Panorama_OUT2011_Socrates_Simples
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PUBLICAÇÃO DA GENERAL MOTORS DO BRASIL ANO 50 - Nº 10 - OUTUBRO DE 2011 O NOVO, DE NOVO CHEVROLET CRUZE SUCESSO DE VENDAS EM TODO O MUNDO, O CARRO GLOBAL DA GENERAL MOTORS CHEGA AO MERCADO BRASILEIRO PARA REVOLUCIONAR O SEGMENTO DOS SEDÃS MÉDIOS Fotos Fabio Gonzalez/ABC Imagem P R E Z A D O L E I TO R ] S egundo o conceituadíssimo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a palavra global tem três significados: relativo ao globo terrestre ou, por sinonímia, mundial; que é considerado no todo, por inteiro; e, por fim, a que nada falta, completo, total. Nosso mais recente lançamento, o sedã médio Chevrolet Cruze, é um carro global em todas as acepções da palavra. Comercializado em mais de 70 países e produzido em nove deles, inclusive o Brasil, é o automóvel de passeio Chevrolet mais vendido no planeta. Seu projeto, executado pela GM da Coréia do Sul e da Alemanha, teve a participação dos demais centros de desenvolvimento de veículos da companhia, localizados nos Estados Unidos, na Austrália e no Brasil. Isso, por si só, explica o enorme sucesso do sedã em todo o planeta? Grace Lieblein, presidente da General Motors do Brasil, tem a resposta: "O Cruze foi concebido como um carro global. Para isso, a General Motors analisou minuciosamente as necessidades de cada mercado. O resultado é um carro único, que criou um novo patamar mundial de requinte, segurança e conforto e, principalmente, que satisfaz às necessidades dos consumidores de todos os países”. Design arrojado, espaço interno, qualidade, desempenho e invejável comportamento dinâmico, entre muitas outras características, fazem com que o sedã seja um novo e avançado referencial em sua categoria. Graças à dedicação de todos os departamentos da GMB, o Cruze produzido aqui tem o mesmo conteúdo do que é vendido na Europa ou nos Estados Unidos e ainda oferece recursos exclusivos: é o único no mundo a ter tecnologia "flex" no novíssimo motor 1.8 Ecotec6 e o único na América Latina a oferecer seis marchas tanto no câmbio automático quanto no manual. O lançamento do Chevrolet Cruze traz novas percepções. Para o consumidor, a de que, depois de conhecer nosso novo sedã médio, dificilmente se contentará com menos; para nós, da GM do Brasil, a de que os desafios enfrentados – e vencidos – para produzirmos um veículo com tamanha tecnologia e modernidade servirão como estímulo para que façamos mais e melhor. Afinal, o Cruze é um carro a que nada falta, completo, total. Global. Boa leitura! PEDRO LUIZ DIAS DIRETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL NESTA EDIÇÃO ] 4 CIDADÃO DO MUNDO O sedã médio Chevrolet Cruze chega ao Brasil 30 CONTRASTES EM HARMONIA Gerenciamento de Programas coordenou projeto 12 NOSSA GRAMA ESTÁ MAIS VERDE 34 PERFEIÇÃO ESSENCIAL Engenharia de Produto garante qualidade do Cruze Qualidade da GMB garante Cruze perfeito 18 GREGOS E TROIANOS Design da GMB foi fundamental para trazer ao Brasil as formas do Cruze 20 ALÉM DA QUINTA MARCHA 36 A DANÇA DOS NÚMEROS Finanças atua em todas as etapas de um projeto 38 ORQUESTRA AFINADA GPSC aumenta sintonia entre suas áreas Cruze brasileiro é o único com motor "flex" 22 TECNOLOGIA SEM FRONTEIRAS Tecnologia da Informação inova ferramentas globais já existentes 42 VEÍCULO GLOBAL, FÁBRICA GLOBAL Engenharia de Manufatura implementa fabricação 52 MERCADO AGITADO Chevrolet Cruze, sucesso de vendas 26 SELEÇÃO CAMPEÃ Projetos da GM têm brasileiros como líderes globais 54 ELES ENSINAM A PESCAR Pós-Vendas não pára de pensar no cliente 28 PONTO DE PARTIDA Planejamento de Produto e Pesquisa de Mercado trabalha para trazer o Cruze desde 2008 Publicação mensal dirigida aos empregados e amigos da General Motors do Brasil Parte da verba obtida com a venda de anúncios na revista Panorama é revertida ao Instituto GM 58 O NOVO, DE NOVO, DE NOVO... Marketing define do conteúdo à publicidade PRESIDENTE Grace Lieblein VICE-PRESIDENTE DE COMUNICAÇÃO, RELAÇÕES PÚBLICAS E GOVERNAMENTAIS Marcos Munhoz DIRETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Pedro Luiz Dias DIREÇÃO EDITORIAL Nelson Silveira EDITOR Günther Hamann COORDENADOR Carlos A. Pereira de Souza REPÓRTERES Camila Franco e Flora Serra PRODUÇÃO EDITORIAL E COMERCIALIZAÇÃO GA Comunicação e Editora – Tel.: (55 11) 3813-3814 – [email protected] FOTOS ABC Imagem e GMB FOTOLITO E IMPRESSÃO Pancrom TIRAGEM 26.000 exemplares CORRESPONDÊNCIA Av. Goiás, 1.805 – São Caetano do Sul – SP – CEP 09550-900 – Tel.: (55 11) 4234-6283 – Fax: (55 11) 4234-6070 – E-mail: [email protected] IMAGEM DE CAPA Fabio Gonzalez/ABC Imagem OUTUBRO D E 2 0 1 1 3] CHEVROLET CRUZE ] [4 OUTUBRO D E 2 0 1 1 CIDADÃO DO MUNDO COM ITENS INÉDITOS, COMO O MOTOR 1.8 ECOTEC6 E TRANSMISSÕES MANUAL E AUTOMÁTICA COM SEIS MARCHAS, O CHEVROLET CRUZE CHEGA AO BRASIL PARA REVOLUCIONAR O SEGMENTO DE SEDÃS MÉDIOS le é um verdadeiro cidadão do mundo. Seu projeto, executado pela GM da Coréia do Sul e da Alemanha, teve a participação dos demais centros de desenvolvimento de veículos da companhia, localizados nos Estados Unidos, na Austrália e no Brasil. Comercializado em mais de 70 países, rapidamente conquistou o posto de automóvel de passeio Chevrolet mais vendido no planeta. É o Cruze, que agora chega ao mercado brasileiro para revolucionar o segmento de sedãs médios. O que explica tamanho sucesso do modelo em todo o mundo? Grace Lieblein, presidente da General Motors do Brasil, tem a resposta: "O Cruze foi concebido como um carro global. Para isso, a General Motors analisou minuciosamente as necessidades de cada mercado. O resultado é um carro único, que criou um novo patamar Chevrolet Cruze: nas versões LT e mundial de refiLTZ, vem com o namento, segunovo motor 1.8 rança e conforto Ecotec6, que oferece 144 cv, e, principalmente, quando satisfaz às necesabastecido com sidades dos conetanol e 140 cv, sumidores de com gasolina Fotos Fabio Gonzalez/ABC Imagem E todos os países nos quais ele é comercializado”. O design arrojado, o espaço interno, a qualidade, o desempenho e o comportamento dinâmico – entre muitas outras características – fazem com que o Cruze estabeleça novos parâmetros em sua categoria. E o fato de ser um veículo global não o torna idêntico em todos os países. O sedã brasileiro é o único no mundo a ter tecnologia "flex" no novíssimo motor 1.8 Ecotec6 e o único na América Latina a oferecer seis marchas no câmbio automático e no manual. Nas suas duas versões, LT e LTZ, o nível de equipamento e de tecnologia supera – e muito – o que é oferecido no segmento. “Com as novidades em termos de equipamentos e de powertrain, o Cruze chega para brigar em um segmento onde a Chevrolet tem muita tradição. Certamente vai continuar a história que começou a ser escrita com o Opala, o Monza e o Vectra. É a capacidade da Chevrolet de criar o novo, de novo”, afirma Marcos Munhoz, vice-presidente de Comunicação, Relações Públicas e Governamentais da GMB. O Cruze é produzido em nove países: Coréia do Sul, Austrália, Rússia, OUTUBRO D E 2 0 1 1 5] CHEVROLET CRUZE ] ATRAÇÃO PELAS LINHAS O grande destaque no design do Cruze é a linha do teto arqueada, que se traduz em muita esportividade. A grade bipartida ostenta o logotipo da Chevrolet, sendo ladeada pelos blocos óticos, que terminam em cunha nos pára-lamas dianteiros. A traseira inclui as lanternas niveladas com a superfície da carroceria e com duas formas circulares, encontradas em outros modelos consagrados da Chevrolet. Tanto a versão LT quanto a LTZ vêm com rodas de alumínio aro 17 com pneus 225/50 R17. Outro ponto que vai surpreender os consumidores é a qualidade de construção do Cruze, marcada por detalhes que se encontram em automóveis de segmentos superiores. O elevado nível de acabamento e a perfeição da união dos painéis da carroceria contribuem para a percepção de qualidade do Cruze. José Pedro Jobim ATRAÇÃO PELO CONTEÚDO Com um toque de esportividade e uma atmosfera envolvente, o habitáculo de cinco lugares caracteriza-se pelas linhas Fotos Fabio Gonzalez/ABC Imagem Estados Unidos, China, Venezuela, Tailândia, Vietnã e, agora, Brasil. O sedã sai da fábrica de São Caetano do Sul, em São Paulo, com garantia de 3 anos sem limite de quilometragem. [6 OUTUBRO D E 2 0 1 1 COMERCIALIZADO EM MAIS DE 70 PAÍSES E FABRICADO EM NOVE, O CRUZE É O AUTOMÓVEL DE PASSEIO CHEVROLET MAIS VENDIDO NO MUNDO Fabio Gonzalez/ABC Imagem Destaques: a linha do teto se traduz em muita esportividade; o interior do Cruze, marcado pelo “dual cockpit”, esbanja conforto, tecnologia e espaço para todos os passageiros harmoniosas e fluidas e pela aplicação de materiais com texturas suaves ao toque. Entre as características que colocam o Chevrolet Cruze no topo de sua classe está a integração do painel de instrumentos com os painéis de porta e o generoso espaço para pernas, cabeça e ombros dos passageiros dos bancos traseiros. O tema principal do design interior, como em outros modelos da marca, é a expressão moderna de uma linha de estilo tradicional da Chevrolet, o "dual cockpit". O elemento central dessa simetria é o console, que inclui o visor e os comandos dos sistemas de informação, entretenimento e climatização do Cruze. A instrumentação do painel foi desenhada com a ajuda de modelagem tridimensional. Os mostradores analógicos do velocímetro e do conta-giros, com indicadores do nível de combustível e da temperatura do motor, apresentam a iluminação "Ice Blue". No centro do painel de instrumentos, há uma tela de cristal líquido que exibe as informações do computador de bordo, outro diferencial do Cruze. “O grafismo dos mostradores é muito atraente. Além de ótima leitura, eles surpreendem pela iluminação tridimensional. Certamente, é um atrativo inédito para os exigentes consumidores do Cruze”, afirma Carlos Barba, diretor de Design da GM América do Sul. Os bancos são envolventes e têm uma construção em trama que distribui o peso de forma equilibrada, bem como um enchimento em espuma firme nos assentos e nos encostos, tanto nos bancos dianteiros como traseiros. O forro pode ser de tecido e de couro preto na versão LT, ou couro cinza na LTZ. O ar-condicionado do Chevrolet Cruze tem comandos eletrônicos e inclui função AQS (Air Quality System), que mede a qualidade do ar externo e ativa a recirculação do ar, em caso do mesmo estar poluído. Um capítulo à parte é o sistema de entretenimento integra- OUTUBRO D E 2 0 1 1 7] CHEVROLET CRUZE ] ATRAÇÃO PELA FORÇA O Chevrolet Cruze é equipado com o novo motor 1.8 Ecotec6 e oferece duas opções de câmbio: manual e automático, ambos com seis marchas – outro item inédito no segmento. A família Ecotec reúne o que há de mais sofisticado em termos de engenharia e de tecnologia. Seu cabeçote tem duplo comando de válvulas continuamente variável e coletor de admissão variável, o que torna as respostas do motor mais rápidas em qualquer rotação. O motor 1.8 do Cruze tem bielas forjadas, ao invés de fundidas, que garantem muito mais durabilidade – são utilizadas em carros de corrida e de alto desempenho. O cabeçote de alumínio e o bloco em ferro fundido têm galerias internas para refrigeração especialmente desenhadas, de modo que a temperatura no cabeçote seja menor, permitindo um maior avanço de ignição e menor consumo de combustível. A bomba d’água é montada no bloco e não é acionada por correia dentada, como em motores convencionais, mas sim por correia secundária (ou de acessórios), o que facilita a manutenção. Com toda essa tecnologia, o 1.8 Ecote 6 oferece 144 cavalos quando abastecido com etanol e 140 com gasolina, [8 OUTUBRO D E 2 0 1 1 Fotos Fabio Gonzalez/ABC Imagem do do Cruze. Por meio da tela de 7 polegadas localizada no console central, o sistema de navegação oferece mapas do Brasil e da Argentina, mais de 4 milhões de pontos de interesse e tem uma sofisticação poucas vezes vista – indica postos de gasolina quando o tanque do carro entra na reserva. Além disso, o carro dispõe de rádio com leitor de CD e MP3. A versão LT sai de fábrica com um amplificador de quatro canais e seis alto-falantes; a LTZ oferece um sistema "premium" de áudio que inclui entrada USB para conexão de dispositivos móveis. e 90% do torque já está disponível a 2.200 rpm. Traduzindo isso em números, o Cruze, na versão manual, vai de 0 a 100 km/h em apenas 10,8 segundos e atinge a velocidade máxima de 204 km/h, quando abastecido com etanol. Com gasolina, ele leva 11 segundos para chegar aos 100 km/h e chega aos 203 km/h de velocidade máxima. Além da inédita transmissão manual de 6 velocidades, o Cruze oferece a automática, também com seis velocidades e a opção de mudanças no modo seqüencial, oferecendo a escolha entre esportividade ou conforto. Esta caixa se adapta ao estilo de condução do motorista e conta com um sensor de inclinação, que modifica as marCOM MUITO CONTEÚDO, chas de acordo O CHEVROLET CRUZE com a necessidaSATISFAZ ÀS NECESSIDADES de. Por exemplo, DOS CONSUMIDORES DE TODOS em uma descida, OS PAÍSES NOS QUAIS ELE É ela reduz marCOMERCIALIZADO chas para a ajudar a frear o carro, mesmo sem a intervenção do motorista; em subidas, ela evita trocas desnecessárias de marcha. Equipado com essa transmissão, o Cruze leva 11,4 segundos para ir de 0 a 100 km/h e atinge a velocidade máxima de 197 km/h, quando abastecido com etanol. Com gasolina, o carro precisa de 11,7 segundos para chegar aos 100 km/h e atinge os mesmos 197 km/h de velocidade máxima. ESTRUTURA E SEGURANÇA A carroceria do Cruze tem uma resistência à torção exemplar. Sua estrutura firme e rígida leva a um comportamento dinâmico de elevado nível, reduz o nível de ruídos e de vibrações, e garante segurança superior em caso de colisão. A engenharia do sedã foi realizada conjuntamente pelos centros de Modernidade: o console reúne os comandos dos sistemas de informação, entretenimento e climatização do Cruze; no painel com iluminação "Ice Blue" estão os mostradores analógicos do velocímetro e do conta-giros, com indicadores do nível de combustível e da temperatura do motor; no centro, está a tela com as informações do computador de bordo desenvolvimento da GM na Alemanha, nos Estados Unidos, na Austrália e na Coréia do Sul. “Em áreas fundamentais, como estrutura da carroceria, suspensão, segurança e os sistemas eletrônicos, aplicamos as melhores práticas empregadas pela GM em todo o mundo”, explica Pedro Manuchakian, vice-presidente da Engenharia de Produto da GM América do Sul. As zonas de deformação e de absorção de energia na dianteira e na traseira do novo Cruze foram concebidas para absorverem os impactos da forma mais eficiente possível, de modo a preservar a integridade dos ocupantes. As barras em todo o comprimento e o reforço estrutural dos pilares A e B contribuem para a excelente resistência à colisão do veículo. O habitáculo é reforçado com elementos tubulares que OUTUBRO D E 2 0 1 1 9] compõem as aberturas das portas e suportam o teto. A combinação de uma peça única estrutural lateral com barras de aço de alta resistência integradas às portas asseguram uma proteção eficaz contra impactos laterais. Em baixas velocidades (até 4 km/h), o revestimento dos pára-choques dianteiro e traseiro absorve a energia de pequenos impactos, minimizando os danos na carroceria. O Cruze tem cintos de segurança de três pontos para os cinco ocupantes. Além dos airbags frontais para o condutor e o passageiro, a lista de equipamentos de série de segurança passiva inclui airbags de cortina (na versão LTZ), airbags laterais nos bancos e pedais desarmáveis. A lista de equipamentos de segurança ativa inclui ABS com assistência a frenagem de pânico (PBA), sistema que mantém os freios acionados e a pressão do sistema quando percebe uma frenagem de forte intensidade (emergência), reduzindo a distância de frenagem; controle de tração, que atua diretamente no motor, impedindo que as rodas patinem em uma arrancada; e de estabilidade, que trabalha utilizando as informações vindas dos sensores do ABS, da direção e de gravidade. Quando o carro ameaça perder sua trajetória, o sistema atua nos freios e no motor, recolocando o carro na trajetória ideal. Fotos Fabio Gonzalez/ABC Imagem CHEVROLET CRUZE ] Ecotec6: o Cruze brasileiro é o único no mundo a ter tecnologia "flex" no novíssimo motor 1.8 Ecotec6 e o único na América Latina a oferecer seis marchas no câmbio automático e no manual chassi tem dimensões generosas, o que proporciona maior estabilidade e conforto. A suspensão dianteira é do tipo McPherson e tem molas com formato especial que contribuem para manter todos os movimentos da carroceria dentro dos padrões pré-estabelecidos. As buchas hidráulicas que fixam os braços O CRUZE VAI CONTINUAR A inferiores da suspensão ao subchassi – HISTÓRIA QUE COMEÇOU A comuns apenas em veículos mais caros SER ESCRITA COM O OPALA, – resultam em maior absorção das O MONZA E O VECTRA. É A vibrações em pisos irregulares e dirigibiCAPACIDADE DA CHEVROLET lidade superior do veículo. O Cruze tem freios a disco nas quatro rodas, sendo os DE CRIAR O NOVO, DE NOVO dianteiros ventilados. O sistema ABS com distribuição eletrônica de frenagem e os controles de tração e estabilidade são itens de série em qualquer versão do Cruze, um diferencial expressivo na comPRAZER AO DIRIGIR paração com seus adversários de segmento. Os sistemas de suspensão, de freios e de direção do Cruze A direção assistida eletricamente é mais direta e rápida nas foram aperfeiçoados em campos de provas e estradas do respostas, e o volante precisa de menos do que três voltas para mundo inteiro, inclusive as brasileiras, garantindo uma exce- ir de batente a batente. Tudo isso sem abrir mão do conforto e lente relação entre conforto e comportamento dinâmico. Seu da leveza que o sistema oferece em manobras. [ 10 OUTUBRO D E 2 0 1 1 AINDA MAIS COMPLETO ACESSÓRIOS CHEVROLET DISPONÍVEIS PARA AS VERSÕES LT E LTZ DÃO MAIS ESTILO E CONFORTO AO CRUZE FLORA SERRA Alberto Murayama/ABC Imagem Muitos programas de televisão falam sobre moda, mas limitam o sentido do tema, como se significasse apenas tendências de penteados e de roupas que estarão em alta na próxima estação. Mas moda é muito mais do que isso: pode ser um jeito de falar, de se portar, lugares, cursos e estilos de música. Até a General Motors, empresa da indústria automobilística que nada tem a ver com penteados e vestimentas, procura seguir as tendências do universo da moda, que mudam constantemente. Adalberto Casalecchi, gerente de Desenvolvimento de Acessórios da GMB, afirma: “Os acessórios que criamos para os veículos seguem modismos e sempre vão se adaptando com o passar do tempo”. Por isso, esta área deve estar sempre antenada para saber o que o consumidor quer ter em seu carro. “Somos os porta-vozes dos clientes e precisamos identificar o que eles vislumbram”, completa Alexandre Wiering, coordenador de Desenvolvimento de Acessórios para o Chevrolet Cruze. O Cruze é um veículo global e foi desenvolvido na Coréia do Sul. Portanto, explica Wiering, uma das opções seria importar os acessórios do outro lado do mundo, mas a equipe preferiu produzi-los em território nacional e, assim, manter o preço competitivo. O primeiro item da lista adiciona charme à aparência esportiva do carro: são coberturas cromadas para os espelhos retrovisores externos. Mas não é só com estilo que a equipe está preocupada. Para proteger seu Cruze de riscos na pintura das molduras das portas, existem protetores de soleira de metal com acabamento em cromo. Se o tempo mudar e começar a ventar ou se for o dia daquela reunião importante no trabalho, o proprietário pode pendurar o terno em um cabide portátil que é encaixado na parte de trás do encosto de cabeça dos bancos dianteiros. Outro acessório portátil e de conforto é a pequena geladeira que pode ser instalada no banco