Linguística, Artes e Letras.
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Linguística, Artes e Letras.
LINGUÍSTICA, LETRAS & ARTES 1620 1621 LINGUÍSTICA, 351 352 353 LETRAS E ARTES ABSTRAÇÕES CRIADAS PELA LUZ E ESCURIDÃO: A RELAÇÃO ENTRE FOTOGRAFIA E PAISAGEM NA GRANDE FAZENDA ARAÇATIBA NA CURVA DO RIO: CINEMA E TERRITÓRIO NO ENCONTRO ENTRE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO . PESQUISA COLETIVA: CINEMA E IDENTIDADE 354 RETROSPECTIVA DAS ATIVIDADES RECENTES DO PET LETRAS UFBA. 355 GRUPO PET/ARTES MÚSICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS: PRÁTICAS DE INTERVENÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DO ENSINO DE MÚSICA NAS ESCOLAS 356 357 358 MINICURSOS OFERTADOS PELO PET-CONEXÕES DE SABERES PARA UNIDADE ACADÊMICA DE SERRA TALHADA A ATUAÇÃO DO PET/ CONEXÕES DE SABERES/ UAST NA SEMANA DE NIVELAMENTO: RECEPÇÃO DOS CALOUROS EDUCAÇÃO TUTORIAL: VIVÊNCIAS DE CIDADANIA COM COMUNIDADES POPULARES 1622 359 360 361 362 363 364 LETRAMENTO MULTIMÍDIA ESTATÍSTICO: LEME A METAFICÇÃO EM NARRATIVAS CINEMATOGRÁFICA NO CINEPET MOSTRA DE ARTE NO CAMPUS - MAC PET LETRAS NA ESCOLA: EXPANDINDO O SABER. ESTUDO DE IDIOMAS NA ESCOLA PÚBLICA: CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO LÚDICO NA FIXAÇÃO DO CONTEÚDO DE LÍNGUA INGLESA NA COMUNIDADE QUILOMBOLA EDUCAÇÃO TUTORIAL E ASSOCIABILIDADE ENTRE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NA BUSCA DE SOLUÇÕES A PROBLEMAS DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA 365 366 367 471 CINE ESCOLA: O CONHECIMENTO E A FORMAÇÃO CIDADÃ ATRAVÉS DO OLHAR CINEMATOGRÁFICO. PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA NO PAESPE: EXPERIÊNCIAS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA O FUNCIONAMENTO DO DICIONÁRIO NA SALA DE AULA: DA TEORIA À PRÁTICA PET INTERNACIONAL 1623 XIX ENCONTRO NACIONAL DOS GRUPOS PET ENAPET – SANTA MARIA – RS ABSTRAÇÕES CRIADAS PELA LUZ E ESCURIDÃO: A RELAÇÃO ENTRE FOTOGRAFIA E PAISAGEM NA GRANDE FAZENDA ARAÇATIBA CIRILO, Aparecido José1 OASKI, Junior Nascimento2 SILVA, Rubens Teixeira da3 INTRODUÇÃO As relações entre os indivíduos, a cidade e a paisagem estão diretamente associadas ao que Yi-Fu Tuan definiu como topofilia: o elo de afeto que se estabelece entre sujeitos e o espaço. O que certamente se espelha nos modos de representação que fazemos destas por meio da arte. Assim, entender a preferência de uma pessoa por um local específico passa por compreender como ela se relaciona com o local a que pertence. Neste contexto, há duas formas básicas de se relacionar com a paisagem: incorporar-se a ela, ou buscar dominá-la. Na comunidade de Araçatiba, especificamente, podemos perceber os dois modos distintos de relacionamento com o ambiente e, consequentemente, com a construção desse elo afetivo com o espaço urbano que os contém no desenvolvimento da sensação de pertencimento a este contexto ambiental e cultural. No período de sua fundação, como fazenda jesuítica, e ainda no início do século XX como entreposto comercial, dependia de escoar sua produção através de um canal hidroviário que conduzia à necessidade de conservação do ambiente, em especial, do rio que lhe contornava. Com o fim deste modo de economia, no final da década de 1930, essa relação com o ambiente (rio) foi alterada. O comércio redirecionado para estrada e para veículo automotivo. Com isto, a frente da cidade foi alterada e parece que as relações de percepção e pertencimento ao espaço e à identidade coletiva foram desconstruídas, ou talvez, reconstruídas em outro conjunto de relações. Uma nova paisagem urbana começou a ser edificada de modo a anular, ou pelo menos sitiar, a antiga memória e afetividade com o espaço físico da localidade, o que tem implicado em alterações no próprio conceito de pertencimento. Este trabalho aborda os estudos relacionados às fotografias decorrentes das ações que se deram durante o desenvolvimento do projeto de extensão realizado pelo PET Cultura na fazenda Araçatiba, com financiamentos do CNPQ, FNDE e FAPES, hoje município de VianaES. Araçatiba foi a maior fazenda jesuítica até a expulsão da Ordem Jesuíta no Brasil no século XVIII, passando por um processo de vendas, até que no fim do mesmo século foi adquirida pelo Cel. Bernardino Falcão. No 1 Professor Adjunto e Tutor do PET Cultura da Universidade Federal do Espírito Santo. Doutor em semiótica PUC/SP. 2 Graduando em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa. Bolsista do grupo PET-Licenciatura/UFES. 3 Graduando do curso de Artes Plásticas da Universidade Federal do Espírito Santo. Bolsista do grupo PETCultura/UFES 1624 início do século XIX, seu filho Sebastião Vieira Machado assume a fazenda tornando-se um mediador na relação entre os escravos e a terra. Com a criação da comunidade e a sua morte, seus filhos doaram aos escravos cerca de 21 hectares, dos quais restam hoje apenas 5. Esta doação teve como finalidade a permanência dos ex-escravos nas terras, com o compromisso de que cuidassem da Igreja e da Santa Nossa Senhora da Ajuda. A comunidade de Araçatiba conta com cerca de 800 moradores; uma escola de ensino fundamental; um posto médico; uma quadra esportiva; um pequeno núcleo comercial. Sua economia gira em torno da prestação de serviços, realizadas nos municípios vizinhos. Para entender as relações afetivas que se estabeleceram entre a Comunidade de Araçatiba e suas terras, utilizaremos o conceito de topofilia, definido por Yi-Fu Tuan. Segundo o autor, topofilia é um neologismo que define as relações afetivas entre homem e natureza física, o meio ambiente que o circunscreve. Esta relação pode se efetivar de forma estética, na qual o prazer de uma vista e a sensação de beleza se revela intensamente. Dentro do conceito de topofilia estão, ainda, as relações que os homens estabelecem com o lugar onde habitam, relações de lar e de sobrevivência4. As relações de topofilia podem ser evidenciadas de múltiplas formas, por meio das memórias, das festas, das músicas, dos rituais religiosos e pelas paisagens naturais e culturais. Contudo, neste trabalho daremos ênfase às paisagens – neste caso, abordaremos as cavernas e grutas, presentes no entorno da comunidade, como locais de vivências e imaginário coletivo. Pois, elas serviram de abrigo para escravos fugitivos de outras fazendas em direção à Araçatiba – e as memórias deste fato estão impregnadas no imaginário coletivo da comunidade, bem como em marcas físicas nesses espaços. Sendo assim, a paisagem nos possibilita entender como que uma determinada comunidade se relaciona com seu território, desenvolvendo uma relação de afetividade e de pertencimento. De acordo com Milton Santos, paisagem é tudo aquilo que está dentro dos limites do olhar5. Yanci Ladeira Maria vai além, e define paisagem como o produto da relação entre natureza, sociedade e suas culturas. A autora ainda afirma que a palavra paisagem recebeu com o passar do tempo, diversas adjetivações, como: Paisagem política, paisagem sonora, paisagem olfativa, paisagem rural e paisagem urbana6 e, no nosso caso, paisagem cultural. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho em questão está centrado em um conjunto de imagens fotográficas tomadas da paisagem de Araçatiba, e que buscam captar um pouco dessa relação de afeto com o ambiente, sobre a qual está pautada toda a relação de pertencimento daquela comunidade. Para a concretização desse trabalho foi feito levantamento de dados para teorização, com ações junto à comunidade, bem como em livros e na internet. Além de máquinas fotográficas digitais e coleta de fotos situadas na localidade de Rio Claro, município de Guarapari - ES, que fazia parte da grande Araçatiba. As fotografias que são apresentadas neste texto representam desenhos a partir da luz natural e artificial direcionadas para as paredes das cavernas resultando em um contraste entre a luz e a escuridão. Sendo, Araçatiba uma comunidade tradicional remanescente de escravos que habitavam uma região que foi uma fazenda jesuítica, partimos de uma paisagem rural construída na essência de sua existência como fazenda de produção de cereais, cana-de-açúcar e derivados escoada pelos canais 4 TUAN, 1980, p. 107. SANTOS, 1988, p.61. 6 MARIA, 2011, p.16-20. 5 1625 hídricos, para as cavernas localizadas no Morro de Araçatiba. Durante o período que a fazenda pertencia ao Coronel Sebastião Vieira Machado e seus descendentes o Morro de Araçatiba serviu como abrigo de escravos fugitivos, fato este que favoreceu o surgimento de um quilombo na região. RESULTADOS E DISCUSSÃO As fotografias foram pensadas para construir um plano imaginário a partir da referencia do real, demonstrando que a luz e a escuridão andam lado a lado, com minhas memórias a escuridão do universo faz lembrar que tudo é maior que a luz sendo estes pontos soltos dentro da massa fria e negra da imensidão que se perde. Essa questão faz menção à memória dos negros da comunidade, os quais tinham na escuridão da noite o momento de retorno da sua cultura ancestral, da memória ancestral que são fragmentos da historia, a historia do lugar. Entretanto, [...] será que podemos explicar as coisas apenas pelos sentidos? Será que podemos entender e explicar as imagens apenas pela existência, sem questioná-las, obrigando-as a dizerem o que são? Ou melhor, será que podemos conhecer apenas pelos sentidos? Se adotarmos a premissa de Platão, o mito ou na alegria da caverna, na qual o sujeito tem a impressão de ver as coisas da forma como elas são, sem perceber e saber que vê apenas sua imagem, aquilo que elas aparentam ser, tomando-a pelo objeto, vê-se que só olhar não basto para conhecer7. (grifos nossos) Desta maneira, o resultado nos remete ao mesmo tempo ao digital demonstrando as muitas possibilidades da fotografia, explorando apenas o recorte da realidade que nos cerca. São Imagens que partem de um mundo real e negam, ao mesmo tempo, sua ligação com referentes deste real. REFERENCIAS KOSSOY, Boris. Realidades e ficções na trama fotográfica. 4. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009. MULLER, Tânia Mara Pedrosa. 1963 – As aparências enganam?: Fotografia e pesquisa. Petrópolis: FAPERJ, 2011. FU,Yi Tuan. Topofília: um estudo da percepção,atitudes e valores do meio/ambiente; tradução: Lívia de Oliveira- Londrina:EDUEL, 2012 SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnicas e Tempo, Razão e Emoção-4ºEd- São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,2006. 7 MULLER, 2011, p.17. 1626 Na curva do rio: Cine ma e território no encontro entre ensino, pesquisa e extensão. Alice Bernardo Nicolau1 , Adolfo Germán Delvalle Fernández2 , Andrés Proano Carvajal 3 , Atilon Cerqueira Lima 4 ; Francieli Rebelatto 5 . Universidade Federal da Integração Latino-Americana Introdução É nas particularidades do território de fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai interligada por rios e uma região que foi modificada pela construção da hidrelétrica Itaipu Binacional que nasce o projeto de extensão "Cinema da curva do rio” com o intuito de formar uma rede de jovens realizadores audiovisuais nos munícipios integrantes da Bacia Paraná 3, Misiones na Argentina e Alto Paraná no Paraguai. Nessas andanças pelo território, que também corresponde a andanças pela experimentação de um processo de descoberta didática e metodológica, leva-se a experiência do Cinema e Audiovisual e da Educação Tutorial por meio de oficinas de introdução ao Cinema e Audiovisual, mostras itinerantes em cada cidade, contemplando, assim, todas as cadeias do fazer audiovisual: formação, produção e exibição, tendo em vista a participação coletiva e comunitária e tendo como foco a memória e o patrimônio cultural imaterial da região. Neste sentido, este artigo apresenta e reflete um projeto de extensão em estreita e compartilhada relação com a comunidade e os estudantes integrantes do grupo PET Conexões e Saberes da UNILA. Também, se configura como um espaço de encontro com o objeto empírico de pesquisa dos estudantes e de processos de construção de aproximações com métodos didáticos fortalecendo o pilar de ensino. Ou seja, a partir de um projeto de extensão norteamos as interelações entre o ensino, a pesquisa e a 1 Alice Bernardo Nicolau. Estudante brasileira do Curso de Cinema e Audiovisual. Bolsista PET do Grupo Conexões e Saberes da Universidade Federal da Integração Latino-americana e integrante do projeto de extensão "Cinema na Curva do Rio". 2 Adolfo Germán Delvalle Fernández. Estudante paraguaio do Curso de Cinema e Audiovisual. Bolsista PET do Grupo Conexões e Saberes da Universidade Federal da Integração Latino-americana e integrante do projeto de extensão "Cinema na Curva do Rio". 3 Andrés Proano Carvajal. Estudante equatoriano do Curso de Cinema e Audiovisual. Integrante do projeto de extensão "Cinema na Curva do Rio". 4 4 Atilon Cerqueira Lima. Estudante brasileiro do Curso de Cinema e Audiovisual. Bolsista PET do Grupo Conexões e Saberes da Universidade Federal da Integração Latino-americana e integrante do projeto de extensão "Cinema na Curva do Rio" 5 Francieli Rebelatto - Professora e coordenadora do Curso de Cinema e Audiovisual da UNILA. Tutora do programa de Educação Tutorial "Conexôes e Saberes" da UNILA. 1627 extensão e as particularidades de um grupo petiano que tem como objetivo em sua trajetória a construção sensível de uma cartografia cultural entre fronteiras. Objetivos Esse artigo tem por objetivo apresentar e refletir os resultados iniciais do projeto de extensão "Cinema na Curva do Rio", que envolve os estudantes do PET Conexões e Sabe res da UNILA, na construção de uma possível cartografia cultural regional entre fronteiras. Este "ir a campo" propõe a confrontação dos três pilares do PET: ensino, pesquisa e extensão em uma experiência sensível, prática e com fundamentação teórica consistente no campo do ensino do Cinema e Audiovisual. Colocando-se como mediador de um processo de ensino, o curso de Cinema e Audiovisual, no espaço do programa de educação tutorial desenvolve as etapas correspondentes ao ensino da produção audiovisual. A partir da curadoria e mostra de filmes, compartilhamos com o público referencial fílmico e teórico. Como mediadores da rede de jovens realizadores, os bolsistas do grupo PET da UNILA e de mais estudantes colaboradores auxiliarão no fazer audiovisual, ou seja, no processo de feitura de produtos audiovisuais a serem desenvolvidos pela rede, e também como articuladores de uma rede regional, desenvolvendo assim o sentido do coletivo e do trabalho colaborativo. Metodologia A metodologia proposta pelo grupo PET Conexões e Saberes, em específico no que concerne a execução do projeto de extensão Cinema na Curva do Rio, cumpre com três passos metodológicos fundamentais. 1. Construção de um arcabouço teórico comum. Todos os estudantes envolvidos no projeto, por meio de encontros semanais, se debruçam sobre a discussão de conceitos teóricos norteadores do nosso objeto. A produção e o processo de democratização do audiovisual,o percurso pelos estudos do imaginário, da cartografia geográfica e cultural e o patrimônio cultural imaterial são conceitos que embasam a fundamentação antes e durante o trabalho de campo. 2. A vivência e m campo e o encontro com um possível objeto empírico. Quinzenalmente os estudantes, junto ao tutor, realizam as viagens pelo território, se confrontando com as metodologias propostas na execução das Oficinas de audiovisual, no encontro palpável e concreto com o outro e com suas formas de narrar, com a sensação vívida e latente da extensão e da relação da universidade com a comunidade. Neste encontro é momento de 1628 confrontar os conceitos teóricos com as vivências empíricas e a partir da observação participante estabelecer caminhos entre a pesquisa e a extensão. Resultados e discussão - Fundamentação Teórica Vivemos em uma sociedade cada vez mais dialó gica por meio de processos comunicativos audiovisuais, ocasionados pela democratização ao acesso das tecnologias digitais, a apropriação dos meios tecnológicos e do empoderamento do discurso audiovisual como ferramenta de expressão e representação de nossas próprias formas de narrar. Neste contexto social, cada vez mais intermediado por imagens, se faz imprescindível um projeto que sinergicamente englobe ações voltadas ao fazer, a criticidade e a democratização do Cinema e do Audiovisual por meio de uma rede que permita a fruição simbólica chegar ao público de uma forma sensível e efetiva. Assim como a partir do imaginário local e regional, despertar as histórias e memórias da região que fazem do patrimônio cultural imaterial da região. O Cinema e o Audiovisual, como parte do aparato das mídias, seria um dispositivo ativo na construção do imaginário, e operando ativamente para a conformação de discursos. As mídias, destacando a presença do cinema e do audiovisual, operam ativamente para a construção do discurso do local, consequentemente, do cenário contemporâneo da mundialização, ultrapassando as fronteiras do território físico e adentrando no território das produções simbólicas. Estaríamos diante de uma concepção imaginária, formada pelos discursos das mídias eletrônicas, do que seria, por exemplo, o dia a dia. O imaginário, neste sentido, seria alimentado no processo de sua construção por dispositivos da cultura massiva eletrônica como telefones, computadores, cinema, televisão, revistas e jornais, gerando narrativas que agenciam e negociam a contemporaneidade (APPADURAI, 1996). Desta maneira, a intervenção na realização audiovisual provoca uma mudança de foco de nossa atuação como realizadores e espectadores. Passamos de um tipo de espectador construído a um realizador de imagens que pode ter a dimensão do discurso do local e do regional, encontrando formas sensíveis de se auto-narrar, ou narrar as histórias e memórias ao seu redor. Em consonância com este olhar do realizador de imagens, podemos considerar o pensamento da produtora e pesquisadora catalã Marta Andreu (2012, p. 36), “mirar es participar de lo mirado. No sólo porque nuestra mirada fílmica queda incluida en ello. También porque quien mira comparte el mundo que filma con aquello que es y se mueve delante de su câmara”. Por isso, entendemos ser importante diante de todos estes questionamentos teóricos que permeiam o fazer audiovisual contemporâneo, ir a campo, dialogar com os novos realizadores audiovisuais, agentes de suas narrativas, sentir como a 1629 linguagem audiovisual entra em suas vidas e como esta produção atinge o público, e ao mesmo tempo alimenta e fortalece os pilares da educação tutorial, na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Ainda no campo