A natureza cobra o seu preço

Transcrição

A natureza cobra o seu preço
As novas sementes que
chegam ao mercado
P l a n e t a
Arroz
Nº 7
SAFRA 2003
A
natureza
cobra o
seu preço
Licenciamento ambiental e uso
da água entram na planilha de
custos do produtor
Projeto 10
Como evolui a lavoura de 10 toneladas por hectare
2
www.planetaarroz.com.br
Nesta edição
[email protected]
Planeta Arroz apresenta as novidades de lavoura e de mercado do setor orizícola
Planeta Planeta
Planeta
Planeta
BUSINESS Planeta
SHOP
DADOS HUMOR
INDICADORES
6
24/25
8
Uso da água e impacto
ambiental entram na planilha
de custos do produtor
Especial
Projeto 10
O encerramento da colheita
do arroz no município de
Dom Pedrito, na região da
fronteira do Rio Grande do
Sul, trouxe a certeza de que
as lavouras que entraram no
programa de alta tecnologia
denominado Projeto 10,
numa parceria da Associação
de Arrozeiros e o Irga, estão
no rumo certo para alcançar
a produtividade projetada de
10 toneladas por hectare.
Arroz
26
Encartado
A lavoura vai ficar mais cara
com a entrada em vigor da legislação que obriga o pagamento do licenciamento
ambiental e do uso da água
por parte dos produtores.
21
14
Insumos
Sementes
O mercado recebe novos
produtos, de sementes híbridas de arroz de várzea
ao híbrido de sequeiro, passando pela nova semente
do Irga, a cultivar 422CL.
O engenheiro
agrônomo Eugênio Passos
Schröder mostra que hoje a
lavoura de arroz usa uma
quantidade de herbicidas em
cada hectare de arroz equivalente a apenas 1% do que era
empregado há 20 anos.
Lançamento da
nova semente
do Irga, na
Estação
Experimental de
Cachoeirinha
P l a n e t a
www.planetaarroz.com.br
10/11
Safra 2003
Maio
Fotos de Robispierre Giuliani, Igor Müller e Giuliano Fernandes / Consultoria: Jaceguay Barros,
Elcio Guimarães e Marco Aurélio Marques Tavares / Reportagens e redação: Igor Müller /
Editor-executivo: José Ricardo Gaspar do Nascimento / Jornalista responsável: Liberato Dios
Circulação em todo o Rio Grande do Sul / R$ 7,50
Impressão de Gráfica Jacuí - Cachoeira do Sul (RS) - 51 3722-2402
Publicação de Jornal do Povo Ltda / Rua 7 de Setembro, 1015 - Cachoeira do Sul (RS) - CEP 96.508-011/ Fone (51) 3722-1919
Carta ao leitor
O ponto de vista do arroz
A revista Planeta Arroz, desde seu lançamento, assumiu o compromisso de tentar
antecipar as tendências e preocupações que
farão parte do cotidiano do produtor
orizícola a partir da próxima safra. Assim,
a preocupação com a projeção do setor e as
novidades dos laboratórios sempre pautaram preferencialmente a redação da
Planeta Arroz.
Nesta edição, a revista passa a
limpo dois fatores que farão parte
da vida dos arrozeiros a partir
deste ano de 2003, a cobrança pelo uso da
água e o licenciamento ambiental. O leitor
vai encontrar também as novas sementes
que chegam ao mercado, os números
conjunturais e a análise de quem vê o planeta arroz do ponto de vista da lavoura, da
comercialização e do consumo.
Desde o primeiro número, a Planeta
Arroz vem se mantendo ao lado da
cadeia produtiva, informando, analisando, provocando. Boa leitura.
Desenvolvida para maior produção em menor espaço ocupado, de
fácil acesso operacional e a mais avançada tecnologia para
selecionadoras eletrônicas de arroz e outros grãos.
www.grassel.com.br
E-mail: [email protected]
6 / Planeta Arroz
Planeta
INDICADORES
Item
Valores mar/2002
Valores mar/2003
Variação %
Milho (60kg)
R$
R$
R$
R$
R$
R$
0,83
1,699
24,00
14,60
20,50
12,50
R$
R$
R$
R$
R$
R$
1,57
2,46
33,00
26,00
38,00
20,00
89,16
44,79
37,50
78,08
85,37
60,00
Feijão (60kg)
R$
65,00
R$
73,00
12,31
Fumo médio tipo Virgínia
TO2 (kg)
R$
2,61
R$
3,37
29,12
Boi vivo (kg)
R$
1,35
R$
1,50
11,11
Adubo 5 20 20 (tonelada)
R$
430,00
R$
686,00
59,53
Uréia (tonelada)
R$
440,00
R$
810,00
84,09
Energia Celetro - kWh
R$
0,17712
R$
0,19809
11,86
Energia AES Sul - kWh
(residencial urbana)
R$
0,28236
R$
0,31514
11,62
Trator New Holand TL75
80HP
-
R$ 66.304,00
-
Colheitadeira New Holand
R$ 135.000,00
R$ 195.000,00
44,44
Salário mínimo nacional
R$
180,00
R$
200,00
11,11
Dólar (comercial - venda)
R$
2,33
R$
3,47
48,93
Óleo diesel (litro)
Gasolina comum (litro)
Botijão de gás (13kg)
Arroz em casca (50kg)
Soja (60kg)
(TC55, sem esteira)
A Revista Planeta Arroz distribui gratuitamente um informativo
semanal com as principais informações da cadeia do arroz.
Faça o seu cadastro em www.planetaarroz.com.br
Fonte: Celetro
(rural)
direto da
redação
8 / Planeta Arroz
Planeta
SHOP
O supersem-fim
✓ Pelas terras altas
O Mato Grosso e as entidades do setor arrozeiro estão
buscando parcerias e novas
tecnologias para exportar
arroz especialmente para os
mercados europeu e do Oriente Médio. A idéia é aproveitar o baixo custo de produção do arroz de sequeiro
para exportá-lo. “Vamos fazer um arroz de acordo com
as necessidades dos mercados onde vamos entrar”, informou o presidente da Associação dos Produtores de
Arroz, Ângelo Maronezzi. Segundo ele, a idéia é exportar
não só o arroz já industrializado,
mas
também
tecnologias. O principal empecilho é o alto custo do
transporte rodoviário do
Mato Grosso até o Porto de
Santos. A saída é viabilizar
a hidrovia Cuiabá/Santarém.
✓Pela Índia
As estimativas são de que as
exportações da Índia caiam
39% em 2003, para quatro
milhões de toneladas, após
terem mais do que triplicado
em 2002, para 6,6 milhões de
toneladas. Há previsões também de que as exportações de
arroz do Paquistão recuem
27%, para cerca de 1,1 milhão de toneladas. A qualidade mais elevada e a tradição
nas exportações significam
que traders preferem o grão
tailandês e vietnamita ao indiano.
O arroz em casca possui
elementos abrasivos capazes
de fazer com que os equipamentos móveis, que permanecem em contato direto com o
grão, apresentem altos índices
de desgaste. Por isso, as indústrias do setor lançaram mão de
novas tecnologias e meios de
amenizar os problemas com os
sem-fins transportadores de
grãos, tanto utilizados nas
máquinas colheitadeiras como
nos demais equipamentos que
envolvem o beneficiamento do
grão, como por exemplo os silos secadores.
Em 1997, a Screw Indústria Metalmecânica Ltda, de
Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, foi pioneira no desenvolvimento de tecnologia
em tratamento dos sem-fins
transportadores de grãos de
arroz em casca. O objetivo:
combater o desgaste das peças.
3Anote aí
Uma peça temperada
fornecida para a New Holland,
e utilizada em duas safras
agrícolas (cerca de 700 horas), apresentou um índice
zero de desgaste. Somente
a parte que entra em contato direto com o grão ficou polida pela
abrasividade do arroz. Um
sem-fim comum não atingiria 700 horas de colheita
em boas condições de uso
devido ao desgaste gerado
pelo contato com elementos
abrasivos do arroz.
A soma dos conhecimentos do
corpo técnico da empresa e a
busca de novas tecnologias geraram know-how para um inovador tratamento técnico nos
sem-fins já fabricados, acrescentando-lhes resistência até
10 vezes superior aos equipamentos de transporte similares comuns.
O processo gerador de maior resistência nos sem-fins,
conforme o diretor João
Augusto Streit, consiste em
adicionar carbono e outros elementos químicos na superfície
da lâmina e, após, temperar
em banho de óleo, ficando com
dureza em torno de 55 HRc.
Esse processo é utilizado desde 2001 nas colheitadeiras da
CNH (Case e New Holland).
As peças são fornecidas pela
Screw diretamente na linha de
produção em Curitiba, no
Paraná.
Planeta Arroz / 9
Planeta
AGENDA
Santa Vitória abre a colheita em 2004
Santa Vitória do Palmar, responsável pelo
plantio de 40% da área de arroz irrigado da zona
sul do Rio Grande do Sul, o equivalente a 62 mil
hectares nesta safra, será sede, em 2004, da 14ª
Abertura Oficial da Colheita do Arroz. O anúncio foi feito no ato de abertura da colheita de
2003 em São Lourenço do Sul. O prefeito do
município anfitrião, Dari Pagel, fez a entrega
da pá que representa a colheita do arroz ao presidente da Câmara de Santa Vitória, Volmair
Barreto. O evento deve acontecer na primeira
semana de março, pois a próxima safra tem perspectiva de normalidade de clima. “Este ano foi
complicado por causa do El Niño”, lembrou o presidente da Abrarroz, Artur Albuquerque. Segundo ele, com a expectativa de obter bons preços
ABERTURA DE 2003, com o governador Germano
Rigotto e o ministro Roberto Rodrigues
este ano, a abertura da próxima colheita tende
a ser um evento bastante concorrido.
