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BISCOITOS l CANDIES l CHOCOLATES l SNACKS l SUCOS E REFRESCOS Nº 232 Fevereiro 2014 com a bola toda na COPA Indústria de candies incorpora o verde e amarelo para fazer o giro golear SNACKS cada vez mais saudáveis PERFETTI VAN MELLE Henrique Veloso Romero em entrevista exclusiva Carta do Editor Ano XXV - nº 232 - fevereiro de 2014 Diretores Beatriz de Mello Helman e Hélio Helman REDAÇÃO Diretor Hélio Helman [email protected] Editor Fábio fujii [email protected] Diretor de Arte samuel felix [email protected] administração Diretora BEATRIZ Helman [email protected] Publicidade Antonio Canela barreto Jalil issa gerjis jr. Sérgio antonio da silva Alessandra gherardi [email protected] International Sales multimedia, inc. (USA) Fone: +1-407-903-5000 - Fax: +1-407-363-9809 U.S. Toll Free: 1-800-985-8588 e-mail: [email protected] Assinatura keli oyan Fotografia shutterstock Foto da Capa shutterstock Design da Capa samuel felix Bureau, CTP e Impressão IPSIS GRÁFICA E EDITORA EDITORA DEFINIÇÃO Doce Revista é uma publicação mensal da Editora Definição Ltda. (CNPJ 60.893.617/0001-05) dirigida ao setor doceiro e às suas redes de atacadistas, distribuidores, varejistas e supermercadistas. Redação, administração e publicidade: Rua Itambé, 341 - casa 15 - São Paulo - SP - 01239-001 Fone/Fax: (011) 3666-8301 e-mail: [email protected] site: www.docerevista.com.br Dispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial Processo DRT/1 nº 11554/90 de 10/09/90. Circulação março de 2014 Membro da Anatec Associação Nacional das editoras de publicações técnicas dirigidas e especializadas. brasil cresce e aparece A edição de fevereiro da revista norte-americana Candy Industry insere uma brisa de alento à indústria brasileira. Especializada na ala de confectionery, a publicação levanta anualmente as 100 maiores empresas do reduto doceiro mundial. Em matéria especial, o 2014 Global Top 100 inclui quatro companhias do Brasil, sem considerar as subsidiárias de operações internacionais presentes no país. A maior surpresa coube à performance do Grupo CRM, detentor das grifes Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, que aparece em 24.º lugar no ranking global, com faturamento líquido anual de US$ 760 milhões. Não foi por acaso, portanto, que a indústria comandada pelo empresário Celso Ricardo de Moraes foi escolhida para a jointventure com a Lindt & Spruengli, anunciada no início de março, marcando a estreia do grupo chocolateiro suíço no Brasil. Depois da admirável aparição do CRM no Global Top 100, à frente de potências como a chocolateria belga Baronie (26ª posição), grupo mexicano Bimbo (30.ª), da alemã Bahlsen (31.ª) e da americana PepsiCo (35.ª), a operação brasileira melhor posicionada é a do grupo Vonpar, na 80.ª colocação, com receita líquida de US$ 155 milhões. A seguir, aparecem a Riclan (83.ª), com US$ 143 milhões e a Peccin (92.ª), com US$ 125 milhões. Candy Industry adverte os leitores que esses valores referem-se apenas às operações de candies das corporações que, em muitos casos, atuam em outros segmentos de alimentos. Eventuais estimativas, esclarece a publicação, são obtidas através da combinação de informações dos fabricantes, relatórios anuais, reportagens nos meios de comunicação, pesquisas privadas e entrevistas com analistas. Para a maior parte das empresa de capital aberto, as projeções obtidas a partir de relatórios de vendas e crescimento foram feitas com base no ano fiscal de 2012. Para a maior parte das companhias privadas também foram considerados os relatórios de vendas de 2012. As moedas foram convertidas na taxa de câmbio média desse mesmo exercício. A presença das indústrias brasileiras no ranking global é mais um estímulo ao setor que, segundo as estatísticas oficiais, vem andando de lado nos últimos anos. Mostra também que estatísticas são falíveis. A propósito, a revista americana assinala que o Global Top 100 é um trabalho em permanente progresso. Muitas vezes resulta do exercício de estimativas, quando as companhias se recusam a compartilhar dados específicos. Por isso, ela sugere contatar o editor Bernie Pacyniak ([email protected]) para retificação e publicação no ano seguinte de eventuais incorreções. • Fevereiro 2014 Doce Revista 3 Sumário 26 CAPA COPA DO MUNDO a goleada está armada Com a aproximação do mundial de futebol, o setor de confectionery põe em campo o esquema tático, movido a lançamentos licenciados ou alusivos ao evento, para balançar as redes do varejo da categoria 08 ENTREVISTA PERFETTI VAN MELLE olhar permanente no consumo Há nove anos à frente da indústria ítalo-holandesa, Henrique Veloso Romero desvenda como a marca Mentos vem conseguindo conquistar espaço em um mercado considerado maduro 14 INSUMOS ARCÓLOR cheiro de evolução Uma das desbravadoras dos filões de pasta americana e pré-misturas, a indústria de ingredientes e apetrechos decorativos estimula o avanço da confeitaria artística no país 16 VITRINE ATACADISTA GAROTO DOCES na ponta da língua Mais conhecida pelo nome fantasia inspirado na marca de chocolates, a operação de atacarejo domina a cena na cidade de Osasco e região 18 PDV SNACKS gostosos e saudáveis Depois do desafio de reduzir os teores de gordura e sódio das linhas de aperitivos, a indústria retrabalha a imagem do segmento e retoma a trajetória de crescimento SEÇÕES 06 MIX a chocolates premium Laciella introduz modelo de loja dentro da loja em campanha de Páscoa, entre outros destaques 12 CONSULTORES a análise de especialistas dos mercados de açúcar e cacau 34 SUSTENTABILIDADE o investimento da Docile na integração da administração com a produção de candies 36 DESTAQUE enquete exclusiva apura opinião do trade sobre comércio eletrônico 38 GIRO os lançamentos que enfeitam as prateleiras do atacado distribuidor doceiro 42 SAÚDE e BEM-ESTAR Vitafoods põe em foco temas regulatórios no balcão de funcionais 4 Doce Revista Fevereiro 2014 www.docerevista.com.br MIX CAMPANHA DIGITAL De novo é o amor D epois de retomar espaço nas gôndolas nacionais, o biscoito recheado Oreo, campeão da Mondelez International, colocou no ar em fevereiro o seu primeiro comercial para a TV. Com conteúdo parcialmente em inglês e batizada de Is This Love, o filme tem trilha sonora de Bob Marley e sinaliza que a estratégia é transformar o global em local.Também no começo de fevereiro, o recheado Negresco, da rival Nestlé, sapecou uma indicação oposta, inserindo o conceito Desenrola, em campanha de estímulo a atitudes que “descomplicam o dia a dia dos brasileiros”. O projeto destaca que o biscoito está há 25 anos no país, e pretende fortalecer sua conexão com o público. “A intenção é gerar identificação do consumidor com a atitude e a mensagem que defendemos”, assinala Ricardo Motta, gerente de marketing de biscoitos e panetones da grife suíça. Para executar a missão, a companhia apelou pela primeira vez para a criação de um viral para a internet. Foi o pontapé do projeto do clipe #desenrola. Postado sem alarde no canal do YouTube do apresentador Amaury Jr., o filme circulou pela web mostrando o colunista como um rapper que apregoa um estilo de vida menos complicado. Não demorou muito para que o vídeo ultrapassasse a barreira de um milhão de visualizações. Foi quando a marca assumiu a autoria da iniciativa. Assinada pela Publicis Brasil e AG2 Publicis Modem, a campanha O Biscoito Mais Amado do Brasil foi planejada para ser totalmente digital. A Nestlé investiu simultaneamente em ações no Facebook e no Twitter e anuncia a continuidade do projeto Densenrola ao longo do ano, com outras ações dentro dessas plataformas. “O viral nesse caso vem sendo uma ótima estratégia de engajamento com os consumidores”, repassa Motta. FEIRA P rogramada para 8 a 14 de maio próximo, em Düsseldorf, na Alemanha, a Interpack 2014 deve reunir aproximadamente 2.700 expositores das áreas de alimentos, bebidas, doces e panificação, além de fabricantes de produtos farmacêuticos, cosméticos, bens de consumo não alimentícios e serviços relacionados. Trata-se da mais importante exposição mundial do setor de embalagens, e a edição deste ano tende a ser impulsionada pelas projeções positivas em relação às vendas mundiais de alimentos e bebidas para os próximos anos, comenta Lauri Müller, diretor da MDK Feiras Internacionais, representante no Brasil da Messe Düsseldorf, organizadora do evento. “Estimativas dos principais institutos de pesquisa indicam que o comércio de alimentos embalados deve 6 Doce Revista Fevereiro 2014 Palco da inovação crescer 25% até 2017”, informa. Müller frisa que, tradicionalmente, a Interpack é também a maior vitrine global de máquinas, equipamentos e tecnologias para o setor de confeitos (confectionery), reunindo as principais grifes de bens de capital desse mercado. Desde fevereiro de 2013, todos os espaços nos seus 19 pavilhões já estão esgotados. A previsão é de que sejam superados os 165.000 visitantes que pas- saram pela edição anterior, realizada em 2011. Em razão do bom desempenho, a Interpack se consolida como a número um no segmento, oferecendo aos interessados, além do grande número de expositores, temas especiais e inovadores. Na edição de 2014 uma exposição voltada a componentes para processamento e embalagens será acrescentada, abrindo possibilidades para a indústria de fornecedores do setor de embalagens. www.docerevista.com.br VAREJO LOJA DENTRO DA LOJA B aseada em Capivari (SP), a Laciella surgiu no ano passado como grife especializada na fabricação de chocolates premium. Para se diferenciar de concorrentes nesse filão cada vez mais disputado, a empresa introduziu neste ano o modelo de loja dentro da loja (a store within a store), com o qual pretende impactar o trade e os consumidores em sua campanha de Páscoa. “Dentro desse formato, um estabelecimento concede à marca um espaço para que seus produtos sejam comercializados, gerando assim um canal ou ponto de venda (PDV) dentro da própria loja”, sintetiza Márcio Magnusson, diretor executivo da Laciella e responsável pela introdução do modelo A Store within a Store no estado de São Paulo. Foi na Páscoa de 2013 que a empresa iniciou o projeto www.docerevista.com.br Lojas de Fábrica, inspirada no modelo de loja dentro da loja, com a comercialização de ovos e bombons premium em 14 PDVs no estado de São Paulo. Ao entrar no supermercado o consumidor era surpreendido com um espaço exclusivo destinado a uma chocolateria de uma marca diferente das tradicionais presentes nas gôndolas. Devido a grande aceitação, o que era para ser um projeto específico para a comemoração da Páscoa, teve que ser repensado e mantido nas lojas a pedido dos parceiros comerciais”, relata Magnusson. Para 2014, a ideia é ampliar o modelo para 50 PDVs no estado de São Paulo. “Identificamos no modelo A Store within a Store uma oportunidade de democratizar o consumo de chocolates premium”, sublinha o empresário. Isso foi possível, comple- menta ele, com uma redução de até 30% nos preços de ovos de Páscoa. “No início, tínhamos a consciência que deveríamos oferecer produtos com ingredientes de primeira qualidade em embalagens sofisticadas. Então, buscamos um formato de negócio que reduzisse os custos financeiros relacionados à estocagem, logística, verbas de marketing, comissões, entre outros, e em seguida, buscamos parceiros comerciais que comprassem a ideia. Tudo isso, aliado a uma estrutura fabril enxuta, proporcionou a oportunidade de transferir todos esses benefícios ao consumidor e estabelecermos assim uma relação ganha-ganha com todos os