Caderno de Resumos

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Caderno de Resumos
CADERNO DE
RESUMOS
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
DISPOSITIVOS POÉTICOS PROVOCADORES E A POLÍTICA DE NEGRITUDES
Adriana Patricia dos Santos (Doutorado; CAPES); Orientador: Stephan A. Baümgartel; UDESC
A relação entre política e teatro se deu e se dá em diferentes práticas teatrais de diversos modos; no entanto,
a especificidade política intrínseca na linguagem teatral possui nuances particulares ante a especificidade
política das relações sociais. Em se tratando de levar questões de negritude por meio do teatro tem-se que a
luta por uma emancipação do negro através do teatro se deu e se dá em diferentes aspectos, porém com este
fator comum que é problematizar e/ou evidenciar as políticas de representação com relação às questões
raciais e identitárias. Nesse sentido, o desafio que nos apresenta seria em que medida o discurso político
propõe uma poética cênica? Como potencializar o diálogo entre ambas as especificidades políticas: as
políticas de representação social e a teatral? A comunicação que segue é parte de uma reflexão da práxis de
minha pesquisa que busca evidenciar os riscos dos discursos coloniais e pós-coloniais identitários com
relação a negritudes a partir da noção de dispositivos cênicos provocadores como geradores de teoria.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
TEATROS DO PAMPA GAÚCHO: TENSÕES DE UMA AÇÃO DE RESISTÊNCIA E
RESTAURAÇÃO
Adriano Moraes de Oliveira; Universidade Federal de Pelotas
A presente comunicação busca evidenciar um trajeto de pesquisa iniciado em 2013, cujo principal objetivo é
o de identificar quais os modos de organização dos teatros do Pampa Gaúcho. O título da pesquisa é
\"Teatros do pampa gaúcho: modos de ser das manifestações teatrais das regiões da Campanha e Fronteira
Oeste do RS\". O termo “teatros”, na pesquisa, se refere a toda e qualquer manifestação teatral: o
funcionamento de espaços, a organização de trabalho e projetos de grupos, as demandas de espectadores e
poderes públicos, ações isoladas de artistas, etc. A opção em considerar de modo muito amplo o termo
\"teatros\" revela de antemão que o teatro na região do pampa é uma instituição precária em função,
principalmente, da polarização dos recursos econômicos em cidades de médio e grande porte. Embora isso
não se configure uma novidade essa informação é importante para contribuir no entendimento da condição
de trabalho teatral que pode ser percebida em qualquer microrregião distante dos eixos com concentração de
indústria e, consequentemente, com maior circulação de recursos financeiros. Contudo, o que foi possível
verificar no trajeto de pesquisa é que a escassez econômica e a precariedade de condições de trabalho
promoveram também uma grande diversidade de fazeres e saberes teatrais pulverizados em comunidades
também muito diversas.
Apoio: CNPq
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
PORQUE EU TENHO TANTA NOSTALGIA DE VÓS? REVOLUÇÕES MOLECULARES NA
RELAÇÃO INDIVÍDUO-COMUNIDADE
Anderson Luiz do Carmo (CAPES); Orientador: Sandra Meyer Nunes; UDESC
A premissa do texto é de que política e poética são dimensões co-extensivas e indissociáveis no fazer
artístico e se dão a ver sempre em conjunto e apenas em função de atravessamentos mútuos. Como estudo de
caso se propõe uma análise do solo "Finita" de Denise Stutz; tencionando a fronteira entre teatro e dança,
privado e público, arte e vida, presença e ausência, Denise produz arte política na medida em que a narrativa
estruturada entorno do desejo de compor uma obra a ser dedicada a sua mãe recém-falecida desencadeia
reflexões sobre as motivações, impulsos e questões que levam qualquer artista a produzir uma obra. Toda
obra seria um manuseio ético-estético que trata de mobilizar os que a acessam a partir de um abalo que
mobilizou o artista: indivíduo e comunidade seriam atravessados em diferentes escalas por um mesmo afeto.
Pensando desde a perspectiva articulada por Virgínia Kastrup em suas "Políticas da cognição" a
possibilidade revolucionária vislumbrada em um horizonte utópico da arte residiria em uma escala
molecular, pretendendo transformar não o mundo ou a sociedade, mas sim os modos pelos quais os
indivíduos se relacionam com este mundo e com esta sociedade.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
(TRANS)AÇÕES: REFLEXÕES SOBRE UMA OFICINA DE TEATRO COM TRANSGÊNEROS
André Luiz Silva Rodovalho; Orientador: Profa Dra Mara Lucia Leal; Universidade Federal de Uberlândia
Este artigo relata a experiência de uma oficina de teatro com transgêneros não atores, proveniente de uma
pesquisa de mestrado em Artes Cênicas em andamento. O interesse de trabalhar com o público trans nasce
de uma pesquisa sobre teatro e identidade sexual realizada como bolsista do programa PIBID durante a
graduação em Teatro. Esse desejo também está relacionado aos meus trabalhos de travestimento teatral
enquanto ator, feitos dentro e fora da graduação a fim de discutir cenicamente questões de sexualidade e
gênero. Travestis e transexuais são discriminad@s ao assumirem suas identidades de gênero, muitas vezes
ao serem expuls@s de casa são acolhidas na prostituição, pois se evadem das escolas devido ao preconceito
e consequentemente não encontram inserção social e oportunidades no mercado de trabalho. A oficina
inicialmente trabalhou metodologicamente com a vertente performática investigando suas potencialidades
da performance autobiográfica. No entanto foi notada uma má adaptação das alunas transexuais em relação
à exposição de seus corpos durante as propostas de exercícios cênicos, o que gerou uma evasão das aulas. A
partir do ponto de vista de ministrante da oficina foi observado o conflito dos corpos trans e suas
performatividades de gênero em relação à prática teatral. A partir dessa experiência faço uma ponte com a
teoria Queer e com estudiosas de gênero contemporâneas como Judith Butler, Guacira Louro e Guaraci
Martins.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
RUPTURAS RÍTMICAS
Andréia Aparecida Paris (Capes); Orientador: Prof. Dr. Milton de Andrade Leal Junior; UDESC
Este artigo pretende discutir como a performance Art, desde a década de 60, vem desconstruindo o
fenômeno rítmico em seus trabalhos, gerando, de acordo com a Ficher-Lichte, mudanças de paradigmas,
quebrando a ideia de ritmo subordinado à lógica dominante da trama, tornando-o o princípio superior ou
exclusivo de organização e estruturação do tempo. Deste modo, pretende abordar os princípios de repetição
e a desahierarquização dos elementos cênicos e rítmicos que foram um dos principais elementos de
produção da dramaturgia da performance, desconstruindo a estrutura dos trabalhos artísticos,
proporcionando mudanças estéticas e filosóficas, procurando quebrar padrões, buscar novas formas de
exposição, composição e criação.
Apoio: UDESC - Programa de Pós Graduação em Teatro
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
MORTE E VIDA SEVERINA NA DITADURA MILITAR: O ANARQUISTA ROBERTO FREIRE E
O TEATRO COMO RESISTÊNCIA
Carla Fernanda da Silva (CAPES/PDSE; Doutorado e Doutorado Sanduíche); Orientador: Profª Dra. Renata
Senna Garraffoni; UFPR - Universidade Federal do Paraná
Em 1965, Roberto Freire foi convidado pelo DCE - PUC/SP para compor o grupo que fundou o teatro
TUCA -Teatro da Universidade Católica.Cuja primeira peça foi Morte e Vida Severina, texto de João
Cabral de Melo Neto e musicada por Chico Buarque de Holanda. O grupo pretendia discutir a miséria do
povo brasileiro oprimido pela Ditadura Militar, por meio do sertão nordestino exaltado no poema. Foi um
grande sucesso no Brasil e, em seguida, premiada como melhor peça do Festival de Teatro Universitário de
Nancy/França. Este estudo cartografou a atuação de Roberto Freire junto à criação do TUCA e das peças
Morte e Vida Severina e O&A. Com entrevistas e pesquisa documental em São Paulo, Rio de Janeiro,
Nancy e Paris, pretendeu-se estabelecer a importância da apresentação de Morte e Vida Severina nas
discussões sobre a Ditadura Militar brasileira na França e seu posterior auxílio aos exilados, assim como a
influência das discussões francesas sobre política e engajamento do teatro. O TUCA, inspirado em Brecht,
pretendeu ir além de uma nova estética teatral e tinha como intenção não mais “abastecer o aparelho de
produção, sem o modificar”, ou seja, para além de levar o cotidiano do trabalhador brasileiro para o palco,
fazia-se necessário não deixá-lo ser apenas um entretenimento da classe média e dos intelectuais, mas sim
permitir que o teatro pudesse ser um ‘agente de mudança’ e resistência frente a ditadura militar estabelecida
no Brasil.
Apoio: CAPES/PDSE
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
A DINÂMICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS EM TEATRO DE GRUPO: UM ATO DE
RESISTÊNCIA À PRESSÃO POLÍTICA
Carlos Eduardo da Silva; Orientador: Prof. Dr. Sérgio Romanelli; UFSC
Esse trabalho pretende investigar a pressão política como um dos dinamizadores das relações interpessoais
em teatro de grupo e como os coletivos respondem, modificam-se e reconfiguram-se ao longo de suas
trajetórias a partir desses estímulos nas próprias relações. Essa investigação ocorre em razão do nosso
interesse pelas Grupalidades teatrais e a lacuna de literatura. Para tanto, faz-se uma revisão de literatura
desde a perspectiva pela vertente da Psicologia e Psicanálise, Filosofia e Teatro, agenciando-se
investigadores que possibilitem dar pluralidade ao tema, aplacar em parte a questão da falta literária
construir uma base epistemológica. Além disso, busca-se examinar a experiência dos grupos de teatro
através de entrevistas dirigidas e semiestruturadas com dezesseis artistas provenientes de sete coletivos
representativos das últimas três décadas do movimento de teatro de grupo do Brasil, sendo: Ói Nóis Aqui
Traveiz (RS); Grupo Galpão (MG); Companhia Stravaganza (RS); Companhia de Teatro Atores de Laura
(RJ); Companhia dos Atores (RJ); Companhia do Latão (SP); e Companhia São Jorge de Variedades (SP).
Em cada grupo entrevistam-se alguns artistas para averiguar como os coletivos internalizam a pressão
política em suas relações, seu efeito de agregação ou desagregação e o impacto nos processos criativos e na
cena ao longo de suas trajetórias.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
ESTRANHA RUA: UMA MIRADA BRECHTIANA PARA A INTERVENÇÃO URBANA.
Cassiana dos Reis Lopes (CAPES; Mestrado); Orientador: Tereza Mara Franzoni; Universidade do Estado
de Santa Catarina
O presente artigo pretende estabelecer um diálogo entre o conceito de estranhamento utilizado por Bertolt
Brecht com as práticas de intervenção urbana do grupo “quandonde – intervenções urbanas em arte”, de
Curitiba/PR. Essa relação está no sentido de que em ambas (estranhamento e intervenção) existem rupturas
com o cotidiano; a não linearidade da dramaturgia e ações; e a intenção de retirar espectador/transeunte de
um lugar confortável e passivo, para gerar, de alguma forma, reflexão sobre o que está naturalizado. A partir
dessa comparação é possível detectar pontos em comum e diferenças no que tange às abordagens políticas
das duas linguagens artísticas. Assim é possível perceber a maneira como o político afeta suas práticas ou
como a prática se relaciona com o político.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
O LIVING THEATRE A AÇÃO POLÍTICA: CRIAÇÃO COLETIVA E ANARQUISMO
Cristina Sanches Ribeiro (CNPQ-Capes); Orientador: Prof Dr Edelcio Mostaço; UDESC
Esse trabalho aborda o Grupo teatral estadunidense Living Theatre e seu legado de experimentação teatral.
Começando com seus primeiros experimentos de criação coletiva e processo colaborativo através da
ideologia anarquista, práticas que influenciaram grupos teatrais em diversos países na América e Europa.
Também trata da questão do trabalho político do grupo, e como a utilização de certos métodos de trabalho
estabeleceram uma visão política e um trabalho de teatro de guerrilha. Através da história do grupo, na
busca de um teatro para formar um público, um teatro para transformar a sociedade, na rua e na
Universidade por meio de uma educação estética. Finalizando com a experiência da visita do grupo no
Brasil na década de 1970 a convite do Teatro Oficina.
Palavras-chave: Living Theatre, Criação coletiva, Teatro político, anarquismo.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
VOCALIDADE E REPRESENTAÇÃO DE GÊNERO EM CENA - REFLEXÕES SOBRE A
QUEERIZAÇÃO DO CORPO VOCAL NA PEÇA PEQUENO MANUAL DE INAPROPRIAÇÕES
daiane dordete steckert jacobs; Orientador: Dra. Maria Brígida de Miranda; UDESC - Universidade do
Estado de Santa Catarina
Este artigo problematiza relações entre vocalidade e representação de gênero em cena a partir da peça
Pequeno Manual de Inapropriações (2014), prática da pesquisa de Doutorado em Teatro da autora. Adota-se
o termo corpo vocal a partir da filósofa Adriana Cavarero para se fazer referência à integridade psicofísica
entre corpo e voz e à materialidade corporal da voz. Utiliza-se o conceito de queer a partir das Teorias de
Gênero, principalmente da filósofa Judith Butler. O queer diz respeito a não fixação de identidades sexuais,
a entre-lugares dissonantes gênero. A busca da queerização do corpo vocal no processo de criação da peça
Pequeno Manual de Inapropriações visou desestabilizar padrões de representação cultural de gênero através
da vocalidade, utilizando a performance art e o teatro performativo como linguagem, além de
procedimentos de criação vocal diversos, tais como poesia sonora, intermediação tecnológica da voz, dentre
outros.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
A CIRCULAÇÃO DO ESPETÁCULO $EM VINTÉN$ COMO AÇÃO ARTÍSTICA E POLÍTICA
Diego de Medeiros Pereira; Universidade do Estado de Santa Catarina
A partir da experiência desenvolvida com a montagem do espetáculo $em Vintén$, produzido no curso de
Licenciatura em Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC e sua circulação por seis
cidades desse estado, pretende-se discutir as relações e tensões existentes entre o processo pedagógico de
criação, no âmbito acadêmico, e sua aproximação de públicos diversos, como ação política de formação de
plateia e como contrapartida social. O espetáculo, livremente inspirado em “A Ópera do Três Vinténs” de
Bertolt Brecht, enfatiza as relações de poder e a corrupção incrustados em diferentes camadas da sociedade e
se utilizada de recursos cênicos e dramatúrgicos para causar o efeito do “estranhamento”, proposto por
Brecht, evidenciando, em cena, questões políticas do contexto brasileiro. Os conceitos de “dialogismo” e
“polifonia” de Mikhail Bakhtin oferecem o suporte teórico para a reflexão sobre os elementos que
aproximam a obra de Brecht e os recursos cênicos adotados da realidade brasileira. Como ação artística a
apresentação do espetáculo, seguida de debates nas cidades, permitia aos atores e ao público discutirem a
dimensão (e ação) política da obra.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
SHOW TRAVESTI: ENTRE ACCIÓN ARTÍSTICA Y ACCIÓN POLÍTICA.
ELIAKINS LÓPEZ MARÍN; Orientador: MARIO FERREIRA PIRAGIBE; UNIVERSIDADE FEDERAL
DE UBERLANDIA
Los show travesti presentan una fuerte carga de elementos teatrales, espectaculares y performativos que nos
permiten catalogar este tipo de presentaciones como prácticas artísticas. A partir del desenvolvimiento de
dicho posicionamiento, el presente trabajo pretende reflexionar sobre el discurso político que se desprende
de este tipo de acciones representativas y los alcances que estas han venido teniendo a lo largo de la historia.
La creación de formas de posicionamiento y materialización que chocan con lo previamente establecido
presupone un movimiento eminentemente de resistencia; en ese orden de ideas, partir de la configuración de
la mutación/ hibridación/ metamorfosis que la práctica y el show travesti generan, se pretende mostrar este
nuevo modelo de lucha, dejando en evidencia la transversalidad y alcances que el teatro tiene en escenarios
no convencionales y en prácticas no instituidas de manera canónica como arte.
Palabras claves: show travesti, teatralidad, performance, acción política.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
O MITO DE MEDEIA COMO A REPRESENTAÇÃO DA RESISTÊNCIA FEMININA:
MEMÓRIAS DO MAR ABERTO.
Eliane Benatti de Freitas; Universidade Estadual de Londrina
Apresentamos, neste artigo, uma reescritura do mito de Medeia por entendermos que esse mito contém
pressupostos necessários para reflexões imprescindíveis na contemporaneidade. Referirmo-nos ao mito de
forma consistente e direta é uma ação justificável, visto que tanto os mitos quanto as religiões gregas, sejam
elas a chamada de oficial ou as advindas de manifestações populares são constituídos por elementos
essenciais para a compreensão da manifestação teatral grega, ou seja, das tragédias. E essa essencialidade
vai mais além. Compreender os mitos e, por meio deles, compreender as tragédias clássicas são fatos que
permitem um entendimento mais profundo dos significados e intenções contidos nas reescrituras
contemporâneas, que apesar de tratarem da problemática que circunda o homem dos séculos XX e XXI, não
perdem o fio trágico que as liga à Grécia antiga. Esta comunicação tem como objetivo auxiliar os
pesquisadores de reescrituras sobre mitos gregos a compreenderem em que medida o sentimento de
vingança e sua execução, representados pelo mito de Medeia permanecem, mantêm-se intactos, sofrem
mudanças ou desaparecem nas reescrituras. O leitor/espectador encontra-se diante de uma heroína dilacerada
pela dor, mas com força e altivez capazes de recuperar sua condição perdida no passado, uma heroína que
faz justiça, que reequilibra as forças e que põe fim a um conflito.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
UM TEATRO POLÍTICO NA PB
Eliane Lisboa; UFCG - Universidade Federal de Campina Grande
Há vários anos desenvolvendo uma prática teatral na linha brechtiana, o Coletivo de Teatro Alfenim, de
João Pessoa, tem se colocado como um dos mais importantes grupos de teatro no estado da Paraíba, e que
tem alcançado abrangência nacional. Seu trabalho, marcado por releituras e investigações voltadas para a
questão político-social da atualidade, tem conseguido reunir em torno de si um grupo de estudiosos e um
público crescente cativo. Este estudo faz um breve apanhado da trajetória do Alfenim, desde seu surgimento
em João Pessoa, as diferentes montagens e buscas e, sobretudo, busca analisar nesta trajetória as opções
teatrais/dramatúrgicas que procuram atender a sua visada ideológica assumidamente contestatória.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
II CONGRESSO BRASILEIRO DE TEATRO: DIÁLOGOS E APONTAMENTOS
Emanuele Weber Mattiello; Orientador: Fátima Costa de Lima; Universidade do Estado de Santa Catarina
O Congresso Brasileiro de Teatro surgiu em 2011 por uma provocação da Cooperativa Paulista de Teatro, a
partir da necessidade de articulação dos artistas e produtores. As demandas nacionais e regionais foram
apresentadas na Carta de Osasco, entregue pelo fórum presente à então Ministra da Cultura Ana de Holanda.
Em sua segunda edição, ocorrida na cidade de Florianópolis, com o tema modos de organização e
sustentabilidade do teatro, o evento foi organizado pela Federação Catarinense de Teatro e pelo Fórum
Setorial Permanente de Teatro de Florianópolis, na qual integrei a Comissão Geral. A proposta desse artigo
é traçar um diálogo com as discussões realizadas em torno da problemática central do evento, realizando um
balanço dos desdobramentos do congresso e, por fim, apresentar apontamentos sobre esta ação para os
rumos do teatro brasileiro, baseando-se nos conceitos de meios de produção e de história, segundo o autor
Walter Benjamin. Essa pesquisa é parte do meu projeto de mestrado Produção crítica no teatro catarinense:
anotações para outros rumos, em curso no Programa de Pós-Graduação em Teatro da Universidade do
Estado de Santa Catarina.
PALAVRAS-CHAVE: CONGRESSO BRASILEIRO DE TEATRO, TEATRO BRASILEIRO, MODOS
DE ORGANIZAÇÃO, MEIOS DE PRODUÇÃO, HISTÓRIA.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
DO ARENA AO “SHOW OPINIÃO”: SOBRE A ESTÉTICA E A POLÍTICA NO TEATRO
BRASILEIRO.
Everton da Silva José; Orientador: Elen de Medeiros; Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da
Universidade Federal de Ouro Preto
Do Arena ao “Show Opinião”: sobre a estética e a política no Teatro Brasileiro.
A comunicação procura refletir, a partir de um acompanhamento histórico, as práticas estéticas e políticas do
Teatro de Arena em diálogo direto com o “Show Opinião”, realizado em 1964. Por este viés, propõe-se uma
investigação sobre as possíveis influências no âmbito estético e político na composição e realização deste
espetáculo, requerendo aprofundamentos acerca das perspectivas e reflexões que foram inqueridas sobre esta
manifestação artística. Dessa forma, pretende-se compreender a proposta do Show Opinião à luz de uma
perspectiva política que se desenvolve desde a prática de engajamento do Arena. Essa apresentação é parte
da pesquisa de mestrado em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da
Universidade Federal de Ouro Preto, denominada: “SHOW OPINIÃO – Uma investigação sobre a estética e
a política da década de 60”. Nosso objeto de estudo está inserido no “Núcleo de Pesquisa em Teatro
Brasileiro Moderno e Contemporâneo”, ligado à Universidade Federal de Ouro Preto, sob a orientação e
coordenação da professora doutora Elen de Medeiros.
Palavras Chaves: Show Opinião; Teatro de Arena; Estética; Política; Teatro Brasileiro.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
SERIA O PERFORMER O INSURGENTE DA CENA CONTEMPORÂNEA?
Felipe Henrique Monteiro Oliveira (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia); Universidade
Federal da Bahia
Este escrito pretende realizar especulações sobre o performer como um insurgente da cena contemporânea,
isto porque quando está em cena esse artista tenta eximiamente encontrar um elo entre arte e vida, e não a
separação de ambas, pois como não tem como ponto modal de seu trabalho a intenção de se tornar
impavidamente um ilustrador-reprodutor coreográfico-textual como os outros artistas da cena se
configuram, ele passa a assumir através da presença de seu corpo a função de ser sujeito, objeto e trajeto de
arte na efemeridade em sua performance, visto que tem por objetivo a definição de um estilo artístico
poroso, de uma linguagem própria que seja expressa pelo seu corpo em ação. Neste contexto, elucubro sobre
a performance Reliquiarium experientiis que apresentei no dia 24 de novembro de 2014 no Largo de São
Francisco (Pelourinho) em Salvador/BA, e fez parte das apresentações criativas da disciplina Processos de
Encenação, ministrada pela Profa. Dra. Sonia Rangel, no doutorado do Programa de Pós-Graduação em
Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
MANUMITO
Fernando Cardoso Rezende Alves; IARTE - Instituto de Artes
MANUMITO significa Alforrio, Liberto, Emancipo. Ao entrar dentro da sala de aula do município para
ministrar aulas de teatro vejo corpos lutando contra a docilização forçada, contra a punição e acima de tudo
contra a supressão da individualidade. Esses corpos gritam por alforria. Nesse trabalho peço para os alunos
que exponham suas dores e revoltas e jogue elas no papel em forma de desenho. Esse é o primeiro momento
catártico. O segundo é performático. Embalados pelo som e projeção do clipe Another Brick in the Wall do
Pink Floyd, os alunos, agora amordaçados e amarrados, lutam para libertarem-se das amarras. A proposta de
exposição desse trabalho compreende um artigo contextualizando todo o trabalho e uma filmagem da
performance com os alunos bem como uma performance minha com a música.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
POSSIBILIDADES DE ENVOLVIMENTO DO ESPECTADOR NA MONTAGEM JOGATINA A
PARTIR DE RECURSOS ÉPICOS BRECHTIANOS.
