mercado livre de

Transcrição

mercado livre de
Impresso
Especial
1000013823-DR/CE
FIEC
CORREIOS
Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará
Ano I n No 8 n Janeiro de 2008
Mercado livre de
energia
No Ceará, setores que migraram do mercado cativo para o livre
chegaram a economizar 60% no custo mensal com o insumo. Mas
os preços atrativos podem trazer riscos, como em qualquer negócio
JANEIRO 2008 | No 8
Exploração sexual
Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará
8 Crianças e adolescentes
Jair Meneguelli diz que Fortaleza
contará com projeto piloto de
turismo sustentável do SESI.
......................................................................................
Envase de águas
11 Perigo para o consumidor
Sindbebidas alerta sobre riscos
da legislação que autorizou águas
purificadas e adicionadas de sais.
......................................................................................
Projeto Vínculos
14 Qualificação de fornecedores
Iniciativa a ser executada pelo IEL
contempla o Mapa Estratégico da
Indústria 2007-2015.
......................................................................................
Inovação
20 Financiamento
Ceará recebe R$ 9 milhões em
recursos da Finep por meio do
Pappe Subvenção.
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Matéria de capa
16
26
ENERGIA. Os altos
índices de reajuste
da tarifa de energia
elétrica nos últimos anos, motivados
pela privatização das concessionárias
de energia no Brasil, têm despertado a
atração dos consumidores para a oferta
de energia no mercado livre. A diferença
entre o mercado livre e o regular está
exatamente nas vantagens e ameaças
que ambos oferecem. No Ceará, alguns
setores chegaram a economizar até
60% no custo mensal ao migrarem do
mercado cativo para o livre.
Biquíni sessentão
O sessentão biquíni
nasceu na França do
pós-guerra e explodiu no
Brasil. Após mexer com
a cabeça de mulheres
e homens ao longo dos
anos, a peça agora
vive momentos de
releitura.
SEÇÕES
5 MENSAGEM DA PRESIDência
Os desafios de 2008
6 Notas&Fatos
FIEC confraterniza com jornalistas
www.sfiec.org.br
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
|
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MensagemdaPresidência
Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec
Roberto Proença de Macêdo
DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos
Roberto de Carvalho Fujita, Pedro Alcântara Rego de Lima e Wânia Cysne Medeiros Dummar Diretor administrativo
Affonso Taboza Pereira Diretor financeiro Álvaro de Castro Correia Neto Diretor administrativo adjunto José Moreira Sobrinho
Diretor financeiro adjunto José Carlos Braide Nogueira da Gama. Diretores Verônica Maria Rocha Perdigão, Abraão Sampaio
Sales, Antônio Lúcio Carneiro, Cândido Couto Filho, Flávio Barreto Parente, Francisco José Lima Matos, Geraldo Bastos
Osterno Júnior, Hercílio Helton e Silva, Jaime Machado da Ponte Filho, José Sérgio França Azevedo, Júlio Sarmento de
Meneses, Manuel Cesário Filho, Marco Aurélio Norões Tavares, Marcos Veríssimo de Oliveira, Pedro Jorge Joffily Bezerra
e Raimundo Alves Cavalcanti Ferraz CONSELHO FISCAL Efetivos Frederico Hosanan Pinto de Castro, José Apolônio de
Castro Figueira e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Hélio Perdigão Vasconcelos, Fernando Antonio de Assis Esteves e
José Fernando Castelo Branco Ponte Delegados na CNI Efetivos Roberto Proença de Macêdo e Jorge Parente Frota Júnior
Suplentes Manuel Cesário Filho e Carlos Roberto de Carvalho Fujita
Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Rubens Fontenele Albuquerque
Serviço Social da Indústria — sesi
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra
Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita, José Moreira Sobrinho
e Marcos Silva Montenegro Suplentes Flávio Barreto Parente, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Vanildo Lima Marcelo e Verônica
Maria Rocha Perdigão Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco José Pontes Ibiapina
Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula
Representantes do Sindicato das Indústrias de Frios e Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra
Suplente Eduardo Camarço Filho Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Delegados das
Atividades Industriais Efetivos Affonso Taboza Pereira, Álvaro de Castro Correia Neto, Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo
e Ricardo Pereira Sales Suplentes José Carlos Braide Nogueira da Gama, Francisco José Lima Matos e Hercílio Helton e Silva
Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho
Representante do Ministério do Trabalho Efetivo Francisco José Pontes Ibiapina Delegado da Categoria Econômica
da Pesca Efetivo Maria José Gonçalves Marinho Suplente Eduardo Camarço Filho Diretor do Departamento Regional
do SENAI-CE Francisco das Chagas Magalhães Comissão de Contas Membros Álvaro de Castro Correia Neto, Eduardo
Camarço Filho e Francisco José Pontes Ibiapina
Instituto Euvaldo Lodi — IEL
Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales
Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) — DRT/CE Nº 53
Redação Luiz Henrique Campos ([email protected]), Gevan Oliveira ([email protected]), Ângela
Cavalcante ([email protected]) e David Negreiros Cavalcante ([email protected])
Fotografia Sebastião Alves ([email protected]) e José Sobrinho ([email protected])
Coordenação gráfica Ítalo Araújo ([email protected])
Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3466.5435 e 3466.5436 Fax
(085) 3466.5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM)
do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares
Publicidade (85) 3466-5434 e 9187.5063 — [email protected]
Diagramação - Editora Assaré Ltda/Vladimir Pezzole — Impressão Tecnograf
Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec.
Editoração - Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM)
| RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
www.sfiec.org.br
Os desafios de 2008
G
randes desafios nos trazem sempre grandes oportunidades. O Brasil se
avizinha de mais uma turbulência internacional em face dos problemas na economia norte-americana e de seus desdobramentos. Cabe
aos governos e ao setor empresarial a antecipação de planos de ação
para minimizar os efeitos no país, nos estados e nas nossas empresas.
Graças às estruturas internas, ao
crescimento da base da nossa economia, à estabilidade da moeda e à inflação sob controle, os efeitos de uma
crise internacional já não nos afetam
na mesma proporção das anteriores.
Entretanto, não podemos em nenhum
momento nos descuidar, achando que
o país está “blindado” a essas crises.
Governos e sociedade precisam fazer
um competente e pesado dever de
casa. O governo Lula tem que reduzir o
tamanho e os gastos da máquina pública, principalmente sendo um ano de eleições municipais,
quando tradicionalmente os gastos “políticos” são muito
aumentados em benefício de candidatos.
Os investimentos no PAC têm que ser garantidos, a
despeito da queda da CPMF. Além disso, o governo precisa criar mecanismos de incentivos que façam com que
o mercado interno permaneça aquecido ou cresça ainda
mais para compensar os efeitos da turbulência.
A reforma tributária é inadiável e precisa ser conduzida e aprovada no decorrer de 2008, com redução e adequação da carga de impostos, sob pena de
fracasso de todas as demais medidas visando superar
a crise e dar continuidade ao crescimento para o desenvolvimento sustentável.
Aos companheiros empresários, gostaria de compartilhar uma reflexão sobre como poderemos de forma
proativa contribuir para vencer os desafios de 2008.
No âmbito das nossas empresas, temos que continuar buscando diuturnamente a redução de custos
e eficiência operacional. Podemos alcançar esse ob-
jetivo substituindo matérias-primas
por outras de menor valor, mantida a
qualidade, e melhorando processos,
por meio de investimento em novos
equipamentos e capacitação continuada do maior patrimônio empresarial
– as pessoas.
A adversidade da conjuntura mundial
poderá ser a nossa oportunidade. Aproveitaremos seguramente essas oportunidades se diversificarmos as linhas de
produtos nos mercados onde já atuamos
e abrirmos novos mercados de destino.
Tenho certeza de que nós, empresários, compartilhamos da convicção de que somente mediante
o associativismo, o trabalho em conjunto e ações
integradas, teremos a força necessária para superar as
dificuldades. Está, portanto, na hora de transformarmos essa convicção em resultados.
O fortalecimento e a profissionalização dos nossos
sindicatos constituem a essência do plano de ação da
FIEC para este ano. A elaboração e a implantação do
Plano Estratégico do Sistema FIEC, juntamente com todos os sindicatos associados, e o uso da ferramenta BSC
[Balance Score Card], garantirão a colocação do nosso
sistema sindical industrial no patamar necessário para a
construção da “Nova Indústria”.
O desafio está posto. Conscientes das dificuldades
e das oportunidades, não nos restam muitas alternativas senão a de, desde já, trabalharmos duro e unidos
para deixarmos de ser o eterno “país do futuro”, e fazermos todas as mudanças necessárias para a construção do Brasil que nós queremos ser. Mãos à obra! n
É PRECISO
TRABALHAR
DURO E UNIDO PARA
DEIXARMOS DE SER O
ETERNO PAÍS DO
FUTURO.
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Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
|
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O
q u e
Notas&Fatos
acon t ece
no
Si s t e m a
F I E C ,
na
P o l í t ca
e
na
E cono m ia
Balanço
Saúde
SESI/CE atento
aos riscos
da AIDS
Qualidade foi
prioridade para o
Sindcerâmica
Desde 2005, o laborató-
Em 2007, o Sindcerâmica
focou sua atuação na
qualificação e na qualidade
do setor no estado. A
entidade realizou diversos
eventos, entre cursos,
palestras e seminários para
as empresas. Entre as ações
de destaque, está o Programa
Setorial da Qualidade, uma
parceria com a Anicer, o
SENAI e o Sebrae. Busca
garantir a conformidade e
normalização dos produtos
cerâmicos, melhorando
o potencial produtivo e a
qualidade dos produtos
fabricados. Com o IEL/CE,
desenvolveu atividades no
APL de Base Mineral de
Cerâmica Vermelha do Baixo
Jaguaribe. O objetivo é
realizar uma ampla ação na
cadeia produtiva, atuando
sobre fatores que afetam o
desenvolvimento tecnológico
e a competitividade das
empresas. O sindicato
também organizou a
participação das empresas em
eventos como a 2ª Convenção
de Cerâmica Vermelha e
12º Encontro dos Sindicatos
do Nordeste, realizado em
São Luís, e o 36º Encontro
Nacional da Indústria de
Cerâmica Vermelha em
Belo Horizonte, que teve a
participação de 20 ceramistas
do estado.
rio do Núcleo SESI de
Referência em Saúde
Jorge Parente Frota Júnior realiza teste de HIV.
Os pacientes atendidos
recebem acompanhamento do serviço de
aconselhamento (pré
e pós-teste), seguindo
as recomendações da
Coordenação Nacional
de DST/AIDS. Até o fim
de 2007, foram feitos
621 exames. A entidade
também realiza, desde
1989, ações integradas
em nível preventivo em
DST/HIV/AIDS para
atender os trabalhadores das empresas, seus
familiares e a comunidade em geral. A realização
do teste tem caráter
confidencial e sigiloso,
não sendo permitida
sua obrigatoriedade nos
exames médicos das
empresas, conforme as
portarias interministeriais nº 796/92 e 869/92
e a Resolução do Conselho Federal de Medicina
nº 1359/92.
>> Cartas à redação
contendo comentários ou
sugestões de reportagens
podem ser enviadas para
a Assessoria de Imprensa
e Relações com a Mídia
(AIRM) — Avenida Barão
de Studart, 1980, térreo,
telefone (85) 3466-5434. Email: [email protected]
CONFRATERNIZAÇÃO
FIEC reúne jornalistas
na Casa da Indústria
D
urante almoço de
confraternização com
a imprensa cearense,
realizado em janeiro na
cobertura da Casa da
Indústria, o presidente
da FIEC, Roberto Proença
de Macêdo, agradeceu
o apoio dado pelos
jornalistas às ações
da entidade em 2008.
