ARQUEOLOGIA BÍBLICA | Bacharel em Teologia | FATEG

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INTRODUÇÃO
A arqueologia é a ciência que estuda o passado humano e as civilizações antigas a
partir de testemunhos concretos. Para a tradição judaico-cristã a arqueologia sempre
teve um significado especial. Desde os tempos de Justino Mártir (2o. séc. a. C.) já havia
um interesse arqueológico incipiente entre os cristãos. Nos últimos duzentos anos a
arqueologia bíblica tem se desenvolvido muito. Israel, Jordânia, Egito, Síria, Líbano,
Iraque, Turquia, Grécia, Chipre e Itália são os principais países onde é realizada a
pesquisa arqueológica bíblica, que procura relacionar descobertas arqueológicas com
narrativas do texto sagrado.
Os primórdios dessa pesquisa concreta teve início do século XIX, quando o estudioso
alemão Seetzen [1] explorou a Transjordânia [2], e descobriu Cesaréia de Filipe, Amã
(Rabá 2 Sm 11:15) e Gerasa. Em meados do século XIX, o francês De Saulcy [3] foi o
primeiro a escavar sítios arqueológicos na atual Palestina. Já o inglês Charles Warren
[4] fez escavações em Jerusalém e datou as obras de Herodes no grande muro de
contenção da antiga plataforma do templo. O explorador francês Charles ClermontGanneau [5] recuperou, por volta de 1870, a famosa inscrição em pedra de Mesa (2 Rs
3:4) e encontrou a famosa inscrição em pedra que proibia, sob pena de morte, o acesso
de gentios ao pátio do templo.
Todavia, foi somente no final do século XIX que surgiu o primeiro grande arqueólogo
das terras bíblicas. Foi o inglês Sir Flinders Petrie [6], primeiro trabalhando no Egito e
depois na Palestina, que estudou a cerâmica antiga e desenvolveu um sistema de datação
dos períodos e fatos bíblicos observando e registrando as diferenças na forma, textura e
pintura da cerâmica. Petrie estudou as várias camadas de terra dos sítios antigos e
descobriu que os estratos tinham uma ordem cronológica. Outro arqueólogo muito
importante no século XX foi o americano William F. Albright [7]. Os estudiosos
evangélicos sempre valorizaram muito a obra de Albright, não somente por sua perícia e
conhecimento, mas também porque seu pressuposto era que a Bíblia é um documento
historicamente confiável.
No século XX, devido ao surgimento da chamada “New Archaeology”, a arqueologia
das terras bíblicas passou a ser denominada “Arqueologia Siro-palestina”. A idéia dessa
nova perspectiva é que a arqueologia da região deveria ser percebida da perspectiva
científica. A característica peculiar do Oriente Próximo deveria delimitar a arqueologia
do Oriente Próximo. Além disso, a arqueologia passou a ter uma abordagem
multidisciplinar (valendo-se dos estudos de arquitetos, antropólogos e não considerar o
texto bíblico como historicamente exato. A arqueóloga britânica Kathleen Kenyon [8],
foi uma dos expoentes da nova abordagem.
DEFINIÇÕES
A arqueologia é uma disciplina que se ocupa da investigação dos indícios, ou vestígios,
de civilizações e culturas passadas. O termo é composto pelos radicais gregos Arkhé,
que significa tanto “início/começo” quanto “ordem/organização”, e Logia, que significa,
por sua vez, “estudo/ciência”. As investigações arqueológicas têm por objetivo
principal fornecer subsídios materiais, com datação temporal precisa, para a
reconstrução do passado humano. Por isso essa ciência é tão importante para outras
disciplinas, como a história e a antropologia.
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ARQUEOLOGIA BÍBLICA
A arqueologia bíblica é um ramo da arqueologia especializado em estudos dos restos
materiais relacionados direta ou indiretamente com os relatos bíblicos e com a história
das religiões judaico-cristãs. A região mais estudada pela arqueologia bíblica, na
perspectiva ocidental, é a denominada Terra Santa, localizada no Médio Oriente.
Os principais elementos desta ciência arqueológica são, em sua maioria, referências
teológicas e religiosas, sendo considerada uma ciência em toda a sua dimensão
metodológica. Assim como se dá com os registros históricos de outras civilizações, os
manuscritos descobertos devem ser comparados com outras sociedades contemporâneas
da Europa, Mesopotâmia e África.
A função da arqueologia bíblica não é confirmar ou desmentir os eventos bíblicos, nem
pretende influenciar determinadas doutrinas teológicas, tal como a da salvação. Limitase ao plano científico e não entra no terreno da fé. Ainda assim, alguns resultados da
arqueologia bíblica podem e têm contribuído para:
 Aumentar o conhecimento sobre alguns dados históricos descritos nos relatos
bíblicos envolvendo governantes, personagens, batalhas e cidades.
 Descrever alguns detalhes concretos referidos nos livros bíblicos tais como o
Túnel de Ezequias, a piscina de Siloé, o Gólgota, entre outros.
 Fornecer dados que prestam uma ajuda fundamental aos estudos exegéticos.
A historicidade e autenticidade dos registros bíblicos tem sido alvo de controvérsia por
parte de estudiosos críticos, cuja forma de pensar é usualmente chamada de alta crítica
[9]. Nestes estudos junto com a crítica textual [10], várias vezes são proferidas
declarações polêmicas sobre o que a autoridade escriturística exige e o que ela implica.
Este ceticismo em relação à confiabilidade das Escrituras iniciou-se no Século XIX e
subsiste em muitos círculos acadêmicos. Esta alta crítica acabou por incentivar
pesquisas arqueológicas mais extensas por parte de muitos historiadores e arqueólogos.
O principal objetivo da ciência arqueológica não é provar ou desacreditar a Bíblia em
sentido teológico. Neste sentido, o artigo arqueologia bíblica se concentra
primariamente em pesquisas e descobertas arqueológicas relacionadas com os relatos
bíblicos. Ainda assim, a arqueologia bíblica é uma matéria de estudo polêmica, com
várias perspectivas sobre qual o seu propósito e as suas metas. Analisando os
comentários de historiadores e de destacados arqueólogos, podem encontrar-se os mais
variados pontos de vista.
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OS PERÍODOS DA ARQUEOLOGIA BÍBLICA
A arqueologia bíblica é dividida em períodos específicos, classificados com base no
nível de desenvolvimento da civilização. Tal classificação leva em conta a tecnologia
dos metais utilizados pelo grupo humano em vista e também pela influência políticocultural.
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TABELA DOS PERÍODOS ARQUEOLÓGICOS
CLASSIFICAÇÃO
Neolítico
Calcolítico
Idade do Bronze Antigo
Idade do Bronze Médio
Idade do Bronze Tardio
Idade do Ferro I
Idade do Ferro II
Período Babilônico / Exílico
Período Persa
Período Helenístico
Período Hasmoneu
Período Romano
Período Bizantino
Período Árabe
Período das Cruzadas
Período Otomano
Mandado Britânico
Moderno Israel
PERÍODO
DURAÇÃO
8300 - 4500 a.C
4500 - 3.200 a.C
3200 – 2200 a.C
2200 – 1550 a.C
1550 – 1200 a.C
1200 – 1000 a.C
1000 – 586 a.C
586 – 539 a.C
539 – 332 a.C
332 a 141 a.C
141 a 37 a.C
37 a.C a 133 d.C
324 a 638 d.C
638 a 1516 d.C
1099 a 1291 d.C
1517 a 1917 d.C
1917 a 1948 d.C
1948 até os dias atuais
3800 anos
1300 anos
1000 anos
650 anos
350 anos
200 anos
414 anos
47 anos
207 anos
191 anos
104 anos
170 anos
314 anos
878 anos
192 anos
400 anos
31 anos
68 anos
A IDADE DA PEDRA
1. Paleolítico Antigo. Objetos de pedra têm sido encontrados na superfície na Palestina
e nas regiões elevadas da Ásia Ocidental, ao passo que no Egito têm sido encontrados
instrumentos de pedra em formações geológicas, especialmente nos terraços do rio Nilo.