Francisco de Paulo D'Avila Junior; Maria Amelia Gimmler Netto; Orientador: Maria Amelia Gimmler
Netto; Universidade Federal de Pelotas
O presente texto trás uma análise sobre o desenvolvimento prático de construção de cenas para a elaboração
da montagem Jogatina, um dos resultados do projeto de pesquisa: Jogatina-Jogo de aprendizagem, teatro
pós-dramático e suas contribuições para a pedagogia do teatro. A peça teve apresentações na Universidade
Federal de Pelotas e em quatro escolas de ensino formal da cidade. A análise se desenvolve a partir do
reconhecimento de recursos épicos brechtianos na estrutura de cenas, como: a reconfiguração do palco e
plateia, o envolvimento de espectadores na cena teatral, o uso de recursos extra teatrais na dramaturgia, a
construção de imagens contraditórias e a relação direta entre atores e espectadores. A reflexão apresentada
evidenciará o quão importante é a articulação desses recursos para o efetivo jogo do espectador na cena, seja
pela conquista do envolvimento dos espectadores no jogo de cena, seja pela falta dele. Busca-se, assim, tecer
um parecer crítico acerca dos resultados da prática de composição de cenas desenvolvida na pesquisa acima
citada.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
ASPECTOS POLÍTICOS E SOCIAIS NAS DRAMATURGIAS DE ORRIS SOARES E EDUARDO
CAMPOS
FRANCISCO WELLINGTON RODRIGUES LIMA; Jerônimo Vieira Lima; André Luiz dos Santos;
Universidade Federal do Ceará, Universidade do Porto, Universidade Regional do Cariri
A pesquisa dar-se-á em torno das dramaturgias que, em meados do século XX, no Brasil, discutia a
sociedade e a política brasileira, trazendo assim, grandes inquietações/implicações/reflexões para a cena,
uma vez que estas utilizavam-se de um discurso sócio-politizador. No Nordeste do país, este estilo
dramatúrgico ganhou expressividade e repercutiu nas produções teatrais de Orris Soares, da Paraíba e,
Eduardo Campos, do Ceará; dois importantes dramaturgos que, de modo particular, projetaram a cena e o
discurso sócio-político no contexto dramatúrgico brasileiro, não ficando atrás, inclusive, de outros nomes
consagrados, como Gianfrancesco Guarnieri, autor da obra “Eles Não Usam Black-Tie”. O objetivo da nossa
pesquisa é investigar a dramaturgia sócio-político de Orris Soares (Paraíba) e de Eduardo Campos (Ceará),
bem como evidenciá-los precursores do teatro sócio-político nos respectivos Estados da Região Nordeste do
Brasil. Para tal, buscamos trabalhar com autores que dissertaram sobre teatro, política, sociedade, cultura,
como Rosenfeld (2009), Ripellino (1986), Faria (2012), Bernard Dort (2010) dentre outros, além das
análises das obras de Orris Soares, Rogério (1920), e de Eduardo Campos, Os Deserdados (1952),
comprovando assim, a existência de um teatro sócio-político nas primeiras décadas do século XX na região
Nordeste do país, conforme aponta a obra dos respectivos autores.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
LEITURA, LITERATURA, TEATRO E EDUCAÇÃO: ENTRE CAMINHOS POÉTICOS E
PEDAGÓGICOS.
Heloise Baurich Vidor; UDESC
O presente artigo apresenta aspectos centrais desenvolvidos na tese Leitura e Teatro: aproximação e
apropriação do texto literário, uma investigação interdisciplinar entre as áreas de teatro, educação, literatura
e leitura. De cunho teórico-prático, o projeto buscou apontar possibilidades poéticas e pedagógicas no
caminho da aproximação e da apropriação do texto escrito. A partir de uma revisão de diferentes
modalidades de leitura, desde a leitura em voz alta até a leitura cênica, foram propostas experimentações
com a leitura de textos literários em performance associada a práticas teatrais lúdicas advindas do campo do
teatro, com crianças, jovens e adultos, no contexto de educação formal e informal. A pesquisa deu
indicativos de que a união entre leitura e teatro pode ser revitalizadora para ambos os campos, criando
espaços potentes para imbricar ensino com criação artística.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
RE-VISÃO DO TEATRO: A IMAGEM TEATRAL SOB OUTROS OLHARES
Ibrahim Ferreira Estôpa (Bolsa de Iniciação Ciêntífica; PIBIC); Orientador: Ana Maria Pacheco Carneiro;
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Esta pesquisa visa à criação de um material didático para o ensino do teatro, voltado prioritariamente para
pessoas surdas. O material que está sendo criado é composto por sete vídeos em LIBRAS (primeira língua
do surdo) que abordam a história do teatro, cada vídeo será acompanhado de uma apostila rica em
linguagem imagética, escrita em português (segunda língua do surdo), garantindo apoio aos estudantes de
teatro. Ao finalizar a criação do material, este será distribuído à ONGs, associações e Escolas que possuem
trabalhos voltados ao público surdo, o interesse desta pesquisa é que os materiais criados sejam de acesso
livre e gratuito, promovendo uma educação acessível a toda comunidade interessada. Respeitar a cultura e as
necessidades dos alunos é essencial para um processo de ensino-aprendizagem satisfatório, assim, diante da
defasagem de materiais que respeitem a cultura e a língua do surdo, pensando em proporcionar igualdade de
oportunidades entre surdos e ouvintes, e diante da escassez de materiais voltados ao ensino do teatro que
atendam as necessidades dos surdos, esta pesquisa foi implementada. O conjunto desenvolvido nesta
pesquisa pretende ser capaz de proporcionar um vislumbre de novos caminhos e possibilidades, podendo ser
utilizando por qualquer pessoa que se interesse pela temática, surdos e ouvintes, da forma que mais
contribua para cada situação específica, respeitando o surdo como cidadão.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
CEGOS EM PERSPECTIVA DIALÓGICA: PERFORMATIVIDADE, POLÍTICA E EDUCAÇÃO
Igor Stein Mariano; Jean Carlos Gonçalves; Universidade Federal do Paraná
Este estudo, vinculado ao Grupo de Pesquisa ELiTe – Laboratório de Estudos em Educação, Linguagem e
Teatro (UFPR/CNPq), propõe uma reflexão sobre a obra Cegos do grupo de performances urbanas Desvio
Coletivo, sediado em Curitiba – Paraná/Brasil. Partindo de materialidades verbais, visuais e ou verbovisuais, que integram o blog e a página do facebook do grupo, são observados aspectos que se desdobram na
relação entre performance, política e educação, tais como o contato com o público da cidade, a noção de
performatividade atrelada à resistência e a modificação do espaço urbano proposta pela performance em
questão. Esses dados são analisados no cruzamento com algumas reflexões de um performer do grupo,
enquanto participante de uma das intervenções realizadas na cidade de Curitiba, através do programa Palco
Giratório do SESC, inclusos aí, relatos de processos didáticos desenvolvidos pelo Desvio Coletivo. A
pesquisa dialoga com os Estudos da Performance, como apresentados por Richard Schechner e com as
relações entre Teatro Performativo e Pedagogia, discutidas por Josette Fèral, recorrendo, ainda, à Análise
Dialógica do Discurso, que tem nos estudos de Bakhtin e o Círculo sua principal ancoragem teórica.
Apoio: ELiTe - Laboratório de estudos em Educação, Linguagem e Teatro (UFPR/CNPq)
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
O ROTEIRO COMO ATO POLÍTICO
Jeferson de Vargas Silva (CAPES; Mestrado); Orientador: André Carreira; UDESC
O eixo principal do artigo é refletir sobre a construção ideológica de processos teatrais que trabalham com a
ideia de roteiro teatral e a desierarquização das funções no teatro de grupo contemporâneo. Três pontos são
evidenciados. Primeiro, uma reflexão sobre a diferença entre texto dramatúrgico e roteiro, e roteiro teatral e
audiovisual. O segundo ponto: quais são as implicações políticas de uma abordagem horizontal, em que as
funções são preenchidas durante a necessidade do processo e não previamente; problematizando, assim, as
nuances do indivíduo e suas posições dentro de um coletivo. E, por último, problematizar sobre os níveis e
formas de participação dos espectadores no processo criativo.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
A CENA CONTEMPORÂNEA: PERFORMATIVIDADE TRANS E SUA RELAÇÃO ENTRE
ARTE, POLÍTICA E SOCIEDADE
JERÔNIMO VIEIRA DE LIMA SILVA; FRANCISCO WELLINGTON RODRIGUES LIMA ;
FACULDADE DE BELAS ARTES DA UNIVERSIDADE DO PORTO
Este artigo analisa a performatividade transgênera a partir do conceito de apolíneo e dionisíaco em
Nietzsche e os estudos sobre sexualidades contemporâneas e sua relação com aspectos artísticos, políticos e
sociais. Podemos perceber um profícuo estudo em torno da arte da performance e outros dedicados à
performatividade de gênero. Desde os anos de 1960 até o momento observamos que as discussões sobre o
assunto têm sido cada vez mais complexas. Não obstante, por ser o teatro essencialmente a arte da
transformação, do travestimento e do enthousiasmós, a partir do pensamento antigo grego, podemos
confrontar tais elementos com a cena contemporânea, sobre a perspectiva do conflito entre a representação
convencional e o sentido transgressor da performance. No corpo reside o ato performático, transferindo a
atenção para o performer. Nesse jogo de mobilidade entre significados e significantes, os signos semiótico e
semântico diferenciam-se. De um lado o que é estático, organizado em sistema e do outro o que é dinâmico,
dado pelo processo. Esse ato transgressor da performance podemos inseri-lo no campo do discurso políticosocial, uma vez que tais processos permitirão múltiplas leituras e relações proximais com o espectador. Na
performance não encontramos o sentido de representação como vemos no drama. Há a ausência dos
elementos convencionais do teatro. A performance centra-se no corpo do performer e nele se basta.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
PALCO, SALA DE AULA E RUA: AÇÕES TEATRAIS E POLÍTICAS
João Pedro Gil; Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Através do percurso artístico e pedagógico do pesquisador serão apresentados no presente artigo os
significados estéticos e políticos da formação cultural de docentes. Com base na teoria crítica e no exercício
da pesquisa em cursos de graduação e pós-graduação em artes cênicas, o autor discute os vetores que
moveram os processos criativos e políticos ao longo de trinta anos no magistério superior e quarenta anos
na carreira artística. Como enfrentar a ausência de público? Como fortalecer o ensino de teatro na escola?
Como ampliar os espaços cênicos? A luta pela liberdade de expressão e pela profissionalização do trabalho
artístico, a falta de referenciais para os jogos teatrais, são os principais temas revistos, com objetivo de
oferecer aos artistas e educadores possibilidades de interferências transformadoras da cultura, sem dissociar
em nenhum momento a teoria com a prática social.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
IMPROVISAÇÕES CÊNICAS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O
ENSINO DE ARTE
John Karllus Paula (CAPES; Modalidade C); Orientador: Ana Carneiro; Universidade Federal de
Uberlândia
Sob a minha orientação os alunos do terceiro ano do EJA da Escola Estadual de Educação Especial Risoleta
Neves, fizeram improvisações em vários espaços dentro da escola, durante as aulas de arte, interferindo
nestes ambientes de forma livre, pois não existia um texto decorado e nem marcações.
Após muitas improvisações, oficinas de teatro e conversas, chegamos a história infantil “Cinderela”.
Com as personagens já estabelecidas, começaram-se os ensaios, foram feitas várias versões para o conto, a
cada dia eram agregadas novas falas, novos movimentos, novas interações entre as personagens, e entre as
personagens e o público, possibilitando aos estudantes uma maior consciência do corpo como ferramenta de
comunicação, interagindo com o meio, e promovendo o desenvolvimento da criatividade.
Considerando que se trata de alunos com diversas deficiências, pode se afirmar que a produção atingiu o seu
cume considerável: a valorização desses alunos enquanto pessoas com potenciais para criação, pois a
oportunidade em si, ofereceu uma forma de linguagem universal por meio do movimento, algo que foi
evidenciado por mim.
Assim, no que diz respeito ao aspecto emocional, esta integração por meio da arte cênica vem promovendo
gradativamente, um bem-estar graças a desinibição de suas potencialidades, pois depois da primeira
apresentação em público, esses alunos vêm adquirindo confiança em si mesmos, disciplina e equilíbrio da
ansiedade.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
PERFORMANCE NO CAPS III: ENTRE A NORMALIDADE E A LOUCURA
José Cleber Barbosa de Lima (CAPES ; Pós-graduação); Orientador: Prof. Dra. Nara Salles; Universidade
Federal do Rio grande do Norte - UFRN
Este artigo consiste em analisar os processos colaborativos criativos da performance “Quebrando Muros”,
realizada com assistidos do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III- Caminhar), localizado no bairro dos
Bancários, região sul da cidade de João Pessoa/PB. Este CAPS possui registro de mais de 1000 pacientes e
aproximadamente 400 frequentam o espaço para tratamento mental. Através deste estudo é possível discutir
as diversas fases da criação performática dentro da perspectiva da loucura. Segundo Foucault (1991) A
loucura é o último estágio anterior à morte, a insanidade significou para muitos grandes artistas – como
Nerval, Allan Poe, Van Gogh, Artaud, Nietszche – a supressão da obra, o silenciamento da criação. As
performances podem transportar o assistido para um estado de liberdade, criando novos horizontes para sua
vida e tornando-o autônomo, uma vez que muitos assistidos perderam suas identidades ao longo dos anos,
por permanecerem abandonados em hospitais psiquiátricos. Para os assistidos, participar da experiência da
performance no CAPS foi uma forma de conhecer o mundo e principalmente despertar o conhecimento de si
próprio.
Apoio: CAPES- CNPq
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
PERFORMANDO ARTISTICIDADES NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
JOUBERT DE ALBUQUERQUE ARRAIS (CAPES/PROSUP; PARCIAL); Orientador: HELENA TÂNIA
KATZ; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - PUCSP
Estamos inquietos. Como é dançar o mundo contemporâneo performando aderências e distanciamentos entre
artevida e artemercado; e, especificamente, como é performar no mundo contemporâneo dançando
desempenhos e virtuosismos de corpos-artistas? Por isso, propomos discutir a relação saber/poder do corpo
que dança no contemporâneo (AGAMBEN, 2009) de suas artisticidades (RANCIÈRE, 2008), a fim de
perceber as potências políticas de um dançar-performando mundos e de um performar-dançando
possibilidades. Alguns títulos de programas de TV de competição em dança (EUA, POR, BRA) e também
nomes de espetáculos de dança contemporânea (SP, CE, PR, RJ) evidenciam a questão do discurso
competente (CHAUÍ, 2014). Isso nos possibilita pensar o ser/sendo artista em tempos pós-fordistas/póscapitalistas (GIELEN & DE BRUYNE, 2012) e a performatividade de suas primeiras, segundas e terceiras
pessoas gramaticais/discursivas (ESPOSITO, 2009). Como hipótese, temos que o movimento político dos
corposartistas tendem a ser corposmídias (KATZ & GREINER, 2005) dos fundamentos do neoliberalismo –
um deles é o indivíduo ter mais importância que a sociedade. Logo, podemos refletir, politicamente: que
visibilidades uma ação artística instaura enquanto performance de individualidade em situações/contextos da
competição capitalista?
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
KIKIKOI: O RITUAL DOS MORTOS NA ÁREA INDÍGENA KAINGANG XAPECÓ/SC
Jovani Antonio dos Santos; Orientador: Tereza Maria Franzoni; UDESC/CEART
KIKIKOI: O RITUAL DOS MORTOS NA ÁREA
INDÍGENA KAINGANG XAPECÓ/SC
O artigo busca discutir a ação política e artística do Kujá, o xamã tradicional Kaingang, no Kikikoi, o ritual
dos mortos da Área Indígena Xapecó, no Estado de Santa Catarina, com base nos Estudos da Performance,
em particular nos trabalhos de Victor Turner e Richard Schechner. No passado, esta prática xamânica
ocorria em todas as aldeias Kaingang. Devido às pressões e proibições de órgãos oficiais e entidades
religiosas, este ritual ficou interrompido por mais de vinte anos até ser retomado em 1976, na Área Indígena
Xapecó, com uma nova configuração política que o transformou em marco de resistência cultural e
indianidade, na luta pela demarcação de terras e direitos indígenas. No texto traço este percurso de
transformações e passagens caracterizado por um fazer antropológico, construído através da herança cultural
do Kujá. O ritual dos mortos está alicerçado sobre uma concepção do mundo específica dos Kaingang,
justificado por seus mitos encenados e atualizados durante o cerimonial. São performances em que o Kujá
rememora o primeiro tempo do mundo, a saga dos heróis fundadores e o cataclisma do dilúvio, numa festa
de confraternização entre os vivos e os mortos e, por fim, na separação dos dois planos, e no equilíbrio
cosmogônico.
Palavras chave: estudos da performance, Turner e Schechner.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
UM PROTOCOLO DE VESTÍGIO E CONTINUIDADE
Jussara Belchior Santos (CAPES); Orientador: Dra. Sandra Meyer Nunes; UDESC
O Grupo Cena 11 Cia de Dança, que completa vinte e dois anos de trajetória em 2015, instaura um projeto
sobre continuidade e identidade, Protocolo Elefante parte principalmente das perguntas: Por que continuar?
Como continuar? Entende-se que a palavra protocolo está relacionada a registro e formalidade enquanto que
elefante se associa ao mito e ao fato, o elefante que se afasta para morrer e a impossibilidade do bicho em
acompanhar sua manada. Protocolo Elefante é um posicionamento político em formato de processo e obra
(previsto para estrear em 2016) que tensiona memória e atualização como parâmetros investigativos
intrincados e que reconstroem, incessantemente, o modo de estar e produzir no tempo, assim como a
singularidade e coletividade da dança do grupo. É este questionamento político sobre o fazer dessa dança
que pretende ser trabalhado neste texto. Esta é, portanto, uma reflexão sobre a necessidade de se perguntar,
sobre a urgência de se reinventar e sobre revelação de vestígios como potência na produção do grupo Cena
11.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
OBSERVATÓRIO DO CORPO
Lainon Willian (CAPES; pibid ); Orientador: Raquel Guerra; UFSM
Nesse contexto contemporâneo, de confluência de tecnologias de comunicação e informação, de novos
dispositivos de produção e circulação de imagem, ocorrem processos de transformação cultural e social que
também interferem na produção artística, seja direta ou indiretamente. No campo das artes cênicas, as
experimentações com dispositivos de tecnologias da imagem tem sido elementos presentes na cena de
alguns diretores e grupos de teatro, dança e circo. Ou seja, o espaço da cena renova-se a partir dos
dispositivos tecnológicos de seu tempo, conforme apontam autores como Lehman, Pavis e Picon-Vallin,
que analisam este contexto e colaboram com a reflexão desse estudo. O trabalho aqui exposto tratará em
específico das tecnologias de produção da imagens projetadas sobre o corpo, durante a prática docente que
intitulo \'observatório do corpo\", de modo a gerar novos sentidos e significados sobre a cena e questionar
qual a atitude política que o corpo assume em relação as imagens projetadas com as quais dialoga.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
RUPTURAS E RESQUÍCIOS DO CONTROLE MILITAR NA DITADURA – RUA, ARTE E
MANIFESTO.
Lara Tatiane de Matos (Capes ); Orientador: André Luiz Antunes Netto Carreira; UDESC
As ditaduras e seus processos de terrorismo e controle são importantes marcos na história do Brasil,
Argentina, Uruguai e Chile. É um fato conhecido que os regimes militares destes países trabalharam na
tentativa de “moldar a cultura e o comportamento” e ainda, tinham um foco constante no trabalho de
despolitização da sociedade. Hoje atravessamos momentos de evidente transformação desde as aberturas
democráticas, transformação que pode ser vista no confronto de posicionamentos sobre todos os tipos de
temas sociais, e mais que isso, na visibilidade/notoriedade/importância que estes confrontos ocupam. Temos
uma organização virtual dos movimentos, através das redes sociais, mas uma concretização física (e parece,
decisiva), que se dá na rua. A rua é o palco final dos confrontos de ideias, é nela que se expressa a
concordância ou a baixa adesão sobre determinado posicionamento político, como uma “prova final” de
determinada organização ou causa. Este artigo busca pensar o que se rompe e o que permanece desde o
regime militar no Brasil em relação a atual circunstância da rua como espaço latente da manifestação
política. No texto serão usadas diferentes manifestações na tentativa de exemplificar, ou materializar as
questões, desde performances artísticas, passando por protestos, na busca de ressaltar o espaço fundamental
da rua como campo político.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
ACESSIBILIDADE COMUNICACIONAL PARA O TEATRO
Liliana Barros Tavares (Facepe; Bolsa de Pós Graduação); Orientador: Nina Velasco e Cruz; Universidade
Federal de Pernambuco - UFPE
Este trabalho tem como objetivos apresentar as duas tecnologias assitivas, audiodescrição e interpretação de
Libras, que mais contribuem para que as pessoas com deficiência visual ou auditiva ampliem a compreensão
de uma peça de teatro; e fomentar o debate sobre a produção e a exibição dessas duas formas de tradução.
Inicialmente, irá discutir como a acessibilidade comunicacional está sendo inserida em espetáculos teatrais,
tanto para beneficiar o público com deficiência quanto para incluir pessoas com deficiência no elenco, e em
seguida irá levantar questões sobre as repercussões da inserção da audiodescrição e da Libras no resultado
final da obra.
Por fim, este trabalho busca refletir sobre a inclusão da acessibilidade comunicacional em produtos culturais
impulsionada principalmente pela exigência da lei e dos editais de fomento à cultura, como o do Funcultura,
em Pernambuco. Defende que este é o momento para que os três eixos implicados nesse processo inclusão, o
público com deficiência, os profissionais da acessibilidade e os produtores culturais, possam discutir e
participar ativamente das ações que o Ministério da Cultura está promovendo como, por exemplo: as
consultas públicas e a criação de um guia de acessibilidade para produções audiovisuais.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
MESA COLABORADORA COMO PROCEDIMENTO DE UMA ENCENAÇÃO PARAGUAIA
LUIZ EDUARDO RODRIGUES GASPERIN; Orientador: NARCISO LARANGEIRA TELLES DA
SILVA; UFU/IARTE/MESTRADO EM ARTES
A linha condutora dessa escrita inicia-se no ano de 2009, com o surgimento da companhia Em Borrador na
cidade de Assunção, capital do Paraguai. Com o propósito de experimentar o fazer teatral, elegendo sempre
um tema amplo como impulso criador. Assim nasce ARRITMIA... así el silencio no es tan fuert, tendo como
tema gerador a internet. Durante a criação um vestígio do processo criativo será violado, a mesa colabora
desenvolvida pela encenadora Paolo Irun com seus atores. Este procedimento expõem os materiais brutos,
sem necessariamente uma linearidade, uma amostragem das investigações feitas pelos atores até aquele
ponto. A mesa é composta por artistas de diversas linguagens, que observam e no fim apontam suas opiniões
perante o que foi visto.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
SOB OS OLHARES DO GRUPO: A DESESTABILIZAÇÃO DAS HIERARQUIAS NOS
PROCESSOS DE CRIAÇÃO CÊNICA
Marcela Mancino; Orientador: Márcio Mattana e Sueli Araujo; Universidade Estadual do Paraná - Campus
II de Curitiba / Faculdade de Artes do Paraná
Criações cênicas não-hierárquicas são processos nos quais todos os artistas e elementos participantes
trabalham em conjunto para a criação de uma obra de múltipla autoria. O teatro é, historicamente, uma arte
extremamente hierarquizada, sendo inicialmente dominada pelos grandes autores, depois os autores e os
diretores, e mais tarde os encenadores. Atualmente, há um esforço para que essas posições se desconstruam,
e essa decisão não é somente uma questão política no sentido de valorizar o trabalho dos diversos artistas
envolvidos de forma justa, mas é também traçar o caminho de uma obra completa na qual todos os seus
elementos recebam igual cuidado e atenção.
“Sob Os Olhares do Grupo” é resultante da pesquisa que venho desenvolvendo desde que entrei na
Faculdade de Artes do Paraná, em 2012. Durante este período, participei de quatro processos colaborativos,
e estou agora iniciando um novo projeto. Neste artigo abordarei a trajetória histórica da não-hierarquia, as
diferentes formas de desestabilização que vem sendo praticadas no teatro, e algumas experiências dessas
práticas, tanto minhas quanto de outros grupos.
Penso que a não-hierarquia seja uma forma política de fazer teatro, em vez de uma forma de teatro político.
É a afirmação das necessidades do encontro e da escuta dentro do processo criativo, diluindo os egos
preservando as individualidades, e fazendo com que a direção emirja do próprio processo.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
A ESCRITA E O ESTUDO POÉTICO SÃO POSSIBILIDADES DE SE FAZER PESQUISA
ACADÊMICA?
Márcia Souza Oliveira; Orientador: prof. Dr. Renata Bittencourt Meira; UFU/ UFGD
A ESCRITA E O ESTUDO POÉTICO SÃO POSSIBILIDADES DE SE FAZER PESQUISA
ACADÊMICA?
Márcia Souza Oliveira
UFU/UFGD
Seria possível aprofundar no entendimento da performance e no modo como ela mobiliza questões vitais?
Seria a performance o movimento de olhar o como e quais elementos acionam as questões vitais? A
performance seria também a possibilidade de interação com o educacional? O lugar de um
professor/professora em interação com a educação? O que um professor/professora em performance propõe
no processo de ensino aprendizagem? O continuum espaço-tempo da performance encerra-se com a
pesquisa? Estas questões sobrevieram dos inacabamentos de uma pesquisa em mestrado no PPGArtes/UFU
sob orientação da professora Drª Renata Bittencourt Meira. Pesquisa na qual a performance foi experimento
da artista docente pesquisadora que transitou entre a tensão dinâmica da percepção do si mesma (eu mesma)
e a elaboração poética de uma não máscara. A sensibilização corporal, o movimento, o não movimento, o
cultural, a vida, a arte, os caminhos artista-docente, o diálogo do educador com o seu processo no ensinoaprendizado alcançaram novas problemáticas para ação do artista no processo educacional que nasceu da
experiência de contato e convivência com portadores de necessidades especiais em uma instituição.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
A INSTRUMENTALIZAÇÃO TÉCNICA DOS ALUNOS NAS AULAS DE TEATRO: POSSÍVEIS
CAMINHOS DE FRUIÇÃO ENTRE O APRECIAR E O FAZER TEATRAL
Marcio Dias Pereira; Orientador: Narciso Telles; Universidade Federal de Uberlândia
A educação nos dias atuais está calcada mais na transmissão de conteúdos do que a investigação dos
conhecimentos. Esse fato se concretiza a partir do instante em que a escola coloca-se em uma condição
tecnicista – aquela que precisa instrumentalizar os alunos para o mercado de trabalho – em contraposição a
escola que deveria ser – aquela responsável na criação dos saberes dos alunos a partir de suas experiências
particulares. A questão que levanto: A instrumentalização técnica dos alunos de determinados
conhecimentos poderia ser feita a partir dos saberes que esses alunos carregam em si? O método de ensino
foi baseado nas experiências teatrais que obtive juntamente com o Diretor Francês Gilles Gaetan Gwizdek,
em que seu objetivo principal era fazer a passagem do texto dramático de teatro para a o espaço de
representação. Como embasamentos teóricos serão utilizados os autores Jorge Larrosa Bondía e Flávio
Desgranges, no que tange seus pontos de vistas sobre a educação e a transmissão dos conteúdos e
conhecimentos para os alunos. O intuito é relacionar à experiência obtida na pesquisa, realizada na Escola
de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia - ESEBA com os alunos do ensino básico, com
os apontamentos dos dois pensadores. Dessa forma, buscar os pontos de inter-relação existentes entre o
sujeito que transmite o conhecimento e os sujeitos que recebem tais conhecimentos.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
TEATRO A PARTIR DO REAL ENQUANTO AÇÃO POLÍTICA
Marco Antonio de Oliveira; Orientador: André Luiz Antunes Netto Carreira; Universidade do Estado de
Santa Catarina - UDESC
O presente artigo analisa as criações cênicas a partir de elementos do real, movimento bastante evidente no
teatro contemporâneo, sob a perspectiva da efetividade de suas irrupções em cena enquanto ações políticas.
