Shivoham

Transcrição

Shivoham
Sri Ramagita (Palavras Introdutórias)
A Ramagita faz parte do Puranas. Compilada por Veda Vyasa ensina o Dharma na perspectiva
do Vedanta. Rama, avatara, uma encarnação de Vishnu, se manifesta com o propósito de
reeducar a humanidade, relembrando o Dharma. Por sua vez, o Ramayana é esse ensinamento
na forma do mito, na forma do símbolo. Portanto, o Ramagita é a moldura do Ramayana, ne
medida em que sua análise profunda revela a visão yogika.
As diferentes personagens do Ramayana simbolizam qualidades ou defeitos que facilitam ou
obstaculizam o caminho para a liberdade e a plenitude. Rama é o ser individual, jivatma, que
está desesperadamente buscando o Ser Ilimitado, Paramatman, representado por Sita, a
princesa cativa. A princesa foi sequestrada pelo demônio Ravana, que representa a ignorância,
o egoísmo e o apego. As dez cabeças do demônio simbolizam os cinco órgãos de ação e os
cinco sentidos que controlam a existência do homem escravo de seus próprios
condicionamentos. Na batalha de resgate, que representa a busca pelo autoconhecimento,
Rama corta as cabeças do demônio, arremessando a arma de Brahma diretamente no seu
coração. Portanto, no final do épico, o príncipe guerreiro vence o demônio e resgata sua
amada, estabelecendo-se em união com a Alma Universal, que é, em última análise, a meta do
Yoga, o que se dá por meio da “derrota” do ego, ou seja, de cultivar a não-identificação com
seus conteúdos, desejos, aversões e vontades.
Neste sentido, a Ramagita é um diálogo entre Rama e seu irmão Laksman. Esse diálogo entre
os dois irmãos é narrado pelo deus Shiva para sua esposa Parvati, que manifesta o desejo de
conhecer a glória de Rama. Laksman, então, pergunta a Rama sobre como é possível
atravessar o oceano de ignorância. A instrução de Rama à Laksman é a Ramagita, que
passaremos a contemplar a partir de hoje suas estrofes, em postagens aleatórias, mas
sequenciais. Este ensinamento, cuja essência é que o ser individual é idêntico ao Ser Ilimitado
(Brahman = Ataman), deve ser compreendido e aceito se quisermos uma vida tranquila, apesar
das dificuldades inerentes a qualquer existência humana. Essa não-dualidade existe e é um
fato, apesar da distinção sujeito-objeto. A distinção sujeito-objeto não contradiz a nãodualidade. Este é o ensinamento do Veda. Está ao longo do Rg Veda e, especialmente, no fim
dele, condensado nas Upanishads. Essa visão, contudo, não está apenas nos Vedas mas
igualmente em todos os Puranas. Os Puranas são antigos registros de mitos, histórias, dinastias
reais e cosmologia. O Vedanta está presente nestes textos, que são prenhes de ensinamentos.
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, palavras
introdutórias, síntese-adaptada de Sarvananda Deva). Luz!
Ramagita (Quinta estrofe e Comentário)
Quinta estrofe: Então, Laksman disse: Ó Senhor! Entrego-me a teus pés de lótus, que os yogis
contemplam, e que podem libertá-los das correntes do tempo. Por favor, ensine-me o mais
rápido método pelo qual posso atravessar confortavelmente a vastidão do oceano da
ignorância.
Comentário: Uma das fontes para o crescimento espiritual é o questionamento, o qual deriva
do desejo de conhecer. Laksman procura Rama como professor, para superar o oceano
infindável, símbolo da vida condicionada e da ignorância existencial. Laksman quer atravessar
esse oceano, para chegar na outra margem, no estado em que a ignorância desaparece, e
somente o Conhecimento resplandece. Mas este Conhecimento está além dos cinco meios de
conhecimento que usamos para nos relacionar com o mundo. Então, como fazer? Rama
ensinará!
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, quinta
estrofe e comentário, síntese-adaptada de Sarvananda Deva). Luz!
Ramagita (Sexta estrofe e Comentário)
Sexta estrofe: Então, havendo escutado tudo o que Laksman disse, Rama, que destrói todo o
sofrimento daqueles que nele confiam, entregou a ele o Conhecimento que dispersa as trevas
da ignorância.
Comentário: Após ter ouvido por completo o pedido de Laksman, Rama aceita instruí-lo. As
palavras das escrituras sagradas afastam as trevas da ignorância para permitir conhecer aquilo
que precisa ser conhecido. Assim, Rama aguarda que Laksman faça as perguntas.
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, sexta
estrofe e comentário, síntese-adaptada de Sarvananda Deva). Luz!
