A estratégia na prática
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A estratégia na prática
Julho de 2009 A estratégia na prática por Don Tapscott e Paul Barter No atual cenário de negócios competitivo, quase todas as empresas se empenham em analisar alternativas e criar estratégias comerciais que promovam mais vantagem competitiva. Contudo, depois de definida a estratégia, nem sempre as empresas conseguem implementá-la com eficiência.1 Tendências como globalização, clientes mais autônomos e volatilidade do mercado fazem com que seja cada vez mais difícil eliminar a lacuna existente entre estratégia e execução. O cenário econômico atual só agrava essa realidade. O tempo da visão tradicional “rising tide lifts all boats” (o vento sopra para todos) dos últimos anos deixou de existir e a execução efetiva é fundamental em todas as áreas da empresa. Atualmente, muitas empresas estão afundando. Qual é a resposta? Como a administração pode comunicar a estratégia com eficiência e assegurar total envolvimento e alinhamento da empresa com a estratégia? Os sistemas de otimização de desempenho dos negócios representam importante ferramenta para o sucesso. Como as empresas são beneficiadas (ou prejudicadas) com um volume cada vez maior de dados, a centralização do processo decisório em diretorias ou em outros silos tornou-se inviável. Isso pode gerar dissociação da estratégia de operações, decisões sem contexto e falta de coordenação em toda a empresa e no ecossistema empresarial. Com a adoção de sistemas de otimização do desempenho empresarial, colaboradores com mais autonomia podem tomar decisões estrategicamente alinhadas, atuais e baseadas em fatos, em vez de decisões intuitivas ou com base em políticas corporativas. Essas ferramentas também promovem maior transparência e representam os pilares para gestão do risco empresarial. Além disso, acima de tudo elas podem promover mudanças nas empresas. A função da gerência deixou de ser "tomar decisões”. Seu papel atual é veicular e coordenar os fundamentos da estratégia e definir as métricas que alinham os esforços de cada stakeholder com a estratégia como um todo. O sucesso da implementação de uma boa estratégia oferece a vantagem competitiva sustentável que todas as empresas almejam. Antes de imprimir este documento, pense no meio ambiente © 2009 nGenera Corporation SUMÁRIO 1 2 Introdução 3 4 Como gerenciar os resultados realidade atual do desempenho: decisões baseadas em dados A 3Novos conceitos e ferramentas de decisões baseadas em dados 3Os dados são a base de tudo Como assegurar agilidade na estratégia 5Como obter excelência no processo 5Insight aprimorado 6Soluções flexíveis que oferecem suporte a todos os usuários 6Mudanças na natureza e na demografia da força de trabalho 7Benefícios da descentralização 7Nível ideal de descentralização 7Como obter os benefícios da descentralização: dados reais 8 Risco e transparência 9 Conclusões 10Notas finais A estratégia na prática 1 I n t ro d u ç ã o Diante do cenário econômico atual, é fácil estar em dúvida quanto ao futuro, pois o panorama é sombrio. Este ano, o PIB americano encolheu 6,2% comparado com a base de 2008,2 e as exportações caíram 24%.3 Os parceiros de negócios internacionais temem que o cenário fique ainda pior: O PIB da Alemanha, Japão e México recuou 14,4, 15,2 e 21,5%, respectivamente. Também é importante lembrar que do ponto de vista das empresas, o desempenho financeiro indica queda e que elas ainda terão grandes desafios pela frente.4 Na China, até mesmo jornais estatais estão descrevendo “grandes incertezas” futuras.5 No mundo inteiro as economias estão enfrentando dificuldades e o sistema bancário, a base para uma nova prosperidade, perdeu a confiança do consumidor. Em resumo, como especialistas renomados apontam, o cenário econômico mundial nunca esteve tão sombrio, desde a Grande Depressão.6 Neste cenário, é fácil esquecer os excepcionais sucessos econômicos, científicos e sociais que testemunhamos nos últimos anos na medida em que indivíduos, empresas e nações se transformam. Há dez anos, somente 20% da humanidade tinham acesso à tecnologia das comunicações e metade das pessoas do planeta nunca tinha falado ao telefone. Atualmente, mais de 60% podem falar ao telefone (ou enviar um SMS) sempre que quiserem.7 Pela primeira vez na história, a maior parte da humanidade está conectada e pode se fazer ouvir.8 Sob a ótica da Saúde, a média da expectativa de vida dobrou nos últimos 100 anos de 36,2 em 19009 para 66,6 em 2009.10 © 2009 nGenera Corporation Esses exemplos nem de longe descrevem a amplitude dos avanços econômicos que presenciamos nos anos recentes. Dos contínuos avanços em tecnologias de microprocessadores e armazenamento até o crescimento explosivo da Internet, das alternativas inovadoras a fontes de energia baseadas em carbono e o sequenciamento do genoma humano – a inovação está a todo o vapor. O resultado dessas tendências permitiu a criação de produtos avançados, como o iPhone da Apple, o Nintendo Wii, o Toyota Prius e o Tata Nano, o Boeing Dreamliner e o Airbus A380. Empresas de todos os setores estão acelerando a introdução de novos produtos, mesmo em meio à crise atual. O renomado Warren Buffett afirmou, “Só quando a maré baixa é que você descobre quem estava nadando nu” No último ano, a maré financeira baixou muito mais do que todos esperavam.11 Embora a redução de custos seja uma ferramenta importante a ser usada para reagir à realidade financeira atual, a determinação dos custos a serem cortados também é fundamental. Geralmente, ao se depararem com a necessidade de redução de custos, as empresas utilizam técnicas como cancelar projetos, adiar compras e reduzir o efetivo de pessoal. Embora essas estratégias sejam necessárias, elas podem ser usadas exageradamente quando os líderes se concentram simplesmente em reduzir custos e não percebem o impacto dessa abordagem na empresa. Cortar custos indiscriminadamente não é uma estratégia inteligente. 