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Reportagem de Capa / Edição 274 - Novembro/2011
Pense como empreendedor e você será
um deles
Conheça o estilo, as estratégias e a filosofia de negócios
que caracterizam as iniciativas bem-sucedidas
Por Márcio Ferrari e Thomaz Gomes
Desde os 14 anos, valério dornelles pensava em ser empreendedor. Aos 19 abriu o primeiro
negócio, uma distribuidora de roupas de surfe que durou três anos. Em 1988, fechou a empresa
para se dedicar aos estudos de engenharia civil na Universidade Federal de Santa Maria (RS),
mas nunca quis passar a vida toda como empregado. Dez anos depois, com uma boa experiência
em pesquisa acadêmica, além de quatro anos desenvolvendo projetos numa construtora,
Dornelles criou uma tecnologia de construção de paredes inspirada no brinquedo Lego, que
viria a ser a especialidade de sua empresa, a Tecno Logys, com faturamento anual de R$ 25
milhões.
A história de Dornelles, hoje com 45 anos, ilustra bem o modo de pensar e agir de um
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empreendedor de sucesso, a começar pelo traço que faz a grande diferença: a inovação — tal
como diagnosticou o economista austríaco Joseph Schumpeter (1883-1959), primeiro teórico a
investigar a fundo o papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico. Segundo
Schumpeter, o processo de inovação promove a “destruição criativa”, porque começa a tornar
obsoletos produtos, modos de produção e modelos de negócios estabelecidos. O método que
Dornelles desenvolveu reduz o tempo de levantamento de paredes pela metade, e seu sistema
de vendas é igualmente inovador — feito por metro quadrado de construção.
Não há dúvida de que essa é uma história de sucesso. Mas, antes de tentar entender como se
chega lá, é preciso perguntar qual é a medida real do êxito de um empreendedor. Apenas o
faturamento? “Para a maioria, o resultado financeiro é consequência”, diz Juliano Seabra,
diretor de pesquisa e educação da Endeavor Brasil. “A motivação mais comum é transformar
um sonho em realidade.” E esse sonho quase sempre vem da aliança entre a vontade de
executar e o espírito questionador. “Todo empreendedor é um inconformado por natureza”, diz
Marcos Hashimoto, coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper, de São Paulo. As
palavras de Dornelles podem ser tomadas como um mantra da mente empreendedora: “Toda
vez que vejo um produto, penso em como poderia fazer algo melhor”.
Além do inconformismo, outra característica-chave do empreendedor, segundo Hashimoto, é a
visão de futuro. Isso não se traduz em tentativas infindáveis de prever os rumos da economia ou
do comportamento do consumidor. Segundo Saras Sarasvathy, professora da Universidade de
Virgínia, nos Estados Unidos, e uma das principais referências atuais no estudo do
empreendedorismo, os bem-sucedidos costumam relativizar a importância das pesquisas de
mercado, preferindo confiar na própria percepção dos espaços a serem preenchidos. Seus
objetivos são definidos de maneira ampla e eles têm capacidade aguçada de ajustá-los, às vezes
radicalmente, conforme o negócio avança. Uma pesquisa recente da revista Inc., a mais
importante do setor de empreendedorismo dos EUA, dá razão a Sarasvathy: entre os CEOs das
500 empresas de crescimento mais rápido do país, 60% começaram seus negócios sem escrever
um plano de antemão, e só 12% promoveram pesquisas de mercado.
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QUAL É O SEU PERFIL? Pequenas Empresas & Grandes Negócios ouviu especialistas e
chegou aos seis tipos mais comuns de empreendedor
“Acho importante lidar com os problemas apenas na medida em que aparecem”, afirma Júlio
Vasconcellos, 30 anos, um exemplo das conclusões de Sarasvathy. “Você para, respira, e monta
um plano para tentar solucioná-los. Não tenho muita paciência para estratégias longas.” Em
2009, depois de um MBA e duas startups no campo de tecnologia nos Estados Unidos,
Vasconcellos, percebendo o boom das compras coletivas acima do equador, decidiu trazer o
modelo para o Brasil com o Peixe Urbano. Com pouco mais de um ano de operações, a empresa
conta com cerca de 14 milhões de usuários aqui, na Argentina e no México.
