Alcobacense 73
Transcrição
Alcobacense 73
Regra de São Bento Alc. 73 1 [1] Começa sse o prologo da regla de sam beento abbade. Fjlho ascuyta os preceptos et mandamentos do meestre. e jnclina e abayxa a orelha do teu coraçon. e recibe de boamente e toma o amoestamento e conselho do padre piadoso. e afficadamente o comple e pomhe en obra. por que te tornes per trabalho de obediencia. aaquel do qual te partiste e arredaste per priguiça e peccado de desobediẽcia. Poys a ti hora eu digo o meu sermon e as minhas palauras quẽ quer que tu es. que queres renũciar e fugir os proprios deleytos e prazeres da carne e do mũdo. e tomas armas de obediencia muy fortes e muy claras e nobres pera seruir a jhesu christo. Senhor e uerdadeiro rey. E primeyramẽte en começo do teu tornamẽto e da boa obra que queres começar. demanda e roga a el en tua oraçom muyto afficada mẽte. que aquestas comprir e acabar. que poys que el ja teue por ben e lhe prougue de nos poer e re[1v]ceber en conto d † contristar e anojar en alguũ tempo. dos nossos maao[s] feytos e obras. E assy certamente lhe deuemos seer [o]bedientes en todo tempo e en toda hora porlos bẽes [e] mercees que del recebemos. que nõ tam solamẽte as[sy] como irado padre. nõ desererde os filhos en algũ[u] tempo. mays ajnda que nẽ assy como senhor temer[o]so e mouido a ssanha porlos nossos peccados. de a pena e a lance en tormẽto perdurauil. os muy maaos seruos que o nõ quiseram seguir pera jr aa sua gloria. Da uoz de deus que nos amoesta e diz que nos leuantemos do peccado Leuantemo nos ergo jrmaaos sequer en algũu tempo do sono do peccado. en que per tempo jouuemos ou stamos. ca a escriptura nos conselha e diz. Hora he ja de nos leuantarmos do sono. quer dizer do peccado. E depoys que abrirmos os olhos do nosso coraçom. ao lume do conhecimento de deus. com as orelhas do nosso entendimento atentas ouçamos aquelho que nos amoesta en cada hũu dia a uoz de deus e [2] diz. hoje se ouuirdes † senhor nõ quey[rais] endurentar os uossos coraçõoes. E diz ajnda mays. Aquel que teuer orelhas de entendimẽto. ouça e entenda ben aquello que o spiritu de deus diz aas egrejas. E que diz. Uijnde uos filhos e ouuidi me e ensinar uos hey que cousa he o temor de deus. Correde e trabalhade enquanto hauedes lume de uida. nẽ per uentura as teebras da morte uos encalcem e arreuatem. E querendo e buscando o nosso senhor deus na multidoõe do seu poboo. o seu obreyro. ao qual estas cousas braada. diz mays. Qual he o homem que quer uida perdurauel e cubijça e quer ueer bõos dias. A qual cousa se a tu ouves. dizes. eu. Diz te deus. Se tu queres hauer uerdadeyra uida e pera 2 sempre. quita e guarda tua lingua de todo maao falar. e a tua boca nõ fale engano. Parte1 te do mal e faze bem. busca e demanda a paz e segui a. E quando uos esto fezerdes. Eu esguardarey sobre uos com os meus olhos de misericordia. e ouvirey os uossos rogos e oraçõoes e petiçõoes. e an[2v] † e me chamedes † me aprestes soõ pera comprir uossas petiçõoes e deseios. Jrmãaos muy to amados qual cousa pode seer melhor e mays nobre e mays dolce que esta uoz de nosso senhor jhesu christo. que nos convida e chama en cada hũu dia? Eys jrmãaos. o uosso senhor porla sua piedade nos demostra o caminho e carreyra da uida perdurauil. De como deuemos sempre fazer bem. e star em booas obras Poys os nossos lonbos e forças dos nossos corpos e das nossas almas ja cingidos e apparalhados con fe e guarda de boas obras pera lidar contra o diaboo. andemos jrmãaos perlo caminho e carreyra do euangelho. pera seermos dignos e merecedores de ueer aquel senhor que nos chamou. no seu regno. no qual regno se nos queremos e desejamos uiuer e morar. Non podemos a el ir. se non. correndo e trabalhando. nõ per pees mas fazendo boas obras. E poren se queremos saber como podemos jr morar en no seu regno. perguntemos o nosso senhor deus cõ o propheta dizendo. Senhor quẽ [3] uiuera e morara no teu sancto regno dos ceeos. ou quẽ folgara no seu sancto e alto monte? Depois desta pergunta. jrmãaos ouçamos nosso senhor deus que nos responde e nos demostra o caminho e carreyra da sua morada. e diz. Aquel que entra quer dizer. uiue sen magoa e çugidade de peccado e faz obras de iustiça e de bem. Aquel que falar e disser uerdade pela boca e assi a teuer no seu coraçom como a diz pela boca. e nõ fezer engano cõ a sua lingua. Aquel que nõ fezer nẽ disser mal ao seu proximo. quer dizer a nenhũu homem. Aquel que non teuer por bem nẽ lhe prouguer o mal e doesto do seu proximo. nẽ o ouvir de boa mente. Aquel que esquiuar e enpuxar do seu coraçom. e dirribar o diaboo que o conselha e moue a mal fazer. e todolos seus enganos e tẽptaçõoes en seu começo quebrantar e abater con a graça e ajuda de jhesu christo. e demostrar las a el. E aquelles que temerem deus e porlo ben. que fezerem e en sy sentirem nõ ensoberuecerem. nẽ se exalçarem. [3v] mas cuydarem sempre que o bem que en elles houuer. procede e uen de deus e nõ delles. e louuarem e derem o louuor e gloria ao senhor deus que en elles obra o bem que en elles ha. dezendo aquel dito do propheta. Non nobis domine non nobis. sanctus nomini tuo da gloriam. Quer dizer. Senhor poys que tu obras en nos o bem. non 1 r pa te 3 a nos. nõ a nos. mas ao teu sancto nome seja dada a gloria e o louuor delo. e assy como sam paulo apostolo. que da sua preegaçom. nũca assy apos nẽ contou nẽ assijnou cousa nẽhũa. mas dizia. Aquello que eu soom feyto. pela graça de deus o sõo. E el diz mais ajnda. Aquel que se gloriar e alegrar. gloria sse e alegre sse en no senhor deus. e a el de as graças e os louuores. E deste tal fala nosso senhor jhesu christo no euãgelho hu diz. Aquel que ouue as minhas palauras e as faz e pomhe en obra. eu o farey semelhavil ao homẽ sabedor que edificou e fundou a sua casa sobre a pedra. Veeron os rios. sopraron os uẽtos e empeçaron e derom en aquella casa. e nõ cayo nẽ a po[4]deron derribar. por que era fundada sobre a pedra. Aquestas cousas sobreditas complindo e acabando o nosso senhor deus quando en este mũdo cõ nosco conversou corporalmente e aguarda e espera nos cada dia que ajamos de responder a estes seus santos amoestamẽtos. e conselhos con boas obras e seruicos. E por esto. por emmenda e corrigimento dos nossos males e peccados. nos som dados por treguas e perlongados os dias desta uida presente. segũdo diz o apostolo. Per uentura nõ sabes que a paciencia de deus muy te spera e trage a penitencia Ca o nosso senhor deus muy piadoso disse. Non quero a morte do peccador. mas quero que se conuerta e torne a penitencia e uiua. Per qual guisa podemos herdar a morada de deus. Irmãaos depoys que nos fezemos pergunta ao nosso senhor deus do morador da sua casa. ouvimos o precepto e encomendamẽto que deue fazer e comprir aquel que en ella quiser uiuer e morar. Poys se nos quisermos fazer e comprir o officio e obras do morador des[4v]ta casa. seremos herdeyros do Reyno dos ceeos pera o possuir e uiuer en el. E por esto deuemos de apparelhar os nossos coraçõoes e os nossos corpos aa sancta obediencia dos preceptos e mandamentos de deus pera o seruir. e pera batalhar e pugnar contra os peccados. E porem pera aquello en que a natureleza humanal en nos ha algũa cousa de mjngua e de fraqueza. pera poner en obra o ben que desejamos. Roguemos a nosso senhor deus que nos ministre e de a ajuda da sua graça. pera ello. E se fugindo aas penas e tormentos do fogo do jnferno. queremos vĩjr aa vida perdurauel. Agora enquanto hauemos tempo e en estes corpos mortaaes somos. e todas estas cousas sobre ditas per esta carreyra de luz e de uida teemos tempo de a[s] obrar e comprir. por tanto deuemos agora correr. non per pees. mas per boa uida e boõs custumes. e fazer e obrar aquello que nos seja bõo pera sempre. Pois pera esto queremos fazer e ordenar e stabelecer hũa scola de [5] seruico de deus. naquel non entendemos nẽ speramos de ordenar ou stabelecer cousa nenhũa aspera nẽ graue nẽ forte. Pero. se algũu pouquetinho ditando nos a Raçon 4 da jgualdeza. e do juizo da boa razon. algũa cousa posermos. mays streytamente por corrigimento e enmenda dos peccados. e por guarda de caridade e amor de deus e do proximo. nõ tomes logo spanto nẽ temor. nẽ leyxes o caminho e carreyra da sahude. a qual se nõ deue. nẽ pode começar se nõ per entramento streyto e apertado. Mas depoys per processo de conuersaçom e de fe. e per acrecentamẽto de uirtudes e de fe. andaras perlo caminho dos mandamentos de deus con o caraçom largo e spacioso e folgado con muyta dulcidon do amor de deus sen conto e sen fin. E assy nũca nos departindo nẽ arredando da sua doctrina e ensinança. mas mosteyros sempre perseuerando ata a morte en seu seruiço e doctrina. padecendo e soffrendo. per paciencia hajamos parte en nas [5v] payxõos e padicimẽtos de jhesu christo. pera seermos merecedores de seer quinhoeyros e parceyros do seu reyno e herdeyros con el. Começa se a regla de san beento abbade. Das quatro geracõoes que hy ha dos monges Cousa certa e manifesta he que. quatro som as geeracõoes dos monges. A primeyra geeracom he dos cenobitãaos. e estes som aquelles que uiuem nos mosteyros so regla e so abbade. A segunda geeraçom he dos anacoretas. conuẽ a ssaber. dos jrmitãaes. nõ daquelles que per nouo feruor de compunçon se conuertem e tornã a deus. mas daquelles que per prouaçon perlongada de mosteyro e per longos tempos nos mosteyros som esprouados e examinados. e ja per exemplo e uida e ajudoyro de muytos. ensinados aprenderom a ssaber pugnar e lidar contra o diaboo. E elles ben ensinados e doutrinados da az e conuersaçom da conpanhia dos jrmãaos pera batalhar e lidar apartadamente no he[6]rmo contra as temptaçoões do diaboo. ja seguros sen consolaçom e sen ajuda doutro nenhũu. con sua mãao soo e con seu braço e per forteleza do seu bõo uiuer e con ajuda de deus som abastantes e sufficientes pera pugnar e empuxar de ssy os peccados da carne. ou das cuydaçõoes. quer dizer. os peccados da obra ou da uõotade. A terceira geraçom dos monges muy spantosa he a dos sarabajtãaos. os quaes non som esprouados nẽ examinados per nehũa Regla nẽ per experiencia e doutrina de meestre. Assy como he o ouro na fornalha. nẽ o querem consentir pera seerem rijos e fortes. mas fracos e molles assy como o chumbo. guardando e fazendo as obras do segre e as cousas do mũdo e estes taees mentẽ a deus e enganam os homẽes pela tonsura ou coroa e hauito que tragem. os quaaes dous e dous ou tres e tres ou certamẽte cada hũu en sua parte sen pastor e regedor. nõ querem estar nẽ uiuer nos logaretes. e tomã e ham [6v] por ley. conprir e 5 acabar todos suas uõotades e os seus desejos. e qualquer cousa que elles cuydaren ou pensarem ou scolheren en suas uontades ou segũdo suas uõotades. ou fezerem. dizem que he boa e sancta. † que lhes nõ praz. dizem que nõ he boa nẽ lhes perteece. A quarta geeraçon he dos monges que chamam girouagos. os quaes toda sua uida despendem en andandam per desuayradas prouincias e terras. e per tres tres. ou quatro quatro dias som hospedados e recibidos per desvayradas cellas sempre uagos e nũca stauijs seruindo aos proprios desejos e ao deleytamẽto da garganta. e estes taaes en todo e per todo. som peores que os sarabaytas. Da uida e conuersaçom muy mizquinha destes todos. melhor he calar que falar. E por tanto leyxas todas estas geeraçõoes. uenhamos a poer e ordenar con ajuda de deus a vida da muy forte e nobre geeraçon dos monges cenobitãaos. Qual deue de sseer o abbade [7] Aquel que he digno e merecedor de seer abbade e regedor de mosteyro. sempre deue seer nembrado que he dito e chamado abbade quer dizer padre. e o nome de mayor e de abbade deue comprir per feytos e per obras. conven a ssaber. ben e sages mente reger. gouernar. criar. ensinar. castigar. reprehender os monges seus filhos con amor de padre e con descreçon. porque el ten o logo e as uezes de jhesu christo no seu mosteyro. quando perlo nome del he chamado. segundo que diz o apostolo. Recebestes spiritu de adouçon quer dizer de filhos adoutiuos. no qual spiritu chamamos abbade padre. E porende o abbade non deue de ensinar cousa nehũa ou stabelecer e ordenar ou mandar contra os preceptos de deus. da qual cousa se deue muyto guardar. mas o seu mandamẽto. ou a sua doutrina seja spargida nos coraçõoes dos discipulos. assy como fermento de caridade e amor de deus. que affermẽte e afferuente as suas almas a amar deus sobre todalas cousas. O abbade sempre seja renenbrado. [7v] que no muy spantoso e temeroso dia do juizo. lhe ha de seer demandado e requerido conto e razon e recado tam ben da sua doutrina come da obediencia dos seus discipulos. E seja certo o abbade que deus padre demandara ao pastor qualquer cousa que de mjngua e de desfalecimento el achar nas ouelhas que som os monges a el cometidos e sera hauido por culpado. Pero se el fezer e poser toda diligencia e cuydado sobre os seus monges e for ben solicito e diligente e discreto pera lhes ministrar e dar todalas cousas que lhes forem necessarias e lhes preegar. e os ensinar. e trabalhar de os castigar. e enmendar dos seus autos mãaos. e obras. e elles forem mãaos e desobedientes e nõ se quiserem correger nẽ enmendar. estonce. o seu pastor libre e solto e quite de culpa. Diga ao nosso senhor no dia do juizo. cõ o propheta. Senhor nõ neguey nẽ ascondy a tua iustiça no meu coraçõ. e a tua uerdade e a tua sahude disse e 6 pronũciey e demostrey. mas elles sober[8]uos e desprezadores e mãaos desprezarom me e nõ curaron da minha doutrina e ensinança. Estonce a esses mãaos monges e desobedientes seja lhes pena e tormento perdurauil essa morte de perdiçõ e condenaço. na qual cairon perla desobediencia. Per que modo deue ensinar o abbade Por que o abbade ha de dar cõto e razon a deus da sua doutrina e da obediencia dos seus discipulos. por tanto quando algũu recebe e toma nome de abbade. deue en sy hauer duas maneyras de ensinar os seus discipulos. convem a ssaber. deue lhes de mostrar e ensinar todalas boas cousas e santas mais perfeytos que per palauras. per esta guisa. que aos discipulos capazes e mays entendidos e de melhor memoria deue de prepoer e dizer os mandamentos de2 deus. per palauras. mas aaquelles que forem duros de coraçon e mays simplices e que mays pouco entendẽ. per seus feytos lhes deue mostrar os preceptos de deus. E todalas cousas que el ensinar aos seus discipulos que som contrayras e empeeciuijs aa sahude das suas almas. [8v] Primeyramẽte en seus feytos e obras as mostre que se nõ deuem fazer. nẽ peruentura enpregando assy aos outros. el seja achado maao preegador. e diga deus en algũu tempo a el maao e peccador. Porque presumes tu e ousas de dizer e contar as minhas iustiças. e tomas e preegas o meu sancto testamento pola tua boca. Ca tu auorreceste e houueste odio aa minha doutrina e ensinança. e deitaste as minhas palauras atras ty. e nõ curaste dellas. E tu que uias o argueyro no olho do teu jrmãao e no teu nõ uiste a traue. O abbade nõ faça departimẽto nẽ stremamẽto antre hũa persoa e outra no mosteyro. nẽ ame mays hũu que outro. mas todos ame jgual mente. saluo aquel que for achado en melhores feytos e obras. ou mays obediente. Non seja preposto nẽ haja mayor logar ou honra na ordem. ou liure e de boa geeraçon por lo sangue nobre d hu uem. que o seruo que se conuerte e tira da seruidon e entra na ordem primeyro que el. saluo se for por algũa causa que seja razoauil. E esto po[9]de fazer o abbade a qualquer que seja da congregaçom de quaaes quer ordẽes que sejam. se el uir e entender e lhe parecer que he bem e que he persoa que o merece. e outra guisa. nẽhũu nõ seja promouido a mays alto graao. mas cada hũu tenha seu loguar proprio. ca hora seruos. hora liures. todos somos hũa cousa en jhesu christo. conuẽ a ssaber. hũu corpo. e todos so hũu senhor jgual jugu e trabalho de seeruidõoe soportamos. por que ante deus nõ ha stremamẽto nẽ departimento nẽ recebimẽto de persoas. Tam soomente en esto 2 mandamentos de deus 7 seremos departidos e estremados ante sua presença. se formos achados en melhores obras e mays humildosos que os outros. E portanto o abbade haja caridade e amor a todos igualmente e hũa disciplina seja dada a todos segundo os seus merecemẽtos. Qual modo deue teer o abbade en castigar os seus discipulos O abbade na sua doutrina e ensinança sempre deue de teer e de guardar aquella forma e regla do apostolo na qual diz. Reprehende. roga. doesta. mesturando [9v] e ajuntando tempos a tempos. affaagamentos a espantos. conuẽ a ssaber quando reprehender o discipulo: rogue o logo que se enmende. E quando o doestar e el se quebrantar e humildar por ello. Ennhada logo affaagos mostrando lhe amor de padre por tal que nõ caya en desperaçom. E o abbade deue aas uezes demostrarse como meestre spantoso. e aas uezes3 come padre muy piadoso. conuẽ a ssaber os discipulos soberuosos e vagos que nõ quiserem seguir a sua doutrina deue reprehender e castigar asperamente e spantosamẽte. e os obedientes e humildosos e mansos e paciẽtes. deue rogar que aprouentem de bem en melhor. e mandamos e amoestamos diz nosso padre sam bẽeto que o abbade doeste e castigue os negligentes e desprezadores. Nen leixe tardar nẽ traspoer os peccados dos seus discipulos sem correyçom e castigo. mas logo come começarem de nacer . perla guisa que el melhor poder. os talhe de rayz. E acorde se e nembre se do perigoo de hely sacerdote de saló. o qual [10] por que nõ quis castigar os seus filhos como deuia. por tanto el e os filhos pereceram e foram condemnados pera sempre. E aquelles que forem mays honestos e de melhores entendimentos. a primeyra e a segunda uez amoeste e correga per palauras. Mas os mãaos e duros de coraçom e soberuos ou desobedientes. en começo desse peccado correga e castigue per açoutes. ou per outra correiçõ corporal. ca scripto he. O sandeu nõ se correge per palauras. e diz mays o sabedor : Castiga e firi o teu filho con a uara e liuraras a sua alma da morte jnfernal. Por que. e por quaas ha o abbade dar conto e razon a deus O abbade sempre se deue de nembrar e consijrar que he abbade e padre e que assy he dito e chamado de todollos outros que lhe som comẽdados e cometidos. por