Planeta
DADOS
10 / Planeta Arroz
n Estatísticas do arroz n
COMPARATIVO DE ÁREA, PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE
SAFRAS 2001/2002 e 2002/2003
UF
ÁREA (em mil ha)
01/02
RR
RO
AC
AM
AP
PA
TO
Norte
MA
PI
CE
RN
PB
PE
AL
SE
BA
Nordeste
12,0
70,0
22,5
11,5
2,3
266,2
145,0
529,5
480,0
156,0
42,0
2,0
7,5
3,9
7,0
10,2
26,7
735,3
02/03
15,0
60,9
21,4
12,4
2,3
276,8
152,3
541,1
497,8
140,4
44,1
1,7
8,0
3,9
7,0
13,0
17,4
733,3
VAR (%)
25,0
-13,0
-5,0
7,8
4,0
5,0
2,2
3,7
-10,0
5,0
-13,0
6,7
27,0
-35,0
-0,3
PRODUÇÃO (em mil t)
01/02
02/03
VAR (%)
66,0
131,6
31,3
20,8
1,9
467,2
371,2
1.090,0
624,0
85,8
98,7
5,2
9,6
21,1
38,6
43,9
39,5
966,4
84,0
115,7
29,7
23,2
1,9
512,1
426,4
1.193,0
746,7
204,3
110,3
3,8
13,4
21,1
38,6
55,9
29,1
1.223,2
27,3
-12,1
-5,1
11,5
9,6
14,9
9,4
19,7
138,1
11,8
-26,9
39,6
27,3
-26,3
26,6
PRODUTIVIDADE (kg/ha)
01/02
5.500
1.880
1.390
1.808
830
1.755
2.560
2.059
1.300
550
2.350
2.600
1.280
5.420
5.520
4.300
1.479
1.314
02/03
5.600
1.900
1.390
1.870
830
1.850
2.800
2.205
1.500
1.455
2.500
2.220
1.680
5.420
5.520
4.300
1.670
1.668
VAR (%)
1,8
1,1
3,4
5,4
9,4
7,1
15,4
164,5
6,4
-14,6
31,3
12,9
26,9
Planeta
DADOS
Planeta Arroz / 11
n Estatísticas do arroz n
COMPARATIVO DE ÁREA, PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE
SAFRAS 2001/2002 e 2002/2003
UF
PR
SC
RS
Sul
MG
ES
RJ
SP
Sudeste
MT
MS
GO
DF
C-oeste
N/NE
C/Sul
Brasil
ÁREA (em mil ha)
01/02
02/03
78,0
140,8
985,0
1.203,8
97,9
4,6
2,7
40,6
145,8
440,3
51,0
113,7
0,2
605,2
1.264,8
1.954,8
3.219,6
68,6
145,0
955,5
1.169,1
89,1
4,1
2,9
39,4
135,5
431,5
49,5
112,0
0,1
593,1
1.274,4
1.897,7
3.172,1
VAR (%)
-12,0
3,0
-3,0
-2,9
-9,0
-10,0
7,0
-3,0
-7,1
-2,0
-3,0
-1,5
-50,0
-2,0
0,8
-2,9
-1,5
PRODUÇÃO (em mil t)
01/02
02/03
VAR (%)
182,5
929,3
5.464,8
6.576,6
210,5
13,4
8,3
110,8
343,0
1.215,7
218,1
216,0
0,3
1.650,1
2.056,4
8.569,7
10.626,1
171,5
986,0
5.064,2
6.221,7
196,0
12,0
8,9
108,4
325,3
1.208,2
222,8
221,8
0,1
1.652,9
2.416,2
8.199,9
10.616,1
-6,0
6,1
-7,3
-5,4
-6,9
-10,4
7,2
-2,2
-5,2
-0,6
2,2
2,7
-66,7
0,2
17,5
-4,3
-0,1
PRODUTIVIDADE (kg/ha)
01/02
2.340
6.600
5.548
5.463
2.150
2.920
3.070
2.730
2.353
2.761
4.277
1.900
1.520
2.727
1.626
4.384
3.300
02/03
VAR (%)
2.500
6,8
6.800
3,0
5.300
-4,5
5.322
-2,6
2.200
2,3
2.920
3.070
2.750
0,7
2.401
2,0
2.800
1,4
4.500
5,2
1.980
4,2
1.000
-34,2
2.787
2,2
1.896
16,6
4.321
-1,4
3.347
1,4
FONTE: CONAB / Abril/2003
12 / Planeta Arroz
direto da
redação
Planeta
GENTE
✓ Vietnã segundão
O Vietnã resgatou este ano o
seu lugar de segundo maior
país exportador mundial de
arroz. As exportações de arroz vietnamita provavelmente vão aumentar 37% em
2003, para 4,25 milhões de
toneladas, em relação às 3,1
milhões de toneladas de
2002, divulgou a Foreign
Agricultural Service dos Estados Unidos, agência agrícola para o exterior. O Vietnã
foi o segundo maior país exportador mundial de arroz,
depois da Tailândia, em
1999, 2000 e 2001, antes da
expressiva elevação dos fornecimentos indianos da
commodity de qualidade inferior, que contribuíram para
uma queda antecipada de
12% nas exportações vietnamitas em 2002.
Projeção de exportação
10 maiores do
arroz em 2003
Posição
País
Toneladas
1__________________________Tailândia
____________________________________7.750.000
__________________________
2__________________________Vietnã
4.250.000
______________________________________________________________
3__________________________Índia
____________________________________4.000.000
__________________________
4__________________________EUA
3.400.000
______________________________________________________________
5__________________________China
____________________________________2.250.000
__________________________
6
Paquistão
1.100.000
________________________________________________________________________________________
_7_________________________Birmânia
____________________________________1.000.000
__________________________
8
Uruguai
__________________________________________________________________650.000
______________________
_9_________________________Egito
________________________________________400.000
______________________
10
Argentina
350.000
Fonte: USDA
Balthazar de Bem e Canto é
Homem do Arroz
BALTHAZAR DE BEM: “Eu sou um homem realizado”
Um dos principais produtores de arroz do município de
Rio Pardo, Balthazar de Bem
e Canto, 62 anos, arrozeiro há
40, mantém uma lavoura de
500 hectares. Este ano, a colheita teve um sabor especial.
Além dos bons preços que o
produto alcança no mercado,
ele foi homenageado no dia 7
de março em São Lourenço do
Sul, durante a 13ª Abertura
Oficial da Colheita do Arroz,
com o título de Homem do Arroz. Balthazar recebeu o título honorífico juntamente com
o secretário de Agricultura do
Estado, Odacir Klein, com o
deputado federal Luiz Carlos
Heinze (PP), o fundador da
Federarroz, Breno Pinheiro
Prates, e o diretor da RBS Rural, Kleber Moura.
O arrozeiro teve toda a sua
trajetória ligada à agricultura
reconhecida através do prêmio
Homem do Arroz. Atualmente, mantém sua propriedade
rural de 3,5 mil hectares em
Rio Pardo, mas reside em Porto Alegre. No currículo de
Balthazar de Bem e Canto está
um mandato de deputado federal (1983 a 1987), secretário
de Agricultura do Estado
(1979 a 1982, durante a gestão de Amaral de Souza) e ainda a presidência do Irga (1974
a 1978). “Eu sou um homem
realizado”, disse ele.
Balthazar de Bem e Canto
ainda planta 500 hectares de
soja e se dedica à pecuária,
com um plantel de mais de três
mil cabeças de gado de corte.
Ele é casado e tem duas filhas.
Planeta Arroz / 13
G
e
n
t
Pesquisa perde
Yokoyama
A pesquisa do arroz
perdeu um de seus importantes cientistas no dia 9
de novembro passado.
Morreu Satoru Yokoyama.
Ele era engenheiro agrônomo e melhorista de arroz
em Santa Catarina. Em
1992, assumiu os trabalhos em melhoramento de
arroz irrigado, onde rapidamente alcançou renome
internacional. Participou
do desenvolvimento das
cultivares Epagri 106,
Epagri 107, Epagri 108,
Epagri 109, SCS BRS
111, SCS 112 e SCS BRS
113 - Tio Taka. Também
faz parte de seu trabalho
o desenvolvimento do arroz multiespigueta e de
gene compacto, cujos resultados em breve estarão
disponíveis aos produtores
de todo o Brasil e de países como Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia e
Chile.
e
Honra ao mérito de Breno Prates
PRATES:
luta
contra
acréscimos
bancários
O empresário rural Breno Pinheiro Prates, 63 anos, foi premiado pela Federarroz com o
prêmio Homem do Arroz 2003.
Ele fundou a Federarroz, em
1959, e atualmente trabalha
como prestador de serviços de
secagem e armazenagem de arroz em Alegrete. Além de sua
trajetória ligada a movimentos
agrícolas, Breno Prates é coordenador do Correio Rural, programa semanal da Rádio
Guaíba. Breno Prates foi presidente da Federarroz de setembro de 1989 a dezembro de 1993,
quando foi iniciada a discussão
com o sistema financeiro sobre
os acréscimos impagáveis das
contas gráficas dos arrozeiros.
“Essa discussão gerou momentos
fortes, até mesmo no Judiciário”,
lembra. “Com o tempo, veio a
Comissão Parlamentar de Inquérito Mista, do Congresso Nacional, baseada nas denúncias consistentes apresentadas a partir
da Carta de Uruguaiana”, destaca. Breno Prates também foi
idealizador da primeira abertura oficial da colheita do arroz no
Brasil.
direto da
redação
✓ Por São Lourenço
A revista Planeta Arroz esteve com suas equipes de reportagem cobrindo a Expoarroz,
o II Seminário da Cadeia Produtiva do Arroz e a Abertura
Oficial da Colheita Brasileira do Arroz, em São Lourenço do Sul (RS). Destacaramse, no evento, a entrega das
comendas aos homens do arroz e a abertura oficial com a
presença do ministro Roberto Rodrigues. Toda a cadeia
brasileira do arroz esteve representada
no evento
que discutiu os
rumos
do mercado e da
lavoura arrozeira em
2003.