Ramagita (Sétima estrofe e Comentário)
Sétima estrofe: Rama disse: Em primeiro lugar, depois de termos feitos as ações mandatórias à
nossa posição social associada à cada etapa de vida e, portanto, termos obtido uma mente
purificada, devemos abandonar todo o apego e aversão aos frutos dos nossos karmas
passados. Dotados das qualificações necessárias, devemos nos dedicar totalmente à busca do
autoconhecimento, para alcançar o Conhecimento do Ser.
Comentário: A essência e o próprio método do ensinamento estão resumidos nesta estrofe.
Aqui, Rama ensina para Laksman o que deve ser feito para se obter o Conhecimento. Rama
ensina para Laksman e, através dele, para todos nós. A pessoa dominada por causas que
produzem situações confortáveis e desconfortáveis e que geram sofrimento torna-se um
sobrevivente, não um contribuinte para o bem-estar do mundo, por isso essas causas precisam
ser neutralizadas. A mente, portanto, precisa ser purificada para estar apta a receber o
conhecimento. As funções ou vocações, atividades e responsabilidades inerentes a cada fase
da vida devem ser respeitadas. Cada uma delas tem seu papel, logo, cada um deve retribuir
sem delongas à sociedade aquilo que lhe é dado ou ensinado. Assim, nos tornamos
contribuidores, trabalhando pelo bem comum e pela felicidade de todos na sociedade. Depois
dessa realização secular, depois de havermos realizado nossas obrigações kármicas podemos
nos tornar um renunciante, depois de termos cumprido todos os nossos deveres mundanos,
estamos prontos para renunciar aos próprios desejos, podemos nos centrar no auto estudo e
na prática espiritual em busca do Conhecimento. Assim, o praticante obtém a liberdade e a
imortalidade, através de uma vida inteligente, sendo sempre um contribuidor para a sociedade
e um buscador do Conhecimento, que lhe permite, que lhe permitirá atravessar o oceano de
dor e sofrimento. Essa realização espiritual pode ser conquistada aqui, agora e ao longo do
processo de amadurecimento.
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, sétima
estrofe e comentário, síntese-adaptada de Sarvananda Deva). Luz!
Ramagita (Oitava estrofe e Comentário)
Oitava estrofe: Rama continua: A ação é considerada a causa do corpo físico manifestado.
Aquele que for demasiado apegado ao corpo realiza ações desejáveis e não desejáveis, que,
por sua vez, produzem amor e ódio, tristeza e alegria, sofrimento e prazer, enfim, os pares de
opostos. Essa sucessão de manifestações dá lugar a um novo corpo que, novamente, realiza
novas ações. Assim, incessantemente, sucedem-se os nascimentos e mortes.
Comentário: O karma é o primeiro e maior assunto dos Vedas, seguido da reflexão e do
conhecimento. Nesta estrofe, Rama destaca a ação. Karma significa ação, e é um termo que se
refere ao princípio da casualidade. O resultado dos karmas tem dois aspectos: o visível e o não
visível. Os frutos das ações em conformidade com o bem universal, em conformidade com o
Dharma, serão agradáveis, enquanto que os frutos das ações que devem ser evitadas serão
desconfortáveis. O agente das ações é o responsável tanto pelos resultados positivos como
pelos negativos. Esses méritos e deméritos são registrados, digamos, numa “contabilidade
kármica”. Alguns deles frutificam nesta vida e outros não. Existem rituais compensatórios e
ações meritórias como a caridade, que se potencializa até a compaixão, que podem neutralizar
os frutos indesejáveis das ações inadequadas pregressas e realizadas contrariamente ao
Dharma. Ou, na forma exponenciada, podem gerar um crédito de bem-aventurança esgotável.