LIGANDO OS PONTOS > Quem imaginaria que as aulas de caligrafia de Steve Jobs poderiam
inspirar o conjunto de fontes dos primeiros computadores Macintosh? Em seu famoso discurso
para os alunos de Stanford, o fundador da Apple fala exatamente da importância de reunir todo
tipo de referências ao longo de um processo criativo. Segundo Jobs, o segredo está na
capacidade de ligar os pontos, ou seja, conectar os conhecimentos.
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O espírito inquieto e propenso a correr riscos é uma marca que Alexandre Costa, 40 anos,
proprietário da Cacau Show, assume orgulhosamente. “O empreendedor não é cartesiano”, diz.
“É anárquico, porque, se pensar muito, termina não empreendendo.” Seu impulso para começar
o negócio contrariou o que muitos considerariam bom senso. Além de ter optado por investir no
setor de alimentação, já um pouco congestionado e com razoável diversificação, ele insistiu em
retomar uma iniciativa de sua mãe que não tinha dado certo, por problemas de produção e
logística. Para Costa, o tal “sonho”, mencionado por muitos especialistas, falou mais alto: “Quero
deixar a imagem de uma marca que sempre buscou crescer e melhorar”.
A verdadeira visão de futuro, para Sarasvathy, é uma convicção íntima adquirida pelo
autoconhecimento — num processo que sempre se aprimora. Era com isso que contava Laércio
Cosentino quando, na virada dos anos 70 para os 80, abriu mão da diretoria de uma empresa de
informática, área pela qual sempre foi apaixonado, recusou diversas propostas do mercado e
decidiu apostar em seu lado empreendedor. “Foi uma decisão baseada no sentimento de que eu
poderia fazer mais, pois tinha um conhecimento acumulado no setor”, diz. “Percebi que o
momento era propício. O computador pessoal estava entrando no mercado, e desenvolver
sistemas ainda era incomum.” Hoje, aos 51 anos, ele é presidente da Totvs, a sexta maior
empresa do mundo em softwares aplicativos, com mais de 10 mil funcionários e receita líquida
de R$ 1,1 bilhão.
Cosentino tomou uma decisão ousada que, de início, provavelmente implicaria em redução de
sua renda pessoal, mas achou que valia a pena. Sarasvathy chama isso de “perdas toleráveis”.
“Quem arrisca mais é porque vê mais valor no erro, e assim adquire seu conheci¬mento
específico”, diz Hashimoto. “O empreendedor pensa diferente, é só isso. Não é melhor que
ninguém, mas não quer seguir caminhos já traçados”, diz Fernando Dolabela, professor da
Fundação Dom Cabral. Para ele, qualquer pessoa pode ser empreendedora, desde que tenha
suas emoções, mais do que a razão, corretamente desenvolvidas. A ideia é simples: a parte
técnica se aprende com certa facilidade; difícil é saber lidar com o sonho e a paixão necessária
para levá-lo em frente. “O empreendedor é um especialista no que não existe”, define Dolabela,
referindo-se à vocação visionária.
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VALÉRIO DORNELLES, 45 anos
Empresa: Tecno Logys
Faturamento: R$ 25 milhões/ano
“Sempre que vejo um produto, penso em como poderia fazer algo melhor. Eu não
conseguiria entrar em um mercado onde não pudesse fazer diferença. Gosto de transitar
entre o conhecimento e a aplicação. Empreendedor precisa ter isso, pensar para a frente.
Embora o retorno financeiro seja o objetivo de qualquer negócio, se eu achasse que a
empresa não tem mais para onde ir, mesmo dando lucro, venderia. O que me motiva é
mirar o futuro e pensar em cada passo para chegar lá. Quero construir uma empresa que
inspire as pessoas e deixe um legado de inovação.”
Nem todos concordam com ele quanto à inexistência de traços inatos, nem sobre o predomínio
da emoção na receita de empreendedorismo (leia nas páginas 62 e 63 alguns dos perfis mais
comuns). Mas é virtualmente consensual entre os especialistas que a imagem do empreendedor
como gênio solitário não faz sentido nos dias de hoje. “Infelizmente ainda restam esses mitos de
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uma época em que o contexto era muito diferente do atual”, diz Rene Fernandes, coordenador
de projetos do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas.
Heróis da indústria, como Henry Ford e Thomas Edison, viveram em tempos em que a
tecnologia e os sistemas produtivos eram rudimentares, e quase tudo estava para ser inventado.