✓ Superconvênio
A divisão de classificação e
certificação da Emater e a
Cooperativa Agrícola Mista
Agudense, de Agudo - depressão central do Rio Grande do Sul -, firmaram convênio para controle de qualidade do arroz a ser recebido
pela unidade, estimado em
15 mil toneladas. Pelo contrato, estão sendo aferidos o
grau de impureza e umidade, a presença de arroz vermelho e preto e o índice de
grãos inteiros e quebrados.
M
e
r
c
a
d
o
14
Arroz da
RiceTec entra no
mercado para a
safra 2003/2004
Híbrido está
chegando
O potencial de aumento da
produtividade de arroz em até
mil quilos por hectare é o grande apelo comercial da semente híbrida que a multinacional
RiceTec colocará no mercado
brasileiro para a próxima safra. A cultivar Avaxi (arroz, em
tupi-guarani) foi lançada oficialmente na 13ª Abertura da
Colheita do Arroz, no mês de
março, em São Lourenço do
Sul. O gerente técnico da
RiceTec, Renato Luzzardi, explica que os experimentos conduzidos no Brasil nos últimos
anos formataram o produto.
“Os resultados foram considerados excelentes”, destaca.
O híbrido Avaxi está sendo avaliado desde 1997, alcançando rendimentos superiores
em até mil quilos por hectare
sobre os outros principais concorrentes em ensaios experimentais comparativos. A cultivar alcançou até 12,8 mil
quilos por hectare em experimentos conduzidos no município de Dom Pedrito, no Rio
Grande do Sul.
Além da alta produtividade, há grande potencial de
perfilhamento, permitindo reduzir a densidade de semeadura para até 60 quilos/hectare.
Características e
vantagens do Avaxi
15 dias
n Ciclo: 1115
n Sistema de semeadura: plantio
direto, semidireto,
convencional e pré-germinado
n Adubação de base: conforme
análise de solo. Na adubação de
cobertura recomenda-se a
aplicação de nitrogênio,
distribuído em 20% do plantio,
50% antes da entrada de água e
30% no início do florescimento
n Doenças: boa resistência a
doenças como brusone,
mancha-parda e mancha-estreita
n Tolerância ao acamamento,
inclusive no sistema
pré-germinado
n Produtividade média: até mil
quilos sobre as outras
variedades testadas
Fonte: RiceT
ec
RiceTec
Ainda há boa formação de
raízes, com maior resistência
ao acamamento, inclusive no
sistema pré-germinado, ciclo
precoce de 115 dias e boa resistência a doenças como
brusone, mancha-parda e
mancha-estreita entre as características favoráveis da variedade.
Agro Norte
também
lança o seu
híbrido
A primeira variedade mundial de arroz híbrido para terras altas, desenvolvida no Brasil pela empresa Agro Norte,
ganhou repercussão mundial a
partir do Agrishow Cerrados,
ocorrido no Mato Grosso em
abril. Além de despertar o interesse de centenas de produtores brasileiros pelos atrativos de aumento de produtividade e redução de tratos culturais, a cultivar despertou a
atenção da China, maior produtor mundial de arroz e que
enfrenta séria crise de abastecimento de água. Em busca de
alternativas para a irrigação,
os chineses já vêm mantendo
contatos com empresas do
Centro-oeste brasileiro e a própria Embrapa em busca da tecnologia desenvolvida para os
cerrados.
Durante o Agrishow Cerrados, o presidente da Academia de Ciências Agrícolas da
China, Dayun Tao, convidou o
presidente da Associação dos
Produtores de Arroz do Mato
Grosso (APA-MT) e diretor da
empresa Agro Norte, de
Sinop, Angelo Maronezzi,
para realizar o lançamento internacional da cultivar em setembro, na principal feira
agropecuária da China.
Maronezzi conduziu as pes-
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Sementes de alto
potencial produtivo
atraem chineses
3Anote aí
O presidente da Associação dos Produtores de Arroz de Mato
Grosso (APA-MT) e diretor da Agro Norte, Angelo Maronezzi,
considerou muito importante o contato com o vice-presidente
da academia de agricultura chinesa. “É um grande passo para
a difusão de tecnologias e para intercâmbios”, explica. Desde
que as primeiras cultivares de arroz de terras altas passaram
a ser desenvolvidas pela Embrapa, e mais recentemente pelas
empresas privadas, o Brasil se tornou um pólo de difusão tecnológica na cultura de sequeiro.
FICHA TÉCNICA
As vantagens do híbrido
n O volume de sementes
convencionais de arroz de terras
altas por hectare chega a 70
quilos. O híbrido utiliza 25
quilos de sementes
n Esta redução acarreta também
uma diminuição no uso de
defensivos no trato cultural,
baixando, ainda, o custo da
lavoura
n A produtividade aumenta, em
média, 35%
Fonte: Agro Norte
quisas que resultaram nesse
híbrido.
Os chineses cultivam 30
milhões de hectares de arroz,
a metade em lâmina d’água e
o restante irrigado. A China
tem apenas dois grandes rios,
o Amarelo e o Vermelho, para
atender a maior população do
planeta. A redução do volume
de água levou as autoridades
de Pequim a priorizarem seu
uso para consumo humano, gerando a necessidade de alternativas para o cultivo do arroz.
direto da
redação
✓ Ano do arroz
A Organização das Nações
Unidas aprovou um projeto
para designar 2004 como o
Ano Internacional do Arroz.
Os objetivos deste projeto são
ressaltar a importância deste cereal na segurança alimentar mundial e reduzir a
pobreza e a desnutrição, principalmente nos países do terceiro mundo. A iniciativa vem
ao encontro do projeto brasileiro Fome Zero. As ações técnicas e humanitárias deste
projeto internacional devem
ser definidas ainda no primeiro semestre de 2003.
✓ Força do ICMS
O arroz
é
o
protagonista da
circulação de riquezas do Rio
Grande do Sul. O setor é responsável por 10% do ICMS e
por 3,1% do PIB do
agronegócio. Além disso, o
estado é responsável por 45%
do arroz produzido no país e
90% do arroz irrigado. O Rio
Grande do Sul deve colher
este ano 5,5 milhões de toneladas do cereal. A safra deve
se estender até o final de
maio.
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16
2004,
Planeta
o ano
do arroz
A cultura é vital para solucionar
o problema alimentar do mundo
por Elcio Guimarães
O arroz é uma cultura vital para ajudar na solução de
problemas como segurança alimentar, diminuição da pobreza e desenvolvimento agrícola
sustentável. Reconhecendo esses fatores, a Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e
seus países membros, dentre
os quais está o Brasil, o Instituto Internacional do Arroz
(IRRI), nas Filipinas, e o Centro de Arroz para a África
(Warda), na Costa do Marfim,
através do Governo das Filipinas, propuseram à Assembléia
Geral das Nações Unidas
(ONU) que o ano 2004 fosse
nomeado o Ano Internacional
do Arroz. Essa proposta foi
aprovada pela ONU no dia 13
de novembro de 2002.
O objetivo geral dessa nomeação é o de promover global, regional e nacionalmente
o apoio para o desenvolvimento sustentável do arroz, buscando melhorar a segurança
alimentária, diminuir o nível
de pobreza e manter o ambiente protegido através da conscientização dos diferentes elos
da cadeia produtiva e da soci-
edade em geral, colocando a
atenção pública mundial para
os desafios ligados à produção
do arroz.
No mundo todo estão sendo planejados estudos para
buscar soluções para as maiores limitantes da produção nas
diferentes regiões, eventos tais
como reuniões técnico-científicas, exposições de trabalhos
manuais, feiras e festividades,
competições buscando estimular a publicação de artigos em
jornais e revistas, desenhos,
fotografias, etc. Todas essas
atividades e várias outras que
serão propostas estão sendo
desenhadas para que contribuam para o alcance dos objeti-
Planeta Arroz / 17
A
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o
Arroz no país.
vos descritos anteriormente. O
Essa é uma oportunidade
orizicultor e a sociedade braúnica que todos os componensileira terão a oportunidade de
tes da sociedade ligados ao arorganizar e participar em
eventos no Brasil. A Embrapa
roz têm para demonstrar a importância desse produto para
Arroz e Feijão, em Goiânia,
o povo brasileiro. Também
Goiás, participa da comissão
pode ser o momento oportuno
organizadora internacional e
para resdeverá, junto com as
saltar como
o oriziculdemais entidades nator brasileiElcio Perpétuo
ro pode e
cionais liGuimarães é
gadas ao
está contriengenheiro
produto arb u i n d o
agrônomo
para proroz, coordemelhorista de
gramas gonar o proarroz e senior officer para
vernamencesso de cecereais e culturas da Organizatais de alilebração do
ção das Nações Unidas para Alimentação
Ano Intermentação e Agricultura (FAO).
como
o
nacional do
quem é
Fome Zero, instituído pelo Governo Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, essa ocasião
pode ser utilizada para mostrar ao mundo como o país
pode contribuir, de maneira
global, para aliviar a pobreza,
produzir de maneira sustentável ao mesmo tempo que cuida o meio ambiente.
Em conclusão, o ano de
2004 trará oportunidades novas para todos aqueles que direta ou indiretamente dedicam suas vidas a uma cultura
que é a base alimentar de mais
da metade da população mundial e que responde por 60% a
70%
das
necessidades
calóricas de mais de um terço
da população mundial.