tal que por esta consijraçom el conheça e sayba. que aaquel a que mays he dado e cometido. mays lhe sera demandado. Outro sy saba e consijre quã forte cousa e alta Recebeo a qual he 3 aas uezes come 8 reger[10v] almas e seruir a custumes desvayrados e andar aos talentes e uõotades de muytos. E hũus tractar e reger e correger per affaagos. e outros per doestos. e outros per rogos e amoestamẽtos. E segundo a qualidade e condiçom ou entendimẽto e conhecimẽto que cada hũu houuer. assy se apparelhe e conforme o abbade a todos pera gãaçar as suas almas. E en tal guisa e maneyra que nõ tan soomẽte nõ leixe passar perlos discipulos e monges que lhe forom comitidos. perda nẽ danno ou mĩgua algũa. mas ainda deue se alegrar e trabalhar en acrecentar a boa companha en bem e en uirtudes. Sobre todalas cousas nõ demostre o abbade que nõ paramẽtes por las cousas ou desfalicimẽtos dos seus discipulos. nẽ leixe ou tenha en pouco a sahude das almas daquelles que lhe som cometidos. hauendo moor cuydado e fazendo mays por las cousas transitorias e terreaaes ou temporaaes e desfalecedoyras.que por las spirituaaes que pera sempre ham de seer. Mas sempre pense e cuyde que recebeo encarrego e cuyda[11]do de Reger almas. das quaes ha de dar conto e razon. E nõ se querele nẽ queixe. nẽ murmure por la sustancia corporal e mantijmẽto do mosteyro se for pouco. mas nenbre se daquello que he scripto. Primeyramente sobre todalas cousas e ante todalas cousas. querede e demandade o Reyno de deus e a sua iustiça. e todas estas cousas. scilicet necessarias pera os corpos uos seram dadas e apresentadas. E diz ajnda mays a escriptura. Non desfalece nẽhũa cousa aaquelles que temẽ e seruem a deus. E deue saber que aquel que recebe cura e regimento d almas. deue se de apparalhar e aguisar pera dar conto e recado e razom dellas. E conheça o abbade e seja certo que todo conto de todalas almas que so sua cura houuer. ha de dar razom a deus no dia do juizo e ajnda sen duvida. e da sua alma. E assy sempre temendo aquel examen e enquiriçon do pastor. que se ha de fazer no dia do juizo das ouelhas que lhe foram cometidas. Se se el cauidar e guardar dos desfalecimẽtos e raçõoes dos feytos alheos e po[11v]ser en ello bõo cuydado e bõo studo. estonce el sera solicito e diligente de [to]mar cuydado das razõoes e recadaçõoes dos seus feytos. e da sua alma. E quando el aos outros ministrar e preegar palauras d amor e de sahude. e os amoestar que se enmẽdem. sera por ello emendado e libre dos seus proprios peccados. De como deuẽ seer chamados os frayres a conselho Quando alguũas cousas grandes se ouuerẽ de fazer no mosteyro. O abbade chame toda a congregaçom e demostre e diga aquello que quer tractar ou fazer. E depoys que ouuir o conselho dos frayres. tracte o e cuyde o ben en seu coraçõ. e o conselho que el achar e entender que he mays proueytoso. esse faça. E por tanto dissemos que todos fossem 9 chamados a conselho. por que per muytas uezes. demostra deus ao mays pequeno aquello que he melhor e mays proueytoso. Mas e os frayres assy dem o conselho con toda sugeyçom e humilda[12]de que nõ presumã nẽ ousem de mostrar nẽ defender soberuosamente. aquello que a elles parecer melhor. Mas o conselho penda e ste mays no aluidro e juizo do abbade que delles. e todos obedeçam aaquello que el iulgar que he mays proueytoso e mays sãao. Mas assy como conuẽ e perteece aos discipulos obedecer ao meestre. ben assy perteece a el fazer e ordenar todalas cousas iustamente e direytamẽte. E porẽ todos sigam e guardem esta regla que nos ameestra e ensina en todos preceptos e mandamẽtos della assy spirituaaes come temporaaes. et nehũu nõ desvihe nẽ faça o contrairo della con presunçõ ou desprezamẽto. Nehuum no mosteyro nõ siga nẽ huse da sua propria võotade. nẽ presuma nẽ ouse nehuũ dentro ou fora do mosteyro soberuosamete contender ou hauer algũa entençom ou palauras con seu abbade que se presumir e for ousado de o ffazer. seja por ello sometido e posto aa desciplina da regla. Pero esse abbade faça todalas cousas con temor de deus e guarda [12v] da santa regla. sabendo sen duuida nehũa. que de todolos seus juizos e feytos ha de dar razon ao iujz muy direito e uerdadeyro deus. Mas se algũas cousas pequenas se houuerẽ de fazer en prol do mosteyro. nõ chame se nã. os anciãaos e antigos con o conselho dos quaes fale e ordene essas cousas. assy como he scripto. Todalas cousas faze con conselho. e depoys que as fezeres nõ te repreeederas. De como nosso padre san bẽeto declara as obras da carreira da uida per la qual deuemos correr e vijr aa vida perdurauil Premeyramẽte ante todalas cousas. Amar deus de todo coraçon. e de toda alma e uõotade. e con toda uirtude. Dessy amar o seu proximo assy como a sy medes. Depoys desto nõ matar. nõ cometer adulterio de feyto nẽ de uõotade. nõ fazer furto. nõ cubijcar mal nehũu. nõ dizer falso testimunho. Honrar todolos homẽes. e nõ fazer a outrem aquello que el nõ queria que lhe fezessem. Negar cada hũu sy meesmo e a sua [13] võotade propria. por tal que sega jhesu christo. que he de poer e leixar a home uelho cõ todolos seus autos e obras maas. e uestir o homem nouo que segundo deus he creado en iustiça e sanctidade. o qual spiritualmente e nõ carnalmente uiue. Desy o seu corpo castigar e apremar e constrager e poer lo a seruir en uigilias e affliçõoes e en outros autos bõos. De manjares e delectos delles nõ cubijcar. nẽ gostar con gram feruor de desejo. O jeiuhũ amar posto que nõ jeiuunen. Vbi gracia. Se por caridade por lo hospede 10 quebrantas o jeiũu. e desejas jeiuar. por jeiuũ he cõtado. ca posto que jeiuũes. se nõ amas jeiuũar. nõ te he contado por jeiuũ. Desy os pobres recrear. O nuu uestir. assy do uestido de fora do corpo como do dentro d alma. conuẽ a ssaber uestir o corpo de uestiduras e alma de uirtudes. e doutrina e conselhos e exemplos. E os enfermos uisitar. o morto soterrar. Acorrer e dar ajuda a aquel que for ou steuer en pressa e en tribulaçom. Consolar e confortar [13v] o doente que se dooe d algũa cousa. assy spiritual como corporal ou temporal. Dos feytos e das obras do segre se arredar e fazer alheo e estranho e delhas se quitar. Non ante poer nehũa cousa ao amor de ihesu christo querendo a e amando a mays que jhesu christo. ca el disse. Aquel que ama padre ou madre mays que mĩ. nõ he digno de mĩ. Depois desto Jra nõ acabar. tempo de sanha e de uingança. nõ aguardar nẽ atender. Engano n[o]4 coraçõ nõ teer. Paz falsa ou saudacõ nõ dar nẽ dizer. Caridade nõ leixar nẽ desemparar. Non iure nẽ per uentura seja periuro. Verdade do coraçõ e de uõotade e per la boca dizer. Mal por mal nõ fazer nẽ dar. Jnjuria a nehũu nõ fazer. mas se lha fezerem. pacientemente e con humildade por amor de ihesu christo a soportar e soffrer. Os Jmijgos amar. non por que som Jmijgos. mas por que som homẽes come nos Non maldizer os que nos maldizem. dezendo mal por mal. mas bem dizer elles e del[14]les como ihesu christo que nõ maldizia nẽ doestaua os que o maldiziam e doestauam. E enjurias e perseguicõoes por la iustica soffrer. Non seer soberuoso nẽ muyto beuedor de uinho ou de cousa que embeuede. ca o propheta diz. Hay de uos que sodes poderossos e ualentes pera beuer muyto uinho. e barõoes fortes pera mestural e conpoer a beuedice.Outro sy. nẽ seer muyto comedor e garganton.nẽ muyto sõnolento e dormidor. nẽ priguicoso quer dizer nõ tardinheiro ou dileixado. ou modorno. Non murmurar contra deus nẽ contra nẽhũu. Nem seer detraidor e deffamador e dizedor de mal d outrem. Mas e a sua sperança a deus cometer e en el poer. E quando en sy algũu ben uir e sentir. a deus o de e apponha e nõ a ssy. conhecendo ou crẽedo que todo uem de deus e nõ del. Mas o mal sempre quando o fezer saba e seja certo que procede e vem del. e assy o tenha e crea. dezendo cõ o propheta. Verdadeyramente aquesta maldade minha [14v] he. e leua la hey. E gemendo diga ajnda mays con dauid. Mays laua me senhor. de toda minha maldade. e do meu peccado alimpa me. ca eubem conheço a minha maldade. e o meu peccado contra mj he sempre. E portanto de toda maa obra nos meesmos deuemos accusar e culpar.E o dia do juizo sempre temer. e do jnferno logarde fogo e de exuffre sempre se homẽ spantar e dello temor e pauor hauer. A uida do outro 4 nõ 11 mũdoque he perdurauil con todo desejo e uõotade spiritual cubijçar. E a morte en cada hũu dia ante os seus olhos poer e hauer. e nẽbrar se e consijrar que ha de morrer. Os feytos e as obras da sua uida. en toda hora guardar. scilicet. enno cuydar. enno falar. e no obrar. sabendo por certo que en todo logar deus o olha e esguarda e vee os seus feytos. As cuydaçõoes maas que acorrerẽ e aveerem ao seu coraçom. logo muy assinha chamando e pidindo a ajuda de jhesu christo empuxar de ssy. confessan[15]do as ao seu confessor e padre spiritual. as quaaes cuydaçõoes portanto manda nosso padre san beento ao padre spiritual dizer e demostrar. por tal que del receba conselho de saude. e do senhor deus muyto mays asinha remediũ. contra o peccado. E guarde se do maao ou empeeciuil falar. Muyto falar nõ amar. Palauras uãas e ociosas que nõ som necessarias outras que mouã a Rijso. nõ falar. Rijso muyto ou sacudido que começa do alto com escarnho amihudando o Rijso.nõ amar. As liçõoes santas de boa mẽte ovuir E muyto amihude orar. Os seus peccados traspassados com lagrimas e com gimidos en cada hũu dia en sua oraçom a deus confessar. Desses peccados se emendar. Os desejos da carne nõ acabar. A sua võotade propria auorrecer e entejar Aos preceptos e comendamẽtos do abbade en todalas cousas obedeecer. posto que el mal uiua oufaça o que nõ deue. a qual cousa nõ deue de seer. nem[15v]brando se o discipulo do precepto e mandado do nosso jhesu christo. no qual diz. Aquello que uos elles.scilicet. prelados disserem fazede o. mas aquello que elles fezerem nõ o queyrades fazer. Non querer seer dicto ou chamado santo ante que o seja. mas primeyramẽte o seja. pera o seer uerdadeyramẽte dito. Os preceptos e mandamẽtos de deus. per feytos e per obras en cada hũu dia conplir. A castidade amar. A nehũu no teer odio. Zeo maao e enueja non hauer. Perfia e contençõoes nõ amar. Aleuantamẽto de uãa gloria fugir. Os uelhos e anciãaos honrar. Os mancebos amar. Por amor de jhesu christo. por los jmijgos orar. Con aqueles con que houuer baralha ou discordia. ante do sol posto. en paz e en bõo amorio se poer e tornar. e da misericordia de deus nũca desesperar. Eys estes som os stromentos e cousas da arte spiritual e das uirtudes. con os quaaes a vida spiritual he fabricada e conposta. Os quaaes instrumẽtos e preceptos sobreditos do nosso [16] senhor muy santos. se per nos de dia e de noute continuadamẽte forem conplidos e no dia do juizo assijnados e demostrados receberemos. aquella merçee e gallardam de deus. que el prometeo. O qual olhos nũca uirom. nẽ orelhas ouviron. nẽ coraçon nẽ o entendimẽto do homẽ pode pensar quanta he a gloria e ben auenturanca. que deus ten aprestes e apparalhada pera aquelles que o amam. Os logares hu todas estas cousas sobreditas. con diligencia deuemos de fazer e obrar. som os mosteyros perseuerando e stando firmes na congregacon. O primeyro 12 graao da humildade he. obediencia ou obedeecer sen detardança. Esta conuẽ e perteece aaquelles que nõ amam cousa nẽhũa mays que ihesu christo. E estes tanto que lhes perlo seu mayor for mandada ou cõmendada algũa cousa. assy lhe obedeecem e fazem con diligencia o que lhes he mandado. assi como se lhes fosse dito e mandado per deus e nõ sabem poer de tardanca en o fazer. E esto por[16v] lo serviço santo e voto que prometeron ou por medo da pena do fogo do Jnferno. ou por amor da gloria da uida perdurauil. Os quaaes o nosso senhor deus diz. Como me ouujo con a orelha. logo sen detardança me obedeçeo. E segue se ajnda mays. e diz aos meestres e doutores e preegadores. Aquel que uos ouue. me ouve. E por esto. estes taaes logo leixando e desemparando as suas cousas e as suas proprias voontades muyto asinha desocupam e tiram suas maanos daquelo que tijnham pera fazer. e leyxando por acabar aquello que faziam. obedeecem e cõ o pee uizinho da obediencia per feytos e per obras seguẽ e complem a uoz e o mandamento do seu mayor. E assy como en hũu momẽto e espaço muy breue. o sobredito encomendamẽto do meestre. e a obediencia e a perfeyta obra do discipulo obediente muyto a pressa con temor e amor de deus. ambas juntamente asinha som feytas e compridas. E por esso os que ham amor e desejo da uida perdurauil. escolhem e tomã car[17]reyra e caminho muy streyto. nõ querendo uiuer per seu aluidro nẽ per seu talente. nẽ obedecer aos seus desejos e deleytos. mas ante querem andar e uiuer e obedeecer ao juizo e mandamẽto alheo. desejando de uiuer nos mosteyros pera hauerẽ padre abbade que os roga. e tracte streytamente. Dos quaes diz o nosso senhor. Streyta he a carreyra que aduz e trage os homẽ es aa uida perdurauil. Estes taaes sen duuida nehũa seguẽ e complem aquella sentença do senhor.na qual diz. Non vijm fazer a minha võotade. mas a uõotade daquel que me enviou. Mas e enton essa obediencia sera recibida ante deus. e praziuil e amauil e dolce aos homẽes. se aquello que he mandado e encomendado ao discipulo for feyto sen temor e sen diuida e sen detardança e sen priguiça. e sen murmuraçõ e sen referta. Por que a obediencia que he feyta aos mayores. a deus he feyta. ca el disse. Aquel que uos ouue e uos obedece. my ouue e my obedeece. E aos discipulos convem e perteece obe[17v]deecer con bõo coraçõ ledo. por que deus ama muyto. o que o serue con plazer e alegria. Ca se o discipulo serue ou obedeece com maao coraçõ e uõotade triste ou soberuosa e referteyra. posto que el nõ murmure perla boca. mas soomente murmure no coraçom. e compla e faça aquello que lhe he mandado e encomendado. empero tal obediencia como esta. nõ lhe sera recibida nẽ gradicida de deus. que esguarda e o olha e vee o coraçõ e uõotade de tal murmurador E por tal feyto e 13 obediencia. nõ auera graça nẽ galardon nẽhũu. mas hauera pena dos murmuradores e desobedientes. se se nõ emendar e satisfazer do peccado. Do silencio. Façamos aquello que diz o propheta. Disse eu guardarey as carreiras e caminhos das obras da minha uida. que nõ peque na minha lingua. Puse guarda aa minha boca.E fize me mudo humildosamẽte. e caley me de falar as boas cousas. En estas palauras [18] nos demostra o propheta. que se algũas uezes por guarda do silencio. nõ deuemos falar nẽ dizer as boas cousas. quanto mays deuemos cessar e calar das maas palauras por lo peccado e pena del. E porende aos discipulos ajnda que seiam boõs e perfeytos. e queyram falar das boas cousas e santas e de edifi[ca]çam5. por graueza e peso e por guarda do silencio. poucas uezes lhes seja outorgada lecença de falar. por que scripto he. O que muyto fala nõ se pode guardar de peccar. E en outro logar diz a escriptura. A morte e a vida. sta. no dizer e falar da lingua. Por que ao meestre soo perteece falar e ensinar. e ao discipulo ouuir e calar. E por esso se o discipulo houver mester ou quiser pedir e demandar. ou preguntar algũa cousa. demande a e pregunte a ao prior con toda humildade e reuerença e con toda subgeyçom. Ligeyrices e joguetes d escarnhos e de rijsos ou outras palauras ociosas ou outras que mouam [18v] a Rijso de todo en todo danamos e antredizemos e defendemos sempre en todo logar. e a tal fala como esta ao discipulo abrir sua boca nõ leixamos nẽ damos logar. Da humildade. Irmãaos. a santa scriptura clama et braada a nos e diz nos. Todo aquel que se exalça. sera humildado e abaixado. e aquel que se humilda e ten en pouco sera exalçado. En dizendo esto a santa scriptura. mostra nos. que todo exalçamento he geeracõ e maneyra de soberua. Da qual geeraçõ e maneyra de soberua. nos demostra o propheta que se cauidaua e guardaua. dizendo. Senhor o meu coraçõ non foy exalçado. nẽ os meus olhos foron cheos de aleuantamẽto de soberua. Nen andey nẽ presumy nẽ senty en my nẽ de my cousas grandes. Nen pensey sobre my cousas marauilhosas que eu de my ou per my nõ podia fazer. Mas que senhor. Se eu nõ senti nẽ andey humildosamẽte. mas exalcey a minha alma ensoberuecendo e tẽedo me en muyto e presu[19] mẽdo de my. assi des tu o galardon contra a minha alma que nũca ueja nẽ aja a consolaçõ da tua gloria. como o 5 edifiçam 14 moço pequeno que se ajnda cria no colo e no seo da sua madre perde a uida e consolaçon e morre se lhe tiram de todo o lheyte das tetas. Onde jrmãaos se nos queremos hauer e percalçar. a alteza da muy grande humildade. e queremos e desejamos muyto asinha vijr aaquelle exalcamẽto da gloria celestial. aaquel perla humildade e abaixamẽto desta uida presente podemos sobir e vĩjr. poren per nossos bõos feytos e obras sobindo e aproveytando de ben en melhor. leuantemos cõ ellas aquela scaada que appareçeo a iacob en sonhos per que hajamos de sobir aa gloria celestial. na qual scaada lhe foron demostrados anjos que per ella sobiam e descendiam. E sen duuida nẽhũa. nõ entendemos que aquel ascendimẽto ou sobimẽto he outra cousa. se non. que per exalcamẽto de soberua descenderemos e seremos abaixados en este mũdo ou no outro no jnferno. E per [19v] humildade sobiremos. aa gloria do parayso. Mas essa scaada que estaua leuantada pera o ceeo. he a nossa uida en este mũdo. a qual cõ obras de coraçõ humildoso sera leuantada do sonhor ao reyno do [c]eeos. Os lados e anchura. daquella scaada. dizemos que he o nosso corpo e a nossa alma. Nos quaes ou perlos quaes lados. deus padre pose e exertou chamando e conuidando nos perlo seu filho. desuayrados graaos de humildade e de doutrina e ensinança e bõos exemplos per que houuessemos ascender e ir aa sua gloria. Do primeyro grááo da humildade [19v] O primeyro graao da humildade he. poer o monge e hauer o temor de deus sempre presente ante os seus olhos. entende tu do seu coraçõ. e de todo en todo nũca se esquecer delle. E sempre se nembre de todolos preceptos e mandamẽtos de deus. Outrosy e de como os que desprezam deus. vãa se aas penas do jnferno por los seus peccados. E pense sempre e reuol[20r]ua no seu coracõ. a gloria e a uida perdurauil que esta apparelhada pera aquelles