do audiovisual, conforme Canevacci (2001, p.10) “Todo produto visual como material empírico, descentraliza o processo interpretativo e o triplica numa forte tensão dialógica entre o sujeito focalizado e o sujeito que focaliza. E a comunicação emerge como mediação entre o visual e a antropologia”. E é entre estes campos: da produção audiovisual, da reflexão crítica, da apropriação da tecnologia, do olhar antropológico sobre a experiência da produção de conteúdos que identificamos um leque teórico e empírico para este projeto de extensão, que também articula ensino e pesquisa, considerando os aspectos da construção de linguagem, estética e dos discursos sociais. Ainda, segundo Canevacci (2001, p. 8) ‘O texto visual deve ser visto como o resultado de um contexto inquieto que envolve sempre esses três participantes, cada qual com seus papéis duplos de observados e observadores’. Para o autor, esses três participantes: autor e informante e espectador são atores do processo comunicativo. No nosso fazer audiovisual também demonstramos uma desmonopolização da imagem ao propor que nossos participantes idealizam seus próprios temas e saindo assim de como Canclini (2007) se referia "somos cada vez menos responsables, sin capacidad de intervenir en los espectáculos que disfrutamos o la información que nos seleccionan” não só impusionando que sejam criados temas que sejam de interesse dos participantes, mas também, exibindo-os nas mostras itinerantes dando valor a suas próprias produções, com uma nova proposta de realização e focalização de temas que interactuam com o local, resgatando sua memória e identidade como coletivo. Não em vão os temas tratados durante este período inicial do projeto, entre os 13 curta-metragens gravados reflexionam as inquietudes coletivas e pessoais como: o cuidado com a água, a violência familiar, o descontentamento com o âmbito social atual, a importância da existência de lugares de participação juvenil, lendas locaos, projetando um novo diálogo do imaginário e da sociedade. Por fim, ainda há que se pensar em um espaço de comunhão de experiências empíricas, de encontro por arte dos estudantes extensionistas e pesquisadores com seu campo: o território. Do aprofundamento e descoberta de novos mecanismos didáticos e metodológicos no ensino do cinema e audiovisual. E ainda, um espaço para compartilhar experiência com a comunidade, que ao se empoderar da linguagem do audiovisual, se empodera de mais um espaço de construção e reflexão sobre o coletivo, a cultura local e regional e as formas de narrar suas próprias histórias, ou seja, transmitir por meio das relações que temos com o 1630 mundo, diferentes formas que por meio de imagens e sons, sensibilizam e constroem novos discursos. Conclusão O projeto "Cinema na Curva do Rio" está em fase inicial, tendo completado um primeiro ciclo de estudos, de construção do arcabouço teórico comum entre os petianos e demais participantes e chegando em campo, em seis cidades da região da Bacia do Paraná 3, no Paraná. Porém já se mostra com um espaço muito profícuo e possível de uma consolidação e fortalecimento de uma experiência coletiva e participativa entre estudantes do PET Conexões e Saberes, estudantes do Curso de Cinema e Audiovisual e a comunidade da região. Entendemos a importância do ensino, pesquisa e extensão estarem indissociáveis no nosso processo de formação e são muitos os caminhos a serem seguidos neste sentido, tanto dentro do grupo PET, como para fora do grupo e em diálogos com outras instâncias. Neste sentido, entendemos, que o projeto "Cinema na Curva do Rio" se apresenta como um dos possíveis caminhos que temos para nos confrontarmos com a articulação desses três pilares. Por fim, o projeto tem mobilizado a comunidade regional, especialmente os jovens e gestores públicos que participam das oficinas, mais de dez curta- metragens já foram produzidos nas cidades, ressaltando a memória e as histórias locais e regionais. Histórias que são frutos do imaginário coletivo e individual, e que refletem o patrimônio cultural imaterial dessa região. História de ficção e documentais abrem novas janelas para a percepção e sensibilizam o público e levam a um processo de reconhecimento. Referências APPADURAI, Arjun. Modernity at large: cultural dimensions of globalization. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1996.. CANEVACCI, Massimo. Antropologia da comunicação visual. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. CANCLINI, Néstor G. Diferentes, Desiguais e desconectados, 3.ed, UFRJ: Rio de Janeiro, 2009 GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas Híbridas: Estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Edusp, 4ª ed. 4ª reimpr. GARCIA CANCLINI, Nestor. Lectores, Espectadores e Internautas 2007. Barcelona Artigo publicado e m catálogo de festival de cinema ANDREU, Marta. Lo que nos contempla. La transformación como gesto en el documental contemporáneo. Revista DocMontevideo: Encuentro Documental de las Televisoras Latinoamericanas. Montevideo, 2012. 1631 Pesquisa coletiva: cinema e identidade Autor(es); Juliana Soledade, Filipe Castro Introdução Este trabalho pretende apresentar o grupo de estudos sobre cinema brasileiro e identidades que teve como ponto de partida o projeto PET em Cena que, por sua vez, se iniciará no próximo semestre sendo promovido pelo grupo PET/Letras-Ufba. O PET em Cena visa a organizar uma mostra quinzenal de filmes para a comunidade em geral, acadêmica e externa, buscando apresentar filmes e documentários que apresentem um panorama do cinema brasileiro. Deste modo, entendemos como foco deste projeto, no que diz respeito às identidades, abordar conceitos diversos desta questão, entendendo-as nas suas múltiplas facetas, como gênero e identidade, as relações etno–culturais que auxiliam na construção das identidades, construção da nacionalidade, dentre outras. O PET em Cena surge muito antes da pesquisa com objetivos e estrutura diferentes da que temos hoje. Inicialmente a preocupação estava em abordar questões relacionadas à multiplicidade cultural existente no Brasil através de manifestações artísticas diversas, sem o enfoque sobre a questão das identidades. Com a ideia da pesquisa aqui tratada, surgiu o interesse de unir, de alguma maneira, os dois projetos, restringindo o interesse do PET em Cena ao cinema, fazendo assim com que a pesquisa ganhasse, também, um caráter de extensão em seu projeto a partir do momento em que os filmes mostrados no primeiro poderão ser, também, trabalhados na segunda. Isso faz com que, independente do desenlace do projeto coletivo, o PET em Cena ganhe também na variedade de possibilidades de escolha dos filmes a serem exibidos, já que não há a necessidade de vinculação à pesquisa. Objetivos Esse movimento amplia a dimensão da pesquisa, em relação ao PET em Cena, à medida que este acabará sendo uma espécie de laboratório para ela, além de poder ser usado como espaço coletivo de apresentação dos filmes utilizados como base de estudos. Os nossos objetivos são, a saber: 1) criar um espaço coletivo de exibição do cinema nacional no Instituto de Letras da Ufba e, 2) utilizar o PET em Cena como laboratório de ampliação das dimensões da pesquisa, incentivando os petianos a trabalharem em conjunto e saírem de suas zonas de conforto acadêmicas em busca de aprimorar seus 1632 desempenhos como pesquisadores. Metodologia Para o desenvolvimento dessa atividade, o PET Letras pretende interagir com a comunidade acadêmica do Instituto de Letras da UFBA (ILUFBA) através de enquetes disponibilizadas em redes sociais a fim de selecionar os filmes a serem exibidos - a interação com estudantes e professores é um dos pontos principais da movimentação do PET Letras. Quanto à pesquisa, já está sendo feita a coleta de materiais teóricos referentes à linguagem cinematográfica e a produção desta arte no Brasil, e também estão sendo organizadas palestras internas que contem com a participação de professores ou pós graduandos que pesquisam sobre o assunto. A exibição dos filmes e os resultados das pesquisas serão intercalados com a discussão aberta sobre a teoria estudada após a exibição dos filmes, que também serão alvo de estudo dos petianos. Resultados e discussão Os resultados esperados para a essa atividade consistem em um maior investimento na formação cultural da comunidade acadêmica do ILUFBA e no desenvolvimento dos petianos como sujeitos críticos e pesquisadores. Ao final do curso do projeto, espera-se que cada petiano tenha desenvolvido um artigo ou ensaio sobre sua pesquisa envolvendo as temáticas estudadas. Espera-se também que a junção das produções textuais do PET Letras possa ser publicada para a divulgação desse trabalho e acréscimo ao material teórico do acervo do PET. Conclusão Como o PET Letras já mantém tradicionalmente atividades e eventos visando uma extensão à vida universitária e o desenvolvimento de seus membros como futuros professores e sujeitos críticos, o desenvolvimento desse trabalho é uma necessária iniciativa para o aperfeiçoamento dos petianos como pesquisadores dentro da área acadêmica. Consciente de que muitos petianos já desenvolvem pesquisa acadêmica em suas áreas de interesse, esse projeto será também um mecanismo de expansão das áreas do conhecimento de seus envolvidos, que poderá ser futuramente aproveitado e ajudará a formar profissionais de destaque na área de Letras. Referências OLIVEIRA, Marinyze Prates de. Olhares roubados: cinema, literatura e nacionalidade. Salvador: Quarteto, 2004. MASCARELLO, Fernando (Org.). História do. Cinema Mundial. Campinas, SP: Papirus, 2003. 1633 Retrospectiva das atividades recentes do PET Letras Ufba. Autor(es); Juliana Soledade. Paula Santana, Letícia Rodrigues Introdução Criado em 1996 pela professora Elizabeth Hazin, hoje o grupo PET Letras UFBA conta com a tutoria da professora Juliana Soledade. Atualmente, o grupo conta com a participação de 12 bolsistas e um voluntário. Ao longo desses anos, o PET Letras atuou de maneira significativa na graduação dos alunos do Instituto de Letras, realizando palestras, minicursos, seminários, oficinas, bem como organizando projetos de extensão junto à comunidade, e continua atuando para atender ao princípio da indissociabilidade de ensino, pesquisa e extensão na universidade. Objetivos O objetivo deste trabalho é apresentar um panorama das atividades do grupo mostrando a sua influência na graduação dos estudantes do Instituto de Letras e no desenvolvimento das capacidades dos seus integrantes, além de divulgar nossos projetos e o funcionamento para os demais grupos PET. Metodologia O grupo se reúne em duas reuniões semanais, de cunho administrativo e acadêmico, a fim de planejar e discutir as atividades do grupo. As reuniões administrativas são destinadas a atender as nossas demandas internas, como os gastos do custeio, definição de prazos e comissões, além do estabelecimento de metas. Em contrapartida, quando é necessário a orientação de algum membro da academia, ocorrem as reuniões acadêmicas voltadas para a discussão de textos teóricos ou análises de obras literárias relacionadas a algum projeto específico. Resultados e discussão Como consequência da articulação entre os petianos e a tutora do grupo PET Letras, nos anos de 2013 e 2014 foram produzidos diversos eventos de naturezas distintas (envolvendo seus pilares básicos de pesquisa, ensino e extensão). Em 2013, as Oficinas de Ler e Pensar consistiram na oferta de encontros de leitura, reflexão e discussão de obras literárias escolhidas pelo PET Letras e o PET Filosofia, com o intuito de estimular a leitura reflexiva articulando a crítica literária ao pensamento filosófico, a fim de despertar no público leitor a 1634 percepção de novas e velhas intertextualidades. Recentemente, o nosso evento de maior destaque foi a organização do PROHPONDO, congresso com toda a comunidade acadêmica de Letras, que abarcou várias áreas do conhecimento da Linguística e Literatura. Além disso, o grupo desenvolve atividades contínuas, dentre elas a produção de um mural mensal e a realização de pesquisas individuais. Para 2014, espera-se realizar uma pesquisa coletiva que discutirá temas relacionados ao cinema brasileiro. Conclusão Nota-se, que as atividades realizadas pelo PET-Letras/UFBA em 2013 e 2014 colaboraram para o aprofundamento do conhecimento, através de textos lidos e discutidos no grupo acerca dos mais diversos temas relacionados às atividades desenvolvidas pelo grupo (mural, grupo de estudos, Oficinas de Ler e Pensar, Seminários Internos de Pesquisa). Além disso, é perceptível o amadurecimento da postura acadêmica diante de atividades e práticas docentes eo desenvolvimento de postura crítica e construtiva em relação à convivência em grupo. As atividades do PET-Letras/UFBA sempre levam em consideração questões relevantes para a complementação do atual currículo do curso e suas relações como o princípio de indissociabilidade de ensino, pesquisa e extensão, que resulta numa maior interação da universidade com a comunidade em geral através de ações desenvolvidas além dos muros do campus universitário. Referências Em < http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12227& Itemid=484 > Acesso em: 04 de Junho de 2014 Em < http://www.prograd.ufba.br/Arquivos/manualpet.pdf > Acesso em: 04 de Junho de 2014 SILVA, Brenda S. ; SOUZA, Ludmila R. R. ; MADUREIRA, João V. ; OLIVEIRA, Ana P. ; MATOS, Isadora G. C. ; VIGAS, Thais B. ; BASTOS, Fabiana D. ; NAKAMURA, Larissa ; SILVA, Lucas ; RODRIGUES, Letícia ; CASTRO, Filipe. ; MACHADO, Priscila ; COSTA, Marília ; BRUGNI, Luiza. O Pet Letras. Salvador, 2014. Disponível em: < http://petletras.wordpress.com/sobre/ > Acesso em: 04 de Junho de 2014. 1635 Grupo Pet/Artes Música da Universidade Estadual de Montes Claros: Práticas de intervenções para o desenvolvimento do ensino de música nas escolas Lívia Danielle Carvalho Fernandes¹ Luciano Cândido e Sarmento² PET Artes/Música / Departamento de Artes – UNIMONTES¹ Tutor PET Artes/Música / Departamento de Artes – UNIMONTES² Introdução O seguinte trabalho consiste na apresentação de dados a respeito dos impactos das oficinas de fabricação e uso de instrumentos musicais feitos a base de material alternativo e de baixo custo com a aplicação em jogos e brincadeiras musicais. Desenvolvidas pelo grupo PET Artes/Música na Universidade Estadual de Montes Claros no ano de 2013. As oficinas também foram realizadas em eventos da Universidade em parceria com a rede pública de educação básica. Ressaltamos a importância da música no ensino como fator primordial para o desenvolvimento de aspectos culturais, educacionais e cognitivos. Com relação à função social da música MERRIAM apud HUMMES (2004 p.18-19) destaca as seguintes funções: Função de prazer emocional, função de prazer estético, função de divertimento, função de comunicação, função de validação das instituições sociais e dos rituais religiosos, função de contribuição para a continuidade e estabilidade da cultura e função de contribuição para integração da sociedade. Com relação à importância do ensino da música FONTERRADA (2003 p.12) destaca o mesmo como um auxílio no ensino e aprendizagem de disciplinas como matemática e instalação natural de bons hábitos. De acordo com os objetivos do grupo, as oficinas são desenvolvidas pelos acadêmicos com a função de oportunizar a prática da docência e da pesquisa na área da educação musical, incentivando o contato com a comunidade a partir de ações de extensão, envolvendo escolas e instituições de ensino em Montes Claros e região. O trabalho também é desenvolvido com acadêmicos do curso e docentes na ativa, visando à formação e qualificação de educadores musicais para o ensino de música nas escolas. 1636 Objetivos O objetivo geral das oficinas é fornecer educação musical básica para o desenvolvimento de elementos musicais envolvendo história da música, e elementos da prática e teoria musical. Os objetivos específicos correspondem ao desenvolvimento da acuidade auditiva, a socialização dos indivíduos, percepção de ritmo, timbre e altura, desenvolvimento da criatividade na construção dos instrumentos e no decorrer das brincadeiras. Para a capacitação de acadêmicos e professores as oficinas de instrumento de baixo custo funcionam como uma sugestão para materiais de trabalho, sugerindo material acessível para ser trabalhado de acordo com as necessidades de cada faixa etária e condições físicas da escola. Metodologia Durante as oficinas são aplicados questionários e realizada observação participante. A abordagem é dirigida de forma simples e lúdica, estimulando o interesse pela música, a socialização e a criatividade. As oficinas de fabricação de instrumentos oferecidas são: oficinas de pífano em cano PVC e oficina de pandeiro feito de pratos plásticos de jardinagem. As oficinas de jogos e brincadeiras musicais consistem em bingo musical, canos percussivos e maestro, para desenvolvimento do conhecimento de instrumentação, estilos musicais e atenção à regência. Brincadeiras de roda e jogo dos copos, objetivando o desenvolvimento rítmico e a coordenação motora. Exercícios de palma-pé para desenvolvimento do ritmo e atenção, por meio de percussão corporal e cabra cega musical, como exercício de percepção auditiva. Resultados e discussão Neste trabalho apresentaremos os resultados por meio da análise dos relatos escritos por cada participante e dados da observação participante. Observando as atividades, notamos o maior empenho e envolvimento dos participantes em exercícios mais próximos à realidade dos mesmos, como exercícios com canções folclóricas ou de gêneros populares derivados do universo musical específico de cada indivíduo e de cada grupo trabalhado. A apresentação de estilos musicais fora do habitual dos sujeitos pesquisados foi bem aceita, onde todos demonstraram curiosidade diante da apreciação de músicas pouco conhecidas por eles. Houve um bom envolvimento nas atividades de coordenação motora, onde destacamos o desafio e a 1637 descontração como fatores de motivação para estas atividades. Nas oficinas de pífano e pandeiro, cada participante produziu seu próprio instrumento trabalhando o aspecto físico e sonoro, desenvolvendo assim o contato com o universo dos instrumentos musicais a partir da sua construção e posteriormente de sua execução trabalhando com estilos musicais brasileiros. As oficinas culminaram em apresentações coletivas. Conclusão A partir desta experiência, percebemos que nas escolas atendidas pelo grupo, existe uma nítida carência de material didático característico para o ensino de música. As escolas observadas necessitam de forma contundente de adequações físicas e pedagógicas, que apontem no sentido de atender melhor as necessidades específicas para o desenvolvimento de ações de qualidade em educação musical. Acreditamos que as oficinas do Grupo PET Artes Música contribuem no sentido de nortear e ferramentar educadores das escolas da educação básica e acadêmicos do curso de música da UNIMONTES, para realizarem atividades próprias da educação musical. Sendo assim, destacamos a necessidade de conformação das práticas em educação musical, à realidade sócio cultural de nossos professores e alunos, conseguinte à estrutura precária encontrada no ambiente escolar. Portanto, possibilitando uma melhor inserção de ações para o ensino e aprendizagem da música no cotidiano de nossas escolas. Referências HUMMES, Julia Maria. Por que é importante o ensino da música? Considerações sobre as funções da música na sociedade e na escola. Revista ABEM n.11, p.18-19, 2004. FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De Tramas e Fios: Um ensaio sobre música e educação, p.12, 2003. 