Não há remanescentes humanos discutíveis antes desse período no Oriente Próximo. A
medição da antiguidade é incerta, mas provavelmente corresponde à era geológica do
Pleistoceno [11]. Importantes remanescentes têm sido encontrados em cavernas da
Palestina, datados do final desse período.
2. Paleolítico Médio. Temos aqui os primeiros aparecimentos do homo sapiens na
Europa (homem cro-magnon), e o maior desenvolvimento da pintura em cavernas no
sudoeste da Europa. Houve então grande avanço nas artes e nos ofícios. Os cadáveres
eram sepultados com ornamentos, e aparecem as primeiras estatuetas de nudez feminina
feitas de pedra, osso ou marfim. As figuras e as pinturas em cavernas provavelmente
indicam um avanço nas especulações mágicas ou religiosas, cuja natureza não pode
determinar ante as evidências de que dispomos. Esses povos floresceram cerca de oito
mil anos atrás, até cerca de 6000 A.C. O homem da Palestina, nesse tempo, era de
pequena estatura (entre 1,52 a 1,65 m). Havia aprendido a cultivar cereais, domesticar
animais, fazer bacias e cadinhos e levantar estruturas de pedra. Nos seus rituais de
sepultamento encontram-se evidências suficientes de que criam na vida após a morte
física.
3. Neolítico (Idade da Pedra Polida). Esse período escoou-se entre 8300 e 4500 A.C.
Nesse período, na Europa, foi introduzida a agricultura, teve inicio a domesticação de
animais (no Oriente Próximo, essas atividades tiveram começo mais cedo), foi
inventada a cerâmica e apareceram instrumentos de pedra polida. No Oriente Próximo, a
cerâmica se adiantou e foi iniciada a vida comunitária (na forma de povoados). Nesse
período, houve construções de dimensões respeitáveis, em Jericó. Entre outros edifícios,
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há ali evidências de uma espécie de templo. O culto religioso, seja como for, estava
evoluindo, conforme se vê em diversos tipos de figuras. Já se fazia presente a adoração
aos deuses da fertilidade. Foram construídos monumentos megalíticos [12] de
sepultamento, tanto no Oriente Próximo quanto na Europa, embora o atraso cultural
fosse notório na Europa.
B. IDADE CALCOL1TICA (DO COBRE)
Esse período compreende de 4500 a 3200 A.C. Representa uma transição de
prosperidade no Oriente Próximo, quando o cobre começou a ser usado. Cerâmica bemfeita, pintada, aparece no Crescente Fértil [13], e foram construídos grandes edifícios
públicos. Desenvolveu-se a escrita (3500 A.C.), e floresceram a agricultura e as formas
religiosas externas. Templos tornaram-se centros de organizações religiosas. As pessoas
interessavam-se por deuses, pela alma, pela vida após a morte física, pela santidade, etc.
Eram cultivados os cereais básicos e as frutas.
C. IDADE DO BRONZE
1. Idade do Bronze Antigo. As datas desse período oscilam entre 3200 e 2200 A.C. O
termo é popularmente usado na arqueologia, embora alguns suponham que o bronze, no
sentido moderno (liga de cobre e estanho, ou de cobre e manganês ou alumínio) ainda
não existia na época. Outros eruditos, porém, insistem que o bronze, como liga de cobre
e estanho, é muito antigo, e que já era usado no período chamado por esse nome.
Artigos de bronze eram manufaturados no norte da África, de onde eram exportados. O
bronze variava em sua composição, havendo ligas de bronze e zinco, que mais se
assemelhavam ao metal amarelo. O «lustroso e fino bronze, tão precioso como o ouro»
(Ed 8:27; ver também Ed 8:57), pode ter pertencido a essa variedade. Minas de zinco
em Laurium, na Grécia, vinham sendo exploradas desde tempos antigos. O bronze era
abundante entre os hebreus e os povos vizinhos, desde tempos antiqüíssimos (ver Êx 38:
11; 1 Sm 8:8; 1 Cr 18:8; 22:3,14 e 29:7). Foi por essa época que a organização dos
primeiros estados começou, no Egito e na Mesopotâmia. Por esse motivo, esse período
é referido como o começo da história. Nesse período tornou-se comum a arquitetura
monumental, como no caso das pirâmides egípcias, com o aparecimento de muitas
estátuas e inscrições. Também apareceram monumentos literários em forma de épicos,
como as narrativas da criação e do dilúvio, na Suméria. Cidades construídas com tijolos
(exemplificadas nas aldeias cananitas) apareceram nesse período. Houve a melhoria dos
instrumentos e da cerâmica de uma forma notória. Nos itens de sepultamento dos
amorreus estava incluída uma modalidade distintiva de cerâmica; e as armas
multiplicaram-se. Outro tanto sucedia na Fenícia. Muitas descobertas relativas aos
povos cananeus tem sido feitas, incluindo a planta do templo que havia em Ai.
2. Idade do Bronze Médio. Esse período vai de 2200 a 1550 A.C. Foi um período de
atividade internacional e intelectual, com o levantamento e a queda de reinos como o
Egito, a Babilônia, os hicsos [14], os hititas [15] e horeus [16]. Israel, por meio de
Abraão e seus primeiros descendentes, emergiu como uma nação separada, nesse
período. Também foi um tempo de grupos seminômades, que se infiltraram nos vales da
Palestina. Têm sido encontrados túmulos desses povos, em Jericó.
3. Idade do Bronze Tardio. Período que vai de 1550 a 1200 A.C. Grandes cidades
foram reocupadas, somente para serem saqueadas novamente, no século XIII A.C. Os
povos vagueavam pela terra como tribos selvagens, matando e sendo mortos. Houve
destruição em Hazor, Betel, Beit Mirsim e Laquis. Ver o registro da invasão israelita na
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Palestina, nos dias de Josué, para se fazer idéia dos intermináveis conflitos entre os
povos. Jericó parece haver sido abandonada em cerca de 1324 A.C.
Os cananeus, na Idade do Bronze Moderno, aparentemente empregavam cinco sistemas
de escrita diferentes, em diversos estágios de desenvolvimento, a saber:
1. Mesopotâmio (acadiano) – tabletes inscritos em cuneiforme, encontrados em
Megido, Jericô, Siquêm, Taanaque, TeU el-Hesi, Gezere Hazor (isso inclui os
tabletes de Amarna, apresentados mais adiante nesta apostila e no material
suplementar Fateg).
2. Hieróglifos egípcios, encontrados em lugares como Bete-Seã e Quinerote.
3. Alfabeto cuneiforme ugarítico, encontrado em um tablete de Bete-Semes.
4. A escrita de Biblos.
As formas religiosas dos cananeus têm sido ilustradas pelas descobertas feitas em
Laquis, Megido e Siquém, onde se destacavam as adorações a Astarte e Baal (um selo
cilindrico de Betel, de cerca de 1300 A.C.).