2 | nGenera Insight Da mesma forma, as empresas não devem cortar custos nem investimentos em áreas que viabilizem vantagem competitiva a longo prazo. As evidências mostram que se as empresas não crescerem nem desenvolverem novos produtos, elas estarão fadadas ao fracasso. Das 100 maiores empresas americanas do início do século XX, apenas 16 ainda estão ativas. Durante os anos 80, segundo a “Fortune 500”, 230 empresas desapareceram dos Estados Unidos. Em 8 de junho deste ano, a recém-falida fabricante de automóveis General Motors e o gigante financeiro Citigroup foram retirados do índice Dow Jones Industrial Average em favor da Cisco Systems e da Travelers Company Inc.12 Nem o tamanho nem a boa reputação asseguram a permanência no mercado. Precisamos posicionar nossas empresas para tirar vantagens de novas oportunidades, reduzindo custos desnecessários que provavelmente teriam de ser eliminados de qualquer maneira. Por um lado, “Não ficamos à espera que a crise passe em vão”13, os custos improdutivos precisam ser eliminados. Mas, por outro lado, como aponta William Gibson, “O futuro é o presente… apenas não está distribuído igualmente.”14 Os produtos revolucionários de amanhã já estão nos novos pipelines de produtos dos nossos concorrentes. Se não continuarmos investindo no futuro, estaremos predestinados ao fracasso. CEOs de corporações no mundo inteiro compartilham a mesma opinião. Em uma pesquisa recente, eles identificaram excelência em execução como principal desafio para 2009. Além disso, alinhamento entre estratégia e execução, velocidade, flexibilidade, adaptabilidade às mudanças e gestão de risco foram tópicos avaliados como extremamente importantes.15 Todas essas cinco prioridades foram abordadas por modernos sistemas de otimização do desempenho empresarial, que abrangem business intelligence, gestão de informações, gestão do desempenho empresarial e recursos de governança, risco e compliance. A REALIDADE DO DESEMPENHO ATUAL: DECISÕES BASEADAS EM DADOS A importância das decisões baseadas em dados tem aumentado ao longo dos anos. Durante e após a Segunda Guerra Mundial, William Edwards Deming descreveu a importância do controle preciso de estatísticas e das vantagens competitivas resultantes desse controle. Peter Drucker criou uma obra de peso utilizando inúmeros insights básicos, sendo um deles o conceito: “Não se pode gerenciar o que não se pode medir”.16 Com o avanço da tecnologia, muitas empresas começam a implantar o que chamamos de sistemas de business intelligence (BI). Atualmente, quando dizemos “business intelligence”, em geral não estamos nos referindo a nenhum produto específico, mas a uma ampla variedade de aplicações, tecnologias e metodologias que oferecem suporte a acesso do usuário a análises e informações para tomada de decisões e gestão do desempenho. abaixo Figura 1: Cinco preocupações fundamentais entre os executivos de todo o mundo; fonte: The Conference Board Rankings relacionados Relative Julho/ rankings Out. Desafios July/Aug. Oct. Challenges Ago. 1 11 Excellence Excelência in emexecution execução 33 2 2 Execução consistente Consistent execution ofdastrategy estratégia pela alta direção by top management 77 3 3 Velocidade, flexibilidade, Speed, flexibility, adaptability adaptabilidade às mudanças to change 1616 44 Global economic performance Desempenho econômico global 11 11 5 5 Risco financeiro, inclusive Financial risk, including liquidity, liquidez, volatilidade e risco de volatility, and credit risk crédito Desafios como "a maior preocupação" Cite challenge as being of 'greatest concern' 55,4% 55.4% 46,0% 46.0% 47,0% 47.0% 41,9% 41.9% 46,6% 46.6% 24,5% 24.5% Out. Julho/Ago. 44,6% 44.6% 17,2% 17.2% 43,8% 43.8% 20,8% 20.8% Note: The global top Top 5 list5iséweighted by regional in global GDP as established by the International Observação: A lista ponderada pelo PIBrepresentation global, conforme estabelecido pelo Fundo Monetário Internacional Monetary Fund. © 2009 nGenera Corporation A estratégia na prática 3 Na era moderna, as ferramentas de business intelligence foram aprimoradas pela integração de aplicações financeiras à combinação de aplicativos, e as suites resultantes são denominadas soluções de gestão do desempenho empresarial. Essas suites aprimoram as aplicações analíticas e de scorecard com aplicativos financeiros, como: recursos de elaboração de orçamentos, planejamento e previsão; modelos de rentabilidade; consolidação financeira e relatórios financeiros, estatutários e de gestão. Dave Greiner, czar dos dados na Siemens Healthcare, explica que seu grande entusiasmo está em usar dados de outras fontes. Greiner explica: “Converso com pessoas dentro da empresa – mas fora do ambiente de TI – sobre as novas perspectivas de ultrapassar o que tradicionalmente era possível com as ferramentas de suporte a decisões. Isso lhes dá mais liberdade para organizarem campanhas de vendas ou colocarem em prática iniciativas de redução de custos com mais eficiência. Isso é o que me entusiasma, isso é o que eu quero.”18 Finalmente, estrategistas modernos como Kaplan e Norton na obra The Balanced Scorecard (traduzido e publicado pela Editora Campus em 1997 sob o título A Estratégia em Ação) e em outros títulos, descreveram a importância de adotar mais do que apenas medidas financeiras para administrar uma empresa. O modelo de Kaplan começa com a mobilização das mudanças pelos altos executivos, pela tradução da estratégia em termos operacionais, pelo alinhamento da empresa à estratégia, pela motivação para integrá-la à cultura da empresa e pela implementação da governança que transforma a estratégia em processo contínuo. As aplicações de gestão estratégica começam com balanced scorecards e mapas de estratégia, que se desdobram por scorecards, dashboards, mecanismos de análise e interfaces interativas visuais de modernos sistemas de otimização do desempenho