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Impresso Especial 1000013823-DR/CE FIEC CORREIOS Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano I n No 8 n Janeiro de 2008 Mercado livre de energia No Ceará, setores que migraram do mercado cativo para o livre chegaram a economizar 60% no custo mensal com o insumo. Mas os preços atrativos podem trazer riscos, como em qualquer negócio JANEIRO 2008 | No 8 Exploração sexual Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará 8 Crianças e adolescentes Jair Meneguelli diz que Fortaleza contará com projeto piloto de turismo sustentável do SESI. ...................................................................................... Envase de águas 11 Perigo para o consumidor Sindbebidas alerta sobre riscos da legislação que autorizou águas purificadas e adicionadas de sais. ...................................................................................... Projeto Vínculos 14 Qualificação de fornecedores Iniciativa a ser executada pelo IEL contempla o Mapa Estratégico da Indústria 2007-2015. ...................................................................................... Inovação 20 Financiamento Ceará recebe R$ 9 milhões em recursos da Finep por meio do Pappe Subvenção. q19cwevul Matéria de capa 16 26 ENERGIA. Os altos índices de reajuste da tarifa de energia elétrica nos últimos anos, motivados pela privatização das concessionárias de energia no Brasil, têm despertado a atração dos consumidores para a oferta de energia no mercado livre. A diferença entre o mercado livre e o regular está exatamente nas vantagens e ameaças que ambos oferecem. No Ceará, alguns setores chegaram a economizar até 60% no custo mensal ao migrarem do mercado cativo para o livre. Biquíni sessentão O sessentão biquíni nasceu na França do pós-guerra e explodiu no Brasil. Após mexer com a cabeça de mulheres e homens ao longo dos anos, a peça agora vive momentos de releitura. SEÇÕES 5 MENSAGEM DA PRESIDência Os desafios de 2008 6 Notas&Fatos FIEC confraterniza com jornalistas www.sfiec.org.br Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | aswuipmib3df1cv MensagemdaPresidência Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec Roberto Proença de Macêdo DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Roberto de Carvalho Fujita, Pedro Alcântara Rego de Lima e Wânia Cysne Medeiros Dummar Diretor administrativo Affonso Taboza Pereira Diretor financeiro Álvaro de Castro Correia Neto Diretor administrativo adjunto José Moreira Sobrinho Diretor financeiro adjunto José Carlos Braide Nogueira da Gama. Diretores Verônica Maria Rocha Perdigão, Abraão Sampaio Sales, Antônio Lúcio Carneiro, Cândido Couto Filho, Flávio Barreto Parente, Francisco José Lima Matos, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hercílio Helton e Silva, Jaime Machado da Ponte Filho, José Sérgio França Azevedo, Júlio Sarmento de Meneses, Manuel Cesário Filho, Marco Aurélio Norões Tavares, Marcos Veríssimo de Oliveira, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Raimundo Alves Cavalcanti Ferraz CONSELHO FISCAL Efetivos Frederico Hosanan Pinto de Castro, José Apolônio de Castro Figueira e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Hélio Perdigão Vasconcelos, Fernando Antonio de Assis Esteves e José Fernando Castelo Branco Ponte Delegados na CNI Efetivos Roberto Proença de Macêdo e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Manuel Cesário Filho e Carlos Roberto de Carvalho Fujita Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Rubens Fontenele Albuquerque Serviço Social da Indústria — sesi CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita, José Moreira Sobrinho e Marcos Silva Montenegro Suplentes Flávio Barreto Parente, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Vanildo Lima Marcelo e Verônica Maria Rocha Perdigão Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco José Pontes Ibiapina Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes do Sindicato das Indústrias de Frios e Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Delegados das Atividades Industriais Efetivos Affonso Taboza Pereira, Álvaro de Castro Correia Neto, Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo e Ricardo Pereira Sales Suplentes José Carlos Braide Nogueira da Gama, Francisco José Lima Matos e Hercílio Helton e Silva Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representante do Ministério do Trabalho Efetivo Francisco José Pontes Ibiapina Delegado da Categoria Econômica da Pesca Efetivo Maria José Gonçalves Marinho Suplente Eduardo Camarço Filho Diretor do Departamento Regional do SENAI-CE Francisco das Chagas Magalhães Comissão de Contas Membros Álvaro de Castro Correia Neto, Eduardo Camarço Filho e Francisco José Pontes Ibiapina Instituto Euvaldo Lodi — IEL Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) — DRT/CE Nº 53 Redação Luiz Henrique Campos ([email protected]), Gevan Oliveira ([email protected]), Ângela Cavalcante ([email protected]) e David Negreiros Cavalcante ([email protected]) Fotografia Sebastião Alves ([email protected]) e José Sobrinho ([email protected]) Coordenação gráfica Ítalo Araújo ([email protected]) Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3466.5435 e 3466.5436 Fax (085) 3466.5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Publicidade (85) 3466-5434 e 9187.5063 — [email protected] Diagramação - Editora Assaré Ltda/Vladimir Pezzole — Impressão Tecnograf Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec. Editoração - Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 www.sfiec.org.br Os desafios de 2008 G randes desafios nos trazem sempre grandes oportunidades. O Brasil se avizinha de mais uma turbulência internacional em face dos problemas na economia norte-americana e de seus desdobramentos. Cabe aos governos e ao setor empresarial a antecipação de planos de ação para minimizar os efeitos no país, nos estados e nas nossas empresas. Graças às estruturas internas, ao crescimento da base da nossa economia, à estabilidade da moeda e à inflação sob controle, os efeitos de uma crise internacional já não nos afetam na mesma proporção das anteriores. Entretanto, não podemos em nenhum momento nos descuidar, achando que o país está “blindado” a essas crises. Governos e sociedade precisam fazer um competente e pesado dever de casa. O governo Lula tem que reduzir o tamanho e os gastos da máquina pública, principalmente sendo um ano de eleições municipais, quando tradicionalmente os gastos “políticos” são muito aumentados em benefício de candidatos. Os investimentos no PAC têm que ser garantidos, a despeito da queda da CPMF. Além disso, o governo precisa criar mecanismos de incentivos que façam com que o mercado interno permaneça aquecido ou cresça ainda mais para compensar os efeitos da turbulência. A reforma tributária é inadiável e precisa ser conduzida e aprovada no decorrer de 2008, com redução e adequação da carga de impostos, sob pena de fracasso de todas as demais medidas visando superar a crise e dar continuidade ao crescimento para o desenvolvimento sustentável. Aos companheiros empresários, gostaria de compartilhar uma reflexão sobre como poderemos de forma proativa contribuir para vencer os desafios de 2008. No âmbito das nossas empresas, temos que continuar buscando diuturnamente a redução de custos e eficiência operacional. Podemos alcançar esse ob- jetivo substituindo matérias-primas por outras de menor valor, mantida a qualidade, e melhorando processos, por meio de investimento em novos equipamentos e capacitação continuada do maior patrimônio empresarial – as pessoas. A adversidade da conjuntura mundial poderá ser a nossa oportunidade. Aproveitaremos seguramente essas oportunidades se diversificarmos as linhas de produtos nos mercados onde já atuamos e abrirmos novos mercados de destino. Tenho certeza de que nós, empresários, compartilhamos da convicção de que somente mediante o associativismo, o trabalho em conjunto e ações integradas, teremos a força necessária para superar as dificuldades. Está, portanto, na hora de transformarmos essa convicção em resultados. O fortalecimento e a profissionalização dos nossos sindicatos constituem a essência do plano de ação da FIEC para este ano. A elaboração e a implantação do Plano Estratégico do Sistema FIEC, juntamente com todos os sindicatos associados, e o uso da ferramenta BSC [Balance Score Card], garantirão a colocação do nosso sistema sindical industrial no patamar necessário para a construção da “Nova Indústria”. O desafio está posto. Conscientes das dificuldades e das oportunidades, não nos restam muitas alternativas senão a de, desde já, trabalharmos duro e unidos para deixarmos de ser o eterno “país do futuro”, e fazermos todas as mudanças necessárias para a construção do Brasil que nós queremos ser. Mãos à obra! n É PRECISO TRABALHAR DURO E UNIDO PARA DEIXARMOS DE SER O ETERNO PAÍS DO FUTURO. www.sfiec.org.br Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | aswuipmnwwi O q u e Notas&Fatos acon t ece no Si s t e m a F I E C , na P o l í t ca e na E cono m ia Balanço Saúde SESI/CE atento aos riscos da AIDS Qualidade foi prioridade para o Sindcerâmica Desde 2005, o laborató- Em 2007, o Sindcerâmica focou sua atuação na qualificação e na qualidade do setor no estado. A entidade realizou diversos eventos, entre cursos, palestras e seminários para as empresas. Entre as ações de destaque, está o Programa Setorial da Qualidade, uma parceria com a Anicer, o SENAI e o Sebrae. Busca garantir a conformidade e normalização dos produtos cerâmicos, melhorando o potencial produtivo e a qualidade dos produtos fabricados. Com o IEL/CE, desenvolveu atividades no APL de Base Mineral de Cerâmica Vermelha do Baixo Jaguaribe. O objetivo é realizar uma ampla ação na cadeia produtiva, atuando sobre fatores que afetam o desenvolvimento tecnológico e a competitividade das empresas. O sindicato também organizou a participação das empresas em eventos como a 2ª Convenção de Cerâmica Vermelha e 12º Encontro dos Sindicatos do Nordeste, realizado em São Luís, e o 36º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha em Belo Horizonte, que teve a participação de 20 ceramistas do estado. rio do Núcleo SESI de Referência em Saúde Jorge Parente Frota Júnior realiza teste de HIV. Os pacientes atendidos recebem acompanhamento do serviço de aconselhamento (pré e pós-teste), seguindo as recomendações da Coordenação Nacional de DST/AIDS. Até o fim de 2007, foram feitos 621 exames. A entidade também realiza, desde 1989, ações integradas em nível preventivo em DST/HIV/AIDS para atender os trabalhadores das empresas, seus familiares e a comunidade em geral. A realização do teste tem caráter confidencial e sigiloso, não sendo permitida sua obrigatoriedade nos exames médicos das empresas, conforme as portarias interministeriais nº 796/92 e 869/92 e a Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1359/92. >> Cartas à redação contendo comentários ou sugestões de reportagens podem ser enviadas para a Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) — Avenida Barão de Studart, 1980, térreo, telefone (85) 3466-5434. Email: [email protected] CONFRATERNIZAÇÃO FIEC reúne jornalistas na Casa da Indústria D urante almoço de confraternização com a imprensa cearense, realizado em janeiro na cobertura da Casa da Indústria, o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, agradeceu