Tratamento de Superfícies
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Tratamento de Superfícies
GUIA TÉCNICO SECTOR DOS TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE Lisboa Novembro 2000 GUIA TÉCNICO SECTORIAL SECTOR DOS TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE Elaborado no âmbito do PLANO NACIONAL DE PREVENÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS (PNAPRI) Sob a Coordenação de José Miguel Figueiredo (INETI) Equipa de Trabalho do Sector dos Tratamentos de Superfície Francisco Delmas Lucinda Gonçalves Cristina Diniz (INETI) Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial – INETI Departamento de Materiais e Tecnologias de Produção - DMTP Estrada do Paço do Lumiar, 1649-038 Lisboa Tel. 21 716 51 41 Fax. 21 716 65 68 Novembro de 2000 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície ÍNDICE GERAL ÍNDICE GERAL ii ÍNDICE DE QUADROS iv ÍNDICE DE FIGURAS vi AGRADECIMENTOS viii 1 INTRODUÇÃO, ÂMBITO E OBJECTIVOS 1 2 CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR 4 2.1 ACTIVIDADES INDUSTRIAIS 4 2.2 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 5 2.3 ESTRUTURA DE EMPREGO 6 2.4 VOLUME DE NEGÓCIOS 7 3 PROCESSO PRODUTIVO 9 3.1 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DE SUPERFÍCIES 12 3.2 MÉTODOS DE REVESTIMENTO 15 3.3 MÉTODOS DE CONVERSÃO 22 3.4 MÉTODOS DE TRANSFORMAÇÃO ESTRUTURAL 25 4 RESÍDUOS INDUSTRIAIS 26 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS 27 5 POTENCIAL DE PREVENÇÃO NO SECTOR DOS TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE 37 5.1 MEDIDAS E TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO IDENTIFICADAS PARA O SECTOR 38 5.1.1 Substituição de Processos ou Matérias Primas por Outros de Menor Impacte Ambiental 46 5.1.2 Prolongamento da Vida dos Banhos 49 5.1.3 Minimização dos Arrastos 50 5.1.4 Optimização das Técnicas de Lavagem 50 5.1.5 Devolução do Electrólito Arrastado ao Banho 54 5.1.6 Tecnologias que Permitem Substâncias Valorizáveis 5.2 a Concentração e Recuperação de ESTIMATIVA DOS BENEFÍCIOS OBETIDOS POR APLICAÇÃO DAS PRINCIPAIS MEDIDAS E TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO AO SECTOR 56 68 ii PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 6 MEDIDAS E TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO APLICÁVEIS AO SECTOR. DESCRIÇÃO TÉCNICA E ANÁLISE DA VIABILIDADE. 71 6.1 REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NAS LAVAGENS CORRENTES 73 6.2 ULTRAFILTRAÇÃO APLICADA A UM BANHO DE DESENGORDURAMENTO 76 6.3 OSMOSE INVERSA, APLICADA A UMA NIQUELAGEM 80 6.4 EVAPORAÇÃO APLICADA A UMA CROMAGEM 85 6.5 PERMUTA IÓNICA APLICADA A UMA CROMAGEM 88 6.6 ELECTRÓLISE APLICADA A UMA ZINCAGEM 92 6.7 ELECTRODIÁLISE APLICADA A UMA ANODIZAÇÃO 97 6.8 ULTRAFILTRAÇÃO/CRISTALIZAÇÃO PARA REGENERAÇÃO DE BANHOS DE SATINAGEM DE ALUMÍNIO 100 6.9 RETARDAÇÃO IÓNICA APLICADA A UM BANHO DE ANODIZAÇÃO 104 6.10 APLICAÇÃO DE TINTA COM SPRAY AIRLESS E COM SPRAY ELECTROSTÁTICO ATOMIZADO À PRESSÃO 108 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DE DIVERSAS MEDIDAS/TECNOLOGIAS À ANODIZAÇÃO E LACAGEM DE ALUMÍNIO 110 BIBLIOGRAFIA 117 SITES DA INTERNET RELACIONADOS COM O SECTOR 119 LISTA GERAL DE ENTIDADES, INSTITUIÇÕES E ASSOCIAÇÕES NACIONAIS E SECTORIAIS 120 6.11 iii PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1 Correlação dos resíduos produzidos com a operação que os gera. 29 Quadro 2 Quantificação e hierarquização dos resíduos produzidos por processo, segundo a sua perigosidade e quantidades produzidas. 33 Resíduos gerados anualmente em actividades dos Tratamentos de Superfície nos sectores dos Tratamentos de Superfície e da Metalurgia e Metalomecânica. 35 Quadro 4 Medidas/tecnologias de prevenção identificadas por operação. 41 Quadro 5 Gamas de valores de qualidade de lavagem adequadas a diversos banhos. 51 Concentrações nas águas de lavagem dos principais constituintes dos banhos precedentes, em função da qualidade de lavagem (Rd) requerida. 52 Comparação entre as diferentes medidas de devolução directa e indirecta, do electrólito arrastado ao banho. 55 Estimativa do investimento em função da capacidade para algumas tecnologias aplicáveis a um desengorduramento 57 Quantidade e perigosidade dos resíduos produzidos no sector dos Tratamentos de Superfície e estimativas de redução por aplicação das melhores medidas e tecnologias de prevenção disponíveis. 69 Quadro 10 Quantidade e perigosidade dos resíduos produzidos no sector da Metalomecânica, referente aos Tratamentos de Superfície, e estimativas de redução por aplicação das melhores medidas e tecnologias de prevenção disponíveis. 69 Quadro 12 Comparação de consumos de água em diferentes processos de lavagem. 76 Quadro 13 Benefícios de um desengorduramento convencional quando comparado com um desengorduramento com aplicação de ultrafiltração. 78 Quadro 14 Avaliação económica da implementação de uma ultrafiltração a um banho de desengorduramento. 79 Quadro 15 Comparação de um processo convencional de niquelagem com um processo em que se aplica a osmose inversa às águas de lavagem. 83 Quadro 16 Avaliação económica da aplicação de uma osmose inversa (0.2 m3/h de permeado) às águas de lavagem que se seguem a um banho de niquelagem. 83 Quadro 17 Comparação de um processo de cromagem tradicional com um processo em que se aplica um evaporador às águas de lavagem. 87 Quadro 18 Avaliação económica da aplicação de um evaporador de 20 l/h de condensado 87 Quadro 19 Contabilização dos benefícios anuais obtidos pela aplicação de um sistema de permuta iónica às águas de lavagem de um processo convencional de cromagem. 91 Quadro 3 Quadro 6 Quadro 7 Quadro 8 Quadro 9 iv PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 20 Avaliação económica da implementação de um sistema de permuta iónica às lavagens que se seguem a um banho de cromagem. 91 Quadro 21 Comparação de um processo de cobreagem ácida tradicional com um processo em que se aplica uma célula Chemelec para recuperar cobre das águas da lavagem estática. 95 Quadro 22 Avaliação económica do sistema de electrólise aplicado às águas de lavagem em deposição de cobre ácido 95 Quadro 23 Taxas de recuperação por electrólise de diversos metais. 97 Quadro 24 Redução do volume de efluentes gerados numa operação de anodização como resultado da aplicação duma electrodiálise. 98 Quadro 25 Avaliação económica da implementação de uma electrodiálise a um banho de anodização. 100 Quadro 26 Comparação de uma satinagem convencional com uma satinagem em que se aplicou ao banho uma ultrafiltração/cristalização. 103 Quadro 27 Avaliação económica da tecnologia de ultrafiltração/cristalização aplicada a um banho de satinagem. 103 Quadro 28 Comparação de uma anodização convencional com uma anodização em que se aplicou uma retardação iónica ao banho de anodização. 107 Quadro 29 Avaliação económica da implementação de uma tecnologia de retardação iónica ao banho de anodização 107 Quadro 30 Comparação técnica entre a pintura convencional e a pintura com aplicação das tecnologias de spray. 109 Quadro 31 Viabilidade económica dos métodos de pintura que aplicam as tecnologias de spray 109 v PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Distribuição geográfica das empresas do sector dos Tratamentos de Superfície. 5 Distribuição das empresas por escalões de trabalhadores dentro do sector dos Tratamentos de Superfície. 6 Distribuição dos trabalhadores consoante a dimensão das empresas no sector dos Tratamentos de Superfície. 7 Figura 4 - Valor percentual do volume de negócios por região 8 Figura 5 - Valor Percentual trabalhadores. Figura 2 Figura 3 - do volume de negócios por escalão de 8 Diagrama geral dos processos envolvidos nos Tratamentos de Superfície. 11 Figura 7 – Esquema Representativo da Operação de Lixagem. 12 Figura 8 – Esquema representativo duma operação de polimento com cones abrasivos. 13 Esquema representativo duma operação de desengorduramento electrolítico. 13 Figura 6 - Figura 9 – Figura 10 – Esquema representativo duma operação de decapagem química. 14 Figura 11 – Esquema representativo duma protecção temporária com filme plástico autoadesivo. 15 Figura 12 – Esquema representativo duma operação de esmaltagem a pó. 15 Figura 13 – Esquema representativo duma operação de zincagem mecânica. 16 Figura 14 – Esquema representativo duma operação de pintura com tinta líquida, por imersão. 16 Figura 15 – Esquema representativo duma operação de pintura com tinta líquida, por pulverização. 17 Figura 16 – Diagrama representativo dum processo de niquelagem por via electroless. 18 Figura 17 – Diagrama representativo duma linha de níquel/crómio, dum processo electrolítico de tratamento de torneiras. 19 Figura 18 – Diagrama representativo dum processo de zincagem via electrolítica, focando dois tipos distintos: zincagem ácida e zincagem alcalina nãocianurada. 20 Figura 19 – Diagrama representativo electrolítica. 21 dum processo de estanhagem via Figura 21 – Diagrama representativo dum processo de anodização. 24 Figura 22 – Diagrama representativo da prevenção de resíduos. 40 Figura 23 - Esquema representativo de um sistema de recuperação com retorno. 54 Figura 24 - Esquema representativo de um sistema de recuperação sem retorno. 55 vi PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Figura 25 - Lavagem simples. 73 Figura 26 - Lavagem em tanques sucessivos independentes. 74 Figura 27 - Lavagem em cascata e em contracorrente com três tanques. 75 Figura 28 - Aplicação da ultrafiltração aos banhos de desengorduramento, com recirculação de água e aditivos. 77 Figura 29 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada (ultrafiltração aplicada a um banho de desengorduramento) 79 Figura 30 - Esquema representativo da aplicação de um sistema de osmose inversa às lavagens após um banho de níquel. 82 Figura 31 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada (osmose inversa aplicada a águas de lavagem após niquelagem). 84 Figura 32 - Aplicação de um evaporador a vácuo às águas de lavagem de um banho de cromagem, com recirculação de água e recuperação de um concentrado de sais de crómio. 86 Figura 33 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada (evaporação aplicada às águas e lavagem após cromagem). 88 Figura 34 - Aplicação de um sistema de permuta iónica às águas de lavagem que se seguem aos banhos de cromagem, com recirculação da água e recuperação do ácido crómico. 90 Figura 35 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada (permuta iónica aplicada às águas de lavagem após cromagem) 92 Figura 36 - Aplicação de uma Chemelec ao banho morto após cobreagem ácida. 94 Figura 37 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada (Chemelec aplicado às águas de lavagem em cobreagem ácida). 96 Figura 38 - Aplicação de uma electrodiálise a um banho de anodização de alumínio, com recirculação de ácido. 99 Figura 39 - Aplicação de um sistema de ultrafiltração/cristalização ao banho de satinagem, com recuperação da soda e produção de alumina 102 Figura 40 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada (ultrafiltração/cristalização aplicada a banhos de satinagem de alumínio). 104 Figura 41 - Aplicação de um sistema de retardação iónica ao banho de anodização, com recuperação de ácido sulfúrico. 106 Figura 42 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada (retardação iónica aplicada a banhos de anodização de alumínio). 108 Figura 43 - Tecnologias e medidas de prevenção potencialmente aplicáveis no médio prazo ao sub-sector de anodização e lacagem de alumínio. 116 vii PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície AGRADECIMENTOS Agradece-se a todas as pessoas, instituições e empresas que de alguma forma prestaram a sua colaboração para a elaboração deste Guia Técnico, nomeadamente às empresas fornecedoras de tecnologias, equipamento, reagentes e serviços contactadas. Particularmente, agradece-se às Associações: ANEMM - Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas Metalomecânicas, AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal e APAL - Associação Portuguesa de Anodização e Lacagem, por toda a informação e apoio prestados. Finalmente agradece-se a todas as empresas visitadas, pela disponibilidade, atendimento e dados fornecidos. viii PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 1 INTRODUÇÃO, ÂMBITO E OBJECTIVOS O crescimento quase exponencial que se tem verificado no tecido industrial nas últimas décadas em todo o mundo, com o consequente aumento da poluição gerada, em particular no que concerne à quantidade e perigosidade dos resíduos produzidos, torna cada vez mais urgente a necessidade de implementação de acções, não só curativas mas essencialmente preventivas, como medida base da promoção do desenvolvimento sustentável na sociedade moderna. Nesse sentido, em 1997, o Conselho de Ministros aprovou a Resolução nº 98/97, onde se afirma que a eficiente gestão dos resíduos industriais terá necessariamente de passar pela sua separação dos restantes tipos de resíduos, nomeadamente os equiparados a urbanos, bem como pela sua tipificação e classificação em banais e perigosos, com um tratamento diferenciado e específico para cada um deles. Na sequência desta Resolução foi aprovado, em 1999 o Plano Estratégico de Gestão de Resíduos Industriais (PESGRI), através do Decreto-Lei nº 516/99 de 2 de Dezembro, que define as directrizes gerais a tomar no âmbito dos resíduos industriais produzidos no nosso país. Para a implementação do PESGRI, surge a necessidade da adopção de medidas preventivas, sobrelevando-as às curativas, como forma de redução dos resíduos industriais gerados em Portugal. Estas medidas, para além dos benefícios ambientais inerentes, têm na maior parte dos casos uma correspondência ao nível dos benefícios técnico-económicos para a empresa, porque à maior eficiência de utilização dos fluxos corresponde uma maior incorporação das matériasprimas e subsidiárias nos produtos finais, logo um menor consumo destas e uma menor geração de resíduos. Neste contexto surge o Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais – PNAPRI, essencialmente como ferramenta técnica orientadora das directrizes a tomar no âmbito da prevenção e da sua implementação junto ao tecido industrial nacional. Associado à elaboração do PNAPRI – objectivamente um documento direccionado para a gestão global no aspecto preventivo dos resíduos industriais, revela-se também a necessidade da existência de ferramentas mais específicas que detenham o potencial necessário para pôr o Plano em prática. Neste âmbito, são então criados os Guias Técnicos Sectoriais, nos quais se inclui este documento. 1 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Tendo em consideração que os Tratamentos de Superfície constituem uma actividade horizontal, comum a diversos sectores industriais, embora com especial destaque no sector da Metalurgia e Metalomecânica, considerou-se que têm relevância nacional significativa para serem tratados como um sector independente, sendo consequentemente, objecto de um Guia Técnico Sectorial autónomo. Assim, o Guia Sectorial dos Tratamentos de Superfície, tem como objectivo primordial constituir uma ferramenta técnica que possibilite aos industriais do sector, nomeadamente às indústrias de menor dimensão, com menor capacidade de acesso a informação actualizada, o conhecimento de medidas e tecnologias de prevenção com elevado potencial de aplicação. O Guia pretende, para além duma breve caracterização do sector e dos processos de fabrico envolvidos, proceder à caracterização dos resíduos e das águas residuais produzidas, apresentando uma estimativa credível das quantidades geradas no país. É também seu objectivo, reforçar a consciencialização dos industriais para as questões da prevenção da poluição e da implementação de tecnologias mais limpas como forma de promoção da sua competitividade, demonstrando simultaneamente as vantagens de natureza técnica, ambiental e/ou económica resultantes da aplicação dessas tecnologias ou medidas de prevenção aos processos produtivos. Pretende-se assim, pôr à disposição do sector um guia prático, compreensível e adequado, que resuma as melhores práticas, medidas e tecnologias disponíveis e que sirva de referência para todos os agentes económicos ligados aos processos de Tratamentos de Superfície, constituindo o ponto de partida para a implementação do Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais, neste sector específico. Nesse sentido, são nele apontadas as principais medidas e tecnologias de prevenção, sendo efectuada uma breve descrição técnica e a avaliação dos benefícios que cada uma delas induz no processo produtivo, designadamente em termos económicos e de redução de resíduos. As avaliações são feitas em cada operação para um caso-exemplo hipotético, devendo ser julgadas a título meramente indicativo, uma vez que cada processo/operação industrial é um caso específico que necessita de avaliação autónoma. A execução deste guia envolveu um vasto trabalho de recolha e tratamento de informação, proveniente de várias fontes, com destaque para os dados e opiniões recolhidos junto das Associações e Empresas do sector, de entidades a ele ligadas, de fontes de informação oficiais, de pesquisas bibliográficas em bases nacionais e internacionais, bem como junto a diversos fornecedores de tecnologias e equipamentos. 2 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Importa ainda salientar, ao nível das emissões de poluentes, que foram considerados como objecto das acções aqui propostas, não só os resíduos gerados na actividade industrial, como também as águas residuais descarregadas. Efectivamente, estando este guia inserido no conjunto de documentos de um plano de prevenção de resíduos, poderia admitir-se que a prevenção da poluição aplicada às águas dos processos não fosse aqui incluída. Essa não foi no entanto a interpretação assumida, porque a redução da carga poluente nas águas residuais acaba por ter implicação na quantidade e/ou perigosidade das lamas geradas, devendo pois ser consideradas neste Guia. Quanto às emissões gasosas, estas ultrapassam, efectivamente, o âmbito deste trabalho. 3 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 2 CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR 2.1 ACTIVIDADES INDUSTRIAIS Os Tratamentos de Superfície constituem uma actividade de carácter horizontal, incluída praticamente em todos os sectores da Indústria Transformadora que utilizam metais (mas não só) no seu processo de fabrico. Os Tratamentos de Superfície têm especial relevância no sector da Metalurgia e Metalomecânica, constituindo mesmo a actividade principal de algumas das empresas nele incluídas, como é o caso das que executam uma ou mais actividades nas seguintes áreas: pintura, esmaltagem, metalização, plastificação, galvanização, zincagem, niquelagem, cobreagem, cadmiagem, estanhagem, latonagem, douragem, prateagem, platinagem, fosfatação, passivação crómica, anodização e lacagem de alumínio, entre outros. Para além da indústria Metalúrgica e Metalomecânica, há outros sectores que também recorrem frequente e diversificadamente aos Tratamentos de Superfície, como sejam os casos, por exemplo, dos sectores de Material Eléctrico e Electrónico e Marítimo, embora com menor relevância. A actividade dos Tratamentos de Superfície corresponde, de acordo com a Classificação das Actividades Económicas, à CAE nº 28 510 e engloba cerca de 210 empresas (segundo dados recolhidos pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade, referentes a 1997), estando excluídas deste grupo as empresas da Metalurgia e Metalomecânica que, apesar de efectuarem tratamentos de superfície, estes não constituem a sua actividade principal. É de salientar que os dados referentes aos resíduos provenientes desta actividade dentro do sector da Metalurgia e Metalomecânica, além de descritos no Capítulo 4 deste Guia, são também tratados no Guia Sectorial da Metalurgia e Metalomecânica. Parte das empresas de Tratamentos de Superfície são associadas da ANEMM (Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas Metalomecânicas), que congrega 850 empresas; da AIMMAP (Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal) com 900 empresas; e da APAL (Associação Portuguesa de Anodização e Lacagem), que representa 25 empresas. Estas Associações, quando consultadas sobre as discrepâncias entre os valores fornecidos pelo INE e pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade (MTS), consideram que os valores apresentados pelo INE não correspondem à realidade nacional, visto poderem incluir muitas empresas que, embora legalmente constituídas, não têm existência física no tecido produtivo. Deste modo, optou-se pelos dados do MTS os quais, face às opiniões recolhidas estão mais próximos da realidade. 4 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Assim, o universo da indústria Metalúrgica e Metalomecânica é, segundo os dados do Ministério do Trabalho e da Solidariedade de 1997, constituído por 8 125 empresas, incluindo as 210 empresas que dedicam a sua actividade principal exclusivamente aos Tratamentos de Superfície. 2.2 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA As 210 empresas, dedicadas exclusivamente aos Tratamentos de Superfície, encontram-se distribuídas geograficamente conforme se ilustra na Figura 1 (Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade, 1997). Madeira Açores Região Algarv e Alentejo Lisboa e Vale do Tejo Centro Norte 0 10 20 30 40 50 Emp resas (%) Figura 1 - Distribuição geográfica das empresas do sector dos Tratamentos de Superfície. Deste modo, verifica-se no que concerne à distribuição geográfica das empresas do sector dos Tratamentos de Superfície, não haver qualquer registo desta actividade (em exclusivo) nas regiões do Alentejo, da Madeira e dos Açores, embora existam empresas metalúrgicas e metalomecânicas que possam levar a cabo este tipo de tratamentos. A região Norte é a que apresenta maior incidência de empresas do sector, com cerca de 50% do total de empresas existentes, seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo, com quase 35% das empresas. As regiões Centro e do Algarve, em conjunto, representam menos de 20% do total de empresas existentes. 5 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 2.3 ESTRUTURA DE EMPREGO A totalidade dos trabalhadores do sector dos Tratamentos de Superfície, para as 210 empresas consideradas, ascende a 3 515 efectivos (Ministério do Trabalho e da Solidariedade, 1997), verificando-se também que cerca de 93% das empresas empregam menos de 50 trabalhadores. Na Figura 2 encontra-se esquematizada a distribuição das empresas por escalão de trabalhadores. Pode constatar-se que, a grande maioria das empresas (60%) são de pequena dimensão, empregando menos de 9 trabalhadores. O escalão seguinte, de maior incidência nas empresas do sector, é o de 20-49 trabalhadores, no entanto, com uma preponderância percentual inferior a 20%. De notar que não há registo de empresas de grande dimensão, sendo as maiores detentoras de menos de 499 efectivos. A distribuição percentual das empresas nos escalões de 100-199 e de 200-499 trabalhadores é também muito reduzida, enquadrando, mesmo cumulativamente, menos de 5% do total de trabalhadores do sector. > 500 Escalão de Trabalhadores 200-499 100-199 50-99 20-49 10-19 1-9 0 10 20 30 40 50 60 70 Em p resas (%) Figura 2 - Distribuição das empresas por escalões de trabalhadores dentro do sector dos Tratamentos de Superfície. 6 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Se se proceder a uma análise em termos da fracção de mão de obra por escalão de trabalhadores verifica-se, como se pode observar na Figura 3, que o maior número de trabalhadores ao serviço se concentra em empresas situadas no escalão de 20-49 efectivos, contabilizando um total de cerca de 35%. Os seguintes escalões onde há maior incidência de trabalhadores são os de 1-9 e de 50-99 trabalhadores, com uma distribuição percentual respectivamente de 15% e 20%. > 500 Escalão de Trabalhadores 200-499 100-199 50-99 20-49 10-19 1-9 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Trabalhadores (%) Figura 3 - Distribuição percentual dos trabalhadores por escalão de pessoal ao serviço no sector dos Tratamentos de Superfície. 2.4 VOLUME DE NEGÓCIOS O volume de negócios realizado pelo sector dos Tratamentos de Superfície, de acordo com dados recolhidos pelo INE em 1997 (baseados num total de 260 empresas), totaliza cerca de 29 milhões de contos. As empresas localizadas na região de Lisboa e Vale do Tejo são responsáveis por cerca de 60% do total do volume de negócios realizado pelo sector naquele ano, tal como se pode observar na Figura 4, quase duplicando os valores gerados pelas empresas situadas nas regiões Norte e Centro. A região Algarvia tem muito pouca significância em termos de contribuição para o volume de negócios realizado em 1997. 7 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Região Algarve Lisboa e Vale do Tejo Centro Norte 0 10 20 30 40 50 60 Volume de negócios (%) Figura 4 - Valor percentual do volume de negócios por região. Por outro lado, se se proceder ao mesmo tipo de análise, mas relativamente aos escalões de trabalhadores, verifica-se (vd. Figura 5) que o maior volume de negócios ocorre em empresas empregando entre 20 e 49 trabalhadores, as quais são responsáveis por quase 40% do total de negócios produzido. O volume de negócios das empresas incluídas nos escalões 50-99 e 1-9 trabalhadores, em conjunto representa cerca de 35% do total gerado no sector, distribuído quase equitativamente por ambos os escalões. Escalão de Trabalhadores 50-99 20-49 10-19 1-9 0 10 20 30 40 Volume de Negócio s (%) Figura 5 - Valor percentual do volume de negócios por escalão de trabalhadores. 8 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 3 PROCESSO PRODUTIVO Definem-se como Tratamentos de Superfície um conjunto de processos e métodos físicoquímicos aplicados a peças metálicas e eventualmente a não metálicas, destinados a conferirlhes certas propriedades superficiais, tais como, durabilidade, resistência, protecção, aspecto estético, entre outras, adequadas a uma determinada função. Os Tratamento de Superfície podem conferir a um determinado material uma série de propriedades superficiais diferentes das suas propriedades originais, tais como: - propriedades decorativas; - propriedades de protecção contra a corrosão; - propriedades de resistência à oxidação a altas temperaturas; - propriedades de resistência à luz; - propriedades mecânicas (resistência à fadiga, ductilidade, dureza, etc.); - propriedades de resistência ao uso (abrasão, aderência, corrosão, etc.); - propriedades eléctricas; - propriedades térmicas; - propriedades ópticas; - propriedades magnéticas. As propriedades de uma camada superficial dependem não só da sua composição química, mas também das suas características físicas (estrutura e morfologia) e da sua espessura, as quais dependem, por sua vez, do processo através do qual a camada foi obtida. As camadas superficiais induzidas pelos Tratamentos de Superfície podem ser metálicas, cerâmicas, salinas e orgânicas. Os Tratamentos de Superfície podem utilizar processos físicos (mecânicos, térmicos e eléctricos), físicos e químicos ou apenas químicos, em que o material pode ser tratado em fase sólida, líquida ou gasosa. No entanto, os diferentes tratamentos não podem ser aplicados a qualquer tipo de material, ou seja, um material frágil não pode suportar um processo mecânico, um material não condutor não reage face a um processo eléctrico e um material poroso não pode geralmente ser tratado em fase líquida devido ao aprisionamento de soluções agressivas nos seus poros, nem em fase gasosa sob vácuo devido à retenção de moléculas gasosas. 