Entendo tal movimento teatral não somente como uma tendência formal, mas sobretudo como uma
possibilidade de reação ao desvanecimento do real presente na cultura de nosso tempo a partir de uma
retomada da linguagem especificamente teatral, ou seja, localizando sua especificidade criadora na
possibilidade de compartilhar o mesmo tempo e espaço entre os produtores teatrais e o os espectadores: o
teatro encontra potência na premissa de que é uma das únicas artes que se produz ao mesmo tempo que é
recebida pela audiência. Para tanto, discorro sobre o desenvolvimento do teatro a partir do real, seus motivos
e suas consequências, a partir de exemplos que evidenciam a cena enquanto ação política no contexto teatral
e no contexto social. Utilizo como base o autor espanhol José Antonio Sánchez.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
CAMINHO DE VIVÊNCIA POÉTICA E DE AÇÃO POLÍTICO-EDUCATIVA: JOGATINA DE
CENAS
MARIA AMÉLIA GIMMLER NETTO; Orientador: MARIA AMÉLIA GIMMLER NETTO; UFPel
Investigamos possibilidades metodológicas para a aprendizagem em teatro contemporâneo a partir das peças
didáticas de Bertolt Brecht e do conceito de teatro pós-dramático de Hans-Thies Lehmann, com o projeto
“Jogatina: jogo de aprendizagem, teatro pós-dramático e suas contribuições para a pedagogia do teatro”.
Nele experimentamos a criação e composição de cenas teatrais, a prática da direção rotativa, a montagem de
cenas em sequencias, a criação de dramaturgia própria, a quebra da linearidade da narrativa teatral, o manejo
de elementos cenográficos em cena e a realização de apresentações em escolas públicas, como caminho de
vivência poética e de ação político-educativa. A busca de hipertextos em forma de vídeos, fotos, músicas e
textos dramáticos nos auxiliou a compreender os conceitos teatrais elegidos, por meio da realização de
seminários internos ao grupo. Tornar os participantes aptos à aplicação teórica e prática dos estudos
conceituais, das experiências poéticas experimentadas e das discussões acerca das relações sociais - ou
relação dos homens entre os homens, conforme Brecht - foi uma meta que impulsionou a nossa pesquisa. As
possibilidades de aplicação da metodologia de composição de cenas desenvolvida em laboratório, bem como
a recepção teatral do experimento pelos jovens estudantes do ensino médio são as reflexões que nos ocupam
neste momento.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
O PÓS-DRAMÁTICO NA SALA DE AULA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PÓSDRAMATICIDADE COMO METODOLOGIA DE ENSINO
Maria Helena Santana Moreira; Ariane Guerra Barros; Universidade Federal da Grande Dourados
Este artigo pretende discutir a abordagem do pós-dramático como metodologia de ensino do teatro dentro do
contexto escolar brasileiro, em específico na Escola Estadual Maria da Glória Muzzi Ferreira, com alunos do
3º ano do Ensino Fundamental I, no estado do Mato Grosso do Sul na cidade de Dourados, levando em
consideração os contextos políticos, sociais e culturais nos quais os alunos estão inseridos. Estarão em foco
discussões sobre como a presença do teatro performativo em sala de aula contribui para a construção do
pensamento político-social do aluno acerca de seu cotidiano, suas relações interpessoais e de que forma
pode-se interagir de forma crítica e artística com estas relações. Este artigo faz parte da pesquisa em
desenvolvimento desta autora dentro do curso de especialização latu sensu em Teatro: Poéticas e Educação
da Universidade Federal da Grande Dourados.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
CONTATO IMPROVISAÇÃO - UMA INVESTIGAÇÃO PEDAGÓGICA
Mayana Marengo Machado; Orientador: Prof. Dr. José Ronaldo Faleiro; UDESC
O presente trabalho procura explicar os princípios físicos e pedagógicos que nortearam a pesquisa da
primeira geração de artistas/professores do Contato Improvisação (CI).
Estudar as práticas pedagógicas acerca do ensino do CI e da criação de um corpo que responde às situações
de improviso com rapidez e inteligência, pode contribuir para uma melhor compreensão no que diz respeito
a suas propostas para as poéticas do corpo e a formação do ator-dançarino. Este trabalho coloca o foco no
papel dos princípios físicos do movimento, da educação somática e das artes marciais orientais na criação e
no ensino de CI – aspectos dominantes no início de sua criação. Quando o CI começa a ser compreendido e
visto pela classe artística como um sistema complexo de agenciamentos do corpo e de criação em dança,
perdendo o estigma de uma dança que se preocupa antes de tudo em fazer contato social ou afetivo com o
outro, tanto as abordagens de improvisação em dança quanto os artistas tem a ganhar.
Proponho um estudo do momento inicial do CI no qual era muito presente a investigação das leis físicas do
movimento e como estas podiam potencializar a criação em dança. Interessa-me elucidar como este
momento inicial continua presente e vivo nas práticas atuais de ensino da primeira geração do Contato
Improvisação e fortalecer a concepção deste enquanto uma contribuição artística para as práticas de Dança.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
QUANDO ÉTICA E ESTÉTICA SE ENTRELAÇAM: A PRESENÇA DO ARTISTA COMO COMPOSIÇÃO
Milene Lopes Duenha (Capes; Doutorado); Orientador: Sandra Meyer Nunes; Universidade do Estado de
Santa Catarina
QUANDO ÉTICA E ESTÉTICA SE ENTRELAÇAM: A PRESENÇA DO ARTISTA COMO COMPOSIÇÃO
Autora: Milene Lopes Duenha (Bolsa CAPES); Orientadora: Prof. Drª Sandra Meyer Nunes; Instituição:
UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina
Essa proposta traz uma discussão sobre a presença do artista em relação com o meio, lançando questões
acerca de possíveis implicações éticas do fazer artístico presencial. A noção de com-posição é delineada,
inicialmente, como possibilidade de aproximação de um fazer artístico favorável à geração e gestão do que
poderia se estabelecer como comunidade no instante do encontro entre artista e público. Trata-se aqui de
uma presença que com-põe com o mundo, ao observar seu entorno, e ao assumir seu papel no que diz
respeito à potencialização das relações, e da própria vida, por meio de uma ética dos afetos. Autores como
Bento Espinosa, Bruno Latour, Virgínia Kastrup, João Fiadeiro, Fernanda Eugénio e Jacques Rancière são
as principais referências desse escrito que se faz por uma perspectiva fenomenológica.
Palavras-chave: Presença. Ética. Com-posição.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
EITALC: UMA AÇÃO A(RT)VISTA NA FORMAÇÃO TEATRAL LATINO AMERICANA
Narciso Larangeira Telles da Silva (Narciso Telles) (CNPq; PQ); Universidade Federal de Uberlândia
A produção teatral latino-americana, historicamente, foi e vem sendo realizada, substancialmente, pelo
Teatro de Grupo. Grupos como: Galpão, Tá na Rua, Teatro Taller, Yuyachkani, Ói Nóis Aqui Traveiz, La
Candelária entre outros, são alguns expoentes do teatro latino-americano. Esses coletivos, surgidos nas
décadas de 1970 e 1980, foram construindo um projeto estético próprio, desenvolvendo sua pesquisa de
linguagem, investigando de forma diferenciada o processo formativo do artista-cênico. São as formas
grupais que majoritariamente têm contribuído historicamente para o crescimento e a ampliação da produção
teatral em nosso continente. As idéias de movimento e identificação congregam-se, ao observarmos as
atividades artístico-pedagógicas dos grupos. Muitos, no decorrer de sua trajetória, vão ampliando espaços de
ação direcionados para as atividades educacionais. Quase todos desenvolvem uma estrutura de treinamento,
para o aperfeiçoamento de seus atores, e um conjunto de oficinas de formação/ aperfeiçoamento de sua
linguagem para outros artistas. A presente comunicação é um recorte de um projeto maior que procura
reconstruir pelas vozes de seus artistas-pedagogos o projeto da Escola Internacional de Teatro da América
Latina e Caribe (EITALC), fundada em Havana – Cuba como uma ação a(rt)vista da Casa de Las Américas
com o apoio do Governo de Fidel Castro.
Apoio: CNPq - UFU
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
PROPOSIÇÕES PARA UMA CORPOREIDADE DE RESISTÊNCIA
Paloma Bianchi (FAPESC; mestrado); Orientador: Prof. Dra. Sandra Meyer Nunes; PPGT-CEART-UDESC
Os treinamentos, as técnicas e os modos de preparação corporal do teatro e da dança da atualidade
conservam suas raízes de pesquisa em métodos desenvolvidos no século XX. Mesmo que esses métodos
sejam relevantes e eficazes – como é o caso das ações físicas de Stanislavski, do teatro ritual de Grotowski,
da concepção de corpo dilatado de Eugenio Barba ou ainda do ballet e das técnicas de dança moderna e
contemporânea como Limón, Graham, Cunningham ou contato-improvisação, dentre tantas outras
abordagens –, eles situam-se em uma época histórica e social díspar da qual vivemos hoje e, por
consequência, oferecem respostas àquilo que dizia respeito a sua época. Visto que cada ambiente solicita e
constrói tipos de conduta específicos – sejam esses de consonância, de resistência ou de insubordinação –,
por correlação, pode-se induzir que o processo artístico demanda estratégias mais articuladas no que se
refere aos modos de treinamento da dança e do teatro. É possível pensar o corpo como meio primordial de
uma conduta efetivamente de resistência? Será que podemos pensar em uma prática e em um treinamento
que viabilizem uma corporeidade eminentemente de resistência? Caso seja possível, quais seriam as
estratégias de construção de uma corporeidade de resistência? Mais do que oferecer respostas, o presente
artigo apresenta uma discussão sobre o tema e sugere possíveis preposições de uma corporeidade de
resistência.
Apoio: PPGT-CEART-UDESC
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
AO LAVRAR O MAR, A TEMPESTADE
Patricia Freitas dos Santos (FAPESP; pesquisa); Orientador: Sérgio Ricardo de Carvalho Santos; USP ECA - CAC
A peça “A Tempestade” de Augusto Boal insere-se em um contexto de produção tanto brasileiro, quanto
latino-americano bastante conturbado. Escrita em 1974 e nunca encenada até 1981, a adaptação feita por
Boal da obra-prima de Shakespeare dialoga com as intensas ditaduras que naquela época já assolavam o
Cone Sul e também com perspectivas de alcance popular e de eficácia política que a arte engajada poderia,
aos olhos do autor, oferecer. É neste mesmo período que Boal diagnostica a urgência da prática teatral
disseminada através das técnicas do teatro do oprimido. Não por acaso, a data de publicação de "Teatro do
Oprimido e outras Poéticas Políticas" converge com o ano em que o autor finaliza a escrita da peça.
Centrando-se em tais aspectos, a comunicação irá propor a análise de uma peça comumente tão esquecida
em consonância como seu momento histórico e com o “descobrimento” das técnicas de teatro do oprimido.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
TEMPORADA BLUMENAUENSE DE TEATRO (TBT): UMA ALTERNATIVA PARA O
DESENVOLVIMENTO COLABORATIVO DA PRODUÇÃO TEATRAL LOCAL NA CIDADE DE
BLUMENAU.
Paula Sofia da Igreja; Orientador: Dra. Marilda Checcucci Gonçalves da Silva; PPGDR - Programa de Pósgraduação em Desenvolvimento Regional
Este trabalho aborda os conceitos de economia solidária e desenvolvimento solidário analisados na
disciplina Dinâmicas Socioeconômicas no Território da Pós-Graduação de Desenvolvimento Regional da
FURB. Sob esta perspectiva, o texto tem por objetivo contar a história da formação do movimento coletivo
dos grupos de teatro de Blumenau denominado Temporada Blumenauense de Teatro e refletir sobre a
atuação política dos artistas perante as instituições públicas do município de Blumenau. Para coletar as
informações sobre a Temporada Blumenauense de Teatro, foram realizadas três entrevistas no mês de junho
de 2013: Entrevista 1: Pepe Sedrez, atua no teatro blumenauense desde 1986. Diretor da Cia. Carona de
Teatro há 17 anos. Diretor da Carona Escola de Teatro, residente no Teatro Carlos Gomes. Participou da
criação da Temporada Blumenauense de Teatro e da criação do Fundo Municipal de Cultura. Entrevista 2:
Ana Paula Mockgonan, bacharel em Artes Cênicas - FURB (2012), sócia-proprietária da empresa Atuar
Produções, organizadora da Jornada Latino Americana de Estudos Teatrais (FITUB), atual coordenadora da
Temporada Blumenauense de Teatro (2013). Entrevista 3: Leo Kufner, bacharel em Artes Cênicas – FURB
(2007), atual administrador da Cia. Carona de Teatro (2013), participou da criação da Temporada
Blumenauense de Teatro e foi coordenador entre 2009 e 2010.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
GESTUS: PROVOCADOR DA EXPRESSÃO DA POLÍTICA DO CORPO
Raquel Purper (Capes; Doutorado); Orientador: Edélcio Mostaço; Universidade do Estado de Santa Catarina
RESUMO: Bertolt Brecht, diretor e dramaturgo alemão, dizia que aquilo que era tomado pelas pessoas
como mais individual e íntimo, mesmo os sentimentos, os gostos e as inclinações, era produzido dentro do
registro social e incorporado por cada um como sua própria natureza. Sendo assim, na leitura de Jameson, o
Gestus, procedimento essencial do teatro épico de Brecht, consiste em identificar nas atitudes mais
cotidianas a sua dimensão social e isso quer dizer que, mesmo os sentimentos e pensamentos mais íntimos,
aquilo que se chama mundo particular, tem sua dinâmica explicada por motivos sociais, econômicos e,
portanto, coletivos: são as repetições de determinadas atitudes, transformadas em atitudes-padrão, que irão
se consagrar como representação de um povo e de uma época. Partindo deste entendimento, apresento, como
proposta de discussão, a identificação do Gestus como procedimento compositivo de ações artísticas
enquanto ações políticas, a partir da percepção do Gestus como provocador da expressão da política do
corpo. Percebo a aparição do Gestus, na maioria das vezes, durante as experimentações, porém há momentos
em que a percepção de sua existência ocorre após a formalização de uma determinada ação. A pesquisa está
em desenvolvimento dentro do Coletivo Mapas e Hipertextos, sediado na cidade de Florianópolis.
Palavras-chave: ação; coletivo; Gestus; individual; política
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
SINGULAR(ES)/COLETIVO(S): AGENCIAMENTOS POÉTICOS E POLÍTICOS NA PRÁTICA
TEATRAL
Renata Amabile Patrão (Capes/DS; Demanda Social); Orientador: Prof. Dr. Stephan Arnulf Baumgärtel;
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
A presente pesquisa reflete sobre os agenciamentos entre prática artística e prática política alcançados pelo
ERRO Grupo na intervenção urbana "IRRUPÇÃO: muda depende do tamanho da cova para criar raiz".
Realizada em 13 de maio de 2015 em Florianópolis, "IRRUPÇÃO" foi concebida como uma oficina de
criação calcada na expressão da coletividade dos atores. Mais que simples resultado da oficina, a obra foi
efetivamente construída no percurso empreendido pela cidade, mediante a adesão do público transeunte.
Apostando no impacto do entrelaçamento da performance e da instalação na prática teatral, a ação propôs
uma discussão acerca do lugar da natureza na sociedade contemporânea. Tal questão funcionou como
gatilho para que fosse experimentada uma comunidade em permanente movimento, constituída no diálogo
nem sempre fácil entre engajamento pessoal e soluções coletivas.
Apoio: PPGT
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
INTERVENÇÃO URBANA NO ESPAÇO ESCOLAR: UM NÃO-LUGAR DE CORPOR(AÇÕES)
Roberta Bernardo da Silva; Debora Frota Chagas; Orientador: Debora Frota Chagas; Colégio da Polícia
Militar do Ceará
Esta pesquisa é resultado de experimentações da relação corpo-espaço na perspectiva de um outro lugar para
os corpos, tanto atores (estudantes), quanto público (comunidade escolar) no Colégio da Polícia Militar do
Ceará. Tendo intervenções urbanas como pretexto e confrontando a estrutura convencional do italiano e do
arena, espaços como corredores, pátio, banheiros e escadas, que a princípio são de rápida circulação, foram
trabalhados segundo a perspectiva de Marc Auge, investigando esses não-lugares de forma a intervir nos
corpos e na própria constituição do espaço. As intervenções trazem desde pessoas deitadas e olhos vendados
nos corredores, bloqueando a passagem dos transeuntes e misturados entre palco e plateia, a aglomerados
que caminham pelo pátio ou se depositavam em frente ao banheiro masculino, em atenção a ouvir os
sussurros que são produzidos dentro. Nos chamados “Diálogos estéticos” após as apresentações, é
identificado um “corpo-espaço-corpo”, termo representando uma associação de mutualmente afetados. O
não-lugar é ainda considerado como potencializador poético da cena, podendo ainda ser político, visto que
os corredores, pátios e escadas da escola são proibidos de circulação no horário das aulas. A experimentação
possibilita aos estudantes outra perspectiva da relação corpo, espaço e intervenção, principalmente de
apropriação da escola, onde o convencional padrão militar é imposto.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
GRUPALIDADE E TEATRO DE GRUPOS
Rosane Rodrigues; Eduardo Coutinho; ECA USP
Uma vivência de 2 horas com os participantes da Jornada sobre etapas da formação de um grupo e conversa
final sobre como a atenção a alguns aspectos grupais pode elevar a qualidade das relações tanto em teatros
de grupo quanto com a plateia num espetáculo. Parte-se do pressuposto que qualquer intervenção teatral
constela um agrupamento, que pode se tornar um grupo, dependendo de como a equipe de atores se vincular
com a plateia, principalmente em teatros ,parcial ou totalmente improvisados.
O trabalho é atravessado pela abordagem sociopsicodramática de Jacob Levy Moreno (1889-1974)
Vivências desse tipo têm sido usada nas aulas de pós graduação da ECA USP, na disciplina de Grupalidade
e Teatro. E também foi utilizada em um minicurso em Cuba no festival de abril do ano passado.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
TRANSFIGURAÇÃO NA BRINCADEIRA, UMA ATUAÇÃO POPULAR
Sonia Laiz Vernacci Velloso; Orientador: Tereza Mara Franzoni; Universidade do Estado de Santa Catarina
Este artigo procura investigar aspectos da teatralidade encontrados nos folguedos populares brasileiros,
trazendo uma discussão sobre as características estéticas que podem colocá-los numa perspectiva
contemporânea das artes cênicas e refletir sobre os elementos que levam o ator/brincante num processo de
despersonificação, aproximando esse contexto à busca técnica de atuação que os reformadores do Teatro no
início do século XX empreenderam, principalmente enfocando o uso das máscaras e indumentárias que
mascaram o corpo, como princípios norteadores de uma forma expressiva ao encontro de novas
subjetividades. Além da identificação desses elementos de caráter técnico, tais elementos, intrínsecos ao
jogo da brincadeira popular, pertencem também, na contemporaneidade, a um plano de ação política de
resistência.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
A PEÇA DIDÁTICA COMO PROCESSO DE REFLEXÃO POLÍTICA
Vicente Concilio; UDESC
O presente artigo se propõe a perceber de que forma estratégias de uso e processos instaurados a partir do
trabalho com o texto das diversas peças didáticas de Bertolt Brecht podem permanecer, ainda hoje,
vinculadas às ideias originais do dramaturgo alemão; ou seja, traduzem um desejo por uma formação
política e estética indissociada, na qual cena e reflexão estão imbricadas como estratégia de tradução crítica
do mundo.
Para isso, tomaremos como exemplo o processo que deu origem ao espetáculo BadenBaden, com
acadêmicos da Udesc, demonstrando como o processo de encenação do texto \\\\\\\"A peça didática de
Baden-Baden sobre o acordo\\\\\\\" foi instaurado e como as atrizes manifestaram seu posicionamento
político perante o tema central do texto: a relação do indivíduo com a coletividade.
AÇÃO ARTÍSTICA E AÇÃO POLÍTICA
RUÍNA DE ANJOS: UMA POÉTICA POLÍTICA EM JOGO COM A CIDADE
Vinícius da Silva Lírio; Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul
Este artigo surge como uma cartografia da poética da obra cênica híbrida “Ruína de Anjos”, da Outra
Companhia de Teatro, de Salvador-BA, com encenação de Vinícius Lírio. Nesse estudo se articulam
reflexões e o mapeamento de alguns princípios, dimensões, problemáticas e procedimentos que, em rede,
corroborariam para criação de um espaço-tempo híbrido, no que tange ao rompimento das fronteiras entre
linguagens cênicas (teatro, dança, performance e intervenção urbana), e um lugar de provocação, de
pensamento e de percepção de questões políticas caras ao nosso tempo. Para tanto, a encenação investiu no
as paredes do edifício teatral e imergiu numa interação real com o espaço-tempo que atravessa e pelo qual é
atravessada: a cidade, os corpos, a vida que anima Salvador, na Bahia. Assim, numa abordagem etnográfica,
autoetnográfica e à luz de princípios da Crítica Genética, tornou-se possível mapear alguns vetores dessa
criação e deu seu jogo político com a cidade. Foram articulados, ainda, os rastros de sua poética, os
pensamentos de estudiosos das Artes Cênicas, das Ciências Humanas e os discursos dos próprios sujeitos
desse processo criativo.
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
GENERALIZAÇÕES SOBRE O ESPECTADOR CONTEMPORÂNEO E O QUE ELE BUSCA NO
TEATRO
Afonso Nilson Barbosa de Souza; Orientador: Edélcio Mostaço; UDESC
O artigo traça um breve panorama sobre a transformação nos modos de ver teatro ao longo do século XX e
início do século XXI, fazendo correlações sobre as implicações do surgimento do cinema e a temida ameaça
de que essa arte viesse a substituir o teatro, ou mesmo, promover a sua ruína. A partir daí, as comparações
com a época atual e uma possível ameaça das novas mídias e do acesso irrestrito à informação como
concorrentes a um público que, pretensamente, pertencia ao teatro, são analisadas com base nos estudos de
Dennis Guenoun contidos em O teatro é necessário (2004) e A evolução das palavras (2003). Nesse sentido,
busca-se delimitar os interesses desse novo público e o que é possível que o teatro ofereça a ele. Também se
pergunta o que um público capaz de se conectar com seus pares do outro lado do planeta, com amplo acesso
à informação e possiblidade de interação e crítica imediata, espera do teatro, e mais, o que significa
participar de um evento artístico onde a narrativa e linearidade perdem espaço à performatividade e
interatividade.
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
JOGATINA NA SALA DE AULA: DO JOGO À REFLEXÃO COM JOVENS ESPECTADORES.
Anderson Morais Demutti; Maria Amélia Gimmler Netto; Orientador: Maria Amélia Gimmler Netto;
Universidade Federal de Pelotas
A recepção e apresentação da peça teatral “Jogatina” que é um dos resultados da pesquisa Jogatina:
aprendizagem em teatro pós-dramático e suas contribuições para a pedagogia do teatro, realizada na UFPel,
serão abordadas neste artigo. Foram planejadas e executadas mediações com alunos do ensino médio em
escolas da rede pública de Pelotas/RS, em um vínculo do projeto de pesquisa acima citado com uma ação do
PIBID Teatro UFPel. O foco do texto estará na ação de mediação realizada, desde o planejamento da
apresentação nas escolas, até a recepção da mesma e o debate com os estudantes espectadores realizado após
apresentação. O Instituto Estadual de Educação Assis Brasil, a Escola Estadual Felix da Cunha, a Escola
Técnica Estadual Professora Sylvia Mello e a Escola Dr. Augusto Simões Lopes foram os espaços de ensino
envolvidos na ação. A análise das declarações dos estudantes mostrará a transformação das sua expectativas
acerca da linguagem teatral, a partir da ação realizada nas escolas.
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
COLETIVO ATUANTES EM CENA: O ARTISTA-DOCENTE EM CENA.
Barbara Leite Matias; Orientador: Narciso Laranjeira Telles da Silva; Universidade Federal de UberlandiaUFU
Coletivo Atuantes em Cena: O artista-docente em processo.