1638 Minicursos ofertados pelo PET-Conexões de Saberes para Unidade Acadêmica de Serra Talhada Poliana Valdevino do Nascimento¹, Deivid Luiz de Souza Ferraz¹, Lucivânia de Santana Gomes¹, Marcelo Rógenes de Menezes¹, Thamires dos Santos Izídio¹; Marcelo Amorim Sibaldo² ¹ Universidade Federal Rural de Pernambuco-Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UFRPE-UAST). ² Universidade Federal Rural de Pernambuco-Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UFRPE-UAST). Introdução Sabe-se que o PET Conexões de Saberes – Linguística, Letras e Artes é orientado pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, sendo estes os três pilares que regem o ensino superior, instituído pelo Projeto Político-Pedagógico Institucional (doravante PPI) da UFRPE, onde compreende que a política de Ensino está inserida em “[...] um contexto multifacetário, marcado por transformações econômicas, sociais e culturais” (PPI, 2008, p.14) e que depende da Universidade a função de “[...] empreender um processo educativo que contribua para o pleno desenvolvimento do estudante, seu preparo para o exercício da cidadania e sua formação profissional” (PPI, 2008, p.14). Seguindo este pressuposto, os projetos de Ensino desenvolvidos por esse PET pretendem, principalmente, promover a integração dos diversos cursos da Unidade, na tentativa de suprir a carência e/ ou ausência de disciplinas na grade curricular de alguns cursos e ampliar o conhecimento do público em geral. No ano de 2013, foram ofertados os minicursos de Gramática Tradicional, Metodologia Científica, Inglês Instrumental e o de Introdução à Filosofia a toda a Unidade Acadêmica. Objetivos Os projetos de Ensino propostos na UFRPE/UAST pelo PET/CS visam, acima de tudo: i) promover a integração dos diversos cursos da Unidade; ii) suprir a carência e/ ou ausência de disciplinas na grade curricular de alguns cursos; iii) ampliar o conhecimento do público em geral. Assim, podemos salientar, que, além dessas propostas, cada projeto de Ensino busca delimitar os seus objetivos específicos. O minicurso de Gramática Tradicional (GT) tem por objetivo: a) desenvolver e ampliar os conhecimentos acerca da GT e seu uso; b) disponibilizar um espaço e momento para os alunos questionarem e argumentarem sobre as regras 1639 estabelecidas pela GT, sejam elas nos níveis fonológico, morfológico, sintático, semântico ou discursivo. No minicurso de Metodologia Científica buscamos: a) explanar as questões relativas à importância da Metodologia Científica no meio acadêmico; b) orientar quanto à aplicação destas normas em trabalhos científicos; c) trabalhar questões relacionadas às normas da ABNT; d) contribuir para a formatação dos trabalhos monográficos desenvolvidos na comunidade acadêmica; e) promover a integração de trabalhos desenvolvidos na comunidade em geral. Ofertamos o minicurso de Inglês Instrumental visando: a) despertar nos participantes o interesse pela língua inglesa; b) fazer uso de estratégias de leitura que auxiliam a compreensão de textos e artigos; c) promover o desenvolvimento da compreensão de textos escritos na língua inglesa. Oferecemos, ainda, o minicurso de Introdução à Filosofia com o intuito de: a) discorrer o que significa Filosofia; b) discutir o que significa pensar filosoficamente; c) debater, dentro do espaço interacional de sala de aula, o que é o discurso filosófico. Metodologia Os minicursos possuem duração de três a cinco dias, ocorrendo sempre no período vespertino, totalizando carga-horária entre 12 a 15 horas/aula. A divulgação dos minicursos é feita através da fixação de cartazes, publicação em blog, e visitas às salas de aula dos cursos desta Unidade Acadêmica pela comissão de divulgação do PET/CS. As inscrições são feitas através de um quilo de alimento não perecível, que, posteriormente, é doado à Biblioteca Setorial da Unidade, a fim de ajudar na realização do Natal Solidário da UFRPE, um evento que promove atividades para arrecadar alimentos para doação entre as comunidades populares. É disponibilizado, ainda, aos participantes, todo o material de apoio necessário para os dias do evento, bem como as pautas das aulas, para que todos possam estar inteirados a respeito das temáticas abordadas no decorrer de cada aula. Cada minicurso é ministrado por docentes convidados pelo Grupo, que elaboram uma ementa, a partir das necessidades apresentadas pelos discentes, com os conteúdos, os materiais e os métodos a serem utilizados durante o evento, buscando sanar essas carências. Resultados e discussão Apesar da dificuldade em organizar um evento na UAST, tendo em vista a falta de infraestrutura, obtivemos uma participação significativa nos minicursos ofertados à 1640 comunidade acadêmica, uma vez que contamos com a presença de docentes, técnicoadministrativos, mestrandos e discentes de todos os cursos da Unidade. As dificuldades na elaboração/ execução dos projetos de ensino são extintos com os dados excertos a seguir. No minicurso de Introdução à Filosofia, tivemos a participação de 21 alunos do curso de Letras, 3 do curso de Economia, 4 do curso de Química e 2 do curso de Administração. No minicurso de Inglês Instrumental, contamos com a participação de 1 professor, 1 técnico-administrativo, 1 mestrando, 2 alunos do curso de Biologia, 6 do curso de Química, 3 do curso de Agronomia e 16 do curso de Letras. No minicurso de Gramática Tradicional, tivemos 1 estudante do curso de Enfermagem, 23 do curso de Letras, 3 do curso de Sistema da Informação, 2 do curso de Engenharia de Pesca, 4 do curso de Química, 1 do curso de Agronomia e 1 do curso de Biologia. Tendo em vista que todos os minicursos ofertados ofereceram trinta vagas, o minicurso de Metodologia Científica foi o que teve a maior procura e contou com a participação de 68 pessoas. Dessas 68 participações, tivemos 8 estudantes do curso de Química, 17 do curso de Letras, 8 do curso de Administração, 7 do curso de Agronomia, 2 do curso de Zootecnia, 17 do curso de Biologia e 9 do curso de Engenharia de Pesca. Portanto, fica nítida a grande procura pelos projetos de ensino do Grupo PET-Conexões de Saberes/ Linguística, Letras e Artes e, por conta disso, verificamos a grande contribuição desse Grupo para a formação dos alunos não apenas do curso de Letras, mas de todos os cursos da UAST, o que, provavelmente, acarreta na diminuição de evasão e retensão escolar. Conclusão Pode-se concluir, tendo base nos resultados colhidos e já expostos, que a promoção de minicursos na Unidade Acadêmica tem sido de fundamental importância para os discentes e docentes, uma vez que configura- se, sobretudo, como meio de transmissão de conhecimentos necessários para formação dos discentes em seus respectivos cursos, bem como por abranger diversas áreas relacionadas aos cursos de graduação (e pós-graduação) oferecidos na UFRPE/UAST. Referência Projeto Político Pedagógico Institucional da UFRPE. Acesso em: 31 ago. 2010. Disponível em: <http://www.ufrpe.br>. 1641 A atuação do PET/ Conexões de Saberes/ UAST na semana de nivelamento: Recepção dos Calouros Gésica de Oliveira Sousa¹, Alcilânia de Moura Lima¹, Andreza Magela de Sá Vanderley¹, Helder Oliveira Cavalcanti¹, Maria das Graças Alves Nunes Melo¹, Meiriany Cristinaide Nascimento Souza Alcântara¹; Marcelo Amorim Sibaldo². ¹ Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UFRPE/UAST) – e-mail: [email protected]. ² Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UFRPE/UAST) – e-mail: [email protected]. Introdução Tendo em vista a inserção cada vez maior de estudantes no curso de Licenciatura Plena em Letras da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST), o projeto Recepção de Calouros consiste em um acompanhamento dos alunos novatos do curso. Essa proposta partiu, a princípio, da necessidade dos alunos, recémchegados à UAST, de se situar em relação tanto ao espaço físico da unidade quanto aos assuntos relacionados às disciplinas do curso. O projeto tem sido aperfeiçoado ao longo dos anos de forma que, inicialmente, todos os calouros do curso de Letras eram recepcionados apenas na aula magna, um evento de abertura do semestre promovido pela Reitoria da UFRPE, que reúne não apenas alunos novatos, mas também veteranos, sendo, nesta aula, apresentadas questões mais burocráticas e gerais relacionadas à UAST/UFRPE. A Recepção de Calouros é, portanto, uma inovação do Programa de Educação Tutorial/ Conexões de Saberes – Linguística, Letras e Artes (PET/CS) na UAST e volta-se exclusivamente aos ingressantes e suas necessidades acadêmicas. Objetivos Entre os principais objetivos da atividade de ensino, Recepção de Calouros, está o de proporcionar momentos de descontração entre os discentes de maneira que os ingressantes possam sentir-se à vontade para fazer os questionamentos referentes às mais diversas atividades relacionadas ao ambiente acadêmico. Além disso, o PET-CS informa aos calouros sobre todos os eventos com caráter de ensino, pesquisa e extensão, realizados dentro e fora da 1642 UAST, assim como pretende propagar o Programa de Educação Tutorial, a fim de que, em momentos futuros, os calouros possam fazer a seleção para bolsista PET/CS. Metodologia O projeto pauta-se em uma programação fixa voltada à apresentação: (i) da grade curricular do Curso; (ii) das áreas acadêmico-científicas a serem exploradas; (iii) dos programas científicos, que o estudante tem à disposição na Universidade, tais como o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC), a Bolsa de Incentivo Acadêmico (BIA) e o Programa de Educação Tutorial (PET); (iv) da melhor forma de manuseio do Sistema de Gerenciamento Acadêmico, SIG@-UFRPE, já que muitos relatam apresentar dificuldade no manuseio do mesmo; (v) do espaço físico da Unidade Acadêmica, entre outras. Ademais, os alunos são orientados sobre questões relacionadas à moradia (pensões, repúblicas, hotéis, etc.), transporte, além dos esclarecimentos sobre as bolsas de assistência social existentes nesta Instituição. Além das questões apresentadas acima, faz-se necessária a exposição dos conteúdos programáticos do curso de Letras aos alunos iniciantes, com vistas a uma melhor facilitação no processo de ensino/ aprendizagem desse aluno no curso de Letras. Dessa forma, apresentase os conteúdos, de modo geral, das disciplinas Linguística, Literatura e Língua Inglesa, a fim de que o aluno do curso de Letras ganhe um maior embasamento para que, no decorrer do curso, tenha menos dificuldades na mobilização de conhecimentos, uma vez que estas disciplinas já teriam sido apresentadas anteriormente, nesta semana de nivelamento. É importante salientar que, quando se é mostrada a grade curricular do curso, focamos em apresentar as disciplinas que funcionam como pré-requisitos para outras e toda a dinâmica dessa grade curricular. Resultados e discussão A princípio, a Recepção dos Calouros era uma atividade desenvolvida apenas pelo grupo PET/CS não havendo outro projeto semelhante. Com a aprovação de dois novos grupos PET na UAST, o projeto passou também a ser desenvolvido por estes grupos em seus cursos. Com isso, a atividade vem ganhando força e maior visibilidade no âmbito universitário, constituindo-se hoje um importante apoio às coordenações dos cursos nas boas vindas aos ingressantes, havendo assim um trabalho conjunto do PET com a coordenação que, por sua vez, insere esta atividade no plano a ser cumprido na semana de nivelamento. Salientamos 1643 que muitos dos petianos ao ingressarem na universidade, por não terem tido uma recepção análoga a esta, sentem a necessidade de uma atividade específica para estes alunos que se desligaram da realidade educacional de ensino médio para adentrar em uma educação de nível superior, em que questões não apenas funcionais, mas, sobretudo, político-sociais devem ser esclarecidas de início como forma de apresenta-lhes a nova realidade na qual estarão inseridos, dando-lhes as boas-vindas. Conclusão O que se pode observar e concluir ao longo desses três anos, referente à realização do projeto Recepção dos Calouros, totalizando cerca de 6 edições, é que a atividade tem se mostrado de grande importância tanto para os ingressantes, que sentem-se à vontade para questionar e sanar possíveis dúvidas, quanto para os próprios petianos que desenvolvem as habilidades de interação/comunicação ao passo que desenvolvem dinâmicas de grupos e apresentam a universidade e outras questões pertinentes. Não se pode deixar de mencionar que os agradecimentos dos calouros pelo momento de recepção/interação proporcionado a eles por meio desta atividade têm sido muitos e de fundamental importância para que o grupo PET/CS continue com a atividade. Dessa forma, compreende-se que o PET/CS vem contribuindo para o fortalecimento do curso de Letras da Unidade Acadêmica de Serra Talhada, buscando “desenvolver políticas inclusivas que visem ao acesso e permanência à educação superior” (cf. Projeto PolíticoPedagógico Institucional/ UFRPE, PPI, 2008, p. 10). Referências BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação. Parâmetros curriculares nacionais : língua portuguesa. Brasília : Ministério da Educação, 1997. Projeto Político Pedagógico Institucional da UFRPE. Acesso em: 31 jan 2014. Disponível em: <http:www.ufrpe.br>. 1644 Educação Tutorial: vivências de cidadania com comunidades populares Ana Carla Costa CASTILHO; Ana Claudia Assunção CHAVES; Camila Néo CORREA; Kathleen Jucá LONGOBARDI; Zerben Nathaly Wariss de Aguiar BARATA; Marília FERREIRA. Universidade Federal do Pará Introdução As reflexões acerca da história do ensino de Língua Portuguesa são constantes, haja vista serem de extrema relevância para o âmbito escolar, para a formação do professor e também do aluno. Ao refletirmos sobre o modo como as questões concernentes ao ensino de língua têm sido ponderadas nos últimos tempos, percebemos que este ocorria de modo mecânico sem considerar aspectos funcionais importantes da língua. Em certo sentido, o ensino, em muitas escolas, ainda é feito dessa forma. Todavia, a vida moderna e as demandas sociais cada vez mais exigentes indicam que é necessário renovar. Não há como continuar com a perspectiva clássica de ensino, na qual o professor tomava como base de ensino palavras, sentenças e até mesmo textos, destituídos de um contexto em que os aspectos funcionais da língua, para o aluno, eram deixados de lado. Um dos maiores problemas concernentes ao ensino de língua na atualidade é o estranhamento que muitos alunos sentem ao perceber que desconhecem a língua portuguesa ensinada em sala de aula. Inúmeros estudiosos têm, partindo de novas perspectivas de pesquisas, indicado uma nova direção quanto ao ensino de língua mais eficaz. Nesse contexto, o papel do professor e o desenvolvimento do aluno são centrais e aqui entra a proposta da Educação Tutorial. A aprendizagem pautada em práticas que não valorizam o ensino sob uma perspectiva interacionista tem sido rejeitada. Partindo do pressuposto de que utilizamos a língua para interagir com o outro e com o mundo é que a trabalhamos, com os estudantes do cursinho popular, por meio de gêneros textuais. O objetivo desse tipo de ensino é que o aluno “não seja apenas um aprendiz passivo, mas um sujeito que constrói seu conhecimento (mundo e linguagem) pela mediação do outro” (Del Ré, 2006, p. 25). Com base nisso, o grupo de estudantes do PET Letras/Língua Portuguesa da UFPA tem levado às aulas situações reais de comunicação, nas quais o aluno comunica, interage/age, como o faz em seu cotidiano. O que ele fala não será apenas escutado por um receptor passivo, muito pelo contrário, obterá as mais diversas reações, como uma resposta, uma expressão de dúvida, enfado, ou 1645 até mesmo o silêncio, que também é resposta a algo que foi enunciado. Objetivos Este trabalho tem como objetivo apresentar a leitura e a produção textual realizadas em um cursinho popular como atividade extensionista do PET-Letras/Língua Portuguesa da UFPA em uma comunidade popular, focalizando a Educação Tutorial como o aporte para a execução das tarefas. O trabalho que vai desde a organização, divulgação e execução das etapas do cursinho tem como objetivo formar professores capazes de conhecer os passos de uma atividade dessa natureza e se baseia no método da Educação Tutorial, em que se tem a participação efetiva daqueles que tem menos experiência que os outros, por meio do diálogo e da conversação. Os petianos têm a chance de exercitar-se no magistério, considerando os princípios aprendidos em sua experiência no PET. Metodologia O Núcleo de Educação Popular (NEP) localiza-se à Rua Benfica, no bairro do Benguí, um bairro bastante popular em que necessidades prementes de educação, diversão, saúde e outros, o qual está localizado na grande Belém do Pará. Trata-se de uma instituição sem fins lucrativos, que tem uma diretoria constituída de pessoas da comunidade cujo objetivo principal é proporcionar aos moradores do bairro ações de cidadania, de educação que possam levar-lhes a alçar uma condição mais adequada de vida. Para a realização do cursinho popular, os alunos do PET Letras/Língua Portuguesa fazem uso de materiais diversos, textos de diferentes tipos e gêneros, selecionados de diversas fontes. O grupo faz uso de uma bibliografia específica de língua portuguesa e de ensino de língua portuguesa, a partir de extensa pesquisa bibliográfica, feitas antes de as aulas começarem a cada semestre. Resultados e discussão A presente atividade de extensão está em seu terceiro ano consecutivo de execução na comunidade do Benguí. Após seis meses de aulas, já é possível a