Ali Babá e os quarenta cangaceiros
Transcrição
Ali Babá e os quarenta cangaceiros
Metodologia de leitura de texto | Ali Babá e os quarenta cangaceiros Ali Babá e os quarenta cangaceiros Autor: Tiago de Melo Andrade Ilustrações: Eduardo Ver Preparação para a leitura Questione os alunos, sondando seus conhecimentos prévios: Gênero: narrativa/lenda Sobre As Mil e uma Noites Sobre as histórias de cangaceiros Temas transversais: Pluralidade cultural - relações sociais, Ética (Respeito Mútuo, Justiça, Diálogo, Solidariedade) Quem já ouviu falar nas “Mil e uma Noites”, título da Coleção? Vocês sabem o que essa expressão significa? Ouça as inferências das crianças e destaque aquelas que indicarem que é o título de uma das mais famosas obras da literatura, composta por uma coleção de contos de várias origens, incluindo o folclore indiano, persa e árabe, escritos entre os séculos XIII e XVI, de autor desconhecido. Traga para a sala de aula alguns livros com contos das Mil e Uma Noites para que manuseiem. Disponibilize textos do folclore brasileiro que envolvam histórias de cangaceiros, especialmente da literatura de cordel. Pergunte: vocês conhecem essas narrativas? Já leram algum desses livros? Ouviram as histórias? E a técnica de xilogravura? Já haviam visto em algum outro suporte que não a literatura de cordel? Sabem como se faz? Nesse caso, se a disciplina de Arte for parceira, pode ser programado um projeto de trabalho com excelentes resultados. Abordagem interdisciplinar: Língua Portuguesa e Literatura, História, Geografia, Artes Palavras-chave: aventura, família Ali Babá era lenhador, mas o trabalho não lhe rendia o suficiente para seu sustento, o da mulher e o filho. Diferente do irmão, Cassim, que casara com moça de posses, Ali vivia numa casa humilde e lutava dia após dia para colocar um pouco de comida à mesa. Aconteceu, no entanto, de a sorte lhe sorrir ao depararse com um tesouro escondido. Entretanto, o irmão e a cunhada, movidos por ganância e inveja, estragaram toda a felicidade de Ali e Rosinha, trazendo vingança, morte e tristeza à rotina na pequena Juriti do Limão. As ilustrações em xilogravura, de Eduardo Ver, contextualizam a história no Nordeste brasileiro. Deixe os alunos manusearem os materiais e relembrarem sua história de leitor. Depois, apresente o livro Ali Babá e os quarenta cangaceiros como suporte do texto. Mostre a capa e explore a ilustração, o título, fale sobre o autor, Tiago de Melo Andrade, e sobre o ilustrador, Eduardo Ver, utilizando os textos das últimas páginas do livro. Ainda sem compromisso com o texto escrito, peça que, em pequenos grupos, imaginem uma história que traga o personagem Ali Babá – do conto ‘Ali Babá e os quarenta ladrões’ – para o sertão brasileiro. Como seria? Lembrese, nessa etapa, o objetivo é fazer com que os alunos comecem a interagir com o universo que estará presente na obra, para poderem confrontar suas previsões com o que encontrarão nela. Abra espaço para que exponham suas impressões e expectativas e, depois, encaminhe a leitura silenciosa do texto. © Edelbra Editora | www.edelbra.com.br Metodologia de leitura de texto | Ali Babá e os quarenta cangaceiros Leitura e compreensão geral do texto Estudo do texto Após a leitura, proponha uma conversa que retome a narrativa e a evolução da trama. Dê especial atenção aos Para analisar o texto lido, proponha que os alunos, em grupos, pesquisem na biblioteca o conto original Ali Babá e os 40 ladrões e recorram à Internet para complementar as informações (se desejar, indique alguns sites de apoio) e resolvam as questões que seguem: personagens da história, identificandoos e relacionando-os às suas representações nas ilustrações. • Por que no título do livro aparece Ali Babá e os quarenta cangaceiros? Esses personagens (Ali Babá e os cangaceiros) têm a mesma importância na história? É possível entender o texto sem conhecer a história original narrada no livro das Mil e