empresarial. Quando essas ferramentas são utilizadas adequadamente e implantadas em toda a empresa e em seus ecossistemas, os dados evidenciam que essas companhias superam seus concorrentes e que seus pares têm consciência desse fato. Até 2013, o uso de sistemas de otimização do desempenho empresarial em médias e grandes empresas aumentará 32%.17 Marissa Mayer da Google tem um discurso famoso sobre como as decisões em muitas empresas foram influenciadas pela posição “política” dos responsáveis por essas decisões. Quando duas ou mais decisões alternativas são avaliadas, invariavelmente aquela apoiada pela pessoa mais antiga da empresa é a escolhida. Mayer explica o processo adotado pela Google de lançar soluções alternativas online em modo “beta” em diferentes locais ou momentos, e deixar que as escolhas mensuráveis em tempo real do cliente direcionem a decisão final. Dessa forma, explica Mayer, os dados são apolíticos”.19 Novos conceitos e ferramentas de decisões baseadas em dados Recentemente a Google, a SAP e outras grandes empresas ampliaram a definição de tomada de decisão baseada em dados além do âmbito numérico para o mundo textual, onde os produtos ficam perdidos entre enormes quantidades de palavras escritas, dentro e fora da empresa. Essas ferramentas ampliam os sistemas tradicionais de otimização do desempenho empresarial e seus recursos de suporte a decisões relacionadas a números. Elas permitem que as empresas obtenham insights e vantagens competitivas de dados não estruturados. Agora, empresas líderes do setor estão distribuindo sistemas que utilizam análise de texto para capturar insights VOC (Voz do Consumidor). Os sistemas enfrentam o desafio de agregar insights de diversas aplicações Web e empresariais não estruturadas, inclusive fóruns online, RSS feeds, blogs, logs de call center, sistemas CRM, arquivos de e-mail e pesquisas de cliente. Esses sistemas de análise de texto normalizam e incorporam textos em um data warehouse existente, onde eles são relacionados a dados de fontes existentes estruturadas, disponibilizando-os para que as ferramentas de BI possam usá-los em análises e exibições. © 2009 nGenera Corporation Peter Drucker disse uma vez que “a meta de marketing é conhecer e compreender o cliente tão bem que o produto ou serviço atenda por completo às suas necessidades e se venda sozinho. O ideal é que a estratégia de marketing resulte em clientes prontos para comprar. Só será necessário, então, disponibilizar o produto.”20 A nova geração de soluções de análise de texto representa uma das ferramentas mais poderosas criadas até hoje para entender o cliente. Os dados são a base de tudo Antes de adotar sistemas de otimização do desempenho empresarial para alinhar execução à estratégia, precisamos começar com dados confiáveis e precisos, ou a famosa afirmação “versão única da verdade”. Em um exemplo recente, uma força policial nacional queria uma “versão única do criminoso” e criou um data warehouse central de vários sistemas operacionais e sistemas legados. Após a conclusão do projeto, o banco de dados tinha 4,5 milhões de nomes. Isso gerou um problema visto que a população do país é de apenas quatro milhões. Assim, todos cidadãos do país (e um pouco mais) eram criminosos… ou o departamento de polícia tinha um problema na qualidade dos dados.21 As empresas estão reconhecendo a importância de ter dados precisos e se empenhando em tratar dessa questão. Dave Greiner explica: “Nossos executivos perceberam a importância de ter dados de qualidade. Isso fica cada vez mais evidente à medida que adquirimos mais empresas e precisamos integrar mais sistemas, bancos de dados e estruturas de dados diferentes a nossos próprios. Isso nos possibilitou gastar muito menos tempo discutindo a validade dos números e mais tempo desenvolvendo estratégias e iniciativas para alinhar esses indicadores-chave de desempenho. Em decorrência disso, conseguimos dados que podem ser convertidos em ações – em menos tempo.”22 4 | nGenera Insight Estudo de caso: Ocultando os furos23 O Supermarine Spitfire foi um avião de combate muito usado na Segunda Guerra Mundial. Para aumentar as taxas de sobrevivência dos pilotos, as equipes de pesquisa da Royal Air Force (RAF) mantiveram registros cuidadosos de todos os danos sofridos pelos aviões que retornavam de combate. Esses registros foram combinados e mapeados em um modelo Spitfire para determinar se partes específicas do avião eram alvo. Os dados mostraram vários pontos de danos; parecia que determinados locais estavam servindo de mira. Uma blindagem extra foi aplicada nesses locais, mas o resultado representou uma perda ainda maior de Spitfires. Os pesquisadores ficaram perplexos. Jay Wright Forrester, o inventor da dinâmica do sistema e da memória magnética de acesso aleatório, foi quem identificou onde os dados do Spitfire tinham enganado os pesquisadores da RAF. Forrester elogiou a precisão da coleta de dados, mas criticou o algoritmo usado para ativá-los: não era possível que partes específicas da aeronave estivessem servindo de alvo. Em vez disso, o fato de que tantos aviões estarem retornando à base com furos quase sempre nos mesmos lugares evidenciou que, de fato, os Spitfires podiam sofrer avarias em tais locais durante o voo. Os danos feitos em outros pontos eram o que realmente derrubavam os aviões e esses, nunca retornaram à base para serem analisados. A importância dos furos não estava no local, mas, sim, na inexistência deles. A blindagem extra foi transferida para áreas não danificadas nos Spitfires que retornavam e o resultado foi uma considerável redução nas perdas. Forrester reconheceu que a existência de dados de alta qualidade não é o suficiente: eles precisam ser compreendidos no contexto certo para serem úteis. COMO GERENCIAR OS RESULTADOS Mesmo nos melhores momentos, os executivos enfrentam diversos desafios: Como prever o desempenho? Até que ponto nosso desempenho é