observação de uma mudança significativa no comportamento linguístico dos alunos no que se refere a uma melhor compreensão do ‘fazer’ na produção textual. Já na segunda aula, os facilitadores da atividade conduzem os alunos a uma tessitura de relações entre uma aula e outra. Consequentemente, esses começam a vislumbrar “o português”, como eles mesmos nomeiam o ensino de língua, como parte de seu dia-a-dia. Essa “desmistificação” do português foi observada, principalmente, na produção textual dos cursistas. Eles começaram não só a aplicar o que já sabiam e aprendiam nas aulas, durante a produção, mas, também, 1646 a tomar ciência de que, em sua própria produção, há inadequações linguísticas, da perspectiva da gramática normativa. Apesar disso, também recebem esclarecimentos de que toda língua apresenta variação linguística. A experiência no cursinho possibilitou ao grupo de bolsistas do PET Letras/Língua Portuguesa a experiência docente, o contato mais cuidadoso com textos, um planejamento mais sistemático de atividades docentes propriamente ditas, o que, no curso de Letras ocorre apenas no último ano da graduação, nas disciplinas de estágio docente. Conclusão Assim, além dessas contribuições para sua formação, essa atividade contribuiu, também, para o atendimento a um dos objetivos norteadores do Programa de Educação Tutorial, a saber: As atividades extracurriculares que compõem o Programa têm como objetivo garantir aos alunos do curso oportunidades de vivenciar experiências não presentes em estruturas curriculares convencionais, visando a sua formação global e favorecendo a formação acadêmica, tanto para a integração no mercado profissional quanto para o desenvolvimento de estudos em programas de pós- graduação. (...) o PET não visa apenas proporcionar aos bolsistas e aos alunos do curso uma gama nova e diversificada de conhecimento acadêmico, mas assume a responsabilidade de contribui para sua melhor qualificação como pessoa humana e como membro da sociedade (BRASIL, 2005, p. 4). Portanto, a oportunidade de participar de tal atividade de extensão ocasionou uma ampla troca de conhecimentos tanto entre os membros do programa, quanto entre os cursistas e a comunidade local, além de construir um forte elo entre a universidade e a comunidade. Como resultados imediatos, alguns participantes do cursinho foram aprovados em processos seletivos de universidades da cidade de Belém. Referências AVIZ, Maria do Livramento Ferreira de. “NUCLEO DE EDUCAÇÃO POPULAR “RAIMUNDO REIS” – NEP: um diálogo nas interfaces com a educação, memórias e saberes da comunidade do Benguí”. Disponível em: <http://nepraimundoreisbengui.blogspot.com.br>. A cesso em: 06 jan. 2012. BRASIL. Ministério da educação. Parâmetros Curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília, DF, 2001. BRASIL. Ministério da educação. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio. Brasília, DF, 2002. 1647 BRASIL. Ministério da educação. Secretaria de educação superior. Manual de orientações básicas – Programa de educação tutorial – PET. Brasília, DF, 2005. DEL RÉ, Alessandra. Aquisição da Linguagem. São Paulo: Contexto, 2006. 1648 Letramento Multimídia Estatístico: LeME Pâmela Moreira¹, Fernanda Lucht¹, Milena Marques¹; Mauren Porciúncula Moreira da Silva². 1 – Discentes petianos do Pet Sabest da Universidade Federal do Rio Grande – FURG/RS 2 – Docente Tutora do Pet Sabest da Universidade Federal do Rio Grande – FURG/RS Introdução É notória a importância da Estatística como meio de coletar e organizar um grande número de informações e apresentá-las ao público da maneira mais acessível possível. Diversas são as aplicações da Matemática em face da coletânea de dados quantitativos e qualitativos. Assim justificamos a importância do desenvolvimento de programas de letramento Estatístico. O presente artigo relata o projeto LeMe desenvolvido pelo PET Conexões de Saberes Estatísticos - PET SabEst, da Universidade Federal do Rio Grande – FURG/RS. O PETSabEst oportuniza aos jovens universitários a qualificação de sua formação, através de projetos de pesquisa e extensão; é compromissado com a promoção do Ensino de Graduação de Estatística na Universidade, sempre tendo em foco a aliança entre ensino, pesquisa e compromisso social popular. O PET SabEst envolve, além da tutora, 12 acadêmicos bolsistas frequentadores dos Cursos de Psicologia, Licenciatura ou Bacharelado em Matemática, Geografia, Sistemas de Informação, Direito, Eng. Mecânica, Ciências Contábeis entre outros acadêmicos voluntários, técnicos-administrativos em educação e professores colaboradores, de todos os cursos envolvidos. A priori, o projeto de extensão LeME, Letramento Multimídia Estatístico, é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar da FURG – Universidade Federal do Rio Grande, juntamente com o PET SabEst, em parceria com o CCMar – Centro de Convívio dos Meninos do Mar; busca letrar estatisticamente jovens que fazem parte de cursos localizados no CCMar, local em que são atendidos jovens estudantes entre 14 e 17 anos em situação de vulnerabilidade socioeconômica e ambiental da cidade do Rio Grande. No CCMar esses jovens além de fazerem um dos cursos profissionalizantes de: manicure, panificação, construção naval, culinária, recepcionista de eventos, auxiliar administrativo, informática e costuraria, também participaram do Programa que, no período entre 13 de maio a 06 de junho, desenvolveu projetos de aprendizagem sobre estatística. 1649 Ainda é importante ressaltar a articulação promovida pela FURG entre seu Projeto Pedagógico Institucional e a realidade socioeconômica no nível nacional, regional e comunitário, realizada através do projeto LeMe, atendendo os anseios do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, o qual instituiu em ações programáticas “incorporar a temática da educação em direitos humanos nos programas de inclusão digital e de educação a distância” (PNDH, 2006, p.32). Objetivos O objetivo do Programa LeME é fazer com que os jovens associem a Estatística em seu dia a dia e criem um poder crítico ao observar um conjunto de dados; visa incluir digitalmente e letrar estatisticamente cidadãos em vulnerabilidade socioeconômica e ambiental, promovendo a garantia dos direitos humanos de inserção na era digital. Busca-se ampliar o conhecimento dos adolescentes, ajudando-os a visualizar melhor a estatística no mundo, mostrando que esta disciplina está em todas as áreas do conhecimento e do avanço tecnológico. Metodologia Por entender que todo cidadão deve estar letrado estatisticamente e ser competente para lidar com a grande quantidade de informações presentes na sociedade digital em rede que vivemos, o LeMe visa que os jovens aprendam um pouco da estatística descritiva na prática. Para tal, o projeto foi dividido em dois encontros. No primeiro encontro os temas abordados foram: medidas, instrumentos de medição, porcentagem, média, mediana e moda, e introduzidos os conceitos de dados qualitativos e quantitativos. Através de uma apresentação de Power Point, foi manifestada aos alunos a importância das medidas na vida em sociedade como forma de unificação; além de fazê-los perceber o também importante e frequente uso dos instrumentos de medida, os quais, hoje em dia, fazem parte do cotidiano das pessoas. Para relembrar os diferentes instrumentos de medida (relógio, balança, fita métrica, paquímetro...), foi realizado o jogo recreativo “Imagem e Ação”, o qual cada aluno faz a mímica de algum instrumento de medida. A temática do segundo encontro ficou voltada à construção de gráficos, seus 1650 elementos obrigatórios, e como construí-los digitalmente através do Excel; o resultado foi a construção de diversos gráficos (setores, linhas, colunas, etc.) sobre o “Mês de aniversário dos alunos do CcMar”. Estabelecendo um link com o primeiro encontro, foi oportunizado aos alunos desenvolverem junto aos bolsistas questões do Enem relacionadas com os assuntos à eles repassados, fazendo-os relembrar os conceitos de: moda, média,mediana, porcentagem, análise de dados, tabelas e gráficos. Para tal, os alunos realizaram a pesagem da mochila de cada um, foi construída uma tabela com os pesos e feita a aplicação dos conceitos em cima dessas informações coletadas pelos próprios alunos. Durante esse tempo, os jovens que passaram quinzenalmente pelo programa foram aprendendo noções de estatística de uma maneira agradável e aplicável em seu cotidiano. Resultados e discussão Com o LeME, 300 estudantes em vulnerabilidade socioeconômica e ambiental, aprendem, em alguns encontros, a Estatística de uma maneira dinâmica e prática, diferente da forma como são ensinados no ensino regular. A Estatística abordada nesse Programa é a Estatística Descritiva. O programa, em todo o seu tempo, a relacionou com o cotidiano dos participantes. Os resultados propriamente ditos foram e serão cada vez mais percebidos por eles (jovens) quando se derem conta de que foram habilitados a perceber a estatística e, mais do que isso, que essa disciplina não é subjetiva, mas presente em seus cotidianos. O projeto visa despertar o senso crítico dos estudantes que passam a analisar de maneira mais rigorosa os resultados provenientes de coleta de dados. Cabe ainda apontar, a preocupação do LeME em fazê-los perceber que tais conceitos aprendidos serão utilizados em seu futuro quando do ingresso em universidades por meio de provas (vestibular e Enem). Conclusão De fato, a Estatística é muito importante na vida da humanidade e saber como usá-la e aplicá-la é algo essencial. E o LeME vem tornando os cidadãos capazes de interpretar dados, tomar decisões e ter o senso crítico, com o auxílio das tecnologias. 1651 Lato sensu, foi pretendido que através dos encontros os participantes além de terem o domínio de alguns conceitos da estatística, pudessem também criar entre eles laços de fraternidade, liberdade para se manifestar e liberdade de expressão. Tal projeto obteve êxito em sua proposição quando verificado junto aos alunos, através de “Diários” escritos ao final de cada encontro, relatos como o seguinte: “A aula de hoje foi legal porque tivemos a liberdade de escolher um assunto de nosso interesse” 1. Para eles o projeto de aprendizagem foi uma experiência nova por proporcionar um dinamismo diferente das práticas usualmente vistas nas escolas. Referências Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos: 2006/ Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, 2006 1 O nome do integrante do projeto LeME foi preservado, sendo a ele resguardado o direito à privacidade. 1652 A metaficção em narrativas cinematográfica no Cinepet Beatriz Nogueira da Costa Rego; Fransuelly Raimundo da Silva; Gustavo Félix Bezerra; Kamilla Maria Medeiros Barbosa; Marília Dantas Tenório Leite; Natália Momberg Cabral¹; Núbia Rabelo Bakker Faria². ¹ Integrantes Discentes do PET Letras Ufal ²Tutora do PET Letras Ufal Introdução O presente trabalho é resultado dos debates ocorridos no evento Cinepet realizado entre os dias 8 e 11 de Abril de 2014 como parte do cronograma planejado anualmente pelo PET Letras da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O evento Cinepet consiste em sessões de exibição de filmes em torno de uma temática comum seguidas de mesa-redonda com profissionais de áreas diversas, abertas a todos os alunos do curso de Letras e de outros cursos da Ufal e ocorre tanto integrado a algum evento realizado pelo PET Letras como também independentemente. A cada sessão um(a) ou mais convidados(as), na função de facilitador de discussão, levanta(m) pontos acerca do filme assistido para debate. O objetivo do grupo com a realização do Cinepet é fomentar o interesse pela cultura e linguagem cinematográficas, através da exibição de longa e curta-metragens ou documentários; incentivar a discussão sobre temas variados que promovam a formação crítica, reflexiva e cidadã dos universitários através da ampliação do repertório cultural; promover o diálogo entre os conteúdos acadêmicos e questões socioculturais mais complexas e abrangentes que perpassam a grade curricular dos graduandos em letras. O evento já se mantém por cinco anos como uma das atividades promovidas pelo PET Letras. O Cinepet que originou este trabalho tratou da temática da Metaficção – esta temática foi escolhida mediante sua recorrência nos estudos literários e também do pouco tempo hábil que dispõe a graduação em Letras para aprofundá-la – contando com as participações de Diogo Souza, egresso do PET Letras Ufal e atualmente em processo de mestrado pelo PPGLL da UFAL, analisando o filme The Hours de 2002, As Horas em seu título no Brasil, dirigido por Stephen Daldry; Alice Lima, Mestre em Letras e atualmente em processo de doutorado pelo PPGLL da UFAL, analisando o filme Stranger than Fiction de 2006, Mais estranho que a Ficção em seu título no Brasil, dirigido por Marc Forster; e com a participação de Analice Leandro e Felipe Benício, ambos graduandos em Letras pela Ufal e membros do grupo de 1653 pesquisa Literatura e Utopia, analisando o filme Waking Life de 2001, Acordar para a Vida em seu título em Portugal, dirigido por Richard Linklater. Todos os filmes perpassaram o tema da metaficção em suas composições, o qual foi amplamente discutida durante o evento, contudo cada filme possibilitou um olhar diferente à temática, atravessando estudos da narrativa, da adaptação e outras temáticas relacionadas à interface entre as artes da literatura e do cinema, assim como dos sentidos de realidade e de ficção. Objetivos Perpassando os objetivos gerais do evento Cinepet a realização da edição sobre metaficção buscou propiciar espaços de discussão dentro da graduação entre a literatura e a metaficção na linguagem cinematográfica, de forma a possibilitar um maior aprofundamento desta temática recorrente, mas com aprofundamento não usual na grade obrigatória da graduação em letras. Para tal buscamos desenvolver através da linguagem do cinema um momento de discussão relacionando os conceitos de narrativa e de metaficção na literatura e no cinema, observando as particularidades de cada forma de expressão artística. Este trabalho busca elaborar e difundir os apontamentos e reflexões gerados pela prática do debate no Cinepet, analisando historicamente o cinema e a literatura, assim como olhando para os conceitos de artificialidade e as particularidades sintagmáticas de ambas as modalidades. Metodologia Para a realização de tal estudo, serão levados em conta alguns dos apontamentos bibliográficos mencionados no evento, assim como outras possibilidades pesquisadas pelo grupo para melhor tratar a temática. Será também empregado o método de análise comparativa. Dessa forma, ao confrontarmos as leituras discutidas durante o evento, tanto do conceito de metaficção quanto dos filmes que foram vistos, buscamos apontar atravessamentos e perspectivas dos estudos da metaficção e outras temáticas que a perpassam, relacionando-as com interfaces entre literatura e cinema utilizando-se dos filmes exibidos no Cinepet como material de análise. 1654 Resultados e discussão A trajetória do cinema, assim como a trajetória da literatura, sempre contou com registros de produções que discutiam as próprias produções. Obviamente, para que isso ocorra é necessário certa maturidade ou, no caso do cinema, o abandono (ou a libertação) da concepção de cinema como representação da realidade. A linguagem cinematográfica, muito mais recente que a literária, buscou por muito tempo ser apagada nas produções mais comerciais (é possível citar a título de ilustração grande parte das produções hollywoodianas), a fim de que o espectador tivesse a impressão de transparência, como se a linguagem não se interpusesse entre a realidade e a pessoa que assiste a materialidade do filme. Retomando um pouco a história do cinema, em Jean-Claude Bernardet (1981) é possível perceber com clareza a relação com a representação do real. A invenção burguesa despontou como invento científico e por muito tempo caminhou paralelamente aos experimentos científicos. Até aproximadamente 1915 os filmes eram na grande maioria "naturais" o que significa dizer que não constituíam narrativas ficcionais, tratavam apenas de registros de eventos, se assim podemos dizer. A narrativa, produzida como consequência da inserção dos seres no tecido temporal, é comum tanto à literatura quanto ao cinema e, para os objetivos da discussão, o presente trabalho se debruça especificamente sobre aquela narrativa que se denomina "artificial", como trará Victor Manuel de Aguiar e Silva (2009), em outras palavras, a ficção. Tomando a narrativa como ponto comum às linguagens literária e cinematográfica, é importante reconhecer que há diferenças fundamentais entre elas e que a linguagem cinematográfica dispõe de sua própria sintagmática (METZ, 1971). A análise das narrativas cinéticas deve levar em consideração sua hibridez, assimilando conteúdo textual e áudio-visual (nos casos em que o filme não é mudo). A edição em questão do evento Cinepet propiciou que leituras sobre ficção e cinema fossem iniciadas e/ou retomadas e partindo dos textos houve a sugestão de alguns filmes a serem tratados na mostra. Foram lidos os textos de David Lodge (2009) e Linda Hutcheon (1991) especificamente sobre a temática da metafição. Nos filmes As horas (2002) e Mais estranho que a ficção (2006) a discussão desenvolveu-se de forma mais enfática em torno da metanarratividade, visto que os enredos lidam e discutem abertamente questões relacionadas à autoria e ao texto. O filme Waking life apresenta a particularidade de trazer uma profunda discussão sobre a própria linguagem do cinema, desconstruindo-a, dessa forma chamando 1655 atenção para si mesma; nesse ponto a discussão envolveu uma maior especificidade direcionada aos recursos utilizados na produção do filme e das relações estabelecidas por meio da seleção dos recursos no resultado do enredo. Conclusão Consideramos que a realização de eventos que proporcionem discussões horizontais através da mediação de obras artísticas como o cinema e a literatura, possibilitam uma formação crítica e reflexiva. Através da ampliação do repertório cultural por meio da apreciação de obras ficcionais – materializações ideológico-culturais – pode-se contribuir para o autoconhecimento do indivíduo, sendo este perpassado o tempo inteiro por materiais desta ordem. Pensar a metaficcionalidade que as obras de arte constroem acarreta em pensar o próprio ser humano e como a linguagem e a sociedade funcionam. Dentro deste terreno conseguimos perceber as similaridades com que o universo ficcional pode atravessar várias modalidades artísticas e como também faz parte do dia a dia do indivíduo, de como atravessa toda a prática do pensar e agir. Referências BERNARDET, Jean-Claude. O que é cinema. 