na dose - Bristol

Transcrição

na dose - Bristol
negócios
Crupi, CEO
no Brasil:
“Percebemos
que o caminho
para ter sucesso
era através
de ideias
surpreendentes”
Bristol
acerta
na dose E
Laboratório farmacêutico Bristol-Myers
Squibb muda estratégia, se desfaz de parte
de seu portfólio e vira um dos queridinhos
do mercado de ações nos EUA
André JANKAVSKI
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Dinheiro 24/09/2014
m dezembro de 2007, uma reunião entre Jim
Cornelius e Lamberto Andreotti, presidente
do conselho e o então chefe de operações da
Bristol-Myers Squibb, um dos maiores laboratórios
farmacêuticos do mundo, selou o futuro de uma companhia que não tinha muita coisa para comemorar
até então. Na época, os dois executivos pensavam
em maneiras de driblar uma maré de azar e erros de
gestão, que vieram em forma de multas bilionárias,
aplicadas pelo governo americano, na saída de seu
CEO e na dificuldade no desenvolvimento de novos
medicamentos. O consenso foi que a empresa precisava
reduzir de tamanho para voltar a crescer. Para isso, o
Bristol adotou um receituário amargo: enxugou custos,
vendeu patentes e focou somente em remédios contra
Foto: Rodrigo Dionisio/Frame
9/18/14 11:12:57 PM
enfermidades mais graves, como câncer,
hepatite e o HIV. Resultado: o faturamento minguou 15,5%, para US$ 16,3
bilhões, e o quadro de funcionários diminuiu 33% em seis anos. Graças a essa
estratégia ousada, a Bristol viu o preço
de suas ações disparar no mercado e,
como prêmio, Andreotti se tornou CEO
mundial da indústria farmacêutica.
Para atingir esses objetivos, a dupla
realizou cortes cirúrgicos. A área mais
afetada foi a divisão de diabetes, que
mantinha em parceria com a suecobritânica AstraZeneca. Depois de 15 anos
investindo em medicamentos contra o
tipo 2 da doença, os americanos perceberam que a forte concorrência forçava
para baixo as suas margens de ganhos.
Diante disso, decidiram vender sua fatia
para os parceiros, embolsando cerca de
US$ 4 bilhões. “Vimos que o caminho
para ter sucesso era através de ideias
surpreendentes”, afirma Gaetano Crupi,
presidente da Bristol Brasil. “Essa foi
uma delas.” E qual era a situação da
Bristol por aqui? Bem, não era muito
diferente do que acontecia no exterior.
Em 2012, para conduzir a transformação na subsidiária, os americanos
recrutaram o experiente executivo, de
56 anos, dos quais 35 foram dedicados
ao setor em empresas como Abbott e
Lilly. A partir daí, Crupi teve de gerir
uma empresa que não mais contava em
seu portfólio com marcas blockbusters
fonte de
inovação:
o laboratório
americano
esquece seus
medicamentos
populares, como
o antigripal
Naldecon, para
trabalhar com
remédios contra
doenças graves
no varejo, como o antigripal Naldecon
e o antigases Luftal, nem com a única
fábrica de medicamentos da companhia
no País. A unidade situada em Santo
Amaro, bairro da zona sul de São Paulo,
foi descontinuada em 2010. Em vez de
produzir, a Bristol repassou à britânica
Reckitt Benckiser, por US$ 482 milhões,
o direito de fabricar e vender seus remédios no País e no México. O contrato tem
validade até 2017, com opção de compra.
Ao sair de nichos que exigem alto grau
de investimento em propaganda e logística, a Bristol começou a se concentrar
em drogas inovadoras, especialmente
na área de imuno-oncologia. O medicamento Yervoy, por exemplo, é tido como
o primeiro que dá sobrevida aos pacientes com câncer avançado, por meio de
um mecanismo que estimula o sistema
imunológico contra a doença. “Estamos
focando em doenças que serão recorrentes por causa do envelhecimento da
população”, diz Crupi. “Isso nos deixará
na dianteira no futuro.”
Pelo visto, o mercado gostou dos
resultados obtidos em nível global. Na
US$ 82 bilhões. “É o resultado de uma
política de fazer medicamentos de primeira linha, já que os concorrentes não
têm segurança de produzir genéricos a
partir deles”, diz Lourival Stange, consultor da área farmacêutica.
No Brasil, o décimo maior mercado
do mundo para a Bristol, Crupi não
tem tantas preocupações com a criação
de remédios inovadores, mas enfrenta
problemas que podem ser igualmente
desafiadores. Por atuar com produtos
de preço elevado, as vendas são sempre
para o mercado institucional. “A nossa
missão é estar frequentemente conectado com o governo e trazer os produtos o mais rápido possível”,
diz o executivo, que já diminuiu de
quatro para apenas um ano o tempo
de importação dos remédios.
INJEÇÃO de Ânimo
A Bristol-Myers Squibb enxugou custos e
viu seus resultados financeiros darem
um salto expressivo em seis anos
(em US$ bilhões)
Bolsa de Valores de Nova York, o preço
Faturamento
das ações do centenário laboratório
americano dobrou desde o início da
reestruturação. Os papéis encerraram
o pregão de quarta-feira 17 cotados em
US$ 50,88, aumento de 147% em relação
a setembro de 2007. No mesmo período,
o valor de mercado da Bristol atingiu
19,3
18,8
2007
2009
21,2
16,3
2011
2013
Lucro líquido
10,6*
5,2 *
1,9
2007
2009
2011
2,5
2013
*Períodos em que a empresa vendeu ativos
Fonte: BMS
foto: Charlotte Raymond
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