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direto da
redação
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✓ Coriscal + Cotrican
A Cooperativa Agrícola
Cachoeirense (Coriscal), de
Cachoeira do Sul (RS), incorporou a Cooperativa Agrícola
Mista
Candelária
(Cotrican), em processo de liquidação. Na
assembléia da
Cotrican, os
associados decidiram que a
Coriscal não
assumirá os
débitos da cooperativa. O processo de incorporação terá uma primeira
fase, com 10 anos de duração,
em que a Coriscal fará a locação da estrutura da
Cotrican, recebendo os grãos
dos 663 associados da cooperativa.
✓ Cotrican + Coriscal
A Cotrican tinha em torno de
mil associados, mas houve a
exclusão dos não-depositários ou desistentes antes da
incorporação. O prazo de
uma década foi estabelecido
para que a cooperativa
candelariense consiga zerar
suas dívidas, que giravam
em torno de R$ 7 milhões no
começo de 2001, quando foi
iniciado o processo de liquidação. Depois desse período,
todo o patrimônio da
Cotrican, já autoliquidada,
passará automaticamente a
pertencer à Coriscal.
○
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Em parceria com a
Basf, está entrando
no mercado o
sistema Clearfield
Lavoura
limpa com o
Irga 422CL
A multinacional Basf e o
Instituto Rio-grandense do
Arroz (Irga) estão colocando no
mercado, para a safra que começa a ser plantada em setembro, uma nova tecnologia em
produção de arroz que promete ser a mais importante ferramenta contra o arroz vermelho e outros inços lançada na
história recente da produção
arrozeira nacional. Trata-se do
sistema
de
produção
Clearfield, que consiste na utilização da cultivar Irga 422CL
e o herbicida Only (em fase de
registro) e um programa de
segurança para uso desta
tecnologia.
A semente resiste ao
herbicida Only, permitindo
assim o controle do arroz vermelho, principal invasora das
lavouras gaúchas (capaz de
reduzir em até 20% a produção de arroz branco no estado),
e outras ervas daninhas secundárias. A cultivar Irga
422CL tem ciclo médio de 121
dias e uma rápida capacidade
de desenvolvimento em sua
fase inicial. A variedade foi
lançada oficialmente no últi-
Berço: Estação Experimental
de Cachoeirinha
mo dia 19 de março, no tradicional Dia de Campo do Irga,
na Estação Experimental de
Cachoeirinha - no mesmo dia
em que foi formalizada a parceria do instituto gaúcho com
a Basf.
Segundo o gerente da Divisão de Pesquisas do Irga,
Maurício Fischer, a nova variedade
resulta
do
retrocruzamento entre sementes da Universidade da Louisi-
Planeta Arroz / 19
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FICHA TÉCNICA
Conheça a nova semente
n Capacidade de desenvolvimento com
rapidez na fase inicial
n Altura média de 80 centímetros
n Casca de coloração amarelo-palha
n Folhas curtas, eretas e pilosas
n Ciclo médio de 121 dias
n Área de adaptação: todas as regiões
orizícolas do Rio Grande do Sul
n Densidade de semeadura: de 400 a 500
sementes aptas por metro quadrado
Pesquisas do Irga: a cada geração, a
busca de uma semente que permita
mais produtividade
ana, nos Estados Unidos, e a
Irga 417, plantada em cerca
de 40% da área cultivada do
Rio Grande do Sul. O cruzamento inicial ocorreu em
1996, nos EUA. O trabalho
prosseguiu em Cachoeirinha,
até resultar no lançamento da
cultivar.
A semente Irga 422CL é
recomendada em áreas que
apresentem infestação com o
vermelho, onde o controle por
outras técnicas não tenha sido
eficiente. Na próxima safra,
30 mil sacos de semente devem ser disponibilizados. Serão 15 mil para produção de
sementes e 15 mil para campos experimentais de produtores selecionados em cursos e
seminários direcionados ao
conhecimento desta tecnologia.
Só vão trabalhar com o produto orizicultores cadastrados
e que representem um perfil
de grande aporte tecnológico e
identificação com o projeto.
Além disso, todos terão que
passar por um programa de
segurança, pois há o risco de
cruzamento do arroz branco
com variedades do vermelho e
do preto, tornando a ferramenta ineficaz.
20 / Planeta Arroz
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Ferramenta estratégica para o futuro
O sistema Clearfield de
efeito residual no solo, ofereprodução de arroz, no Rio
ce controle nas ervas daniGrande do Sul, é uma ferranhas emergidas ou por emermenta estratégica para o congir. O foco do herbicida é o
trole do arroz vermelho. Secontrole do arroz vermelho.
gundo o pesquisador Valmir
Todavia, o sistema agrega ainGaedke de Menezes, do maneda a capacidade de controlar
jo desta ferracapim-arroz,
menta depende a
ciperáceas,
O
sistema
sua utilidade.
junquinho
e
recomenda o
Como o arroz verangiquinho.
plantio de 2,5 sacos
melho e o arroz
Mesmo assim,
de
sementes
da
branco se cruhá escape. Como
cultivar Irga
zam, é importané baixa a popula422CL. A dose do
te que os usuárição de invasoras
herbicida
é
de
um
os passem pela
que escapa, o
litro por hectare. É
fase de classificaideal é realizar a
recomendado mais
ção e validação da
catação manual
o uso do
tecnologia, por
como forma de
sulfactante
Dash,
meio do progracontrole para ala 0,5%
ma de segurança
cançar os 100%
desenvolvido por
de eficiência.
Irga e Basf, para
O programa
utilizar o manejo adequado.
de segurança que será apre“Algumas salvaguardas são
sentado aos produtores pelo
fundamentais para dar vida
Irga e a Basf tem por objetivo
mais longa à tecnologia”, deso uso correto e seguro da
taca.
tecnologia Clearfield para eviNa parte de manejo da cultar que se perca a ferramenta
tura, Menezes lembra ser funvia cruzamento de variedades.
damental que os produtores
Este também é o motivo pelo
entrem com o herbicida quanqual o plantio deve ser repetido a invasora tiver de duas a
do apenas uma vez, adotando
três folhas. “A água também
posteriormente outras variedeve entrar o mais breve posdades ou métodos de controle
sível, para validar a eficiência
como rotação de culturas, culdo controle”, assegura. Como
tivares de ciclo precoce, entre
o herbicida Only apresenta
outros.
3Anote aí
Só receberá as sementes e o herbicida o produtor que for
considerado apto a utilizar a tecnologia durante o curso previsto no programa de segurança. Para adotar a tecnologia, os
produtores terão que assinar um termo de responsabilidade,
se comprometendo a fazer bom uso do sistema. A quebra deste
contrato poderá acarretar responsabilização na Justiça.
direto da
redação
✓ Preço baixo
Os arrozeiros de Cachoeira do
Sul, na depressão central do
Rio Grande do Sul, estão vendendo a saca de arroz a pelo
menos R$ 2,00 abaixo da média estadual. O preço da saca
de 50 quilos é, conforme o presidente da Federarroz, Artur
Albuquerque, um dos mais
baixos praticados em todo o
estado, revelando um quadro
preocupante se considerado o
período vivido pelos produtores. Conforme o presidente da
Federarroz, não há nenhuma
explicação mercadológica
para uma redução no preço da
saca de 50 quilos em Cachoeira. “Isso não deveria estar
acontecendo”, disse ele.
✓ Pelo Chile
Os produtores chilenos de arroz assinaram acordo com o
setor industrial e o Ministério de Agricultura para modificar a classificação deste
produto no Chile, com o fim
de adequá-la a do Mercosul,
bloco integrado pelo Brasil,
Argentina, Uruguai e
Paraguai. “Esse acordo entre
produtores e industriais é um
grande avanço que fortalece
o vínculo entre o setor privado e entre estes e o setor público, o que torna transparente a informação para os consumidores”, disse o ministro
chileno de Agricultura, Jaime
Campos.
Cada vez
mais natural
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Uma boa notícia: usa-se hoje 1% do
herbicida que era aplicado há 20 anos
Eugênio Passos Schröder
Hoje usamos uma quantidade de herbicidas em cada
hectare de arroz equivalente a
apenas 1% do que era empregado há 20 anos. Parece impossível? Então, façamos uma
análise do assunto. Na lavoura orizícola gaúcha são utilizados produtos fitossanitários
para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas há
pelo menos 30 anos. Estes
insumos químicos permitem
que a cultura não sofra perdas
significativas e possa, assim,
expressar o seu máximo potencial produtivo.
Porém, o emprego em larga escala dos agrotóxicos é motivo de questionamento freqüente quanto a eventual ocorrência de resíduos no solo e nos
grãos colhidos. Diversos estudos têm comprovado a rápida
degradação das moléculas químicas no solo, com destaque
para processos microbianos
envolvidos, o que permite inclusive utilizar as áreas para
a implantação de pastagens
por ocasião da colheita do arroz.
Por outro lado, análises nos
grãos confirmam a ausência de
resíduos quando os insumos
são aplicados respeitando-se
os períodos de carência. Na
busca de uma lavoura cada vez
mais limpa e de baixo custo,
quem é
Eugênio
Passos
Schröder é
engenheiro
agrônomo
e consultor em
fitossanidade e
tecnologia de aplicação.
Consulte também a
internet em http://
paginas.terra.com.br/
negocios/
eugenioschroder
os produtores têm adotado métodos de cultivo que reduzem
ainda mais o uso dos produtos
fitossanitários, com destaque
para os herbicidas. Entre eles,
destaca-se o cultivo pré-germinado, que hoje ocupa cerca de
10% da área do estado e, na
maioria dos casos, requer apenas o controle químico de plantas daninhas aquáticas.
Outro sistema ainda mais
limpo é a rizipiscicultura, que
já é adotada por muitos produtores e não exige o uso de
herbicidas. O arroz orgânico,
isento do uso de químicos, já é
cultivado principalmente em
pequenas propriedades, e está
gerando uma renda significativa aos agricultores devido ao
preço favorável que o produto
final obtém no mercado.
