A natureza cobra o seu preço
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A natureza cobra o seu preço
As novas sementes que chegam ao mercado P l a n e t a Arroz Nº 7 SAFRA 2003 A natureza cobra o seu preço Licenciamento ambiental e uso da água entram na planilha de custos do produtor Projeto 10 Como evolui a lavoura de 10 toneladas por hectare 2 www.planetaarroz.com.br Nesta edição [email protected] Planeta Arroz apresenta as novidades de lavoura e de mercado do setor orizícola Planeta Planeta Planeta Planeta BUSINESS Planeta SHOP DADOS HUMOR INDICADORES 6 24/25 8 Uso da água e impacto ambiental entram na planilha de custos do produtor Especial Projeto 10 O encerramento da colheita do arroz no município de Dom Pedrito, na região da fronteira do Rio Grande do Sul, trouxe a certeza de que as lavouras que entraram no programa de alta tecnologia denominado Projeto 10, numa parceria da Associação de Arrozeiros e o Irga, estão no rumo certo para alcançar a produtividade projetada de 10 toneladas por hectare. Arroz 26 Encartado A lavoura vai ficar mais cara com a entrada em vigor da legislação que obriga o pagamento do licenciamento ambiental e do uso da água por parte dos produtores. 21 14 Insumos Sementes O mercado recebe novos produtos, de sementes híbridas de arroz de várzea ao híbrido de sequeiro, passando pela nova semente do Irga, a cultivar 422CL. O engenheiro agrônomo Eugênio Passos Schröder mostra que hoje a lavoura de arroz usa uma quantidade de herbicidas em cada hectare de arroz equivalente a apenas 1% do que era empregado há 20 anos. Lançamento da nova semente do Irga, na Estação Experimental de Cachoeirinha P l a n e t a www.planetaarroz.com.br 10/11 Safra 2003 Maio Fotos de Robispierre Giuliani, Igor Müller e Giuliano Fernandes / Consultoria: Jaceguay Barros, Elcio Guimarães e Marco Aurélio Marques Tavares / Reportagens e redação: Igor Müller / Editor-executivo: José Ricardo Gaspar do Nascimento / Jornalista responsável: Liberato Dios Circulação em todo o Rio Grande do Sul / R$ 7,50 Impressão de Gráfica Jacuí - Cachoeira do Sul (RS) - 51 3722-2402 Publicação de Jornal do Povo Ltda / Rua 7 de Setembro, 1015 - Cachoeira do Sul (RS) - CEP 96.508-011/ Fone (51) 3722-1919 Carta ao leitor O ponto de vista do arroz A revista Planeta Arroz, desde seu lançamento, assumiu o compromisso de tentar antecipar as tendências e preocupações que farão parte do cotidiano do produtor orizícola a partir da próxima safra. Assim, a preocupação com a projeção do setor e as novidades dos laboratórios sempre pautaram preferencialmente a redação da Planeta Arroz. Nesta edição, a revista passa a limpo dois fatores que farão parte da vida dos arrozeiros a partir deste ano de 2003, a cobrança pelo uso da água e o licenciamento ambiental. O leitor vai encontrar também as novas sementes que chegam ao mercado, os números conjunturais e a análise de quem vê o planeta arroz do ponto de vista da lavoura, da comercialização e do consumo. Desde o primeiro número, a Planeta Arroz vem se mantendo ao lado da cadeia produtiva, informando, analisando, provocando. Boa leitura. Desenvolvida para maior produção em menor espaço ocupado, de fácil acesso operacional e a mais avançada tecnologia para selecionadoras eletrônicas de arroz e outros grãos. www.grassel.com.br E-mail: [email protected] 6 / Planeta Arroz Planeta INDICADORES Item Valores mar/2002 Valores mar/2003 Variação % Milho (60kg) R$ R$ R$ R$ R$ R$ 0,83 1,699 24,00 14,60 20,50 12,50 R$ R$ R$ R$ R$ R$ 1,57 2,46 33,00 26,00 38,00 20,00 89,16 44,79 37,50 78,08 85,37 60,00 Feijão (60kg) R$ 65,00 R$ 73,00 12,31 Fumo médio tipo Virgínia TO2 (kg) R$ 2,61 R$ 3,37 29,12 Boi vivo (kg) R$ 1,35 R$ 1,50 11,11 Adubo 5 20 20 (tonelada) R$ 430,00 R$ 686,00 59,53 Uréia (tonelada) R$ 440,00 R$ 810,00 84,09 Energia Celetro - kWh R$ 0,17712 R$ 0,19809 11,86 Energia AES Sul - kWh (residencial urbana) R$ 0,28236 R$ 0,31514 11,62 Trator New Holand TL75 80HP - R$ 66.304,00 - Colheitadeira New Holand R$ 135.000,00 R$ 195.000,00 44,44 Salário mínimo nacional R$ 180,00 R$ 200,00 11,11 Dólar (comercial - venda) R$ 2,33 R$ 3,47 48,93 Óleo diesel (litro) Gasolina comum (litro) Botijão de gás (13kg) Arroz em casca (50kg) Soja (60kg) (TC55, sem esteira) A Revista Planeta Arroz distribui gratuitamente um informativo semanal com as principais informações da cadeia do arroz. Faça o seu cadastro em www.planetaarroz.com.br Fonte: Celetro (rural) direto da redação 8 / Planeta Arroz Planeta SHOP O supersem-fim ✓ Pelas terras altas O Mato Grosso e as entidades do setor arrozeiro estão buscando parcerias e novas tecnologias para exportar arroz especialmente para os mercados europeu e do Oriente Médio. A idéia é aproveitar o baixo custo de produção do arroz de sequeiro para exportá-lo. “Vamos fazer um arroz de acordo com as necessidades dos mercados onde vamos entrar”, informou o presidente da Associação dos Produtores de Arroz, Ângelo Maronezzi. Segundo ele, a idéia é exportar não só o arroz já industrializado, mas também tecnologias. O principal empecilho é o alto custo do transporte rodoviário do Mato Grosso até o Porto de Santos. A saída é viabilizar a hidrovia Cuiabá/Santarém. ✓Pela Índia As estimativas são de que as exportações da Índia caiam 39% em 2003, para quatro milhões de toneladas, após terem mais do que triplicado em 2002, para 6,6 milhões de toneladas. Há previsões também de que as exportações de arroz do Paquistão recuem 27%, para cerca de 1,1 milhão de toneladas. A qualidade mais elevada e a tradição nas exportações significam que traders preferem o grão tailandês e vietnamita ao indiano. O arroz em casca possui elementos abrasivos capazes de fazer com que os equipamentos móveis, que permanecem em contato direto com o grão, apresentem altos índices de desgaste. Por isso, as indústrias do setor lançaram mão de novas tecnologias e meios de amenizar os problemas com os sem-fins transportadores de grãos, tanto utilizados nas máquinas colheitadeiras como nos demais equipamentos que envolvem o beneficiamento do grão, como por exemplo os silos secadores. Em 1997, a Screw Indústria Metalmecânica Ltda, de Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, foi pioneira no desenvolvimento de tecnologia em tratamento dos sem-fins transportadores de grãos de arroz em casca. O objetivo: combater o desgaste das peças. 3Anote aí Uma peça temperada fornecida para a New Holland, e utilizada em duas safras agrícolas (cerca de 700 horas), apresentou um índice zero de desgaste. Somente a parte que entra em contato direto com o grão ficou polida pela abrasividade do arroz. Um sem-fim comum não atingiria 700 horas de colheita em boas condições de uso devido ao desgaste gerado pelo contato com elementos abrasivos do arroz. A soma dos conhecimentos do corpo técnico da empresa e a busca de novas tecnologias geraram know-how para um inovador tratamento técnico nos sem-fins já fabricados, acrescentando-lhes resistência até 10 vezes superior aos equipamentos de transporte similares comuns. O processo gerador de maior resistência nos sem-fins, conforme o diretor João Augusto Streit, consiste em adicionar carbono e outros elementos químicos na superfície da lâmina e, após, temperar em banho de óleo, ficando com dureza em torno de 55 HRc. Esse processo é utilizado desde 2001 nas colheitadeiras da CNH (Case e New Holland). As peças são fornecidas pela Screw diretamente na linha de produção em Curitiba, no Paraná. Planeta Arroz / 9 Planeta AGENDA Santa Vitória abre a colheita em 2004 Santa Vitória do Palmar, responsável pelo plantio de 40% da área de arroz irrigado da zona sul do Rio Grande do Sul, o equivalente a 62 mil hectares nesta safra, será sede, em 2004, da 14ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz. O anúncio foi feito no ato de abertura da colheita de 2003 em São Lourenço do Sul. O prefeito do município anfitrião, Dari Pagel, fez a entrega da pá que representa a colheita do arroz ao presidente da Câmara de Santa Vitória, Volmair Barreto. O evento deve acontecer na primeira semana de março, pois a próxima safra tem perspectiva de normalidade de clima. “Este ano foi complicado por causa do El Niño”, lembrou o presidente da Abrarroz, Artur Albuquerque. Segundo ele, com a expectativa de obter bons preços ABERTURA DE 2003, com o governador Germano Rigotto e o ministro Roberto Rodrigues este ano, a abertura da próxima colheita tende a ser um evento bastante concorrido. Planeta DADOS 10 / Planeta Arroz n Estatísticas do arroz n COMPARATIVO DE ÁREA, PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE SAFRAS 2001/2002 e 2002/2003 UF ÁREA (em mil ha) 01/02 RR RO AC AM AP PA TO Norte MA PI CE RN PB PE AL SE BA Nordeste 12,0 70,0 22,5 11,5 2,3 266,2 145,0 529,5 480,0 156,0 42,0 2,0 7,5 3,9 7,0 10,2 26,7 735,3 02/03 15,0 60,9 21,4 12,4 2,3 276,8 152,3 541,1 497,8 140,4 44,1 1,7 8,0 3,9 7,0 13,0 17,4 733,3 VAR (%) 