Hoje não é preciso ser um iluminado para empreender e inovar. “Um novo produto pode trazer
sutis mudanças processuais ou incrementais, mas com impacto significativo em seu setor”,
afirma Fernandes.
QUEBRA DE TRADIÇÕES > Pensando no potencial global que a marca poderia atingir, em
1958, Akio Morita rompeu com as tradições japonesas e mudou o nome da Tokyo Tsushin
Kyogu para Sony. Aliada à excelência na produção de eletrônicos, a estratégia de
ocidentalização facilitou a entrada no mercado americano, dando início à consolidação da
empresa como uma das líderes mundiais do setor.
Se alguns mitos ainda persistem, pelo menos se dissipou a ideia de que o empreendedor é um
aventureiro ou alguém movido pela urgência. “O empreendedorismo já é visto como uma
disciplina, uma opção real de carreira aberta à maioria das pessoas”, diz Juliano Seabra, da
Endeavor. Um sintoma disso é que a parcela de empreendedores motivados por oportunidades
e não apenas por necessidade é cada vez maior no Brasil.
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JÚLIO VASCONCELOS, 30 anos
Empresa: Peixe Urbano
Faturamento: não divulgado
“Desde pequeno eu queria ter um negócio próprio. Olhava aquela figura do empresário no
cinema e na televisão, e isso me inspirava muito. Comecei cortando grama de vizinhos, com
um serviço de jardinagem, aos 14 anos. Sempre gostei de liberdade e de autonomia. Não
consigo separar a pessoa física da jurídica; quero ter apenas uma vida. Além disso, acho que
a carreira de empreendedor oferece muitas opções para ser criativo. Sempre que fiz as
coisas com essa convicção, deu bastante certo, o que aumentou mais ainda minha confiança
nesse caminho”.
Investir em formação é uma marca forte de Dornelles, da Tecno Logys, que tem mestrado em
engenharia. “Pode parecer contraditório, mas para mim o mundo acadêmico sempre foi uma
ferramenta para empreender”, diz ele. “Passei muito tempo desenvolvendo trabalhos de
pesquisa. Tracei um plano a longo prazo para minha vida, mesmo que na época isso não me
parecesse tão claro.” Pesquisa, embora num ambiente bem mais informal, também foi o
princípio por trás do sucesso da rede Beleza Natural. Depois de dez anos experimentando, a
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cabeleireira Heloísa Assis desenvolveu em 1993 uma fórmula especial para tratamento de
cabelos crespos. Heloísa somou suas economias com as de Leila Vélez, amiga de seu irmão, e o
marido dela, Jair Conde, e juntos abriram o primeiro salão do Instituto Beleza Natural, no Rio.
“A alegria que a transformação nos cabelos gerava ia além da estética. Era como se pudéssemos
ver a autoestima despertada nas pessoas”, diz Leila, de 37 anos. A repercussão do produto levou
à expansão da empresa, e hoje suas onze unidades atendem cerca de 80 mil clientes em três
estados.
ATENÇÃO ÀS OPORTUNIDADES > Ao perceber a força do movimento punk nos anos 70,
Richard Branson decidiu transformar o negócio de venda de discos pelo correio em uma
gravadora. Seu primeiro contrato foi com o Sex Pistols (então uma banda rejeitada), que se
revelou um dos maiores ícones musicais da época. Nos anos seguintes, esse mesmo senso de
oportunidade levou à construção de um império que vai da aviação comercial às
telecomunicações.
Para Hashimoto, do Insper, a persistência é um traço de todo empreendedor, mas em alguns
deles a qualidade se encontra especialmente exacerbada. Acima do conhecimento tecnológico e
do talento inovador, foi a perseverança — aí incluídas a habilidade e a coragem de mudar — a
razão do sucesso de Guilherme Cerqueira, de 30 anos. Sua empresa, a QuestManager, fabricante
do software de gerenciamento de pesquisa de mesmo nome, é líder em seu segmento, com
vendas de licenças que vão de R$ 55 mil a R$ 300 mil, clientes como Votorantim, Vale,
BrasilPrev e Amil, e previsão de faturamento de R$ 20 milhões para este ano.
