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Fasci-Tech
Saramago, livro ao blog e vice-versa.
Jean Pierre Chauvin 1
Resumo:
Este artigo reflete sobre a incorporação do formato eletrônico à literatura
tradicional do escritor José Saramago, apontando a recorrência, na internet, de
seus temas prediletos - entre as especulações de natureza política, cultural ,
pessoal e filosófica - e o convite à lucidez, contraparte de seus leitores.
Palavras-Chave: José Saramago; literatura; internet.
Abstract:
This article reflects on the incorporation of the electronic format by José
Saramago in his traditional literature, pointing the recurrence, in the Internet, of
his favourite subjects - speculations about politics, culture, personalities and
philosophy - and the invitation to the lucidity, counterpart of his readers.
Keywords: José Saramago; literature; internet.
O gênero blog nasceu em dezembro de 1997, pelas mãos de Jorn Barger,
considerado o primeiro “blogger” do planeta, com seu web log Robot Wisdom – um
espaço virtual repleto de dicas, links e pensamentos do próprio internauta.
Com o passar do tempo, o formato - que se alimentava de breves posts de cunho
pessoal ou links para outros sites e arquivos -, assumiu algumas características do diário
em versão eletrônica. Eis a provável razão para que seja visto, especialmente hoje, como
um espaço ao alcance de todos - ainda que, por “todos”, entendamos os usuários
conectados e mais próximos daqueles pensadores de ocasião.
Desde sua estréia, em 15 setembro de 2008, o blog Caderno de José Saramago 2
levou ao ar textos breves e de diversos formatos - entre o exercício de crítica estética e
discursos de teor cultural, social e político. Tanto para os novos, quanto para os seus
antigos leitores, a primeira impressão era de que Saramago atualizava sua escrita com o
universo cibernético e de que se alinhava às novas mídias da também chamada Era
Digital.
1
Doutor em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo, professor
assistente da Faculdade de Tecnologia de São Caetano do Sul (FATEC-SCS).
2
O site http://caderno.josesaramago.org/ está vinculado à Fundação José Saramago e continua em
atividade. Desde sempre, não permite o comentário dos leitores.
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Entretanto, a proposta não servia meramente de incremento tecnológico à sua
vasta obra. Tratava-se de irradiar, especialmente aos seus não-leitores de ficção, tudo o
que o próprio escritor pensasse, por intermédio da “página infinita” (SARAMAGO,
2009, p. 17)3, denominação com que ele mesmo inaugurava o espaço.
Nova surpresa tiveram os seus leitores, quando aqueles textos publicados por
intermédio da internet converteram-se em livro, de nome Caderno, editado no primeiro
semestre de 2009 - quase imediatamente após a mensagem postada em 15 de março
daquele ano.
Não se tratava de um romance a devassar tabus ou questionar o moralismo
judaico-cristão, como acontece em boa parte de sua obra impressa. Não era exatamente
um libelo a desnudar a violência de determinados sistemas de governo ou do regime
ditatorial. Não seria outro livro em que assistiríamos ao exercício de extremas
habilidades, sob a forma de poemas de engajamento e lirismo, crônicas saudosas e
incisivas ou contos de teor fantástico. Ainda assim, a maior parte dos temas de sua
ficção - tão colada ao real, por mais que se aproximasse do fantástico -, voltava em
menor extensão, mas numa maior e mordaz periodicidade:
Já nada adianta dizer que matar em nome de Deus é fazer de Deus um
assassino. Para os que matam em nome de Deus, Deus não é só o juiz que os
absolverá, é o Pai poderoso que dentro das suas cabeças juntou antes a lenha
para o auto-de-fé e agora prepara e ordena colocar a bomba (p. 74).
O Caderno nomeia o formato (livro) em que determinadas impressões,
recheadas de espontaneidade e trabalho, além de homenagens e reflexões, haviam de se
transformar. De certo modo, é como se o título, aparentemente despretensioso – um
bloco de notas - chegasse para desbancar tanto a expectativa da mídia, que tudo
aumenta, quanto a dos consumidores mais regulares de livros.
O exercício diário, atalho mais direto ao pensamento do cronista e blogger, é o
que mais atrai aqueles com sede de títulos originais ou que estão à espera de reflexões
dialéticas em parágrafos mais longos: marcas de sua volumosa ficção.
De maneira similar ao que sucedera com os diversos escritores da época do
folhetim, no século XIX, que convertiam suas crônicas ou capítulos de romances em
3
Todas as citações, a partir desta, foram transcritas do livro O Caderno. Razão pela qual serão omitidas
as referências ao autor e ano de publicação da obra, privilegiando-se as páginas, para melhor localização.