É o caso dos seres divinos e semidivinos, entendidos na visão hindu como desfrutadores, que
apenas vivem esgotando os méritos das ações adequadas realizadas em vidas anteriores frente
ao bem universal. Porém, um nascimento humano envolve necessariamente alguma
combinação de méritos e deméritos. Ou seja, não existe nascimento feito apenas pelo fruto de
méritos. Isso significa que em cada momento da vida, por boa e favorável que seja desde a
perspectiva do homem em vigília, está envolvido certo grau de mérito e certo grau de
demérito, os quais estão permanentemente imbricados. Assim, os humanos enfrentam
situações agradáveis e desagradáveis, produto da combinação única de méritos e deméritos. A
capacidade de escolher, fazer, fazer diferente, ou deixar de fazer é dada, para cada homem,
por meio do livre arbítrio. Essa liberdade de fazer, de escolher, esse livre arbítrio, é que torna
único o ser humano. Ou seja, os deuses não têm essa capacidade de escolha. Os animais
tampouco têm essa escolha. Os humanos assumem diferentes corpos de acordo com seus
próprios karmas. E, a cada vez que ganhamos um corpo, nos é dada mais uma vez uma chance
de ganharmos a liberação do ciclo infindável de nascimentos e mortes. Podemos, portanto,
conquistar a liberdade e a imortalidade. Essa oportunidade especial está explícita nos
ensinamentos de Rama, oferecidos ao longo de sua canção. Para tanto, devemos cultivar a
auto-aceitação e buscar, diligente e incessantemente, o autoconhecimento. Para
conquistarmos a liberação, o meio de conhecimento é o Conhecimento de si mesmo. O karma
nos prepara e nos dá a chance e as condições para que esse processo tenha espaço e tempo,
tomando, claro, o Dharma como referência. O autoconhecimento liberta. A ignorância
condiciona, escraviza: dominado pela ignorância existencial, entendemos e aceitamos que não
somos aquele que queremos ser, e que devemos nos tornar diferentes, para, quem sabe, um
dia, sermos felizes. Esta é a maior crença que nos limita, e que assume diversas formas de
acordo com o karma de cada um. Mas, já somos ilimitados, não estamos separados da
totalidade. Apenas não nos damos conta disso. O Conhecimento nos liberta do sentimento de
limitação, que nos faz sentir condicionados e incompletos. Não podemos, sobretudo, não
devemos renunciar àquilo que é nosso, àquilo que já somos. A auto-aceitação é essencial, para
podermos olhar para nós mesmos como pessoas plenas. Essa é a solução para qualquer
problema humano. Nós não precisamos renunciar para sermos livres. Nós não precisamos nos
transformar em algo diferente daquele que somos. A purificação do psiquismo é essencial para
se obter liberdade e imortalidade. E a meditação é a ferramenta mais nobre, um dos meios de
que falam os Vedas, o Vedanta e o Yoga, para neutralizar e queimar sementes karmáticas. Para
que um novo nascimento tenha espaço e tempo, é preciso que os karmas estejam maduros.
Uma vez que eles tiverem sido exauridos, a liberação acontece. Os frutos, agradáveis e
desagradáveis, das ações serão experimentados por cada um de nós, na medida em que nós
nos identificamos com o papel do fazedor, do agente das ações. A auto-imagem, que nasce da
ignorância, está vinculada ao fato de nós acharmos que somos o fazedor, o agente das ações,
ou aquele que desfruta dos seus frutos, dos seus resultados. Portanto, em função das ações
que fazemos desde o nosso livre arbítrio, construímos a nossa “contabilidade kármica”, por
meio da qual iremos ganhar, futuramente, diferentes corpos como resultado ou síntese dos
méritos e deméritos. Ou seja, vamos encarnando sucessivamente em vários corpos, movendonos, aparentemente em círculos, aparentemente sem sair do lugar, como uma pessoa
andando numa bicicleta estacionária. Esta existência, chamada de samsara, é representada
pelos sucessivos nascimentos, vidas e mortes. Ir para além do tempo, é resgatar a condição
primordial da realidade absoluta, da consciência plena e da bem-aventurança eterna.
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, oitava
estrofe e comentário, síntese-adaptada de Sarvananda Deva). Luz!
Ramagita (Nona estrofe e Comentário)
Nona estrofe: Rama avança: A raiz do samsara é a ignorância. Naturalmente, sua destruição é
o único remédio indicado nas escrituras e no ensinamento. Apenas o conhecimento é eficiente
para destruir essa ignorância. Os karmas não podem destruir essa ignorância, pois são
produtos dela própria. Portanto, os karmas não são opostas à ignorância.
Comentário: O conhecimento se opõe à ignorância. A ignorância não se opõe ao karma. A
causa principal do sofrimento é a ignorância. A distração é um dos frutos da ignorância. Ela é
removida através do Conhecimento, da mesma forma como a luz remove as trevas. A distração
produzida pela ignorância é causa do nascimento e do sofrimento. Essa distração deriva do
resultado da equação mérito-demérito que, por sua vez, é o resultado dos desejos, os quais
surgem da necessidade de sermos diferentes do que somos; desejos esses alimentados e
nutridos pela ignorância existencial. O círculo vicioso está posto e assentado. Então, devemos
aceitar que a ignorância precisa ser removida. Quando a destruição da ignorância acontece,
como resultado do autoconhecimento, somente brilha a luz do Conhecimento. O Dharma
passa a guiar todo aquele que conhece a si mesmo como já sendo livre de toda limitação. O
círculo virtuoso passa a estar posto e assentado. Se nós não somos de fato o ilimitado, o que
ou quem somos? Somos o Ser, mas pensar que o Ser é o agente das ações constitui uma falsa
ideia. O ego é o agente das ações, o qual pode atuar em consonância com a perdição,
mantenedora da ignorância, ou na trilha do Conhecimento, que oportuniza a liberação do
samsara. O karma nasce da identificação com o papel do agente das ações. A chave, portanto,
para o portal que leva desde o aqui e o agora para além do tempo é a não-identificação com os
pares e relacionamentos associados e com as coisas e as posses decorrentes. Por sua vez, a
não-identificação nos credencia, enquanto buscadores da Verdade, para o Conhecimento. Não
podemos, muito menos devemos, então, realizar mais ações na esperança de que elas nos
livrem da ignorância. O único fator capaz de remover a ignorância, na trilha virtuosa, é o
Conhecimento. Se não houver Conhecimento envolvido e impregnado nas ações, elas, por si
mesmas, não podem produzir a liberdade e a imortalidade.