Barbara Leite Matias, estudante do programa de pós graduação em artes- Mestrado sub-aréa artes cênicas da
Universidade Federal de Uberlândia- MG. Narciso Laranjeira Telles, Prof. Dr. da Universidade Federal de
Uberlândia- MG.
O trabalho discute a experiência entre sala de aula/ensaio partindo da vivencia dos artistas-docentes do
grupo de teatro Coletivo Atuantes em Cena da cidade de Juazeiro do Norte, Ceará. Nessa discursão
levaremos em conta o fator essencial deste coletivo; todos participantes são artistas-educadores. No campo
das construções artísticas-pedagógicas a vivencia está entrelaçada em seus cotidianos assim misturado aos
processos do grupo assim contribuindo para a desenvoltura dos processos em ambos espaços, na instituição
de ensino a relação com os nossos educandos, descobrindo meios de reinventar nosso “fazer” no grupo
sendo assim nós construímos e reinventamos as potencialidade a partir dessa vivência. Nesse estudo foi
dado um enfoque especial a três nomes do teatro: Narciso Telles, Antônio Araújo e Michael Chekchov em
paralelo com as abordagens pedagógicas de Paulo Freire. Esta analise mostrou que existe um diálogo
pertinente entre esses autores e as relações percebidas na vivência de grupos de teatro podendo assim
contribuir para o processo criativo a partir do artista-docente.
Palavras Chaves: Grupo de teatro, Cotidiano de grupo e Artista – Docente.
Apoio: Universidade Federal de Uberlandia-UFU
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
A REPETIÇÃO NAS PERFORMANCES DE MARINA ABRAMOVICHT COMO RECURSO DE
RESSIGIFICAÇÃO
Bruno Rafael Albuquerque Melo; Universidade Federal de Campina Grande
Este trabalho visa compreender a importância da repetição no trabalho de Marina Abramovicht, como
recurso utilizado para criar um topos cênico (Renato Cohen, 2002). Um dos principais nomes da
performance contemporânea, Marina Abramovicht desenvolveu trabalhos relacionados a diversos temas:
tempo, silêncio, os limites do corpo, sexualidade, relacionamentos e comunicação humana, onde a repetição
é um dos seus principais recursos. A compreensão do sentido desta repetição por parte do público é
determinante para que sua leitura alcance a ressignificação constituída neste gesto repetido, que vai muito
além da experiência individual, para alcançar um sentido político abrangente e questionador.
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
REFLEXÕES ACERCA DOS PROCESSOS DE REPRESENTAÇÃO E RECEPÇÃO TEATRAIS
CONTEMPORÂNEOS À LUZ DOS EXPERIMENTOS CÊNICOS DE PETER BROOK
Carlos Frederico Bustamante Pontes; Universidade Federal de São João del-Rei
Quais os aspectos intrinsecamente relacionados ao fenômeno teatral que conduzem ao interesse do
espectador e, consequentemente, à vitalidade da representação e encenação? Esta é a pergunta central que
norteou e continua a nortear, ao longo de quarenta e cinco anos de existência, o trabalho realizado pelo
diretor inglês Peter Brook e o Centro Internacional de Pesquisas Teatrais - CIPT. A comunicação em
questão pretende refletir, conceitualmente, sobre alguns destes aspectos que envolvem a relação entre atores,
atrizes e espectadores tendo como referência os diferentes materiais dramatúrgicos e contextos
socioculturais a partir do quais Peter Brook concebeu e realizou os seus eventos teatrais. Analisar o
significado e o sentido destes “eventos”, denominação esta dada pelo próprio Brook aos seus experimentos
cênicos, à luz de correlações observadas entre eles e a física pelo teórico da ciência Basarab Nicolescu, bem
como pelo próprio Brook e artistas que trabalham com o encenador, é o intuito desta comunicação. O
objetivo é permitir que as aproximações existentes entre a vida, as questões prementes de nosso tempo e o
teatro, enquanto preocupações fulcrais de Peter Brook, sejam encaradas por nós, pesquisadores e artistas,
como elementos que não podem estar dissociados e, por este motivo, são passíveis de estudo e prática no
âmbito das questões atuais que envolvem os processos de criação e recepção teatrais.
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
TRANSFORMAÇÃO E ENVOLVIMENTO: A IMPORTÂNCIA DO PÚBLICO EM O BEIJAFLOR E A ESTRELA
Célio Alberto de Ávila Freitas (PIBIC; Remunerada ); Orientador: Mario Ferreira Piragibe; Universidade
Federal de Uberlândia
Você já percebeu como um beija-flor pode voar rápido? Por vezes essa rapidez é tanta que até mesmo o
vento se torna lento para seu interesse... um dia, um garoto que adorava observar as estrelas resolveu contar
aos amigos sobre como um passaro fez ele perceber a efemeridade dos sentimentos. E neste artigo, o garoto
resolve discutir e problematizar a relação entre ator e público na linguagem de Teatro de Objetos tendo
como principal fonte de discussão as apresentações da cena \"O Beija-Flor e a Estrela\",trabalhos teatrais
nascidos dessa reflexão, em diferentes ambientes como escolas, eventos univesitários entre outros.
Levantando as mudanças que ocorerram na ambientação, dramaturgia e objetos do processo após dois anos
de sua criação e um ano apos suas experiências de estágio na graduação.
Apoio: FAPEMIG
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
SOM E CENA: OS VIEWPOINTS E A MÚSICA COMO ESTÍMULOS PARA A IMPROVISAÇÃO
Eluhara Resende Videira; Orientador: Narciso Laranjeira Telles da Silva; Universidade Federal de
Uberlândia
O presente artigo aborda a improvisação a partir dos viewpoints em tempo real, em que público, atores e
operador/propositor de música e som estão em jogo (relação). É possível que o público interfira mesmo sem
conhecimento prévio, sonoramente na improvisação dos atores? Quando o público se torna propositor de
estímulos? E qual a relação dele com o operador de som?
Os Viewpoints (pontos de vista) são considerados uma técnica de improvisação que surgiu a partir da dança
pós-moderna. O treinamento de Viewpoints possibilita um vocabulário comum para pensar e agir sobre
movimentos e gestos. Desenvolve a articulação e precisão dos movimentos e possibilita construir a relação
de um coletivo de maneira espontânea e intuitiva, gerando material criativo e movimento para o palco.
Assim sendo os elementos sonoros e musicais juntamente com o conceito de Viewpoints podem assegurar
ao ator e ao operador de som, um auxílio no seu processo criativo, independente da linguagem estética que
venha a ser acionado num determinado processo de montagem.
Apoio: Instituto de Artes (IARTE); CNPQ
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
O AUTO-TEATRO DE HÉLIO OITICICA E A ESTÉTICA DO PERFORMATIVO:
PROBLEMATIZANDO AS FRONTEIRAS ENTRE ESPECTADOR, OBRA E ARTISTA.
Everton Lampe de Araujo (CAPES; Bolsa de Pesquisa ); Orientador: Edélcio Mostaço; Universidade do
Estado de Santa Catarina
A pesquisa em andamento busca investigar parcialmente a produção artística de Hélio Oiticica em Nova
York, onde viveu nos anos 70 e mais especificamente acerca da noção de "auto-teatro", que aparece em seus
cadernos de pesquisa e se desdobra em certas proposições, possibilitando compreende-la na criação de
espaços e também como atitude determinante na própria produção de experimentações corporais. Ao romper
com as fronteiras entre espectador, obra e artista é que o "auto-teatro" se inscreve aqui em diálogo direto
com a "Estética do Performativo", em que Érika Fischer-Lichte busca problematizar a divisão das estéticas
de produção, obra e recepção enquanto impossibilidade no que se refere a acontecimentos que fujam de
estruturas tradicionais. E neste sentido, se inscrevendo no questionamento de como estas proposições
colocam-se - de forma ideológica e materializada- na prática da cena contemporânea. Tornando-se produtivo
levantar questões sobre como tais discussões se cruzam pela perspectiva do "auto-teatro" e da "Estética do
Performativo". Onde é possível discutir os desdobramentos e dissolução da dicotomia sujeito-objeto e a
efemeridade da realização cênica à luz de Hélio Oiticica sobre a vida como ato de criação.
Apoio: CAPES/UDESC
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
CENTRO DE ARTES CÊNICAS DO MARANHÃO: UM CENTRO FORMADOR DE ATORES
Gilberto dos Santos Martins (CAPES); Orientador: Prof. Dr. Luiz Humberto Martins Arantes; Universidade
Federal de Uberlândia
Esta investigação nos conduz a olhar para o resgate histórico por meio das memórias dos colaboradores do
Centro de Artes Cênicas do Maranhão e pensar uma micro- História da única escola de teatro de nível
técnico pública do Estado do Maranhão. A pesquisa se dá por um recorte a partir de sua primeira iniciativa
com o Curso Livre de Formação do Ator em 1991 propiciado pela Companhia Oficina de Teatro, permeando
até o ano de 2001, quando a escola já havia sido regularizada pelo Conselho Estadual de Educação,
enquanto instituição de formação técnica de artistas de nível médio. Nesse sentido, transferir para a escrita
as memórias dos que por lá passaram ou dos que ainda contribuem para formação de atores em São Luís do
Maranhão nesse espaço. Para que se torne possível a construção micro histórica do Centro de Artes Cênicas
do Maranhão e sua análise, adotamos como metodologia de pesquisa a História Oral. É com o objetivo de
contribuir na feitura escrita da história do teatro no Maranhão e assim ampliar a reflexão e observância dos
desafios da formação do ator brasileiro, que nos propomos a realizar uma radiografia do percurso histórica e
reflexão do Centro de Artes Cênicas do Maranhão a partir da memória coletiva de seus colaboradores.
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
O PÚBLICO DO TEATRO CONTEMPORÂNEO: ENTRE O SIGNO E O NÃO-SIGNO
Joana Kretzer Brandenburg (Capes; Programa de demanda Social); Orientador: Fátima Costa de Lima;
PPGT - Universidade do Estado de Santa Catarina
Quando se fala em teatro pós-dramático, um teatro além do drama, a questão da mimese enquanto
representação fiel da realidade, dos símbolos codificados de Peirce, perde a sua força, criando uma busca
por um objeto aberto construído no aqui e agora teatral em conjunto com o público. Porém, muitas vezes
essa negação da mimese acaba criando trabalhos herméticos, codificados dentro de uma lógica desconhecida
para o público. A ausência de uma familiaridade nessa espécie de não-signo carrega uma informação
estranha que não consegue ser transformada em interpretante. Dessa forma é possível que o público não
consiga se relacionar com o acontecimento teatral. Talvez seja necessária a volta ao signo, mas de uma
maneira diferenciada ao que era no teatro dramático, para criar espaços de familiaridade em que o público
possa criar seus interpretantes.
Palavras-Chave: Público, Signo, Não-Signo.
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
TEATRO NA ESCOLA: DA INFORMALIDADE A FORMAÇÃO DE ATOR
José Luiz de Souza Santos; Orientador: Jean Carlos Gonçalves; Universidade Federal do Paraná
Este texto aqui apresentado tem como foco central relatar uma vivência docente em teatro, em uma escola
pública do litoral do Paraná, do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Tradicionalmente, a idéia de teatro
na escola está conectada a propostas das aulas de artes onde o professor aponta atividades teatrais atreladas
ao seu planejamento bimestral ou a apresentações direcionadas a datas comemorativas. No entanto, não é
destas formas de abordagens teatrais que se é tratado no presente texto, este tema está integrado a um
trabalho de oficinas informais de teatro na escola e como estas puderam contribuir para o direcionamento de
alunos para a formação profissional de ator.
A idéia é mostrar como o teatro pode estar presente na escola, seja na formalidade da sala de aula ou na
informalidade de uma oficina teatral. E neste momento, a informalidade aparece relacionada a propostas de
oficinas. No período que ocorreram as oficinas, foram realizadas observações a respeito das influências que
este trabalho estava acarretando sobre os estudantes, logo, pode-se identificar que alguns estudantes
passaram a buscar maior conhecimento sobre os assuntos abordados.
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
A TERRITORIALIDADE COMO ELEMENTO DESENCADEADOR DA PRODUÇÃO
ARTÍSTTICA DO GRUPO MISERI COLONI, DE CAXIAS DO SUL/RS
Juliana Demori (CAPES); Orientador: Clóvis Dias Massa; Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas PPGAC/UFRGS
A pesquisa se propõe a discorrer sobre a territorialidade presente na produção teatral do grupo Miseri
Coloni, de Caxias do Sul/RS, buscando apreender de que maneiras o trabalho desenvolvido pelo grupo
reverbera na comunidade caxiense e vice-e-versa. Estudar as manifestações artísticas de maneira
territorializada, significa abarcar sua dimensão cultural-histórica-geográfica. Para tanto, são abordados
aspectos da imigração italiana, visando detectar tradições e costumes que comporiam a identidade cultural
deste povo, visto que a linguagem do grupo é construída a partir da cultura italiana, trazida para Caxias do
Sul pelos imigrantes. Posteriormente, é apresentada a relação entre os conceitos de identidade, cultura e
território, dentro da produção do Miseri Coloni, a partir da análise da poética do espetáculo Nanetto Pipetta.
Nessa etapa são utilizadas as proposições de Jorge Dubatti acerca da Poética Comparada, que estuda as
manifestações teatrais em sua dimensão territorial, supraterritorial e cartográfica, assim como os estudos de
Marcela Bidegain referentes ao Teatro Comunitário.
PALAVRAS-CHAVE: territorialidade; Miseri Coloni; teatro comunitário; identidade.
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
O CORPO OUTRO NO PALCO E NA PLATEIA: OUTRA ÉTICA E ESTÉTICA CÊNICA
Lourdes Maria Carrera Guedes; Olinda Charone (CAPES; Mestrado Profissional em Arte); Orientador: Lia
Braga Vieira; Universidade Federal do Pará
O corpo surdo, passa a ocupar o espaço cênico propondo outras formas de expressão e recepção como
singularidade corporal que naturalmente se dá no cotidiano e chega aos palcos tomando a dimensão da
espetacularidade na composição da narrativa em cena, onde os diversos recursos linguísticos inerentes a
comunicação na Língua Brasileira de Sinais – Libras, constituem importantes e principais elementos cênicos
para a atuação da companhia de teatro Mãos livres, e que, numa apropriação cênica dessa forma de
comunicação, aproveitou a estética corporal da Libras, a qualidade e a competência poética para as
montagens de seus espetáculos. Não se trata de um teatro necessariamente e/ou desinteressadamente
inclusivo, mas, um teatro de acessibilidade do fazer e fruir arte e cultura na perspectiva de uma ética e
estética impregnada pelas características e forças dos traços marcantes desses atores e atrizes e sua condição
linguística, que subverte os padrões artísticos e culturais vigentes, percebendo e intervindo nessas práticas
de forma “Inusitada” provocando reflexões e um outro olhar do público para essa apropriação cênica
possível. A companhia de teatro Mãos livres é formada por quatro atores surdos e um ouvinte e, há oito
anos realiza espetáculos em diversos Estados brasileiros. Este, também é um trabalho extensivo a sala de
aula como proposta de ensino e aprendizagem do teatro, sendo objeto de pesquisa do mestrado.
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
DE UM PIRATA PARA UM ESPECTADOR, PROCEDIMENTOS NA CENA DE UM
ESPETÁCULO SOLO.
Mário Lucio Cortes Junior (PIBIC; Iniciação Científica); Orientador: Vilma Campos Leite; Universidade
Federal de Uberlândia
O presente trabalho tem como objetivo problematizar a relação entre ator e espectador através do espetáculo
Cartas de um Pirata, solo do ator, dramaturgo e diretor Vinicius Piedade. O espetáculo propõe um jogo
direto com o público fazendo uso de recursos de metateatro que, segundo Sonia Pascolati, tem como
definição a ruptura da ilusão teatral e revelação da autoconsciência artística da produção dramática. O ator
durante a cena busca misturar o fora com o dentro, o representar com o não representar. Em cena ele
inquieta o público ao problematizar o fato de estar ou não em cena e faz com que o espectador rompa a
convenção de que assiste passivamente a um espetáculo para ser coautor. Vinicius assume um diálogo
aberto com a plateia e faz com que o espectador seja parte integrante que auxilia na força e no
desenvolvimento do espetáculo. O presente estudo busca entender e problematizar os pontos positivos e
negativos que se estabelecem no contato direto com o público. Até que ponto o espectador deve interferir
ativamente em um espetáculo? A coautoria faz com que o espectador crie uma relação emotiva com o
espetáculo?Aproximando o interesse dele em entender o que se passa em cena?
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
O ESPECTADOR FALANTE
Naiara Dias da Silva Campos; Orientador: Luiz Humberto Martins Arantes; Universidade Federal de
Uberlândia - UFU
Da tão diversa bibliografia que compõe os estudos acerca da vida e obra de Shakespeare, nos focaremos na
montagem galponeana de Romeu e Julieta, realizando esta pesquisa a partir da recepção alcançada pelo
crítico.
É notório que antes de transpor ao papel seus pensamentos acerca de uma montagem o crítico, perpassa por
diversos caminhos em seu campo de intimidade, pois ele está inserido dentro da cena no ato da
representação, logo os distintos aspectos que circundam a apresentação em si irá influir na escrita crítica.
Esta pesquisa percebe a possibilidade e a necessidade de redirecionar o olhar à crítica, uma vez que esta é
um dos rudimentos que permite a propagação do espetáculo. O modo como a obra artística alcança o
espectador é ponto de relevância neste trabalho, em razão de o que foi apresentado em cena ser um meio de
analisar e discutir como a obra chega ao espectador, já que o crítico é em sua primeira forma receptor da
obra, logo um espectador da mesma.
As relações existentes durante um espetáculo influi na leitura do mesmo, ao entrar em contato com uma obra
artística o público sai da cena transformado, este fator não passa pelo sentido de aprovação, haja visto que
essa mudança é algo natural causada pelo novo que a obra traz consigo. As interlocuções existentes fazem
com que seja possível discutir as movências trazidas pela arte, na sociedade através da escrita crítica.
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
TEATRO, POLÍTICAS PÚBLICAS E CIRCULAÇÃO DE ESPETÁCULOS
Raquel Guerra (CAPES; PIBID - COORDENADORA DE ÁREA); UFSM
Este artigo aborda a produção cultural e teatral como parte da formação artística e política no âmbito
universitário e sua relação específica com a circulação de espetáculos em escolas públicas. Propõe uma
reflexão sobre o público que encontra-se nas escolas, sua relação com a cultura digital e quais as
implicações destes novos olhares para a prática teatral. As considerações em torno de temas como o
expectador, partilha do sensível e o aprendizado do espetáculo, são expressos em diálogo com a perspectiva
de Jacques Rancière. Num segundo momento, o trabalho expõe algumas estratégias de produção com vistas
a circulação de pesquisas teatrais nas escolas e a sustentabilidade dos espetáculos criados na universidade. O
texto aponta para fatores e ações que dizem respeito as políticas públicas e que problematizam o encontro
entre a pesquisa universitária que resulta em espetáculos teatrais com o público escolar, desde as
dificuldades de financiamento e logística para tais ações, as precariedades de espaço nas escolas e até o
preconceito acadêmico para apresentar para o público escolar. O percurso aqui narrado é uma reflexão sobre
o trabalho desenvolvido pelo projeto Mostra de Teatro, desde 2013, pelo Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
ATOR E ATRIZES: QUAL PÚBLICO?
GRUPO TEATRAL CIA ALEGRIA: FORMAÇÃO DE ESPECTADORES EM BLUMENAU E
REGIÃO
Timóteo Elias (PIPe Art.170/2014; Pesquisa); Orientador: Patrícia de Borba; FUNDAÇÃO
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - FURB
Este trabalho é fruto da pesquisa intitulada “Grupo teatral Cia Alegria: formação de espectadores em
Blumenau e região”. Tal estudo discute sobre o papel do espetáculo teatral no âmbito escolar a partir da
análise do trabalho realizado pelo grupo teatral Cia Alegria junto às instituições de Educação de Blumenau e
região. Baseado na investigação da trajetória do grupo desde sua formação, o presente artigo reflete sobre a
contribuição do grupo na formação de espectadores. A pesquisa foi realizada a partir entrevistas e
depoimentos dos membros do grupo e pedagogas que acompanharam a trajetória da companhia. Os dados
secundários foram obtidos de fontes como fotografias, vídeos e demais documentos que registram os
espetáculos produzidos pelo grupo desde seu surgimento. A análise e interpretação dos dados foram
efetuadas a partir do confronto entre a literatura existente sobre formação de espectadores e os relatos sobre
o trabalho da Cia Alegria. A partir dos dados levantados pode-se observar que o grupo tem efetuado um
importante papel de desenvolvimento do senso crítico e artístico de crianças de Blumenau e região. A
companhia não esgota todas as necessidades existentes para a formação do espectador, porém complementa
o trabalho composto pela classe teatral da cidade, apontando o teatro na escola como pratica eficaz para
suprir algumas carências existentes na relação entre a sociedade e o teatro.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
TRILOGIA DO PERSONAGEM COLETIVO
Alvaro Bittencourt; Faculdade de Artes do Paraná - UNESPAR
Este artigo pretende apresentar e iniciar uma reflexão sobre a pesquisa cênica que tem sido realizada pelo
coletivo artístico Ou Isto ou Aquilo. Esta investigação tem como objeto de estudo a construção da atuação a
partir de várias perspectivas e desvincula a unidade de personagem do ator que o representa. Serão estudadas
três peças, dois espetáculos e um projeto de montagem, que tratam dos personagens sob uma ótica coletiva.
Esta trilogia iniciou em 2011 com a encenação do monólogo teatral “De volta para casa” de Franca Rame e
Dario Fo, na qual duas atrizes e um ator representavam facetas da personalidade uma mulher que interagia e
dialogava consigo mesma. Em 2014, na peça “piscina […]” de Mark Ravenhill, quatro atores interpretavam
artistas que usavam o coletivo que compunham como uma máscara para justificar suas ações. “O grupo”,
passou a ser a personagem protagonista desta montagem. O novo projeto de Ou Isto ou Aquilo a partir da
obra “Apaixonados” (Lovers) de Brian Friel, ainda a ser concretizado, tem a meta de revezar os quatro
atores na execução de todos os papéis da peça. Pretende-se que a dinâmica de troca de papéis ocorra
ininterruptamente durante todo o espetáculo.
Através da apresentação deste panorama de trabalho, o artigo intenta examinar as implicações destas
abordagens na atuação e em seu resultado cênico nos trabalhos realizados, assim como projetar parâmetros
para a próxima montagem do coletivo.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
A ENCENAÇÃO PERFORMATIVA - \\
Ana Flávia Felice Nunes; Orientador: Prof. Dr. Mario Piragibi; IARTE - Instituto de Artes - Programa de
Pós Graduação em Artes
É inegável a existência de um ‘novo teatro’ na cena contemporânea, e a formação dos atores tem acontecido,
sobretudo pelo convívio com os encenadores. Desta forma, sem pretender estabelecer um panorama
completo sobre este teatro, sem criar metodologias, mas analisando principalmente como esses estudos se
relacionam com a encenação contemporânea, sendo por ela contaminada, e transformada, destacando sua
busca pela desnaturalização da representação; das possíveis ranhuras entre o real e o ficcional; da
desconstrução dos signos, do sentido, e da linguagem; do estreitamento no intervalo entre atores e
personagens; da fragmentação, paradoxo e sobreposição de significados; do processo desvelado e
compartilhado em cena; da multidisciplinaridade; do uso das novas tecnologias; o acontecimento
compartilhado entre artistas e espectadores, agora mais do que nunca, situados na intimidade da ação,
absorvidos por seu imediatismo ou pelos riscos implicados no jogo. Dentre essas possibilidades e caminhos
para analise, escolho como objeto de pesquisa o trabalho consistente de encenação de Grace Passo no
espetáculo “Por Elise”, partindo de uma entrevista feita com a encenadora, e da analise do espetáculo, na
busca por um maior aprofundamento e entendimento do que seria a encenação performativa - o ‘casamento’
ainda que instável, mas que não pode ser mais desfeito entre performance e a encenação contemporânea.
Apoio: IARTE
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
O SUJEITO ATRAVÉS DO ESTADO DE JOGO
Ana Flavia Zechini (ÀQIS - Núcleo de Pesquisa sobre Processos de Criação Artística ; Pesquisa);
Orientador: André Carreira; UDESC
Neste trabalho, procuro discutir sobre os desafios que jovens atores que cresceram em uma época na qual
ainda se cultua personagens psicologicamente bem tramados como os de Shakespeare e atuações nas quais
as ações reforçam o pensamento deixando claro as intenções, como nas telenovelas, mas encontram no
mundo acadêmico, no centro das pesquisas, textos como os de Maeterlinck ou Veronese que não comportam
os princípios antes utilizados para construir um personagem, além é claro, do contato com a performance e o
teatro autobiográfico. Se antes o desafio era manter o personagem vivo através de suas características e
motivações, agora o que buscamos é uma maneira de produzir uma energia que seja capaz de nos manter em
estado de jogo mesmo quando as falas se resumem a relatos simples sobre o café da manhã de alguém sem
estar utilizando a máscara de um personagem.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
A TENSÃO EXPONDO A CONDIÇÃO HUMANA - O CORO EM "OS CEGOS " DE
MAETERLINCK
Ana Vitória Luiz e Silva Prudente (Dramaturgia - Texto e encenação: tecendo a composição de um drama;
Iniciação Científica ); Orientador: Isa Etel Kopelman; UNICAMP
Fundamentando-se nas limitações da comunicação verbal e na premissa de um silêncio eloquente,
Maeterlinck desenvolve uma reformulação da linguagem dramática. O silêncio aparece como uma força
capaz de abalar o mecanismo do diálogo e descontruir a forma dramática tradicional. Colocando em questão
a metafísica e à procura do drama indizível; a dramaturgia simbolista dá abertura para movimentos da
"alma" do sujeito, portanto, a personagem não é como um vetor da ação.