comparável ao de nossos concorrentes? O que usar para medir o desempenho? E os riscos? Como vincular as principais métricas aos objetivos estratégicos? A função mais importante do executivo sênior é definir a estratégia com clareza e identificar os principais KPIs que alinharão a organização e sua estratégia enquanto minimizam os riscos. Sem isso, é impossível alinhar as ações dos colaboradores às metas de curto e longo prazo da empresa. O mundo dos negócios cresce em complexidade e torna-se cada vez mais crítico o alinhamento entre execução e estratégia em toda a empresa e seu ecossistema. Em seu estudo sobre estratégias inglórias, Kaplan e Norton descobriram que mais de dois terços dos fracassos não são causados por estratégias mal elaboradas, mas por execução mal direcionada.24 De fato, alguns estudos revelaram que até 94% dos colaboradores não têm ideia do que seja estratégia empresarial. 25 Da mesma forma, Kaplan e Norton observaram que, das empresas que fixaram estratégias de crescimento superior a 9%, menos de 10% alcançaram sua meta. Somente empresas com cultura de alinhamento da estratégia à execução superaram as dificuldades e colocaram em prática suas estratégias. Bruce Rogow, diretor do IT Odyssey26, relata que, em conversa com vários executivos, a pergunta “Como alinhar execução e estratégia?” pode variar entre “Está funcionando” e “Quase não há relação entre estratégia e execução.”27 Qual é a diferença? Não existe nenhuma resposta correta, mas Bruce nos lembra que as empresas são compostas de muitos indivíduos, cada um com seu próprio comportamento. Aptidão cultural, disposição para ouvir e real esforço para compreender o que a estratégia significa são igualmente importantes. Os sistemas precisam ser (e parecem ser usados por todos, inclusive executivos seniores) implementados e suportados de forma ativa e contínua, e ajustados com base no feedback dos usuários. Responda à pergunta: “As pessoas realmente entendem a estratégia da empresa? Elas foram incorporadas e ajustadas a suas atividades, decisões e prioridades pessoais?” Se a resposta for “Não”, o alinhamento estratégico não terá ocorrido.28 Muitas vezes, quando a execução orientada por dados não está seguindo a estratégia, é porque os sistemas estão inclinados a analisar os pontos fracos do negócio, em vez de analisar onde eles não ocorrem. Assim como com os Spitfires, a execução orientada por dados só reforça os problemas. © 2009 nGenera Corporation A estratégia na prática 5 abaixo Figura 2: O Supermarine Spitfire teve, em sua história, uma lição importante sobre a análise de dados; fonte: Wikipedia COMO ASSEGURAR AGILIDADE NA ESTRATÉGIA de empresas e consumidores apresentassem um ciclo de feedback negativo. O custo de capital está completamente imprevisível e dados, como recursos naturais, mudam de preço e disponibilidade a todo momento. A flexibilidade nunca foi tão importante! As empresas simplesmente não dispõem de dados relacionados a suprimento ou demanda. A crise econômica mundial fez com que gastos Neste cenário empresarial instável, flexibilidade e agilidade estratégica são essenciais. O conceito de planejamento anual ou plurianual ainda não é uma abaixo Tabela 1: Como obter melhor desempenho realidade na maioria das em presas. As empresas precisam Esse quadrante representa empresas Este quadrante representa empresas que Alta ser eficientes, flexíveis e nortelíderes no setor que têm sistemas de investiram em sistemas de otimização adas pela realidade econômica do desempenho, mas sua utilização não otimização do desempenho integrados e de clientes. Acreditamos que foi integrada à cultura corporativa. É proao ciclo contínuo de novas estratégias existem três componentes básivável que essas empresas tenham proe execução. O insight superior e o tempo dutos de software e data warehouses de resposta proporcionados por um cos de agilidade estratégica: sistema robusto, bem como uma cultura suficientes, mas não são usados como eficiência de processos em toda que valoriza e utiliza funções analíticas, ativos devido à falta de visão estratéa empresa, insight e decisões permitem que essas empresas superem gica unificada. 30 a 40% das empresas aprimoradas para melhor colaqualquer situação econômica. Apenas operam nesse quadrante. 10 a 20% das empresas operam nesse Capaciboração, e flexibilidade para resquadrante. dade ponder com rapidez a situações técnica da de mudanças e criar novos proEste quadrante representa empresas Este quadrante representa empresas empresa cessos empresariais que alinhem ansiosas por adotar uma estratégia para as quais dados e sistemas precisos operações e estratégia. não existem de forma significativa. Essas contínua baseada em sistemas de otimiempresas não investiram financeira, nem culturalmente, em ferramentas de BI. Com certeza, qualquer nova iniciativa de BI terá como base uma lousa em branco. Baixa zação de desempenho, mas que não têm os meios técnicos para fazê-lo. Tais empresas são prejudicadas por conjuntos de dados e processos empresariais inconsistentes e, portanto, não têm uma versão única da verdade. Aproximadamente 20 a 30 por cento das empresas encontram-se nessa categoria. Essas organizações buscam mais recursos técnicos. Baixa Alta Aptidão cultural © 2009 nGenera Corporation 6 | nGenera Insight Como obter excelência no processo Estudo de caso: Emergency Medical Associates29 A Emergency Medical Associates (EMA) esforça-se em prestar atendimento médico da melhor qualidade e pelo menor preço a seus pacientes e, ao mesmo tempo, proporcionar um ambiente adequado para que seus médicos pratiquem a medicina e sejam profissionais satisfeitos. Jonathan Rothman, diretor de gerenciamento de dados da EMA, desenvolveu e implantou um conjunto de ferramentas analíticas que oferecesse a esses profissionais da EMA informações específicas sobre seus departamentos e funções. “Você efetua logon”, Rothman explica, “ e tudo o que você precisa