envolvidos”, conclui. Fevereiro 2014 Doce Revista 7 ENTREVISTA Do nicho ao mercado de massa Como a Perfetti Van Melle conquistou seu lugar no grid de largada da disputa nacional de candies O setor brasileiro de candies experimentou nos últimos 10-15 anos uma transformação avassaladora. Balas e guloseimas eram pouco rentáveis e compunham o mix do varejo muitas vezes como alternativa ao troco miúdo. Essa realidade é hoje totalmente diferente, com linhas de candies de maior valor disputando o espaço espremido dos checkouts nos pontos de venda (PDVs) ou os “matadouros” que viraram os check stands no autosserviço. Deve-se reconhecer que a maior parcela dessa mudança foi responsabilidade de grifes internacionais. Com a abertura da economia e concorrência com importados, elas forçaram os avanços na cena local. Entre essas empresas figura a Perfetti Van Melle, que uniu duas potências europeias com fábricas no Brasil. Fundada em 1946, na Itália, a Perfetti incorporou a holandesa Van Melle, em 2001, e hoje o grupo, com sedes em Lainate/Milão e Breda, marca presença em 150 países. Há nove anos à frente da operação brasileira, sediada em Vinhedo (SP), o economista e administrador de empresas Henrique Veloso Romero acompanhou de perto as transformações no cenário brasileiro de candies. “Em 1999, quando a companhia aterrissou no Brasil, o portfólio era basicamente italiano, bem sucedido na Europa, mas não passava de uma novidade dentro de um nicho de mercado por aqui”, rememora ele. Também graduado em Marketing, com MBA em Gestão de Negócios, Romero acumula passagens pela Souza Cruz e Triunfo e, na entrevista exclusiva à Doce Revista (DR), analisa a conjuntura atual do setor de confeitos (confectionery) e o bom momento da Perfetti. 8 Doce Revista Fevereiro 2014 Romero crescimento acima de 20% todos os anos. DR – Qual é a sua visão do mercado brasileiro de candies? Romero – É um mercado que não cresce, quando se olha o volume. Numa análise criteriosa, está andando de lado, pois é um mercado maduro, ao contrário do que supõem muitos players. O problema atual não é só a estabilidade. A verdade é que o mercado de candies (balas e gomas de mascar) é maduro e diferente de outras categorias. A visão de muitas pessoas de fora do Brasil se apoia no conceito de que o país é um dos emergentes. Tem grande potencial para celulares, linha branca, cresce para tecnologia, computador, mas tem peculiaridades muito mais complexas, a exemplo do varejo de candies. Os dados do consumo impressionam e, por isso, é um tanto contraditório essa constatação de que o mercado é maduro, porque se considera o consumo per capita brasileiro de candies ainda baixo. E ele é. DR – Como a Perfetti ingressou nesse mercado e conseguiu mudar a realidade? Romero – Quando tomamos a decisão estratégica claramente, em 2006 (de adotar a marca guarda-chuva Mentos), fizemos um alinhamento da estratégia da companhia, olhando marca, olhando produto, analisando melhor o consumidor, entendendo o modelo de negócio, não só do ponto de vista da distribuição. Incluímos o consumidor, pois olhando melhor o consumidor, você começa a observar o comportamento e as necessidades do shopper (comprador). Foi em cima desse rol de informações, incorporado aos pilares do negócio, que construímos a marca na cabeça desse consumidor e desse shopper. Depois, não basta apenas construir, é preciso abrir e promover a comunicação no dia a dia. Decidimos qual era o nosso principal guarda-chuva e daí como, ao longo do tempo, poderíamos alinhar esse guarda-chuva por diferenciais. Você olha para um mercado maduro, com uma liderança superconsolidada por um trabalho feito ao longo de www.docerevista.com.br muitos anos em construção de marca e vê o líder, um ambiente hostil. Em 2005, quando cheguei, o portfólio já estava mais depurado. Definimos qual seria a comunicação, qual o target de consumidor, como falar com esse jovem, com que tipo de conceito e aí tivemos que fazer opções e foi pela marca Mentos. DR – Qual foi o ápice dessa trajetória? Romero – Em cima desse guardachuva investimos ao longo desses nove anos. Fizemos um exercício muito legal. Olhando hoje para o portfólio constatamos que descobrimos a comunicação com esse mercado, apesar dele ser maduro. Fizemos isso através da inovação. Também descobrimos que é com muita inovação que se sobrevive nesse mercado, além da experiência para trabalhar a construção da marca e entendendo como ela é valorizada por esse consumidor. Foi preciso entender como comunicar a esse consumidor, que está superávido para novas experiências, quebrando as fórmulas tradicionais. Esse é o grande pulo do gato da nossa companhia. DR – Como a empresa investe em comunicação? Romero – Começamos a comunicar em 2006 e de lá para cá nunca mais saímos da mídia. Não bancamos nenhum superinvestimento, mas fizemos investimentos inteligentes, com comunicação diferenciada, levando os atributos da marca, dos produtos. Trabalhamos fortemente desde 2006 até agora em gomas de mascar – na nossa avaliação a comunicação que fazemos, da forma que fazemos, é direcionada para gomas, mas consegue refletir em todo portfólio com a marca Mentos. Isso tem nos ajudado a formatar um estilo próprio de comunicação. Temos falado muito sobre gomas de mascar nos últimos 6-7 anos. Porque esse é um potencial. Temos uma capacidade de crescimento muito grande aqui. DR – Quanto a companhia tem crescido nos últimos anos? Romero – A companhia cresce em média dois dígitos todo ano. Essa é uma vanwww.docerevista.com.br Embalagem estilo garrafa mudanças nos hábitos de consumo de gomas de mascar. tagem competitiva que estamos tendo. Quanto à distribuição, temos equilibrado em praticamente três canais: atacadista e distribuidores que representam a fatia majoritária do negócio e depois as grandes redes de supermercados que atendemos diretamente. Hoje operamos com um número acima de 80 distribuidores. DR – Como a Perfetti pretende trabalhar a marca Chupa Chups? Romero – É uma decisão muito clara nossa. O mercado de pirulitos no Brasil é muito interessante. Só que é, na maioria da vezes, voltado para preço. E o conceito de Chupa Chups é exatamente o oposto. É o de levar a vida menos sério, de um jeito fun, escorada no prazer com um grande diferencial de qualidade de produto. É nesse eixo que estamos apostando. É fundamental começar a crescer com essa marca, mas nós não colocamos todos os holofotes ainda para o potencial dela. É um potencial que estamos levando para o consumidor brasileiro só com diferenciações. Hoje estamos com algumas variantes da linha que é muito extensa, como o Chupa Chupa Surprise. Esse movimento mais seleto, mas que não envolve classe social, visa trabalhar um conceito mais diferenciado para o consumo de pirulito. E é isso o que vamos trabalhar. DR – Quais foram as inovações mais importantes? Romero – Em 2007 nossa participação em gomas de mascar era pequena. Fizemos uma transformação no mercado brasileiro. Introduzimos a drágea, a goma recheada, a embalagem estilo garrafa, o sabor prolongado, trabalhando um novo conceito de consumo. Por exemplo, introduzimos dois sabores numa garrafa, considerando o consumidor heavy user, pois a garrafa é uma conveniência para consumo em várias ocasiões e lugares e para compartilhar. Esse foi sem dúvida um conceito novo de embalagem e consumo de produto que trouxemos para o mercado. Sabíamos que as vendas no país eram dominadas pelo formato slab (tiras). Trouxemos um conceito novo, com drágea, recheio líquido, embalagem diferente e oportunidade de consumo diferente. Quebramos paradigmas. Daí fomos para o flip top, o mesmo produto no flip top, mesma oportunidade só que com preço menor para aumentar a penetração. Depois tomamos outra decisão e fomos para monopeças para criar experimentação. Um país onde a classe média cresce, como atingir uma marca claramente aspiracional para todas as classes? Se observar a nossa estratégia de produto, ela está sempre alinhada nesse sentido – produto, sempre de alta qualidade, os mesmos mas com embalagens onde olhamos o consumidor e o PDV fazendo cruzamentos. Aonde eu encontro esse consumidor, em que PDV, em que região, com que preço e como eu ofereço a marca que é aspiracional para ele. Às vezes, o mesmo Fevereiro 2014 Doce Revista 9 ENTREVISTA consumidor usa o produto em ocasiões diferentes – no momento que vai para a balada, para a escola, para cada momento ele pode fazer opções de embalagens distintas. Saímos de um marco praticamente zero em gomas de mascar e levamos para o consumidor brasileiro uma experiência diferente. Fizemos uma mudança e fizemos com que o mercado e os concorrentes se mexessem. Havia um único tipo de produto, uma única marca, apesar do belo trabalho. Mudamos tudo isso. DR – Como é hoje a participação de Mentos nos negócios da companhia? Romero – A fatia de Mentos atinge quase 30% do nosso negócio e, embora o mercado sinalize estabilidade, estamos crescendo acima de 20% todos os anos. DR – Qual a mais recente novidade? Romero – Falando do portfólio, temos entradas e saídas, senão o mostruário fica imenso. Mas nos útimos três anos, na média, são 20 lançamentos por ano – 2013 foi um pouco menos (19-18). O mais estratégico lançamento de 2014 é o Mentos no formato slab. Acreditamos que estamos entregando um diferencial que vai contribuir com o consumidor, que vai ter experiência diferente, e com o varejista. Temos agora o três camadas, um conceito que também lançamos no mercado. Fomos, aliás, os primeiros a introduzir uma goma de mascar em três camadas e fizemos isso em apresentação de sete unidades. Trata-se de um mix de estratégia de distribuição com estratégia de produtos mais ponderados. Assim, temos no portfólio produto de R$ 2,30, de R$ 0,75 e monopeça a R$ 0,20. A estratégia visa pegar o consumidor com a monopeça. Depois ele vai para flip top e depois chega na garrafa. Há algumas semanas lançamos o três camadas em cinco unidades. Basicamente fizemos um círculo de 360 graus com a drágea e agora também com o slab. No mercado de gomas hoje em dia, mais de 60% da demanda é absorvida pelo formato slab. É um mercado que queremos participar, mas não de uma forma tradicional. Estamos de novo 10 Doce Revista Fevereiro 2014 Formato slab ingresso da disputa que representa 60% do mercado de gomas. levando para o consumidor que compra cinco unidades uma proposta de produto e consumo diferente. Novamente olhamos o PDV, o consumidor e o shopper. Estamos acreditando que definitivamente estamos colocando o pé no mercado de slab. E levando uma proposta totalmente diferente. O que estamos falando com o consumidor é: olha o que estou trazendo, olha as propostas, as experiências. São experiências distintas, por isso crescemos diferente do mercado, por isso que temos um crescimento acima da média do mercado. Bem acima da média do mercado, mas isso está sendo construído degrau por degrau, escada por escada. DR – Onde entra o licenciamento do Neymar Jr.? Romero – Essa foi uma jogada que ninguém esperava e ninguém da categoria pratica. Olhando de novo para o valor da marca e como o consumidor reconhece, indiscutivelmente metade da população brasileira pertence à classe média. Isso leva ao consumo dos nossos produtos. Você tem que dar essa acessibilidade. Nosso portfólio dá esse acesso, com diferentes opções e inovações. Assim, encontramos uma pessoa, um personagem, uma celebridade que tem toda conexão com o Brasil nessa conquista dessa classe média. Ele é transversal, a imagem dele tem uma comunicação transversal.Vai chegar lá na classe A, vai cruzar todas as classes