Durante o encontro, que
reuniu cerca de cem
profissionais de imprensa,
Roberto Macêdo
apresentou dados do setor
em 2007, ano em que a
indústria cearense cresceu
5% – um pouco abaixo
da média da indústria
nacional. O presidente da
FIEC lembrou que, apesar
da sobrevalorização do
real, as exportações de
produtos industrializados
cearenses cresceram cerca
| RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
de 19%. Em relação ao
SFIEC, destacou que os
últimos 12 meses foram
positivos e indicou que
o plano de trabalho da
entidade para 2008 será
focado em três linhas
de ação: fortalecimento
do sistema sindical
patronal da indústria
cearense, elevação da
competitividade das
empresas e formação
de mão-de-obra para a
“Nova Indústria”. Outra
meta para este ano é
o início em fevereiro,
com a participação de
todos os sindicatos, do
Planejamento Estratégico
da entidade para o
período 2008/2010, em
consonância com o
Plano Estratégico do
Sistema Indústria,
elaborado pela CNI.
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Notas&Fatos
agenda
.........................................................
Ceará
n Em abril, o CIN/CE rea-
Indústria
COMEÇA 2008
contratando
liza o curso Direito Marítimo:
Regulamentação e Práticas
Relevantes. Informações:
3466-5420.
n O SENAI de Maracanaú
Contrariando a
sazonalidade do período
no setor, a indústria
cearense começa 2008
contratando mão-deobra. O coordenador da
Unidade de Economia
e Estatística do INDI,
Pedro Jorge Ramos
Vianna, afirma que
a expectativa era de
arrefecimento da
indústria em janeiro,
como ocorre em todos
os anos, por ser um
período em que as
maiores vendas já
ocorreram. Ele explica
que a indústria está
demandando mão-deobra qualificada. “É um
fenômeno que ocorre
no Brasil todo. E isso se
repete aqui no Ceará”,
afirma. Segundo o
coordenador do INDI,
os setores com maior
carência de profissionais
qualificados no Ceará
são a indústria da
construção civil e a
metalúrgica
realizará em março o curso
Eletrônica, Montagem e Manutenção de Computadores.
Informações: 3215-3026.
n O IEL/CE está com
2008
inscrições abertas para o
curso de pós-graduação em
Psicologia Organizacional e
do Trabalho. Informações:
3466-6509.
Setor têxtil investirá
em qualificação
O
setor têxtil cearense
não teve muito o que
comemorar em 2007.
A queda do dólar e a
competição desleal com
os concorrentes chineses
levaram o setor a enfrentar
sérias dificuldades durante
boa parte do ano. Para a
presidente do Sindtêxtil,
Verônica Perdigão,
somente nos últimos meses
do ano o setor apresentou
bons resultados.
Segundo Verônica, a
expectativa é que 2008
seja um ano melhor. “Foi
difícil o que enfrentamos
no ano passado”, ressalta.
Dentro dessa perspectiva,
a presidente do sindicato
aposta na qualificação
profissional como um dos
pontos a serem explorados
mais intensamente. Como
projeto, a instituição pretende desenvolver com a
FIEC, por meio do SENAI/
CE, e com o apoio da CNI,
um trabalho direcionado
a cursos de capacitação e
requalificação profissional.
“Precisamos fazer isso porque nosso parque industrial é de ponta e nossos
funcionários devem estar
à altura desse potencial”,
argumenta.
Construção civil
Sinduscon tem
nova diretoria
O engenheiro Roberto Sérgio Ferreira é o novo
presidente do Sinduscon/CE. Ele sucede o
empresário Carlos Fujita, que comandou a entidade
por cinco anos. Um dos destaques da gestão que
termina foi a criação do Programa Qualidade de Vida
na Construção Civil, desenvolvido em parceria com
o SESI/CE. A iniciativa desenvolve atividades nas
áreas de segurança no trabalho, saúde, bem-estar,
esporte e lazer dos operários. Já em 2005, foi criado
o Programa de Arrendamento Residencial (PAR).
Por meio dele, o volume de financiamentos para a
população de baixa renda triplicou em três anos.
Mais de três mil unidades habitacionais do PAR já
foram construídas no Ceará.
www.sfiec.org.br
CURTAS
............................................................
n As exportações do
Ceará alcançaram US$
1,148 bilhão em 2007,
o que representa um
crescimento de 19,4%
em relação a 2006. Só
em dezembro, as vendas
externas registraram US$
100,9 milhões, expansão
de 25,5% ante o mesmo
mês do ano anterior. As
variações estão acima da
média nacional.
n A fábrica da Microsol
localizada no Eusébio
pretende dobrar sua
capacidade de produção
de nobreaks e estabilizadores. A unidade vai gerar
20% mais empregos.
n O Brasil é o segundo
país onde o investimento
estrangeiro direto mais
cresceu em 2007. O
volume líquido de investimento direto recebido
deve chegar a US$ 37,4
bilhões. A maior parte
desses recursos destina-se a aumentar a
produção industrial. O
primeiro lugar do ranking
é a Holanda.
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
|
Entrevista
J A I R M E N E GU E LL I
Exploração sexual: projeto
piloto será em Fortaleza
A cidade de Fortaleza deverá fazer parte este ano de um projeto piloto do Conselho
Nacional do SESI para combater a exploração sexual de crianças e adolescentes,
dentro de uma proposta de turismo sustentável que será estendida a todo o país
N
os próximos dias, o presidente
do Conselho Nacional SESI, Jair
Meneguelli, vai se reunir com
a prefeita Luizianne Lins para
discutir a implantação do projeto. Outro
tema a ser trabalhado intensamente em
2008 será a questão ambiental. No final
do ano passado, o SESI foi convidado
pelo Ministério do Meio Ambiente para
fazer parte de acordo de cooperação
para implantação de um programa de
capacitação visando adotar mecanismos
de desenvolvimento limpo. Meneguelli
diz que o conceito de responsabilidade
social, um dos norteadores da imagem
do SESI, adapta-se a essa proposta. Em
entrevista exclusiva à Revista da FIEC,
Meneguelli fala sobre as perspectivas do
Conselho Nacional do SESI para 2008 e
os avanços alcançados em 2007, assim
como a respeito do Programa Cozinha
Brasil e do Projeto Receitas Regionais,
os quais, a partir do Ceará, introduziram
o caju como alimento salgado, evitando
seu desperdício e ajudando a diminuir a
escassez nutricional no Nordeste.
A INCLUSÃO
DOS
TRABALHADORES
NOS CONSELHOS
DELIBERATIVOS E
ENTIDADES DO
SISTEMA S HOJE
É UMA REALIDADE.
Revista da FIEC. Quais as perspectivas do
Revista da FIEC. Qual é a sua avaliação
Conselho Nacional do SESI para 2008?
Jair Meneguelli. Um tema que nós queremos trabalhar, porque acreditamos ser
muito importante, é a questão ambiental.
Basta ver as notícias e o comportamento
das empresas para perceber que esse
assunto nunca esteve tão presente no
cotidiano da sociedade. Questões como
reciclagem, energia limpa, desenvolvimento sustentável e outras devem fazer cada
vez mais parte da nossa vida. Também
estamos desenvolvendo um projeto para
| RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
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enfrentar o problema da exploração
sexual de meninas e adolescentes.
Esse tipo de vulnerabilidade resulta
das carências de todo um segmento da
sociedade que pode ser transformado
a partir da inclusão social, mediante a
geração de emprego. Continuaremos
apoiando os Departamentos Regionais
nos projetos sociais e mantendo os
programas já implantados.
sobre as ações desenvolvidas pelo Conselho
Nacional do SESI em 2007?
Jair Meneguelli. O ano de 2007 foi
repleto de ações importantes, mas quero
destacar especialmente a integração
de representantes dos trabalhadores
nos conselhos nacionais e regionais do
SESI/SENAI e Sesc/Senac, que considero
uma inclusão significativa, mesmo não
sendo uma atividade apenas do SESI e
do SENAI. Para isso realizamos, com o
apoio da CNI e da Confederação Nacional
www.sfiec.org.br
do Comércio (CNC), seminários regionais
que forneceram aos novos componentes
muitas informações sobre estruturas,
funcionamento, realizações e principais
programas das instituições.
É importante destacar aqui, ainda, a
expansão do Programa Cozinha Brasil, que
já está transferindo sua tecnologia social
a outros países. Estivemos em Montevidéu
(Uruguai) no lançamento do programa e o
apresentamos aos ministros das áreas de
Educação e Saúde do Paraguai. A Gerdau,
que doou uma unidade móvel ao Uruguai,
também assegurou outra ao Paraguai.
Começamos o intercâmbio com outros
países apoiados pela Agência Brasileira de
Cooperação, do Ministério das Relações
Exteriores, que identificou no Cozinha Brasil
uma alternativa eficaz na área da
segurança nutricional. Já fomos contatados
pelo Panamá e Moçambique para apresentar o Programa. E aqui no Brasil iniciamos
mais uma etapa com os Projetos Regionais.
Revista da FIEC. Fale um pouco mais
sobre a inclusão dos trabalhadores nos
conselhos nacionais e regionais do
SESI/SENAI e do Sesc/Senac.
Jair Meneguelli. Um dos principais
objetivos do Fórum Nacional do Sistema
S, desde a sua criação, era a inclusão dos
trabalhadores nos conselhos deliberativos
e entidades do Sistema S. Isso hoje é uma
realidade. Foram nomeados, no ano passado, 426 conselheiros indicados por centrais
sindicais, oriundos de todas as regiões do
país. Eles iniciaram suas atividades a partir
de seminários preparatórios. O 1º Seminário Nacional foi realizado no Rio de Janeiro,
com a participação do ministro do Trabalho,
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
|
Saúde
Carlos Lupi, e os seminários regionais
ocorreram em Brasília (para conselheiros
das regiões Norte e Centro-Oeste), São Paulo (conselheiros das regiões Sul e Sudeste)
e Bahia (conselheiros da região Nordeste).
O Conselho Nacional do SESI e o
Conselho Nacional do SENAI realizaram
uma reunião extraordinária no final de
2007 para empossar os conselheiros
representantes da classe trabalhadora. Os
conselheiros regionais deverão, dentro dos
seus calendários de reuniões regulares,
convocar os novos conselheiros. Esse foi
um dos objetivos alcançados pelo Fórum
Nacional do Sistema S, que tem, entre
outras atribuições, a defesa e divulgação
do conjunto das instituições desse Sistema.
Além disso, possui a função de identificar
as fontes alternativas de financiamento para
projetos comuns do Sistema e a
concepção de critérios para ação sinérgica das entidades. Tudo isso mediante o
estabelecimento de parcerias e programas
conjuntos, respeitadas a autonomia e a
finalidade de cada uma das instituições.
Revista da FIEC. O conceito de res-
ponsabilidade social vem ganhando força
na indústria e isso, em muito, deve-se ao
engajamento do SESI em relação a essa
proposta. Aqui no Ceará, por exemplo, a
FIEC criou um Instituto para tratar especificamente dessa temática. O senhor poderia
abordar um pouco como está se
desenvolvendo a partir do SESI esse
conceito nacionalmente?
Jair Meneguelli. A questão da responsabilidade social está na alma da instituição desde a sua criação. Esse conceito
abriga um conjunto amplo de ações que
beneficiam a sociedade e as corporações,
levando em consideração a economia,
educação, meio ambiente, saúde, esporte,
atividades locais etc. Essas ações otimizam
e criam programas sociais para a melhoria da qualidade de vida do ser humano.
Gestão ética e transparência são condições
importantes para minimizar os impactos
das atividades econômicas tanto no meio
ambiente quanto na vida da comunidade.