que temen e amam deus. E guarde se en toda hora dos peccados e uicios. conuem a ssaber dos maaos pensamentos e cuydaçõoes e do maao falar. e do oolhar. e do maao obrar das maaos e dos pees e da sua propria uõotade. mas e ajnda trabalhe de tirar e empuxar de ssy os maaos desejos da sua carne. E pense e cuyde o homẽ que en toda hora sempre deus o vee e esguarda dos ceeos. e que el vee os seus feytos en todo logar con a presenca da sua diuijndade. e perlos seus anjos en toda hora som presentados a el. Esto nos demostra o propheta quando nos da a entender que deus sempre he presente ennas nossas cuydaçõoes e pensamẽtos. dizendo. Deus escoldrinha e proua os coraçõoes e as †. E diz mays ajnda. O senhor deus conhesce as cuydaçoões dos homẽes. E diz outra uez. Entendisti senhor as minhas cuydaçõoes. [20v] de longe. ca o 15 pensamento e a cuydaçõ de homẽ sera confessada e demostrada a ty. E pera o monge6 seer solicito e prouisto sobre as suas cuydaçõoes maas e peruersas. pera se guarda[r] dellas. diga sempre esse frayre bõo e proueytoso. en seu coraçõ. Estonce serey eu sen magoa de peccado ante deus se me eu guardar de toda minha maldade. Mas ajnda assy nos he defeso que nõ façamos a nossa propria uoontade. dezendo nos a escriptura. Torna te e quita te dos teus dileytos e desejos. E por esso rogamos a deus na oraçom do pater noster que seja a sua uoontade feyta e conplida en nos. Poys cũ raçom ben e direytamete somos ja doutrinados e ensinados que nõ façamos a nossa propria uõotade cauidando nos daquello que nos diz a santa scriptura. Som autos e obras que parecẽ aos homẽes boas e direytas. e a fin e o acabamento dellas tragẽ e amergẽ os homẽes ao profundo do Inferno. Outro sy cauidando nos e guardando nos [21r] daquello que he scripto e dito dos negligentes. Corrutos e auorreciuijs som feytos nos seus maaos desejos. E creamos que deus sempre he presente ennos desejos da nossa carne. por que o propheta diz. Senhor ante ti he todo o meu desejo. Poys por esto. nos deuemos muyto cauida[r] e guardar do maao desejo. ca o desejo maao e a deleytaçõ trage consigo juntamente a morte. Onde a escriptura nos encomenda e diz. Non te alances nẽ te vaas apos las tuas cubijças e desejos. E porende Jrmãaos. se os olhos do nosso senhor deus esguardam e vẽe os bõos e os mãaos. e el do ceeo sempre o olha sobre os filhos dos homẽes. pera veer se ha hy algũu que entenda e queira e demande deus E se a nossas obras e os nossos feytos. de dia e de nocte. perlos anjos que nos som dados por guarda. som contadas e demostradas ao nosso criador e senhor deus por esso jrmãoos en toda hora nos deuemos de guardar e cauidar. assy como diz o pro[21v]pheta. Nem peruentura algũa hora esguarde e oolhe deus nos e os nossos feytos maaos e sem proueito. e perdoando nos en este tempo. por que el he piadoso e misericordioso. e atende nos que nos tornemos e emendemos en milhor. diga nos depois no dia do juizo. Estes feytos e peccados fezeste tu e caley me eu. Do segundo graao da humildade. O segundo graao da humildade he. he se o monge nõ ama a sua vootade propria nẽ se deleyta nẽ toma en sy plazenteria nẽ sabor pera complir e acabar os seus desejos. mas per obras e per feytos segue aquella uoz do nosso senhor que diz. Non vijm fazer a minha uõotade. mas a võotade daquel que me enviou. E a escriptura diz. A deleytaçõ da carne. e complimento dos seus desejos haueram e padeceram pena e tormẽto pera sempre e a 6 o pera o monge 16 necessidade e tribulaçõoes da carne soffrendo as e padecendo as o monge. pariram e geeraram a el coroa e gloria pera sempre. Do terceyro gráao da humildade. [22r] O terceyro graao da humildade he. se algũu por lo amor de deus. sojuga sy e a sua propria uoontade ao mayor con toda obediencia. seguindo ihesu christo. do qual diz o apostolo feze se obediente ao padre ataa morte. Do quarto grãao da humildade O quarto graao da humildade he. se o monge quando o mandã fazer algũa cousa e el en essa sua obediencia abraça e toma a paciencia nas cousas duras e contrairas aa sua võotade ou en outras jnjurias que lhe forem feytas ou ditas. quaaesquer que sejam. e esto con boa consciencia. e con boo coraçõ calando se. E soffrendo as. nõ enfraqueça nẽ se parta do mosteyro. Porque a escriptura diz. Aquel que perseuerar ataa fin. sera saluo. E segue se. O teu coraçom seja confortado e forte. e perseuerando soffre o senhor. E querendo nos demostrar a escriptura que o bõo e fiel monge deue de padecer e soffrer todalas cousas contrairas por lo amor de deus. Diz en persoa daquelles que as padecem e soffrem. Senhor [22v] por lo teu amor en cada hũu dia grauemente somos afflitos e atribulados e atormentados e somos feytos mudos e ataaes como as ouelhas quando as querem matar. E estes taaes ja seguros da speranca do galardon de deus. segue se e dizem con plazer e alegria. Mas todas estas afliçõoes e tribulaçõoes soffremos e uencemos. por amor daquel que nos amou. E diz. mays a escriptura en no outro logar. Senhor deus tu nos prouaste. e per fogo de tribulaçõoes. nos examinaste. assy como a prata he examinada e purguada perlo fogo. tragendo nos a laço e estreiteza e aspereza. poendo sobre nos muytas tribulaçõoes. E pera nos demostrar que deuemos de uiuer so poderio de prelado. segue se e diz. Poseste homẽes sobre as nossas cabeças. Mas e aqueles que complem o precepto do nosso senhor deus. per paciencia nas cousas contrairas e nas jniurias e affliçõoes. quando os ferem en hũua face apparam a outra. e ao que lhes toma [23r] a saya. leixã lhe ajnda o manto e con aqueles que os leuam per forca hũa legoa. vãa con elles duas e assi como o apostolo san paulo. soffrem os falsos jrmãaos e padecem e sosteem e soffrem perseguiçooes. e ben dizem aqueles que os uituperam e maldizem. e assi uerdadeyramente complem o precepto da humildade. Do quinto graao da humildade. 17 O quinto graao da humildade he. se todalas maas cuydaçõoes que ueerem ao coraçom do monge e os peccados que el cometeo e fez ascondidamẽte. os demostrar e descobrir a seu abbade per hu mildosa confisson. E desta cousa nos amoesta a escriptura e diz. Demostra a deus o caminho e a carreira dos teus feytos e obras. e espera en el. E diz ajnda mays. Confessade uos ao senhor. ca el he bõo e piadoso e pera todo sempre he a sua misericordia. E o propheta diz. Senhor eu notifiquey e demostrey a ti o meu peccado. e as minhas maldades nõ encobri. Disse en meu coraçom. [23v] pornũciarey e demostrarey per confisson. contra my as minhas maldades ao senhor. e tu senhor. logo ante que me per boca confessasse. me perdoaste a crueza e maleza do meu coraçom. Do sexto graao da humildade. O sexto graao da humildade he. se o monge for contente de toda uileza e de seer ultimo e postumeyro e mays baixo de todos. e en todalas cousas que lhe forem encomẽdadas que faça se julgue por maao obreyro e nõ digno pera fazer essas cousas. dizendo con o propheta. A nehũa cousa soom tornado e nõ soom bõo pera fazer cousa nehũa como deuo e nõ no entendi nẽ no soube. e feyto sõo assi como besta sen entendimento ante ti. e eu sempre contigo nõ me partindo de ti. Do septomo graao da humildade O septimo graao da humildade he. se o monge se demostra mays vil e mays pequeno e baixo de todos. nõ tam soomente per sua boca. mas ajnda dentro no afeyto e desejo do seu coraçom de toda võotade assy o ten e cree. O[24r]mildando se e dizendo con o propheta. Eu sõo uermen e nõ sõo homẽ. sõo doesto dos homẽes. e engeytamento e auorrecimẽto do poboo. E fuy exalçado e honrrado per soberua en este mũdo. mas agora som humildado e posto en sogeyçom e cõfuso e enuergonçado dos peccados. E sentindo o ben desto. segue se e diz. Senhor. grande ben me he. por que me humildaste e sojugaste. pera eu apprender e saber os teus preceptos e mandamentos. Do outauo graao da humildade O outauo graao da humildade he. que o monge nõ faça per seu aluidro. nehũa cousa doutra uida estremada. se nõ aquelo que a regla do mosteyro cõmuũ. ou os exemplos bõos dos seus mayores amostram e mandam. Do nono graao da humildade 18 O nono graao da humildade he. se o monge guardar e reteuer sua lingua do falar. e teendo silencio nõ falen ataa que o pregũtem. mostrando nos e dizendo nos a escriptura. que na [24v] muyta fala nõ fugiras ao peccado. E que o homem linguaz e de muyta palaura nõ seia ben enderencado nẽ ben guiado sobre a terra por seus muytos dizeres. Do decimo graao da humildade. O decimo graao da humildade he. se o monge se nõ mouer de ligeyro con leuidade a rijr. nẽ for prompto nem attento no seu rijso. por que scripto he. O sandeu nõ rijso exalça e leuanta a sua uoz. Do undecimo graao da humildade. O vndecimo graao da humildade he. se quando o monge falar. fale dolcemente e graciosamente e a ppasso e sen rijso. humildosamete e con graueza e peso e poucas palauras e Razoauijs e ben assẽetadas. E nõ seja muyto braadador de uoz. ca escripto he. O sabedor en poucas palauras se demostra. Do duodecimo graao da humildade. O duodecimo graao da humildade he. que o monge nõ tam soomẽte con o coraçom e cõ a võotade mostre a humildade en sy. mas ajnda cõ o [25r] corpo nas obras de fora. sempre mostre a todos aqueles que ouuem que ha en sy humildade. conuem a saber. na obra de deus. quer dizer quando ora ou canta salmos. hymnos. canticos ou outra cousa da obra do seruiço de deus. e nõ oratorio ou egreja. no seu ministerio e seruico. no orta. na carreyra e caminho. no agro. ou en outro qualquer logar que seuer. andar. ou steuer sempre seja con a cabeça jnclinada e con os olhos ficados en terra. Hauendo e teendo se por Reeo e culpado en toda hora dos seus peccados. pense e cuyde que ja he presentado no muy spantoso juizo de deus. dizendo sempre en seu coraçom aquelo que o publicano do euangelho. cõ os olhos ficados en terra. dissy. Senhor, eu peccador e maao. nõ sõo digno leuantar os meus olhos ao ceeo. E diga ajnda con o propheta. Jncuruado sõo e abaixado e humildado de cada parte Poys que assy he. que per estes graaos sobreditos o monge deue andar e sobir aa caridade de deus depois que [25v] per todos estes doze graaos sobir. muyto asinha vĩjra aaquela caridade de deus. a qual perfeyta lança fora todo temor. Per la qual todalas cousas que primeyramẽte fazia e guardaua con temor. estonce sen temor e sen medo nehũu e sen trabalho. começara de fazer e guardado bõo custume que houue ben como se o houuesse de natureleza propria nõ ja por medo do jnferno. mas por amor de jhesu christo e per esse bõo custume e usu que ouue e per deleytamento e 19 amor das uirtudes. As quaaes cousas a deus plazera de mostrar no seu obreiro e seruidor ja limpo e purgado dos uicios e peccados perlo spirito santo. A que tempo se ham de leuantar os monges áás horas de deus que se ham dezer de noute No tempo do jnverno. conuem a ssaber des as calendas de nouenbro ataa pascoa. segundo boa consíjraçon de razon e descreçõ. aa outaua parte da noute. se leuantẽ os monges. per tal guisa que pouco mays que a meatade da noute [26r] dormã. e feyta ja a sua digeston e os stamagos asẽetados. aleuantẽ se aas uigilias. E o spaço qui fica depoys das uigilias ataa manhãa. seja pera aqueles frayres que houuerẽ mester de leer algũa cousa de salteyro ou de liçõoes. pera meditar e pensar en esse spaço alguũ ben. Mas dela pascoa ataa as sobreditas calendas de nouẽbro. assy temperem e tangam a hora en que se possam dizer as uigilias da noute. que fique hũu muy pequeno spaço antre as uigilias e os laudes enquanto os monges possam hir aas necessarias da natureleza e logo digam os laudes. Os quaaes se deue de dizer quando começar de amanheecer. Quantos psalmos se ham de dizer nas horas das noutes No tempo do jnuerno aas uigilias digam primeyramente. Deus in adiutoriũ meũ intende. Domine ad adiuuandũ me festina. e depois. Domine labia mea aperies. e os meũ annũciabit laudem tuã. O qual repetido per tres uezes ajunte lhe logo e [26v] digam o terceyro salmo cõ gloria patri. o qual he. Domine quid multiplicati sũt. E depoys deste o nonagessimo quarto salmo. que he. Venite exultemus domino. cõ sua antifãa. ou certamẽte digam no cantado chaamẽte sen antifãa. se tal tempo for. Desy siga se o hymno ambrosiano. Depoys siguam se sex salmos con antiphãas. Os quaaes acabados e ditos. e dito o uersete. de o abbade a bẽeçom aaquel que houuer de dizer a liçõ. e assẽetem se todos nos scanos. ou seedas. e leam os monges tres liçõoes perlo liuro. per uezes. hora este. hora aquele. sobre o literil. Antre as quaaes sejam ajnda mays cantados tres responsos. Mas aquel que cantar o responso depoys da terceyra liçom diga a Gloria patri. E quando a começar de dizer o que a canta. todos logo muy asinha se aleuantẽ da suas seedas por honra e reuerença da santa trijndade. Mas nas uigilias dos nouturnos sejam leudos os liuros assy do testamẽto uelho como do testamento [27r] nouo. E sejam outro sy leudas as exposiçõoes deles. as quaaes forõ feytas perlos santos padres catholicos fiees. e muy nomeados doutores. E depoys destas tres liçõoes con seus responsos. siguã se outros sex salmos cantados cõ alleluya E ditos estes diguã a liçõ. scilicet. o capitolo do 20 apostolo de cor e con uersete e a sinplicaçõ da ladainha conuẽ a saber. O kyrieleyson. e assy sejam acabadas e affiindas as uigilias dos nouturnos das noutes. Como e per que guisa se ham de dizer as uigilias das noutes no tenpo do estio e da caentura. Des a pascoa ataa as calendas de nouẽbro aas uigilias seja teuda toda a quantidade do cantar dos salmos. perla guisa e maneira que suso he dito. saluo que as liçõoes perlo liuro nõ sejam leudas porlas noutes que som breues e pequenas. mas por essas tres licõoes. seja dita hũa liçom do testamento uelho. de cor. e depoys della hũu responso breue. e todalas outras cousas sejam conplidas perla [27v] guisa que dito he das uigilias. Conuem a saber. que nũca aas uigilias dos nouturnos. sejam ditos menos da quantidade de doze salmos. tirados o terceyro e o nonagesimo quarto salmo. os quaaes som. Domine quid multiplicati sũt. e Venite exultemus domino Como e en que maneyra se ham de dizer as uigilias no dia do domingo. No dia do domingo. mays cedo se leuantẽ os monges aas uigilias. que en nos outros dias. En nas quaaes uigilias. seja teuda a mẽsura e quantidade dos salmos assi como de suso dissemos e sposemos. conuẽ a ssaber. os sex salmos cantados e ditos. e o uersete. enton assẽetem se e sejam todos nas suas séédas ordenadamẽte per ordem. e sejam leudas perlo liuro quatro liçõoes con seus responsos. assi como suso dissemos. E o que en este noutruno disser ou cantar o quarto responso. diga con el. a gloria patri. A qual gloria quando acomeçar. logo todos en reuerencia estonce se a[28]leuantẽ das suas seedas. Depoys das quaaes liçõoes. digam se e sigam se per ordem outros sex salmos con suas antiphãas assi como os primeiros e o uersete. Depos dos quaaes salmos sejam leudas outras quatro liçõoes con seus responsos. perlo modo e ordem que de suso dissemos. Depoys destas quatro liçõoes. sejam ditas tres canticas dos prophetas. quaaes o abbade stabelecer e mandar. As quaaes canticas con alleluya. sejam cantadas e ditas. E dito o uersete. e depoys que o abbade der a beeçõ. sejam leudas outras quatro liçõoes do testamẽto nouo. per aquelle modo e maneyra das outras suso ditas. E depoys do quarto responso comece o abbade o hymno. Te deum laudamos. O qual acabado. lea o abbade a licõ. do euangelho. stando todos cõ honra e reuerencia e tremor leuantados. A qual acabada. todos respondam. Amen. E sigua se logo e diga o abbade o hymno. Te decet laus. E dada a bẽeçõ. comecem se os laudes. A qual ordem das uigilias. [28v] jgualmẽte no dia do domingo seja teuda e guardada en todo tempo. assi do uerãao como do 21 jnuerno. saluo per uentura se se leuantarẽ mays tarde do que deuẽ. do que se deuẽ muyto de guardar. e por esto abreuiarem algũa cousa das liçõoes. ou dos responsos. Da qual cousa de todo en todo se cauidem e percebam que nõ aconteça. que se acontecer. estonce aquel per cuja culpa e negligencia ueer dignamente satisfaçom a deus no oratorio. En que manayra se ham de dizer os laudes no dia do domĩgo. No dia do domingo aos laudes digam logo primeyramẽte o sessagesimo sexto salmo que he Deus misereatur nostri. sen antiphãa chaamẽte. E depoys deste digam con alleluya. O quinquagessimo. que he o miserere mei deus. Despos o qual sejam ditos o centesimo septimo decimo salmo e o sessagesimo segundo que som. Confitemini domino. Deus deus meus ad te de luce. E depoys. Benedicite omnia. opera domini domino. e Laudate dominum de celis [29] E hũa liçõ do apocalipsi de cor. E o responsete. e o hymno. E o uersete. E o cantigo7 do euãgello. scilicet. o Benedictus dominus deus israel. e a ladainha. e o pater noster. e assy sejam acabados. Como e en que maneyra sejam ditos os laudes nos dias priuados En nos dias priuados a solennidade dos laudes. assy seja feyta. conuem a ssaber. O sessagesimo sexto salmo seja dito sen antiphãa spaciosamẽte hũu pouco. assi como no dia do domĩgo. por tal que todos occorram e cheguẽ. ao quinquagesimo o qual con antiphãa seja dito. depos o qual sejam ditos outros dous salmos. segundo he de custume. convem a ssaber. Aa segunda feira. o quinto e o tricesimo quinto. scilicet. Verba mea e Dixit iniustus. E a terça feira. o quadragesimo segundo. e o quinquagesimo sexto. scilicet. Iudica me deus. e Miserere mei deus miserere mei. E aa quarta feira. o sessagesimo tercio e o sessagesimo quarto. scilicet. Exaudi deus. oratio. meam. con. e Te decet hymnus deus. E aa quinta feira. o outogessimo septimo e o ou[29v]togesimo nono. scilicet. Domine deus salutis mee. e Domine refugiũ. E aa sexta feria. o septuagesimo quinto e o nonagesimo primo. scilicet. Notus in iudea deus. e Bonũ est confiteri domino. Mas a8 o sabbado. o centesimo quadragesimo segundo. scilicet. Domine exaudi orationem meã e o cantico deuteronomini. scilicet. Audite celi que loquor. o qual seja partido en duas glorias. Mas en cada hũu dos outros dias seja dito seu cantico dos prophetas. assi como canta a egreja de roma. Depoys desto sigam se os laudes. scilicet. Laudate dominum de celis. dessy hũa licõ do apostolo rezada