sociais. Conseguimos fazer esse acordo com ele, bem estruturado, bem tranquilo. Ele, aliás, é consumidor dos nossos produtos. Pode ser que isso inaugure um novo patamar de concorrência com as marcas licenciando celebridades. Se você olha para eventos, tem marca concorrente que faz isso com Rock in Rio. Tem a ver muito com esse tipo de consumo jovem e com os momentos de prazer e autoindulgência. O Neymar traz isso. Pela sua capacidade profissional, pela imagem, pela forma irreverente de jogar bola, tem tudo a ver com a nossa marca. Ele traz a inovação. DR – Quais os investimentos engatilhados para 2014? Romero – Em marketing, temos um plano claro de mídia, de trade marketing, temos investimentos em produtos dentro do processo de inovação constante, com entradas e saídas tanto em gomas como em candies. Por exemplo, com Mentos Kiss, em lata, foi um processo novo no Brasil, uma proposta totalmente distinta que trouxemos. Isso faz o movimento. Introduzimos agora no mercado o Mentos em stick a R$ 1,00 (com dez unidades, o normal vem 14), que é para realmente ganhar pulverização, ganhar distribuição e gerar experimentação junto ao consumidor. Nossa operação precisa continuar nessa tendência de crescimento. Como vamos fazer isso? Continuar investindo em comunicação, diferenciação, crescimento da distribuição, disponibilidade e inovação. • www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Fevereiro 2014 Doce Revista 11 Consultores Cacau Inércia geral F evereiro foi marcado pela inércia dos preços nos mercados de cacau. Depois de superar o marco psicologicamente significativo de US$ 2.900 no final de janeiro, as cotações do contrato de maio/14 na Bolsa de Nova York, que passou a ser a referência para os negócios físicos, evoluíram para Thomas Hartmann o lado dentro de uma faixa estreita de US$ 2.900-2.970. A diferença entre as cotações de fechamento dos últimos dias de janeiro e de fevereiro não passou de US$ 35. As principais razões deste imobilismo foram a pouca atividade comercial no período e a ausência de notícias relevantes no campo fundamental. Os grandes produtores africanos já estão próximos aos limites das suas vendas futuras, inclusive para a safra 2014/2015, enquanto a indústria consumidora ainda não absorveu a alta dos preços e se limita a comprar “da mão para a boca”. Quanto às notícias, estas não trouxeram nenhuma novidade. As perspectivas da safra continuam positivas, o clima favorável e a demanda no mercado de chocolate segue sólida, mas tudo isso já havia sido dito antes. Os especuladores permaneceram no comando das atividades, mas as forças entre os seus dois campos também se mantiveram em equilíbrio, como prova a pouca alteração da exposição especulativa no período. Apesar da letargia dos preços, os volumes negociados foram substanciais, tendo sido inflados pela rolagem das posições em aberto dos contratos de Março/14, prestes a vencer, para prazos de vencimento mais distantes. As expectativas do mercado de que o novo boletim trimestral da Organização Internacional do Cacau (OICC) traria explicações para a queda de 310 mil toneladas (t) dos estoques no final da safra 2012/2013 foram frustradas. Os comentários do boletim, publicado no último dia do mês, sequer mencionaram a pesquisa e fizeram apenas uma correção pequena do déficit dessa safra, de 160 mil t para 174 mil t, acompanhada por um 12 Doce Revista Fevereiro 2014 reajuste ainda menor dos estoques finais da safra de 1.672 mil t para 1.662 mil t, bem acima das 1.510 mil t encontradas pela pesquisa. Ganha-se a impressão que a OICC ainda não conseguiu chegar a uma conclusão a respeito do resultado encontrado pela sua pesquisa e alguns analistas privados admitem que o déficit da safra 2012/2013 foi bem maior que a indicada, podendo chegar a 250 mil t. Esta possibilidade pesa como um fator potencialmente altista sobre o mercado e contrabalança as perspectivas otimistas sobre a produção das próximas mid crops africanas. A OICC também divulgou a primeira previsão da entidade para a safra 2013/2014, de um déficit de 115 mil t, cujo efeito foi neutro, pois números semelhantes já vinham sendo circulados por analistas privados. Numa evolução inesperada, o ratio da manteiga de cacau no mercado spot norte-americano voltou a firmar-se ligeiramente para 2,65 x Bolsa de Nova York, enquanto o ratio do pó de cacau 10/12 sofreu uma redução substancial para 0,75. Em função disso, o ratio combinado recuou para 3,41, mas ainda mantém uma margem positiva, embora mais reduzida, para a atividade processadora.• Thomas Hartmann é cacauicultor, analista do mercado internacional de cacau e titular da TH Consultoria e Estudos de Mercado. www.docerevista.com.br Açúcar Falta de chuva preocupa A pós sucessivas quedas, os preços no mercado internacional de açúcar apresentaram alta no decorrer de fevereiro. A recuperação nas cotações foi sustentada pela preocupação com a falta de chuva no Centro-Sul do Brasil (maior região produtora do país) e eventuais consequências que poderá Ronaldo Lima Santana trazer para a safra 2014/2015. Além disso, e diante desse ambiente altista, os fundos de investimento iniciaram fevereiro com posição líquida vendida no mercado de futuros, encerrando o mês com posição líquida comprada em açúcar. A mudança reforçou ainda mais o ambiente de alta. O gráfico a seguir mostra o comportamento dos preços do açúcar demerara ao longo de fevereiro na Bolsa de Nova York, tomando como base o vencimento de maio. No mercado interno, os preços do açúcar (cor até 250 ICUMSA) acompanharam o movimento de alta ocorrido no cenário internacional. De forma geral, os preços do açúcar ao longo de fevereiro foram ditados pelo noticiário relacionado ao clima. O baixo volume de chuvas no Centro-Sul vem se www.docerevista.com.br agravando mês a mês desde dezembro passado e, de acordo com monitoramento da JOB, no acumulado da safra, as chuvas já estão cerca de 19% abaixo da média histórica. Tomando como base a posição até o final de fevereiro, a próxima safra já está comprometida. O mercado de açúcar agora aguarda o clima no transcorrer de março para estimar o tamanho da quebra na safra. O gráfico seguinte apresenta os preços médios semanais negociados em São Paulo apurados pelo Índice JOB Economia de preços. • A JOB Economia, através de seus relatórios e trabalhos de consultoria há 20 anos no mercado, tem como objetivo principal antecipar movimentos de mercado para um posicionamento correto nas estratégias empresariais de seus clientes e, por fim, contribuir para um bom trading. Venha participar do 13º Seminário - Estratégias Empresariais para Açúcar e Etanol, programado para o próximo dia 11 de abril em São Paulo. Para maiores informações visite o site www.jobeconomia.com.br. Ronaldo Lima Santana é sócio-gerente da JOB Economia e Planejamento Fevereiro 2014 Doce Revista 13 Insumos O Mercado floresceu Arcólor fomenta o crescimento e a profissionalização da confeitaria artística no Brasil E mbalado pela onda de fabricação artesanal de doces e confeitos, o mercado de decoração à base de açúcar ou pasta americana tende a igualar o perfil do segmento nos EUA, onde 30% dos volumes de confeitaria correspondem a bolos decorados. “Embora inexistam números a respeito do tamanho desse mercado, já se pode considerar que a tendência de demanda no Brasil é similar à verificada no reduto norte-americano”, opina Alexandre Gomes, diretor da Arcólor, número um no filão doméstico do insumo. “Além de maior fabricante do produto na América Latina, somos responsáveis pela linha mais diversificada em todo o mundo”, acrescenta ele. Segundo seus cálculos, o mercado de pasta americana dobrou de tamanho nos últimos cinco anos e triplicou nos últimos dez, sendo por aqui sustentado pelo consumo de decoradores de bolo, as chamadas boleiras; docerias, buffets e também pelo crescimento da demanda de donas de casa. A Arcólor bancou há 14 anos o lançamento da primeira pasta de açúcar industrializada do país, que acabou ganhando o nome de pasta americana, rememora Gomes. “De lá para cá, a empresa colaborou para sustentar o crescimento e a profissionalização da confeitaria artística no Brasil, investindo em pesquisas e customização de produtos para diferentes técnicas”, reporta ele. Entre os avanços recentes, Gomes insere a incorporação de mais sabor e suavidade à linha de pasta americana da marca, graças ao grau superior de refinamento da matéria-prima utilizada na produção, resultante da aquisição de equipamentos específicos. No ano passado, foram feitos investimentos também 14 Doce Revista Fevereiro 2014 na automação das linhas produtivas, especialmente na de pasta americana e de pré-misturas. A atuação da Arcólor se estende além da comercialização das linhas de decoração, sendo o maior diferencial da empresa sustentado pelo tripé produto, preço e serviço. Gomes frisa que os investimentos em pré e pós-venda beneficiam a cadeia de valor como um todo, a exemplo do desenvolvimento de embalagens. Além de valorizar a exposição do produto no ponto de venda (PDV), incentivam o giro na ponta, nota. Outro diferencial é a customização, insere o diretor. Para atender às necessidades do setor de Gomes, da Arcólor mercado de pasta americana dobrou nos últimos cinco anos. confeitaria artística, a Arcólor cria produtos adequados a cada técnica, a exemplo das pastas saborizadas e massas prontas para a produção de flores, efeitos de tecidos ou construções. A linha de pasta americana da Arcólor é a única oferecida em sete sabores (limão, chocolate branco, laranja, avelã, abacaxi, morango e tutti-frutti) e 14 cores diferentes, que podem ser misturadas entre si para a criação de uma infinidade de matizes, descreve Gomes. Para incrementar as criações de confeitaria artística, a marca oferece ainda massa elástica Pasta americana investimentos disseminam massas prontas para a produção de flores. para trabalhos delicados de flores, folhas, recortes e drapeados; e massa de pastilhagem, composta por gelatina para trabalhos de construção de colunas, paredes e estruturas para suporte de peças decorativas. Já o Rendaflex é o primeiro produto nacional destinado à confecção de rendas de açúcar para confeitaria fina, resume Gomes. Apresentado em pó branco, a novidade é prática, fácil de usar e de preparo rápido, permitindo a cake designers acabamentos sofisticados, bastando acrescentar água em temperatura ambiente, com um período entre 8 e 10 minutos de forno. Baseada em São Paulo, a empresa conta com 40 representantes e inúmeros distribuidores em todo o país, marcando presença em mais de 3 mil PDVs especializados no varejo doceiro. “O momento é também de intenso investimento no mercado externo, focando especialmente a linha da pasta americana. O lançamento da Arcólor nos Estados Unidos está previsto para o fim de março, com estrutura própria de venda, distribuição e capacitação”, anuncia Gomes, estimando em 25% o crescimento nos negócios da empresa em 2014. • www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Fevereiro 2014 Doce Revista 15 Vitrine Atacadista Campeão dos preços baixos Com ofertas e descontos, a Garoto Doces dissemina em Osasco modelo paulistano de distribuição A oferta e demanda de candies no quinto maior município de São Paulo avança de braçadas graças a operações como a Viel e Viel. Apesar de encravada no centro nevrálgico de Osasco, próximo à estação Comandante Sampaio, o atacado é desconhecido pela sua denominação social. Todos, porém, conhecem a Garoto Doces, nome fantasia da loja estilo atacarejo, que abriu as portas há 37 anos na região. Comandada pelos irmãos Jovane e Daelcio Viel, a unidade hoje ocupa área total de 3.000 metros quadrados, que inclui armazém de 1.000 metros quadrados e estacionamento para 50 veículos. “Começamos na rua da estação, em um espaço de 15 metros quadrados e, desde 1985, ocupamos a loja atual, que opera com oito checkouts”, comenta Jovane Viel. Com população estimada acima de 700 mil habitantes e PIB entre os dez maiores municípios brasileiros, Osasco adotou o formato de comércio doceiro que predomina na capital paulista. Assim, operações atacadistas, como a Garoto Doces, distribuem amplo sortimento de guloseimas por todo o município e bairros periféricos de cidades vizinhas, como Carapicuíba, Jandira, Itapevi, Cotia e Taboão da Serra. 