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, nona
estrofe e comentário, síntese-adaptada de Sarvananda Deva). Luz!
Décima estrofe: Rama avança: As ações rituais não podem pôr fim à ignorância nem reduzir o
apego aos frutos das ações. Assim, desses novos karmas surgem indesejáveis resultados,
associados à perspectiva dos apegos, em razão dos quais o samsara se torna inevitável.
Comentário: Enquanto a ignorância não for eliminada, os desejos vão continuar instigando o
sujeito. Os desejos não deixam a pessoa em paz, que fará de tudo para realizá-los. Então, como
os desejos nascem da ignorância, e se sustentam nela, não podem ser eliminados sem antes
eliminarmos a sua causa. E isso não poderá ser feito com ações, nem mesmo com ações
rituais. Portanto, como os desejos se perpetuam em si mesmos, somente quando eliminamos
a ignorância é que a força deles se extingue. Até lá, os karmas continuarão se sucedendo,
alimentando o ciclo do samsara. Desta forma, é necessário aprofundar a busca pelo
autoconhecimento, visando, paulatinamente, eliminar dúvidas obstrutoras e aprofundar a
certeza libertadora. O conhecimento se opõe à ignorância, neutralizando a força dos desejos,
os quais surgem dos pensamentos, que, por sua vez, reproduzem os karmas que, enfim,
fustigam o indivíduo com novos desejos. Trata-se de uma espécie de cadeia de valor viciosa,
que deve ser combatida e superada. Aquele que é capaz de discernir, percebendo os vícios
contidos nos desejos, refugia-se no conhecimento, evitando a identificação com os papéis e os
scripts correlatos com que atua em vigília e nos sonhos.
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, décima
estrofe e comentário, síntese-adaptada de Sarvananda Deva). Luz!
Décima primeira; décima segunda; décima terceira; e décima quarta estrofes: Rama apresenta
à Laksman as objeções à lógica da décima estrofe: As pessoas de lógica errática afirmam que
assim como os Vedas declaram que o conhecimento é o meio para se alcançar o mais elevado
objetivo, com maior ênfase, eles prescrevem igualmente os karmas rituais. Ou seja, afirmam
que as ações prescritas são compulsórias para os sujeitos. Portanto, afirmam que estes karmas
podem ser complementares ao caminho do conhecimento. As pessoas de lógica errática dizem
que as escrituras sagradas advertem ainda sobre o fato de que, considerando o caráter
mandatório de certas ações rituais, sua omissão irá trazer frutos demeritórios. Desta forma,
dizem que o buscador da Verdade deve realizar ações rituais que foram prescritos para ele.
Enfim, argumentam que, em caso do indivíduo insistir no entendimento de que o caminho do
Conhecimento é independente e eficiente para alcançar a liberdade por si só, e, por
conseguinte, pode prescindir totalmente dos karmas rituais, da mesma forma que os rituais
védicos dependem de muitos acessórios externos, como a presença das circunstâncias, do
sacerdote oficiante, das oferendas, o caminho do Conhecimento torna-se capaz de outorgar
libertação apenas com a ajuda dessas ações rituais, prescritos pelas afirmações védicas. Rama,
então, esclarece: Saiba Laksman que, no fundo, isso é falso, considerando uma contradição
óbvia: as ações feitas aumentam a identificação com o corpo, enquanto que o conhecimento
se realiza mediante a eliminação da identificação com o ego e, consequentemente, com o
corpo.
Comentário: O sujeito esgota os karmas eliminando a conexão com os desejos dos quais eles
nascem. Os karmas não se esgotam por si sós. Os desejos não se esgotam sozinhos. Enquanto
permanecer a ignorância sempre vão surgir novos e novos desejos para serem satisfeitos. É um
processo que nunca tem fim. Essa é a natureza do ciclo infindável de mortes e renascimentos.