está a sua disposição”.30 Rothman reconhece que não é possível atender a todos com uma única solução. Além de oferecer dashboards interativos, a plataforma de funções analíticas da EMA gera relatórios comuns e os envia como PDFs aos usuários com o menor nível de conhecimento técnico. Pessoas de todos os níveis podem tomar decisões fundamentadas em informações atuais e precisas. Após os eventos de 11 de setembro de 2001, houve uma preocupação geral sobre bioterrorismo e ataques virais. Rothman explica: “A resposta da EMA foi desenvolver recursos para reunir pacientes em "agrupamentos sindrômicos"31 – ou conjuntos de pacientes com certos sintomas. Com esse recurso, fica muito mais fácil rastrear surtos. As ligações entre sintomas e diagnóstico podem ser usadas para indicar possíveis casos. Quando se trata de dados, Rothman afirma que quanto mais, melhor: “Se fôssemos motivados simplesmente por resultados financeiros e tivéssemos desenvolvido apenas uma solução financeira de BI, não estaríamos extraindo os dados que hoje estamos usando para combater a gripe suína.”32O banco de dados centralizado da EMA torna-se mais eficiente e poderoso à medida que novas relações entre sintoma e diagnóstico são introduzidas. Graças à infraestrutura existente, é relativamente fácil "ampliar recursos, avaliar dados adicionais e detectar novos insights com a aplicação da nova lógica."33 O sistema de Rothman fornece aos profissionais da área de saúde as informações de que eles precisam para tomar decisões importantes e fundamentadas em momentos cruciais – sem serem importunados por montanhas de dados e tarefas enfadonhas. Em um espaço onde um sinal ou um barulho pode fazer a diferença entre a vida e a morte, os sistemas de TI da EMA foram projetados do zero para oferecer informações atuais e precisas. "Não há nada melhor do que um médico inteligente, astuto e conectado", afirma Rothman vigorosamente.34 As organizações podem maximizar a eficiência estabelecendo processos empresariais completos, com integração gerenciada de forma centralizada. Isso pode reduzir o TCO e atuar como estrutura para criação e ampliação de aplicações que atendam mais rapidamente às necessidades das empresas e do usuário, e que propiciem melhor insight empresarial. Processos baseados em novas arquiteturas orientadas a serviços são itens que viabilizam a flexibilidade de TI e dos negócios. Quando uma empresa tem dados confiáveis e processos empresariais completos e em funcionamento, o ambiente está preparado para sistemas de otimização do desempenho que ajudarão os responsáveis pelas decisões a obterem insights da realidade do mercado. Com a disponibilidade dessa inteligência, a empresa pode tomar decisões racionais e alinhadas à estratégia em várias áreas, inclusive na elaboração de orçamentos e alocação de recursos. Insight aprimorado Os sistemas de otimização do desempenho empresarial, inclusive aplicações de business intelligence, gestão, governança, risco e compliance não representam soluções que possam ser aplicadas da mesma forma em todas as empresas. Pelo contrário, as abordagens de adoção precisam variar, de acordo com a disposição técnica e cultural da empresa. Em termos gerais, para que o uso das ferramentas de suporte a decisões tenha eficácia na eliminação da lacuna existente entre estratégia e execução, é necessário que exista uma infraestrutura técnica adequada e uma cultura corporativa funcionando em todas as áreas que se esforçam para integrar funções analíticas em tempo real a processos decisórios. O contraste entre os níveis alto e baixo de habilidades técnicas corporativas e os níveis alto e baixo de aptidões culturais na adoção das ferramentas de BI gera os 2x2 na Tabela 1 (anterior). Embora não haja uma “verdade única” sobre o uso perfeito de ferramentas que viabilizem insights, as melhores empresas se esforçam para unir alto nível de habilidades técnicas a uma cultura corporativa que busca e usa dados analíticos. Em contraste a esse padrão, uma empresa pode, de várias maneiras, não perceber seu potencial quando o assunto é adotar sistemas de BI.35 Soluções flexíveis que oferecem suporte a todos os usuários Assim que surgiram as ferramentas corporativas de suporte a decisões, as soluções eram chamadas de “Sistemas de informação para executivos” e eram voltadas especificamente ao executivo sênior. Esses sistemas representavam a melhor prática da época, mas eram muito complexos e exigiam equipes de colaboradores experientes para fornecer relatórios no formato solicitado pelo executivo sênior. Os altos executivos continuam sendo usuários importantes de ferramentas que norteiam a otimização do desempenho empresarial, mas não são mais os únicos usuários, nem necessariamente os mais importantes. © 2009 nGenera Corporation A estratégia na prática 7 abaixo Figura 3: Os sistemas de otimização de desempenho da EMA capacitam os profissionais da área de saúde a tomarem decisões baseadas em dados; fonte: Emergency Medical Associates Benefícios da descentralização Quando as decisões são descentralizadas, a responsabilidade recai sobre várias pessoas da empresa, mas todas precisam ser coerentes e alinhadas à estratégia. Thomas Malone, do corpo docente da MIT Sloan e autor do livro The Future of Work: How the New Order of Business Will Shape Your Organization, Your Management Style and Your Life, opina: “Hoje podemos ter muitas pessoas bem informadas para tomarem decisões, fato que antigamente só seria possível nos escritórios centrais”.38 Ele argumenta que a descentralização tem três importantes benefícios:39 1. Encoraja a motivação e a criatividade 2. Permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente no mesmo problema 3. Acomoda flexibilidade e individualidade Muitos de nós entendemos que os tipos de habilidades exigidas dos colaboradores diferem consideravelmente dos exigidos em gerações passadas. Dizemos a nossos filhos que permaneçam na escola para