o apoio dado pelos jornalistas às ações da entidade em 2008. Durante o encontro, que reuniu cerca de cem profissionais de imprensa, Roberto Macêdo apresentou dados do setor em 2007, ano em que a indústria cearense cresceu 5% – um pouco abaixo da média da indústria nacional. O presidente da FIEC lembrou que, apesar da sobrevalorização do real, as exportações de produtos industrializados cearenses cresceram cerca | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 de 19%. Em relação ao SFIEC, destacou que os últimos 12 meses foram positivos e indicou que o plano de trabalho da entidade para 2008 será focado em três linhas de ação: fortalecimento do sistema sindical patronal da indústria cearense, elevação da competitividade das empresas e formação de mão-de-obra para a “Nova Indústria”. Outra meta para este ano é o início em fevereiro, com a participação de todos os sindicatos, do Planejamento Estratégico da entidade para o período 2008/2010, em consonância com o Plano Estratégico do Sistema Indústria, elaborado pela CNI. www.sfiec.org.br Notas&Fatos agenda ......................................................... Ceará n Em abril, o CIN/CE rea- Indústria COMEÇA 2008 contratando liza o curso Direito Marítimo: Regulamentação e Práticas Relevantes. Informações: 3466-5420. n O SENAI de Maracanaú Contrariando a sazonalidade do período no setor, a indústria cearense começa 2008 contratando mão-deobra. O coordenador da Unidade de Economia e Estatística do INDI, Pedro Jorge Ramos Vianna, afirma que a expectativa era de arrefecimento da indústria em janeiro, como ocorre em todos os anos, por ser um período em que as maiores vendas já ocorreram. Ele explica que a indústria está demandando mão-deobra qualificada. “É um fenômeno que ocorre no Brasil todo. E isso se repete aqui no Ceará”, afirma. Segundo o coordenador do INDI, os setores com maior carência de profissionais qualificados no Ceará são a indústria da construção civil e a metalúrgica realizará em março o curso Eletrônica, Montagem e Manutenção de Computadores. Informações: 3215-3026. n O IEL/CE está com 2008 inscrições abertas para o curso de pós-graduação em Psicologia Organizacional e do Trabalho. Informações: 3466-6509. Setor têxtil investirá em qualificação O setor têxtil cearense não teve muito o que comemorar em 2007. A queda do dólar e a competição desleal com os concorrentes chineses levaram o setor a enfrentar sérias dificuldades durante boa parte do ano. Para a presidente do Sindtêxtil, Verônica Perdigão, somente nos últimos meses do ano o setor apresentou bons resultados. Segundo Verônica, a expectativa é que 2008 seja um ano melhor. “Foi difícil o que enfrentamos no ano passado”, ressalta. Dentro dessa perspectiva, a presidente do sindicato aposta na qualificação profissional como um dos pontos a serem explorados mais intensamente. Como projeto, a instituição pretende desenvolver com a FIEC, por meio do SENAI/ CE, e com o apoio da CNI, um trabalho direcionado a cursos de capacitação e requalificação profissional. “Precisamos fazer isso porque nosso parque industrial é de ponta e nossos funcionários devem estar à altura desse potencial”, argumenta. Construção civil Sinduscon tem nova diretoria O engenheiro Roberto Sérgio Ferreira é o novo presidente do Sinduscon/CE. Ele sucede o empresário Carlos Fujita, que comandou a entidade por cinco anos. Um dos destaques da gestão que termina foi a criação do Programa Qualidade de Vida na Construção Civil, desenvolvido em parceria com o SESI/CE. A iniciativa desenvolve atividades nas áreas de segurança no trabalho, saúde, bem-estar, esporte e lazer dos operários. Já em 2005, foi criado o Programa de Arrendamento Residencial (PAR). Por meio dele, o volume de financiamentos para a população de baixa renda triplicou em três anos. Mais de três mil unidades habitacionais do PAR já foram construídas no Ceará. www.sfiec.org.br CURTAS ............................................................ n As exportações do Ceará alcançaram US$ 1,148 bilhão em 2007, o que representa um crescimento de 19,4% em relação a 2006. Só em dezembro, as vendas externas registraram US$ 100,9 milhões, expansão de 25,5% ante o mesmo mês do ano anterior. As variações estão acima da média nacional. n A fábrica da Microsol localizada no Eusébio pretende dobrar sua capacidade de produção de nobreaks e estabilizadores. A unidade vai gerar 20% mais empregos. n O Brasil é o segundo país onde o investimento estrangeiro direto mais cresceu em 2007. O volume líquido de investimento direto recebido deve chegar a US$ 37,4 bilhões. A maior parte desses recursos destina-se a aumentar a produção industrial. O primeiro lugar do ranking é a Holanda. Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | Entrevista J A I R M E N E GU E LL I Exploração sexual: projeto piloto será em Fortaleza A cidade de Fortaleza deverá fazer parte este ano de um projeto piloto do Conselho Nacional do SESI para combater a exploração sexual de crianças e adolescentes, dentro de uma proposta de turismo sustentável que será estendida a todo o país N os próximos dias, o presidente do Conselho Nacional SESI, Jair Meneguelli, vai se reunir com a prefeita Luizianne Lins para discutir a implantação do projeto. Outro tema a ser trabalhado intensamente em 2008 será a questão ambiental. No final do ano passado, o SESI foi convidado pelo Ministério do Meio Ambiente para fazer parte de acordo de cooperação para implantação de um programa de capacitação visando adotar mecanismos de desenvolvimento limpo. Meneguelli diz que o conceito de responsabilidade social, um dos norteadores da imagem do SESI, adapta-se a essa proposta. Em entrevista exclusiva à Revista da FIEC, Meneguelli fala sobre as perspectivas do Conselho Nacional do SESI para 2008 e os avanços alcançados em 2007, assim como a respeito do Programa Cozinha Brasil e do Projeto Receitas Regionais, os quais, a partir do Ceará, introduziram o caju como alimento salgado, evitando seu desperdício e ajudando a diminuir a escassez nutricional no Nordeste. A INCLUSÃO DOS TRABALHADORES NOS CONSELHOS DELIBERATIVOS E ENTIDADES DO SISTEMA S HOJE É UMA REALIDADE. Revista da FIEC. Quais as perspectivas do Revista da FIEC. Qual é a sua avaliação Conselho Nacional do SESI para 2008? Jair Meneguelli. Um tema que nós queremos trabalhar, porque acreditamos ser muito importante, é a questão ambiental. Basta ver as notícias e o comportamento das empresas para perceber que esse assunto nunca esteve tão presente no cotidiano da sociedade. Questões como reciclagem, energia limpa, desenvolvimento sustentável e outras devem fazer cada vez mais parte da nossa vida. Também estamos desenvolvendo um projeto para | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 www.sfiec.org.br enfrentar o problema da exploração sexual de meninas e adolescentes. Esse tipo de vulnerabilidade resulta das carências de todo um segmento da sociedade que pode ser transformado a partir da inclusão social, mediante a geração de emprego. Continuaremos apoiando os Departamentos Regionais nos projetos sociais e mantendo os programas já implantados. sobre as ações desenvolvidas pelo Conselho Nacional do SESI em 2007? Jair Meneguelli. O ano de 2007 foi repleto de ações importantes, mas quero destacar especialmente a integração de representantes dos trabalhadores nos conselhos nacionais e regionais do SESI/SENAI e Sesc/Senac, que considero uma inclusão significativa, mesmo não sendo uma atividade apenas do SESI e do SENAI. Para isso realizamos, com o apoio da CNI e da Confederação Nacional www.sfiec.org.br do Comércio (CNC), seminários regionais que forneceram aos novos componentes muitas informações sobre estruturas, funcionamento, realizações e principais programas das instituições. É importante destacar aqui, ainda, a expansão do Programa Cozinha Brasil, que já está transferindo sua tecnologia social a outros países. Estivemos em Montevidéu (Uruguai) no lançamento do programa e o apresentamos aos ministros das áreas de Educação e Saúde do Paraguai. A Gerdau, que doou uma unidade móvel ao Uruguai, também assegurou outra ao Paraguai. Começamos o intercâmbio com outros países apoiados pela Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores, que identificou no Cozinha Brasil uma alternativa eficaz na área da segurança nutricional. Já fomos contatados pelo Panamá e Moçambique para apresentar o Programa. E aqui no Brasil iniciamos mais uma etapa com os Projetos Regionais. Revista da FIEC. Fale um pouco mais sobre a inclusão dos trabalhadores nos conselhos nacionais e regionais do SESI/SENAI e do Sesc/Senac. Jair Meneguelli. Um dos principais objetivos do Fórum Nacional do Sistema S, desde a sua criação, era a inclusão dos trabalhadores nos conselhos deliberativos e entidades do Sistema S. Isso hoje é uma realidade. Foram nomeados, no ano passado, 426 conselheiros indicados por centrais sindicais, oriundos de todas as regiões do país. Eles iniciaram suas atividades a partir de seminários preparatórios. O 1º Seminário Nacional foi realizado no Rio de Janeiro, com a participação do ministro do Trabalho, Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | Saúde Carlos Lupi, e os seminários regionais ocorreram em Brasília (para conselheiros das regiões Norte e Centro-Oeste), São Paulo (conselheiros das regiões Sul e Sudeste) e Bahia (conselheiros da região Nordeste). O Conselho Nacional do SESI e o Conselho Nacional do SENAI realizaram uma reunião extraordinária no final de 2007 para empossar os conselheiros representantes da classe trabalhadora. Os conselheiros regionais deverão, dentro dos seus calendários de reuniões regulares, convocar os novos conselheiros. Esse foi um dos objetivos alcançados pelo Fórum Nacional do Sistema S, que tem, entre outras atribuições, a defesa e divulgação do conjunto das instituições desse Sistema. Além disso, possui a função de identificar as fontes alternativas de financiamento para projetos comuns do Sistema e a concepção de critérios para ação sinérgica das entidades. Tudo isso mediante o estabelecimento de parcerias e programas conjuntos, respeitadas a autonomia e a finalidade de cada uma das instituições. Revista da FIEC. O conceito de res- ponsabilidade social vem ganhando força na indústria e isso, em muito, deve-se ao engajamento do SESI em relação a essa proposta. Aqui no Ceará, por exemplo, a FIEC criou um Instituto para tratar especificamente dessa temática. O senhor poderia abordar um pouco como está se desenvolvendo a partir do SESI esse conceito nacionalmente? Jair Meneguelli. A questão da responsabilidade social está na alma da instituição desde a sua criação. Esse conceito abriga um conjunto amplo de ações que beneficiam a sociedade e as corporações, levando em consideração a economia, educação, meio ambiente, saúde, esporte, atividades locais etc. Essas ações otimizam e criam programas sociais para a melhoria da qualidade de vida do ser humano. Gestão ética e transparência são condições importantes para minimizar os impactos das atividades econômicas tanto no meio ambiente quanto na vida da comunidade. Essa tendência mundial é seguida por todos os setores e a indústria não poderia ficar atrás, principalmente no Brasil, onde o segmento responde por grande parte do desenvolvimento do país e é preciso lembrar que o mundo espera muito de nós, principalmente no que se refere às questões ambientais. É nesse contexto que o SESI, como agente