3ª ed. São Paulo, SP: Brasiliense, 1981. GENETTE, Gérard. “Fronteiras da Narrativa.” In: BARTHES, Roland et al. Análise estrutural da narrativa: seleção de ensaios da revista “communications”. Tradução de Maria Zélia Barbosa Pinto. Petrópolis, RJ: Vozes Limitada, 1971. p. 256-275. HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Tradução Ricardo Cruz. Rio de Janeiro, RJ: Imago ed., 1991. LODGE, David. Metaficção In: A arte da ficção. Tradução de Guilherme da Silva Braga. 1ª ed. Porto Alegre, RS: L&PM Pocket, 2010. p. 213-217. METZ, Christian. “A Grande Sintagmática do Filme Narrativo.” In: BARTHES, Roland et al. Análise estrutural da narrativa: Seleção de ensaios da revista “communications”. Tradução de Maria Zélia Barbosa Pinto. Petrópolis, RJ: Vozes Limitada, 1971. p. 203-210. 1656 SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da literatura. 8ª ed. Coimbra: 2009. STRANGER THAN FICTION (filme). Marc Forster, Zach Helm, Will Ferrell, Maggie Gyllenhaal, Dustin Hoffman, Queen Latifah, Emma Thompson, 2006. 113min. son. color. THE HOURS (filme). Stephen Daldry, David Hare, Meryl Streep, Nicole Kidman, Julianne Moore, 2002. 114min. son. color. WAKING LIFE (filme). Richard Linklater, Wiley Wiggins, 2001. 101min. son. color. 1657 Mostra de Artes no Campus Autor: Roberta Rodrigues Rocha¹; Co-Autores: Amanda Tinós Oscar3; Arthur Heredia Crespo4; Frederico Negrini5; Mariane Carigo6; Tutora: Edvanda Bonavina da Rosa2. 123456 PET Letras/FCLAr - Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus Araraquara. Introdução Anteriormente denominada como Mostra de Artes Contemporânea no Campus (MACC) e atualmente denominada como Mostra de Artes no Campus (MAC), o Evento consiste em um projeto promovido pelos bolsistas, voluntários e tutora do PET Letras – Araraquara desde 2002. Desde seu principio, a MAC acontece no segundo semestre de todos os anos e a cada ano surgem novas ideias e novas atividades são anexadas à programação da MAC, por isso, como consequência, todos os anos o Evento ganha um tema especial e diferente dos anos anteriores. A iniciativa do grupo teve como principal objetivo a apresentação da produção artística no Campus, especialmente a dos alunos, uma vez que na época a qual se iniciou o projeto havia pouco espaço para tais atividades. Por essa razão, constata-se que, a cada edição do Evento, aumenta sua receptividade junto ao público alvo ao qual se destina, bem como aumenta o número de participantes e o reconhecimento manifestado ao grupo responsável pela promoção do evento – PET Letras Araraquara. A cada ano, novas atividades surgem e conquistam o nosso público, como o Escambo de livros e a Árvore de Desejos, atividades que fazem parte do nosso Evento há dois anos. O escambo surgiu dada a percepção de sua necessidade máxima em uma faculdade de humanidades, onde não existe nenhuma livraria, nem uma banca que venda livros usados. Assim, pensou-se em sua realização durante a MAC, com o objetivo exclusivo de troca de livros. No entanto, apesar da divulgação como escambo, muitos interessados não levaram livros para troca, mas, interessados em algum livro, propunham-se a pagar uma quantia simbólica. Dessa forma, por ocasião da realização do primeiro escambo, em consonância com os próprios interessados, estabeleceu-se que poderiam pagar a quantia que quisessem, 1658 conforme achassem que valeria. Surgiu, assim, um outro matiz do evento, que é o Pague quanto achar que o livro vale. Os professores já incorporaram o escambo e temos recebido doações bastante significativas, de livros de grande valia, para a graduação e até para alunos de pós-graduação. Já a Árvore de Desejos é uma atividade inspirada na festividade japonesa “Tanabata” e consiste em colocar pedidos escritos em um pedaço de papel e amarrá-los nos galhos da árvore. Na MAC, a Árvore de Desejos tem dupla finalidade: uma delas é decorativa e a outra, mais significativa, permite a interação com outros alunos, pois decoramos a árvore com balas, que são substituídas por pequenos cartões coloridos, nos quais os alunos escrevem seus desejos, geralmente externando desejos de paz, alegria, sucesso, etc. Em nosso trabalho mostraremos a importância que o Evento vem ganhando com o decorrer dos anos, além de enfatizar o trabalho realizado na última edição, a XI MAC, a qual teve como tema A Infância. Objetivos Desde a primeira edição da MAC, o principal objetivo do grupo PET Letras é trazer para o Campus de Araraquara a Arte por meio de diversas formas, como dança, música, exposições, jogos culturais, oficinas, entre outras atividades; ou seja, “transformando” o Campus, um local comum a muitas pessoas e de diversos cursos, durante um dia, através de atividades não tão comuns no meio acadêmico. A Mostra de Artes é um evento destinado à comunidade acadêmica e não acadêmica e que conta com apresentações de artistas da Universidade, da cidade de Araraquara e também de cidades vizinhas. É um espaço de livre expressão cultural e artística e, principalmente, uma maneira de reunir a comunidade em torno da produção artístico-cultural de nossos colegas bem como de artistas anônimos (ou não) da própria região. Metodologia Como qualquer projeto do grupo, a validade ou possibilidade de realização da MAC começa a ser discutida por ocasião da elaboração do Planejamento de Atividades, no final do ano letivo e nos inícios do ano seguinte. Como a Mostra de Artes no Campus acontece no segundo semestre, a partir de meados do primeiro semestre o grupo passa a definir as características do Evento no ano de sua execução. 1659 O primeiro passo do grupo é decidir a data em que ocorrerá o Evento, bem como a divisão de tarefas entre todos os petianos e tutora. Tais tarefas consistem em reservas do espaço físico, autorizações, decoração, contratação de som, convites, divulgação, pedidos de patrocínio, entre outras tarefas. Acertadas as datas, pede-se a autorização da Diretoria para a utilização dos espaços da Universidade e cadastra-se o Evento na Comissão Permanente de Extensão Universitária (CPEU), comissão que delibera sobre as atividades de Extensão no âmbito da Faculdade de Ciências e Letras e para que possamos ter apoio técnico por parte da SAEPE. A partir da aprovação, os alunos começam a pensar no tema do evento, assim como atividades que serão realizadas. Na MAC, algumas atividades tradicionais são mantidas, como a Apresentação de Bandas que acontece desde a primeira e edição e pode ser considerada como a atividade mais esperada pelo público. No entanto novas atividades surgem e conquistam o nosso público, como o Escambo de livros ou Pague quanto achar que o livro vale e também a Árvore de Desejos (ambas as atividades fazem parte do nosso Evento há dois anos). Nas semanas que antecedem a MAC, o grupo faz a divulgação via cartazes, e-mails e nas Redes Sociais, convidando a comunidade acadêmica e não acadêmica a participarem e também apresentarem sua produção artística durante o Evento. Na última edição, realizada em 2013, o grupo decidiu que o tema seria Infância e a partir dessa decisão ideias foram apresentadas e o cronograma de atividades foi elaborado. Nesse ano, realizou-se o Escambo de livros, que contou com doações anteriores ao evento e a troca durante sua realização. Concomitantemente ao Escambo, acontecia a atividade Artes no Tapume: Solte sua imaginação fazendo desenhos que consistiu na disponibilização de tintas, giz de cera e tapume para que as pessoas desenhassem o que desejavam. Como o tema era Infância, também houve a Distribuição de Algodão-doce, a apresentação da dança Atrás do pensamento, que foi inspirado no livro “Agua Viva”, de Clarice Lispector, por um grupo de dança da cidade de Araraquara; Oficina de Teatro. Além disso, uma atividade lúdica também foi desenvolvida, o Game temático: Infância que consistia em um jogo de perguntas e respostas sobre temas infantis dos anos 90 e 2000, no qual a equipe vencedora ganhou um prêmio. Como encerramento aconteceu a tradicional Apresentação de Bandas (intercaladas), sendo que a cada troca de banda intercalou-se apresentações livres, no Palco Livre e declamação de poesia. 1660 Além de todas essas atividades, na MAC, uma atividade que tem cativado a todos é a também foi realizada a Árvore dos Desejos. Essa árvore nos acompanhou durante todo o Evento e observou-se que centenas de pessoas, alunos, professores, funcionários e visitantes passaram pela mesma, escreveram seus desejos em diversos idiomas e também liam os demais pedidos. Na última edição, a árvore foi adaptada ao tema, por isso as pessoas colocavam seus pedidos e retiravam balas que estavam penduradas. Todos os anos o grupo busca diferentes tipos de produção artística como música, teatro, dança e desenhos para que sejam apresentadas, seja por meio de apresentações, exposições ou até mesmo oficinas oferecidas para os participantes do Evento. Resultados e discussão Ainda que muito bem divulgada, a Mostra de Artes no Campus surpreende os alunos com suas diversas atrações culturais e artísticas, reunindo grande público que passa o dia conferindo e participando da programação disponibilizada pelo Evento. A MAC é muito bem recebida e esperada pelo público universitário da FCL/Ar, servindo como divulgação de grupos artísticos araraquarenses ou do Campus; além de ajudar na divulgação do PET Letras e das atividades promovidas por nós. Deste modo o Evento é responsável por trazer uma grande visibilidade para o nosso grupo, pois além de ser responsável por possibilitar aos petianos o aprendizado necessário para organização de Eventos Culturais, bem como promover a integração dos alunos; a MAC incentiva o surgimento de novos talentos e possibilita a divulgação e o reconhecimento dos mesmos. Durante todo o dia observa-se a participação de centenas de pessoas como professores, funcionários, alunos e visitantes, seja trocando ou comprando livros, participando das oficinas e assistindo às apresentações. Na última edição, nosso objetivo era de que a partir das atividades propostas as pessoas que passassem pelo Campus no dia da Mostra fossem entretidas pela programação e participassem das atividades, lembrando-se de como foi seu tempo de infância. Temos como resultado da MAC a formação de um grupo musical chamado Dona Flor, composto inicialmente por três alunos do Curso de Letras, sendo um deles petiano, que se reuniram especialmente para apresentação na mostra. Devido ao grande sucesso, o grupo se 1661 apresentou em outros eventos, sendo que, atualmente, dois dos componentes moram na França, dedicando-se exclusivamente à música. Conclusão Acredita-se que esse projeto possui grande relevância para nossa área de formação, pois além de abrir espaço para demonstrações artísticas, revelar talentos, proporcionar maior interação entre alunos, docentes e funcionários e funcionar como meio de divulgação do grupo, trata-se de um evento realizado com o intuito de quebrar a monotonia e melhorar o ambiente de convivência por meio das mais variadas formas de expressão da arte durante um dia. Em adição, organizar a Mostra de Artes no Campus é também uma forma de unir os alunos do PET Letras, evocando a cooperação dos membros envolvidos e estimulando-os a cada ano buscar por novas ideias. Bibliografia Por se tratar de uma mostra de arte, não há bibliografia indicada. Somente é utilizada a bibliografia que eventualmente os convidados que ministram as oficinas indicam. 1662 PET Letras na Escola: Expandindo o Saber Autor: Gabriele Fernanda Pinha ¹; Co- Autores: Raquel Cristina dos Santos ³; Letícia Araújo4. Tutora: Edvanda Bonavina da Rosa². ¹ ² ³ 4 PET Letras/FCLAr - Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus Araraquara. Introdução As notícias que circulam na mídia de que o Brasil é um dos países com o maior número de analfabetismo, de que nossos alunos saem da escola sem saber ler e escrever, ou, ainda, de que muitos possuem dificuldades nessas duas práticas sociais, nos fizeram pensar em um projeto que auxiliasse alunos de uma escola pública de Araraquara a aprimorar os seus conhecimentos e a sua formação escolar, buscando reparar eventuais falhas ou dificuldades no seu processo de ensino-aprendizagem. Com essa iniciativa é viável aprimorarmos e treinarmos nossa prática docente, além de fomentar a construção de nossa identidade como professores, ao colocar em prática os métodos das teorias estudadas no curso de Letras e a vivência no ambiente escolar. Outro ponto a ser ressaltado é a necessidade, por se tratar de um curso de Licenciatura, de que os graduandos em Letras adquiram experiência para que possam atuar com excelência em seu âmbito profissional. Tendo essa justificativa como a mais decisiva, o grupo procura criar e incentivar projetos como esse, para que seja possível a das teorias aprendidas no Curso de Letras com a prática em ambientes escolares da periferia da cidade. Com a realização deste projeto, o Grupo Pet Letras pretende auxiliar os alunos com dificuldades de aprendizagem e também buscar o aprimoramento dos seus conhecimentos, recorrendo aos seus capitais culturais e a suas experiências de vida. Além disso, objetivamos aperfeiçoar nossa experiência para a docência: preparação de aulas, análise e preparação de material, aquisição de técnicas de avaliação, inserção no ambiente escolar, relacionamento com os alunos; para contribuição na construção da nossa identidade docente. Objetivos O projeto visa trabalhar em conjunto com a Escola Municipal Rafael de MedinaAraraquara, auxiliando os professores por meio de nossa atuação com os alunos pelo apoio 1663 educacional além de suas aulas do currículo escolar usual, focando nas dificuldades escolares apresentadas por eles. Esse apoio dá ênfase a matérias na área de humanas que complementam a grade curricular dos alunos e a sua formação, tais como cultura, por exemplo; além de outras que complementarão a grade como leitura e redação, inglês e gramática e irão ao encontro das necessidades de acordo com as possíveis dúvidas. Tais aulas abordam temas coincidentes entre si, de modo a que cada eixo do projeto trate dos mesmos assuntos, sob diferentes ângulos, e são paralelas ao conteúdo apresentado em sala de aula regular. Portanto, temos o interesse de apresentar tais temas aos alunos e ajudá-los a desenvolver a compreensão do que estão lendo. Buscamos estabelecer conexões entre as nossas atividades de todos os eixos para que a aprendizagem se dê de forma mais fácil e para que o aluno compreenda melhor como se dá a produção e utilização dos mesmos. Além disso, o grupo tem desenvolvido atividades e dinâmicas em grupo para capacitar os alunos a compreender o conteúdo básico de aprendizagem da língua estrangeira inglesa, além de promover junto aos alunos a introdução de vocabulário necessário para atividades realizadas em âmbito escolar e também a introdução de estruturas relevantes para a formação do aluno em seu contexto social. Metodologia Para sistematizar o Projeto na Escola, o grupo PET foi dividido pelos eixos: cultura, leitura, gramática e redação e inglês, conforme a demanda de petianos interessados por cada área. As aulas acontecem na escola em dois dias da semana, nas quartas e quintas-feiras com duas horas de duração sendo ministradas duas aulas por dia, com tempo de uma hora cada. Os materiais didáticos que contribuem para nossas práticas são os utilizados pela escola juntamente com textos e exercícios complementares, caso seja necessário. Os petianos integrantes de cada eixo se reuniram e discutiram quais são seus objetivos e suas pretensões com as disciplinas; apresentados a seguir: Analisar aspectos sociais em determinado texto e compará-los com nossa sociedade atual; Modos de pensar e viver refletidos em textos; Influências externas presentes no texto literário, viabilizando ao aluno uma identificação de sua realidade; 1664 Grau de complexidade encontrado por parte dos alunos, no que se refere à compreensão e, assim, buscar formas de diminuir essas dificuldades; Buscar soluções para possíveis dificuldades ante as propostas desenvolvidas; Ampliar vocabulário; Fomentar discussões com toda a turma acerca das intertextualidades presentes no texto trabalhado. Despertar o interesse dos alunos pela Literatura e possibilitar a compreensão dos conteúdos expressos nos textos lidos; entre outras possibilidades, que serão mais elaboradas conforme a necessidade da turma, e sua faixa etária. Todas estas atividades têm sido propostas às crianças e adolescentes de forma clara e objetiva, de acordo com a série e faixa etária que (6º ao 9º ano), para que assim, possamos usar a linguagem adequada e proporcionar total aproveitamento do conteúdo. Ministradas de forma descontraída, as aulas têm como principal objetivo levar aos alunos um universo artístico-cultural do qual eles já fazem parte, instigando-os a participar cada vez mais das aulas e da sociedade como um todo. Articularemos as quatro habilidades do aprendiz, sendo estas a fala, a compreensão auditiva, a leitura e a escrita na língua estrangeira, porém dando maior prioridade nas últimas duas, por motivos de uso recorrente em contexto escolar e universitário. É importante ressaltar que os grupos têm a intenção de trabalhar paralelamente aos professores regulares da instituição e para isso, estão previstas reuniões, que possibilitem que os conteúdos sejam adequadamente integrados. Resultados e discussão O projeto teve início efetivo no começo deste ano (2014) e somente após encontros com a coordenação e grupo de professores da escola. Vemos claramente um resultado positivo tanto para nós, petianos, quanto para os alunos. Observamos um desempenho melhor em atividades desempenhadas pelos alunos, já que nossas aulas focam especificamente nas dificuldades deles, apontadas pelo corpo docente da escola. Nota-se nossa contribuição ativa em relação a dúvidas gramaticais, leitura, conhecimentos sobre a língua inglesa, além das reflexões sobre Cultura em geral, de forma que já são capazes de formar suas próprias opiniões sobre diversos temas. Para os petianos o projeto é uma ferramenta importante, pois contribui para nossa formação enquanto professores, além de que são bem-vindas as experiências provindas do contato direto com os alunos. A parceria com a escola onde o 1665 projeto se desenvolve também nos ajuda a aprender como funciona o ambiente escolar e qual sua real importância para o futuro dos alunos. Conclusão O presente projeto surgiu da necessidade dos graduandos em Letras de se aproximarem e conhecerem mais a fundo o ambiente que será alvo de sua dedicação profissional logo em breve. Apesar de já poder contar com os estágios oferecidos pelo curso para realizar este trabalho de aproximação graduação/escola percebe-se que toda iniciativa é válida quando se trata de um campo tão essencial para o desenvolvimento humano que é a educação. Para isso, somente com o suporte teórico e o debate dentro do próprio grupo PET, juntamente com a presença de professores convidados da Universidade, pudemos elaborar e colocar em prática todas as nossas idealizações. Acima de tudo, o grupo chegou à conclusão de que o projeto infere diretamente em nossa formação profissional como sendo uma prévia de todos os desafios que são enfrentados dentro de uma sala de aula habitual. O fato de que o seleto grupo de alunos da escola que participam do projeto sejam crianças com diversas dificuldades, como comportamento, por exemplo, é mais um fator primordial para as ricas experiências que o PET Letras vivencia no projeto. Referências CANDIDO, A. O direito à literatura. In_____. Vários escritos. São Paulo/Rio: Duas cidades; Ouro sobre Azul, 2004. ABREU, A. S. Gramática mínima - para o domínio da Língua Padrão. São Paulo: Atelie Editorial, 2006. CASTALDI, M. J. Z. D. Muitos textos, tantas palavras. 