melhorar suas habilidades pessoais pela educação e pelo treinamento. De fato, as necessidades das ofertas de trabalho mudaram nos últimos quarenta anos com o surgimento das tecnologias de automação e informação, e há pouca demanda para tarefas manuais e rotineiras. O acesso às informações está mudando a natureza do nosso trabalho. Mudanças na natureza e na demografia da força de trabalho Nos estudos acadêmicos de 2003, vários autores analisaram como a demanda por habilidades no trabalho mudou devido à tecnologia dos computadores.36 Eles concluíram que o capital de TI estava substituindo atividades envolvendo tarefas repetitivas e complementando outras que envolviam resolução de problemas não rotineiros e interação pessoal. As implicações para otimização do desempenho empresarial eram significativas: essas ferramentas precisavam abordar tarefas não rotineiras e possibilitar insights novos, criativos e vantagem competitiva. Além disso, tais ferramentas devem atender a condições do usuário final, como aponta Dave Greiner: “Muitas pessoas que utilizam nossas ferramentas não são usuários frequentes. Eles não querem usar ferramentas onde precisarão esquadrinhar os dados para descobrir uma mensagem.”37 Isso é especialmente verdadeiro para colaboradores da Geração Net. Colaboradores da Geração Net – nascidos entre 1977 e 1997 – cresceram com acesso imediato a muitas informações; e têm a mesma expectativa em relação ao trabalho. Como colaboradores de todas as idades crescem acostumados a resultados imediatos fornecidos pela Google e outras empresas, a perspectiva de ciclos de relatórios de seis meses é inaceitável. As ferramentas modernas terão de oferecer aos colaboradores acesso visual, personalizado e imediato às informações. © 2009 nGenera Corporation Mas talvez o mais importante na descentralização seja o alinhamento das decisões de pessoas com capacidade e conhecimento para tomar decisões. Para tomar uma decisão fundamentada, a pessoa precisa ter conhecimento. Mas nem todo o conhecimento é adquirido da mesma forma: alguns conhecimentos são gerais e não envolvem custos. Por exemplo, o conhecimento geral pode ser uma história com notícias, uma estatística setorial ou resultados financeiros de unidades de negócios específicas. O conhecimento específico, por outro lado, implica custos.40 Pense no conhecimento operacional resultante de vinte anos de experiência em um ambiente de produção, o conhecimento de comercialização de energias futuras ou a habilidade de gerenciar um departamento de TI em uma grande multinacional. Com base nessas premissas, a melhor pessoa para tomar uma determinada decisão é o indivíduo com maior conhecimento específico do problema. Consequentemente, sobram duas opções para as empresas: transferir conhecimento especializado aos executivos existentes (que, por definição, custa caro) ou transferir o poder de decisão a pessoas com conhecimento especializado. Nível ideal de descentralização Embora a descentralização evite os desafios da transferência de conhecimento específico, em contrapartida ela apresenta outro problema: a perspectiva de que novos executivos capacitados tomem decisões em interesse próprio – um risco que só pode ser reduzido até certo ponto com incentivos e controles. As organizações devem dosar os benefícios e custos das decisões descentralizadas em relação aos benefícios de uma estratégia central e foco comum no cliente.41 Para alcançar esse equilíbrio, as empresas precisam comunicar a estratégia geral, alinhar incentivos ao planejamento e deixar que os colaboradores façam sua parte. Eric Schmidt, CEO da Google, fez um comentário sobre essa abordagem: 8 | nGenera Insight Estudo de caso: abaixo Tabela 2: Benefícios da produtividade de investimento em TI e descentralização47 Explorando a realidade para extrair insight do mundo físico43 A Sense Networks, uma empresa especializada em exploração da realidade (o processo de reunir dados analíticos do mundo real), realizou um experimento com dados geográficos. A empresa comprou o acesso a dados locais de GPS de várias empresas de táxi. Greg Skibiski, presidente e CEO da Sense Networks, explica: “Eram dados em tempo real de vários táxis circulando: onde alguém entrava, onde saía, dados de viagens confidenciais.”44 Os analistas da Sense Networks começaram a construir uma história a partir desses dados. Eles puderam inferir o nível financeiro dos passageiros cruzando informações de censo com as origens das viagens em táxi. Os analistas examinaram os destinos dessas viagens, relacionando coordenadas de GPS a locais de empresas conhecidas. Com esses dados, associados a registros financeiros de empresas de capital aberto, os analistas verificaram a relação entre a frequência de visitas dos táxis a essas unidades e o desempenho financeiro dessas empresas. Não existia essa correlação. No entanto, encontraram outra. “O que aconteceu foi que um dos mais valiosos prognósticos era a distância que uma pessoa estava disposta a percorrer para chegar até as lojas”, relembra Skibiski.45 Os analistas não apenas puderam estabelecer uma relação entre a distância percorrida e as vendas informadas, como também puderam observar que para a cadeia de varejistas que obteve bons resultados houve uma queda correspondente nas vendas das empresas concorrentes. Skibiski, então, começou a investir de acordo com as previsões obtidas no modelo baseado em táxis: "Fizemos onze negociações de ações com base nisso há alguns anos. Fechamos dez negócios. Foi um excelente teste para qualquer empresa de serviços financeiros."46 A correlação entre dados de GPS e preços de ações pode estar fora do escopo do que muitas empresas estão dispostas a fazer com seus dashboards analíticos, mas a Sense Networks demonstrou as possibilidades de utilização da enorme quantidade de dados que estará disponível futuramente para as empresas. Essas empresas necessitarão de insights criativos para identificar e