D. IDADE DO FERRO
1. Primeira Idade do Ferro. Também chamada Ferro I ou Israelita I. Cerca de 1200 1000 A.C. Foi um período de convulsões internacionais. Foi então que os israelitas
expandiram-se como nação, e atingiram um estado de império, sob Davi e Salomão. O
ferro tomou-se um metal de uso comum. Os filisteus foram os primeiros a usar o ferro
na Palestina (por exemplo, uma adaga de ferro e uma faca encontradas em um túmulo
de Tel el-Fará). Ricas e bem construídas cidades e fortalezas canaanitas resistiram por
longo tempo ao assédio dos israelitas, mas estes gradualmente conquistaram a Terra
Santa, conforme se lê no livro de Josué. No tempo dos Juízes, as evidências mostram
que Israel não atingiu a mesma prosperidade dos canaanitas. As casas israelitas eram
essencialmente pobres, e sua cerâmica era rude e sem sofisticação, em comparação com
a dos canaanitas. Nos dias de Saul, a vida era de maneira geral, pobre e simples, embora
houvesse a importação de armas de ferro e fortificações, como as cidades muradas.
Salomão levou o império israelita a uma condição de prosperidade, muito maior, com o
uso abundante de ferro e técnicas de construção aprimoradas. Muitos materiais eram
importados, tendo servido para decorar o templo, o que assinalou um ponto culminante
no desenvolvimento do culto religioso dos israelitas. Residências para os governadores
distritais têm sido encontradas em meio às ruínas investigadas em Megido e Hazor.
Havia imensos graneleiros para armazenar impostos, pagos na forma de grãos, em
Laquis e Bete-Semes. Espaçosos estábulos, para quinhentos cavalos ou mais, foram
encontrados em Megido (ver 1 Reis 9:15,19). Salomão fundou muitas fundições de
cobre e de ferro, conforme se encontram evidências das mesmas no Wady que vai de
Eziom-Geber ao golfo de Ácaba. Ali havia um porto movimentado, que ajudava na
importação de muitas mercadorias. Um vaso, encontrado em Tel Qasileh, traz a
inscrição «ouro de Ofir», o que serve de testemunho confirmatório. O declínio do poder
dos filisteus permitiu que os fenícios expandissem o seu comércio, o que se refletiu nos
materiais usados na construção do templo de Jerusalém.
2. Segunda Idade de Ferro. Também é chamado Ferro II, Ferro Médio ou Israelita II,
com datas entre 1000 e 586 A.C. Foi o período da monarquia dividida (Judá e Israel).
Nesse período começou o cativeiro assírio, em 722 A.C., sob Sargão II. Foi um período
de reforma profética para Israel, bem como tempo de grande expansão comercial para
os fenícios. Também foi o tempo do soerguimento e da queda do império assírio.
Inúmeras descobertas arqueológicas pertencem a esse período. Quarenta e um reis
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mencionados na Bíblia são confirmados pelas descobertas arqueológicas, o que mostra a
abundância de evidências recolhidas.
3. Terceira Idade do Ferro. Também é chamada Persa ou Israelita posterior. Flutua
entre 586 e 332 A.C. Esse foi o período dos impérios neobabilônico e persa, bem como
o tempo do exílio e da restauração dos judeus. Nabucodonosor capturou Jerusalém a
16 de março de 597 A.C. e muitas cidades e fortalezas dos israelitas foram destruídas, e
houve destruição generalizada nas áreas circunvizinhas. Muitas cidades jamais foram
ocupadas novamente. No entulho encontrado em Laquis, vinte e um pedaços de
cerâmica inscrita testificam sobre as ansiedades do povo, nesse tempo, em face de um
inimigo brutal, que não dava tréguas. A arqueologia tem demonstrado o estado de
pobreza da Terra Santa, durante o exílio. A reocupação da terra foi lenta, e somente no
século III A.C. é que Judá fora repovoada.
E. PERIODO GRECO-ROMANO
Esse período vai de 332 A.C. a 133 D.C. Na terceira idade do ferro, aumentou as
influências persas e gregas, sobretudo esta última. Alexandre o Grande conquistou a
Palestina (que fizera parte do império persa), em 332 A.C., o que abriu caminho para a
influência helenista [17]. Porém, em face de sua morte, seus generais dividiram os
despojos, e a Palestina ficou sob o domínio de Selêuco. Dali por diante, os monarcas
selêucidas tornaram-se os governantes do que fora Israel. A revolta dos Macabeus
terminou essa fase (cerca de 161 A.C. em diante). A independência judaica, após muitas
vicissitudes difíceis e batalhas sangrentas, finalmente foi estabelecida em 143 A.C.
Porém, Roma tornou-se o novo poder dominante em Judá, em 63 A.C., quando Pompeu
estabeleceu o protetorado romano sobre a Judéia. Em 40 A.C. Herodes foi nomeado rei
de Judéia, e isso consagrou ali o domínio romano. Jerusalém foi destruída por duas
vezes, em 70 e em 132 D.C. Então Israel foi esvaziada de judeus o que deu início à
grande dispersão, a qual só foi revertida em 1948, em nossa própria época. Há
abundantes evidências arqueológicas acerca de todo esse período, incluindo o exílio, o
retorno, o domínio selêucida, os Macabeus e o domínio romano.
MÉTODO DO TRABALHO ARQUEOLÓGICO
Como ciência que é a arqueologia tem um sistema que consiste nos seguintes itens:
1. Preliminares. A localização de locais promissores, com base em estudos históricos e
geológicos, com auxilio da pesquisa aérea.
2. Organização das expedições. Pessoas habilitadas para liderar muitos assessores,
uma tripulação de apoio - como cozinheiros, motoristas – preparação dos postos nos
campos, suprimento de água, equipamento fotográfico, abrigos, armazéns, veículos de
transporte.
3. A pesquisa. Delimitação da área a ser examinada, estabelecimento do acampamento.
Divisões da área a ser examinada; registro dos indícios a serem seguidos nas
escavações.
4. Escavações e mapeamento. As escavações começam com picaretas, enxadas, serras,
brocas elétricas, material recolhido, classificação e armazenamento dos itens
descobertos, seleção de material para maior análise em laboratório, exames por parte de
técnicos de várias especialidades de apoio, "como a química. A escavação continua em
camadas que com freqüência passam de uma civilização para outra, comprovadas pelos
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processos de medição de tempo ou pelos tipos de artefatos descobertos. As áreas
escavadas são cuidadosamente mapeadas, mostrando as posições de todas as áreas
examinadas. No final do projeto, as escavações são enchidas novamente com terra,
plantando-se uma vegetação apropriada para o local.
5. Tratamento cuidadoso dos artefatos. Tudo que for recolhido nas escavações é
examinado por todos os métodos possíveis, se necessário; os materiais são selecionados
e classificados, e tudo é registrado na história da escavação. Visto que os arqueólogos
têm de tapar todas as escavações feitas, precisam incluir em seu relatório todos os
detalhes inclusive fotografias.
6. Trabalho de laboratório. Quaisquer artefatos que exijam maior atenção são
enviados ao laboratório. São feitas análises químicas ou de outra natureza. Especialistas
em outros campos podem ser convocados, como historiadores, biólogos e antropólogos.
7. Finalmente, visando à preservação e o compartilhamento das informações
obtidas, são feitos relatórios e são escritos artigos e livros. Esses relatórios incluem
todos os detalhes dados acima com fotografias, diagramas e suas respectivas
interpretações. Esses relatórios são altamente técnicos, visando especialistas no campo,
embora, como resultado, artigos e livros de cunho mais popular possam propagar a idéia
geral das descobertas perante o público.