Essa tendência mundial é seguida por
todos os setores e a indústria não poderia
ficar atrás, principalmente no Brasil, onde
o segmento responde por grande parte
do desenvolvimento do país e é preciso
lembrar que o mundo espera muito de nós,
principalmente no que se refere às questões
ambientais. É nesse contexto que o SESI,
como agente estimulador da responsabili10 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
dade social nas empresas, pode contribuir
com uma ação efetiva por meio de projetos
de redução de poluentes, combate ao desmatamento, incentivando o reflorestamento
e encontrando outras formas de evitar a
degradação do meio ambiente.
Fomos convidados pelo Ministério do
Meio Ambiente para fazer parte de um
acordo de cooperação técnica visando à
implantação do Programa de Capacitação
Voltado para o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. As áreas temáticas
prioritárias são florestamento, refloresta-
ALÉM DO
CEARÁ E PIAUÍ,
O Projeto caju ESTÁ
SENDO IMPLEMENTADO
NO RIO GRANDE DO
NORTE E na BAHIA.
mento, energia, agricultura e processos
industriais. As regiões Norte e Nordeste
do país são de interesse prioritário. A
intenção é preparar monitores para que
possam orientar as comunidades nas
práticas corretas de preservação ambiental. Acredito que, com a assinatura
desse termo de cooperação, estaremos
fortalecendo a nossa participação em um
grande movimento nacional.
Mas tão importante quanto a qualidade
ambiental é a valorização do nosso povo
– o resgate da cidadania de uma parcela da
população. É por isso que estamos apresentando um projeto de turismo socialmente responsável, com a perspectiva de realizar um
projeto piloto em Fortaleza, uma das capitais
mais atingidas pela exploração sexual de
jovens e pelas redes criminosas de tráfico de
mulheres. Nosso intuito é fazer parcerias com
órgãos governamentais e com a sociedade
organizada. Estamos contando com o apoio
www.sfiec.org.br
da indústria, no sentido de promover ações
estruturais de combate a essa questão.
A principal alternativa para essas
crianças e adolescentes é a oportunidade de formação e desenvolvimento
profissional. Recentemente, discutimos a
idéia com o presidente da FIEC, Roberto
Macêdo, que se manifestou favorável e
ofereceu apoio. Nas próximas semanas,
apresentaremos o projeto à prefeita de
Fortaleza (Luizianne Lins), de quem também esperamos adesão.
Revista da FIEC. O Programa Cozi-
nha Brasil implantou no ano passado o
projeto Receitas Regionais, e o caju foi
adotado, a partir de uma experiência do
Ceará, como um dos alimentos a terem
incentivado o seu consumo. Já se pode
fazer uma avaliação dos resultados alcançados, ou ainda é cedo para isso?
Jair Meneguelli. Estamos na fase de
divulgação do caju como alimento salgado. O Ceará tem sido o carro chefe desde
a implantação do programa. O SESI/CE
serviu de base para elaboração de todo
o projeto, criando receitas, estabelecendo parcerias locais com a Universidade
Federal do Ceará (UFC), a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e outros organismos com destacado reconhecimento de competência no
conhecimento do caju. Hoje, realiza um
trabalho massivo de divulgação em todo
o estado, com a participação em feiras e
a realização de festivais gastronômicos na
capital, entre outras iniciativas.
Os gestores em cada estado têm
melhor percepção de como impelir a população local. Ainda não é possível estimar
o número de participantes no Ceará, já
que é preciso trabalhar essa nova cultura
atingindo principalmente o que já existe,
como a merenda escolar e os restaurantes.
Dessa forma, a expectativa é extremamente positiva. No Piauí, o projeto está em
fase de divulgação. Dezenas de toneladas
produzidas ali mensalmente terão melhor
aproveitamento com o lançamento do
projeto, realizado em novembro.
A expectativa é beneficiar cerca de 125
mil habitantes este ano com oficinas de
produção de alimentos à base do fruto, em
parceria com a Fundação Banco do Brasil.
O projeto também está sendo implementado no Rio Grande do Norte e na Bahia,
considerando que, juntamente com o Ceará
e o Piauí, são os quatro maiores produtores
de caju do país. n
Águas turvas
Todo o cuidado é pouco na hora de comprar água envasada. Você
pode estar bebendo produto contaminado. Isso passou a acontecer
quando a legislação brasileira autorizou o envase de águas
purificadas e adicionadas de sais a partir de 1995
E
m 1995, o Ministério da Saúde autorizou o envase de águas purificadas
e adicionadas de sais. É um produto industrializado a partir da
água captada de alguma fonte – poço, poço artesiano, curso d’água,
abastecimento público ou outras. Essa água serve de matéria-prima
a um processo de beneficiamento: é desinfetada e purificada por
processos químicos e físicos e, no final, recebe dosagens de sais que lhe conferem
características próprias de sabor. É um procedimento comum em vários países do
mundo, sendo uma imposição da própria situação das reservas de águas do planeta.
www.sfiec.org.br
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
|
11
O consumidor cearense de água
envasada, entretanto, corre sério
risco de estar bebendo água contaminada. O alerta é do Sindicato das
Indústrias de Águas Minerais, Cervejas e Bebidas em Geral do Estado
do Ceará (Sindbebidas). Segundo
seu presidente, Nilo Sérgio Holanda
Gomes, a legislação brasileira foi
branda em relação à regulamentação do produto, apenas especificando o teor máximo de sais e
permitindo o envasamento de águas
de qualquer origem, desde que seja
submetida a um tratamento, “com
uma flexibilidade enorme que não
foi benéfica ao setor”.
Nilo Sérgio diz que uma das falhas da legislação reside na possibilidade da utilização de apenas uma
quantidade mínima de sais para
que a água possa ser consumida.
Mas qualquer água comum contém
sais. Diante disso, algumas empresas
clandestinas se aproveitam e não
fazem a adição. Tal fato pode levar
a outro problema. Como no Ceará a
água dos lençóis varia de acordo com
a época do ano, a quantidade de sais
nessas águas não é padronizada. Dessa maneira, os teores de sais contidos
nos rótulos das águas adicionadas
diferem da quantidade real.
LEGISLAÇÃO FROUXA. Outro aspecto
de risco é que, como a legislação
não é clara, muitas empresas, ao
adotarem o processamento de sais,
utilizam águas de lençóis superficiais e em localidades residenciais sujeitas à contaminação. A
legislação permite envasar águas
adicionadas de sais de qualquer
procedência – açudes, lagoas, sistema público, lençóis superficiais
–, desde que sejam submetidas a
algum tipo de tratamento.
Segundo o presidente do
Sindbebidas, a legislação frouxa
abriu as portas do segmento para o
ingresso de um número grande de
novas águas no mercado, as quais
se beneficiaram da lei para operar
de forma irregular ou clandestina.
“Além da flexibilização da lei, o
encolhimento do papel do estado
tem prejudicado a fiscalização, com
os órgãos envolvidos na atividade
regulamentória enfrentando muitas
dificuldades para exercer seu ofício.”
Há dois anos, o sindicato fez
uma campanha de esclarecimento
ao público e atuou fortemente nas
entidades de fiscalização. Como
resultado, o problema existe hoje
em menor escala se comparado há
outros anos. “Mesmo assim, com
bastante risco”, ressalta Nilo Sérgio. Para o dirigente sindical, uma
das maiores dificuldades residiria
na não diferenciação entre embalagem e rótulo: as águas adicionadas
de sais usam os mesmos garrafões
das águas minerais e utilizam
rótulos muito parecidos.
o consumidor cearense de água
envasada corre SÉRIO risco de estar
bebendo água contaminada.
Nilo Sérgio Holanda Gomes, presidente do Sindbebidas
Polêmica legal
A
Resolução Anvisa nº- 309/1999
é que define os limites máximos
permitidos de sais de cálcio,
magnésio, potássio e sódio que podem
ser adicionados e admite como aditivo
intencional apenas o gás carbônico de
padrão alimentício.
A Resolução nº- 309/1999 adota o
nome de “água purificada adicionada
de sais”, que deve constar no rótulo em
local visível. No entanto, o Decreto Lei nº7.841/45, em seu artigo 34, usa o termo
12 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
“soluções salinas artificiais”, exigindo
que, quando vendidas em garrafas ou
outros vasilhames, tragam no rótulo em
lugar bem visível essa denominação.
Anteriormente, a Portaria do Ministério
da Saúde, de nº- 328, de dezembro de
1995, utilizava o termo “água adicionada de sais”. Quatro anos depois, outra
portaria do MS, a de nº- 26, de 15 de
janeiro de 1999, passou a adotar a
denominação “água comum adicionada de sais”, substituída quatro meses
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depois pela resolução em vigor.
Para o consumidor, independente
da questão legal, o problema é que na
maioria dos casos, a água purificada
adicionada de sais é vendida como
água mineral. Apesar do rótulo trazer
a informação de que se trata de água
purificada adicionada de sais, as
pessoas não sabem diferenciar o que
estão bebendo quando consomem
este tipo de produto. Enquanto a água
adicionada de sais é um produto
industrializado, a água mineral, por sua
vez, tem suas condições biológicas,
químicas e físicas, inclusive cor, sabor e
odor, providas pela própria natureza.
Hoje, existem cerca de 25 águas
adicionadas de sais no Ceará. “Até
quando fizemos o trabalho no setor, sempre colocamos que a legislação era tão fácil de ser cumprida
que não entendíamos por que
existiam empresas clandestinas ou
irregulares”, afirma Nilo Sérgio.
O registro dessas empresas
aptas a comercializar águas adicionadas de sais no Ceará é feito
no Núcleo de Vigilância Sanitária
do Estado (Nuvis). O processo de
liberação ocorre a partir da homologação do poço na Companhia de
Gestão dos Recursos Hídricos do
Ceará (Cogerh). É uma ação simples e rápida. Essa água será mais
cara à medida que haja a adição
de sais. “Como muitas empresas
não seguem esse processo, acabam
vendendo o produto por preço
muito barato, numa concorrência
extremamente desleal”, frisa o
presidente do Sindbebidas.
Diferente do processo de
adicionamento de sais ou purificadas, as empresas que comercializam águas minerais exploram o
subsolo em regime de concessão
da União. Um processo de concessão de lavras pode levar até cinco
anos. A concessão e a fiscalização
são feitas pelo Departamento
Nacional de Produção Mineral
(DNPM). A Nuvis também fiscaliza as águas minerais. Uma água
mineral não pode sofrer tratamento. Deve ser engarrafada da forma
que é extraída da natureza. Hoje,
existem oito empresas de água
mineral no Ceará. n
Manoel Fonseca: “Só
se deve comprar água
envasada quando estiver
visível no rótulo a
certificação da Anvisa”
Sesa promete
rigor na fiscalização
A
Secretaria de Saúde do Estado
(Sesa), por meio da Coordenação
de Promoção e Proteção à Saúde,
vai intensificar ações de fiscalização
nos pontos de comercialização de água
envasada. A atividade, porém, não se dará
em relação ao combate às empresas que
vendem água purificada e adicionada
de sais. “Como há uma legislação em
vigor, só podemos atuar no combate às
que atuam de forma irregular”, afirma
o coordenador de Proteção à Saúde da
Sesa, Manoel Fonseca.
Ele diz que a irregularidade ocorre
quando essas empresas não utilizam
os rótulos de homologação da Anvisa
para atuar no mercado. “Muitas delas
costumam usar no rótulo a informação em processo de homologação.
Mas isso não existe. É para ludibriar
o consumidor”, alerta Fonseca. Outro
problema enfrentado pela fiscalização é
a ausência de endereço das empresas
constando nos vasilhames de água.
Para tentar burlar essa prática, a Sesa
pretende promover o recolhimento nos
próprios pontos de venda.
Um levantamento preliminar da
Sesa aponta que pelo menos 15
empresas que atuam no mercado de
águas estariam burlando a legislação. A
irregularidade mais comum se refere à
falta de registro na Anvisa. “O problema
maior que encontramos é falta de
endereço fixo dessas supostas empresas,
dificultando a ação da fiscalização”, diz
Fonseca. Como alerta ao consumidor,
ele sugere que só se compre água
envasada quando estiver visível no rótulo
a certificação da Anvisa. Outra dica é
não comprar água em botijões onde o
produto não esteja transparente.