investir nas tendências geradas por dados que definirão suas vantagens competitivas. Alta + 1,6% + 4,6% Baixa 0 – 3,7% Baixa Alta Descentralização Investimento em TI “Muitas empresas utilizam portais de colaboradores como mecanismo de RH. Eis os seus benefícios, suas férias etc. Essa é a visão clássica, mas errada. A visão certa é perguntar: “Como difundir informações dentro da empresa que motivem os colaboradores a resolver problemas sem que os executivos tenham que gerenciálos?” – uma espécie de estratégia para diminuição da carga de trabalho dos executivos. Deixe que os colaboradores façam o trabalho. É muito mais eficiente. Eles ficam mais felizes e eu fico mais feliz ainda.”42 Para determinar o nível ideal de descentralização, as empresas precisam reduzir os custos das decisões; isso é alcançado com informação e controle. De fato, o que acontece é que alinhar execução à estratégia em geral é mais difícil para gerentes de nível médio. É relativamente simples identificar métricas de scorecard para CEOs e contribuintes individuais. Quase sempre é mais difícil identificar métricas para gerentes de nível médio. Portanto, é nesse ponto que o alinhamento da execução com a estratégia nas empresas em geral é bemsucedido. Como obter os benefícios da descentralização: dados reais A descentralização das decisões tem vários desdobramentos organizacionais positivos, como identificado anteriormente. Porém, os investimentos corretos em TI ajudam a obter o melhor aproveitamento das estruturas descentralizadas. A Tabela 2 (acima) ilustra o resultado de um estudo de produtividade de 232 empresas em relação aos níveis de descentralização e investimentos em TI. Primeiro, a tabela ilustra que a descentralização das decisões pode resultar em melhoria relativa na produtividade de 1,6%. Segundo, ela revela que investimentos só em TI resultam, de fato, em redução na produtividade. Ou seja, empresas que investem agressivamente em TI sem dispor de estrutura organizacional adequada para maximizar os novos recursos, obterão retornos sobre investimentos na ordem de 3,7% abaixo da média. Por fim, quando os investimentos em TI e descentralização são elevados, as empresas podem esperar benefícios em torno de 4,6%, ou seja, os ganhos são mais expressivos do que nunca. © 2009 nGenera Corporation A estratégia na prática 9 Finalmente, nesses modelos de tomada de decisões muito descentralizados, as empresas devem assegurar que os responsáveis pelas decisões recebam suporte de ferramentas de TI para tomarem decisões mais fundamentadas. Em outras palavras, o investimento em TI tem interferência direta na capacidade da empresa de fornecer business intelligence apropriado. RISCO E TRANSPARÊNCIA Informação é poder. Se você tem a vantagem das informações pode obter vantagens de mercado. Isso é verdadeiro principalmente quando se trata de identificar novas e diferentes oportunidades no mercado e responder a elas. Também isso se aplica à identificação de riscos (nas mais variadas formas) e como evitá-los. O objetivo não é prever o futuro, mas expor as consequências para que isso ajude nas decisões. A história do Lehman Brothers e outras semelhantes agora parecem lenda. Essas histórias destacam a importância da gestão de riscos para que qualquer leigo a entenda. Como resumiu Robert Kaplan, “Agora estamos vendo as consequências de não adotarmos a gestão de riscos como parte estratégica da estratégia”.48 Existem várias outras empresas menos conhecidas, como a Pimco, que tomam decisões com base em diferentes tipos de análise de risco. A Pacific Investment Management Co. LLC, (Pimco) é uma das maiores administradoras de renda fixa dos Estados Unidos. Em 2005 e 2006, muitos na empresa defenderam a entrada em negócios de títulos apoiados em hipotecas, mas o CEO, Bill Gross, mostrou-se descrente. Ele pensou que se o mercado imobiliário podia valorizar 10% em um ano, também podia sofrer a mesma desvalorização, embora isso jamais tivesse acontecido, e sua equipe assegurou que isso era impossível. (Mark Twain certa vez disse: “Não é o que você não sabe que o coloca em apuros, é o que você sabe com certeza que o fará.”)49 Não obstante, Gross pediu que sua equipe examinasse os números e identificasse qual seria o efeito na empresa se os preços das moradias caíssem naquela proporção. A resposta: catástrofe financeira. Ele ignorou a oportunidade e hoje é considerado um herói.50 Andrew W. Lo, professor na MIT’s Sloan School Laboratory of Financial Engineering afirma: “Se líderes corporativos, gerentes de portfólio e reguladores quiserem tomar decisões considerando riscos, precisam dispor da estrutura certa para análise dos dados”.51 Os sistemas de otimização do desempenho empresarial, com enorme repositório de dados sobre clientes, fornecedores, produtos, finanças e muito mais, estão no centro do debate sobre transparência e risco. Uma plataforma de tecnologia sólida é pré-condição para transparência. Para compartilhar informações com seus stakeholders, as empresas devem primeiro reunir, organizar e armazenar todos os dados relevantes – você não compartilha nem explica, aquilo que não tem nem entende. Como David Ticoll e eu anotamos em nosso livro de 2003, The Naked Corporation: “If you’re going to be naked, you’d better be buff.”52 © 2009 nGenera Corporation As consequências de não ter uma única versão da verdade (ou de compartilhar a versão errada) podem ser drásticas. Em 9 de janeiro de 2004, o Royal Dutch/Shell Group of Companies (Shell) anunciou que teria de reclassificar as reservas de hidrocarbono divulgadas anteriormente. A revelação disparou uma série de eventos negativos para a empresa. Primeiro, a Shell foi inserida na lista de CreditWatch da Standard & Poor’s, e seu crédito foi reduzido em 19 de abril de 2004.53 Segundo, vários executivos seniores pediram demissão, inclusive o CFO do grupo, o presidente do Comitê de diretores executivos e o CEO da divisão de upstream. Em 