Portanto, a reprodução desse processo é o próprio esforço dos condicionamentos, uma vez
que, repetindo desejos e ações para realiza-los, não aprendemos nada, mas somente
reforçamos a identificação com eles. Assim, a única alternativa que nos permitiria sair desse
ciclo é mudarmos a perspectiva que temos de nós mesmos nesse esquema de coisas. E essa
perspectiva pode ser alterada quando interrompemos a conexão, a identificação com o
fazedor, permitindo que o Conhecimento opere, realizando o seu papel. Ou seja, devemos
deixar de acreditar que a felicidade vai surgir da realização de novas ações. Nessa outra
perspectiva, o conhecimento resolve afastar a ideia de que somos apenas ego ou
fazedor/desfrutador. Portanto, ou agimos desde o Conhecimento, livre que somos, ou agimos
desde o ego, presos e escravizados pela identificação com todos e com tudo. Para mantermos
a mente desperta devemos entender e aceitar que entre a liberdade e o Conhecimento existe
uma conexão intrínseca, isto é, a liberdade é a consequência do conhecimento. Ou seja, por
meio do Conhecimento, advém a liberdade. São como duas caras de uma mesma moeda. A
conexão entre estes dois elementos tem como consequência a eliminação da ignorância.
Conhecimento e liberdade formam parte, portanto, do mesmo e único processo, que consiste
em desintegrar a ignorância. Este processo é, como assegura Rama, independente de
quaisquer outros fatores. A essência do Vedanta é esta: você já é livre; nós já somos livres!
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, décima
primeira; décima segunda; décima terceira; e décima quarta estrofes e comentário, sínteseadaptada de Sarvananda Deva). Luz!
Décima quinta e décima sexta estrofes: Rama avança: A focalização do Ser, conseguido por
meio da contemplação com o coração purificado, é chamada Conhecimento. Os karmas
surgem das suas variadas causas, enquanto o Conhecimento aniquila completamente esses
fundadores dos karmas. Portanto, que aqueles de coração puro aprendam a abandonar a ânsia
pelo fruto de todos os karmas, pois sendo as ações contrárias ao Conhecimento, sua
combinação com ele não é possível. O buscador da Verdade deve se engajar na contemplação
do Ser, apaziguando a atividade dos sentidos e da mente. Que possamos abandonar os karmas
que não nos conduzem à Liberdade.
Comentário: Cada um de nós é o observador, o fazedor, o pensador, o escutador, o
questionador, o desfrutador, o sofredor das ações e seus frutos. A dor e sofrimento apontam
para os diferentes papéis e scripts que cada um de nós representa. Mas quem é esse que
representa esses papéis executando seus scripts? Quem é aquele que, apesar de atuar nas
infindáveis existências, não muda, não se altera com e em nenhuma manifestação. Esse que
não muda, que não altera é o que cada um de nós já somos, é o Ser, ilimitado e sem carências.
O Conhecimento se obtém por meio de um olhar especial, nascido das escrituras sagradas.
Esse olhar especial é chamado de “terceiro olho”, veículo da visão divina. É a perspectiva
alternativa à visão secular, mundana. Para se conquistar esse Conhecimento, portanto, é
preciso mudarmos a perspectiva, modificar o olhar que habitualmente usamos para ler e
interpretar a nós mesmos, a existência e as situações que vivemos. A meditação é um dos
recursos auxiliares. Ouvir o ensinamento e ponderar sobre eles são igualmente elementos
prévios e necessários. Sendo assim, a meditação integrada ao Conhecimento pode tornar a
Liberdade possível. A concentração mais elevada, finalmente, é aquela que desintegra a
ignorância. O ego está restringido ao corpomente. O Ser não está restringido a nada nem é
limitado por nada. Cada um de nós deve entende e aceitar que o que não é nosso corpomente,
em Verdade, é Ser. O Ser é auto-objetificado. Aquilo que nosso corpomente não consegue
objetivar é o não-Ser. Todavia, isso não significa que o não-Ser seja maior que o Ser. Em
Verdade, tudo o que nós possamos perceber como não-Ser, é Ser. Portanto, não devemos ficar
negando absolutamente nada, muito menos tudo, o tempo todo, simplesmente porque não
percebemos o Ser. Nós só conseguiremos objetificar os objetos usando certos meios de
conhecimento, como os sentidos, por exemplo. Então, aquilo que nós objetificamos é evidente
para cada um de nós, mesmo que essa objetificação seja sobre a ausência de alguma coisa. Por
outro lado, podemos afirmar: nós existimos, nós somos! Qual é o meio de conhecimento que
nos permite fazer essa afirmação? Não é a mente, nem mesmo sendo esta líder, que comanda
todos os sentidos, ou qualquer outro processo que ela o elabore, como a inferência, por
exemplo. O que permite a afirmação é a presença do Ser. É o fato de que o Ser é autoevidente, revelador de si mesmo, que revela a si mesmo. Ele não pode nem precisa ser
objetificado. É insondável. Contudo, coletivamente, nós Somos quando tudo se torna evidente
para nós. Individualmente, eu Sou, portanto, tudo se torna evidente para mim. Eu Sou autoevidente. O Ser é auto-evidente. Atman é idêntico à Brahman! O Ser é aquele para quem tudo
é evidente. Depois de reconhecer a mim mesmo, eu penso, percebo, conheço, etc.