16 Doce Revista Fevereiro 2014 O perfil da clientela, detalha Viel, engloba cantinas de escolas e empresas, bares, padarias e vendedores ambulantes, sendo os chamados cantineiros os principais frequentadores da Garoto Doces. “São fregueses fiéis, que compram semanalmente e cujo tíquete médio alcança de R$ 8 mil a R$ 10 mil”, assinala o atacadista. Apesar do nome fantasia e de adotar o logo e as cores similares aos da indústria de chocolates de Vila Velha (ES), controlada da Nestlé, Jovane diz que nunca foi advertido ou procurado pela Chocolates Garoto por problemas com a marca. “É uma homenagem que prestamos a eles e é tão tradicional aqui em Osasco, que já foi assimilado pelo público”, comenta. Além de uma das principais fornecedoras do atacado, a empresa capixaba tem o nome estampado na frente da loja e nos seis veículos da frota da distribuidora. Preços atraentes Com 15.000 itens nas prateleiras, a loja abastece cerca de 70% do portfólio diretamente dos fabricantes, sendo os restantes 30% preenchidos por intermediários e compras de outros atacados. “Somos clientes da Marsil (uma das maiores operações doceiras de Jovane Viel chave do negócio é preço baixo com descontos de até 20%. São Paulo) e frequentemente apelamos para as promoções deles, que sempre resultam em bom negócio”, argumenta Viel. Apesar de alguma sazonalidade, influenciada principalmente pelas variações climáticas, o giro é dominado por linhas de salgadinhos, chocolates e balas e chicles, que representam 10%, 8% e 7%, respectivamente, das operações diárias. A fatia restante se pulveriza pela grande variedade de categorias e marcas disponibilizadas na loja. “Com a temporada de calor que havia muitos anos não acontecia por aqui nesses dois primeiros meses, tivemos uma alta expressiva na demanda de bebidas, sucos e refrescos”, exemplifica o www.docerevista.com.br negociante, sem dimensionar volumes. Para a Páscoa deste ano, Viel prevê no mínimo igualar a venda regular na data que, em 2013, bateu em 50 toneladas de cobertura em barras e confeitos embalados (bombons e tabletes). “Entre os clientes, temos pequenos fabricantes que chegam a comprar uma tonelada de chocolate para fazer ovos”, ilustra o atacadista. Seguindo o modelo adotado pela maioria das operações do atacado distribuidor de confeitos, a Garoto Doces opera com televendas, loja digital com encomendas por e-mail e entregas em 48 horas, facilitando o pagamento via cartão de crédito em até três parcelas sem juros, em compras acima de R$ 300,00, insere Viel. Embora a loja inclua diversos diferenciais de atendimento, como a presença diária de promotores, pacotes e promoções, o dirigente considera que a operação sobressai mesmo pelos atraentes preços praticados. www.docerevista.com.br Loja da Garoto Doces 3.000 metros quadrados, com armazém e estacionamento. “Dependendo da linha, oferecemos descontos de até 20% e os varejistas sabem que essa é a chave para rentabilizar um negócio de baixo valor e necessidade de giro alto”, sublinha Viel. Por conta da manutenção dessa política, ele atribui um crescimento na faixa de10- 12% ao ano nos últimos três exercícios. Para o atacadista, isso não seria possível sem as parcerias fechadas com fornecedores, entre os quais ele destaca a PepsiCo, Mars, Mondelez, Riclan, Peccin, Cory, Perfetti Van Melle, Harald, Arcor e, claro, a Chocolates Garoto. • Fevereiro 2014 Doce Revista 17 PDV De boca cheia Mercado de aperitivos salgados digere bem as exigências de saudabilidade E mbora pressionada pelo avanço da onda de saúde e bem-estar (health and wellness) em todas as categorias de alimentos, a penetração dos salgadinhos do tipo aperitivo (snacks) segue agitando a indústria de guloseimas. A preocupação com transtornos alimentares e surtos, como a obesidade tem sido atenuada com a aplicação de inovações no front dos desenvolvimentos e fabricação dos snacks. Além de investir no aperfeiçoamento de ingredientes e tecnologias de processamento, a indústria ataca o flanco da informação e conscientização no consumo, com dicas e programas para reforçar a importância de dietas equilibradas e hábitos de vida saudáveis. Insensível aos esforços para balancear as linhas de snacks, o consumo segue a rota de ascensão, sem acusar grandes saltos. Pelos indicadores da consultoria Nielsen, que audita o varejo nacional, o consumo de aperitivos tipo snacks no país cresce na faixa aproximada de 4-5% ao ano. Já leitura da Euromonitor International, que também monitora a categoria, a demanda em volume descolou de sua referência em valores, ainda assim acusando crescimento acentuado em comparação com outros itens enquadrados em impulso no setor de confectionery. Nos últimos 6-7 anos, período marcado por forte amadurecimento no cenário doméstico, o consumo 18 Doce Revista Fevereiro 2014 de snacks doces e salgados saiu de 199.400 toneladas (t) em 2007 para estimadas 259.600 t., em 2012, cravando avanço de 30% no período, capta a Euromonitor. Em valores, sinaliza a mesma fonte, a categoria partiu de um faturamento de US$ 2.146 milhões há seis anos para estimados US$ 3.407,1 milhões no ano passado, acusando alta de 58,8%. Projeções da consultoria preveem que, nos próximos quatro anos, o volume avance para 344.700 t, enquanto a receita deve subir para US$ 3.824,5 milhões (ver quadro à pág. 20). Para acompanhar essa demanda fervilhante, marcas nacionais e regionais de todos os portes se empenham para renovar o mix, na expectativa de manter firmes as vendas e o consumo. Uma das fórmulas sempre lembradas nessa disputa é a de saciar o apetite por novidades, com mudanças na fórmula, na cor, no peso ou nos sabores, enquadrando as linhas em tendências da moda e conveniência, como a de embalagens do tipo on-the-go, tamanho família ou single. Sob esse pano de fundo, ganham cada vez mais espaço na divulgação das novidades ações nas redes sociais, com promoções via fanpage e/ou ativação direta no Facebook e Twitter. Número um disparada no reduto nacional de aperitivos salgados, a PepsiCo segue a risca essa trilha e também dita www.docerevista.com.br as tendências que puxam o cordão da concorrência. A mais recente tacada da companhia, detentora das grifes Elma Chips e Lucky, para assegurar sua posição isolada no topo da categoria foi o retorno da marca Lay’s. Fora das gôndolas brasileiras havia 13 anos, a batata frita Lay’s foi reintegrada ao portfólio local no início do ano. Maior marca da companhia no mundo, com vendas anuais de US$ 12 bilhões, o snack é o maior investimento da divisão de alimentos da companhia previsto este ano para o país. Segundo Andrea Alvares, diretora geral da divisão de salgadinhos da PepsiCo, a volta da batata Lay’s faz parte de um plano lançado há dois anos, quando a companhia decidiu aumentar investimentos na ala de alimentos. Sem abrir valores, ela informa que esses aportes cresceram 20% em 2013 e 2014 em relação a 2012. A distribuição da batata Lay’s começou em novembro, apenas nas praças de www.docerevista.com.br São Paulo e Rio de Janeiro, devendo chegar paulatinamente a todo o país neste primeiro semestre. Há 75 anos no mercado e presente em mais de 60 países, a linha está sendo fabricada na unidade de Sete Lagoas (MG), a 72 quilômetros da capital mineira. “O Brasil era o único país importante para a PepsiCo que ainda não tinha a marca”, argumenta a executiva, acrescentando que o país é a quarta operação global do grupo. A PepsiCo havia introduzido a Lay’s em 1999, com produção em Itu (SP). Sem maior impacto nas vendas, a batata permaneceu menos de dois anos no portfólio. “À época, o mercado não estava maduro e preferimos tirar a marca para preservá-la. Hoje, o país está mais aberto à inovação”, analisa Andrea. O portfólio Fevereiro 2014 Doce Revista 19 PDV Andrea, da PepsiCo a volta da batata Lay’s faz parte de um plano de aumentar investimentos na ala de alimentos inicial de produtos é formado por dois tamanhos (33g e 90g) e três sabores: clássico, sour cream e picanha. Os dois primeiros são os mais vendidos no mundo, e o último foi desenvolvido, exclusivamente, para o Brasil e dispensa maiores explicações. De concepção brasileira, a embalagem de Lay’s traz uma inovação: o pacote do tipo stand-up pouche conta com abertura fácil para o corte de toda a parte superior e fica em pé sobre a mesa, facilitando o consumo. Crescimento orgânico Recente relatório da companhia informa que a receita de sua divisão de alimentos, com as linhas de snacks à frente, cresceu “um dígito médio” em volume no Brasil no ano passado. No mesmo período, as vendas de bebidas recuaram dois dígitos, também em volume. A explicação é que a área de bebidas é menor e representa um terço da unidade de alimentos no país. Já a receita líquida da fabricante americana somou US$ 1,83 bilhão em 2013, acusando queda de 1,6% em relação ao ano anterior, devido ao impacto cambial, segundo o relatório de resultados. Sem considerar esse efeito, o país apresentou crescimento orgânico de “um dígito alto” em 2013. Com receita de US$ 8,35 bilhões em 2013, a divisão de alimentos da PepsiCo na América Latina registrou alta de 7% sobre o ano anterior. O volume de alimentos vendidos, puxado pelas linhas de snacks, aumentou 2% na região, refletindo um crescimento de “um dígito 20 Doce Revista Fevereiro 2014 médio” no Brasil e de “um dígito baixo” no México. O lucro operacional da ala de alimentos do grupo na América Latina aumentou 17% no ano passado, atingindo US$ 1,24 bilhão. Em obediência à praxe no segmento, a PepsiCo investe freneticamente em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para inovações movimentam a categoria. Entre essas inovações, Andrea insere a reformulação do salgadinho Cheetos, que absorveu investimento de R$ 57 milhões para substituir o óleo de palma pelo Hoso (High Oleic Sunflower Oil), reduzindo o teor de gordura saturada e a quantidade de sódio por porção do produto. O Hoso é, na realidade, um óleo de girassol melhorado, que tem 87% menos gorduras saturadas que a palma, além de 54% mais gorduras monoinsaturadas, também chamadas de oléicas, que dão estabilidade ao óleo e elevam o HDL (High Density Lipoprotein), o chamado colesterol bom, informa a área de P&D da PepsiCo. Essas duas características são importantes para alimentos. Dessa forma, o Hoso não modifica o sabor, pois não sofre oxidação quando exposto SNACKS DOCES E SALGADOS 2007* / 2008 20122013** 2017*** Volume [em 1.000 t] 199,4* 259,6––– 344,7 Valores [em milhões de US$] (**) Estimativa. 2.146,0 (***) Projeção. 