Que cuidados você adota ao comprar água envasada?
2. Procuro sempre comprar aquelas marcas que já são
1. Verifico primeiro o rótulo para saber se está
tudo legal. Outra coisa é ver se
o produto apresenta um bom
visual em termos de higiene.
Procuro também comprar marcas
conhecidas do mercado por
sentir-me mais garantida. Até
hoje, nunca tive problemas no
consumo de água envasada.
garantia de boa procedência, porque água
é o tipo de produto que não se pode arriscar. Além da procedência, verifico se há no
rótulo a certificação de homologação por
parte dos órgãos de vigilância sanitária.
Vejo também a condição do vasilhame, ou
seja, se está lacrado, em bom estado, a
cor do produto etc.
Porcina Frota, enfermeira.
Sueli Barbosa, auxiliar administrativa.
www.sfiec.org.br
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
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13
Pequenas e médias empresas
Projeto Vínculos chega ao
Ceará
QUALIFICAÇÃO. Na prática, o pro-
jeto prevê no Ceará a aplicação
do Programa de Qualificação de
Fornecedores (PQF), que beneficiará os segmentos de petróleo e gás,
couro e calçado, metal-mecânico
e construção civil. “O alvo
é preparar esse grupo de
pequenas e médias empresas
para serem fornecedoras de
grandes corporações, geUma determinada empresa transnacional,
rando negócios entre elas”,
denominada de empresa-âncora, como a
explica a técnica do IEL/CE
Petrobras, identificará, na sua área de atuação,
responsável pelo projeto,
pequenas e médias empresas que possam
Roberta Reis. A idéia é, de
lhe fornecer determinados bens ou serviços,
início, sensibilizar as grandemandados por seu processo produtivo.
des empresas a aderirem ao
projeto, seguido do diagnóstico de suas demandas.
Com a intermediação e suporte do Projeto
Os próximos passos serão a
Vínculos, uma pequena (ou média) empresa,
avaliação e a qualificação
que venha a ser selecionada, será preparada
dos fornecedores (indicados
para fornecer os bens ou serviços, dentro das
pelas grandes empresas),
especificações e condições indicadas pela
visando torná-los aptos a
empresa transnacional.
atender as exigências dos
compradores.
Essa preparação pode compreender a
Essa qualificação consreorganização administrativa, modernização,
tará, entre outras atividaampliação e modificação de aspectos
des, de oficinas integradas,
operacionais, controle de qualidade,
seminários, treinamentos de
certificação etc.
qualidade, saúde e segurança no trabalho (SST) e meio
Assim reaparelhada, a empresa
ambiente. Paralelo ao profornecedora estará em condições de atender
cesso de qualificação teórico,
as necessidades da transnacional, dentro dos
há também as consultorias
novos padrões de produção, com evidentes
in loco, onde as empresas
vantagens e ganhos para ambas as partes.
receberão um consultor do
SESI e do SENAI, ou mesmo
Saiba mais sobre o Projeto Vínculos
do IEL, para verificar o anno site www.projetovinculos.org.
damento dos trabalhos.
Roberta explica que a
meta é inserir no Estado,
No Ceará, o projeto será
durante o ano de 2008, dez
coordenado pelo IEL. Na prática, a
pequenas e médias empresas para
idéia é criar e aprofundar vínculos
cada unidade âncora envolvida.
de negócios, justos e sustentáveis,
Até o início de janeiro, três granentre grandes empresas (nacionais
des empresas (âncoras) já haviam
e internacionais), denominadas de
assinado o contrato: Cemec Consempresas-âncora, e essas PMEs.
truções Eletromecânicas S/A, Fae
De um lado, isso proporcionará às
– Ferragem e Aparelhos ElétriPMEs locais a melhoria da compecos S.A, e Construtora Queiroz
titividade e criação de oportunidaGalvão. Outras três estão em fase
des de emprego e renda. De outro,
de estudos e deverão aderir ao
as grandes empresas obterão
projeto nos próximos meses. Em
ganhos nos seus suprimentos de
todo o país, mais de 60 empresasinsumos e maior firmeza nos seus
âncora e cerca de 700 fornecedovínculos de negócios.
ras já foram atendidas.n
Socialmente
responsáveL
Entenda o projeto
1.
2.
3.
4.
A iniciativa será executada pelo IEL/CE e contempla os segmentos de petróleo
e gás, couro e calçados, metal-mecânico e construção civil
C
om experiências de sucesso nos estados da Bahia e Pernambuco,
entre outros, o Projeto Vínculos chega ao Ceará. Além da FIEC,
o projeto conta, no estado, com parceria do Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/CE). A idéia faz
parte do Mapa Estratégico da Indústria 2007-2015, um conjunto
de propostas elaborado pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI) visando contribuir com o desenvolvimento sustentável do Brasil.
O Projeto Vínculos objetiva promover o desenvolvimento econômico e
social de pequenas e médias empresas (PMEs) localizadas no Norte e Nordeste, mediante o aumento da capacidade produtiva e a melhoria da eficiência empresarial.
14 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
www.sfiec.org.br
www.sfiec.org.br
Fausto Keske Cassemiro, coordenador do projeto
P
ara o diretor nacional do
Projeto Vínculos, Evandro
Mazo, o programa permite que
a grande empresa atue de forma
socialmente responsável, fomentando
o desenvolvimento da competitividade
e a formação profissional. “Comprando
localmente, a grande empresa dinamiza
a economia, fazendo com que mais
dinheiro circule na região”, afirma.
Segundo o coordenador do projeto,
Fausto Keske Cassemiro, os fatores
críticos para o sucesso da iniciativa são o
estabelecimento de reuniões periódicas
do comitê gestor, a freqüência no contato
com as empresas e o monitoramento
contínuo das unidades fornecedoras.
Ele ainda destaca como imprescindível
ao programa o comprometimento das
empresas-âncora em relação à priorização
da geração de negócios. “Como o projeto
é muito participativo, desde sua fase
inicial de sensibilização é importante que
as grandes empresas estejam presentes e
atuem em sua construção”, frisa.
Em sua origem, o Projeto Vínculos é
resultante da cooperação da Conferência
das Nações Unidas para o Comércio e
Desenvolvimento (UNCTAD), a Agência
Germânica para Cooperação Técnica
(GTZ), a Fundação Dom Cabral, o Instituto
Ethos e o Sebrae.
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
|
15
Brasil
Energia
Vantagens
e riscos do
mercado livre
A diferença entre o mercado livre de
energia e o regular está exatamente nas
vantagens e nas ameaças que ambos
oferecem. No primeiro caso, há preços
mais atrativos, mas como em todo o
negócio ele implica riscos
POR ÂNGELA CAVALCANTE
16 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
www.sfiec.org.br
O
s altos índices de reajuste da tarifa de energia
elétrica nos últimos anos, motivados pela
privatização das concessionárias de energia
do Brasil, têm despertado a atração dos
consumidores para a oferta de energia no
mercado livre. No Ceará, alguns setores que migraram do
mercado cativo para o mercado livre de energia chegaram
a economizar até 60% no custo mensal com o insumo.
Essa liberdade, entretanto, não está
ao alcance de todos os consumidores.
Somente usuários com demanda contratada igual ou superior a 500 quilowatts
é que podem optar por adquirir energia fora do mercado cativo, sendo que
unidades consumidoras com demanda
entre 500 quilowatts e 3 mil quilowatts
estão aptas apenas a comprar energia de
fontes alternativas (fonte eólica, biomassa ou solar) ou de PCHs (Pequenas
Centrais Hidrelétricas).
Só podem comprar energia de
qualquer fornecedor consumidores com
demanda a partir de três megawatts
atendidos em tensão igual ou superior
a 69 quilovolts. No caso dos “clientes
novos” (consumidores ligados após 8
de julho de 1995), não existe a restrição
da tensão de atendimento. Para eles, o
único critério é que tenham demanda
igual ou superior a três megawatts.
COMPETITIVIDADE. Mas existem van-
tagens reais em adquirir energia no
mercado livre? Há segurança no negócio? De acordo com o vice-presidente
do Sindicato das Indústrias de Fiação e
Tecelagem em Geral do Estado do Ceará
(Sindtêxtil), Iran Ribeiro, a compra de
energia no mercado livre conferiu mais
competitividade às indústrias. No setor
têxtil, onde o uso de energia é intensivo,
a conta de luz proveniente do mercado
cativo corresponde ao segundo maior
custo das indústrias.
Existem hoje no estado 12 empresas
com capacidade (demanda igual ou superior a três megawatts) para adquirir
energia livremente. Onze delas continuam comprando no mercado livre e
uma acabou retornando recentemente
ao mercado cativo. O motivo foi a oscilação no preço da energia comercializada por fornecedores independentes.
“A falta de uma regulação que dê mais
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estabilidade ao mercado fez a empresa
se sentir muito frágil. Temendo ficar
sem energia no mercado livre, ela decidiu voltar ao mercado cativo por sentir
mais segurança”, diz Iran Ribeiro.
Mas os riscos fazem parte de qualquer negócio. Segundo o presidente
da Associação Brasileira dos Agentes
Comercializadores de Energia Elétrica
(Abraceel), Paulo Pedrosa, a diferença
entre o mercado livre e o regular está
exatamente nas vantagens e nas ameaças que ambos oferecem. “No mercado
livre, há preços mais atrativos, mas como
em todo o negócio ele implica riscos. É
preciso comprar de forma responsável,
estando sempre atento aos prazos dos
contratos e à qualidade do fornecimento
de energia”, alerta Pedrosa.
O superintendente de estudos de
mercado da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Dilcemar Mendes,
lembra que a aquisição de energia no
mercado livre é um negócio como outro
qualquer. Por isso, precisa ser bem planejado. O primeiro passo é fazer uma
avaliação profunda das vantagens e
desvantagens. Outro ponto fundamental
é efetuar o contrato com antecedência
e, de preferência, de longo prazo.
“Fechar contrato de compra de última hora deixará a empresa sujeita aos
preços ofertados na época. A duração
também é importante. Quanto mais
longo for o contrato, mais garantia terá
o comprador”, afirma o executivo da
Aneel, que observa: “Nem sempre se vai
conseguir comprar energia mais barata
no mesmo fornecedor, pois o mercado
livre é um processo cíclico que exige
constante negociação”.
A redução nos custos, no entanto,
ainda é o fator mais atrativo às empresas que desejam migrar para o mercado livre de energia. Nas de menor
porte não é diferente. Segundo Iran
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
|
17
Diferenças
regionais
A
Ribeiro, mesmo somando a conta
mensal de energia com o pagamento da Tarifa Única do Sistema de
Distribuição (TUSD) – valor pago à
concessionária de energia local pela
utilização de seu sistema condutor
para o transporte de energia proveniente de outros fornecedores –,
ainda é mais compensador migrar
para o mercado livre.
“As empresas que consomem
energia incentivada (na faixa de
500 quilowatts a 3.000 quilowatts)
e têm desconto de 50% na TUSD
conseguem obter uma economia de
aproximadamente 60% nos custos
com energia, em comparação ao que
pagariam no mercado cativo”, garante o vice-presidente do Sindtêxtil. Ele
lamenta a escassez de fontes alternativas no Nordeste, apesar do potencial
de crescimento da região em relação
ao consumo desse tipo de energia.
“Tem que aparecer mais geradores de
energia para abastecer nosso mercado. Isso será um estímulo ao surgimento de novos consumidores.”
Mas a conselheira da Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE), Élbia Melo, alerta: “O Brasil
tem sistema interligado. Não exis-
tem barreiras para adquirir energia
incentivada de uma fonte alternativa
localizada em regiões distantes. Portanto, um consumidor aqui do Ceará
pode comprar energia de qualquer
parte do país”.