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livros, o processo iniciado por Saramago segue na aparente contramão da virtualidade,
dois séculos depois. Do blog espontâneo e aberto à leitura dos internautas – manifesto
que continua a ser alimentado pelo autor, ainda hoje -, ao livro.
Trata-se da soma de registros transformados, pela nova vez, numa espécie de
diário dos velhos tempos e, como tal, pleno de inconformismos: “que cidadão estamos a
querer formar? (...) Vivemos numa sociedade que parece ter feito da violência um
sistema de relações.” (p. 48)
Material paradoxal e nada secreto, provavelmente o acesso constante ao blog se
dê mediante a revalorização da escrita - condicionada ou não à aquisição do livro - bem
como seu acondicionamento e guarda na estante. Aproveitar o mesmo espaço virtual em que pouco se escreve e nada se diz -, para encomendá-lo numa livraria, seria uma
atitude que complementaria o gesto inicial provocativo do escritor. De todo modo, soa
democrático: o leitor ensaiaria a leitura via internet: amostra quase-grátis; estágio,
afinal, que antecede a aquisição da obra em papel.
Atente-se para o fato de que não há diferença no plano do conteúdo entre o
Saramago eletrônico e o livro. Entretanto, sem dúvida, a reorganização do material
permite uma melhor ordenação mental por parte do leitor. Sujeito que, se houvesse
perdido qualquer um dos comentários postados pelo romancista, ou preferisse a página
in folio à tela, teria uma possibilidade mais concreta, pois fisicamente falando, de (re)ler
os textos com menor probabilidade de arriscar datas, sortear temas ou saltar linhas.
O fato é que o formato livro resiste. Além disso, constitui, no mínimo, uma
alternativa à leitura por tópicos ou janelas, que acontece em nosso tempo acelerado,
pragmático e quase nada denso:
Hoje, desprezadas e atiradas para o lixo das fórmulas que o uso cansou e
desnaturou, a ideia de democracia econômica deu lugar a um mercado
obscenamente triunfante, finalmente a braços com uma gravíssima crise na
sua vertente financeira, ao passo que a ideia de democracia cultural acabou
por ser substituída por uma alienante massificação industrial das culturas. (p.
54)
O fato de um blog se converter em livro implicaria um retrocesso tecnológico
por parte de seu autor? A pergunta soa impertinente, considerando-se que Saramago
nunca quis (ou defendeu) sua imagem desvinculada das questões de cunho social,
histórico e/ou filosófico. Há que se considerar também uma intrincada série de
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estratégias para movimentar o nome do escritor, a partir do momento em que a obra
estivesse pronta.
De um modo geral, o blog é caracterizado pela periodicidade com que é
alimentado pela escrita, própria ou alheia; costuma ter um caráter íntimo, portanto, mais
pessoal que social; e, em muitas oportunidades, faz o papel de um diário – gênero, a
princípio, íntimo - que tivesse vindo a público, assumindo o caráter explícito do
pensamento que liberta: “agora devemos ser resgatados, os cidadãos, favorecendo com
rapidez e valentia a transição de uma economia de guerra para uma economia de
desenvolvimento global” (p. 93).
Do livro ao blog, as primeiras perguntas – sugeridas na “orelha” do livro poderiam ser: o que motivou a inclusão de seu nome em um espaço virtual? Asseguraria
a internet uma maior popularidade do nome do autor, se comparada à temporalidade e
ao espaço mais restritos do livro? Questões que nem mesmo Pierre Lévy (1999) poderia
responder com toda a segurança.
A essas questões, somam-se outras, de caráter mais genérico. A manutenção de
um espaço em que se publicam nossas ideias responderia à nossa vaidade? Ou à
necessidade de escrever? Ou à convicção de que um espaço, em tese, sob nossas rédeas,
pode assumir um caráter didático ou libertador de nossos leitores? “Dez gotas da nossa
democracia três vezes ao dia e sereis felizes para todo o sempre. Em verdade, o único
verdadeiro pecado mortal é a hipocrisia.” (p. 55)
O fato é que o caderno de Saramago é, indubitavelmente, um espaço em
atividade para a divulgação de suas ideias, pensamentos, recordações e homenagens a
colegas de peito, partido ou profissão: Eduardo Lourenço, Carlos Fuentes, Jorge
Amado, Chico Buarque e, claro, sua esposa, a jornalista Pilar del Rio.
É bem verdade que seu blog não está aberto, repita-se, às muito prováveis
intervenções de seus leitores, espalhados pelo planeta, se tal possibilidade houvesse.