de cor. e o responsete e o ambrosiano quer dizer 7 cantigo] cantico emendado para cantigo 8 Mas o sabbado a 22 o hymno. e o uersete. e o cantigo do euãgelho. e a ladainha. e assy sejam acabados. E sempre na fin dos laudes e da uespera. a oraçõ dominica. conuem a saber. o pater noster. seja dita do prior altamẽte que o ouçam todos. por las spinhas e mouimẽtos dos scandalos que sõoe de nacer. que todos porlo promitimẽto dessa oraçõ. na qual dizẽ. senhor perdoa a nos as nossas diuidas. [30] assi como nos perdoamos aos nossos deuedores. Quer dizer perdoa a nos os nossos errores. assi como nos perdoamos aos que nos erraron. houuindo esto. todos se alimpem e quitem deste peccado. Mas nas outras horas. a postumeyra parte dessa oraçõ. seja dita alta. que todos respondã Sed libera nos a malo. Como e en que maneyra sejam ditas as vigilias nas festas dos santos. En nas festas dos santos e en todas as solelennidades deles. assi como dissemos que se fezesse no dia do domingo assi seja feyto. tirãdo que os salmos e as antiphãas e as liçõoes. que a esse dia pertẽecem sejam ditas. perlo modo suso dito. En quaaes tempos seja dita alleluya. Des a santa pascoa ataa o pentecoste cõtinuadamente e sen antremetimento nehũu. seja dita alleluya. assy nos salmos come nos responsos. e nos uersetes. Mas des o pentecoste ataa o começo do quareesma. en todalas noutes. con [30v] os postumeyros sex salmos tan sóómẽte seja dita alleluya aos nouturnos dos dias priuados. Outro ssy en todolos domĩgos. tirados os da quareesma. as canticas. e os laudes. e a prima. e a terça. e a sexta e a noa. con alleluya sejam ditas. Mas a uespera con antiphãa. Os responsos non sejam ditos con alleluya. saluo des pascoa ataa o pentecoste. Como se deuẽ de dizer de dia as horas de deus. Assi como diz o propheta. Senhor. sete uezes no dia. disse e dey louuor a ti. O qual numero e conto de sete sagrado e perfeyto. de nos assi sera cõplido. se pagar os officios dos laudes. e da prima e terça e da sexta e da noa e da vespera e da completa. en no tempo da nossa seruidõoe. Por que destas horas diz o propheta. Sete uezes. no dia dey louuor a ti. Mas das uigilias da noute esse medes propheta diz. Áá meatade da noute me leuantaua a confessar e dar louuor a ti. Poys por esto demos louuores ao nosso creador por lo juizo da sua iustiça en [31] estes tempos. conuẽ a ssaber. en nos laudes. na prima. na terça. na sexta. na noa. na vespera. e na completa. e de noute nos leuantemos a confessar e dar louuores a el. 23 Quãtos salmos se ham de dizer per las horas de dia. Ia dos nouturnos e dos laudes ben de partimos e declaramos e ordenamos a ordem dos salmos. Agora uejamos das outras horas seguintes. Na hora da prima. sejam ditos tres salmos. cada hũu con sua gloria. E ante que estes salmos se comecẽ. digam. Deus in adiutorium meũ jntende. e depoys o hymno que pertẽece a essa hora. E acabados os salmos. seja dita hũa liçõ. scilicet. o capitulo. e o uersete e o kyrieleyson. e assi sejam acabadas. Mas e a terça9 e a sexta e a noa. per esta medes maneyra e ordem sejam celebradas e ditas. conuẽ a ssaber. Deus jn adiutoriũ meũ. e os hymnos pertẽecentes a essas horas e tres salmos e o capitulo e o uersete. e kyrieleyson. e assi sejam enuiadas e afindas. Se [31v] a congregaçõ for grande. sejam cantadas as horas con antiphãas. Mas se for pequena. rezem nas chaamẽte se lhes for muyto graue de as cantar. Mas a hora da uespera seja terminada e dita con quatro salmos con suas antiphãas. Depos dos quaaes salmos. digam o capitulo. desy o Responso. e o hymno e o uerso. e o cantico do euãgelho e a ladainha e a oraçon dominica. quer dizer do senhor. scilicet. o pater noster. e assy sejam enuiadas a deus e del recebidas. A completa seja terminada e dita con tres salmos. Os quaaes salmos dereytamẽte chãaos sen antiphãas se deuẽ de dizer. Depos dos quaaes. digam o hymno que pertééce a essa hora e o capitolo e o uerso. e kyrieleyson. e a bééçon. scilicet. Benedicio dei omnipotẽtis. e assy sejam enuiadas Do ordenamẽto dos salmos. Esposta a ordem e ordenaçõ dos salmos. das horas de dia. todolos outros salmos que sobejam. Jgualmẽte sejam repartidos en sete uígilias das noute de toda a domaa. conuem [32] a ssaber partindo aquelles salmos que antre elles forẽ mayores. e a cada hũa noute assínem e dem doze salmos. E esto amoestamos e dizemos. que se alguũ nõ prouguer do repartimẽto e ordenaçõ destes salmos. e el entender e julgar que en outra guisa se pode melhor faze e ordenar. ordene os. per tal guisa. que oolhe ben. que en cada hũa domáá seja cantado todo o salteyro enteyramẽte. no qual som conteudos per conto. Cento e cincoenta salmos. E sempre no dia do domĩgo. aas uigilias seja repetido de começo. por que muyto grande priguiça e pequena deuaçom de seruir a deus demostrar os monges. que en cada hũa somana. nõ rezam todo o salteyro con seus canticos acutumados. ca léémos e achamos. que os nossos santos padres. en cada huum dia o conpriam e acabauam nobre mente e deuotamẽte. O qual plaza a deus que nos outros [ti]bos e priguiçosos e fracos per toda a ssomana acabemos. 9 e Mas a terça 24 Como e en que maneyra deuẽ os mõges de rezar e cantar. [32v] Nos creemos que deus he presente en todo logar. e os seus olhos esguardam e uẽe en todo logar os bõos e os mááos. moormẽte esto cre[e]mos conuẽ a ssaber que el he presente sen duuida nehũa e que nos uée. quando stamos aas suas horas. E por tanto sempre sejamos nembrados daquello que diz o propheta. Seruide a deus en temor. E diz ajnda majs. Cantade cordamẽte e sabedormẽte. E segue se e diz. En na presença dos anjos cantarey a ti. Poys consíjremos ben en que modo e maneyra nos comple e pertééce d estar na presença de deus e dos anjos. e assi stemos aas horas rezando e cantando. que a nossa mente e profundeza do nosso entendimẽto concorde con a nossa uoz. De como deuemos de orar con muyta reuerencia e humildade. Se algũuas coussas queremos falar con os homeens poderosos ou lhes pedir e demãdar algũa cousa. nõ ousamos nẽ presumímus de o fazer. saluo con humildade e reuerença. quanto mays deue[33]mos de supplicar e rogar a deus senhor de todalas cousas. con toda humildade e con deuoçõ pura e limpa. E nõ en muyta palaura. mas en pureza e limpeza do coraçõ e compunçõ e pungimento de lagrimas. sejamos certos que seremos ouuidos ante deus. E por tanto breue e pequena e pura deue de seer a oraçõ. saluo se con desejo e deleytamẽto d aspiracõ da graça de deus. algũu a poder ou quiser perlongar. Empero en conuento de todo en todo. a oracõ seja breue e pequena. e como o prior fizer sinal. todos se aleuantem da oracõ. Dos dayááes e priores e meestres doutores da congregaçõ do mosteyro. Se a congregaçõ for grande. sejam enligidos e escolheytos desses frayres10 de bõo testimunho e de boa uida e santa conuersacõ. e façam nos dayaaes e meestres que hajam e tenham so sua cura dez. dez monges ou mays. Os quaaes dayaaes e meestres hajam gram cuydado sobre as suas decanias e curas en todalas cousas. segundo o mãdamẽto de deus. e os mãdamen[33v]tos de seu abbade. E taaes dayaaes sejam enlegidos e escolheytos. cõ os quaaes o abbade seguramẽte parta seus encarregos. E nõ sejam enlegidos per ordem. mas segundo o merecimẽto da sua uida. e a doutrina e ensinança da sua sabedoria. Que se algũu ou cada hũu deles. depoys for achado reprehensibil e jnflado de soberua. seja castigado per hũa uez e duas e tres. E se se nõ quiser emendar seja tirado dessa cura e encarrego de almas alheas. e outro digno e merece dor soceda e seja posto en 10 y fra res 25 seu logo. E assi como destes dissemos. esso meesmo dizemos e stabelecemos e ordenamos do proposito. Como deuẽ de dormjr os monges. Cada hũu monge dorma en seu leyto. Os logares e leytos strados e apparelhados de roupas recebam os monges segũdo o modo e qualidade da conuersaçõ da uida de cada hũu. en que dormã. e esto segundo lhes ordenar e mandar seu abbade. E se se pode fazer todos dormã en hũa casa. Mas se forem tantos que nõ possam dormir todos [34] en hũu dormitorio. dormam estance en outros logares. dez e dez. ou vijnte e vijte con anciãaos bõos que sobre elles sejam solicitos e discretos. E en essa cella ou cassa. seja candea acesa continuadamente de la noute atáá manhãa. Vestidos dormã e cintos con cintas ou con cordas pequenas. e nõ tenham os caniuetes consigo nas cintas quando dormirẽ. nẽ per uẽtura en dormindo se feiram en elles. E pera os monges sempre seerem apparelhados e aprestes. e como tangerẽ o signo. leuantẽ se muyto asinha sen detardança. e nõ sperando hũus os outros. mas aquel que mas asinha poder. vãa se aa obra de deus. empero esto con toda graueza e peso e temperança. Os frayres mays mancebos. nõ tenham os leytos [juntos] hũus cõ os outros. mas mesturados e iuntos cõ os dos11 anciãaos. E quando se leuantarẽ áa horas de deus. honestamẽte e temperadamente. espertẽ hũus os outros. por tal que nehũu nõ se scuse per somno. Como e quando se deue poer a escomunhã por las culpas. [34v] Se algũu frayre for achado reuel e contumaz e perfioso. ou desobediente. ou soberuoso. ou murmurador. ou en algũa cousa contrairo aa santa regla. ou desprezador dos mandamentos dos seus anciãaos Este tal seja amoestado de seus anciãaos en segredo. segundo o precepto de deus. per hũa uez e duas. E se se nõ emendar. seja reprehendido publicamẽte per dante todos. E se se ajnda. assi nõ quiser emendar nẽ correger. e for tal que conheca e entenda que cousa he a pena da escomunhon. escomũgue no. Mas se ajnda assi for mãao e duro ponham no aa uingança corporal e seja castigado no corpo con firidas Qual deve de sseer o modo e maneyra da escomunhon. Segundo o modo e qualidade e a quantidade da culpa e do peccado. assi deue de seer dada a mensura e quantidade da escomunhon. e da disciplina corporal. O qual modo e 11 dos] dous (u rasurado) 26 maneyra das culpas. penda e ste. no juizo e [*aluidro do abbade]. *E pero se algũu frayre for achado en mays leues e ligeiras culpas. seja priua[35]do e apartado do participamento da mesa. e nõ coma cõ os outros. E a razon e maneyra daquel que for apartado da conpanhia da mesa. sera esta. que na egreja nõ leuantara salmo nẽ antiphãa. nẽ dira licõ. ataa que satisfaça e acabe sua penitencia. E depoys que os frayres comerẽ. coma el soo. conuẽ a ssaber. se os frayres comerẽ depoys de sexta. coma el depoys de noa. E se elles comerẽ depoys de noa. coma el depoys de uespera. ataa que per satisfaçon e penitencia conuinhauil seja perdoado. De graues culpas. Aquel frayre que for achado. en algũu peccado de graue culpa. seja apartado da mesa e da egreja. Nenhũu dos frayres. nõ o acompanhe. nẽ lhe fale. Soo seja aa obra que lhe encõmendarẽ ou mãdarẽ fazer stando en luyto de penitencia. e pensando en seu coracõ e sabendo aquella sentença muy spantosa do apostolo. que diz Dado he este homẽ a sathanas en quebranto da carne. por tal que o seu spiritu. seja saluo no dia do juizo. Soo coma. e a quantidade do seu mantimẽto e a hora [35v] a que huuer de comer. seja en aluidro do abbade assi como el vir que comple. Nehũu no obeenza quando passar per hu el steuer. nẽ o que lhe derem pera comer. Daquelles que se ajuntã a conuersar e falar cõ os scomũgados. sen mandado. Se algũu frayre presumir e ousar sen encomẽdamẽto ou mandado de seu abbade de conuersar ou falar per qualquer maneyra que seja. cõ o escomũgado ou lhe enuiar per alguẽ algũa messagem ou mandado. seja escomũgado semelhauilmente como el. Como e en que maneyra o abbade deue hauer gram cura e studo sobre os scomũgados. O abbade haja cura e cuydado con todo studo e diligencia e jndustria e sebedoria. sobre os frayres que peccarẽ. ca os sãaos nõ ham mester fisico. mas aos doentes e enfermos e que sentẽ mal faz mester. e comple fisico. E porẽ o abbade deue de trabalhar e usar de todo modo e maneyra. assi como sabedor fisico. conuẽ a saber. enviar homẽes bõos anciãaos sabedores e cõsolado[36]res. Os quaaes ben assi como de sua parte delles segredamente consolem aquelle frayre abalado e aflito e anojado per seus pensamẽtos. e enduzam no e mouã no a satisfaçom de humildade. e comsolẽ no. en guissa que nõ seja derribado e quebrantado per mayor tristeza. Assi como diz o apostolo. Seja cõfirmada en el caridade e todos roguẽ a deus por el. Gran cuydado deue de hauer o abbade. e con 27 toda arteyrice e jndustria curar que nõ perca nehũa das ouelhas que lhe som comitidas. Conheça e saba ben. que recebeo cura e cuydado d almas enfermas. e nõ de usar crualdade de senhorio e de soberua. sobre as sãas. E tema o ameaçamento do propheta perlo qual diz deus. Aquello que uos viades grosso. tomauades. e aquello que era fraco leyxauades e alançauades de uos. Mas sigua o abbade o exemplo do bõo pastor. que leixou noueẽta e noue ouelhas nos montes e. foy buscar e requerer hũa ouelha que errara e perdeo se das outras. aa jnfirmidade da [36v] qual houe tanta caridade e compaixon. que teue por ben de a poer no seus santos ombros. e assi a trouue aa companha das outras. Daquelles que amehude forem castigados e nõ se quiserẽ emendar. Se algũu frayre per muytas uezes for castigado. por qualquer culpa que seja. e se outro sy ja foy escomũgado por ello. e nõ se quiser emendar. façam en el correyçon mays forte conuẽ a ssaber castiguem no. con acoutes. E se se ajnda assy nõ correger. nẽ emendar. ou per uentura o que deus nõ queyra. se aleuantar en soberua e quiser defender suas obras maas e star en sua maa entençon. estonce o abbade faça assi como sages fisico. Se ja lhe mostrou criamẽtos e castigos con piedade e mansidõoe. se unguentos de amoestaçõoes dolces. se menzinhas e testimunhos e exemplos das santas scripturas. se depoys desto queymamento d escomunhon. ou chagas e ferydas de uaras. E ja se uir que a sua jndustria e sabedoria. nõ lhe ual nẽ a[37]proueyta en nehũa cousa. estonce ajunte ajnda e enhada aquello que he mayor e melhor. conuẽ a ssaber. a sua oraçõ e todolos outros frayres. que o senhor deus que he podereso en todalas cousas. obre e de saude aaquel frayre enfermo. Que se nẽ per esta guisa for sãao. nẽ se quiser emendar. Estonce o abbade use de ferro que corte e talhe tal monge do mosteyro lancãdo o fora. assi como diz o apostolo. Deytade o maao fora de nos. E segue se. O maao se se departe. departa se e vaa se. nẽ per uentura hũa ouelha enferma e çuja e chea de peccado contanga e encugente toda a outra companha. Se deuem seer recibidos outra uez frayres que se sayrem ou fugirem do mosteyro O frayre que pello seu proprio. uicio e peccado ou culpa. se saae ou o alançam e deytam fora do mosteyro. e Se se depoys quiser tornar. premeyramente prometa toda emendaçom do peccado por que se se sayo. e assy seja recebido e posto no ultimo graao. pera seer conhecida [37v] e prouada a sua humildade. Que se se outra uez sayr ataa tres uezes assi seja recebido. Mas se depoys veer. seja çerto que o nõ receberam no mosteyro. 28 Dos moços de meor ydade como os deuẽ castigar. Toda ydade ou entendimẽto. deue hauer proprias mensuras. e quantidades segundo mays ou meos. assy he que a desciplina do Juizo nõ deue seer dada a todos per hũu modo. mas segundo a hydade ou o entendimẽto de cada hũu con grande temperamẽto deue de seer dada. E portãto per quantas uezes os moços ou os mays mancebos en hydade. ou aqueles que nõ podem entender quanta he a pena da escomunhon. estes taaes. quando pecarem. ou cõ jeiũus grandes sejam afflitos e atormẽtados. ou con açoutes agres e fortes sejam refreados e castigados. por tal que se corregam e emẽdem e recebam saude nas almas. Do cellareyro do mosteyro de que qualidade e propriedade deue seer. O cellareyro do mosteyro seja scolheyto e enle[38]gido e tomado da congregaçon. o qual seja sabedor. e de bõos e sãaos custumes. dolce e amauil. deue de seer per palaura e per obra sobrio e mesurado e temperado. nõ seja muyto comedor e gargantom nẽ elato e aleuantado en soberua. nẽ toruado con ira e con sanha que torue os outros. nẽ jniurioso que enjurie e doeste os outros. nẽ seja priguiçoso e dileixado e modorno. nẽ degastador e destruidor da sustancia dos frayres. mas tema deus. E por lo seu temor ou amor ame os frayres e obedeeça a elles. Aos juniores assy come padre. e aos12 uelhos e anciãaos assi como filho. hauendo e mostrando en sy piedade de padre. e assy seja atada a congregaçõ assy como padre. e haia cura e cuydado de todalas cousas. Non faça nehũa cousa sen mandado do abbade. Aquellas cousas que lhe mandarem guardar. guarde. Os frayres nõ contriste. Se algũu frayre lhe pedir algũa cousa nõ razoauilmẽte. mal e como e quando nõ deue ou o que nõ deue. nõ no des[38v]preze nẽ contriste. mas con boa razon e con humildade se scuse del. Garde a sua alma. nembrando se sempre daquello que o apostolo diz. Que aquel que ben ministrar e seruir. graao de bõo merecimento e galardon. gaançara pera sy. Haja cura e cuydado con todo estudo e diligencia. dos mininos e dos hospedes e dos enfermos. e dos proues. sabendo que sen duuida nehũa. de todas estas cousas. ha de dar cõto e razon a deus no dia do juyzo. Todolos uasos e alfayas do mosteyro e toda a outra sustancia guarde e oolhe. assi como se fessem uassos sagrados dos altares. Non ponha negligencia en nehũa cousa. Nen stude nẽ cuyde en auareza. nẽ seja degastador e destruydor da sustancia do mosteyro. mas todalas cousas faça mesuradamẽte e cõ discreçõ e como lhe mandar o abbade. Antre todalas cousas que en el houuer. haja humildade. E quando nõ teuer sustancia nẽ cousa ou mantimẽto. que de 12 a os uelhos 29 aaquel que o pede. Responda e de lhe boa palaura [39] e boa reposta cõ humildade e con razon. Assy como he scripto. A boa palaura he sobre o muy bõo dado. Aquellas cousas que lhe o abbade encomẽdar. essas faca e haja so sua cura. e daquellas que lhe defender. nõ presuma de se entremeter dellas. De e offereça e apresente aos frayres o mantijmẽto do comer e do beuer. que lhes he ordenado e stabelicido. e esto sen detardança ou outra figura nehũa. por tal que se nõ scandalizem. nẽbrando se da palaura que disse nosso senhor jhesu christo no euãgelho. que mereçe aquel que scandalizar hũu dos mays pequenos. convẽ a ssaber. que lhe leguẽ e dependurem hũa