9 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Em termos gerais, os processos dos Tratamentos de Superfície podem ser divididos em quatro grandes grupos: - Preparação de superfícies; - Revestimentos; - Tratamentos de conversão; - Transformações estruturais. A Preparação das superfícies é obrigatória em todos os casos em que as peças sejam submetidas a qualquer tipo de tratamento posterior. As operações correspondentes (como, por exemplo, o desengorduramento e/ou a decapagem) são praticadas quando se pretende remover camadas de sujidade, matéria orgânica ou óxidos metálicos, de modo a melhorar o contacto entre a superfície da peça e o seu posterior revestimento; ou uma transformação subsequente (como o polimento); quando se pretende reduzir a rugosidade da peça a tratar para melhorar, por exemplo, as características dum depósito posterior; ou ainda, quando se pretende proteger a peça entre as etapas de fabrico distintas (anteriores ao tratamento de superfície propriamente dito), o que se faz protegendo-a com um revestimento de um filme adequado, geralmente de plástico (protecção temporária). Na preparação das superfícies são utilizados métodos físicos, químicos e electroquímicos ou mistos para se conseguir atingir as características adequadas ao sucesso dos tratamentos posteriores. Nos Revestimentos, o material a depositar não reage quimicamente, ou reage pouco com o material de que a peça é constituída, a qual não sofre, por isso, modificações estruturais apreciáveis. Os revestimentos podem ser obtidos por via térmica, por via mecânica, por imersão ou projecção de um material diluído num solvente, por via química, por via electrolítica ou por deposição física e química em fase vapor. Nos Tratamentos de conversão há uma transformação físico-química da camada superficial da peça, podendo haver modificações estruturais ou não, conforme a conversão seja mais ou menos difusa. As camadas de conversão obtêm-se por via química ou electroquímica, por tratamento termoquímico em meio sólido, líquido ou gasoso, e por imersão em meio fundido. Nas Transformações estruturais, a peça sofre alterações estruturais à superfície, as quais são geralmente induzidas por tratamento mecânico, térmico e por implantação iónica. Estes 4 grandes grupos de podem ser esquematizados conforme se apresenta na Figura 6. 10 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Lixagem Polimento Preparação de Superfícies Desengorduramento Decapagem Satinagem Protecções Temporárias Metálicos, Cerâmicos ou Orgânicos, por Projecção de materiais sólidos (Metalização, Esmaltagem, Pintura electrostática, Plastificação) Metálicos, por via Mecânica (Galvanização mecânica) Cerâmicos ou Orgânicos, por Imersão em Tintas Líquidas ou Esmaltes (Pintura, Esmaltagem) Cerâmicos ou Orgânicos, por Projecção de Tintas Líquidas ou Esmaltes (Pintura, Esmaltagem) Revestimentos Metálicos, por via Electroless (Niquelagem, Cobreagem, Platinagem, Cobreagem, Prateagem, Douragem) Metálicos, Cerâmicos ou Orgânicos, por via Electrolítica (Pintura cataforética, Esmaltagem electroforética, Cromagem, Niquelagem, Zincagem, Cadmiagem, Cobreagem, Douragem, Prateagem, Estanhagem, Latonagem) Metálicos, Cerâmicos ou Plásticos, por Deposição Física em Fase de Vapor (PVD, Evaporação a vácuo, Pulverização catódica, Deposição iónica) Metálicos, Cerâmicos ou Plásticos, por Deposição Química em Fase de Vapor (CVD, PECVD) Por via Química (Fosfatação, Cromatação, Passivação Crómica, Coloração) Por via Electrolítica (Anodização, Oxidação Anódica) Por Difusão: Tratamento Termoquímico em Fase Sólida (Cementação, Nitruração, Carbonitruração) Conversões Por Difusão: Tratamento Termoquímico em Fase Gasosa (Cementação, Nitruração gasosa ou iónica, Carburação gasosa ou iónica, Carbonitruração, Nitrocarburação, Sulfocarbonitruração, Sulfuração iónica) Por Difusão: Tratamento Termoelectroquímico em Fase Líquida ou Pastosa (Cementação, Nitruração, Carbonitruração, Sulfuração) Por Difusão: Imersão (Galvanização, Estanhagem, com Chumbo, com Alumínio) Por Tratamento Mecânico Superficial (Granalhagem) Transformações Estruturais Por Tratamento Térmico Superficial (Têmpera: com chama, indução, plasma, laser) Por Implantação Iónica Acabamentos Colmatagem Figura 6 - Diagrama geral dos processos envolvidos nos Tratamentos de Superfície. 11 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 3.1 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DE SUPERFÍCIES Lixagem É uma operação integrada no início do processo de tratamento, quando da preparação da superfície da peça. Os métodos utilizados são mecânicos, podendo ser efectuados com lixa ou com escovas. A lixagem tem como objectivo desbastar a peça ou conferir-lhe um aspecto ou rugosidade determinada, sendo usualmente seguida duma operação de polimento para afinação. Esta operação decorre segundo o esquema indicado na Figura 7. Lixas ou Escovas Água Peças Lixagem Peças lixadas Lixas ou escovas usadas Lamas de lixagem Figura 7 – Esquema representativo da operação de lixagem com identificação das principais entradas e saídas de materiais. Polimento Esta operação, semelhante à lixagem, está também integrada no início do processo de tratamento, podendo ser precedida por esta. Em certos casos pode também constituir uma operação de acabamento. Os métodos utilizados poderão ser mecânicos, químicos, electroquímicos e mistos, destinando-se a desbastar a peça e/ou: (i) diminuir a rugosidade superficial; (ii) melhorar as propriedades para uma função específica; e, (iii) dar brilho, como no caso dos aços inoxidáveis. Na Figura 8 apresenta-se um esquema exemplificativo duma operação de polimento com cones abrasivos. 12 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Água Detergentes Cones abrasivos Peças Peças polidas Polimento Água contaminada Lamas de polimento Figura 8 – Esquema representativo duma operação de polimento com cones abrasivos com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Desengorduramento Esta operação tem como objectivo retirar toda a gordura ou óleo existente na peça. Pode ser levada a cabo com métodos químicos ou electroquímicos, utilizando solventes orgânicos (clorados ou não), em fase líquida ou em fase vapor, ou soluções aquosas contendo sais alcalinos, produtos molhantes e aditivos. Os sistemas orgânicos podem trabalhar em circuito fechado com recuperação de solvente. Nos sistemas de desengorduramento em fase aquosa, são geradas grandes quantidades de resíduos líquidos carregados de contaminantes minerais e orgânicos susceptíveis de reutilização parcial, após tratamento para separação dos constituintes indesejáveis. O desengorduramento precede obrigatoriamente a decapagem ácida ou alcalina. A título exemplificativo apresenta-se na Figura 9 um diagrama esquemático do desengorduramento electrolítico. Corrente eléctrica Solução aquosa alcalina com molhantes e complexantes Peças Desengorduramento Electrolítico Água Lavagem Peças desengorduradas Solução aquosa com molhantes e complexantes e resíduos de óleos e gorduras Figura 9 – Esquema representativo duma operação de desengorduramento electrolítico com indicação das principais entradas e saídas de materiais. 13 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Decapagem A decapagem visa eliminar as camadas de óxidos presentes na superfície das peças, de modo a que a posterior deposição de material constitua uma camada perfeitamente aderente e homogénea. Pode efectuar-se por via mecânica (por jacto de areia ou de granalha), por via electroquímica (catódica, anódica e por corrente alterna) e por via química, a mais vulgarizada. A decapagem por acção química é, usualmente, utilizada nos aços e no cobre, sendo efectuada com ácidos sulfúrico, clorídrico ou nítrico. A decapagem do alumínio é realizada em meio alcalino com soda cáustica. A acetinagem ou satinagem é um tipo de decapagem química com soda, aplicada ao alumínio com finalidades estéticas; visando eliminar os defeitos de extrusão ou de laminagem, e/ou conferir à superfície um aspecto mate. As operações de decapagem são responsáveis por grande parte das lamas e resíduos líquidos, ácidos e alcalinos gerados nos processos de tratamentos de superfície. Na Figura 10 apresenta-se um exemplo esquemático da decapagem química. Solução ácida ou alcalina com produtos orgânicos (inibidores de corrosão) Peças Decapagem Química Água Lavagem Peças decapadas Solução ácida ou alcalina com produtos orgânicos e metais dissolvidos Lamas Figura 10 – Esquema representativo duma operação de decapagem química com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Protecções temporárias As protecções temporárias visam proteger as peças contra a corrosão, abrasão, rasuras, etc., quando há necessidade de se proceder ao seu armazenamento, transporte ou simples manipulação entre etapas de fabrico distintas. A protecção é retirada quando a peça chega ao seu destino. São operações levadas a cabo, geralmente no início dos processos de tratamento e, na maioria dos casos, entre as fases de preparação e o restante processo de tratamento. Os materiais utilizados neste tipo de protecção são aplicados sob a forma de filme, com pincel, por pulverização ou por imersão, podendo ser de vários tipos, tais como: óleos, solventes orgânicos ou aquosos, gorduras, ceras, vernizes e filmes plastificados auto ou termoadesivos. Apresentase na Figura 11 um exemplo esquemático da aplicação duma protecção temporária com filme plástico autoadesivo. 14 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Filme plástico autoadesivo Peças Protecção Peças protegida Aparas plásticas Figura 11 – Esquema representativo duma protecção temporária com filme plástico autoadesivo com indicação das principais entradas e saídas de materiais. 3.2 MÉTODOS DE REVESTIMENTO Revestimentos por projecção de materias sólidos (pós ou outros) Este tipo de revestimentos pode ser realizado de duas formas distintas: a) O material do revestimento em pó (orgânico ou cerâmico) é projectado à pistola sobre a peça que pode ser aquecida previamente ou após a projecção, formando-se o filme pretendido, geralmente por polimerização. Como exemplos deste tipo de operações podem referir-se a pintura electrostática a pó, a plastificação e a esmaltagem a pó. A primeira encontra-se bastante difundida no nosso País, nomeadamente na lacagem de alumínio. b) O material de revestimento na forma sólida (metálico, cerâmico ou orgânico) é levado à sua temperatura de fusão e projectado sobre a peça por pistola de chama, por arco eléctrico ou por plasma. Encontram-se neste caso, os processos de Metalização, entre outros. Na Figura 12 exemplifica-se esquematicamente uma operação de esmaltagem por projecção de pós. Esmalte em pó Peça Projecção Perdas por overspray Figura 12 – Esquema representativo duma operação de esmaltagem a pó com indicação das principais entradas e saídas de materiais. 15 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Revestimentos por via mecânica Neste tipo de revestimentos, o material metálico na forma de pó, é introduzido num tambor rotativo com esferas de vidro e uma solução de activação, obtendo-se, assim, o revestimento a frio. Na Figura 13 exemplifica-se este processo para a Zincagerm mecânica. Esferas de vidro Solução de activação Zinco em pó Peças Zincagem mecânica Peças zincadas Solução de activação com resíduos metálicos Figura 13 – Esquema representativo duma operação de zincagem mecânica com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Revestimentos por imersão em tintas líquidas ou esmaltes O material do revestimento, cerâmico ou orgânico, após diluição num determinado solvente (aquoso ou orgânico), deposita-se sobre a peça em imersão. O solvente é posteriormente evaporado por via térmica, formando-se a camada definitiva. Encontram-se neste caso a Esmaltagem e a Pintura com tinta líquida por imersão (vd. Figura 14). Perdas por evaporação Peças Peças pintadas Limpeza do tanque Tinta líquida Secagem Resíduo líquido de limpeza Figura 14 – Esquema representativo duma operação de pintura com tinta líquida por imersão com indicação das principais entradas e saídas de materiais. 16 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Revestimentos por pulverização de tintas líquidas ou esmaltes O material do revestimento é diluído num solvente orgânico ou em água e é pulverizado à pistola sobre a peça. Esta é em seguida sujeita ou não a um aquecimento, dando-se a evaporação do solvente e a formação do filme. A camada formada pode ser orgânica ou cerâmica. São exemplos da aplicação desta técnica a Esmaltagem e a Pintura líquidas por projecção. Na Figura 15 apresenta-se um esquema exemplificativo duma operação de pintura com tinta líquida por pulverização. Perdas por evaporação Tinta líquida Peças pintadas Peça Projecção Secagem Perdas por overspray Figura 15 – Esquema representativo duma operação de pintura com tinta líquida por pulverização com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Revestimentos metálicos por via Electroless O elemento constituinte do revestimento, inicialmente dissolvido e ionizado no banho, sofre uma reacção de redução, o que leva à sua deposição na superfície da peça no estado metálico. Esta reacção pode ocorrer por dois mecanismos distintos: a) Por oxidação do metal que constitui a peça, menos nobre que o metal do revestimento em solução, que se reduz. Assim que a superfície da peça fique coberta pelo metal do revestimento, a reacção pára, sendo a espessura da camada depositada em geral muito fina; e, b) Por oxidação de um redutor presente em solução, sendo que a redução se faz sobre uma superfície com propriedades catalíticas próprias ou adquiridas. Se o metal do revestimento for níquel, platina, cobre, prata ou ouro, a reacção continua, obtendo-se espessuras superiores ao caso anterior. Pode encontrar-se este processo de revestimento em linhas de Cobreagem, Douragem, Niquelagem, Platinagem ou Prateagem. Apresenta-se na Figura 16 um exemplo de um processotipo de Niquelagem via electroless. De notar que as operações de desengorduramento e de 17 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície lavagem indicadas na Figura 16 se podem referir a uma ou a um grupo de operações da mesma natureza. Corrente eléctrica Solução aquosa alcalina com molhantes e complexantes Peças Desengorduramento electrolítico Solução aquosa com molhantes e complexantes e resíduos de óleos e gorduras Lavagem secagem Lavagem a quente com água desmineralizada Água contaminada Figura 16 – Água Desoxidação Lavagem Ácido Aditivos Activação Água contaminada Água contaminada Água desmineralizada Peças niqueladas Ácido Aditivos Água Água Lavagem Sais de níquel Aditivos Deposição de níquel Água contaminada Água Lavagem Água contaminada Diagrama representativo dum processo de niquelagem via electroless com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Revestimentos por via electrolítica O material do revestimento, que pode ser metálico, cerâmico e orgânico, está inicialmente dissolvido no banho. Pela aplicação de uma corrente eléctrica exterior dá-se uma reacção electroquímica à superfície da peça (que funciona como cátodo nos revestimentos metálicos e orgânicos e como ânodo nos cerâmicos), proporcionando-se assim a deposição do material de revestimento. Os revestimentos electrolíticos são os mais relevantes em Portugal, ocorrendo frequentemente no caso dos revestimentos metálicos em processos de Niquelagem, Cromagem, Cobreagem, Zincagem, Douragem, Estanhagem, Latonagem, Prateagem ou Cadmiagem; em processos de Pintura Cataforética, quando o revestimento é orgânico; e em processos de Esmaltagem Electroforética, em revestimentos cerâmicos. Dada a importância destes tipos de revestimento no sector dos Tratamentos de Superfície, apresentam-se nas Figuras 17 a 19 alguns esquemas típicos, exemplificativos de processos que incorporam revestimentos por via electrolítica. De salientar que, tanto as operações de desengorduramento, como as de lavagem, se podem referir a uma ou a um grupo de operações da mesma natureza. 18 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Corrente eléctrica Solução aquosa alcalina Aditivos Peças Solução aquosa alcalina Aditivos Água Desengorduramento electrolítico Lavagem Água contaminada Solução aquosa Aditivos Resíduos de óleos e gorduras Água desmineralizada Peças cromadas Secagem Lavagem a quente com Água desmineralizada Ácido Aditivos Água Activação de níquel Lavagem Água contaminada Solução aquosa Aditivos Resíduos de óleos e gorduras Corrente Corrente eléctrica eléctrica Sais de crómio Ácido Aditivos Aditivos Água Lavagem Deposição de crómio Água Activação de crómio Água contaminada Lavagem Corrente eléctrica Sais de níquel Aditivos Deposição de níquel Água contaminada Água desmineralizada Água Lavagem Lavagem com água desmineralizada Água contaminada Água contaminada Água contaminada Figura 17 – Diagrama representativo duma linha de níquel/crómio dum processo electrolítico de revestimento de torneiras. 19 19 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Desengorduramento químico Corrente eléctrica PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Zincagem Ácida Corrente eléctrica Peças Desengorduramento químico Lv Solução de ácido clorídrico Decapagem química Água contaminada Solução alcalina Aditivos Resíduos de óleos e gorduras Solução aquosa alcalina com molhantes e Água complexantes Água Lv Desengorduramento electrolítico Água contaminada Lv Solução de ácido clorídrico Activação/ neutralização Água contaminada Corrente eléctrica Água Lv Água Zincagem ácida Zincagem Água contaminada Solução aquosa com molhantes e complexantes e resíduos de óleos e gorduras Lv Passivação Água contaminada Corrente eléctrica Zincagem alcalina não cianurada Legenda: Lv Lavagem Zincagem Alcalina Não-Cianurada Figura 18 – Diagrama representativo dum processo de zincagem via electrolítica, focando dois tipos distintos: zincagem ácida e zincagem alcalina não-cianurada. 20 20 Peças zincadas PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Solução alcalina com soda Aditivos Água PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Corrente eléctrica Solventes orgânicos Desengorduramento com solventes Activação Solventes orgânicos Resíduos de óleos e gorduras Água Lavagem Ácido Aditivos Água Estanhagem Água contaminada lavagem Abrilhantamento Solventes orgânicos Desengorduramento com solventes Solventes orgânicos Resíduos de óleos e gorduras Água contaminada Figura 19 – Diagrama representativo dum processo de estanhagem via electrolítica. 21 21 Peças estanhadas PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Peças Ácido clorídrico Ácido nítrico PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Revestimentos por deposição física em fase vapor Os processos de deposição física em fase vapor utilizam diferentes técnicas que permitem realizar um revestimento sob uma pressão reduzida e a uma temperatura relativamente moderada (50 a 500ºC). O principal constituinte do material do revestimento, que pode ser metálico, cerâmico ou plástico, encontra-se na forma sólida sendo vaporizado, ionizado e projectado sobre a peça, que pode estar polarizada ou não, após reacção ou não com gás ionizado. A natureza do gás depende do tipo de revestimento que se pretende obter. São chamados processos PVD (deposição física em fase vapor), designadamente a Deposição Iónica, a Vaporização em Vácuo, a Pulverização Catódica e a Evaporação por Arco. Revestimentos por deposição química em fase vapor Neste tipo de deposição, um composto volátil do material a depositar (metálico, cerâmico ou plástico), é posto em contacto com outro gás na vizinhança da peça ou em contacto directo com esta, de modo a provocar uma reacção química. A energia de activação necessária para desencadear a reacção é fornecida quer pela peça (aquecida entre 600ºC a 1050ºC) quer por um plasma (quando a temperatura de trabalho tiver de ser inferior a 400ºC). Exemplos deste tipo de revestimentos são a Deposição Química em Fase Vapor (CVD) e a Deposição Química em Vapor Assistida por Plasma (PECVD). 3.3 MÉTODOS DE CONVERSÃO Conversão por via química A peça a tratar é mergulhada num banho apropriado que a ataca superficialmente, formando-se a camada de conversão. O banho é quimicamente agressivo e contém geralmente fosfatos, cromatos ou outros sais e ácidos, formando à superfície da peça metálica uma camada protectora que pode ser constituída por um composto químico salino (fosfatos ou cromatos), ou por compostos cerâmicos (óxidos). Os processos de Coloração e Cromatação do alumínio (vd. Figura 11), bem como os da Fosfatação e da Passivação Crómica são conversões por via química. Estas três últimas operações ocorrem frequentemente em processos de pintura electrostática a pó, na fase de preparação das peças, designadamente em lacagem de alumínio. O diagrama deste processo de fabrico apresenta-se na Figura 20. 22 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Solução ácida / alcalina Aditivos Peças Desengorduramento químico Água Solução ácida /alcalina Aditivos Água Desoxidação Lavagem Lavagem Água contaminada Solução aquosa Aditivos Resíduos de óleos e gorduras Cromatação Água contaminada Sol. Aquosa Aditivos Resíduos sólidos Tinta em pó Água Peças pintadas Polimerização Pintura electrostática a pó Perdas por overspray Secagem Lavagem Água contaminada Figura 20 – Esquema representativo dum processo de lacagem de alumínio, incluindo a operação de cromatação. Conversão por via electrolítica Nesta técnica, as peças a tratar funcionam como o ânodo de uma célula electroquímica, oxidando-se superficialmente durante a passagem de corrente. O electrólito participa na reacção, dando origem a um óxido ou a um hidróxido do metal constituinte da peça, formando-se uma camada protectora à sua superfície e ocorrendo, simultaneamente, a dissolução do metal no banho. A nova superfície formada é cerâmica (óxido). São exemplos desta técnica de conversão os processos de Anodização e Oxidação Anódica, particularmente do alumínio. Na Figura 21 apresenta-se um diagrama típico representativo de um processo de anodização de alumínio. 23 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Solução aquosa alcalina Aditivos Peças Água Desengorduramento químico Solução alcalina com soda Lavagem Decapagem Água contaminada Solução aquosa Aditivos Resíduos de óleos e gorduras Corrente eléctrica Água Aditivos Peças anodizadas Colmatagem lavagem Água Lavagem Aditivos Solução alcalina com soda Satinagem Água contaminada Sulfato de estanho Aditivos Água Coloração electrolítica Água contaminada Água Ácido Aditivos Lavagem Neutralização Água contaminada Corrente eléctrica Lavagem Ácido sulfúrico Anodização Água contaminada Água Lavagem Água contaminada Figura 21 – Diagrama representativo dum processo de anodização. Conversão por difusão: Tratamento termoquímico em fase sólida A peça metálica a tratar é posta em contacto com o material em pó que contém o elemento a difundir numa atmosfera inerte ou redutora, à pressão atmosférica ou sob vácuo parcial. O material difunde-se na peça e reage parcialmente com ela sob o efeito da temperatura. A superfície convertida pode ser metálica ou cerâmica. Exemplos deste tipo de conversão são a Cementação, a Nitruração e a Carbonitruração. Conversão por difusão: Imersão A peça metálica é posta em contacto com o material metálico que induz a conversão e que se encontra no estado líquido. Sob o efeito do calor, o material difunde-se na peça, reagindo com ela. São exemplos deste tipo de conversão as operações de Galvanização, Estanhagem com Chumbo e Estanhagem com Alumínio. Conversão por difusão: Tratamento termoquímico em fase líquida ou pastosa A peça metálica é introduzida num banho de sais fundidos que contém os sais do elemento a difundir e fundentes. Sob o efeito da temperatura, o elemento difunde-se na peça e reage parcialmente com ela. A superfície formada é cerâmica. Como exemplos deste tipo de tratamento podem apontar-se a Cementação, a Nitruração, a Carbonitruração e a Sulfuração. 24 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Conversão por difusão: Tratamento termoquímico em fase gasosa A peça metálica é posta em contacto com um meio gasoso, contendo o elemento a difundir. Sob o efeito do calor, o elemento difunde-se na peça e reage parcialmente com ela. A nova superfície é cerâmica. Operações que ocorrem neste tipo de tratamento são, designadamente, a Cementação, a Nitruração Gasosa ou Iónica, a Carburação Gasosa ou Iónica, a Carbonitruração, a Sulfocarbonitruração e a Sulfuração Iónica. 3.4 MÉTODOS DE TRANSFORMAÇÃO ESTRUTURAL Transformações estruturais por tratamento mecânico superficial Neste tipo de transformação, a camada superficial da peça é deformada plasticamente. Esta mudança é devida ao endurecimento a frio resultante da projecção de granalha sobre a peça em condições estritamente controladas. Exemplo de obtenção deste tipo de transformação é aquela que é obtida através da Granalhagem. Transformações estruturais por tratamento térmico superficial A peça (metálica ou plástica) é aquecida superficialmente por chama, indução, plasma ou laser, o que modifica a sua estrutura e eventualmente a sua composição. Após se dar a transformação, a nova estrutura é fixada por meio de um arrefecimento muito rápido - têmpera. Incluem-se neste tipo de transformação, as operações de Têmpera efectuadas com Chama, por Indução, com Plasma ou com Laser. Transformações estruturais por implantação iónica A substânicia que induz a transformação pode ser um metal vaporizado ou um elemento não metálico no estado gasoso. É ionizada na fonte de ionização, acelerada por um campo eléctrico e implantada na peça, que pode ser metálica, cerâmica e plástica. Esta sofre modificações estruturais por reacção com o material de implante. São exemplos de transformações estruturais, a implantação de crómio e de cobalto para melhoria das propriedades mecânicas e anticorrosivas de peças metálicas. 