Concluindo, então, eu não “penso, logo existo” como afirmou Voltaire, mas “existo, logo
penso”. Aquela é uma verdade secular. Esta é a Verdade divina. A mente pensa porque o Ser
existe. O Ser, brilhando com luz própria, ilumina todos os objetos. A Consciência, então, é
auto-revelada. Nem tempo nem espaço poderiam existir sem a Consciência, que é, no mesmo
compasso, Realidade e Bem-aventurança. Você É, portanto, ilimitado. Eu Sou, portanto,
ilimitado. Nós Somos, portanto, ilimitados. Apenas não nos damos disso, mergulhados que
estamos na ignorância. Para superar a ignorância, precisamos nos reconhecer como
Consciência, Realidade e Bem-aventurança por meio do Conhecimento. Precisamos realizar
uma investigação cuidadosa sobre o Ser, o que abrange escutar, questionar e, finalmente,
meditar sobre o ensinamento, nascido das escrituras sagradas, num processo contínuo e
diligente, até a conquista da Liberdade e da Imortalidade.
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, décima
quinta e décima sexta estrofes e comentário, síntese-adaptada de Sarvananda Deva). Luz!
Décima sétima estrofe: Rama avança, explicando compassivamente a Laksman: Enquanto a
pessoa se identificar com o seu corpo, resultado do jogo de maya [poder da Realidade,
Consciência e Bem-aventurança para criar o mundo dos nomes e formas], ela deverá realizar
os karmas sagrados prescritos nos Vedas. Depois disso, com a ajuda das afirmações e negações
do Sruti [tat tvam asi (você é Isso); neti neti (nem isto; nem aquilo)], a pessoa deve aprender a
transcender a identificação com o próprio corpo, reconhecendo a si mesma como o Ser e,
então, abandonar o apego aos frutos dessas ações rituais.
Comentário: Nesse verso Rama explica para nós que as afirmações feitas nos versos anteriores
acerca da ritualística védica frente à Liberdade e à Imortalidade são apenas aparentemente
contraditórias. Considerando que essa contradição pode ser traumática para o buscador da
Verdade, destruindo sua confiança no entendimento, então Rama refina sua explicação. O que
Rama quis dizer é que enquanto persistir a noção de que “eu sou este corpo”, o buscador da
Verdade deve realizar ações rituais, não porque elas promovam o Conhecimento, mas porque
elas são úteis para alinhar e harmonizar o buscador da Verdade com o Dharma, por meio de
ações caridosas e compassivas, que devem ser executadas tendo em mente o bem comum. E
isso vale, claro, para todos nós. Somente dessa maneira, os livramos do egoísmo e da
identificação com os desejos. Portanto, enquanto estivermos vivos, e até a conquista do
Conhecimento, você, eu, todos nós precisamos realizar ações rituais, como o ritual do fogo,
por exemplo, até a superação da ignorância. Ou seja, o Veda reconhece aquele que realiza as
ações, e se dirige a ele recomendando as ações adequadas e desaconselhando as inadequadas,
apontando para a possibilidade de viver uma vida no Dharma. E isso vale para todos, até a
identificação com o Ser, até a conquista da identidade Brahman = Atman. Atendendo essa
recomendação do Veda, evitamos as ações contra o Dharma e nos centramos nas ações a
favor do Dharma. Observe que dessas ações adequadas algumas são obrigatórias e outras
opcionais. O importante é que o aspirante ao Conhecimento, que está comprometido com a
busca da Verdade, deve cultivar uma atitude adequada em relação ao Ser, em relação à Isvara,
que é Brahman associado ao poder de maya. Essa atitude convergente ao Conhecimento é o
resultado de uma espiritualidade que lhe permita gerar e manter uma estrutura interna
adequada, firme, para que haja espaço para levar o Conhecimento para si mesmo, em todos os
aspectos do cotidiano. Somente uma mudança de atitude faz com que as ações centradas no
ego mudem e passem a apontar para o Ser. Portanto, não executo o que as escrituras sagradas
me dizem porque tenho medo de desobedecer o mandamento, mas porque penso, reflito a
respeito e chego à conclusão de que a orientação é verdadeira e faz sentido, apontando para o
Conhecimento. Independentemente das ações adequadas e obrigatórias que eu fizer, elas