25,0 -13,0 -5,0 7,8 4,0 5,0 2,2 3,7 -10,0 5,0 -13,0 6,7 27,0 -35,0 -0,3 PRODUÇÃO (em mil t) 01/02 02/03 VAR (%) 66,0 131,6 31,3 20,8 1,9 467,2 371,2 1.090,0 624,0 85,8 98,7 5,2 9,6 21,1 38,6 43,9 39,5 966,4 84,0 115,7 29,7 23,2 1,9 512,1 426,4 1.193,0 746,7 204,3 110,3 3,8 13,4 21,1 38,6 55,9 29,1 1.223,2 27,3 -12,1 -5,1 11,5 9,6 14,9 9,4 19,7 138,1 11,8 -26,9 39,6 27,3 -26,3 26,6 PRODUTIVIDADE (kg/ha) 01/02 5.500 1.880 1.390 1.808 830 1.755 2.560 2.059 1.300 550 2.350 2.600 1.280 5.420 5.520 4.300 1.479 1.314 02/03 5.600 1.900 1.390 1.870 830 1.850 2.800 2.205 1.500 1.455 2.500 2.220 1.680 5.420 5.520 4.300 1.670 1.668 VAR (%) 1,8 1,1 3,4 5,4 9,4 7,1 15,4 164,5 6,4 -14,6 31,3 12,9 26,9 Planeta DADOS Planeta Arroz / 11 n Estatísticas do arroz n COMPARATIVO DE ÁREA, PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE SAFRAS 2001/2002 e 2002/2003 UF PR SC RS Sul MG ES RJ SP Sudeste MT MS GO DF C-oeste N/NE C/Sul Brasil ÁREA (em mil ha) 01/02 02/03 78,0 140,8 985,0 1.203,8 97,9 4,6 2,7 40,6 145,8 440,3 51,0 113,7 0,2 605,2 1.264,8 1.954,8 3.219,6 68,6 145,0 955,5 1.169,1 89,1 4,1 2,9 39,4 135,5 431,5 49,5 112,0 0,1 593,1 1.274,4 1.897,7 3.172,1 VAR (%) -12,0 3,0 -3,0 -2,9 -9,0 -10,0 7,0 -3,0 -7,1 -2,0 -3,0 -1,5 -50,0 -2,0 0,8 -2,9 -1,5 PRODUÇÃO (em mil t) 01/02 02/03 VAR (%) 182,5 929,3 5.464,8 6.576,6 210,5 13,4 8,3 110,8 343,0 1.215,7 218,1 216,0 0,3 1.650,1 2.056,4 8.569,7 10.626,1 171,5 986,0 5.064,2 6.221,7 196,0 12,0 8,9 108,4 325,3 1.208,2 222,8 221,8 0,1 1.652,9 2.416,2 8.199,9 10.616,1 -6,0 6,1 -7,3 -5,4 -6,9 -10,4 7,2 -2,2 -5,2 -0,6 2,2 2,7 -66,7 0,2 17,5 -4,3 -0,1 PRODUTIVIDADE (kg/ha) 01/02 2.340 6.600 5.548 5.463 2.150 2.920 3.070 2.730 2.353 2.761 4.277 1.900 1.520 2.727 1.626 4.384 3.300 02/03 VAR (%) 2.500 6,8 6.800 3,0 5.300 -4,5 5.322 -2,6 2.200 2,3 2.920 3.070 2.750 0,7 2.401 2,0 2.800 1,4 4.500 5,2 1.980 4,2 1.000 -34,2 2.787 2,2 1.896 16,6 4.321 -1,4 3.347 1,4 FONTE: CONAB / Abril/2003 12 / Planeta Arroz direto da redação Planeta GENTE ✓ Vietnã segundão O Vietnã resgatou este ano o seu lugar de segundo maior país exportador mundial de arroz. As exportações de arroz vietnamita provavelmente vão aumentar 37% em 2003, para 4,25 milhões de toneladas, em relação às 3,1 milhões de toneladas de 2002, divulgou a Foreign Agricultural Service dos Estados Unidos, agência agrícola para o exterior. O Vietnã foi o segundo maior país exportador mundial de arroz, depois da Tailândia, em 1999, 2000 e 2001, antes da expressiva elevação dos fornecimentos indianos da commodity de qualidade inferior, que contribuíram para uma queda antecipada de 12% nas exportações vietnamitas em 2002. Projeção de exportação 10 maiores do arroz em 2003 Posição País Toneladas 1__________________________Tailândia ____________________________________7.750.000 __________________________ 2__________________________Vietnã 4.250.000 ______________________________________________________________ 3__________________________Índia ____________________________________4.000.000 __________________________ 4__________________________EUA 3.400.000 ______________________________________________________________ 5__________________________China ____________________________________2.250.000 __________________________ 6 Paquistão 1.100.000 ________________________________________________________________________________________ _7_________________________Birmânia ____________________________________1.000.000 __________________________ 8 Uruguai __________________________________________________________________650.000 ______________________ _9_________________________Egito ________________________________________400.000 ______________________ 10 Argentina 350.000 Fonte: USDA Balthazar de Bem e Canto é Homem do Arroz BALTHAZAR DE BEM: “Eu sou um homem realizado” Um dos principais produtores de arroz do município de Rio Pardo, Balthazar de Bem e Canto, 62 anos, arrozeiro há 40, mantém uma lavoura de 500 hectares. Este ano, a colheita teve um sabor especial. Além dos bons preços que o produto alcança no mercado, ele foi homenageado no dia 7 de março em São Lourenço do Sul, durante a 13ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, com o título de Homem do Arroz. Balthazar recebeu o título honorífico juntamente com o secretário de Agricultura do Estado, Odacir Klein, com o deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP), o fundador da Federarroz, Breno Pinheiro Prates, e o diretor da RBS Rural, Kleber Moura. O arrozeiro teve toda a sua trajetória ligada à agricultura reconhecida através do prêmio Homem do Arroz. Atualmente, mantém sua propriedade rural de 3,5 mil hectares em Rio Pardo, mas reside em Porto Alegre. No currículo de Balthazar de Bem e Canto está um mandato de deputado federal (1983 a 1987), secretário de Agricultura do Estado (1979 a 1982, durante a gestão de Amaral de Souza) e ainda a presidência do Irga (1974 a 1978). “Eu sou um homem realizado”, disse ele. Balthazar de Bem e Canto ainda planta 500 hectares de soja e se dedica à pecuária, com um plantel de mais de três mil cabeças de gado de corte. Ele é casado e tem duas filhas. Planeta Arroz / 13 G e n t Pesquisa perde Yokoyama A pesquisa do arroz perdeu um de seus importantes cientistas no dia 9 de novembro passado. Morreu Satoru Yokoyama. Ele era engenheiro agrônomo e melhorista de arroz em Santa Catarina. Em 1992, assumiu os trabalhos em melhoramento de arroz irrigado, onde rapidamente alcançou renome internacional. Participou do desenvolvimento das cultivares Epagri 106, Epagri 107, Epagri 108, Epagri 109, SCS BRS 111, SCS 112 e SCS BRS 113 - Tio Taka. Também faz parte de seu trabalho o desenvolvimento do arroz multiespigueta e de gene compacto, cujos resultados em breve estarão disponíveis aos produtores de todo o Brasil e de países como Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia e Chile. e Honra ao mérito de Breno Prates PRATES: luta contra acréscimos bancários O empresário rural Breno Pinheiro Prates, 63 anos, foi premiado pela Federarroz com o prêmio Homem do Arroz 2003. Ele fundou a Federarroz, em 1959, e atualmente trabalha como prestador de serviços de secagem e armazenagem de arroz em Alegrete. Além de sua trajetória ligada a movimentos agrícolas, Breno Prates é coordenador do Correio Rural, programa semanal da Rádio Guaíba. Breno Prates foi presidente da Federarroz de setembro de 1989 a dezembro de 1993, quando foi iniciada a discussão com o sistema financeiro sobre os acréscimos impagáveis das contas gráficas dos arrozeiros. “Essa discussão gerou momentos fortes, até mesmo no Judiciário”, lembra. “Com o tempo, veio a Comissão Parlamentar de Inquérito Mista, do Congresso Nacional, baseada nas denúncias consistentes apresentadas a partir da Carta de Uruguaiana”, destaca. Breno Prates também foi idealizador da primeira abertura oficial da colheita do arroz no Brasil. direto da redação ✓ Por São Lourenço A revista Planeta Arroz esteve com suas equipes de reportagem cobrindo a Expoarroz, o II Seminário da Cadeia Produtiva do Arroz e a Abertura Oficial da Colheita Brasileira do Arroz, em São Lourenço do Sul (RS). Destacaramse, no evento, a entrega das comendas aos homens do arroz e a abertura oficial com a presença do ministro Roberto Rodrigues. Toda a cadeia brasileira do arroz esteve representada no evento que discutiu os rumos do mercado e da lavoura arrozeira em 2003. ✓ Superconvênio A divisão de classificação e certificação da Emater e a Cooperativa Agrícola Mista Agudense, de Agudo - depressão central do Rio Grande do Sul -, firmaram convênio para controle de qualidade do arroz a ser recebido pela unidade, estimado em 15 mil toneladas. Pelo contrato, estão sendo aferidos o grau de impureza e umidade, a presença de arroz vermelho e preto e o índice de grãos inteiros e quebrados. M e r c a d o 14 Arroz da RiceTec entra no mercado para a safra 2003/2004 Híbrido está chegando O potencial de aumento da produtividade de arroz em até mil quilos por hectare é o grande apelo comercial da semente híbrida que a multinacional RiceTec colocará no mercado brasileiro para a próxima safra. A cultivar Avaxi (arroz, em tupi-guarani) foi lançada oficialmente na 13ª Abertura da Colheita do Arroz, no mês de março, em São Lourenço do Sul. O gerente técnico da RiceTec, Renato Luzzardi, explica que os experimentos conduzidos no Brasil nos últimos anos formataram o produto. “Os resultados foram considerados excelentes”, destaca. O híbrido Avaxi está sendo avaliado desde 1997, alcançando rendimentos superiores em até mil quilos por hectare sobre os outros principais concorrentes em ensaios experimentais comparativos. A cultivar alcançou até 12,8 mil quilos por hectare em experimentos conduzidos no município de Dom Pedrito, no Rio Grande do Sul. Além da alta produtividade, há grande potencial de perfilhamento, permitindo reduzir a densidade de semeadura para até 