traseiro. Além de gelar as bebidas, pode manter a temperatura dos alimentos – uma ótima escolha para viagens longas. Para a segurança do cliente, a área desenvolveu um sensor de estacionamento, que auxilia nas temíveis manobras, e um navegador GPS portátil para evitar surpresas desagradáveis pelo caminho. Esses dois acessórios estão disponíveis apenas para a versão LT, uma vez que já são itens de série na versão LTZ. Mesmo o completíssimo Chevrolet Cruze pode ficar Alexandre Wiering, com Adalberto Casalecchi, de Acessórios: “Somos os ainda mais com- porta-vozes dos clientes e precisamos pleto. identificar o que eles vislumbram” OUTUBRO D E 2 0 1 1 11 ] CHEVROLET CRUZE ] NOSSA GRAMA ESTÁ MAIS VERDE ENGENHARIA DE PRODUTO DA GM DO BRASIL GARANTE QUE O CRUZE BRASILEIRO TENHA A MESMA QUALIDADE DOS QUE SÃO PRODUZIDOS EM OUTROS PAÍSES [ 12 OUTUBRO D E 2 0 1 1 Fabio Gonzalez/ABC Imagem Pedro Manuchakian, vice-presidente da Engenharia de Produto da GM América do Sul (à dir.), com Dalício Guiguer, Alberto Rejman e Luciano Santos: o Cruze que temos aqui é igual ao que é vendido no exterior FLORA SERRA uantas vezes você já não ouviu alguém afirmar que os veículos importados são de melhor qualidade do que os fabricados aqui? Não é o que pensa Dalício Guiguer, gerente de Programas da Engenharia de Produto: “Nós provamos que é possível fazer carros no mesmo nível dos que são vendidos no exterior”, diz ele, que acrescenta: “Este mito não existe mais”. Guiguer se refere Q ao novo lançamento da GM, o Chevrolet Cruze, que chega ao Brasil para acabar de vez com essa história de que a grama do vizinho é mais verde que a nossa. O projeto do Cruze foi desenvolvido e desenhado na Coréia do Sul e na Alemanha, porém brasileiros também tiveram participação nessa fase inicial, fornecendo os requisitos necessários para adequar o veículo às condições particulares das terras tropicais. “Passamos informações sobre as temperaturas as quais o carro estaria submetido no Brasil, o tipo de combustível que deveria ser utilizado e as características do terreno para se projetar, corretamente, a parte de desempenho e de estabilidade”, exemplifica Pedro Manuchakian, vice-presidente da Engenharia de Produto da GM América do Sul. O que há de especial, dessa vez, é que o novo sedã da Chevrolet é um carro global vendido em mais de 70 países e que não mudou sua fórmula para vir ao Brasil. “Não se trata de um produto que foi, simplesmente, adaptado às condições do nosso país, pois o Cruze foi, desde sua concepção, feito para ser brasileiro”, afirma Edson Furlan, diretor de Programas da Engenharia de Produto. “Nós praticamente impedimos qualquer modificação que, em algum sentido, alterasse as características do veículo”, declara Guiguer. Portanto, o Cruze que temos aqui é igual ao que é vendido no exterior, apenas com algumas alterações necessárias para melhorar seu desempenho em nossas estradas, de acordo com o gerente. PEÇAS INTERCAMBIÁVEIS Guiguer relata as estratégias para localização do produto, ou seja, as ações realizadas para que componentes do veículo fossem fabricados no Brasil: a primeira chama-se "Build to Print" e significa que a peça nacional é produzida OUTUBRO D E 2 0 1 1 13 ] com o mesmo desenho e até com o mesmo número (part number) da peça utilizada no exterior. “Desta forma, os componentes que são produzidos aqui podem ser vendidos para qualquer outra fábrica da GM do mundo – esta é a vantagem das peças intercambiáveis”, explica ele. Outra estratégia utilizada, "Source to Requirement", atende às demandas brasileiras para desenvolver componentes com os mesmos requisitos técnicos dos que estão presentes no Cruze global, mas que necessitem de alguma alteração nas especificações em função de características de desempenho, por exemplo. Este é o caso da suspensão, que precisa ser calibrada para ajustar molas e amortecedores de maneira que suportem as situações bem peculiares de nossas ruas e estradas. Por último, a localização por meio de um fornecedor comum (chamada de "Same Supplier") permite que as peças possam ser produzidas com fornecedores brasileiros que são filiais ou parceiros comerciais dos estrangeiros responsáveis pela produção dos componentes do modelo global. Segundo Guiguer, todo o processo de localização foi compartilhado e alinhado com a Coréia do Sul e a Alemanha para que, somente então, a lista de componentes a serem produzidos aqui fosse definida. Na seqüência, a Engenharia de Produto passou a definir as especificações e a fazer revisões técnicas com os fornecedores para garantir que as peças do veículo fossem desenvolvidas localmente. “Não bastava que fossem semelhantes, mas teriam de ser as mesmas peças”, diz Guiguer, enfatizando que os desenhos em nada foram alterados. É claro que um trabalho como [ 14 Alberto Murayama/ABC Imagem CHEVROLET CRUZE ] este não é nada fácil, pois exige uma boa dose de interação com outros países. “Um dos maiores desafios do projeto do Cruze foi manter contato constante com a equipe do exterior”, revela o gerente. Mas o departamento de Engenharia de Produto da GMB contou com a ajuda de cinco engenheiros de Sistemas Veiculares (VSE – Vehicle Systems Engineer). Eles são representantes das especialidades da Engenharia de Produto: Engenharias de Exteriores, de Interiores, de Chassi, Eletroeletrôni- OUTUBRO D E 2 0 1 1 “NÓS PROVAMOS QUE É POSSÍVEL FAZER CARROS NO MESMO NÍVEL DOS QUE SÃO VENDIDOS NO EXTERIOR”, DIZ DALÍCIO GUIGUER, GERENTE DA ENGENHARIA DE PRODUTO ca, Térmica e Powertrain (motor e transmissão). Por meio de vídeo ou teleconferências, esses engenheiros se comunicam com seus respectivos parceiros coreanos e alemães que Dalício Guiguer, gerente de Programas da Engenharia de Produto da GM do Brasil, com sua equipe: “Nós praticamente impedimos qualquer modificação que, em algum sentido, alterasse as características do veículo” exercem a mesma função. Assim, a comunicação e os processos de decisão da área acontecem de forma mais eficiente. Além desses profissionais, o assistente de Guiguer, Alexandre Barbosa, reside na Coréia do Sul há cerca de 18 meses e também facilita a interação entre os times. Essa estrutura de representantes com parceiros estrangeiros, além do residente no local de desenvolvimento do projeto, auxilia e agiliza toda comunicação necessária para que um trabalho em conjunto possa ser realizado com sucesso. “Nós precisávamos acompanhar, em tempo real, as melhorias e a evolução que o Cruze apresentava pelo mundo”, diz Guiguer. PEÇAS DURÁVEIS Se a GMB pode produzir peças de mesmo nível das importadas, ela também deve estar apta para validá-las, pois somente componentes que passam por testes que verifiquem sua longevidade e sua funcionalidade resultam em carros de alta qualidade. “Para a validação dos componentes locais, usamos, b a s i c a m e n t e, três parâmetros: as peças físicas, os seus dados matemáticos e todas as especificações de testes que são os procedimentos globais da GM aos quais todas as peças devem ser submetidas”, relata Luciano Santos, diretor da Engenharia Experimental. Segundo ele, mais de 2 mil testes de bancada foram executados para validar o desempenho de material, a durabilidade, a performance e a segurança dos componentes. No Campo de Provas da Cruz Alta (CPCA), em Indaiatuba, no interior de São Paulo, os testes verificaram a durabilidade em veículos já montados. Santos diz que eles ocorreram em três etapas: na primeira, alguns modelos do Cruze foram trazidos de outro país e inteiramente desmontados para que suas peças fossem substituídas pelas que foram feitas aqui. “Desta forma, foi possível analisarmos se o processo produtivo do fornecedor estava de acordo com o que o projeto solicitava”, diz ele. Mas faltava comprovar se o carro estava apto a rodar pelas sinuosas e esburacadas estradas do Brasil. Esta foi a segunda etapa, que testou as unidades que haviam sido manufaturadas na GMB, o que, segundo Santos, confirmou que os processos de produção da empresa estavam adequados. Ele afirma que o Cruze rodou cerca de 750 mil quilômetros nos diferentes pisos do CPCA. “É preciso considerar que o nível de severidade OUTUBRO D E 2 0 1 1 15 ] CHEVROLET CRUZE ] do teste é cerca de três vezes maior que a realidade do usuário. Então, rodar de 40 a 50 mil quilômetros com o veículo no CPCA equivale a aproximadamente 150 mil quilômetros rodados pelo consumidor”, ressalta Santos. Na última fase, após esses testes de durabilidade, as unidades foram desmontadas e cada peça foi, novamente, verificada para garantir sua integridade e longevidade. Além disso, no início do projeto, a equipe testou o motor e o sistema de injeção eletrônica em cinco outros carros – as chamadas mulas. "Crash tests" frontais e traseiros, testes de emissão de poluentes e de nível de ruído de escapamento também foram realizados e certificaram que o Cruze estava de acordo com as exigências da legislação brasileira. Como não poderia deixar de acontecer em um projeto global, a equipe da Engenharia Experimental também esteve em contato constante com a Coréia do Sul e a Alemanha. Os profissionais que estabeleceram o elo entre o Brasil e esses dois países nessa área foram os engenheiros de Validação de Produto (PVE – Product Validation Engineer) e os de Desenvolvimento (LDE – Lead Development Engineer). Estes, assim como os engenheiros de Validação de Sistemas e Componentes, têm seus parceiros coreanos e alemães para alinhar os processos. “Por mais que tenhamos em mãos os parâmetros necessários para a validação – peça física, dado [ 16 Mauricio Pavan/ABC Imagem Antonio Barbosa Oliveira Neto, Valério Dominguez, Alfio Pini Jr., Benedito Costa e José Ortega (da esq. para a dir.), no Campo de Provas da Cruz Alta: testes exaustivos para confirmar a durabilidade do Cruze; na foto menor, um “crash-test” matemático e especificações de testes –, a experiência da pessoa que acompanhou os primeiros testes tem de ser considerada”, explica Santos, que completa: “Nossos resultados finais são compartilhados com a região original para termos certeza de que aqui teremos peças idênticas às globais”. “O CRUZE FOI, DESDE SUA CONCEPÇÃO, FEITO PARA SER BRASILEIRO”, AFIRMA EDSON FURLAN, DIRETOR DE PROGRAMAS DA ENGENHARIA DE PRODUTO DA GMB OS RESULTADOS FINAIS “Para o Chevrolet Cruze, fomos guiados por três palavras-chave: robustez, resistência e segurança”, afirma Alberto Rejman, diretor executivo da Engenharia de Produto da GMB. E não é que o novo sedã da marca apresenta mesmo essas características? Quer ver? A carroceria do Cruze consiste em um quadro robusto e integrado que utiliza aço de alta resistência em 70% de sua estrutura, o que diminui as torções e aumenta a OUTUBRO D E 2 0 1 1 estabilidade, além de melhorar a dirigibilidade do veículo. Falando nisso, o brasileiro ficará satisfeito em saber que a performance do modelo foi adequada ao seu estilo de dirigir. Com a suspensão calibrada de acordo com as condições das estradas e ruas do Brasil, o veículo melhora seu ângulo de ataque (5 mm mais alto), ganha estabilidade, conforto e resistência para enfrentar buracos e o que mais vier pela frente. E o sistema de Direção Elétrica Progressiva (EPS) faz com que o esforço para dirigir seja maior conforme o carro aumenta a velocidade. (AQS), que impede a entrada de ar poluído no carro e ativa a circulação de ar interno automaticamente. O sistema PEPS (Passive Entry Passive Start) possibilita a abertura das portas a uma distância de 1,5 metros e a partida do motor por meio de um interruptor. “Desde o início, os engenheiros se apaixonaram pelo projeto e tiveram duas grandes alegrias: trabalhar com conteúdo tecnológico de ponta e integrá-lo ao veículo de forma intuitiva, simples e funcional”, diz Rejman. Há sistemas de entretenimento e informação integrados ao painel que podem ser controlados por botões no volante. A navegação por GPS foi adaptada para considerar os mapas do Brasil e da Argentina, além dos rádios que também foram devidamente sincronizados por engenheiros brasileiros. “Enfim, o resultado vocês poderão ver e sentir nas pistas”, conclui Rejman. Com certeza, nossa grama está mais verde do que a do vizinho. GMB “Desta forma, o motorista se sente mais seguro, mesmo em alta velocidade”, diz Pedro Manuchakian, vice-presidente da Engenharia de Produto da GM América do Sul. Mas o Cruze não só proporciona o sentimento de segurança, como também é equipado com oito "airbags": dois frontais, dois laterais e quatro de cortina. Além disso, 100% das unidades têm o Programa Eletrônico de Estabilidade (ESP), que é a evolução do sistema ABS e possibilita aumentar a tração em uma das rodas para corrigir um movimento, caso o dispositivo detecte que o veículo está seguindo uma direção distinta da que o motorista pretende. As portas são totalmente vedadas por um "sanduíche" com três guarnições e há isolantes na carroceria que diminuem de 10% a 40% os ruídos transmitidos para o interior do veículo. Além de excelentes vedações, o modelo traz uma novidade: o Sistema de Qualidade de Ar OUTUBRO D E 2 0 1 1 17 ] CHEVROLET CRUZE ] GREGOS E FLORA SERRA áris era príncipe de Tróia e, um belo dia, raptou Helena, rainha da Grécia que havia se casado com Menelau, rei de Esparta. A partir daí, uma longa batalha entre os dois povos se iniciou. Essa é a origem do provérbio “não se pode agradar a gregos e troianos”, usado para dizer o quão difícil, até mesmo impossível, é contentar pessoas diferentes. Será? A General Motors do Brasil desafia o ditado ao lançar o primeiro veículo global no mercado nacional – o sedã Chevrolet Cruze. “É muito complicado atender ao mundo todo”, reconhece Carlos Barba, diretor de Design da GM América do Sul. “Mas já identificamos diretrizes em alguns projetos que devem ser seguidas”, completa ele. “Nesse desafio, foi gratificante conseguirmos estabelecer uma ótima interação e parceria com a Coréia, o que permitiu obtermos rápidas respostas para as decisões do projeto, mesmo interagindo com uma região do 'outro lado do mundo'” diz Gabriela Belini, assistente de Gerenciamento de Programas do Design para o Cruze. “A área de Gerenciamento de Programas do Design é responsável por coordenar as atividades e a comunicação entre os estúdios de Design da Coréia e do Brasil e as demais áreas da empresa envolvidas no projeto, para que seja possível estabelecer a melhor estratégia de produto para P [ 18 ÁREA DE DAQ DO DESIGN DA GMB FOI FUNDAMENTAL PARA TRAZER AO BRASIL AS FORMAS DO CRUZE, QUE FAZEM SUCESSO EM TODO O MUNDO o mercado brasileiro, no prazo estabelecido e com excelência na qualidade da aparência”, completa a assistente. Nesta nova empreitada, uma área do Design bastante requisitada é a DAQ (Design Appearence Quality ou Qualidade de Aparência do Design), pois é ela que cuida dos elementos que saltam aos olhos do consumidor. Barba diz que a DAQ é fundamental para que o departamento entenda as estratégias de localização do programa, ou seja, como o projeto será realizado no Brasil. “Nossa missão é contribuir com alterações e adaptações ao gosto e à necessidade dos brasileiros, como cores, materiais e acabamentos que foram ajustados no nosso Cruze, para melhorar a aceitação do produto”, explica Marcel Tapia, gerente de DAQ, que acrescenta: “Um dos maiores desafios é provar globalmente que essas adaptações devem ser realizadas”. Ele diz que a área possui duas equipes: uma que trabalha na fase de desenvolvimento do projeto e cuida da execução de qualidade percebida (Perceptual Quality Execution), e outra responsável OUTUBRO D E 2 0 1 1 Alberto Murayama/ABC Imagem TROIANOS pela fase de lançamento do produto (Perceptual Quality Launching). A primeira equipe cria regras ou “características de aparência” para o veículo, ou seja, trabalha para que sejam considerados critérios de aparência perceptíveis aos clientes no desenvolvimento do tema do Design e dos critérios técnicos de engenharia. A equipe também influencia em como os componentes devem interagir e se encaixar para “melhorar a qualidade do veículo como um todo”, segundo Tapia. “A DAQ acompanha todo o desenvolvimento dessas peças junto aos fornecedores para garantir a qualidade da aparência do produto final”, diz Gabriela. Quando os materiais dos componentes são definidos pela área de Color& Trim (Cores e Acabamentos), o time de execução da DAQ inicia a interação com os fornecedores para garantir que a aparência final desejada do material e sua Carlos Barba, diretor de Design da GM América do Sul (à dir.): “Projetos globais trazem situações novas, como lidar com pessoas de diferentes culturas que não falam a mesma língua. Apesar disso, a General Motors é e sempre será uma só” execução nos componentes seÉ MISSÃO DO DESIGN jam corretamente CONTRIBUIR COM ALTERAÇÕES interpretados peE ADAPTAÇÕES AO GOSTO los fornecedores. E À NECESSIDADE DOS As referências são BRASILEIROS, COMO CORES, determinadas por MATERIAIS E ACABAMENTOS meio dos "master samples" (amostras globais) dos tecidos, das cores e das texturas que serão utilizados nas partes internas e externas do veículo. Ela explica que, embora o projeto do Cruze tenha sido liderado pelo estúdio da Coréia do Sul, a equipe de Color&Trim do Brasil teve participação desde o início, dando os "inputs" (considerações) dos acabamentos mais adequados ao mercado local durante a fase de desenvolvimento. O jeitinho brasileiro pode ser identificado nas cores externas exclusivas para o produto fabricado aqui: Mahler White (branco), Polaris Silver (prata), Desert Beige (bege – a cor do lançamento), Lotus Green (verde) e Rusk Gray (cinza). Além dessas, o Carbon Flash Metalic, preto que faz parte da paleta global de cores, também está disponível no país. “Por isso, todas as peças visíveis são aprovadas por essa equipe”, afirma Tapia. O processo consiste em certificar o encaixe dos componentes, ou seja, a qualidade de aparência do produto como um todo – uma vez aprovado, o carro estará pronto para desfilar suas curvas pelas ruas. O Cruze passou nesses testes e vem para arrasar nas passarelas tropicais. Quer saber por quê? “As palavras que nortearam o Design de Exterior foram sofisticação, dinamismo, elegância e confiabilidade”, revela Dagoberto Tribia, diretor de Design de Interior. E o contorno dos faróis do modelo realmente traz dinâmica e força ao veículo. “É possível fazer uma analogia entre os faróis do carro e o olhar de um lince”, observa Gabriela. Além disso, o pára-brisa inclinado configura uma linha de teto arqueada que também salienta o dinamismo do carro. A elegância vem vestida com uma linha cromada que interliga os faróis traseiros e com o conceito “Dual Port”, presente no DNA da Chevrolet, que separa a grade dianteira no meio por uma faixa, deixando em destaque a gravata dourada da marca. E as rodas com aro de 17 polegadas completam o visual. Como é dentro do Cruze? “Atraente, expressivo, arrojado e convidativo”, declara Tribia. O volante de perfil esportivo possui botões de comandos e a iluminação interna é "Ice Blue". O conceito “Dual Cockpit” (Compartimento Duplo), que também faz parte da seqüência genética da marca, estabelece dois ambientes no interior do carro, ampliando seu espaço interno. Mas o grande diferencial do modelo são os novos materiais utilizados no painel: na versão LT, ele é revestido com tecido e na LTZ, a versão completa, o painel é forrado com couro resistente à luz para não desbotar. Como resistir a tamanho charme? O Cruze, que já é vendido em mais de 70 países, continua desafiando a diversidade e, agora, chega ao Brasil. “Projetos globais trazem situações novas, como lidar com pessoas de diferentes culturas que não falam a mesma língua. Apesar disso, a General Motors é e sempre será uma só”, conclui Barba. OUTUBRO D E 2 0 1 1 19 ] Mauricio Pavan/ABC Imagem CHEVROLET CRUZE ] ALÉM DA QUINTA MARCHA FLORA SERRA Cruze foi o