moo asinaria ao collo e que o lance na profundeza do mar. Se a congregaçom for grande den lhe companheyros que o ajudẽ. por tal que el con boo coraçõ e boa uõotade compla e faça cõplidamente o officio que lhe he cometido. Nas horas conuinhauijs e que deuer. conuẽ a ssaber nas horas stabilicidas e acustumadas. sejam dadas aquellas cousas que houuerẽ de dar. [39v] e peçam aquellas que houuerẽ de pedir. por tal que nehũu non seja toruado nẽ contristado ou anojado na casa de deus. Das alfayas e ferramenta e cousas do mosteyro. A sustancia do mosteyro. nas ferramentas ou uistiduras ou outras cousas quaaesquer que sejam. proueja o abbade e ponha frayres taaes. da uida e custumes dos quaaes. seja ben seguro. e assijne a cada hũu aquellas cousas que houuer de gardar ou recolher ou ministrar. assi como el por ben e melhor iulgar e entender. e por mays proueytoso. Das quaaes cousas o abbade tenha hũu memorial e scripto. pera saber o que da. ou o que recebe quando os frayres entram e saaẽ e socedem os officios. hũus os outros. Mas se pella uentura algũu trautar as cousas do mosteyro. çujamẽte e con negligencia como nõ deue. seja castigado E se se nõ emendar. seja sometido e posto aa disciplina e correyçom da regla. Se deuẽ os mõges teer ou hauer algũa cousa propria. [40] Ante todalas cousas specialmente e principalmente este peccado de propriadade. de rayz seja tirado e talhado do mosteyro. mas do coraçõ do monge. que nehũu nõ presuma nẽ seja ousado. de dar ou receber cousa nehũa. sen mandado e lecença do seu abbade. Nem hauer cousa nẽhũa propria. e de todo en todo nehũa cousa nẽ liuro nẽ tauoas nẽ stillo. mas de todo en todo nehũa cousa. Aos quaaes mõges certamente nẽ lhes cõuem ajnda nẽ perteece hauer os seus corpos nẽ as suas uõotades. en seu proprio pudirio. Mas todalas cousas necessarias sperem e recebam do padre do mosteyro. nẽ lhes conuenha teer nẽ hauer cousa que lhes o abbade nõ der. ou outorgar e der lecença que a tenhã. E 30 todalas cousas sejã cõmũuas e en cõmũu geeraaes a todos. assy como he scripto. e nehũu nõ presuma nẽ ouse de dizer nẽ chamar algũa cousa sua. E se algũu for achado que se deleyta e toma plazer. en este muy maao peccado apropriando assi meesmo a cousa e dizendo a e chamã[40v]do a sua. seja amoestado per hũa e duas uezes. E se se nõ emendar. seja posto aa correyçom e castigo. Se deuẽ os monges todos receber ygualmẽte as cousas necessarias. Assy como he scripto nos autos dos apostolos. Era partido e dado a cada hũu perla guisa que lhe complia e fazia mester. Hu nõ dizemos que haja hy recebemẽto ou stremamento duhãs persoas mays que doutras. o que deus nõ queyra. mas haja hy consijraçõ das jnfirmidades e das fraquezas. E aquel que mays pouco houuer mester. de graças a deus. e nõ seja contristado nẽ anojado. E o que mays houuer mester. humilda se por la sua jnfirmidade. e nõ se exalçe nẽ ensoberueça por la misericordia e piedade que lhe fazem. e assy todolos menbros seram en paz. quer dizer. todolos monges cuja cabeça he o abbade seram jn concordia. Ante todalas cousas. mandamos que o mal e peccado de murmuraçõ por qualquer cousa que seja. nõ appareça no monge. per nehũa palaura qualquer que ela seja. nẽ per sinal. Que se algũu for achado [41] en ello. seja castigado e posto aa muy streyta disciplina. Dos domaayros da cozinha. Os frayres assy seruam hũus aos outros. que nehũu nõ seja scusado do officio da cozinha. saluo se algũu for enfermo. ou occupado en algũa cousa que seja de grande proueito ao mosteyro. porque porende haueram maoyor mercee. Aos fracos sejam lhes procurados e dados conpanheyros que os ajudem. por tal que aquello que fezerem nõ o facã con tristeza. mas todos hajam solazes e conpanheyros. segundo o modo da congregacõ e o assẽetamẽto e disposiçõ do logar. Se a congregaçõ for grande. O cellareyro seja scusado da cozinha. ou aquelles que forẽ occupados en mayores proueytos como ja dissemos. Mas todolos outros se seruam en caridade hũus os outros. Aquel que sair da somana ao sabbado faça mundicias. cõuẽ a ssaber. laue os panos con que os frayres alimpam as mãaos e os pees. E assy esse [41v] que saae. como aquel que entrar por domaayro. lauẽ os pees a todos. Os uasos scudelas e as outras cousas do seu ministerio e seruiço con que seruirõ. sãas e limpas as dem e entreguẽ assijnadamẽte per conto ao cellareyro. O qual cellareyro as consijne e de per conto ao domayro que entrar pera saber aquello que da. ou que recebe. Os domaayros ante hũa hora da refeeyçom. quer dizer en aquella hu a hora ante que os frayres contam. sobre a sua raçom stabelicida. tomem do pam e comã e beuã 31 sanhas uezes. por tal que aa hora da refeeyçõ seruam seus jrmãaos sen murmuro e sen graue trabalho. Mas en nos dias solennes e festiuaaes sostenham se ataa depoys de missas e estonce mistem. Os domaayros que entrarem e os que sairem. no dia do domingo. na egreja. logo come acabarem os laudes. uoluam e tornem se ante todos e peçam que roguẽ a deus por elles. Os que sairem da somana. digam este uerso. Benedictus es domine deus qui [42] adiuuasti me et consolatus es me. O qual dicto per tres uezes. tomẽ a bẽeçom e sayam se. Depoys destes uenham logo os que houuerẽ d entrar e digam. Deus jn adiutorium meũ jntende. domine ad adiuuandũ me festina. E assy seja repetido per tres uezes de todos. E tomada a beencõ entrem en seu officio. Dos enfermos Ante todalas cousas e sobre todas. deuẽ d auer cura e cuydado dos enfermos. per tal guisa que assy os seruam. como seruissem uerdadeyramẽte. a jhesu christo. por que el disse que ha de dizer no dia do juizo. ffuy enfermo e doente e ueestes me uisitar. E o que uos fezestes a hũu destes meus muy mays pequenos. a mỹ o ffezestes. Mas e esses enfermos esguardem e consíjrem bem. que por honra e amor de deus. os seruem e nõ contristem nẽ anogem con a sua sobigidon e engratidon. os seus jrmãaos que os seruirem. Pero esses seruidores deuẽ de sopportar e soffrer essas cousas e esses enfermos a[42v]chacosos e engradosos pacientemẽte. por que de taaes he ganhada e hauuda moor mercee e galardon. E por esto muy grande cura e cuydado haja o abbade dos enfermos. que nõ padeçam nehũa negligencia. Per aos quaaes frayres enfermos seja hũa cella assijnada e apartada sobre sy. e huum seruidor que tema e ame deus e que seja solicito e diligente seja posto en ella. Aos enfermos sejam outorgados e dados banhos per quantas uezes lhes complir e fezer mester. Mas aos saaos13 e mayor mente aos mancebos mays tarde lhes seja outorgado o huso dos banhos. O comer das carnes de todo en todo seja outorgado e dado aos enfermos e aos fracos por repayramẽto dos corpos. E depoys que forẽ melhorados e sãaos todos se abstenham assy como antes e nõ comã carne. O abbade haja muy gram cura e cuydado. que os enfermos nõ sejam desemparados dos cellareyros ou dos seruidores que padeçam per culpa delles algũas [43] minguas ou negligencias. por que a el perteece correger e emendar *qualquer cousa en que os discipulos desfa lecerem ou cecarem. 13 a Mas os saaos 32 Dos uelhos e dos moços pequenos Como quer que essa natura humanal naturalmente se moua e incline a misericordiã e a piedade. en estas ydades. conuẽ a ssaber dos uelhos e dos moços pequenos. pero ajnda a on[de] † da regla oolhe e esguarde en elles. E se † consíjrada a ffraqueza delles. e en nehũa ma † o apertamẽto e estreyteza da regla nõ seja teuda ou aguardada en elles. no comer. mas seja en elles consíjraçõ piadosa. e comã ante das horas canonicas primeyro que os outros. Domaayro de leer áá messa. Nas mesas dos frayres quando comerem. nõ deue desfalecer liçon. E nhũu nõ tome o liuro subitamente e sem mandado pera hauer hy de leer. Mas aquel que houuer de leer toda a domadaa. começe e entre nõ dia domingo. O qual domaayro en esse dia do domĩgo que entra a leer. depois das [43v] missas e depoys que el tomar a comunhon. peça a todos que roguẽ a deus por el. que tire e arede del o spiritu da uãa gloria e da soberua. E diga este uerso na egreja per tres uezes repitido de todos começando o el primeyro. dizendo. Domine labia mea aperies : et os meũ annũciabit laudem tuã. E assy tomada a beençõ entre a leer. Muy gram silencio seja feyto e teudo aa messa. que nõ seja hy ouuyda [...] nẽ uoz de nehũu. se nã daquel soo que leer. As cousas que forem necessarias aaqueles que comerẽ e beuerem. assy as presentem e ministrẽ os frayres hũus aos outros. que nehũu nõ aja mester de pedir cousa nehũa. Pero. se algũa cousa houuerẽ mester. mays a demandem e peçam per sõo de qualquer sinal que seja. que per uoz. Nem presuma nẽ ouse nẽhũu hy de recontar nẽ dizer algũa cousa dessa licõ ou d outra porque nõ seja dado ocasion e aazo de falar. Saluo se o prior quiser dizer algũa cousa breuemente por edificaçom. O domaayro leytor tome mixto. ante que [44] comece a leer. por la comunhon santa. nẽ per uentura lhe seja graue cousa de soportar o jeiũu. e lhe aconteça algũu perigóo. que encospindo pella uentura alance fora algũa cousa da comunhon santa. E depoys coma con os domaayros e seruidores da cozinha. Os frayres nõ leam per ordem. nẽ cantẽ. mas sóo aquelles que possam edificar os que os ouuirem. Da quantidade e mensura dos manjares Creemos que en todolos messes. pera a. Refeeyçon e comer de cada dia. assy da hora da sexta come de noa auondarám dos condoytos. por las enfirmidades desuayradas. por tal que o que nõ poder comer du hũu coma do outro. E por tanto dizemos que dous condoytos cozidos auondem a todolos frayres. E se hy houuer fruyta ou legumes. seja dado aa terceyra uez. Hũa liura de pam per peso auonde no dia. hora seja hũa refeeyçon. 33 hora duas. de jantar e de cear. Que se houuerẽ de cear. guarde o cellareyro. a terça par[44v]te desse pam. pera a dar aaquelles que houuerẽ de cear. E se houuerẽ algũu grande lauor ou trabalho. en aluidro e poderio do abbade sera. enhadar mays e acrecentar algũa cousa se uir. que comple. Tirada antre todalas cousas a sobegidoõe e a muyta farteza. e a gargantoyce. que nũca en no monge tome nẽ haja logo. porque nõ ha cousa que assi seja contrayra e empeeciuil a todo christaão come o comer e o beuer sobejo que nõ leixa stamago cozer sen pasto. cuja crueza agraua o coraçon e bota o entendimẽto. Assy como diz o nosso senhor jhesu christo. Vééde e aguardade uos que nõ sejam agrauados os uossos coraçoões en sobegidoõe de comer e de beuer. Mas aos moços pequenos e de moor ydade nõ lhes seja aguardada essa mensura e quantidade. mas dem lhes mays pouco que aos grandes. aguardada en todalas cousas a temperança. Do comer das carnes de quatro pees. todos se abstenham de todo en todo. saluos aquelles que forem fra[45]cos e enfermos. Da mesura e quantidade do beuer dos monges Cada hũu recebe e ha seu proprio dom de. deus. hũus per hũa guisa e outros per outra. quer dizer. que hũus ham de deus. dom e graça de abstinẽcia mays. e outros menos. E porende stabelecemos a mesura e quantidade do mantíjmẽto dos outros con algũa duuida e con temor. pero óólhando e consíjrando a ffraqueza dos enfermos créémos que auondara a cada hũu hũa emuia de uinho. que he libra. e a libra contem en ssi pesso de doze onças. e esto pera todo dia. Aquelles a que deus da graça de abstinentia e de sopportamento. sejam certos que receberam e hauerã sua propria mercee e galardõ. E se a necessidade do logar ou o trabalho ou o ardor e feruor do estio e da quentura mays de mandar. seja en aluidro e poderio do prior. cossíjrando en todalas cousas que nõ haja hy nẽ entre muyta farteza ou bebedice. Pero que léémos que [...] que de todo en todo nõ he dos monges. mas † [45v] que agora nos nossos tempos. esto nõ podemos aos monges poer en võotade. au menos esto lhes cõsentamos. que nõ beuamos muyto ataa que nos fartemos. mas temperadamẽte. ca o uinho faz apostatar e desuiar do caminho de deus. nõ tam soomẽte os simplices mas ajnda e os sabedores. No logar hu a necessidade e mingua desse logar. demandar. que mays pouco. ou de todo en todo nehũa cousa. aquelles que hy morarẽ béezam e dem graças e louuores a deus. e nõ murmurẽ. E esto ante todalas amoestamos. que os frayres e jrmaaos sejam antre sy sem murmuraçõ. Ca aos monges sen duuida conuem e pertẽecem seer sen murmuraçon. que nõ pereçam murmurando. assy como pereceron aquelles que murmuraron no deserto. 34 A que horas deuem a comer os monges Des a pascoa ataa o pentecoste. os frayres †tem e comam depoys de sexta. e céém †a tarde depois de uespera. Mas des o pente[46]coste p[er] todo o estio que se estende ataa meatade de septenbro. se os monges nõ houuerem trabalhos nos agros do pan. ou a grande queentura os nõ tornar. jeiuuem a quarta e sexta feira ataa e depoys de noa comam. Nos outros dias comã depoys de sexta. A qual sexta e hora de Jantar seja continuada e teuda per toda a domaa. se houuerem obras e trabalhos nos agros. ou o fferuor do estio e da quẽetura for grande. e esto seja na prouidencia e descriçon do abbade. O qual abbade assy tempere e ordene todalas cousas. en tal guisa que almas sejam saluas. e aquello que os jrmãaos fezerẽ que o façam sen murmuraçom nehũa. Mas dos ydos de septembro ataa o começo da quareesma sempre comã depoys de noa Da coreesma ataa pascoa. comã depoys de uespera. Pero essa uespera assy seja dita con dia. que os que comerem nõ hajam mester lume de candea. mas todalas cousas sejam feytas e aca[46v]badas con luz ajnda de dia. mas e en todo tempo assi de cear como de jantar. a hora assy seja temperada. que todalas cousas sejam feytas con luz de dia. De como os monges nõ deuem falar depoys de completa. En todo tempo os monges deuẽ de téér silencio. mayormẽte nas horas e no tempo de noute. E porende en todo tempo. assi de jeiuũ como de jantar. se for tempo de jantar e cear. tanto que se leuantarẽ de cear. sejam todos em hũu logar. e lea hũu liuro das collacõoes. ou as uidas dos padres santos. ou certamẽte outra cousa que possa edificar aquelles que o ouuirem. E nõ leam o pentateuco. conuem a ssaber os cinco liuro de moyses. nẽ os liuros dos Reys. porque aos entendimẽto enfermos e fracos nõ seria proueytoso en tal hora. ouuir esta scriptura. Mas nas outras horas sejam leudos. Se for dia de jeiuũ. dita a uespera. facam hũu spaço pequeno. e cheguẽ [47] se logo todos e uenham aa licõ das collaçõoes assi como ja dissemos. e leudas quatro ou cinquo folhas ou quanto a hora for e der spaço. e todos en hũu occorram e uenham per aqueste detiimẽto desta licõ. E se algũu pella uentura for ocupado en algũu officio assi comitido e assijnado. todauia occorra e uenha. E todos en hũu ajuntados. cõplam e acabem as horas de deus. E depoys que sayrem da completa. nõ seja dada licenca ja mays a nenhũu de falar. Que se algũu for achado que brite ou trespasse. esta regla do silencio. seja posto e sometido aa mays graue uingança e castigo. saluo se sobreueer14 necessidade de hospedes que estonce 14 ue sobre er 35 ueerem. ou se per uentura o abbade mandar fazer algũa cousa a algũu. A qual cousa empero seja feyta con muy grande graueza. e peso e muyto honesta meta. Daquelles que aas horas de deus ou aa mesa do comer ueerem tarde. Aas horas do officio de deus logo como os [47v] monges ouuirẽ o signo. leixem todalas cousas que teuerem nas maãos. e con gram pressa. uãa se aa egreja. Pero esto seja feyto con graueza e temperança e mansidõoe. por tal que a ligeyrice e liuidade nõ ache materya nẽ ocasion en que se crie. E poys que assi he. nõ seja leixada a obra de deus por cousa nehũa que seja. mas assy como diz cassiano. A estas oracõoes e horas tanto que for ouuido o sõo do signo. con tanta trigança e aguça deue o monge hyr. que nõ digo os outros artificios e mesteres. mas ajnda aquel que faz obra de scriptura. en esse ponto que ueer aas suas orelhas o sõo do signo que tanger. a letera que tem começada. nõ na ouse d acabar. Que se algũu aas uigilias de noute veer depoys da gloria patri. do nonagesimo quarto salmo o qual he. Venite exultemos domino. o qual por esto queremos que todauia seja dito chãamete e a ppasso. este tal nõ sté en sua ordem no coro. mas sté postomeyro e a ffundo de todos. ou [48] en outro logar. qual o abbade stabelecer e assijnar a estes taaes assi negligentes apartado. en tal guisa que possa seer uisto desse abbade ou de todolos outros. e assi sté ataa que a obra de deus seja acabada fazendo penitencia per publica satisfaçom. E por tanto julgamos que estes taaes deuẽ star. no postumeyro logar. ou apartadamẽte. por tal que sejam uistos de todos e por essa uergonça que hy padecerem se emendem e castiguem. Por que se ficasse fora do oratorio ou da egreja. pella uentura seria tal e de tal condiçom que se deitaria a dormir. ou certamente se yria fora do oratorio e assẽetarsia a ffalar e entendiria e despendiria o tempo en fabulas e palauras occiosas e sen proueyto. e nẽ seja dado occasion e aazo ao spirito maligno. mas entre dentro no coro por tal que nẽ perca todo e do al se emende. Mas aas horas de dia. aquel que áá obra de deus nõ ueer depoys do uerso. Deus jn adiutoriũ meũ jntende. que occorra e chegue áá glo[48v]ria do primeyro salmo. o qual se diz depoys do uerso sobre dito. sté pella ley e maneyra que suso disemos no postumeyro logar. Nen presuma nẽ ouse entrar nẽ ajuntar se ao coro dos que cantam ataa satisfaça. saluo se lhe o abbade per seu mandado outorgar e der lecença que entre. assy empero que o reeo e culpado satisfaça primeyro desto. Aa hora da refeeyçon. aquel que nõ veer ante do uerso. que todos ajuntadamente digam o uerso e orem e en hũu todos ensenbra se cheguem e asseentem áa mesa. aquel que per sua negligencia ou por seu peccado e per sua culpa. nõ occorrer e chegar a este tempo sobredito. seja castigado por esto ataa duas uezes. E dessy adeante se se nõ emendar. nõ no leixem participar nẽ séér aa mesa cõmũha de todos. mas 36 apartado da conpanhia de todos sóo coma. e no lhe dem a sua racon do uinho. ataa satisfaçon e emendaçõ. Semelhauelmente padeça aquel que nõ for ou steuer presente. ááquel uerso que se diz depoys que comem. E ne[49]hũu nõ presuma nẽ ouse ante da hora stabelecida. ou depoys. tomar cousa nehũa de comer ou de beber. Mas e se o prior der algũa cousa a algũu ou enviar. e el nõ na quiser tomar. aa hora que quiser e desejar aquelo que primeyramẽte nõ quis. ou outra cousa algũa. de todo en todo nõ lhe dem nehũa cousa posto que a demande ataa se conheça e faça penitencia e emenda convinhauil. Daquelles que forem escomũgados e apartados como deuem satisfazer e acabar sua pendença. Aquel que por graues culpas for escomũgado e apartado do oratorio e da egreja e da mesa. faça assy. quando acabarem as horas e a obra de deus no oratorio ou egreja. deyte se ante as portas dessa egreja e jaça derribado nõ dizendo nehũa cousa. saluo tanto. posta a cabeca en terra. jaça strado e jnclinado aos pees de todos os que sairem do oratorio ou da egreja. E esto faca per tanto tempo. ataa que [49v] o abbade Julgue e diga. que ja he satisfeyto. E quando o abbade o mandar que uenha. deyte se ante os pees desse abbade e depoys aos pees de todos los outros que orem e roguẽ a deus por el. E estonce se o abbade mandar. seja recebido nõ coro ou na ordem que o abbade stabelecer e ordenar. En esta maneyra saamente. que el nõ presuma nẽ ouse na egreJa de começar ou leuantar antiphãa. nẽ salmo nẽ licõ. nẽ outra cousa nẽhũa. saluo se lho o abbade condecabo encomendar. E a todalas horas quando complirem e acabarẽ a obra de deus. deyte se en terra no logar hu steuer. e assi satisfaça. ataa que lhe o abbade mande outra uez que cesse e quede ja desta satisfaçon e penitencia. Mas aquelles que por las ligeiras culpas som escomungados quer dizer apartados tan sóómente da mesa. satisfaçon na egreja ataa que o abbade mande. E esto facam sempre ataa que o abbade deyte a béençõ e diga sufficit. Daquelles que falecẽ e erram [50] na egreja aas horas do que ham de dizer. Se algũu quando pronũciar e disser. o salmo ou responso ou antiphãa. ou liçon. desfalecer en cada hũa destas cousas. se logo hy per satisfaçon se humilda e abaixar ante todos. seja sometido e posto a mayor pena et uinganca. Por que nõ quis correger per humildade. aquello en que pecou e desfaleceo per sua negligencia e culpa. Mas os moços por tal culpa como esta. sejam açoutados. posto que tomẽ uenia e satisfaçon se o seu mayor uir que merecem de séér acoutados. 