A história de empreendedor de Cerqueira começou com uma antevisão das redes sociais. Em
2000, depois de uma viagem pelos EUA, trouxe na mochila o projeto da Universo Escola, sua
primeira empresa de tecnologia, fundada junto com o irmão, Gustavo, e focada na criação de
redes para instituições de ensino. Depois de quase quebrar, eles mudaram o nome da empresa
para Universo Comunidade e passaram a apostar no e-learning. Apesar de parcerias com
instituições como a universidade Gama Filho, o novo negócio também não decolou. Os
primeiros resultados chegaram apenas com o Questmail, uma solução de pesquisa on-line, que
atraiu os primeiros grandes clientes em 2002. Empolgados com o sucesso, os irmãos
contrataram consultoria e funcionários, e expandiram o escritório. O resultado foi uma escala
prematura, que resultou em R$ 100 mil de dívidas pessoais para cada sócio, a demissão de toda
a equipe e o fechamento do escritório. A solução: voltar para uma estrutura pequena, dessa vez
com um plano de negócios. Em 2004, criaram a nova versão do QuestManager, exclusivo para
empresas de pesquisa. O tiro foi certeiro e possibilitou posteriormente uma ampliação da
clientela sem sobressaltos.
Guilherme e seu irmão aprenderam na prática que “pensar grande” nem sempre é a melhor
solução, muito menos a única. O mesmo aconteceu com Caito Maia, 42 anos, da Chilli Beans. Ele
começou, em 1995, com uma empresa que trazia óculos dos EUA e revendia para grandes
varejistas. Depois de dois bons anos, o negócio faliu devido ao calote de um grande pedido.
“Quando você quebra, vê que precisa ter uma base sólida para sustentar o crescimento”, diz. “A
estrutura era bastante frágil na época. Levei esse aprendizado para sempre.” Ex-roqueiro, ele se
manteve fiel aos óculos escuros, mas, na retomada do negócio, em 1998, voltou-se para o básico:
quiosques (primeiro num mercado alternativo, depois num shopping) e uma loja numa galeria
de São Paulo. “A experiência do tombo foi fundamental para crescer de forma sustentável. Eu
soube manter a simplicidade.” Hoje, a Chilli Beans tem 355 pontos de venda, com saída de mais
de 1,5 milhão de óculos por ano, e se expande para o exterior.
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ALEXANDRE COSTA, 40 anos
Empresa: Cacau Show
Faturamento: R$ 400 milhões/ano
“Meu sonho é que a empresa transcenda minha figura por meio de uma marca que faça
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parte do cotidiano das pessoas. Não se trata de deixar uma herança maior ou menor para
meus filhos. Isso é decorrência. Empreendedor precisa gostar de gente, entender o que as
pessoas querem, ter visão de longo prazo, equilibrar razão e emoção. Para quem quer seguir
esse caminho, uma faculdade de psicologia talvez seja tão importante quanto a de
administração. Claro que também é importante gostar de trabalhar muito. O trabalho nunca
pode se transformar num fardo.”
O ajuste radical feito por Maia em sua trajetória se encaixa num dos traços de excelência
apontados pelo pesquisador americano Jim Collins, da Universidade de Stanford e autor dos
best-sellers Empresas Feitas para Vencer e Como as Gigantes Caem, além do recém-lançado
Great by Choice, ainda sem tradução em português. Para ele, a humildade é inerente aos
grandes (e verdadeiros) líderes empresariais. Maia adotou o que Collins chama de “conceito do
porco-espinho”. Uma fábula grega diz que a esperta raposa sabe muitas coisas e ataca por todos
os lados, mas o modesto porco-espinho sabe apenas uma, só que muito bem: pode valer a pena
agir por uma única via, com precisão e, mais importante, simplicidade.
APOSTA EMBASADA > Fundadora de diversas empresas de mídia, entre elas a produtora
Harpo e o canal de televisão a cabo Oxygen, Oprah Winfrey tem se revelado um grande nome
do empreendedorismo nos últimos anos. Com negócios que faturaram R$ 535 milhões em 2010,
a apresentadora costuma relacionar seu sucesso ao investimento em áreas nas quais já acumula
conhecimento vasto e influência.