TÉCNICAS E TESTES QUE A ARQUEOLOGIA UTILIZA PARA MEDIR
Materiais que podem ser testados
Toda matéria que antes vivia como lã, carvão, todos os tipos de plantas, chifres, ossos
queimados, couro, pele, pêlos, conchas, matéria vegetal carbonizada, excrementos e
bactérias, pode ser testada. Essa forma de medição do tempo passado foi desenvolvida
no final da década de 1940, por Willard F. Libby [18], no Instituto de Estudos
Nucleares da Universidade de Chicago. Isso revolucionou a medição do tempo na
arqueologia.
Carbono 14
Esse material é radioativo, uma forma instável de carbono, com o peso atômico 14. Está
sendo constantemente formado nas camadas superiores de nossa atmosfera, devido ao
bombardeio de átomos de nitrogênio-14 por parte de raios cósmicos ou nêutrons. Na
atmosfera, o carbono-14 combina-se com o oxigênio a fim de formar o dióxido de
carbono, que então se mistura com o dióxido de carbono, já existente na atmosfera
terrestre, o qual contém carbono com doze átomos em sua estrutura molecular. Ao
chegar à atmosfera, o carbono-14 entra em todas as coisas vivas, que trocam material
com a atmosfera, mediante seu processo biológico. Toda matéria viva, pois, contém
uma proporção constante de carbono-14, devido ao equilíbrio entre a taxa de formação
do carbono-14 e a taxa de desintegração do carbono-14 contido na atmosfera, no
oceano e em todos os seres vivos. Quando algum ser vivo morre, deixa de participar
das trocas com a atmosfera, e assim cessa a recepção de carbono-14. Entretanto, o
carbono-14 contido por ocasião da morte continua a desintegrar-se em uma taxa
constante. A meia-vida do carbono-14 é de 5.568 anos. Isso significa que a quantidade
de carbono-14, por ocasião da morte, é reduzida à metade nos primeiros 5.568 anos
depois da morte daquele ser vivo. A quantidade restante é reduzida à metade nos 5.568
anos seguintes, e assim por diante, de tal modo que a proporção de carbono-14 restante,
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em um dado tempo, é proporcional ao tempo escoado desde a morte. Dessa forma,
conhecendo-se a taxa de desintegração do carbono-14, é possível a determinação do
tempo passado desde a morte de uma espécie que anteriormente tivera vida. Essa forma
de medição alcança uma taxa de exatidão, o que se tem confirmado através de inúmeras
experiências com itens cujas datas eram conhecidas por outros meios, como os registros
históricos.
Radiocarbono
O teste do radiocarbono é digno de confiança quando se data matéria orgânica (antes
viva) com precisão até entre 40 mil e 50 mil anos. Essa taxa de precisão cai um pouco
depois disso, porque quanto mais retrocedermos no tempo, menos será a radioatividade
restante. Contudo, com essa queda de taxa, as coisas datadas parecem ser mais novas do
que realmente o são, e não mais antigas.
Argônio de Potássio
E a medição através de outro processo, intitulado argônio de potássio, pode retroceder
até um milhão de anos ou mais. Seja como for, até mesmo datas obtidas na faixa dos
bilhões de anos não são por demais distantes. Esse sistema pode datar coisas muito além
do alcance do processo do carbono-14. Alicerça-se sobre o desgaste radioativo do
potássio-40 em cálcio-40 e em argônio-40, utilizando proporções conhecidas em termos
de taxas de troca conhecidas.
Termo luminescência
Também tem sido usada a técnica do termo luminescência para se medir a antiguidade
da cerâmica. Quando a argila é queimada no forno, cada elétron volta à sua posição
estável e emite um fóton de luz. Se um fragmento da cerâmica é reaquecido em
laboratório, pequenas fagulhas de luz são emitidas. A quantidade de termo
luminescência indica quanto a radiação danificou cada elétron, Portanto, a quantidade
de termo luminescência é uma medida do tempo que se escoou desde que aquela peça
de cerâmica foi cozida ao forno. O museu da Universidade da Pensilvânia tem-se
utilizado desse processo e o tem aperfeiçoado. O método melhorado consiste em
bombardear a cerâmica a ser analisada com raios-x, usando-se uma série de exemplares
de pequenos pedaços de cerâmica, para cada medição do tempo.
Há certo número de outros métodos de medição, alguns deles bastante exóticos. Novos
conceitos e métodos de medição arqueológica estão sendo desenvolvidos. Um fato que
certamente se destaca é o acordo bastante exato alcançado pelos vários métodos,
quando empregados para se datar algum artefato específico, de que a terra certamente é
muito antiga. Os testes aplicados a meteoritos reforçam a antiguidade de nosso planeta,
tal como se dá com os materiais trazidos da lua pelos astronautas norte-americanos.
Porém, a criação, fora de nosso sistema solar, é muito mais antiga. Os radiotelescópios
estão atualmente captando luz que tem pelo menos dezenas de bilhões de anos de idade,
e julgo que isso é apenas uma fração da idade real da criação. Quanto mais aprendemos,
mais antiga ficamos sabendo ser a criação.
Materiais examinados numa escavação ou exploração arqueológica
1. Entulho. Os antigos locais da civilização são ricos em remanescentes jogados fora,
antes associados à habitação humana, como restos de alimentos, animais mortos,
fragmentos de instrumentos antigos, artefatos de túmulos, material de escrita, e até
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mesmo grãos de pólen e itens microscópicos como bactérias. Essas coisas estão sujeitas
a sistemas de medição de tempo, descritos sob o segundo ponto, acima.
2. Remanescentes humanos. Os túmulos e seu conteúdo, como restos mumificados,
ossos, armas, objetos de arte e indústria.
3. Objetos de arte. Trabalho artístico feito de pedra, de bronze, de prata, de ouro, de
pedras preciosas, espelhos, desenhos em cavernas e outros materiais, cerâmica
ornamental, murais. Todas essas coisas fornecem-nos algum discernimento quanto à
vida e ao modo de pensar dos povos antigos.
4. Cerâmica. Esse é um produto quase universal da humanidade, permeando todas as
civilizações, - o qual pode ser datado com grande precisão. Com freqüência, fragmentos
de cerâmica provêem a data para a medição, pelo que os arqueólogos têm o cuidado de
recolher e classificar a cerâmica. Alguns exemplares são toscos, e outros são
incrivelmente ornamentais; mas todas as formas têm uma história a ser contada sobre as
pessoas que as fabricaram.
5. Edifícios. O homem sempre teve a necessidade de abrigar-se a fim de proteger-se das
intempéries. A maneira como ele tem feito isso revela muito sobre o seu grau de
civilização. Mas também há muitas outras espécies de construções, como templos,
pirâmides (e outras formas de mausoléus), acampamentos militares, estábulos,
sinagogas, cabanas e mansões.
6. Inscrições. A arte da escrita foi uma das maiores realizações humanas, que se tornou
fundamental para todas as formas de conhecimento. As inscrições antigas eram feitas
em tabletes de argila, em pedras, em vários metais, em cerâmicas, em peles de animais,
em papiros. As coisas escritas nesses diversos materiais tornam-se uma fonte de
conhecimento sobre as civilizações que as produziram, com freqüência conferindo
algum conhecimento histórico sobre os povos envolvidos.