modelo da Chevrolet mais vendido no mundo em 2010 e agora também está disponível para os brasileiros. Ele é o primeiro veículo global da marca a ser comercializado no país. Você sabe o que isso significa? Que podemos nos orgulhar de ter um modelo tão bom quanto o das nações mais desenvolvidas do mundo, pois o Cruze que temos aqui é o mesmo que existe no exterior. Mas, como o Brasil tem características particulares, a General Motors percebeu que poderia melhorar a versão local do modelo. Afinal, somos não só o maior produtor de cana-deaçúcar do mundo, como o maior exportador de seus derivados – o açú- O [ 20 CRUZE BRASILEIRO É O ÚNICO NO MUNDO COM MOTOR "FLEX FUEL" E ÚNICO NA AMÉRICA LATINA COM TRANSMISSÃO MANUAL DE SEIS MARCHAS car e o biocombustível etanol. O mundo está em busca de fontes de energia alternativas ao petróleo – o etanol é uma delas e é genuinamente brasileira. Então, por que não incrementar o motor do Cruze para aproveitar a disponibilidade dos recursos naturais do país e ainda diminuir as emissões de gases poluentes na atmosfera? “A motorização 1.8 Ecotec6, que equipa OUTUBRO D E 2 0 1 1 o novo sedã da Chevrolet, tem forte sotaque alemão”, reconhece Paulo Riedel, diretor da Engenharia de Powertrain da GMB. Apesar disso, ele revela que houve participação de mais dois países no desenvolvimento do conjunto de motor e transmissões do veículo: os Estados Unidos e o Brasil. A Alemanha ficou responsável pelo motor básico e pela transmissão manual; os Estados Unidos colaboraram com a tecnologia para as transmissões automáticas; e o Brasil deu todo o suporte técnico no desenvolvimento dos componentes e na calibração do powertrain para a utilização do etanol no modelo brasileiro. Sérgio Cicerone, engenheiro de Sistemas Veiculares da Engenharia de Powertrain da GMB, explica que, para adequar o motor ao sistema "flex fuel E100", foi preciso adicionar um reservatório de partida a frio ao conjunto. Portanto, salienta Riedel, os engenheiros brasileiros não só ajudaram transmitindo a tecnologia, mas como também a desenvolvendo, calibrando, Paulo Riedel, diretor da Engenharia de Powertrain da GMB (à dir.), com a equipe que trabalhou no motor do Cruze: o Brasil deu todo o suporte técnico no desenvolvimento dos componentes e na calibração do powertrain para a utilização do etanol no modelo brasileiro vel também nas unidades com transmissão manual. Portanto, o modelo brasileiro apresenta um excelente desempenho, com economia de combustível e redução da emissão de gases poluentes. Cicerone aponta o sistema de sincronização de marchas tri-cone, que reduz o esforço para engates. A carcaça compacta da transmissão manual também reduz a massa e diminui os ruídos e as vibrações que podem ser sentidas no interior do veículo. Nas unidades com transmissões automáticas GF6, o sistema "Clutch to Clutch" suaviza e agiliza as mudanças, garantindo alta eficiência. Além disso, o novo sedã identifica as várias condições de dirigibilidade otimizando as trocas de marchas para maior eficiência do conjunto. Esta tecnologia é definida como sistema adaptativo de mudança de marchas. Para motoristas que preferem uma condução mais esportiva, basta ativar a função "Active Select". Este sistema possibilita ao condutor efetuar as trocas de marchas manualmente com apenas um toque para frente ou para trás na alavanca de mudanças. GMB instalando e validando o conjunto Ecotec6 do Cruze. Motores dessa categoria já equipavam carros da GM, como Saturn Aura, G6, Chevrolet HHR, Pontiac Solstice, Chevrolet Malibu e Saturn VUE (o nosso Captiva). Mas o Ecotec evoluiu e se apresenta com uma nova configuração no Cruze: ao invés de o bloco ser em alumínio, ele é feito em ferro fundido compacto e oco. Essa é a tecnologia Hollow (oco), que, associada ao projeto do sistema de ventilação interna do motor, reduz o número de componentes e, conseqüentemente, a massa do conjunto. “Há um mito bastante disseminado no mercado automobilístico que diz que motores modernos sempre possuem blocos em alumínio. O alumínio é de grande contribuição para redução de massa, no entanto o ferro fundido é mais estrutural, o que diminui distorções e permite soluções mais compactas com alta densidade de potência, garante Riedel. O diretor afirma que, além disso, outros sistemas do motor são mais leves, como o coletor variável de admissão (VIM) em plástico e o acionamento dos comandos de válvulas (Dual CVVT), tornando o conjunto mais leve, comparável aos de bloco em alumínio, porém mais compacto. O sistema de acionamento dos comandos permite um funcionamento suave e eficiente. A tecnologia desenvolvida pela GM permite alinhar vantagens de eficiência e suavidade das correias à durabilidade das correntes. “O comando por correia instalado no Cruze requer manutenção equivalente ao de um sistema com corrente, ou seja, troca aos 100 mil quilômetros rodados”, salienta Riedel. A correia é encapsulada para evitar exposição a impurezas. Desta forma, além de diminuir os atritos e os ruídos, colabora, mais uma vez, para a redução da massa. “O Ecotec6 oferece alta densidade de potência, tem uma cilindrada menor [1.8 litro], porém sua força é maior”, afirma Cicerone. Quando abastecido com etanol, o sistema gera uma potência de 144 cavalos; com gasolina, 140 cavalos, ambas a 6.300 rpm (rotações por minuto). Mesmo em baixas rotações, o torque é maior (com etanol, a 3.800 rpm, chega a 18,9 kgfm) e proporciona uma excelente dirigibilidade. O motor de 16 válvulas possui duplo comando de válvulas continuamente variável (Dual CVVT) e coletor de admissão de geometria variável (VIM). O número 6 estampado na tampa do porta-malas refere-se à presença ousada da sexta marcha em todas as versões do sedã. Riedel destaca que o Brasil é o único país da América do Sul a ter o Cruze com seis marchas disponí- OUTUBRO D E 2 0 1 1 21 ] CHEVROLET CRUZE ] TECNOLOGIA SEM FRONTEIRAS uitas pessoas associam o termo tecnologia a instrumentos sofisticados e modernos, como as televisões de plasma cada vez mais finas e os notebooks cada vez menores. Mas não é de hoje que esta palavra está tão presente no mundo, pois quando o homem conseguiu fazer fogo pela primeira vez – na pré-história –, ele havia acabado de desenvolver uma nova tecnologia. Rapidamente, as ferramentas evoluíram e, hoje em dia, não é mais preciso raspar um pedaço de madeira contra o outro para obter uma chama. Da invenção do fogo a equipamentos que ainda serão inventados, a tecnologia acompanhou e continuará acompanhando a história da humanidade. Sua onipresença pelo mundo é incontestável. No "Universo GM", a palavra de ordem também sempre foi essa: tecnologia. Ela é quesito primordial para o desenvolvimento, a concepção e a realização de veículos tão modernos. A novidade, agora, é que os produtos da empresa têm aqui as mesmas características que os carros vendidos nos países mais desenvolvidos do planeta. É o caso do Chevrolet Cruze, o primeiro lançamento global da marca. Para alinhar a tecnologia de um país emergente como o nosso e torná-la tão avançada quanto à dos países de primeiro mundo, a M [ 22 DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NÃO SE CONTENTA EM APENAS REALIZAR SEU TRABALHO E INOVA FERRAMENTAS GLOBAIS JÁ EXISTENTES GMB precisou manter contato constante com o estrangeiro. O Cruze foi desenvolvido na Coréia do Sul e na Alemanha e, para possibilitar a comunicação rápida e eficaz entre os brasileiros e os profissionais dos países-sede do projeto, o departamento de GMIT (General Motors Information Technology ou Tecnologia da Informação da General Motors) foi mais do que fundamental – foi onipresente, como sempre. O OUTRO LADO DO MUNDO É LOGO ALI As reuniões intercontinentais que precisavam ser realizadas não seriam tão eficientes se não houvesse o pessoal de Tecnologia da Informação (TI) para dar todo o suporte ao sistema de comunicação utilizado. Para facilitar os encontros virtuais entre profissionais de diferentes países, eles até puderam levar o notebook do trabalho para casa, pois a diferença de fuso horário, de 12 horas entre Brasil e Coréia do Sul e de 5 horas entre Brasil e Alemanha, representava um empecilho aos encontros virtuais. Sob a responsabilidade do departamento de TI está também a instalação, a verificação de funcio- OUTUBRO D E 2 0 1 1 namento e a manutenção de toda a estrutura de hardwares e softwares, que vão desde uma simples linha telefônica aos mais complexos dispositivos de comunicação e informação por computador. Apesar de o Cruze ter sido desenvolvido na Coréia do Sul e na Alemanha, todos os demais centros de desenvolvimento da GM (Austrália, Brasil, China, Índia e Estados Unidos) puderam participar, dando seus "inputs" (considerações) ao projeto. Esses "inputs" eram sugeridos por meio de um software usado globalmente pela empresa, chamado Team Center, que possibilita o compartilhamento de informações visuais nas etapas de desenvolvimento do produto. Assim, o que está sendo feito por profissionais do outro lado do mundo pode ser visto, avaliado e incrementado aqui, por profissioAlberto Murayama/ABC Imagem FLORA SERRA Equipe de Tecnologia da Informação da GMB: no caso do Cruze, a maior parte das ações ficaram concentradas nas áreas de Manufatura e de Global Purchasing and Supply Chain ou Compras Globais e Cadeia de Fornecedores, devido a suas demandas específicas nais brasileiros, ou nos outros centros globais da empresa. “A GM do Brasil provou que tem todas as condições de colaborar e de participar ativamente do projeto e do desenvolvimento de produtos globais”, afirma Carlos Leite, PIO (Process Information Officer) de Sistemas para Manufatura e para Qualidade. CRUZE NA FÁBRICA Há também hardwares e softwares nos equipamentos, nas ferramentas, nas linhas de produção dos veículos e até nos armazéns de peças. “E existem sistemas que atendem a cada um dos processos necessários para produzir peças e abastecer as fábricas com os materiais corretos”, explica Fernando Rostock, gerente de TI para Gerenciamento de Programas da GM do Brasil. Para tanto, o departamento se organiza conforme as especificidades que o veículo apresenta, ou seja, há profissionais de TI responsáveis pelo suporte de equipamentos e sistemas eletrônicos de cada área envolvida no projeto. Assim, eles conseguem atender às necessidades gerais e particulares de todos os processos. Rostock diz que “no caso do Cruze, a maior parte das ações ficaram concentradas nas áreas de Manufatura e de GPSC [Global Purchasing and Supply Chain ou Compras Globais e Cadeia de Fornecedores], devido a suas demandas específicas”. O veículo em questão é moderníssimo e, por- OUTUBRO D E 2 0 1 1 23 ] GMIT: instalação, tanto, exige que verificação e as fábricas temanutenção da nham equipaestrutura de hardwares e mentos mais sosoftwares, fisticados e que que vão de uma o pessoal de TI simples linha seja capaz de telefônica a complexos acompanhar e dispositivos dar suporte a de comunicação esse processo por computador de adaptação. Softwares do sistema PM&C (Production Monitoring & Control), que são utilizados para monitorar e controlar a produção dos veículos, foram configurados pelo GMIT para incorporar as características do Cruze. O GEPICS (Global Enterprise Production Information & Control System), por exemplo, é responsável por estabelecer a seqüência da produção dos veículos, informando à área de materiais quais peças devem ser colocadas à disposição em determinados momentos. O GSIP (Global Standard Inspection Process) é outro dispositivo que realiza o controle da qualidade da produção do veículo, ou seja, identifica se há problemas na produção; se houver, o software pára o processo e aciona uma função chamada Car Hold, que pausa a fabricação do carro, evitando, assim, que a fábrica produza uma unidade do modelo com alguma falha. Outro sistema que auxilia a GM a detectar e solucionar problemas é o de rastreabilidade de peças e componentes. Cada parte dos veículos tem um número de série (Vin Number), que é estampado ao fim de sua fabricação. Desta forma, se alguma irregularidade for identificada posteriormente à produção e à montagem, é possível diminuir a faixa de abrangência dos veículos [ 24 Fabio Gonzalez/ABC Imagem CHEVROLET CRUZE ] que devem ser chamados para a substituição ou reparo da peça. Para que esses sistemas – que já existiam – sirvam para a fabricação de um novo carro, como o Cruze, eles devem ser configurados de acordo com as especificações do veículo, como número, peso e tamanho das peças, e seqüência de montagem. E isso também é trabalho da equipe de TI. TUDO QUE O CRUZE MERECE Mas é claro que o GMIT não se contentou em realizar apenas seu complexo e rotineiro trabalho de implantação e manutenção de sistemas. O departamento tratou de incrementar a estrutura de TI, criando novas funcionalidades para alguns dispositivos, que servirão não só para o Cruze, mas para outros lançamentos que estão por vir. “Buscamos inovar as ferramentas globais já existentes”, diz Marta Helena Piellusch, PIO de Sistemas para GPSC, referindo-se à OUTUBRO D E 2 0 1 1 integração dos usuais sistemas de puxada eletrônica de materiais (EPS – Electronic Pull System ou PPS – Production Pull System) para a produção com Controladores Lógico-Programáveis (CLP). Essa configuração, ao ser instalada nos equipamentos da Funilaria, automatiza o sistema ao extremo e o pedido de peças passa a ser realizado automaticamente, sem que o profissional precise apertar um botão sequer. Em algumas situações, os sistemas de puxada de materiais para a produção precisavam ser ativados por meio de um botão. O profissional tinha de verificar as peças que estavam em falta para, então, acionar o botão e realizar o pedido para o estoque da fábrica. Mas esse simples procedimento não é mais necessário em certas áreas. Marta explica que a falta de uma peça no ponto de uso é identificada por uma balança, que verifica o peso do cesto das peças, ou OS PROFISSIONAIS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ESTÃO ENGAJADOS PARA COLOCAR O USO QUE A GM FAZ DA TECNOLOGIA EM UM PATAMAR MAIS ELEVADO por meio de sensores que realizam a contagem das peças e enviam um aviso automático ao exato responsável pela reposição daquela determinada peça. “É uma aplicação que não há em nenhuma outra GM na região e os benefícios são representativos, tanto para a área de Manufatura quanto para a de GPSC”, orgulha-se Marta. Esses sistemas eletrônicos implantados pelo pessoal de TI, como o EPS e o PPS, têm capacidade de informar, em detalhes, a situação de todo processo de produção e de abastecimento de peças para a rede de dados da GMB. Assim, as lideranças da empresa podem acompanhar tudo o que está acontecendo nas etapas de fabricação dos produtos. Também foi realizada a implantação de um sistema de controle e de programação de materiais, o MGO (Materials Global Optimization ou Otimização Global de Materiais), na injeção de plásticos e na pintura de pára-choques, localizada na Avenida Prosperidade, em São Caetano do Sul, e no provedor logístico externo da GM, a Syncreon, onde as peças importadas são armazenadas. “A comunicação en-tre a GM e o provedor logístico fi-cou ainda mais robusta”, afirma Rostock. Com isso, todo o processo de abastecimento de peças na linha de montagem se tornou mais ágil e eficiente. Além disso, a fábrica de Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, passou a exclusivamente fornecer subconjuntos para modelos Chevrolet. Antes, a unidade também estocava peças, o que limitava seu espaço. “A necessidade de ampliar a participação dessa fábrica veio também com o projeto do Cruze”, diz Rostock. Assim, com a ida de componentes de outros modelos para Mogi das Cruzes, há mais espaço para a produção de subconjuntos do novo sedã Chevrolet em São Caetano do Sul. Segundo Marta, essa transformação possibilitou que a fábrica se tornasse uma espécie de fornecedor “just-in-time” para São Caetano do Sul. Ou seja, ela abastece conforme a necessidade da linha de montagem, o que melhora a organização do processo de envio das partes dos veículos de um lugar para outro. “Vamos cada vez mais quebrar paradigmas para garantir que o departamento de TI entregue soluções a tempo, com qualidade e com custo mais competitivo”, afirma Mauro Pinto, que assumiu a posição de CIO (Chief Information Officer) do GMIT da GM América do Sul em agosto passado. Segundo o CIO, os profissionais de TI estão engajados para colocar o uso que a empresa faz da tecnologia em um patamar mais elevado. As inovações que criaram em tão pouco tempo para o projeto do Cruze (cerca de 18 meses) são, por enquanto, exclusivas da GM do Brasil, mas poderão servir para o mundo todo. Um carro tão moderno quanto o Cruze merece mais do que simplesmente sistemas globais já estabelecidos. Este novo lançamento da Chevrolet merece a modernização dos processos de produção e isso não seria possível sem o suporte do departamento de Tecnologia da Informação da GMB. OUTUBRO D E 2 0 1 1 25 ] Mauricio Pavan/ABC Imagem Alberto Murayama/ABC Imagem CHEVROLET CRUZE ] SELEÇÃO CAMPEÃ FLORA SERRA o Brasil, o futebol é, sem dúvida, a maior paixão nacional. Uma enorme quantidade de dinheiro é investida pelos times na compra dos melhores jogadores do mundo. Normalmente, os craques brasileiros vão para clubes da Europa que oferecem contratos duradouros e salários milionários. Mas, uma vez a cada quatro anos, eles vestem a mesma camisa para disputar a Copa do Mundo. A seleção brasileira, pentacampeã mundial, já nos deu muitas alegrias e mostrou o que acontece N [ 26 PROJETOS DA GM REÚNEM PROFISSIONAIS DE TODO O MUNDO E TÊM BRASILEIROS COMO LÍDERES GLOBAIS quando um time reúne seus melhores jogadores: é campeão! Para fazer os melhores produtos do mundo, a General Motors também escala sua própria seleção. É uma estrutura global criada pela empresa que reúne os maiores especialistas dos gru- OUTUBRO D E 2 0 1 1 pos de componentes de veículos. Para formar esse time de primeira, são “convocados” os profissionais dos centros de desenvolvimento da GM Estados Unidos, Europa, Coréia do Sul, Austrália, China, Índia e Brasil. “Ao redor do mundo, trabalhadores dessas regiões foram nomeados para assumir a liderança de cada grupo de peças”, explica Carlos Cuccioli. Ele, que é BOM Leader (Bill of Material Leader ou Líder da Lista de Componentes) de Subsistemas de Acabamento de Carpetes, Compartimentos de Carga e Isolação Acústica, diz que a finalidade desse time é evitar que seja necessário reinventar peças diferentes para cada região. “Nossos projetos são globais; portanto, buscamos criar soluções que sirvam para o mundo todo”, afirma. Além de Cuccioli, outro brasileiro tem posto global: Plínio Cabral Jr., líder da Lista de Componentes de Sistemas de Carga e Bateria. Ele diz que os projetos devem passar pela análise e aprovação de profissionais que têm Líderes globais de São Caetano do Sul e do Campo de Provas da Cruz Alta: parte de uma estrutura criada pela GM que reúne os maiores especialistas dos grupos de componentes de veículos dos Estados Unidos, Europa, Coréia do Sul, Austrália, China, Índia e Brasil um avançado conhecimento técnico dos componentes do veículo. Por isso, em cada equipe há um GSSLT (Global Subsystems Leadership Team ou Liderança Global dos Times de Subsistemas), especialista em determinado grupo de peças. E também há brasileiros nesta categoria: no mesmo grupo de componentes de Cuccioli, a líder GSSLT é Celly Khaski; no subsistema de Cabral, o cargo fica com Rogério Vollet. “Nós somos responsáveis por desenvolver as especificações globais das peças”, afirma Vollet. Khaski complementa: “Somos um grupo focado em buscar soluções de engenharia que reduzam custos e melhorem o desempenho do veículo”. Como um subsistema pode ser composto por várias peças, os times também nomeiam experts de