37 Daquelles que en alguũas coussas peccarem ou desfalecerem. Se algũu quando trabalhar en qualquer lauor. conuẽ a ssaber. na cozinha. no celleyro. no forno. no ministerio. e seruiço. na orta ou en algũa arte e en qualquer seruiço que seja ou en qualquer loguar que desfalecer ou errar ou quebrantar algũa cousa ou perder. ou fazer alguũ excesso e peccado publico hu que que seja. E logo nõ uéér ante o abbade ou ante a congregaçon el de sua propria võotade [50v] dizer sua culpa e satisfazer e demostrar ou seu peccado. quando esto per outrem for sabudo e conhecido. seja sometido e posto a mayor emenda. Mas pero se for algũa causa e razon ou cousa escondida e encuberta que seja peccado da alma. demostre a tan sóómẽte a seu abbade ou aos anciãaos spirituááes quer dizer confessores. que sabam curar e sáár as suas chagas e as alheas nõ discubrir nem publicar. Como e quẽ deue tanger e fazer sinal pera as horas de deus. Pera tanger ou demostrar a hora da obra de deus. seja esta cura e cuydado do abbade de dia e de noute. que ou el a tanga e demostre. ou de esto encarrego a tal frayre que seja solicito e diligente e bem aguçoso pera esto fazer. en guisa que todalas cousas sejam feytas e conplidas a seus tempos e as horas convínhauíjs. Mas os salmos ou as antiphãas depoys do abbade per sua ordem. leuantẽ aquelles a que for mandado e [51] encomendado. Non presuma nẽ ouse nehũu de cantar ou leer. saluo aquel que esse officio poder bem complir. por tal que sejam edificados aquelles que o ouuirem. A qual cousa faça con humildade e graueza deuotamẽte e con temor de deus. Como e quando deuẽ os monges usar d obras de mãaos per todo ano. A ociosidade e folga corporal. Jmíjga. e contrayra he da alma. E portanto. en certos tempos se deuẽ os frayres occupar e trabalhar en lauor de mãaos. et en certas horas cõdecabo na licõ sancta. E pera esto. creemos que per esta disposiçon e maneira seram ambos estes tempos ben departidos e ordenados. conuem a saber. que des pascoa ataa as kalendas d outubro. como os monges sairem pella manhãa da prima. trabalhem e obrem en aquello que lhes for necessario. atáá hora acerca de quarta. E da quarta hora. atáá hora acerca de sexta entendam e sejam á liçon. E depoys de sexta como se leuantarẽ de comer pousen [51v] se e deitem se en seus leytos con todo silencio. ou se per uentura algũu quiser léér. en tal maneyra lea assy meesmo. que nõ jnquiete outro nẽ lhe faça nojo. E a noa seja dita temperadamente. conuẽ a ssaber. a outaua hora meante. e cõdecado obrem em aquello que houuerẽ de fazer. atéés a uespera. E se a necessidade ou a proueza do 38 logar. for tanta que requeira e demande que os monges vaao colher e apanhar os paaos per sy. nõ se contristẽ nẽ tomem nojo. porque estonce seram uerdadeyramẽte monges. si uiuerem per trabalho de suas mãaos. assi como uiuerõ os apostolos e os nossos santo padres. Pero todalas cousas sejam feytas mesuradamẽte e con descriçon por razon dos fracos. Diuisio Des as kalendas d outubro atáa o começo da coréesma. dela manhãa atees a segunda hora complida do dia. entendam e sejam os monges en liçon. Acabada a hora segunda. [52] digam a terça. e depoys da terça atáa hora da noa. todos trabalhem e obrem aquello que lhes for mandado. E como fezerem o primeyro signal da hora da noa. logo se cada hũu departa de seu lauor e de sua obra. e todos stém aprestes e apparelhados pera quando tanger o segũdo signo. Depoys que comerem entendam e sejam a suas liçõoes ou a salmos leendo ou meditando e pensando. Diuisio Nos dias da coréesma dala manhãa atéés a hora de terca conplida. entendam os monges e sejam a liçõoes lééndo ou meditando. e depoys atáá decíma hora acabada. obrem e façam aquello que lhes mãdarẽ. Nos quaaes dias da coreesma. todos tomem senhos liuros. da libraria os quaaes leam enteyramente per ordem. Os quaaes liuros deuẽ séer dados no começo da coréésma. Ante todalas cousas. sejam stabelecidos e assíjnados hũu ou dous anciáános zeladores da ordem e discretos. que cerquẽ [52v] e andem o mosteyro aaquellas horas que os frayres se uerem en liçon. e uejam e oolhem se per uentura acharam algũu frayre occioso que uague andando e nõ faça nẽhũa cousa. ou que brite o silencio. e nõ he attento aa liçon. E nõ tan soomente he dãnoso e sen proueyto a ssy medes. mas ainda estorua os outros e da lhes ousio que se leuantẽ da liçon. Este tal se for achado. o que deus nõ mande. seja castigado hũa uez e duas. e se se nõ emẽdar. castiguem no per tal guisa. que todolos outros hajam medo. Nehũu frayre nõ se ajunte a outro a falar nas horas e tempos que nõ conveem. No dia domingo todos entendam e sejã todo o dia en liçon. afora aquelles que en desvayrados officios forem postos e assíjnados. E se algũu for assi negligente e tam preguiçoso que nõ queyra ou nõ possa meditar et pensar e contemplar. nẽ leer seja lhe encõmendada tal obra que faça. que nõ vague nẽ seja occioso. Aos frayres en[53]fermos ou dilicados e de fraca compreysson. tal obra ou arte lhes seja encõmendada. que nẽ sejã occiosos. nẽ sejam per força de gram trabalho 39 assi apremudos que fugam. e se arredem do ben fazer a ffraqueza dos quaaes o abbade e deue de cõsíjrar e veer. Da obseruãcia e guarda15 da coreesma Como quer que en todo tempo a uida do monge deue hauer guarda de coreesma. Pero por que esta uirtude he de poucos porẽ amoestamos e rogamos. que en estes santos dias da coreesma. o monge guarde sua uida con toda limpeza. cõvem a ssaber todalas negligencias e falhas e peccados dos outros tempos ajuntadamete en estes santos dias destruir e dãnar. A qual cousa sera estonce feyta dignamente. se nos nos temperarmos e guardarmos e fezermos enmenda de todolos uicios e peccados. e entendermos e nos dermos aa oracon e aa liçon santa cõ choros e gimidos e conpunçon de coraçon e fazer[53v]mos abstinencia. E por tanto en estes dias acrecentemos mays a nos algũa cousa de seruiço. sobre a pensam e quantidade do seruiço que soemos de fazer. conuem a ssaber. oraçõoes peculiares e speciaaes e appartadas. e abstinencia do comer e do beber. E cada hũu aalen daquello que lhe he mandado. offereça algũa cousa a deus de sua propria võotade con plazer e alegria do spiritu santo. conuẽ a ssaber. tire ao seu corpo do comer. e do beber. e do sono e da fala e dos escarnhos e palauras occiosas. e con plazer e goyuo de desejo spiritual aguarde e attenda a santa pascoa. E aquello que cada huum houuer de offerecer. primeyramẽte o faça saber a seu abbade. e con a oraçon e võotade del. seja feyto. porque aquello que he feyto sen mandado e lecença do padre spiritual. he contado e hauudo por presũpçon e váá gloria e nõ mercéé. E por esto todalas cousas deuem de séér feytas cõ a võotade do abbade. Dos frayres que andan en [54] lauor e en trabalho longe da egreja ou som enviados en caminho Os frayres que andarem longe do mosteyro en lauor ou trabalho. e nõ podem víjnr aa egreja rezar as horas ao tempo e hora que comple. e o abbade sabe e entende que assy he. Rezem as horas en esse logo hu trabalham con toda deuoçon e temor de deus. ficando os geolhos en terra. Semelhauelmente façam aquelles que forem enviados en caminho. nõ leyxem traspasar os tempos das horas stabelecidas que as nõ rezem as seus tempos. mas assi como melhor poderem rezem nas. e nõ desprezem nẽ ponham en negligencia pagar a penson e debito do seruiço de deus. 15 gauarda 40 Dos frayres que som enuiados nõ muy longe do moysteyro. Os frayres que por algũu negocio á álgũu logar. som enviados pera recadar algũa cousa. e en esse dia speram e entendem de tornar ao mosteiro. nõ presumã nẽ oussen de comer fora. ajnda que os [54v] de todo en todo conuide alguem ou rogue muyto afficadamente. saluo se lhes o seu abbade mandar ou der licença. E se doutra guisa fezerem. scomunguem nos Da egreja ou oratorio do mosteyro. A egreja e oratorio. esto seja. o que he dito. cõuem a ssaber casa d oraçon. e outra cousa nehũa nõ seja hy en ella feyta nẽ posta. E depoys que acabarem a obra das oras de deus. todos con muy grande silencio se sayam do oratorio e egreja. e primeyramente façam reuerença a deus. conuẽ a ssaber. jnclinem ante o altar. por tal que se algũu frayre quisser fazer oraçon special. nõ seja embargado ou storuado per falla ou soõ doutro. ou per outra cousa. Mas e se per uentura outro quisser ascondidamẽte orar ou contemplar. sinplemente entre e faça sua oraçom. e nõ en uoz de bráádos. mas en lagrimas e entençon muyto attenta e afficada de coraçon. [55] Poys por esto. o que tal obra nõ quiser fazer como esta. nõ no leixem ficar no oratorio e egreja. como forem acabadas as horas de deus. assi como dito he. nẽ per uentura o outro padeça alguũ jmpedimẽto ou nojo. Como deuẽ receber os hospedes Todolos hospedes que sobreueerem ao mosteiro. assi como jhesu christo sejam recebidos. por que el no dia do juyzo ha de dizer. Hospede fuy e recebestes me. E a todos seja feyta e dada honra conuinhauil. quer dizer segundo que for pertéécente a cada hũu e segundo a qualidade da persoa. E mayormẽte aos familiares e parceyros amigos da nossa fe e peregríjs. E porende como for dito e sabudo que algũu hospede chega ao mosteiro. occorra o prior e váá o receber ou os frayres con todo officio de caridade e amor de deus E primeyramẽte orem todos juntamẽte. e feyta a oraçon. estonce acompanhem no assy en paz. quer dizer en beyjo de paz. O qual beyjo e osculo [55v] de paz. nõ lhe seja dado ante da oraçon. por los scarnhos e enganamentos do diaboo que se pode transfigurar en persoa de hospede pera enganar e scarnecer. os seruos de deus como leemos no liuro dialogorũ e nas uidas dos padres santos. que ja aconteçeo. O qual scarnho da fantasma diabolica. star ou empeecer nõ pode. se os monges primeyramẽte fezerem oraçon pronta de coraçõ e de uontade. E en essa saudaçon e recebimẽto seja demostrada toda humildade a todolos hospedes que ueerem ao mosteyro. ou se partirem del. cõuem a 41 ssaber. con a cabeça jnclinada ou con o corpo strado todo en terra. adorem en elles jhesu christo. o qual recebem. recebendo elles. E depoys que os hospedes forem recebidos e tragidos áa oraçon. seja con elles o prior ou outro a que el mandar. e seja lhes leuda a ley de deus. pera hauerem deuoçon e pera seerem edificados. E depoys desto seja lhes dada e feyta todo humanidade e necessídade pera os corpos. O prior que[56]brante o Jeiuũ por los hospedes. saluo se for o dia do jeiuũ precipuu e grande. que nõ possa nẽ deua seer quebrantado. assi como som os dias da quoreesma. e das quatro temporas e as ladainhas e as uigilias dos santos quando nõ tan soomẽte os coonigos jeiũam. mas ajnda os leygos. E nõ por todolos hospedes o jeiuũ deue seer quebrantado. mas soomẽte ersoas que de tarde en tarde uisitam o mosteyro. Mas os frayres sigam e guardem continuadamente o custume dos seus jeiuũs. O abbade deyte áagua aas mãaos. aos hospedes. O abbade e toda a congregaçom lauẽ os pees aos hospedes. Os quaaes lauados. digam este uerso. Suscepimus deus misericordiã tuã in medio templi tui. O recebemẽto dos proues e mayormẽte dos peregrijns seja feyto solicitamẽte con toda cura e cuydado. por que en elles he mays recebido jhesu christo. que nos [56v] ricos. ca o terror e espanto dos ricos demanda e requere que lhes dem e façam honra. A cozinha do abbade e a dos hospedes seja apartada sobre sy. por tal que os hospedes que en non certas e desvayradas horas vẽe. e nũca desfaleçem nõ mosteyro. non jnquietem nẽ anogem os monges e frayres. En na qual cozinha ponham e entrem en cada hũu anno dous frayres. que esse officio. ben conplam e façam. Aos quaaes frayres sejam lhes dados solazes e conpanheyros. se os houuerem mester. por tal que seruam sem murmuro. E quando nõ teuerẽ que fazer. e que se occupar na cozinha. vãao hu lhes mandarẽ a lauor e a fazer obra. E nõ soomẽte esta consijraçon seja teuda e aguardada en estes. mas ajnda en todolos outros officios e officiaaes do mosteyro. scilicet. que quando houuerẽ mester ajudas e conpanheyros. dem lhos. e condecabo quando forem uagos e nõ teuerem que fazer. obedeeçam ao que lhes mandar fazer outra cousa. E hũu frayre cuja alma tema e ame [57] deus. tenha e haja hũa cella çerta e assijnada pera os hospedes. na qual sejam leytos de camas auondosamente strados e ornamẽtados de roupas. e a casa de deus seja ministrada e regida ben e sagesmente. perlos bõos e sabedores. Os monges en nehũa maneyra nõ aconpanhem cõ os hospedes nẽ lhes falem. saluo aquel16 que for mandado que fale cõ os hospedes. mas se algũu monge encontrar cõ o hospede ou o vir. depoys que o saudar humildosamẽte. perla guisa que ja dissemos. e pidir a bẽeçon. jnclinando lhe. trespasse e diga en sy. nõ conuem nẽ per 16 . \a/ 42 Se deuem os monges receber leteras ou joyas ou outra cousa. En nehũa maneyra. nõ perteece nẽ conuem ao monge receber ou tomar. de seus parentes. nẽ de nehũu homẽ. nẽhũu monge doutro. nem dar. cartas. ou doões grandes ou outros quaaesquer pequenos e joyas. sen mandado ou lecença de seu abbade. E se acontecer que seus parentes lhe enviem [57v] algũa cousa. nõ presuma nẽ ouse de a receber saluo se o primeyramente disser e fezer saber. ao abbade. Que se mandar que a receba. en poderio do abbade seja. de a dar. a quẽ el mandar. e quiser se a houuer mester. E nõ seja contristado nẽ tome nojo. aquel frayre a que foy enuiado essa cousa. por tal que per enveja ou murmuraçon nõ seja dado occasion e aazo ao diaboo. Aquel que en outra guisa presumir e for contra este mandado. seja castigado con a disciplina da regla. Das uistiduras dos frayres. As uistiduras sejam dadas aos frayres segundo a qualidade ou a temperança dos aares daquelles logares hu moram. por que nos logares e comarcas frias. ham mester mays roupa que nos quẽetes. mas nas terras quẽetes ham mester mays pouco. Poys esta consijraçon seja en Juizo do abbade. Pero nos creemos que nos logares mediocres e temperados que nõ som muyto frios nẽ muyto quẽetes. abastara a cada hũu monge [58] cugula e saya. convem a ssaber. no ynuerno cugulla de lãa. grossa e felpuda. e no uerãao e no stíjo. pura e delgada ou uelha. e scapulayro pera as obras. As uestimentas e cobrimẽtos dos pees sejam pehugas e calças. Da color destas cousas todas sobreditas ou da grossura dellas. nõ questoem ou se razoem. nẽ façam delo os monges gram cuydado. mas contentem se de tááes. quaaes poderem seer achadas na prouincia e terra hu moram. ou quaaes mays refezes e mays de mercado poderem conprar. quer dizer que nẽ sejam muyto preciosas nẽ muyto uíjs. mas mediocres postas en meo graao de conparaçon. Mas o abbade proueja da mesura e cantidade das uistiduras. que essas uistiduras nõ sejam curtas aaquelles que as husarem e trouuerem. mas sejam mesuradas. E quando receberem as uistiduras nouas. sempre dem as uelhas logo no presente. e sejam postas na casa da uestiaria pera os pobres. Ao mon[58v]ge abasta teer duas sayas e duas cugullas. porlo dormir das noutes. e pera poder lauar essas cousas. E ja o que de mays for sobejo he. e deue de seer talhado e tirado. E quando receberem a cousa noua. dem as pehugas e toda outra cousa qualquer que for uelha. Aquelles que forem enviados afora do mosteyro. en caminho recebam panos meores da casa da uestiaria. e quando se tornarẽ entreguẽ nos hy lauados. E as cugullas e as sayas que leuarẽ. sejam quanto quer hũu pouco 43 melhores. que as que sõoe de trager. As quaaes quando houuerẽ d andar caminho recebam da casa da uestiaria. e quando se tornarẽ entreguẽ nas. Os stramẽtos e roupas dos leytos abastem ao monge hũa manta e hũu almadraque e hũa cuberta e hũu cabeçal. Os quaaes leytos sejam amehude scoldrinhados e buscados do abbade. por la obra do pegulho scondido. assy como proprio. nẽ per uentura seja achado. E se [59] a algũu for achada algũa cousa que lhe o abbade nõ desse. ou que a nõ recebesse per sua licença muy grauemẽte seja castigado con disciplina. E por tal que este pecado de peculio e de propriedade seja tirado e talhado de rayz. de o abbade aos monges todalas cousas que lhes som necessarias. convem