A especialista observa que a liberdade de escolher o fornecedor de
energia, fora dos limites do mercado
cativo, também pode ser conquistada
por meio da formação de associações. “A compra de energia incentivada pode ser feita tanto por um
consumidor único como por associações de consumidores, formadas a
partir da união de shoppings centers,
supermercados, pequenas indústrias
ou mesmo condomínios”.
Segundo ela, no caso de condomínios, para formar uma associação apta a comprar energia de
fontes alternativas, basta que os
condôminos façam um contrato e
o apresentem na CCEE, indicando
um representante. Depois, é só
formalizar o contrato com o CNPJ
do condomínio. “É muito simples”,
resume a especialista, que aponta o
novo modelo de contrato como alternativa para alcançar uma tarifa
justa pelo consumo de energia. n
Mercado livre: saiba mais
P
ara diminuir o preço da energia
elétrica aos consumidores finais (as
empresas) e instituir a competitividade
no setor elétrico do mercado brasileiro,
foi criado em 1995 o mercado livre de
energia, que quebrou o monopólio das
concessionárias no mercado de energia
elétrica do país, a partir da criação de
leis que permitem que consumidores
comprem energia de qualquer fornecedor,
18 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
distribuidor ou agente comercializador,
não estando mais obrigados a comprar
diretamente da concessionária local.
Toda comercialização de energia nesse
mercado é realizada por meio de contratos
bilaterais firmados entre o consumidor livre
e um agente comercializador ou gerador,
sendo que a liquidação desses contratos
ocorre no ambiente da CCEE (Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica).
www.sfiec.org.br
s diferenças regionais podem
se tornar mais acentuadas se
não houver regulamentação do
mercado livre de energia por parte da
Aneel. É o que defende Iran Ribeiro.
“Quem está produzindo lá no sul tem
situação muito mais saudável, pois
está perto do mercado consumidor, da
produção, do consumo, da ausência de
frete, da matéria-prima e de melhor nível
tecnológico. Não se pode desconsiderar
essas características do mercado”,
afirma o empresário. Segundo ele,
colocar os indicadores de energia
elétrica no mesmo patamar para regiões
completamente diferentes é pôr em
risco a economia do país.
De acordo com Iran Ribeiro, os
empresários cearenses estão preparados
para correr os riscos no mercado livre de
energia. “Já não cabe mais o amadorismo
de não se planejar para correr riscos. O
mercado livre de energia é uma realidade
nacional. E o Ceará não pode ser diferente, sob pena de perdermos competitividade”, alerta, para arrematar: “O Nordeste
também não pode se dar ao luxo de não
aproveitar as oportunidades do mercado
livre de energia, já que as empresas que
aderem a esse mercado conseguem
reduzir em até 60% o valor da conta no
mercado cativo”.
os empresários
cearenses
estão preparados
para correr os
riscos no
mercado livre
de energia.
Iran Ribeiro,
vice-presidente
do Sindtêxtil
Força eólica
O Ceará ganha mais quatro parques de energia
eólica, com potência instalada de 155 megawatts
O
Grupo Servtec, por meio
da empresa Bons Ventos
Geradora de Energia S\A,
o Grupo Ligna e o Fundo
de Investimento Brasil Energia
(FIP), assinaram em dezembro na
FIEC os três principais contratos
de fornecimento para o início da
construção de mais quatro parques
eólicos no Ceará. Bons Ventos
(50 megawatts), Canoa Quebrada
(57 megawatts) e Enacel (31,5
megawatts), localizados no município de Aracati, e o Taíba-Albatroz
(16,5 megawatts), situado em São
Gonçalo do Amarante, terão potência instalada de 155 megawatts,
representando 12% da energia
consumida atualmente no estado.
Os parques entrarão em funcionamento este ano e fornecerão
toda a energia produzida para
a Eletrobras pelos próximos 20
anos, mediante o Programa de
Incentivo às Fontes Alternativas
de Energia Elétrica (Proinfa) do
governo federal. Instaladas em cidades turísticas, as usinas eólicas
não serão cercadas, funcionando
como um atrativo a mais para o
incremento de atividades locais.
Os empreendimentos correspondem a quase um terço dos 504
megawatts habilitados pelo Proinfa
para serem instalados no Ceará
e a 12% dos 1,4 mil megawatts
liberados para o país.
Os recursos para a consecução
dos parques giram em torno de R$
800 mil, sendo 80% financiados
pelo governo federal via Fundos
Constitucionais de Financiamento
da Sudene (60%) e Banco do Nordeste do Brasil (20%). As usinas
terão 75 aerogeradores importa-
dos da Índia e fabricados pela
empresa Suzlon com capacidade
para gerar até 2,1 megawatts
cada. Apesar do solo arenoso,
nas bases de sustentação das
torres serão utilizados 18 mil
metros cúbicos de concreto
numa armação de 11 mil toneladas de aço e 1.350 estacas
de 70 centímetros de diâmetro,
com 15 metros de profundidade.
Serão 82 quilômetros de linhas
de transmissão.
Os primeiros equipamentos
devem chegar em fevereiro e mais
quatro áreas já estão em prospecção no estado para a implantação
de parques eólicos.
DESTAQUE NACIONAL. A crise
energética e os efeitos negativos
causados ao meio ambiente
fizeram o mundo voltar-se às fontes alternativas para minorar os
problemas causados pelas fontes
tradicionais. Nesse contexto, a
energia eólica é considerada a
mais limpa do planeta.
As usinas eólicas aproveitam a
força da velocidade dos ventos para
gerar eletricidade. O processo se dá
a partir de grandes hélices, como
cata-ventos gigantes, instaladas
em locais privilegiados do ponto de
vista dos ventos, que devem preferencialmente ser fortes e constantes
durante todo o ano. Atualmente,
todas as usinas de geração de
energia elétrica no Brasil, a maioria
hidrelétricas, possuem capacidade instalada de cerca de 100 mil
megawatts. Para se dimensionar
a importância da eólica, o Atlas
Eólico do Brasil estima o potencial
no país em 143 mil megawatts,
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sendo que, desse montante, mais
da metade está concentrada na
região Nordeste (75 mil megawatts),
correspondendo a cerca de seis
vezes a produção nominal da Usina
de Itaipu, a maior geradora de
energia do Brasil.
No cenário nacional, o Ceará
se destaca por ter sido um dos
primeiros estados a realizar um
programa de levantamento no
início da década de 90 do século
passado, utilizando anemógrafos
computadorizados e sensores especiais. Já em 2001, o governo do
estado, por meio da Secretaria de
Infra-Estrutura (Seinfra), lançou o
Atlas do Potencial Eólico do Ceará,
identificando que o Ceará possui
cerca de 25% da capacidade
nacional para gerar energia a partir
da força dos ventos. Isso significa
que o estado possui potencial para
gerar dez vezes mais energia do
que a consumida hoje.
Atualmente, o Ceará já conta
com três parques eólicos instaladas na Prainha (10 megawatts),
Taíba (5 megawatts) e Mucuripe
(2,4 megawatts), totalizando 17,4
megawatts de potência instalada. Juntos, esses três parques
produzem energia elétrica para
abastecer 50 mil residências. Somente os quatro novos parques da
Bons Ventos representam quase
nove vezes o potencial dos atuais,
devendo beneficiar aproximadamente 500 mil pessoas.
Até 2010, outros 14 projetos
foram habilitados pelo Proinfa,
devendo totalizar 500,5 megawatts de potência. Hoje, o Ceará
importa praticamente toda a
energia que consome. n
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
|
19
Financiamento
R$ 9 milhões para
inovação no Ceará
O tamanho do
desafio do Brasil
O
presidente da Finep, Luís Manuel
Rebelo Fernandes, usa o recente
dado divulgado pela Organização
das Nações Unidas (ONU), que incluiu o
Brasil no patamar de países com IDH de
nações em desenvolvimento, para citar
o tamanho do desafio que temos pela
frente em termos de inovação tecnológica.
“Se por um lado entramos no grupo, por
outro, somos o último deles”, brinca. Para
Luís Manuel, ciência e tecnologia estão
no coração dos processos de geração de
riqueza e renda, que, por conseqüência,
geram bem-estar. Veja a seguir trechos do
pensamento do presidente da Finep.
O tamanho do nosso desafio.
Os recursos, oriundos do Pappe Subvenção, serão colocados à disposição
pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com a Fundação
Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap)
A
s micro e pequenas empresas do Ceará vão poder contar com R$ 9 milhões para
o desenvolvimento de projetos na área de inovação. Os recursos são oriundos do
Pappe Subvenção (Programa de Apoio à Pesquisa na Pequena Empresa) e serão colocados à disposição pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério
da Ciência e Tecnologia, em parceria com a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). Nessa modalidade de financiamento, as empresas
não precisam devolver o dinheiro recebido.
Ao todo, o Pappe Subvenção deve
aplicar R$ 150 milhões em projetos
de inovação de empresas de pequeno porte em 17 estados brasileiros.
A expectativa é o apoio a 1,5 mil
projetos ao longo de três anos de
execução do programa. No caso do
Ceará, a Funcap ficará responsável
pelo lançamento do edital com as
áreas prioritárias que deverão receber
apoio do programa e ainda pela
análise e aprovação das propostas.
Dos R$ 9 milhões, R$ 3 milhões
são contrapartida da Funcap e R$ 6
milhões da Finep.
PROJETOS INOVADORES. Em linhas
gerais, o Pappe Subvenção vai beneficiar empresas que faturem até R$
10,5 milhões/ano, com financiamen20 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
tos entre R$ 50 mil e R$ 550 mil.
O programa vai privilegiar projetos
inovadores em áreas prioritárias da
política industrial, tecnológica e de
comércio exterior, além daqueles
relacionados a arranjos produtivos
locais e a sistemas estaduais de
inovação. Os editais deverão ser
diferenciados com valores e objetivos
que respeitarão as características e as
prioridades regionais.
A assinatura do convênio entre a
Finep e a Funcap foi realizada na FIEC
durante encontro no final do ano
passado com empresários e representantes da academia. Para o presidente da entidade, Roberto Proença
de Macêdo, o sistema nacional de
ciência e tecnologia no Brasil já é reconhecido pelo Banco Interamericano
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de Desenvolvimento (BID) como
modelo para a América Latina. “Mas
não podemos nos contentar com
isso. Queremos muito mais.”
Segundo Roberto Macêdo, o
Mapa Estratégico da Indústria (20072015) aponta a inovação como um
dos pilares do desenvolvimento do
país. No entanto, hoje o Brasil investe
apenas 1,5% do PIB nesse campo,
enquanto nos países desenvolvidos
esse valor chega a 3%. Ele diz que
existe um estudo do Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT) indicando as possibilidades de o setor
privado estar ainda distante da
inovação. São elas: industrialização
tardia, pesquisas voltadas para a
academia e priorização tardia dos
setores de ciência e tecnologia. n
O Brasil passou oficialmente na
classificação da ONU a país desenvolvido.
Boa notícia. Má notícia: nós somos o último
colocado. E o que nos separa dos primeiros
da lista para os últimos? É justamente o
grau de investimento em pesquisa e em
desenvolvimento. Nós vivemos hoje no
mundo a chamada Era do Conhecimento e
essa não é uma mera classificação. A Era
do Conhecimento reconhece o fato de que
o conhecimento – e, portanto, ciência e
tecnologia – está no coração dos processos
de geração de riqueza e agregação de valor.
E que gera conhecimento, riqueza e bemestar. O Brasil investe atualmente 1% do
seu PIB em pesquisa e desenvolvimento. A
média dos países que estão na ponta é de
3%. Esse é o tamanho do nosso desafio.