1 ed. São Paulo: Sesi, 2010. _____. Movimento do Aprender. 1 ed. São Paulo: Sesi, 2010. _____. Fazer pedagógico. 1 ed. São Paulo: Sesi, 2010. SAVIOLI, F. P., FIORIN, J. L. Para entender o texto - Leitura e Redação. São Paulo: Editora Ática, 2001. 1666 Estudo de idiomas na escola pública: contribuições do ensino lúdico na fixação do conteúdo de Língua Inglesa na Comunidade Quilombola Davi de Almeida Oliveira [Bolsista]¹, Diana Vasconcelos Lopes [Orientadora]2, Gilmara Mabel Santos [Tutora]3 ¹Acadêmico Licenciatura em Letras Português-Inglês/UFRPE-UAG 2 Dra. Docente da UFRPE- Unidade Acadêmica de Garanhuns 3 Dra. Docente da UFRPE- Unidade Acadêmica de Garanhuns Introdução A insatisfação dos estudantes quanto ao ensino/aprendizagem da língua inglesa nas escolas públicas é algo recorrente na década atual. São vários os motivos que levam o aluno a não apresentar interesse pelo estudo do idioma em sala de aula. Podemos citar, dentre eles, a metodologia utilizada pelo professor de línguas, uma vez que esse mesmo profissional muitas vezes não detém o conhecimento dos métodos adequados para que seja viabilizado um processo de ensino/aprendizagem pautado pela chamada abordagem comunicativa interacional, que, por sua vez, deverá possibilitar a construção do saber. Ou seja, a criação da ponte que liga o conhecimento ao estudante. Essa ruptura é uma das razões pelas quais são poucos os alunos motivados nas classes de língua estrangeira. Para Paulo Freire (2000), ensinar não significa a transfusão de saberes, mas sim, a criação de condições para a sua produção e construção. A partir disso, entendemos que o ato de educar não deve apenas ser visto de forma arcaica, onde o professor ensinava e os alunos, calados, copiavam as lições. Ao contrário, acreditamos que educar seja aliar ensino, prática e interação entre os alunos. Segundo Vygotsky (1994), para a aprendizagem e aquisição de uma língua estrangeira, a motivação é um dos fatores principais. Seguindo esse pensamento, a motivação, por ser encarada como a força interna que proporciona o impulso ao “fazer algo”, em muitas ocasiões, não é despertada quando o contexto situacional não oferece as condições minimamente necessárias para que o aprendiz possa se desenvolver em sua plenitude. Se não ficar claro para o aluno qual seria o uso prático do que é apresentado como conteúdo teórico, permanecerá o questionamento sobre qual a utilidade futura do que fora ensinado. Caso não haja uma resposta, é natural que aquilo que “não serve” raramente seja desenvolvido ou aprofundado, tendendo a ser descartado espontaneamente. 1667 O ensino de Língua Inglesa na Comunidade Quilombola em questão foi apontado como algo sem necessidade pelos alunos, segundo o questionário repassado para os próprios, por ocasião do inícios dos trabalhos. Dos 20 (vinte) estudantes que responderam a pergunta “Qual a utilidade de se estudar inglês nos dias de hoje?”, 16 (dezesseis) disseram não encontrar motivos para estudar o idioma, contra 4 (quatro) que concordaram com a importância de aprender a língua. Computou-se, assim, um total de 80% de alunos que afirmaram não entender a necessidade do aprendizado do inglês. Muitos entendem não haver utilidade dessa língua estrangeira na sociedade em que vivemos, embora tenham se mostrado sabedores da presença de vocábulos estrangeiros em nosso léxico. Ou seja, os estudantes investigados demonstraram saber que muitas palavras e expressões do inglês são proferidas de forma natural, como se esses itens lexicais fizessem parte do nosso vocábulo desde sempre, a exemplo de termos como: self-service, touch sceen, closed, jeans, entre outros. Há ainda a percepção de que o inglês é a língua estrangeira mais falada no mundo globalizado em que vivemos, onde, se quisermos conversar com pessoas da Alemanha ou da Grécia, não precisamos falar alemão e grego, mas apenas inglês, a língua universal. Segundo Holden (2009), o aprendizado de outro idioma ocasiona no contato direto ou indireto com outros tipos de cultura ou sociedade, expondo as pessoas a maneiras diferentes de pensamentos e estimulando, assim, a uma reflexão sobre sua própria cultura, valores e modo de vida. De acordo com essa concepção, o aprendizado é tido como uma ferramenta que expande horizontes e pensamentos. A partir dessa ideologia, o projeto Owls Around English Project tomou forma e foi iniciado, a fim de ampliar o conhecimento da língua inglesa por parte dos estudantes do Ensino Fundamental II na escola pertencente à Comunidade Quilombola. Para tanto, buscamos aliar uma forma lúdica e interativa de ensino/aprendizagem para consolidar o conhecimento previamente iniciado e sanar as dificuldades dos discentes. Objetivos O objetivo desse artigo é apresentar o projeto Owls Around English Project que gira em torno do estudo sobre a eficácia da ludicidade nas aulas de língua inglesa para estudantes de escolas públicas de comunidades populares do 6º ano (sexto ano) ao 9º ano (nono ano) do Ensino Fundamental II. Criando um ambiente de aprendizagem que proporcionasse ao aluno uma imersão na cultura dos falantes de países de língua inglesa, visamos uma integração para melhor assimilação do conteúdo abordado. Em outras palavras, o conteúdo programático de cada ano escolar foi sempre complementado por jogos educacionais em grupo; revisões gramaticais e seu uso prático, leituras de paradidáticos em inglês em duplas; produções 1668 textuais e orais, como pequenas encenações, elaboradas pelos estudantes em duplas ou trios; utilização de músicas pré-selecionadas com a finalidade de aperfeiçoar as habilidade de compreensão da fala nativa inglesa e aula bilíngue. Metodologia As atividades foram iniciadas em fevereiro do ano de 2013. A princípio houve uma série de discussões para que pudéssemos centralizar, definir e direcionar as metodologias de ensino, objetivos do projetos, materiais de trabalho, assim como os horários e espaços disponíveis. Além disso, o impacto do Owls Around English Project, principalmente, sobre os alunos, professores e todos os envolvidos direta ou indiretamente na proposta do projeto. De início, fomos a todas as turmas da Escola Virgília Garcia Bessa, na Comunidade Quilombola do Castainho, município de Garanhuns-PE, que conta com o ensino Fundamental I e Fundamental II. Em nossas visitas, convidamos os estudantes para que fizessem parte de grupos de aprendizes para aulas de reforço em inglês. Posteriormente, após muita argumentação, visando à melhoria do ensino de línguas dentro da escola, esses grupos de reforço passaram a funcionar como um pequeno curso interno do idioma. Em todas as salas de aula nas quais tivemos a oportunidade de falar com os discentes, apresentávamos o OAEP e a importância que hoje devemos dar aos estudos de línguas estrangeiras em um mundo onde a globalização já faz parte do nosso dia-a-dia, e onde a comunicação internacional por meio do inglês é de primordial importância. Preliminarmente, entregamos um questionário para alguns alunos presentes. Todas as perguntas eram da modalidade múltipla escolha, sendo constituídas, em sua maioria, com alternativas simples e rápidas de “SIM” e “NÃO”. A partir das respostas recolhidas pela avaliação, foram efetuadas entrevistas e dinâmicas em grupo, tendo como objetivo o debate sobre a importância de se estudar outro idioma no cenário mundial atual, e, por conseguinte, fazer com que encontrassem, por eles mesmos, qual o motivo de estudarem inglês. Ao final, na análise geral de atividades, chegamos à conclusão de que não há motivação por parte da maioria dos discentes em relação ao desenvolvimento pessoal na assimilação de outra língua. Esse fato pode ser comprovado se averiguarmos a questão 2 (dois) do questionário: “Qual a utilidade de se estudar inglês nos dias de hoje?”. Como dissemos anteriormente, dos 20 alunos que responderam a essa pergunta, 16 (dezesseis) marcaram a opção de não encontrar motivos para estudar o idioma, e apenas 4 (quatro) que concordaram com a importância de aprender outra língua. Ao analisarmos os resultados das dinâmicas e entrevistas, pudemos perceber que a metodologia dos professores de língua estrangeira foi bastante criticada. Segundo os 1669 estudantes, não há interação entre professor e aluno, aluno e aluno e, muito menos, entre o conteúdo programático escolar e o contexto no qual vivem. Deste modo, os alunos mostraram-se extremamente desmotivados para tal aprendizado. A busca pela interação é fundamental para que haja uma aprendizagem espontânea, onde o input1 e o output2 sejam trabalhados e efetuados de forma natural, complementar e em conjunto. Através da ludicidade, a maior parte dos alunos consegue desenvolver aptidões criativas, podendo melhorar assim sua atuação no processo de ensino/aprendizagem através de atividades promotoras da cooperação, interação, criando um ambiente favorável para resultados mais satisfatórios e significativos. Com atividades lúdicas, os alunos têm a oportunidade de construir o conhecimento de forma conjunta, facilitando a compreensão e até mesmo o desenvolvimento dos vários tipos de inteligências a partir, por exemplo, de jogos educacionais, que estimulem a assimilação do conteúdo. As aulas ocorrem semanalmente na Escola Virgília Garcia Bessa. Como forma introdutória das atividades, o warm-up (atividade de ‘aquecimento’) acontece com a tradução da letra de uma música ou com um debate em grupo sobre algum comercial de produto de consumo, geralmente americano. Em seguida, revisamos o conteúdo da aula anterior e iniciamos outro tópico de gramática relacionado à música/vídeo visto anteriormente. Finalizada a parte gramatical, iniciamos a etapa de produção, que pode ser pela execução de uma curta peça teatral, produções de texto, resoluções de atividades e conversações entre os alunos. Todas as atividades são efetuadas em duplas, trios ou com todos os estudantes presentes. A leitura do livro paradidático em inglês é fundamental para que pratiquem e se ponham em contato próprio com a língua. O ambiente de sala de aula, apesar de não contar com estrutura ideal para o aprendizado, é modificado ao máximo, na tentativa de garantir uma adequada imersão na cultura inglesa, a fim de assegurar um contato mais profundo da teoria e da prática, realizadas num contexto onde os alunos possam se sentir parte daquilo que estudam, pesquisam, discutem e praticam. Por fim, a criação do blog INGLÊS QUILOMBOLA3 tem como objetivo a divulgação, bem como o acompanhamento semanal da execução das atividades desenvolvidas pelos alunos na sala de aula. Resultados e discussão Após uma análise sobre desenvolvimento escolar dos estudantes integrantes do Owls Around 1 Toda e qualquer informação que o indivíduo está exposto e/ou obtém a partir dos sentidos. É tudo aquilo produzido a partir do input. 3 Refere-se ao endereço eletrônico: http://inglesquilombola.blogspot.com.br/. Espaço virtual atualizado semanalmente sobre as ações realizadas pelos alunos em sala de aula no Owls Around English Project. 2 1670 English Project, entre os meses que se sucederam a partir de fevereiro do ano de 2014, notamos um significativo incremento no desempenho escolar dos alunos, não apenas na realização de atividades em sala de aula, como também nos trabalhos realizados como forma de tarefa de casa, para manutenção do contato do aprendiz com a língua-alvo, quando este estiver fora do contexto escolar. Segundo professores de outras disciplinas da Escola Virgília Garcia Bessa, também houve um grande aumento no nível de interesse e de conhecimento dos discentes nestas disciplinas, bem como no aproveitamento e no rendimento deles durante as aulas. No OAEP, é notável a evolução daqueles que se dispuseram ao aprendizado da língua. No início, o conteúdo novo causava estranhamento e os estudantes tinham dificuldades para absorver os assuntos que eram trabalhados. Contudo, a partir das atividades realizadas semanalmente e com o auxílio da ludicidade, como parte dos métodos de trabalho para o ensino do inglês, o estudo do idioma não apenas tornou-se aos poucos mais prazeroso, como também facilitou a fixação do que era abordado. Hoje, é possível notar o progresso dos alunos na formulação de pequenas frases e parágrafos em inglês, bem como na leitura e interpretação de textos na língua-alvo. Considerações Finais O trabalho com o OAEP nos permitiu concluir que o professor de idiomas, além da preocupação em cumprir as metas impostas pelo conteúdo programático escolar, deve, antes de tudo, se preocupar em empreender um processo de ensino/aprendizagem no qual as atividades práticas para consolidação dos conceitos abordados possam criar uma relação significativa entre o que está nos livros didáticos e o dia-a-dia dos estudantes. Portanto, é fundamental que o docente de língua inglesa apresente os conteúdos de cada ano escolar por meio de atividades lúdicas, viabilizando, assim, um aprendizado mais dinâmico e divertido do idioma, que deverá eventualmente fomentar a cooperação entre professor-aluno e aluno-aluno, e, com isso, facilitar a aprendizagem do conteúdo programático, além de estimular a continuidade dos estudos da língua-alvo dentro e fora da escola. 1671 Referências FREIRE, Paulo. A Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra 2002. TEIXEIRA, Carlos E.J. A ludicidade na escola. São Paulo: Loyola, 1995. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1994. GIMENES, Telma (org.). Perspectivas Educacionais e o Ensino de Inglês na Escola Pública. Pelotas: EDUCAT, 2005. HOLDEN, Susan. O Ensino da Língua Inglesa nos Dias Atuais. São Paulo: SBS Editora, 2009. PAIVA, Vera Lúcia de Oliveira e. Estratégias individuais de aprendizagem de língua inglesa. Letras e Letras. V. 14, n.1, jan/jul.1998. OLIVEIRA, Davi Almeida. Inglês Quilombola. Disponível em: <http://inglesquilombola.blogspot.com/>. Acesso em: 16 maio.2014. MURPHEY, T. Music & Songs. Oxford University Press, 1992. UR, P. Teaching Listening Comprehension. Cambridge University Press, 1992. 1672 Educação tutorial e associabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na busca de soluções a problemas de aquisição da escrita Autor(es): Amanda Freire da Silva; Amanda Puglia Oliveira Buttini; Blanca Flor Demenjour Munhoz Mejia; Carolina Martins Lopes, Mariel Costa Ferreira da Motta, Laura Rebecca Costa Santos, Juliana Libório Rodrigues; Telma Maria Tafarelo Moreno; Virgínia Jacinto Lima¹ e Rute Izabel Simões Conceição². ¹Bolsistas PET Letras UFGD; ²Tutora PET Letras UFGD Introdução No capítulo III, Seção I da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no Art. 207, prevê-se que “As universidades [...] obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988). Em consonância com esse princípio constitucional e com a filosofia do Programa de Educação Tutorial (BRASIL, 2002), que propõe o desenvolvimento articulado de atividades relacionadas a essa tríade, o Grupo PET Letras/UFGD tem procurado diagnosticar, estudar e propor soluções aos principais problemas relacionados à sua área de atuação (Área 8.00.00.00-2 – Letras, Linguística e Artes/CNPQ). Nesse sentido, defendemos a hipótese de que o reconhecimento e o diagnóstico do (ou dos) problemas/s no âmbito de cada área de atuação é fundamental para se organizar um plano de trabalho coeso e coerente com o esperado para o Programa de Educação Tutorial/PET. Estudar, analisar e propor ações correlacionadas que contribuam para a solução ou, ao menos, para a minimização do/s problema/s detectado/s são ações consequentes e que podem revelar o nível de compromisso e de consciência que um grupo PET tem do seu papel com vistas a contribuir eficazmente para o cumprimento do princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na educação universitária. Em consonância com essa perspectiva, selecionamos um recorte da atuação do PET Letras/UFGD para apresentarmos neste trabalho o qual acreditamos evidenciar os esforços do Grupo para colocar em prática tal princípio nas atividades que realiza. Fundamentados por relatórios de estágio do Curso de Letras (2000 a 2014), por políticas públicas desenvolvidas pelo Ministério da Educação (a exemplo do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC/2012) e por pesquisas a respeito do estudo/ensino da escrita no Brasil (tais como PÉCORA, 1981; COSTA VAL, 1984; CONCEIÇÃO, 2000; GUEDES, 2009; CONCEIÇÃO & MORENO, 2011 entre outros) constatamos que um dos mais sérios problemas da área de atuação do PET Letras (Área de Letras, Linguística e 1673 Artes/CNPQ) é o problema de aquisição da escrita. Embasados nessa constatação, planejamos e temos executado diferentes ações inter-relacionadas para diagnosticar minuciosamente, estudar com profundidade e propor soluções para questões problemáticas, tais como o ensinoaprendizagem da língua escrita, em especial o que diz respeito à defasagem na aquisição inicial da escrita, e do sistema alfabético-ortográfico da Língua Portuguesa. Objetivos Pretendemos, nesta abordagem, expor os resultados de um trabalho que evidencia o esforço do PET Letras /UFGD para reconhecer, diagnosticar, descrever, estudar e propor soluções a problemas da área de conhecimento a que se filia, de forma a cumprir o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão previsto na Constituição brasileira (BRASIL, 1988) para o ensino universitário, e pelo Programa de Educação Tutorial para os Grupos PET. Metodologia Do ponto de vista metodológico, o primeiro passo que o PET Letras/UFGD seguiu para organizar a educação tutorial centrada na associabilidade entre ensino, pesquisa e extensão foi a detecção e o reconhecimento de problemas no âmbito da sua área de conhecimento. Para isso, a capacidade de observação, de leitura, de reflexão coletiva e partilhada/orientada foi fundamental. Detectado o problema: a defasagem na aquisição inicial da escrita, em especial, do sistema alfabético–ortográfico da Língua Portuguesa nas escolas da rede de ensino de Dourados/MS, partimos para o planejamento de ações inter-relacionadas de ensino/pesquisa/extensão visando ao aprofundamento da compreensão do problema (diagnóstico detalhado e sua descrição). Atividades de ensino e de pesquisa em sala de aula, em pequenos grupos, com a tutora e individuais foram sendo organizadas, sempre tendo como meta encontrar respostas teórico-práticas para solucionar ou, pelo menos, para equacionar o problema. Cabe esclarecer que encontrar soluções nem sempre é possível e, nesses casos, “equacionar” o problema, no PET Letras/UFGD, tem significado o esforço de pôr em apreciação, avaliação, ponderação ou em equação os problemas com os quais nos deparamos e, ainda que pareçam insolúveis ou maiores que nossa capacidade de dirimi-los, não são ignorados. 