Mas, intervir não seria algo indispensável. Afinal, seus leitores já andavam acostumados
ao silêncio exigido pela leitura atenta de seus livros. Falamos em costume, em tradição:
“quer se queira, quer não, se é certo que nem sempre o hábito faz o monge, a farda,
essa, faz sempre o general.” (p. 102)
Ao internauta diletante ou especialista está vetado expor comentários on-line à
escrita de José. Nem por isso, há que se questionar as características e funções do
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espaço cibernético e as intenções do escritor. Por outro lado, não custa lembrar que a
internet nasceu sob a égide da interação.
Omitindo as intervenções dos leitores, o blog de José Saramago estaria mais
próximo de um monólogo para divulgação, tanto das palavras quanto do próprio
escritor, que do diálogo entre autor e leitor. Cabe-nos, é certo, a condição de sermos
racionais e a constante lembrança de tal privilégio:
O homem, entretanto classificado por um rótulo pessoal que o distinguirá dos
seus parceiros, saídos como ele da linha de montagem, é posto a viver num
edifício a que se dá, por sua vez, o nome de Sociedade. Ocupará um dos
andares desse edifício, mas raramente lhe será consentido subir a escada. Nos
andares do edifício há muitas moradas, designadas umas vezes por camadas
sociais, outras vezes por profissões. A circulação faz-se por canais chamados
hábito, costume e preconceito. É perigoso andar contra a corrente dos canais,
embora certos homens o façam durante toda a sua vida. (p. 109)
Em sua crônica eletrônica, também o formato da escrita valoriza a tradição
autoral, sem que se abandone a intenção liberal e o conteúdo libertário: “Os mais de sete
mil milhões de habitantes deste planeta, todos eles, vivem no que seria mais exacto
chamarmos a civilização mundial do petróleo” (p. 71).
Talvez coubesse uma distinção ligada ao formato e intenção dos gêneros
publicados no formato blog. Haveria aqueles em que predominariam os apelos, encantos
e aparências do mundo tecnológico (mais forma que conteúdo) e outros, que
favoreceriam o apego às ideias próprias ou alheias, bem como à reflexão sobre o mundo
cultural, impresso ou hipermidiático (mais conteúdo que forma).
Chega a ser irônico que o escritor, de origem humilde; de trajetória
genuinamente dura que também favoreceu sua fibra militante; cioso da linguagem
cuidada em seu Português lógico e castiço; reconhecido por sua mordacidade e lucidez,
à beira dos noventa anos, ilustre sua carreira justamente com os recursos de uma mídia
que, bem sabemos, tanto poder tem de nos manipular.
A minha Lisboa foi sempre a dos bairros pobres, e quando, muito mais tarde,
as circunstâncias me levaram a viver noutros ambientes, a memória que
preferi guardar foi a da Lisboa dos meus primeiros anos, a Lisboa da gente de
pouco ter e muito sentir, ainda rural nos costumes e na compreensão do
mundo. (p. 19)
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Esse homem parece ter (sobre)vivido entre a simplicidade da aldeia e a
hipocrisia das cidades; entre o jornal e o livro, questionando a suposta (des)ordenação
das massas e a pretensa lucidez de pseudo-sábios. Não parece gratuito o fato de a
internet servir como espaço a ampliar sua literatura favorecendo, agora, o movimento
contrário: do acesso irrestrito ao mercado livreiro.
Recorrendo aos temas que tantas vezes haviam cativado seus aficcionados
leitores, invariavelmente sedentos de textos inquietantes, ei-lo às voltas com um
universo de personalidades com nome próprio, pátria, alguma ideologia e endereço
certeiro – notadamente alguns políticos e religiosos -, confortavelmente instalados no
poder ou (re)colonizando territórios em disputa, em nome da paz de uns, da fé alheia ou
da democracia das super-potências. Estas, cujos líderes parecem programados para o
discurso falacioso, da qual à maneira de um “robô” que “sabe que mente, sabe que nós
sabemos que está a mentir.” (p. 23)
Lá estão enfeixadas com todo rigor determinadas questões de teor ético e moral,
sob o crivo da denúncia e da impaciência de Saramago: releitura urgente, ainda que
lucrativa para pessoas de seu desafeto:
Sendo eu publicado em Itália pela editora Einaudi, propriedade do dito (...),
algum dinheiro lhe terei feito ganhar. Uma ínfima gota de água no oceano,
obviamente, mas que ao menos lhe deve estar dando para pagar os charutos,
supondo que a corrupção não é o seu único vício. (p. 25)
É certo que o blog de Saramago ainda cumpre outro papel: o de alimentar
estética, cultural, histórica e politicamente, seus admiradores, durante o período que
separa a publicação de A viagem do elefante de seu romance posterior, Caim.