estimulador da responsabili10 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 dade social nas empresas, pode contribuir com uma ação efetiva por meio de projetos de redução de poluentes, combate ao desmatamento, incentivando o reflorestamento e encontrando outras formas de evitar a degradação do meio ambiente. Fomos convidados pelo Ministério do Meio Ambiente para fazer parte de um acordo de cooperação técnica visando à implantação do Programa de Capacitação Voltado para o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. As áreas temáticas prioritárias são florestamento, refloresta- ALÉM DO CEARÁ E PIAUÍ, O Projeto caju ESTÁ SENDO IMPLEMENTADO NO RIO GRANDE DO NORTE E na BAHIA. mento, energia, agricultura e processos industriais. As regiões Norte e Nordeste do país são de interesse prioritário. A intenção é preparar monitores para que possam orientar as comunidades nas práticas corretas de preservação ambiental. Acredito que, com a assinatura desse termo de cooperação, estaremos fortalecendo a nossa participação em um grande movimento nacional. Mas tão importante quanto a qualidade ambiental é a valorização do nosso povo – o resgate da cidadania de uma parcela da população. É por isso que estamos apresentando um projeto de turismo socialmente responsável, com a perspectiva de realizar um projeto piloto em Fortaleza, uma das capitais mais atingidas pela exploração sexual de jovens e pelas redes criminosas de tráfico de mulheres. Nosso intuito é fazer parcerias com órgãos governamentais e com a sociedade organizada. Estamos contando com o apoio www.sfiec.org.br da indústria, no sentido de promover ações estruturais de combate a essa questão. A principal alternativa para essas crianças e adolescentes é a oportunidade de formação e desenvolvimento profissional. Recentemente, discutimos a idéia com o presidente da FIEC, Roberto Macêdo, que se manifestou favorável e ofereceu apoio. Nas próximas semanas, apresentaremos o projeto à prefeita de Fortaleza (Luizianne Lins), de quem também esperamos adesão. Revista da FIEC. O Programa Cozi- nha Brasil implantou no ano passado o projeto Receitas Regionais, e o caju foi adotado, a partir de uma experiência do Ceará, como um dos alimentos a terem incentivado o seu consumo. Já se pode fazer uma avaliação dos resultados alcançados, ou ainda é cedo para isso? Jair Meneguelli. Estamos na fase de divulgação do caju como alimento salgado. O Ceará tem sido o carro chefe desde a implantação do programa. O SESI/CE serviu de base para elaboração de todo o projeto, criando receitas, estabelecendo parcerias locais com a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e outros organismos com destacado reconhecimento de competência no conhecimento do caju. Hoje, realiza um trabalho massivo de divulgação em todo o estado, com a participação em feiras e a realização de festivais gastronômicos na capital, entre outras iniciativas. Os gestores em cada estado têm melhor percepção de como impelir a população local. Ainda não é possível estimar o número de participantes no Ceará, já que é preciso trabalhar essa nova cultura atingindo principalmente o que já existe, como a merenda escolar e os restaurantes. Dessa forma, a expectativa é extremamente positiva. No Piauí, o projeto está em fase de divulgação. Dezenas de toneladas produzidas ali mensalmente terão melhor aproveitamento com o lançamento do projeto, realizado em novembro. A expectativa é beneficiar cerca de 125 mil habitantes este ano com oficinas de produção de alimentos à base do fruto, em parceria com a Fundação Banco do Brasil. O projeto também está sendo implementado no Rio Grande do Norte e na Bahia, considerando que, juntamente com o Ceará e o Piauí, são os quatro maiores produtores de caju do país. n Águas turvas Todo o cuidado é pouco na hora de comprar água envasada. Você pode estar bebendo produto contaminado. Isso passou a acontecer quando a legislação brasileira autorizou o envase de águas purificadas e adicionadas de sais a partir de 1995 E m 1995, o Ministério da Saúde autorizou o envase de águas purificadas e adicionadas de sais. É um produto industrializado a partir da água captada de alguma fonte – poço, poço artesiano, curso d’água, abastecimento público ou outras. Essa água serve de matéria-prima a um processo de beneficiamento: é desinfetada e purificada por processos químicos e físicos e, no final, recebe dosagens de sais que lhe conferem características próprias de sabor. É um procedimento comum em vários países do mundo, sendo uma imposição da própria situação das reservas de águas do planeta. www.sfiec.org.br Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | 11 O consumidor cearense de água envasada, entretanto, corre sério risco de estar bebendo água contaminada. O alerta é do Sindicato das Indústrias de Águas Minerais, Cervejas e Bebidas em Geral do Estado do Ceará (Sindbebidas). Segundo seu presidente, Nilo Sérgio Holanda Gomes, a legislação brasileira foi branda em relação à regulamentação do produto, apenas especificando o teor máximo de sais e permitindo o envasamento de águas de qualquer origem, desde que seja submetida a um tratamento, “com uma flexibilidade enorme que não foi benéfica ao setor”. Nilo Sérgio diz que uma das falhas da legislação reside na possibilidade da utilização de apenas uma quantidade mínima de sais para que a água possa ser consumida. Mas qualquer água comum contém sais. Diante disso, algumas empresas clandestinas se aproveitam e não fazem a adição. Tal fato pode levar a outro problema. Como no Ceará a água dos lençóis varia de acordo com a época do ano, a quantidade de sais nessas águas não é padronizada. Dessa maneira, os teores de sais contidos nos rótulos das águas adicionadas diferem da quantidade real. LEGISLAÇÃO FROUXA. Outro aspecto de risco é que, como a legislação não é clara, muitas empresas, ao adotarem o processamento de sais, utilizam águas de lençóis superficiais e em localidades residenciais sujeitas à contaminação. A legislação permite envasar águas adicionadas de sais de qualquer procedência – açudes, lagoas, sistema público, lençóis superficiais –, desde que sejam submetidas a algum tipo de tratamento. Segundo o presidente do Sindbebidas, a legislação frouxa abriu as portas do segmento para o ingresso de um número grande de novas águas no mercado, as quais se beneficiaram da lei para operar de forma irregular ou clandestina. “Além da flexibilização da lei, o encolhimento do papel do estado tem prejudicado a fiscalização, com os órgãos envolvidos na atividade regulamentória enfrentando muitas dificuldades para exercer seu ofício.” Há dois anos, o sindicato fez uma campanha de esclarecimento ao público e atuou fortemente nas entidades de fiscalização. Como resultado, o problema existe hoje em menor escala se comparado há outros anos. “Mesmo assim, com bastante risco”, ressalta Nilo Sérgio. Para o dirigente sindical, uma das maiores dificuldades residiria na não diferenciação entre embalagem e rótulo: as águas adicionadas de sais usam os mesmos garrafões das águas minerais e utilizam rótulos muito parecidos. o consumidor cearense de água envasada corre SÉRIO risco de estar bebendo água contaminada. Nilo Sérgio Holanda Gomes, presidente do Sindbebidas Polêmica legal A Resolução Anvisa nº- 309/1999 é que define os limites máximos permitidos de sais de cálcio, magnésio, potássio e sódio que podem ser adicionados e admite como aditivo intencional apenas o gás carbônico de padrão alimentício. A Resolução nº- 309/1999 adota o nome de “água purificada adicionada de sais”, que deve constar no rótulo em local visível. No entanto, o Decreto Lei nº7.841/45, em seu artigo 34, usa o termo 12 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 “soluções salinas artificiais”, exigindo que, quando vendidas em garrafas ou outros vasilhames, tragam no rótulo em lugar bem visível essa denominação. Anteriormente, a Portaria do Ministério da Saúde, de nº- 328, de dezembro de 1995, utilizava o termo “água adicionada de sais”. Quatro anos depois, outra portaria do MS, a de nº- 26, de 15 de janeiro de 1999, passou a adotar a denominação “água comum adicionada de sais”, substituída quatro meses www.sfiec.org.br depois pela resolução em vigor. Para o consumidor, independente da questão legal, o problema é que na maioria dos casos, a água purificada adicionada de sais é vendida como água mineral. Apesar do rótulo trazer a informação de que se trata de água purificada adicionada de sais, as pessoas não sabem diferenciar o que estão bebendo quando consomem este tipo de produto. Enquanto a água adicionada de sais é um produto industrializado, a água mineral, por sua vez, tem suas condições biológicas, químicas e físicas, inclusive cor, sabor e odor, providas pela própria natureza. Hoje, existem cerca de 25 águas adicionadas de sais no Ceará. “Até quando fizemos o trabalho no setor, sempre colocamos que a legislação era tão fácil de ser cumprida que não entendíamos por que existiam empresas clandestinas ou irregulares”, afirma Nilo Sérgio. O registro dessas empresas aptas a comercializar águas adicionadas de sais no Ceará é feito no Núcleo de Vigilância Sanitária do Estado (Nuvis). O processo de liberação ocorre a partir da homologação do poço na Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh). É uma ação simples e rápida. Essa água será mais cara à medida que haja a adição de sais. “Como muitas empresas não seguem esse processo, acabam vendendo o produto por preço muito barato, numa concorrência extremamente desleal”, frisa o presidente do Sindbebidas. Diferente do processo de adicionamento de sais ou purificadas, as empresas que comercializam águas minerais exploram o subsolo em regime de concessão da União. Um processo de concessão de lavras pode levar até cinco anos. A concessão e a fiscalização são feitas pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). A Nuvis também fiscaliza as águas minerais. Uma água mineral não pode sofrer tratamento. Deve ser engarrafada da forma que é extraída da natureza. Hoje, existem oito empresas de água mineral no Ceará. n Manoel Fonseca: “Só se deve comprar água envasada quando estiver visível no rótulo a certificação da Anvisa” Sesa promete rigor na fiscalização A Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), por meio da Coordenação de Promoção e Proteção à Saúde, vai intensificar ações de fiscalização nos pontos de comercialização de água envasada. A atividade, porém, não se dará em relação ao combate às empresas que vendem água purificada e adicionada de sais. “Como há uma legislação em vigor, só podemos atuar no combate às que atuam de forma irregular”, afirma o coordenador de Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonseca. Ele diz que a irregularidade ocorre quando essas empresas não utilizam os rótulos de homologação da Anvisa para atuar no mercado. “Muitas delas costumam usar no rótulo a informação em processo de homologação. Mas isso não existe. É para ludibriar o consumidor”, alerta Fonseca. Outro problema enfrentado pela fiscalização é a ausência de endereço das empresas constando nos vasilhames de água. Para tentar burlar essa prática, a Sesa pretende promover o recolhimento nos próprios pontos de venda. Um levantamento preliminar da Sesa aponta que pelo menos 15 empresas que atuam no mercado de águas estariam burlando a legislação. A irregularidade mais comum se refere à falta de registro na Anvisa. “O problema maior que encontramos é falta de endereço fixo dessas supostas empresas, dificultando a ação da fiscalização”, diz Fonseca. Como alerta ao consumidor, ele sugere que só se compre água envasada quando estiver visível no rótulo a certificação da Anvisa. Outra dica é não comprar água em botijões onde o produto não esteja transparente. Que cuidados você adota ao comprar água envasada? 