Som do Dig Trio recompensa platéia que enfrentou a tempestade

Transcrição

Som do Dig Trio recompensa platéia que enfrentou a tempestade
Som do Dig Trio recompensa platéia que enfrentou
a tempestade de neve
por Helen Sinzker
Edição #213 - 11 de Março de 2005
Mais uma noite brasileira no Regatta Bar no Charles
Hotel, em Cambridge. Desta vez, são três músicos
os brasileiros Gustavo Assis Brasil, no violão, e
Maurício Zottarelli, na bateria, e o canadense Michael
Farquharson, no contrabaixo que arrancam aplausos
do público que pede bis. E o detalhe, para quem não
se lembra, foi a tempestade de neve que caiu na
última terça-feira mas não conseguiu segurar os fãs
em casa.
O repertório apresentado é do primeiro CD do Dig
Trio gravado em 2003. A música de abertura é 'Baião
do Adeus', de autoria de Gustavo. O músico explica
para a platéia, predominantemente americana, que o
baião é um estilo de música brasileira. 'No More
Illusions' dá seqüência ao show. E a expressão dos
artistas completa a significado de cada composição.
Em mais uma brincadeira com o público, Gustavo
fala sobre a música 'Glove Loser' também de sua
autoria. “Esta composição é muito pessoal. Só no
último ano perdi quatro luvas”. O improviso é a
marca do grupo, que cria surpresas em cada
apresentação.
E é neste clima que Gustavo, Maurício e Michael
continuam a brincadeira. As músicas são tocadas
com seriedade, sem permitir que nenhuma nota
escape ao ritmo. No entanto, a facilidade de como a
música aparece, desenha no palco a imagem de três
garotos fazendo o que gostam. A fusão entre jazz,
ritmos brasileiros, funk e um toque de rock'n roll
compõe as canções do Dig Trio. Contudo, Gustavo
afirma que na hora de escrever as músicas não
segue um estilo. “Na hora de compor não me
preocupo com estilo ou formato, mas com a
combinação entre as notas, a musicalidade”.
Quando Gustavo anuncia a última música 'Collect
Call'. A platéia pede: “toquem mais algumas”.
Gustavo responde que não se preocupem que
“'Collect Call' é bem comprida”. O músico faz um
resumo do tema da música. “Vocês vão identificar
alguns toques de telefone. Está relacionado aos
telefonemas que às vezes tentamos e tentamos fazer
ao Brasil e o cartão nunca funciona”. No solo da
guitarra o som do toque do telefone é facilmente
facilmente reconhecido.
Para finalizar, Maurício leva, na bateria, um batuque forte
e familiar que faz o público balançar ao ritmo de samba.
A americana Ozlem Diejo opina que o trio tem um som
diferente que dá ao grupo um estilo único. “Vou comprar
o CD. É uma música que me agrada, me deixa em êxtase”.
Jeff Christoures, 60 anos, mudou de lugar várias vezes
durante o show. “Sempre que vou assistir a um show
proucuro pelo melhor lugar acústico. Aprecio muito o Dig
Trio, já fui a vários shows dele. Esta noite trouxe minha
filha, Mariah, pela primeira vez”. Mariah é aluna do
guitarrista Gustavo. Ela conta que essa foi a primeira vez
que pôde prestigiar o som do seu professor em um show
ao vivo. “Tenho 14 anos e sempre quis assistir a este
show. Adorei!”.
Na despedida, Gustavo pede ao público que dirija com
cuidado no trajeto de volta para casa. “Cuidado com esta
tempestade”, fala Gustavo enquanto aponta a neve pela
janela.
Gustavo, Maurício e Michael trazem a experiência e o
talento pessoal como músicos em potencial. O trio se
encontrou nos bastidores do Berklee College of Music, em
Boston, escolha que possibilitou o aperfeiçoamento dos
músicos. O sucesso da harmonia entre garotos do Dig Trio
está estampado em cada show. Para mais informações
acesse o site www.digtrio.com