Por outro lado, o plantio
direto e o cultivo mínimo já são
responsáveis por aproximadamente metade da área plantada, e o manejo das lavouras,
associado ao uso do herbicida
dessecante, tem reduzido a
necessidade de produtos para
manter as populações de plantas daninhas em níveis aceitáveis. Se por um lado os produtores buscaram métodos de
cultivo mais limpos, a indústria agroquímica também se
adequou às novas tendências
de mercado e tem lançado produtos fitossanitários mais eficientes, que necessitam doses
cada vez menores de ingrediente ativo, o que torna sua degradação mais rápida após o
uso. Além disso, as formulações modernas tendem a ser
mais concentradas e menos
agressivas ao ambiente.
Quando comecei a trabalhar com assistência técnica na
aplicação de herbicidas em arroz, no final dos anos 70, ainda era usado o sistema de
gotejamento de molinate diretamente sobre a entrada
d’água na lavoura (pinga-pinga). Nestes 25 anos, a
tecnologia de aplicação evoluiu
muito. Os equipamentos terrestres tiveram seu sistema de
rodado adaptado para transpor as taipas e novos bicos de
pulverização foram lançados,
mas o trânsito dentro das áreas úmidas, com taipas ou mes-
22 / Planeta Arroz
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mo irrigadas, continuou limitando o seu uso.
Por outro lado, a aviação
agrícola se modernizou, foram
construídos aeródromos (pistas de pouso) em muitas propriedades rurais, reduziu-se o
volume de calda de 40 a 50 litros por hectare para 20 a 30
litros a fim de tornar as pulverizações mais produtivas,
equiparam-se as aeronaves
com DGPS para balizamento
orientado por sinais de satélites (eliminando o risco de exposição de balizadores humanos aos agroquímicos) e formaram-se muitos profissionais
para atuar no setor.
A diferença na uniformidade de distribuição de um
herbicida através do velho sistema “pinga-pinga” e por aviação agrícola nos dias de hoje é
tão grande que nem pode ser
quantificada, mas seguramente permitiu que menores dosagens dos insumos passassem a
ser empregadas. O quadro em
anexo ilustra, de modo resumido, a grande redução na quantidade de herbicida usado por
hectare, tanto em ingrediente
ativo quanto em produto comercial formulado. Mostra
também a tendência do uso de
formulações menos agressivas
ao ambiente, substituindo os
concentrados emulsionáveis
(CE) que possuem solventes e
outros adjuvantes derivados de
petróleo na sua constituição.
Na primeira parte, cita alguns dos herbicidas mais usados no Rio Grande do Sul no
início dos anos 80, onde podemos observar que a quantidade de ingrediente ativo variava entre quatro e seis quilos/
hectare, chegando à quantida-
o
A cada ano melhora a relação da natureza com a lavoura de arroz
de de produto comercial formulado a valores médios entre
oito e 15 litros/hectare. A formulação mais usada era concentrado emulsionável.
Na segunda parte, são
apresentados alguns dos
herbicidas mais empregados
no final dos anos 90, onde podemos observar quantidades
de ingrediente ativo inferiores
a 100 gramas/hectare (na maioria dos casos ao redor de 50
gramas/hectare) e, no caso de
produto comercial formulado,
menos de um litro/hectare,
com formulações mais modernas como as soluções aquosas
e grânulos dispersíveis em
água. Exceções são o glifosate,
que passou a ser usado nos
anos 90 no plantio direto e cultivo mínimo, e o propanil associado ao clomazone, que ainda resultam em doses elevadas, disponíveis em formulações mais concentradas.
A redução na quantidade
de produtos alterou os tamanhos das embalagens, que antes consistiam em baldes de 20
litros e tambores de 100 a 200
litros, enquanto hoje se constituem em frascos com capacidade não superior a cinco litros
na sua maioria. Práticas ultrapassadas de enterrio de embalagens vazias foram substituídas por um moderno sistema
de descontaminação e recolhimento para reciclagem.
Em palestras e treinamentos temos ressaltado a necessidade de redobrarem-se os cuidados com os frascos dosadores
para o preparo das caldas, os
quais requerem escalas cada
vez mais precisas e que permitam mensurar pequenas quantidades. Desta forma, passamos a falar em gramas e mililitros, no lugar de quilogramas
e litros. A redução do total de
ingrediente ativo de cinco quilos para apenas 50 gramas/hectare representa uma quantidade de moléculas químicas hoje
equivalente a apenas 1% do que
usávamos há 20 anos. Menos
produto aplicado num hectare
seguramente resulta em processos mais rápidos de degradação, tornando nossas lavouras mais limpas e seguras.
Planeta Arroz / 23
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O veneno de cada época
Alguns dos herbicidas mais utilizados no início dos anos
80 e final dos anos 90 em arroz irrigado no Rio Grande do
Sul, com as respectivas quantidades aplicadas por hectare
Produtos
Ingrediente
ativo/hectare
Produto
comercial/
Formulação
Tipo de
aplicação
ANOS 80
hectare
Molinate
4,3 kg
6l
CE
Gotejamento
Propanil
2,9 + 2,9 =
5,8 kg
8 + 8 = 16 l
360CE
2 seqüenciais
Propanil +
3,6 + 1,5 =
10 + 3 = 13 l
CE
Mistura de
Pendimethalin
Propanil +
3,6 + 3,0 =
Butachlor
6,6 kg
Propanil +
3,6 + 0,7 =
Oxadiazon
4,2 kg
Propanil +
1,6 + 3,2 =
Thiobencarb
ANOS 90
5,1 kg
tanque
10 + 5 = 15 l
CE
Mistura de
tanque
10 + 3 = 13 l
CE
Mistura de
tanque
8l
CE
4,8 kg
Mistura
formulada
Propanil +
Molinate
2,9 + 2,9 =
5,8 kg
8l
CE
Mistura
formulada
Quinclorac
300 g
600 g
PM
1 aplicação
Bispyribac-
50 g
125 ml
SC
1 aplicação
Fenoxapropp-ethyl
55 g
800 ml
CE
1 aplicação
Pyrazosulfuron
17 g
70 ml
SC
1 aplicação
Metsulfuron
2g
3,3 g
GDA
1 aplicação
Bispyribacsodium +
50 + 2 = 52 g
125 + 3,3 =
128,3 ml
SC + DGA
Mistura de
tanque
50 + 17 = 67 g
125 + 70 =
195 mL
SC + SC
Mistura de
tanque
Propanil +
Clomazone
2.900 + 400 =
3.300 g
6.000 + 800 =
6.800 ml
480 CE + CE
Mistura de
tanque
Gliphosate
1.440 + 300 =
4.000 + 600 =
SAq + PM
2 seqüenciais
+
Quinclorac
1.740 g
4.600 ml
sodium
Metsulfuron
Bispyribacsodium +
Pyrazosulfuron
direto da
redação
✓ Água racional
Após três anos de pesquisa,
um estudo desenvolvido na
Universidade de São Paulo
pode ajudar os agricultores a
economizar até 45% de água
nas lavouras de arroz. A nova
técnica, que começa a ser utilizada no Vale do Paraíba,
onde a maioria dos produtores planta arroz irrigado, tem
como principal objetivo estimular a rizicultura usando
apenas água da chuva. O processo é feito com variedades
de sequeiro. Com a nova técnica elas podem atingir produtividade tão boa quanto o
arroz irrigado, se a água for
controlada de forma adequada e a semente for de boa qualidade.
✓Abiap pesquisa
A Universidade de São Paulo
está desenvolvendo a primeira pesquisa sobre arroz
parboilizado encomendada
pela Associação Brasileira
das Indústrias de Arroz
Parboilizado (Abiap). O projeto está sendo realizado desde janeiro pela pesquisadora
Úrsula Marques, que recebeu
amostras do produto de empresas associadas. O objetivo
inicial da pesquisa, segundo
o presidente da Abiap, Alfredo
Treichel, é avaliar os efeitos
do processo de parboilização
do arroz sobre possível variação nos nutrientes.
24 / Planeta Arroz
Preços
Os preços praticados no
Rio Grande do Sul, maior
produtor de arroz do
Mercosul, têm apresentado alta variação na atual
safra. Além das expectativas em torno da quebra de
safra esperada no estado,
em função do atraso generalizado do plantio e da
ocorrência de dias frios nos
meses de fevereiro e março (época em que a maior
parte das lavouras encontra-se no período reprodutivo), os preços na atual
safra apresentaram desempenho surpreendente.
Planeta
BUSINESS
Marco Aurélio Marques Tavares
n Mercado & política do arroz n
Saca a
R$ 25,00
A redução gradual da
produtividade e a projeção dos novos cenários, além da orientação
das entidades para que
o produtor buscasse
administrar melhor a
oferta e vender o produto somente acima de
R$ 25,00, acabaram
sendo fatores fundamentais na consolidação dos preços em plena safra..
Próprias forças
Ao contrário dos últimos
anos, onde o apoio do Governo
Federal
na
comercialização
foi
determinante para definir
uma referência de preços
ao produtor , neste ano o
setor foi obrigado a buscar
suas próprias alternativas
para evitar o histórico aviltamento de preços na safra. O Governo prefere dizer que o fato se deve à organização e maturidade da
própria cadeia produtiva.
Em poucas semanas
a moeda americana
despencou de
R$ 3,60 para valores
inferiores a R$ 3,00
Lá fora
A necessidade de importações de arroz de seus terceiros mercados
(fora do Mercosul) acabou criando um referencial decisivo na formação dos preços do produto este ano, inclusive no mercado internacional. Nos últimos seis meses, os preços operados para aquisição de
arroz com casca americano saltaram de 98 dólares, com preços de
internação no Brasil que não passavam de 7,5 dólares a saca, para os
atuais 160 dólares a tonelada, com internação a 10 dólares a saca.