2.333,53.407,1 3.824,5 Fonte: © 2014 Euromonitor International. manter o pique permanente das inovações nos produtos. Até porque, nesse filão, é essencial renovar os sabores e inserir idéias inovadoras para conquistar e manter o público. Especialistas na área observam que, como a vida do brasileiro é cada vez mais corrida, o consumidor busca praticidade. Além de suprir esse lado da conveniência, os snacks são ainda saborosos e, por isso, perfeitos para momentos de indulgência. A cobertura ampla de preferências e expectativas valida a procura crescente pelos salgadinhos de todos os tipos e sabores. Os consumidores no fundo buscam o sabor delicioso das suas marcas favoritas e as a altas temperaturas como outros óleos, a exemplo da variante de soja. Entre os óleos vegetais comestíveis com melhores características nutricionais, o óleo de girassol contém gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas que diminuem o colesterol total e o LDL (Low Density Lipoprotein), o chamado colesterol ruim, e mantêm o HDL, reduzindo os riscos de doenças cardíacas. Em relação ao óleo de soja, muito utilizado no dia a dia do consumidor, o de girassol acionado na formulação do salgadinho Cheetos tem 53% menos gorduras saturadas e 71% mais gorduras monoinsaturadas. Também utilizado na produção dos www.docerevista.com.br PDV Naira, da Mintel mercado potencial para salgadinhos saudáveis. com uma frequência duas vezes maior do que os adultos e, aproximadamente, metade delas inclui os snacks na dieta pelo menos uma vez por semana, observa Naira Sato, analista sênior do setor de alimentação da Mintel. “O sentimento do consumidor indica que, no Brasil, existe um mercado potencial para salgadinhos saudáveis, maior do que em praças maduras como o Reino Unido e os Estados Unidos, mas o reconhecimento e a dis- combate às gorduras e não às calorias ou o sódio, a mensagem parece não estar sendo assimilada pelos consumidores, nota Naira. Os salgadinhos com baixa caloria são minoria entre os lançamentos, apesar da pesquisa mostrar que 44% dos consumidores não se importam com a quantidade de calorias nos snacks. Isso indica o potencial para uma maior oferta com porções controladas de calorias, especialmente dirigida a consumidores snacks Fandangos, Ruffles Fit e Sensações, o Hoso tem o mérito de iniciar o enquadramento dessas versões de salgadinhos na meta global da PepsiCo de reduzir a quantidade média de sódio e gordura saturada nas suas principais marcas de guloseimas. A companhia assumiu o compromisso de reduzir em 15% a gordura saturada por porção em todos os snacks globais da companhia até 2020. Mercado potencial Os primeiros resultados da ofensiva de todo um conjunto de medidas – inclusas essas da PepsiCo – para mudar a imagem do segmento de snacks transparecem no estudo Salgadinhos Brasil, da consultoria Mintel. O relatório, entretanto, mostra que, apesar do avanço nas prateleiras, o segmento de snacks saudáveis ainda está longe do seu potencial de produção e demanda no país. Além da confirmação de que quase metade dos adultos brasileiros e mais de um terço das crianças entre cinco e nove anos estão acima do peso, o pente-fino da consultoria apurou que metade dos consumidores consultados manifestou interesse em salgadinhos saudáveis, caso estivessem mais disponíveis. As opções existentes são predominantemente focadas na redução do teor de gordura (saturada/trans) e não de sódio ou calorias, apelos com os quais os consumidores estão mais familiarizados. As crianças brasileiras consomem salgadinhos 22 Doce Revista Fevereiro 2014 Nuts livres de colesterol, podem contribuir para o desempenho positivo das vendas. ponibilidade dos produtos continuam sendo problemas não solucionados”, assinala ela. Segundo aponta o relatório da Mintel, a venda de amendoins/amêndoas (nuts) como produtos livres de colesterol e, consequentemente, mais saudáveis do que outros petiscos contribui para o desempenho positivo das vendas do segmento. “O próximo passo é atender ao público mais maduro, especialmente com linhas de nuts com características funcionais”, argumenta a analista. O esforço da indústria para atender a demanda de salgadinhos mais saudáveis ainda não alcança expressão no país. Com o maior saldo de inovações para o de maior idade, pois à medida que eles envelhecem tendem a dar maior importância a essa característica. “A pesquisa também mostra que os consumidores ocasionais estão entre os mais propensos a se preocupar com as calorias nos salgadinhos. Ambos os resultados sugerem que as variantes premium, com controle de calorias orientadas a consumidores adultos têm potencial ainda maior a ser explorado”, assinala a executiva. Já consumidores da classe C, que atualmente desfrutam maior acesso a esse tipo de produto, estão menos preocupados com calorias e tendem a percebê-lo como uma guloseima. www.docerevista.com.br PDV Chen, da Glico batata com teor de sódio 25% menor em 2014. Quebra da safra Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 70% da população brasileira consomem mais do que o nível máximo de sódio recomendado pelo Ministério da Saúde. Alimentos com altos níveis de sódio não são considerados saudáveis, porque a alta ingestão do mineral está diretamente relacionada com vários problemas de saúde, incluindo hipertensão e doenças cardiovasculares. Atualmente a oferta de salgadinhos com redução de sódio ainda é limitada. Itens com esse perfil são um desafio para a indústria e representam menos de 2% de todos os produtos lançados na categoria. Da mesma forma nos Estados Unidos, apenas 2% dos salgadinhos tiveram baixo teor de sódio, incluindo produtos sem sódio ou substitutos do sódio e itens com sódio reduzido, reforçados com outros sabores que reproduzem o sabor salgado do sódio, nos últimos dois anos. “A quebra na safra de batata em 2013 adiou o lançamento da nossa maior novidade, com menor teor de sódio na formulação”, comenta Chen Wei Chow, diretor de marketing da Glico Alimentos, detentora das marcas Ebicen+Lev, Glico Snack e CrocCen. Mas ele promete que a novidade estará nas gôndolas ainda este ano, provavelmente após a Copa do Mundo. Uma das pioneiras na adequação das fórmulas de seus salgadinhos a 24 Doce Revista Fevereiro 2014 um perfil mais saudável, a companhia atua em quatro frentes: gordura zero trans, baixo teor de gorduras saturadas, baixo teor de açúcar e baixo teor de sódio. A dificuldade maior, salienta Chow, tem sido adaptar o teor de sódio da linha às exigências da OMS (Organização Mundial de Saúde) adotadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “A redução pura e simples acaba descaracterizando o salgadinho. Mas conseguimos baixar em 25% o teor de sódio na nossa batata ondula- Há vários anos, a Ebicen vem trabalhando no aperfeiçoamento de seus salgadinhos. A idéia inicial, lembra Chen, era aprimorar as formulações alcançando o mesmo perfil de sabor e apresentação dos itens mais apreciados pelos consumidores da marca. As ações de enquadramento a fórmulas mais saudáveis ocorriam sem grandes prejuízos para o produto ou para o fabricante, relata o dirigente. Decisões como a de substituir o óleo de milho pelo óleo de soja, apenas pela diferença de custo, snacks indústria acerta o passo com apelos saudáveis. da”, anuncia. Anteriormente, a empresa já havia consolidado a redução de gorduras na Batata Ebicen +Lev, que é elaborada com óleo de girassol especial, sublinha Chen. “Apesar de não utilizarmos aromatizantes sintéticos, faremos uma mudança de paradigma empregando condimentos preparados, pois reduzir sódio significativamente implica compensar com ingredientes sintéticos para não haver perda de palatabilidade. Esta linha com novidades também deve ser lançada ainda neste ano”, anuncia ele, esclarecendo que os salgadinhos de cebola e camarão da Ebicen utilizam como matéria-prima o produto in natura. A extração dos concentrados para aromatização dos snacks é feita na própria fábrica da marca. eram descartadas pelo fato de o insumo à base do milho ser mais saudável, exemplifica. “Como inexistia uma regulação por parte da Anvisa, ficávamos inseguros sobre qual parâmetro utilizar. Mas desde a regulamentação da categoria, a partir de 2010, sabemos o que devemos buscar”, assinala o diretor. Para ele, o lançamento da Ebicen que mais se enquadra em saudabilidade é a batata frita ondulada comum, elaborada com óleo de girassol especial, que substituiu o de palma na aplicação. A empresa estuda a possibilidade de produzir as frituras com um óleo ainda mais saudável, isto é, além de isento de gordura trans, com teor de gorduras saturadas dentro dos limites recomendados pela OMS/Anvisa. • www.docerevista.com.br Capa Goleada nas gôndolas Aproximação do mundial de futebol agita os bastidores da indústria de candies P alco da Copa do Mundo de 2014, prevista para rolar a partir de 12 de junho, o Brasil polariza as atenções de todo o planeta. Internamente, a agitação em torno do certame já suscita estimativa de alto giro de guloseimas e candies com o direcionamento da oferta para itens licenciados ou apenas alusivos ao evento. Com investimento de R$ 200 milhões, a Chocolates Garoto saiu na frente credenciando a marca como representante do chocolate e do sorvete oficiais da competição. Trata-se do maior aporte já feito na área de marketing da empresa e, embora os valores do contrato com a Fifa e a CBF não possam ser divulgados, por serem privados, foram estimados pelo mercado entre R$ 8 e R$ 16 milhões. Sem negar, nem confirmar, 26 Doce Revista Fevereiro 2014 Liberato Milo, diretor geral da Garoto, apenas exalta a validade da tacada. “É o veículo mais apaixonado para alcançar o coração dos brasileiros. Todo brasileiro gosta de futebol , todo brasileiro gosta da Chocolates Garoto. Queremos aproveitar a oportunidade de três bilhões de espectadores para divulgar a marca brasileira e o chocolate do Espírito Santo”, declara. Controlada do grupo Nestlé, a Garoto herdou a cota que era da marca Nescau, também do grupo suíço. Segundo André Barros, diretor de marketing da indústria capixaba, o patrocínio da CBF foi igualmente desdobrado do acordo da Nestlé com a entidade. Assim, todas as marcas ligadas ao grupo têm direito de usar o escudo da Seleção Brasileira – a começar pelos ovos de Páscoa da marca, que enfeitam as parreiras nacionais desde meados de março – e fazer promoções relacionadas ao elenco nacional. A primeira ação promocional da Garoto foi a campanha A Copa é Nossa e o Chocolate é Seu, postada no ano passado na fan page da empresa no Facebook, informa o diretor de marketing. A ideia é usar a competição para aumentar a fatia de vendas da marca. “A gente tem o objetivo de recuperar e ganhar market share. Estamos falando entre 3% a 5% até a Copa do Mundo”, dimensiona Barros. Através da campanha, explica ele, os torcedores participaram da criação do chocolate oficial da Copa, opinando na escolha do sabor, da embalagem e no nome do produto. “Foi a primeira imersão da empresa nas redes sociais, uma www.docerevista.com.br tendência inevitável”, comenta Barros. Em 1950, lembra Liberato Milo, a Copa foi realizada no Brasil e as pessoas só ficaram sabendo pelos jornais e rádio. “Em 2014, a gente imagina que vai ser a Copa das redes sociais. É um novo paradigma que vamos aprender a viver”, assinala o dirigente. Barros completa que produtos exclusivos com os temas brasilidade e seleção brasileira podem ser conferidos na presente campanha de Páscoa da Garoto. Os fãs da marca e do futebol brasileiro puderam provar o chocolate oficial da março e maio do ano passado. Nela, os internautas foram convidados a votar em sua receita preferida. Na primeira etapa, eles selecionaram o sabor do chocolate, entre as opções ao leite, meio amargo ou branco, e escolheram até dois entre ingredientes como amendoim, castanha-de-caju, castanha-do-pará, café, caramelo e coco queimado. Já na segunda etapa, os fãs