2. Procuro sempre comprar aquelas marcas que já são 1. Verifico primeiro o rótulo para saber se está tudo legal. Outra coisa é ver se o produto apresenta um bom visual em termos de higiene. Procuro também comprar marcas conhecidas do mercado por sentir-me mais garantida. Até hoje, nunca tive problemas no consumo de água envasada. garantia de boa procedência, porque água é o tipo de produto que não se pode arriscar. Além da procedência, verifico se há no rótulo a certificação de homologação por parte dos órgãos de vigilância sanitária. Vejo também a condição do vasilhame, ou seja, se está lacrado, em bom estado, a cor do produto etc. Porcina Frota, enfermeira. Sueli Barbosa, auxiliar administrativa. www.sfiec.org.br Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | 13 Pequenas e médias empresas Projeto Vínculos chega ao Ceará QUALIFICAÇÃO. Na prática, o pro- jeto prevê no Ceará a aplicação do Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF), que beneficiará os segmentos de petróleo e gás, couro e calçado, metal-mecânico e construção civil. “O alvo é preparar esse grupo de pequenas e médias empresas para serem fornecedoras de grandes corporações, geUma determinada empresa transnacional, rando negócios entre elas”, denominada de empresa-âncora, como a explica a técnica do IEL/CE Petrobras, identificará, na sua área de atuação, responsável pelo projeto, pequenas e médias empresas que possam Roberta Reis. A idéia é, de lhe fornecer determinados bens ou serviços, início, sensibilizar as grandemandados por seu processo produtivo. des empresas a aderirem ao projeto, seguido do diagnóstico de suas demandas. Com a intermediação e suporte do Projeto Os próximos passos serão a Vínculos, uma pequena (ou média) empresa, avaliação e a qualificação que venha a ser selecionada, será preparada dos fornecedores (indicados para fornecer os bens ou serviços, dentro das pelas grandes empresas), especificações e condições indicadas pela visando torná-los aptos a empresa transnacional. atender as exigências dos compradores. Essa preparação pode compreender a Essa qualificação consreorganização administrativa, modernização, tará, entre outras atividaampliação e modificação de aspectos des, de oficinas integradas, operacionais, controle de qualidade, seminários, treinamentos de certificação etc. qualidade, saúde e segurança no trabalho (SST) e meio Assim reaparelhada, a empresa ambiente. Paralelo ao profornecedora estará em condições de atender cesso de qualificação teórico, as necessidades da transnacional, dentro dos há também as consultorias novos padrões de produção, com evidentes in loco, onde as empresas vantagens e ganhos para ambas as partes. receberão um consultor do SESI e do SENAI, ou mesmo Saiba mais sobre o Projeto Vínculos do IEL, para verificar o anno site www.projetovinculos.org. damento dos trabalhos. Roberta explica que a meta é inserir no Estado, No Ceará, o projeto será durante o ano de 2008, dez coordenado pelo IEL. Na prática, a pequenas e médias empresas para idéia é criar e aprofundar vínculos cada unidade âncora envolvida. de negócios, justos e sustentáveis, Até o início de janeiro, três granentre grandes empresas (nacionais des empresas (âncoras) já haviam e internacionais), denominadas de assinado o contrato: Cemec Consempresas-âncora, e essas PMEs. truções Eletromecânicas S/A, Fae De um lado, isso proporcionará às – Ferragem e Aparelhos ElétriPMEs locais a melhoria da compecos S.A, e Construtora Queiroz titividade e criação de oportunidaGalvão. Outras três estão em fase des de emprego e renda. De outro, de estudos e deverão aderir ao as grandes empresas obterão projeto nos próximos meses. Em ganhos nos seus suprimentos de todo o país, mais de 60 empresasinsumos e maior firmeza nos seus âncora e cerca de 700 fornecedovínculos de negócios. ras já foram atendidas.n Socialmente responsáveL Entenda o projeto 1. 2. 3. 4. A iniciativa será executada pelo IEL/CE e contempla os segmentos de petróleo e gás, couro e calçados, metal-mecânico e construção civil C om experiências de sucesso nos estados da Bahia e Pernambuco, entre outros, o Projeto Vínculos chega ao Ceará. Além da FIEC, o projeto conta, no estado, com parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/CE). A idéia faz parte do Mapa Estratégico da Indústria 2007-2015, um conjunto de propostas elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) visando contribuir com o desenvolvimento sustentável do Brasil. O Projeto Vínculos objetiva promover o desenvolvimento econômico e social de pequenas e médias empresas (PMEs) localizadas no Norte e Nordeste, mediante o aumento da capacidade produtiva e a melhoria da eficiência empresarial. 14 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 www.sfiec.org.br www.sfiec.org.br Fausto Keske Cassemiro, coordenador do projeto P ara o diretor nacional do Projeto Vínculos, Evandro Mazo, o programa permite que a grande empresa atue de forma socialmente responsável, fomentando o desenvolvimento da competitividade e a formação profissional. “Comprando localmente, a grande empresa dinamiza a economia, fazendo com que mais dinheiro circule na região”, afirma. Segundo o coordenador do projeto, Fausto Keske Cassemiro, os fatores críticos para o sucesso da iniciativa são o estabelecimento de reuniões periódicas do comitê gestor, a freqüência no contato com as empresas e o monitoramento contínuo das unidades fornecedoras. Ele ainda destaca como imprescindível ao programa o comprometimento das empresas-âncora em relação à priorização da geração de negócios. “Como o projeto é muito participativo, desde sua fase inicial de sensibilização é importante que as grandes empresas estejam presentes e atuem em sua construção”, frisa. Em sua origem, o Projeto Vínculos é resultante da cooperação da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), a Agência Germânica para Cooperação Técnica (GTZ), a Fundação Dom Cabral, o Instituto Ethos e o Sebrae. Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | 15 Brasil Energia Vantagens e riscos do mercado livre A diferença entre o mercado livre de energia e o regular está exatamente nas vantagens e nas ameaças que ambos oferecem. No primeiro caso, há preços mais atrativos, mas como em todo o negócio ele implica riscos POR ÂNGELA CAVALCANTE 16 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 www.sfiec.org.br O s altos índices de reajuste da tarifa de energia elétrica nos últimos anos, motivados pela privatização das concessionárias de energia do Brasil, têm despertado a atração dos consumidores para a oferta de energia no mercado livre. No Ceará, alguns setores que migraram do mercado cativo para o mercado livre de energia chegaram a economizar até 60% no custo mensal com o insumo. Essa liberdade, entretanto, não está ao alcance de todos os consumidores. Somente usuários com demanda contratada igual ou superior a 500 quilowatts é que podem optar por adquirir energia fora do mercado cativo, sendo que unidades consumidoras com demanda entre 500 quilowatts e 3 mil quilowatts estão aptas apenas a comprar energia de fontes alternativas (fonte eólica, biomassa ou solar) ou de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas). Só podem comprar energia de qualquer fornecedor consumidores com demanda a partir de três megawatts atendidos em tensão igual ou superior a 69 quilovolts. No caso dos “clientes novos” (consumidores ligados após 8 de julho de 1995), não existe a restrição da tensão de atendimento. Para eles, o único critério é que tenham demanda igual ou superior a três megawatts. COMPETITIVIDADE. Mas existem van- tagens reais em adquirir energia no mercado livre? Há segurança no negócio? De acordo com o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado do Ceará (Sindtêxtil), Iran Ribeiro, a compra de energia no mercado livre conferiu mais competitividade às indústrias. No setor têxtil, onde o uso de energia é intensivo, a conta de luz proveniente do mercado cativo corresponde ao segundo maior custo das indústrias. Existem hoje no estado 12 empresas com capacidade (demanda igual ou superior a três megawatts) para adquirir energia livremente. Onze delas continuam comprando no mercado livre e uma acabou retornando recentemente ao mercado cativo. O motivo foi a oscilação no preço da energia comercializada por fornecedores independentes. “A falta de uma regulação que dê mais www.sfiec.org.br estabilidade ao mercado fez a empresa se sentir muito frágil. Temendo ficar sem energia no mercado livre, ela decidiu voltar ao mercado cativo por sentir mais segurança”, diz Iran Ribeiro. Mas os riscos fazem parte de qualquer negócio. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Agentes Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel), Paulo Pedrosa, a diferença entre o mercado livre e o regular está exatamente nas vantagens e nas ameaças que ambos oferecem. “No mercado livre, há preços mais atrativos, mas como em todo o negócio ele implica riscos. É preciso comprar de forma responsável, estando sempre atento aos prazos dos contratos e à qualidade do fornecimento de energia”, alerta Pedrosa. O superintendente de estudos de mercado da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Dilcemar Mendes, lembra que a aquisição de energia no mercado livre é um negócio como outro qualquer. Por isso, precisa ser bem planejado. O primeiro passo é fazer uma avaliação profunda das vantagens e desvantagens. Outro ponto fundamental é efetuar o contrato com antecedência e, de preferência, de longo prazo. “Fechar contrato de compra de última hora deixará a empresa sujeita aos preços ofertados na época. A duração também é importante. Quanto mais longo for o contrato, mais garantia terá o comprador”, afirma o executivo da Aneel, que observa: “Nem sempre se vai conseguir comprar energia mais barata no mesmo fornecedor, pois o mercado livre é um processo cíclico que exige constante negociação”. A redução nos custos, no entanto, ainda é o fator mais atrativo às empresas que desejam migrar para o mercado livre de energia. Nas de menor porte não é diferente. Segundo Iran Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | 17 Diferenças regionais A Ribeiro, mesmo somando a conta mensal de energia com o pagamento da Tarifa Única do Sistema de Distribuição (TUSD) – valor pago à concessionária de energia local pela utilização de seu sistema condutor para o transporte de energia proveniente de outros fornecedores –, ainda é mais compensador migrar para o mercado livre. “As empresas que consomem energia incentivada (na faixa de 500 quilowatts a 3.000 quilowatts) e têm desconto de 50% na TUSD conseguem obter uma economia de aproximadamente 60% nos custos com energia, em comparação ao que pagariam no mercado cativo”, garante o vice-presidente do Sindtêxtil. Ele lamenta a escassez de fontes alternativas no Nordeste, apesar do potencial de crescimento da região em relação ao consumo desse tipo de energia. “Tem que aparecer mais geradores de energia para abastecer nosso mercado. Isso será um estímulo ao surgimento de