Dentro de um novo cenário, com a necessidade de importações brasileiras de terceiros países e com o programa alimentar de apoio ao
Iraque, o mercado internacional começa a sinalizar uma tendência
altista nos preços, arroz acima de 10 dólares.
Planeta Arroz / 25
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Fome Zero
Arroz-múndi
O conselheiro do Irga Juarez
Petry de Souza acredita que o
Governo Lula poderia explorar o
programa Fome Zero para a criação de um sistema de troca, visando beneficiar os arrozeiros que
não têm acesso ao crédito. “Os técnicos em planejamento que trabalham para o presidente poderiam
criar um programa sério e honesto, financiando, por exemplo, R$
50 mil (dois mil sacos de arroz)
para um determinado produtor
para ele plantar sua lavoura. Depois, quando ele colhesse seus 6
ou 7 mil sacos, teria que entregar
2,5 mil sacos no Irga ou na Cesa
como forma de pagamento. Esse
produto seria direcionado imediatamente para o Fome Zero”, sugeriu Petry.
Segundo as últimas estimativas para o ano de 2003, o comércio mundial poderá ficar em torno de 27 milhões de toneladas, cerca de 6% menor em relação às 27,7 milhões de toneladas comercializadas em 2002. Os intercâmbios deverão alcançar mais uma vez níveis elevados em função da nova queda, pelo terceiro ano consecutivo, da produção mundial 2002/
2003, a qual chegará a 582 milhões de toneladas contra 598
milhões de toneladas em 2001/2002, ou seja, uma redução de
2,7%.
Urubus
Com esta proposta ao Fome Zero,
a União tiraria os arrozeiros
descapitalizados das mãos dos
“urubus” (como se refere Petry de
Souza, conselheiro do Irga, aos
agiotas e fornecedores que cobram
preços abusivos dos arrozeiros) e
ainda resolveria o problema da
fome. Se isso acontecer, o estado
poderia aumentar a produção regional de 5,3 milhões para 6,3 milhões de toneladas.
AGENDA
Pesquisadores, técnicos, produtores e lideranças do setor
orizícola brasileiro têm encontro marcado de 5 a 8 de agosto
próximo, em Camboriú (SC), no III Congresso Brasileiro de
Arroz Irrigado. O evento acontece no Centro de Convenções
Itália e tem a organização a cargo da Epagri. O evento concentrará apresentação de trabalhos de pesquisa, conferências e palestras nas áreas de produção, indústria, consumo
e mercado. O prazo final para recebimento de trabalhos é
13 de junho de 2003. Maiores informações pelo fone (47)
341-5217 ou site é www.sosbai.com.br.
Planeta
HUMOR
SANTIAGO
A terra
tudo dá
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A r r o z
CADERNO DE
TENDÊNCIAS
(mas cobra seu preço)
Os produtores de arroz do Rio Grande
do Sul terão que pagar a partir de 1º de
outubro para obter o licenciamento
ambiental da lavoura. Embora a lei estadual que determina a licença de instalação e de operação junto à Fepam exista
desde 1998, somente a partir de agora o licenciamento será obrigatório. E se o produtor
pensa que este é o
único fantasma a
pairar sobre a
planilha de custos,
está enganado. Vem aí o pagamento
da água utilizada para irrigar o arroz,
previsão de lei de 1994. Veja como o
mundo orizícola está recebendo as novidades
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Planeta Arroz
Meio ambiente
agora é custo
Os produtores de arroz do
Rio Grande do Sul vão ter que
pagar a partir de 1º de outubro deste ano para obter o
licenciamento ambiental de
sua lavoura. A fiscalização ficará a cargo da Patrulha
Ambiental da Brigada Militar
(Patram). “O produtor que não
obter
as
autorizações
ambientais estará operando de
forma ilegal, não podendo nem
mesmo buscar um custeio no
banco”, alerta Francisco
Schardong, vice-presidente da
Federação da Agricultura do
Rio Grande do Sul (Farsul).
Segundo ele, logo após a
criação da lei que determinou
o licenciamento ambiental
para a produção de arroz, foi
criado o Cadastro do Produtor
Irrigante, que surgiu através
de um acordo entre Ministério
Público, Farsul, Fetag, Instituto Rio-grandense do Arroz
(Irga), Secretaria Estadual de
Agricultura e Abastecimento
(SAA) e Fepam. O sistema, que
foi prorrogado até o final de
2
O licenciamento ambiental surgiu de acordo
entre MP, Farsul, Irga, Fepam e Governo gaúcho
1999, dava aos lavoureiros o
prazo de três anos para encaminhar o licenciamento
ambiental.
Quando o prazo do cadastro do produtor irrigante estava por vencer, porém, foi criado o Conselho Nacional de
Licenciamento
entrou na
planilha de
investimentos
do produtor
Meio Ambiente (Conama), que
em outubro de 2001 publicou
uma resolução que se sobrepôs
aos dois cadastros que já existiam. Com isso, foi dado o prazo de dois anos para os produtores se adequarem às exigências ambientais.
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Planeta Arroz
REPERCUSSÃO
QUANTO VALE
Considerando o custo de
produção do Irga a
R$ 24,50
por saco de
50 quilos
em casca, o arrozeiro gastará
em licenciamento o
suficiente para produzir
644 sacos
de arroz em lavoura grande
3Anote aí
Segundo explicou o vice-presidente da Farsul, Francisco Schardong, as lavouras são classificadas de acordo
com o Módulo Rural do Incra (MRI), que varia de tamanho para cada município. A Fepam considera, porém, uma
área inferior a dois MRIs como mínima; com dois ou três
módulos, pequena; média de três a seis MRIs; grande de
seis a 10, e excepcional com 10 ou mais módulos rurais.
A obrigatoriedade do
licenciamento ambiental para
as lavouras de arroz a partir
de 1º de outubro está
deixando preocupadas as
lideranças do setor:
FRANCISCO SCHARDONG
Vice-presidente da Farsul
n Para o vice-presidente da Farsul,
Francisco Schardong, a cobrança é
impraticável porque a lavoura é
tipificada pela Fepam como altamente poluidora, ocupando ao lado
da suinocultura a categoria mais
alta de poluição. “Como a lavoura
tem, segundo a Fepam, alto poder
de poluição, os preços para o
licenciamento são caríssimos, podendo ser até mesmo superiores a
R$ 15 mil em alguns municípios.
Isso é impraticável”, disse.
ARTUR ALBUQUERQUE
Presidente da Federarroz
n O presidente da Federação das
Associações de Arrozeiros do Rio
Grande do Sul, Artur Albuquerque,
entende que o licenciamento
ambiental influirá na planilha de
custos e forçará um aumento no
preço do arroz nos supermercados.
“O produtor terá que pagar a mais
por isso. Os arrozeiros não têm condições de arcar sozinhos e o custo
irá ser repassado na cadeia até chegar ao consumidor”.
3
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Planeta Arroz
da Farsul é mudar a
Arroz não Objetivo
tipificação da lavoura diante
Estadual do
é poluidor daMeioSecretaria
Ambiente
A Farsul, juntamente com
o Instituto Rio-grandense do
Arroz (Irga), Emater/RS,
Embrapa Clima Temperado,
de Pelotas, e Universidade
Federal de Santa Maria
(UFSM), tentará ainda no primeiro semestre deste ano provar à Secretaria Estadual do
Meio Ambiente (Sema) que a
lavoura de arroz não tem um
potencial altamente poluidor,
ao contrário de como está classificada pela Fepam.
Sendo assim, o setor preocupa-se com a forma em que
será feito o licenciamento - pois
os órgãos ambientais do Estado não têm recursos humanos
para vistoriar cada área antes
de concedê-lo - , os motivos pelos quais a orizicultura é considerada altamente poluidora
e, por fim, os custos do
licenciamento ambiental, que
reduzirão automaticamente a
partir do momento em que a
lavoura estiver em uma categoria inferior de poluição. “A
Farsul é favorável à proteção
4
Desmistificação da lavoura de arroz
como vilã é o esforço do setor arrozeiro
do meio ambiente porque nós
vivemos da terra e da água,
mas o licenciamento precisa
ter custos viáveis para ser praticado. O Estado não pode só
punir, primeiro tem que educar. O sistema agrícola é amplamente favorável ao meio
ambiente e, portanto, os produtores não podem ser os grandes vilões da poluição”, argumenta o vice-presidente da
Farsul Francisco Schardong.
O presidente do Irga, Pery
Sperotto Coelho, garante que
o instituto vai buscar junto à
Fepam uma solução para os
arrozeiros na questão do
licenciamento ambiental:
“Estamos adequando a
tecnologia usada na lavoura
para reduzir o impacto
ambiental e trabalhando para
capacitar os produtores e os
trabalhadores rurais em parceria com o Senar, isso dentro
de um novo cenário mundial
de preservação ambiental”.
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Planeta Arroz
Questão básica
Por que a lavoura tem
alto potencial poluidor?
Maurício Fischer explica que teoricamente a inundação
da lavoura de arroz prejudica os ecossistemas
De acordo com o vice-presidente da Farsul,
Francisco Schardong, até hoje nem a Fepam
nem a Secretaria Estadual do Meio Ambiente
explicaram tecnicamente por que a lavoura de
arroz ocupa, exclusivamente ao lado da
suinocultura, a mais alta categoria poluidora.
O chefe da Divisão de Pesquisa do Irga, Maurício Fischer, disse que a lavoura orizícola re-
cebeu essa classificação pela Fepam basicamente por inundar áreas de terra durante
um período do ano em que estariam secas,
prejudicando o ecossistema existente no local. A informação, porém, é contraditória às
pesquisas que estão sendo desenvolvidas pelo
setor, provando, por exemplo, que a água sai
da lavoura mais limpa do que entra.