sugeriram a embalagem personalizada que acompanha a receita campeã. Todos que votaram nas opções vencedoras participaram de um sorteio de viagens para conhecer a fábrica da personalizada e exclusiva da Garoto. A cada R$ 15,00 em compras de produtos da marca, os consumidores podem concorrer a um par de ingressos, por meio do cadastro dos dados dos produtos no site da empresa. Outro item temático com estreia em fevereiro foi o Tablete da Copa. A tradicional barra de chocolate de 150g ganhou nova embalagem, também escolhida pelos consumidores por meio da fanpage da Garoto. O visual foi inspirado pelas conquistas da Seleção Brasileira nas Copas de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Garoto, em Vila Velha (ES). Eles também ganharam notebooks e ingressos para assistir aos jogos da Seleção Brasileira na Copa das Confederações, realizada em junho passado. Em fevereiro, a empresa apresentou mais alguns produtos e novidades. Um dos principais lançamentos é a versão em chocolate do Troféu da Copa do Mundo, elaborado com 300g do chocolate ao leite da marca, disponível nas gôndolas desde março em embalagem especial. Em paralelo, a Garoto anunciou a promoção “Você na Copa Garoto”, que sorteará 2.400 ingressos para jogos da competição em todas as cidades-sede. Os participantes concorrerão ainda a 2.400 bolas oficiais da Fifa, em uma versão Mar de oportunidades A Copa do Mundo certamente irá gerar muitas oportunidades para o mercado de chocolates e candies. O Brasil poderá recepcionar em torno de 600.000 turistas estrangeiros durante o certame e projeções dão conta que eles irão gastar US$ 2,6 bilhões. Cerca de três milhões de brasileiros, que devem acompanhar o evento, irão gastar US$ 7,9 bilhões, projeta o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). O Ministério do Turismo, por sua vez, tem como meta inclusa no Plano Nacional de Turismo 2012-2015 chegar a 7,1 milhões de visitantes estrangeiros até 2015, cravando crescimento de 31% em relação aos 5,4 milhões de turistas estrangeiros que estiveram no país em Barros, da Garoto meta de ganhar 5% de share até a Copa do Mundo. Copa do Mundo já a partir de novembro, quando a novidade emplacou nos pontos de venda (PDV) do país. Eleita por mais de 200 mil fãs, via perfil oficial da marca no Facebook, a receita subiu às gôndolas no sabor ao leite, combinado com castanha-de-caju e caramelo, em embalagem personalizada, especialmente em comemoração ao evento esportivo. “Foi desenvolvido no formato de tablete de 26g, com a imagem do Fuleco, mascote oficial da Copa, desenhada em divertidas posições em alto relevo”, detalha Barros, acrescentando que, além da referência ao boneco, a embalagem traz como brinde um adesivo do personagem, em seis diferentes versões. A campanha foi bancada pela Garoto entre os meses de www.docerevista.com.br Fevereiro 2014 Doce Revista 27 Capa 2011. Os grandes eventos esportivos têm atraído para o Brasil um grande fluxo de recursos. Estima-se que, só com a Copa, a economia do país terá um incremento de R$ 183 bilhões até 2019. Licenciadora da Fifa no Brasil, a Globo Marcas fechou 2013 com 90 con- tel, incluindo na lista nomes como Dori, Santa Rita, Florestal e Boavistense. Por exemplo, conhecida pela linha de candy toys sofisticados, a DTC adaptou os seus principais itens, como o ventilador, rebatizado de Ventila Gol, para abocanhar o consumo na Copa, repassa a como em desembolsos diretos para viabilizar a realização dos jogos. Em momentos como esses, as oportunidades costumam ser democráticas, atingindo vários segmentos. “Algumas áreas de negócios, no entanto, podem até vir a sofrer desaquecimento, apesar dos expert. “Também incluiu um novo item, a Goma Gol, que apresenta balas de goma confeitadas embaladas em uma chuteirinha com as cores da bandeira do Brasil, sendo tanto o ventilador como as balas licenciadas com o distintivo da CBF”, informa Emma. Embora o uso do logo do evento seja restrito aos patrocinadores oficiais, assinala ela, as oportunidades incluem inovações com o uso de símbolos patrióticos por outras marcas. Além de embalagens alusivas às cores da bandeira nacional, há produtos cobertos com as cores verde e amarela e do uniforme da seleção. “Ingredientes e sabores tipicamente brasileiros também poderiam ser usados em receitas, associando os produtos ao evento esportivo”, orienta a analista. Carlos Pires, sócio-líder de mercados de consumo da consultoria KPMG no Brasil, nota que as cifras envolvidas são astronômicas, tanto em investimentos básicos em infraestrutura, megaeventos”, adverte ele. A título de exemplo, o consultor cita o setor de varejo britânico que, em agosto de 2012, mês da Olimpíada de Londres, registrou queda de 0,4% em vendas na comparação com o resultado do mesmo mês de 2011, de acordo com a pesquisa Monitor de Vendas de Varejo, realizada no Reino Unido pela KPMG, em parceria com o Consórcio Britânico de Varejo (British Retail Consortium). O resultado foi pressionado especialmente pela baixa nos negócios com produtos não alimentícios. Segundo o levantamento, foi possível perceber um impulso nas vendas de bebidas e de alimentos característicos de eventos festivos, mas o resultado médio estimulado pelos Jogos Olímpicos foi mínimo, especialmente em Londres, cidade-sede da competição. Para a Copa do Mundo, torneio no qual o número de jogos é limitado e a atenção do torcedor é geralmente direcionada a algumas poucas partidas, possivelmente os visitantes terão mais Emma, da Mintel evento é gerador de lançamentos no setor de candies. tratos com 70 fabricantes para vender os produtos oficiais da Copa do Mundo, excetuando alimentos que ficaram fora da negociação. Cerca de 1,6 mil itens foram autorizados pela Fifa e a maior parte aterrissou no varejo a tempo de aproveitar as vendas de Natal e Ano Novo, informa José Luiz Bartolo, diretor da Globo Marcas. Até junho, antecipa ele, cerca de 200 lojas oficiais da Copa devem ser abertas pela varejista Dufry e por um sistema de quiosques elaborado pela própria Globo Marcas. O portfólio deve crescer para 2 mil até o evento. “Os produtos oficiais licenciados já passaram da fase de protótipo e estão na fase final de fabricação”, adianta. “Esse evento internacional já gerou um volume maior de lançamentos no mercado brasileiro, pois além da Garoto, patrocinadora oficial, outras empresas do setor de candies estão bancando apostas no tema do campeonato”, observa Emma Clifford, analista da área de alimentos da consultoria Min28 Doce Revista Fevereiro 2014 www.docerevista.com.br Capa tempo para outros passeios. “É certo, porém, que sem planejamento, a indústria e varejo podem acabar enfrentando o que suas similares britânicas vivenciaram ao longo do mês da Olimpíada”, grifa Pires. Devido ao alto número de turistas durante o evento, marcas internacionais também terão destaque. A tendência é que sejam muito procuradas pelos visitantes, já familiarizados com as linhas de produtos internacionais, normalmente disponíveis em seus países de origem, pondera Emma. Seguindo essa trilha, a Pepsico anunciou em fevereiro o lançamento da campanha Junta Que Dá, reunindo diversas marcas globais do seu portfólio para celebrar o esporte nesse ano de Copa. O movimento foi inaugurado com o lançamento de música homônina interpretada pelo grupo AfroReggae. “O objetivo é mobilizar os brasileiros e incentivá-los a se reunir e torcer em Portfólio verde amarelo Na Florestal Alimentos, as apostas vão na direção apontada pela analista da Mintel. A empresa banca dois itens na garupa do consumo atiçado pelo mundial de futebol. Sob a marca Florestal, a novidade é o pirulito Flopito Coração Brasil que, além do nome e programação visual, explora as cores verde e amarela e incorpora o colorido da bandeira também na massa do próprio confeito, repassa Adriano Orso, gerente de marketing da companhia gaúcha. Sob a grife Boavistense, controlada da Florestal, o lançamento é uma versão do pirulito acrescenta que a companhia acredita nas oportunidades geradas pela Copa, através da criação e lançamento de itens que explorem a sazonalidade. Seja através de simples adequação de embalagens ou de desenvolvimentos que agreguem atributos orientados aos eventos. “A Copa do Mundo traz consigo a paixão do brasileiro pelo futebol e a realização no Brasil contribui para o consumo de produtos que de uma forma ou outra trabalhem esses elementos e reforcem essa paixão”, frisa o gerente, estimando um incremento de vendas da ordem de 4% a 6% na categoria. Em sua primeira investida em uma campanha temática, a Balas Santa Rita considera a realização da Copa no Brasil excelente oportunidade para colocar em evidência suas linhas de balas com sabores tropicais. Bruno Almeida Carvalho, gerente de marketing da indústria mineira, pondera que, como o mundo todo Pop Kiss Paixão Brasileira, também nas cores características, diferenciando-se pelo amarelo na superfície do doce em contraste com o verde da haste, reforçando a associação com brasilidade. “Ambos pegam carona em marcas e formatos consolidados no Brasil e que já estão presentes em nossa linha de produtos há vários anos”, grifa Orso. Ele estará de olho no país, devem sobressair os itens com apelo de sabores locais e as cores do Brasil. Assim, a empresa desenvolveu uma linha de balas no sabor mix de abacaxi com hortelã, que se diferencia pela embalagem no formato wraping, nas cores verde e amarelo, sob a marca Olé. Embora em 2013 a empresa tenha de marketing. O intuito é trazer interação e diversão em torno da grande paixão nacional”, sublinha ela. Além do grupo Afroreggae, a campanha também contará com parceiros como Maurício Cid, do blog Não Salvo, e o jornalista e humorista Felipe Andreoli. Orso, da Florestal coração verde e amarelo no palito. suas casas ou na rua”, sintetiza Patrícia Kastrup, vice-presidente de marketing da PepsiCo Brasil. Marcas como Toddy, Cheetos, Fandangos, Quaker e Ruffles participam das ações. É a maior campanha de marketing da fabricante em 2014, explica Patrícia. “A ação se desenrolará de forma evolutiva, até o final de maio, e será mais do que uma campanha 30 Doce Revista Fevereiro 2014 www.docerevista.com.br Capa registrado crescimento discreto, acompanhando o setor de candies, a expectativa para este ano da Copa é a de que o consumo aumente no período do evento. “Foi para represar e absorver essa demanda que lançamos a linha Olé, com a cara do Brasil e do evento. Hoje o carro-chefe da empresa é a bala de frutas sortidas, a única que inclui na embalagem uma versão de bala de leite”, repassa Carvalho. Outra potência da ala de candies, a Dori Alimentos convocou licenciamentos quentes como a dos super-heróis da Liga da Justiça e os personagens da Turma do Pernalonga (Looney Tunes) para reforçar as vendas de confeitos durante a Copa. Desde março, podem ser conferidas nas gôndolas uma linha especial das balas Frutsy que, além dos personagens, também oferece sabores inusitados. “A empresa foi buscar inspiração nos países participantes do mundial de futebol, trazendo as frutas mais gostosas de cada um deles. Elas incorporam Paiva, da Dori ataque com linhas temáticas de balas e amendoins. o mundial para aumentar o consumo e fortalecer marcas já consagradas junto ao público consumidor, além de alcançar melhores margens com produtos de edição limitada em versões completamente promocionais. Segundo Paiva, a novidade vem acompanhada de materiais promocionais específicos, com o objetivo de “vestir” os PDVs do atacado e varejo. “É um segmento muito commoditizado e Elzilene, da Perfetti estreia do craque e da