25 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 4 RESÍDUOS INDUSTRIAIS O sector dos Tratamentos de Superfície é um sector fortemente gerador de resíduos, dadas as características dos seus diversos processos produtivos. Estes processos envolvem, na sua grande maioria, a utilização de banhos concentrados (de desengorduramento, de deposição e outros), que sofrem arrastes significativos para as águas de lavagem subsequentes. Originam, assim, grandes quantidades de resíduos e efluentes líquidos com elevadas concentrações em óleos e gorduras, compostos metálicos, ácidos, bases, aditivos vários, cianetos e outros, dando origem ainda, em certos casos, a lamas metálicas. No caso de existirem tratamentos de fim de linha, são também geradas nas ETAR’s elevadas quantidades de lamas do tipo coloidal, de difícil desidratação, que concentram a maior parte da poluição gerada no processo. Por outro lado, o facto dos tratamentos se efectuarem, ainda frequentemente, com o recurso à utilização de compostos nocivos, como sejam os solventes halogenados em operações de desengorduramento e os compostos à base de crómio ou de cianetos em banhos de deposição, faz com que muitos dos efluentes e resíduos produzidos neste sector tenham características de elevada perigosidade. Acresce o facto da maioria das empresas ser de pequena dimensão (60% com menos de 10 trabalhadores), o que configura uma dispersão desses resíduos e, portanto, uma gestão mais problemática, com as implicações económicas e ambientais que daí decorrem. Em termos qualitativos, os resíduos industriais produzidos por este sector podem classificar-se em três grandes grupos: ! Resíduos sólidos – resultantes, essencialmente de operações de tratamento mecânico, como o polimento, a lixagem, a decapagem mecânica, e da pulverização de materiais em pó (pintura e esmaltagem). Referem-se, na sua grande maioria, a poeiras constituídas por partículas metálicas, cerâmicas e orgânicas. São resíduos não-perigosos, alguns deles passíveis de reciclagem e/ou recuperação, apresentando como destino final mais comum a deposição em aterro controlado. ! Resíduos líquidos – provenientes dos tratamentos químicos e electroquímicos, englobam os banhos concentrados e os banhos de escorrimento. São normalmente resíduos líquidos fortemente agressivos, constituídos por ácidos ou bases fortes, podendo ainda conter compostos de maior ou menor nocividade, como sejam óleos e gorduras, diversos metais (incluindo o crómio), cianetos, solventes, etc.. Alguns são classificados, segundo o CER (Catálogo Europeu de Resíduos – Portaria nº 818/97, de 5 de Setembro), como Resíduos Perigosos. Alguns destes banhos apresentam elevados potenciais de recirculação, como sejam os banhos de desengorduramento. O destino final mais usual dos banhos concentrados (cerca de 90%) é a sua condução a ETAR para tratamento, resultando 26 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície daí a produção de lamas. Quando não existe ETAR, estes resíduos são normalmente canalizados para operadores licenciados de resíduos industriais, para tratamento posterior em unidades próprias, geralmente localizadas fora do País (nomeadamente no caso dos perigosos). As águas de lavagem associadas aos vários tratamentos de superfície apresentam um elevado potencial de prevenção, mas, uma vez que são águas residuais, não são contabilizadas como resíduos. ! Resíduos semi-sólidos ou pastosos – resultam principalmente das lamas formadas em algumas operações, como o polimento, a fosfatação ou a satinagem, e das lamas de ETAR podendo ou não, segundo o CER, encontrar-se na gama dos resíduos considerados como Perigosos. São os mais produzidos, tendo como destino final mais habitual a deposição em aterro controlado, também geralmente fora do País (através do recurso a operadores de resíduos industriais licenciados). 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS PRODUZIDOS Dadas as particularidades do sector dos Tratamentos de Superfície e, também, devido à falta de dados quantitativos no que respeita à produção de resíduos, este é um sector de difícil caracterização. Para conseguir tal caracterização, para além das pesquisas bibliográficas (que contribuíram significativamente para a identificação dos resíduos produzidos), foram tomadas as seguintes acções: " Consulta das Associações industriais do sector: ANEMM (Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas Metalomecânicas), AIMMAP (Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal) e APAL (Associação Portuguesa de Anodização e Lacagem); " Consulta dos Mapas de Registo de Resíduos Industriais; " Envio de questionários a todas as empresas filiadas ou não nas associações anteriormente referidas; " Visitas a diversas empresas. 27 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Os mapas de registo de resíduos entregues no Instituto de Resíduos referentes a 1998, representam apenas 19% do total possível para o sector. Quanto aos questionários enviados, a percentagem de respostas foi de 24%, que sendo baixa, se pode considerar como razoável face aos constrangimentos havidos. Excepção feita às empresas de anodização e lacagem associadas da APAL, onde se verificou uma percentagem de respostas bastante superior (65%). De facto, as circunstâncias temporais em que o inquérito foi lançado (coincidência com questionários semelhantes emitidos por outras entidades, férias do pessoal, encerramento das fábricas no Verão e reduzido tempo para a resposta) não foram as mais favoráveis. Dispondo dos dados atrás referidos, foi efectuada uma estimativa da quantidade de resíduos gerados pelo sector dos Tratamentos de Superfície, usando a seguinte metodologia: a) De entre as 210 empresas existentes no sector (de acordo com dados de 1997 do Ministério do Trabalho e da Solidariedade), tomou-se como amostra-base para estimar a quantidade de resíduos produzida no sector, o conjunto constituído pelas empresas que responderam aos questionários enviados, pelas que preencheram os mapas de registo de resíduos industriais e ainda pelas que foram visitadas; b) A extrapolação a partir da amostra-base foi feita partindo dos seguintes pressupostos: - Equivalência na produção de resíduos em processos de fabrico semelhantes - Existência de uma relação directa entre o número de trabalhadores e a quantidade de resíduos produzida por processos de fabrico semelhantes em unidades industriais pertencentes ao mesmo escalão de trabalhadores No Quadro 1 relacionam-se os resíduos produzidos com as operações/processos que os geram. O Quadro contém ainda, para cada resíduo, a sua classificação CER, bem como a indicação da sua perigosidade, neste caso traduzida na cor vermelha atribuída aos resíduos considerados como Perigosos. 28 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 1 Correlação dos resíduos produzidos com a operação que os gera. Processo Operação Desengorduramento em fase orgânica Resíduos Produzidos Solventes usados contaminados com óleos, gorduras e partículas abrasivas Lamas contendo solventes Desengorduramento químico ácido ou alcalino: Desengorduramento electrolítico: Decapagem química ácida Preparação de Superfícies Decapagem química alcalina Decapagem mecânica Satinagem Stripping Revestimentos: Revestimentos por Projecção de Materiais Sólidos (pós ou outros) Revestimentos por via Mecânica Polimento químico ou electroquímico Polimento mecânico Lixagem Protecções temporárias com: - solventes orgânicos - solventes aquosos - gorduras - vernizes - filme plástico Metalização Projecção com plasma, com chama, por arco-eléctrico Esmaltagem por pulverização Pintura a pó electrostática (ex.: lacagem de alumínio) Plastificação Zincagem Mecânica (com zinco, cádmio ou estanho sobre aço) Resíduos líquidos ácidos ou alcalinos com óleos, gorduras e agentes molhantes, emulsionantes, adjuvantes, saponificantes e complexantes Lamas de ETAR com óleos e gorduras Resíduos líquidos alcalinos com óleos, gorduras e agentes molhantes, emulsionantes, adjuvantes, saponificantes e complexantes Lamas de ETAR com óleos e gorduras Resíduos líquidos ácidos de decapagem com metais Lamas de ETAR com hidróxidos metálicos Resíduos líquidos alcalinos de decapagem com metais Lamas de ETAR com hidróxidos metálicos Granalha usada Resíduos líquidos com Al e complexantes Lamas da satinagem com hidróxidos de alumínio Lamas de ETAR, com hidróxidos de alumínio Resíduos líquidos com metais, incluindo o crómio Resíduos líquidos com metais, sem crómio Lamas de ETAR com hidróxidos metálicos Resíduos líquidos com metais Lamas de ETAR Lamas de Polimento Lamas da lixagem Ceras e gorduras Solventes orgânicos ou aquosos Resíduos de filme plástico CER 14 01 01 14 01 02 14 01 03 14 01 04 14 01 05 14 01 06 14 01 07 11 01 04 19 08 04 11 01 04 19 08 04 11 01 05 19 08 04 11 01 04 19 08 04 12 02 01 11 01 04 11 01 04 19 08 04 11 01 03 11 01 04 19 08 04 11 01 04 19 08 04 12 02 03 12 02 02 12 01 12 12 01 99 12 01 05 Vernizes 08 01 01 08 01 02 08 01 03 08 01 05 Poeiras contendo zinco 11 04 01 Poeiras da projecção 11 04 01 Resíduos de esmalte em pó 08 02 01 Resíduos de tinta em pó 08 01 04 Resíduos de revestimentos em pó 08 02 01 Resíduos líquidos ácidos com metais 11 01 04 29 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 1 Correlação dos resíduos produzidos com a operação que os gera (cont.). Processo Operação Resíduos Produzidos Resíduos de tintas com solventes orgânicos Revestimentos por Imersão em Tintas Líquidas ou Esmaltes Pintura por imersão Esmaltagem por imersão Resíduos de tintas de base aquosa Tintas endurecidas Suspensões aquosas contendo materiais cerâmicos Lamas de ETAR contendo materiais cerâmicos Resíduos de tintas com solventes orgânicos Revestimentos por Pulverização de Tintas Líquidas ou Esmaltes Pintura líquida por pulverização Esmaltagem por projecção Revestimentos por via Electroless Niquelagem, Platinagem, Cobreagem, Prateagem, Douragem Pintura por cataforése Esmaltagem por electroforése Revestimentos por via Electrolítica Revestimentos por Deposição Física em Fase Vapor Revestimentos por Deposição Química em Fase Vapor Cromagem, Niquelagem, Zincagem (alcalina cianurada ou ácida), Cobreagem (alcalina cianurada ou ácida), Cadmiagem, Douragem, Prateagem, Estanhagem, Latonagem Resíduos de tintas de base aquosa Resíduos líquidos aquosos contendo tintas, da pintura com cortina de água Lamas da pintura com cortina de água Tintas endurecidas Lamas de ETAR, provenientes da pintura com cortina de água Suspensões aquosas contendo materiais cerâmicos Lamas aquosas contendo materiais cerâmicos Lamas de ETAR contendo materiais cerâmicos Resíduos líquidos, ácidos ou alcalinos, com metais Lamas de ETAR com hidróxidos metálicos Suspensões aquosas contendo tintas Lamas de ETAR Suspensões aquosas contendo materiais cerâmicos Lamas da ETAR Resíduos líquidos com crómio e, no caso de banhos com Cr (III), com sais condutores geralmente fluorados, agentes complexantes e agentes molhantes Resíduos líquidos alcalinos cianurados com sais de zinco e complexantes como EDTA e DTPA Resíduos líquidos alcalinos cianurados com sais de cobre e fluoretos Resíduos líquidos alcalinos cianurados com cobre e zinco Resíduos líquidos com metais Lamas de ETAR com hidróxidos metálicos PVD, Evaporação a vácuo, Pulverização catódica, Deposição iónica Sem produção de resíduos líquidos ou sólidos CVD, PECVD Sem produção de resíduos líquidos ou sólidos CER 08 01 01 08 01 02 08 01 03 08 01 05 08 02 03 19 08 04 08 01 01 08 01 02 08 01 03 08 01 10 08 01 08 08 01 05 19 08 04 08 02 03 08 02 02 19 08 04 11 01 04 19 08 04 08 01 10 19 08 04 08 02 02 19 08 04 11 01 03 11 01 01 11 01 01 11 01 01 11 01 04 19 08 04 30 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 1 Correlação dos resíduos produzidos com a operação que os gera (cont.). Processo Operação Fosfatação Conversões: Cromatação Conversões por via Química Passivação crómica Coloração Anodização Conversões por via Electrolítica Oxidação anódica Resíduos Produzidos Lamas de fosfatação contendo P, Fe, Zn e Mg Resíduos líquidos com crómio e fosfatos Lamas de ETAR com hidróxidos metálicos e fosfatos Resíduos líquidos ácidos, com crómio Lamas de ETAR, com crómio Resíduos líquidos com sulfato de estanho e outros metais Lamas de ETAR, com hidróxidos metálicos Resíduos líquidos com alumínio Lamas de ETAR, com hidróxidos de Al Resíduos Líquidos com ácido fosfórico ou crómico e aditivos Lamas de ETAR Conversões por Difusão: Tratamento Termoquímico, em Fase Sólida Cementação, Nitruração, Carbonitruração Sem produção de resíduos líquidos ou sólidos Conversões por Difusão: Tratamento Termoquímico em Meio Gasoso Cementação, Nitruração gasosa e iónica, Carburação gasosa e iónica, Carbonitruração, Sulfo-carbonitruração, Sulfuração iónica Sem produção de resíduos líquidos ou sólidos Conversões por Difusão: Tratamento Termoelectroquímico em Meio Líquido ou Pastoso Cementação, Nitruração, Carbonitruração, Sulfuração Lamas contendo cianetos, fluoretos, nitratos, nitritos Acabamentos 11 01 03 19 08 04 11 01 04 19 08 04 11 01 04 19 08 04 11 01 03 11 01 04 19 08 04 12 01 99 19 08 04 Granalhagem Granalha usada 12 02 01 Têmpera: chama, indução, plasma, laser Lamas e resíduos sólidos de processos de têmpera 11 03 01 11 03 02 Implantação iónica Sem produção de resíduos líquidos ou sólidos Colmatagem Resíduos líquidos com sais metálicos Lamas de ETAR com hidróxidos metálicos Estanhagem a quente Com Chumbo Com Alumínio Transformações Estruturais: Por Tratamento Mecânico Superficial Por Tratamento Térmico Superficial Por Implantação Iónica 19 08 04 Resíduos líquidos com cloretos ou fluoretos e metais Lamas de ETAR, com hidróxidos metálicos Resíduos líquidos com cloretos ou fluoretos e estanho Lamas de ETAR, com estanho Resíduos líquidos com cloretos ou fluoretos e chumbo Lamas de ETAR, com chumbo Resíduos líquidos com cloretos ou fluoretos e alumínio Lamas de ETAR, com hidróxidos de alumínio Galvanização a quente Conversões por Difusão: Imersão CER 11 01 08 11 01 03 11 01 04 19 08 04 11 01 04 19 08 04 11 01 04 19 08 04 11 01 04 11 01 04 19 08 04 31 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície De salientar que, apesar da Portaria nº 818/97 mencionar uma listagem dos resíduos classificados como perigosos, bem como a caracterização da perigosidade correspondente (explosivos, inflamáveis, tóxicos, etc.), apenas se vai atribuir a designação de perigoso e nãoperigoso, dado que a caracterização da perigosidade só é possível caso a caso, conhecendo a sua composição. Por outro lado, resíduos há, que não constando da listagem de resíduos perigosos, se consideram como apresentando um grau de perigosidade elevado. Encontram-se, neste caso, por exemplo, muitos dos resíduos líquidos sem crómio e sem cianetos e as lamas de ETAR, que frequentemente contêm teores elevados de metais pesados. Do ponto de vista da caracterização quantitativa dos resíduos, os dados disponíveis utilizados na extrapolação podem considerar-se como escassos face à dimensão do sector, dispondo-se apenas de valores credíveis para os processos mais significativos e ainda assim, com uma percentagem considerável e não quantificável de erro associado. Contudo e apesar da existência de algumas discrepâncias, pensa-se que, relativamente aos processos analisados, as estimativas obtidas possam traduzir um bom indicador das quantidades totais de resíduos geradas pelo sector dos Tratamentos de Superfície no nosso País. Os resultados extrapolados encontram-se expressos no Quadro 2, de acordo com a sua origem e classificação CER, e hierarquizados segundo a sua perigosidade e a quantidade anual produzida. Note-se que os resíduos líquidos que se encontram contabilizados no Quadro 2 e no Quadro 3 correspondem à estimativa dos banhos concentrados que são descarregados sem tratamento em ETAR. Nos casos em que há tratamento são contabilizadas apenas as lamas geradas. As águas residuais provenientes das operações de lavagem ou da cortina de água de pinturas líquidas, sejam ou não tratadas, não são aqui contabilizadas, porque se assume que não têm correspondência como resíduos líquidos ao abrigo da classificação do CER. Contudo as lamas geradas no seu tratamento em ETAR, quando ocorre, são contabilizadas. Nas estimativas realizadas considerou-se que cerca de 90% do volume total de águas de lavagem e banhos descarregados sofrem tratamento em ETAR. Dado que a descarga dos banhos concentrados é pouco frequente ou mesmo rara, admitiu-se que o volume destes é de apenas 10%, sendo os restantes 90% correspondentes às águas de lavagem. Constitui excepção a operação de desengorduramento aquoso, para a qual se admitiu uma igual partição entre os banhos descarregados e as águas de lavagem. 32 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 2 Quantificação e hierarquização dos resíduos produzidos por processo, segundo a sua perigosidade e quantidades produzidas. Resíduos Produzidos Origem CER Perigosidade Cromagem/Niquelagem Zincagem não-cianurada Zincagem cianurada Lacagem de alumínios 11 01 03 Perigoso Zincagem cianurada Cobreagem cianurada Latonagem 11 01 01 Perigoso Lacagem de alumínios (*) Anodização (*) Cromagem/Niquelagem Zincagem cianurada Latonagem Cobreagem cianurada Zincagem não-cianurada Cobreagem não-cianurada Douragem 19 08 04 NãoPerigoso Cromagem/Niquelagem Zincagem não-cianurada Zincagem cianurada Cobreagem cianurada Cobreagem não-cianurada Latonagem Douragem 11 01 04 NãoPerigoso Cromagem/Niquelagem Lacagem de alumínios Zincagem não-cianurada Anodização Zincagem cianurada Cobreagem não-cianurada Latonagem Douragem 11 01 04 NãoPerigoso Pó de Zinco Metalização 11 04 01 Tinta em pó Lacagem de alumínios 08 01 04 Granalha Decapagem mecânica 12 02 01 Lamas de Polimento Polimento mecânico 12 02 03 Poliamida 12 Plastificação 08 02 01 Polietileno Plastificação 08 02 01 Resíduos Líquidos com crómio e sem cianetos Total Resíduos Líquidos sem crómio e com cianetos Total Lamas de ETAR Total Resíduos líquidos do desengorduramento químico ou electrolítico Total Resíduos Líquidos sem crómio e sem cianetos Total NãoPerigoso NãoPerigoso NãoPerigoso NãoPerigoso NãoPerigoso NãoPerigoso Quantidade Anual Produzida 709 (m3) 11 (m3) 11 (m3) 3 (m3) 734 (m3) 65 (m3) 52 (m3) 39 (m3) 156 (m3) 5.913 (t) 1.796 (t) 363 (t) 287 (t) 140 (t) 127 (t) 40 (t) 13 (t) 7 (t) 8.686 (t) 1580 (m3) 590 (m3) 453 (m3) 257 (m3) 253 (m3) 215 (m3) 12 (m3) 3360 (m3) 770 (m3) 432 (m3) 187 (m3) 136 (m3) 65 (m3) 50 (m3) 31 (m3) 3 (m3) 1674 (m3) 252 (t) 138 (t) 23 (t) 3 (t) <1 (t) <1 (t) (*) A Associação Portuguesa de Anodização e Lacagem (APAL) estimou em 15 000 t as lamas geradas em Portugal no ano de 1999. 33 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Estima-se que, de entre os resíduos catalogados como Perigosos (ao abrigo da Portaria nº818/97 de 5 de Setembro), os que contêm crómio são os produzidos em maior quantidade (734 3 3 m /ano), seguidos dos que contêm cianetos (156 m /ano). No que respeita à sua utilização, é de salientar que, enquanto que os banhos cianetados têm vindo a ser progressivamente substituídos por banhos não cianetados, com a consequente diminuição da perigosidade dos resíduos gerados, o mesmo não acontece com os banhos que contêm crómio ou, pelo menos não acontece de forma tão acentuada. Tal deriva do facto da diminuição da perigosidade deste tipo de banhos se encontrar directamente associada à substituição do crómio (VI) pelo crómio (III), de menor toxicidade. Mas embora essa tendência já se verifique nos processos de cromagem decorativa, ainda não existem banhos de crómio(III) no mercado que sejam aceitáveis pela indústria em termos de preço e eficiência para substituir o crómio (VI) em cromagem dura. Em termos globais, a maior quantidade dos resíduos líquidos não-perigosos é constituída pelos resíduos provenientes dos banhos de desengorduramento, logo seguida pelos banhos concentrados que não contêm crómio nem cianetos. Quanto aos resíduos sólidos e semi-sólidos, verifica-se que a maior produção respeita, como seria de esperar, às lamas de ETAR, seguidas dos pós da metalização e da tinta em pó das lacagens de alumínio. Ainda no que se refere à produção de lamas de ETAR, os processos de maior geração são os relacionados com a anodização e lacagem de alumínio. É de salientar que no Quadro 2 não se encontram contabilizados os resíduos de embalagens, uma vez que não foi possível a sua quantificação. Tratam-se essencialmente de embalagens de matérias-primas como tintas, solventes, óleos ou reagentes químicos. As embalagens não devem ser contaminadas com outros resíduos e, sempre que possível, devem utilizar-se embalagens retornáveis, ou seja, usar sempre a mesma embalagem para um determinado produto, devendo caber ao produtor/fornecedor a retoma das mesmas. Finalmente e como os Tratamentos de Superfície constituem uma actividade de importância significativa dentro do sector da Metalurgia e Metalomecânica apresenta-se no Quadro 3 uma estimativa conjunta do quantitativo de resíduos produzidos por esta actividade dentro dos dois sectores. É de salientar que os dados referentes aos resíduos provenientes da actividade de Tratamentos de Superfície dentro do sector da Metalurgia e Metalomecânica, além de descritos neste Guia Sectorial dos Tratamentos de Superfície, são também tratados no Guia Sectorial da Metalurgia e Metalomecânica. 34 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 3 Resíduos gerados anualmente em actividades dos Tratamentos de Superfície nos sectores dos Tratamentos de Superfície e da Metalurgia e Metalomecânica. Resíduo CER Tratamentos de Superfície m3/ano m3/ano t/ano Total m3/ano t/ano t/ano 080100 080101 080102 080104 080105 080108 080199 110100 110101 110103 110104 110106 110108 110300 110301 110302 110400 110401 120200 120201 120202 120203 120299 140100 140102 140106 190800 190804 64 9 53 57 25 138 156 734 5034 64 9 191 57 25 61 61 63 1198 5289 69 219 1932 10323 69 1145 1145 2088 214 2088 214 252 633 885 23 103281 174 16511 12984 103304 174 16514 12984 4 3 4 3 9171 17857 3 8686 35 35 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Resíduos do fabrico, formulação, distribuição e utilização (FFDU) de tintas e vernizes: Resíduos de tintas e vernizes contendo solventes halogenados Resíduos de tintas e vernizes sem solventes halogenados Tintas em pó Tintas e vernizes endurecidos Lamas aquosas contendo tintas e vernizes Outros resíduos não especificados Res. Líq. e lamas do tratamento e do revestimento de metais Resíduos cianurados alcalinos contendo metais excepto o crómio Resíduos isentos de cianetos e contendo crómio Resíduos isentos de cianetos e sem crómio Ácidos não anteriormente especificados Lamas de fosfatação Lamas e sólidos de processos de têmpera Resíduos contendo cianetos Outros resíduos Outros res. inorgânicos contendo metais não especificados Outros resíduos inorgânicos contendo metais não especificados Resíduos de processos de tratamento mecânico de superfície Granalha usada Lamas de rectificação e lixagem Lamas de polimento Outros resíduos não especificados Res. de desengorduramento de metais e manutenção de equip. Outros solventes e misturas de solventes Lamas ou resíduos sólidos com solventes Resíduos de ETAR não especificados Lamas do tratamento de águas residuais industriais Metalomecânica PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Analisando o Quadro 3, constata-se que para alguns resíduos, nomeadamente os resultantes de operações específicas da preparação de superfícies, como sejam a decapagem mecânica, a lixagem ou o polimento, se geram quantidades elevadas no sector da Metalurgia e Metalomecânica, mas valores muito reduzidos (ou até mesmo nulos) no sector dos Tratamentos de Superfície. Esta constatação deve-se ao facto deste tipo de operações ocorrer com maior frequência nos processos de tratamento inerentes ao sector da Metalurgia e Metalomecânica. Deste modo, verifica-se que anualmente são geradas em Portugal, em operações relacionadas com os tratamentos de superfície, cerca de 155 500 t de resíduos sólidos, aproximadamente 9 100 t neste sector (sendo 95% são lamas de ETAR) e cerca de 146 400 t no sector da Metalúrgia e Metalomecânica (onde apenas 6 % são lamas de ETAR, sendo a parte restante constituída pelos resíduos sólidos gerados nos próprios processos). 36 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 5 POTENCIAL DE PREVENÇÃO NO SECTOR DOS TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE As características dos resíduos gerados pelo sector dos Tratamentos de Superfície, já anteriormente descritas, proporcionam a aplicação de um vasto conjunto de medidas e tecnologias de prevenção ao longo dos processos de tratamento, as quais permitem a redução, não só da quantidade, mas, também, da perigosidade dos resíduos provenientes de cada operação. No que se refere aos resíduos líquidos, é possível actuar não só ao nível da sua redução, mas também, simultaneamente, ao nível da reutilização das matérias primas e da água, com a consequente redução do seu consumo. Quanto às águas residuais provenientes das lavagens associadas aos vários tratamentos de superfície apresentam um elevado potencial de prevenção. Nomeadamente, no caso das lavagens intermédias que se situam entre banhos electrolíticos ou químicos de longa duração, algumas das tecnologias existentes consistem em sistemas de concentração/purificação que permitem a recirculação do concentrado (com os constituintes do banho) para o banho de tratamento anterior e da água para os andares de lavagem. Conseguese assim, ao mesmo tempo, a redução do consumo de água, a recuperação de matérias primas e ainda a redução significativa do volume de efluente gerado e dos resíduos de fim de linha correspondentes. A substituição do processo de lavagem mais tradicional por lavagens em cascata e em contracorrente, pode também conduzir a uma redução do consumo de água e consequentemente dos efluentes líquidos gerados, mantendo a mesma eficiência de lavagem. Também no caso dos banhos de desengorduramento químico, é possível o seu reaproveitamento parcial recorrendo a sistemas de membranas, de decantação ou outros, nos quais as gorduras, os óleos e as outras impurezas ficam retidos, retornando a solução com os aditivos livres ao banho. Consegue-se assim, uma diminuição do consumo de reagentes, bem como do volume de efluente ou resíduo gerados, como resultado do prolongamento da vida do banho. Durante as visitas efectuadas às empresas, bem como através das respostas aos questionários enviados, verificou-se que as medidas de prevenção mais utilizadas em Portugal, ou pelo menos aquelas para as quais os industriais estão mais sensibilizados, consistem na utilização de sistemas de lavagem em cascata e em contracorrente, em substituição das lavagens simples. Verificou-se ainda haver em algumas empresas a preocupação com o uso de banhos cianetados e a vontade de os substituir por banhos não cianetados, nomeadamente, no caso das zincagens e cobreagens, objectivando a redução da perigosidade dos efluentes gerados. No caso das 37 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície tecnologias de prevenção, são os sistemas de permuta iónica os mais implementados para reutilização das águas de lavagem entre banhos de tratamento. De acordo com os industriais inquiridos, os principais factores de incentivo à implementação de medidas e tecnologias de prevenção no sector são, para além dos incentivos financeiros e fiscais, a garantia prévia de que através dessas medidas/tecnologias se consegue a eliminação/redução substancial dos seus resíduos. Tal atitude permite alimentar algum optimismo acerca da implementação a curto ou médio prazo de algumas dessas medidas/tecnologias, nomeadamente a optimização das lavagens e também a utilização de sistemas de separação por membranas e de permuta iónica para recirculação de banhos ou águas de lavagem. Note-se, no entanto, que o facto de a maioria das empresas deste sector terem captações próprias de água, a qual obtêm a um custo bastante reduzido, implica uma menor sensibilidade do industrial face às medidas/tecnologias cujo principal objectivo é a redução do consumo de água. Quanto às restantes tecnologias de prevenção passíveis de aplicação nos tratamentos de superfície, muitas delas têm sido implementadas com sucesso noutros países e mesmo em Portugal, embora estejam muito pouco difundidas. O impacte de quase todas as tecnologias mencionadas não tem sido muito visível junto dos industriais portugueses, quer por exigirem investimentos mais elevados, quer por induzirem à ideia de que têm períodos de retorno do investimento demasiado longos, o que em muitos casos e após uma análise económica simples, se verifica não corresponder à realidade. Deste modo, com base no vasto conjunto de medidas/tecnologias de prevenção existentes no mercado com aplicabilidade a curto ou médio prazo, pode concluir-se que o sector dos Tratamentos de Superfície apresenta um elevado potencial de prevenção. Os benefícios associados à implementação dessas medidas/tecnologias são por vezes bastante significativos ao nível da redução dos consumos de matérias-primas e de água. A redução dos resíduos e efluentes gerados terá um impacte positivo ao nível do custo do tratamento em ETAR, bem como do custo da respectiva deposição em aterro. 