cada componente. Estes são chamados de BFO (BOM Family Owner) e são responsáveis por verificar se todos os requisitos técnicos e parâmetros glo- bais de cada parte do veículo estão sendo obedecidos. É claro que há representantes da GMB nesta função também – são dez experts brasileiros. Vollet explica como o trabalho é feito: “O país de origem do projeto define o conteúdo do veículo e o envia aos líderes globais de subsistemas para que verifiquem se as características são coerentes e podem, de fato, ser realizadas”. Essas decisões são tomadas em reuniões chamadas de Peer Review, que seguem tópicos para definir requisitos técnicos, antecipar soluções para possíveis problemas, rever componentes e resultados de testes antes e depois da montagem de protótipos e ressaltar pontos positivos que podem ser reaproveitados em outros projetos. Por isso eles devem estar sempre atentos para identificar, durante um projeto, as chamadas Best Practices ou Melhores Práticas, que passam a ser parâmetros para qualquer outro produto da empresa. “Essa foi a forma que encontramos de concentrar todo o conhecimento que temos espalhado pelo mundo”, resume Vollet. Mas ainda há outros profissionais brasileiros que aumentam a dose de participação tropical nos projetos globais. Os líderes globais de desempenho do veículo em determinadas disciplinas ficam no Centro de Provas da Cruz Alta (CPCA), em Indaiatuba, interior de São Paulo. Mais conhecidos como VPO (Vehicle Performance Owners), eles cuidam dos processos de validação e definem as especificações dos testes que devem ser realizados para cada veículo. Marcelo Bertocchi, por exemplo, é VPO de Segurança Veicular para Países Emergentes; Edson Errerias, de Dinâmica Veicular para a mesma região; Gabriel Eduardo é VPO de Direção Manual; e, por fim, Luiz Eduardo Martins, de Alternadores. O Chevrolet Cruze, o primeiro carro global da GM a ser lançado no Brasil, é resultado do trabalho desse time composto por diferentes nações, inclusive a brasileira. Mas, em 2008, a seleção da GM já havia lançado o primeiro veículo de arquitetura elétrica global pela Europa: o Opel Insignia, que foi eleito o Carro do Ano de 2009 no continente. Eles já provaram que podem fazer os melhores veículos globais, mas agora irão mostrar que podem fazê-los para o mundo todo. A empresa escala seu time com os melhores jogadores para que vistam a camisa e entrem em campo para produzir os melhores carros, sempre. Vai que é sua, GMB! OUTUBRO D E 2 0 1 1 27 ] CHEVROLET CRUZE ] PONTO DE CAMILA FRANCO GMB sempre encontra – ou cria – espaços no mercado automobilístico brasileiro para lançar novos veículos, atender aos desejos dos consumidores e até superar suas expectativas. Foi assim com o hatchback Agile, que inaugurou um novo segmento em 2009 e nele se mantém como líder de vendas, com a Nova Montana, que desde 2010 “agita” a concorrida categoria de picapes compactas, e com tantos outros lançamentos. Com o sedã Cruze, o mais novo integrante da “família Chevrolet” no país, não seria diferente. O sedã mundial da GM foi trazido para o Brasil porque tem tudo o que os brasileiros buscam em seus automóveis: qualidade, segurança, tecnologia, conforto, beleza, inovação e ainda oferece muito mais conteúdo que os seus concorrentes. Mas como ele veio parar aqui? E como a GMB descobriu que o Cruze é perfeito para o mercado nacional? O departamento que responde a essas perguntas é o de Planejamento de Produto e Pesquisa de Mercado. Composto por 24 profissionais e dirigido por Marcos Paiva, é ele que aponta as necessidades dos consumidores e, com isso, ajuda a determinar as características de um novo automóvel. Baseado em pesquisas, esse time é responsável por analisar o comportamento e as A [ 28 PLANEJAMENTO DE PRODUTO E PESQUISA DE MERCADO COMEÇOU A ATUAR EM 2008 PARA TRAZER O CRUZE tendências dos clientes, e antecipar a situação econômica do país e do mercado automobilístico. Em outras palavras, colabora para que a empresa trace seus objetivos e defina seus próximos lançamentos. Paiva explica: “A Chevrolet, em especial no Brasil, tem um público fiel e incomparável ao de outras marcas. De acordo com nossos estudos, ele estava ansioso por um sedã médio com performance diferenciada, com características globais e que fosse competitivo. Por isso, trouxemos o Cruze, ideal para atendê-los, acirrar a disputa no segmento e dar ainda mais prestígio para a marca”. Ele revela, porém, que o modelo passou por algumas modificações. “Para ser comercializado aqui, ele teve de atender a requisitos nacionais, como de motorização. Nos demais países em que o novo Chevrolet é vendido, a gasolina é o combustível mais consumido. Já no Brasil, a tecnologia flex é a principal”. Essas mudanças começaram a ser estudadas em 2008. “Era preciso definir todas as alterações para saber se o OUTUBRO D E 2 0 1 1 Alberto Murayama/ABC Imagem PARTIDA veículo, além de física e comercialmente, seria viável financeiramente. Foi aí que criamos um time multifuncional, de cerca de dez pessoas, conhecido como APET, Advanced Program Execution Team [Time Avançado de Execução do Programa], o qual fazia a interação entre a GMB e a GM Coréia do Sul para a estruturação do projeto do Cruze brasileiro”, explica Paiva. Marco Cairo, Advanced Vehicle Program Manager (gerente de Programa Avançado de Veículo), uma das áreas de Planejamento de Produto e Pesquisa de Mercado, coordenou esse time e diz: “Tínhamos de fazer todo o planejamento do projeto de forma que ele pudesse ser executado no prazo estabelecido pelo comitê executivo da GMB e com a qualidade esperada. Temos um processo global de desenvolvimento de programas bastante robusto e minha responsabilidade era garantir que as atividades desse processo fossem executadas com a máxima presteza. Outro desafio foi garantir O gerente Marco Cairo e o diretor Marcos Paiva à frente do time de Planejamento de Produto e Pesquisa de Mercado: demanda por um sedã médio com performance diferenciada, com características globais e competitivo uma comunicação eficaz entre representantes de cada área funcional da GMB com seus correspondentes da GM Coréia do Sul, sempre alinhados com o Global Segment Director, o diretor global da plataforma do Cruze, que lidera o programa do sedã no mundo. Uma vez que todos os requisitos do nosso programa foram discutidos e decididos, vimos que tínhamos um programa viável e que valeria a pena produzi-lo no Brasil, o submetemos à aprovação da matriz da General Motors, em Detroit, nos Estados Unidos”. O sinal verde para a fabricação do Cruze em São Caetano do Sul, segundo Cairo, foi dado em agosto de 2009. “Nos foi lançado um grande desafio: iniciar a produção das unidades vendáveis exatamente dois anos depois”. Ele conta que, em fevereiro de 2010, o time deixou de ser o APET e passou a ser chamado de PET (Program Execution Team ou Time de Execução do Programa). “Eu parei de coordená-lo e passei as atividades para a equipe de Gerenciamento de Programas, responsável pela sua execução. Os outros profissionais continuaram no grupo para colocar o que havia sido planejado em prática”. Mas o departamento ainda fez muito mais. A equipe foi acionada para vários estudos. O gerente de Pesquisa de Mercado, Guilherme Barbosa, revela que, em 2008, antes da aprovação do projeto, o Cruze foi analisado por clientes em uma avaliação do portfólio da Chevrolet e de concorrentes, realizada, geralmente, a cada três anos. “Ela representou um exercício de compra, no qual cerca de mil pessoas de diferentes perfis avaliaram 114 veículos de todos os segmentos e marcas vendidos no país. Nesse primeiro contato com o público, o Cruze já apresentou uma boa aceitação”. Em 2011, mais uma pesquisa foi realizada, a TME (Target Market Exploration ou Exploração do Público Alvo). “São visitas a residências de potenciais compradores do sedã. Vamos até eles para entender, sobretudo, seus valores e expectativas”, explica Juliana Sato, analista de Pesquisa de Mercado. Ela revela a conclusão: “Os potenciais clientes do Cruze são pessoas realizadas, financeiramente estáveis, que já atingiram várias metas na vida e agora querem ir além, buscando a realização pessoal ”. Foram ouvidos cerca de 15 entrevistados. O resultado da TME foi enviado para o departamento de Marketing, que materializou os desejos dos consumidores na campanha publicitária do veículo. “Salientamos que os sentimentos de recompensa pelos esforços e status deveriam ser enfatizados”, complementa Barbosa. Dito e feito. O Marketing desenvolveu seis propostas para a campanha do Cruze e duas para a propaganda exclusiva da nova família de motores Ecotec. Pesquisa de Mercado, por sua vez, ouviu dos clientes suas opiniões sobre as campanhas. “Em um primeiro momento, perguntamos o que entenderam do filme e se a mensagem os tocava de alguma maneira, entre outras questões. Com essas respostas, chegamos à melhor campanha do motor e às duas melhores do veículo, que foram testadas posteriormente em uma pesquisa quantitativa, na qual as pessoas assistiam a uma série de comerciais. A que mais chamou a atenção e conseguiu melhor transmitir o conteúdo do novo Chevrolet foi a escolhida”, afirma Juliana. Segundo Paiva, mais de 250 clientes foram ouvidos durante toda a implementação do projeto do Cruze. OUTUBRO D E 2 0 1 1 29 ] CHEVROLET CRUZE ] CONTRASTES EM HARMONIA ALÉM DE COORDENAR A EXECUÇÃO DO CRUZE, GERENCIAMENTO DE PROGRAMAS INTEGROU OS TIMES DA GM DO BRASIL, GM CORÉIA DO SUL E GM EUROPA [ 30 OUTUBRO D E 2 0 1 1 CAMILA FRANCO nquanto aqui é dia, lá é noite – são exatas 12 horas de diferença de um país para o outro. Se eles fazem sinal de positivo com a cabeça, não se engane! Não querem dizer que sim, como nós, brasileiros. É apenas um sinal de que estão compreendendo o que você está falando. O idioma deles, então, é bem diferente do português. Para E Fabio Gonzalez/ABC Imagem nós, até os seus nomes são impronunciáveis. Você saberia falar corretamente Boungyoun Kim? Esse é justamente o nome do VLD (Vehicle Line Director ou Diretor da Plataforma) do Chevrolet Cruze na Coréia do Sul, onde o modelo começou a ser desenvolvido em 2006. E essas são alguns dos inúmeros desafios com que profissionais de diferentes departamentos da GM do Brasil se depararam ao conviver com os sul-coreanos durante o processo de implementação do Cruze na fábrica da GM em São Caetano do Sul, no ABC paulista. Foram 18 meses – de fevereiro de 2010, quando o programa foi aprovado, a julho de 2011 – para que a primeira unidade vendável do Cruze fosse fabricada por aqui. Sem ajuda dos “donos do projeto”, convenhamos, isso não seria possível. É um prazo curto tanto para o início da produção, considerando as grandes mudanças pelas quais o complexo industrial teve de passar (confira a reportagem sobre a atuação da Engenharia de Manufatura na página 42), quanto para a integração entre dois povos de culturas tão diferentes. Apesar de tantos contrastes, Rodolpho Bülau, o VLD do Cruze para a General Motors do Brasil, afirma que não há problema algum em aproveitar um modelo que foi desenvolvido do outro lado do planeta. Ele revela que o sedã foi concebido como um veículo global, é extremamente moderno e tem bastante conteúdo. É capaz, portanto, de atender a diversos mercados. Ele diz que o Brasil é o nono país do mundo no qual o modelo passou a ser produzido. “Ele foi indicado como o sucessor ideal do Vectra, sedã médio que fez história na Chevrolet, mas que já precisava ser substituído”. Bülau declara qual foi o principal desafio para a GMB: “Essa é a primeira vez que a GM do Brasil é cliente de um produto global de Rodolpho Bülau (à esq.) com os profissionais de Gerenciamento de Programas da GMB: departamento responsável pela coordenação de projetos de veículos no Brasil outro centro de desenvolvimento e é também a primeira que negociamos a importação de um projeto com a Coréia do Sul. Trabalhamos muito para atingir uma perfeita sincronia. Aprendemos muito também”. A primeira lição, aliás, veio antes da interação com o país asiático. O diretor salienta que o primeiro passo foi conquistar a sinergia entre as equipes da própria GMB. “Todas elas precisavam estar alinhadas e aptas a atender às normas globais da GM, e, de fato, mostraram que estavam. Além disso, deveriam materializar algumas alterações necessárias, como, por exemplo, a suspensão, a introdução do idioma português no painel e nas etiquetas, e a motorização 'flex', para que o Cruze atendesse perfeitamente às necessidades do mercado automobilístico brasileiro e pudesse rodar pelas ruas do país”. O diretor é capaz de avaliar o desempenho das equipes porque o Gerenciamento de Programas, departamento do qual faz parte, é responsável pela coordenação de projetos de veículos no Brasil. É ele quem gerencia todos os times da GMB no programa de um novo veículo. No caso do Cruze, teve ainda de fazer o elo com o time do VLE Thomas Simon, na Alemanha, e com o grupo do VLD Boungyoun Kim, na Coréia do Sul. Mas é claro que Bülau não trabalha sozinho. O diretor tem a ajuda de Rosana Herbst, gerente do programa, e de Patrícia Galina, coordenadora do projeto do Cruze na unidade brasileira. Rosana explica que, para facilitar a integração entre as diversas equipes da GMB, assim como é feito no desenvolvimento de um carro 100% nacional, foi formado o PET (Pro- OUTUBRO D E 2 0 1 1 31 ] gram Execution Team ou Time de Execução do Programa). “Eram cerca de quinze pessoas – um representante de cada departamento. Eles se reuniram semanalmente para discutir as atividades em andamento e os próximos passos, além da interação com o PET coreano e das reuniões com os líderes na alemães”. A comunicação entre os três continentes acontece graças à tecnologia de ponta que a GM disponibiliza aos seus profissionais. Bülau faz questão de salientar a importância de um departamento, o GMIT (General Motors Information Tecnology ou Tecnologia da Informação da General Motors), que, apesar de não entrar em contato direto com o carro, é imprescindível para sua execução. "Boa comunicação é fundamental, especialmente quando temos times tão distantes uns dos outros. São eles que nos fornecem os meios para nos comunicarmos – telefones, computadores, sotwares integrados e outros. Com os equipamentos que temos, podemos realizar reuniões eficientes e rápidas mostrando a todos simultaneamente relatórios, gráficos e imagens". Mas é claro que, por trás de todos esses desafios, outro fator também fez diferença: comprometimento. A gerente Rosana explica o porquê: “Os profissionais, desde o início, tiveram de se empenhar para que todos os processos fossem realizados impecavelmente. Cada falha geraria uma perda de tempo enorme, principalmente por causa da distância entre as equipes. Para isso, comunicação eficiente foi imprescindível, o que inclui o perfeito preenchimento de toda a documentação conforme os padrões globais da empresa”. Patrícia complementa: “É necessário que os documentos estejam muito bem feitos e bem escritos. Quantos mais detalhes tiverem, melhor”. A implementação de um novo carro, requer o uso siBülau sobre o projeto do Cruze: “Trabalhamos muito para atingir uma perfeita sincronia. Aprendemos muito também” [ 32 OUTUBRO D E 2 0 1 1 Fotos Fabio Gonzalez/ABC Imagem CHEVROLET CRUZE ] multâneo de muitos processos em diferentes departamentos e países; portanto, todos tem de estar integrados entre si para que o projeto se materialize. A cada modificação em uma peça do veículo, por exemplo, os engenheiros de Produto geram WOs (Work Orders ou Ordens de Trabalho), que registram, em um sistema global da GM, as alterações para que diversas áreas, como Engenharia de Manufatura, GPSC, Qualidade e Engenharia de Produto, possam trabalhar na sua obtenção e montagem. "No início, o time enfrentou desafios para ter certeza de que tínhamos um processo robusto de controle das WOs, para assegurar que nossas peças estivessem no último nível de modificação e que chegariam a tempo de atender o nosso 'timing'", diz Kelly Cardoso, que coordena a implementação das WOs. Além das WOs, novos contratos de prestação de serviços, segundo Patrícia, tiveram de ser estabelecidos todas as expectativas dos conOs departamentos da GMB sumidores que que fizeram parte do Program alguns dos proExecution Team ou Time de fissionais da Execução do Programa do GM do Brasil Cruze brasileiro foram para a Coréia do Sul, Acessórios enquanto alguns sul-coreaDesign nos vieram para Engenharia de Manufatura fábrica do ABC Engenharia de Produto Paulista. E não é só isso. Engenharia de Produto da “Equipes da GMDAT (GM Daewoo GMB realizaram reuniões Automotive and Technology) com outros tiFinanças mes que lançaGerenciamento de Programas ram o Cruze anteriormente, GM Argentina como Rússia, GPSC Estados Unidos, Marketing Austrália e Alemanha”, revela Pós-Vendas Rosana. Powertrain Todo esse esforço não foi Qualidade em vão, claro. “Conseguimos começar a produção de carros-piloto em tempo recorde, na qual os primeiros veículos foram montados e distribuídos para que os departamentos pudessem avaliá-los. Qualidade os testou exaustivamente, assim como a Engenharia de Produto, que analisou o conjunto montado. Pós-Vendas os utilizou para desenvolver os manuais de produto e de proprietário e Marketing aproveitou para rever todo o seu conteúdo a fim de se preparar para o lançamento” diz Patrícia. Rosana complementa: “Apesar do aprendizado totalmente novo para a GM do Brasil, a equipe se saiu muito bem. Com a comunicação alinhada, encurtamos processos e conseguimos atingir as metas estabelecidas”. E Bülau conclui: “Foi um projeto audaz, mas a sua implementação foi extremamente competente. Atingimos os padrões de qualidade e de performance estabelecidos, e tudo isso dentro do prazo”. OS INTEGRANTES DO PET com a Coréia do Sul. “Os deparFORAM 18 MESES – DE tamentos JuFEVEREIRO DE 2010, QUANDO O rídico, Finanças PROGRAMA FOI APROVADO, A e GPSC se emJULHO DE 2011 – PARA QUE A penharam basPRIMEIRA UNIDADE VENDÁVEL tante para conDO CRUZE FOSSE FABRICADA seguir defini-los no prazo ideal”. Para importar peças para o Cruze, a atuação do GPSC (Global Purchasing and Supply Chain ou Compras Globais e Cadeia de Fornecedores) também foi, segundo ela, essencial. “Sem dúvida, esse foi um dos programas em que eles mais participaram devido ao alto percentual de peças importadas”. A dedicação foi tanta para que o Cruze atenda a OUTUBRO D E 2 0 1 1 33 ] Fotos Alberto Murayama/ABC Imagem CHEVROLET CRUZE ] PERFEIÇÃO ESSENCIAL DEPARTAMENTO DE QUALIDADE DA GMB SE EMPENHA PARA GARANTIR QUE TANTO O CRUZE QUANTO SEUS PROCESSOS DE PRODUÇÃO SEJAM PERFEITOS CAMILA FRANCO e nada adianta criar um produto perfeito se a produção, de alguma forma, comprometer sua qualidade. Já imaginou comprar um pacote de deliciosos bombons – aparentemente intacto – e encontrar alguns deles roídos? Ou então adquirir um tablete da manteiga favorita e encontrar um “band-aid” bem no meio dela? Mas não é só na produção de alimentos que pode ocorrer problemas e os produtos, por conseqüência, chegarem defeituosos às mãos dos consumidores. Conscientes disso, os profissionais do departamento de Qualidade da General Motors do Brasil trabalham D [ 34 desde o início do projeto de um novo veículo, como o Cruze, e acompanham toda a sua fabricação; afinal, para GM, qualidade é essencial. O gerente de Qualidade de Programas da GMB, José Luiz Pereira, assegura: “Estamos focados em satisfazer totalmente os clientes da Chevrolet. Por isso, desde as primeiras unidades fabricadas, investigamos todos os possíveis problemas que um modelo pode apresentar e, antes que ele chegue à concessionária, tratamos de solucioná-los. O consumidor quer um carro impecável e é nosso dever atendê-lo”. A equipe de Qualidade tem trabalhado intensamente desde que a empresa decidiu fabricar o Cruze no Brasil. O