Investimento público x
privado. Desse 1% investido no
Brasil, 60% são investimentos diretos de
órgãos públicos, federais, estaduais e, em
alguns poucos casos, municipais. Os 40%
restantes são compostos por investimentos
do setor empresarial. Mas desses, 20% são
de empresas públicas, estatais. Ou seja,
o setor empresarial privado é responsável
por 1/5 dos investimentos realizados no
país. Nos países ricos, a relação é inversa. A
maior parte dos investimentos em pesquisa
e desenvolvimento é efetuada no setor
empresarial privado.
Luís Fernandes:
“Se por um lado
entramos no grupo,
por outro, somos o
último deles”
Indução. Os investimentos privados em
pesquisa e desenvolvimento nos países
ricos não se deram por acaso, e sim por
iluminação dos empresários. Esses países
investem e subsidiam pesadamente as
atividades de pesquisa e desenvolvimento
de suas empresas. Nos EUA, por exemplo,
55% do que se investe em pesquisa
e desenvolvimento são oriundos de
subsídio estatal. Boa parte deles está
associada à indústria de defesa, o
chamado complexo industrial militar.
Isso é um dado importante porque o
investimento não surge espontaneamente.
Ele é induzido. Nos lugares onde são
grandes os investimentos em pesquisa e
desenvolvimento, os países chegaram a
esse patamar a partir de forte promoção
de seus respectivos estados nacionais.
conhecimento científico e tecnológico,
começa a promover e consolidar os
primeiros grupos de pesquisa no país.
Modelo adotado.
comparação com os países mais avançados,
o Brasil tem um sistema nacional de ciência
e tecnologia relativamente recente. Ele
é uma criação dos pós-segunda guerra
mundial. Isso não significa que nós não
tivéssemos atividade de ciência, tecnologia
e inovação antes disso. Tínhamos. Mas eram
iniciativas isoladas, de alguns cientistas
de renome, que muitas vezes contavam
para o desenvolvimento da sua atividade
de pesquisa com recursos próprios, de
familiares etc... Esse sistema estruturado
no pós-guerra, com alguns marcos, como,
por exemplo, em 1951, a criação do
Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq)
e da Capes, que passam a constituirse como agências fomentadoras do
Essa estruturação
nacional do sistema nacional de ciência
e tecnologia avançou no contexto de um
modelo de desenvolvimento baseado
na industrialização via substituição
de importações. Isso implicava ter um
mercado nacional fortemente protegido e
uma política de atração de investimentos
externos para ativar os setores mais
dinâmicos da economia brasileira. Não
todos, mas boa parte desses setores.
Historicamente, foi muito importante para o
país. O Brasil montou uma base industrial
diversificada e integrada em todo o território
nacional, fruto desse grande esforço de
desenvolvimento que marcou esse período
e que tem de ser valorizado. No entanto,
com a sua arquitetura e seu desenho, era
uma ação de desenvolvimento nacional que
não trazia a dimensão da inovação para
tal esforço. A idéia era um pouco a de que,
tendo um mercado fortemente protegido
e atraindo investimentos externos, viriam
juntos com eles pacotes tecnológicos,
muitas vezes até ultrapassados nas
matrizes, mas que aqui continuavam sendo
competitivos. O resultado da adoção desse
modelo foi uma relativa desconexação entre
o de ciência e tecnologia estruturado e os
desafios do desenvolvimento nesse esforço
de industrialização. Então, podemos usar a
imagem de duas retas paralelas, que nunca
se encontram. Claro que houve conexões,
mas débeis. Não sistêmicas.
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Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
Sistema recente no país. Em
|
21
Educação
Ceará
se destaca
A
Finep divulgou em novembro de
2007 a lista final com os 174
projetos selecionados para receber
recursos do Programa de Subvenção
Econômica à Inovação. Entre os selecionados, 30% são das regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, um percentual bem acima do
alcançado em 2006, quando apenas 12%
das propostas selecionadas vieram dessas
três regiões. Das 174 propostas aprovadas, 103 são oriundas de micro e pequenas empresas. No edital de 2006, de um
universo de 147 projetos financiados, 91
eram de negócios de pequeno porte.
O Ceará é destaque na seleção
com nove projetos aprovados, sendo o
primeiro estado no Nordeste em termos
de aprovação e o quinto no Brasil, ficando
atrás de São Paulo (68), Rio de Janeiro
(12), Minas Gerais (11) e Rio Grande do
Sul (11). Em termos de recursos, os
cearenses receberão R$ 18.420.468,19.
Dos projetos aprovados do Ceará, o
de Desenvolvimento de Aerogerador de 5
megawatts – 13,8 quilovolts e Sistema de
Comando e Controle, apresentado pelo
grupo empresarial HCL Brasil Ltda., no
valor de R$ 8.145.044,00, contou com a
colaboração da FIEC por meio do Instituto
de Desenvolvimento Industrial (INDI). O
valor posto à disposição representa 50%
dos recursos de projetos aprovados para
o Ceará. Para o diretor corporativo e de
A Polymar teve projeto selecionado na Finep
relações com mercado do INDI, Jurandir
Picanço, a forte presença do Ceará na
seleção da Finep merece ser comemorada porque sem inovação a empresa
não se desenvolve e conseqüentemente
perde competitividade.
Lançado em outubro do ano passado,
o segundo edital da subvenção econômica
prevê investimentos de R$ 450 milhões no
desenvolvimento de processos e produtos
inovadores em empresas brasileiras. Foram
contemplados projetos em cinco grandes
áreas: tecnologia da informação, comunicação e nanotecnologia; biodiversidade, biotecnologia e saúde; inovações em programas estratégicos; biocombustíveis e energia
e desenvolvimento social. Os recursos da
subvenção são não-reembolsáveis, ou seja,
as empresas beneficiadas não precisarão
devolver o dinheiro recebido.
A modalidade da subvenção econômica começou a ser utilizada pela Finep
no fim de 2006. O programa inaugurou
pela primeira vez no Brasil um mecanismo
de política pública, já utilizado por países
desenvolvidos, que prevê a concessão de
recursos não-reembolsáveis para projetos
de inovação em empresas. Até então,
apenas instituições públicas de ensino e
pesquisa eram contempladas com esse
tipo de financiamento. A mudança só foi
possível a partir da aprovação da Lei da
Inovação e da Lei do Bem.
P rojeto s aprovad os d o C eará
Títul o
Proponent e
Nettion Tecnologia e
Nettion Security Software
Segurança
Tecnologia e
Detecção Inteligente de Resíduos Sólidos Atlanta
Informação
Gestão Hospitalar em Código Aberto
Secrel
HS Tecnologia da
Monitoramento Veicular por Rede
Informação
Ativos para uso em Cosméticos Inteligentes Polymar
Combustível Alternativo para Aviação
Tecbio
Desenvolvimento de Aerogerador Elétrico
HLC Brasil Ltda
Dessalinização por Evaporação
Desidratec
É hora de investir
Programa Educação
para a Nova Indústria
irá beneficiar 16,2
milhões de brasileiros.
A iniciativa é uma
resposta da indústria ao
desafio de aumentar a
oferta de oportunidades
para a formação de
profissionais que
atendam os requisitos
do mercado de trabalho
C
Recurs os (R $ )
onsiderada
essencial em
todas as etapas da vida,
a educação
ganha o
status de catalisador para o
desenvolvimento, seja ele
humano, social ou econômico. Apesar dessa constatação, o Brasil enfrenta o
desafio histórico de combater o déficit educacional,
o que acarreta dificuldades em superar problemas
como a pobreza, os elevados índices de violência e
o crescimento inconstante
da sua economia.
944.056,00
511.200,00
1.487.640,00
1.410.593,07
433.978,00
4.479,12
8.145.044,00
504.600,00
Fonte: INDI
www.sfiec.org.br
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
|
23
No caso particular do desenvolvimento econômico, a educação de
qualidade é fundamental para a expansão das empresas e a competitividade do país. Pesquisas recentes mostram que trabalhadores com maior
grau de escolaridade têm melhores
chances de encontrar um emprego
porque esses profissionais estão mais
bem preparados para absorver e criar
novas tecnologias e promover nas
empresas um ambiente de conhecimento, criatividade e inovação.
De acordo com o Mapa Estratégico da Indústria (2007-2015), a
educação é um pilar para o desenvolvimento sustentável do Brasil,
fonte de crescimento e uma das
bases de elevação da produtividade.
Como reflexo desse posicionamento,
educação básica e profissional de
16,2 milhões de brasileiros.
Formação profisSional. O pro-
Projeto SESI Indústria do Conhecimento
a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou no ano passado
o programa Educação para a Nova
Indústria, que prevê, até 2010, investimentos de R$ 10,45 bilhões em
grama é uma resposta da indústria
ao desafio de aumentar a oferta de
oportunidades para a formação de
profissionais que atendam os requisitos do mercado de trabalho. Com
abrangência nacional, reflete a visão
de todos os Departamentos Regionais
do SESI e do SENAI – executores da
iniciativa. No Ceará, o programa espera atingir quase 500 mil matrículas
até 2010. Desse total, o SESI/CE será
responsável por 47,5 mil matrículas
em educação básica e 120 mil em
educação continuada. Já o SENAI/CE
tem a meta de 320 mil matrículas em
educação profissional. n
Educação
com
qualidade
24 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
e diversificação da
»ofertaExpansão
de educação básica, continuada e profissional ajustadas às
necessidades atuais e futuras da
indústria.
Modernização, otimização e
»adequação
da infra-estrutura física
das escolas, laboratórios e bibliotecas.
Flexibilização no formato e me»todologias
de atendimento às demandas educacionais da indústria.
de docentes, téc»nicosCapacitação
e gestores em tecnologias e
gestão dos processos educacionais.
Necessidades
educacionais
S
U
ma boa formação – humana e profissional – depende
muito dos primeiros anos de
educação na fase infantil. Por isso, a
educação básica dos trabalhadores do
futuro está contemplada no programa
Educação para a Nova Indústria.
Uma das novidades nas escolas do
SESI/CE será a implantação, a partir de
2008, do Programa Educação de Tempo
Integral. A princípio, envolverá 750 alunos
das escolas SESI em Fortaleza (Parangaba e Barra do Ceará), Juazeiro do Norte
e Crato. A iniciativa irá ampliar o tempo
de permanência na escola de crianças e
jovens da educação básica, articulando
ações de ensino-aprendizagem com
atividades de cultura, esporte e lazer.
Segundo a coordenadora de educação da entidade, Maria do Carmo Aguiar,
o programa incidirá sobre a qualidade
da educação e propiciará o desenvolvimento humano integral dos alunos.
Elementos centrais
do Educação para a
nova indústria
Com o Educação de Tempo Integral, será ampliada a permanência dos alunos em escolas do SESI
Também irá potencializar a capacidade
institucional, pois irá articular as diversas
áreas de atuação do SESI/CE.
Nas escolas SESI de Fortaleza e Juazeiro
do Norte, será implantado o ensino médio
articulado com ensino profissional, uma
parceria SESI/SENAI. Na Parangaba, serão
ofertados cursos nas áreas têxtil e de confecções. Na Escola SESI da Barra do Ceará, os
alunos poderão participar de cursos na área
de mecânica automobilística, enquanto em
Juazeiro do Norte o curso ofertado aos alunos
do ensino médio será na área administrativa.
A entidade também está articulando
parceria com a Fundação Demócrito Rocha
para realizar, a partir deste ano, cursos a
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distância na área de responsabilidade
social e sustentabilidade. A meta é
beneficiar 20 mil trabalhadores. Outra
novidade é o projeto SESI Indústria do
Conhecimento. Trata-se de um centro
de educação multimídia contendo
biblioteca, DVDteca, CDteca, gibiteca e
internet. O principal objetivo é promover o acesso da população aos meios
de informação e ao conhecimento. No
Ceará, já foi implantada a unidade em
Juazeiro do Norte. Neste ano, serão
inauguradas as unidades de Sobral,
Fortaleza (localizada na Estação João
Felipe – Metrofor) e outra na região
metropolitana de Fortaleza.
egundo a pesquisa Necessidades
Educacionais e Competências para
o Trabalho nas Indústrias Cearenses,
realizada pela Universidade Estadual do
Ceará (Uece) em parceria com o SESI/CE,
elevar o nível educacional do industriário
cearense é uma necessidade imediata.