5.1 MEDIDAS E TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO IDENTIFICADAS PARA O SECTOR A identificação das medidas e tecnologias de prevenção para o sector dos Tratamentos de Superfície foi efectuada através de pesquisas bibliográficas, consultas a fornecedores de tecnologias e contactos com industriais do sector, centrando-se nos seguintes aspectos: - substituição de matérias primas perigosas por outras de menor impacte ambiental; - minimização do consumo de água; - minimização do consumo de matérias primas; 38 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície - optimização da utilização dos banhos de tratamento e respectivas águas de lavagem, através de processos de concentração e recirculação dos mesmos; e, - melhoria da manutenção dos equipamentos, com o objectivo de reduzir o risco de avarias, fugas ou acidentes. As soluções apresentadas mais adiante podem ser extremamente vantajosas para as empresas, porque, para além de benefícios económicos associados, introduzem melhorias significativas no processo em termos ambientais, quer pela diminuição da quantidade e/ou perigosidade dos resíduos gerados, quer pela maior facilidade da sua gestão. Todas estas acções garantem às empresas que as adoptem vantagens competitivas e uma melhor preparação para enfrentar as exigências normativas ambientais que venham a ser impostas no futuro. Existem dois factores imprescindíveis para alcançar os objectivos propostos: a minimização e a recuperação de resíduos. As vias essenciais para o conseguir, encontram-se esquematizadas na Figura 22. 39 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Prevenção de Resíduos/Efluentes Recuperação Elim inação /Redução na fonte Prolongam ento do tem po de utilização dos banhos concentrados M inim ização das perdas por arraste O ptim ização das técnicas de lavagem D evolução, do arraste de electrólito, aos banhos concentrados D irecta Concentração de substâncias valorizáveis a partir das águas de lavagem Recuperação dos pós de pintura Com concentração prévia Figura 22 – Diagrama representativo da prevenção de resíduos ao nível do processo produtivo no sector dos Tratamentos de Superfície. 40 40 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Substituição de processos ou produtos, por outros geradores de m enor poluição PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície No Quadro 4 identificam-se as diversas medidas e tecnologias aplicáveis por operação, instaladas ou não em Portugal, e a sua correlação com os resíduos que previnem. Quadro 4 Medidas/tecnologias de prevenção identificadas por operação. Tecnologia/Medida Operação Resíduo que Previne Desengorduramento com solventes Solventes usados contaminados com óleos, gorduras e partículas abrasivas; lamas contendo solventes Desengorduramento químico com soluções aquosas alcalinas Desengorduramento químico com soluções aquosas ácidas Desengorduramento electrolítico Plaforização Instalada Estrangeiro Portugal Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim - Colocar um banho de prédesengorduramento, alimentado pelo despejo do banho de desengorduramento - No caso de um desengorduramento a quente, colocar um banho morto que permite compensar as perdas por evaporação Regeneração dos banhos de desengorduramento por flotação Regeneração dos banhos de desengorduramento por decantação - Resíduo líquido com óleos, gorduras, metais e produtos químicos de desengorduramento Sim Desengorduramento Sim Sim Sim Sim Regeneração dos banhos de desengorduramento por ultrafiltração Sim Sim Regeneração dos banhos de desengorduramento por microfiltração Sim Regeneração dos banhos de desengorduramento por centrifugação - Lamas de ETAR contaminadas com óleos, gorduras e metais 41 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 4 Medidas/tecnologias de prevenção identificadas por operação (cont.). Tecnologia/Medida Operação Resíduo que Previne Instalada Estrangeiro Portugal Sim Sim Sim Sim - Colocar um banho de prédecapagem antes da decapagem que será alimentado pelo despejo do banho de decapagem - Solução ácida de - No caso de uma decapagem a quente, colocar um banho morto que permite compensar as perdas por evaporação e recuperar o ácido Decapagem física com granalha decapagem Decapagem química (ácida ou alcalina) Decapagem física com grânulos de gelo - Resíduo líquido alcalino com metais - Lamas de ETAR com Sim hidróxidos metálicos Decapagem física com grânulos de CO2 Sim Regeneração por retardação iónica (ácida ou alcalina) dos banhos de decapagem Sim Regeneração dos banhos de decapagem sulfúrica de aços por cristalização de ferro na forma de FeSO4.7H2O, por arrefecimento do banho Sim Regeneração dos banhos de decapagem sulfúrica de aços por cristalização de ferro na forma de FeSO4.H2O, por aquecimento do banho Sim Regeneração dos banhos de decapagem sulfúrica de aços, por electro-electrodiálise (concentração de H2SO4 e eliminação do ferro por deposição no cátodo) Purificação de banhos de decapagem clorídrica de aços, por decomposição pirolítica de FeCl2 (pulverização num forno a alta temperatura com recuperação de HCl e de Fe2O3) Purificação de banhos de decapagem clorídrica de aços, por permuta iónica (fixação de FeCl4 numa resina aniónica que é em seguida regenerada com H2O para recuperação de HCl) - Solução ácida de decapagem Sim Decapagem de aços - Lamas de ETAR com hidróxidos metálicos Sim Sim Sim 42 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 4 Medidas/tecnologias de prevenção identificadas por operação (cont.). Instalada Tecnologia/Medida Regeneração por electrólise, dos banhos de decapagem sulfúrica de peças de cobre, Operação Resíduo que Previne Estrangei ro Portugal - Solução ácida de Decapagem de peças de cobre decapagem - Lamas de ETAR com Sim hidróxidos metálicos - Resíduo líquido com Substituição do Cr(VI) por Cr(III) no banho da cromagem Cromagem decorariva crómio (VI) - Lamas de ETAR com Sim Sim Sim Sim Sim Sim hidróxidos de crómio (III) Regeneração do banho de cromagem por permuta iónica (os catiões indesejáveis como 2+ 2+ 2+ Ni , Cu ou Zn ficam retidos na resina) Purificação do banho morto após a cromagem, por permuta 3+ 3+ iónica (retenção de Cr e Fe , 2em resinas catiónicas e CrO4 2e SO4 em resinas aniónicas), com possível recuperação de ácido crómico Regeneração do banho de passivação crómica por permuta iónica (os catiões 3+ 3+ indesejáveis como Fe , Cr ou 2+ Zn ficam retidos na resina) - Resíduo líquido com crómio e outros metais Cromagem - Lamas de ETAR com hidróxidos de crómio (III) - Resíduo líquido com Passivação crómica Reaproveitamento de águas de lavagem através do seu tratamento por electrólise, com recuperação de Ni para reintrodução no banho de deposição - Lamas de ETAR com Sim hidróxidos de crómio (III) Regeneração do banho morto por electrodiálise, concentrando os sais e devolvendo-os ao banho de deposição de níquel Reaproveitamento de águas de lavagem através do seu tratamento por osmose inversa, com recuperação de Ni para reintrodução no banho de deposição crómio e outros metais Sim - Resíduo líquido com sais de níquel Niquelagem Sim (lavagem após a deposição de níquel) - Lamas de ETAR com hidróxidos de níquel Sim 43 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 4 Medidas/tecnologias de prevenção identificadas por operação (cont.). Tecnologia/Medida Zincagem alcalina não cianetada Zincagem ácida Regeneração do banho de deposição de zinco, por evaporação Operação - Resíduo líquido Zincagem alcalina cianetada cianurado com metais - Lamas de ETAR com hidróxidos de zinco Zincagem - Resíduo líquido (banho de deposição e lavagem posterior) - Lamas de ETAR com Cobreagem alcalina sem cianetos Cobreagem ácida Resíduo que Previne cianurado com metais Estrangeiro Portugal Sim Sim Sim Sim Sim hidróxidos de zinco - Resíduo líquido Cobreagem alcalina cianetada Instalada cianurado e com fluoretos - Lamas de ETAR com Sim Sim Sim Sim hidróxidos de cobre Regeneração do banho morto por electrodiálise, concentrando os sais e devolvendo-os ao banho de deposição de cobre Regeneração do banho de deposição de prata, por evaporação Regeneração do banho morto por electrodiálise, concentrando os sais e devolvendo-os ao banho de deposição da prata - Resíduo líquido com Cobreagem (banho morto) sais de cobre - Lamas de ETAR com hidróxidos de cobre Prateagem - Resíduo líquido com (banho de deposição e lavagem posterior) - Lamas de ETAR com prata - Resíduo líquido com Prateagem (banho morto) prata - Lamas de ETAR com Sim prata Prateagem - Resíduo líquido com (lavagem após deposição da prata) - Lamas de ETAR com Regeneração do banho de deposição de cádmio, por evaporação Cadmiagem Regeneração do banho de deposição de latão, por evaporação Sim prata Regeneração de águas de lavagem com recuperação de prata por permuta iónica com formação de complexos Regeneração do banho de deposição de estanho, por evaporação Sim prata Sim prata - Resíduo líquido com cádmio (banho de deposição e lavagem posterior) - Lamas de ETAR com Estanhagem - Resíduo líquido com (banho de deposição e lavagem posterior) - Lamas de ETAR com Latonagem - Resíduo líquido (banho de deposição e lavagem posterior) - Lamas de ETAR com Sim cádmio sais de estanho Sim hidróxidos de estanho cianurado com metais Sim hidróxidos de Cu e Zn 44 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 4 Medidas/tecnologias de prevenção identificadas por operação (cont.). Tecnologia/Medida Pintura com tinta em pó, com equipamento para recolha de poeiras com possibilidade de recuperação de matéria-prima Pintura à pistola com sistema HVLP (elevado volume/baixa pressão) Pintura airless Pintura electrostática atomizada à pressão Operação base aquosa Pintura com tinta líquida Portugal Sim Sim com solventes Sim tintas Pintura a spray atomizado por ar Regeneração da água de lavagem após o banho de pintura por ultrafiltração, com recuperação de tinta Pintura cataforética Sim Perdas por "overspray" Sim Sim - Resíduos de tintas de base solvente - Lamas de remoção de Sim tintas - Resíduos de tintas líquidas Sim Sim - Águas de lavagem - Resíduo líquido alcalino com metais Sim Satinagem (anodização) - Lamas de ETAR com hidróxidos metálicos Regeneração do banho de sattinagem por ultrafiltração/ cristalização Regeneração do banho de anodização por retardação iónica (separação entre o ácido sulfúrico que é devolvido ao banho e o alumínio que é recuperado na forma de solução concentrada) Estrangeiro - Resíduos de tintas - Lamas da remoção de Lavagem das pistolas de aplicação de tinta Reutilização das águas de lavagem por tratamento por osmose inversa Instalada - Resíduos de tintas de Lavagem automática das pistolas de aplicação de tinta (base solvente), com possibilidade de reutilização do solvente Regeneração dos banhos alcalinos de satinagem por retardação iónica (separação entre a soda que é devolvida ao banho e o alumínio que é recuperado na forma de solução concentrada) Resíduo que Previne Sim Neutralização/ Desoxidação (anodização) - Resíduo líquido alcalino com metais - Lamas de ETAR com Sim hidróxidos metálicos - Resíduo líquido ácido Sim Sim com metais Anodização - Lamas de ETAR com Regeneração do banho de anodização extraindo o alumínio por electrodiálise hidróxidos metálicos Reutilização das águas de lavagem por osmose inversa Sim Sim - Resíduo líquido com Regeneração do banho de cromatagem por electroelectrodiálise Cromatagem (Anodização) crómio e fosfatos - Lamas de ETAR com Sim hidróxidos de Cr(III) e fosfatos 45 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 4 Medidas/tecnologias de prevenção identificadas por operação (cont.). Tecnologia/Medida Regeneração dos banhos e das águas de lavagem por osmose inversa Operação Colmatagem (Anodização) Lavagens sucessivas Lavagem em cascata e em contracorrente Colocação de um banho morto após os tanques de tratamento, por forma a diminuir a contaminação das águas de lavagem Resíduo que Previne Estrangeiro Portugal Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim - Resíduo líquido com metais - Lamas de ETAR - Resíduo líquido com Lavagens simples Instalada metais - Lamas de ETAR - Resíduo líquido com Todo o processo Substituição de linhas de processo manuais por linhas automáticas com menor consumo de água metais - Lamas de ETAR A actividade ligada aos revestimentos electrolíticos é a mais difundida em Portugal, ocorrendo frequentemente associada aos processos de tratamento de superfícies. Tendo em conta os principais objectivos de qualquer linha galvânica, que são a melhoria da qualidade do processo, a redução dos custos de produção e o cumprimento das normas ambientais, apresentam-se, em seguida, e de forma detalhada, as principais tecnologias e medidas de prevenção identificadas para uma linha de tratamento deste tipo. 5.1.1 Substituição de Processos ou de Matérias Primas por Outros de Menor Impacte Ambiental 5.1.1.1 Substituição de uma decapagem em meio aquoso por uma decapagem a seco com granalha Regra geral, em termos ambientais, uma decapagem a seco apresenta vantagens em relação a uma decapagem em meio aquoso, uma vez que os resíduos retirados das superfícies metálicas se encontram na fase sólida, podendo as poeiras produzidas ser aspiradas através de um sistema adequado e facilmente recuperadas para serem reutilizadas ou eliminadas. Na decapagem por via húmida, os resíduos líquidos encontram-se mais dispersos e diluídos, constituindo volumes por vezes elevados e com características bastante agressivas, uma vez que se trata de operações em que se utilizam ácidos ou bases fortes. É necessário ter em conta no entanto que o tratamento mecânico pode criar descontinuidades na superfície das peças, fazendo com que nem todas as operações de decapagem química possam ser substituídas por processos mecânicos. 46 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 5.1.1.2 Substituição de desengorduramentos com solventes por desengorduramentos químicos em fase aquosa Os desengorduramentos em fase aquosa são preferíveis aos desengorduramentos em fase orgânica, dado que estes utilizam alguns solventes orgânicos de perigosidade elevada extremamente prejudiciais para o organismo humano. Os desengorduramentos em fase aquosa, geralmente alcalina, utilizam agentes molhantes, emulsionantes, saponificantes e complexantes, que são compostos de menor toxicidade que os solventes, permitindo assim uma melhoria do ambiente interno da fábrica por ausência de emissões de compostos orgânicos voláteis (COV's) e também uma redução significativa da perigosidade dos resíduos produzidos. 5.1.1.3 Substituição do Cr(VI) por Cr(III) em cromagem decorativa A utilização de crómio apresenta sempre implicações ambientais, no entanto a forma hexavalente do crómio tem uma toxicidade mais elevada que a do crómio trivalente, o que leva a que seja preferível, sempre que possível, trabalhar com banhos de Cr(III) em cromagem decorativa. Os banhos de Cr(III) são constituídos por um sal de crómio, sais condutores e agentes complexantes e molhantes. Existem dois tipos de banho que apenas diferem no processo de evitar a formação de Cr(VI) por reacção anódica. As principais vantagens da substituição de Cr(VI) por Cr(III) são as seguintes: - diminuição da contaminação dos efluentes líquidos: não contêm Cr(VI) e a concentração total de crómio é reduzida para 1/4, com a consequente redução do custo do tratamento dos efluentes; - ausência de vapores crómicos do banho, sendo desnecessária a utilização de equipamento de aspiração; - melhoria do ar ambiente no local de trabalho; - redução do consumo de energia, já que o banho trabalha à temperatura ambiente; - diminuição das perdas por arrasto, uma vez que a solução de Cr(III) escorre mais facilmente do que a solução de Cr(VI); - eliminação da operação de redução de Cr(VI) a Cr(III) na ETAR. 47 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Esta substituição tem, no entanto, algumas desvantagens: - necessidade de um maior controlo do banho; - revestimento com menor resistência à corrosão; - aumento dos custos dos reagentes. 5.1.1.4 Substituição dos banhos cianetados por banhos sem cianetos Os cianetos são substâncias de elevada toxicidade e extremamente nocivos para o organismo humano. É assim preferível, sempre que possível, utilizar em sua substituição banhos que não contenham estes compostos. Esta medida evita também a operação específica para a destruição de cianetos durante o tratamento de efluentes. Zincagem: Os banhos de zincagem alcalinos não-cianetados, apesar de não permitirem revestimentos com propriedades equivalentes às adquiridas nos banhos com altos teores de cianetos, permitem obter resultados superiores aos dos banhos com baixos teores de cianetos, com as vantagens de terem um custo de manutenção muito baixo e de proporcionarem uma redução significativa nos custos do tratamento dos efluentes. Os banhos não cianetados não são, no entanto, adequados ao tratamento de peças em ferro fundido ou de aços com enxofre, obrigando ainda a limitações na densidade de corrente. A zincagem em meio ácido é também uma alternativa aos banhos cianetados pois permite um rendimento bastante elevado, a camada formada é homogénea, sendo adequada ao revestimento de ferro fundido e aços com enxofre. Esta tecnologia tem no entanto, um poder de penetração mais baixo e exige um controlo frequente do banho. O custo dos reagentes é mais elevado neste caso. Cobreagem: Os banhos de cobre alcalinos não-cianetados permitem uma qualidade de deposição idêntica à dos banhos com cianetos, apresentando elevada eficiência e boa penetração, aliada à redução da toxicidade do efluente líquido gerado, com a respectiva diminuição dos custos de tratamento. Contudo, é necessário que os banhos sejam controlados com maior rigor e que haja uma melhor preparação da superfície das peças. As instalações existentes (banhos cianetados) exigem adaptações para funcionarem com banhos de cobre alcalinos, o que implica um investimento adicional. A alternativa cobreagem ácida, geralmente utilizada para revestimentos de camada espessa, tem as vantagens de trabalhar à temperatura ambiente, de ter uma elevada velocidade de deposição e de permitir a diminuição da toxicidade do efluente líquido gerado, com a respectiva diminuição 48 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície dos custos de tratamento. As desvantagens deste processo são o menor poder penetrante e a necessidade de equipamento mais caro. 5.1.2 Prolongamento da Vida dos Banhos O prolongamento da vida dos banhos permite reduzir o volume e a carga poluente dos efluentes a tratar na ETAR, com a consequente redução nos custos de tratamento e a menor produção de lamas. Independentemente do tipo de banho, é sempre necessário proceder a uma manutenção cuidada, através do controlo apertado de parâmetros como o pH, a concentração de reagentes e aditivos e o tempo de deposição, que não deve ser mais do que o estritamente necessário à obtenção do revestimento específico. Para além destas medidas, é possível prolongar a vida dos banhos recorrendo a técnicas adequadas como a filtração, a decantação, ou a separação de óleos ou ainda a tecnologias mais complexas como a electrólise. Apresentam-se em seguida algumas recomendações práticas para casos concretos: ! Banhos de passivação amarela com baixa concentração de ácido crómico Regra geral, os banhos de passivação amarela devem ter uma concentração em ácido crómico inferior a 2 g/l, o que permite reduzir os arrastos de Cr (VI). Deve-se corrigir o pH com muita frequência e optimizar o tempo de reacção. ! Regeneração de banhos de níquel por filtração com carvão activado Realiza-se um pré-tratamento do banho com água oxigenada a 30ºC e posteriormente faz-se passar por um leito de carvão activado, a 50 ºC. Este tratamento implica o consumo adicional de aditivos, pois além de se eliminarem os contaminantes orgânicos e os aditivos degradados, eliminam-se também compostos ainda activos como os abrilhantadores. ! Prolongamento do tempo de utilização dos banhos de desengorduramento Procede-se ao desengorduramento com dois banhos sucessivos. Quando o primeiro banho (de pré-desengorduramento) deixa de ser eficaz, é renovado com o conteúdo do segundo banho (de desengorduramento) e este é, por sua vez reconstituído com produto novo e assim sucessivamente. Consegue-se com esta prática uma economia de reagente da ordem dos 20 a 30% comparativamente a um desengorduramento numa única tina. 49 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 5.1.3 Minimização dos Arrastos Existem diversas medidas de minimização dos arrastos que permitem uma poupança, quer nos constituintes dos banhos, quer no custo do tratamento de efluentes. As medidas que a seguir se referem aplicam-se a sistemas com as peças suspensas em suportes ou contidas em tambores: - desenhar adequadamente os suportes e os tambores; - usar agentes molhantes para decrescer a tensão superficial do banho; - reduzir a concentração do banho, dentro dos limites possíveis. - aumentar a temperatura do banho; - aumentar o tempo de escorrimento sobre o banho evitando, no entanto, os efeitos de passivação; - diminuir a velocidade de remoção das peças do banho de deposição; - sacudir o suporte, (tendo uma colocação segura das peças) e optimizar o regime de rodagem do tambor, evitando a sua remoção rápida do banho; - -usar barras de escorrimento; - instalar uma placa de drenagem inclinada entre o banho e a lavagem seguinte, no caso em que existe um afastamento entre as duas tinas; 5.1.4 Optimização das Técnicas de Lavagem A optimização das técnicas de lavagem, para uma determinada qualidade de lavagem prédefinida, tem como objectivos essenciais a conservação da qualidade e a redução da poluição na fonte. Para atingir os objectivos é necessário proceder a uma análise integrada e sequenciada, de diversas variáveis, designadamente: - a qualidade da lavagem realmente necessária para cada operação; - a possibilidade física de aumentar o número de lavagens consecutivas, de forma a reduzir o caudal obtendo a mesma eficiência; - a selecção da técnica de lavagem mais adequada, para cada caso; - o caudal mínimo de água de lavagem necessário por operação. 50 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície A qualidade da lavagem está directamente relacionada com a quantidade mínima de água necessária para garantir uma operação de lavagem óptima e deve ser definida pelo utilizador. Este factor representa-se pela relação de diluição, podendo ser expresso da seguinte forma: Rd = Cb/Cn = Ql/qb Sendo: Rd = qualidade de lavagem Cb = concentração dos constituintes do banho Cn = concentração dos constituintes no último andar de lavagem 2 Ql = caudal de água de lavagem expresso em l/h, l/m ou l/Kg qb = arrastamento expresso nas mesmas unidades do caudal A qualidade da lavagem depende directamente do tipo de banho que a precede, encontrando-se no Quadro 5 as gamas de valores mais adequadas para Rd em algumas operações de tratamentos galvânicos. Quadro 5 Gamas de valores de qualidade de lavagem adequadas a diversos banhos. Tipo de Banho Desengorduramento Qualidade da Lavagem (Rd) 500 – 1 000 Decapagem 1 000 - 2 000 Zincagem sem cianetos 1 000 – 5 000 Zincagem cianurada 5 000 – 10 000 Cobre, prata, latão cianurados 10 000 Cromagem decorativa 10000-50000 Passivações crómicas 200-2000 No Quadro 6 apresentam-se os valores de qualidade de lavagem mais adequados e respectivas concentrações de arrasto nas águas de lavagem, para os banhos de tratamento mais comuns. 51 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 6 Concentrações nas águas de lavagem dos principais constituintes dos banhos precedentes, em função da qualidade de lavagem (Rd) requerida. Concentração na Lavagem (mg/l) Principal Constituinte do Banho Concentração no Banho (g/l) Decapagem de zinco HCl 170 170 Zincagem ácida Zn 2+ 35 35 7 Zincagem alcalina sem cianetos Zn 2+ 10 10 2 Zn 2+ Tipo de Banho Zincagem alcalina cianurada Cobreagem cianurada - CN Cu 2+ - Rd=5 000 Rd=10000 15 3 1,5 25 5 2,5 50 CN 75 Niquelagem brilhante Ni 65 Cromagem decorativa CrO3 2- Rd=1 000 5,0 7,5 13 250 6,5 25,0 A selecção do tipo de lavagem é um factor de extrema importância na determinação da qualidade da mesma. Listam-se em seguida os tipo de lavagem por imersão mais comuns, descrevendo-se as vantagens e as desvantagens inerentes a cada um deles. No Capítulo seguinte (6.1), é efectuada uma análise comparativa dos consumos de água nos diferentes tipos de lavagens para uma mesma eficiência pré-definida. Lavagem estática Vantagens: Desvantagens: - consumo reduzido de água; - variação da qualidade de lavagem em - recolha de uma grande carga contaminante num volume reduzido; função do tempo; - baixa qualidade de lavagem. - possibilidade de devolução da água e do electrólito arrastado ao banho. Lavagem corrente simples (1 tina) Vantagens: Desvantagens: - ocupação mínima de espaço; - elevado consumo de água; - efluente com pequena carga - impossibilidade de devolver o electrólito arrastado ao banho. contaminante. 