60 quilos/hectare. Características e vantagens do Avaxi 15 dias n Ciclo: 1115 n Sistema de semeadura: plantio direto, semidireto, convencional e pré-germinado n Adubação de base: conforme análise de solo. Na adubação de cobertura recomenda-se a aplicação de nitrogênio, distribuído em 20% do plantio, 50% antes da entrada de água e 30% no início do florescimento n Doenças: boa resistência a doenças como brusone, mancha-parda e mancha-estreita n Tolerância ao acamamento, inclusive no sistema pré-germinado n Produtividade média: até mil quilos sobre as outras variedades testadas Fonte: RiceT ec RiceTec Ainda há boa formação de raízes, com maior resistência ao acamamento, inclusive no sistema pré-germinado, ciclo precoce de 115 dias e boa resistência a doenças como brusone, mancha-parda e mancha-estreita entre as características favoráveis da variedade. Agro Norte também lança o seu híbrido A primeira variedade mundial de arroz híbrido para terras altas, desenvolvida no Brasil pela empresa Agro Norte, ganhou repercussão mundial a partir do Agrishow Cerrados, ocorrido no Mato Grosso em abril. Além de despertar o interesse de centenas de produtores brasileiros pelos atrativos de aumento de produtividade e redução de tratos culturais, a cultivar despertou a atenção da China, maior produtor mundial de arroz e que enfrenta séria crise de abastecimento de água. Em busca de alternativas para a irrigação, os chineses já vêm mantendo contatos com empresas do Centro-oeste brasileiro e a própria Embrapa em busca da tecnologia desenvolvida para os cerrados. Durante o Agrishow Cerrados, o presidente da Academia de Ciências Agrícolas da China, Dayun Tao, convidou o presidente da Associação dos Produtores de Arroz do Mato Grosso (APA-MT) e diretor da empresa Agro Norte, de Sinop, Angelo Maronezzi, para realizar o lançamento internacional da cultivar em setembro, na principal feira agropecuária da China. Maronezzi conduziu as pes- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ S e q u e i r o 15 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Sementes de alto potencial produtivo atraem chineses 3Anote aí O presidente da Associação dos Produtores de Arroz de Mato Grosso (APA-MT) e diretor da Agro Norte, Angelo Maronezzi, considerou muito importante o contato com o vice-presidente da academia de agricultura chinesa. “É um grande passo para a difusão de tecnologias e para intercâmbios”, explica. Desde que as primeiras cultivares de arroz de terras altas passaram a ser desenvolvidas pela Embrapa, e mais recentemente pelas empresas privadas, o Brasil se tornou um pólo de difusão tecnológica na cultura de sequeiro. FICHA TÉCNICA As vantagens do híbrido n O volume de sementes convencionais de arroz de terras altas por hectare chega a 70 quilos. O híbrido utiliza 25 quilos de sementes n Esta redução acarreta também uma diminuição no uso de defensivos no trato cultural, baixando, ainda, o custo da lavoura n A produtividade aumenta, em média, 35% Fonte: Agro Norte quisas que resultaram nesse híbrido. Os chineses cultivam 30 milhões de hectares de arroz, a metade em lâmina d’água e o restante irrigado. A China tem apenas dois grandes rios, o Amarelo e o Vermelho, para atender a maior população do planeta. A redução do volume de água levou as autoridades de Pequim a priorizarem seu uso para consumo humano, gerando a necessidade de alternativas para o cultivo do arroz. direto da redação ✓ Ano do arroz A Organização das Nações Unidas aprovou um projeto para designar 2004 como o Ano Internacional do Arroz. Os objetivos deste projeto são ressaltar a importância deste cereal na segurança alimentar mundial e reduzir a pobreza e a desnutrição, principalmente nos países do terceiro mundo. A iniciativa vem ao encontro do projeto brasileiro Fome Zero. As ações técnicas e humanitárias deste projeto internacional devem ser definidas ainda no primeiro semestre de 2003. ✓ Força do ICMS O arroz é o protagonista da circulação de riquezas do Rio Grande do Sul. O setor é responsável por 10% do ICMS e por 3,1% do PIB do agronegócio. Além disso, o estado é responsável por 45% do arroz produzido no país e 90% do arroz irrigado. O Rio Grande do Sul deve colher este ano 5,5 milhões de toneladas do cereal. A safra deve se estender até o final de maio. A r t i g o 16 2004, Planeta o ano do arroz A cultura é vital para solucionar o problema alimentar do mundo por Elcio Guimarães O arroz é uma cultura vital para ajudar na solução de problemas como segurança alimentar, diminuição da pobreza e desenvolvimento agrícola sustentável. Reconhecendo esses fatores, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e seus países membros, dentre os quais está o Brasil, o Instituto Internacional do Arroz (IRRI), nas Filipinas, e o Centro de Arroz para a África (Warda), na Costa do Marfim, através do Governo das Filipinas, propuseram à Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) que o ano 2004 fosse nomeado o Ano Internacional do Arroz. Essa proposta foi aprovada pela ONU no dia 13 de novembro de 2002. O objetivo geral dessa nomeação é o de promover global, regional e nacionalmente o apoio para o desenvolvimento sustentável do arroz, buscando melhorar a segurança alimentária, diminuir o nível de pobreza e manter o ambiente protegido através da conscientização dos diferentes elos da cadeia produtiva e da soci- edade em geral, colocando a atenção pública mundial para os desafios ligados à produção do arroz. No mundo todo estão sendo planejados estudos para buscar soluções para as maiores limitantes da produção nas diferentes regiões, eventos tais como reuniões técnico-científicas, exposições de trabalhos manuais, feiras e festividades, competições buscando estimular a publicação de artigos em jornais e revistas, desenhos, fotografias, etc. Todas essas atividades e várias outras que serão propostas estão sendo desenhadas para que contribuam para o alcance dos objeti- Planeta Arroz / 17 A r t i g o Arroz no país. vos descritos anteriormente. O Essa é uma oportunidade orizicultor e a sociedade braúnica que todos os componensileira terão a oportunidade de tes da sociedade ligados ao arorganizar e participar em eventos no Brasil. A Embrapa roz têm para demonstrar a importância desse produto para Arroz e Feijão, em Goiânia, o povo brasileiro. Também Goiás, participa da comissão pode ser o momento oportuno organizadora internacional e para resdeverá, junto com as saltar como o oriziculdemais entidades nator brasileiElcio Perpétuo ro pode e cionais liGuimarães é gadas ao está contriengenheiro produto arb u i n d o agrônomo para proroz, coordemelhorista de gramas gonar o proarroz e senior officer para vernamencesso de cecereais e culturas da Organizatais de alilebração do ção das Nações Unidas para Alimentação Ano Intermentação e Agricultura (FAO). como o nacional do quem é Fome Zero, instituído pelo Governo Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, essa ocasião pode ser utilizada para mostrar ao mundo como o país pode contribuir, de maneira global, para aliviar a pobreza, produzir de maneira sustentável ao mesmo tempo que cuida o meio ambiente. Em conclusão, o ano de 2004 trará oportunidades novas para todos aqueles que direta ou indiretamente dedicam suas vidas a uma cultura que é a base alimentar de mais da metade da população mundial e que responde por 60% a 70% das necessidades calóricas de mais de um terço da população mundial. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ direto da redação ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ P e s q u i s a 18 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ✓ Coriscal + Cotrican A Cooperativa Agrícola Cachoeirense (Coriscal), de Cachoeira do Sul (RS), incorporou a Cooperativa Agrícola Mista Candelária (Cotrican), em processo de liquidação. Na assembléia da Cotrican, os associados decidiram que a Coriscal não assumirá os débitos da cooperativa. O processo de incorporação terá uma primeira fase, com 10 anos de duração, em que a Coriscal fará a locação da estrutura da Cotrican, recebendo os grãos dos 663 associados da cooperativa. ✓ Cotrican + Coriscal A Cotrican tinha em torno de mil associados, mas houve a exclusão dos não-depositários ou desistentes antes da incorporação. O prazo de uma década foi estabelecido para que a cooperativa candelariense consiga zerar suas dívidas, que giravam em torno de R$ 7 milhões no começo de 2001, quando foi iniciado o processo de liquidação. Depois desse período, todo o patrimônio da Cotrican, já autoliquidada, passará automaticamente a pertencer à Coriscal. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Em parceria com a Basf, está entrando no mercado o sistema Clearfield Lavoura limpa com o Irga 422CL A multinacional Basf e o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) estão colocando no mercado, para a safra que começa a ser plantada em setembro, uma nova tecnologia em produção de arroz que promete ser a mais importante ferramenta contra o arroz vermelho e outros inços lançada na história recente da produção arrozeira nacional. Trata-se do sistema de produção Clearfield, que consiste na utilização da cultivar Irga 422CL e o herbicida Only (em fase de registro) e um programa de segurança para uso desta tecnologia. A semente resiste ao herbicida Only, permitindo assim o controle do arroz vermelho, principal invasora das lavouras gaúchas (capaz de reduzir em até 20% a produção de arroz branco no estado), e outras ervas daninhas secundárias. A cultivar Irga 422CL tem ciclo médio de 121 dias e uma rápida capacidade de desenvolvimento em sua fase inicial. A variedade foi lançada oficialmente no últi- Berço: Estação Experimental de Cachoeirinha mo dia 19 de março, no tradicional Dia de Campo do Irga, na Estação Experimental de Cachoeirinha - no mesmo dia em que foi formalizada a parceria do instituto gaúcho com a Basf. Segundo o gerente da Divisão de Pesquisas do Irga, Maurício Fischer, a nova variedade resulta do retrocruzamento entre sementes da Universidade da Louisi- Planeta Arroz / 19 P e s q u i s a FICHA TÉCNICA Conheça a nova semente n Capacidade de desenvolvimento com rapidez na fase inicial n Altura média de 80 centímetros n Casca de coloração amarelo-palha n Folhas curtas, eretas e pilosas n Ciclo médio de 121 dias n Área de adaptação: todas as regiões orizícolas do Rio Grande do Sul n Densidade de semeadura: de 400 a 500 sementes aptas por metro quadrado Pesquisas do Irga: a cada geração, a busca de uma semente que permita mais produtividade ana, nos Estados Unidos, e a Irga 417, plantada em cerca de 40% da área cultivada do Rio Grande do Sul. O cruzamento inicial ocorreu em 1996, nos EUA. O trabalho prosseguiu em Cachoeirinha, até resultar no lançamento da cultivar. A semente Irga 422CL é recomendada em áreas que apresentem infestação com o vermelho, onde o controle por outras técnicas não tenha sido eficiente. Na próxima safra, 30 mil sacos de semente devem ser disponibilizados. Serão 15 mil para produção de sementes e 15 mil para campos experimentais de produtores selecionados em cursos e seminários direcionados ao conhecimento desta tecnologia. Só vão trabalhar com o produto orizicultores cadastrados e que representem um perfil de grande aporte tecnológico e identificação com o projeto. Além disso, todos terão que passar por um programa de segurança, pois há o risco de cruzamento do arroz branco com variedades do vermelho e do preto, tornando a ferramenta ineficaz. 20 / Planeta Arroz P e s q u i s a Ferramenta estratégica para o futuro O sistema Clearfield de efeito residual no solo, ofereprodução de arroz, no Rio ce controle nas ervas daniGrande do Sul, é uma ferranhas emergidas ou por emermenta estratégica para o congir. O foco do herbicida é o trole do arroz vermelho. Secontrole do arroz vermelho. gundo o pesquisador Valmir Todavia, o sistema agrega ainGaedke de Menezes, do maneda a capacidade de controlar jo desta ferracapim-arroz, menta depende a ciperáceas, O sistema sua utilidade. junquinho e recomenda o Como o arroz verangiquinho. plantio de 2,5 sacos melho e o arroz Mesmo assim, de sementes da branco se cruhá escape. Como cultivar Irga zam, é importané baixa a popula422CL. A dose do te que os usuárição de invasoras herbicida é de um os passem pela que escapa, o litro por hectare. É fase de classificaideal é realizar a recomendado mais ção e validação da catação manual o uso do tecnologia, por como forma de sulfactante Dash, meio do progracontrole para ala 0,5% ma de segurança cançar os 100% desenvolvido por de eficiência. Irga e Basf, para O programa utilizar o manejo adequado. de segurança que será apre“Algumas salvaguardas são sentado aos produtores pelo fundamentais para dar vida Irga e a Basf tem por objetivo mais longa à tecnologia”, deso uso correto e seguro da taca. tecnologia Clearfield para eviNa parte de manejo da cultar que se perca a ferramenta tura, Menezes lembra ser funvia cruzamento de variedades. damental que os produtores Este também é o motivo pelo entrem com o herbicida quanqual o plantio deve ser repetido a invasora tiver de duas a do apenas uma vez, adotando três folhas. “A água também posteriormente outras variedeve entrar o mais breve posdades ou métodos de controle sível, para validar a eficiência como rotação de culturas, culdo controle”, assegura. Como tivares de ciclo precoce, entre o herbicida Only apresenta outros. 3Anote aí Só receberá as sementes e o herbicida o produtor que for considerado apto a utilizar a tecnologia durante o curso previsto no programa de segurança. Para adotar a tecnologia, os produtores terão que assinar um termo de responsabilidade, se comprometendo a fazer bom uso do sistema. A quebra deste contrato poderá acarretar responsabilização na Justiça. direto da redação ✓ Preço baixo Os arrozeiros de Cachoeira do Sul, na depressão central do Rio Grande do Sul, estão vendendo a saca de arroz a pelo menos R$ 2,00 abaixo da média estadual. O preço da saca de 50 quilos é, conforme o presidente da Federarroz, Artur Albuquerque, um dos mais baixos praticados em todo o estado, revelando um quadro preocupante se considerado o período vivido pelos produtores. Conforme o presidente da Federarroz, não há nenhuma explicação mercadológica para uma redução no preço da saca de 50 quilos em Cachoeira. “Isso não deveria estar acontecendo”, disse ele. ✓ Pelo Chile Os produtores chilenos de arroz assinaram acordo com o setor industrial e o Ministério de Agricultura para modificar a classificação deste produto no Chile, com o fim de adequá-la a do Mercosul, bloco integrado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. “Esse acordo entre produtores e industriais é um grande avanço que fortalece o vínculo entre o setor privado e entre estes e o setor público, o que torna transparente a informação para os consumidores”, disse o ministro chileno de Agricultura, Jaime Campos. Cada vez mais natural ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A r t i g o 21 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Uma boa notícia: usa-se hoje 1% do herbicida que era aplicado há 20 anos Eugênio Passos Schröder Hoje usamos uma quantidade de herbicidas em cada hectare de arroz equivalente a apenas 1% do que era empregado há 20 anos. Parece impossível? Então, façamos uma análise do assunto. Na lavoura orizícola gaúcha são utilizados produtos fitossanitários para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas há pelo menos 30 anos. Estes insumos químicos permitem que a cultura não sofra perdas significativas e possa, assim, expressar o seu máximo potencial produtivo. Porém, o emprego em larga escala dos agrotóxicos é motivo de questionamento freqüente quanto a eventual ocorrência de resíduos no solo e nos grãos colhidos. Diversos estudos têm comprovado a rápida degradação das moléculas químicas no solo, com destaque para processos microbianos envolvidos, o que permite inclusive utilizar as áreas para a implantação de pastagens por ocasião da colheita do arroz. Por outro lado, análises nos grãos confirmam a ausência de resíduos quando os insumos são aplicados respeitando-se os períodos de carência. Na busca de uma lavoura cada vez mais limpa e de baixo custo, quem é Eugênio Passos Schröder é engenheiro agrônomo e consultor em fitossanidade e tecnologia de aplicação. Consulte também a internet em http:// paginas.terra.com.br/ negocios/ eugenioschroder os produtores têm adotado métodos de cultivo que reduzem ainda mais o uso dos produtos fitossanitários, com destaque para os herbicidas. Entre eles, destaca-se o cultivo pré-germinado, que hoje ocupa cerca de 10% da área do estado e, na maioria dos casos, requer apenas o controle químico de plantas daninhas aquáticas. Outro sistema ainda mais limpo é a rizipiscicultura, que já é adotada por muitos produtores e não exige o uso de herbicidas. O arroz orgânico, isento do uso de químicos, já é cultivado principalmente em pequenas propriedades, e está gerando uma renda significativa aos agricultores devido ao preço favorável que o produto final obtém no mercado. Por outro lado, o plantio direto e o cultivo mínimo já são responsáveis por aproximadamente metade da área plantada, e o manejo das lavouras, associado ao uso do herbicida dessecante, tem reduzido a necessidade de produtos para manter as populações de plantas daninhas em níveis aceitáveis. Se por um lado os produtores buscaram métodos de cultivo mais limpos, a indústria agroquímica também se adequou às novas tendências de mercado e tem lançado produtos fitossanitários mais eficientes, que necessitam doses cada vez menores de ingrediente ativo, o que torna sua degradação mais rápida após o uso. Além disso, as formulações modernas tendem a ser mais concentradas e menos agressivas ao