1674 À medida que avançamos no conhecimento do problema, criamos propostas de enfrentamento as quais se concretizaram, por exemplo, por meio de ações de ensino efetivadas pela ativação de disciplinas específicas da grade curricular do curso de Letras (duas disciplinas foram ministradas em 2013, especificamente para atender a essa demanda de conhecimento), estudos em grupo e individual, com e sem a presença da tutora, levantamento e revisão bibliográficos para leituras específicas foram efetivadas e a inserção dos bolsistas em grupo de pesquisa para motivá-los a estudarem com os pós-graduandos do PPG Letras foi providenciada. Desenvolvemos um projeto de pesquisa coletivo para diagnosticar e investigar o nível de domínio da escrita em todas as classes de 6º ano de ensino Fundamental II da rede de ensino de Dourados/MS (a escolha dessa série justifica-se pelo fato de marcar a passagem do Ensino Fundamental I para o Ensino Fundamental II). Materiais didáticos facilitadores do ensinoaprendizagem do sistema alfabético-ortográfico da língua portuguesa foram desenvolvidos e ações de extensão planejadas e oferecidas à comunidade acadêmica e aos professores da rede de ensino de Dourados/MS para praticar e testar a funcionalidade dos materiais didáticos criados, o que, de certo modo, retroalimenta o processo de articulação da tríade pesquisa, ensino, extensão. Resultados e discussão Os resultados evidenciam que a organização de ações articuladas a partir da detecção de um problema no âmbito de uma área de atuação, no caso exposto, o problema da defasagem na aquisição da escrita, em especial do sistema alfabético-ortográfico da Língua Portuguesa, foi fundamental para o cumprimento da meta de promover a indissociabilidade entre pesquisa/ensino/extensão no PET Letras/UFGD, conforme se resume nos itens 1 a 4, a seguir. Entre as ações no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão colocadas em prática para compreender, estudar, diagnosticar e propor soluções ao problema de aquisição da escrita detectado, os resultados mais eficazes foram decorrentes das seguintes atividades: 1) a ativação na Grade Curricular do Curso de Letras, em 2013, das disciplinas complementares – Tópicos em Fonética e Fonologia e Escrita e Reescrita Textual, para ampliar os conhecimentos dos bolsistas (e dos demais alunos de Letras) sobre o problema detectado; 2) a criação de um projeto de pesquisa coletivo: “Ensino da escrita e letramento linguístico: diagnóstico de aprendizagem e ações de qualificação a docentes em formação e em serviço 1”, 1 Financiado pelo CNPQ – Chamada Universal MCTI/CNPq Nº 14/2013. 1675 coordenado pela tutora/PET, o qual congrega pesquisadores do Grupo de Pesquisa “Gêneros Discursivos e Formação de professores” – GEDFOR (cerificado pela instituição e cadastrado no CNPQ) – trabalhos de Iniciação Científica2 dos bolsistas PET e de pós-graduandos do PPG Letras/UFGD)3 e a manutenção de seções de estudo orientadas e individuais; 3) o desenvolvimento de materiais didáticos, em especial jogos didáticos4 facilitadores da aquisição da escrita, tais como: caça sentido, debate ortográfico, corrida ortográfica, bingo ortográfico e memória radical, além da produção de um livro (ainda em processo de elaboração) com os resultados das pesquisas e a fundamentação teórico-prática a respeito do ensino da ortografia na escola; 4) as assessorias de formação continuada, os minicursos e as palestras que, ao longo do ano, foram sendo preparadas e oferecidas a professores em formação (estudantes de Letras/Pedagogia) e a professores em serviço na rede de Ensino de Dourados, atualmente são solicitadas ao Programa que precisou organizar um cronograma para atender aos convites que tem recebido não só de escolas da região como de diversas faculdades (da UFGD e de outras instituições universitárias) e da Secretaria Municipal de Educação de Dourados. Conclusão Embora o PET Letras seja um Grupo novo (foi criado no final de 2010) as reflexões e a prática em torno da organização de ações que promovam a associabilidade entre os três pilares da educação universitária tem sido tematizada constantemente e, apesar de estarmos em fase de aprendizado, já temos constatado grande impacto na comunidade local e na formação dos bolsistas, o qual tem sido destacado no curso de Letras como exemplar de um trabalho diferenciado, fato que, no nosso entender, qualifica a educação tutorial como uma opção viável para a melhoria da qualidade do ensino universitário em nosso país. 2 Trabalhos de IC desenvolvidos para estudar o problema: “Dificuldades ortográficas nas escolas da rede estadual de ensino Dourados/MS”; “Diagnóstico da aquisição da escrita ortográfica do português em escolas indígenas de Dourados/MS”; “Análise de dificuldades ortográficas de alunos do 6º ano das escolas municipais de Dourados/MS”; “Diagnóstico das dificuldades ortográficas de alunos de 6º ano das escolas privadas de Dourados/MS”. 3 Projetos de pesquisa de pós-graduação desenvolvidos para estudar o problema (pesquisadores GEDFOR): “Ensino de Ortografia: diagnóstico de aprendizagem e qualificação de Professor” (ex-bolsista PET); “O gênero relatório de aula de campo: perspectivas de letramento em um curso técnico em agricultura”; “A produção textual de abstract nas aulas de inglês instrumental: o desempenho discursivo na escrita como ferramenta metodológica”; “Análise comparativa de produções escritas por diferentes sujeitos em diferentes níveis de escolarização”; “Correção e reescrita na produção textual de universitários: exploração de mecanismos parafrásticos” (pesquisa de pós-doutorado). 4 A confecção dos jogos foi financiada com o Custeio PET Letras/FNDE/MEC 2013 . 1676 Finalizando esta discussão, transcrevemos5, a seguir, um trecho do e-mail de um professor de Literatura do curso de Letras/UFGD, no qual ele discute, com os demais professores da faculdade (FACALE), as dificuldades dos alunos, em especial, na produção escrita, o que, de certo modo, revela consonância a respeito do problema estudado pelo PET: [...] E então estamos formando como professores alguns alunos que, repito (e vocês sabem que não estou exagerando), não sabem escrever. [...] Uma pena ver que alunos verdadeiramente bons não sendo testados à altura. Estes também merecem um trabalho à parte. (na verdade, acho que o PET tem feito isso muito bem, com alguns alunos acima da média da FACALE. A colação de grau deste ano mostrou que os melhores alunos são os que passaram pelo PET). (27.05.2014) Referências BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988, 292 p. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior (2002). Programa de Educação Tutorial – PET: manual de orientações básicas. Brasília: MEC, s.d. 25 p disponível em http://petletrasufgd.blogspot.com.br/ (consultado em maio/2014). CONCEIÇÃO, Rute I. S. Da redação escolar ao discurso: um caminho a reconstruir. In: Linguagem & Ensino, Pelotas- RS: EDUCAT/Revista do Curso de Mestrado em Letras da Universidade Católica de Pelotas, 2000, v. 3, n.2, jul, p.109-132. CONCEIÇÃO, Rute I. S.; MORENO, T. M. T. Ortografia no ensino básico: diagnóstico das dificuldades e proposta de intervenção didática. ENEPE - 5º Encontro de Iniciação Científica/UFGD, 2011. Resumos expandidos e Trabalhos completos. Dourados: Editora da UFGD, 2011. v. 1. p. 1-14. GUEDES, Paulo C. Da Redação à Produção Textual: o ensino da escrita. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. PÉCORA, Alcir. Problemas de redação. São Paulo: Martins Fontes, 1983. PNAIC. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (2012). Disponível: http://pacto.mec.gov.br/ (consultado em maio 2014). 5 Autorizado pelo professor Dr. Gregório Faganholi Dantas, a quem agradecemos a permissão. 1677 Cine Escola: O conhecimento e a formação cidadã através do olhar cinematográfico. CORREA, Ana Paula Alves; GOMES, Tainise Pegoraro; MALLET, Paola; MARQUES, Luzianara de Lourenço; MARTINS, Patrícia Gaier1; PETRI, Verli2. Introdução O trabalho Cine Escola: O conhecimento e a formação cidadã através do olhar cinematográfico tem a finalidade de apresentar a atividade “Cine Escola” desenvolvida em uma escola da rede pública de Santa Maria, organizada e elaborada pelo grupo PET Letras – Conexões de Saberes/ Laboratório Corpus. Essa proposta, de caráter extensivo, foi pensada com o propósito de estabelecer o contato da comunidade com a cultura cinematográfica, possibilitando um espaço de debates, reflexões e troca de saberes, através de sessões mensais de cinema na escola, com temáticas inerentes à vida em sociedade. Nesse espaço interativo, busca-se promover a formação cidadã dos envolvidos, uma vez que estes passam a abranger elementos culturais e (re)construir uma identidade frente a esses novos saberes. Além disso, a atividade visa explorar o senso crítico e a respeitar esse ambiente de diversidade cultural, compreendendo, assim, o que é cidadania. Objetivos O projeto “Cine Escola” visa proporcionar o acesso da comunidade à cultura cinematográfica, criando condições de reflexões e debates sobre as temáticas exploradas nas sessões de filmes de longa e curta duração. Busca-se, também, contribuir para a formação acadêmica dos alunos de graduação do PET Letras e para a consolidação e difusão da educação tutorial como prática de organização de atividades de natureza coletiva e interdisciplinar. Metodologia 1 Acadêmicas do Curso de Licenciatura em Português da Universidade Federal de Senta Maria e bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET). 2 Professora adjunta do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Santa Maria. Tutora do grupo PET Letras, bem como orientadora do presente trabalho. 1678 A atividade de extensão, planejada pelo grupo PET Letras – Laboratório Corpus/ Conexões de Saberes, está sendo desenvolvida em uma parceria do grupo PET Letras com a uma escola da Rede Pública de Ensino de Santa Maria. O evento inicia com a apresentação da síntese do filme e, logo após, a exibição do filme. Ao fim da sessão, promove-se uma discussão no grande grupo, mediada por um convidado do grupo, pela tutora responsável ou por um aluno do PET Letras. Os filmes, exibidos mensalmente, são selecionados a partir de temáticas que possam suscitar questões relacionadas ao contexto social em que a escola está inserida. Com o propósito de diagnosticar o aproveitamento da atividade, realiza-se, inicialmente, uma avaliação com o grupo de participantes no final das discussões de cada sessão e, posteriormente, a avaliação interna do Grupo PET, que discute as questões organizacionais e a repercussão do evento na comunidade. Resultados e discussão Até o momento, desenvolveu-se uma sessão cinematográfica, referente ao mês de abril, na qual foi exibido o longa “Narradores de Javé”, dirigido por Eliane Caffé. O público presente foi satisfatório, pois abrangeu alunos do ensino fundamental e médio, familiares, professores, funcionários da escola e integrantes do grupo PET. A comunidade contribuiu com comentários relacionados ao filme, experiências sociais e sugestões para as próximas sessões. Para acompanhar a exibição, o grupo proporcionou, aos espectadores, pipoca e cachorro-quente, com o intuito de transformar o ambiente escolar não só em um espaço de reflexões, como também em um espaço de entretenimento. Para o próximo encontro, está programada a exibição de dois curtas, referentes ao mês de maio: “Ilha das flores”, de Jorge Furtado, e “Leonel, pé de vento”, de Jair Marcos Giacominni. A escolha pela exibição de curtas foi resultado da avaliação dos participantes do primeiro encontro, que propuseram a projeção de filmes com menor duração, para que o tempo de interação seja maior. Considerando que este projeto pretende ampliar o contato de crianças da rede pública de ensino com elementos culturais, almeja-se consolidar novas parcerias com outras escolas, a fim de continuar promovendo o acesso à cultura de maneira atrativa e com a participação efetiva da comunidade. Conclusão 1679 A partir dos resultados obtidos, percebe-se a importância de se promover um projeto que agrega cultura cinematográfica ao ambiente escolar, uma vez que foi constituído um espaço de debates, reflexões e troca de saberes, contribuindo na formação cidadã dos participantes e em defesa da equidade socioeconômica, étnico-racial e de gênero. Foi possível observar que os participantes estreitaram relações entre os aspectos explorados nos filmes com suas experiências de vida. Além disso, essa atividade de extensão proporcionou um aprendizado fundamental para a formação pessoal e profissional aos acadêmicos envolvidos, tendo em vista que o encontro requer interação com o público das sessões e com o próprio grupo de petianos que organizou e efetuou o projeto. Referências ORLANDI, Eni Pucinelli. Análise de discurso: Princípios e procedimentos. 8ª edição, Campinas, SP: Pontes, 2009. _____________________. Interpretação: Autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 5ª edi-ção, Campinas, SP: Pontes, 2007. _____________________. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. São Paulo: Pontes, 2006. _____________________. Discurso e Leitura. São Paulo: Cortes, 1999. _____________________. Discurso e Texto: formulação e circulação dos sentidos. São Paulo: Pon-tes, 2001. _____________________. (Org). A leitura e os Leitores. Campinas: Pontes, 1998. 1680 Práticas de leitura e escrita no PAESPE: experiências de ensino de língua portuguesa Cynthya Danyeli Prado da Silva, Ednelson João Ramos e Silva Júnior, Fransuelly Raimundo da Silva, Jéssica Gonçalves da Silva, Mariana dos Santos, Pedro Moura Araújo, Rafael Albuquerque Muniz Falcão¹; Núbia Rabelo Bakker Faria². ¹ ²Universidade federal de Alagoas Introdução O Programa de Apoio às Escolas Públicas do Estado (PAESPE) é um projeto de pesquisa, ensino e extensão desenvolvido pelo PET Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Alagoas, do qual o PET Letras participa como parceiro da atividade. O projeto tem como objetivo complementar e suprir carências dos estudantes do terceiro ano do ensino médio das escolas estaduais situadas no entorno da UFAL (Campus A. C. Simões). Além deste, existe um desdobramento do projeto, chamado PAESPE JR, que é direcionado para os estudantes ingressantes no ensino médio. Especificamente, o PAESPE JR. visa auxiliar os alunos nas dificuldades que permeiam as suas práticas de escrita e leitura na escola e nos demais âmbitos sociais. Enquanto isso, o PAESPE almeja preparar os estudantes para o ENEM. Nesse projeto, o PET Letras atua como colaborador-docente nas seguintes disciplinas: língua portuguesa, redação, literatura e língua espanhola. Todavia, neste trabalho, serão discutidas experiências dos colaboradores que lecionam Língua Portuguesa nas duas modalidades do projeto PAESPE. Como professores de língua portuguesa em formação, atuando com orientação de professores (as) colaboradores (as) da Faculdade de Letras (FALE) da UFAL, os planejamentos das aulas são elaborados tendo em vista os obstáculos que os alunos possuem para execução de leituras em voz alta, interpretação e produção de textos de vários gêneros, além da aplicação da gramática em suas escritas, a depender das condições de produção. Os entraves que vêm sendo discutidos por meio de pesquisas nas áreas da linguagem e educação, vivenciados pelos discentes e docentes no ensino básico, acarretam na insuficiência de desenvolvimento de habilidades para lidar com as interações sociais que ocorrem através de gêneros discursivos dotados de especificidades para a constituição de seus sentidos. Como proposta de intervenção, os professores tentam nortear o seu exercício em sala de aula de modo a viabilizar que os alunos aprimorem as suas potencialidades para compreensões responsivas (BAKHTIN, 1997). No entanto, se faz desafiador o ensino de LP voltado para as 1681 interações sociais diante de um contexto escolar que ainda se volta à memorização de regras fora de seu contexto de uso, apesar do novo modelo de avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Objetivos Discutir experiências acerca de métodos de ensino de língua portuguesa utilizados nos projetos PAESPE e PAESPE JR, com base nos relatos que serão apresentados. Como objetivos específicos neste trabalho, elegemos: tecer ponderações sobre as concepções de escrita e leitura adotadas ao longo das aulas ministradas e avaliar como as nossas experiências de professores em formação podem contribuir para o nosso amadurecimento docente. Metodologia As aulas de língua portuguesa ocorrem quinzenalmente, tendo apenas duas horas de duração. Levando em consideração a quantidade de conteúdo, nota-se que, por parte dos professores, que o pouco tempo para ministrar a disciplina é insatisfatório. O projeto não oferece um material didático pré-elaborado. O professor de cada disciplina desenvolve seu próprio material por aula e as ministram, podendo utilizar recursos como o datashow e caixa de som. A construção do material de ensino é feita quinzenalmente. Para tanto, nos utilizamos de diversos tipos de gêneros discursivos (crônicas, piadas, poemas, tirinhas, cartuns, propagandas, receitas e etc). Esses gêneros foram retirados de diversas fontes: sites, livros literários, de provas passadas do ENEM etc. Ao longo das aulas, podemos perceber que existe um número alto de desistência de alunos