Outro fator fundamental apontado por Collins, a implantação de uma cultura de disciplina
dentro na empresa, é um princípio muito valorizado por Ivan Barchese, 37 anos, da Mextra
Metal. “Quando a empresa começou a crescer, passei a me preocupar com gestão e governança”,
diz ele. “Fiz um MBA e adotei a estratégia de contratar pessoas com habilidades
complementares às minhas.” Isso porque nem o mais talentoso dos empreendedores reúne
todas as habilidades necessárias para construir um bom negócio. Segundo Marcos Hashimoto, a
figura clássica do empreendedor ousado cabe muito bem nos momentos iniciais, “quando se tem
pouco a perder”. A coisa muda de figura numa segunda etapa, a de “pôr ordem na casa”, um
momento que exige perfil planejador.
É nessa hora que a empresa adquire estrutura e precisa ser sólida. “Por mais que um
empreendedor tenha de vestir vários chapéus ao mesmo tempo, é preciso saber delegar e
escolher bem as pessoas para cada função. A equipe de vendas pede gente mais expansiva,
enquanto o departamento financeiro tem uma demanda por profissionais mais metódicos e
detalhistas. Você vai traçando os perfis para cada posição”, diz Barchese. “É como um xadrez
que nunca termina.” Saber jogar bem, segundo o empresário, evita a burocracia, a perda da
agilidade e a dispersão da mentalidade inovadora. Faz todo o sentido preservar esse ambiente,
porque inovar é o forte da empresa. A partir de um projeto desenvolvido ainda na faculdade de
engenharia, Barchese passou a produzir um tipo de pastilha que torna o alumínio mais
resistente. “É como um ‘sonrisal’ misturado ao alumínio líquido”, descreve. A invenção
revolucionou a história do negócio que ele herdou do pai. Graças à novidade, o faturamento da
Mextra cresceu dez vezes e chegou a R$ 90 milhões por ano.
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MARIÂNGELA BORDON, 53 anos
Empresa: Eos Cosméticos
Faturamento: não divulgado
“Tenho uma formação familiar orientada pela lógica do comércio; portanto, a motivação
para abrir a Ox foi totalmente racional. Enxerguei uma oportunidade nos cosméticos, um
setor bem promissor. Foi uma empresa concebida desde o início para ser vendida — e foi.
Acho que o sucesso se deve ao fato de eu ser persistente, obsessiva e detalhista, sempre
focada no produto. A experiência se revelou satisfatória também do ponto de vista pessoal.
Eu me apaixonei pelo mundo dos cosméticos, decidi aproveitar o conhecimento adquirido e
criei a Eos.”
Passado o período inicial, em que o empreendedor precisa de arrojo e intenção, principalmente
para levantar recursos, a capacidade de realização terá de se desenvolver na forma de
competências específicas. A melhor e mais segura maneira de fazer isso é pelo estudo. Ninguém
nega, contudo, que certas habilidades podem se desenvolver em casa. Mariângela Bordon, de 53
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anos, não fez carreira nas empresas do pai — mesmo assim absorveu seu estilo pragmático.
LIDERANÇA COMPARTILHADA > Em 1998, quando fundaram o Google, Larry Page e Sergey
Brin pretendiam manter a empresa sob as próprias rédeas. Passada a euforia inicial, a vontade
de crescer falou mais alto que o apego: três anos mais tarde, a dupla contratou Eric Schmidt
para ajudar a profissionalizar a gestão da empresa. Sob o comando de Schmidt, o Google se
tornou a marca mais valiosa do mundo, cotada atualmente em US$ 48 bilhões.
“Minha paixão é o design, mas tenho uma formação familiar orientada pela lógica do comércio”,
diz. “Meu pai nunca quis que as mulheres da família trabalhassem, mas, quando viu que eu
tinha essa vocação, me ajudou muito.” A ideia do negócio — planejado para aproveitar o boom
do setor de cosméticos e ser vendido na hora adequada — originou-se dos bois da fazenda da
família, proprietária dos frigoríficos Bordon. Utilizando o tutano residual do corte dos animais,
Mariângela desenvolveu uma linha de produtos que agradou a familiares e amigos. Em 1995,
lançou a Ox, que chegou a faturar R$ 5 milhões por mês, até ser vendida para o Grupo Bertin,
em 2004. Mariângela voltou ao mercado em 2007, com o lançamento da Eos Cosméticos, com
50 mil artigos vendidos por ano.