52 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Lavagem em cascata Vantagens: Desvantagens: - simplicidade da técnica; - limitações na devolução do electrólito arrastado ao banho. - grande redução do consumo de água comparativamente com a lavagem corrente simples; - efluente com carga contaminante intermédia. Combinação de lavagem estática com lavagem em cascata Vantagens: Desvantagens: - recolha de uma grande carga - variações na qualidade da lavagem contaminante num volume pequeno, o "banho morto"; - possibilidade de devolução do electrólito arrastado ao banho; em função do tempo; - caudal de água médio; - são recomendadas 3 ou mais etapas de lavagem. - boa qualidade de lavagem com redução significativa do consumo de água. Recomendações: Para além da optimização das técnicas de lavagem, os métodos de conservação da água, numa perspectiva de redução da poluição na fonte, incluem: - a instalação de controladores de caudal nas alimentações de água às tinas para evitar consumos excessivos; - a utilização de lavagem de spray ou de nevoeiro sempre que possível; - o uso de água desmineralizada ou macia; - o uso de controladores de condutividade; - a promoção da agitação para melhorar a lavagem e a homogeneidade na tina de lavagem; - o desenho das tinas de lavagem em cascata de modo a não transbordar água de lavagem mais concentrada para a tina contendo água de lavagem mais diluída, o que é conseguido aumentando da altura da separação entre as tinas; - ter em consideração que os cálculos teóricos dos caudais de lavagem podem ser influenciados na prática pela agitação, pelo tempo de residência das peças e pela complexidade da geometria das peças. 53 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 5.1.5 Devolução do Electrólito Arrastado ao Banho As principais medidas de devolução do electrólito arrastado ao banho, aplicáveis às águas de lavagem, podem classificar-se, de acordo com a forma como essa devolução se processa, em: - devolução directa – total ou parcial; - devolução indirecta – por aplicação de um sistema de recuperação. A devolução directa ao banho, total ou parcial, pode ser aplicada às águas de lavagem provenientes de: (1) sistemas em cascata de pequeno caudal (10 a 50 l/h); (2) lavagens estáticas 1 (banhos mortos) ou (3) lavagens estáticas com imersão prévia posterior ao banho (neste caso tendo ainda a vantagem de contribuir para a reposição das perdas por evaporação). A devolução indirecta processa-se recorrendo a sistemas de recuperação (com retorno), onde se obtém uma fracção concentrada que é devolvida ao banho, e água limpa que retorna à lavagem (vd. Figura 23). Neste caso, a devolução da fracção concentrada ao banho contribui para a acumulação de impurezas, devendo-se efectuar purgas periódicas. As técnicas de recuperação mais utilizadas e que constituem tecnologias de prevenção da poluição são a filtração, a osmose inversa, a evaporação, a permuta iónica e a electrodiálise. Água Lim pa Peças Banho Concentrado Lavagens Purga (im purezas) Concentrado Sistem a de Recuperação com retorno Água Recuperada Figura 23 - Esquema representativo de um sistema de recuperação com retorno ao processo. 1 Neste tipo de lavagem, a devolução do electrólito ao banho pode ocorrer apenas pelo facto de haver uma imersão prévia (respeitando apenas ao que é arrastado conjuntamente com as peças), ou com devolução periódica da totalidade da lavagem 54 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Podem também aplicar-se sistemas de recuperação sem retorno ao processo. Neste caso, apenas se faz a recuperação de água para o processo. O concentrado obtido é, normalmente, um produto valorizável, contendo metais diversos com potenciais utilizações fora do processo (vd. Figura 24). As técnicas de recuperação sem retorno mais utilizadas são a permuta iónica e a electrólise. Água recuperada Água Lim pa Peças Banho Concentrado Lavagem em cascata Lavagem simples ETAR M etalconcentrado para Reutilização,venda ou outro destino Figura 24 - Sistem a de Recuperação sem retorno Esquema representativo de um sistema de recuperação sem retorno ao processo. No Quadro 7 apresenta-se a análise comparativa de diversas medidas de devolução directa e indirecta de electrólito arrastado ao banho. Quadro 7 Comparação entre as diferentes medidas de devolução directa e indirecta do electrólito arrastado ao banho. Adequado a Banhos de Baixa Temp. Grau de Devolução Limitações Técnicas Custos de Exploração Pouco 50-80 % Algumas Baixos Médio 50-80 % Poucas Baixos Muito 50 % Poucas Baixos Médio 50-80 % Poucas Baixos Evaporador atmosférico Médio >> 80 % Algumas Elevados Evaporador a vácuo Médio >> 80 % Algumas Elevados Permuta iónica Pouco > 80 % Muitas Elevados Membranas Pouco 50-80 % Muitas Médios Forma de Devolução Devolução directa (lavagens em cascata) Devolução directa Directa (lavagem estática) Imersão prévia (lavagem estática) Imersão prévia e devolução (lavagem estática) Indirecta [Fonte:IHOBE] 55 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 5.1.6 Tecnologias que Permitem a Concentração e a Recuperação de Substâncias Valorizáveis 5.1.6.1 Flutuação Aplicável às operações de desengorduramento, esta tecnologia consiste na injecção de ar que induz a formação de bolhas que colectam as gotículas de gordura e sobrenadam sob a forma de espumas. Estas são separadas mecanicamente por meio de raspadores permitindo a reutilização do banho e aumentando o seu tempo de utilização. 5.1.6.2 Decantação com coalescência Para aumentar a eficiência da decantação do banho de desengorduramento, utiliza-se um decantador equipado com acessórios promotores da coalescência, isto é associação das gotículas em gotas de maior dimensão até formarem uma fase orgânica contínua que sobrenada. Obtém-se por outro lado, uma fase inferior sem gorduras que é reutilizada no banho. 5.1.6.3 Centrifugação A centrifugação é uma técnica que permite separar líquidos imiscíveis, tendo a vantagem da separação se efectuar mais rapidamente por acção da força centrífuga. As centrífugas que geralmente se usam nos banhos de desengorduramento são do tipo concentrador e apresentam 3 saídas: uma de água, uma de óleo e uma de lama. Esta tecnologia permite prolongar por cerca de 4 vezes o tempo de vida do banho de desengorduramento. 5.1.6.4 Ultrafiltração A ultrafiltração é uma tecnologia de membranas com aplicação possível na recuperação de solventes e agentes de limpeza de banhos de desengorduramento; na manutenção da qualidade de águas de lavagem, após pré-tratamentos de limpeza e fosfatização; na recuperação de tintas e reutilização de água de lavagem, em instalações de pintura cataforética; e, ainda na reciclagem de água em cabines de pintura com cortina da água. A solução de alimentação circula pelo interior das membranas em determinadas condições operatórias, obtendo-se um permeado, fracção de alimentação para a qual a membrana é permeável, que é recirculado e que pode representar até 95% do caudal tratado e um concentrado, fracção retida que pode ser reutilizada ou eliminada. 56 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Uma membrana de ultrafiltração retém solutos com peso molecular superior a 1000, nomeadamente matérias coloidais e macromoléculas, sendo permeável à água e à maioria dos sais dissolvidos. A selecção das membranas que podem ser orgânicas, cerâmicas ou minerais e de construção em placas ou tubular, depende das aplicações específicas e também de alguns parâmetros, como a temperatura do efluente a tratar, a sua acidez e ainda da existência de solventes aromáticos ou clorados. Aconselha-se sempre a instalação de um pré-filtro, para remoção das partículas sólidas em suspensão, protegendo deste modo as membranas de deterioração ou colmatação prematura. As membranas devem ser limpas periodicamente ou quando o caudal de permeado diminui significativamente Ultrafiltração aplicada a banhos de desengorduramento A aplicação de um sistema de ultrafiltração a um banho de desengorduramento consiste em fazer passar esse banho pelo interior das membranas (normalmente tubulares), obtendo-se por um lado um permeado com os aditivos e desengordurantes (95% de recuperação), que é recirculado para a tina, e por outro, um concentrado com os óleos e gorduras. Consegue-se assim prolongar o tempo de vida do banho, em alguns casos até 20 vezes, diminuindo-se simultaneamente o volume de efluente líquido a tratar e o consumo dos constituintes do banho. Para dar uma ideia e apenas isso, da ordem de grandeza dos investimentos em tecnologias alternativas aplicáveis a banhos de desengorduramento apresenta-se no Quadro 8 uma estimativa desses custos em função do caudal a tratar. Quadro 8 Estimativa do investimento em função da capacidade para algumas tecnologias aplicáveis a um desengorduramento. Equipamento Centrifuga Decantador com coalescência Ultrafiltração Capacidade Investimento (l/h) (contos) 500 4 000 3 000 16 000 150 400 550 1 000 3 300 4 350 400 4 000 600 9 000 2 500 50 000 57 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Ultrafiltração aplicada numa linha de pintura cataforética Numa linha de pintura cataforética (muito utilizada na indústria automóvel), as peças são imersas num banho onde, por aplicação de um campo eléctrico, a tinta coagula formando a camada de revestimento. À saída do banho de pintura, as peças têm também uma camada de tinta não coagulada que aderiu por capilaridade e por retenção nos volumes mortos. Esta camada deve ser retirada por lavagem com água antes da secagem em estufa. Dado o volume de tinta que fica nesta operação de lavagem (25% a 45% da tinta consumida), torna-se necessário proceder à sua recuperação e reintrodução no banho de pintura, regenerando-se em consequência a água de lavagem. Se não houvesse qualquer tecnologia de prevenção associada, a tinta estaria perdida, pois a água de lavagem tal-qual não pode voltar ao banho devido à diluição que provocaria. Assim sendo, a ultrafiltração aplicada nestes casos tem uma função importante pois permite a recuperação de água e da tinta. Grande parte das linhas que utilizam este tipo de pintura já incorporam esta tecnologia. A sua aplicação permite a obtenção de um concentrado contendo os componentes da tinta que retorna ao banho, enquanto que o permeado de água e solvente é utilizado nas lavagens seguintes. Numa segunda etapa de lavagem as peças são lavadas com água desmineralizada. Em unidades de grande dimensão é rentável recuperar a água desmineralizada (como permeado) de uma segunda unidade (ou segundo andar) de ultrafiltração, retornando ao banho o concentrado com a tinta ainda restante. Podemos portanto concluir que a aplicação da ultrafiltração (geralmente com membranas em placas) como tecnologia de prevenção nas unidades de pintura cataforética pode eliminar quase completamente a geração de resíduos com os diferentes benefícios de ordem ambiental e económica. O controlo das impurezas obriga a uma purga minoritária do concentrado. 5.1.6.5 Microfiltação A microfiltração é também uma tecnologia de membranas geralmente usada na retenção de células, coloides e suspensões, aquando, por exemplo, da separação dos óleos de máquinas dos óleos sintéticos de maquinagem ou como etapa da produção de água de processo em aplicações específicas. 5.1.6.6 Nanofiltração A nanofiltração é uma tecnologia semelhante às anteriormente descritas, que permite a separação de alguns sais dissolvidos na água, para além de macromoléculas. É uma técnica também utilizada na produção de água de processo. 58 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 5.1.6.7 Osmose inversa A osmose inversa é uma tecnologia de membranas com um elevado potencial de aplicação nas indústrias de tratamentos de superfície, nomeadamente no aproveitamento de águas de lavagem, para recirculação em simultâneo com a recuperação de metais nelas encontrados, como é o caso do níquel em tratamentos de niquelagem, bem como na produção de água desmineralizada para utilização no processo. A solução de alimentação é forçada a atravessar uma membrana (normalmente em espiral) apenas permeável à água, por aplicação de uma pressão mecânica superior à pressão osmótica. Deste modo, inverte-se o sentido natural do fluxo de água e a água pura passa da solução mais concentrada para a mais diluída, o permeado. Este, que pode representar 60% a 90% do caudal de entrada, é recolhido para reutilização nas lavagens, sendo o concentrado com os sais de níquel (98% de retenção) e os outros constituintes do banho de deposição (60% de recuperação de abrilhantadores), devolvido ao banho para repôr o seu volume, compensando, assim, as perdas por evaporação. Nos casos em que o objectivo é a desmineralização de água, o concentrado é rejeitado. Os módulos de membranas na osmose inversa apresentam três formas possíveis consoante a aplicação: tubulares, em placas ou em espiral. A sua manutenção consiste, essencialmente na lavagem das membranas e na sua protecção contra a colmatação por matérias orgânicas e sólidos em suspensão, através da colocação de pré-filtros. 5.1.6.8 Evaporação A evaporação é uma técnica que pode ser utilizada para recuperação, separação ou concentração, permitindo uma taxa de recirculação elevada. Uma das grandes vantagens desta técnica, comparativamente a outras técnicas de concentração, é a grande redução que permite no volume do concentrado, o qual, atingindo uma elevada concentração, pode ser recirculado na sua totalidade para o banho de tratamento, mesmo quando as perdas por evaporação são reduzidas, como é o caso dos banhos de tratamento a frio. Em tratamentos de superfície recorre-se geralmente à evaporação em vácuo, que pode trabalhar a temperaturas mais baixas, evitando a degradação dos produtos químicos constituintes dos banhos. É uma tecnologia com aplicação industrial em linhas de fosfatação (ferro ou zinco), em cromagens, zincagens, cadmiagens, prateagens, latonagens, estanhagens, e em tratamentos térmicos em banhos de sais. Pode aplicar-se sobre lavagens em cascata, sobre banhos mortos ou sobre os próprios banhos de tratamento. 59 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Os consumos energéticos na evaporação são geralmente elevados, sendo um dos inconvenientes do processo. No entanto, as novas tecnologias de evaporação a baixas temperaturas, aproveitando o calor de baixa temperatura gerado pelo processo, tendem a alterar rapidamente esta situação. Aplicações da evaporação Evaporação dos banhos de tratamento esgotados: O banho de tratamento, após perder toda a sua eficácia, é enviado ao evaporador, sendo o concentrado enviado para tratamento ou rejeitado e o condensado recirculado para o banho. Exemplo de aplicação: banho de desengorduramento/fosfatação, numa linha de fosfatação. Evaporação do banho morto: O banho morto é enviado ao evaporador, obtendo-se um concentrado que é recirculado ao banho de tratamento, enquanto que o condensado é devolvido ao banho morto para compensar a água evaporada. Exemplo de aplicação: banho morto após um banho de têmpera, banho morto em cromagem decorativa. Evaporação associada a lavagens em cascata: A água de lavagem, contendo elementos do banho é enviada ao evaporador, obtendo-se um concentrado que se recircula ao banho de tratamento, enquanto que a água condensada é devolvida às operações de lavagem. Exemplo de aplicação: águas de lavagem de operações de cromagem. Consegue-se, através da evaporação, reduzir o volume de efluente líquido gerado, com a consequente redução da quantidade de lamas geradas na ETAR e ainda uma poupança significativa nos consumos de água e de constituintes do banho. 5.1.6.9 Permuta iónica A permuta iónica é uma técnica, que permite concentrar ou extrair determinados elementos contidos em soluções. O seu domínio de aplicação em tratamentos de superfície abrange nomeadamente a purificação de banhos de tratamento, de banhos mortos e de águas de 60 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície lavagem. A permuta iónica faz-se através de resinas sintéticas que possuem grupos funcionais com propriedades específicas, que permutam os seus iões pelos iões contaminantes existentes em solução. As características das resinas a utilizar dependem da natureza e da carga dos elementos contaminantes designando-se por catiónicas e aniónicas (fortes e fracas). Os iões indesejáveis são removidos da solução, tornando possível a reutilização da mesma, havendo, de acordo com a aplicação, uma redução no efluente líquido gerado e do consumo de água e/ou de matérias primas. De seguida, apresentam-se alguns casos concretos de aplicação da permuta iónica em operações de tratamentos de superfície: - purificação de banhos, no caso de uma cromagem ou de uma passivação crómica, em que, recorrendo a uma resina catiónica, se eliminam os catiões 3+ 3+ 2+ 2+ indesejáveis (Cr , Fe , Cu , Zn , etc.); - purificação de banhos mortos após cromagem, permitindo a eliminação de 2+ 2+ catiões indesejáveis (Cu , Zn , etc.) e a reutilização da água purificada no banho morto, havendo ainda a possibilidade de recuperação do ácido crómico para reutilização no banho de cromagem. Neste caso, utiliza-se uma resina 3+ 3+ 2+ catiónica para retenção dos catiões indesejáveis (Cr , Fe , Cu , etc.) e uma 2- 2- resina aniónica para retenção dos iões CrO4 e SO4 . Ao passar o eluato desta resina por uma resina catiónica, consegue-se a retenção dos catiões Cr 3+ 3+ e Fe residuais, recuperando-se o ácido crómico; - regeneração de banhos de ácido clorídrico da decapagem de ferro, com uma resina aniónica; - tratamento de águas de lavagem, para remoção de contaminantes com reutilização em circuito fechado. A regeneração da resina dá origem a uma solução contendo elementos contaminantes. Se esta solução contiver somente o elemento constituinte do banho, é possível, através de operações adicionais, aumentar a sua concentração e retorná-lo ao banho, sem causar diluições excessivas. 5.1.6.10 Electrólise Em termos simples, a electrólise consiste na aplicação de uma diferença de potencial eléctrico entre dois eléctrodos introduzidos numa solução (electrólito), de maneira a que os catiões sejam reduzidos no cátodo ao estado metálico e os aniões oxidados no ânodo. É um processo apropriado para recuperar metais de qualquer electrólito ácido ou alcalino, permitindo alcançar diversos objectivos, designadamente: 61 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície - eliminar catiões metálicos de uma solução por deposição no cátodo, podendo os metais depositados serem objecto de eventual recuperação posterior ou venda; - regenerar certos banhos, como, por exemplo, através da reoxidação anódica, convertendo o crómio trivalente em crómio hexavalente; - diminuir o grau de perigosidade de certas soluções, como, por exemplo, eliminar o Cr(VI), através da sua redução no cátodo a Cr(III), e destruir os cianetos por oxidação anódica, convertendo-os em CO2 e N2. Nestes casos, as vantagens poderão ser a obtenção de bons rendimentos de conversão e a diminuição dos custos de tratamento, devido à ausência de reagentes e à redução da quantidade de lama gerada. A electrólise convencional só tem elevados rendimentos de corrente para soluções relativamente concentradas, sendo adequada aos banhos de tratamento e aos banhos de lavagem estática que a seguem. No entanto, o progressivo desenvolvimento de equipamentos de electrólise eficientes, mesmo para baixas concentrações, como é o caso do Chemelec, têm vindo a permitir a recuperação de metais a partir de soluções cada vez mais diluídas. Estes equipamentos podem recuperar Níquel, Ouro, Prata, Platina, Estanho, Cobre, Zinco, Cádmio e Latão, entre outros, com taxas de recuperação que podem atingir os 99%, destruindo em banhos cianetados a mesma percentagem de cianetos. Todos os metais, com excepção do crómio, devido à sua dupla valência, podem ser recuperados por este processo. Existem ainda outros equipamentos de electrólise com eléctrodos especiais que, a partir de soluções diluídas (<1 g/l), permitem obter soluções finais com uma concentração em metal inferior a 10 mg/l. Apresentam-se em seguida alguns exemplos de aplicação da electrólise: ! Recuperação de cobre em banhos de decapagem sulfúrica de peças em cobre Aplicando uma electrólise em contínuo a uma fracção do banho de decapagem, consegue-se manter o teor em cobre dissolvido entre os 10 e 20 g/l, regenerandose a acidez necesária à operação de decapagem. O cobre depositado nos cátodos é vendido para as fundições. Esta técnica permite recuperar 10 a 15 t de cobre por 10 000 t decapadas. A concentração em ácido sulfúrico é mantida por adição de água, para compensar perdas por evaporação. 62 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície ! Regeneração de banhos sulfocrómicos de ataque a materiais poliméricos Os banhos de ataque a plásticos passíveis de metalização são constituídos, essencialmente, por uma solução aquosa de ácido crómico e de ácido sulfúrico, podendo conter também fluoretos, fosfatos ou sulfatos. À medida que se dá o ataque, os polímeros são oxidados pelo crómio hexavalente a CO2 e H2O, com formação de crómio trivalente. A eficácia do banho diminui quando a concentração 2 de Cr(VI) atinge 20 a 30 g/l, ou seja, após o tratamento de 3 a 4 m de peças por litro de banho. Torna-se então necessário substituir o banho novo para conservar uma qualidade de ataque indispensável a uma boa aderência do revestimento posterior. A electrólise associada a esta operação permite oxidar o Cr(III), repondo a concentração de Cr(VI) no banho, podendo diminuir deste modo o consumo de 2 2 ácido crómico de 175 g/m para 25 g/m . 5.1.6.11 Electrodiálise (ED) Um sistema de electrodiálise é constituído por uma sequência de membranas catiónicas e aniónicas, sendo as primeiras permeáveis apenas aos catiões e as segundas apenas aos aniões, e por dois eléctrodos que se encontram nos extremos. Sob influência de um campo eléctrico, os catiões migram do ânodo para o cátodo. Como resultado obtém-se uma solução enriquecida nos elementos dissolvidos (o concentrado) e uma solução purificada (diluída). Numa linha de tratamentos de superfície, a electrodiálise permite: - separar determinados iões de uma solução; - concentrar uma solução; - conduzir à produção de um concentrado que é directamente devolvido ao banho de tratamento, principalmente vantajosa quando é necessário compensar as perdas por evaporação natural (caso de utilização de banhos aquecidos). A electrodiálise nesta aplicação específica coloca-se entre um banho de deposição e a lavagem estática que lhe sucede. O electrólito presente na água de lavagem, constituído por sais, ácidos ou bases, é concentrado e reintroduzido no banho de deposição. Consegue-se assim manter a água de lavagem descontaminada, diminuindo o arrasto para o andar de lavagem seguinte (em cascata). Esta tecnologia é adequada para águas de lavagem contendo cobre, níquel ou prata. No caso da prata, em que os banhos funcionam à temperatura ambiente, só se consegue obter uma concentração suficiente para reutilização se se associar uma etapa suplementar de evaporação. 63 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície A electrodiálise é uma tecnologia que também se aplica a banhos de anodização, prolongando o seu tempo de vida. Os iões de alumínio presentes no banho de anodização deslocam-se através da membrana selectiva para um meio que os captura, formando uma lama concentrada. A manutenção da instalação consiste na verificação de filtros e eléctrodos e no controlo regular da descarbonatação das membranas. As vantagens da electrodiálise podem resumir-se da seguinte forma: - economia de matérias-primas, (o metal e os outros constituintes do banho de deposição); - recirculação directa dos produtos recuperados; - melhoria da qualidade e homogeneidade do tratamento, uma vez que se consegue manter a concentração do banho de deposição dentro duma gama mais estreita; - diminuição do consumo de água de lavagem; - economia nos custos do tratamento de efluentes. Em termos económicos, existem alguns exemplos de aplicação desta tecnologia no estrangeiro, que reportam períodos de recuperação do investimento inferiores a 1 ano, devido ao seu elevado rendimento (95% a 97 %) e ao baixo custo de manutenção (em média, 10% do investimento). É uma tecnologia ainda emergente, que por vezes exige níveis de investimento desincentivadores, principalmente para as pequenas empresas. 5.1.6.12 Electro-electrodiálise (EED) Esta tecnologia agrupa os efeitos da electrólise e da electrodiálise ao interpor uma membrana de electrodiálise (anódica ou catódica) entre dois eléctrodos, formando-se assim uma célula com dois compartimentos. O compartimento anódico é limitado pelo ânodo e pela membrana, enquanto que o compartimento catódico é limitado pela membrana e pelo cátodo. A escolha da membrana é feita em função dos elementos que se pretende fazer passar através da membrana. Além da filtração selectiva dos aniões e catiões, ocorrem também reacções nos eléctrodos: oxidação no ânodo e redução no cátodo. A nível industrial, esta técnica tem sido aplicada apenas à regeneração de ácido crómico em banhos de lavagem. O ácido crómico, recuperado no compartimento anódico de uma electroelectrodiálise, pode ser enviado directamente para o banho de deposição. A maior desvantagem desta técnica é o elevado consumo energético por Kg de ácido crómico recuperado, o que leva a que o investimento só seja rentável para grandes quantidades de ácido crómico. A recuperação do crómio na cromatação do alumínio, antes da lacagem, é um dos exemplos citados de aplicação. 64 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 5.1.6.13 Ultrafiltração/Cristalização Esta tecnologia consiste na regeneração em contínuo dos banhos de satinagem do alumínio, através da decomposição do aluminato de sódio formado em alumina hidratada e em soda, que é recirculada ao banho. O banho de satinagem passa primeiramente por uma unidade de ultrafiltração, obtendo-se um permeado de soda que é enviado ao banho e um concentrado com aluminato de sódio que constitui a alimentação do cristalizador. Na cristalização dá-se a decomposição do aluminato. A maior parte da soda é devolvida ao banho e o alumínio é cristalizado e removido na forma de alumina hidratada (Al2O3.3H2O), para comercialização. Esta tecnologia permite reduzir a produção de lamas em 85%, a sua carga orgânica em 97% e a salinidade do efluente gerado em 60% (expressa em sulfato de sódio). Simultaneamente, reduzse o consumo de soda em 60% e recupera-se o alumínio, que se vai solubilizando no banho, sob a forma de um produto comercializável. Este processo não foi ainda aplicado em Portugal. Sabese que em França foi implementado há mais de 10 anos, pelo menos numa unidade de anodização. Provavelmente por ser considerado um processo caro pelos industriais, que não vêem garantida à partida a comercialização da alumina que irão produzir, a sua aplicação é muito reduzida mesmo no estrangeiro. 5.1.6.14 Retardação iónica Os banhos ácidos de anodização vão-se tornando ricos em substâncias indesejáveis devido à dissolução de metais. O aumento da concentração de metais dissolvidos ocorre ao longo do tempo, reduzindo a eficácia do banho, o que obriga a aumentar os tempos de processamento por forma a garantir a mesma qualidade. No entanto, devido a razões de capacidade de produção ou de rentabilidade, tal situação é, em geral, inaceitável. Assim, opta-se por retirar periodicamente uma parte do banho, ou mesmo continuamente, substituindo-a por igual volume de banho novo. Isto origina grandes quantidades de efluente, com perda consequente dos constituintes do banho e geração de lamas. A retardação iónica é uma tecnologia de prevenção já aplicada em algumas empresas portuguesas do sub-sector da Anodização e Lacagem do Alumínio, que permite prolongar o tempo de utilização dos banhos de anodização sem prejudicar a qualidade dos mesmos, separando o alumínio (na forma de sulfato) do ácido sulfúrico livre, com reutillização deste último no processo. Os banhos, ao trabalharem com concentrações mais baixas e controladas de alumínio, têm uma maior eficiência de corrente e permitem uma melhor qualidade da anodização, para além de se minimizarem as perdas por arrasto. Consegue-se assim, uma redução de cerca de 90% no consumo de ácido sulfúrico e de 90% no consumo de soda para neutralização desse ácido na 65 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície ETAR. Em consequência, diminui-se em 20% a quantidade de lamas geradas. Obtém-se ainda uma redução bastante acentuada nos gastos energéticos. Em certos casos, a solução de sulfato de alumínio pode ser valorizada, por cristalização ou por permuta iónica. 