7. Documentos escritos. Os documentos em papiro, provenientes do Egito, pertencem
desde os tempos faraônicos até à época islâmica. Era um material durável,
manufaturado de uma planta aquática, que não se estragava facilmente em lugares de
clima seco. Fragmentos e rolos inteiros têm sido desenterrados de túmulos, locais
sagrados, cemitérios de crocodilos (dentro de crocodilos mumificados). Também há os
tabletes inscritos em cuneiforme, provenientes da Babilônia e da Assíria, as famosas
cartas de Tell El Amarna, que dão muitas informações sobre a Palestina antes da
invasão israelita. Há os papiros de Elefantina [19], que lançam luz sobre o período
persa no Egito e sobre o livro de Neemias. Há muitas cartas particulares que prestam
informações sobre as vidas individuais e comerciais do povo. Há os manuscritos
bíblicos, do Antigo e do Novo Testamentos, como os documentos das cavernas de
Qumran, descobertos em 1947, escritos em pergaminho.
8. Instrumentos e armas. Havia as armas de pedra e pederneira, muito mais antigas;
mais tarde, surgiram armas de bronze e ferro, artefatos que revelam as transições
envolvidas na metalurgia que identificam várias épocas. Começaram então a surgir
instrumentos para uso doméstico e agrícola. A combinação das duas coisas revela
detalhes sobre a história pacífica e beligerante dos homens. Além disso, mostram a
progressão em sua capacidade técnica.
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9. Moedas. As moedas podem traçar a história dos povos, como os reinos resultantes
das invasões de Alexandre o Grande, e períodos inteiros da história romana. A
numismática é uma ciência em si mesma. Cobre muitos séculos e é importantíssima
nessa questão de medição do tempo.
10. Restos botânicos. Temos nesse caso, grãos de pólen, fragmentos de madeira
(petrificados ou não), restos queimados de antigas fogueiras, a dendrocronologia
(medição do tempo mediante o exame dos anéis formados no crescimento das árvores) e
restos da flora.
11. Microorganismos em forma fóssil. Podemos citar como exemplo os organismos
encontrados na praia de Ontário do lago Superior, em rochas do pré-cambriano [20],
datadas por processos radioativos de um bilhão e novecentos milhões de anos de idade.
12. Objetos de culto. Peças de escultura humana por razões religiosas, objetos usados
para servir em cerimônias mágicas, efígies de deuses, seres humanos e animais,
símbolos fálicos relativos aos deuses da fertilidade, um carneiro apanhado nos
espinheiros pelos chifres, uma obra de arte suméria, provavelmente com sentidos
religiosos, e inúmeros ídolos.
13. Trabalhos com a terra. Incluem-se aqui as fortificações, as muralhas, os terraços, as
estradas, as minas, as interferências humanas com o meio ambiente, por uma razão ou
por outra, tudo o que testifica a civilização humana, conferindo-nos informações.
O VALOR DA ARQUEOLOGIA NO QUE DIZ RESPEITO À BÍBLIA
A fim de ilustrar a história da Bíblia. A arqueologia provê um testemunho secundário
e confirmatório a toda à história da Bíblia, desde os dias mais remotos. Importantes
colaborações e fatos adicionais acerca de cada período bíblico têm sido descobertos,
desde o período adâmico, passando pelo período patriarcal, cananeu, monárquico, da
dupla monarquia, exílico, pós-exílíco, selêucida, helenista e - até o período romano. Da
era dos patriarcas nos chegam descobertas em Ai, Siquém, Betel, Berseba, Gerar, Dotã e
Jerusalém. Desse período nos chegam tabletes de Nuzi e de Mari. Muitos itens da Bíblia
tornam-se mais claros por meio das descobertas arqueológicas: as bênçãos orais eram
importantes para Isaque, Jacó e Esaú (ver Gn 27:34-41). Os tabletes de Nuzi mostram
que naquele tempo as bênçãos orais eram obrigatórias, tanto quanto as decisões de um
tribunal. Por que Labão foi capaz de apontar para os seus netos e dizer: As filhas são
minhas filhas, os filhos são meus filhos...? (Gn 31:43). Esses mesmos tabletes mostram
que um avô exercia controle sobre seus netos. O período canaanita é bem ilustrado,
tendo sido encontradas muitas ruínas de cidades em inúmeras escavações. A partir do
período da monarquia, mais de quarenta reis (e as condições de Israel na época deles)
têm tido suas histórias iluminadas pelas descobertas arqueológicas. Embora o Novo
Testamento cubra um período histórico muito mais curto, grande tem sido a iluminação
sobre as viagens de Paulo, bem como lugares, pessoas e coisas mencionadas no livro de
Atos.
2. Sublinhando a realidade da inspiração divina. Não obstante, a arqueologia provê
evidências corroboradoras da exatidão dos relatos bíblicos, sendo esse um elemento que
favorece a inspiração divina. Em contraste, consideremos as narrativas do Livro de
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Mórmon, que afirma ser a história de certas tribos indígenas norte-americanas. Não há
qualquer confirmação arqueológica acerca dessas alegadas tribos e isso levanta muitas
dúvidas sobre a autenticidade do citado livro.
3. A arqueologia empresta interesse. A simples leitura da Bíblia pode ser vivificada
mediante a referência às descobertas modernas que ilustram o texto bíblico. Isso faz a
Bíblia tornar-se um livro de interessantíssima leitura. Até cerca de 1800, pouco se sabia
sobre os tempos do Antigo Testamento, exceto aquilo que aparece no próprio Antigo
Testamento. A situação não era tão grave no caso dos tempos neotestamentários, porque
houve vários antigos historiadores seculares que comentaram sobre esses tempos. Mas a
informação sobre o Antigo Testamento era praticamente inexistente. Então, começando
em 1798, as ricas antiguidades do vale do Nilo foram descobertas pela expedição de
Napoleão. Foi então que Paul Botta, A.H. Layard, H.C. Rawlinson e outros derramaram
muita luz sobre as civilizações da Assíria e da Babilônia por meio da arqueologia. A
descoberta da pedra Moabita (estela de Mesa) criou sensação entre os eruditos bíblicos,
por causa de sua íntima conexão com a história do Antigo Testamento, e houve um
entusiasmo generalizado em favor das escavações na Palestina. Em 1901, foi
encontrado o Código de Hamurabi; os papiros de Elefantina [19] foram descobertos
em 1903; monumentos hititas foram encontrados em 1906; o túmulo de Tutancamom,
em 1922; o sarcófago de Airão de Biblos, em 1923; a literatura épica religiosa de Ras
Shamra em 1929-1937; as cartas de Mari e as óstraca de Láquis, em 1935-1939; e os
manuscritos do mar Morto, em Qumran, em 1947.
4. O valor apologético é evidente. Esse é um ponto paralelo ao segundo item,
intitulado “sublinhando a realidade da inspiração divina”, embora mais amplo. Os
eruditos, ao tratarem com documentos inspirados ou não, interessam-se pela exatidão do
registro escrito. Querem saber se os povos e as cidades sobre as quais eles falam diante
de seus estudantes, ou sobre as quais escrevem a uma audiência mais lata, realmente são
históricos. A arqueologia, pois, confere-lhe um meio de autenticar o que afirma.
5. O valor exegético. O pregador, ao falar sobre a Bíblia, pode chamar a atenção de
seus ouvintes com maior sucesso se puder falar com conhecimento sobre o seu assunto,
baseado em informes extra bíblicos, que confirmam o que a Bíblia assevera. A
arqueologia, além de ser ilustrativa, também é interpretativa. Muitas questões bíblicas
podem ser mais acuradamente interpretadas por meio da arqueologia. Em muitos
lugares, a Bíblia permanece misteriosa, não havendo iluminação por parte da
arqueologia. Um pequeno exemplo pode ser visto no caso de Moisés, acerca de quem
foi dito, em sua idade avançada: «...não se lhe escureceram os olhos, nem se lhe abateu
o vigor» (Dt 34:7). A palavra ali traduzida por «vigor» poderia referir-se aos dentes
(conforme se vê na Vulgata Latina). Porém, os tabletes de Ras Shamra mostram que o
vocábulo em questão tem o sentido de vigor natural ou/forças, o que decide a questão da
interpretação. Há muitos outros casos similares. A descoberta de material helenista tem
ilustrado o vocabulário do Novo Testamento (grego koiné), em contraste com o grego
clássico; e isso tem determinado muitos casos de interpretação. A descoberta de antigos
manuscritos tem possibilitado a compilação de um texto bíblico mais acurado do que
teria sido possível há cem anos.