ambiente. Quando comecei a trabalhar com assistência técnica na aplicação de herbicidas em arroz, no final dos anos 70, ainda era usado o sistema de gotejamento de molinate diretamente sobre a entrada d’água na lavoura (pinga-pinga). Nestes 25 anos, a tecnologia de aplicação evoluiu muito. Os equipamentos terrestres tiveram seu sistema de rodado adaptado para transpor as taipas e novos bicos de pulverização foram lançados, mas o trânsito dentro das áreas úmidas, com taipas ou mes- 22 / Planeta Arroz A r t i g mo irrigadas, continuou limitando o seu uso. Por outro lado, a aviação agrícola se modernizou, foram construídos aeródromos (pistas de pouso) em muitas propriedades rurais, reduziu-se o volume de calda de 40 a 50 litros por hectare para 20 a 30 litros a fim de tornar as pulverizações mais produtivas, equiparam-se as aeronaves com DGPS para balizamento orientado por sinais de satélites (eliminando o risco de exposição de balizadores humanos aos agroquímicos) e formaram-se muitos profissionais para atuar no setor. A diferença na uniformidade de distribuição de um herbicida através do velho sistema “pinga-pinga” e por aviação agrícola nos dias de hoje é tão grande que nem pode ser quantificada, mas seguramente permitiu que menores dosagens dos insumos passassem a ser empregadas. O quadro em anexo ilustra, de modo resumido, a grande redução na quantidade de herbicida usado por hectare, tanto em ingrediente ativo quanto em produto comercial formulado. Mostra também a tendência do uso de formulações menos agressivas ao ambiente, substituindo os concentrados emulsionáveis (CE) que possuem solventes e outros adjuvantes derivados de petróleo na sua constituição. Na primeira parte, cita alguns dos herbicidas mais usados no Rio Grande do Sul no início dos anos 80, onde podemos observar que a quantidade de ingrediente ativo variava entre quatro e seis quilos/ hectare, chegando à quantida- o A cada ano melhora a relação da natureza com a lavoura de arroz de de produto comercial formulado a valores médios entre oito e 15 litros/hectare. A formulação mais usada era concentrado emulsionável. Na segunda parte, são apresentados alguns dos herbicidas mais empregados no final dos anos 90, onde podemos observar quantidades de ingrediente ativo inferiores a 100 gramas/hectare (na maioria dos casos ao redor de 50 gramas/hectare) e, no caso de produto comercial formulado, menos de um litro/hectare, com formulações mais modernas como as soluções aquosas e grânulos dispersíveis em água. Exceções são o glifosate, que passou a ser usado nos anos 90 no plantio direto e cultivo mínimo, e o propanil associado ao clomazone, que ainda resultam em doses elevadas, disponíveis em formulações mais concentradas. A redução na quantidade de produtos alterou os tamanhos das embalagens, que antes consistiam em baldes de 20 litros e tambores de 100 a 200 litros, enquanto hoje se constituem em frascos com capacidade não superior a cinco litros na sua maioria. Práticas ultrapassadas de enterrio de embalagens vazias foram substituídas por um moderno sistema de descontaminação e recolhimento para reciclagem. Em palestras e treinamentos temos ressaltado a necessidade de redobrarem-se os cuidados com os frascos dosadores para o preparo das caldas, os quais requerem escalas cada vez mais precisas e que permitam mensurar pequenas quantidades. Desta forma, passamos a falar em gramas e mililitros, no lugar de quilogramas e litros. A redução do total de ingrediente ativo de cinco quilos para apenas 50 gramas/hectare representa uma quantidade de moléculas químicas hoje equivalente a apenas 1% do que usávamos há 20 anos. Menos produto aplicado num hectare seguramente resulta em processos mais rápidos de degradação, tornando nossas lavouras mais limpas e seguras. Planeta Arroz / 23 A r t i g o O veneno de cada época Alguns dos herbicidas mais utilizados no início dos anos 80 e final dos anos 90 em arroz irrigado no Rio Grande do Sul, com as respectivas quantidades aplicadas por hectare Produtos Ingrediente ativo/hectare Produto comercial/ Formulação Tipo de aplicação ANOS 80 hectare Molinate 4,3 kg 6l CE Gotejamento Propanil 2,9 + 2,9 = 5,8 kg 8 + 8 = 16 l 360CE 2 seqüenciais Propanil + 3,6 + 1,5 = 10 + 3 = 13 l CE Mistura de Pendimethalin Propanil + 3,6 + 3,0 = Butachlor 6,6 kg Propanil + 3,6 + 0,7 = Oxadiazon 4,2 kg Propanil + 1,6 + 3,2 = Thiobencarb ANOS 90 5,1 kg tanque 10 + 5 = 15 l CE Mistura de tanque 10 + 3 = 13 l CE Mistura de tanque 8l CE 4,8 kg Mistura formulada Propanil + Molinate 2,9 + 2,9 = 5,8 kg 8l CE Mistura formulada Quinclorac 300 g 600 g PM 1 aplicação Bispyribac- 50 g 125 ml SC 1 aplicação Fenoxapropp-ethyl 55 g 800 ml CE 1 aplicação Pyrazosulfuron 17 g 70 ml SC 1 aplicação Metsulfuron 2g 3,3 g GDA 1 aplicação Bispyribacsodium + 50 + 2 = 52 g 125 + 3,3 = 128,3 ml SC + DGA Mistura de tanque 50 + 17 = 67 g 125 + 70 = 195 mL SC + SC Mistura de tanque Propanil + Clomazone 2.900 + 400 = 3.300 g 6.000 + 800 = 6.800 ml 480 CE + CE Mistura de tanque Gliphosate 1.440 + 300 = 4.000 + 600 = SAq + PM 2 seqüenciais + Quinclorac 1.740 g 4.600 ml sodium Metsulfuron Bispyribacsodium + Pyrazosulfuron direto da redação ✓ Água racional Após três anos de pesquisa, um estudo desenvolvido na Universidade de São Paulo pode ajudar os agricultores a economizar até 45% de água nas lavouras de arroz. A nova técnica, que começa a ser utilizada no Vale do Paraíba, onde a maioria dos produtores planta arroz irrigado, tem como principal objetivo estimular a rizicultura usando apenas água da chuva. O processo é feito com variedades de sequeiro. Com a nova técnica elas podem atingir produtividade tão boa quanto o arroz irrigado, se a água for controlada de forma adequada e a semente for de boa qualidade. ✓Abiap pesquisa A Universidade de São Paulo está desenvolvendo a primeira pesquisa sobre arroz parboilizado encomendada pela Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado (Abiap). O projeto está sendo realizado desde janeiro pela pesquisadora Úrsula Marques, que recebeu amostras do produto de empresas associadas. O objetivo inicial da pesquisa, segundo o presidente da Abiap, Alfredo Treichel, é avaliar os efeitos do processo de parboilização do arroz sobre possível variação nos nutrientes. 24 / Planeta Arroz Preços Os preços praticados no Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz do Mercosul, têm apresentado alta variação na atual safra. Além das expectativas em torno da quebra de safra esperada no estado, em função do atraso generalizado do plantio e da ocorrência de dias frios nos meses de fevereiro e março (época em que a maior parte das lavouras encontra-se no período reprodutivo), os preços na atual safra apresentaram desempenho surpreendente. Planeta BUSINESS Marco Aurélio Marques Tavares n Mercado & política do arroz n Saca a R$ 25,00 A redução gradual da produtividade e a projeção dos novos cenários, além da orientação das entidades para que o produtor buscasse administrar melhor a oferta e vender o produto somente acima de R$ 25,00, acabaram sendo fatores fundamentais na consolidação dos preços em plena safra.. Próprias forças Ao contrário dos últimos anos, onde o apoio do Governo Federal na comercialização foi determinante para definir uma referência de preços ao produtor , neste ano o setor foi obrigado a buscar suas próprias alternativas para evitar o histórico aviltamento de preços na safra. O Governo prefere dizer que o fato se deve à organização e maturidade da própria cadeia produtiva. Em poucas semanas a moeda americana despencou de R$ 3,60 para valores inferiores a R$ 3,00 Lá fora A necessidade de importações de arroz de seus terceiros mercados (fora do Mercosul) acabou criando um referencial decisivo na formação dos preços do produto este ano, inclusive no mercado internacional. Nos últimos seis meses, os preços operados para aquisição de arroz com casca americano saltaram de 98 dólares, com preços de internação no Brasil que não passavam de 7,5 dólares a saca, para os atuais 160 dólares a tonelada, com internação a 10 dólares a saca. Dentro de um novo cenário, com a necessidade de importações brasileiras de terceiros países e com o programa alimentar de apoio ao Iraque, o mercado internacional começa a sinalizar uma tendência altista nos preços, arroz acima de 10 dólares. Planeta Arroz / 25 B u s i n e s s Fome Zero Arroz-múndi O conselheiro do Irga Juarez Petry de Souza acredita que o Governo Lula poderia explorar o programa Fome Zero para a criação de um sistema de troca, visando beneficiar os arrozeiros que não têm acesso ao crédito. “Os técnicos em planejamento que trabalham para o presidente poderiam criar um programa sério e honesto, financiando, por exemplo, R$ 50 mil (dois mil sacos de arroz) para um determinado produtor para ele plantar sua lavoura. Depois, quando ele colhesse seus 6 ou 7 mil sacos, teria que entregar 2,5 