Em sua nova versão, o texto vem devidamente submetido ao padrão editorial,
para felicidade dos livreiros, mesmo porque, em tempos pós-modernos percebe-se a
“importância dos divórcios na multiplicação das bibliotecas.” (p. 33). Talvez a
característica mais importante do formato em livro seja a indexação da escrita sob um
número de série que pede pela respectiva e nova capa. Do blog ao livro: revalorização
da obra, da palavra na estante, afinal “cada palavra necessita sempre pelo menos de
outra que a ajude a explicar-se.” (p. 138)
Do acesso praticamente irrestrito ao livro. Este, como se vê, reservado ao leitor
sedento de letras impressas. O que estava praticamente aberto ao público, incluindo o
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leitor de ocasião, volta-se àqueles que seguem sua obra, de mais ou menos perto,
acostumados a filtrar melhor o que lêem. Das páginas combativas à sociedade que tudo
converte “em espetáculo”, como defendia o jornalista francês Guy Debord (1997),
morto em 1994.
Portanto, deter-se na escrita eletrônica ou tradicional de um escritor como
Saramago é, por si só, uma postura algo radical (“radical”, aqui, no sentido etimológico,
daquele que se afirma ou diz “raiz”). Não se deve fazê-lo sem vagar. O leitor mais
atento agirá, quase sempre, feito um notável farejador. É que a obra de José Saramago
envolve a busca tenaz por alguma convicção em nós mesmos do que ele escreve.
“Sou um escritor livre que se exprime tão livremente quanto a organização do
mundo que temos lho permite.” (p. 183). Encontramo-nos diante de um pacto moral e
ético entre autor e leitor que, naturalmente, vai além do debate envolvendo a dimensão
textual; entre a escrita tradicional e os suportes eletrônicos. Colocamo-nos ao lado de
um escritor que registra as agruras do entre-lugar de nosso tempo. Nas palavras de
Carlos Ceia: “o conceito de pós-modernismo na teoria da cultura de hoje é o facto de ele
ser ainda um conceito em gestação à data em que alguns já anunciam a sua agonia
final”.
O próprio Saramago relembra o fato de vivermos uma “crise moral que arrasa o
mundo” (p. 167). Claro deve estar que a ponte que interliga autor e leitor não se
restringe à moral ou à ética moderna, de caráter individualista e legitimadora do
consumismo, mas à noção em que se acreditava na Antiguidade.
A razão parece simples: não é o maniqueísmo que ganha relevo em Saramago,
nem por parte de seus leitores - especialmente aqueles que, com ele, compartilhem
determinadas posturas. Em essência, trata-se de um livro de convicções. Obra de um
autor que não ignora o fato de que “a fala, que é, como sabemos, a suprema criadora de
incertezas (...)” (p. 34)
Em suma, não é sobre a ética, vista pelos olhos da Modernidade, que trata seu
Caderno, mas sim, a respeito da complementaridade entre a moral e ética, sistematizada
por Sêneca e Aristóteles, na Antiguidade, e retomada, em seu aspecto solidário, por
Karl-Otto Apel (1994), nos dias de hoje. Em lugar de se ocupar das restrições de que se
ressente a chamada ética profissional, hoje, abordar a ética que advém da moral
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internalizada pelo indivíduo, em favor da humanidade: também o ponto de partida e
chegada de Saramago.
Por fim, aceitando-se a definição de que o blog seja um espaço que vincula a
cultura à tecnologia; a arte às técnicas de reprodução, outro papel de José Saramago foi
cumprido. Ele atualiza a escrita linear com a pós-modernidade, sem compactuar, é claro,
com falsos moralismos ou discursos desprovidos de comprometimento moral e ética.
Não se podia esperar que Saramago tecesse considerações diplomáticas sobre
celebridades situadas em campos ideológicos opostos, tampouco que elogiasse o
comportamento individual, mas padronizado, em tempos de globalização: “Não é em
democracia que vivemos, mas sim numa plutocracia que deixou de ser local e próxima
para tornar-se universal e inacessível.” (p. 39)
Escrever também é ensaiar sobre a cegueira, tanto próxima quanto alheia.
Referências bibliográficas:
APEL, Karl-Otto. Estudos de moral moderna. Tradução: Benno Dischinger. Petrópolis:
Vozes, 1994.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Tradução: Estela dos Santos Abreu. Rio de
Janeiro: Contraponto, 1997.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução: Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999.
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
_____. A viagem do elefante. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
_____. Caim. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
_____. O caderno/Textos escritos para o blog. Setembro de 2008 – março de 2009. São
Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Documento eletrônico:
Carlos
Ceia.
Pós-modernismo.
Disponível
http://www.dubitoergosum.xpg.com.br/a368.htm. Acesso em 28.3.2010.
em:
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