GRANDES DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS
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O resultado prático de toda a pesquisa arqueológica realizada nas terras bíblicas pode
ser medido por um grande número de descobertas e pela relevância de tais achados. Na
verdade são centenas de referências importantes; dezenas de cidades e centenas de
objetos arqueológicos foram desenterrados e estudados. A seguir apresentaremos as
principais descobertas dos últimos duzentos anos bem como sua importância para o
estudo das Escrituras.
01. As Cartas de Amarna. São 380 cartas em acadiano entre cananeus e egípcios.
Falam sobre a Palestina do século XIV a.C.
02. Os Manuscritos do Mar Morto. São as cópias mais antigas do Antigo Testamento,
mil anos mais antigas do que os disponíveis até então. São centenas de folhas de
manuscritos, mas em todos eles estão bem preservados em relação ao Texto
Massorético [21]. São datados entre 200 a.C. a 100 d.C. e foram encontrados em 194748 em onze cavernas da região de Qumran, no deserto da Judéia. Os manuscritos
continham:
1. Cópias integrais ou parciais de todos os livros canônicos do Antigo Testamento
(exceto Ester);
2. Comentários das Escrituras;
3. Material dos livros apócrifos e pseudepígrafes do período intertebíblico;
4. Manuscritos das regras e doutrinas da seita (a espera de dois messias, um secular
e um religioso, e a esperança do juízo divino iminente sobre os ímpios);
5. Textos sobre outros assuntos, como o Rolo do Templo e o tesouro oculto
descrito no Rolo de Cobre.
03. Outros Manuscritos do Antigo Testamento. Destacam-se o Códice Cairense
(Geneza), descoberto em 1890, contendo muitos manuscritos de grande parte da Bíblia
Hebraica, e o Papiro Nash, descoberto em 1902, contendo poucos versos de Êxodo e de
Deuteronômio.
04. As Tábuas de Ebla. São 17000 tábuas em eblita que trazem luz sobre a vida
patriarcal. São datadas de 2600-2300 a.C., e foram encontradas na Síria por arqueólogos
italianos em 1976.
05. As cartas de Mári. São 20000 tábuas em acadiano, do séc. XVIII a.C. Descrevem
costumes, informações detalhadas e nomes da época patriarcal. Foram encontradas em
1933 por Parrot.
06. O código de Hamurábi. Código de leis babilônicas que apresenta paralelos com a
lei mosaica. É do séc. XVIII a.C.
07. A Pedra da Roseta. Encontrada por Champolion no Egito, foi a chave para decifrar
o egípcio antigo.
08. Cultura e língua de Ugarite e as tábuas de Ras Shamra. São cerca de 1400
tábuas em ugarítico (língua próxima ao hebraico bíblico). Traz muita luz sobre a
religião e a literatura cananita e a poesia hebraica.
09. O Rochedo de Behistun. Achado fundamental para decifrar a língua babilônica.
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10. Cidades, cultura e língua acadianas. De grande valor histórico e lingüístico.
Revela a antiga cultura semita ocidental da Mesopotâmia. O acadiano é parente do
hebraico.
11. O calendário de Gezer. Calendário agrícola que traz o mais antigo registro do
hebraico bíblico; as poucas linhas aparecem na escrita paleo-hebraica [22].
12. A Epopéia de Gilgamés. Texto acadiano que descreve um paralelo muito próximo
do dilúvio bíblico.
13. Enuma Elish. Sete tábuas em acadiano que falam da ascensão do deus Marduque.
Texto paralelo aos relatos da criação de Gênesis.
14. O Prisma de Senaqueribe. Descreve o cerco assírio de Senaqueribe a Jerusalém
em 701 a.C. É datado de 686 a.C. e confirma a história da resistência do rei Ezequias
narrada na Bíblia.
15. As Tábuas de Nuzi. São cerca de 10000 tábuas, e pertenciam ao antigo império
hitita. Descreve a história hitita e traz exemplos de alianças internacionais do séc. XVII
a.C.
16. A Inscrição de Mesa. Encontrada por Klein em 1868, fala das conquistas de Mesa,
rei de Moabe. Conhecida como Pedra Moabita, menciona Onri, rei de Israel, pai de
Acabe, e contemporâneo do rei moabita.
17. A Inscrição de Siloé. Comemora a conclusão do túnel de Ezequias; é um exemplo
importante do hebraico da época.
18. Estela de Merneptá. Encontrada no Egito, em Tebas, é a mais antiga menção a
Israel. Data do séc. XIII a.C.
19. A Cidade de Laquis e as suas cartas. A atual Tell ed-Duweir, (Js 10.3,31) fica na
Shefelá, a oeste de Hebrom. Foi fortificada por Roboão (2 Cr 11.9), capturada pelo rei
Senaqueribe (2 Re 18–19), tomada mais tarde pelos babilônios (Jr 34.7) e habitada até
depois do exílio (Ne 11.30). Era uma das cidades-fortalezas que guardavam os acessos à
região montanhosa. Foi escavada na década de 1930 e de 1970 e 1980. A história de
Laquis remonta a 8000 a.C.. Os egípcios exerceram muita influência no local no
Período do Bronze Médio e Posterior. Entre as descobertas importantes destacam-se um
templo cananeu do Bronze Posterior e um palácio do período israelita (Idade do Ferro).
Foram encontrados muitos selos, escaravelhos e registros de impostos egípcios, vários
selos hebraicos, pesos, alças de vasos com inscrições. As cartas de Laquis são óstraca
(cacos de cerâmica com informações) em hebraico. São 18 cartas que discorrem sobre a
conquista babilônica de Judá em 586 por Nabucodonosor.
20. Os Papiros do Novo Testamento. Os papiros são os testemunhos mais antigos do
Novo Testamento e datam dos séculos II e III d.C. Os mais importantes, que levam o
nome de seus descobridores ou do local onde foram achados, são:
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1. O Fragmento John Rylands, encontrado em 1930, chamado p52, (trechos de
João 18), de cerca de 130 d.C.
2. Os papiros de Oxirrinco (cidade do alto Egito), diversos manuscritos
encontrados no Egito em 1898. Datam principalmente do século III d.C.
3. Os papiros Chester Beatty, p45, p46 e p47, contendo a maioria do NT, de cerca
de 250 d.C.
4. Os papiros Bodmer, p66, p72 e p75, contendo grande parte do NT, de cerca de
175-225 d.C.
21. Os Pergaminhos do Novo Testamento. Escritos em couro de ovelha (ou cabra),
são os Manuscritos Unciais, assim chamados porque foram escritos com letras
maiúsculas. Os códices (cópias completas do NT) mais antigos são o Sinaítico, o
Vaticano e o Alexandrino. O Sinaítico foi descoberto em 1844 pelo conde Tischendorf e
data da primeira metade do século IV d.C. Já o Vaticano, ainda que conhecido desde
1475, arquivado na Biblioteca do Vaticano, só foi publicado em 1889-1890.