novos consumidores.” Mas a conselheira da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Élbia Melo, alerta: “O Brasil tem sistema interligado. Não exis- tem barreiras para adquirir energia incentivada de uma fonte alternativa localizada em regiões distantes. Portanto, um consumidor aqui do Ceará pode comprar energia de qualquer parte do país”. A especialista observa que a liberdade de escolher o fornecedor de energia, fora dos limites do mercado cativo, também pode ser conquistada por meio da formação de associações. “A compra de energia incentivada pode ser feita tanto por um consumidor único como por associações de consumidores, formadas a partir da união de shoppings centers, supermercados, pequenas indústrias ou mesmo condomínios”. Segundo ela, no caso de condomínios, para formar uma associação apta a comprar energia de fontes alternativas, basta que os condôminos façam um contrato e o apresentem na CCEE, indicando um representante. Depois, é só formalizar o contrato com o CNPJ do condomínio. “É muito simples”, resume a especialista, que aponta o novo modelo de contrato como alternativa para alcançar uma tarifa justa pelo consumo de energia. n Mercado livre: saiba mais P ara diminuir o preço da energia elétrica aos consumidores finais (as empresas) e instituir a competitividade no setor elétrico do mercado brasileiro, foi criado em 1995 o mercado livre de energia, que quebrou o monopólio das concessionárias no mercado de energia elétrica do país, a partir da criação de leis que permitem que consumidores comprem energia de qualquer fornecedor, 18 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 distribuidor ou agente comercializador, não estando mais obrigados a comprar diretamente da concessionária local. Toda comercialização de energia nesse mercado é realizada por meio de contratos bilaterais firmados entre o consumidor livre e um agente comercializador ou gerador, sendo que a liquidação desses contratos ocorre no ambiente da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). www.sfiec.org.br s diferenças regionais podem se tornar mais acentuadas se não houver regulamentação do mercado livre de energia por parte da Aneel. É o que defende Iran Ribeiro. “Quem está produzindo lá no sul tem situação muito mais saudável, pois está perto do mercado consumidor, da produção, do consumo, da ausência de frete, da matéria-prima e de melhor nível tecnológico. Não se pode desconsiderar essas características do mercado”, afirma o empresário. Segundo ele, colocar os indicadores de energia elétrica no mesmo patamar para regiões completamente diferentes é pôr em risco a economia do país. De acordo com Iran Ribeiro, os empresários cearenses estão preparados para correr os riscos no mercado livre de energia. “Já não cabe mais o amadorismo de não se planejar para correr riscos. O mercado livre de energia é uma realidade nacional. E o Ceará não pode ser diferente, sob pena de perdermos competitividade”, alerta, para arrematar: “O Nordeste também não pode se dar ao luxo de não aproveitar as oportunidades do mercado livre de energia, já que as empresas que aderem a esse mercado conseguem reduzir em até 60% o valor da conta no mercado cativo”. os empresários cearenses estão preparados para correr os riscos no mercado livre de energia. Iran Ribeiro, vice-presidente do Sindtêxtil Força eólica O Ceará ganha mais quatro parques de energia eólica, com potência instalada de 155 megawatts O Grupo Servtec, por meio da empresa Bons Ventos Geradora de Energia S\A, o Grupo Ligna e o Fundo de Investimento Brasil Energia (FIP), assinaram em dezembro na FIEC os três principais contratos de fornecimento para o início da construção de mais quatro parques eólicos no Ceará. Bons Ventos (50 megawatts), Canoa Quebrada (57 megawatts) e Enacel (31,5 megawatts), localizados no município de Aracati, e o Taíba-Albatroz (16,5 megawatts), situado em São Gonçalo do Amarante, terão potência instalada de 155 megawatts, representando 12% da energia consumida atualmente no estado. Os parques entrarão em funcionamento este ano e fornecerão toda a energia produzida para a Eletrobras pelos próximos 20 anos, mediante o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) do governo federal. Instaladas em cidades turísticas, as usinas eólicas não serão cercadas, funcionando como um atrativo a mais para o incremento de atividades locais. Os empreendimentos correspondem a quase um terço dos 504 megawatts habilitados pelo Proinfa para serem instalados no Ceará e a 12% dos 1,4 mil megawatts liberados para o país. Os recursos para a consecução dos parques giram em torno de R$ 800 mil, sendo 80% financiados pelo governo federal via Fundos Constitucionais de Financiamento da Sudene (60%) e Banco do Nordeste do Brasil (20%). As usinas terão 75 aerogeradores importa- dos da Índia e fabricados pela empresa Suzlon com capacidade para gerar até 2,1 megawatts cada. Apesar do solo arenoso, nas bases de sustentação das torres serão utilizados 18 mil metros cúbicos de concreto numa armação de 11 mil toneladas de aço e 1.350 estacas de 70 centímetros de diâmetro, com 15 metros de profundidade. Serão 82 quilômetros de linhas de transmissão. Os primeiros equipamentos devem chegar em fevereiro e mais quatro áreas já estão em prospecção no estado para a implantação de parques eólicos. DESTAQUE NACIONAL. A crise energética e os efeitos negativos causados ao meio ambiente fizeram o mundo voltar-se às fontes alternativas para minorar os problemas causados pelas fontes tradicionais. Nesse contexto, a energia eólica é considerada a mais limpa do planeta. As usinas eólicas aproveitam a força da velocidade dos ventos para gerar eletricidade. O processo se dá a partir de grandes hélices, como cata-ventos gigantes, instaladas em locais privilegiados do ponto de vista dos ventos, que devem preferencialmente ser fortes e constantes durante todo o ano. Atualmente, todas as usinas de geração de energia elétrica no Brasil, a maioria hidrelétricas, possuem capacidade instalada de cerca de 100 mil megawatts. Para se dimensionar a importância da eólica, o Atlas Eólico do Brasil estima o potencial no país em 143 mil megawatts, www.sfiec.org.br sendo que, desse montante, mais da metade está concentrada na região Nordeste (75 mil megawatts), correspondendo a cerca de seis vezes a produção nominal da Usina de Itaipu, a maior geradora de energia do Brasil. No cenário nacional, o Ceará se destaca por ter sido um dos primeiros estados a realizar um programa de levantamento no início da década de 90 do século passado, utilizando anemógrafos computadorizados e sensores especiais. Já em 2001, o governo do estado, por meio da Secretaria de Infra-Estrutura (Seinfra), lançou o Atlas do Potencial Eólico do Ceará, identificando que o Ceará possui cerca de 25% da capacidade nacional para gerar energia a partir da força dos ventos. Isso significa que o estado possui potencial para gerar dez vezes mais energia do que a consumida hoje. Atualmente, o Ceará já conta com três parques eólicos instaladas na Prainha (10 megawatts), Taíba (5 megawatts) e Mucuripe (2,4 megawatts), totalizando 17,4 megawatts de potência instalada. Juntos, esses três parques produzem energia elétrica para abastecer 50 mil residências. Somente os quatro novos parques da Bons Ventos representam quase nove vezes o potencial dos atuais, devendo beneficiar aproximadamente 500 mil pessoas. Até 2010, outros 14 projetos foram habilitados pelo Proinfa, devendo totalizar 500,5 megawatts de potência. Hoje, o Ceará importa praticamente toda a energia que consome. n Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | 19 Financiamento R$ 9 milhões para inovação no Ceará O tamanho do desafio do Brasil O presidente da Finep, Luís Manuel Rebelo Fernandes, usa o recente dado divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que incluiu o Brasil no patamar de países com IDH de nações em desenvolvimento, para citar o tamanho do desafio que temos pela frente em termos de inovação tecnológica. “Se por um lado entramos no grupo, por outro, somos o último deles”, brinca. Para Luís Manuel, ciência e tecnologia estão no coração dos processos de geração de riqueza e renda, que, por conseqüência, geram bem-estar. Veja a seguir trechos do pensamento do presidente da Finep. O tamanho do nosso desafio. Os recursos, oriundos do Pappe Subvenção, serão colocados à disposição pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) A s micro e pequenas empresas do Ceará vão poder contar com R$ 9 milhões para o desenvolvimento de projetos na área de inovação. Os recursos são oriundos do Pappe Subvenção (Programa de Apoio à Pesquisa na Pequena Empresa) e serão colocados à disposição pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). Nessa modalidade de financiamento, as empresas não precisam devolver o dinheiro recebido. Ao todo, o Pappe Subvenção deve aplicar R$ 150 milhões em projetos de inovação de empresas de pequeno porte em 17 estados brasileiros. A expectativa é o apoio a 1,5 mil projetos ao longo de três anos de execução do programa. No caso do Ceará, a Funcap ficará responsável pelo lançamento do edital com as áreas prioritárias que deverão receber apoio do programa e ainda pela análise e aprovação das propostas. Dos R$ 9 milhões, R$ 3 milhões são contrapartida da Funcap e R$ 6 milhões da Finep. PROJETOS INOVADORES. Em linhas gerais, o Pappe Subvenção vai beneficiar empresas que faturem até R$ 10,5 milhões/ano, com financiamen20 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 tos entre R$ 50 mil e R$ 550 mil. O programa vai privilegiar projetos inovadores em áreas prioritárias da política industrial, tecnológica e de comércio exterior, além daqueles relacionados a arranjos produtivos locais e a sistemas estaduais de inovação. Os editais deverão ser diferenciados com valores e objetivos que respeitarão as características e as prioridades regionais. A assinatura do convênio entre a Finep e a Funcap foi realizada na FIEC durante encontro no final do ano passado com empresários e representantes da academia. Para o presidente da entidade, Roberto Proença de Macêdo, o sistema nacional de ciência e tecnologia no Brasil já é reconhecido pelo Banco Interamericano www.sfiec.org.br de Desenvolvimento (BID) como modelo para a América Latina. “Mas não podemos nos contentar com isso. Queremos muito mais.” Segundo Roberto Macêdo, o Mapa Estratégico da Indústria (20072015) aponta a inovação como um dos pilares do desenvolvimento do país. No entanto, hoje o Brasil investe apenas 1,5% do PIB nesse campo, enquanto nos países desenvolvidos esse valor chega a 3%. Ele diz que existe um estudo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) indicando as possibilidades de o setor privado estar ainda distante da inovação. São elas: industrialização tardia, pesquisas voltadas para a academia e priorização tardia dos setores de ciência e tecnologia. n O Brasil passou oficialmente na classificação da ONU a país desenvolvido. Boa notícia. Má notícia: nós somos o último colocado. E o que nos separa dos primeiros da lista para os últimos? É justamente o grau de investimento em pesquisa e em desenvolvimento. Nós vivemos hoje no mundo a chamada Era do Conhecimento e essa não é uma mera classificação. A Era do Conhecimento reconhece o fato de que o conhecimento – e, portanto, ciência e tecnologia – está no coração dos processos de geração de riqueza e agregação de valor. E