ge- OUTUBRO D E 2 0 1 1 rente revela: “No final de 2009, já começamos a definir algumas métricas de qualidade para esse modelo. Demos suporte às áreas, principalmente a Engenharia de Produto, para que todas as alterações no veículo, necessárias para que ele pudesse rodar no Brasil, fossem muito bem executadas. Acompanhamos, por exemplo, os processos de calibração da nova suspensão, ideal para os tipos de solos brasileiros, e os de validação do motor, que ganhou tecnologia "flex". Nosso grande desafio foi fazer com que o Cruze brasileiro superasse as expectativas e fosse até mesmo superior aos fabricados em outros países”. Vanderlei Loro, engenheiro de Qualidade de Programas, complementa: “Fomos algumas vezes para a Coréia do Sul, onde o Cruze foi desenvolvido, para dirigi-lo e entender como ele é fabricado. Além disso, nos comunicamos com equipes de outros complexos que o produzem para aprender com as suas experiências. Essa interação ajudou significativamente na definição de tudo o que o carro deve ter para ser competitivo no mercado automobilístico brasileiro”. “Seria impossível desenvolver um veículo global se a nossa empresa não garantisse a interação entre as equipes. Equipe de Qualidade da GMB: trabalho intenso do início do projeto de um veículo à sua fabricação; na foto abaixo, Monica Azzali, diretora geral de Qualidade da GM América do Sul, com os motoristas da área Fomos muito bem suportados pelos profissionais da Coréia do Sul e dos Estados Unidos. A colaboração deles, sem dúvida, foi imprescindível para que cumpríssemos o programa em um prazo curtíssimo”, salienta a diretora geral de Qualidade da GM América do Sul, Monica Azzali. Mas, além disso, outra iniciativa fez diferença. “Realizamos pesquisas de satisfação de clientes de todos os segmentos no mercado brasileiro e em outros nos quais o Cruze já era comercializado, como Europa e América Latina. Os resultados dessas pesquisas são indicadores muito importantes para promovermos melhorias na qualidade de nossos produtos. No caso do Cruze, conhecendo as características e as necessidades de seu segmento, analisamos os principais itens que poderiam aumentar a satisfação das expectativas dos clientes e, juntamente com o time de desenvolvimento, trabalhamos para implementar as melhorias necessárias antes do inicio da produção”, revela Pereira. Terminado o desenvolvimento do automóvel, é chegada a hora de iniciar a sua produção. O trabalho de Qualidade, por incrível que pareça, aumenta, como explica o gerente: “Pegamos as primeiras unidades fabricadas, que não serão comercializadas, e as avaliamos exaustivamente para identificar possíveis defeitos, os quais podem estar relacionados tanto à arquitetura do veículo, quanto ao seu processo de montagem”. Uma das ferramentas de avaliação, segundo ele, é o CTF (Captured Test Fleet ou Teste com Veículos de Frotas). “Selecionamos empregados da GM que vão rodar com veículos de pré-produção durante algum tempo. Eles os utilizam no dia-a-dia e até em viagens com a família, e nos informam, semanalmente, a quilometragem do carro e seus aspectos positivos e negativos”. De acordo com o engenheiro Loro, 45 Cruze foram testados nesse processo, de maio a agosto deste ano, e mais de 235 mil quilômetros foram percorridos. Outro procedimento importante é o QAP (Quality Assessment Process ou Processo de Avaliação de Qualidade). Loro explica: “Os engenheiros de Qualidade fazem avaliações estáticas e dinâmicas em unidades do Cruze que acabaram de ser fabricadas. Na sequência, eles as entregam para motoristas de teste do Campo de Provas, que rodam cerca de 1.200 quilômetros em cinco dias, e as devolvem para mais avaliações dos engenheiros. O objetivo do QAP é prover em tempo hábil a identificação de problemas de qualidade durante o processo de desenvolvimento do veículo, para que sejam completamente erradicados antes da venda ao consumidor. E ainda tem mais. Em todas as fábricas da GM, inclusive na de São Caetano do Sul, que produz o Cruze, há processos globais para identificar se cada unidade montada está de acordo com o padrão de qualidade estabelecido para o modelo. “Temos um critério de análise denominado GCA [Global Customer Audit ou Auditoria Global do Cliente], que é uma inspeção estática e dinâmica que o profissional faz logo depois que o veículo foi produzido”, diz Pereira, que ainda aponta: “Fora isso, há o LDA [Launch Drive Audit ou Auditoria Dinâmica de Lançamento]. Ele é usado para detectarmos problemas funcionais. Pegamos alguns veículos produzidos e rodamos com eles por ruas próximas ao complexo”. O resultado de todo esse esforço não poderia ser outro. Monica conclui: “Os três pilares de Qualidade foram muito bem trabalhados no Cruze. A Qualidade Percebida, que são as características do produto captadas pelos sentidos, a Qualidade Inicial, avaliação do cliente nos primeiros 90 dias de uso, e a Qualidade a Longo Prazo, que é a satisfação do consumidor com o carro adquirido e com atendimento e serviços nas concessionárias, vão mostrar que o Cruze é impecável e perfeito para o nosso mercado”. OUTUBRO D E 2 0 1 1 35 ] CHEVROLET CRUZE ] A DANÇA DOS NÚMEROS s números são uma das formas que a humanidade encontrou para representar a realidade. Eles podem dizer muita coisa: quanto mede uma área, a distância de um local para o outro, quanto custa um produto. Uma coisa é fato: o departamento de Finanças da GM do Brasil trabalha com números e é um dos grandes responsáveis para que um novo modelo Chevrolet torne-se real. Tão certo como 2+2=4, esta área dá suporte aos demais departamentos da empresa e assegura que eles dêem continuidade às suas atividades de forma competitiva e, principalmente, que tenham recursos para desenvolver novos veículos. Os profissionais de Finanças analisam custos e apontam alternativas para que um determinado projeto seja viável economicamente e traga lucratividade para a empresa. Afinal, não basta criar um carro perfeito, como é o Chevrolet Cruze; é imprescindível garantir que seu desenvolvimento tenha o menor custo possível para a GM do Brasil e, claro, que seu preço seja justo para o consumidor. É por isso que, independentemente do programa, o departamento atua desde o início, como explica Sandra Mariani, diretora executiva de Finanças e CFO (Chief Financial Officer) da GMB. “Ele passa a dar assistência às demais áreas da GM e deve assegurar que tudo seja executado dentro da margem de valor que foi estipulada pela equipe e aprovada pela direção da companhia. Temos de estar a par de todo o programa para que O [ 36 DEPARTAMENTO DE FINANÇAS TRABALHA EM TODAS AS ETAPAS DE UM PROJETO PARA GARANTIR VIABILIDADE ECONÔMICA imprevistos não nos façam gastar mais do que o planejado”. A diretora usa um exemplo simples, mas que representa muito bem a preocupação do departamento durante a implementação de um novo modelo, como o Cruze. “É como as despesas de uma casa. Se não acompanhamos o que é sido gasto desde o início do mês, no final dele teremos grandes surpresas e não sobrará dinheiro para outros investimentos. Um contratempo ou outro pode ocorrer, mas é importante ter visibilidade dos riscos e estar atento para não perder o controle da situação”. Não por acaso, existe uma área específica de Finanças que cuida de novos projetos. Denominada Desenvolvimento de Produto, ela é dirigida por Marcelo Heredia. Ele explica: “Em um primeiro estágio, fazemos análises para avaliar o retorno financeiro que a empresa terá com o veículo. Ele vale a pena financeiramente? É a nossa pergunta principal. Em uma segunda fase, quando já comprovada sua viabilidade e iniciada sua execução, acompanhamos e aprovamos os investimentos que estão sendo realizados para a produção do carro, como gastos com ferramentas, aquisição de peças e despesas com mão-de-obra, entre muitos outros. Temos que atualizar o pro- OUTUBRO D E 2 0 1 1 Mauricio Pavan/ABC Imagem CAMILA FRANCO grama sem deixar de atender ao planejamento e de forma que a nossa expectativa de lucratividade se mantenha”. Luiz Vieira, gerente dessa mesma área e responsável pelo suporte ao programa, declara que uma das maiores dificuldades no projeto do Cruze foi o prazo apertado para a sua implementação. “Ele foi aprovado em fevereiro de 2010 e a produção dos veículos comercializáveis teve início em julho de 2011”. Além disso, ele diz que a comunicação com os profissionais da Coréia do Sul foi bastan- Sandra Mariani, diretora executiva de Finanças e CFO (Chief Financial Officer) da GMB, com Paulo Costinhas, Marcelo Heredia, Silvio Payão e Luiz Vieira (da esq. para a dir.): apontando alternativas para que os projetos da empresa sejam viáveis te difícil no início. “O idioma deles é totalmente diferente, não conhecíamos os profissionais de lá e tínhamos de trabalhar juntos na lista completa de peças do veículo, no custo das peças a serem importadas da Coréia e no contrato de fornecimento dessas peças. Isso sem contar a grande diferença de fuso horário [12 horas] entre os dois países”. Sandra revela: “Essa foi a primeira vez que tivemos uma forte negociação com a GM Coréia do Sul. Alguns de nossos profissionais chegaram a ir para lá para facilitar a interação”. Vieira afirma que, por outro lado, eles tiveram algumas facilidades. “Foi possível aproveitar a experiência de outros times que haviam implementado o Chevrolet Cruze antes. A grande vantagem de um projeto global é poder trocar informações e aprender com quem já desenvolveu o mesmo trabalho”. Próximo do lançamento do automóvel, é essencial a participação de uma outra área financeira: Gerenciamento de Receitas. “Com a visão final do carro, ela estuda, junto ao departamento de Marketing, o preço pelo qual o modelo deverá ser vendido”, explica a diretora, que acrescenta: “Lançado o veículo, Finanças continua a atuar. A gente tende a controlar três variáveis, que são custo do material usado para a produção, volume comercializado – que varia mensalmente – e o preço final, que pode mudar de acordo com influências do mercado”. E ainda tem mais trabalho pela frente. A equipe de Alfândega, também de Finanças, vai garantir que todas peças importadas do automóvel – no caso do Cruze, a maioria vem da Coréia do Sul – cheguem a tempo e não comprometam a produção aqui no Brasil. Sílvio Payão, que gerencia a área, explica: “Desde a fase de pré-produção do carro, quando as primeiras unidades não-vendáveis estão sendo fabricadas, a Logística é responsável por trazer as peças para Manufatura. O papel de Alfândega é cuidar de toda documentação necessária e desembaraçar os processos nos portos ou aeroportos para que todas elas cheguem no prazo”. Segundo ele, profissionais de Alfândega e de Logística foram até a Coréia do Sul para participar de um workshop: “Em outubro de 2010, apresentamos a eles todas as exigências da legislação brasileira, bastante rigorosa, para a importação de peças. Isso foi fundamental porque nunca tínhamos importado daquele país e para que não tivéssemos grandes problemas em nossas operações. Recebemos da Coréia do Sul, semanalmente, cerca de 180 contêineres com peças do Cruze. E, como previsto, os nossos processos tem sido muito bons”. OUTUBRO D E 2 0 1 1 37 ] CHEVROLET CRUZE ] ORQUESTRA AFINADA m uma orquestra, todos os músicos precisam estar em perfeita harmonia e devem tocar as notas certas no momento exato. Por isso, cada fração de segundo é muito importante. Há orquestras que chegam a ter mais de cem músicos – imagine o trabalho e o tempo que se leva para treinar todos eles. Mas nem sempre é assim no mundo da música, pois algumas pessoas já nascem com o dom, como o austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, que foi um prodígio músical. Ele compunha óperas desde os cinco anos de idade e, certa vez, compôs uma sinfonia inteira em apenas um dia. Agilidade combinada a um grande talento não prejudica a qualidade da obra. E a General Motors acaba de lançar um novo produto no mercado que foi executado com muita rapidez pelos profissionais da empresa, o que poderia ter deteriorado sua qualidade. Mas não foi o que aconteceu. As áreas estiveram em total sintonia para que o sedã Chevrolet Cruze chegasse ao Brasil como o melhor em sua categoria. Mas não bastava orquestrar de forma harmônica todos os setores da empresa, pois eles tinham que estar internamente bem alinhados, engajados e dispostos a afinar seus instrumentos para acelerar o processo. Foi, então, que o departamento de GPSC (Global Purchasing and Supply E [ 38 DEPARTAMENTO DE COMPRAS GLOBAIS E CADEIA DE FORNECEDORES CRIA TIME DE LANÇAMENTO PARA AUMENTAR SINTONIA ENTRE SUAS ÁREAS Chain ou Compras Globais e Cadeia de Fornecedores) criou o Launch Team (ou Time de Lançamento), composto por três áreas-chave: PPM (Program Purchasing Management ou Gerenciamento de Programas), EQF (Engenharia de Qualidade dos Fornecedores) e Readiness (Engenharia de Materiais). Segundo Antônio Covelli, diretor de Gerenciamento de Programas do GPSC, essa orquestra foi formada por 35 profissionais das três áreas. “Todos eles trabalharam para eliminar as falhas de comunicação e consolidar um só time”, diz ele. “Nos reunimos há um ano e, agora, o Cruze será o primeiro lançamento a ser concluído com a atuação dessa equipe em perfeita sintonia”, afirma Christopher Naegeli, diretor de EQF. Mas quais instrumentos eles tocavam para que a melodia soasse tão bem aos ouvidos? O que fizeram as áreas de GPSC para conseguir lançar um "baita" carro em tão pouco tempo? É o que você confere a seguir. ATO 1: SINTONIA GLOBAL Covelli explica que a área de OUTUBRO D E 2 0 1 1 Alberto Murayama/ABC Imagem FLORA SERRA Gerenciamento de Programas é responsável por coordenar as ações do projeto, mas como o Cruze é um veículo global, seu envolvimento foi um pouco diferente desta vez. “Foi como se estivéssemos desenvolvendo um carro do zero, pois houve a necessidade de reformular, de certa forma, a metodologia de trabalho”, ressalta Rosemeire Fabri, gerente da área. Segundo ela, a equipe teve que agir e reagir aos imprevistos do dia-adia com extrema agilidade para lançar o veículo em tempo recorde. “Estamos envolvidos com o Cruze há dois anos, ou seja, a metade do tempo que normalmente levamos para finalizar um projeto”, ressalta Adilson Carmo, analista de Programas do GPSC. Rosemeire diz que, além disso, a equipe teve de aprender a trabalhar com uma "partitura" global e não mais com a local, à qual estavam acostumados. Esta partitura é uma espécie de relatório eletrônico que contém todas as especificações técnicas das peças do veículo, desde notas da engenharia e cadastro de materiais até alterações que precisam ser realizadas. A diferença é que, desta vez, o documento apresentava parâmetros globais de componentes e processos de fabricação do Cruze que deveriam ser obedecidos. Como o projeto foi desenvolvido, em sua maior parte, pela Coréia do Sul, as informações foram constantemente compartilhadas com os sulcoreanos para que o modelo brasi- leiro conservasse as características fundamentais e a excelente qualidade do Cruze global, que já é sucesso de vendas em mais de 70 países. “Mandamos profissionais para lá para garantir que estávamos planejando a montagem do veículo de acordo com o que precisávamos”, afirma Covelli. Um deles é Nilton Marubayashi, gerente de GPSC, que está na Coréia do Sul e lá ficará por dois anos. “A interação entre os países também foi importante para acompanhar as alterações técnicas ocasionais, que chamamos de WOs [Work Orders ou Ordens de Trabalho], e depois explicálas em detalhes para o fornecedor”, acrescenta Rosemeire. Para acompanhar o trabalho dos fornecedores e garantir que as Profissionais de Globais alterações sejam Compras e Cadeia de Forfeitas, a GM tem necedores da GM uma equipe mul- do Brasil: total tifuncional, o sintonia para que o sedã Chevrolet PDT (Program Cruze chegasse a D e v e l o p m e n t o Brasil como o Team ou Time de melhor em sua Desenvolvimento categoria de Programa). De acordo com ela, esse grupo se reúne semanal ou quinzenalmente para harmonizar os procedimentos. Além dos fornecedores, representantes da Engenharia, de EQF, de Compras e de outros departamentos compõem o time. “Dependendo das particularidades dos componentes, pode haver mais ou menos áreas agregadas ao time”, explica ela. OUTUBRO D E 2 0 1 1 39 ] [ 40 Alberto Murayama/ABC Imagem ATO 2: SOM DE QUALIDADE Mas gerenciar o programa é apenas o primeiro ato da "orquestra" do GPSC. O som dos violinos ao fundo é auxiliado pelos clarinetes da Engenharia de Qualidade dos Fornecedores, que trata de “assegurar a qualidade e a produtividade das peças”, diz Rogério Radulov, gerente de Lançamentos da EQF, que salienta: “Temos de garantir que nossos parceiros estejam aptos a fabricar as partes dos veículos com o nível de qualidade requerido”. Uma das atividades de EQF consiste em fazer uma avaliação chamada PPAP (Production Parts Approval Process ou Processo de Aprovação das Peças de Produção), uma espécie de selo de certificação que garante que os componentes sejam produzidos da mesma forma e, portanto, que serão sempre iguais. "Os PPAPs são classificados em três categorias: Não-Vendáveis, Vendáveis e Aprovação Completa. Elas evoluem conforme as fases do programa, desde a fase PPV (Product Process Validation ou Processo de Validação de Produto) até o SORP (Start of Regular Production). Diversas áreas da GMB contribuem na aprovação dos PPAPs, como, por exemplo, Enge-nharia de Produto, com importantes informações sobre validação, e Design, com avaliações de aparência", afirma Roberto Espinet, coordenador de Lançamentos da EQF. Para que possíveis mudanças de engenharia (WOs) sejam feitas em tempo, as peças são entregues em datas pré-estipuladas, que são chamadas de MRD (Material Request Date ou Data para Entrega de Material). Por exemplo, a primeira data é quando as partes classificadas como PPV chegam à fábrica. Nas duas datas seguintes, peças na fase MVB Não-Vendável são entregues e ainda são programados mais três dias para as que têm o selo de MVB Vendável. Assim, o processo não deixa de seguir a evolução natural do projeto. A INTERAÇÃO ENTRE OS PAÍSES FOI IMPORTANTE PARA ACOMPANHAR AS ALTERAÇÕES TÉCNICAS OCASIONAIS E DEPOIS EXPLICÁ-LAS EM DETALHES PARA O FORNECEDOR ATO 3: GRAND FINALE No ato final, quem passa a protagonizar a orquestra são os profissionais de Readiness. “A responsabilidade da nossa área no Time de Lançamento de GPSC é garantir a disponibilidade das peças até o início da produção dos veículos”, relata Adilson Boldo, gerente de Readiness para Material Importado. No entanto, ele é responsável por checar a entrega das peças importadas à fábrica da GM. Para as partes que são desenvolvidas por fornecedores brasileiros, Nivaldo Gianesi, gerente de Readiness para Material Localizado, é quem cuida das entregas. Ele explica que o departamento é, atualmente, divido em dois, devido à enorme quantidade de projetos que estão acontecendo ao mesmo tempo. Além disso, o Cruze, por exemplo, tem alguns componentes fundamentais que são desenvolvidos fora do Brasil. Sua transmissão manual vem da Áustria, na Europa, enquanto que a automática é fornecida pela Coréia do Sul. O motor Ecotec6 também é importado de terras estrangeiras – a Hungria. “São 72 fornecedores estrangeiros para o OUTUBRO D E 2 0 1 1 novo lançamento da Chevrolet e a maioria se concentra no continente asiático, onde fica localizado o "home room" (país de origem) do projeto, a Coréia do Sul”, afirma Rosemeire. Segundo Boldo, houve uma mudança na logística de fornecimento das peças: “Não conhecíamos os fornecedores, os portos e aeroportos do outro lado do mundo e não sabíamos quais poderiam ser os potenciais riscos da negociação. Lidar com o desconhecido merece muita atenção”, diz ele. Então, foi preciso passar por um novo processo de aprendizagem