a ssaber. cugulla. saya. pehuguas. calças. bragueyro. cutelo. stilo. agulha. toalha. tauoas. por tal que toda escusa de necessidade seja fora e nõ ache o monge cousa per que se escuse quando lhe for achado peculio. Pero o abbade consíjre sempre aquella sentença que he scripta nos autos dos apostolos na qual diz. Dauam a cada hũu assy como o hauia mester. Assy poys e o abbade cõsíjre as jnfirmidades dos minguados e mesteyrosos. e nõ a máá uõotade dos envejosos e cubíjçosos. E sempre en todolos seus feytos e juízos cuide e pense o galardon que lhe deus ha de dar por elles Da messa do abbade. de quaaes persoas deue seer acompanhada. [59v] A mesa do abbade. sempre seja cõ hospedes e con per . Pero quando hy nõ houuer hospedes. en poderio do abbade seja chamar dos frayres quaaes el quiser. Empero sempre procure que leixe hũu ou dous anciãaos con os frayres por la disciplina e correyçon e guarda da ordem. Dos artificiaes do mosteyro como deuẽ obrar suas artes. Se forem no mosteyro frayros que sabam obrar de artes de mãaos. façam e obrem essas artes con toda humildade. empero se lhe o abbade mandar. Que se algũu delles se aleuantar ou soberuecer por la sciencia e saber da sua arte. por ueer el que por sua sciencia e arte uẽ algũu proueyto ao mosteyro. Este tal seja tirado e priuado da sua arte e nõ use mays della. saluo se se humildar. e o abbade condecabo lhe mandar que huse de sua arte. Se algũa cousa das obras destes meestres e artificiaaes. houuerẽ de uender uejã esses per cujas mãaos. ham de passar e se ham [60] de uender. que nõ cometã nẽ ousem de facer nẽhũu engano en ellas. Nenbrem se sempre de anania e sáphira. nẽ peruentura a morte que elles padecerõ nos corpos. aquesta padeçam estes nas almas ou todos aquelles que algũu engano cometerem ou fezerem das cousas do mosteyros. En nos preços e ualia dessas coussas que houuerẽ de uender nõ so entre ascondidamente per soteleza do jmíjgo nẽ chegue hy auareza nẽ . mas sempre sejam dadas e vindidas por menos 44 preço quanto quer. que os outros segrááes querem ou podem dar. por tal que deus seja glorificado e louuado en todalas cousas. Como deuẽ receber os frayres nouiços. Quando algũu veer nouamẽte do mũdo pera seruir a deus. ao mosteyro. nõ lhe seja logo de ligeyro outorgada a entrada. mas primeyro o attentem e prouẽ. assi como diz o apostolo. Prouade os spiritus se som e vẽe da parte de deus. E porende se aquel que véér nouamẽte perse[60v]uerar batendo aa porta do mosteyro. e pedir e demandar que o recebam. e virem que el con paciencia et humildade soffre as jniurias que lhe forem feytas e a careza e negamẽto da entrada. e que sta e perseuerada en sua petiçon. depoys de quatro ou cinquo dias. seja lhe outorgada. e ste na cella dos hospedes huũs poucos de dias. Depoys desto seja na cella dos nouicios. hu lea e medite e pense en canticos e psalmos e hymnos e contemple e coma e dorma. E seja dado hũu uelho de custumes e de uida. que seja apto e sufficiente e abastante pera gãaçar as almas. o qual sobre el entenda e haja gram cuydado de todo en todo. e seja ben solicito e aguçoso e diligente pera ueer e saber del se uerdadeyramente busca e demanda deus. e se he solicito aa obra de deus. e áá obediencia. e aos doestos e jniurias. ca diz nosso padre san basilio. que ante que o nouiço seja recibido áá conpanhia dos jrmãaos conuem que lhe mã[61 obras de trabalho que pareçam que lhe som doestos e jniurias. e outrossy conuen lhe que óólhem e esguardem se de boamente e cõ fiuza faz e conple essas obras. e . e outrosy. se en no trabalho he apronto e nõ priguiçoso. Sejam lhe préégadas e ditas todalas cousas duras e asperas fortes e trabalhosas perlas quaaes ha d ir ao regno de deus. E se prometer perseuerança do seu proposito que quer perseuerar e estar firme. depoys de dous meses seja lhe leuda esta regla per ordem. e digam lhe. Eys a ley so a qual tu queres uiuer. e trabalhar e pugnar. se a podes guardar. entra. e se nõ podes. vay te liure. Se ajnda steuer ou quiser star. seja tragido aa sobredita cella dos nouiços. e seja condecabo prouado en toda paciencia. E depoys de sex meses seja lhe leuda outra uez esta regla. pera saber que he aquello a que entra. E se ajnda perseuerar e steuer depoys. quoatro meses. seja lhe outra uez [61v] leuda esta meesma regla. E hauudo e feyto consigo o dilibramento. quer dizer. depoys que consigo trautar e deliberar e houuer cõselho desto que quer fazer. se prometer de guardar todalas cousas e de fazer todas aquellas que lhe forem encõmendadas. Estonce seja recebido na congregaçon. sabendo por certo que he posto e scripto so a ley da regla que des aquelle dia nõ lhe conuem de se sair do mosteyro. nẽ de sacudir e tirar o seu collo de so o jugo da regla. a qual so tan perlongada deliberaçon pode escusar e leixar se quisera. O que 45 houuer de séér recebido. en na egreja per dante todos faça prometimẽto da sua stabeleza da obediencia ante deus e os seus santos. que se peruentura en algũu tempo fezer o contrayro. saba por certo que sera condennado de deus do qual escarnéce. Do qual prometimẽto seu. faça hũa petiçon e scripto. en nomẽ dos santos. dos quaaes hy som hauudas reliquias. e en nome do abbade que hy for presente. A qual petiçon el escreua [62] cõ sua mãao. ou certamẽte se nõ sabe leteras. outro que el roguar a escreua. e esse nouiço faça en ella o sinal. e con a sua mãao a ponha sobre o altar. E depoys que a poser. comece logo esse nouiço este uerso. Suscipe me domine secundũ eloquiũ tuũ et uiuam : et nõ confundas me ab expectatione mea. O qual uerso repeta toda a congregaçon. per tres uezes. ajuntantando lhe. gloria patri. E enton esse frayre nouíço deyte se aos pees de cada hũu dos monges que roguem a deus por el. E ja des aquel dia adiante seja contado no numero da congregaçon. Se algũas cousas houuer ou teuer. de as primeyramẽte aos proues por amor de deus. ou faça dellas solennemente doaçon per dante testimunhas e per dante toda a congregaçon do mosteyro. e de as ao mosteyro. nõ reseruando nẽ guardando nẽ leyxando de todas essas cousas nehũa pera sy. Por que saba e seja certo. que des aquel dia nẽ hauera poderio sobre o seu corpo proprio. E [62v] por esto logo no oratorio ou egreja. seja desvestido das cousas proprias que trage uestidas. e seja uestido das cousas do mosteíro. Mas aquellas uestiduras de que foy desvestido sejam postas en guarda na casa da uestiaria. e esto pera que se en algũu tempo el consentir ao diaboo que o conselhar que se saya do mosteyro. o que deus nõ mande. estonce seja desvestido das cousas do mosteyro. e lançado fora. Pero aquella petiçon sua que o abbade tomou de sobre o altar. nõ lhe seja dada. mas seja reseruada e guardada nõ mosteiro Como deuem séér recibidos os filhos dos nobres e ricos homẽes e os dos proues.17 Se peruentura algũu grande e nobre homẽ quiser dar e offerecer o seu filho a deus no mosteiro. se esse moço he meor de ydade de quatorze annos. o padre e a madre del. facam a petiçon. a qual suso dissemos. E con offerta. essa peticon e a mãao do moço enuoluam na palla do altar. e assy o offereçam a deus. E logo na presente petiçon porme[63]tam so juramento que das suas cousas. que nunca per sy nẽ per outra persoa. nẽ per outra maneyra en algũu tempo lhe dem cousa nehũa. nẽ ocasion e áázo d auer algũa cousa. Ou se esto nõ quiserem fazer. e quiserem offerecer e dar algũa cousa en esmola ao mosteiro por ben das suas almas. façam doaçon das cousas que querem dar. ao mosteiro. Reseruando pera sy. se o assi fezer quiserem. o vsu dos frutos en sua uida. E 17 os dos proues 46 assi todalas cousas sejam encarradas e firmadas e ordenadas. por tal que nehũa suspeyçon nẽ ocasion ou aazo nõ fique ao moço. per que el seja enganado e possa perecer. o que deus nõ mande. a qual cousa per experiencia muytas uezes apreendemos e uimos. ben como se dissesse segundo outra exposiçõ. uimos per muytas vezes que por tal occasion co esta sobredita. os mancebos se sayam fora do mosteiro. e por las cousas terreaaes desamparauam o seruico de deus. e amauam. o secre e porẽ [63v] diz. aqual cousa per experimento aprendemos. E per esta medes guisa façam os mays proues. Mas aquelles que de todo en todo nõ teem nehũa cousa. simplemẽte façam sua petiçon. e con offerta offereçam a deus seu filho per dante testimunhas sen outra doaçon. Dos sacerdotes que quiserem morar no mosteyro. Se algũu da ordem dos sacerdotes. rogar e demandar que o recebam no mosteiro. non lhe seja logo outorgado de ligeyro. Pero se el de todo en todo steuer e perseuerar en esta supplicaçon e petiçon seja lhe outorgada. e saba por certo que ha de guardar toda a disciplina e doutrina da regla e os preceptos da santa ensinanca. nẽ lhe sera nẽhũa cousa della relaxada nẽ dada mays largueza nehũa. pera séér feyto assy como he scripto. Amígo a que uééste? Quer dizer a obedéécer e guardar esta regla uééste. esto faze. Seja lhe empero outorgado estar logo depoys do ab[64]bade. e béézer. e missas cantar e dizer. se lho abbade mandar e encomendar. En outra maneira nõ presuma nẽ ouse de fazer nehũa cousa sen seu mandado sabendo sen duuida nehũa que he obligado e sogeyto aa ley da disciplina e doutrina da regla. e deue de dar exemplos de mays humildade e santidade a todos. Se fala e conselho ou ordenamento ou trautamẽto de algũa cousa for ou se houuer de fazer no mosteyro. esguarde e tenha aquel logar e grááo que hauia quando entrou no mosteyro. e nõ aquel que lhe foy dado e outorgado. por reuerença e honra do sacerdocio. Mas se algũu da ordem dos clerigos quer dizer. de ordẽes meores. ou de epistola. ou de euãgelho quiser e desejar vĩjr aa conpanhia da congregaçon. seja alõgado e posto en logar e graao en meo dos outros ou a juso de todos. qual a el comprir e pertéécer. e esto se el prometer aguardar as obseruancias e preceptos e mandamentos [64v] da regla. e perseuerar en seu proposito e desejo firmemente De como deuem de séér recebidos os monges peregrĩjs e strangeyros. Se algũu monge peregrin veer de longas prouincias. e por hospede quiser morar no mosteyro e se se contentar do usu e custume do logar. e nõ for superfluu e sobejo en pedir e demandar mays de comer e do beber ou doutra cousa. nen torua o mosteiro. mas simplezmente he contento do que acha. seja recebido no mosteyro quanto tempo el 47 desejar e quiser. E se el peruentura cõ razon e con humildade e caridade e amor de deus e do proximo reprehender algũas cousas. traute o abbade e consíjre en sy sagesmente. se polla uentura pera esto o enviou deus. Mas se depoys quiser fírmar a sua stabeleza e perseuerança e fazer profisson. nõ lhe seja negada tal uõotade e desejo. e móórmente. que no tempo da hospitalidade poderom ben conhecer sua uida. E se no [65] tempo da hospitalidade for achado superfluu e sobejo no comer ou no beber ou no andar ou nas outras obseruancias da regla. ou for achado uicioso e de mãaos custumes. nõ tan sóómẽte non deue de seer recebido aa sociedade e conpanhia da congregaçon do mosteiro. mas ajnda seja lhe dito honestamenta e con honra que se váá en boa hora. dizendo assy. Jrmãao desejamos que sejas melhor. mas por que os teus custumes nõ conuẽe con os nossos nẽ os nossos con os teus. toma aquello que te conple pera o camínho. e uay te en paz. Nen por la sua miseria e peccados e maldades os outros se corrũpam e façam mãaos. E se nõ for tal que mereça de seer lançado fora. nõ tan sóómẽte deue de seer posto e recebido na conpanhia da congregaçon se el pedir e rogar que o recebam. mas ajnda seja lhe dito e rogado. que este. por tal que os outros per seu exemplo aprendam boa doutrina e boa ensinança de uida e de uirtudes. e se disser que [65v] nõ pode star mas que se quer tornar pera seu mosteyro e hy seruir a deus. o abbade lhe deue responder e dizer. Jrmãao. nõ temas. ca en todo logar a hũu senhor seruimos e a hũu Rey fazemos seruiço de lides e batalhas. Outrosy se o abbade uir que el he tal per doutrina e merecimẽto de uida. pode o poer en logar e graao mays alto quanto quer. E nõ tan sóómente o monge peregrin pode o abbade poer em mayor logar e graao que aquel que hauia quando entrou no mosteiro. mas ajnda outro qualquer dos sobreditos graaos dos sacerdotes ou dos cléérigos de ordẽes meores ou de epistola ou de euãgelho pode exalçar e poer en mays alto grááo que o que hauia quando entrou na ordem e esto se esse abbade uir que a sua uida he tal que o merece. Mas cauide se e guarde se o abbade que nõ receba monge nehũu doutro mosteyro conhecido pera morar no seu. sem consentimẽto de seu abbade. ou sen leteras de encomẽ[66]da. por que scripto he. Non faças a outro o que tu nõ querias que te fezessem. Dos Sacerdotes do Mosteyro quaees ham de seer Se algũu abbade pedir e demandar que lhe ordenẽ algũu seu monge por sacerdote ou por de euãgelho tome e scolha el dos seus aquel que seja digno e ydoneo pera usar do sacerdocio. Mas o que for ordenado cauide se e guarde se. que se nõ tenha em muyto. ne seja soberboso nẽ presuma nẽ ouse de fazer nenhũa cousa por áázo da ordinaçon. saluo aquello que lho o abbade mandar. sabendo por certo que he muyto mays sogeyto y 48 obligado aa disciplina e doutrina da regla que antes. Nen por occasion e áázo do sacerdocio. nõ se olvide e esqueeça da obediencia e disciplina dos preceptos da regla. mas. mays e mays de ben en melhor approueyte pera ir ao regno de deus. E sempre attenda e esguarde e tenha aquel logar e graao no que entrou no mosteyro. saluo no offício do altar. quer dizer quando diser missa ou fazer o of[66v]ficio do altar. Ajnda que toda a congregraçon e a uõotade do abbade. por lo merecimento da sua vida o queyra promover ou o promover a mays alto graao O qual seja certo que deue de guardar toda cousa que for defessa a el ou mandada perlos seus meestres ou perlos prepostos e mayores. E se doutra guisa presumir de fazer. nõ por sacerdote mas rebel máao e soberboso que torna atras. seja iulgado e hauudo. E se per muytas vezes for amoestado e nõ se quiser correger nẽ emendar. seja lhe ajnda dito e amoestado per dante o bispo que o ordenou que dello seja testimunha. E se. nẽ assy nõ se emendar. poys que as suas culpas e os seus peccados som publicos e manifestos e claros. seja lançado fora do mosteiro. e esto se tal for a sua contumacia e soberba e porfia que se nõ queyra sojugar e humildar nẽ obedéécer aa regla. Dos modos e maneiras e das ordẽes dos grááos da cõgregaçõ. Os monges assy tenham y guarden no mos[67]teiro suas ordẽes e graaos segundo o tempo que vééron áá ordem. e segundo for o mericímẽto da vida assi como o abbade ordenar e stabelecer. O qual abbade nõ torne a conpanha a el comenda. nẽ faça nẽ ordene nẽ stabeleça cousa nehũa nõ iustamente e como nõ deue. usando assi como de poderio libre e absoluto. mas sempre cuyde que de todolos seus iuyzos e obras e feytos ha de dar razon a deus. E por esso segundo as ordẽes e grááos que o abbade stabelecer e ordenar. ou os que esses frayres houuerẽ. assi se acheguem aa paz e aa comunhon. e aa levantar o salmo. e a star no coro. E de todo en todo. en todolos logares. a ydade nõ seja departida nẽ stramada ou esguardada na ordem dos graaos. nẽ faça per juyzo. Por que samuel e daniel que eran moços. julgaron e regeron os antigóós e uelhos. Poys que assi he. tirados aquelles assi como ja dissemos. os quaaes o abbade con grande e mays alto conselho poser en mays alto logar e graao. ou degradar e priuar do [67v] graao por algũas certas cousas e razõoes. todolos outros assy como se conuerteron e ueeron aa ordẽ assy sejam e estem en seus graaos. Uerbi gratia. Aquel que ueer ao mosteiro na segunda hora do dia. conheça e saba que he mays junior e mays postumeyro na ordem dos graaos. que aquel que ueo na primeyra hora do dia. de qualquer ydade ou dignidade ou condiçon que el seja. os moços en todalas cousas sejam doutrinados e castigados de todos. entende tu segundo a glosa. daquelles que ja nõ ham mester a disciplina e ensinança e castigo e 49 houueron ja conhecimẽto delo. Poys. os juniores honrem os seus mays priores. e os priores amẽ os seus mays juniores. En esse chamamento dos nomes proprios de cada hũu. nõ house nehũu de clamar outro per seu nome puro. sen outro adimento. mas os priores chamẽ os seus juniores fratres. quer dizer jrmãaos. e os juniores chamẽ os priores. nõnos. en que se entende reuerencia de [68] padre. quer dizer os juniores chamem os seus priores. padres por reuerencia e honra. Mas o abbade por que creemos que ten as uezes e logar de jhesu christo seja chamado dom abbade. nõ por tomar el este nome per sy. mas honra e amor de jhesu christo. e nõ por se fazer el chamar senhor e padre. mas quando o chamarem. por honra e amor de jhesu christo o chamẽ assi. E el sempre cuyde da sua saude e assy se haja y apparelhe e demostre en seus feytos. que seja digno e merecedor de tal honra. E hu quer que os frayres se encontrarẽ hũus aos outros. o junior peça a bẽeçam ao seu prior dizendo benedicite en aquelles logares e horas que lhe conuem falar. mas nos outros logares ou horas. e no seu coraçon tam sóómente. peça o junior a béénçam con a cabeça jnclinada. E quando o mayor passar per hu seuer o meor. aleuante se o meor e de lhe logar que seja. e nẽ ouse nẽ presuma de se assẽetar junior. saluo se o mandar o seu prior e anciaão. pera séér [68v] feyto e complido. aquello que he scripto. Dade honra huũs as outros. Os moços pequenos e os mancebos. na egreja e aa mesa con disciplina e guarda sigam e façam sua ordem. Mas fora ou en qualquer logar. esses moços pequenos e os mancebos posto que sejam de mayor ydade se menos entendem. hajam guarda e disciplina. atáá que tenham a hydade intelligibil e entendimẽto conplido. Como deue de séér ordenado e feyto o abbade. e de quááes. En na ordenaçon e eliçon do abbade sempre seja consíjrada e teuda esta razon e maneyra. conuem a ssaber. que aquel seja stabelecido e feyto abbade. o qual toda a congregaçon eleger con discriçon e temor de deus. ou ajnda aquel que escolher e eleger hũa parte da congregaçon posto que seja pequena se o cõ melhor e mays saão conselho eleger. Aquel que houuer de sser ordenado e feyto abbade. seja elegido per merecimento de uida e per doutrina