mil sacos no Irga ou na Cesa como forma de pagamento. Esse produto seria direcionado imediatamente para o Fome Zero”, sugeriu Petry. Segundo as últimas estimativas para o ano de 2003, o comércio mundial poderá ficar em torno de 27 milhões de toneladas, cerca de 6% menor em relação às 27,7 milhões de toneladas comercializadas em 2002. Os intercâmbios deverão alcançar mais uma vez níveis elevados em função da nova queda, pelo terceiro ano consecutivo, da produção mundial 2002/ 2003, a qual chegará a 582 milhões de toneladas contra 598 milhões de toneladas em 2001/2002, ou seja, uma redução de 2,7%. Urubus Com esta proposta ao Fome Zero, a União tiraria os arrozeiros descapitalizados das mãos dos “urubus” (como se refere Petry de Souza, conselheiro do Irga, aos agiotas e fornecedores que cobram preços abusivos dos arrozeiros) e ainda resolveria o problema da fome. Se isso acontecer, o estado poderia aumentar a produção regional de 5,3 milhões para 6,3 milhões de toneladas. AGENDA Pesquisadores, técnicos, produtores e lideranças do setor orizícola brasileiro têm encontro marcado de 5 a 8 de agosto próximo, em Camboriú (SC), no III Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado. O evento acontece no Centro de Convenções Itália e tem a organização a cargo da Epagri. O evento concentrará apresentação de trabalhos de pesquisa, conferências e palestras nas áreas de produção, indústria, consumo e mercado. O prazo final para recebimento de trabalhos é 13 de junho de 2003. Maiores informações pelo fone (47) 341-5217 ou site é www.sosbai.com.br. Planeta HUMOR SANTIAGO A terra tudo dá P l a n e t a A r r o z CADERNO DE TENDÊNCIAS (mas cobra seu preço) Os produtores de arroz do Rio Grande do Sul terão que pagar a partir de 1º de outubro para obter o licenciamento ambiental da lavoura. Embora a lei estadual que determina a licença de instalação e de operação junto à Fepam exista desde 1998, somente a partir de agora o licenciamento será obrigatório. E se o produtor pensa que este é o único fantasma a pairar sobre a planilha de custos, está enganado. Vem aí o pagamento da água utilizada para irrigar o arroz, previsão de lei de 1994. Veja como o mundo orizícola está recebendo as novidades T e n d ê n c i a s Planeta Arroz Meio ambiente agora é custo Os produtores de arroz do Rio Grande do Sul vão ter que pagar a partir de 1º de outubro deste ano para obter o licenciamento ambiental de sua lavoura. A fiscalização ficará a cargo da Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram). “O produtor que não obter as autorizações ambientais estará operando de forma ilegal, não podendo nem mesmo buscar um custeio no banco”, alerta Francisco Schardong, vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Segundo ele, logo após a criação da lei que determinou o licenciamento ambiental para a produção de arroz, foi criado o Cadastro do Produtor Irrigante, que surgiu através de um acordo entre Ministério Público, Farsul, Fetag, Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) e Fepam. O sistema, que foi prorrogado até o final de 2 O licenciamento ambiental surgiu de acordo entre MP, Farsul, Irga, Fepam e Governo gaúcho 1999, dava aos lavoureiros o prazo de três anos para encaminhar o licenciamento ambiental. Quando o prazo do cadastro do produtor irrigante estava por vencer, porém, foi criado o Conselho Nacional de Licenciamento entrou na planilha de investimentos do produtor Meio Ambiente (Conama), que em outubro de 2001 publicou uma resolução que se sobrepôs aos dois cadastros que já existiam. Com isso, foi dado o prazo de dois anos para os produtores se adequarem às exigências ambientais. T e n d ê n c i a s Planeta Arroz REPERCUSSÃO QUANTO VALE Considerando o custo de produção do Irga a R$ 24,50 por saco de 50 quilos em casca, o arrozeiro gastará em licenciamento o suficiente para produzir 644 sacos de arroz em lavoura grande 3Anote aí Segundo explicou o vice-presidente da Farsul, Francisco Schardong, as lavouras são classificadas de acordo com o Módulo Rural do Incra (MRI), que varia de tamanho para cada município. A Fepam considera, porém, uma área inferior a dois MRIs como mínima; com dois ou três módulos, pequena; média de três a seis MRIs; grande de seis a 10, e excepcional com 10 ou mais módulos rurais. A obrigatoriedade do licenciamento ambiental para as lavouras de arroz a partir de 1º de outubro está deixando preocupadas as lideranças do setor: FRANCISCO SCHARDONG Vice-presidente da Farsul n Para o vice-presidente da Farsul, Francisco Schardong, a cobrança é impraticável porque a lavoura é tipificada pela Fepam como altamente poluidora, ocupando ao lado da suinocultura a categoria mais alta de poluição. “Como a lavoura tem, segundo a Fepam, alto poder de poluição, os preços para o licenciamento são caríssimos, podendo ser até mesmo superiores a R$ 15 mil em alguns municípios. Isso é impraticável”, disse. ARTUR ALBUQUERQUE Presidente da Federarroz n O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul, Artur Albuquerque, entende que o licenciamento ambiental influirá na planilha de custos e forçará um aumento no preço do arroz nos supermercados. “O produtor terá que pagar a mais por isso. Os arrozeiros não têm condições de arcar sozinhos e o custo irá ser repassado na cadeia até chegar ao consumidor”. 3 T e n d ê n c i a s Planeta Arroz da Farsul é mudar a Arroz não Objetivo tipificação da lavoura diante Estadual do é poluidor daMeioSecretaria Ambiente A Farsul, juntamente com o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Emater/RS, Embrapa Clima Temperado, de Pelotas, e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), tentará ainda no primeiro semestre deste ano provar à Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) que a lavoura de arroz não tem um potencial altamente poluidor, ao contrário de como está classificada pela Fepam. Sendo assim, o setor preocupa-se com a forma em que será feito o licenciamento - pois os órgãos ambientais do Estado não têm recursos humanos para vistoriar cada área antes de concedê-lo - , os motivos pelos quais a orizicultura é considerada altamente poluidora e, por fim, os custos do licenciamento ambiental, que reduzirão automaticamente a partir do momento em que a lavoura estiver em uma categoria inferior de poluição. “A Farsul é favorável à proteção 4 Desmistificação da lavoura de arroz como vilã é o esforço do setor arrozeiro do meio ambiente porque nós vivemos da terra e da água, mas o licenciamento precisa ter custos viáveis para ser praticado. O Estado não pode só punir, primeiro tem que educar. O sistema agrícola é amplamente favorável ao meio ambiente e, portanto, os produtores não podem ser os grandes vilões da poluição”, argumenta o vice-presidente da Farsul Francisco Schardong. O presidente do Irga, Pery Sperotto Coelho, garante que o instituto vai buscar junto à Fepam uma solução para os arrozeiros na questão do licenciamento ambiental: “Estamos adequando a tecnologia usada na lavoura para reduzir o impacto ambiental e trabalhando para capacitar os produtores e os trabalhadores rurais em parceria com o Senar, isso dentro de um novo cenário mundial de preservação ambiental”. T e n d ê n c i a s Planeta Arroz Questão básica Por que a lavoura tem alto potencial poluidor? Maurício Fischer explica que teoricamente a inundação da lavoura de arroz prejudica os ecossistemas De acordo com o vice-presidente da Farsul, Francisco Schardong, até hoje nem a Fepam nem a Secretaria Estadual do Meio Ambiente explicaram tecnicamente por que a lavoura de arroz ocupa, exclusivamente ao lado da suinocultura, a mais alta categoria poluidora. O chefe da Divisão de Pesquisa do Irga, Maurício Fischer, disse que a lavoura orizícola re- cebeu essa classificação pela Fepam basicamente por inundar áreas de terra durante um período do ano em que estariam secas, prejudicando o ecossistema existente no local. A informação, porém, é contraditória às pesquisas que estão sendo desenvolvidas pelo setor, provando, por exemplo, que a água sai da lavoura mais limpa do que entra. 