para analisar os perigos e se precaver para que os componentes chegassem ao Brasil no tempo certo e não prejudicassem o lançamento do Cruze. Boldo afirma que sua área realizou um estudo dos sistemas de importação da Coréia do Sul e planejou todo o processo de entrega das peças baseando-se nas novas rotas que surgiram. Para facilitar o levantamento dessas informações, houve profissionais de Readiness para Material Importado que permaneceram por sete meses no país asiático. Além disso, os que aqui ficaram realizavam conferências intensivas com os sul-coreanos para garantir a chegada das peças em território nacional. “O fuso horário [12 horas] entre Brasil e Coréia do Sul dificultava o acompanhamento do fornecedor e, por isso, nós criamos um novo turno de trabalho para cerca de 20% dos nossos profissionais. Eles passaram a entrar às 15 horas e a sair à meia noite”, relata Boldo. Enquanto ele buscava entender toda a logística do procedimento de entrega de peças importadas e planejar rotas principais e alternativas, Gianesi acompanhava o desenvolvimento dos componentes localizados. De acordo com Rosemeire, 52 fornecedores locais produzem componentes para o Cruze. Há uma lista com processos para Material Localizado que devem ser checados pelo Readiness, com o objetivo de garantir não só que as peças cheguem à fábrica no devido momento, como que sejam produzidas corretamente. “Por isso, trabalhamos em conjunto com a área de EQF”, salienta Gianesi. Entre os itens listados, o pessoal deve verificar se há contrato para as peças serem entregues no local exato e se o formato e a quantidade das embalagens para cada componente, a classificação das fases em que as peças se encontram (se são vendáveis ou não-vendáveis) e os números de série das peças estão de acordo com o estipulado. “Ao longo do desenvolvimento de um programa, devemos atuar como uma área de inteligência de GPSC para antecipar, capturar e alertar a organização sobre possíveis problemas”, resume Gianesi. Afinal, o último ato consiste em certificar que as peças estarão disponíveis para "grand finale" – o lançamento –, o momento mais esperado do concerto. GMB Antônio Covelli, diretor de Gerenciamento de Programas do GPSC; abaixo, Edgard Pezzo, vice-presidente de GPSC da GM América do Sul, e Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul OUTUBRO D E 2 0 1 1 41 ] CHEVROLET CRUZE ] VEÍCULO GLOBAL, FÁBRICA GLOBAL Mauricio Pavan/ABC Imagem ENGENHARIA DE MANUFATURA PLANEJOU E IMPLEMENTOU PROCESSOS DE FABRICAÇÃO DO CRUZE PARA QUE O COMPLEXO DE SCS O PRODUZA COM EFICIÊNCIA E QUALIDADE [ 42 OUTUBRO D E 2 0 1 1 CAMILA FRANCO ão importa se o veículo é 100% nacional ou se teve boa parte desenvolvida fora do país, como é o caso do novo sedã médio da GM do Brasil, o Chevrolet Cruze, que é fabricado na unidade de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, mas foi criado pela GM Coréia do Sul e pela GM Europa. O trabalho do departamento de Engenharia de Manufatura é sempre imprescindível. N “No caso do Cruze, não demos suporte à Engenharia de Produto e ao Design da GM Coréia para analisar a sua manufaturabilidade no início do projeto, como fazemos com os designers e engenheiros brasileiros quando desenvolvem um carro em nosso Centro Tecnológico. Essa responsabilidade coube às Engenharias de Manufatura da Coréia do Sul e da Alemanha. No entanto, ditamos em qual fábrica da GMB e de que maneira o novo automóvel seria produzido, considerando "layouts", prédios, ferramentas e equipamentos que seriam necessários”, explica Luiz Carlos Peres, diretor executivo de Engenharia de Manufatura da GM América do Sul. Para que um veículo global possa ser fabricado em qualquer complexo da General Motors não há segredo. Peres diz que ele deve ser projetado de acordo com os requisitos globais da empresa. Dessa forma, as fábricas que atendem a esses padrões, como a de São Caetano do Sul, estão preparadas para montar veículos provenientes das novas arquiteturas globais, como é o caso do Cruze. “Há interação com os 'do- nos' do projeto bem antes do início da produção. Eles nos enviam, virtualmente, dados matemáticos do modelo, os quais nos ajudam a planejar e a implementar os processos de fabricação, de forma que o veículo tenha uma excelente qualidade e seja feito no prazo certo, com custo competitivo e com um ambiente de trabalho totalmente seguro para os nossos empregados”. Ele afirma que o Cruze foi resultado de uma nova série de produtos de arquiteturas globais. “Quanto mais robusto é o projeto de um veículo, mais a vida da Engenharia de Manufatura e da fábrica é facilitada. E a arquitetura do sedã médio foi baseada em aprendizados globais”. O vice-presidente de Engenharia de Manufatura da GM América do Sul, José Eugênio Pinheiro, revela que o projeto do sedã trouxe processos mais modernos para a fábrica, que pode fazer mais veículos globais. “Com este carro, tivemos grandes mudanças na unidade. Atualizamos procedimentos, aumentamos áreas, adquirimos novas máquinas e equipamentos. Tudo isso sem parar a produção e dentro do prazo de 18 meses. Essa foi a maior revolução no complexo de São Caetano do Sul nos últimos 30 anos. Exigiu muito da capacidade do time de Engenharia de Manufatura”. Formado por cerca de 700 engenheiros e técnicos, o departamento está dividido em nove centros, cada um com competências específicas. Os centros definem todos os processos de fabricação dos veículos que serão produzidos no Brasil e na Argentina, além de dar suporte na implementação de projetos nos países andinos (Colômbia, Equador e Venezuela). Eles trabalham em conjunto e estão alinhados com as estratégias definidas pelo time global da Engenharia de Manufatura. TRABALHO AVANÇADO O centro que faz os estudos para viabilizar, de maneira competitiva, os projetos de novos veículos é o Planejamento Avançado, gerenciado por Leonardo Marto Sanches. Ele explica: “Trabalhamos nos programas que serão implementados dentro de três a José Eugênio Pinheiro, vicecinco anos, definindo o plano da presidente de Manufatura, os investimentos necessáEngenharia de rios para cobrir as necessidades de ferManufatura da GM América do ramentas, equipamentos e instalações, Sul (à frente, à e os prazos de execução”. dir.), e o comando Segundo ele, sua equipe começou a da área: “Essa foi a maior revolução estudar o projeto do Cruze em julho de no complexo 2009, antes mesmo da sua aprovação, de São Caetano em fevereiro de 2010. “Avaliamos a viado Sul nos bilidade de se produzir o sedã em São últimos 30 anos OUTUBRO D E 2 0 1 1 43 ] CHEVROLET CRUZE ] GERENCIANDO PROGRAMAS Uma vez definidos os planos, é hora de executá-los. Para isso, o centro dirigido por Luiz Cuccioli, Gerenciamento de Programas da Engenharia de Manufatura, é essencial. “Coordenamos toda a implementação dos programas da Manufatura. Controlamos, basicamente, os investimentos que estão sendo efetuados, a execução dos cronogramas juntamente com demais áreas técnicas da empresa, a validação dos processos de manufatura e de qualidade e as corridaspiloto nas fábricas”, explica o diretor. Para dar conta de todas essas responsabilidades, cada plataforma de veículo tem um MIM (Manufacturing Integration Manager ou Gerente de Integração de Manufatura), que representa a Engenharia de Manufatura nos vários fóruns globais da empresa. Angélica Kondo é gerente regional de Integração da Engenharia de Manufatura para a plataforma do Cruze e explica como é o seu papel: “Além de participar de reuniões semanais com representantes dos nove centros, trabalho muito próxima ao VLD [Vehicle Line Director ou Diretor da Plataforma] do sedã, e integro o PET [Program Execution Team ou Time de Execução do Programa], representando a Engenharia de Manufatura e interagindo com os demais departamentos”. Ela diz que, no projeto do mais novo Chevrolet, foi preciso agir com audácia. “O prazo para a sua execução era curto. O que fizemos? Antes mesmo de termos a lista completa das peças do carro, em fevereiro de 2010, a qual foi fornecida pela [ 44 OUTUBRO D E 2 0 1 1 Mauricio Pavan/ABC Imagem Caetano do Sul e definimos os “COM ESTE CARRO, TIVEMOS investimentos e GRANDES MUDANÇAS”, DIZ custos que teríaJOSÉ EUGÊNIO PINHEIRO, mos. Feito isso, VICE-PRESIDENTE DE apresentamos os ENGENHARIA DE MANUFATURA resultados para DA GM AMÉRICA DO SUL os outros centros da Engenharia de Manufatura, os quais têm a responsabilidade de executar o programa”. O maior desafio durante o planejamento, de acordo com Sanches, foi pensar, em pouco tempo, em alternativas para começar a produção do carro sem interromper a dos demais e ainda deixar a fábrica preparada para receber novos veículos globais. “A solução foi conseguir bons espaços na unidade. Reorganizamos áreas de estoque de peças, transferimos outras e fizemos algumas construções". Engenharia de Produto da GM Coréia do Sul, arriscamos e compramos todos os robôs e equipamentos necessários”. Graças a essa decisão, segundo Cuccioli, todas as fases do projeto dentro da Manufatura foram atendidas dentro do tempo previsto. “Os primeiros equipamentos começaram a ser instalados em novembro de 2010 e fabricamos o primeiro Cruze para testes em 14 de fevereiro deste ano”. Comparando-o a outros projetos desta envergadura, ele contabiliza: “Conseguimos reduzir em cerca de dois meses a fase de implementação do Cruze, sem qualquer prejuízo à sua qualidade”. O CENTRO DA INTEGRAÇÃO Para que todos os centros trabalhem em sintonia, existe a Integração da Engenharia de Manufatura, equipe demais departamentos, principalmente com a fábrica e com o GPSC [Global Purchasing and Supply Chain ou Compras Globais e Cadeia de Fornecedores], que abastece a fábrica com materiais”. comandada pelo diretor Michel Goldflus. Ela é formada por profissionais de Layout, que desenham as modificações das fábricas (prédios e instalações, posicionamento das linhas de montagem, das máquinas e dos equipamentos); de Engenharia Industrial, que fazem cálculos de mãode-obra e de tempo das operações nos postos de trabalho, e estudos de ergonomia; de Preparação de Planta, que atuam na coordenação de atividades de rearranjos para receber novas máquinas e equipamentos; e ainda do Centro de Custos, que controlam as despesas da Engenharia de Manufatura e os gastos de projetos. Goldflus revela: “Layout trabalhou muito neste projeto para encontrar espaços e acomodar novos processos globais. Houve uma grande reestruturação da fábrica com ela operando a todo vapor e o grupo de Preparação negociou com os NOVAS CONSTRUÇÕES Se o projeto requer novas construções, modificações de instalações e habilitação de utilidades (energia elétrica, água, vapor e ar comprimido) para alimentar as linhas de montagem, o centro do WFG (Worldwide Facilities Group ou Grupo Global de Facilidades), dirigido por Claudio Eboli, entra em atuação. “Nós projetamos e executamos modificações prediais, seguindo rigorosamente a legislação e os requisitos ambientais, e buscando continuamente a redução de prazos e de custos”, explica o diretor. Foi o que aconteceu na implementação da linha do sedã na unidade do ABC. Eboli descreve as principais mudanças: “Diversos processos de funilaria do Astra e do Vectra foram levados para a fábrica de Mogi das Cruzes, que teve de ser readequada e transferiu parte de componentes estocados para um novo galpão de mais de oito mil metros quadrados construído no centro de logística de Sorocaba; ampliamos o restaurante; fizemos uma nova cobertura na Funilaria para estoque de peças; expandimos a Montagem de Veículos; demolimos um antigo prédio da Ferramentaria e erguemos um novo; reformamos a pista de teste de ruídos veiculares; construímos uma nova cabine de testes de vazamento; preparamos uma área para novas cabines de testes de rolo; fizemos um novo acesso aos vestiários e escritórios; instalamos um galpão vinílico; e estamos construindo uma nova linha de prensas”. LINHAS AUTOMATIZADAS Há um centro responsável pela instalação de robôs, transportadores e controles automáticos das linhas instaladas nas fábricas. Eric Preuss, que o gerencia, explica: “Cuidamos da automação industrial nas unidades. Buscamos e implementa- OUTUBRO D E 2 0 1 1 45 ] DITAMOS EM QUAL FÁBRICA DA GMB E DE QUE MANEIRA O NOVO AUTOMÓVEL SERIA PRODUZIDO”, EXPLICA O DIRETOR EXECUTIVO L UIZ CARLOS PERES FERRAMENTAL, FERRAMENTARIA E ESTAMPARIA Sob a competência do diretor José Zara está o centro responsável pelos trabalhos de engenharia simultânea com os departamentos de Design e de Imagens GMB mos as mais modernas tecnologias para melhorar e agilizar os processos de produção”. Como o projeto do Cruze trouxe uma série de inovações, o que não faltou a esse time foi trabalho. “Para a área de Funilaria, instalamos 150 novos robôs de diferentes capacidades de carga, como os que levantam até 600 quilos. Inauguramos seis sistemas novos de transportadores de carrocerias e o novo sistema de gerenciamento da produção, chamado de ODD [Option Data Delivery ou Entrega de Dados de Opção], que organiza a seqüência de fabricação dos carros de acordo com uma lista emitida pelo departamento de controle de produção e é fundamental para as novas linhas flexíveis. E construímos 20 novas áreas de montagem com comunicação baseada em rede de alto desempenho”, relata o gerente. Marcos Carvalho, engenheiro de Manufatura e líder de automação no programa do sedã, diz que, além de tudo isso, a segurança dos montadores e dos equipamentos do Cruze é garantida por meio de dispositivos, como cortinas de luz e scanners a laser, interligados a uma rede de segurança. “A GM é pioneira na utilização deste tipo de equipamento e a fábrica de São Caetano do Sul é a primeira a receber a novidade”. Eric Preuss fala sobre o que foi feito na Pintura: “Instalamos robôs em uma nova cabine, na qual é aplicada uma resina que evita arranhões de pedriscos nas soleiras do veículo. Adicionamos transportadores e trechos de percurso em algumas linhas e fizemos adaptações em processos. Na Montagem Geral de Veículos, adaptamos o sistema automático de montagem do painel central do carro, expandimos a área em que o motor é colocado automaticamente na carroceria e aumentamos a quantidade de dispositivos no sistema de montagem de portas”. [ 46 OUTUBRO D E 2 0 1 1 Mauricio Pavan/ABC Imagem CHEVROLET CRUZE ] Engenharia de Produtos, visando obter produtos manufaturáveis. Em seguida, são desenvolvidos os processos para estampagem das peças da carroceria, utilizando software de simulação de estampagem de última geração. “Estes processos são desenvolvidos com o objetivo de assegurar a qualidade e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo de aço necessário para a fabri- rais externas e portas, por exemplo. Atualmente, sete painéis têm sua fabricação nacionalizada por meio de 28 ferramentas na estamparia da unidade de São Caetano do Sul, mas Zara adianta: “Estamos instalando uma nova linha de prensas totalmente automatizada que vai nos permitir estampar os 15 painéis restantes a partir de junho de 2012. As 60 ferramentas que irão nessas prensas estão em processo de finalização”. cação de nossos veículos. Além das peças metálicas, projetamos e construímos os moldes para injetar os componentes plásticos de grande porte, como pára-choques.” No caso do Cruze, os ferramentais foram desenvolvidos pela GM Coréia do Sul e pela GM Estados Unidos, e somente pequenas alterações precisaram ser feitas pela engenharia de ferra- mentas para ajustá-los às prensas locais. “Nosso objetivo é reutilizar os projetos já validados pelas regiões que produzem o Cruze e, com isso, reduzir os ajustes nos ferramentais e manter o mesmo padrão de qualidade”, diz Zara. Segundo ele, a Ferramentaria é responsável pela construção das ferramentas para estampagem dos 22 painéis metálicos de grande porte, como lateTecnologia de última geração: adaptação de ferramentais do Cruze, simulação de estampagem e projetos de moldes para injeção de componentes plásticos são algumas das tarefas da Engenharia de Manufatura da GM do Brasil FUNILARIA Outro centro crucial é o do diretor Fernando Santos. Dele participa o grupo de Engenharia de Processos de Montagem de Carrocerias, que planeja e implementa equipamentos e sistemas globais de manufatura enxuta utilizados na soldagem das peças de aço que compõem as carrocerias dos veículos. A área de Funilaria foi uma das mais afetadas e que teve maiores alterações na fábrica de São Caetano do Sul. Foi necessário realocar várias células de montagem deste complexo para o de Mogi das Cruzes, para abrir espaço para as novas linhas do Cruze. E o trabalho foi executado de forma contínua, utilizando-se todos os fins de semana, feriados e períodos de férias coletivas, sem perda de produção dos demais modelos. Segundo Santos, a tarefa foi muito bem feita pelo grupo de execução da Engenharia de Processos de Funilaria, com suporte total da Manutenção e da Produção. O diretor explica que, para fabricar o Cruze, são utilizadas novas linhas de automatização de solda e também o novo sistema global de fechamento de carrocerias. Flexível, ele possibilita a troca dos "gates" de solda de carrocerias específicos para cada veículo, eliminando a necessidade de grandes rearranjos para acomodar novos modelos nas linhas de produção. Pela primeira OUTUBRO D E 2 0 1 1 47 ] vez foi utilizado um novo sistema de flangeamento das caixas de roda traseiras – o "roller hemming" – com robôs. Outro sistema novo é o "clinch". “Em vez de soldar os painéis internos e externos, um robô faz a junção dos painéis. O Cruze é o primeiro veículo da GMB a contar com esse procedimento, que garante um melhor acabamento, principalmente das chapas mais finas”, explica Santos. Uma vez fechada a carroceria, colocam-se a tampa traseira e as portas, além do capô. O diretor diz que, para montá-las, foram adotadas novas tecnologias. “Usamos os melhores equipamentos e sistemas de flangeamento das portas, com prensas e ferramentas vindas do Japão. Para a linha de flangeamento da tampa traseira, usamos também o 'roller hemming'. Ambos os sistemas garantem produtividade e qualidade”. Ele salienta que, nas novas linhas, são utilizados robôs para estruturar as portas e transferi-las de uma estação para outra. Sobre novos equipamentos de solda, ele revela que foram adquiridas centenas de máquinas, conhecidas como "trafo-guns", que consomem menos energia elétrica e melhoram a ergonomia para os operadores. E tem mais. Santos também dirige a Qualidade Assegurada, que, por meio de equipamentos automáticos e dispositivos de última geração, valida a consistência dimensional de componentes e de carrocerias completas, garantindo a qualidade dos veículos. “Há o Total Assembly Check [Verificação da Montagem Geral] que faz a medição e a aprovação das peças compradas de fornecedores; o White Light Scanning [Scanner por Luz Branca], uma verificação a laser; e o CMM, Computer Measuring Machine [Máquina Computadorizada [ 48 Mauricio Pavan/ABC Imagem CHEVROLET CRUZE ] “NÓS PROJETAMOS E EXECUTAMOS MODIFICAÇÕES PREDIAIS, SEGUINDO RIGOROSAMENTE A LEGISLAÇÃO E OS REQUISITOS AMBIENTAIS”, DIZ O DIRETOR CLAUDIO EBOLI de Medida], que mede a carroceria completa, entre outros”. Para completar, nesse centro há engenheiros de Planejamento de Manuseio e Fluxo de Materiais, que estabelecem os melhores processos de abastecimento dos postos de trabalho. Para o Cruze, estão sendo utilizados "minomis", que alocam peças OUTUBRO D E 2 0 1 1 diretamente na posição de pega dos robôs, e "turn tables", mesas flexíveis entre a linha de montagem e os corredores por onde circulam os rebocadores, as quais garantem a disponibilidade de peças de maneira contínua, melhoram a ergonomia dos operadores e aumentam a produtividade. De acordo com Santos, São Caetano do Sul é a primeira fábrica a usar os novos sistemas, o que demanda muito