Sergio Arno, por sua vez, decidiu começar do zero, sozinho — e nunca mais sossegou,
tornando-se empreendedor serial. É herdeiro da indústria de eletrodomésticos que leva seu
sobrenome, mas sempre quis um negócio próprio. “A decisão de diversificar e expandir foi
puramente comercial”, diz o empresário de 51 anos. “Esse mercado é volátil. Um restaurante
dificilmente dura mais que oito anos. Não se pode ser muito apegado.”
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SERGIO ARNO, 51 anos
Empresa: La Pasta Gialla
Faturamento: R$ 33 milhões/ano
“Não consigo lembrar de uma memória afetiva que tenha influído nas minhas decisões de
trabalhar com gastronomia e abrir um negócio próprio. Apesar de vir de uma família muito
rica, desde cedo quis ser dono do meu nariz e fazer as coisas do meu jeito. Meu pai queria
que eu fosse um executivo da Arno, mas sempre achei que seria mais feliz fazendo algo que
tivesse a minha cara. Acho que teria seguido esse caminho independentemente da formação
familiar. Sou muito instintivo, confio mais no meu feeling para tomar decisões do que em
pesquisas.”
A história empresarial de Arno começou com US$ 10 mil investidos num restaurante quase
falido, em 1987. Revertida a situação com a criação do La Vecchia Cuccina — um dos
restaurantes italianos mais famosos de São Paulo —, o chef abriu dez anos depois a rotisserie
Alimentari Sergio Arno. Esta, por sua vez, originou a massaria La Pasta Gialla, para atender
restaurantes, hoje uma franquia com 20 unidades e faturamento anual de R$ 33 milhões. A
expansão continuou. Vários restaurantes, incluindo uma hamburgueria, vendida
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posteriormente, foram abertos em três cidades, além da Agropecus, de criação de caprinos.
Se para qualquer empreendimento é preciso paciência na espera dos melhores resultados, ela é
ainda mais necessária quando o objetivo é expandir um negócio. Nesse aspecto, é exemplar a
trajetória de Cláudio Miccieli, 56 anos, ex-funcionário público e hoje diretor-executivo e sócio
da rede de lanchonetes Giraffas, composta por 350 unidades franqueadas pelo país e com
previsão de faturamento de R$ 600 milhões neste ano. A relação de Miccieli com o negócio
começou devagar, em Brasília, quando, depois do expediente, costumava frequentar uma das
quatro lanchonetes de uma rede fundada seis anos antes pelo amigo de faculdade Carlos
Guerra, com o sócio Ivan Aragão.
Miccieli começou a participar co¬mo investidor. Atraído pelas possibilidades de lucro e pela
vida de empresário, decidiu acompanhar as operações do Giraffas de perto, até ajudar a montar
uma central de produção em 1992. “Só saí do meu emprego quando as coisas começaram
realmente a engrenar”, lembra. “Não fazia sentido largar tudo por um negócio que ainda não
dava sustento para todos nós.” Hoje ele mantém a racionalidade. “Nossa expansão está mais
relacionada a oportunidades de negócios do que a uma necessidade de realização pessoal”, diz.
Uma abordagem prudente como essa em geral faz o empreendimento ganhar consistência. “Ter
muito dinheiro cedo demais torna menos provável que a pessoa venha a ser uma grande
empreendedora”, diz o inglês Chris Robson, que acaba de ter seu livro A Mente de um
Empreendedor lançado no Brasil. Pode parecer contraditório para quem foi o diretor mais
jovem da agência de propaganda DMB&B (e hoje assessora corporações gigantescas como a
Coca-Cola e a Daimler Chrysler). Mas Robson sabe reconhecer as virtudes da maturidade.
“Quanto mais velho e sábio o empreendedor fica, mais se torna hábil em lidar com o risco. Por
isso, concentra-se apenas naquilo que ele sabe ter capacidade de fazer.” O empreendedor
persistente é forjado pelo autoconhecimento e pelo aprendizado que adquire com os desafios.
A caminho do sucesso
Dez dicas para começar um bom negócio e levá-lo em frente
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TESTE > você tem perfil de empreendedor?
Marque as respostas, calcule a pontuação e veja em que ponto você se encontra na
escala do Center for Entrepreneurial Management de Nova York, preparada com
base na experiência de seus membros que já administram os próprios negócios
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1. COMO ERA O EMPREGO DE SEUS PAIS?
(A) Ambos trabalhavam e foram autônomos a maior parte de suas vidas.