Nessa peça as personagens não têm nomes, identidades. Elas são apresentadas como parte de um grande
grupo e são reconhecidas apenas por suas características. Na peça “Os Cegos”, os seres ficcionais formam
uma espécie de coro com vários corifeus, formalizando a ausência de protagonismo. Insere-se, assim, o
questionamento a respeito do ser e do sujeito, e implica um novo questionamento da personagem e do
diálogo dramático.
Apoio: PIBIC/CNPq
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
A PRESENÇA DO ATOR NA OBRA PÓS-DRAMÁTICA A PARTIR DO EXPERIMENTO
CÊNICO “JOGATINA”.
Arthur Malaspina Junior; Maria Amélia Gimmler Netto; Orientador: Maria Amélia Gimmler Netto;
Universidade Federal de Pelotas
O presente texto resulta da investigação sobre a relação e condição do ator durante a apresentação de um
experimento cênico, criado coletivamente em processo colaborativo, a partir do projeto de pesquisa
Jogatina: jogo de aprendizagem, teatro pós-dramático e suas contribuições para a pedagogia do teatro.
Através do uso do jogo de aprendizagem proposto por Bertold Brecht, por meio da análise e estudo de suas
peças didáticas, a pesquisa tem como objetivo investigar as relações entre as atuais teorias de teatro
contemporâneo, a partir da noção de teatro pós-dramático proposta por Hans-Thies Lehmann. Partiu-se da
ideia de que o ator não se limita a ser um reprodutor de códigos e convenções teatrais e tampouco um
ilustrador de narrativas lineares. Buscou-se então investigar quais qualidades de presença cênica desse ator
pós-dramático, juntamente com as relações que o mesmo estabelece com as rupturas e elementos que
compõem a obra.
Apoio: Universidade Federal de Pelotas
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
PERSONAGEM MACHÍNICO? COMPOSIÇÃO NA CENA NÃO HUMANA.
Bianca Scliar; UDESC
“ Qualquer corpo é mais do que um corpo, expressivo não em cada uma de suas partes mas a partir de uma
empatia que emerge na experiência constituida no espaço-tempo” (Manning, 2012)
Partindo da análise de uma coreografia de automóveis exibida em um parque temático investigo a íntima
relação entre o humano e o não humano em cena para sugerir que a ideia de um personagem ultrapassa
caracteristicas humanas ou antropomórficas.
Sugere-se aqui uma compreensão atual para a ideia de sentido e efeito a partir de uma perspectiva de
agenciamento (Massumi, 2002). Demonstro como a força criativa dos corpos em cena (sistemas machinicos)
coincide e diverge com especificidades simbólica de um corpo, elaborada a partir de uma transferencia de
habilidades ritmicas durante a composçião. Alcançamos o conceito de intermeio, proposto por William
James e Massumi, para sugerir que o que o espetáculo produz topologias partilhadas entre humanos e
máquinas adquirindo assim uma noção alternativa de personagem.
Como a mediação da composição é feita por quaisquer corpos em cena? Como podemos extrapolar a ideia
de composição machínica para compreensão de um sequenciamento relacional dos corpos cenicos e da
complexidade de um teatro mediado por máquinas? Estas são algumas questões abordadas a partir do
exemplo de um espetáculo cênico produzido para o consumo e entretenimento em um parque temático.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
EXTRAINDO A FIGURA: PROCESSOS CRIATIVOS QUE PROBLEMATIZAM A NOÇÃO DE
PERSONAGENS NO TEATRO E NO CINEMA
Bya Braga (Maria Beatriz Mendonça); Virgilio Vasconcelos; UFMG
Os processos criativos contemporâneos e interdisciplinares no campo das artes, nos permitem questionar: o
que pode ser uma personagem? Atores, objetos, linhas? A crise do sujeito pode ocorrer ao reconhecermos
que o ser humano não mais se posiciona no mundo em uma hierarquia superior aos outros objetos e
elementos da natureza. Assim, uma personagem em noção expandida, pode ser compreendida de três modos.
Ela pode ser criada na tradição cênica e cinematográfica, com uma representação realista naturalista, épica
ou relacionada. Ela também pode ser revelada por meio de uma atuação mais abstrata de ator, como em
exemplos da cultura oriental. O terceiro modo expande a noção de personagem ao configurá-la a partir da
aparição de corpos, objetos e formas em jogos cênicos. O cinema de animação e as artes digitais nos ajudam
a problematizar a noção de personagem teatral, expandindo-a e ajudando a criar possibilidades como no
espetáculo Stifters Dinge, de Heiner Goebbels. Os curta-metragens de animação The Dot and the Line: A
Romance in Lower Mathematics (1965) e Dji Vou Veu Volti (2008) apresentam personagens criadas a partir
do jogo de formas abstratas e da legenda, que perde sua função não-diegética de tradutora para tornar-se
personagem em um jogo que também pode ser realizado no teatro de formas animadas. O filme The
Congress (2013), remete à personagem como suporte do Eu ao representá-la de modo naturalista e por meio
de animação.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
A PERSONAGEM PERFORMATIVA E O AUTOR COMO GESTO
Camila Damasceno Silva (FAPESP; Mestrado); Orientador: Prof. Dr. Matteo Bonfitto Jr.; Unicamp
A partir da pesquisa dos processos de criação do grupo espanhol La Carnicería Teatro, com foco nas tensões
e fricções entre dramaturgia e atuação, proporemos a discussão a respeito da personagem no teatro
performativo. Entre a realidade e a ficção, o discurso construído pelo dramaturgo Rodrigo García é
caracterizado por um forte teor político e textos em primeira pessoa repletos de dados autobiográficos e
intertextos auto referenciais, abrindo a possibilidade de questionamentos tanto no que diz respeito à
personagem ficcional e à personagem do autor, quanto à própria noção de autoria. Partindo do ensaio “O
Autor como gesto”, do filósofo italiano Giorgio Agamben e de textos de García, serão traçadas reflexões
sobre o tema proposto.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
TEATRO POSHISTÓRICO
Carlos Araque Osorio; Universidad Distrital de Bogotá
Resultado de un proceso de investigación sobre diferentes perspectivas teóricas del teatro, donde se pone en
duda el concepto de verdad y de realidad en la escena y se le da importancia al concepto de verosimilitud y
credibilidad. Ya no se tratara entonces de de relacionar el teatro con la historia sino con las múltiples
historias que irán apareciendo según los puntos de vista de quien narra el suceso.
En esta propuesta sin embargo el personaje teatral sigue presente en la escena, no es reemplazado por el
actor; es claro que el actor es quien ejecuta la acción pero quien ve el participe testigo es al personaje, por
ello la técnica teatral seguirá siendo de vital importancia para la formación de actores y actrices.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
DIRECCIÓN Y PERSONAJE. UNA EXPERIENCIA EN EL GRUPO VENDIMIA TEATRO
Clara Angélica Contreras Camacho (OEA; 48 meses); Orientador: Narciso Tellez; Universidad Federal de
Uberlandia
DIRECCION Y PERSONAJE, UNA EXPERIENCIA DEL GRUPO VENDIMIA TEATRO. BOGOTÁCOLOMBIA
Vendimia Teatro es un grupo representativo en la ciudad de Bogotá, más de 25 años en la escena capitalina
dan cuenta de su trayectoria. Lo más importante que presenta este grupo es su incesante búsqueda desde lo
corporal tomando como punto de partida los aportes de Meyerhold desde la biomecánica, pasando por
danzas y cantos indígenas, sus puestas en escena se convierten en una mixtura que acepta las formas de
occidente pero que no se limita a sus propuestas, siempre en una continua reinvención.
El presente trabajo es la descripción crítica de los aciertos y desaciertos de esas búsquedas, de las
motivaciones, preguntas y pocas respuestas a las que se enfrenta una directora de formación y actriz por
capricho. Doce años con el grupo, la responsabilidad que pesa sobre los hombros de las nuevas generaciones
mantener un legado, un nombre, unas formas. La disyuntiva constante por las preguntas sin respuesta, qué se
quiere decir? Para qué hacer teatro hoy? Y el personaje? Y el conflicto? Y el público? Y la política cultural?.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
ACIONAR > AGIR > ATUAR: O TRABALHO DE CRIAÇÃO DO ATOR EM PROCESSOS
SINGULARIZANTES
Cristóvão de Oliveira; UNESPAR - Campus de Curitiba II - Faculdade de Artes do Paraná (FAP)
Este trabalho pretende investigar determinados processos criativos do ator a partir da perspectiva do corpo
tomando, como pressuposto, ocorrências subjetivas que servem de suporte para a criação. Neste sentido,
pensamos o trabalho de corpo do ator em uma zona permeável que não toma o texto ou a personagem como
ponto central da cena, mas a singularidade com a qual o ator se relaciona com o trabalho a partir de si
mesmo – com suas questões corporais, com seu \\\saber-fazer\\\ (com sua \\\tékhne\\\) – de modo a acionar
dispositivos de criação que potencializem a ação física e, consequentemente, gerem a cena. Neste
arcabouço, o trabalho do ator se constrói em uma dimensão processual que coloca em xeque determinadas
questões de formação e tradição que primam pela criação da personagem. Serão discutidos alguns conceitos
como organicidade, precisão e espontaneidade na atuação buscando perceber como o ator constrói uma rede
semântica apoiada no corpo e suas pulsões, nas relações que estabelece com os elementos de que dispõe
para a criação da cena e nas potências criadoras que singularizam o trabalho do ator, permitindo circular
outros sentidos dados por ocorrências subjetivas que não apenas as do psicologismo.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
ENTRE A NUVEM E O PIXEL
Edelcio Mostaço (PQ); CNPq
A personagem nunca existiu, embora nela se creia desde a idade Média. Figuração da mente, projeção
alucinatória ou eixo de desejos imaginários, ela está presente e anda entre nós, algumas por séculos e
desfrutando de reconhecimento universal. Na era da realidade líquida, quem ainda acredita na personagem?
As criaturas de odiseo.com transitam pela nuvem, incorporam pelo skype, são achatados wall papers
bidimensionais colados às telas de máquinas desejantes que, no fim do dia ou na alta madrugada, encontram
tempo e espaço para a masturbação. A partir de conceitos deleuzianos, examino o espetáculo odiseo.com,
tomando suas personagens como figuras da crise representacional que acomete a cena contemporânea.
Apoio: Fapesc
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
O SUJEITO-CORPO NAS REPRESENTAÇÕES DE SI
Gabriela Fregoneis (Pesquisa; Capes); Orientador: Suzi Sperber; Unicamp
O presente artigo visa pensar a relação entre o corpo e o sujeito nas representações de si. O deslocamento do
lugar da representação para a presentação; do resultado cênico para a experiência e da ideia de construção de
personagem para a representação de si, serão discutidos no desenvolver da escrita. Como se trata de um
campo de investigação amplo e complexo, assumirei como fio norteador a relação entre o corpo e o sujeito
no olhar sobre si mesmo, neste olhar estético que se tem sobre o que sou e o que transborda através da
imagem do corpo. Para tanto, utilizarei como campo conceitual A representação do eu na vida cotidiana, de
Erving Goffman e Antropologia do corpo de David Le Breton.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
JOGO DE LINGUAGEM: COMPOSIÇÃO E CONTRAPOSIÇÃO DO INDIVÍDUO NA
DRAMATURGIA
Ines Saber de Mello; Orientador: Milton de Andrade; UDESC
A criação cênica atual reflete as fragmentações do sujeito pós-moderno ao borrar diversas fronteiras como:
as artes, o pessoal e o coletivo, o real e o ficcional. O ser humano tem natureza comunicativa, e se utiliza dos
meios diversos para criar sentidos, comunicar-se e estabelecer-se no mundo. Entre tantos pluralismos, a
impossibilidade de encontrar uma essência humana faz com que a produção atual recuse a tentativa de
representação pela essência; e consequentemente faz com que a produção cênica proponha caminhos
diversos que se distanciam cada vez mais da antiga busca do efeito de reconhecimento pela procura da
essência da personagem.
O indivíduo, a fim de reconhecer o que é individual e/ou coletivo, faz suas associações simbólicas por uma
multiplicidade de meios e entre fragmentações e conciliações. Na cena contemporânea, as novas
dramaturgias buscam jogar com estes elementos de composição e contradição através da exposição do
próprio jogo da linguagem. O presente artigo propõe refletir sobre algumas estratégias presentes nas poéticas
teatrais da dramaturgia contemporânea que, pelo jogo da linguagem, expõem o entrelace de ideias e
reconfiguram estruturas (pela relação, união e contraposição destas), compondo assim o individual e o
coletivo, presentificando e ressignificando o indivíduo na cena.
Palavras chave: Dramaturgia, jogo de linguagem, indivíduo
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
A CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM À PARTIR DO EU MINEIRO
Juliana Nazar França; Universidade Federal de Uberlândia
O presente artigo traz como eixo principal a análise e compartilhamento do processo de criação das
personagens do espetáculo "Por de dentro" do Grupontapé de Teatro de Uberlândia/MG, inspirado na obra
de Guimarães Rosa. As questões levantadas são: a voz, o dialeto, o "minerês", os neologismos do “eu
mineiro” e a transposição para a narração dos contos e para a construção das personagens "Maria das Dores"
e "Maria da Glória", dos contos "Corpo fechado" e "Buriti", respectivamente, ambos de autoria do mineiro
João Guimarães Rosa.
Com isso, pretende-se expor, nesse artigo, o processo de criação corporal das personagens com ênfase nos
encontros com tipos mineiros deparados durante o processo de montagem, e também a construção vocal a
partir de exercícios direcionados por Babaya Morais com relação à prosódia e ao dialeto comum das regiões
retratadas nos contos, para a concepção do espetáculo.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
“O ESCRAVO FIEL”: A PERSONAGEM NEGRA E OS PADRÕES DE FICCIONALIZAÇÃO NA
DRAMATURGIA BRASILEIRA
Julianna Rosa de Souza (CAPES; Doutorado); Orientador: Stephan Baumgärtel; UDESC
As palavras “personagem” e “negra” se estudadas de maneira separadas já apresentam em si aspectos de
ruptura e crise; ao propor uma reflexão sobre a personagem negra, este artigo busca refletir os modelos
hegemônicos presentes na construção do texto teatral brasileiro. O principal aspecto, portanto, é
problematizar o lugar que a personagem negra tem ocupado na dramaturgia brasileira a partir do século XX,
bem como, a construção de discursos de obediência e subserviência produzidos através da expressão
“escravo fiel”. Para o desenvolvimento desta reflexão serão utilizados como referência teórica os escritos de
Stuart Hall e Leda Maria Martins.
Palavras-chave: dramaturgia; personagem; negra; hegemonia.
Apoio: CAPES / PPGT - UDESC
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
ENTRE VIDA E ARTE: POSSÍVEIS VIAS DE [DES]CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM NO
ESPETÁCULO “GENTE COMPUTADA IGUAL A VOCÊ” DO GRUPO DZI CROQUETTES.
Jurandir Eduardo Pereira Junior (Bolsista CAPES; Mestrado ); Orientador: Edélcio Mostaço ; UDESC
O presente artigo propõe uma análise do processo de [des]construção das personagens colocadas no “Gente
computada igual a você” do grupo Dzi Croquettes, identificando que no processo de criação artística, a linha
tênue entre vida e arte norteava a ação dos artistas envolvidos no processo de composição das personagens.
Desta forma, imersos na vivência em comunidade, os artistas envolvidos construíam e desconstruíam as
personagens, seguindo as alterações da vida social de cada ator\bailarino, assim como a evolução cênica da
personas, através de cada apresentação do espetáculo. As questões estéticas, politicas e ideológicas de cada
artista encontravam-se presentes na fusão entre o real e o ficcional em um só corpo. Nesse sentido, tal
questionamento é acionado: Até que ponto a representação da personagem, não seria apenas uma ampliação
da subjetividade do artista colocada em cena? Para encontrar possíveis respostas para o referido
questionamento, foram utilizados entrevistas e depoimentos dos artistas envolvidos na primeira montagem
do espetáculo. Assim como análise de algumas cenas do espetáculo que evidência tal desconstrução da
persona.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
A DESUMANIZAÇÃO DO ATOR NO TEATRO DO SÉC XX
Keila Fonseca e Silva; Orientador: José Ronaldo Faleiro; UDESC
Inúmeras foram as tentativas de descrever o ator ideal para o "novo teatro" do século XX. Algumas dessas
tentativas culminaram na completa desumanização do ator, chegando inclusive a apontar para a
possibilidade de um teatro sem atores. Esse estudo parte de uma análise do pensamento de três encenadores
do teatro do século XX: Craig, Schlemmer e Kantor, analisando a forma como cada um deles,
desumanizando o ator, constroem a figura central do “novo teatro”: a Supermarionete de Craig, a Kunstfigur
de Schlemmer e os manequins de Kantor. Seus escritos serão confrontados com o pensamento de Ortega e
Gasset na obra A desumanização da arte, refletindo sobre como esse pensamento moderno vem impactando
o teatro contemporâneo.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
EXPERIÊNCIA DE ATUAÇÃO COM ESTADOS
Laura Manuella (Pesquisa; Iniciação Cientifica ); Orientador: André Carreira; UDESC
O artigo a ser apresentado propõe reflexões sobre uma técnica em atuação, construída através da pesquisa
realizada a partir da adaptação da peça Os Pequenos Burgueses, de Máximo Gorki, encenado pelo grupo de
pesquisa, ÁQIS - Núcleo de pesquisas sobre processos de criação artística, coordenado pelo professor André
Carreira. Apresento o trabalho de criação da personagem Paola, tendo como procedimento para a sua
composição a pesquisa feita em estados. Tendo estados como o primeiro instrumento de criação da
personagem o texto deixa de ser o elemento fundamental para a composição da mesma. Em seguida
descrevo a peça e suas características propositivas de jogo dado pela relação entre os demais atores em cena.
Me proponho então a analisar elementos técnicos na construção e criação da personagem, a mesma como
instrumento de jogo para a cena.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
O HUMANO E “AS COISAS”: DESDOBRAMENTOS DAS APRESENTAÇÕES DE
PERSONAGENS EM 'O MENSAGEIRO DO REI'
Lucas de Carvalho Larcher Pinto (Bolsa de Mestrado ; Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - CAPES); Orientador: Prof.ª Dr.ª Vilma Campos dos Santos Leite; Universidade Federal de
Uberlândia
Nesta comunicação tenho como objetivo compartilhar algumas reflexões da pesquisa de mestrado “O
Mensageiro, a linguagem e outras cartas: Um inventário criativo” (PPGAR–UFU), por meio de
considerações sobre os diferentes modos como as personagens do espetáculo 'O Mensageiro do Rei' (texto
de Rabindranath Tagore e direção de Mario Piragibe) figuram em cena. Isto é: a partir do estudo desta
montagem, pretendo lançar a discussão sobre as possibilidades e os desdobramentos das apresentações de
personagens no Teatro de Formas Animadas. Personagens que podem ser apresentadas e representadas por
atores (o humano), e por bonecos, sombras e objetos (as coisas). Ou, ainda, por ambos, concomitantemente.
Para isso, utilizarei de estudos sobre as diferentes manifestações/linguagens que integram esta forma teatral,
com especial destaque para os escritos de pesquisadores brasileiros.
Apoio: Programa de Pós-graduação em Artes (PPGAR-UFU)
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
A PRÁTICA MEDITATIVA NO PROCESSO CRIATIVO DE JOGATINA
Lucas Ribeiro Galho; Prof. Ms. Maria Amélia Gimmler Netto ; Orientador: Prof. Ms. Maria Amélia
Gimmler Netto ; Universidade Federal de Pelotas
RESUMO: O presente texto tem por objetivo procurar possíveis relações entre a meditação de
tranquilização, o treinamento de ator e a aprendizagem em teatro, buscando entender as técnicas meditativas
como propulsoras para um estado criativo em cena. Partindo de experiências realizadas no âmbito do projeto
de pesquisa Jogatina jogo de aprendizagem, teatro pós-dramático e suas contribuições para a pedagogia do
teatro, da Universidade Federal de Pelotas, propõe-se aqui analisar de que forma as práticas meditativas
realizadas nos ensaios contribuíram para a criação individual e coletiva dos atores no experimento
"Jogatina". Durante esse processo, buscamos entender a meditação não só como exercício de relaxamento e
concentração, mas como importante instrumento para a construção de uma presença cênica a partir de sua
prática antes das apresentações.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
NIILISMO, CRISE DO SUJEITO E O LUGAR DO CORPO NO FAZER TEATRAL: CONEXÕES
ENTRE NIETZSCHE E ARTAUD
Luciana da Costa Dias; Programa de Pós Graduação em Artes cênicas da Universidade Federal de Ouro
Preto
Partindo do contexto teórico do chamado “projeto da modernidade”, entendido como conjunto de ideários e
determinações historicamente construídos que mesclam a subjetividade, a racionalidade e o cientificismo na
construção da visão de mundo ocidental, propomos a discussão não só da relação entre modernidade e forma
dramática, mas, sobretudo, de como a questão da crise da modernidade se mostrará, também, como crise do
sujeito, foco da ação dramática.
A questão de como esta crise pôde conduzir à reinvenção das artes da cena e de seu fazer nas últimas
décadas, se mostra frutífera à luz da discussão de dois autores fundamentais: Nietzsche e Artaud. Nietzsche,
crítico do racionalismo e niilismo característicos da modernidade, propicia o resgate ao corpo como
totalidade e origem de toda significação, para além da dicotomia sujeito e objeto. Já Artaud, por procurar
resgatar outra forma de teatralidade, primordial, na qual o corpo (assim como o grito e a respiração) se
mostra como lugar de construção do fazer teatral, rejeita a supremacia da palavra (e da razão tanto quanto do
sujeito da psiquiatria) na construção da cena.
Rejeitar o subjetivismo e o logocentrismo é superar o foco na ação dramática como expressão de um eu
individual, rejeição que abre caminho para novos paradigmas no fazer teatral, mais performático, mais
colaborativo, e cuja discussão se faz, hoje, fundamental.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
A DESMONTAGEM COMO PROCEDIMENTO ARTÍSTICO-PEDAGÓGICO
Mara Lucia Leal; Universidade Federal de Uberlândia
Com esta comunicação pretende-se apresentar como a desmontagem pode ser uma estratégia artísticopedagógica muito importante para desvelar vestígios do processo de criação tanto para o espectador como
para o próprio criador. Como se trata de um procedimento para recriar o percurso de criação, o artista, ao
trilhar esse caminho, acaba desvelando para si mesmo as escolhas que fez para a criação. Artistas latinoamericanos que tem realizado desmontagens e pesquisadores como Ileana Diéguez consideram que essas
práticas, assim como as demonstrações de trabalho, são estratégias criadas para apresentar processos
experimentais de criação que não objetivam totalizar a experiência, nem confirmar uma poética, mas sim
problematizá-la. Aqui apresentarei a experiência da desmontagem como estratégia em uma disciplina de
graduação em teatro, na qual os alunos, a partir da revisão de seu percurso no curso de bacharelado em
interpretação, podem fazer uma reflexão ativa sobre sua formação, entre elas, a discussão sobre a relação
sujeito/personagem, revelando suas escolhas estéticas e éticas.