que gera conhecimento, riqueza e bemestar. O Brasil investe atualmente 1% do seu PIB em pesquisa e desenvolvimento. A média dos países que estão na ponta é de 3%. Esse é o tamanho do nosso desafio. Investimento público x privado. Desse 1% investido no Brasil, 60% são investimentos diretos de órgãos públicos, federais, estaduais e, em alguns poucos casos, municipais. Os 40% restantes são compostos por investimentos do setor empresarial. Mas desses, 20% são de empresas públicas, estatais. Ou seja, o setor empresarial privado é responsável por 1/5 dos investimentos realizados no país. Nos países ricos, a relação é inversa. A maior parte dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento é efetuada no setor empresarial privado. Luís Fernandes: “Se por um lado entramos no grupo, por outro, somos o último deles” Indução. Os investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento nos países ricos não se deram por acaso, e sim por iluminação dos empresários. Esses países investem e subsidiam pesadamente as atividades de pesquisa e desenvolvimento de suas empresas. Nos EUA, por exemplo, 55% do que se investe em pesquisa e desenvolvimento são oriundos de subsídio estatal. Boa parte deles está associada à indústria de defesa, o chamado complexo industrial militar. Isso é um dado importante porque o investimento não surge espontaneamente. Ele é induzido. Nos lugares onde são grandes os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, os países chegaram a esse patamar a partir de forte promoção de seus respectivos estados nacionais. conhecimento científico e tecnológico, começa a promover e consolidar os primeiros grupos de pesquisa no país. Modelo adotado. comparação com os países mais avançados, o Brasil tem um sistema nacional de ciência e tecnologia relativamente recente. Ele é uma criação dos pós-segunda guerra mundial. Isso não significa que nós não tivéssemos atividade de ciência, tecnologia e inovação antes disso. Tínhamos. Mas eram iniciativas isoladas, de alguns cientistas de renome, que muitas vezes contavam para o desenvolvimento da sua atividade de pesquisa com recursos próprios, de familiares etc... Esse sistema estruturado no pós-guerra, com alguns marcos, como, por exemplo, em 1951, a criação do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e da Capes, que passam a constituirse como agências fomentadoras do Essa estruturação nacional do sistema nacional de ciência e tecnologia avançou no contexto de um modelo de desenvolvimento baseado na industrialização via substituição de importações. Isso implicava ter um mercado nacional fortemente protegido e uma política de atração de investimentos externos para ativar os setores mais dinâmicos da economia brasileira. Não todos, mas boa parte desses setores. Historicamente, foi muito importante para o país. O Brasil montou uma base industrial diversificada e integrada em todo o território nacional, fruto desse grande esforço de desenvolvimento que marcou esse período e que tem de ser valorizado. No entanto, com a sua arquitetura e seu desenho, era uma ação de desenvolvimento nacional que não trazia a dimensão da inovação para tal esforço. A idéia era um pouco a de que, tendo um mercado fortemente protegido e atraindo investimentos externos, viriam juntos com eles pacotes tecnológicos, muitas vezes até ultrapassados nas matrizes, mas que aqui continuavam sendo competitivos. O resultado da adoção desse modelo foi uma relativa desconexação entre o de ciência e tecnologia estruturado e os desafios do desenvolvimento nesse esforço de industrialização. Então, podemos usar a imagem de duas retas paralelas, que nunca se encontram. Claro que houve conexões, mas débeis. Não sistêmicas. www.sfiec.org.br Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC Sistema recente no país. Em | 21 Educação Ceará se destaca A Finep divulgou em novembro de 2007 a lista final com os 174 projetos selecionados para receber recursos do Programa de Subvenção Econômica à Inovação. Entre os selecionados, 30% são das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, um percentual bem acima do alcançado em 2006, quando apenas 12% das propostas selecionadas vieram dessas três regiões. Das 174 propostas aprovadas, 103 são oriundas de micro e pequenas empresas. No edital de 2006, de um universo de 147 projetos financiados, 91 eram de negócios de pequeno porte. O Ceará é destaque na seleção com nove projetos aprovados, sendo o primeiro estado no Nordeste em termos de aprovação e o quinto no Brasil, ficando atrás de São Paulo (68), Rio de Janeiro (12), Minas Gerais (11) e Rio Grande do Sul (11). Em termos de recursos, os cearenses receberão R$ 18.420.468,19. Dos projetos aprovados do Ceará, o de Desenvolvimento de Aerogerador de 5 megawatts – 13,8 quilovolts e Sistema de Comando e Controle, apresentado pelo grupo empresarial HCL Brasil Ltda., no valor de R$ 8.145.044,00, contou com a colaboração da FIEC por meio do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI). O valor posto à disposição representa 50% dos recursos de projetos aprovados para o Ceará. Para o diretor corporativo e de A Polymar teve projeto selecionado na Finep relações com mercado do INDI, Jurandir Picanço, a forte presença do Ceará na seleção da Finep merece ser comemorada porque sem inovação a empresa não se desenvolve e conseqüentemente perde competitividade. Lançado em outubro do ano passado, o segundo edital da subvenção econômica prevê investimentos de R$ 450 milhões no desenvolvimento de processos e produtos inovadores em empresas brasileiras. Foram contemplados projetos em cinco grandes áreas: tecnologia da informação, comunicação e nanotecnologia; biodiversidade, biotecnologia e saúde; inovações em programas estratégicos; biocombustíveis e energia e desenvolvimento social. Os recursos da subvenção são não-reembolsáveis, ou seja, as empresas beneficiadas não precisarão devolver o dinheiro recebido. A modalidade da subvenção econômica começou a ser utilizada pela Finep no fim de 2006. O programa inaugurou pela primeira vez no Brasil um mecanismo de política pública, já utilizado por países desenvolvidos, que prevê a concessão de recursos não-reembolsáveis para projetos de inovação em empresas. Até então, apenas instituições públicas de ensino e pesquisa eram contempladas com esse tipo de financiamento. A mudança só foi possível a partir da aprovação da Lei da Inovação e da Lei do Bem. P rojeto s aprovad os d o C eará Títul o Proponent e Nettion Tecnologia e Nettion Security Software Segurança Tecnologia e Detecção Inteligente de Resíduos Sólidos Atlanta Informação Gestão Hospitalar em Código Aberto Secrel HS Tecnologia da Monitoramento Veicular por Rede Informação Ativos para uso em Cosméticos Inteligentes Polymar Combustível Alternativo para Aviação Tecbio Desenvolvimento de Aerogerador Elétrico HLC Brasil Ltda Dessalinização por Evaporação Desidratec É hora de investir Programa Educação para a Nova Indústria irá beneficiar 16,2 milhões de brasileiros. A iniciativa é uma resposta da indústria ao desafio de aumentar a oferta de oportunidades para a formação de profissionais que atendam os requisitos do mercado de trabalho C Recurs os (R $ ) onsiderada essencial em todas as etapas da vida, a educação ganha o status de catalisador para o desenvolvimento, seja ele humano, social ou econômico. Apesar dessa constatação, o Brasil enfrenta o desafio histórico de combater o déficit educacional, o que acarreta dificuldades em superar problemas como a pobreza, os elevados índices de violência e o crescimento inconstante da sua economia. 944.056,00 511.200,00 1.487.640,00 1.410.593,07 433.978,00 4.479,12 8.145.044,00 504.600,00 Fonte: INDI www.sfiec.org.br Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | 23 No caso particular do desenvolvimento econômico, a educação de qualidade é fundamental para a expansão das empresas e a competitividade do país. Pesquisas recentes mostram que trabalhadores com maior grau de escolaridade têm melhores chances de encontrar um emprego porque esses profissionais estão mais bem preparados para absorver e criar novas tecnologias e promover nas empresas um ambiente de conhecimento, criatividade e inovação. De acordo com o Mapa Estratégico da Indústria (2007-2015), a educação é um pilar para o desenvolvimento sustentável do Brasil, fonte de crescimento e uma das bases de elevação da produtividade. Como reflexo desse posicionamento, educação básica e profissional de 16,2 milhões de brasileiros. Formação profisSional. O pro- Projeto SESI Indústria do Conhecimento a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou no ano passado o programa Educação para a Nova Indústria, que prevê, até 2010, investimentos de R$ 10,45 bilhões em grama é uma resposta da indústria ao desafio de aumentar a oferta de oportunidades para a formação de profissionais que atendam os requisitos do mercado de trabalho. Com abrangência nacional, reflete a visão de todos os Departamentos Regionais do SESI e do SENAI – executores da iniciativa. No Ceará, o programa espera atingir quase 500 mil matrículas até 2010. Desse total, o SESI/CE será responsável por 47,5 mil matrículas em educação básica e 120 mil em educação continuada. Já o SENAI/CE tem a meta de 320 mil matrículas em educação profissional. n Educação com qualidade 24 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 e diversificação da »ofertaExpansão de educação básica, continuada e profissional ajustadas às necessidades atuais e futuras da indústria. Modernização, otimização e »adequação da infra-estrutura física das escolas, laboratórios e bibliotecas. Flexibilização no formato e me»todologias de atendimento às demandas educacionais da indústria. de docentes, téc»nicosCapacitação e gestores em tecnologias e gestão dos processos educacionais. Necessidades educacionais S U ma boa formação – humana e profissional – depende muito dos primeiros anos de educação na fase infantil. Por isso, a educação básica dos trabalhadores do futuro está contemplada no programa Educação para a Nova Indústria. Uma das novidades nas escolas do SESI/CE será a implantação, a partir de 2008, do Programa Educação de Tempo Integral. A princípio, envolverá 750 alunos das escolas SESI em Fortaleza (Parangaba e Barra do Ceará), Juazeiro do Norte e Crato. A iniciativa irá ampliar o tempo de permanência na escola de crianças e jovens da educação básica, articulando ações de ensino-aprendizagem com atividades de cultura, esporte e lazer. Segundo a coordenadora de educação da entidade, Maria do Carmo Aguiar, o programa incidirá sobre a qualidade da educação e propiciará o desenvolvimento humano integral dos alunos. Elementos centrais do Educação para a nova indústria Com o Educação de Tempo Integral, será ampliada a permanência dos alunos em escolas do SESI Também irá potencializar a capacidade institucional, pois irá articular as diversas áreas de atuação do SESI/CE. Nas escolas SESI de Fortaleza e Juazeiro do Norte, será implantado o ensino médio articulado com ensino profissional, uma parceria SESI/SENAI. Na Parangaba, serão ofertados cursos nas áreas têxtil e de confecções. Na Escola SESI da Barra do Ceará, os alunos poderão participar de cursos na área de mecânica automobilística, enquanto em Juazeiro do Norte o curso ofertado aos alunos do ensino médio será na área administrativa. A entidade também está articulando parceria com a Fundação Demócrito Rocha para realizar, a