5.1.6.15 Utilização directa das lixívias ácidas e alcalinas do tratamento de superfícies de alumínio em coagulação e controlo de fosfatos nas ETAR´s domésticas. Esta medida, que já se encontra implementada na Suíça, foi posta em execução com base num contrato de cooperação entre uma associação industrial, as empresas associadas e as empresas exploradoras das ETAR´s municipais. O contrato define as obrigações de cada uma das partes no que diz respeito ao tipo, à especificação da composição e ao transporte das lixívias a utilizar. Esta medida teve como resultado a redução em mais de 80% das lamas dos anodizadores cooperantes e também a eliminação quase completa dos polielectrólitos, dos sais de ferro e de alumínio usados nas ETAR´s para o efeito. 5.1.6.16 Revestimento com tintas em pó em substituição da pintura líquida Este processo de revestimento electrostático utiliza partículas finas de pigmento e de resina carregadas que, quando pulverizadas por uma pistola, se movimentam através das linhas do campo eléctrico formado e se depositam sobre as peça a revestir. Este processo pode ser manual ou automático. Depois de revestidas, as peças são introduzidas em estufa geralmente a temperaturas da ordem dos 180-200 ºC, para que o material depositado possa polimerizar, transformando-se num acabamento uniforme, aderente e durável. O pó de resina utilizado pode ser de três tipos diferentes: epoxy, polyester e acrílico, com diferentes propriedades químicas, físicas, eléctricas e decorativas. A aplicação do revestimento a pó requer o seguinte equipamento: sistema de alimentação do pó, sistema de pistola de pulverização electrostática, cabine de aplicação e sistema de recolha do pó. A pistola para pintura electrostática tem a vantagem de permitir o controlo da dimensão, da forma e da densidade da pulverização, bem como da taxa de deposição e da localização do pó na peça. As cabines são desenhadas para conterem o pó no seu interior de modo a evitar o overspray para outras áreas. O sistema de recolha do pó é constituído por ciclones ou filtros de cartucho, facilmente removidos e substituídos quando se muda de cor. Deste modo, é possível recuperar uma elevada percentagem do pó pulverizado em excesso. 66 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície As vantagens do revestimento a pó são as seguintes: - acabamento de alta qualidade e durabilidade, resistente à corrosão, abrasão e substâncias químicas; - melhoria da eficiência; - redução de custos; - ausência de solventes, sendo desnecessários os equipamentos de recuperação dos mesmos, como acontece com as tintas líquidas de base solvente; - rápida recuperação e reutilização do pó em excesso, com rendimentos de recuperação até 98%; - produção insignificante de resíduos, ausência de escorrimentos ou formação de vapores; 5.1.6.17 Revestimento aplicado com spray airless em substituição do spray com ar comprimido Nos revestimentos aplicados com pistola airless, a tinta líquida é projectada a alta pressão sob a forma de jacto com velocidade suficientemente elevada para provocar a atomização. A inexistência de expansão por corrente de ar comprimido reduz a perda de tinta por overspray, aderindo a maior parte da tinta à superfície da peça. Esta técnica é especialmente utilizada na pintura de grandes superfícies. Aplicando esta técnica em substituição do processo tradicional, que utiliza ar comprimido para atomizar a tinta (ou o material de revestimento) e transportá-la para a superfície da peça (spray atomizado a ar), obtém-se uma redução da ordem de 15% no consumo de tinta e de 75% no consumo de solventes. O rendimento de transferência de tinta nesta técnica para a superfície a revestir é de 65 a 70%, bastante superior ao do sistema convencional que se situa apenas entre 30 e 50%. Como resultado da aplicação desta técnica, verifica-se uma redução dos resíduos produzidos da ordem de 40 a 50%. 67 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 5.2 ESTIMATIVA DOS BENEFÍCIOS OBTIDOS POR APLICAÇÃO DAS PRINCIPAIS MEDIDAS E TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO AO SECTOR Partindo da estimativa dos resíduos gerados na globalidade do sector dos Tratamentos de Superfície e tendo em conta os benefícios previstos como resultado da aplicação das principais medidas/tecnologias de prevenção, é possível prever o impacte da sua aplicação a médio prazo. Os valores extrapolados no Capítulo 4 para os resíduos gerados neste sector têm um potencial de redução, quer em quantidade, quer em perigosidade, como consequência da aplicação das tecnologias de prevenção disponíveis. Os valores resultantes, quer da extensão das medidas de optimização das lavagens a todos os processos, quer da aplicação a cada operação da melhor tecnologia disponível para a recirculação de água e/ou electrólito, reflectem-se não só nos resíduos líquidos e nos sólidos gerados, mas também ao nível das águas residuais. No entanto, nos Quadros 9 e 10 são apenas referidos os valores relativos aos resíduos. O cálculo das quantidades de resíduos produzidos no sector, antes e após a aplicação das melhores medidas e tecnologias disponíveis, foi efectuado separadamente para as empresas que só realizam tratamentos de superfície e para as empresas que, para além destes tratamentos têm outras actividades de metalomecânica. Isso deve-se ao facto das empresas integradas nos dois grupos apresentarem diferenças, tanto ao nível da dimensão, como ao nível das próprias operações que realizam. A estimativa assenta nos seguintes pressupostos: - os valores apresentados respeitam apenas aos resíduos para os quais foi possível estimar quantidades, sendo, portanto, uma estimativa efectuada por defeito; - no presente, do total dos banhos concentrados e das águas residuais produzidos, 90% é enviado para tratamento em ETAR, originando o total de lamas apresentado no Quadro 3; - os resíduos líquidos inscritos no Quadro 3 correspondem aos banhos concentrados descarregados e que não sofrem tratamento em ETAR; - apenas 10% das empresas, que se dedicam exclusivamente aos tratamentos de superfície, aplicam tecnologias para minimização dos seus resíduos. No caso das empresas de metalomecânica admite-se que esta percentagem é de 30%. 68 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 9 Quantidade e perigosidade dos resíduos produzidos no sector dos Tratamentos de Superfície e estimativas de redução por aplicação das melhores medidas e tecnologias de prevenção disponíveis. Resíduo Perigosidade Quantidade Resíduos líquidos com crómio e sem cianetos Perigoso 734 (m /ano) Resíduos líquidos sem crómio e com cianetos Perigoso 156 (m /ano) Resíduos líquidos sem crómio e sem cianetos Não-perigoso 1 674 (m /ano) Resíduos líquidos de desengorduramento Não-perigoso Lamas de ETAR Não-perigoso Quantidade, após Prevenção 3 734 (m /ano) 3 3 1 791 (m /ano) 3 360 (m /ano) 3 8 686 (t/ano) Redução 3 0% 39 (m /ano) 3 75% 3 - 7% * 336 (m /ano) 3 90% 7 063 (t/ano) 19% * A substituição de banhos cianurados por banhos não cianurados reflete-se numa diminuição dos resíduos líquidos com cianetos, mas implica um correspondente aumento dos resíduos líquidos sem cianetos. Quadro 10 Quantidade e perigosidade dos resíduos produzidos no sector da Metalomecânica, referente aos Tratamentos de Superfície e estimativas de redução por aplicação das melhores medidas e tecnologias de prevenção disponíveis. Resíduo Perigosidade Quantidade Resíduos líquidos com crómio e sem cianetos Perigoso 1 198 (m /ano) Resíduos líquidos sem crómio e com cianetos Perigoso 63 (m /ano) Resíduos líquidos sem crómio e sem cianetos Não-perigoso 1 759 (m /ano) Resíduos líquidos de desengorduramento Não-perigoso Lamas de ETAR Não-perigoso Quantidade, após Prevenção 3 1 198 (m /ano) 3 3 1810 (m /ano) 3 530 (m /ano) 3 9 171 (t/ano) Redução 3 0% 12 (m /ano) 3 81% 3 - 3% 353 (m /ano) 3 90% 8 071 (t/ano) 12% Relativamente às medidas/tecnologias que se apresentam a seguir admitem-se percentagens idênticas de redução nos dois sectores: - Substituição de compostos cianurados por compostos isentos de cianetos: em todos os casos possíveis, à excepção da latonagem e douragem, consegue-se uma redução dos resíduos líquidos cianurados da ordem dos 75%. É de salientar que o resultado global da implementação desta medida se traduz apenas na diminuição da perigosidade dos resíduos, uma vez que a sua aplicação implica a mesma produção de resíduos líquidos, embora não-cianurados; 69 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície - Introdução da osmose inversa nos processos de niquelagem: o reaproveitamento das águas de lavagem e a recuperação de níquel permitem uma redução de 28% na totalidade dos resíduos líquidos sem crómio e sem cianetos; - Aplicação da permuta iónica e da evaporação às águas de lavagem e aos banhos mortos das cromagens, zincagens e cobreagens: consegue-se uma redução ligeiramente superior a 50% na produção de resíduos líquidos. Considera-se ainda, que a aplicação de uma tecnologia de ultrafiltração ou de centrifugação para prolongamento da vida dos banhos de desengorduramento não se traduz numa alteração significativa da quantidade de lama formada, pois os óleos e gorduras que deixam de ser enviados para a ETAR continuam a existir, mas sob uma forma concentrada e separados dos restantes resíduos. Em conclusão e partindo dos pressupostos citados, pode afirmar-se que a aplicação das medidas e tecnologias de prevenção consideradas, leva a uma redução de 76% nos resíduos líquidos produzidos pelo sector dos Tratamentos de Superfície e de 64% nos resíduos equivalentes gerados pelas das empresas de Metalurgia e Metalomecânica. No caso específico da anodização e da lacagem de alumínio foi considerada uma redução de lamas de ETAR em cerca de 75%, quando se aplicaçam simultaneamente duas tecnologias: a retardação iónica nos banhos de anodização e a regeneração de soda e a recuperação de hidróxido de alumínio nos banhos de satinagem. A estimativa da diminuição da quantidade de lamas geradas por aplicação das principais medidas e tecnologias de prevenção é de 19% no sector dos Tratamentos de Superfície e de 12% no sector da Metalurgia e Metalomecânica. É de salientar, para além do que já foi explicitado anteriormente, que algumas dessas tecnologias permitem uma elevada redução no volume do efluente líquido gerado, como é o caso da permuta iónica para remoção de contaminantes de soluções, mas podem não reduzir a quantidade de metais que chegam à ETAR. Tal deve-se ao facto de, apesar de mais concentradas em metais, as soluções de regeneração das resinas, sem aplicação ou recuperação, são enviadas também para a ETAR, gerando idêntica quantidade de lamas. Neste Guia as tecnologias de prevenção são avaliadas, não só pela redução de lamas, mas também, pelos benefícios induzidos relacionados com a poupança de matérias primas e de água e pela diminuição dos custos de tratamento dos efluentes. 70 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 6 EXEMPLOS DE MEDIDAS E TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO APLICÁVEIS AO SECTOR, SEUS BENEFÍCIOS AMBIENTAIS E VIABILIDADE ECONÓMICA. Uma vez descritas sumariamente as medidas e tecnologias de prevenção disponíveis para o sector, apresentam-se neste capítulo alguns exemplos concretos de aplicação dessas medidas e tecnologias a processos de fabrico, assinalando os benefícios de natureza económica e ambiental que delas resultam. Na maioria dos casos faz-se também uma avaliação expedita da viabilidade económica. As medidas, tecnologias e aplicações a abordar são as seguintes: - Lavagem - métodos para redução do consumo de água; - Ultrafiltração - banhos de desengorduramento alcalino; - Osmose inversa - águas de lavagem de niquelagem; - Evaporação - águas de lavagem de cromagem decorativa; - Permuta iónica - águas de lavagem de cromagem decorativa; - Electrólise - banhos mortos de cobreagem; - Retardação iónica - banhos de anodização de alumínio; - Electrodiálise - banhos de anodização de alumínio; - Cristalização de alumina hidratada/regeneração de soda - banhos de satinagem de alumínio; - Pintura - comparação de diferentes técnicas. Para cada um destes casos são apontadas as vantagens da introdução da medida/tecnologia por comparação com o processo convencional. Na avaliação económica de cada caso apresentamse os custos operatórios adicionais resultantes da aplicação da tecnologia (energéticos, de manutenção, etc.), os benefícios dela resultantes (poupança de matérias primas e de reagentes, redução dos custos do tratamento de efluentes e da deposição de resíduos), bem como o investimento a realizar e o período previsível para a recuperação desse investimento (PRI). Finalmente, tendo por base o caso de referência, faz-se a estimativa dos dados económicos para mais duas capacidades de produção e a representação gráfica do investimento e do PRI em função da capacidade produtiva instalada para cada uma das tecnologias em avaliação. Os dados de natureza técnica, assim como os preços e os custos unitários utilizados, foram, sempre que possível, obtidos no nosso País ou para aqui transpostos, quer através de empresas nacionais fornecedoras de tecnologias e de produtos químicos à indústria, quer através dos próprios industriais do sector. O recurso a fontes internacionais para obter alguns dados ou 71 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície custos, foi pontual, e deveu-se à sua inexistência no País ou à impossibilidade de os obter em tempo útil. No Quadro 11 discriminam-se os custos considerados nos cálculos dos custos operatórios e dos benefícios de ordem económica resultantes da adopção das tecnologias de prevenção aqui abordadas. Quadro 11 Custos adoptados nos cálculos económicos Custo das utilidades: -electricidade 15$00/KWh -água 100$00/m 3 -efluentes sem crómio e sem cianetos 200$00/m 3 -efluentes com crómio e com cianetos 300$00/m 3 -remoção de resíduos por operador autorizado 70 000$00/t Custo do trat. efluentes e gestão de resíduos: Relativamente aos custos das utilidades, foram adoptados valores considerados como aproximados aos custos médios nacionais para a indústria, se bem que em casos específicos seja possível encontrar valores distintos dos apresentados. Dada a variabilidade dos custos de tratamento de efluentes, adoptaram-se dois valores distintos para o custo do tratamento de efluentes sem crómio e sem cianetos e de efluentes contendo qualquer um ou ambos os poluentes. Estes custos foram estimados, tendo em consideração os 3 gastos em energia e em reagentes químicos por m de efluente tratado. O custo médio de 3 deposição usado é o mesmo em todos os casos - 70 contos/m de lama com 70% de humidade, o qual já inclui o transporte. Estes custos foram estimados tendo em consideração os preços praticados por operadores nacionais autorizados, no entanto, também variáveis de acordo com casos particulares de negócio. Dadas as dificuldades inerentes à avaliação dos processos utilizados em tratamento de superfícies, onde se verifica uma diferenciação enorme nas práticas e nas condições processuais adoptadas para se obter um mesmo produto, chama-se a atenção para o facto de que a informação aqui disponibilizada deve ser encarada apenas como indicativa e aproximada; o industrial interessado na aplicação de tecnologias de prevenção, deve sempre consultar os fornecedores deste tipo de tecnologias, para que estes o elucidem e lhe forneçam 72 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície maior detalhe técnico e económico sobre elas, de modo a poder formar um juizo correcto sobre a adequação e viabilidade da sua introdução no seu processo de fabrico. É de referir ainda, que nos exemplos a seguir apresentados se comparam apenas os custos considerados relevantes para cada caso em estudo. Assim, quando se mencionam os custos operacionais totais, estes referem-se apenas ao somatório dos custos que se alteram quando se introduz uma medida/tecnologia de prevenção no processo tradicional. 6.1 REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NAS LAVAGENS CORRENTES Como se disse anteriormente, existem diferentes tipos de lavagem que, para atingirem uma mesma eficiência, necessitam de diferentes caudais de água. Apresentam-se a seguir as expressões matemáticas que relacionam o caudal de água com a eficiência da lavagem para três tipos de lavagem: lavagem simples, lavagem em tinas sucessivas e lavagem em contracorrente. A eficiência da qualidade de lavagem, Rd, é definida pelo utilizador: Rd = Cb/Cn = Ql/qb Sendo: Rd = eficiência de lavagem Cb = concentração dos constituintes do banho Cn = concentração dos constituintes no último andar de lavagem 2 Ql = caudal de água de lavagem expresso em l/h, l/m ou l/Kg qb = arrastamento expresso nas mesmas unidades de caudal Lavagem simples: Este tipo de lavagem é esquematizado na Figura 25. Água Peças Banho Lavagem Ql Figura 25 - Lavagem simples. 73 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Neste caso, o caudal de água necessário está relacionado com a qualidade de lavagem requerida e com o arrasto pela seguinte fórmula: Ql = Rd.qb No caso concreto da eficiência de lavagem ser definida por Rd =1000 e o arrasto qb = 5 l/h, temse: 3 Ql = 5 m /h. 3 Seriam portanto necessários 5 m por hora para efectuar a lavagem nas condições pretendidas. Lavagem em tinas sucessivas com alimentação de água em paralelo: Na Figura 26 apresenta-se um esquema exemplificativo de uma lavagem deste tipo em 3 tinas independentes. Água Água Água Peças Banho Lavagem 1 Lavagem 2 Ql1 Ql2 Lavagem 3 Ql3 Figura 26 - Lavagem em tanques sucessivos independentes. Para este tipo de lavagem a expressão matemática é, para n tanques sucessivos: Ql = Ql1 + Ql 2 + ... + Qln = nq b n Rd Sendo Ql1…Qln os caudais em cada um dos tanques. Demonstra-se que o Ql é mínimo para Ql1 = Ql2 =…= Qln = Ql/n, isto é, quando o caudal é igual em todas as tinas. Neste caso, para os valores de Rd e de qb adoptados no exemplo acima tem-se: 1/3 Ql = 3 x 5 x 1000 = 3 x 5 x 10 = 150 l/h sendo o caudal de água em cada um dos 3 tanques: Q1 = Q2 = Q3 = 50 l/h 74 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Assim a passagem da lavagem simples (1 tina) para a lavagem em tinas sucessivas independentes (3 tinas) permite uma redução de 97% no consumo de água, mantendo-se a mesma eficiência de lavagem. Lavagem em cascata e em contracorrente : Este tipo de lavagem é esquematizado na Figura abaixo, também para 3 tanques. Água Peças Banho Lavagem Ql Figura 27 - Lavagem em cascata e em contracorrente com três tanques. A fórmula a aplicar à lavagem em contracorrente é: Q = q n Rd Para as condições de trabalho anteriores tem-se: 1/3 Ql = 5 x 1000 = 5 x 10 = 50 l/h Podemos então concluir que a lavagem em contracorrente é o mais eficiente de todos os métodos de lavagem, em termos de redução do consumo de água. No Quadro 12 comparam-se os consumos de água em diferentes métodos de lavagem para uma mesma eficiência de lavagem: lavagem simples numa tina única, em duas e em três tinas sucessivas independentes; lavagem em contracorrente em duas e três tinas em cascata. As condições definidas e fixadas para os cinco casos foram: - idêntica eficiência de lavagem, isto é, mesma relação de diluição Rd = 1 000 (caudal de água de lavagem a dividir pelo caudal do arrastamento); - tanques idênticos (mesma geometria e capacidade); - idêntica carga a submeter a lavagem. 75 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 12 Comparação de consumos de água em diferentes processos de lavagem. Caudais de Água de Lavagem Lavagens Número de Tanques Simples 1 5 m /h 2 160 l/h 160 l/h 3 50 l/h 50 l/h 2 - 160 l/h 3 - - Sucessivas, com alimentação independente Tanque 1 3 Tanque 2 Tanque 3 Total Redução - - 5 m /h - 320 l/h 94% 50 l/h 150 l/h 97% 160 l/h 97% 50 l/h 99% 3 Cascata em contracorrente 50 i/h 6.2 ULTRAFILTRAÇÃO APLICADA A UM BANHO DE DESENGORDURAMENTO Identificação da tecnologia e objectivos da sua aplicação: A ultrafiltração é uma tecnologia de membranas que, quando aplicada a um banho de desengorduramento, tem como objectivo prolongar o seu tempo de vida, permitindo, não só a recuperação dos constituintes não utilizados do banho, como a redução do volume de efluente rejeitado, com os consequentes benefícios de ordem económica e ambiental. Descrição técnica e valiação económica: Um sistema de ultrafiltração é constituído por uma membrana permeável à água e à maioria dos sais dissolvidos, os quais são separados numa fracção designada por permeado e reciclados ao banho, ficando retidas na membrana as matérias coloidais e macromoléculas, como os óleos e as gorduras, que são eliminadas numa segunda fracção designada por concentrado. Para protecção das membranas instala-se sempre a jusante um pré-filtro de retenção de sólidos. Na Figura 28 apresenta-se a implantação desta tecnologia de prevenção num banho de desengorduramento, incluindo-se no diagrama um balanço de materiais para o caso em estudo. 76 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 20 l/h 128 g/ldesengordurante 380 l/h 27 g/ldesengordurante Peças 25 l/h 20 kg/h óleo Banho de Desengorduramento 425 l/h 30 g/ldesengordurante 50 g/lóleo Pré-Filtração U ltrafiltração Concentrado com óleo (56% ): 45 l/h 57 g/ldesengordurante 444 g/lóleo 3 Figura 28 - Aplicação da ultrafiltração a um banho de desengorduramento de 8 m , com recirculação de água e aditivos. Num banho tradicional, a concentração em óleo vai aumentando provocando ao longo do tempo uma perda de eficácia na limpeza e consequentemente na qualidade do desengorduramento das peças. Os despejos sucessivos dos banhos que daí resultam geram elevados volumes de efluentes/resíduos com os consequentes aumentos nos consumos de água e de reagentes químicos. Com a aplicação de uma ultrafiltração, consegue-se não só um prolongamento considerável do seu tempo de utilização, com uma qualidade constante de desengorduramento, como também uma redução assinalável no consumo de água e de produtos químicos. Para além destes benefícios, a minimização de arrastos que a tecnologia proporciona, leva também a uma considerável economia de água na etapa de lavagem subsequente e reduz a poluição transportada para a ETAR ou para o meio ambiente. O desengorduramento alcalino com tensioactivos pode ser realizado a frio ou a quente. Para uma gama de concentrações de agente desengordurante entre 30 e 90 g/l, um desengorduramento alcalino a quente é em geral eficaz até uma concentração em óleo de 15 g/l, enquanto a formulação dos banhos de desengorduramento alcalino a frio lhes permite trabalhar até teores em óleo muito superiores (50 g/l). 77 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície No primeiro caso, os produtos para desengorduramento são mais baratos, mas, em contrapartida, os despejos são muito mais frequentes. No segundo caso, a formulação rica em tensioactivos é mais cara e aumenta a carga orgânica no efluente/resíduo. De qualquer modo, num processo tradicional, o banho é despejado ao atingir a concentração limite em óleo, tendo geralmente como destino a ETAR. Quando se aplica a tecnologia da ultrafiltração, a vida do banho pode ser prolongada até cerca de 20 vezes, reciclando aproximadamente 95% do caudal tratado e 90% do desengordurante. 3, Neste estudo considerou-se o caso de um banho de desengorduramento alcalino a frio de 8 m , com uma concentração de desengordurante de 30 g/l, instalado numa fábrica laborando 242 dias por ano a 16 horas por dia. No Quadro 13, faz-se uma estimativa da redução nos consumos de reagentes, de água e nos efluentes gerados, como consequência da aplicação da ultrafiltração ao banho atrás citado. Quadro 13 Benefícios de um desengorduramento convencional quando comparado com um desengorduramento com aplicação de ultrafiltração. Consumo de Reagentes do Banho Consumo de Água Caudal de Efluente Proveniente do Banho (m3/ano) (m /ano) 11 520 384 384 Com ultrafiltração 5 897 109 32 Redução 47% 72% 92% 3 (Kg/ano) Convencional No Quadro 14 faz-se o balanço dos custos e benefícios correspondentes à aplicação desta tecnologia ao banho em causa. Nos custos contabilizam-se, para além do investimento, os custos adicionais em energia derivados da bombagem suplementar e os custos de manutenção/substituição das membranas e filtros. Os benefícios a considerar são os resultantes das reduções no consumo de reagentes, no consumo de água e nos custos de tratamento dos efluentes na ETAR. 78 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 14 Avaliação económica da implementação de uma ultrafiltração a um banho de desengorduramento. Avaliação económica Custos operatórios adicionais(contos/ano): Energéticos 290 Manutenção 300 Total 590 Benefícios (contos/ano): 2730 Poupança de reagentes 30 Poupança de água 75 Poupança no tratamento de efluentes 2 835 Total Balanço anual (contos) 2 245 Investimento (contos) 5 500 2,4 anos Período de recuperação do investimento Na Figura 29 apresenta-se um gráfico que ilustra a variação do investimento e do seu período de recuperação (PRI) com a capacidade a tratar, para unidades de ultrafiltração aplicadas à regeneração de banhos alcalinos de desengorduramento. 10000 10 8000 8 6000 6 Investimento vs capacidade 4000 PRI vs capacidade 4 2000 2 0 0 0 0 5 0.2 10 0.4 15 0.6 0.8 PRI (anos) Investimento (contos) ULTRAFILTRAÇÃO APLICADA A UM BANHO DE DESENGORDURAMENTO 20 Volume do banho (m3) 1.0 Caudal a processar (m3/h) Figura 29 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada. 79 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Na elaboração do gráfico da Figura 29 assumiu-se que a operação de ultrafiltração é realizada em contínuo, tal como no exemplo precedente e que o caudal de permeado a recircular ao banho corresponde a 5% do volume do banho tratar. Como pode observar-se, o período de recuperação do capital investido no caso em avaliação (2,4 anos) atesta que a ultrafiltração pode ser uma tecnologia de prevenção economicamente atraente. Aliás, é opinião corrente, que o potencial de prevenção e de conservação de água e de outras matérias primas no desengorduramento é muito elevado, pelo que a ultrafiltração pode trazer ao sector benefícios económicos e ambientais muito consideráveis. Na realidade esta tecnologia aplica praticamente em todas as linhas de tratamento de superfícies, preferencialmente que envolvam elevados volumes de banhos a tratar. Conclui-se assim, que a ultrafiltração, a despeito de implicar investimentos que se podem considerar elevados, é uma tecnologia já atractiva para banhos de desengorduramentos 3 alcalinos com volumes superiores a 5 m , permitindo uma recuperação do capital investido em 3 menos de 5 anos, mas que se torna particularmente favorável para volumes superiores a 10 m . 