo
o esgoto coletado é tratado aproximadamente somente 1/3 do mesmo, sendo o restante
descartado em corpos d’água. Além disso, sugere-se a implantação de novas tecnologias nas
Estações de Tratamento de Água de abastecimento, uma vez que a tecnologia empregada
atualmente é de baixa eficiência.
Apesar das dificuldades para a realização das análises já relatadas anteriormente, fica claro
concluir que os objetivos gerais e específicos traçados no início deste trabalho para verificar a
presença de hormônios femininos naturais e sintéticos foram atingidos, embora não tenha sido
possível analisar o estriol na primeira fase e o estrona na segunda fase.
O trabalho mostrou que ainda há muito a ser discutido e avaliado para melhor compreensão dos
riscos que podem causar os hormônios sexuais femininos ou outras substâncias poluentes do
sistema aquático, principalmente por agirem como disruptores endócrinos afetando a saúde dos
seres vivos e do meio ambiente. Espera-se que a partir das informações aqui levantadas e
abordadas, possa ser desenvolvidos mais estudos sobre o assunto despertando e
conscientizando as pessoas quanto à problemática dos poluentes emergentes.
6.1
Sugestões para estudos futuros
Sugere-se a continuidade deste trabalho e se possível, o monitoramento dos mesmos pontos de
coletas, o qual virá contribuir no futuro para o controle da qualidade das águas de Poços de
Caldas-MG.
81
O estudo e desenvolvimento de metodologia de análises mostraram-se muito importante no
intuito de viabilizar o monitoramento.
82
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92
ANEXO A – DECLARAÇÃO UNIVE RSAL DO DIREITO DA Á GUA
Em 22 de março de 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o “DIA
MUNDIAL DA ÁGUA”, publicando um documento intitulado Declaração Universal dos
Direitos da Água.
De acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Água, ela é seiva do nosso planeta e
condição essencial da vida na terra.
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação,
cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.
Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser
vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a
vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser
humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do
Homem.
Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e
muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e
parcimônia.
Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus
ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a
continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos
mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um
empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como
uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se
saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer
região do mundo.
Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral,
sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma
situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.
93
Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação
jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem
pelo homem nem pelo Estado.
Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as
necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso
em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
94
ANEXO B – CADEIA DE CUSTÓDIA
FIGURA 27: Cadeia de custódia - CC
FONTE: Bioagri Ambiental Ltda.
95
ANEXO C – RESULTADOS A NÁLISES BIOAGRI
TABELA 14 - Tabela descritiva dos resultados da primeira coleta Kit 3 – ETA V - afluente
FONTE: Bioagri Ambiental Ltda., 2013.
TABELA 15 - Tabela descritiva dos resultados da primeira coleta do Kit 4 – ETA V - efluente
FONTE: Bioagri Ambiental Ltda., 2013
96
TABELA 16: Tabela descritiva dos resultados da primeira coleta do Kit 5 – ETA III - efluente
FONTE: Bioagri Ambiental Ltda., 2013
TABELA 17: Tabela descritiva dos resultados da primeira coleta do Kit 6 – ETA III, afluente
FONTE: Bioagri Ambiental Ltda., 2013.

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