22. Cafarnaum e sua Sinagoga. Esse sítio arqueológico à margem noroeste do lago da
Galiléia, é destacado no Novo Testamento (Mt 4.13; 8.5; 11.23; 17.24), em Josefo e no
Talmude. As escavações começaram em 1856 e continuaram a partir de 1968. Há uma
sinagoga do segundo século d.C., de pedra calcária branca, que tinha um salão com
colunas com três portas do lado sul na direção de Jerusalém, galerias superiores e um
salão comunitário (ou escola) com colunas no leste. Escavações recentes mostraram que
sob a estrutura atual havia uma sinagoga mais antiga de pedras pretas de basalto com
paredes de mais de um metro de espessura. Amostras de cerâmica encontradas no piso
de basalto e debaixo dele mostram que essa sinagoga era do primeiro século d.C. ou
antes. Essa sinagoga mais antiga sem dúvida é aquela em que Jesus pregou (Mc 1.21), a
sinagoga construída para os judeus pelo centurião romano (Lc 7.1-5).
23. A Cesaréia Marítima (veja suplemento arqueológico portal Fateg)
24. A inscrição de Erasto (veja suplemento arqueológico portal Fateg)
25. Tanque de Betesda em Jerusalém (veja suplemento arqueológico portal Fateg)
CONCLUSÃO
A vasta gama de achados arqueológicos pertinentes ao mundo bíblico sem dúvida
trouxe muita informação importante a respeito das narrativas sagradas do mundo
judaico-cristão. Algumas conclusões são inequívocas e merecem destaque:
1. A arqueologia revelou que o Israel bíblico pertenceu ao mundo semítico, com o
qual tinha muitas semelhanças lingüísticas e culturais. A compreensão desse universo
permite um entendimento mais correto do Antigo Testamento.
2. A arqueologia comprovou em muito a historicidade bíblica. Dezenas de lugares e
fatos anteriormente contestados por críticos céticos foram mais do que comprovados
pela pesquisa arqueológica. Nas palavras do naturalista Werner Keller “A Bíblia tinha
Razão”.
3. O estudo da arqueologia não resolveu dificuldades bíblicas. Todo achado
arqueológico exige interpretação. Além disso, há dificuldades ainda não resolvidas
plena e satisfatoriamente como os casos de Jericó e da cidade de Ai.
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4. Os achados arqueológicos desmontaram o historicismo bíblico. O liberalismo
clássico e o anti-semitismo que influenciaram muito da literatura crítica do século XIX.
Os paralelos entre a literatura babilônica e hitita dos séculos XVIII e XVII a.C. e o
Pentateuco estão confirmados.
5. A arqueologia trouxe muita luz sobre a preservação da Bíblia. Centenas de
manuscritos confirmaram que o texto bíblico foi mais preservado que qualquer outro
documento antigo da humanidade. Os Manuscritos do Mar Morto são a maior prova
disso.
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APÊNDICE
[1] Ulrich Jasper Seetzen (30 de janeiro de 1767 - setembro de 1811) foi um
explorador alemão da Arábia e Palestina de Jever, Alemanha Frisia . Uma soletração
alternativa de seu nome, Ulrich Iospar Sentzen, às vezes é visto em publicações
científicas.
[2] O emirado da Transjordânia foi um antigo território do Império Otomano
incorporado no Mandato Britânico da Palestina em 1921 na forma de uma divisão
política autônoma. A criação do território foi formalizada com a adição, em agosto de
1922, de uma cláusula à carta que regia o Mandato para a Palestina. Geograficamente, a
Transjordânia era equivalente ao reino da Jordânia durante o período que foi de 1942 a
1965.
[3] Louis Félicien Joseph Caignart de Saulcy (19 de março de 1807 - 04 de novembro
de 1880), mais conhecido simplesmente como Félicien ou Félix de Saulcy, foi um
numismata francês, orientalista, e arqueólogo. Conduziu a primeira escavação
arqueológica na Terra Santa em 1863. Ele escavou os túmulos dos reis em Jerusalém,
erroneamente identificando-os como os Túmulos da Casa de Davi. Ele descobriu o
sarcófago da rainha Helena de Adiabene, embora ele acreditava que os ossos dentro,
envoltos em mortalhas com bordados de ouro, eram os restos da esposa de um rei da
Judéia do período do primeiro Templo, possivelmente Zedequias ou Jeoás.
[4] Sir Charles Warren (7 de Fevereiro de 1843 — 21 de Janeiro de 1920) foi um
general dos Royal Engineers do Exército Britânico, funções em que teve relevantes
funções em África e no Sinai, e mais tarde chefe da Polícia Metropolitana de Londres
(Commissioner of Police of the Metropolis) de 1886 a 1888.
[5] Charles Simon Clermont-Ganneau (19 de fevereiro de 1846 - fevereiro 15 1923),
foi um notável orientalista francês e arqueólogo. Em 1871, Clermont-Ganneau
identificou a cidade bíblica de Gezer (Josué 16:11 ) com a de Abu Shusha,
anteriormente conhecido como Tell el Jezer. Em 1874, ele foi contratado pelo governo
britânico para tomar conta de uma expedição arqueológica para a Palestina. Ele
explorou e descobriu muitos túmulos no Wady Yasul, um vale imediatamente a sul de
Jerusalém, que ele alegou ter servido como um cemitério auxiliar por Jerusalém em
algum período antigo. Com base na evidência geográfica e linguística ele teorizou que
este vale era Azal mencionado em Zacarias 14:5. Ele foi o primeiro a fazer sondagens
arqueológicas em Emaús - Nicopolis.
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[6] Sir William Matthew Flinders Petrie (03 de junho de 1853 - 28 de julho de 1942),
mais conhecido como Flinders Petrie, foi um egiptólogo inglês e um pioneiro da
metodologia sistemática em arqueologia e preservação de artefatos. Ele segurou a
primeira cadeira de Egiptologia no Reino Unido, e escavou muitos dos sítios
arqueológicos mais importantes no Egito em conjunto com sua esposa, Hilda Petrie.
Alguns consideram sua mais famosa descoberta a Estela de Merneptah, uma opinião
com que o próprio Petrie concordou. Petrie desenvolveu o sistema de camadas de
baseado em cerâmica e achados de cerâmica.
[7] William Foxwell Albright (24 de Maio, 1891-1819 setembro de 1971), foi um
arqueólogo americano, biblista, filólogo, e especialista em cerâmica. Desde o início do
século XX até a sua morte , ele era o decano dos arqueólogos bíblicos e fundador
reconhecido do movimento arqueologia bíblica. Albright, através de seu trabalho na
arqueologia chegou ao conclusão de que os relatos bíblicos da história israelita foram ao contrário do que dizia a crítica literária alemã - em grande medida exata.
[8] Kathleen Mary Kenyon (Londres, 5 de Janeiro de 1906 — Wrexham, 24 de
Agosto de 1978) foi uma destacada arqueóloga inglesa, em especial na cultura do
período neolítico no Crescente Fértil, e escavações de Jericó entre 1952 e 1958. Entre
1936 e 1939 Kenyon escavou a Muralha Judaica em Leicester. Em 29 de Abril de 1937
fundou-se o Instituto de Arqueologia da Universidade de Londres e ela foi eleita sua
primeira directora, até o ano de 1946. Depois disso, trabalhou em escavações nas
Murallas Sutton em Sabrata e outros sítios maiores. Alem disso, foi eleita diretora
honorária da Escola de Arqueologia Britânica de Jerusalém.