(B) Ambos trabalhavam e foram autônomos durante algum tempo de suas vidas.
(C) Um deles foi autônomo durante a maior parte da vida.
(D) Um deles foi autônomo durante certo momento da vida.
(E) Nenhum deles já foi autônomo.
2. VOCÊ JÁ FOI DESPEDIDO ALGUMA VEZ DE UM EMPREGO?
(A) Sim, mais de uma vez.
(B) Sim, uma vez.
(C) Não.
3. SUA CARREIRA COMEÇOU:
(A) Numa pequena empresa (menos de 100 empregados).
(B) Numa empresa média (entre 100 e 500 empregados).
(C) Numa grande empresa (mais de 500 empregados).
4. VOCÊ FOI DONO DE ALGUM NEGÓCIO ANTES DOS 20 ANOS?
(A) Muitos.
(B) Poucos.
(C) Nenhum.
5. QUANTOS ANOS VOCÊ TEM NO MOMENTO?
(A) 16 – 30.
(B) 31 – 40.
(C) 41 – 50.
(D) 51 ou mais.
6. VOCÊ É O FILHO:
(A) Mais velho.
(B) Do meio.
(C) Mais novo.
(D) Outro.
7. VOCÊ É:
(A) Casado.
(B) Divorciado.
(C) Solteiro.
8. SEU NÍVEL DE INSTRUÇÃO É:
(A) Segundo grau incompleto.
(B) Segundo grau completo.
(C) Superior incompleto.
(D) Superior completo ou mestrado.
(E) Doutorado.
9. QUAL É SUA MAIOR MOTIVAÇÃO PARA COMEÇAR UM NEGÓCIO?
(A) Ganhar dinheiro.
(B) Não gosto de trabalhar para outra pessoa.
(C) Ser famoso.
(D) Como uma solução para o excesso de energia.
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10. SEU RELACIONAMENTO COM O RESPONSÁVEL PELA MAIOR PARTE DA
RENDA FAMILIAR FOI:
(A) Tenso.
(B) Satisfatório.
(C) De rivalidade.
(D) Inexistente.
11. SE FOSSE POSSÍVEL ESCOLHER ENTRE TRABALHAR DURO E TRABALHAR
COM ASTÚCIA, VOCÊ:
(A) Trabalharia duro.
(B) Trabalharia criativamente.
(C) Ambos.
12. EM QUEM VOCÊ CONFIA PARA OBTER CONSELHOS CRÍTICOS DE
GERENCIAMENTO?
(A) Equipes internas de gerenciamento.
(B) Profissionais externos de gerenciamento.
(C) Profissionais financeiros externos.
(D) Ninguém, exceto eu mesmo.
13. SE VOCÊ APOSTASSE EM CORRIDAS DE CAVALO, EM QUAL VOCÊ
COLOCARIA DINHEIRO?
(A) No azarão.
(B) No mais famoso.
(C) No que treina mais.
(D) No que fez o melhor tempo
no treinamento.
14. O ÚNICO INGREDIENTE AO MESMO TEMPO NECESSÁRIO E SUFICIENTE
PARA INICIAR UM NEGÓCIO É:
(A) Dinheiro.
(B) Clientes.
(C) Uma ideia ou produtos.
(D) Motivação e trabalho rigoroso.
15. SE VOCÊ FOSSE UM JOGADOR PROFISSIONAL DE TÊNIS E TIVESSE UMA
CHANCE DE JOGAR CONTRA UM CAMPEÃO:
(A) Recusaria, porque ele poderia facilmente vencê-lo.
(B) Aceitaria o desafio, mas não apostaria dinheiro.
(C) Apostaria o salário de uma semana em sua vitória.
(D) Aceitaria uma vantagem, apostaria uma fortuna e jogaria por um resultado inesperado.
16. VOCÊ TENDE A SE INTERESSAR COM MAIS INTENSIDADE POR:
(A) Novas ideias de produtos.
(B) Contratação de novos funcionários.
(C) Novos planos financeiros.
(D) Todos acima.
17. QUAL DOS SEGUINTES TIPOS DE PERSONALIDADE É O MAIS APROPRIADO
PARA ALGUÉM SER O SEU BRAÇO DIREITO?
(A) Brilhante e enérgico.
(B) Brilhante e tranquilo.