5 T e n d ê n c i a s Planeta Arroz Pesquisa mostra que Filtros água sai mais limpa do da natureza que quando é captada Em função da polêmica em torno da tipificação da lavoura orizícola como altamente poluidora, o Irga vem desenvolvendo nos últimos anos uma série de estudos técnicos sobre a qualidade da água na lavoura, que atingem resultados alentadores para o setor e se contrapõem à classificação dada pela Fepam. A pesquisa mais recente, conforme a pesquisadora Vera Regina Mussoi Macedo, dá conta que a água que sai da Estação Experimental do Irga em Cachoeirinha apresenta melhores condições do que ao ser captada no Rio Gravataí. Segundo ela, quando a água sai nos canais de drenagem pode se ver até mesmo a presença de peixes na água, o que não acontece nos pontos de captação. Vera Macedo lembra que o trecho do Rio Gravataí utilizado pelo Irga para levar água até a Estação Experimental é considerado pela própria Fepam o mais poluído 6 Mananciais não são prejudicados pela lavoura de arroz, diz o Irga daquela bacia. Conforme a pesquisadora, há estudos do Centro de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que chegam a apontar a lavoura como uma grande fonte bioacumuladora de nutrientes porque esses elementos são retidos na própria lavoura, o que ocorre de forma gradativa à produção. “Quando a cultura atinge o máximo de desenvolvimento, ela utiliza esses T e n d ê n c i a s Planeta Arroz 3Anote aí O Irga, paralelamente aos trabalhos técnicos, trabalha em seus programas de transferência de tecnologia no sentido de elevar a conscientização da preservação ambiental entre os arrozeiros. Conforme o gerente de pesquisas, Maurício Fischer, a meta é mantida mesmo que atualmente o arrozeiro esteja bem mais profissionalizado e contribuindo para a manutenção do ambiente. Senar e Irga se unem para melhorar o arroz Vera Macedo monitora a O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/RS) também trabalha para a profissionalização da lavoura arrozeira, tanto que será efetivado um termo de cooperação com o Irga para promover uma maior integração entre as duas instituições. O Senar está trabalhando no sentido de ampliar o atendimento à orizicultura gaúcha através de ações e cursos voltados a disseminar conhecimento sobre novas técnicas de manejo integrado do arroz, bem como sensibilizar produtores, trabalhadores e técnicos sobre a adoção de novas tecnologias a serem utilizadas na produção arrozeira, como por exemplo a redução do uso da água sem comprometer a lavoura. Em junho o Senar promoverá a capacitação e o nivelamento técnico dos instrutores da área. Ao todo são dois cursos voltados para a cultura do arroz irrigado, sendo que um deles trata do sistema pré-germinado e outro da sistematização de solos. elementos”, explicou Vera. Há um outro estudo do Irga que contraria a tipificação de que a lavoura é altamente poluidora: um trabalho em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria qualidade da água da estação de Cachoeirinha (UFSM) na bacia do Rio Vacacaí Mirim coletou amostras de água em pontos mais altos, onde não há lavoura arrozeira, e posteriormente nas proximidades das plantações. “Se observou que em ter- mos de nutrientes, entre eles fósforo, potássio e nitrogênio, a contribuição da lavoura não alterou a quantidade inicial que já vem nessa água”, afirmou Vera. 7 T e n d ê n c i a s Planeta Arroz O custo da água Os arrozeiros gaúchos estão preocupados com a possibilidade de verem ampliados os custos de produção da lavoura por causa do pagamento da água utilizada para irrigar o arroz. A Lei Estadual 10.350, de 30 de agosto de 1994, que criou o Sistema Estadual de Recursos Hídricos e os comitês de bacia, está na iminência de começar a mexer no bolso do produtor. Para que isso aconteça, basta que esses grupos se organizem a exemplo do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria, o que está com o processo de organização mais adiantado e mais próximo da cobrança. De acordo com o vice-presidente da Farsul, Francisco Schardong, o objetivo da lei é regulamentar a distribuição das águas e, com isso, vem a cobrança, a outorga e o uso da água. “A outorga torna oficial, por meio de um documento, a 8 Há um fantasma pairando sobre a planilha de custos da lavoura de arroz do Rio Grande do Sul O Estado é quem dará a outorga do uso da água para o produtor de arroz disponibilidade de água que o arrozeiro vai ter para sua lavoura. Ele vai buscar no setor encarregado da Secretaria Estadual de Meio Ambiente a autorização para captar um determinado volume de água de um rio ou de uma barragem, por exemplo, e depois vai no banco e paga uma taxa equivalente”, explicou. Já o uso da água, conforme T e n d ê n c i Schardong, é quando o comitê de bacia, composto 40% pelos usuários, outros 40% por representantes da população e 20% por indicados do Governo, entre eles o Instituto Riograndense do Arroz (Irga), decide onde vai ser aplicada a água. “A prioridade dos comitês é garantir água para uso público. Depois vem para a agricultura, indústria, e assim por diante”, frisou. O uso da água e seus custos são decididos pelo comitê e a outorga é dada pelo Governo do Estado. Segundo o vice-presidente da Farsul, a entidade busca ampliar representatividade nos comitês de bacia, tanto por meio de lideranças como dos sindicatos filiados. “Precisamos ter voz ativa nesses grupos, onde tudo é decidido. Os produtores ainda não acordaram para a importância desses organismos, pois neles será decidido quanto vamos pagar para irrigar as lavouras”, frisou. A Farsul teme que a cobrança da água se torne um grande problema nos próximos anos se os produtores não tiverem representatividade nos comitês. “Depois não vai adiantar brigar”, adverte. a s Planeta Arroz “A Farsul quer que o valor a ser cobrado pela água seja viável, justo e adequado à realidade do setor. Estamos trabalhando também pela regulamentação dos comitês, que se tornam essenciais para a própria distribuição normal das águas dentro das prioridades de cada bacia”. Francisco Schardong, vice-presidente da Farsul 9 T e n d ê n c i a s Como gastar menos água O Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), dentro do projeto de difusão de tecnologias, tem trabalhado para a diminuição do volume de água nas lavouras. De acordo com o gerente da divisão de pesquisas do Irga, Maurício Fischer, os técnicos trabalham com a média histórica de que cada hectare da lavoura utiliza por safra de 17 mil a 18 mil metros cúbicos de água, sendo que hoje essa não é mais a realidade de inúmeros produtores. “Resultados de pesquisas indicam que atualmente são necessários oito mil metros cúbicos por hectare durante toda a safra”, disse a engenheira pesquisadora Vera Regina Mussoi Macedo. Ela atribui essa redução do volume de água à profissionalização e modernização das lavouras, que resultam em melhor estrutura irrigante. Os arrozeiros estão tentando reduzir custos com energia elétrica ou óleo para motores de irrigação, o que gera a preocupação com melhor aproveitamento da água. Para o presidente do Irga, Pery Sperotto Coelho, racionalizar o volume de água usado na lavoura de arroz vai trazer ganhos ambientais, redução no custo de energia e nos custos totais de produção”. 10 Planeta Arroz Irga tem projeto para reduzir utilização deste novo componente de custo A redução passa pela modernização e profissionalização das lavouras, garantem os técnicos T e n d ê n c i a s Planeta Arroz Lei prevê retorno do pagamento em obras De acordo com o vice-presidente da Farsul, Francisco Schardong, o grande impasse vivido hoje pelos comitês de bacia, que já planejam a cobrança da água, é que a legislação de 1994 determina a conversão do dinheiro arrecadado em obras dentro da própria bacia hidrográfica. Agora, no entanto, o Governo do Estado quer que os recursos, quando começarem a ser pagos pelos usuários, sejam destinados ao caixa único do Estado para depois ser repassados aos comitês. Questão básica Valery Pugatch, engenheiro do Irga O comitê da bacia do Rio Santa Maria começa a cobrar na próxima safra? Não. De acordo com o vice-presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria, João Francisco Giuliani, ainda não há nem mesmo uma previsão de quando os arrozeiros da bacia começarão a pagar pela água que utilizarem em suas lavouras, embora seja o comitê em fase mais adiantada de organização no Rio Grande do Sul. “Temos problemas de falta d’água no verão e enchentes no inverno. Primeiro temos que ajustar isso, para depois querer cobrar dos usuários. Esperamos algumas obras do Governo do Estado, que vem nos prometendo barramentos há mais de três administrações”, disse Giuliani. 3Anote aí Conforme o coordenador do comitê de recursos hídricos e engenheiro agrícola do Irga, Valery Pugatch, a cobrança da água virá somente depois que a outorga for completamente aplicada em todas as regiões. “Ainda não há previsão para o início da cobrança, mas é algo que os lavoureiros devem começar a se preparar”, frisou. 