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Planeta Arroz
Pesquisa mostra que
Filtros
água sai mais limpa do
da natureza que quando é captada
Em função da polêmica em
torno da tipificação da lavoura orizícola como altamente
poluidora, o Irga vem desenvolvendo nos últimos anos
uma série de estudos técnicos
sobre a qualidade da água na
lavoura, que atingem resultados alentadores para o setor e
se contrapõem à classificação
dada pela Fepam. A pesquisa
mais recente, conforme a pesquisadora Vera Regina Mussoi
Macedo, dá conta que a água
que sai da Estação Experimental do Irga em Cachoeirinha
apresenta melhores condições
do que ao ser captada no Rio
Gravataí.
Segundo ela, quando a
água sai nos canais de drenagem pode se ver até mesmo a
presença de peixes na água, o
que não acontece nos pontos de
captação. Vera Macedo lembra
que o trecho do Rio Gravataí
utilizado pelo Irga para levar
água até a Estação Experimental é considerado pela própria Fepam o mais poluído
6
Mananciais não são prejudicados pela lavoura de arroz, diz o Irga
daquela bacia.
Conforme a pesquisadora,
há estudos do Centro de Ecologia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS)
que chegam a apontar a lavoura como uma grande fonte
bioacumuladora de nutrientes
porque esses elementos são
retidos na própria lavoura, o
que ocorre de forma gradativa
à produção. “Quando a cultura atinge o máximo de desenvolvimento, ela utiliza esses
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Planeta Arroz
3Anote aí
O Irga, paralelamente aos trabalhos técnicos, trabalha em seus programas de transferência
de tecnologia no sentido de elevar a conscientização da preservação ambiental entre os arrozeiros.
Conforme o gerente de pesquisas, Maurício Fischer, a meta é mantida mesmo que atualmente o
arrozeiro esteja bem mais profissionalizado e contribuindo para a manutenção do ambiente.
Senar e Irga se unem
para melhorar o arroz
Vera Macedo monitora a
O Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (Senar/RS) também trabalha
para a profissionalização da lavoura
arrozeira, tanto que será efetivado um
termo de cooperação com o Irga para
promover uma maior integração entre
as duas instituições. O Senar está
trabalhando no sentido de ampliar o
atendimento à orizicultura gaúcha
através de ações e cursos voltados a
disseminar conhecimento sobre novas
técnicas de manejo integrado do arroz,
bem como sensibilizar produtores,
trabalhadores e técnicos sobre a
adoção de novas tecnologias a serem
utilizadas na produção arrozeira,
como por exemplo a redução do uso da
água sem comprometer a lavoura. Em
junho o Senar promoverá a
capacitação e o nivelamento técnico
dos instrutores da área. Ao todo são
dois cursos voltados para a cultura do
arroz irrigado, sendo que um deles
trata do sistema pré-germinado e
outro da sistematização de solos.
elementos”, explicou Vera.
Há um outro estudo do Irga
que contraria a tipificação de
que a lavoura é altamente
poluidora: um trabalho em
parceria com a Universidade
Federal de Santa Maria
qualidade da água da estação
de Cachoeirinha
(UFSM) na bacia do Rio
Vacacaí Mirim coletou amostras de água em pontos mais
altos, onde não há lavoura
arrozeira, e posteriormente
nas proximidades das plantações. “Se observou que em ter-
mos de nutrientes, entre
eles fósforo, potássio e
nitrogênio, a contribuição da lavoura não alterou a quantidade inicial
que já vem nessa água”,
afirmou Vera.
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Planeta Arroz
O custo
da água
Os arrozeiros gaúchos estão preocupados com a possibilidade de verem ampliados
os custos de produção da lavoura por causa do pagamento da água utilizada para irrigar o arroz. A Lei Estadual
10.350, de 30 de agosto de
1994, que criou o Sistema Estadual de Recursos Hídricos e
os comitês de bacia, está na
iminência de começar a mexer
no bolso do produtor. Para que
isso aconteça, basta que esses
grupos se organizem a exemplo
do
Comitê
de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio Santa
Maria, o que está com o processo de organização mais adiantado e mais próximo da cobrança.
De acordo com o vice-presidente da Farsul, Francisco
Schardong, o objetivo da lei é
regulamentar a distribuição
das águas e, com isso, vem a
cobrança, a outorga e o uso da
água. “A outorga torna oficial,
por meio de um documento, a
8
Há um fantasma pairando sobre a
planilha de custos da lavoura de
arroz do Rio Grande do Sul
O Estado é quem dará a outorga do uso
da água para o produtor de arroz
disponibilidade de água que o
arrozeiro vai ter para sua lavoura. Ele vai buscar no setor
encarregado da Secretaria Estadual de Meio Ambiente a
autorização para captar um
determinado volume de água
de um rio ou de uma barragem,
por exemplo, e depois vai no
banco e paga uma taxa equivalente”, explicou.
Já o uso da água, conforme
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Schardong, é quando o comitê
de bacia, composto 40% pelos
usuários, outros 40% por representantes da população e
20% por indicados do Governo, entre eles o Instituto Riograndense do Arroz (Irga), decide onde vai ser aplicada a
água. “A prioridade dos comitês é garantir água para uso
público. Depois vem para a
agricultura, indústria, e assim
por diante”, frisou. O uso da
água e seus custos são decididos pelo comitê e a outorga é
dada pelo Governo do Estado.
Segundo o vice-presidente
da Farsul, a entidade busca
ampliar representatividade
nos comitês de bacia, tanto por
meio de lideranças como dos
sindicatos filiados. “Precisamos ter voz ativa nesses grupos, onde tudo é decidido. Os
produtores ainda não acordaram para a importância desses organismos, pois neles será
decidido quanto vamos pagar
para irrigar as lavouras”, frisou.
A Farsul teme que a cobrança da água se torne um
grande problema nos próximos
anos se os produtores não tiverem representatividade nos
comitês. “Depois não vai adiantar brigar”, adverte.
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Planeta Arroz
“A Farsul quer que o valor a ser cobrado pela água seja
viável, justo e adequado à realidade do setor. Estamos trabalhando também pela regulamentação dos comitês, que
se tornam essenciais para a própria distribuição normal
das águas dentro das prioridades de cada bacia”.
Francisco Schardong, vice-presidente da Farsul
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Como gastar
menos água
O Instituto Rio-grandense do Arroz
(Irga), dentro do projeto de difusão de
tecnologias, tem trabalhado para a diminuição do volume de água nas lavouras. De
acordo com o gerente da divisão de pesquisas do Irga, Maurício Fischer, os técnicos
trabalham com a média histórica de que
cada hectare da lavoura utiliza por safra
de 17 mil a 18 mil metros cúbicos de água,
sendo que hoje essa não é mais a realidade
de inúmeros produtores. “Resultados de
pesquisas indicam que atualmente são necessários oito mil metros cúbicos por hectare durante toda a safra”, disse a
engenheira pesquisadora Vera Regina
Mussoi Macedo.
Ela atribui essa redução do volume de
água à profissionalização e modernização
das lavouras, que resultam em melhor estrutura irrigante. Os arrozeiros estão tentando reduzir custos com energia elétrica
ou óleo para motores de irrigação, o que
gera a preocupação com melhor aproveitamento da água. Para o presidente do Irga,
Pery Sperotto Coelho, racionalizar o volume de água usado na lavoura de arroz vai
trazer ganhos ambientais, redução no custo de energia e nos custos totais de produção”.
10
Planeta Arroz
Irga tem projeto para
reduzir utilização
deste novo
componente de custo
A redução passa pela
modernização e
profissionalização das
lavouras, garantem os
técnicos
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Planeta Arroz
Lei prevê retorno do pagamento em obras
De acordo com o vice-presidente da Farsul,
Francisco Schardong, o grande impasse vivido
hoje pelos comitês de bacia, que já planejam a
cobrança da água, é que a legislação de 1994
determina a conversão do dinheiro arrecadado
em obras dentro da própria bacia hidrográfica.
Agora, no entanto, o Governo do Estado quer que
os recursos, quando começarem a ser pagos pelos usuários, sejam destinados ao caixa único do
Estado para depois ser repassados aos comitês.
Questão básica
Valery Pugatch,
engenheiro do Irga
O comitê da bacia do
Rio Santa Maria
começa a cobrar na
próxima safra?
Não. De acordo com o vice-presidente do Comitê de Gerenciamento
da Bacia Hidrográfica do Rio Santa
Maria, João Francisco Giuliani, ainda não há nem mesmo uma previsão de quando os arrozeiros da bacia começarão a pagar pela água que
utilizarem em suas lavouras, embora seja o comitê em fase mais adiantada de organização no Rio Grande do Sul. “Temos problemas de falta d’água no verão e enchentes no
inverno. Primeiro temos que ajustar isso, para depois querer cobrar
dos usuários. Esperamos algumas
obras do Governo do Estado, que
vem nos prometendo barramentos
há mais de três administrações”,
disse Giuliani.
3Anote aí
Conforme o coordenador do comitê de recursos
hídricos e engenheiro agrícola do Irga, Valery Pugatch,
a cobrança da água virá somente depois que a outorga
for completamente aplicada em todas as regiões. “Ainda não há previsão para o início da cobrança, mas é algo
que os lavoureiros devem começar a se preparar”, frisou.
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Planeta Arroz
Setor vê tudo
com olho
crítico
Arroz gaúcho
poderá sofrer um
reajuste ainda incalculável
“O arroz do Rio Grande do
Sul deverá sofrer um reajuste
ainda incalculável a partir do
momento em que os produtores tiverem que pagar pelo uso
da água em suas lavouras”.
Essa é a projeção do presidente da Federação dos Arrozeiros
do Estado, Artur Albuquerque.
Ele considera a lei estadual
que determina a cobrança da
taxa como “injusta e caolha”.
Para Albuquerque, se a lei
existe deve ser cumprida, mas
“é lamentável que em sua criação ninguém se deu conta que
isso vai refletir no preço ao
consumidor”,
salientou.