treinamento e aprendizado de seus profissionais, que ainda têm de manter a produção normal do terceiro turno enquanto as linhas são alteradas. PINTURA E MONTAGEM DE VEÍCULOS Para planejar, definir e implemen- MAIS PRODUÇÃO, MAIS QUALIDADE tar sistemas, máquinas e equipamentos necessários para a injeção de plásticos, pintura de pára-choques e de carrocerias, e para a montagem final dos veículos nas linhas de tapeçaria e de mecânica, atua a equipe dirigida por João Sidney Fernandes. “Cuidamos dos novos processos de pintura e de montagem final, que são os que vão transformar uma carroceria em um veículo tal como ele será usado pelo cliente”, resume o diretor. O gerente da Engenharia de Manufatura de Pintura e Polímeros, Elisio Sanches, relata as principais novidades em sua área. “Com o Cruze, inauguramos o sistema "AntiChip System". Trata-se de uma cabine de aplicação de resina, a qual protege as soleiras do veículo contra possíveis riscos provocados por pedriscos. Além disso, adequamos estufas para cura de adesivos estruturais que substituem pontos de solda e ajustamos sistemas de transportadores”. O engenheiro Eduardo Falotico, fala de novos processos na Montagem Final, área que gerencia: “Como o Cruze tem muito conteúdo eletrônico, ampliamos a linha final de montagem. Fora isso, adquirimos novos equipamentos, como três novos rolos usados para testes dinâmicos dos veículos, inauguramos uma nova cabine de teste de vazamento de água, e adequamos a pista de teste de ruídos, que ganhou três novos tipos de pavimentos”. Como afirmou a diretora da fábrica da GM em São Caetano do Sul, Sônia Campos, a unidade tem passado por um processo de aceleração do seu ritmo de produção. Mas ela salienta que não basta montar mais carros, é preciso assegurar que eles serão produzidos com o mesmo padrão de qualidade. Foi pensando nisso que o departamento de Qualidade (conheça seu trabalho no projeto do Cruze brasileiro na página 34), com apoio da Manufatura, desenvolveu, em 2010, um novo processo, o Criterion Based Acceleration (Critério de Aceleração Base), que já é adotado pela GM globalmente. “A gente criou um método que permite que a produção seja acelerada somente se todas as métricas de qualidade da fábrica estiverem sendo atendidas. Por meio de nossas monitorações é que vamos determinar se a unidade produzirá mais. Temos na linha de montagem um indicador, denominado First Time Quality (Qualidade de Primeira), que nos mostra se cada estação está fazendo o seu papel direito. Caso os padrões não estejam sendo atendidos, voltamos ao ritmo normal, solucionamos o problema, e só então passamos a aumentá-lo”, explica José Luiz Pereira, gerente de Qualidade de Programas da GMB. Ainda segundo ele, esse procedimento é essencial e tem ajudado o complexo a fabricar o Chevrolet Cruze. OUTUBRO D E 2 0 1 1 49 ] Mauricio Pavan/ABC Imagem CHEVROLET CRUZE ] PRODUÇÃO ACELERADA A fábrica da GM do ABC tem 81 anos e, apesar de ser a mais antiga da empresa no Brasil, é uma das mais modernas e flexíveis do mundo. Além do Cruze, é capaz de produzir, na mesma linha de montagem e em três turnos de trabalho, a picape Montana, o sedã compacto Classic e novos modelos que serão lançados em breve. “Ela foi escolhida para fabricar o Cruze por causa da sua flexibilidade. Ao longo do tempo, ganhou produtividade e excelentes padrões de qualida- [ 50 de. Seu time, por sua vez, é muito criativo e competente. Ele sempre encontra novas maneiras para superar os desafios. Consegue arranjar espaços na unidade, uma das mais competitivas, sem que a produção seja impactada. E é por isso que a GM confia muito no seu potencial”, explica José Eugênio Pinheiro, vice-presidente da GM América do Sul. Segundo a diretora do complexo, Sônia Campos, nele, são fabricados 45 veículos a cada hora. Só do Cruze saem 8 unidades por hora, o que dá uma OUTUBRO D E 2 0 1 1 média de 150 por dia. Mas ela já adianta que esse ritmo pode e irá acelerar: “A capacidade da fábrica deve crescer de 15% a 20%. Vamos aumentar nossa produtividade para atender à crescente demanda do mercado”. Falando assim, até parece fácil prepará-la para a produção de um novo modelo. Sônia explica, porém, que na prática a história não é bem essa: “Apesar de ela passar por uma série de modernizações constantemente, a cada projeto são necessárias muitas mudanças. Tudo tem que ser Sônia Campos, diretora do complexo de SCS (à esq.), com José Eugênio Pinheiro: “O Cruze é fantástico. O time da fábrica tem orgulho de dizer que produz um carro como este” bem planejado e envolve a dedicação de muitos profissionais”. Foi assim com o Cruze, um veículo global e que deveria, claro, ser produzido em um complexo que tem processos globais. “Nós, da Manufatura, começamos a trabalhar nesse projeto há mais de um ano antes do início da fabricação das primeiras unidades não vendáveis. No começo, formamos um time para conhecer o produto e o processo de montagem. Na sequência, esse grupo foi treinado para fabricá-lo. Ele aprendeu a analisar e solucionar problemas, a implementar melhorias, e a desenvolver e a preparar toda a documentação necessária para o trabalho padronizado da produção. E, com todo o conhecimento necessário tanto do produto quanto dos processos, passou a treinar os demais times da fábrica”. Sônia revela quais foram as principais dificuldades que a área de “A CAPACIDADE DA FÁBRICA DEVE CRESCER DE 15% A 20%. VAMOS AUMENTAR NOSSA PRODUTIVIDADE PARA ATENDER À CRESCENTE DEMANDA DO MERCADO”, DIZ SÔNIA CAMPOS Manufatura enfrentou ao trazer o Chevrolet Cruze para o complexo: “Tivemos dois grandes desafios. Por ter muita tecnologia agregada, a montagem do veículo exigiu dos operadores conhecimento técnicos mais especializados. Alguns empregados tiveram treinamentos específicos nos Estados Unidos e na Coréia do Sul só para conhecer o conteúdo eletrônico do carro. E recebemos diversos profissionais de várias unidades da GM que já dominavam a produção do Cruze para compartilhar experiências. Além disso, tivemos uma preocupação grande com relação ao abastecimento de peças na linha de montagem; afinal, é imprescindível ter as peças certas, na quantidade, qualidade e prazo determinado”, garantido também pelo time de Materiais. Há três meses fabricando o modelo global, a diretora analisa: “Tivemos um início de produção muito equilibrado, sem grandes surpresas, mas com muito trabalho e dedicação. Sem a interação com outras unidades da GM isso não seria possível. Esta é uma vantagem da empresa globalizada. E o resultado do empenho dos profissionais é que o nosso padrão de qualidade é excelente. Lançamos o Cruze com o mesmo nível dos indicadores de qualidade dos demais produzidos em outras unidades, o que é motivo de satisfação para nós; afinal, o veículo é fantástico. Ele tem muita tecnologia, conforto e desempenho e é extremamente moderno. O time da fábrica tem orgulho de dizer que produz um carro como este”. OUTUBRO D E 2 0 1 1 51 ] CHEVROLET CRUZE ] MERCADO CHEVROLET CRUZE, SUCESSO DE VENDAS EM MAIS DE 70 PAÍSES, CHEGA AO BRASIL E CRIA UM NOVO PATAMAR ENTRE OS SEDÃS MÉDIOS FLORA SERRA onstantemente, vemos o mercado financeiro virar a maré: ora a cotação do dólar sobe, ora a inflação cai e, de repente, alimentos e outros produtos sofrem alterações de preço. José Luiz Vendramini, diretor de Administração de Suporte a Vendas da GMB, sabe disso: “O mercado é uma célula viva”, resume ele sobre a dinâmica mercadológica que tanto influencia o cotidiano. Mas, obviamente, ele se refere especificamente ao setor automobilístico, já que o seu departamento é responsável por analisar e acompanhar o que Vendramini chama de “a dança do mercado”. Para garantir o sucesso dos produtos da GMB, Suporte a Vendas tem três áreas fundamentais: Estatísticas & Forecast, Distribuição Nacional de Veículos e Desenvolvimento Profissional da Rede Chevrolet. A primeira, a área de Estatísticas & Forecast (previsão de produção), faz, diariamente, o estudo estatístico da indústria automobilística com base em informações fornecidas pelo Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores). A partir deste relatório diário, este pessoal identifica tendências de mercado e mudanças de comportamento do consumidor. A partir dessas estimativas, a área trabalha junto às equipes de GPSC, de Produção e de Finanças para determinar o volume de carros a serem fabricados. Vendramini diz que essas informações são fundamentais para que a liderança da GMB tome decisões mais assertivas em relação à produção e à venda dos veículos. Com o Forecast definido, é possível estabelecer como será feita a distribuição dos produtos para cada região do país. Para obter informações mais precisas das regiões, a área conta com os gerentes regionais de Operações dos 11 escritórios da GM que ficam espalhados pelos quatro cantos do Brasil e que representam o elo da empresa com todas as concessionárias da Rede Chevrolet. “Esses gerentes e suas equipes conhecem melhor as concessionárias que ficam em suas respectivas regiões e entendem suas necessidades. Então, passam para o pessoal de Forecast as demandas específicas que nos ajudam a determinar a distribuição”, explica Regiane Bertoluzzi, coordenadora de Distribuição Nacional C [ 52 OUTUBRO D E 2 0 1 1 Fotos Alberto Murayama/ABC Imagem AGITADO José Luiz Vendramini, diretor de Administração de Suporte a Vendas da GM do Brasil, à frente de sua equipe: “É preciso sempre seguir as tendências do mercado”; abaixo, programa de capacitação à Rede Chevrolet em Itu de Veículos, que acrescenta sobre o novo sedã da Chevrolet: “O Cruze estará disponível em todas as regiões. Após esse primeiro momento, o do lançamento, é que será possível reestruturarmos a distribuição de acordo com as estatísticas de vendas do modelo”. Vendramini alerta sobre a dinâmica do mercado, e Regiane complementa: “É preciso sempre seguir as suas tendências”. Por isso, as áreas de Forecast e de Distribuição Nacional de Veículos nunca param de trabalhar e estão sempre fazendo as adaptações necessárias. O Cruze é comercializado por mais de 70 países e é o veículo de passeio da Chevrolet mais vendido no mundo. O modelo já consagrado DE ACORDO COM O DIRETOR JOSÉ LUIZ VENDRAMINI, A GMB DEVE PRODUZIR MAIS DE 16 MIL E VENDER MAIS DE 13 MIL UNIDADES DO CRUZE ATÉ O FINAL DE 2011 não parece apresentar motivo algum para que o brasileiro não goste dele. Por isso, o pessoal de Suporte a Vendas está com grandes expectativas e, de acordo com Vendramini, estima-se produzir mais de 16 mil e vender mais de 13 mil unidades do Cruze até o final de 2011. No entanto, para os profissionais do departamento, não basta oferecer o melhor produto do segmento para garantir o sucesso de vendas do veículo. Afinal, o consumidor também quer ser bem atendido. Entra em ação a equipe de Desenvolvimento Profissional da Rede Chevrolet, que realiza a capacitação dos profissionais de Vendas e de Pós-Vendas a cada novo lançamento da marca. Graziela Amoroso, coordenadora de Capacitação de Vendas, afirma que o Cruze, como o primeiro lançamento global da marca no Brasil, representa o começo de um novo momento. Foi preciso, mais do que nunca, apresentar o veículo aos vendedores devido ao seu enorme conteúdo eletrônico de tecnologia avançada e, para isso, toda estrutura do curso foi reformulada. Segundo Graziela, buscando capacitar um número maior de pessoas em um curto espaço de tempo, a estratégia utilizada foi a de capacitação modular, oferecida em três locais distintos: no kartódromo Arena Schincariol, em Itu, interior de São Paulo; no Autódromo Internacional de Curitiba, em Pinhais, na região metropolitana da capital do Paraná; e no Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília, no Distrito Federal. “Além de gerentes, consultores de vendas participaram da capacitação; ao todo, foram mais de 3.200 pessoas durante os 16 dias de curso”, informa ela, que acrescenta: “Antes, as capacitações costumavam durar cerca de dois meses”. A cada dia, o curso recebia cerca de 210 pessoas, que foram divididas em sete grupos. Havia sete módulos pelos quais os grupos, obrigatoriamente, tinham de passar para que, em cada um deles, um aspecto do Cruze fosse apresentado: Mercado, Desempenho, Concorrência, Demonstração Dinâmica (test-drive), Design, Segurança e Confiabilidade e, por último, Conforto e Conveniência. Graziela afirma que, para 90% dos participantes, a capacitação superou as expectativas. Júlio César Camargo, gerente comercial da DG Sul Veículos (concessionária Chevrolet de Farroupilha, no Rio Grande do Sul), é um deles e faz um pedido: “Nunca havia participado de um treinamento como este. Fico torcendo para que todos os outros sejam assim”. OUTUBRO D E 2 0 1 1 53 ] CHEVROLET CRUZE ] ELES ENSINAM A PESCAR ar o peixe ou ensinar a pescar? Tal frase é constantemente vista nos cadernos de política dos jornais, para discutir a questão do assistencialismo, ou nas revistas de comportamento, ao retratar como os pais devem educar seus filhos. Não importa o contexto, esta é uma escolha que podemos fazer em inúmeras situações. O departamento de Pós-Vendas da GM do Brasil opta por ensinar a pescar e trabalha para preparar a rede de concessionárias da Chevrolet para melhor "pegar" as necessidades dos seus clientes. Não basta simplesmente produzir os melhores veículos do mercado, pois é preciso dar suporte para tirar dúvidas dos consumidores e solucionar problemas com rapidez e eficiência. O peixe da vez é grande e tão impressionante quanto um marlim azul, um dos maiores prêmios com o qual um pescador pode sonhar: é o Chevrolet Cruze, o novo sedã da marca e o primei- D [ 54 TIME DE PÓS-VENDAS NÃO PÁRA DE PENSAR NO CLIENTE UM SEGUNDO SEQUER E PREPARA UM LANÇAMENTO PERFEITO PARA O CRUZE ro veículo global da marca a ser comercializado no Brasil. Um produto ainda desconhecido exige que se prepare a rede de concessionárias para recebê-lo e esta é a missão primordial da equipe de Pós-Vendas. Isela Costantini, diretora do departamento, considera que o foco na satisfação do cliente é fundamental: “Buscamos maximizar o tempo que o técnico leva para realizar um reparo no veículo”, exemplifica ela. A agilidade no reparo não depende apenas do técnico, mas da rapidez na identificação do problema. O sistema de diagnóstico utilizado pelas concessionárias consiste em um equipamento chamado MDI (Multiple Diagnostic Interface ou Interface para Diagnósticos Múltiplos), que faz a interface entre o carro e o computador. O computador precisa ter apenas o aplicativo GDS 2 e “todo o diagnóstico pode ser realizado automatica- OUTUBRO D E 2 0 1 1 Fotos Mauricio Pavan/ABC Imagem FLORA SERRA mente, além de testes de verificação para revisão do carro”, afirma Fernando Endo, engenheiro de Serviço de Pós-Vendas. “O Cruze será o primeiro veículo que utilizará, obrigatoriamente, o MDI para diagnóstico em 100% da Rede Chevrolet”, acrescenta ele. Outra atividade da área para agilizar o processo de reparo do veículo é definir como serão as ferramentas de conserto. No caso do Cruze, elas já haviam sido desenvolvidas e validadas pela Coréia do Sul e pela Alemanha, países que desenvolveram o projeto. “Duzentas e oitenta e seis novas ferramentas foram criadas para o modelo; no entanto, com um trabalho comparativo com as já existentes na rede de concessionárias do Brasil, foram necessárias apenas 19 novas ferramentas para o veículo”, informa Isela. E como vieram prontas para o Brasil, restava estabelecer o tempo que Isela Costantini, diretora geral de Pós-Vendas da General Motors do Brasi (à dir. na foto), e sua equipe multi-tarefa: “Apesar de o projeto do Cruze ser global, Pós-Vendas sempre terá de lidar com os desafios locais” o mecânico levaria para identificar e reparar a falha. “A meta estipulada é resolver qualquer problema em até 24 horas”, afirma Rafael Santos, diretor de Operações de Serviço de Pós-Vendas. Outra lição da "pescaria" de PósVendas consiste na confecção do Manual de Serviço e do Manual do Proprietário. Na GM, todos os manuais são primeiramente produzidos em inglês, e depois traduzidos para outras línguas. O trabalho de tradução fica sob a responsabilidade da área, que também teve de incrementar o conteúdo do manual para abordar as adaptações que o veículo recebeu para ser vendido no Brasil, como as suspensões ajustadas às condições de nossas estradas e o sistema de partida a frio. Para fazer jus ao belo lançamento da Chevrolet, o manual também está de cara nova. A capa é diferenciada – em relação aos manuais de outros países – e contém uma bela imagem renderizada (desenho digital que simula uma fotografia) da frente do Cruze; a traseira do modelo é retratada da mesma forma na contracapa. Essa iniciativa ocorreu em conjunto com o departamento de Design (veja página 18) e, segundo Endo, já está fazendo sucesso: “Recebemos alguns profissionais da GM dos Estados Unidos e da Argentina. Eles gostaram tanto que querem levar a idéia para lá”. “Apesar de o projeto do Cruze ser global, Pós-Vendas sempre terá de lidar com os desafios locais”, observa Isela. Desta vez, o departamento criou um jeito muito especial para enfrentá-los e formou um Launch Team (ou Time de Lançamento). ESPECIALISTAS NO ASSUNTO Há vários canais por meio dos quais os integrantes do "Universo GM" podem entrar em contato com a Chevrolet, como o CAT (Centro de Atendimento Técnico), o CAR (Centro de Atendimento à Rede) e o SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente). E não há nenhuma novidade nisso, pois essas estruturas de comunicação já existem há muito tempo. “O que propõe o Time de Lançamento é integrar estes canais e outras áreas que trabalham nesta fase para otimizar o atendimento ao proprietário do Cruze”, afirma José Roberto Favarin, diretor de Atenção ao Cliente da GMB. Rafael Santos, diretor de Operações OUTUBRO D E 2 0 1 1 55 ] CHEVROLET CRUZE ] “TER A REDE CHEVROLET PRONTA PARA O LANÇAMENTO É TÃO IMPORTANTE QUANTO DESENVOLVER O CARRO”, ACREDITA ISELA COSTANTINI, DIRETORA DE PÓS-VENDAS rem algum problema com o modelo durante 90 dias após o lançamento. “Ninguém vai ficar na mão”, garante Favarin. E não mesmo, pois o plano de assistência da marca que funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano, o Chevrolet Road Service, ganhou uma linha exclusiva para proprietários do novo sedã, que ficará disponível pelos primeiros seis meses de venda do modelo. Se o proprietário não quiser ligar, tudo bem – ele pode apenas ativar a função de mesmo nome do aplicativo “Meu Chevrolet”, que pode ser baixado para o celular (leia mais sobre este software no box). Assim, o serviço será instantaneamente informado de sua localização para que o especialista vá rapidamente até o cliente. O Cruze é o primeiro veículo a contar com o envolvimento deste time, que já está a postos para tirar dúvidas e resolver qualquer tipo de ocorrência. Mas Favarin adianta que a idéia é prosseguir com essa estrutura para projetos futuros. Afinal, nada como tratar com quem é especialista no assunto. O PRIMEIRO DOS GMB TRIGÊMEOS [ 56 OUTUBRO D E 2 0 1 1 “Ter a Rede Chevrolet pronta para o lançamen- Fabio Gonzalez/ABC Imagem de Serviços para Pós-Vendas, diz que este grupo multidisciplinar também acaba por alimentar internamente a empresa com mais informações sobre o produto e sobre o que deseja o consumidor. Este novo sistema de trabalho, que unifica todas as áreas que atuam na fase do lançamento do Cruze, é composto por 18 profissionais, que se reúnem diariamente para alinhar as ações. Além de representantes de Pós-Vendas e de Atenção ao Cliente, há pessoas de Qualidade, de Vendas, de Distribuição de Peças, de Finanças, de Gerenciamento de Programas, de Compras e de Logística. A área de Supply Chain (Cadeia de Fornecedores) para Pós-Vendas também participa ativamente para lançar um produto no mercado, principalmente quando