De acordo com o levantamento – que
abrangeu 806 empresas no estado –, as
indústrias cearenses, em seus diferentes
setores, possuem uma elevada quantidade
de colaboradores do setor de produção com
seus estudos básicos (ensino fundamental e
ensino médio) incompletos, sendo que 17%
deles não terminaram o ensino fundamental.
No setor de média gerência, 70% dos trabalhadores não possuem nível superior.
Mas a precariedade educacional é um
problema em todo o estado. Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em 2005, 22,6% da população
cearense com 15 anos ou mais de idade era
analfabeta. E mais: em 2006, 62,6% dos jovens cearenses entre 15 e 17 anos estavam
fora do ensino médio.
A flexibilidade no formato,
funcionamento e tecnologia
educacional dos cursos do
SENAI será intensificada
Acesso à educação
profissional
U
ma das estratégias do SENAI
no país para facilitar o acesso à
educação profissional – a partir
do programa Educação para a Nova
Indústria – será intensificar a flexibilização
no formato, funcionamento e tecnologia
educacional dos seus cursos. Seja por
meio da extensão da carga horária por
períodos mais longos – aumentando o
número de alunos atendidos – pela maior
oferta de cursos a distância, ou ainda pela
diversificação daqueles ministrados em
unidades móveis, o objetivo é desprenderse do regime clássico de quatro horas
diárias por turno, que pode ser obstáculo
para a formação e aperfeiçoamento de
jovens e adultos trabalhadores.
A entidade planeja ampliar o trabalho de certificação de competências,
implantando diretrizes nacionais em
matéria de avaliação de competências
educacionais, respeitadas as particularidades regionais. Conforme previsto em
lei e nas normas de educação nacional,
as competências adquiridas na escola,
no trabalho ou por quaisquer meios
informais podem ser objeto de avaliação,
reconhecimento e aproveitamento para
fins de continuidade ou conclusão de estudos. No caso da educação profissional
técnica de nível médio, essa possibilidawww.sfiec.org.br
de é regulada pelos sistemas educacionais de ensino e permite a obtenção do
diploma de técnico.
Ainda dentro do programa Educação
para a Nova Indústria, o SENAI Nacional,
com o apoio de todos os Departamentos
Regionais, vai ampliar o Banco de Recursos Didáticos, que é uma fonte de material de apoio à formação profissional. O
trabalho se dará por meio da avaliação,
incorporação, adoção e elaboração de
novos recursos, dando início a estudos
para a estruturação de uma editora
auto-sustentável destinada a propagar
a produção intelectual da instituição no
campo da educação profissional e da
tecnologia industrial.
Por fim, o SENAI planeja fortalecer
sua atuação como indutor da inovação
tecnológica para o setor industrial por
meio da Rede SENAI de Excelência e
Inovação. A criação da rede vai propiciar ao SENAI condições de evoluir
para uma ação integrada e de vanguarda em áreas tecnológicas específicas, mediante parcerias estratégicas
internas e externas, que aproveitem
melhor infra-estrutura, recursos e competências, possibilitando transformar a
inteligência em produtos, processos e
serviços de alto conteúdo tecnológico.
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
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25
Comportamento
A primeira aparição oficial do
biquíni aconteceu em 26 de junho
de 1946. E foi realmente supimpa.
Com a intenção de quebrar paradigmas, além de ganhar muito dinheiro, seu inventor, o engenheiro
francês e comerciante Louis Réard,
batizou o traje de “Atol de Bikini”,
em função dos testes nucleares
realizados pelos Estados Unidos
neste distante lugar, ao sul
do oceano Pacífico.
Biquíni
OUSADIA. Hoje, o uso do biquíni
Muito sucesso
para pouco
pano
O sessentão biquíni nasceu na França do pós-guerra,
mas foi no Brasil que seu uso explodiu. Após mexer
com a cabeça de mulheres e homens ao longo dos
anos, a peça hoje vive momentos de releitura e
ganha destaque nas passarelas
Q
POR GEVAN DE OLIVEIRA
uando a famosa editora de moda das revistas norte-americanas
Harper’s Bazaar e Vogue, Diana Vreeland, disse que “o biquíni foi a
coisa mais importante que surgiu desde a invenção da bomba atômica”,
ela tinha lá suas razões. Aliada ao uso da pílula e da liberação sexual
dos anos 60 do século passado, a pequena peça de roupa criada na
década de 40 mexeu de fato com a cabeça das mulheres (e dos homens, claro) do
mundo todo, mudando costumes e comportamentos há mais de seis décadas.
26 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
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é tão natural quanto o da calça
jeans. Mas, no começo, era preciso muita ousadia para encarar
a nova criação. Dessa forma, não
foi fácil para o estilista encontrar uma
modelo parisiense que topasse desfilar
sua invenção. Nessa época, as roupas
de banho das praticantes de natação
(precursoras dos maiôs) eram um tipo
de “calção” até o joelho que cobria
todas as formas das atletas. Portanto,
aquelas minúsculas vestes (que na
verdade mais pareciam um maiô em
duas peças) não ficariam bem para as
comportadas parisienses.
Sem nenhuma modelo com
disposição para usar o traje, coube
à dançarina do Cassino de Paris,
Micheline Bernardini, entrar para a
história posando para fotógrafos de moda numa piscina às
margens do rio Sena. No dia
seguinte, ela e seu explosivo biquíni feito de algodão
com estamparia imitando a
página de um jornal estavam em todos os tablóides,
dividindo espaço
com as notícias
dos estragos causados pelos cogumelos
gigantes da bomba atômica.
Era o início de uma grande
revolução que crescia à medida que o biquíni encolhia.
Apesar do sucesso inicial,
a idéia realmente soou muito
ousada para os padrões da
Micheline Bernardini, a dançarina
que entrou para a história posando
com o primeiro biquíni
Louis Réard (acima), inventor do biquíni,
teve sua criação contestada pelo costureiro
Jacques Hein (detalhe)
época. Além do Vaticano, Itália,
Portugal, Espanha, França e Alemanha chegaram a proibir o traje
em lugares públicos. Dessa forma,
demorou mais de dez anos até que
praias e piscinas passassem a expor,
com certa naturalidade, as curvas
de mulheres bronzeadas à francesa.
O estilista europeu morreu em
1984 e diz-se que na miséria. Além
de não ter ficado rico, Louis Réard
teve sua invenção contestada pelo
costureiro Jacques Hein, que afirma
ter criado, poucas semanas antes, o
pequeno maiô durante a Segunda
Guerra Mundial, batizando-o de
“Átomo”. Se Réard não ficou rico, ou
se outro francês contesta sua exclusividade, isso não importa. O fato é que
o biquíni é tido por muitos como a
roupa que libertou a mulher.
“Era um biquíni
de bolinha
amarelinha...”
de” (1953), com Deborah Kerr; “Deus
Criou a Mulher” (1956), com Brigitte
Bardot, que virou ícone de beleza e
ousadia no cinema quando apareceu
em um modelo xadrez Vichy adornado
com babadinhos; e a primeira bond girl,
Ursula Andress (de biquíni e uma faca
presa à sua cintura) em “007 Contra o
Satânico Dr. No” (1962), foram quem
mais contribuiu para fazer do biquíni o
sucesso de hoje.
Além delas, Sophia Loren, Gina
Lollobrigida, Rachel Welch, Janis Paige,
Rita Hayworth, Marisa Allasio, Jayne
Mansfield e, claro, Marylin Monroe, entre outras beldades (a turma da praia e
seus pranchões embalados ao som de
“Beach Boys” também deram sua contribuição) da sétima arte, desfilaram de
biquíni na tela do cinema para delírio
dos homens e alívio das mulheres que
começavam a se libertar dos rígidos
padrões de comportamento da época.
A música também teve um papel
importante nessa trajetória. Em 1961, Brian
Hyland chegava ao topo das paradas musicais americanas com a canção “Itsy Bitsy
Teeny Weeny Yellow Polka Dot Bikini”. No
Brasil, a melodia ganhou uma versão em
português: a não menos conhecida “Biquíni
de Bolinha Amarelinha”. A música cantada
pela turma da Jovem Guarda encorajou
muitas Anas, Marias, Patrícias, Izabelas, Carlas... a deixar a vergonha de lado e ousar
com seu traje “tão pequenininho que mal
cabia, e na palma da mão se escondia”.
No Brasil, foram as vedetes Carmem
Verônica e Norma Tamar, no final dos
anos, as primeiras a desfilar nas areias da
praia de Copacabana com o novo visual.
No local, formavam-se verdadeiras multidões para apreciar as formas
das moçoilas e os
modelitos que já
causavam furor em
muitos países.
A
ssim como acorreu com o jeans, o
cinema, a partir dos anos 50 do
século passado, foi o principal
estopim para o boom do biquíni.
Atrizes de corpos esculturais, em filmes
clássicos como “A um Passo da Eternidawww.sfiec.org.br
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
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27
Evoluindo
pra menos: o
topless x tanga
A
pesar de fazer sucesso desde o seu
lançamento, o biquíni só se popularizou na década de 60, na esteira
da revolução comportamental. Era a época
do surgimento da pílula anticoncepcional e
da eclosão da liberação feminina. Com as
mulheres buscando sua independência, o
biquíni representou a forma de expressar
essa liberdade. Nesse período, o que fazia
sucesso no Brasil era o modelo enganamamãe, que de frente parecia um maiô,
com uma espécie de tira no meio ligando
as duas partes, e, atrás, um perfeito biquíni,
ou seja, quase tudo de fora.
Os anos se passavam e a peça continuava sua célere caminhada de encolhimento. O auge da ousadia aconteceu em
1964, quando o estilista americano Rudi
Gernreich resolveu criar o topless. Na Europa, a idéia de se bronzear somente com a
Apenas um fio
A
década de 1980 surge exibindo corpos
malhados (esculpidos) em academias
de ginástica e vestindo um tecido que
chega fazendo sucesso, a lycra – criação da
indústria química Dupont. A novidade invadiu
a moda praia, influenciando estilistas na confecção de biquínis e maiôs com cortes mais
largos, mas com uma curva bem acentuada.
Surge então o famoso asa-delta. Em seguida,
outros modelos, como o sensual enroladinho
e o de lacinho nas laterais, além do sutiã
cortininha (que voltou com tudo em 2008),
passaram a fazer parte do leque de
opções das brasileiras.
E quando se pensava que não
havia mais o que encolher, o
Brasil espantaria o mundo com
o modelo fio dental. A representante máxima da peça
mínima foi a modelo
Monique Evans,
28 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
o Brasil entrou de vez no mundo fashion
do biquíni. O modelo que lançou o país
mundo afora foi uma ousadia ainda
maior, a tanga. Nessa época, a modelo
Rose di Primo era a musa da tanga das
praias cariocas. Desde então, o Brasil se
tornou referência internacional e grande
produtor e exportador de moda praia.
Milhares de quilômetros de mar com sol o
ano inteiro e as curvas da mulher brasileira foram as inspirações dos estilistas.
Leila Diniz escandalizou o país ao exibir sua
gravidez de biquíni na praia de Ipanema
parte de baixo foi bem recebida em muitos
países. Já no Brasil, a maioria das moças
achou que era muito (quer dizer, menos)
para os padrões tupiniquins.
Com receio de que algumas mais
“despudoradas” aderissem ao modismo
europeu, o então prefeito de São Paulo,
Prestes Maia, chegou a proibir a prática do
famigerado topless em piscinas públicas.