e ensinança de sabedoria. ajnda que seja o mays ultimo e postumeyro da congregaçõ [69] en na ordem. Que se outrosy toda congregaçon for maa e uiciosa. e elegerem todos en hũu conselho tal persoa que consenta e de logar aos seus uicios e peccados o que deus nõ queyra. e esses peccados per algũa maneyra uéérem en noticia e conhecimento do bispo a cujo bispado pertééce esse logar. ou forẽ notificados aos abbades ou a outros cristãaos uizinhos defendam e façam que nõ ualha o consentimẽto e eliçon dos mááos. e ordinem e stabeleçam aa casa de deus bõo e digno regedor e 50 dispensador. sabendo por certo. que por aquesto receberam de deus bõo gualardan e mercee. se obra e castamẽte e con zelo e amor de deus o fezerem. assy como perlo contrairo haueram peccado e mááo gualardon se esto desprezarem e o nõ quiserẽ fazer. O que for ordinado e feyto abbade cuyde sempre. que encarrego he o que recebeo e a quẽ ha de dar conto e razon da sua ministraçon e da cura do seu ministerio e serviço E saba e seja certo o abbade que segũdo o officio que rece[69v]beo. que mays lhe conven e perteece aproueytar aos outros que de se assenhorar deles. Poys pera esto conuẽ e he necessario ao abbade que seja ensinado na ley de deus. ca deue de hauer conhecimento da ley noua e uelha. pera seer e hauer en el sabedoria pera préégar aos seus discipulos quando for necessarío. os preceptos da ley noua e uelha. Deue outro sy. séer casto. temperado. e honesto. misericordioso. humildoso. e sempre exalce a misericordia en seus juyzos. por tal que a ache el ante deus. Auorreça e entege os uícios e peccados. Ame os frayres. En essa correyçon dos frayres haja se e faça sagesmente e discretamẽte. e nõ muyto e sobejamẽte. nẽ per uentura querendo muyto sobejamente alimpar o lixo e a çugidade quebrante o uaso. E sempre seja suspeyto attendendo e consíjrando a sua fraqueza e que he homem fraco. que per uentura ouja cayo en graue peccado. ou se nõ cayo. pode caír. E se esto consíjrar. podera conhecer. como faça [70] aos outros misericordia. E segue se. E nembra se. que a canna ameude abalada e ferida nõ deue de sséér quebrantada. Nas quááes cousas nõ damos exemplo nẽ dizemos que o abbade leixe criar os uicios e peccados. mas sagesmente con discriçon e con caridade. os talhe e tire. assi como el melhor uir que comple a cada hũu. assi como ja disse mos. E stude e faça per guísa o abbade que seja mays amado que temido. Non seja turbulento. quer dizer. obscuro e triston e espantoso no uultu. nẽ seja sobejamente solicito e coytoso. Non seja sobejo e degastador e sobejamente largo. nõ seja obstínado. quer dizer. endurado e capitoso que nõ queyra fazer nehũa cousa per conselho dos outros. Non seja zeloso e muyto sospeytoso. nas cousas temporááes. por que o seu spiritu nunca folgará. En esses seus imperios e mandamentos seja o abbade ben prouísto e sages e ben consíjrado. e departa e determínhe con discriçon e tempere as obras e cousas que [70v] manda fazer. quer sejam segundo deus. quer segundo o mũdo. quer dizer. quer sejam spirituááes quer temporááes. Cuydando e consíjrando sempre a discriçon e dito daquel santo homẽ Jacob. que disse. Se as minhas ouelhas fezer mays andar e trabalhar que comple. morreram todas en hũu dia. Poys tomando o abbade estes ditos e exemplos e outros da discriçon madre das uirtudes. assi tempere todalas cousas e ordene. que os sááos e fortes cobíjcẽ e hajam uõotade de fazer e complir a obra. e os enfermos e fracos nõ fugam nẽ se aredem della. E móórmẽte e sobre todalas cousas mandamos que o abbade guarde esta presente 51 regla en todalas cousas. que quando el ben ministrar e reger. ouça do senhor deus. aquello que o bõo seruo ouuio. o qual ministrou e deu o tríjgo e mantíjmento a seu tempo aos seus conseruos. quer dizer aos seus seruos como el. O qual senhor disse. En uerdade uos digo. que sobre todolos seus bẽes o poera e stabelecera. Do preposto ou pri[71]or do mosteyro. Muytas uezes acontece que per la ordenaçon do preposto e mayoral da congregaçon a so o abbade. nascem graues scandalos nos mosteiros. por que som e ha hy algũus prepostos jnflados e cheos de spiritu mãao de soberua. que pensan que som segundos abbades. tomando pera sy honra de soberua e senhorio de tiranaria e crueldade qual nõ deuem. e criam escandalos e fazem na congregaçon discordias e diuisoões e departimentos. e mayormẽte en aquelles logares e mosteiros. hu esse medes sacerdote e bispo ou esses abbades que o abbade ordenam e fazem. desses meesmos outrosy he ordenado e feyto o preposto. A qual cousa quam contraira e maa seja. asínha e diligeyro o podemos entender e saber. Por que logo en começo dessa ordenaçon lhe dam materia e occasion e aazo de ensoberbecer. ca as suas cuidaçõoes lhe mostram e o ffazem teer e creer. que el he tirado e liure do poderio do seu abbade. Por quanto he feyto e ordena[71v]do per aquelles per los quaaes he o abbade. E daqui se aleuantam e nascem e procedem envejas. jras. baralhas. detraimentos. majncas. discordias. desordenações antre o abbade e o preposto. assy que quando o abbade e o preposto som contrairos e desacordados e aquello que o abbade ordena. o preposto desordena. necessario e cousa forçada he que so tal discordia as almas delles andam en perigoo. e aquelles que so elles som sugeytos. enlouuaminhãdo e plazentando áás partes vãa se a perdiçon O mal deste perigoo se torna e esguarda a aquelles primeyramente. que se en taaes cousas fezeron autores e consentidores na ordenaçon que fezerõ do abbade e do preposto. E porende nos agora ueemos per ao depoys que compre e perteence por guarda da paz e da caridade. que no poderio e aluidro do abbade penda e ste. e seja a ordenaçon toda do seu mosteiro. E se se fazer pode. toda a mínístraçon et proueyto do mosteiro seja ordenado e [72r] partido assi como ja antes esposemos18 e stabelecemos. per dayãaes e meestres. per la guisa que o abbade ordenar e mandar. que quando o proueyto do mosteiro for cometido a muytos. hũu nõ ensoberueça nẽ haja razon de se leuantar en bandoria. Que se per uentura o logar ha mester preposto ou a congregaçon o pidir e demandar con razon e humildade. e o abbade julgar e uir que he conpridoyro qualquer que el eleger e escolher cõ o conselho 18 Parece ter sido acrecentado um “u” ou um “o” pelo revisor. 52 dos frayres que temerem deus. esse ordene e faça preposto e prelado de toda a congregaçon. O qual preposto faça con reuerencia e honra. aquellas cousas que lhe forem encomendadas do seu abbade. Non faça cousa nehũa contra a võotade e ordenaçom do abbade. por que quanto mays he prelado e mayor que os outros. tanto lhe mays conuem e pertééce guardar con muyto studo e cuydado os preceptos e mandamẽtos da regla. O qual preposto se for achado uicioso e mááo. ou sober[72v] uoso. ou desprezador da santa regla. seja amoestado per palauras. ataa quatro uezes. se se non emendar. facam en el correyçon e castiguẽ no con a disciplina da regla. quer dizer. que o escomũguẽ e apartẽ. ou lhe dem grandes e fortes jeũus ou feridas ou façam oraçon por el. Que se nẽ assi. nõ se correger nẽ emendar. estonce seja lançado fora e tirado do officio e degnidade de preposto. e outro que seja digno e merecedor. seja posto en seu logo. E se depoys desto nõ for manso e humildoso e obediente na congregaçon nẽ quiser uiuer en paz. lance no fora do mosteiro. Mas o abbade cuyde e pense sempre que de todolos seus juizos ha de dar conto e razon a deus. nẽ peruentura a chama e fogo da enueja. ou do maao zeo queyme e tanga a sua alma. quer dizer. que por que peruentura o preposto he bõo homẽ e ualente ou que o sera. que por tanto esse abbade con enveja que lhe por ello peruentura hauera. o queyra ben como regularmente e per direyto despoer do seu [73r] do seu grááo. e depoys alançar lo fora do mosteiro assi como a enueja de caym alançou fora do mũdo seu irmãao abel. que era bõo e iusto. E esau fora do seu coraçon. seu jrmãao jacob. E os filhos de jaob alançaron seu jrmãao joseph fora da sua terra quando o uenderon por vijnte dinheiros. Dos porteyros do mosteiro Aa porta do mosteiro seja posto hũu uelho sabedor tal que saba receber e dar reposta e recado aaquelles que chegarem aa porta do mosteiro. O qual uelho nõ per idade. mas per peso e asentamento de bõo siso. seja assi maduro e sisudo e assessegado que sempre ste presente e nõ ande uagando de fora. O qual porteyro deue de téér hũa cella acerca da porta. por tal que aquelles que ueerem sempre achem presente de quẽ hajam reposta e recado. E logo muyto asinha como algũu entende tu. Rico bater. ou algũu proue braadar aa porta. responda e diga graças a deus. ou beenza deus. e diga. benedictus deus. e con toda mansidõoe e temor [73v] de deus. de assinha reposta con feruor de caridade. Ao qual porteiro seja lhe dado hũu frayre mancebo por solaz e por conpanheyro. se o houuer mester. O mosteiro se poder séér. assi deue de sseer edificado e feyto en logar. que haja e tenha dentro ou acerca todalas cousas necessarias. conuẽ a ssaber. aagua. moinho. orta. forno. e outras quaaes quer artes desuayradas dentro no mosteiro sejã feytas e husadas. 53 por tal que aos monges nõ seja necessario e forçado de andarem uagando fora do mosteiro. por que de todo en todo nõ conuẽ nẽ perteece aas suas almas. nẽ lhes he proueytoso. E que remos que esta regla seja leuda per muytas uezes en congregaçon. por que nehũu frayre nõ se escuse per jgnorancia. Dos frayres que querem enviar ou som enviados a algũus lugares. Os frayres que steuerem de caminho pera os enviarem a algũu logar. encõmẽdem se na oracõ do abbade e de todolos frayres que roguem a deus por [74r] elles. E sempre na collecta e oraçon postumeyra das horas de deus seja feyta cõmemoracon por todolos frayres absentes. quer dizer. nõ presentes. E quando se tornarem os frayres e veerem de caminho. en aquel dia que chegam ou se tornam ao mosteiro. per todalas horas canonicas e regulares en fin dellas quando se acaba a obra de deus. deytados e strados en no chãao do oratorio. peçam a todos que roguem a deus por elles. por los excessos e caymentos dos peccados ueniááes que som muytos. nẽ peruentura lhes acontecesse no caminho peccar en algũua cousa. per uéér. ou per ouuir algũa máá cousa. ou per falar palauras ociosas. Nehũu frayre nõ presuma nẽ seja ousado de contar a outro. as cousas que vío ou ouuyo fora do mosteiro. por que esto he muy grade destruyçon. da religion. Que se algũu presumír e ousar de fazer contra este defendimẽto. se ja castigado con a disciplína da regla. E esso meesmo façam a aquel que presumír ou se escreuer de sayr [74v] fora da claustra e termo do mosteiro. Ou hyr pera qualquer logar que possa séér. ou fazer algũa cousa por pequena que seja. sen mandado e lecença do abbade. Dos frayres a que mandam fazer algũas cousas graues ou outras que elles nõ podem fazer. Se algũu frayre forem encomendadas alguuas cousas graues ou jmpossiuíjs que el nõ possa fazer. receba o mandamento daquell que lho encomenda con toda mãsidõoe e odediencia. E se vir que de todo en todo o peso e grandeza do encarrego sobrepoja a mẽsura e quantidade das suas forças. diga e demostre conuinhauilmẽte e con paciencia. ao seu mayor. as causas e razóónes da sua ímpossibilidade. de como o nõ pode fazer. nõ ensoberbecendo nẽ resistendo ou contradizendo. Que se depoys que el disser e demostrar ao seu mayor. que o nõ pode fazer. e o encõmendamento desse prior e mayor durar e steuer en sua sentença e nõ a quiser reuogar. seja certo o juni[75r]or e subdito que assi lhe conuen e compre como lhe he mandado. e por tanto confiando da caridade e do ajudoyro de deus obedééça. 54 Como nehũu monge nõ deue seer ousado de defender outro nõ mosteiro. Esto deue de seer muyto cauidado e guardado. que per nehũa maneyra. nehũu monge nõ seja ousado de defender monge no mosteiro. nẽ mostrar outro modo assi como que o quer deffender per feyto ou per palauras dolces ou doutra guisa. posto que sejam muyto chegados per sangue de parentesco. Nen per outra maneira nehũa. os monges nõ presumam nẽ ousem esto de fazer. porque desto pode nascer e víjnr muy graue cajon e aazo de escandalos. Que se algũu traspassar este defendimẽto. seja asperamẽte castigado. Por tal que nehũu monge nõ presuma nẽ ouse de ferir outro. Seja tirado e uedado do mosteiro o aazo e cajon de toda máá presunçon. e pera esto ordenam[75v]os e stabelecemos que nehũu monge nõ haja poder de scomungar ou apartar e squiuar. nẽ defferir outro nehũu dos seus jrmãaos. saluo aquel a que o abbade der poderio ou lecença. Mas aquelles que peccarẽ. per dante todos sejam reprehẽdidos e castigados. por tal que os outros hajam medo. Sobre os moços seja posta e feyta muyta diligencia de disciplina e castigo e ensinanca ataa ydade de quĩjze annos e hajam guarda. de todos aquelles que ja nõ ham mester disciplina doutro. e esto con todo mesura e razon e temperança e discriçon. Mas. nos de maayor ydade aquel que presumir de alançar mãao e os ferir. sen mandado de seu abbade. ou ajnda en esses moços cõ sanha e sen discriçon. este tal seja castigado con a disciplina da regla. por que scripto he. Non faças a outrem aquello que tu nõ quirias que te fezessem. Que os monges deuẽ seer obedientes hũus a os outros e primeyramente ao abbade e preposto. [76r] O bem da obediencia nõ tan soomente deue de seer feyto ao abbade. mas ajnda os frayres assy obedeeçam hũu aos outros. sabendo sen duuida nehũa. que per esta carreyra de obediencia uihyram ao Reyno de deus. Porem dito ante e mandado primeyramente o encomendamẽto do abbade e o dos prepostos e mayoraaes que el ordenar e fazer. o qual encomendamẽto nõ seja leixado por nehũu dos outros meores. Des hy adeante. todolos juniores obedeeçam aos seus mays priores con toda caridade e cuydado e diligencia. E se algũu for achado contempcioso e desprezador desto. seja castigado. Se algũu frayre for castigado ou reprehendido de seu abbade ou de qualquer seu prior e anciãao per qualquer guisa que seja. por qualquer causa e razon ou culpa. ajnda que seja muy pequena. ou outrosy. se sentir o coraçon de qualquer anciãao e mays prior que sy. contra sy irado ou scandalizado ou mouido e toruado por ponto que seja e leuemente. logo muyto [76v] assinha sen detardança. lançe se ante os seus pees. e jaça strado e dirribado 55 en terra. satisfazendo e pidindo lhe uenia e perdon tanto. ataa que se lhe váá ben aquel mouimento e tornamento ou scandalo do seu coraçon. A qual cousa se a algũu desprezar e a nõ quiser fazer. seja castigado con uingança corporal. ou se for perfioso e reuel en esto e nõ quiser consentir e obedeecer aa disciplina e ensinança da regla. estonce seja alançado fora do mosteiro. Do bõo zeo e amor que deuẽ hauer os monges. Assi como hi ha zeo e feruor maao de amargura e de peccado. que aparta e strema os homẽes do seu deus. e trage e leua os ao jnfe[r]no. ben assi ha hy zeo e amor e desejo bõo. que tira e aparta os homẽes dos uicios e peccados e das maldades e trage e chama os pera deus e leua os aa uida perdurauil. Pois aqueste zeo e desejo con muy feruente amor usem e hajam os monges. convem a ssaber que [77r] honrem hũus os outros. e soportem hũus aos outros con muy muyta paciencia. as suas enfirmidades e fraquezas e minguas assi dos corpos come dos custumes. e sejam obedientes hũus aos outros de bõo coraçon e de boa võotade. Nehũu nõ sigua nẽ faça aquello que a ssi sóó for proueytoso. mas aquello que for mays proueytoso a outrem. Hajam caridade de germaydade e amen se assi como jrmãaos con bõo amor e casto e sen malicia. Temam deus. e amen o seu abbade con limpa e pura e humilldosa caridade. Nõ preponham nehũa cousa a jhesu christo. mas todalas cousas de todo en todo sejam leixadas por lo seu amor. o qual nos leue todos juntamente aa vida perdurauil. Amen. De como en esta regla nõ he posta e ordenada e stabelecida nẽ scripta a obseruança e guarda de todalas uirtudes e perfeyçõoes Aquesta regla ditamus e screuemos. por tal que nos e aquelles que a guardarmos nos mos[77v]teiros demostremos que hauemos per algũa maneyra. honestidade de bõos custumes. ou algũu começo de boa conuersaçon. e de ben uiuer. Mas pera aquel que quer e deseja avijnr aa perfeyçon da boa conuersaçon e da boa uida. som e ha hy muytas doutrinas e ensinanças e ditos dos santos padres. abseruancia e guarda das quaaes aduze e trage o homem a alteza da perfeyçon. E qual he a scritura santa. ou qual he a palaura da autoridade de deus. do testamento uelho ou do nouo. que nõ seja regla muyto direyta da uida e regimento do homen? Ou qual he o liuro dos santos catholicos padres que esto nõ diga. conuen a ssaber. que per carreyra direyta de boa uida e de bõos custumes andemos e uenhamos ao nosso criador? Ainda mays. e as colaçõoes e os statutos e as uidas dos santos padres. e a regla do nosso padre san basilio. que outra cousa som. se nõ exemplos e jnstrumentos de uirtudes. dos mo[78r]nges ben obedientes e de boa uida. E a nos 56 outros priguiçosos e negligentes e remissos e que mal uiuemos som nos estas cousas aqui suso scriptas. grande uergonça e confuson. E por esso qualquer que tu es que queres e trabalhas pera vijnr ao regno dos cééos comple e guarda con a ajuda de jhesu christo. esta muy pequena regla. a qual nõ he ajnda senõ começo. e estonce depoys viinras cõ á ájuda de deus. áás cousas mayores da doutrina. e ensínança. que acima dissemos e a alteza e perfeyçon das uirtudes. Acaba se a regla de son beento abbade. exposta mays acerca do texto que se pode fezer. en romanço. e appanhada e ajuntada de autorídades de quatro liuros. A primeyra he o texto da dita regla. e as duas som. duas exposiçõoes de dous expositores della autenticos per la carta que se clama da caridade. A quarta he outra expo[78v]siçon noua feyta per linguagem. E destas quatro descendẽ per linha e ven esta mays noua e mays junior e assi mays pequena e mays baixa per graao segũdo a ordenaçon da dita regla. feyta e escripta cõ adimentos per trabalho de mãao e de tendimẽto segundo que deus ajudou a fraqueza. conposta assi en linguagem por que fosse cõmũha a todos. conuẽ a ssaber a simplices e a ssabedores. E esto de mandado de dom frey nichollaao 57