Apoio: UFU; CNPq
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
JEFF KOONS: A CRISE DA LINGUAGEM E DO ESTATUTO DO PERSONAGEM NAS
TEXTUALIDADES TEATRAIS NÃO DRAMÁTICAS
María Mercedes Rodríguez; Orientador: Stephan Baumgartel ; UDESC
Neste trabalho me proponho analisar as transformações ocorridas na figura do personagem teatral na
dramaturgia contemporânea no contexto de crise representacional do teatro pós-dramático. Para isso vou me
focar na peça teatral Jeff Koons do dramaturgo alemão Rainald Goetz. Um aspecto chave das textualidades
pós-dramáticas são as transformações sofridas pela figura do personagem dramático, que deixa de ser uma
figura estável com uma identidade definida em relação a sua história biográfica e sua psicologia, para se
converter em pólos de emissão da palavra atravessados por uma multiplicidade de discursos heterogêneos e
polifônicos. Esse enfraquecimento da figura do personagem se manifesta, então, na reconfiguração do
diálogo dramático enquanto detentor de sentido. Para problematizar este assunto, além de questões formais
da dramaturgia, vou me basear nas teorias lacanianas que tratam do papel fundamental da linguagem na
formação do sujeito. A partir dessa perspectiva, é possível pensar que a crise do diálogo dramático como
portador de sentido e a crise do personagem dramático com uma identidade estável e definida, conjugam-se
para evidenciar uma crise mais ampla na concepção do sujeito contemporâneo.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
O CORO NA CRIAÇÃO PÓS-DRAMÁTICA A PARTIR DAS PEÇAS DIDÁTICAS DE BRECHT
Monique Alves Carvalho; Maria Amélia Gimmler Netto; Orientador: Maria Amélia Gimmler Netto;
Universidade Federal de Pelotas
O presente trabalho se propõe a explicitar os elementos do teatro pós-dramático enfatizados por Hans-Thies
Lehmann em seu artigo sobre as mudanças na designação desta prática após doze anos, tendo como base
principalmente seus escritos sobre a utilização do coro, elemento que já com sua utilização propõem uma
ruptura com a verossimilhança. Estes elementos serão analisados concomitantemente com o resultado
prático do projeto de pesquisa Jogatina: jogo de aprendizagem, teatro pós-dramático e suas contribuições
para a pedagogia do teatro da Universidade Federal de Pelotas, através de relatos de experiência. Projeto
este, que relaciona as peças didáticas de Bertold Brecht e as designações que estruturam o teatro pósdramático.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
TENTATIVAS E NEGOCIAÇÃO DA MINHA VIRADA PERFORMATIVA: INTERROGAÇÕES
Paulo Victor Chagas aires; Orientador: Thereza Rocha; Universidade Federal do Ceará
Esse trabalho se constitui como um lançar-se a uma possível ideia de virada performativa na minha trajetória
artística. A escrita aqui se constitui como possibilidade de se experimentar nela e com ela: forma (é)
conteúdo. Trata-se do exercício de construção de um narrar da junção de matérias a princípio distintas: a
escrita acadêmica e a criação artística. Na investigação de uma escrita com/em/de/sobre o performar, a
escrita em si já se constitui como um programa. Neste caminho, o trabalho tem como mote, o início da
escrita do meu Trabalho de Conclusão do curso de Licenciatura em Teatro na Universidade Federal do
Ceará. A distância entre a performance e o meu trabalho cênico ao longo de treze anos de história
profissional torna-se fagulha para pensar a escrita e propor tentativas de uma ideia de virada performativa
em minha trajetória. Proponho primeiramente uma espécie de memorial discutindo acerca das marcas
(ROLNIK, 1993) desse fazer ao longo do tempo, colocando-me como principal objeto de análise, para
pensar a escrita desse trabalho como uma tentativa de experimentar modos de cartografar a minha trajetória.
A partir das marcas já existentes em minha vivência (memorial), “elaborar novas marcas” a partir da criação
de ações de performance propostas por cinco artistas/grupos de Fortaleza com os quais já trabalhei ao longo
da minha história no teatro.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
AS PERSONAGENS QUE NASCEM DO EU: ESTRELITA E UISQUISITO, UM PROCESSO
CLOWNESCO QUE SE REVELA
PRISCILA ROMANA MORAES DE MELO; WLADILENE DE SOUSA LIMA (Mestrado; DS CAPES);
Orientador: WLADILENE DE SOUSA LIMA; Universidade Federal do Pará
Discorrerá sobre o processo de criação de uma atriz/palhaça (o) do grupo de teatro Palhaços Trovadores de
Belém do Pará, que revela duas personagens do seu eu: a palhaça Estrelita e o palhaço Uisquisito. A criação
de uma “personagem/palhaço” mostra a individualidade de cada artista, então: como se processa a criação
de dois palhaços vindos de uma única pessoa? Essas personagens que tomam formas feminina e masculina
apresentam o ridículo do meu ser. De fato, Estrelita e o Uisquisito, em sua composição apresentam meus
idiossincrasias, todavia, o tipo de um se difere do tipo do outro. Em experimentações observou-se a
construção de suas personalidades e suas características. No que se refere à Estrelita, seu estado é expansivo,
sua energia é para fora, corpo ereto, olhares perscrutadores, boca para cima, nariz redondo, traje
harmonioso, aparência infantil, de menina e meiga, maquiagem colorida e nome delicado. O Uisquisito
apresenta seu estado contraído, sua energia para dentro, corpo curvado, olhar desconfiado, boca para baixo e
queixo para frente, nariz pontudo, traje disforme, aparência adulta, de homem e rude, maquiagem neutra e
nome grotesco. Assim, vários pontos contidos em mim vão assumindo formas exacerbadas, pondo em
evidência como cada personagem age e se relaciona com atuações e, sobretudo com o público. Tal processo
ainda é algo em introspecção, o qual apresenta a recriação dos traços particulares de uma atriz agridoce.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
A VOZ OBSCENA DA CORP(ORALIDADE): ENVELHESER NAS DOBRAS DO CORPO
Profª Dra. Urânia Auxiliadora Santos Maia de Oliveira; Profª Dra. Natássia Duarte Garcia Leite de Oliveira
Côrte Real; Universidade Federal de Goiás e Universidade Federal de Sergipe
O trabalho apresenta uma reflexão crítica sobre investigações da linha de pesquisa Corpo-vestígios:
preparação corporal para a cena e poéticas contemporâneas e do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em
Teatralidade e Espetacularidade na Cena Contemporânea (CNPq/UFG), coordenado pelas autoras. A partir
da escrita performática da obra A Obscena Senhora D., de Hilda Hilst, busca-se discutir o processo de
envelhecimento do Ser e as relações com as experimentações preLiminares de estados na preparação
corp(oral) para a cena do espetáculo a ser montado com base no texto de Hilst. Esta, provoca o
conhecimento dos vestígios do corpo como tempo vivido e sua imagem perecível-in-finita, bem como
sugere outros afetos da/com corp(oralidade). Como aporte teórico escolheu-se autores que dialogam com a
diversidade de olhar para as dobras que envolvem o envelheSer... A velhice, de Simone de Beauvoir;
Memória e Sociedade – Lembranças de velhos, de Ecléa Bosi; A memória, a história, o esquecimento, de
Paul Ricceur; Introdução à Poesia Oral, de Paul Zumthor; A Dobra, de Gilles Deleuze. Assim, espera-se
explorar as tensões da crise do sujeito ao evelheSer e as experienciações coletivas acerca do universo do
trabalho em arte.
Palavras-chave: Hilda Hilst, Obscena.Corp(oralidade). Memória. Envelhecimento
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
RESSONÂNCIAS VOCAIS DO ATOR NA CENA
Renata Mendonça Sanchez; Orientador: Fernando Manoel Aleixo; Universidade Federal de Uberlândia
A voz do ator, ao rasgar o espaço da cena, carrega qualidades únicas pertencentes a cada indivíduo que a
emite. Desta forma, o trabalho “Ressonâncias vocais do ator na cena” lança questionamentos relacionados
ao discurso vocal inerente a presença do ator no teatro. Consideramos que ao abrir a boca e morder o
mundo, com sua voz, o artista se materializa em reverberações sonoras que são produzidas a partir de três
dimensões fundamentais: sensível, dinâmica e poética. Nestas circunstâncias, nos atiramos na possibilidade
de compreender o ator como portador de uma importante parte discursiva da cena.
A fim de revelar os caminhos da construção desse pensamento, pretendemos acionar autores consagrados
nos estudo sobre a vocalidade e experiências vivenciadas no Grupo de Pesquisa sobre Práticas e Poéticas
Vocais vinculado ao curso de Teatro na Universidade Federal de Uberlândia.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
AVATARES - UM ESTUDO SOBRE TEATRO E JOGO
Ricardo Miguel Branco de Azevedo; Ana Cristina Fabricio; Orientador: Ana Cristina Fabricio; Unespar
campus II - Faculdade de Artes do Paraná
O uso de dinâmicas e jogos de improviso, para construção cênica de espetáculos, não são novidade no
teatro. Nem mesmo a quebra da hierarquia textocêntrica. Entretanto, ainda se discute o lugar da personagem
no teatro contemporâneo. A partir da pesquisa sobre percepção e escuta que surgiu e vem se desenvolvendo
dentro do grupo de estudos de improvisação e espetacularidade, o TOSCO, na Faculdade de Artes do
Paraná, campus II da UNESPAR, comecei também a me interessar por um dispositivo que vem sendo
desenvolvido no grupo. Este dispositivo é constituído por uma natureza mutável, e tem por finalidade
proporcionar um ambiente fértil à criação a partir da percepção individual e coletiva dos atores. Esta
estrutura que vem sendo experenciada chama-se Avatar, uma proto-personagem, uma caracterização
passível de múltiplas aplicações. Meu objeto de pesquisa agora é questionar a construção cênica, fazendo
uso dos Avatares, para distanciar do modelo textocêntico e encontrar um espetáculo ou um modelo de
criação cênica onde os atores sorteiam as proto-personagens para jogar ao vivo as cenas que não terão texto
pré definido ou desfecho fixo.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
CRISE DA PERSONAGEM – PERSISTÊNCIA DO SUJEITO?
Roberta Ninin; Universidade Estadual do Paraná - Faculdade de Artes do Paraná
“Sou Isadora. Meu avô era Isadora, e tinha olhos azuis. Minha avó era Isadora, e tinha pele negra. Minha
mãe, Isadora, tinha cabelo loiro. Meu pai, Isadora, falava uma língua indígena [...] Aprendi que um peixe
pode respirar fora d’água, se estiver disposto a morrer tentando...” O inicio da fala final da personagem
Isadora no espetáculo “Os Olhos Que Tivemos” do Núcleo Teatral Isadora de Dourados/MS, propõe
instigar: quem é Isadora? É uma personagem, um estado aventureiro de qualquer sujeito disposto a ser “um
peixe fora d’água”?
Contemplados com o Prêmio Funarte Myriam Muniz 2013 de montagem, os artistas do Núcleo Teatral
Isadora partem da pesquisa temática do movimento (i)migratório dos indivíduos e povos em busca de uma
vida melhor, desde seus antepassados, aproximando-se de seus grupos familiares. Artistas oriundos de
diversos estados do Brasil criam uma encenação preenchida por uma narrativa não linear dessa trajetória de
mudanças territoriais e existenciais, ora apresentada pela personagem não delineada por aspectos
psicológicos e físicos definidos, ora apresentada pelo ator e atriz depoentes e dramaturgos das narrativas
próprias e simultâneas: fala e corpo não se complementam; se confundem no tempo presente da ação e no
tempo passado da contação.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
IMPROVISAÇÃO E ESPONTANEIDADE NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE PINA BAUSCH
Ronildo Júnior Ferreira Nóbrega; Orientador: Eliane Tejera Lisboa; Universidade Federal de Campina
Grande
O processo criativo na dança-teatro de Pina Bausch compreende, entre outros elementos, a construção de
uma coreografia baseada na memória corporal – física e psíquica - do intérprete. Nesse sentido, a
improvisação surge, na trajetória da coreógrafa, como um eficaz mecanismo para suscitar tais experiências
arquivadas no corpo. Este artigo, portanto, propõe-se a uma análise de como se configura a improvisação no
processo criativo de Pina Bausch. Sua arte, sabidamente comprometida com o momento criativo traz no seu
bojo esta presença humana que emerge destas improvisações. No entanto, é a maneira como as mesmas são
conduzidas – os estímulos dados pela coreógrafa - que determinam o resultado das mesmas.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
O ATOR DIALOGANDO COM A MÁQUINA: NOVOS CONFLITOS
Saulo Popov Zambiasi; UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina
A utilização da robótica e da inteligência artificial, tanto no mundo físico/real como nos mundos virtuais,
tem se tornado rotineira. Esses recursos já encontram-se tão intrinsecamente ligados à sociedade que a sua
falta poderia gerar, hoje, uma crise econômica/social mundial. As pessoas se utilizam desses em atividades
comuns do dia a dia, como nas fábricas, nos escritórios, nas casas ou em dispositivos móveis pessoais. Em
tempo, as artes performáticas e o teatro utilizam-se também desses novos dispositivos nas experimentações e
espetáculos como forma de dialogar com novas ferramentas tecnológicas insurgentes. A exemplo disso,
pode-se citar um robô, interpretando a personagem Momoko na peça escrita e dirigida pelo dramaturgo
Oriza Hirata na Universidade de Osaka, Japão; ou a atriz robô, Geminoid EFE, na peça Sayonara, do mesmo
diretor; ou o Robô Thespian com suas interpretações Shakesperianas; entre outros. Enquanto, se por um lado
tem-se um novo recurso na contação de história, por outro, tem-se um outro debate em relação ao papel do
ator-pessoa neste contexto. Este artigo dialoga com a percepção do ator-pessoa diante deste novo cenário,
como ele vê a personagem interpretada por uma artificialidade e como ele vê seu próprio papel nessa nova
frente.
Apoio: Subverse: Grupo de Pesquisa em Ciberarte
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
UMA POÉTICA FIGURATIVA ALÉM DO SUJEITO: OS PERSONAGENS D’O NAU DOS
LOUCOS COMO MONTAGENS SINGULARES DE FORÇAS COLETIVAS
Stephan Baumgartel; UDESC-PPGT
Esta apresentação discutirá o modo de construção das figuras ficcionais no texto O Nau dos Loucos de Luis
Alberto de Abreu. A partir de uma diferenciação entre individualidade e singularidade, apresenta esse modo
como singularização figurativa, mas não individualização psicológica. Na medida em que podemos falar de
personagens que transitam entre diversos espaços e tempos ficcionais e cênicos, entre abstração ou
generalização e concretização social e pessoal, percebemos como essa figura ultrapassa o conceito de
sujeito, mas continua colocar questões sobre a relação entre o ser singular e um coletivo ideologicamente
bastante homogeneizado, mas não obstante composta por uma pluralidade de seres singulares. Dessa
maneira, a construção dessa poética figurativa aproxima-se à configuração de uma montagem alegórica.
Essa poética figurativa possibilita em sua estrutura temporal-espacial uma discussão das relações intrínsecas
entre o destino pessoal singular e as forças coletivas que atravessam essa figura humana. Coloca em xeque
dramaturgias não-burguesas que defendem que o abandono do conceito de sujeito levasse necessariamente a
um abandono de uma poética figurativa. É esse figurativo - em sua tensão com a noção de sujeito enquanto
ser autônomo indivisível - que permite compreender a dramaturgia de Abreu como uma investigação poética
do projeto coletivo para além da construção de um sujeito.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
MARCA(S)TEMPO: UM PROCESSO DE JEU DRAMATIQUE E HUMANIZAÇÃO ATRAVÉS
DO PIBID DE ARTES CÊNICAS EM DOURADOS.
Vanessa Lopes Ribeiro; Orientador: Flavia Janiaski; UFGD
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, visa o incentivo e a formação de professores
para a educação básica e a elevação da qualidade da escola pública. Dentro deste projeto realizei uma prática
na Escola Estadual Vilmar Vieira Matos, localizada em Dourados/MS, e a partir desta o refletir e discutir o
jogo dramático francês dentro do âmbito escolar. A intenção é esclarecer como esta prática proporcionou
aos alunos uma vivência única que é capaz, principalmente, de fazê-los refletir, humanizar-se e servir como
fonte de conhecimento por si próprio. A análise pauta-se em teóricos como Ana Mae Barbosa e Johan
Huizinga, além dos pesquisadores de jogos dramáticos como Ryngaert e Pupo. Esse arcabouço teórico
levanta uma reflexão aliando metodologia e a importância que o fazer teatral proporciona nos alunosjogadores, procurando, então, ratificar a validade dessa prática, acreditando que o teatro tem o potencial de
apresentar oportunidades de desenvolvimento social, afetivo e cognitivo. Sendo assim, o percurso do
trabalho visa mostrar esse processo e o desenvolvimento dos alunos no decorrer dele que culminou na
criação de um produto estético, o espetáculo Marca(s)Tempo, possibilitando, assim, uma avaliação sobre a
não existência da persona e sim pessoas reais em cena, provocando a discussão da presença da realidade na
cena teatral e aproximação entre vivência e espetáculo, excluindo o fator ficção e personagens.
CRISE DO SUJEITO - PERSISTÊNCIA DA PERSONAGEM?
CRIAÇÃO DA PERSONAGEM: POSSIBILIDADES TEATRAIS E SOCIAIS NA ESCOLA DR.
CESAR CALS
Yasmin Elica Queiroz de Oliveira; Lara Leoncio Pereira (PIBID; Iniciação a Docência); Orientador: Paulo
Ess; IFCE - Instituto Federal do Ceará
Será possível em encontros regulares com uma turma de alunos em uma escola pública, fazê-los vivenciar a
realidade do outro? Tendo como princípio o trabalho teatral da criação de personagens, a estudante do curso
de licenciatura em teatro relata sua experiência com jovens dispostos a experimentarem algumas
possibilidades entre a arte e suas vidas sociais. Utilizar-se do teatro como meio de dilatar as dificuldades que
envolvem a adolescência e o meio social ao qual estão inseridos, foi o caminho escolhido pela
artista/estudante. Não se fecham conclusões ou métodos, mas um víeis que não procura distanciar a vida
social dos mesmos das descobertas teatrais, fazendo assim paralelos que os aproximam cada vez mais uns
dos outros e das inúmeras transições que ocorrem na vida durante essa fase. O trabalho desenvolvido com
10 jovens entre 15 e 18 anos foi uma experiência que marcou não somente eles, mas também a estudante de
teatro que inicia sua caminhada com professora.
Apoio: CNPq
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
DA TEATRALIDADE OU DA INEXISTÊNCIA DO PRESENTE E DA CONSEQUENTE
INUTILIDADE FUNDAMENTAL DO TEATRO
Adriano Roza; Universidade de Brasília
Discussão frequente nos estudos teatrais, o conceito de presença está (óbvia e) fatalmente atrelada a noção
de presente, uma noção delicada que ainda hoje carece de discussão e esclarecimento.
Proponho, neste artigo, um percurso que atravessa os pensamentos de diversos autores (tais como Artaud,
Derrida, Deleuze e Guattari, Larrosa, Charney, Serres, entre outros) para fortalecer uma noção de presente
que se dá como descontinuidade, ou seja, um território instável apartado da lógica de progressão temporal
passado-futuro e que se estabelece como uma outra realidade detentora temporalidade própria.
A simples aceitação desse entendimento de presente desestabiliza o confronto entre o palco e a plateia e
propõe outros sentidos para o ator e para o espectador, mas também para todos os outros elementos teatrais.
O caráter teatral — a teatralidade — é justamente essa presença efêmera, fugidia e poética que, ainda que
não expulse do teatro a racionalidade, a lógica, a linguagem, a moral ou certa linearidade, não pode ser
governada por eles. O teatro se dá como uma experiência inútil e cruel que nos absorve e que absorvemos,
atravessamos, vivemos.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
OTRA - CAMINHOS PARA UMA PRÁTICA INVESTIGATIVA
Ana Luiza Fortes Carvalho (CAPES; Doutorado ); Orientador: Prof. Dr. André Carreira/Prof. Dr. José
Sánchez; UDESC/UCLM (Espanha)
O presente artigo pretende discutir as possibilidades de realização de uma prática investigativa por meio da
realização de um doutorado em Teatro. Como atriz e pesquisadora percebo a necessidade de abertura de um
espaço em que a prática possa se relacionar intrinsecamente com a teoria e não apenas atuar como suporte
da mesma. No caso desse trabalho, a ideia é expor e problematizar o ponto de partida da minha pesquisa de
doutorado: a realização de um processo criativo e investigativo que suscite questões pertinentes à prática
atoral contemporânea. De forma bastante simplificada, o processo que pretendo empreender abordará a
relação entre real e ficcional a partir da tentativa de realização de \"pseudônimos atorais\", em um jogo com
o paradoxo primordial do ator entre ser e representar. Esse tema tem me acompanhado durante a minha
trajetória acadêmica de forma insistente e foi elaborado de distintas formas no meu trabalho de conclusão de
curso e na minha dissertação de mestrado, sendo a realização do doutorado, nesse momento, proveniente de
um desejo de aprofundar essa questão a partir de um viés prático.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
MEMÓRIA E DRAMATURGIMO: ENCENANDO QUESTÕES DE GÊNERO, A PARTIR DE
HISTÓRIAS DE VIDA.
Antonia Pereira Bezerra (PQ - CNPQ 1D); Universidade Federal da Bahia
O objeto privilegiado desta investigação é a criação teatral, com ênfase nas dimensões estética e políticosocial dessa arte. Problematizando questões de gênero e identidade, a partir de histórias de vida, o ensejo
primeiro desta investigação consiste em instaurar uma prática de criação colaborativa em suas dimensões
dramatúrgica e cênica, ancorando-se em memórias individuais. Tal percurso conduzirá naturalmente à
realização de um espetáculo/performance/instalação, tendo como material de base uma dramaturgia da
memória - dramaturgia construída a partir de histórias de vida dos atores/sujeitos envolvidos no processo
dramatúrgico e cênico colaborativo. Tal empreitada conclama o exame do conceito de interrupção e de
vivência do choque (Schockerlebnis), através das noções de montagem cinematográfica e do estranhamento
como efeito no teatro e como meio técnico de invenção de uma nova narratividade para construção da cena.
Exige, ainda, a análise dos conceitos de experiência e vivência: a noção de experiência individual ou
vivência (Erlebnis), o qual substituiu, na sociedade moderna, a experiência coletiva e compartilhada
(Erfahrung), associando-o à vivência do choque (Schockerlebnis), para expressar e discutir a perspectiva de
percepção criadora de princípios de trabalho como a collage, a montagem e a interrupção da ação (epicidade
e narratividade).
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
REALIDADE E FICÇÃO NO ESPETÁCULO DAMA DA NOITE
Carloman Bonfim; Orientador: Katia Paranhos; Universidade Federal de Uberlândia
As práticas contemporâneas de encenação teatral mostram produções que se deslocaram do palco tradicional
e ocuparam outros espaços como hospitais, túneis, apartamentos e outros. Apropriados pelo teatro sua
materialidade ganha novas configurações e modos de acepção, interferindo nos elementos da cena, alterando
a relação entre atores e espectadores. Na dinâmica dessas encenações se configura uma relação entre o real e
o fictício proporcionada, principalmente, pelo uso do espaço. Recorro ao conceito de lugar teatral, entendido
como lugar social, no qual artistas e público fazem uso dele através da atividade teatro, compartilhando uma
experiência comum. O espetáculo “Dama da Noite” da Cia Drástica foi encenado em um bar, espaço em
pleno funcionamento cotidiano. Apropriar-se desse espaço e nele construir uma poética cênica insurge,
conseqüentemente, uma zona híbrida entre o real e o ficcional. Esta conexão entre o real e o ficcional no
espaço cênico, que o torna continuação e fragmento da realidade, é chamado por Hans-Thies Lehmann de
espaço metonímico.
No espetáculo Dama da Noite o lugar teatral é fator preponderante para a realização de uma encenação que
o conceba “metonímicamente”, pois realidade e ficção se fundem em alguns momentos, seja pelo efeito de
distanciamento ou pela proximidade entre ator e espectador, tornado o espectador sujeito da experiência
teatral em um ambiente onde palco e plateia coexistem.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
ARTE E INVISIBILIDADE: O FEMININO NO TEATRO E NO REAL
Daniele Almeida Pestano; Paulo Gaiger; Orientador: Paulo Gaiger; Universidade Federal de Pelotas
“Gênero e teatro: processos artístico-sociológicos” denomina o grupo de pesquisa que vem se debruçando
sobre a questão de gênero e a condição feminina representada na dramaturgia, relacionando-a a contextos e
linguagens de realidades históricas, culturais e sociais. O presente artigo procura refletir e compartilhar os
primeiros meses de pesquisa e práticas, em um processo de pensar-fazer dialógico e orgânico, que tem,
como ponto de partida, a trilogia de Garcia Lorca (Bodas de Sangue, A Casa de Bernarda Alba e Yerma), a
condição do feminino no período histórico de fins de século XIX na parte sul do estado, ainda sob os efeitos
do escravismo e das charqueadas, e as realidades de gênero contemporâneas, especialmente de latinoamérica. Sobretudo, tem como esteio a invisibilidade do feminino, as condições de injustiça e impotência, a
coerção e violência dissimulada e naturalizada. O pensar-fazer implica a contínua reflexão e comunhão do
processo, a montagem de espetáculo (transposição e adaptação de contexto e linguagem) e sua
sistematização. Como elemento fortalecedor dos múltiplos olhares críticos e criativos, a diversidade dos
participantes: o grupo conta com alunos de sexos e orientações sexuais diferentes, de diferentes semestres e
cursos, além da presença de jovens mulheres de fora do meio acadêmico, do Navegantes II, bairro da
periferia de Pelotas.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
A IMPROVISAÇÃO TEATRAL A PARTIR DAS NARRATIVAS EM REDES SOCIAIS: O
FACEBOOK E O WHATSAPP COMO MATERIAIS POÉTICOS NORTEADORES DA
EXPERIÊNCIA COM O TEATRO
ERNANE FERNANDES DO NASCIMENTO (CAPES; MESTRADO PROFISSIONAL EM ARTES);
Orientador: Narciso Larangeira Telles da Silva; UFU - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
A IMPROVISAÇÃO TEATRAL A PARTIR DAS NARRATIVAS EM REDES SOCIAIS:
O Facebook e o WhatsApp como materiais poéticos norteadores da experiência com o teatro
O advento da internet deu origem a uma gama significativa de softwares aplicativos voltados às redes
sociais. O Facebook e o WhatsApp se configuram como alguns dos mais utilizados no momento. Essa nova
forma de comunicação, presente em todo mundo, atinge desde cedo crianças e adolescentes que enxergam
nesses aplicativos as fontes primeiras de informação e comunicação.
Em âmbito escolar não é difícil notar o uso desses aplicativos o que requer uma atenção a esse novo
fenômeno presente cotidianamente na vida dos alunos.
A pesquisa em andamento visa, através da improvisação teatral, levantar, experenciar e discutir
possibilidades poéticas ao trabalhar cenicamente as narrativas (imagens, áudios e textos) que desembocam
nas redes sociais Facebook e WhatsApp.