marca em licenciamento de candies. sabores diferentes e originais que agregam ainda mais valor ao produto, cada vez mais saboroso e divertido”, enfatiza Jean Carlos Paiva, gerente sênior de marketing da Dori. A ideia, observa ele, é aproveitar os milhares de turistas que virão para 32 Doce Revista Fevereiro 2014 qualquer esforço a mais já desperta a preferência do consumidor”, comenta. A indústria planeja também aumentar em 30% o volume de produção na linha de amendoins para a demanda do mundial de futebol. Trata-se de um mercado que cresce dois dígitos repetidamente nos últimos cinco anos, repassa Paiva. “De uniforme novo e pronto para entrar em campo, a linha de amendoins Pettiz traz embalagens temáticas de 150g e 500g para o mundial, nos recém-criados sabores calabresa, pizza e churrasco”, adianta o gerente. Tacada certeira Antecipando a corrida por diferenciações para sobressair na Copa, a Perfetti Van Melle desferiu o canhão mais possante do jogo, ao licenciar no ano passado o craque Neymar Jr., do Barcelona e da Seleção Brasileira. Para Henrique Veloso Romero, diretor presidente da companhia, o certame é uma daquelas oportunidades únicas de abocanhar vendas em massa. “Se trabalharmos as principais áreas de consumo o giro é garantido, pois as pessoas estarão nas ruas e a movimentação gera demanda”, assinala Romero. Para ele, marcas internacionais, como a PVM, adicionalmente serão reconhecidas por pessoas de outros países que irão consumir porque conhecem o produto. “Imagine a demanda ao redor dos campos de futebol, nas comemorações que iremos ter, não só nas partidas, mas onde tiver concentração, nas principais cidades”, grifa o dirigente. As balas e gomas de mascar da marca poderão ser encontrados em diversos PDVs, inclusive em bares, onde grande parte do público assistirá os jowww.docerevista.com.br Carvalho, da Santa Rita sabores tropicais para embalar a demanda na Copa. gos da Copa, aposta Elzilene Moraes, diretora de marketing da PVM, confirmando que o evento é uma grande oportunidade de contato com as marcas e de experimentação de produtos. “Nos últimos meses, apresentamos inovações, começando pela bala Mentos em formato stick, que convocou seus consumidores e Neymar Jr. para escolherem os sabores, que agora podem ser conferidos na linha Mentos Escolhidos da Galera”, informa ela. Desde o início do ano nas prateleiras, o lançamento é apresentado nos sabores laranja, framboesa e morango, sendo este último eleito pelo jogador. Para estimular ainda mais essa demanda, a empresa vem promovendo ativações que levam o consumidor a ter experiências com a marca. “Não investimos somente em eventos como a Copa do Mundo, mas em momentos de contato com o público”, frisa Elzilene. Em 2013, lembra, Mentos firmou o contrato de dois anos com Neymar Jr para licenciamento de produtos com a imagem do atleta. Este foi o primeiro contrato do craque no segmento de balas e gomas e também a primeira iniciativa de licenciamento da marca Mentos no Brasil. O pontapé inicial do acordo aconteceu com o lançamento da promoção Mentosbol, estrelada pelo atleta, onde a marca sorteou um Novo Fusca e 10 mil Mentosbol ( espécie de pula-pula que fez grande sucesso na década de 80) entre seus consumidores. A promoção varou a Copa das Confederações, em junho passado, que foi um momento ideal para preparar os consumidores para a parceria da PVM com o craque da Seleção Brasileira. O pacote da parceira com Neymar Jr. também contou com centenas de materiais exclusivos para PDV com imagens do atleta. Logo após o sucesso dessa tacada, com o objetivo de reafirmar seu posicionamento, a marca promoveu uma ação pela cidade de São Paulo com o Táxi Mentos e proporcionou experiências irreverentes para dezenas de passageiros. O resultado e as reações do público, capturadas em vídeo, já atingiram quase 1 milhão de views no Youtube, conta Elzilene. • www.docerevista.com.br Fevereiro 2014 Doce Revista 33 Sustentabilidade verde de nascença Docile investe R$ 8 milhões em sede modelo para as alas administrativa e de produção C riada no começo dos anos 90, a gaúcha Docile soma mais de duas décadas de atuação na cena de candies, exibindo um retrospecto admirável. De uma operação de distribuição de glucose e amido na cidade de Lajeado (RS), a indústria conta hoje com duas plantas, a mais recente inaugurada há dois anos em Pernambuco, e ostenta os títulos de maior fabricante de pastilhas da América Latina e segunda maior produtora de balas de goma do país, com capacidade instalada em torno de 2.000 toneladas mensais de confeitos. “Nosso portfólio soma mais de 160 SKUs (Stock Keeping Unit), número que tende a se ampliar com os desenvolvimentos permanentes da equipe de P&D e com a operação da planta de Recife”, informa Ricardo Heineck, dirigente da Docile. Com tradição de mais de 70 anos na fabricação de candies, a família Heineck foi, aliás, precursora do polo industrial doceiro que se formou em torno do município de Lajeado. No Sul, a empresa ocupa hoje um complexo de 5.000 metros quadrados de área construída, em terreno de 20.000 metros quadrados. Além de equipamentos de geração atualizada, a exemplo de uma linha alemã Bosch acionada nas balas de gelatina da marca, incorpora em sua planta matriz linhas consideradas o 34 Doce Revista Fevereiro 2014 Heineck práticas não sustentáveis serão banidas pelos consumidores. “estado da arte” na produção de candies. Com embarques para cerca de 50 países, exporta 20% de sua produção certificada pela BSI Brasil, com o selo ISO 9001. Com efetivo em torno de 500 funcionários diretos, a empresa é adepta da filosofia de melhoria contínua de seus processos e ostenta postura sustentável, comprometida com a natureza e com a qualidade de vida. Na entrevista a seguir, Heineck detalha os investimentos em sustentabilidade que incluem o prédio recém-inaugurado, onde a Docile concentra as alas administrativa e de produção. DR – Qual a importância de produzir candies sob os conceitos de sustentabilidade? Heineck – A Docile vem trabalhando todos seus projetos com viés sustentável desde 2005. Podemos dizer que essa característica já foi incorporada ao DNA da companhia. Sempre que trabalhamos observando tais conceitos em termos de projeto, a sua implantação se torna mais econômica e eficiente. Para a empresa, sustentabilidade é um dos fatores fundamentais, que garantirá um futuro promissor, tanto no plano da indústria como da sociedade. As práticas não sustentáveis, que consideram somente o lucro em primeiro lugar, são uma visão de curto prazo, não toleradas pela sociedade organizada. Elas também serão banidas pelo conjunto dos consumidores dentro de poucos anos. Temos que trabalhar fortemente para difundir essa cultura, de forma que possamos todos ter um futuro mais promissor. DR – Quando e como foi elaborado o projeto do novo prédio e quanto tempo levou para a sua implementação? Heineck – O projeto do novo prédio levou um ano até ser finalizado e sua construção foi concluída em 18 meses. O investimento total foi da ordem de R$ 8 milhões. Ele ocupa 5.000 metros quawww.docerevista.com.br número de colaboradores. Também incluímos lâmpadas de LED, que asseguram economia de energia significativa em toda a iluminação da parte administrativa e, na ala industrial, o sistema de ventilação natural garante a troca de ar dos ambientes oito vezes por hora. Lentes prismáticas fazem a iluminação natural e telhas com isolamento térmico proporcionam mais conforto. Na área administrativa, a unidade conta com um sistema de renovação de ar interno e externo, como exigem os mais avançados sistemas de climatização. Docile O “estado da arte” na produção de candies. drados, distribuídos em quatro pavimentos, sendo 3.000 metros quadrados para a área industrial e 2.000 metros quadrados para a área administrativa. A parte industrial abriga a ampliação das linhas existentes, as novas que estão em fase de planejamento e a ampliação do espaço de estocagem de produtos prontos e matéria-prima. Para que ele se tornasse uma realidade, projetos premiados ambientalmente foram usados como referência, bem como novas tecnologias oferecidas pelo mercado. O cuidado, por exemplo, com a disposição e elaboração de ambientes contemplou tanto a produção como a parte administrativa. Uma equipe de arquitetos especializados em projetos empresariais cuidou da proposta de layout, elaborando ambientes bem planejados, que priorizam o conforto e a organização de cada área e processo, além da personalização e identidade de cada setor. Um estudo ergonômico das posições de trabalho, mesas e cadeiras, por sua vez, também não foi esquecido. Executado por profissionais capacitados resultou em ambientes pensados para priorizar o contato entre as pessoas dentro da empresa. DR – O que representa esse investimento na sede nova? Heineck – Essa nova estrutura reflete muito mais do que o bom ritmo de crescimento alcançado pela companhia no último ano. Ela contempla a cultura da empresa de constantemente pensar no amanhã. É, portanto, uma preparação para futuros desafios e para o melhor desenvolvimento de novidades em portfólio e gestão de processos. Agora, com o novo prédio, o parque industrial atinge 20 mil metros quadrados, já focado no que vem pela frente. Também a área administrativa abrange os planos de avanço da empresa para pelo menos os próximos dez anos. Essa expansão traduz o que a Docile já é em termos de produto: moderna, inovadora e sempre em busca da melhor opção do mercado. • DR – Quais aspectos de cunho sustentável foram levados em conta para aplicação na unidade? Heineck – Além das características de praxe, entraram no projeto inovações adaptadas ao perfil da empresa. Desde a captação e reutilização da água da chuva nos vasos sanitários e na irrigação do pátio e jardim até a água proveniente da condensação dos aparelhos de ar condicionado, que também é coletada e reaproveitada. A não incidência do sol diretamente nas aberturas, diminuindo o aquecimento do ambiente e, consequentemente, a necessidade de climatização artificial; o isolamento térmico que traz melhor conforto e economiza energia; e o piso carpete e forro com placas de lã mineral, ambos antichamas, garantem conforto acústico nos ambientes com maior www.docerevista.com.br Fevereiro 2014 Doce Revista 35 36 Doce Revista Fevereiro 2014 www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Fevereiro 2014 Doce Revista 37 Giro QUEM: FINI PRODUTO: OVO DE PÁSCOA GANCHO: PORTA-BALAS co) e Premium Dark (capa de chocolate semiamargo), com 80g e 275g, nos sabores exclusivos damasco, laranja e gianduia, respectivamente. QUEM: GENERAL BRANDS PRODUTO: CHOCOLATE CAMP GANCHO: EMBALAGEM DE 5G Referência em balas de gelatina, marshmallows e regaliz, a Fini banca uma inovadora combinação na comemoração de Páscoa, introduzindo seu primeiro ovo de chocolate, recheado de confeitos e com direito a divertidos porta-balas colecionáveis de brinde. “Como o Brasil está entre os primeiros do ranking na produção e consumo de ovos de chocolate, decidimos surpreender os fãs da marca lançando um ovo de Páscoa de 170g, feito com chocolate da Munik”, reporta Andréa Vasconcelos, gerente de marketing da Fini, marca do grupo espanhol Sánchez Cano. Ela detalha que, junto com a novidade, a bala de gelatina em formato de minidentadura, carro-chefe da grife de candies, é a estrela-brinde da Páscoa Fini 2014. “Ao comprar o lançamento, o consumidor pode escolher entre quatro cores de divertidos porta-balas colecionáveis, com 50 g de minidentaduras em cada uma”, informa a executiva. Com preço sugerido de R$ 