Albuquerque ainda não tem
uma projeção desta oneração,
mas afirma que contribuirá
muito para o aumento do custo de produção do cereal.
Artur Albuquerque, que é
também presidente da Associação Brasileira da Cadeia Pro-
12
dutiva do Arroz, entende que
o setor deve traçar duas ações
para evitar que o consumidor
precise desembolsar mais dinheiro para comprar arroz,
uma a curto e outra a médio
prazo. “Temos que discutir nos
comitês de bacia uma forma
para que a taxa não inviabilize
a lavoura ou que onere demais
o consumidor. Depois terá de
vir a reformulação das leis”.
O Irga também vê a cobrança com reservas em fun-
Irga:
Sperotto
fiscaliza
ção da maneira como seria onerada a lavoura. “O arroz irrigado é um alimento de segurança nacional e por isso os
produtores não podem gastar
cada vez mais para produzir.
A sociedade exige um produto
com preço acessível sem perda da qualidade, mas cada vez
o arrozeiro gasta mais para
colocá-lo nas prateleiras dos
supermercados”, resume Pery
Sperotto Coelho, presidente do
Irga.
Chegando
10 perto, muito
Mesmo com El Niño, o Projeto 10
perto
produz até 4,2 toneladas acima da média
Projeto
O encerramento da colheita do arroz no município de
Dom Pedrito, na região da
fronteira do Rio Grande do
Sul, trouxe a certeza de que as
lavouras que entraram no programa de alta tecnologia denominado Projeto 10, numa parceria da Associação de
Arrozeiros e o Irga, estão no
rumo certo para alcançar a
produtividade projetada de 10
toneladas por hectare. “Se não
fosse o El Niño, com certeza
boa parte destas lavouras alcançaria as 10 toneladas”, garante o gerente regional do
Irga em Dom Pedrito, Eloy
Cordeiro. A posição é atestada
pelo
agrônomo
Valmir
Menezes, que desenvolveu a
base técnica do projeto, reunindo as diversas tecnologias
desenvolvidas pelo instituto e
disponibilizando-a, na forma
de um método ajustável, de
acordo com a demanda de cada
lavoura.
Resultados do Projeto 10
Produtor
Produtividade
(kg/ha)
2001/2002
Produtividade
(kg/ha)
2002/2003
Paulinho Pilecco
7.722
NF
Anselmo Marchezan
8.368
NF
Guatambu
7.590
8.900
Otto Prade
8.918
9.240
Moizés Teixeira/
Gilberto Raguzzoni
7.225
9.045
Élvio Marchezan
7.553
8.350
Almir Vieiro
7.700
Manuel Machado
7.700
Fonte:
Gerência
Regional do Irga/
Dom Pedrito
10
Projeto
O sistema gerou uma produtividade média muito superior às demais lavouras
pedritenses. Enquanto a média no município ficava em
5.028 quilos por hectare na
última semana de abril, nas
lavouras do Projeto 10, que
variam de 10 a 20 hectares, a
produtividade mínima era de
7,7 mil quilos (53,1% a mais) e
a lavoura que mais produziu
chegou a 9.240 quilos/hectare,
ou 83,8% acima da média.
Num ano em que a produtividade do Rio Grande do Sul
deve ficar abaixo dos cinco mil
quilos por hectare e as lavouras sofreram muito com o atraso do plantio, as chuvas e o frio
em período crítico, a diferença
nas áreas do Projeto 10 para a
média de Dom Pedrito variou
de 2.672 quilos a 4.212 quilos,
segundo resultado parcial até
27 de abril.
Para a próxima safra, com
expectativa de clima normal,
crescem muito as possibilidades de algumas das lavouras
do projeto alcançarem a meta
de 10 toneladas de produção
por hectare. O Projeto 10, desenvolvido em parceria do Instituto Rio-grandense do Arroz
e a Associação de Arrozeiros de
Equipe de trabalho do Projeto 10: objetivo é
atingir produtividade de 10 mil quilos por hectare
Diferenciais de produtividade
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Qualidade de semente
Bom preparo do solo
Plantio na melhor época
Densidade de semeadura de até 150 quilos por hectare em
cultivo mínimo ou plantio direto
Controle precoce dos inços
Aplicação de nitrogênio no seco, como novidade, já usado
nos EUA, Austrália e Filipinas, utilizando até 70% da uréia
no seco e o restante na época mais apropriada de acordo
com a avaliação do desenvolvimento da cultura, e não mais
45 dias após a germinação
Início da irrigação precoce, 18 dias após a emergência ou
até três dias após aplicação da uréia
Adubação de base com maior valor ao potássio em
dosagem de 30% a 50% maior do que a recomendada pela
análise do solo
Rigoroso controle da ocorrência de pragas e doenças
Dom Pedrito, tem por principal objetivo alcançar altos índices de produtividade e, por
conseqüência, a rentabilidade
que este sistema produtivo
persegue há décadas.
Projeto 10 já
registra
produtividade de
9,24 mil quilos
por hectare
Atrás Projeto
10
da alta
produtividade
O arrozeiro Otto Prade,
que obteve a melhor média de
produtividade registrada no
Projeto 10 até o momento, com
9.240 quilos por hectare, persegue há muito tempo resultados bem acima da média das
demais lavouras. Sua média
nas últimas três safras foram
8,5 mil quilos por hectare.
Nos 20 hectares do Projeto
10, colheu no ano passado 8,9
mil quilos por hectare, também o melhor resultado de todos os experimentos conduzidos, mesmo com o clima interferindo na fase reprodutiva da
planta. “Não fosse isso, chegaria aos 10 mil quilos por hectare já no primeiro ano. Agora, me escapou no segundo de
novo. Mas, no ano que vem, se
o tempo ajudar, garanto que
chego lá”, avisa.
A realização de um bom
preparo da lavoura e o planejamento para realizar todas as
etapas sem negligenciar nenhuma das ações previstas é
Questão básica
Quais os fatores que limitam a produtividade?
Segundo Valmir Menezes, estudos da FAO, em 1999, em colaboração com o Fundo
Latino-americano de Arroz Irrigado (Flar), identificam a debilidade da transferência
de tecnologia como uma das primeiras causas para a lacuna de produtividade nos
países sul-americanos. A razão básica para o descompasso entre a tecnologia
disponível e a adotada pelos agricultores, segundo o diagnóstico, está na forma como
são geradas e difundidas as práticas modernas. “De um modo geral, as tecnologias
são desenvolvidas longe da realidade dos produtores”, acrescenta Menezes. O
agricultor tem muito a dizer para os pesquisadores e os seus conhecimentos práticos
são complementares aos dos cientistas.
3Anote aí
Mudanças no manejo da lavoura, com a adoção das
tecnologias recomendadas, têm sido fundamentais para este
novo perfil da produtividade dessas áreas. A expectativa dos
produtores, desde o início do projeto, é obter este resultado na
safra 2003/2004, o que aumenta a responsabilidade de todos
os envolvidos, desde o preparo antecipado da terra até a colheita em 2004.
um dos segredos para buscar
produtividade de 10 toneladas
por hectare na propriedade do
orizicultor, ensina o produtor
Élvio Marchezan. Ele destaca
que na região há uma condição favorável de solo, clima e
tecnologia para obter rendimentos bem acima da média
gaúcha. “Com capricho e as
técnicas adequadas, se o clima
não atrapalhar, dá para chegar às 10 toneladas ou algo
muito próximo disso”, avisa.
A pesquisa
10
põe o pé
No Projeto 10, o que há de mais
avançado em manejo de lavoura no barro
é repassado aos lavoureiros
Projeto
No Projeto 10, o que há de
mais avançado em tecnologia
de manejo de lavoura no Irga
é repassado aos lavoureiros em
reuniões, dias de campo e consultas informais. A pesquisa,
literalmente, põe o pé no barro das lavouras de Dom
Pedrito. Todos os produtores
têm em comum o conhecimento, adquirido na prática ou em
faculdades de Agronomia, e o
êxito na aplicação das técnicas,
o que já os fazia bons produtores bem antes da entrada em
funcionamento do programa. A
ousadia de aceitar novos desafios e buscar maior produtividade, mesmo que isso represente um mínimo de investimentos, também conta.
O gerente regional do Instituto Rio-grandense do Arroz
na fronteira-oeste, Eloy Cordeiro, informa que o engajamento dos produtores e a aplicação, no campo, do embasamento tecnológico obtido nas
estações experimentais e nas
O QUE É
Este projeto foi gerado a partir de uma pergunta
intrigante: por que as estações experimentais do Irga em Dom Pedrito superavam as 10 toneladas de produtividade por hectare e as lavouras dos
arrozeiros que mais aplicavam
tecnologia se mantinham entre seis e
sete mil quilos? Se o solo é o mesmo, o
clima é o mesmo, as cultivares também,
a conclusão foi de que a deficiência estava no manejo e num déficit de aproveitamento, na lavoura, das tecnologias
recomendadas pelos pesquisadores.
unidades demonstrativas,
onde a produtividade chega a
12 mil quilos de arroz por hectare, fazem a diferença. Em
Dom Pedrito, a média da lavoura, antes da safra 2002/
2003, chegou a 6,5 mil quilos
por hectare. A diferença entre
esta média e o resultado das
lavouras experimentais e ensaios só ocorre no manejo e na
condução da lavoura.
“Há uma defasagem entre
a tecnologia aplicada na lavoura arrozeira gaúcha e as que
são disponibilizadas pela pesquisa”, explica Cordeiro. O
Projeto 10 é um atalho para
aplicar modernas técnicas,
pois os produtores estão recebendo o aporte necessário de
conhecimentos tecnológicos
que a pesquisa tem disponível.
Isso possibilita identificar as
principais razões para o diferencial de produtividade.