O mote inspirador teatro/redes sociais trás o anseio pela investigação da temática apoiada pelo
PROFARTES - Programa de Mestrado Profissional em Artes da UFU-Universidade Federal de Uberlândia e
realizada em sala de aula juntamente com crianças e adolescentes alunos do Curso de Teatro da Fundação
Cultural Maria das Dores Campos, situada na cidade de Catalão-GO.
PALAVRAS-CHAVES: Redes sociais, teatro, improvisação, Facebook, WhatsApp.
Apoio: CAPES
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
A CENA CONTEMPORÂNEA E O TEATRO DE AUGUSTO BOAL
Fernanda Machado; Orientador: Maria Helena Franco de Araujo Bastos; Universidade de São Paulo
Augusto Boal foi um homem de teatro que, com sua vivência e experiência criou um método chamado
"Teatro do Oprimido". Esse método é conhecido e praticado no mundo todo, se divide em vários
procedimentos e tem como principal objetivo tirar o espectador da posição de contemplador, colocá-lo em
cena, em ação juntamente com os atores. Muitas das propostas de encenação tem como tema conflitos reais,
sendo a cena o meio para se colocar em discussão ou para se refletir sobre tal questão. Se pensarmos no
teatro contemporâneo e algumas de suas características: misturas de linguagens, intervenções urbanas,
encenações em espaços alternativos, inclusão do espectador, performance, etc, encontramos muitas
semelhanças com o teatro proposto por Augusto Boal. Analisando o processo criativo de diversos artistas,
performers e grupos teatrais, algumas perguntas são elencadas para provocar discussão e reflexão, como:
Quais são as relações e influências do Teatro do Oprimido no Teatro que estamos fazendo hoje? Há relações
entre os estudos de teóricos teatrais contemporâneos e os escritos de Augusto Boal? Como nós, brasileiros
entendemos seu método? A proposta deste artigo é analisar e discutir tais comparações.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
A PRESENÇA DO REAL NA DRAMATURGIA DE BERNARD-MARIE KOLTÈS: BREVE
ESTUDO DAS PEÇAS “COMBATE DE NEGRO E DE CÃES” E “ROBERTO ZUCCO”
FERNANDES, Fernanda Vieira; UFPEL
Esta comunicação tem como objetivo refletir brevemente sobre a presença de aspectos do real em duas
peças de Bernard-Marie Koltès, nas quais elementos não-ficcionais encontram-se na gênese da escrita:
“Combate de negro e de cães” (1979) e “Roberto Zucco” (1988). A proposta dialoga com estudos sobre o
autor, implementados no mestrado e doutorado da pesquisadora na UFRGS. A primeira peça selecionada
surgiu de uma experiência de viagem ao continente africano e das impressões que o local provocou no
dramaturgo, bem como histórias que ele ouviu ou vivenciou durante sua estadia. Já na segunda, a realidade
aparece mais diretamente e a inspiração veio de um “fait divers”: o assassino italiano Roberto Succo, que
amedrontou a França entre 1987 e 1988. “Roberto Zucco” causou polêmicas por conta da intervenção do
real no ficcional, com acusações de apologia ao crime e censura de apresentações no território francês.
Mesmo que não tenha existido o intuito de recriar minuciosamente a trajetória verídica, Koltès valeu-se de
fatos concretos para construir seu texto, modificando-os e adaptando-os ao seu objetivo literário. Em ambas
as peças, os limites entre a realidade e a ficção demonstram relações complexas, que envolvem violência,
solidão e incapacidade de diálogo e entendimento com o outro. Sendo assim, os aspectos do real, de forma
estratégica, intencional ou não por parte do autor, suscitam debates sobre a contemporaneidade.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
"O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AGORA [?]" - ENTRE REAL E FICCIONAL,
POSSIBILIDADES POÉTICAS DO COTIDIANO.
Flávio Rabelo; Dora Andrade; Bruna Reis; Gabriela Giannetti; LUME/Unicamp
Este trabalho pretende discutir a experiência da ação performativa \"O que você está fazendo agora [?]\" desenvolvida pelo Núcleo Fuga! para espaços não convencionais, abertos e ou fechados (espaços públicos
ou de convivência). Construída entre a dança, a performance e o teatro, esta ação tem como dispositivos
alguns procedimentos utilizados para fabricar enquadres que tensionem a relação entre real e ficcional,
tentando abrir a escuta às dramaturgias instantâneas que o cotidiano oferece e (re)criar ações a partir do que
já está acontecendo. Para tanto, partimos do entendimento que o Real e a Ficção são planos sobrepostos;
existentes numa zona virtual que em ação poética são atualizadas pelos artistas em cena. Assumimos em
nossa proposta que a dança e a performatividade em jogo não estão necessariamente vinculadas e/ou
restritas aos artistas proponentes; buscando, por vezes; apenas emoldurar, espelhar e ecoar o que já está no
espaço e nos corpos que o ocupam, disparando composições cartográficas apoiadas nas relações corpoambiente-dramaturgia.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
IRRUPÇÕES DO REAL NA CENA
Francieli Fernandes Pinto; Orientador: Arthur Eduardo Araújo Belloni; UFSM
Este estudo está relacionado a um trabalho final de graduação que consiste em explorar possibilidades de
anexação do real em cena. O desejo de investigar traços de irrupção do real na moldura simbólica da
representação – numa abordagem próxima daquilo que Maryvonne Saison denominou como “Teatros do
Real” – foi se manifestando durante os ensaios do espetáculo Malvarosa, dirigido por mim em 2013, nas
disciplinas de Encenação Teatral V e VI, do curso de Artes Cênicas, da Universidade Federal de Santa
Maria. Durante o processo de montagem, fiz uso dos Programas Performativos para ter acesso às histórias
pessoais das atrizes e posteriormente utilizei tais ações como base estrutural do espetáculo. O trabalho atual
mantém os relatos pessoais como base para criação, porém agora as histórias serão incluídas diretamente no
contexto de um novo espetáculo. O ponto de partida do trabalho será uma fotografia da minha pré-escola,
cuja imagem retrata vinte e cinco ex colegas e uma ex professora. A primeira etapa a ser realizada será
entrevistar todos que estão retratados na foto. Para tanto, contarei com o apoio de acadêmicos do curso de
Jornalismo que serão responsáveis por escrever textos baseados nas experiências relatadas nas entrevistas.
Após a organização de relatos e de documentos eventualmente coletados, prevê-se a criação de uma linha
dramatúrgica como meio de elaboração do novo espetáculo.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
O BIODRAMA NA CENA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
Gabriela Greco (Capes; UAB); Orientador: André Carreira; UDESC
Este texto pretende discutir a inserção do real na cena teatral brasileira, a partir das ideias de Óscar Cornago
e Silvia Fernandes sobre o Biodrama e o depoimento pessoal. Como referência de análise para essa reflexão
serão expostas as memórias do processo de criação e os fragmentos do diário de trabalho da atriz Marina
Mendo, da Cia Rústica de Teatro de Porto Alegre.
Ao dissecar algumas práticas, podemos perceber o quanto a inserção dos elementos do real na cena
contemporânea brasileira são materiais riquíssimos e disponíveis para a pesquisa em teatro. A pesquisadora
Silvia Fernandes, por exemplo, nos descreve apoiada nos estudos de Cornago, Agamben e Saison, como
essas práticas podem ampliar nossa análise teórica sobre quais são os efeitos do real no teatro e como alguns
procedimentos se apresentam já como formas em comum na cena atual. Ela nos aponta como forma de
investigação, alguns desses procedimentos em etapas que precedem o espetáculo.
Com base nesses pressupostos, proponho que possamos discutir o processo de construção do trabalho da
atriz nos espetáculos “Clube do Fracasso” (2010) e “Miragem” (2013) da Cia Rústica de Teatro, através do
seu diário de bordo. Em ambos os trabalhos, atriz e elenco, trazem para a cena suas memórias pessoais e
depoimentos reais da sua vida, o que fica evidente uma semelhança com o modelo do Biodrama.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
O NOME DO LÍDER E O LÍDER COMO NOME, OSCILAÇÃO ENTRE O REAL E O
FICCIONAL EM \
Giorgio Zimann Gislon (LEXS); Orientador: Dra. Luz Rodríguez Carranza; Leiden University
Esta comunicação discute a oscilação entre o uso dos procedimentos de menção ao nome do líder e de
remissão ao líder como nome como estratégia de criação de situação cênica em “Enfim um líder”, do ERRO
Grupo. O procedimento de uso do nome do líder é um procedimento ficcional que finge remeter a um outro
nome próprio do qual o referente nunca chega à cena, enquanto o procedimento do líder como nome é real e
se remete somente ao nome comum líder como classe. Através do intercalamento desses dois
procedimentos, os atores conseguem sustentar uma situação de espera ao líder que dura três dias. O
momento final dessa espera, ao propor ao espectador uma posição de jogo como um líder qualquer, faz uma
síntese disjuntiva do ficcional com o real.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
OS SONHOS E AS CRIAÇÕES: UM BREVE LEVANTAMENTO ARTÍSTICO SOBRE OS
SONHOS COMO FONTES CRIATIVAS
Guilherme Conrado Pereira Ríspolli; Orientador: Narciso Laranjeira Telles; Universidade Federal de
Uberlândia
Não é nenhuma novidade que os sonhos são para muitos profissionais objeto de estudo e análise,
principalmente para a psicanálise. Estudo este que não é nada recente, mas que advém desde a Antiguidade
Clássica, tendo Aristóteles chegado a uma conclusão sobre o que eram os sonhos: um \"ato da faculdade
sensitiva\", ligada à imaginação, e complementava que \"a essência do sonho é \'a imagem nascida do
movimento das impressões sensíveis, quando elas se apresentam no seio do sono, do sono no sentido
próprio.\" (KAUFMANN, 1996, p. 480).
Anos mais tarde, vários outros estudiosos da área viriam a nascer, e transformariam esse ambiente onírico
em arte. Na arte da medicina está Freud, nas artes plásticas Dalí, na literatura Breton, no cinema Fellini e no
teatro Artaud. Neles, por exemplo, percebemos o vínculo permanente com essa passagem pelo onírico,
devido a uma necessidade artística e de criação. Em contrapartida, há aqueles que simplesmente se
permitiram a experiência, uma breve passagem pelo \"mundo dos sonhos\", como Shakespeare e Strindberg,
na dramaturgia, Kafka, nos noitários, e Tabori, nas encenações. E por fim, na arte da interpretação
Stanislavski, ator e diretor russo, que dirá ser o subconsciente a \"profundeza da alma humana\", “a essência
da arte” e “a fonte principal da criatividade”.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
A VIVÊNCIA DE COSPLAY COMO FERRAMENTA AO ENSINO DE TEATRO :ENTRE
TEATRO/FANTASIA?
João Victor Meneses Duarte; Aline dos Santos Sousa (Programa de Bolsa de Iniciação á Docência (PIBIDTEATRO-CAPES); Bolsista); Orientador: Prof. Esp. Aline dos Santos Sousa; Universidade Regional do
Cariri- URCA
Ficção e realidade: Tensões e fabulações
A vivência de cosplay como ferramenta no ensino de teatro: Entre teatro/ fantasia?
João Victor Meneses Duarte, (bolsista no Programa de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID-CAPESTEATRO. Aline dos Santos Sousa (Professora da Universidade Regional do Cariri -URCA)
O presente trabalho discute a minha experiência de cosplay enquanto possibilidade de trabalhar o teatro na
escola. Ao adentrar ao programa de bolsa PIBID-CAPES pude desenvolver metodologias de ensino em
teatro através dessa experiência em confronto com as possibilidades dos adolescentes sendo assim, foi
válido refletir: Qual personagem fictício você se inspira? Por que vocês “meninas” admiram a mulher
maravilha? No campo escolar defrontamos com possibilidades ou meios de desenvolver o fazer teatral a
partir dos nossos interesses (educador e educando) e, em mais de três anos de ensino essa possibilidade está
fazendo parte da minha experiência de artista-docente. Nesse estudo foi dado um enfoque especial a dois
nomes do teatro: Narciso Telles, Antonin Artaud em paralelo com as abordagens pedagógicas de Paulo
Freire. Esta analise mostrou que existe um diálogo pertinente entre esses teóricos e, as relações percebidas
na vivência de instituição de ensino podendo assim contribuir para o processo criativo a partir do cosplay
como ferramenta artística.
Palavras Chaves: Cosplay, experiência, fazer teatral.
Apoio: PIBID-CAPES-TEATRO
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
A DRAMATURGIA DE UM EVENTO CÊNICO EM JOGO: OS ASPECTOS BIOGRÁFICOS,
FICCIONAIS E PROCEDIMENTAIS COMO INSTÂNCIAS ENUNCIATIVAS DA CENA
José Eduardo de Paula; Orientador: Armando Sérgio da Silva; Artes Cênicas - ECA/USP
Privilegiando o modo de proceder teatral que se apoia na premissa de coletivo artístico interessado nos
campos investigativo e experimental, este texto problematiza as particularidades dos processos
contemporâneos de criação que têm utilizado temáticas híbridas como mote para artesania cênica. Mais
especificamente, tal reflexão é uma espécie de compartilhamento do processo de criação do evento cênico
“Inconcluso: estudos para um espetáculo irrealizável” que, para seu desenvolvimento, utilizou três instâncias
enunciativas distintas: conto literário, documento histórico sobre o “Holocausto Brasileiro” e o
procedimento de preparação e criação denominado Círculo Neutro.
Se o evento cênico compartilhado instaura uma espécie de tempo-espaço que coloca realidade e ficção em
relação, na maioria das vezes ele escamoteia inúmeras ações empreendidas durante o seu processo criativo.
A dramaturgia para um evento cênico em jogo aqui empreendida, além de querer revelar os três diferentes
suportes das instâncias enunciativas da cena, defende a área de jogo como uma espécie de mosaico
caleidoscópico, um lugar instável, movediço e em contínuo rearranjo cênico – permitindo: aos atores o
exercício do estado de jogo a cada nova apresentação, aos espectadores se considerarem coartífices ao serem
colocados em condição fronteiriça entre espectador e atuante, entre real e ficcional.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
REPETIÇÃO, INSISTÊNCIA E ESVAZIAMENTO: PONTES ENTRE REALISMO
TRAUMÁTICO E TEATRO-DANÇA A PARTIR DO ESPETÁCULO \\\\\\\\
Jussyanne Rodrigues Emidio (CAPES/CNPQ; Mestrado); Orientador: José Ronaldo Faleiro; UDESC
Este artigo analisa o ato da repetição como experiência do trauma ressignificada no espetáculo "(S)Em
Mim" (Juazeiro do Norte - CE, 2013), dirigido por Luciana Araújo, a partir da poetização de narrativas
pessoais. A elaboração de trechos coreográficos pautada na repetição de ações foi utilizada pela coreógrafa
Pina Bausch nas criações do Wuppertal Tanztheater, tendo em vista a composição de uma dramaturgia da
memória. Tal estratégia, reapropriada por Araújo, é analisada aqui como ato testemunhal de insistência da
memória que, ao ser esvaziado em seu significado pela recorrência dos movimentos, aponta para a
experiência do real. São feitas interlocuções entre Hal Foster, Óscar Cornago, Lícia Sánchez e Ciane
Fernandes para analisar a repetição como emergente do realismo traumático no espetáculo, que observo pelo
viés do teatro-dança. A repetição coreográfica indica a obsessão da memória em reviver ações, a nãocontinuidade dos fatos que apenas autorreferenciam seu passado e, desta forma, não progridem, expondo o
vazio após experiências de perda. Em cena, a repetição perpassa pela corporeidade, o que lhe confere uma
qualidade de ato testemunhal: expõe a inscrição da própria experiência dos/nos corpos. A insistência na ação
repetida deflagra alterações na qualidade de movimento das bailarinas e dos bailarinos e interfere em seus
processos de apropriação cênica, foco ampliado da pesquisa em andamento.
Apoio: CNPQ/CAPES/UDESC
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
O RPG ENQUANTO UMA LINGUAGEM TEATRAL OU UMA OUTRA FORMA DE NARRAR
HISTÓRIAS
Leonardo Brandão (CNPQ; Pesquisa); Orientador: Stephan Bäumgartel; UDESC
A pesquisa aqui apresentada propõe-se a analisar as similaridades e dissidências das práticas usuais de
teatro em relação ao jogo de RPG (Roleplaying Game), que pode ser ser traduzido aproximadamente como
“jogo de interpretação de papéis”, uma vez que o este organiza-se em função da construção coletiva de uma
narrativa em comum, buscando fundamentá-lo enquanto uma linguagem artística legítima, potente e
coerente frente a questões colocadas pela arte contemporânea a partir de seus próprios dispositivos
narrativos, lúdicos e performativos, também numa tentativa de aproximar o discurso teatral da ideia de
GameArt, que contempla jogos produzidos por artistas e concebidos enquanto obras de arte em contraponto
a jogos produzidos pela grande indústria do entretenimento, pouco difundida e trabalhada em nosso meio.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
A INVASÃO DO REAL NO TEATRO
Lisandro Marcos Pires Bellotto; Orientador: Marta Isaacsson de Souza e Silva; UFRGS
Este artigo reflete sobre as estéticas do real que invadem a cena teatral do presente. A sociedade do
espetáculo contemporânea(Adorno) tem procurado, cada vez mais, modalidades artísticas que tendem a
imitar o real. O mundo demasiado virtualizado pelas tecnologias da comunicação(Lévy), tem gerado, em
contrapartida, uma procura insaciável por brechas que intensificam o presente nas artes e na vida. A mídia
almeja intensamente o documental, assim como o teatro e o cinema também se utilizam de princípios
semelhantes. A hibridização do real com o ficcional se torna uma consequência e uma busca incessante nos
dias de hoje.
Seja afirmando padrões midiáticos que tendem a difundir os imensos “desertos do real”(Baudrillard) da
cultura do simulacro, seja refletindo de forma crítica e utilizando em cena princípios da linguagem da
performance art, possibilitando o desenvolvimento de uma espécie de Teatros do Real, essas estéticas
passaram a ser temas centrais não só no teatro contemporâneo, mas em todos os âmbitos da cultura. Com
suas varidades, intensidades e modalidades, acabam por se distanciar da representação e acentuar uma
presença cênica; se aproximam da performance art, instauram um “evento”, introduzem o espetacular, assim
como a utilização de imagens reais projetadas por dispositivos tecnológicos no palco revelado concorrem
para o esquadrinhamento de um possível campo poético pautado pela invasão do real em cena.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
"IMINÊNCIA": ENTRE FICÇÃO E REALIDADE
Luciana Barone; UNESPAR - FAP
Este trabalho apresenta uma reflexão acerca do entrelaçamento entre ficção e realidade no espetáculo
"Iminência", elaborado dentro do projeto "Inconsciente, subjetividade e processo de criação cênica" (por nós
desenvolvido junto à UNESPAR-FAP entre 2011 e 2014), e apresentado, no início de 2014, no Viga Espaço
Cênico, em São Paulo. Para tanto, lança-se um olhar sobre o papel da realidade na arte contemporânea, a
partir da estética relacional, de Nicolas Bourriaud, dos temas da arte contemporânea, elencados por Katia
Canton e, no campo das artes cênicas, da performatividade, conforme entendida por Josette Férall.
Nossa reflexão parte, então, da relação entre arte e realidade em "Iminência", espetáculo criado a partir de
um contexto de vida de luto, para falar sobre perdas. São abordados tanto a emergência da temática artística
a partir de vivências pessoais, quanto os procedimentos de acesso ao inconsciente empregados durante o
processo de criação da dramaturgia e da montagem em si, como potencializadores do estreitamento entre as
experiências pessoais e a experiência estética então delineada. Objetiva-se destrinchar os mecanismos de
ficcionalização da realidade empregados, e identificar, nesta estratégia que flerta com o autobiográfico, a
relação estabelecida no jogo com os espectadores.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
A PERFORMATIVIDADE DO TEXTO EM SAMUEL BECKETT: UMA ESCRITA DE RUPTURA
BRITO, Luciana. (CAPES; A); Orientador: Silvia Balestreri; UFRGS - Programa de Pós Graduação em
Artes Cênicas / PPGAC
A comunicação propõe uma reflexão acerca dos diálogos possíveis entre a dramaturgia de Samuel Beckett e
a performance, a partir do experimento estético Sala Beckett em um Ato, realizado pelo Núcleo de Pesquisa
Beckett-we/Porto Alegre-RS (2015). Tendo como elemento norteador a performatividade da escrita
beckettiana, o experimento citado foi elaborado através de pesquisas em artes visuais, sonoridades, literatura
e teatro, propondo-se a provocar no público visitante, uma imersão na essência beckettiana. Utilizando como
referência o conceito de ruptura, que motivou o surgimento de movimentos artísticos como o Teatro do
Absurdo e também a Performance, pretende-se refletir acerca da condição do artista, a partir da negação das
fronteiras entre ficção e realidade, que o colocaram em um constante estado de risco. O teatro de Beckett se
identifica nesta vertente, no momento em que passa a questionar os elementos convencionais do teatro,
jogando com o tempo, a resistência física do ator e também com a recusa da exclusividade pelo texto
dramático – exemplo disso são algumas peças curtas, compostas exclusivamente por imagens e silêncios.
Desta forma, este trabalho pretende dar ênfase às possibilidades performativas que o texto beckettiano pode
desencadear, colocando o artista numa situação real e buscando através da percepção sensitiva, novos
caminhos de diálogo com o público.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
REAL FICCIONAL X REAL REAL: ENTRE PARADOXOS, CONTRADIÇÕES,
CONSTRANGIMENTOS E POESIA
Maria Alice Possani; Renato Ferracini (Fapesp; Doutorado); Orientador: Prof. Dr. Renato Ferracini;
UNICAMP e LUME
O Grupo Matula Teatro possui um histórico de espetáculos com dramaturgias construídas a partir de
histórias e depoimentos reais, aprendidos em pesquisa de campo em diferentes contextos: junto a população
de rua, mulheres que vivem em assentamentos rurais e refugiados saharawis. Paradoxalmente, em um dos
espetáculos cuja dramaturgia é de caráter ficcional, houve uma apresentação em que o público tomou a ação
cênica como real e houve um momento de pânico na plateia. O quanto as definições de realidade e ficção
dependem do ponto de vista do espectador?
O espetáculo Apocalipse, do Teatro da Vertigem, acontecia nas instalações de um prédio que já havia sido
um presídio, e isso era parte da atmosfera que compunha o espetáculo, gerando interesse e provocando
sensações. Em uma das cenas, um casal foi contratado para uma cena de sexo real diante do público,
gerando polêmica e debates acirrados. Podemos dizer que existe um certo fetiche do real ficional em
contraponto a um incômodo com o real real?
Sem pretender respostas, este texto propõe reflexões sobre os limites entre ficção e realidade e sobre o status
que o real vem ganhando no teatro contemporâneo, tendo como ponto de partida a análise de dois
acontecimentos teatrais específicos.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
O REAL NA CENA DA PEÇA ODISEO.COM.
Maria Cristina Fabi (CAPES-UAB; Mestrado); Orientador: Stephan Baumgarte; UDESC
Este artigo fala do tema do real sobre o aspecto do compartilhamento entre ator e os espectadores, e
pretende discutir o nível de relação entre esses na peça Odiseo.com. Refletir sobre os aspectos da irrupção
do real e sobre o efeito da mirada teatral por parte do espectador.
A peça Odiseo.com é mediada pela tecnologia através do SKYPE com texto de Marco Antonio de La
Parra, dirigida por André Carreira e atuada por Milena Moraes, no Brasil, Juan Lepore, Argentina, Amalia
Kassai, Chile, ambientada para o público brasileiro, em um apartamento, em um bairro da cidade de
Florianópolis, os atores não se encontram fisicamente. A proposta é uma reflexão a respeito da cena
contemporânea através dos aspectos do real na cena. Isso se evidencia na utilização dos aparatos
tecnológicos, na utilização de um espaço não convencional ao teatro e ao tratamento dado a encenação, pois
aposta na discussão da relação virtual e joga para o espectador uma mirada teatral a partir de um suposto
recorte de uma cena íntima.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
TENSÕES GERADAS ENTRE NOÇÕES DE MIMESIS E PRODUÇÃO DO TEATRO DO REAL
NO ESPETÁCULO "YO NO SOY BONITA" DE ANGÉLICA LIDDELL
Mirela Ferreira Ferraz (CAPES; Doutorado ); Orientador: Andre Luiz Antunes Netto Carreira; UDESC
Esse artigo pretende analisar como os campos da mimesis e do teatro do real tornam-se permeáveis no
espetáculo “Yo no soy bonita” da artista espanhola Angélica Liddell, criando um plano de tensão entre
ficção e realidade. A partir de um resgate da noção de mimesis, conceito que será compreendido por uma
análise que o expande para além da ideia de imitação, busca-se problematizar os limites do território teatral,
o qual se torna diluído pela incidência de aspectos do real na cena. Para isso, foca-se nos agenciamentos
produzidos entre mimesis e a produção do real, que se evidenciam no teatro conflituoso de Liddell, este que
se ergue por meio do próprio corpo da própria atriz/performer, a qual concebe e dirige seus espetáculos.
Pretende-se destrinchar como a biografia da artista exposta durante o trabalho reconfigura os limites da
ficção teatral, criando um espaço fronteiriço, o qual flexibiliza os limites do espetáculo, redimensionando-o
como um legítimo fenômeno de fronteira de difícil categorização, na medida em que este transita entre as
mais diversas linguagens, problematizando o embate e o encontro estabelecido entre mimesis e o “aqui e
agora” do ato performativo.