devem estar centradas e dedicadas ao Ser, à Isvara. Um dedicado buscador da Verdade, um
diligente aspirante do Conhecimento deve oferecer os frutos das suas ações à Isvara,
cultivando permanentemente atitudes com esse fito. Essa postura dhármica, essa atitude
vertida para o bem comum se chama karmayoga. Para tanto, como pano de fundo desse
processo de liberação do ciclo de morte e renascimento, o buscador do autoconhecimento
deve estar atento ao que é real e ao que é irreal. O processo de busca do Conhecimento
representa transitarmos do irreal para o real. Mithya é um termo usado para designar algo
que, para existir depende da existência de outra coisa. Mithya designa algo que tem
consciência experiencial, algo que podemos experimentar no mundo material. Mas, todos os
objetos para existirem dependem de Isvara, dependem da Consciência Ilimitada, que está em
todos os lugares e em todas as coisas, em tudo e em todos. O Ilimitado está dentro, fora, na
frente, atrás, por cima, por baixo e através de cada objeto, de cada pessoa, de cada molécula,
de cada átomo, de cada partícula e do próprio universo, da própria manifestação, pois Ele é
maior do que o maior e ao mesmo tempo menor do que o menor. Tudo o que está aqui no
universo em que nos movemos deve ser aceito como mithya. Nós não precisamos nem
podemos descartar o mundo como sendo ilusório, nem como não-existente, mas tampouco
podemos considerá-lo como existente, independentemente de Isvara, o Ser. Sem
Brahmavidya, sem Conhecimento, não podemos apreciar isto. Então, viver sem Conhecimento
é irreal. Portanto, viver com Conhecimento é real. Todo o conhecimento, todo o poder,
pertencem à mesma Consciência Ilimitada. Essa Consciência é dotada dessa força ilimitada,
que se chama maya, que é, em verdade, mithyam. Mithyam designa tanto o falso quanto o
dependente. Em verdade, designa tudo o que depende de mais alguma coisa para existir.
Satya, por outro lado, é aquilo que não depende de mais nada para existir, para ser. Assim,
mithyam depende de satya, isto é, mithyam é sathyam, mas sathyam não é mithyam. Sem
Brahmavidya, sem Conhecimento, não podemos apreciar isto. Então, viver sem Conhecimento
é irreal. Portanto, viver com Conhecimento é real. Por conta de algumas situações peculiares,
da combinação de alguns fatores, por momentos, acontece um estado de consciência
chamado ananda, que é quando nós nos separamos por um momento do ego e da mente.
Percebemos a nós mesmos como alguém pleno, completo em si mesmo, que não quer, que
não deseja ser diferente, tornar-se diferente do que É, do que Somos. Quando isso acontece,
você, eu e todos que experimentam esses momentos não precisamos procurar pela totalidade
em algum lugar especial. Somos essa totalidade. Essa totalidade está em todos os lugares, em
todas as situações, aqui e agora, a cada momento. Quando estamos conscientes disso,
estamos em ananda. Conhecer, perceber, captar e manter-se ciente e desperto da própria
natureza é a capacidade de se manter em estado de Yoga, de união com o Ser, com Isvara. Isto
é a Consciência Ilimitada. Aquilo é Consciência Ilimitada. Você, eu, todos nós precisamos nos
perceber a nós mesmos como a Consciência Ilimitada. Como Isvara. Não há nada além do
Conhecimento. Não há nada aquém do Conhecimento. A única coisa que existe é o
Conhecimento. Portanto, com o Conhecimento superamos a ignorância e, por via de
consequência, superamos igualmente os desejos, que se alimentam e se nutrem com e da
própria ignorância.
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, décima
oitava estrofe e comentário, síntese-adaptada de Sarvananda Deva). Luz!
Décima oitava estrofe: Rama continua o ensinamento: Quando o Conhecimento do Ser,
brilhante e direto, que destrói as diferenças entre jiva (alma individual) e Paramatma (alma
universal), surge no coração do indivíduo, somente então maya, causa do samsara da pessoa
desaparece instantaneamente, juntos com seus efeitos, os erros conceituais. Ou seja, quando
o Conhecimento remove as ideias equivocadas sobre Isvara e atman, é compreendida a
identidade entre Brahman e atman.