11 T e n d ê n c i a s Planeta Arroz Setor vê tudo com olho crítico Arroz gaúcho poderá sofrer um reajuste ainda incalculável “O arroz do Rio Grande do Sul deverá sofrer um reajuste ainda incalculável a partir do momento em que os produtores tiverem que pagar pelo uso da água em suas lavouras”. Essa é a projeção do presidente da Federação dos Arrozeiros do Estado, Artur Albuquerque. Ele considera a lei estadual que determina a cobrança da taxa como “injusta e caolha”. Para Albuquerque, se a lei existe deve ser cumprida, mas “é lamentável que em sua criação ninguém se deu conta que isso vai refletir no preço ao consumidor”, salientou. Albuquerque ainda não tem uma projeção desta oneração, mas afirma que contribuirá muito para o aumento do custo de produção do cereal. Artur Albuquerque, que é também presidente da Associação Brasileira da Cadeia Pro- 12 dutiva do Arroz, entende que o setor deve traçar duas ações para evitar que o consumidor precise desembolsar mais dinheiro para comprar arroz, uma a curto e outra a médio prazo. “Temos que discutir nos comitês de bacia uma forma para que a taxa não inviabilize a lavoura ou que onere demais o consumidor. Depois terá de vir a reformulação das leis”. O Irga também vê a cobrança com reservas em fun- Irga: Sperotto fiscaliza ção da maneira como seria onerada a lavoura. “O arroz irrigado é um alimento de segurança nacional e por isso os produtores não podem gastar cada vez mais para produzir. A sociedade exige um produto com preço acessível sem perda da qualidade, mas cada vez o arrozeiro gasta mais para colocá-lo nas prateleiras dos supermercados”, resume Pery Sperotto Coelho, presidente do Irga. Chegando 10 perto, muito Mesmo com El Niño, o Projeto 10 perto produz até 4,2 toneladas acima da média Projeto O encerramento da colheita do arroz no município de Dom Pedrito, na região da fronteira do Rio Grande do Sul, trouxe a certeza de que as lavouras que entraram no programa de alta tecnologia denominado Projeto 10, numa parceria da Associação de Arrozeiros e o Irga, estão no rumo certo para alcançar a produtividade projetada de 10 toneladas por hectare. “Se não fosse o El Niño, com certeza boa parte destas lavouras alcançaria as 10 toneladas”, garante o gerente regional do Irga em Dom Pedrito, Eloy Cordeiro. A posição é atestada pelo agrônomo Valmir Menezes, que desenvolveu a base técnica do projeto, reunindo as diversas tecnologias desenvolvidas pelo instituto e disponibilizando-a, na forma de um método ajustável, de acordo com a demanda de cada lavoura. Resultados do Projeto 10 Produtor Produtividade (kg/ha) 2001/2002 Produtividade (kg/ha) 2002/2003 Paulinho Pilecco 7.722 NF Anselmo Marchezan 8.368 NF Guatambu 7.590 8.900 Otto Prade 8.918 9.240 Moizés Teixeira/ Gilberto Raguzzoni 7.225 9.045 Élvio Marchezan 7.553 8.350 Almir Vieiro 7.700 Manuel Machado 7.700 Fonte: Gerência Regional do Irga/ Dom Pedrito 10 Projeto O sistema gerou uma produtividade média muito superior às demais lavouras pedritenses. Enquanto a média no município ficava em 5.028 quilos por hectare na última semana de abril, nas lavouras do Projeto 10, que variam de 10 a 20 hectares, a produtividade mínima era de 7,7 mil quilos (53,1% a mais) e a lavoura que mais produziu chegou a 9.240 quilos/hectare, ou 83,8% acima da média. Num ano em que a produtividade do Rio Grande do Sul deve ficar abaixo dos cinco mil quilos por hectare e as lavouras sofreram muito com o atraso do plantio, as chuvas e o frio em período crítico, a diferença nas áreas do Projeto 10 para a média de Dom Pedrito variou de 2.672 quilos a 4.212 quilos, segundo resultado parcial até 27 de abril. Para a próxima safra, com expectativa de clima normal, crescem muito as possibilidades de algumas das lavouras do projeto alcançarem a meta de 10 toneladas de produção por hectare. O Projeto 10, desenvolvido em parceria do Instituto Rio-grandense do Arroz e a Associação de Arrozeiros de Equipe de trabalho do Projeto 10: objetivo é atingir produtividade de 10 mil quilos por hectare Diferenciais de produtividade 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Qualidade de semente Bom preparo do solo Plantio na melhor época Densidade de semeadura de até 150 quilos por hectare em cultivo mínimo ou plantio direto Controle precoce dos inços Aplicação de nitrogênio no seco, como novidade, já usado nos EUA, Austrália e Filipinas, utilizando até 70% da uréia no seco e o restante na época mais apropriada de acordo com a avaliação do desenvolvimento da cultura, e não mais 45 dias após a germinação Início da irrigação precoce, 18 dias após a emergência ou até três dias após aplicação da uréia Adubação de base com maior valor ao potássio em dosagem de 30% a 50% maior do que a recomendada pela análise do solo Rigoroso controle da ocorrência de pragas e doenças Dom Pedrito, tem por principal objetivo alcançar altos índices de produtividade e, por conseqüência, a rentabilidade que este sistema produtivo persegue há décadas. Projeto 10 já registra produtividade de 9,24 mil quilos por hectare Atrás Projeto 10 da alta produtividade O arrozeiro Otto Prade, que obteve a melhor média de produtividade registrada no Projeto 10 até o momento, com 9.240 quilos por hectare, persegue há muito tempo resultados bem acima da média das demais lavouras. Sua média nas últimas três safras foram 8,5 mil quilos por hectare. Nos 20 hectares do Projeto 10, colheu no ano passado 8,9 mil quilos por hectare, também o melhor resultado de todos os experimentos conduzidos, mesmo com o clima interferindo na fase reprodutiva da planta. “Não fosse isso, chegaria aos 10 mil quilos por hectare já no primeiro ano. Agora, me escapou no segundo de novo. Mas, no ano que vem, se o tempo ajudar, garanto que chego lá”, avisa. A realização de um bom preparo da lavoura e o planejamento para realizar todas as etapas sem negligenciar nenhuma das ações previstas é Questão básica Quais os fatores que limitam a produtividade? Segundo Valmir Menezes, estudos da FAO, em 1999, em colaboração com o Fundo Latino-americano de Arroz Irrigado (Flar), identificam a debilidade da transferência de tecnologia como uma das primeiras causas para a lacuna de produtividade nos países sul-americanos. A razão básica para o descompasso entre a tecnologia disponível e a adotada pelos agricultores, segundo o diagnóstico, está na forma como são geradas e difundidas as práticas modernas. “De um modo geral, as tecnologias são desenvolvidas longe da realidade dos produtores”, acrescenta Menezes. O agricultor tem muito a dizer para os pesquisadores e os seus conhecimentos práticos são complementares aos dos cientistas. 3Anote aí Mudanças no manejo da lavoura, com a adoção das tecnologias recomendadas, têm sido fundamentais para este novo perfil da produtividade dessas áreas. A expectativa dos produtores, desde o início do projeto, é obter este resultado na safra 2003/2004, o que aumenta a responsabilidade de todos os envolvidos, desde o preparo antecipado da terra até a colheita em 2004. um dos segredos para buscar produtividade de 10 toneladas por hectare na propriedade do orizicultor, ensina o produtor Élvio Marchezan. Ele destaca que na região há uma condição favorável de solo, clima e tecnologia para obter rendimentos bem acima da média gaúcha. “Com capricho e as técnicas adequadas, se o clima não atrapalhar, dá para chegar às 10 toneladas ou algo muito próximo disso”, avisa. A pesquisa 10 põe o pé No Projeto 10, o que há de mais avançado em manejo de lavoura no barro é repassado aos lavoureiros Projeto No Projeto 10, o que há de mais avançado em tecnologia de manejo de lavoura no Irga é repassado aos lavoureiros em reuniões, dias de campo e consultas informais. A pesquisa, literalmente, põe o pé no barro das lavouras de Dom Pedrito. Todos os produtores têm em comum o conhecimento, adquirido na prática ou em faculdades de Agronomia, e o êxito na aplicação das técnicas, o que já os fazia bons produtores bem antes da entrada em funcionamento do programa. A ousadia de aceitar novos desafios e buscar maior produtividade, mesmo que isso represente um mínimo de investimentos, também conta. O gerente regional do Instituto Rio-grandense do Arroz na fronteira-oeste, Eloy Cordeiro, informa que o engajamento dos produtores e a aplicação, no campo, do embasamento tecnológico obtido nas estações experimentais e nas O QUE É Este projeto foi gerado a partir de uma pergunta intrigante: por que as estações experimentais do Irga em Dom Pedrito superavam as 10 toneladas de produtividade por hectare e as lavouras dos arrozeiros que mais aplicavam tecnologia se mantinham entre seis e sete mil quilos? Se o solo é o mesmo, o clima é o mesmo, as cultivares também, a conclusão foi de que a deficiência estava no manejo e num déficit de aproveitamento, na lavoura, das tecnologias recomendadas pelos pesquisadores. unidades demonstrativas, onde a produtividade chega a 12 mil quilos de arroz por hectare, fazem a diferença. Em Dom Pedrito, a média da lavoura, antes da safra 2002/ 2003, chegou a 6,5 mil quilos por hectare. A diferença entre esta média e o resultado das lavouras experimentais e ensaios só ocorre no manejo e na condução da lavoura. “Há uma defasagem entre a tecnologia aplicada na lavoura arrozeira gaúcha e as que são disponibilizadas pela pesquisa”, explica Cordeiro. O Projeto 10 é um atalho para aplicar modernas técnicas, pois os produtores estão recebendo o aporte necessário de conhecimentos tecnológicos que a pesquisa tem disponível. Isso possibilita identificar as principais razões para o diferencial de produtividade.