O presidente Jânio Quadros também não
gostou nada da idéia e disse um não oficial.
Na época, até o Papa Pio XII resolveu se
expor ao sol e assinou uma nota contra o
uso dessas peças por mulheres católicas.
Mas foi a partir da década de 70 que
também adepta do topless. A novidade foi
devidamente documentada em milhares
de cartões-postais que rodaram o mundo e
ajudaram (ou não) na reputação brasileira de
um país de sol, praia, carnaval e mulheres
com bumbuns bronzeados.
Nos anos 90, a moda praia se tornou
cult (e cara). Estilistas passaram a afirmar
que para estar bem vestida (à beira-mar!) as
mulheres deveriam acrescentar ao seu visual
de duas peças um arsenal de acessórios.
Saídas de banho, sacolas coloridas, chinelos,
viseiras, óculos, chapéus, cangas, toalhas e
até bijuterias passaram a compor uma espécie de kit-fashion-beach que ganha a cada
estação novos penduricalhos e balangandãs.
A cadeia produtiva desses produtos agradece, mas não seria uma nova ditadura?
Bom, mas para quem não dispensa o uso
de grife nem na areia da praia, as famosas marcas Dior, La Perla e Louis Vuitton
oferecem modelitos que ultrapassam, sem
nenhum pudor, os mil dólares. No Brasil,
empresas brasileiras como Rosa Chá, Blue
Man, Cia. Marítima e a cearense Água de
www.sfiec.org.br
Leila Diniz. Foi também na década de
70 que surgiu a inesquecível Leila Diniz.
Leiluska, como era chamada pelos amigos,
escandalizou o país ao exibir sua gravidez
(fora do casamento) de biquíni na praia de
Ipanema, além de amamentar em público.
Era a expressão máxima de um comportamento revolucionário que ganhou
destaque e fez história ao valorizar a
liberdade feminina, o prazer sexual e o
modo irreverente de viver. Apesar de ter
morrido aos 27 anos, em um acidente
de avião, no ano de 1972, suas atitudes
marcaram uma nova era no comportamento feminino. Milhares de moças
seguiram seu modo livre de viver e em
paz com o mundo.
Coco também ostentam peças com preços
de roupa chique.
REVIVALS.
A partir dos anos 2000, tiveram
início os revivals na moda de praia. A onda
era/é mesclar – e modificar – modas antigas,
praticamente de todas as décadas, desde os
anos 50. No entanto, essa indústria continua
optando por modelagens bem pequenas e
cavadas: biquínis de cintura baixa e maiôs
recortados nas laterais e presos com uma
argola no centro ganham destaque.
A outra novidade é a mistura de
tecidos lisos com estampas e cores vivas
e diferentes. A idéia marca o surgimento
de coleções de moda praia, lançados em
disputados e midiáticos eventos como o
São Paulo Fashion Week e o Fashion Rio.
Nas últimas estações, os modelos tipo
tanga, fio-dental e até o asa-delta estão
em destaque nas passarelas. Os que de
frente lembram um maiô, mas de costas se
revela um biquíni, são os mais trabalhados
e apresentados nos desfiles, virando a
febre dos últimos lançamentos.
Moda
praia 2008
O
guarda-roupa do verão 2008 tem
influência das décadas de 70
do século 20 em diante, e traz
muitas novidades, como brilhos e novos
tecidos. Os biquínis e maiôs prometem vir
cheios de detalhes: argolas de metal, em
formatos e localizações variados, argolas
plásticas coloridas e com brilho, tiras e
efeitos de costura, aplicações de cristais,
lantejoulas ou bordados e recortes com
muita mistura de tecidos e estampas.
O artesanal crochê, sucesso dos
anos 70, está de volta. Além de
biquínis, ele aparece também nas
saídas de praia em formas amplas
e desenhos arrojados. Entre os
maiô para os modelos engana-mamãe (maiô na frente e biquíni nas
costas), destacado com brilhos e
penduricalhos. Tem também aqueles com decotes profundos e geométricos e recortes variados.
Os lacinhos voltam com tudo
nas calcinhas, seja de um lado só
ou nos dois. O ousado modelo fio
dental, febre nos anos 80, também
reaparece. Até o modelo asa delta,
outro grande hit do passado, ganha
vida nova nesta estação.
Nas cores, a tendência são as
fortes e cítricas (principalmente
amarelo, verde e azul) suplantando,
por enquanto, os tons pastéis da
edição anterior. Para as que desejam
andar na moda, vale lembrar que as
estampas da vez são as geométricas,
relembrando os anos 1980.
O biquíni ganhou as mais variadas formas, tamanhos e cores no Brasil
Gringo que ganhou
sotaque brasileiro
A
pesar de não ter sido criado em
terras tupiniquins, foi no Brasil
que o biquíni ganhou as suas
mais variadas formas, tamanhos, cores
e padrões. Hoje, ele se tornou um dos
principais símbolos de brasilidade e
tem representado com pouco tecido,
mas muito charme e beleza, a indústria
da moda praia brasileira.
Além da criatividade, avanços
tecnológicos e ousadia dos nossos
estilistas, os mais de oito mil quilômetros de litoral têm servido de inspiração
para transformar o Brasil num lançador
mundial de tendências desse segmento.
Pequenas e grandes marcas espalhadas
principalmente pelos estados do Sudeste e Nordeste, levam para todos os
continentes os mais ousados passeios
de banho made in Brazil, garantindo
ao país o título de maior fabricante e
consumidor desse tipo de roupa.
Entre as marcas mais famosas nesse
universo fashion está a cearense Água
de Coco, fundada em 1985 pela estilista
Liana Thomaz. Há alguns anos, a grife
fechou uma parceria com a maior rede de
lingerie e moda praia do mundo: a Victoria’s
Secret. Atualmente, as peças da Água de
Coco podem ser encontradas em todos os
estados brasileiros e em dezenas de países,
www.sfiec.org.br
incluindo EUA, e outros da Europa, Japão,
Austrália, México, Havaí e África do Sul.
Além da Água de Coco, as também
cearenses Meio Tom, Exercise, Gamane,
Filha do Sol, Malu Macedo e Jakline fazem
sucesso nesse universo praiano. Estima-se
que a moda praia cearense produza cerca
de 15 milhões de peças anualmente.
O interesse estrangeiro pelos biquínis
brasileiros tem contribuído positivamente
para o saldo da balança comercial. Somente para os Estados Unidos, de acordo
com a Associação Brasileira da Indústria
Têxtil (Abit), o Brasil exportou, em 2006,
US$ 9,46 milhões de produtos de moda
praia. Em 2007, apenas de janeiro a
maio, foram US$ 6,42 milhões.
Estima-se que o Brasil produza cerca
de 300 milhões de unidades de roupas de
praia/banho. O volume movimenta mais R$
2,5 bilhões ao ano. Ainda segundo a Abit,
essa moda representa atualmente mais de
10% do volume exportado pelo setor têxtil
no Brasil. Os principais mercados consumidores são os EUA e a Europa.
É bem verdade que a França do
pós-guerra possui o mérito de ter criado
o biquíni, mas não é exagero afirmar: foi
no Brasil que ele explodiu. Fato que em
muito se deve à criatividade dos estilistas
brasileiros e ousadia de nossas mulheres.
Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC
|
29
Frases&Idéias
T I R A D A S
I N S P I R A D A S ,
F R A S E S
C O N C E I TU A I S
Gestão
O caminho
aponta para
que as empresas cada
vez mais se voltem
para os princípios da
governança corporativa e
às questões referentes ao
meio ambiente. Acabou
a fase da empresa em
que conseguir lucros é
suficiente.
Geraldo Gadelha, ex-
presidente da Associação
dos Analistas e Profissionais
de Investimento do Mercado
de Capitais do Nordeste
(Apimec/NE).
“Se o governo não defender os
interesses do Brasil, as empresas
vão resolver os problemas das
empresas e não do Brasil.
Milton Cardoso, presidente
da Associação Brasileira
das Indústrias de Calçados
(Abicalçados).
Conceito
Missão
Quando foi criada, a
meta principal da AJE era
a formação de jovens lideranças,
mas, hoje, já transcendemos
esse objetivo.
contestando as recentes
notícias sobre um possível
apagão no país.
“Não há mais espaço para alguém
com imagem de corrupto se lançar
à Presidência.”
Mauro Paulino, diretor-geral do
Instituto Datafolha.
Prognóstico
Carol Mello, nova coordenadora geral da entidade, empossada dia 15/1.
“A educação é o melhor caminho
para diminuirmos a distância entre Tintas
o Brasil que tem o 12º PIB mundial “Todos os segmentos da indústria
de tintas superaram as expectativas
e o Brasil que ocupa o 63º IDH.”
Deputado federal Ariosto
em 2007. Nossa previsão de
Holanda (PSB).
crescimento das vendas para o
ano, feita no final de 2006, era de
Olho vivo
4,5% em volume. Crescemos 8% em
relação ao ano anterior.”
Presidente Lula,
O UT R A S
Calçados
Educação
“Nenhum risco [de
racionamento]. Nenhum risco.
A questão energética vive de
boatos. Todo dia tem boatos
de que vai acontecer isso, vai
acontecer aquilo.”
E
Praga
“O atravessador não só atua
pressionando preços para
baixo como, predatoriamente,
ameaça os produtores que
buscam organizar-se em
programas de qualidade. É o
bicudo do leite.”
Flávio Viriato Saboya Neto, da
Dílson Ferreira, presidente-
Federação da Agricultura do
executivo da Associação
Ceará (Faec), sobre pressões
Brasileira dos Fabricantes de
sofridas por comunidades de
Tintas (Abrafati).
pequenos produtores de leite.
Saúde
Eu não sei se (o Hospital da Mulher) é uma
prioridade. É uma prioridade eleita pela
prefeita (Luizianne Lins). Se eu fosse prefeita, eu
daria prioridade a equipar os hospitais que hoje nós
temos na rede pública.
30 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008
Senadora Patrícia Saboya (PSB/CE)
www.sfiec.org.br
O aumento
Imposto sobre
Operações Financeiras
(IOF) e da Contribuição
Social sobre Lucro Líquido
(CLSS) não altera a
previsão da indústria para
este ano. A indústria de
transformação tem
condições de crescer
entre 5,3% e 5,5% em
2008.
Paulo Skaf,
presidente da FIESP.
Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM)
aswuipmnrww
Quando se escreve sobre educação,
no SESI se lê qualidade
Veja por que:
Em 2007, as Escolas
SESI no Ceará
alcançaram grandes
resultados em
premiações de entidades
como o Instituto da
Cidadania Brasil, o
Ministério da Educação
e a Secretaria de
Educação do Estado
(Seduc). O resultado é
reflexo do investimento
que a indústria cearense
faz na formação dos
trabalhadores do
amanhã. Porque a
exigência para uma
indústria competitiva
é a educação de
qualidade.
Prêmio Construindo
a Nação
» Escola SESI/Juazeiro do Norte
1º lugar no estado na categoria
Ensino Fundamental;
» Escola SESI/Sobral
3º lugar no estado na categoria
Educação de Jovens e Adultos.
Índice de
Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb)
Ensino Fundamental
» Escola SESI/Sobral
1º no município e 3º lugar
no estado
» Escola SESI/Parangaba/Fortaleza
7º lugar no estado
Prêmio Escola
Destaque 2007
Categoria Melhor
Desempenho - Ensino
fundamental.
» Escola SESI/Juazeiro do Norte
3º lugar no estado.
» Escola SESI/Barra do Ceará/
Fortaleza
4º lugar no estado.
Educação – o melhor investimento da indústria
www.sfiec.org.br/sesi
Av. Barão de Studart, 1980 – Telefone: 3466-5800 – Cep 60.120.901
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SENAI, INOVANDO
COM A INDÚSTRIA

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