partir deste ano, cursos a www.sfiec.org.br distância na área de responsabilidade social e sustentabilidade. A meta é beneficiar 20 mil trabalhadores. Outra novidade é o projeto SESI Indústria do Conhecimento. Trata-se de um centro de educação multimídia contendo biblioteca, DVDteca, CDteca, gibiteca e internet. O principal objetivo é promover o acesso da população aos meios de informação e ao conhecimento. No Ceará, já foi implantada a unidade em Juazeiro do Norte. Neste ano, serão inauguradas as unidades de Sobral, Fortaleza (localizada na Estação João Felipe – Metrofor) e outra na região metropolitana de Fortaleza. egundo a pesquisa Necessidades Educacionais e Competências para o Trabalho nas Indústrias Cearenses, realizada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) em parceria com o SESI/CE, elevar o nível educacional do industriário cearense é uma necessidade imediata. De acordo com o levantamento – que abrangeu 806 empresas no estado –, as indústrias cearenses, em seus diferentes setores, possuem uma elevada quantidade de colaboradores do setor de produção com seus estudos básicos (ensino fundamental e ensino médio) incompletos, sendo que 17% deles não terminaram o ensino fundamental. No setor de média gerência, 70% dos trabalhadores não possuem nível superior. Mas a precariedade educacional é um problema em todo o estado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005, 22,6% da população cearense com 15 anos ou mais de idade era analfabeta. E mais: em 2006, 62,6% dos jovens cearenses entre 15 e 17 anos estavam fora do ensino médio. A flexibilidade no formato, funcionamento e tecnologia educacional dos cursos do SENAI será intensificada Acesso à educação profissional U ma das estratégias do SENAI no país para facilitar o acesso à educação profissional – a partir do programa Educação para a Nova Indústria – será intensificar a flexibilização no formato, funcionamento e tecnologia educacional dos seus cursos. Seja por meio da extensão da carga horária por períodos mais longos – aumentando o número de alunos atendidos – pela maior oferta de cursos a distância, ou ainda pela diversificação daqueles ministrados em unidades móveis, o objetivo é desprenderse do regime clássico de quatro horas diárias por turno, que pode ser obstáculo para a formação e aperfeiçoamento de jovens e adultos trabalhadores. A entidade planeja ampliar o trabalho de certificação de competências, implantando diretrizes nacionais em matéria de avaliação de competências educacionais, respeitadas as particularidades regionais. Conforme previsto em lei e nas normas de educação nacional, as competências adquiridas na escola, no trabalho ou por quaisquer meios informais podem ser objeto de avaliação, reconhecimento e aproveitamento para fins de continuidade ou conclusão de estudos. No caso da educação profissional técnica de nível médio, essa possibilidawww.sfiec.org.br de é regulada pelos sistemas educacionais de ensino e permite a obtenção do diploma de técnico. Ainda dentro do programa Educação para a Nova Indústria, o SENAI Nacional, com o apoio de todos os Departamentos Regionais, vai ampliar o Banco de Recursos Didáticos, que é uma fonte de material de apoio à formação profissional. O trabalho se dará por meio da avaliação, incorporação, adoção e elaboração de novos recursos, dando início a estudos para a estruturação de uma editora auto-sustentável destinada a propagar a produção intelectual da instituição no campo da educação profissional e da tecnologia industrial. Por fim, o SENAI planeja fortalecer sua atuação como indutor da inovação tecnológica para o setor industrial por meio da Rede SENAI de Excelência e Inovação. A criação da rede vai propiciar ao SENAI condições de evoluir para uma ação integrada e de vanguarda em áreas tecnológicas específicas, mediante parcerias estratégicas internas e externas, que aproveitem melhor infra-estrutura, recursos e competências, possibilitando transformar a inteligência em produtos, processos e serviços de alto conteúdo tecnológico. Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | 25 Comportamento A primeira aparição oficial do biquíni aconteceu em 26 de junho de 1946. E foi realmente supimpa. Com a intenção de quebrar paradigmas, além de ganhar muito dinheiro, seu inventor, o engenheiro francês e comerciante Louis Réard, batizou o traje de “Atol de Bikini”, em função dos testes nucleares realizados pelos Estados Unidos neste distante lugar, ao sul do oceano Pacífico. Biquíni OUSADIA. Hoje, o uso do biquíni Muito sucesso para pouco pano O sessentão biquíni nasceu na França do pós-guerra, mas foi no Brasil que seu uso explodiu. Após mexer com a cabeça de mulheres e homens ao longo dos anos, a peça hoje vive momentos de releitura e ganha destaque nas passarelas Q POR GEVAN DE OLIVEIRA uando a famosa editora de moda das revistas norte-americanas Harper’s Bazaar e Vogue, Diana Vreeland, disse que “o biquíni foi a coisa mais importante que surgiu desde a invenção da bomba atômica”, ela tinha lá suas razões. Aliada ao uso da pílula e da liberação sexual dos anos 60 do século passado, a pequena peça de roupa criada na década de 40 mexeu de fato com a cabeça das mulheres (e dos homens, claro) do mundo todo, mudando costumes e comportamentos há mais de seis décadas. 26 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 www.sfiec.org.br é tão natural quanto o da calça jeans. Mas, no começo, era preciso muita ousadia para encarar a nova criação. Dessa forma, não foi fácil para o estilista encontrar uma modelo parisiense que topasse desfilar sua invenção. Nessa época, as roupas de banho das praticantes de natação (precursoras dos maiôs) eram um tipo de “calção” até o joelho que cobria todas as formas das atletas. Portanto, aquelas minúsculas vestes (que na verdade mais pareciam um maiô em duas peças) não ficariam bem para as comportadas parisienses. Sem nenhuma modelo com disposição para usar o traje, coube à dançarina do Cassino de Paris, Micheline Bernardini, entrar para a história posando para fotógrafos de moda numa piscina às margens do rio Sena. No dia seguinte, ela e seu explosivo biquíni feito de algodão com estamparia imitando a página de um jornal estavam em todos os tablóides, dividindo espaço com as notícias dos estragos causados pelos cogumelos gigantes da bomba atômica. Era o início de uma grande revolução que crescia à medida que o biquíni encolhia. Apesar do sucesso inicial, a idéia realmente soou muito ousada para os padrões da Micheline Bernardini, a dançarina que entrou para a história posando com o primeiro biquíni Louis Réard (acima), inventor do biquíni, teve sua criação contestada pelo costureiro Jacques Hein (detalhe) época. Além do Vaticano, Itália, Portugal, Espanha, França e Alemanha chegaram a proibir o traje em lugares públicos. Dessa forma, demorou mais de dez anos até que praias e piscinas passassem a expor, com certa naturalidade, as curvas de mulheres bronzeadas à francesa. O estilista europeu morreu em 1984 e diz-se que na miséria. Além de não ter ficado rico, Louis Réard teve sua invenção contestada pelo costureiro Jacques Hein, que afirma ter criado, poucas semanas antes, o pequeno maiô durante a Segunda Guerra Mundial, batizando-o de “Átomo”. Se Réard não ficou rico, ou se outro francês contesta sua exclusividade, isso não importa. O fato é que o biquíni é tido por muitos como a roupa que libertou a mulher. “Era um biquíni de bolinha amarelinha...” de” (1953), com Deborah Kerr; “Deus Criou a Mulher” (1956), com Brigitte Bardot, que virou ícone de beleza e ousadia no cinema quando apareceu em um modelo xadrez Vichy adornado com babadinhos; e a primeira bond girl, Ursula Andress (de biquíni e uma faca presa à sua cintura) em “007 Contra o Satânico Dr. No” (1962), foram quem mais contribuiu para fazer do biquíni o sucesso de hoje. Além delas, Sophia Loren, Gina Lollobrigida, Rachel Welch, Janis Paige, Rita Hayworth, Marisa Allasio, Jayne Mansfield e, claro, Marylin Monroe, entre outras beldades (a turma da praia e seus pranchões embalados ao som de “Beach Boys” também deram sua contribuição) da sétima arte, desfilaram de biquíni na tela do cinema para delírio dos homens e alívio das mulheres que começavam a se libertar dos rígidos padrões de comportamento da época. A música também teve um papel importante nessa trajetória. Em 1961, Brian Hyland chegava ao topo das paradas musicais americanas com a canção “Itsy Bitsy Teeny Weeny Yellow Polka Dot Bikini”. No Brasil, a melodia ganhou uma versão em português: a não menos conhecida “Biquíni de Bolinha Amarelinha”. A música cantada pela turma da Jovem Guarda encorajou muitas Anas, Marias, Patrícias, Izabelas, Carlas... a deixar a vergonha de lado e ousar com seu traje “tão pequenininho que mal cabia, e na palma da mão se escondia”. No Brasil, foram as vedetes Carmem Verônica e Norma Tamar, no final dos anos, as primeiras a desfilar nas areias da praia de Copacabana com o novo visual. No local, formavam-se verdadeiras multidões para apreciar as formas das moçoilas e os modelitos que já causavam furor em muitos países. A ssim como acorreu com o jeans, o cinema, a partir dos anos 50 do século passado, foi o principal estopim para o boom do biquíni. Atrizes de corpos esculturais, em filmes clássicos como “A um Passo da Eternidawww.sfiec.org.br Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | 27 Evoluindo pra menos: o topless x tanga A pesar de fazer sucesso desde o seu lançamento, o biquíni só se popularizou na década de 60, na esteira da revolução comportamental. Era a época do surgimento da pílula anticoncepcional e da eclosão da liberação feminina. Com as mulheres buscando sua independência, o biquíni representou a forma de expressar essa liberdade. Nesse período, o que fazia sucesso no Brasil era o modelo enganamamãe, que de frente parecia um maiô, com uma espécie de tira no meio ligando as duas partes, e, atrás, um perfeito biquíni, ou seja, quase tudo de fora. Os anos se passavam e a peça continuava sua célere caminhada de encolhimento. O auge da ousadia aconteceu em 1964, quando o estilista americano Rudi Gernreich resolveu criar o topless. Na Europa, a idéia de se bronzear somente com a Apenas um fio A década de 1980 surge exibindo corpos malhados (esculpidos) em academias de ginástica e vestindo um tecido que chega fazendo sucesso, a lycra – criação da indústria química Dupont. A novidade invadiu a moda praia, influenciando estilistas na confecção de biquínis e maiôs com cortes mais largos, mas com uma curva bem acentuada. Surge então o famoso asa-delta. Em seguida, outros modelos, como o sensual enroladinho e o de lacinho nas laterais, além do sutiã cortininha (que voltou com tudo em 2008), passaram a fazer parte do leque de opções das brasileiras. E quando se pensava que não havia mais o que encolher, o Brasil espantaria o mundo com o modelo fio dental. A representante máxima da peça mínima foi a modelo Monique Evans, 28 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 o Brasil entrou de vez no mundo fashion do biquíni. O modelo que lançou o país mundo afora foi uma ousadia ainda maior, a tanga. Nessa época, a modelo Rose di Primo era a musa da tanga das praias cariocas. Desde então, o Brasil se tornou referência internacional e grande produtor e exportador de moda praia. Milhares de quilômetros de mar com sol o ano inteiro e as curvas da mulher brasileira foram as inspirações dos