6.3 OSMOSE INVERSA APLICADA À NIQUELAGEM Identificação da tecnologia e objectivos da sua aplicação: A osmose inversa é também uma tecnologia de membranas que, neste caso, se aplica às águas de lavagem que se seguem a um banho de niquelagem, permitindo a reutilização dessas águas e a recuperação simultânea de níquel. Consegue-se assim, diminuir o volume de efluente líquido gerado, com a consequente redução nas lamas de ETAR geradas e, ainda, uma poupança no consumo de água e de níquel do banho de niquelagem. Descrição técnica e avaliação económica: Um sistema de osmose inversa é constituído por uma membrana permeável apenas à água e que permite a retenção de matérias coloidais, macromoléculas e moléculas dissolvidas. Na osmose inversa aplica-se às águas de lavagem uma pressão mecânica por meio de uma bomba de pressão, de modo a fazer passar a água através de uma membrana adequada. Obtém-se, por um lado um permeado que representa 60% a 90% do caudal de entrada, que é reutilizado nas lavagens e por outro, um concentrado de sais de níquel (98% de retenção) e outros constituintes do banho de deposição (60% de recuperação), que é recirculado ao banho, repondo as perdas por evaporação. Geralmente, é necessário um pré-filtro para eliminar partículas em suspensão. 80 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície O diagrama correspondente a um processo de fabrico que integra esta tecnologia de prevenção é representado na Figura 30. Num processo tradicional, as águas da lavagem corrente são enviadas para a ETAR. Com a introdução de uma osmose inversa consegue-se recircular a maior parte da água mantendo a sua qualidade. Descrevem-se em seguida, os resultados que advêm da aplicação desta tecnologia às águas de lavagem subsequentes a um banho de niquelagem, numa instalação que labora 242 dias por ano a 16 horas por dia. 81 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Peças Desengorduramento Lv Desoxidação Lv Activação do Níquel Banho de Niquelagem Lv Lavagem a quente com água desionizada Lv Peças Banho de 94 g/l Niquelagem Lavagem 192 l/h 1,3 g/lN i Purga 167 l/h 25 l/h Legenda: 9,6 g/lN i Pré-Filtração 20 m g/lN i 375 l/h 9,6 g/lN i Lv Lavagem 567 l/h 6,8 g/lN i 400 l/h 9,6 g/lN i Bom ba O sm ose Inversa 82 Figura 30 - Esquema representativo da aplicação de uma osmose inversa às lavagens após niquelagem. 82 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Água Lim pa – 25 l/h Água Recirculada Secagem PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície No Quadro 15 quantificam-se os benefícios resultantes da aplicação desta tecnologia ao caso vertente. A osmose inversa proporciona uma redução muito significativa no consumo de água e nos efluentes gerados. Quadro 15 Comparação de um processo convencional de niquelagem com um processo em que se aplica a osmose inversa às águas de lavagem. Consumo de Água 3 Caudal de Efluente Proveniente da Lavagem (m /ano) Total de Efluente que Chega à ETAR 3 (m /ano) 3 (m /ano) Convencional 743 743 2 972 Com osmose inversa 124 27 2 229 Redução 84% 96% 24% No Quadro 16 avaliam-se os custos e os benefícios derivados da aplicação da tecnologia ao caso em apreço, considerando-se como custos operacionais os custos energéticos de bombagem e os custos de manutenção da unidade, das membranas e do filtro. Os benefícios quantificados resultam da redução nos consumos de água e de níquel, na quantidade de lamas geradas na ETAR e na poupança no tratamento de efluentes. O período de recuperação do investimento é muito baixo nas condições do caso em estudo (11 meses) e ainda menor quando se usa água desmineralizada (6 meses), pelo que a aplicação desta tecnologia se revela economicamente atractiva. Quadro 16 3 Avaliação económica da aplicação de uma osmose inversa (0.2 m /h de permeado) às águas de lavagem que se seguem a um banho de niquelagem. Avaliação económica Custos operatórios adicionais (contos/ano): Energéticos 30 Manutenção 25 Total 55 Benefícios (contos/ano): Poupança de reagentes Poupança de água Poupança no tratamento de efluentes Total Balanço anual (contos) Investimento (contos) Período de recuperação do investimento 600 60 (620)* 165 825 (1385)* 770 (1330)* 700 11 (6)* meses *Se usar água desmineralizada 83 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Na Figura 31 faz-se uma previsão do investimento num módulo de osmose inversa e do período de recuperação desse investimento (PRI) em função do volume de água a tratar, para três volumetrias de lavagem. A estimativa é apenas aproximada e pretende fornecer valores indicativos e só é válida no caso concreto desta aplicação específica. 1200 30 1000 25 Investimento vs capacidade PRI vs capacidade 800 600 15 PRI vs capacidade H2O 400 20 10 200 PRI (meses) Investimento (contos) OSMOSE INVERSA APLICADA ÀS ÁGUAS DE LAVAGEM APÓS NIQUELAGEM 5 H2O desmin 0 0 0 5 0 0,1 10 0,2 15 0,3 20 0,4 0,5 25 0,6 30 0,7 Volume da lavagem (m3) Caudal a processar 3 (m /h) Figura 31 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada. Na elaboração dos gráficos assumiu-se que a operação é realizada de uma forma contínua e que o caudal de permeado (água purificada a recircular à lavagem) representa 2,5% do volume contido nas tinas de lavagem posteriores à niquelagem. As duas curvas PRI vs capacidade referem-se: a superior, às lavagens com água normal da rede e, a inferior, (mais favorável) às lavagens que requerem a utilização de água desmineralizada e que estão a ser realizadas sem a aplicação da osmose inversa. Como se pode observar, esta tecnologia requer investimentos pouco significativos e tem PRI`s mais elevados quando aplicada a águas com baixos teores de metais dissolvidos, isto é, funcionando como unidade de desmineralização de água. Para soluções mais concentradas ou instáveis, com elevado risco de formação de precipitados, já são requeridas membranas tubulares (mais caras) em substituição das membranas em espiral e bombas de maior pressão, pelo que os investimentos em equipamento para as mesmas capacidades podem vir, em certos casos, a multiplicar-se por um factor superior a 3. 84 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 6.4 EVAPORAÇÃO APLICADA A UMA CROMAGEM Identificação da tecnologia e objectivos da sua aplicação: A evaporação em vácuo é uma tecnologia que, quando aplicada às lavagens subsequentes a banhos de cromagem, permite a reutilização da água e a recuperação do ácido crómico contido (recirculado ao banho de cromagem). Deste modo consegue-se uma diminuição sensível do volume de efluente líquido e de lama de ETAR associada, para além de uma redução significativa dos consumos de água e de crómio. Descrição técnica e avaliação económica: Com este tipo de evaporador, obtém-se, por um lado, um concentrado de sais de crómio que é devolvido ao banho de cromagem e, por outro, água condensada, que é recirculada para a lavagem. Na Figura 32, apresenta-se o diagrama correspondente a um processo de cromagem que incorpora esta tecnologia de prevenção num regime de funcionamento de 242 dias por ano e 16 horas por dia. Em seguida faz-se a comparação entre a referida lavagem com e sem a aplicação do evaporador (Quadro 17). 85 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Peças Desengorduramento Lavagem Decapagem Banho de Deposição Lavagem Lavagem Peças Banho de Deposição Lavagem 20 l/h Purga 25 l/h Evaporador a vácuo 5 l/h Concentrado de sais de Cr 86 Figura 32 - Aplicação de um evaporador a vácuo às águas de lavagem de um banho de cromagem, com recirculação de água e recuperação de um concentrado de sais de crómio para recirculação ao banho. 86 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Água Lim pa – 5 l/h Água Recirculada PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 17 Comparação de um processo de cromagem tradicional com um processo em que se aplica um evaporador às águas de lavagem. Processo Consumo de Água 3 (m /ano) Caudal de Efluente Proveniente da Lavagem 3 (m /ano) Convencional 97 97 Com evaporador 46 27 53% 72% Redução No Quadro 18 faz-se a avaliação económica da evaporação para o caso em estudo. Considerouse o acréscimo dos custos resultantes do aumento do consumo de energia e da manutenção do evaporador. Os benefícios são os habituais: redução no consumo de água, e de sais de crómio, bem como da quantidade de efluentes a tratar na ETAR e das lamas associadas. Quadro 18 Avaliação económica da aplicação de um evaporador com capacidade de 20 l/h de condensado às águas de lavagem que se seguem a um banho de cromagem. Análise económica Custos operatórios adicionais (contos/ano) Energéticos 260 Manutenção 50 Total 310 Benefícios (contos/ano) Poupança de reagentes Poupança no tratamento de efluentes Total Balanço anual (contos) Investimento (contos) Período de recuperação do investimento 1 050 40 1 090 780 5 500 7 anos Na Figura 33 estimam-se os investimentos a efectuar e os períodos da sua recuperação (PRI) em função da capacidade instalada expressa pelo caudal de destilado que o evaporador pode produzir (água purificada a recircular à lavagem). 87 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Constata-se também neste caso uma diminuição significativa do PRI com a capacidade instalada, tornando-se a evaporação particularmente atractiva para recuperar água e sais de crómio das águas de lavagem subsequentes aos banhos de cromagem quando o caudal de destilado pretendido é superior a 60 l/h. 12000 12 10000 10 8000 8 Investimento vs capacidade 6000 6 PRI vs capacidade 4000 4 2000 2 0 0 0 0 2 10 20 4 30 6 40 50 8 60 PRI (anos) Investimento (contos) EVAPORAÇÃO APLICADA ÀS ÁGUAS DE LAVAGEM APÓS CROMAGEM 10 Vol. da lavagem (m 3) 70 Caudal de destilado (l/h) Figura 33 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada. 6.5 PERMUTA IÓNICA APLICADA À OPERAÇÃO DE CROMAGEM (CR VI) Identificação da tecnologia e objectivos da sua aplicação: Um sistema de permuta iónica utiliza resinas permutadoras de iões que são substractos sólidos poliméricos contendo grupos funcionais capazes de fixar e trocar iões. Quando aplicada às águas de lavagem que se seguem a um banho de cromagem, a permuta iónica elimina os iões contaminantes, permitindo a reutilização dessas águas e a recuperação de crómio livre. Consegue-se por este processo reduzir a quantidade de efluente líquido gerado na lavagem e, como consequência, reduz-se o consumo de água e a geração de lamas na ETAR. O crómio é recuperado na forma de ácido crómico por regeneração das resinas e é recirculado ao banho de cromagem, conduzindo assim a uma redução no consumo deste reagente. 88 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Descrição técnica e avaliação económica: Nesta tecnologia, as águas de lavagem são alimentadas primeiramente a uma coluna contendo uma resina catiónica onde ficam retidos os iões Cr 3+ 3+ e Fe e, em seguida, passam por outra coluna com uma resina aniónica fraca que retém cromatos e fosfatos. A água purificada que sai desta coluna é reutilizada na lavagem. A solução de regeneração da segunda coluna contendo o ácido crómico, passa por uma resina catiónica para retenção dos catiões residuais contaminantes (Cr 3+ 3+ e Fe ) antes de voltar ao banho de cromagem. Na Figura 34, apresenta-se o diagrama correspondente a um processo de cromagem com aplicação desta tecnologia. 89 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Peças Desengorduramento Lv Desoxidação Lv Banho de Cromagem Activação do crómio Lv Secagem Água Lim pa Peças Banho de Cromagem Lavagem Eluente Filtração Legenda: Lv Lavagem Resina Catiónica Solução Concentrada de Fixação de ácido cróm ico Cr 3+ Fe 3+ residuais Resina Aniónica Resina Catiónica Fixação de CrO 42- Fixação de Cr 3+ Fe 3+ SO 42- Perm uta Iónica 90 Figura 34 - Aplicação de um sistema de permuta iónica às águas de lavagem que se seguem aos banhos de cromagem, com recirculação da água e recuperação/recirculação de ácido crómico. 90 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Água Recirculada Lavagem a quente com água desionizada PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície No Quadro 19 apresentam-se os resultados referentes à aplicação da tecnologia numa empresa de cromagem que labora 242 dias por ano, 8 horas por dia. A água de lavagem após o banho de 3 cromagem, com um caudal de 2 m /h, é primeiramente filtrada para remoção de sólidos, passando em seguida pelas resinas, antes de ser reutilizada na lavagem. A eluição da resina aniónica fraca permite a obtenção de uma solução concentrada de ácido crómico. As resinas têm capacidade 3 para tratar um caudal de 2 m /h. No Quadro 19, encontram-se os benefícios conseguidos por aplicação desta tecnologia ao caso descrito. Quadro 19 Contabilização dos benefícios anuais obtidos pela aplicação de um sistema de permuta iónica às águas de lavagem de um processo convencional de cromagem. Poupança no Consumo de Ácido Crómico (Kg/ano) Processo com Permuta Iónica Poupança no Consumo de Água 3 (m /ano) 2300 9084 No Quadro 20 faz-se a avaliação económica desta tecnologia aplicada ao caso em estudo, considerando-se os custos adicionais da bombagem e da manutenção do equipamento e os benefícios resultantes da poupança de reagentes (ácido crómico) e de água, bem como da poupança no tratamento de efluentes e na gestão de lamas. Quadro 20 Avaliação económica da implementação de um sistema de permuta iónica às lavagens que se seguem a um banho de cromagem. Avaliação económica Custos operatórios adicionais (contos/ano): Energéticos e de manutenção 1 600 Total 1 600 Benefícios (contos/ano): Poupança de reagentes Poupança de água 1 380 900 Poupança no tratamento de efluentes 1 160 Total 3 440 Balanço anual (contos) 1 840 Investimento (contos) 2 000 Período de recuperação do investimento 13 meses 91 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Pode concluir-se neste caso que o PRI é muito baixo (13 meses), o que torna a tecnologia muito atractiva, quer economicamente quer ambientalmente. 6000 30 5000 25 4000 20 3000 15 2000 10 1000 0 0 Investimento vs capacidade 5 PRI vs capacidade 0 2 4 6 8 PRI (meses) Investimento (contos) PERMUTA IÓNICA APLICADA ÀS ÁGUAS DE LAVAGEM APÓS CROMAGEM Caudal a 3 processar (m /h) Figura 35 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada. 6.6 ELECTRÓLISE APLICADA A UMA COBREAGEM Identificação da tecnologia e objectivos da sua aplicação: A tecnologia consiste numa célula de electrólise Chemelec que recupera cobre das águas de lavagem associadas a banhos de deposição ácidos. A tecnologia permite produzir cobre de qualidade electrolítica para venda ou utilização no próprio processo, ao mesmo tempo que permite recircular à lavagem água praticamente isenta de cobre. Desta forma, reduz-se em larga medida a geração de efluentes e consequentemente de lamas na ETAR. Descrição técnica e avaliação económica: Um sistema Chemelec é constituído por um reservatório de recolha das águas da tina de lavagem estática ou do banho morto, após o banho de cobreagem e de uma célula de electrólise, contendo o cátodo em malha de rede com uma área superficial adequada à recuperação de metais de electrólitos diluídos. Os eléctrodos estão situados num cesto de esferas de vidro que fluidizam por 92 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície acção da bombagem da solução a tratar, mantendo o electrólito homogeneizado e proporcionando razoáveis eficiências de corrente e elevadas recuperações de cobre, até 99,5%. Na Figura 36 apresenta-se o diagrama referente à aplicação de uma unidade Chemelec ás águas de lavagem subsequentes a um banho ácido de deposição de sulfato de cobre. O Quadro 21 contém uma estimativa da redução do cobre arrastado e da redução dos efluentes e das lamas de ETAR , conseguidas como resultado da aplicação desta tecnologia. Considera-se que a concentração da solução a tratar é de 250 mg/l de cobre e que a redução do arrasto a atingir será de 95%. Isto implica uma recuperação de 1500 Kg de cobre por ano, isto é, aproximadamente 35 Kg de cobre por semana, o que corresponde à capacidade de recuperação de uma célula Chemelec tipo S (40 Kg/semana) cujo custo com unidade de rectificação incluída é de cerca de 5500 contos. 93 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Peças Desengorduramento electrolítico Cobreagem ácida Lv Banho morto Lv Água Lim pa: 150 m 3/ano 30 l/h Arraste: 130 m 3/ano 50 g Cu/l 1500 kg Cu/ano 250 m g Cu/l 7,5 kg Cu/ano Banho Morto (~250 mgCu/l) Banho ácido de cobreagem (~50 g Cu/l) Lavagem em cascata 6248 m 3/ano 12,5 m g Cu/l 78,6 kg Cu/ano Efluente: 150 m 3/ano 6284 m 3/ano 0,25 g Cu/l 1571 kg Cu/ano Recuperação: 492,5 kg/ano de cobre m etálico (99,5% de recuperação) Chemelec Legenda: Lv Rendimento: 95% Lavagem 94 Figura 36 - Aplicação de uma Chemelec ao banho morto após cobreagem ácida. 94 50 m g Cu/l 7,5 kg Cu/ano ETAR PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Peça s Arraste: 130 m 3/ano PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 21 Comparação de um processo de cobreagem ácida tradicional com um processo em que se aplica uma célula Chemelec para recuperar cobre das águas da lavagem estática. Arrasto (Kg/ano) Lama Gerada na ETAR (Kg/ano) Convencional Com electrólise Redução 1 580 9 717 80 492 95% 95% No Quadro 22 faz-se a avaliação económica desta tecnologia aplicada ao banho morto após o banho de deposição de cobre ácido para o caso que se descreve. Quadro 22 Avaliação económica do sistema de electrólise aplicado às águas de lavagem em deposição de cobre ácido Avaliação económica Custos operatórios adicionais (contos/ano): Energéticos e Manutenção 100 Total 100 Benefícios (contos/ano): Cu metálico recuperado 600 Poupança no tratamento de efluentes e gestão de resíduos 645 Total 1 245 Balanço anual (contos) 1 145 Investimento (contos) 5 500 Período de recuperação do investimento 4,8 anos 95 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície CHEMELEC APLICADO NA RECUPARAÇÃO DE CU DE ÁGUAS DE LAVAGEM EM COBREAGEM ÁCIDA 12 14000 10 12000 10000 8000 Investimento vs capacidadede recup 8 PRI vs capacidade de recup 6 6000 4 PRI (anos) Investimento (contos) 16000 4000 2 2000 0 0 2000 4000 6000 8000 0 10000 Capacidade de recuperação de Cu (Kg/ano) Figura 37 - Investimento e período de recuperação do capital investido em função da capacidade de electrólise instalada. Da análise do gráfico pode concluir-se que esta tecnologia é particularmente atraente quando se trabalha em cobreagens com capacidades de tratamento que envolvam arrastos a partir do banho de deposição de mais de 2000Kg de cobre por ano. Para arrastos de 0,24 l/m2 isso corresponderá a unidades com uma produção de peças cobreadas superior a 500 m2/dia, considerando 300 dias de trabalho por ano. Embora a tendência a nível mundial seja a eliminação do uso de banhos cianetados em cobreagem, salienta-se que a tecnologia Chemelec é aplicável ainda com maior impacte económico e ambiental à regeneração de cobre desses banhos. Isso porque proporciona em simultâneo a recuperação do cobre no cátodo e a decomposição por oxidação e consequente eliminação de cianetos no ânodo. Neste caso o PRI pode reduzir-se a metade. A electrólise de metais em solução usando este conceito aplica-se ainda a uma larga gama de metais, sendo tanto maior a sua rentabilidade económica quanto mais valioso o metal a recuperar. No Quadro 23, faz-se uma listagem dos metais usualmente recuperados com as respectivas taxas de recuperação para o caso de um Chemelec tipo S. 96 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 23 Taxas de recuperação por electrólise de diversos metais. Concentração do Metal na Solução Taxa de Recuperação (ppm) (g/Amp.h) Ouro 20 0,8 7-10 Prata 50 1,5 20-40 Níquel 500 0,6 30-40 Cobre 500 1,0 40-60 Estanho 500 1,0 20-30 Zinco 500 0,5 20-30 Cádmio 50 0,3 10-15 Metal Metal Recuperado (Kg/semana) 6.7 ELECTRODIÁLISE APLICADA À ANODIZAÇÃO DO ALUMÍNIO Identificação da tecnologia e objectivos da sua aplicação: A electrodiálise é um processo electroquímico que ao ser aplicado a um banho de anodização de alumínio permite manter a um nível baixo a concentração deste metal em solução, tornando possível a sua recuperação como sub-produto na forma de hidróxido. O processo prolonga o tempo de vida do banho, diminuindo a frequência das descargas e a quantidade de metal arrastado para as lavagens subsequentes com o correspondente decréscimo na geração de lamas de hidróxido. Descrição técnica e avaliação económica: Esta tecnologia é simples, não afecta o processo de anodização, e consiste em fazer passar o banho por uma célula electroquímica compartimentada por uma membrana que separa duas soluções. A migração dos iões alumínio através da membrana é causada pela diferença de potencial aplicada entre as soluções. Neste caso a membrana é catiónica e portanto permeável 3+ aos iões Al que passam ao compartimento catódico onde se combinam com os iões hidróxilo para dar hidróxido de alumínio. No compartimento anódico os iões sulfato combinam-se com o H+ para regenerar o ácido sulfúrico correspondente. A lama de hidróxido de alumínio que se gera no compartimento catódico deve ser retirada do sistema. A solução anódica contendo o ácido sulfúrico é recirculada para o banho. Esta técnica permite uma redução do efluente líquido gerado, uma vez que evita as descargas do banho de anodização que é uma solução com altos níveis de alumínio e ácido sulfúrico. Consequentemente obtém-se uma diminuição sensível do volume de lama gerada na ETAR. 97 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Na Figura 38 pode ver-se um esquema de aplicação de uma electrodiálise como tecnologia de prevenção em anodização de alumínio. No Quadro 24 é estimada a redução na poluição resultante da aplicação desta tecnologia a um 3 banho com um volume de 19,4 m ,que é renovado completamente uma vez por ano. Quadro 24 Redução do volume de efluentes gerados numa operação de anodização como resultado da aplicação duma electrodiálise. Volume de Resíduo 3 (m /ano) Convencional Com electrodiálise 19 5,4 Redução (%) 72 98 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Peças Desengorduramento químico Decapagem Lv Satinagem Lv Neutralização Lv Lv Anodização Lv Coloração electrolítica Lv Colmatagem Banho de Anodização V=19,4 m 3 Purga Ácido Sulfúrico Legenda: Lv Lavagem Electrodiálise V=213 l η=95% Lam a concentrada Com alum ínio 99 Figura 38 - Aplicação de uma electrodiálise a um banho de anodização de alumínio, com remoção de alumínio e recirculação de ácido. 99 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Peças PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície A viabilidade económica da aplicação desta tecnologia ao caso em estudo é avaliada no Quadro 25. Consideraram-se como custos operatórios adicionais os consumos de energia devidos à bombagem e ao funcionamento da célula e também os custos da sua manutenção. Os benefícios conseguidos são os resultantes da poupança de reagentes e de aditivos do banho de anodização e da redução nos efluentes e consequente decréscimo nos custos de tratamento e gestão dos resíduos da ETAR. Quadro 25 Avaliação económica da implementação de uma electrodiálise a um banho de anodização. Avaliação económica Contos/ano Contos/ano (1º ano) (anos seguintes) Custos operatórios adicionais: Energéticos 135 135 Manutenção 390 260 Total 525 395 Poupança nos constituintes do banho 340 340 Poupança no tratamento de efluentes e deposição 880 920 1 220 1 260 Benefícios: Total 865 Balanço anual (contos) Investimento (contos) 5 800 Período de recuperação do investimento 6.7 anos Da análise do Quadro acima pode concluir-se que o período de recuperação do investimento é razoável. No entanto esta tecnologia não compete com a retardação iónica cujo PRI é muito inferior e já se encontra instalada neste sub-sector há alguns anos 6.8 ULTRAFILTRAÇÃO/CRISTALIZAÇÃO PARA REGENERAÇÃO DE BANHOS DE SATINAGEM DE ALUMÍNIO Identificação da tecnologia e objectivos da sua aplicação: A regeneração em contínuo de um banho de satinagem por ultrafiltração seguida de cristalização do hidróxido de alumínio com a consequente regeneração da soda associada, permite reduzir o consumo anual de soda e obter um produto de alumínio comercializável. É possível através desta tecnologia uma redução significativa da quantidade de lamas geradas na ETAR como 100 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície consequência da operação de satinagem, e que podem representar mais de 60 % das lamas produzidas numa indústria de anodização e lacagem de alumínio. Descrição técnica e avaliação económica: Esta tecnologia permite regenerar em contínuo um banho de satinagem. Consiste na criação de condições para a reversão da reacção-base do processo Bayer, isto é, diluindo e baixando a temperatura de um fluxo da solução retirado continuamente do banho, o aluminato de sódio nela contido decompõe-se em alumina e em soda. Promove-se a cristalização da alumina na forma trihidrato introduzindo previamente cristais de alumina no reactor como semente. A solução de aluminato de sódio do banho a processar passa por uma ultrafiltração prévia onde a fracção concentrada contendo soda livre é recirculada, seguindo o permeado rico em aluminato de sódio para um cristalizador onde se dá a reacção já descrita. A maior parte da soda é regenerada e devolvida ao banho, recuperando-se o alumínio na forma de Al2O3.3H2O, que é um produto comercializável. Consegue-se por este processo uma recuperação de 90% dos aditivos do banho de satinagem. A tecnologia permite as seguintes reduções na carga poluente: 97% na carga orgânica, 61% na salinidade expressa em sulfato de sódio e 85% na quantidade de lama produzida na ETAR. Isto implica uma redução drástica quer no consumo de matérias primas quer nos custos do tratamento de efluentes e de deposição dos resíduos. É de salientar que a utilização desta tecnologia pressupõe que o banho de satinagem seja constituído por um produto à base de soda e por aditivos inorgânicos, o que diminui a viscosidade do mesmo e, consequentemente, os arrastos. Comparativamente, os banhos comuns utilizam agentes sequestrantes orgânicos. Na Figura 39 é apresentado um diagrama que ilustra a aplicação desta tecnologia de prevenção a um banho de satinagem. Os resultados da redução previsível na poluição resultante da aplicação deste processo à satinagem do alumínio, estão inscritos no Quadro 26 e são baseados num estudo de casos em França e na Suiça de onde é originária a tecnologia, embora existam processos equivalentes disponíveis em Espanha e na Alemanha. 