(C) Calmo, mas enérgico.
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18. VOCÊ EXECUTA MELHOR OS TRABALHOS PORQUE:
(A) É sempre pontual.
(B) É superorganizado.
(C) Tem bom desempenho.
19. VOCÊ DETESTA DISCUTIR:
(A) Problemas envolvendo funcionários.
(B) Contas e despesas.
(C) Novas práticas de gerenciamento.
(D) O futuro da firma.
20. DIANTE DE UMA DECISÃO, VOCÊ PREFERIRIA:
(A) Jogar um dado com uma chance em três de ganhar.
(B) Trabalhar racionalmente sobre o problema com uma chance em três de resolvê-lo dentro do
prazo fixado.
21. SE VOCÊ PUDESSE ESCOLHER ENTRE AS SEGUINTES PROFISSÕES, SERIA:
(A) Esportista profissional.
(B) Gerente de vendas.
(C) Advogado especializado em aconselhamento pessoal.
(D) Juiz.
22. SE VOCÊ TIVESSE DE ESCOLHER ENTRE TRABALHAR COM UM SÓCIO QUE
É AMIGO ÍNTIMO OU TRABALHAR COM UM ESTRANHO QUE É ESPECIALISTA
NA ÁREA, VOCÊ ESCOLHERIA:
(A) O amigo íntimo.
(B) O especialista.
23. VOCÊ GOSTA DE DESFRUTAR DA COMPANHIA DE PESSOAS:
(A) Quando você e os demais têm algo de produtivo para fazer.
(B) Para fazer algo de novo e diferente.
(C) Sempre, mesmo quando não há nada planejado.
24. EM SITUAÇÕES DE NEGÓCIO QUE EXIGEM UMA AÇÃO IMEDIATA, É
ADEQUADO DEIXAR CLARO QUEM TEM A PALAVRA FINAL.
(A) Concordo.
(B) Concordo, com ressalvas.
(C) Discordo.
25. AO PARTICIPAR DE UMA COMPETIÇÃO ESPORTIVA, VOCÊ SE PREOCUPA
COM:
(A) A qualidade de seu desempenho.
(B) Ganhar ou perder.
(C) Tanto “a” quanto “b”.
(D) Nem “a” nem “b”.
PONTUAÇÃO
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1. A:10 B:5 C:5 D:2 E:0
2. A:10 B:7 C:0
3. A:10 B:5 C:0
4. A:10 B:7 C:0
5. A:8 B:10 C:5 D: 2
6. A:15 B:2 C:0 D:0
7. A:10 B:2 C:2
8. A:2 B:3 C:10 D:8 E:4
9. A:0 B:15 C:0 D:0
10. A:10 B:5 C:10 D:5
11. A:0 B:5 C:10
12. A:0 B:10 C:0 D:5
13. A:0 B:2 C:10 D:3
14. A:0 B:10 C:0 D:0
15. A:0 B:10 C:3 D:0
16. A:5 B:5 C:5 D:5
17. A:2 B:10 C:0
18. A:5 B:15 C:5
19. A:8 B:10 C:0 D:0
20. A:0 B:15
21. A:3 B:10 C:0 D:0
22. A:0 B:10
23. A:3 B:3 C:10
24. A:10 B:2 C:0
25. A:8 B:10 C:15 D:0
SEU PERFIL
235-280: Empreendedor de sucesso
Suas características são típicas de um vencedor. Tendo uma boa ideia, está na hora de abrir a
própria empresa (se é que já não o fez).
200-234: Empreendedor consolidado
Tino para negócios e independência fazem parte de sua personalidade. Trabalhe aspectos como
ousadia e criatividade.
185-199: Aspirante a empreendedor
Embora a estabilidade possa atraí-lo, o espírito questionador e a autonomia falam mais alto.
Comece por modelos de negócios mais seguros.
170-184: Empreendedor potencial
Criativo, dinâmico e autoconfiante, você reúne traços essenciais para abrir um negócio, mas
prefere dividir responsabilidades.
155-169: Semiempreendedor
Embora possa ser um líder sensato, você não gosta de implantar projetos do zero. Tente ampliar
sua autonomia e sua adaptabilidade.
Até 154: Empreendedor acidental
Você pode ser um empreendedor, mas precisa exercitar a liderança se realmente quer iniciar
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um negócio.
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