estilistas. Leila Diniz escandalizou o país ao exibir sua gravidez de biquíni na praia de Ipanema parte de baixo foi bem recebida em muitos países. Já no Brasil, a maioria das moças achou que era muito (quer dizer, menos) para os padrões tupiniquins. Com receio de que algumas mais “despudoradas” aderissem ao modismo europeu, o então prefeito de São Paulo, Prestes Maia, chegou a proibir a prática do famigerado topless em piscinas públicas. O presidente Jânio Quadros também não gostou nada da idéia e disse um não oficial. Na época, até o Papa Pio XII resolveu se expor ao sol e assinou uma nota contra o uso dessas peças por mulheres católicas. Mas foi a partir da década de 70 que também adepta do topless. A novidade foi devidamente documentada em milhares de cartões-postais que rodaram o mundo e ajudaram (ou não) na reputação brasileira de um país de sol, praia, carnaval e mulheres com bumbuns bronzeados. Nos anos 90, a moda praia se tornou cult (e cara). Estilistas passaram a afirmar que para estar bem vestida (à beira-mar!) as mulheres deveriam acrescentar ao seu visual de duas peças um arsenal de acessórios. Saídas de banho, sacolas coloridas, chinelos, viseiras, óculos, chapéus, cangas, toalhas e até bijuterias passaram a compor uma espécie de kit-fashion-beach que ganha a cada estação novos penduricalhos e balangandãs. A cadeia produtiva desses produtos agradece, mas não seria uma nova ditadura? Bom, mas para quem não dispensa o uso de grife nem na areia da praia, as famosas marcas Dior, La Perla e Louis Vuitton oferecem modelitos que ultrapassam, sem nenhum pudor, os mil dólares. No Brasil, empresas brasileiras como Rosa Chá, Blue Man, Cia. Marítima e a cearense Água de www.sfiec.org.br Leila Diniz. Foi também na década de 70 que surgiu a inesquecível Leila Diniz. Leiluska, como era chamada pelos amigos, escandalizou o país ao exibir sua gravidez (fora do casamento) de biquíni na praia de Ipanema, além de amamentar em público. Era a expressão máxima de um comportamento revolucionário que ganhou destaque e fez história ao valorizar a liberdade feminina, o prazer sexual e o modo irreverente de viver. Apesar de ter morrido aos 27 anos, em um acidente de avião, no ano de 1972, suas atitudes marcaram uma nova era no comportamento feminino. Milhares de moças seguiram seu modo livre de viver e em paz com o mundo. Coco também ostentam peças com preços de roupa chique. REVIVALS. A partir dos anos 2000, tiveram início os revivals na moda de praia. A onda era/é mesclar – e modificar – modas antigas, praticamente de todas as décadas, desde os anos 50. No entanto, essa indústria continua optando por modelagens bem pequenas e cavadas: biquínis de cintura baixa e maiôs recortados nas laterais e presos com uma argola no centro ganham destaque. A outra novidade é a mistura de tecidos lisos com estampas e cores vivas e diferentes. A idéia marca o surgimento de coleções de moda praia, lançados em disputados e midiáticos eventos como o São Paulo Fashion Week e o Fashion Rio. Nas últimas estações, os modelos tipo tanga, fio-dental e até o asa-delta estão em destaque nas passarelas. Os que de frente lembram um maiô, mas de costas se revela um biquíni, são os mais trabalhados e apresentados nos desfiles, virando a febre dos últimos lançamentos. Moda praia 2008 O guarda-roupa do verão 2008 tem influência das décadas de 70 do século 20 em diante, e traz muitas novidades, como brilhos e novos tecidos. Os biquínis e maiôs prometem vir cheios de detalhes: argolas de metal, em formatos e localizações variados, argolas plásticas coloridas e com brilho, tiras e efeitos de costura, aplicações de cristais, lantejoulas ou bordados e recortes com muita mistura de tecidos e estampas. O artesanal crochê, sucesso dos anos 70, está de volta. Além de biquínis, ele aparece também nas saídas de praia em formas amplas e desenhos arrojados. Entre os maiô para os modelos engana-mamãe (maiô na frente e biquíni nas costas), destacado com brilhos e penduricalhos. Tem também aqueles com decotes profundos e geométricos e recortes variados. Os lacinhos voltam com tudo nas calcinhas, seja de um lado só ou nos dois. O ousado modelo fio dental, febre nos anos 80, também reaparece. Até o modelo asa delta, outro grande hit do passado, ganha vida nova nesta estação. Nas cores, a tendência são as fortes e cítricas (principalmente amarelo, verde e azul) suplantando, por enquanto, os tons pastéis da edição anterior. Para as que desejam andar na moda, vale lembrar que as estampas da vez são as geométricas, relembrando os anos 1980. O biquíni ganhou as mais variadas formas, tamanhos e cores no Brasil Gringo que ganhou sotaque brasileiro A pesar de não ter sido criado em terras tupiniquins, foi no Brasil que o biquíni ganhou as suas mais variadas formas, tamanhos, cores e padrões. Hoje, ele se tornou um dos principais símbolos de brasilidade e tem representado com pouco tecido, mas muito charme e beleza, a indústria da moda praia brasileira. Além da criatividade, avanços tecnológicos e ousadia dos nossos estilistas, os mais de oito mil quilômetros de litoral têm servido de inspiração para transformar o Brasil num lançador mundial de tendências desse segmento. Pequenas e grandes marcas espalhadas principalmente pelos estados do Sudeste e Nordeste, levam para todos os continentes os mais ousados passeios de banho made in Brazil, garantindo ao país o título de maior fabricante e consumidor desse tipo de roupa. Entre as marcas mais famosas nesse universo fashion está a cearense Água de Coco, fundada em 1985 pela estilista Liana Thomaz. Há alguns anos, a grife fechou uma parceria com a maior rede de lingerie e moda praia do mundo: a Victoria’s Secret. Atualmente, as peças da Água de Coco podem ser encontradas em todos os estados brasileiros e em dezenas de países, www.sfiec.org.br incluindo EUA, e outros da Europa, Japão, Austrália, México, Havaí e África do Sul. Além da Água de Coco, as também cearenses Meio Tom, Exercise, Gamane, Filha do Sol, Malu Macedo e Jakline fazem sucesso nesse universo praiano. Estima-se que a moda praia cearense produza cerca de 15 milhões de peças anualmente. O interesse estrangeiro pelos biquínis brasileiros tem contribuído positivamente para o saldo da balança comercial. Somente para os Estados Unidos, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), o Brasil exportou, em 2006, US$ 9,46 milhões de produtos de moda praia. Em 2007, apenas de janeiro a maio, foram US$ 6,42 milhões. Estima-se que o Brasil produza cerca de 300 milhões de unidades de roupas de praia/banho. O volume movimenta mais R$ 2,5 bilhões ao ano. Ainda segundo a Abit, essa moda representa atualmente mais de 10% do volume exportado pelo setor têxtil no Brasil. Os principais mercados consumidores são os EUA e a Europa. É bem verdade que a França do pós-guerra possui o mérito de ter criado o biquíni, mas não é exagero afirmar: foi no Brasil que ele explodiu. Fato que em muito se deve à criatividade dos estilistas brasileiros e ousadia de nossas mulheres. Janeiro de 2008 | RevistadaFIEC | 29 Frases&Idéias T I R A D A S I N S P I R A D A S , F R A S E S C O N C E I TU A I S Gestão O caminho aponta para que as empresas cada vez mais se voltem para os princípios da governança corporativa e às questões referentes ao meio ambiente. Acabou a fase da empresa em que conseguir lucros é suficiente. Geraldo Gadelha, ex- presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Nordeste (Apimec/NE). “Se o governo não defender os interesses do Brasil, as empresas vão resolver os problemas das empresas e não do Brasil. Milton Cardoso, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Conceito Missão Quando foi criada, a meta principal da AJE era a formação de jovens lideranças, mas, hoje, já transcendemos esse objetivo. contestando as recentes notícias sobre um possível apagão no país. “Não há mais espaço para alguém com imagem de corrupto se lançar à Presidência.” Mauro Paulino, diretor-geral do Instituto Datafolha. Prognóstico Carol Mello, nova coordenadora geral da entidade, empossada dia 15/1. “A educação é o melhor caminho para diminuirmos a distância entre Tintas o Brasil que tem o 12º PIB mundial “Todos os segmentos da indústria de tintas superaram as expectativas e o Brasil que ocupa o 63º IDH.” Deputado federal Ariosto em 2007. Nossa previsão de Holanda (PSB). crescimento das vendas para o ano, feita no final de 2006, era de Olho vivo 4,5% em volume. Crescemos 8% em relação ao ano anterior.” Presidente Lula, O UT R A S Calçados Educação “Nenhum risco [de racionamento]. Nenhum risco. A questão energética vive de boatos. Todo dia tem boatos de que vai acontecer isso, vai acontecer aquilo.” E Praga “O atravessador não só atua pressionando preços para baixo como, predatoriamente, ameaça os produtores que buscam organizar-se em programas de qualidade. É o bicudo do leite.” Flávio Viriato Saboya Neto, da Dílson Ferreira, presidente- Federação da Agricultura do executivo da Associação Ceará (Faec), sobre pressões Brasileira dos Fabricantes de sofridas por comunidades de Tintas (Abrafati). pequenos produtores de leite. Saúde Eu não sei se (o Hospital da Mulher) é uma prioridade. É uma prioridade eleita pela prefeita (Luizianne Lins). Se eu fosse prefeita, eu daria prioridade a equipar os hospitais que hoje nós temos na rede pública. 30 | RevistadaFIEC | Janeiro de 2008 Senadora Patrícia Saboya (PSB/CE) www.sfiec.org.br O aumento Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CLSS) não altera a previsão da indústria para este ano. A indústria de transformação tem condições de crescer entre 5,3% e 5,5% em 2008. Paulo Skaf, presidente da FIESP. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) aswuipmnrww Quando se escreve sobre educação, no SESI se lê qualidade Veja por que: Em 2007, as Escolas SESI no Ceará alcançaram grandes resultados em premiações de entidades como o Instituto da Cidadania Brasil, o Ministério da Educação e a Secretaria de Educação do Estado (Seduc). O resultado é reflexo do investimento que a indústria cearense faz na formação dos trabalhadores do amanhã. Porque a exigência para uma indústria competitiva é a educação de qualidade. Prêmio Construindo a Nação » Escola SESI/Juazeiro do Norte 1º lugar no estado na categoria Ensino Fundamental; » Escola SESI/Sobral 3º lugar no estado na categoria Educação de Jovens e Adultos. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) Ensino Fundamental » Escola SESI/Sobral 1º no município e 3º lugar no estado » Escola SESI/Parangaba/Fortaleza 7º lugar no estado Prêmio Escola Destaque 2007 Categoria Melhor Desempenho - Ensino fundamental. » Escola SESI/Juazeiro do Norte 3º lugar no estado. » Escola SESI/Barra do Ceará/ Fortaleza 4º lugar no estado. Educação – o melhor investimento da indústria www.sfiec.org.br/sesi Av. Barão de Studart, 1980 – Telefone: 3466-5800 – Cep 60.120.901 Há mais de 60 anos, o SENAI/CE contribui para o desenvolvimento da indústria cearense, por meio da constante inovação da educação para o trabalho, cidadania e disseminação de tecnologia. Procure o SENAI e conheça as melhores soluções em inovação tecnológica. Com um parceiro que sempre pensa à frente, a indústria do Ceará chega mais longe. www.senai-ce.org.br Av. Barão de Studart, 1980 Telefone: 3466-5900 - Cep 60.120.901 Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) SENAI, INOVANDO COM A INDÚSTRIA
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