se trata de um carro global como o Cruze. “Com base na experiência de outros países, nós trabalhamos para determinar quais são as peças de reposição e as ferramentas que poderão ser mais utilizadas nesta etapa”, explica Renato Costa, diretor da área. “Quando o cliente chega à concessionária, ele está com sentimentos negativos e nós trabalhamos para transformar seu descontentamento em satisfação total”, diz Isela. Nem que para isso seja preciso emprestar carros? Sim, pois foi o que GMB fez: há 30 unidades do Cruze disponíveis para aqueles que tive- to é tão importante quanto desenvolver o carro”, acredita Isela. Por isso, preparar os profissionais das concessionárias para diagnosticar e solucionar problemas também é missão do departamento de Pós-Vendas. E já que o Cruze é um veículo que usa e abusa de conteúdo tecnológico e eletrônico, a capacitação foi mais complexa e recebeu atenção especial. Cursos ocorreram em 12 pontos do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para os técnicos da rede e em duas salas da UCC (Unidade da Capacitação Chevrolet), na fábrica de São Caetano de Sul, dedicadas exclusivamente ao conteúdo de Pós-Vendas. Uma novidade foi a UCC Móvel, um caminhão que transporta um Cruze, ferramentas especiais, universais e de diagnóstico, uma transmissão automática, uma mecânica e um motor Ecotec6. “O objetivo era chegar às concessionárias mais afastadas de grandes centros e ampliar o número de profissionais capacitados”, diz Fábio Canassa, coordenador de Capacitação de Pós-Vendas da GMB. Ronaldo Znidarsis, diretor geral de Marketing e Vendas da GMB, com uma UCC Móvel; abaixo, reprodução da capa do inovador Manual do Proprietário do Cruze Marcos Derzié, que ocupa a mesma função de Canassa, relata o itinerário do caminhão: “A unidade partiu de São Paulo, em 8 de agosto, rumo à Itajaí, em Santa Catarina, e de lá seguiu para São Luís, capital do Maranhão; Recife, capital de Pernambuco; Salvador, na Bahia; e Fortaleza, no Ceará”. Segundo ele, 200 técnicos foram divididos em dez turmas e completaram a formação na UCC Móvel. Mas somando as três frentes em que a capacitação atuou, 750 profissionais foram formados e estão prontos para atender aos clientes do modelo, de acordo com Derzié. “Este número significa que, em média, mais da metade dos técnicos de cada concessionária estão capacitados”, afirma Canassa, que acrescenta: “O curso tem 20% de seu conteúdo dedicado à parte teórica e os 80% restantes, à prática”. Ele diz que tal configuração é de extrema importância para um veículo como o Cruze, que apresenta conteúdo de alta tecnologia. Mas o mais surpreendente é que o caminhão, que rodou cinco cidades do país, é apenas o primeiro de três. Derzié revela que, para o próximo lançamento, a UCC Móvel contará com a frota de "trigêmeos" que rodará os quatro cantos do Brasil. MEU CHEVROLET Imagine poder desvendar todas as luzes que se acendem no painel do seu carro e que você nunca soube o que significavam. Imagine também localizar facilmente o seu carro no gigantesco estacionamento do shopping ou saber onde estão as dez concessionárias mais próximas de você. Agora imagine poder fazer tudo isso e mais pelo seu celular. Se você é proprietário de um Cruze, você pode. Trata-se de um novo aplicativo que é obtido gratuitamente, chamado “Meu Chevrolet”, baseado no já existente “My Chevrolet” dos Estados Unidos. Walter Pellielo, engenheiro de Serviço de PósVendas, ajudou a desenvolver o conteúdo referente à sua área do aplicativo e afirma que a iniciativa de trazê-lo para o Brasil foi da equipe de Marketing (saiba mais sobre este departamento na página 58). Mas cada área envolvida ficou responsável por implantar o seu conteúdo no dispositivo. É claro que o departamento de GMIT (General Motors Information Tecnology ou Tecnologia da Informação da General Motors) esteve atuando em paralelo com as equipes para garantir o suporte técnico e o perfeito funcionamento do aplicativo. Além das funcionalidades “Luzes e Indicadores“, que esclarecem o significado dos símbolos que se acendem no painel e “Onde Estacionei?”, que localiza o carro em estacionamentos, por exemplo, outras funções foram desenvolvidas para o software brasileiro. São elas: “Chevrolet Road Service”, que possibilita comunicar ao serviço de guincho e mecânico; o “Lançamentos Chevrolet”, que mostra todos os lançamentos da Chevrolet; a “Calculadora Flex”, que verifica qual tipo de combustível compensa utilizar; o agendamento de serviços com as concessionárias; e o Manual do Proprietário do Cruze, que também está disponível no aplicativo. “O Cruze é o primeiro veículo que oferece esse software para o cliente”, diz Fernando Endo, engenheiro de Serviço de Pós-Vendas. “Mas vamos produzir conteúdo para os próximos lançamentos também”, revela Roger Armellini, gerente de Marketing da GMB. Para utilizar o software, basta baixá-lo gratuitamente pela Apple Store ou pelo Android Market (lojas eletrônicas de sistemas operacionais concorrentes). Em seguida, o proprietário deve cadastrar o número do chassi (vin number) do seu veículo. Agora, é só navegar pelo Meu, quer dizer, seu Chevrolet. OUTUBRO D E 2 0 1 1 57 ] Alberto Murayama/ABC Imagem CHEVROLET CRUZE ] O NOVO, DE NOVO, DE NOVO... CAMILA FRANCO que é fazer o novo, de novo? O norte-americano Thomas Edison (1847-1931), por exemplo, foi um dos cientistas mais criativos do mundo. Ele registrou mais de 2 mil invenções. Boa parte delas muito útil para a humanidade, como a lâmpada incandescente, a locomotiva elétrica, o fonógrafo – O [ 58 OUTUBRO D E 2 0 1 1 ATUAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE MARKETING VAI DA DEFINIÇÃO DO CONTEÚDO DO CRUZE À SUA CAMPANHA PUBLICITÁRIA que viria a ser o gravador –, o telégrafo e o projetor de cinema. Foi ele, inclusive, que criou a célebre frase: "A genialidade é 1% de inspiração e 99% de transpiração". Para a General Motors, assim como para o inventor, fazer o novo, de novo, é trabalhar incansavelmente e sempre pelo mesmo motivo: surpreender as pessoas ao atender às suas necessidades. Ela acaba de inovar ao lançar no mercado brasileiro um veículo totalmente diferente e que traz muito mais conteúdo do que seus concorrentes. É o Cruze, sedã médio já consagrado como o automóvel mais Gustavo Colossi, diretor de Marketing da GM do Brasil (à frente), sobre o públicoalvo do Cruze: “São pessoas que querem ter um produto moderno e de qualidade. E a Chevrolet está trazendo o melhor veículo para satisfazê-las” vendido da marca no mundo. Seu slogan, por sinal, diz: “Chegou Chevrolet Cruze. A Chevrolet fazendo o novo, de novo”. Mas para que a GM possa fazer tudo isso é indispensável a criatividade de um departamento especial: o de Marketing. Para cada veículo lançado pela empresa, essa equipe, surpreendentemente, é uma fonte inesgotável de idéias originais. Parece até redundante, mas cabe perfeitamente dizer que ela também é movida por fazer o novo, de novo, e de novo, e de novo... e quantas vezes forem preciso. No projeto de um veículo, eles trabalham do início ao fim. Logo de cara, são responsáveis por analisar o conteúdo que o modelo deverá ter, qual posicionamento deverá assumir no mercado e com quais automóveis ele deverá competir. Próximo ao lançamento do carro, eles definem as estratégias de sua divulgação, de forma que seus diferenciais sejam facilmente percebidos pelos clientes. Foi assim com Captiva, Agile, Montana, Malibu, Camaro – com todos da marca – e, evidentemente, com o Cruze. Novidade é o que não falta para o novo integrante da família Chevrolet. O QUE O CRUZE TEM DE ESPECIAL? A área de Marketing de Produto trabalhou muito bem para que o Cruze – que é fabricado em nove fábricas da GM pelo mundo, comercializado em 71 países, e, ao que tudo indica, baterá a marca de 1 milhão de unidades vendidas em outubro –, se posicionasse adequadamente no mercado automobilístico brasileiro. Segundo o diretor de Marketing da GM do Brasil, Gustavo Colossi, a equipe começou a analisar, em 2007, tudo o que o sedã deveria ter para ser sucesso nacional a partir de 2011. Várias pesquisas, de acordo com Joyce Aguilera, coordenadora de Marketing de Produto, os ajudaram nesse desafio, como a BTS (Brand Tracking Study ou Estudo de Acompanhamento da Marca), usada para avaliar o desempenho da Chevrolet, a NCBS (New Car Buyer Study ou Estudo do Comprador de Carro Novo), a Target Marketing Exploration (Exploração do Alvo de Mercado) e, principalmente, a Social Milieu, que serve para segmentar o mercado, baseado na classe social e nos valores das pessoas. Denise Albrecht, que também coordena esta área, completa: “Além de todas elas, contamos com vários estudos. Visitamos concessionárias Chevrolet e da concorrência. Analisamos o que é divulgado sobre carros em revistas, jornais e internet. Usamos todas essas informações para entender as necessidades dos nossos consumidores e materializar um carro que supere suas expectativas, além de ser melhor que os seus competidores”. Com conteúdo mais do que suficiente em mãos, a equipe chegou à conclusão de que o novo sedã médio enfrentaria dois concorrentes principais, o Toyota Corolla e o Honda New Civic, mas que teria muito mais a oferecer aos clientes desse segmento. Os estudos também apontaram que o Cruze deveria ser destinado ao público das classes A e B, o qual, nas palavras de Colossi, “é formado por pessoas otimistas e que acreditam em um futuro melhor. Elas enxergam e querem alcançar novos horizontes porque são estudadas e viajadas. E, claro, são muito exigentes. Elas querem ter sempre um produto moderno e de qualidade, e se preocupam até se ele foi desenvolvido de forma a minimizar os impactos no meio ambiente. E a Chevrolet pode e está trazendo o melhor veículo para satisfazê-las”. De acordo com Colossi, cerca de 15 milhões de brasileiros se enquadram nesse seleto grupo, e a tendência é que ele cresça cada vez mais. A demanda por sedã médios não ficará atrás, mas há um detalhe: “Para o modelo ser o mais vendido desse segmento, ele deve ter qualidade, conforto, confiabilidade, tecnologia, segurança e ainda ser inovador. É o caso do Cruze que trouxemos para o Brasil, um dos veículos mais completos do mundo. Ele é extrema- OUTUBRO D E 2 0 1 1 59 ] mente moderno e tem um nível de qualidade que supera qualquer concorrente”, assegura Colossi. Dawson Zanetelli, gerente de Marketing de Produto, acrescenta que eles pensaram em até alguns diferenciais para o Cruze brasileiro. “Ele é vendido em duas versões, a LT, de entrada, e a LTZ, mais completa e com itens exclusivos, como diferentes revestimentos dos bancos e rodas aro 17 de alumínio, os quais reforçam ainda mais a supremacia do sedã em termos de design, conforto, tecnologia e eletrônica embarcada, que é muito superior ao que tínhamos no portfólio Chevrolet e ao que é oferecido no mercado nacional”. Sobre o que o carro tem a mais do que os concorrentes japoneses, o gerente Rodrigo Fioco diz: “Em termos de segurança, só ele tem airbags frontais, laterais e de cortina, todos de série; programa eletrônico de controle de estabilidade; controle de tração; freios ABS com EBD [Eletronic Brake Force Distribution ou Distribuição Eletrônica de Força de Frenagem] de última geração e assistência de frenagem de pânico, o PBA [Panic Brake Assist]; além do sistema Isofix para a fixação de cadeirinha infantil”. Joyce complementa sobre os diferenciais tecnológicos: “Inovador, o Cruze tem uma tela integrada ao console central, de sete polegadas, que disponibiliza navegador digital, sistema de entretenimento e controle de climatização, e que conta com iluminação "Ice Blue", uma tendência da marca. Tem um aplicativo exclusivo, o Meu Chevrolet [confira mais detalhes na página 57]. E, além disso, só ele é equipado com o novíssimo motor Ecotec6, desenvolvido com coletor de admissão variável feito de material plástico, válvulas continuamente variáveis e transmissões de seis marchas, tanto na versão manual quanto na automática. Na versão LTZ, o cliente ganha ainda a conveniência de não usar a chave para abrir a porta e para dar partida. Ele abre com um sensor de presença e liga o Cruze por meio de um botão”. Denise fala do conforto encontrado somente no PARA SER O MAIS VENDIDO DO novo sedã da SEGMENTO, O CARRO DEVE TER Chevrolet: “Ele QUALIDADE, CONFORTO, tem um toque de CONFIABILIDADE, TECNOLOGIA, esportividade e SEGURANÇA E AINDA SER uma atmosfera INOVADOR. É O CASO DO CRUZE envolvente. O dual cockpit, que [ 60 OUTUBRO D E 2 0 1 1 W/McCann CHEVROLET CRUZE ] cria dois ambientes no interior do veículo, e o generoso espaço para pernas, cabeça e ombros dos passageiros, tanto na frente como atrás, o colocam bem à frente dos concorrentes”. “Com as novidades em termo de equipamentos e powertrain, o Cruze chega para brigar em um segmento no qual a Chevrolet tem muita tradição. E certamente vai continuar a história que começou a ser escrita com Opala, Monza e Vectra. É a capacidade da Chevrolet de criar o novo, de novo”, salienta Marcos Munhoz, vice-presidente de Comunicação, Relações Públicas e Governamentais da GM do Brasil. COMO MOSTRAR TODOS ESSES DIFERENCIAIS? Cabe à equipe de Comunicação do Marketing essa tarefa. E a palavra-chave para esse desafio não poderia ser outra: inovação. Foi o que eles fizeram, de novo, com o Cruze. Imagem da campanha publicitária do Cruze: o novo sedã Chevrolet é a melhor alternativa à mesmice “Formulamos uma campanha publicitária irreverente e que abrange tantos os meios de comunicação off-line quanto os online. Nosso objetivo é que ela impacte, de todas as formas, os possíveis compradores do modelo, principalmente nos três meses após o lançamento”, explica Rodrigo Rumi, coordenador de Marketing da GMB. O primeiro passo, segundo ele, foi transmitir para a agência de publicidade W/McCann, responsável pela campanha, que o Cruze é muito mais que um simples produto. “O veículo global é como um divisor de águas para a GM. Ele tem a missão de trazer prestígio e, sobretudo, a liderança no segmento de sedãs médios para a Chevrolet, desbancando os principais concorrentes Corolla e New Civic”. Juntos, o time da GM e o da agência perceberam que o ideal seria mostrar às pessoas que o Cruze oferece muito mais conteúdo e diferenciais do que os demais modelos comercializados e, de quebra, por um preço menor. “Precisávamos provar que o Chevrolet é muito mais vantajoso para os proprietários dos modelos japoneses e também para os futuros clientes desse segmento, atraindo-os. Ele disponibiliza muito mais por muito menos”, salienta Rumi. Como eles conseguiram fazer isso? O coordenador explica: “A nossa comunicação tende a gerar insatisfação nos donos de Civic, Corolla e dos demais carros desse segmento. Para desenvolver toda a campanha, usamos o conceito de que ninguém vai longe e evolui estando apenas satisfeito. Essa é uma verdade que tem tudo a ver com o público-alvo do carro, que está sempre querendo crescer na vida e que valoriza as conquistas. Uma vez insatisfeitos, eles vão perceber que o Cruze, que oferece mais conforto, tecnologia, segurança, beleza e potência, é o irresistível próximo passo, ou seja, o próximo veículo que eles podem ter”. Essa mensagem é evidente no vídeo de 45 segundos da campanha publicitária do Cruze, que foi ao ar no dia 18 de setembro, durante um intervalo do Fantástico, da Rede Globo de Televisão. “Nesse filme, veiculado em canais de tevê aberta e fechada, aparecem várias pessoas com a mesma roupa. Nós as convidamos a mudar exibindo o conteúdo do Chevrolet Cruze, que é líder de vendas em todos os mercados em que ele atua e oferece muito mais”, descreve o coordenador que acrescenta que a cena é encerrada com o slogan: “Chegou Chevrolet Cruze. A Chevrolet fazendo o novo, de novo”, que “ao mesmo tempo em que resgata a história de sucesso da marca no segmento com o Opala, Monza e Vectra, mostra que uma novidade está sendo lançada”. Antes da divulgação do veículo, porém, a Chevrolet criou um suspense mostrando apenas seu motor, o Ecotec6, e sua transmissão de seis velocidades, totalmente novos. OUTUBRO D E 2 0 1 1 61 ] CHEVROLET CRUZE ] W/McCann nadora de Marketing Digital da GMB, revela que há várias formas para que as pessoas conheçam melhor o sedã. “Criamos o hotsite do Cruze, o www. chevroletcruze.com.br, que permite acesso também pelo celular; uma página que pode ser acessada pelo portal da Chevrolet, a www.chevrolet.com.br/cruze; vídeos para o site Youtube, que podem ser vistos por meio do www.youtube.com/chevroletbrasil; entre outros conteúdos no Facebook [www.facebook.com/chevroletbrasil] e no Twitter [twitter. com/#!/chevroletbrasil], as principais redes sociais”. O Cruze estreou na rede em 12 de setembro, quando o seu hotsite entrou no ar. Segundo a coordenadora, ele destaca o conforto, a conveniência, a segurança e a tecnologia do modelo. “No hotsite, é possível acessar o Cine Cruze, que traz 14 vídeos dinâmicos sobre o produto e mostra para o consumidor todo o seu conteúdo e vantagens, além do vídeo da campanha publicitária que está sendo veiculada na tevê; uma galeria recheada de fotos do sedã; o De Série, Só o Cruze é Assim, em que são ressaltados os itens de série do Chevrolet, no que ele leva vantagem se comparado com seus concorrentes diretos; e o Cruze pelo Mundo, que apresenta o conteúdo do carro em outros mercados em que ele é comercializado e comprova que ele é um sucesso mundial”. Na semana de 19 a 25 de setembro, para divulgá-lo ainda mais, ocorreu a “Cruze Week”, na qual o modelo estampou, a cada dia, uma página de um grande portal. Foram eles: MSN, Uol, Yahoo, Youtube, Editora Abril, Editora Globo e Webmotors. “Esses portais têm muitos acessos e nosso objetivo é atingir o maior número de pessoas”, salienta Izabel, que diz ainda que o Cruze aparecerá em mais sites, terá conteúdo exclusivo para iPad e será divulgado por meio de links patrocinados nos sites Google e Yahoo. Se não bastasse tudo isso, desde 6 de outubro é possível conferir um curta-metragem do Cruze no Youtube, no Facebook e no Twitter. “É um filme com uma pegada de humor, totalmente descolado da campanha de lançamento, que tem como objetivo chamar a atenção das pessoas para o novo lançamento da Chevrolet. Vai agradar em cheio, tenho certeza”, conclui Izabel. Rumi explica o porquê: “Lançamos um vídeo no dia 4 de setembro, também no intervalo do Fantástico, para apresentar o novo powertrain da marca. Para nós, uma ação desse tipo é tão importante quanto exibir o carro; afinal, o propulsor tem muitas tecnologias que merecem destaque e é um dos grandes diferenciais do modelo”. Além dos filmes, os clientes estão conhecendo o sedã global por meio de anúncios nas principais revistas do país – das que falam de carros até as que retratam estilo de vida –, como Quatro Rodas, Autoesporte, Veja, IstoÉ, Época e Caras, entre outras; nos jornais Brasil Econômico e Valor Econômico, de circulação nacional; e, claro, em todas as concessionárias Chevrolet, que têm uma decoração exclusiva para exibir o lançamento. Para os profissionais da GM do Brasil, o modelo também foi apresentado de maneira criativa, de 14 a 16 de setembro, como relata o coordenador: “Em todas as unidades da empresa, montamos uma tenda com pelo menos um carro e uma tela touchscreen [sensível ao toque], na qual eles podiam montar um quebra-cabeça e perceber detalhes do automóvel. Só de passar por ali, eles ganharam um marca página da Chevrolet”. E teve mais: “No dia 21 de setembro, em cada unidade da GMB, foi realizado um sorteio. Os sortudos ganharam um vale de R$ 3 mil para viajar com um acompanhante, pela agência de turismo CVC, para qualquer lugar do país”. Já que o Cruze é tão moderno, não poderiam faltar maneiras de divulgá-lo pela internet. Izabel Sasso, coorde- [ 62 OUTUBRO D E 2 0 1 1 Fabio Gonzalez/ABC Imagem Fotos Fabio Gonzalez/ABC Imagem