2007, na Société Générale, irregularidades comerciais não foram reveladas à administração bancária pelos membros da equipe que as identificaram porque, como um relatório feito pelos investigadores do próprio banco apontou, “isso não era uma atribuição específica do trabalho deles”.54 O banco mais tarde informou uma perda de US$ 7,3 bilhões, presumivelmente, resultado de transações não autorizadas feitas por um colaborador, Jérôme Kerviel.55 O fato de o recurso de gestão de risco empresarial (ERM) não ser mais uma opção, mas uma obrigação, é reforçado pelos recentes acontecimentos de maio, deste ano, quando a Standard & Poor’s anunciou que começaria a incorporar o ERM nas análises de avaliação e que poderia, em breve, começar a classificar as empresas com base nesse sistema. Isso serviu de alerta aos líderes empresariais e de tecnologia: parem de protelar e adotem o ERM o mais rápido possível. Como antever eventos de difícil previsão? As empresas devem criar uma cultura organizacional que encoraje os colaboradores a assumirem responsabilidade pelos riscos e a pesá-los em relação a potenciais recompensas. Isso significa oferecer ferramentas apropriadas para possibilitar a adoção de modelos de risco e analisar o impacto nos negócios. Eventos individuais podem ser difíceis de prever, mas são úteis para entender as consequências. E ainda mais importante, isso significa tornar o processo integral tanto para os sistemas de gestão de risco empresarial quanto para cada componente de implantação do sistema de business intelligence. A cultura organizacional deve incentivar os colaboradores a se preocuparem com riscos, principalmente quando os modelos estiverem sendo aplicados em novas maneiras ou em novas ofertas de serviço. É importante modelar eventos graves como parte do processo de desenvolvimento da tecnologia. Aprendemos com o exemplo do Lehman Brothers e outros, que eventos graves de fato acontecem. A cultura certa transforma debates sobre riscos entre otimistas e "pessoal do contra" em um diálogo interessante sobre sua natureza e como administrá-los.. Há muitas maneiras de diminuir os riscos. O importante é considerar as possibilidades desde o início e não quando um resultado inaceitável torna-se realidade. 10 | nGenera Insight CONCLUSÕES Colocar a estratégia em prática pela implantação eficiente de sistemas de otimização do desempenho empresarial não é apenas uma opção. No nível mais básico, esses sistemas agora são vitais à sobrevivência. Quando bem executados, eles também viabilizam inovação e vantagem competitiva a longo prazo, oferecendo suporte à eficiência do processo, a insights aprimorados e à flexibilidade – elementos essenciais à agilidade estratégica. Tais recursos também permitem maior transparência, identificação (e prevenção) de riscos, e são componentes cada vez mais importantes das empresas bem-sucedidas da era moderna. Empresas inteligentes estão adotando os sistemas de otimização do desempenho empresarial e começando a desfrutar de sua posição favorável frente à concorrência. © 2009 nGenera Corporation A estratégia na prática 11 NOTAS FINAIS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 Robert S. Kaplan e David P. Norton, The Strategy-Focused Organization, Harvard Business School Press, 2000. “Economy in Worst Fall Since ‘82”, Wall Street Journal, 28 de fevereiro de 2009, www.onlinewsj.com. 3 Ibid. Christina Torode, “Balanced Scorecard founder: In recession, think risk management”, Search CIO, 17 de março de 2009, www.searchcio.com. Catherine Clifford, “Jobless claims: It’s still tough out there”, CNN Money, 21 de maio de 2009, cnnmoney.com. 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Entrevista com Jonathan Rothman, diretor de gerenciamento de dados, Emergency Medical Associates, realizada por Paul Barter e Jeff DeChambeau, nGenera Insight, 29 de abril de 2009. Ibid. Ibid. Ibid. Ibid. Ibid. © 2009 nGenera Corporation 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 Don Tapscott e Dr. Steve Elmore, “Managing Enterprise Information: Architecting for Survival and Positioning for Success in Tough Times”, nGenera Insight, março de 2009. David H. Autor, Frank Levy e Richard J. Murnane, “The Skill Content of Recent Technological Change: An Empirical Foundation”, The Quarterly Journal of Economics, novembro de 2003. Entrevista com Dave Greiner, czar dos dados da Siemens Healthcare nos EUA, realizada por Paul Barter e Jeff DeChambeau, nGenera Insight, 29 de maio de 2009. Thomas W. Malone, “Ten questions: Faculty report from the frontier of management”, MIT Sloan, março de 2005. Ibid. 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Tapscott também é professor adjunto na Joseph L. Rotman School of Management na Universidade de Toronto. Meus sinceros agradecimentos a Paul Barter, Alan Majer, Bob Morison, Naumi Haque, Ian Da Silva e Jeff DeChambeau da equipe da nGenera Insight pela ajuda na pesquisa, revisão e edição deste documento. Agradeço também à SAP pelo suporte financeiro a este projeto. No entanto, as visões expressas são minhas e a nGenera e eu assumimos total responsabilidade pelas opiniões aqui expressas. Don Tapscott, presidente, nGenera Insight © 2009 nGenera Corporation Paul Barter é analista executivo na nGenera desde 2005. Paul é autor e co-autor de vários artigos na nGenera, inclusive “Rethinking Business Intelligence”, “Platforms for Innovation” e “Marketing 2.0: Beyond Pops and Clicks”. Paul tem mais de 25 anos de experiência no setor de produtos e serviços de TI com empresas como Compaq, General Electric e T4G Limited. Além da experiência no setor de vendas, marketing e desenvolvimento estratégico, Paul também ministra estratégia de E-Commerce, marketing e tecnologia no programa de MBA na York University Schulich School of Business. Paul estudou engenharia e economia, mas não colou grau, e tem MBA pelo programa de MBA da North western University Kellogg International Executive.