Apoio: CAPES
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
PARA ALÉM DAS MOLDURAS FICCIONAIS
Moacir Romanini Junior; Orientador: Matteo Bonfitto Junior; Universidade Estadual de Campinas Unicamp
O presente estudo tem como objetivo investigar e problematizar as noções do Real no trabalho do atorperformer a partir dos ideais do Movimento Neoconcreto que, com a divulgação da Teoria do Não-Objeto
(1959), de Ferreira Gullar, preconiza a manifestação artística fora dos ambientes institucionais. Como
limitação simbólica entre realidade e representação – entre espaço real e espaço virtual -, a extinção da
moldura nos quadros e das bases das esculturas, sobretudo com Lygia Clark, dá início a uma nova
provocação nos gestos da arte contemporânea que a partir de então passa da representação dos objetos do
mundo aos de apresentação experimental.
Desse novo ideal advindo das artes visuais, esta investigação propõe um diálogo com conceitos do teatro e
da performance quando, nas década de sessenta e setenta, sobressalta-se o olhar para o corpo fenomenal do
ator, além de reposicionamentos do espectador que ganha o status de cúmplice frente a esta nova cena que
passa a ocupar espaços reais.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
GERAÇÃO DE EXPERIÊNCIA E USO DE INTELIGÊNCIAS A PARTIR DO TEATRO DA
CRUELDADE
Nícolas Anderson Sobreira Tavares; Orientador: Yuri de Andrade Magalhães; Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.
Este trabalho busca discutir acerca da experiência e do seu conhecimento. Concordamos com Larrosa que a
experiência é aquilo que nos passa, nos acontece e nos toca. Bem como o uso de Inteligências no qual esse
conhecimento se apoia. Usamos o conceito de Howard Gardner de “Inteligências Múltiplas”, definindo-a
como a capacidade de resolver problemas pela confecção de produtos culturais.
O Teatro da Crueldade, proposto por Antonin Artaud, é contrário à limitação da obra pelo uso do texto. Por
isso, propondo então uma linguagem única que, apesar de se utilizar de vários meios de expressão, não se
limita a apenas um deles. Buscamos assim, discorrer acerca da estética da crueldade no espetáculo Bom
Retiro 958 Metros do grupo Teatro da Vertigem, de São Paulo, Brasil.
Na peça, são percorridos 958 metros do bairro paulistano Bom Retiro, tendo como matéria-prima da
encenação o cotidiano do bairro e as realidades de seus habitantes, simbolicamente expressas nos lugares
por onde se locomove o espetáculo e no uso de objetos, sons e indumentárias.
Este trabalho do Teatro da Vertigem nos leva a discutir acerca da “geração de experiência’’ e o uso de
inteligências buscando, assim, compreender como a realidade do bairro se corporifica nos atores do grupo
paulista.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
O (I)REAL NOS PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO: UMA ANÁLISE DOS TRABALHOS DE
EDUARDO COUTINHO E CHRISTIANE JATAHY
Patricia Leandra Barrufi Pinheiro (Capes/FAPESC; Doutorado); Orientador: André Luiz Antunes Netto
Carreira; PPGT/UDESC
A televisão e o cinema tem feito uso da vida real como suporte para atrair as grandes massas. Mesmo ciente
dos truques e artimanhas utilizadas nestas mídias, as pessoas se envolvem com o que assistem, aceitando o
fator de manipulação do real. Desta forma, este estudo realiza uma reflexão acerca de trabalhos
cinematográficos voltados para a esfera do real na cena, em uma clara junção entre cinema e teatro. Cito
como exemplos, neste contexto, os trabalhos dos diretores brasileiros Eduardo Coutinho e Christiane Jatahy,
em específico suas obras Jogo de Cena e A Falta que nos Move. Estes trabalhos cinematográficos tiveram
como ponto de partida a união entre realidade e ficção em suas dramaturgias, propondo uma nova leitura do
que conhecemos como filme documentário. Em ambos é suscitada a seguinte questão: o que estamos vendo
é atuação ou não? Também apresento, como exemplo, o trabalho do diretor russo Dziga Vertov, em que este
mostrava em sua obras o cotidiano das pessoas num interesse direto sobre o fazer humano como fonte de
atrativo para o cinema de sua época. Com base nisso podemos pensar que, ao contrário do teatro, no cinema,
a fronteira entre realidade e ficção não é afetada pela relação direta com o público. No teatro, os
acontecimentos reais (a realidade) pode afetar diretamente uma encenação, confrontando a realidade teatral
com a vida em si?
Apoio: PPGT/UDESC
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
ARTE E INVISIBILIDADE: O FEMININO TEATRO E NO REAL
Paulo Gaiger; Daniele Pestano; Orientador: Paulo Gaiger; Universidade Federal de Pelotas
Arte e invisibilidade: o feminino no teatro e no real
“Gênero e teatro: processos artístico-sociológicos” denomina o grupo de pesquisa que vem se debruçando
sobre a questão de gênero e a condição feminina representada na dramaturgia, relacionando-a a contextos e
linguagens de realidades históricas, culturais e sociais. O presente artigo procura refletir e compartilhar os
primeiros meses de pesquisa e práticas, em um processo de pensar-fazer dialógico e orgânico, que tem,
como ponto de partida, a trilogia de Garcia Lorca (Bodas de Sangue, A Casa de Bernarda Alba e Yerma), a
condição do feminino no período histórico de fins de século XIX na parte sul do estado, ainda sob os efeitos
do escravismo e das charqueadas, e as realidades de gênero contemporâneas, especialmente de latinoamérica. Sobretudo, tem como esteio a invisibilidade do feminino, as condições de injustiça e impotência, a
coerção e violência dissimulada e naturalizada. O pensar-fazer implica a contínua reflexão e comunhão do
processo, a montagem de espetáculo (transposição e adaptação de contexto e linguagem) e sua
sistematização. Como elemento fortalecedor dos múltiplos olhares críticos e criativos, a diversidade dos
participantes: o grupo conta com alunos de sexos e orientações sexuais diferentes, de diferentes semestres e
cursos, além da presença de jovens mulheres de fora do meio acadêmico, do Navegantes II, bairro da
periferia de Pelotas.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
A MEMÓRIA E FICÇÃO NO PROCESSO CRIATIVO DO ATOR CONTEMPORÂNEO.
Rafael Garcia; Orientador: Mauro Rodrigues; Universidade Estadual de Londrina
O artigo é resultado do trabalho de conclusão de curso realizado na disciplina homônima do curso de Artes
Cênicas da Universidade Estadual de Londrina. A pesquisa aborda os caminhos percorridos por mim em
construções cênicas feitas no último ano de curso, baseadas, principalmente, em teóricos como os filósofos
Gaston Bachelard e Henri Bergson e a estudiosa do teatro Patrícia Leonardelli.
O tema que principalmente busco nesses autores e artistas é o da memória como meio de concretizar uma
obra cênica. Em conjunto com os relatos de diferentes experiências práticas teatrais que tive ao longo de um
ano de pesquisa, exponho resumidamente minhas construções textuais poéticas, meus estímulos que
impulsionaram o nascimento deste trabalho e, o mais importante; minhas lembranças, fantasias e memória.
Elaboro ao longo do texto meu próprio pensamento sobre o que é a memória, o que é o criar e o recriar da
memória, o que é a memória posta como ponto de partida para a criação da arte teatral e como a ficção,
fantasia e lembrança inventada podem ser postas no processo de criação.
A finalidade deste artigo é relatar como se da o processo criativo do ator contemporâneo, baseado em
memórias vividas ou inventadas, lembranças, devaneios e sonhos. Esses relatos, por sua vez, fazem parte da
prática da criação, ou seja, trata-se, em um todo, de uma pesquisa que envolve escrita, leitura poética,
observação, fantasia e ação corpóreo-vocal.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
INCONSCIENTE DRAMÁTICO: UM PSICANALÍTICO SOBRE PROCEDIMENTOS DE
ESCRITURA (TEXTUAL) DRAMATÚRGICA
RAFAEL LORRAN ALVES (Bolsa de Metrado; CAPES); Orientador: Maria do Perpétuo Socorro Calixto
Marques; Universidade Federal de Uerlândia - UFU
Este trabalho intenta refletir procedimentos de escritura dramatúrgica a partir das noções de pulsão, paixão e
inconsciente debatidas por Sigmund Freud (2000) e Jaques Lacan (2003), articulando-as às proposições
semióticas sobre a criação de textos dramáticos por Adélia Nicolete (2013), José S. Ninisterra (2002) e Luis
A. de Abreu (2001) e Roland Barthes (1999). Para tal, valo-me de uma perspectiva interdisciplinar entre os
estudos da psicanálise e a semiótica da escritura dramatúrgica e sob a guisa da etnopoética analiso processos
de criação das seguintes obras e respectivos dramaturgos: Liquidados (Muryel de Zoppa), Imaculada (Rafael
Lorran) e Vivenças (Nelcira Durães). Desse modo, divido o trabalho em três sessões: Na primeira apresento
os relatos sobre sensações e mecanismos envolvidos na escrita dos textos; na segunda levanto principais
assertivas sobre pulsão, paixão e semiótica da escrita relacionando os conceitos aos procedimentos
relatados/observados; por fim, na terceira lanço possíveis contribuições para a compreensão das referidas
dramaturgias contemporâneas, voltando-as às particularidades do indivíduo criador em profunda conexão
psicológica com a criação.
PALAVRAS-CHAVES: Dramaturgia, psicanálise, pulsão, paixão, semiótica.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
CARTAS PARA "NEGRINHA"
Raimundo Kleberson de Oliveira Benicio; José Cleber Barbosa de Lima (Extensão Popular em Teatro;
Extensão); Orientador: José Cleber Barbosa de Lima ; Universidade Regional do Cariri
O presente artigo analisa a experiência no projeto de Extensão intitulado: “Extensão Popular em Teatro”,
realizado no Centro de Artes, na Universidade Regional do Cariri (URCA), localizada no município de
Juazeiro do Norte/CE. Nesta prática, tem-se um panorama dos processos de construção do teatro
colaborativo com crianças e adolescentes de comunidades carentes na Cidade Juazeiro do Norte/CE. Através
deste estudo é possível discutir as diversas fases da criação e construção cênica, engendrado no conto
Negrinha, do escritor brasileiro pré-modernista Monteiro Lobato. O conto Negrinha está historicamente
ligado a condição da escravidão de 1930. E, por esse viés, as questões de Bullying vêm à tona nesta esfera
social dos participantes. Desse modo, o Teatro do Oprimido vai ao encontro destas questões, uma vez que a
sua estética tem como objetivo discutir os problemas sociais. O texto transparece as opressões vivenciadas
no Brasil na década de 1930, algumas dessas opressões ainda permeiam na sociedade brasileira, são elas:
maus tratos e castigos físicos a crianças e adolescentes na maioria das famílias. Ao utilizarmos o método
Teatral de Augusto Boal, baseado no Teatro do Oprimido, pretendemos criar uma relação com a literatura de
Monteiro Lobato, de forma a lidar com algumas questões apresentadas no contexto e cotidiano dos
participantes.
Apoio: PROEX- Pró Reitoria de Extensão
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
O JOGO EXPANDIDO DAS MÁSCARAS ENTRE O REAL E O FICCIONAL.
Renata Kamla (CAPES; Demanda Emergencial- Cota da pró-reitoria); Orientador: Profº Dr. Armando
Sérgio da Silva; Universidade de São Paulo - USP
Tendo como ponto de partida a pesquisa em desenvolvimento de doutorado, O jogo das máscaras em ações
performativas como meio da criação da escritura cênica, objetiva-se refletir as máscaras no seu campo
expandido e o jogo que se estabelece na alteridade das relações desenvolvidas por elas no espaço da rua e a
percepção das suas teatralidades. O jogo das máscaras, neste contexto, é utilizado como meio de criação de
um texto ficcional partindo do jogo real, já que a ação é realizada no presente e com a interferência do
espectador, levando em consideração a urgência de posicionamentos e de ações intervencionistas
imprescindíveis a artistas em diálogo com o seu tempo. O risco, o imprevisto e a presentificação do atorjogador-performer que age motivado por suas questões subjetivas, políticas e sociais e não por uma
personagem que irá representar, estão presentes nesse processo criativo e fazem parte dos procedimentos
artísticos e pedagógicos propostos, fundamentados nas ideias de: Josette Féral acerca do teatro performativo
e teatralidades cotidianas e nas ideias de “multiestabilidade perceptiva” de Érika Fischer-Lichte, quando o
espectador se encontra num “entre” a “ordem de representação” e a “ordem da presença”, assim, a
tensão/crise estabelecida no jogo performativo que se propõe propiciará, além da criação da escritura cênica,
uma “experiência estética” processual.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
O ESPAÇO PÚBLICO COMO CENOGRAFIA DO REAL: RELAÇÕES POSSÍVEIS ENTRE O
PRÉ- TEATRO GREGO E A CONTEMPORANEIDADE
RUY AURÉLIO BATISTA ROLIM DE SOUZA; Orientador: EDUARDO BRUNO FERNANDES
FREITAS; UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ -UECE
Esse artigo tem como ponto chave discutir as relações entre o Pré-teatro grego e a contemporaneidade no
quesito ocupação da urbe para encenação teatral. O Teatro, surge na Grécia, como um desdobramento dos
festivais religiosos- Dionisíacas. Antes de sua institucionalização e cristalização como Teatro, o Pré-teatro
tinha como proposição a aglutinação de pessoas que, por meio de uma festividade, compartilhavam um
espaço comum para viver uma experiência coletiva. Na contemporaneidade, podemos perceber que o teatro
tenciona aproximar-se do cotidiano, não mais para representa-lo, mas como um local de compartilhamento
de experiências. Para tal, tem ocorrido uma migração aos espaços públicos, como cenário do real, para a
realização das encenações. Desse modo, o conceito de cenografia se dilui/dilata, pois, é o espaço
arquitetônico da cidade é usado como ambiente a partir dos potenciais do cotidiano. Nessa perspectiva: Que
relações entre ficção/realidade podem ser percebidas nesses períodos históricos? Quais os paralelos
possíveis entre a cenografia no Pré-teatro e na contemporaneidade? Para analisarmos tais pontos, autores
como: André Carreira, Antonio Araujo, Patrice Pavis, entre outros, serão a base para pensar a espacialidades
e Jacques Rancière, Nicolas Bourriaud, entre outros, serão o ponto de partida para pensar os aspectos
relacionais da Arte.
Palavra-Chave: Pré-Teatro; Teatro contemporâneo; Espaço Público; Cidade.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
ESPACIALIDADE E PRESENÇA - AS DIMENSÕES DO REAL E DO FICCIONAL NA
VIVÊNCIA DA CENA, COMO ABORDAGEM COMUNICATIVA
shirlei torres perez; Orientador: Christine Greiner; PUC SP
Na relação espetáculo-espectador, a espacialidade pode ser compreendida como operadora de mediação e
negociação. Configura-se como ação do espaço, sendo que o espaço não é passivo, mas um sistema signico
dinâmico. A partir das novas tessituras e construções do teatro, a espacialidade, ou ação do espaço,
representa uma vivência que vai além da determinação dos lugares da sala. Passa a ser uma negociação
processual dos limites entre ator e espectador com aptidão para interferir no perfil da relação. A discussão
do espaço incorpora as questões que se apresentam à própria natureza da performance e ao indivíduo (artista
ou platéia) imerso na situação que põe à prova as questões da visibilidade e da presença do outro. Com o
foco na experiência, é essa complexidade que garante a potência da negociação entre espetáculo e
espectador. A proposta é abordar o teatro do ponto de vista da comunicação, buscar na linguagem e na
relação entre ator e público, aquilo que se constitui como uma experiência política. Neste viés, o teatro é
uma ação performativa que propõe movimentos, provoca perguntas e coloca em cheque hábitos e formatos,
pelo o embate entre ator e público, no âmbito da presença e de seus efeitos na dimensão metafórica,
entendendo metáfora no sentido do trânsito perceptivo entre corpo e ambiente, ou seja, que interpõe a
dimensão do real e do ficcional, no espaço e no tempo da cena.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
UM OLHAR POÉTICO DO MORRO DO QUILOMBO A PEÇA UMA INCRÍVEL VIAGEM EM
BUSCA DA DIFERENÇA
Thayná Cristine Rodrigues Silva; Pedro Martins; Universidade do Estado de Santa Catarina
A partir da imagem negativa com que os meios sociais retratam a comunidade do Morro do Quilombo,
localizada no bairro do Itacorubi, Florianópolis, considerando-a como marginalizada e perigosa, este artigo
tem como objetivo descrever um processo de teatro realizado por mim e meu amigo Márcio Cardoso, no ano
de 2012, com os moradores desta comunidade. Busca-se compartilhar como eles a percebem,
desconstruindo-se essa imagem propagada pelos meios sociais e possibilitando espaço para um olhar mais
poético e íntimo em relação à identidade do Morro e das pessoas que ali convivem. O resultado deste
processo teatral foi a peça Uma Incrível Viagem em Busca da Diferença, cujas estratégias utilizadas foram
jogos teatrais, improvisações, drama e desenhos, como instrumentos constituintes desse olhar poético. As
categorias teóricas que buscam elucidar esse olhar poético são cultura, real e imaginário. Real e imaginário
são percebidos enquanto elementos indissociáveis atuando na mesma realidade, enquanto forças criadoras
que a compõe. Percebi que os meios de comunicação exageram nos conteúdos que abordam. Uma Incrível
Viagem em Busca da Diferença mostra uma abordagem, um jeito de olhar a comunidade, de entender seus
problemas e então, a partir do lúdico, permitir que seu ambiente se torne expressivo em palavras, temas,
movimentos, revelando sua própria poesia vital, a partir das relações entre o real e o ficcional no universo
lúdico que ela propõe.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
REALIDADE E FICÇÃO EM BERNARD-MARIE KOLTÈS: CRIAÇÃO NO CRUZAMENTO
ENTRE VIDA E OBRA
Uendel de Oliveira Silva (FAPESB - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia; Doutorado);
Orientador: Antonia Pereira Bezerra; PPGAC /UFBA - Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da
Universidade Federal da Bahia
Analisa a obra do dramaturgo francês contemporâneo Bernard-Marie Koltès e aborda o cruzamento entre
realidade e ficção na tessitura de suas peças. Problematiza o processo por meio do qual o dramaturgo
apropria-se da realidade, reelaborando fatos da sua experiência de vida na concepção e criação de sua obra
ficcional. Discute, para tanto, as peças Combat de nègre et de chiens (1978), Quai Ouest (1982) e Dans la
solitude des champs de cotton (1986), de autoria do referido dramaturgo, frequentemente citadas por este
como tendo origens em fatos por ele vividos. Traz as considerações teóricas desenvolvidas por
pesquisadores como Evelina Hoisel (2006), segundo a qual toda escrita constitui uma produção biográfica,
sendo resultante de complexos processos de reelaboração das experiências diversas do indivíduo no mundo;
e Cecília Salles (1998, 2008), para quem a obra artística, sendo fruto da ação criativa de um autor, é
construída a partir de elementos existentes no mundo, dos quais o criador se apropria e que o mesmo
reelabora, dando existência a uma nova realidade, que constitui a própria obra.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
COMPOSIÇÕES NO CIBERESPAÇO
Wellington Menegaz de Paula (CAPES); Orientador: Prof. Dr. Flávio Augusto Desgranges de Carvalho;
Universidade do Estado de Santa Catarina
Analiso nesse ensaio o ato de criação que as novas gerações fazem na internet, em redes sociais e em sites
de compartilhamento de vídeos. Ato que envolve materiais próprios, vindos do registro autoral de imagens,
frases e recursos multimídias, ou do contanto com materiais de terceiros, produtos artísticos já existentes que
são recriados pelo internauta. Percebo esse processo enquanto composições artísticas. Aproprio do termo
cibercriadores de Jesús Martin-Barbero (2003) e do conceito de cibercriação para definir os jovens autores e
as várias criações que “circulam” na internet. O foco é pensar nas tensões entre real e ficção que se
entrelaçam certas produções. Alguns autores, como Cesár Coll e Carles Monereo (2010), apontam a
passagem da “Web 1.0” para a “Web 2.0”, como uma mudança no papel do usuário em relação ao uso da
internet. A primeira configuração marca os anos iniciais de expansão mundial da internet, década de 90. A
partir dos anos 2000 entramos na era da “Web 2.0”, ou da “Web social” em que os internautas assumem o
papel de protagonistas na confecção dos conteúdos. Nesse estudo analisarei três manifestações da
cibercriação, tecendo paralelos das mesmas com o teatro: os vídeos; os memes, que são imagens com
inserções de palavras, ícones etc.; e as fotos (selfies ou não) que retratam a pessoa fotografada em
composição com objetos e coisas.
Apoio: CAPES
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
TRANSEXUALIDADE NO TEATRO: O CASO DE “MARIA QUE VIROU JONAS” DA CIA
LIVRE
William Santana Santos; Orientador: Heloísa Buarque de Almeida; USP
Esse artigo propõe uma reflexão sobre a peça “Maria que Virou Jonas ou a Força da Imaginação” (2015) da
Cia Livre (SP), direção de Cibele Forjaz e dramaturgia de Cássio Pires e da Cia Livre. A peça parte do
ensaio “A Força da Imaginação” de Montaigne em que ele relata um caso do século XVI em que uma jovem
nascida Marie ao saltar um buraco devido aos esforços rompe os ligamentos internos que a prendiam e põe a
mostra um pênis. As autoridades locais decidem então que Marie se chamaria Germain e ele vira pajem na
corte do Carlos IX. A Partir dessa “fábula” surge a questão: e se Marie virasse Germain nos dias atuais?
Para discutir a construção e produção do sexo e do gênero meu aporte teórico é Foucault (1999) e Laquer
(2001). Debaterei também, a partir da peça, a situação das pessoas trans e travestis no Brasil, utilizando
Bento (2008) e Benedetti (2005). Outra questão que abordarei é como representar a realidade de pessoas
trans sem ser trans. A Cia Livre para isso se utiliza do teatro no teatro (metateatro) e diversos elementos
épicos. Para entender essa narrativa utilizarei Brecht (1967) e Rosenfeld (1997). E por fim, na peça, os
atores (Edgar Castro e Lúcia Romano) realizam vários jogos cênicos brincando com a identidade de gênero.
Representam travestis, mulheres e homens. Para debater o gênero no Teatro servirei de Butler (2003) e
Romano (2009).
Palavras Chave: Gênero no Teatro, Cia Livre, Teatro Épico
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
A CONFLITANTE RELAÇÃO ENTRE TEATRO E REALIDADE
Yuri de Andrade Magalhães; UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
O “Real”, que passou a ser tema freqüente no teatro contemporâneo, tem sido tema do teatro em diferentes
contextos históricos. A relação, nem sempre harmônica, entre Teatro e Realidade já se dava na Antiguidade
Clássica. Aristóteles, em sua Poética, já defende a não obrigação do poeta com a realidade. Quando se
questiona porque o Real se tornou tema central no Teatro Contemporâneo, é preciso que se esclareça qual o
entendimento de “Real” e qual o entendimento de “Contemporâneo” em questão, uma vez que a partir do
final do século XIX surge o movimento naturalista no Teatro, experimentado por André Antoine. Podemos
observar que no final do século XIX, e ao longo do século XX, temos o movimento naturalista no teatro
como também outras vanguardas que se opõem ao próprio Naturalismo; como o Simbolismo, o Teatro Épico
de Bertolt Brecht, o Teatro do Absurdo, e também encenadores contidos no que Hans-thies Lehmann
entendeu em seu livro por “Teatro Pós-dramático”. É importante frisar que o “Real” no teatro não se limita à
tentativa de reprodução da realidade no palco, mas também abrange propostas de encenações que estimulam
a apreensão do objeto artístico por meio das sensações, da experiência estética, e também por meio da
“partilha do sensível”. Deste modo, é relevante compreender se essa relação entre Teatro e Realidade na
contemporaneidade constitui um imperativo categórico.
FICÇÃO E REALIDADE: TENSÕES E FABULAÇÕES
A DRAMATURGIA PELO MODO DE REPRESENTAÇÃO RELACIONAL DO SENTIDO
Zilá Muniz; Nastaja Brehsan; Ronda Grupo
Este artigo desenvolve sobre a construção de sentido tanto pelo espectador como pelo criador de dança.
Interroga sobre o olhar ou olhares exigido pela dança contemporânea, com que particularidade e em que
detalhes esse olhar se fixa. Também aborda o conceito de afecto na compreensão do que é sentido na
construção da dramaturgia. A partir da disseminação de técnicas que proporcionaram a observação de si
mesmo na dança, desenvolve-se uma nova percepção sobre o dançar que amplia a consciência da escala do
movimento e se transforma na consciência do corpo. Neste sentido, a dramaturgia da dança é agenciada pelo
corpo do bailarino, sua corporalidade, características e potencialidades. Desta forma, apontamos para um
modo de construção de sentido que propõe o desenvolvimento da dramaturgia de forma relacional. A
dramaturgia do corpo, então, é uma dramaturgia física que permanece ativa na cena e incorpora inclusive as
visões e construções de sentido do espectador. Compreendendo que a dramaturgia está tramada e
entrelaçada com o corpo, o sentido é uma questão de incorporação e imersão, e, portanto, ambos estão
relacionadas com a internalização do ambiente no corpo.