no projeto. No caso do PAESPE, inicialmente começamos com cerca de 70 alunos e, após alguns meses de duração do curso, esse número cai em quase 50%. Um dos motivos dessa evasão é o fato das aulas serem no período da noite ou, no caso de alguns alunos, a desistência diante de alguma outra atividade ou oportunidade de emprego. As aulas são elaboradas aos poucos, ao decorrer do ano, para que os professores consigam perceber a necessidade da turma e trabalhar em cima disso, preparando a aula convenientemente. Além disso, os integrantes do PET Letras contam com a ajuda e orientação de professores da Faculdade de Letras acerca da metodologia e da preparação de material didático. Resultados e discussão 1682 Algumas atividades na disciplina de Língua portuguesa no PAESPE e PAESPE Jr. voltaramse mais especificamente às práticas de leitura e escrita. Estas não foram compreendidas, por nós professores, como independentes, mas sim como complementares à medida que os conteúdos foram sendo trabalhados, visando estimular o gosto pela leitura e a produção de textos. Na disciplina Língua Portuguesa do PAESPE, as aulas eram pensadas com ênfase na leitura de textos de vários gêneros e na resolução de exercícios em sala de aula, tendo em vista que nosso trabalho está diretamente ligado ao vestibular, mais especificamente ao ENEM. Com isso percebemos que grande parte dos alunos chegam no projeto com dificuldade declarada em língua portuguesa, o que gera problemas na construção de uma redação. Dito isso, o PET Letras tenta fazer uma ponte entre as disciplinas Redação e Língua Portuguesa, para que tanto as competências de escrita e de gramática sejam contempladas ao longo das aulas. Entretanto, mesmo quando a parte gramatical é trabalhada, a metodologia utilizada para esse ensino é conduzida a partir de leituras, entrelaçando teoria e prática, para que a discussão acerca das regras gramaticais seja feita a partir dos fenômenos encontrados nos textos. Dessa forma, os alunos podem visualizar estratégias de escrita, modalizações, inversões, como iniciar parágrafos e como separar ideias, por exemplo. Já no PAESPE Jr., a leitura de crônicas que abordavam diferentes temáticas possibilitou a discussão acerca dos temas trazidos e da produção de textos em diferentes gêneros, como forma de estimular a formação crítica do aluno diante do texto lido e também sua criatividade. Alguns dos textos estimulavam a discussão acerca do estudo de língua portuguesa ou/e traziam o contexto escolar como forma de diálogo, dentre esses, destacamos as crônicas “O gigolô das palavras” e “O Santinho” de Luís Fernando Veríssimo. Como forma de possibilitar a produção dos textos dos alunos, trouxemos antes uma discussão acerca de gêneros discursivos e, também, ensino e estudo de língua portuguesa. Os gêneros são concebidos como fenômenos, de natureza verbal ou não verbal, ligados às práticas sociais e culturais vividas e mutáveis em sua natureza que podem sofrer modificações históricas contextuais que modificam sua estrutura. O foco das atividades com esses textos foi trabalhar o gênero crônica, entretanto, anteriormente, a leitura de outros gêneros também foi feita no decorrer das aulas, como poemas, tirinhas, notícias, piadas, artigos etc. A crônica “O gigolô das palavras” narra uma situação de entrevista na qual o entrevistado expõe o seu ponto de vista e sua relação (por vezes conflituosa) com as palavras, identificando-se como um gigolô, pois mesmo assim vive às custas dessas “traiçoeiras”. Já em “O Santinho”, as experiências escolares do autor/narrador que apresentava um perfil disperso em sala de aula são narradas. 1683 As duas crônicas em questão foram debatidas por dois grupos de cinco alunos e apresentadas em sala de aula, além disso, textos escritos em outros gêneros foram escritos após a leitura destas crônicas como parte das atividades. O grupo responsável pela crônica “O gigolô das palavras”, por exemplo, produziu uma música sobre a temática tendo como base o texto de Veríssimo, e a outra equipe produziu um poema. Essa atividade relacionou leitura, debate e escrita diante de um conteúdo já cobrado no ENEM: a noção de gêneros textuais. Conclusão Com base na discussão tecida anteriormente, concluímos as reflexões desta etapa da pesquisa afirmando que a oportunidade docente tanto no projeto PAESPE quanto no PAESPE Jr. foi uma experiência de grande valor na nossa formação no curso de licenciatura em Letras. Colocar em prática o conhecimento construído no decorrer do curso é de suma importância, pois é nesse momento que podemos vivenciar os desafios de ser professor (a), sobretudo de Língua Portuguesa, antes mesmo de se graduar e ser contratado em alguma instituição de ensino. O ensino de português, no decorrer das aulas, foi enfocado em sua natureza social e histórica, fazendo perceber que a língua não se reduz apenas à gramática, não sendo esta desmerecida em se tratando de compreensão linguística, mas questionando as metodologias voltadas apenas à memorização de regras, dissociadas de contexto. Nossas experiências em sala de aula nos fizeram refletir sobre o papel do professor como agente reflexivo de suas práticas em sala de aula, sendo necessária a constante reflexão sobre a própria prática, revendo metodologias, revisitando leituras e observando as necessidades que surgem no decorrer das aulas. Ser professor, nesse sentido, não se reduz apenas à transmissão de conteúdos, de forma mecânica, mas à pesquisa, presente a todo o momento. Referências ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editoral, 2009. ______. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editoral, 2003. BAKTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. 1684 MARCUSCHI. L, A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. SELBACH, Simone. Língua portuguesa e Didática. Petrópolis: RJ editora vozes, 2009. 1685 O funcionamento do dicionário na sala de aula: da teoria à prática Autora: Andressa Brenner Fernandes1 Tutor: Verli Petri² Afiliações: Guilherme Guerra³ e Pricila Mello4 Introdução Este trabalho tem como principal finalidade estabelecer uma nova concepção de ensino de Língua Portuguesa a graduandos do curso de Letras, trabalhando com o uso didático-pedagógico do dicionário em sala de aula. Visa também, a cisão entre prática e teoria, estabelecendo uma conexão entre ideal e realidade de ensino, aproximando as duas Instituições: Escola e Universidade. O desenvolvimento de trabalhos com o dicionário nas aulas de língua portuguesa é prática constante, e nos revela a enorme diferença entre o falante e o instrumento normativo. Assim, pretendemos estudar o uso desse instrumento linguístico no ensino e sugerir atividades que abordem a perspectiva discursiva como uma das possibilidades de trabalho do professor de língua, contribuindo para a troca de experiências entre profissional em atividade e profissional em formação. Focamos no questionamento das evidências estabelecidas no e pelo dicionário, e propomos novas interpretações, criando e recriando novos sentidos. Questionamos o lugar do dicionário na disciplina de Língua Portuguesa, na formação do conhecimento linguístico-discursivo dos alunos e na construção discursiva e ideológica de cada falante, contribuindo com a existência de professores e alunos mais conscientes enquanto falantes de uma língua. Objetivos Este tem como principal objetivo a elaboração de um material didático para a realização de um projeto de ensino de Língua Portuguesa que favoreça o funcionamento do dicionário em sala de aula. 1 Graduanda do curso de Letras Português e Literaturas da Língua Portuguesa da Universidade Federal de Santa Maria e Bolsista PET-Letras ²Orientadora ³Graduando do curso de Letras Português e Literaturas da Língua Portuguesa da Universidade Federal de Santa Maria 4 Graduada no curso de Letras Português e Literaturas da Língua Portuguesa da Universidade Federal de Santa Maria 1686 Metodologia O desenvolvimento do trabalho se deu em três momentos. Na primeira parte, observamos as aulas de Língua Portuguesa de uma turma de 8° série do Ensino Fundamental de uma Escola da periferia da cidade. Nesse momento focamos a atenção no uso de dicionário em sala de aula. Após, construímos e aplicamos uma entrevista com a professora responsável pela turma observada, objetivando reconhecer as relações que se estabelecem entre ensino de língua e a utilização do dicionário em sala de aula. Depois, produzimos um relatório sobre as aulas observadas e as atividades trabalhadas em relação ao dicionário, e a descrição dos resultados obtidos nas entrevistas com os professores. Nesse relatório estão explicados o lugar destinado ao dicionário no ensino da Língua Portuguesa em sala de aula, e os comentários críticos em relação aos resultados. Na segunda parte, analisamos os modos de utilização e funcionamento do dicionário nas aulas de Língua Portuguesa na turma observada, focando a perspectiva discursiva. Nesse momento, foi desenvolvido o projeto de ensino, que centrou a atividade no funcionamento discursivo do dicionário na disciplina de Língua Portuguesa, levando em conta suas designações e descrições, privilegiando os elementos linguísticosdiscursivos constitutivos do dicionário. E por último, na terceira parte, concentramos nossas reflexões criticas sobre o projeto de ensino, produzindo um relatório final. Resultados e discussão Acredita-se que esse plano de ensino possibilitou a exploração das capacidades criativas dos alunos, já que atribuíam significados as palavras, concebendo as ações de atribuição e mudanças de sentidos. Essas atividades serviram para que os alunos aprendessem ver o dicionário de maneira reflexiva e discursiva. Conclusão Percebemos, depois do todo apresentado, a importância desse projeto para os profissionais em formação, para os profissionais atuantes, e para os alunos da escola, a fim de estabelecer uma nova concepção sobre a língua portuguesa e sobre o dicionário. Além de produzir uma nova atividade que ultrapasse os limites do currículo escolar, e busque o envolvimento do aluno em sala de aula, fugindo da sistematização criada do ambiente escolar e da disciplina de Língua Portuguesa. Referências ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP: Pontes, 1999. 1687 SILVEIRA, Verli de Fátima Petri da. Um outro olhar sobre o dicionário: a produção de sentidos/ Verli Petri com participação de Daiane Siveris, Daiane da Silva Delevati, Nina Rosa Licht Rodrigues. Santa Maria: UFSM, PPGL-Editores, 2010. 1688 PET Internacional Autor(es)¹Andressa Ruviaro Almeida, Augusto Luiz Bez Moro, Bruna Ventura Hoffmann, Guilherme Cordeiro Vogt, Tiago Tavares de Carvalho; Tutor² Alessandro Zimmer. ¹ ²Afiliações: Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Paraná Introdução Em meio a um mundo globalizado, no qual a informação está correndo mais rápido do que nunca, nada melhor do que disfrutar disso. Foi justamente nesse contexto que surgiu o PET Internacional. Esse projeto busca englobar todos os aspectos positivos que a interação entre pessoas de diferentes países podem ter, sempre envolvendo a tutoria. Vai muito além da tutoria apenas entre petianos, mas sim entre alunos estrangeiros para petianos, bem como de petianos para alunos estrangeiros, além dos próprios alunos brasileiros entre si. Para cada interação dessas, há uma atividade específica para contribuir ainda mais. O Manual do Intercambista em Curitiba visa auxiliar o aluno estrangeiro que chega muitas vezes sem falar português, sempre com pelo menos um petiano responsável pelo aluno ou grupo de alunos estrangeiros, quando de engenharia elétrica. Assim, enquanto o petiano mostra como tudo funciona aqui, também aproveita para praticar um idioma estrangeiro. Ao mesmo tempo, o aluno estrangeiro compartilha sua cultura, sentindo-se bem recebido. O Diário do Intercambista é composto por relatos de estudantes brasileiros que tiveram, ou ainda estão tendo, uma experiência no exterior. Esses relatos servem de base para alunos interessados nos países dos relatores, podendo assim ter noção do que esperar, ou até mesmo decidir para onde tentar intercambio. Com essa atividade e com o mapa dos intercambistas, os petianos estão sempre em contato com os alunos brasileiros intercambistas. Para manter os idiomas dos petianos sempre afiados, foi criado o Dia da Língua Estrangeira do PET, um dia por semana em que na sala só não é falada a língua portuguesa. Objetivos Os objetivos principais se desenvolvem no auxílio de alunos que desejam estudar no exterior, mostrando opções por meio de relatos de quem já teve a experiência e na ajuda para 1689 intercambistas que chegam para estudar Engenharia Elétrica na UFPR, no que tange à documentação, moradia, alimentação, preço de transporte, produtos fármacos, cursos de português. Além desses, também há o desenvolvimento de habilidades linguísticas dos petianos, bem como o ganho cultural. A divulgação da internacionalização do curso é o principal objetivo com o Mapa dos Intercambistas. Metodologia Para se alcançar os principais objetivos, foi desenvolvido o Manual do Intercambista e o Diário do Intercambista. Para a elaboração do manual, foi utilizado todo o conhecimento de petianos que ajudaram alunos estrangeiros antes mesmo de o projeto existir, sendo assim nosso manual é pioneiro dentro da universade e inspirado nas experiências de intercâmbistas e dos próprios petianos de Curitiba, logo não se baseando em outros tipos de manuais. Tão logo foram chegando outros intercambistas, o manual foi sendo atualizado e pensado cada vez mais na facilidade de quem vem de fora. Além do conhecimento adquirido com experiências passadas, também conta com diversos assuntos relacionados a Curitiba pesquisados pelos autores do projeto, como entretenimento, moradia, turismo, clima e o transporte público. Conforme foi dito anteriormente, cada vez que um intercambistas (ou um grupo) entram em contato antes mesmo de virem pra cá, já é encaminhado pelo petiano o manual a ele(s). A existência do manual não exclui a ajuda do petiano para com o aluno de fora, apenas somamse as forças. O manual do intercâmbista hoje é disponibilizado e adaptado para auxiliar alunos estrangeiros de todos os cursos da UFPR e não apenas de engenharia elétrica, sendo ele já divulgado até mesmo na página inicial da universidade. Visando atingir os alunos da graduação, buscando norteá-los quanto à indecisão de se fazer um intercâmbio, ou mesmo para onde ir é que o Diário do Intercambista vai de encontro. Semanalmente é postado o relato de algum aluno (ou ex-aluno) de Engenharia Elétrica, ou cursos próximos, que está fazendo intercâmbio ou já o fez. Nesses relatos cada um conta o que viveu o tempo que ficou fora, as dificuldades e emoções passadas, bem como as aventuras e novas experiências adquiridas, sempre falando de como é a faculdade que estudou em todos os aspectos. Como o contato com os intercambistas estrangeiros muitas vezes não é contínuo, para a prática de línguas estrangeiras dos petianos e demais alunos da graduação foi implementado o Dia da Língua Estrangeira na sala do PET. Uma vez por semana fala-se preferencialmente 1690 qualquer outro idioma que não o português. Assim, todos que vão até a sala, petianos ou não, são convidados a falar em inglês, francês, espanhol ou alemão. Quando as reuniões coincidem com esse dia, essas também são feitas em língua estrangeira, bem como suas memórias. Nesse dia, alunos com mais conhecimento em determinado idioma aproveitam para repassar o conhecimento aos demais. Buscando a divulgação da internacionalização do curso de Engenharia Elétrica da UFPR e também manter um registro de todos os intercambistas é nasceu o Mapa dos Intercambistas. Há dois grandes grupos nele contidos: os brasileiros e os estrangeiros. Cada grupo se subdivide em três, dentre os brasileiros há aqueles que estão fora, os que já voltaram e os que estão indo. Analogamente com os estrangeiros: os que estão aqui, os que estão por vir e aqueles que já voltaram para seus países. Resultados e discussão Até o momento, esse projeto só recebeu elogios e críticas positivas em eventos em que ele foi apresentado. Mas o mais importante é o retorno dos próprios alunos, tanto brasileiros quanto estrangeiros. Os acessos aos posts do Diário do Intercambista estão acima da média e todos os estrangeiros que participaram deste projeto agradeceram e apoiaram a iniciativa tomada pelo PET Elétrica. Quanto às habilidades linguísticas dos petianos, é notável a diferença entre quando acabou de entrar nesse projeto e quando já está a mais tempo. Com o Dia da Língua Estrangeira, mesmo quem não faz parte da gerência do PET Internacional, também desfruta de seus resultados. O Mapa do Intercambista desperta a vontade desde que o aluno entra no curso a participar de um programa de intercambio ao ver que aquilo não está tão longe. Muito pelo contrário, que aquilo é uma realidade para muitos. Aliado ao Diário do Intercambista, esse aluno descobre que para participar de programas como este basta ter um bom rendimento acadêmico e desenvolver pelo menos um segundo idioma. Comentários como “Ah, se tivesse um manual como esse para onde eu fui...” são recorrentes. Mesmo entre pessoas que apenas viajaram para outra região do Brasil. O manual não está e nunca estará terminado, pois está em constante atualização. Ele também foi apresentado à Agência de Releções Internacionais da UFPR, onde foi aprovado e serviu de inspiração ou referência a página “Orientation for Foreign Students” da própria agência. 1691 Conclusão Com o PET Internacional, todos saem em vantagem. É um espaço preenchido com muitas dicas e informações direcionadas a quem busca enriquecer, não só o currículo, mas também o conhecimento, a cultura e a comunicação. O acesso às informações é sem custo nenhum. Além dos interessados em fazer intercâmbio, os petianos desenvolvem seus idiomas, aprendem um novo ponto de vista e compartilham com petianos novatos ou qualquer outra pessoa que se interesse por esses assuntos. Alunos estrangeiros tem sua adaptação facilitada no Brasil com o uso do manual e com o auxílio dos petianos, havendo uma troca de benefícios. Sempre um caminho de via dupla, ensinando e aprendendo, contando e ouvindo, vivendo e compartilhando experiências. Referências 1 http://peteletrica.blogspot.com.br/p/pet-internacional.html; acesso em 25 de julho de 2014 2 http://eng.eletrica.ufpr.br/pet/manual/portugues.pdf; acesso em 25 de julho de 2014 3 http://peteletrica.blogspot.com.br/p/mapa-dos-intercambistas.html; acesso em 25 de julho de 2014 4 http://www.internacional.ufpr.br/portal/pagina/37; acesso em 25 de julho de 2014 1692