Comentário: A Verdade é uma só. Não existem duas “Verdades”. Não há dois pontos de vista
diferentes em relação a satyam e mithya. Quando você, eu e todos nós entendermos que não
somos as infinitas formas de potes, mas que somos argila em formas de potes, estaremos
iluminados. Simples assim! Essa forma de instrução é chamada mahavakya upadesa, a grande
afirmação “você é a Consciência Ilimitada”, tat tvam’asi. A Consciência Ilimitada é a verdade de
Isvara e, portanto, a Verdade do universo. Isvara não tem localização, pois é tudo em todos os
lugares e em todos os tempos. Tudo o que é; tudo o que existe. Jiva (alma individual) sim, tem
localização no tempo e no espaço. O pote é argila, mas a argila não é o pote. As formas surgem
e desaparecem, a essência permanece. Satyam é a realidade, é você, cada ser vivo.
Percebendo a si mesmo como Isvara, você remove todas as equivocações. O sujeito, numa
primeira instância, reclama da sua condição existencial, do seu, vazio existencial. Num segundo
momento, escuta e questiona o ensinamento. Finalmente, ao compreender a Verdade, deixa
de se lamuriar. Ele passa a ver a si mesmo como sua natureza essencial. Aí, ao invés de viver se
queixando, aprecia as vantagens de existir, de sua existência, e vive uma vida feliz, passa a
ser/ter alegria. Ao ficar tranquilo e em paz afirma: Eu sou o Ilimitado. So‘Ham. Neti, Neti.
Hamsah. Neti, Neti. Shivoham. Os conflitos existenciais são resolvidos. Maya, com toda a
miríade de diferenças, é aparentemente real para aquele que não tem Brahmavidya, para
aquele que não conquistou o Conhecimento, para aquele que não superou a ignorância, para
aquele que não dominou os desejos. Portanto, o liberto em vida (jivanmukta) domina os
desejos, supera a ignorância, conquista o Conhecimento; com Brahmavidya percebe o real
(atman) como efetivamente real (Brahman).
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, décima
nona e vigésima estrofes e comentário, síntese-adaptada de Sarvananda Deva). Luz!
Décima nona e vigésima estrofes: Rama continua o ensinamento: Uma vez que maya [a
ignorância] é totalmente destruída por meio do processo exposto no Sruti (“aquilo que foi
ouvido”), como pode ela (maya) permanecer capaz de gerar novas equivocações? Sendo o Ser
absoluto Conhecimento, puro e não-dual, a ignorância, consequentemente, não mais surge. Se
maya, uma vez destruída, não surge novamente, como poderia a ideai “eu sou o fazedor desta
ação” aparecer novamente na pessoa realizada? Portanto, o conhecimento é independente e
pode prescindir de tudo o mais. Ele, sozinho, é capaz de outorgar a libertação.
Comentário: É preciso desenvolver a responsabilidade para ser livre. É preciso abrir espaço
para o conhecimento, de maneira a eliminar a ignorância das nossas vidas. Quando você, eu,
todos nós nos expomos ao Conhecimento, “ouvindo aquilo que foi ouvido”, vamos obtendo a
clareza do discernimento, então, a ignorância vai sendo eliminada, até brilhar apenas a
consciência do atman não-dual. Uma vez que a consciência de atman brilha, a ignorância é
definitivamente eliminada. Junto com ela, desaparecem todas as formas de condicionamento
e identificação com os desejos, aversões e condicionamentos. Isso não significa que
eliminamos o ego, mas que nós adquirimos um ego iluminado. Quando os erros e
equivocações são removidos, o sofrimento que sentíamos desaparece junto com eles. Ou seja,
o efeito está contido na causa. Se a causa some, o efeito igualmente desaparece. Isso acontece
porque, desde o não-dualismo, o efeito é a causa, mas a causa não é o efeito. Moksha
(Liberação) não é algo que fica longe, distante, inalcançável. Atman não é o ilimitado que
nunca se alcança. Ou nós conhecemos a nós mesmos como atman aqui e agora, ou ainda não o
conhecemos. O Vedanta somente expõe os meios do conhecimento para Moksha. Mas, depois
de conhecermos a nós mesmos como Consciência Ilimitada, a ignorância sobre nós, por conta
da força dos condicionamentos, voltar a encobrir o conhecimento, então, em verdade, se isso
acontece, é porque o conhecimento não está suficientemente estabelecido em nós. O
Conhecimento é o meio para se atingir a perfeição, a realização. O Conhecimento é a
reconciliação dos conflitos e aparentes contradições. Quando o Yoga, quando a União for
realizada, estaremos livres e imortais. Em verdade, já somos livres e imortais, apenas não nos
damos conta disso, por força da ignorância que impera, impondo o samsara. Somente o
Conhecimento realiza a Libertação.
(de Swami Dayananda por Pedro Kupfer. Sri Ramagita. Bombinhas: Yogabindu, 2009, décima
nona e vigésima estrofes e comentário, síntese-adaptada de Sarvananda Deva). Luz!

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