101 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Peças Desengorduramento químico Lv Decapagem Lv Satinagem Neutralização Lv Anodização Lv Coloração electrolítica Lv Colmatagem Soda concentrada Peças Banho de Satinagem de Alumínio U ltrafiltração Soda Alum inato de sódio Alum ina hidratada (para com ercialização) Filtro Cristalizador 102 Figura 39 – Aplicação de um sistema de ultrafiltração/cristalização ao banho de satinagem, com recuperação da soda e produção de alumina 102 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Soda Lv PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 26 Comparação de uma satinagem convencional com uma satinagem em que se aplicou ao banho uma ultrafiltração/cristalização. Arrasto (t/ano) (l/m ) (t/ano) Convencional 220 0.645 70 1120 Com a tecnologia 86 0.15 8.1 170 Redução 61% 77% 88% 85% Processo Arrasto Anual Produção de Lamas Consumo de Soda 2 (t/ano) Verifica-se pelo Quadro acima, haver uma redução drástica na geração de efluentes e de resíduos com os consequentes ganhos de natureza económica, mas sobretudo ambiental. Na avaliação económica desta tecnologia que a seguir se apresenta foram considerados os custos operatórios adicionais inerentes designadamente aos gastos energéticos e aos gastos de manutenção. Como benefícios foram contabilizadas as poupanças nos reagentes, no tratamento de efluentes e na gestão de resíduos. As receitas da venda do oxido de alumínio tri-hidrato são de primordial importância para a viabilização económica da tecnologia. No Quadro 27 faz-se a comparação dos custos com os benefícios resultantes da aplicação desta tecnologia à satinagem em estudo. Quadro 27 Avaliação económica da tecnologia de ultrafiltração/cristalização aplicada a um banho de satinagem. Avaliação económica Benefícios (contos/ano) Poupança no consumo de soda 6600 Poupança no tratamento de efluentes e deposição 3950 Venda de óxido de alumínio 19800 Total Investimento (contos) Período de recuperação do investimento *30350 / (10550) 90000 *3 anos / (8.5 anos) * Estes valores pressupõem a garantia da venda do óxido de alumínio 103 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 30 100000 90000 80000 70000 60000 50000 40000 30000 20000 10000 0 Investimento vs capacidade 25 20 15 10 PRI (anos) Investimento (contos) ULTRAFILTRAÇÃO/CRISTALIZAÇÃO APLICADA A BANHOS DE SATINAGEM DE ALUMÍNIO PRI s/ venda vs capacidade PRI c/ venda vs capacidade 5 0 0 2000 4000 6000 8000 Produção da satinagem (m2/dia) Figura 40 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada. Apesar desta tecnlogia permitir reduzir drasticamente a poluição em anodização e em lacagem de alumínio, a análise do gráfico permite concluir que a tecnologia em questão é cara não sendo por isso atractiva para os industriais sem que à partida haja uma garantia (oficial ou outra) sobre a comercialização ou colocação do óxido de alumínio produzido. 6.9 RETARDAÇÃO IÓNICA APLICADA A UM BANHO DE ANODIZAÇÃO Identificação da tecnologia e objectivos da sua aplicação: A retardação iónica aplicada a um banho de anodização de alumínio permite separar o ácido sulfúrico livre do alumínio solubilizado no banho. O ácido é recirculado ao banho e a solução contendo a maior parte do sulfato de alumínio é enviada à ETAR para tratamento. Conseguemse deste modo poupanças significativas no consumo de ácido e no consumo energético, bem como uma redução na carga ácida do efluente com a consequente poupança de reagentes necessários à sua neutralização. 104 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Descrição técnica e avaliação económica: A retardação iónica envolve o uso de microresinas permutadoras aniónicas, as quais, durante a eluição retardam a saída dos ácidos preferencialmente aos sais possibilitando a sua separação. A resina é atravessada alternadamente por um volume do banho (contendo o ácido livre e o sal) igual ao volume de resina e por idêntico volume de água. O eluído conterá, também alternadamente, fracções ricas em sulfato de alumínio e fracções ricas em ácido sulfúrico. Neste processo não ocorre nenhuma reacção de permuta aniónica, sendo o mecanismo da reacção dominado por processos físicos. A tecnologia permite a manutenção, dentro de certos limites, de baixas concentrações de alumínio e de elevadas concentrações de ácido sulfúrico no banho de anodização. 2 Se considerarmos o caso de uma empresa que produz 150 m de superfície anodizada por hora, trabalhando 200 dias por ano a 16 horas por dia, utilizando um banho de anodização com as 2 3 seguintes características: densidade de corrente 15 A/m , volume 46 m , 10 g/l de alumínio e 175 g/l de ácido sulfúrico, é possível por retardação iónica separar 1,2 Kg de alumínio de cada fracção de 200 l de electrólito e por hora, o que permite manter uma concentração de alumínio no banho quase constante de 10 g/l e recuperar 95% do ácido sulfúrico livre. No processo convencional a concentração média de alumínio no banho é cerca de 13 g/l, para remover 1,2 Kg de alumínio do banho é necessário despejar 92 l, perdendo-se simltaneamente 16,1 Kg de ácido sulfúrico que é rejeitado para a ETAR. Esse volume de banho é substituído por ácido novo sendo neutralizado na ETAR com 13,14 Kg de soda. Na Figura 41 esquematiza-se a aplicação desta tecnologia de prevenção ao banho de anodização do caso em estudo acima caracterizado. No Quadro 28 faz-se o balanço aos reagentes, à água e à energia para o banho de anodização em avaliação antes e depois da aplicação desta tecnologia de prevenção. Verifica-se uma redução de cerca de 90% quer no consumo de reagentes do banho quer no consumo de reagentes de neutralização dos efluentes da anodização na ETAR (soda), bem como uma redução de 50% nos gastos energéticos. Agrava-se no entanto o consumo de água que se pode considerar irrelevante. Na avaliação económica desta tecnologia os custos operatórios adicionais correspondem exclusivamente ao acréscimo do consumo de água, sendo irrelevante o custo de manutenção do sistema face ao investimento. Os benefícios económicos são os correspondentes às poupanças assinaladas no Quadro 29. 105 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Peças Desengorduramento químico Lv Decapagem Satinagem Lv Neutralização Lv Solução concentrada de ácido sulfúrico 190 l/h Lv Anodização Lv Coloração electrolítica Lv Colmatagem Ácido sulfúrico novo 10 l/h Banho de Anodização V= 46m 3 10 g/lAl 175 g/lH 2SO 4 200 l/h Água D esm ineralizada (190 l/h) Filtração Legenda: Lv Lavagem Solução concentrada de alum inio (1,2 kg Al/h) Sistem a de Retardação iónica Figura 41 – Aplicação de um sistema de retardação iónica ao banho de anodização, com recuperação de ácido sulfúrico. 106 106 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Peças PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Quadro 28 Comparação de uma anodização convencional com uma anodização em que se aplicou uma retardação iónica ao banho de anodização. Consumo de ácido Sulfúrico Novo (Kg/ano) Consumo de Hidróxido de Sódio no Tratamento de Efluentes Consumo de Agua Gastos Energéticos (m3/ano) (KWh) (Kg/ano) Convencional 51 520 Kg 42 048 Kg 298 m3 67.5 Com retardação iónica 5 600 Kg 4 576 Kg 640 m3 33.75 Percentagem de redução/aumento 89% redução 89% redução 53% aumento 50% redução Quadro 29 Avaliação económica da implementação de uma tecnologia de retardação iónica ao banho de anodização Avaliação económica Custos operatórios adicionais (contos/ano): Consumo de água 35 Total 35 Benefícios (contos/ano) Poupança de energia 1 620 Poupança no consumo de ácido 3 215 Poupança no consumo (tratamento de efluentes) de soda 3 370 8 205 Total Balanço (contos) 8170 Investimento (contos) 5240 Período de Recuperação do Investimento 8 meses Conclui-se que o período de recuperação do investimento de 8 meses é extremamente atractivo pelo que é do interesse de todos os anodizadores implementar esta tecnologia nas suas instalações no mais curto prazo possível. Na Figura 42 representa-se graficamente a variação do investimento e do período da sua recuperação (PRI) em função da capacidade de anodização instalada. 107 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície 10000 15 8000 10 6000 4000 5 Investimento vs produção 2000 PRI vs produção 0 0 2000 4000 6000 PRI (meses) Investimento (contos) RETARDAÇÃO IÓNICA APLICADA A BANHOS DE ANODIZAÇÃO DE ALUMÍNIO 0 8000 2 Produçao da anodização (m /dia) Figura 42 - Investimento e período de recuperação do investimento em função da capacidade instalada. Como conclusão geral pode dizer-se que dentro da gama das capacidades aqui abordadas a tecnologia é muito atractiva nos aspectos económicos e de prevenção de poluição, pelo que se aconselha aos industriais a sua implementação nas unidades de anodização que ainda a não possuam. Em princípio, a tecnologia é de grande interesse independentemente da dimensão da unidade industrial. 6.10 APLICAÇÃO DE TINTA COM SPRAY AIRLESS E COM SPRAY ELECTROSTÁTICO ATOMIZADO À PRESSÃO Identificação da tecnologia e objectivos da sua aplicação: Tecnologia de pintura a spray, que reduz a perda de tinta por overspray, permitindo uma diminuição no consumo de tinta e uma redução na quantidade de resíduos produzidos. Descrição técnica e avaliação económica: Na pintura a spray airless, a tinta é bombeada a alta pressão na forma de jacto e a uma velocidade elevada, suficiente para induzir a atomização. A inexistência da expansão que 108 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície caracteriza o uso da corrente de ar comprimido convencional, reduz a perda de tinta por overspray, permitindo a adesão da maior parte da tinta à superfície da peça. Na pintura com spray electrostático atomizado à pressão, a tinta é bombeada a alta pressão, como anteriormente, mas as partículas são carregadas e movem-se ao longo das linhas de força do campo electromagnético criado, depositando-se na peça. Aplicando qualquer uma destas tecnologias em substituição da tecnologia convencional, que utiliza ar comprimido para atomizar a tinta e transportá-la para a superfície da peça (spray atomizado a ar), obtêm-se reduções consideráveis no consumo de tinta, no consumo de solventes e na geração de resíduos. No Quadro 30, resumem-se os benefícios da aplicação destas tecnologias. Quadro 30 Comparação técnica entre a pintura convencional e a pintura com aplicação das tecnologias de spray. Processo Eficiência de Transferência Redução no Consumo de Tinta Redução no Consumo de Solvente Redução no Resíduo Gerado (%) (%) (%) (%) Spray atomizado a ar (convencional) 30-50 -- -- -- Spray airless 65-70 15 75 42 Spray electrostático atomizado à pressão 85-95 30 75 79 No Quadro 31 faz-se uma comparação económica das tecnologias em avaliação. Quadro 31 Viabilidade económica dos métodos de pintura que aplicam as tecnologias de spray Spray Airless Spray Electrostático Atomizado à Pressão Total de poupanças (contos/ano) 7700 7880 Investimento (contos) 960 2600 1.5 meses 4 meses Período de retorno do investimento 109 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Verifica-se pelo Quadro acima que o investimento em qualquer uma das tecnologias de pintura alternativas à tecnologia convencional é extremamente atractivo: o capital investido gera a muito curto prazo assinaláveis benefícios económicos e ambientais, pelo que são tecnologias cuja introdução no sector é altamente aconselhável. 6.11 EXEMPLO : POTENCIAL DE PREVENÇÃO NO SUB-SECTOR DE ANODIZAÇÃO E LACAGEM DE ALUMÍNIO Faz-se neste sub-capítulo uma listagem, certamente não exaustiva, de diversas medidas e tecnologias de prevenção aplicáveis às operações da anodização e da lacagem do alumínio, relacionando-as com as operações em que se integram e explicitando os resíduos que previnem. Lavagem em cascata e em contracorrente (aplicável em todo o processo de fabrico): A substituição das lavagens simples num só tanque ou das lavagens alimentadas em paralelo (em dois ou mais tanques) por lavagens em cascata e em contracorrente permite, entre outros benefícios, poupanças significativas de água. Benefícios: Redução do consumo de água em mais de 98%, ou, aumento significativo da eficiência de lavagem (mais de 10 vezes) com redução simultânea do consumo de água (mais de 90%), conservando a eficiência de lavagem pré-definida. Resíduos que previne: Nenhum, a menos que as soluções da lavagem, agora mais concentradas, possam ter alguma utilização exterior ao processo ou lhe sejam aplicadas tecnologias de prevenção para recuperação dos sais de alumínio contidos, para eventual utilização também exterior ao processo (vd. Osmose Inversa). Ultrafiltração (aplicável ao desengorduramento alcalino): Esta tecnologia é aplicada na regeneração de banhos alcalinos de desengorduramento de peças de alumínio, visando o tratamento e a reciclagem do banho descontaminado após a separação dos óleos e das gorduras removidas das peças. Permite também manter no banho um teor de reagentes mais baixo e praticamente constante, assegurando assim uma maior eficiência do desengorduramento e um menor arrasto de reagentes e de poluição. 110 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Benefícios: Cerca de 95% do caudal tratado contendo 90% do desengordurante é recirculado. Dada a alcalinidade do banho, previne, na mesma medida, os resíduos de lamas de hidróxidos de alumínio que estes despejos geram na estação de tratamento. Resíduos que previne: Como resultado da poupança de reagentes derivada da aplicação desta tecnologia nos processos de fabrico, estima-se em menos de 1% a redução do total de resíduos gerados na estação de tratamento, pois o caudal de efluentes do desengorduramento é diminuto comparado com o caudal do processo. Por outro lado, o concentrado da ultrafiltração é um resíduo líquido sem aplicação, ao qual terá que ser dado um destino final. Retardação Iónica (aplicável aos banhos de anodização): Esta tecnologia é já aplicada em Portugal nas empresas de maior dimensão para a recuperação e a recirculação de cerca de 90% do ácido sulfúrico utilizado nos banhos de anodização de alumínio e prevenindo o consumo em cerca de 90% do neutralizante (soda cáustica) na ETAR . É também relevante a economia de energia que induz na operação (cerca de 50%). O facto de os banhos trabalharem com concentrações mais baixas e mais ou menos constantes de alumínio permite uma maior eficiência da corrente e uma melhor qualidade do revestimento, para além de minimizar o transporte de poluição nos arrastamentos. Benefícios: Controlo químico e energético optimizado da anodização. Poupança de 90% do ácido sulfúrico no banho e de 90% do respectivo neutralizante (soda) na ETAR. A poupança mais relevante é a energética (50%). Estima-se ser possível poupar com 2 esta tecnologia até 25$00/m de superfície anodizada, o que, para o caso de uma fábrica que anodize 500 000 2 m /ano, se reflecte numa poupança de aproximadamente 12 500 contos. 111 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Resíduos que previne: As lamas da ETAR referentes à anodização podem a ser reduzidas em 20%. Na verdade, numa anodização sem recuperação de ácido por retardação iónica, o consumo de soda para neutralizar a acidez livre residual dos banhos rejeitados cifrase em cerca de 2/3 do consumo total de soda; a soda restante destina-se à decapagem alcalina prévia, etc. Por outro lado, durante a etapa de neutralização na ETAR, devido ao elevado teor em sulfatos, a lama fica com uma elevada quantidade de hidroxisulfatos de fórmula intermédia entre Al4.SO4.(OH)10 e Al12.(SO4)5.(OH)26 que fazem aumentar o peso do resíduo; na gama de concentraçoes de alumínio e ácido sulfúrico, vigentes numa anodização com retardação iónica, forma-se preferencialmente o hidróxido de alumínio, Al(OH)3, sendo o peso das lamas reduzido naturalmente em 20%. Regeneração de soda e produção de hidróxido de alumínio (aplicável em satinagem alcalina): Esta tecnologia é baseada na inversão da reacção de ataque alcalino das bauxites pelo Processo Bayer. Por diluição e arrefecimento do aluminato de sódio do banho de satinagem regenera-se a maior parte da soda para recirculação ao banho e cristaliza-se o hidróxido de alumínio, como sub-produto susceptível de comercialização. Benefícios: Recuperação de soda que é recirculada ao banho e produção de hidróxido de alumínio para venda eventual. Resíduos que previne: 85% de redução nas lamas de ETAR devidas à satinagem, 20% de redução no consumo de água, 60% de redução no consumo de soda e, consequentemente, de 60% do ácido sulfúrico necessário á sua neutralização na ETAR. Osmose Inversa (aplicável aos banhos ácidos e às águas de lavagem ácidas, em geral): Aplica-se à remoção de sulfato de alumínio de águas de lavagem e de banhos ácidos. O sulfato de aluminio pode ter uma utilização exterior ao processo, designadamente na coagulação de efluentes industriais. A remoção de aluminatos de sódio dos banhos e das águas de lavagem alcalinos através desta tecnologia é,possível, mas apresenta alguma dificuldade, dada a instabilidade destas soluções a pH's próximos da neutralidade e o consequente risco da sua precipitação no interior das membranas de osmose. O processo exige uma solução de 112 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície alimentação estável, sem sólidos em suspensão (filtração prévia) e tem com principal resultado a recuperação de água pura para reutilização no processo. Benefícios: Poupança de 80% da água contida nas soluções a tratar e prevenção de resíduos de lamas de hidróxidos de alumínio na estação de tratamento. Resíduos que previne: Lamas de hidróxidos de alumínio. Não é possível a sua quantificação, porque tal depende de outras medidas e tecnologias de prevenção eventualmente implementadas. Pode dizer-se que esta tecnologia pode contribuir para “fechar o balanço do alumínio” numa perspectiva de aproximação à descarga "zero". Electro-electrodiálise (aplicável à cromatação e respectivas lavagens): A electro-electrodiálise conjuga os efeitos da electrólise com os da electrodiálise, permitindo a recuperação no compartimento anódico, do crómio das águas de lavagem associadas á cromatação, sob a forma de ácido crómico, e, em certos casos, dos próprios banhos. A operação tem elevado consumo energético, pelo que numa perspectiva economicista apenas é viável para capacidades elevadas. No entanto, esta tecnologia tem grande potencial numa perspectiva global de minimização, se se tomar em conta a problemática ambiental associada ao crómio. Benefícios: É possível recuperar para reutilização praticamente 100% do crómio e da água, bem como prevenir os resíduos de lamas de hidróxido de alumínio (contendo crómio) gerados na ETAR. A presença de crómio nas lamas é penalizante em termos da sua possível reutilização posterior e mesmo da sua eliminação. Resíduos que previne: Reduz até 90% as lamas de hidróxido de crómio, com igual reflexo na redução da contaminação com crómio das lamas de alumínio globalmente geradas em todo o processo. 113 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Permuta iónica (aplicável em cromatação e em banhos e soluções ácidas contendo metais, em geral): É uma tecnologia amplamente utilizada em electrodeposição, quer para remover impurezas iónicas das águas de lavagem, de modo a permitir a reutilização de água no processo, quer em tratamentos posteriores objectivando a "descarga zero". Aplica-se frequentemente em combinação com outras técnicas, designadamente a osmose inversa e a precipitação. A recuperação de Crómio (VI) de águas de lavagem e de banhos diluídos por permuta iónica, permite a recuperação do crómio na forma de ácido crómico. Benefícios: Recuperação para posterior aproveitamento ou recirculação de metais contidos em banhos e águas de lavagem, designadamente de mais de 90% do crómio, na forma de ácido crómico, das águas de lavagem e mesmo dos próprios banhos de cromatação. Resíduos que previne: Redução não quantificável, mas elevada, do teor de metais contaminantes menores das lamas da ETAR. Mais de 90% de redução nas lamas de hidróxido de crómio e consequente descontaminação nas lamas de alumínio geradas. Evaporação (aplicável às águas de lavagem ácidas e alcalinas em geral): Numa perspectiva de aproximação à descarga "zero" e, portanto, considerando implementadas as medidas e tecnologias anteriores, a evaporação poderá ter um papel determinante na gestão dos fluxos líquidos residuais constituídos por águas de lavagem não tratadas e, pontualmente resultantes de eventuais derrames ou da substituição total ou parcial de banhos. Estes fluxos anormais poderão ser ainda responsáveis por um resíduo de fim de linha que corresponderá entre 10 a 20% do resíduo mais convencional da ETAR, isto é, quando não se usa nenhuma das tecnologias de prevenção atrás referidas. Os evaporadores permitem recuperar a água e obter simultaneamente soluções concentradas ácidas ou alcalinas de alumínio, objectivando, quer a sua posterior utilização fora do processo (concentrados de sulfato de alumínio e de aluminato de sódio para utilização como floculantes em ETARs industriais), quer a adequação da sua concentração ás condições requeridas para o seu tratamento pelas tecnologias de prevenção já instaladas (concentrados de aluminato de sódio para recuperação de soda e produção de hidróxido de alumínio na unidade de recuperação associada à satinagem). 114 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Caminhar para o efluente zero em anodização e lacagem de alumínio: A utilização conjunta de concentrados ácidos de sulfato de alumínio e de concentrados alcalinos de aluminato de sódio (oriundos de anodizadores e lacadores de alumínio), na redução dos fosfatos nos efluentes das ETARs Autárquicas, prática que a Associação Suíça de Empresas de Anodização (ASA) tem vindo a implementar e que foi divulgada em primeira mão no nosso país pela Associação Portuguesa de Anodização e Lacagem (APAL), se introduzida no nosso País, a nível local, poderá contribuir sobremaneira para uma melhor gestão dos efluentes das unidades de anodização e lacagem de alumínio na perspectiva do efluente "zero". No entanto, pensa-se que tal alternativa terá de ser sempre compatibilizada com as necessidades prioritárias de minimizar o transporte de soluções corrosivas e o risco que lhe está associado e de maximizar a conservação das matérias-primas retirando dos efluentes subprodutos reutilizáveis dentro do processo ou, então, comercializáveis. Nesta perspectiva, deverá recorrer-se tanto quanto possível a medidas e a tecnologias de prevenção para minimizar os resíduos de fim de linha, restringindo a solução referida no parágrafo anterior a resíduos líquidos excedentários ao balanço do processo e/ou de inviável ou problemática recuperação recorrendo às melhores tecnologias disponíveis. Nesta óptica, apresenta-se a seguir um diagrama contemplando uma linha de anodização e outra de lacagem, que contém as medidas e as tecnologias de prevenção aplicáveis a curto médio prazo ao sub-sector. Para além da retardação iónica, já utilizada com grande fiabilidade em empresas de grande dimensão, as outras tecnologias não estão ainda instaladas, excepto a osmose inversa, usada exclusivamente para recuperação da água desmineralizada em lavagens especiais. O processo mais significativo em termos da quantidade de resíduos globais que previne (mais de 60%) é a cristalização ou precipitação da alumina hidratada em contínuo a partir dos banhos de satinagem, com a consequente regeneração da soda. No entanto, é um processo ainda pouco implementado (1 ou 2 casos conhecidos em França), com um período de retorno do capital que as empresas consideram muito dilatado (8,5 anos), porque os cálculos não incluem o valor da alumina produzida (não existe mercado garantido para tal produto). O período de retorno poderá reduzir-se substancialmente (para 3 anos), caso as empresas consigam viabilizar a venda deste produto. Deste modo, pode concluir-se que a implementação das tecnologias de prevenção referidas, conjugada com a possibilidade de se utilizarem concentrados ácidos e alcalinos como coagulantes nas ETARS Autárquicas, criará as condições para que os resíduos finais deste subsector no médio prazo possam ser reduzidos em mais de 80%. 115 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície Recirculação de água e aditivos Peças Desengorduramento Alcalino LINHA DE ANODIZAÇÃO Res. Líq. Reutilizável no tratamento de efl. Doméstico, como coagulante (sol. Soda + Alumitnato de Sódio) Decapagem Alcalina Lavagem água alcalina LINHA Soda conc. Satinagem Alcalina EVAPORAÇÃO Lavagem CRISTALIZAÇÃO Unidade de Regeneração de Soda e Remoção de Al2O3.3H2O Ág. p/ água alcalina reutilização Lavagem água com ác. nítrico Pré-Lavagem Ácida Meio: ácido nítrico Lavagem água com ác. nítrico Anodização Lavagem Água ácida Ág. p/ reutilização OSMOSE INVERSA Res. Líq. c/ metais potencialmente reutilizáveis Água p/ reutilização Cromatação Ác. Regenerado (>95%) RETARDAÇÃO IÓNICA Res. Líq. Reutilizável no tratamento de efl. Doméstico, como coagulante (sol. ác. de Sulfato de Alumínio) Coloração Electrolítica Res. Líq. Reutilizável no tratamento de efl. Doméstico, como coagulante (sol. ác. de Sulfato de Alumínio) Desoxidação Ácida Óxido de Al (sub-produto) Neutralização ácido nítrico OSMOSE INVERSA DE LACAGEM ULTRAFILTRAÇÃO Soda regen. Res. Líq. Reutilizável no tratamento de efl. Doméstico, como coagulante (sol. Soda + Alumitnato de Sódio) Resíduo líquido c/ sólidos e metais ULTRAFILTRAÇÃO ELECTROELECTRODÁLISE ou PERMUTA IÓNICA Lavagem Água pouco ácida Coloração Química Res. Líq. c/ metais potencialmente reutilizáveis Lavagem com Água Desmineralizada água ác. com crómio Secagem Ág. p/ reutilização Pintura Electrostática a Pó Lavagem água neutra-ácida Colmatagem água desmineralizada Ág. p/ reutilização OSMOSE INVERSA Polimerização Peças Lacadas Peças Anodizadas Figura 43 - Tecnologias e medidas de prevenção potencialmente aplicáveis no médio prazo ao sub-sector de anodização e lacagem de alumínio. 116 PNAPRI - Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície BIBLIOGRAFIA # "Electrodialysis technology for anodizing bath solutions"; Joint Service Pollution Prevention Opportunity Handbook; May, 1997; # “Pollution prevention in metal painting and coating operations”; April, 1998; # American Society for Metals; “Metals Handbook” - 9th Edition; Vol 5 – “Surface Cleaning, Finishing and Coating”; Metals Park, Ohio; 1982; # DOPEE; “Environment et Électricité – Les Techniques Propes de L’industrie”; 1985; # Enviro$en$e; “Guide to cleaner technologies organic coating replacements”; # EPA, Office of Compliance Sector Notebook Project; “Profile of the fabricated metal products industry”; Set. 1995; # EPA; “Integrated pollution control licensing – batneec guidance note for electroplating operations”; EPA nº LC 19 (9/96); 1996); # Gregory J. 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Convém notar que, a nível da Comunidade Europeia, esta Decisão está a ser alvo de revisão, prevendo-se a entrada em vigor da nova Decisão em final de 2001. É ainda de notar que existem vários diplomas que concedem benefícios fiscais, de que se destacam, para as empresas que realizem despesas em I&D (Decreto-Lei nº 292/97 de 22 de Outubro), e para as que invistam em equipamentos destinados a reduzir as suas emissões poluentes, tanto gasosas como líquidas ou sólidas (Decreto-Lei nº 477/99 de 9 de Novembro, rectificado através da Declaração de Rectificação 4-B/2000 de 31 de Janeiro, e regulamentado através do Despacho2531/2000 de 1 de Fevereiro e pela Portaria nº 271-A/2000 de 18 de Maio). 122