24,90 e um expositor diferenciado, as novidades podem ser conferidas nas Lojas Americanas e unidades do Wal Mart de todo o Brasil, além das lojas próprias da Fini, em São Paulo e Rio de Janeiro. QUEM: ARCOR PRODUTO: BUTTER TOFFEES GANCHO: LINHA PREMIUM 38 Doce Revista Fevereiro 2014 A Arcor mexe mais uma vez no portfólio de sua marca de caramelos campeã Butter Toffees. Ao introduzir os sabores damasco, laranja e gianduia, a empresa diversifica o mix reforçando o posicionamento de opção para presente. Assim, os produtos ganham pontos de venda (PDVs) como livrarias, shoppings, cinemas, casas de espetáculo e lojas de conveniência. “O ingresso desses sabores está associado ao conceito da marca, elevando o valor percebido pelos consumidores e incluindo no portfólio uma linha totalmente exclusiva e premium”, argumenta Loredana Mariotto, diretora de marketing da Arcor. Outro diferencial, continua ela, é a embalagem em formato de zip lock, prática e de layout moderno, que associa a marca à indulgência, trazendo na parte inferior uma breve história dos sabores e preparo do produto. Ideal para presentear, a linha Doy Packs é sugerida nas versões Premium White (capa de chocolate branwww.docerevista.com.br De olho nos checkouts de padarias e pequenos autosserviços, a General Brands desenvolveu nova apresentação para a sua linha de chocolates Camp, que aposta no consumo single ou monodose. As embalagens de 5g foram desenhadas sob medida para gerar alto giro nas saídas de caixa, ao custo de R$ 0,35 por unidade. Elaborada 100% com derivados de cacau, a nova versão do chocolate Camp pode ser conferido nos sabores branco e ao leite, nos pontos de venda de todo o país. QUEM: SANTA HELENA PRODUTO: PAÇOQUITA GANCHO: EDIÇÃO LIMITADA Número um do reduto de doces à base de amendoim, a Santa Helena dá um banho de loja em seu portfólio de confeitos e insere a linha Paçoquita Special Edition. Em apresentação inusitada dentro da categoria, a novidade foi www.docerevista.com.br apresentada em primeira mão na ISM 2014 (International Sweets and Biscuits Fair ), maior feira mundial do setor, promovida no final de janeiro, na Alemanha, informa Mirella Figueiredo, gerente de exportação da Santa Helena. Com a mesma textura, formato, cor e sabor da Paçoquita original, a versão exclusiva e limitada chega aos consumidores em embalagens contendo 16 unidades acompanhadas de um encarte sugerindo formas de consumo. Segundo Mirella, os itens serão disponibilizados em lojas-conceito e gourmets pelo Brasil, além de aeroportos e redes interna- cionais. “O objetivo é atrair passageiros em trânsito que desejam presentear alguém no exterior com um produto tipicamente brasileiro. Também é uma estratégia para levarmos nosso produto a outros países aonde ainda não temos distribuição”, enfatiza a gerente. Os planos de exportação da Paçoquita Special Edition contemplam os mercados da América Latina, Europa e Ásia, reforçando a posição da Santa Helena internacionalmente. “A meta é ampliar as vendas externas em até 70%, num período de quatro anos. O lançamento da versão customizada visa também estreitar a relação com consumidores de outras localidades”, conclui Mirella. QUEM: DOCILE PRODUTOS: DIVERSOS GANCHO: CAIXA DOS DESEJOS Para quem não se contenta com apenas um desejo, a Docile agora apre- Fevereiro 2014 Doce Revista 39 Giro senta uma caixa repleta deles. Essa é a ideia da Caixa dos Desejos, lançamento que reúne o portfólio de candies da empresa, desde os produtos já consagrados às últimas novidades. “São 22 itens entre balas de goma, marshmallows, pastilhas, chicles de bola e balas de gelatina, que exploram a diversidade do mix que só a Docile oferece”, sustenta Ricardo Heineck, diretor de marketing da indústria de candies de Lajeado (RS). A Caixa dos Desejos, enfatiza ele, é uma alternativa de presente para datas comemorativas. “Para a Páscoa, o lançamento ganha cinta especial com uma etiqueta De/ Para, resgatando o saudoso tempo em que os tradicionais ninhos também eram preparados com candies”, lembra o executivo. A Caixa dos Desejos encorpa a proposta da Docile de levar seus produtos além, transformando as guloseimas em presentes responsáveis por trazer encantamento, antes mesmo da embalagem ser aberta. Para ela, foram criadas edições especiais de embalagens, como é o caso da Doci Gummies 40 Doce Revista Fevereiro 2014 Brigadeiro. O lançamento ainda atende outras demandas. “O lojista precisa pensar em opções de compra para quem é intolerante à lactose ou para quem prefere guloseimas a chocolates, como as crianças e os pré-adolescentes. Com a Caixa dos Desejos, também apresentamos o que temos de melhor no portfólio”, conclui Heineck. QUEM: LATINEX PRODUTO: TYRRELL’S GANCHO: SNACK GOURMET Importadora de produtos gourmet, a Latinex traz para o Brasil as batatas e mix de vegetais do tipo chips da Tyrrell’s, produzidos pela inglesa Tyrrell’s English Crisp. Elaborados artesanalmente com ingredientes naturais, os famosos snacks são, além de tudo, muito mais saudáveis. As “batatinhas” Tyrrell’s são feitas por produtores do interior da Inglaterra, obedecendo métodos caseiros típicos da região de Herefordshire, conhecida como uma das maiores e melhores para o cultivo de batatas no mundo. Dessa forma, os vegetais fritos são preparados à moda antiga, em pequenos lotes, garantindo que cada pacote tenha a mesma qualidade. Eles não incorporam aditivos, glutamato, corante ou aromatizantes. São fritos em óleo de girassol e temperados com sal marinho, que conferem ao produto características únicas. Também as embalagens seguem uma padronização especial, garantindo que as batatas e os vegetais não quebrem durante o transporte ou manuseio. Disponível em dez versões (Batata Chips com Sal Marinho, Batata Chips sabor Queijo Cheddar e Cebola em Conserva, Batata Chips sabor Barbecue, Mix de Vegetais Chips, Batata Doce, Cenoura e Batata com Sal Marinho e Mix de Vegetais Chips, Beterraba, Cenoura Branca e Batata com Sal Marinho), a linha pode ser conferida em empórios, supermercados e delicatessens de todo o Brasil com preço médio entre R$ 9,90 (batata) e R$ 10,90 (mix de vegetais). QUEM: M. DIAS BRANCO PRODUTO: RICHESTER GANCHO: TAMANHO LANCHEIRA Grife de biscoitos da M. Dias Branco, a Richester introduz no mix embalagens mais práticas para os biscoitos recheados da linha Animados Zoo. Os pacotes de 56g e 140g, com opções de recheio de morango e chocolate, são ideais para compor a lancheira das crianças e alimentar os pequenos na hora do recreio. As novidades já estão www.docerevista.com.br disponíveis no varejo no Rio de Janeiro e estados das regiões Norte e Nordeste. A linha Animados Zoo também pode ser conferida em versões de 30g, 35g, 40g, 50g e 200g. Com sede em Eusébio (CE), o grupo M. Dias Branco é o número um do Brasil, o quarto maior do mundo na categoria de massas e o sexto, na categoria de biscoitos. Atua ainda nos segmentos de farinha e farelo de trigo, margarinas, gorduras e creme vegetal, bolos e snacks. Também controla as empresas Vitarella e Pelágio Oliveira. • Top do mês www.docerevista.com.br Fevereiro 2014 Doce Revista 41 Saúde & Bem-Estar Chaves da inovação Assuntos regulatórios ganham foco na Vitafoods South America 2014 T ópicos de grande interesse da indústria de produtos que trazem benefícios à saúde, os assuntos regulatórios e as alegações de saúde estarão em foco durante a Vitafoods South America, programada para 8 e 9 de abril em São Paulo. “Trata-se do único evento no continente exclusivamente dedicado à indústria de alimentos funcionais e nutracêuticos, entre os quais se incluem balas, pastilhas e gomas de mascar”, assinala Chris Lee, diretor da feira, complementando que, nesta terceira montagem, o destaque vai para a série de painéis de discussão interativos, voltados para alegações científicas, tendências regulatórias e legislações. Na entrevista a seguir, Lee detalha os temas em pauta no evento. DR – Quais serão os principais temas abordados? Lee – São temas que irão atrair pesquisadores e profissionais para debates intensos sobre as alegações de saúde no Congresso Cientifico que acontece paralelamente à feira. Esses assuntos também serão enfatizados em diversas atrações no decorrer do evento, com atividades sobre a aplicação das alegações, como comercializar com sucesso um novo produto e uma inovação em alegações de saúde. DR – O que destacaria nesse congresso? Lee – Ele irá incluir duas correntes específicas, focadas no marketing e na ciência. Enquanto o marketing explora novas abordagens para o desenvolvimento de produtos, estratégias de marketing e embalagem, a área científica busca tópicos relevantes, aplicados em pesquisa e desenvolvimento. Palestrantes das principais associações, universidades e empresas de pesquisa 42 Doce Revista Fevereiro 2014 Chris Lee o perfil do mercado de funcionais na América do Sul. irão apresentar informações sobre as indústrias de nutracêuticos e alimentos funcionais da América Latina, enquanto estudos de caso dos principais fabricantes, incluindo nomes como Danone, Nestlé e Unilever, irão compor um painel com histórias de sucesso das marcas. DR – Qual o perfil dos expositores da feira? Lee – Na condição de único evento focado em alimentação funcional da América Latina, a Vitafoods South America irá trazer ao Brasil vários ingredientes inovadores de mais de 130 expositores de todo o mundo. Os visitantes poderão conhecer e experimentar algumas das mais recentes inovações em alimentos e bebidas funcionais e suplementos. A ala New Products Zone, em particular, vai funcionar como um guia para lançamentos tanto da América do Sul quanto globais. Muitas empresas já estão se preparando para exibir suas mais recentes inovações, incluindo nomes como Atina, Bukhi, DSM, Gelita, Graminex, Kemin e Probiotical. DR – Qual a expectativa do setor de nutracêuticos para 2014? Lee – A América do Sul está no centro de um boom de desenvolvimentos. Os consumidores têm maior poder de compra e estão cada vez mais interessados em incluir alimentos e bebidas funcionais e suplementos dietéticos em sua vida diária. Como resultado, o mercado para esses produtos espera bater em US$ 13 bilhões até 2017. A Vitafoods South America vai possibilitar que fornecedores de ingredientes e matérias-primas aproveitem essa oportunidade, conectando-os com produtores e distribuidores de alimentos, para fechar negócios e aprender sobre os mais recentes desenvolvimentos mundiais desse crescente mercado. DR – O que pode adiantar sobre as questões regulatórias? Lee – Visitantes interessados em aprender mais sobre o processo de lançamento de suplementos na América do Sul, por exemplo, também podem aproveitar como cortesia as sessões de consultorias individuais sobre assuntos regulatórios, oferecido pela EAS Strategic Advice, empresa internacional, que fornece informações personalizadas em regulamentações, fórmulas de produtos e rótulos, ajudando àqueles que planejam suas estratégias de lançamento. Além disso, a EAS será responsável também pelo Nutrition & Health Claims Workshop, que irá proporcionar aos participantes uma visão das diferentes legislações e práticas em mercados latino-americanos. Isso inclui informações de ingredientes, abordagens nacionais às regras para as alegações de saúde e novos alimentos, como tirar o máximo proveito das oportunidades que os regulamentos permitem e como evitar armadilhas comuns para o lançamento de um produto de sucesso.• www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Fevereiro 2014 Doce Revista 43
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