[9] Alta crítica é o nome dado aos estudos críticos da Bíblia. Sua abordagem trata a
Bíblia como literatura, utilizando-se do aparato crítico normalmente aplicado a textos
literários semelhantes. Caracteriza-se, de uma forma geral, por não partir do dogma da
inerrância bíblica para efetuar suas análises. Em contraste com a baixa crítica, seu foco
está no estudo dos autores dos textos bíblicos, tempo, lugar em que foi escrito, seu
processo de formação editorial, sua transmissão histórica e o contexto de formação.
[10] Crítica textual também chamada de baixa crítica ou crítica documental - estuda
os textos antigos e a sua preservação (ou corrupção) ao longo do tempo, visando
reconstituí-los com base na documentação disponível, enquanto a alta crítica tem como
foco não só a recuperação do texto em si, mas também outros aspectos, tais como a
autoria e o contexto da obra.
[11] Pleistoceno é a época do período Quaternário da era Cenozoica do éon
Fanerozoico que está compreendida entre 2,588 milhões e 11,5 mil anos atrás,
abrangendo o período recente no mundo de glaciações repetidas. O termo Pleistoceno
deriva do grego πλεῖστος (pleistos "bastante mais") e καινός (kainos "novo"),
significando "bastante mais novo".
[12] Monumento megalítico em arqueologia, designa o conjunto de construções de
grandes blocos de pedras, típicas das sociedades pré-históricas, edificadas
essencialmente no período neolítico (por vezes também idade do Cobre e Bronze) com
objetivos simbólicos, religiosos e principalmente funerários.
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[13] Crescente Fértil é uma região compreendendo os atuais estados da Palestina,
Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano e Chipre, bem como partes da Síria, do Iraque, do
Egito, do sudeste da Turquia e sudoeste do Irã. A expressão «Crescente Fértil» foi
criado por um arqueólogo da Universidade de Chicago, em referência ao fato de o arco
formado pelas diferentes zonas assemelhar-se a uma Lua crescente. Irrigada pelo
Jordão, pelo Eufrates, pelo Tigre e o Nilo, a região cobre uma superfície de cerca de
400 000 a 500 000 km² e é povoada por 40 a 50 milhões de indivíduos. Ela estende-se
das planícies aluviais do Nilo, continuando pela margem leste do Mediterrâneo, em
torno do norte do deserto sírio e através da Península Arábica e da Mesopotâmia, até o
Golfo Pérsico.
[14] Os hicsos foram um povo asiático que invadiu a região oriental do Delta do Nilo
durante a décima segunda dinastia do Egito (XVIII a XVI a.C), iniciando o Segundo
Período Intermediário da história do Antigo Egito.
[15] Os hititas eram um povo indo-europeu que, no II milénio a.C., fundou um
poderoso império na Anatólia central (atual Turquia), cuja queda data dos séculos XIIIXII a.C. Em sua extensão máxima, o Império Hitita compreendia a Anatólia, atualmente
parte da Turquia, Líbano e Síria.
[16] Os horeus foram um povo heveu mencionado na bíblia hebraica (Gênesis 14:6,
36:20, Deuteronômio 2:12) que habitavam as áreas ao redor do monte Seir. Eles foram
identificados com referências egípcias à Khar (formalmente traduzido como Harri), que
diz respeito a uma região do sul de Canaã.
[17] Designa-se por período ou influência helenística (do grego, hellenizein – "falar
grego", "viver como os gregos") o período da história da Grécia de parte do Oriente
Médio compreendido entre a morte de Alexandre o Grande em 323 a.C. e a anexação da
península grega e ilhas por Roma em 146 a.C. Caracterizou-se pela difusão da
civilização grega numa vasta área que se estendia do mar Mediterrâneo oriental à Ásia
Central. De modo geral, o helenismo foi a concretização de um ideal de Alexandre: o de
levar e difundir a cultura grega aos territórios que conquistava.
[18] Willard Frank Libby (Grand Valley, 17 de dezembro de 1908 — Los Angeles, 8
de setembro de 1980) foi um químico estadunidense. É reconhecido pela descoberta do
método de datamento conhecido por datação por radiocarbono (carbono-14), recebendo
por isto o Nobel de Química de 1960. O método do carbono 14 é um método para
determinação de idades cronológicas de artefatos orgânicos muito antigos.
[19] Papiros de Elefantina ou Papiros Elefantinos é o nome dado ao conjunto de
arquivos em papiro e documentos manuscritos que pertenceram aos membros de uma
comunidade judaica que habitavam Elefantina, perto de Assuã, no Alto Egito, entre 495
e 399 a.C.
[20] Pré-cambriano é o grande período de tempo na história da Terra antes do atual
Éon Fanerozóico, e é um Superéon dividido em vários éons da escala de tempo
geológico. Ele se estende desde a formação da Terra cerca de 4,6 bilhões de anos atrás
(Ma) até ao início do Período Cambriano, cerca de 541,0 ± 1,0 Ma, quando os animais
macroscópicos de carapaça dura apareceram pela primeira vez em abundância.
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[21] Texto massorético ou masorético é o texto hebraico da Bíblia utilizado com a
versão universal da Tanakh para o judaísmo moderno, e também como fonte de
tradução para o Antigo Testamento da Bíblia cristã, inicialmente pelos católicos e,
modernamente, também por tradutores protestantes. Em torno do século VI, um grupo
de competentes escribas judeus teve por missão reunir os textos considerados inspirados
por Deus, utilizados pela comunidade hebraica, em um único escrito. Este grupo
recebeu o nome de "Escola de Massorá". Os "massoretas" escreveram a Bíblia de
Massorá, examinando e comparando todos os manuscritos bíblicos conhecidos à época.
O resultado deste trabalho ficou conhecido posteriormente como o "Texto Massorético".
O termo "massorá" provém na língua hebraica de mesorah e indica "tradição". Portanto,
massoreta era alguém que tinha por missão a guarda e preservação da tradição.
[22] O alfabeto ou escrita paleo-hebraica é um consonantário (abjad) que deu início
ao processo de formação do “antigo alfabeto semítico”, idêntico ao alfabeto fenício.
Essa escrita data não depois do século X a.C. e foi usado para escrever a língua hebraica
pelos Israelitas, tanto Judeus como Samaritanos. Foi deixando de ser usado pelos Judeus
por volta do século V, tendo sido substituído pelo alfabeto aramaico como escrita para o
Hebraico.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SUGERIDA
Dockery, David S. Manual Bíblico Vida Nova: Edições Vida Nova, 2001
Cook, Randall. Jerusalém nos dias de Jesus: Edições Vida Nova, 1993.
Lasor, William S. Introdução ao Antigo Testamento: Edições Vida Nova, 1999.
Millard, Allan. Descoberta dos Tempos Bíblicos: Editora Vida, 1999.
Paroschi, Wilson. Crítica Textual do Novo Testamento: Edições Vida Nova, 1993.
Sayão, Luiz. NVI: A Bíblia do Século 21. São Paulo: Vida/Vida Nova, 2001.
Unger, M. Arqueologia do Velho Testamento. São Paulo: IBR, 1973.
Walton, J. O Antigo Testamento em Quadros. São Paulo: Editora Vida, 2001.
Champlin, R.N. Enciclopédia de Bíblia Teologia & Filosofia: Editora Hagnos, 1991.
Owen, G. Frederick. Sup. Arqueológico, Bíblia Thompson: Editora Vida, 1996.
Conwell, Seminário Teológico Gordon–Zondervan. Bíblia Arqueológica: Vida, 2013.
Internet, consulta. http://www.arqueologia.criacionismo.com.br
Elaborado pelo Prof. Silvio Costa
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