Uma Noites? • Como Ali Babá é apresentado na história recontada por Tiago de Melo Andrade? E o irmão de Ali Babá, Cassim? E os quarenta ladrões? Eles estão presentes na narrativa? Uma pesquisa na internet ou na biblioteca da escola poderá indicar como são descritos os personagens nas traduções da história original. Quem são as personagens da história? Quais os vínculos/relações de parentesco que uns têm com os outros? Onde se passa a história? É possível estabelecer relação entre o conto original (Ali Babá e os quarenta ladrões1), do livro As Mil e Uma Noites, com esse, recontado por Tiago de Melo Andrade? Quais as semelhanças? Caso os alunos não conheçam o conto, faça a contação da história. Aqueles que conhecerem a obra, incentiveos a complementar seu reconto. 1 E as diferenças? Aproveite para registrar no quadro o nome dos personagens, da cidade e da região onde se passa a história. Valorize cada resposta e organize-as de modo a destacar os elementos da narrativa (O que aconteceu? Quem viveu os fatos? Como? Onde? Por quê?). • Tanto na história recontada, quanto no conto árabe, Ali Babá é um pobre lenhador que esbarra com um tesouro, na floresta onde ele estava cortando árvores. O tesouro está numa caverna, que é aberta por magia. Quando os ladrões saem de lá, Ali Babá entra e leva parte do tesouro para casa. O que há de diferente entre as duas histórias? Quais são os elementos brasileiros identificados na história de Tiago de Melo Andrade? • Ao comparar as versões do conto árabe e a história lida, é possível perceber muitas semelhanças: alguns personagens são praticamente os mesmos e as ações se repetem, mas o contexto espaçotemporal não. Essa alteração é perceptível? Que elementos permitem afirmar que Ali Babá e os quarenta cangaceiros é o resultado de uma mistura de histórias e de contextos/espaços/cenários? Destaque alguns indicativos que mostrem onde se passa a história e quando. • Sobre o vocabulário utilizado: retomem o texto e assinalem as palavras ou expressões às quais não estejam familiarizados. Depois, pesquisem em dicionário ou na internet. Façam um quadro com os achados, de modo a apresentálo para toda a turma. Promova um momento de síntese dos achados. Com relatos dos grupos e destaque das formas de compreensão que um estudo mais detalhado do texto pode promover, ampliando o sentido da leitura. Depois, em grande grupo, realize um estudo dos provérbios e dos títulos dos capítulos. Peça que observem a forma como a história é narrada e sua divisão em capítulos. Questione-os a respeito dos títulos que aparecem nos capítulos. À medida que forem lendo os títulos, escreva-os no quadro: 1 - Cem anos de perdão; 2 Quem tudo quer, nada tem; 3 - Debaixo © Edelbra Editora | www.edelbra.com.br Metodologia de leitura de texto | Ali Babá e os quarenta cangaceiros do angu tem molho; 4 - Asno com fome, espinho come; 5 - Quem se faz temer, não se faz amar; 6 - Sob sete chaves. São conhecidos? Onde os leram? Ouviram alguém falar? Sabem o que significam? Eles estão escritos de acordo com o que vocês conhecem? Proponha que, em duplas, relendo o texto, tentem decifrar os títulos, atribuindo-lhes significado e complementando-os, se necessário. Por exemplo: Ao retomar o texto do primeiro capítulo (Cem anos de perdão), é possível aos alunos inferir o seu significado, pois Ali Babá rouba um pouco do que os quarenta cangaceiros já haviam roubado. Por esse motivo, segundo o provérbio, ele poderia ser perdoado (Ladrão que rouba de ladrão tem cem anos de perdão). Dê um tempo para completarem a tarefa e peça que apresentem seus achados ao grande grupo. Enquanto apresentam, complemente e informe que os títulos correspondem a provérbios ou ditados populares; são frases que apresentam conselhos e/ou ensinamento que surgem da boca do povo, transmitidos oralmente, ainda que nem sempre façam recomendações sérias... Título Provérbio 1 - Cem anos de perdão “Ladrão que rouba de ladrão tem cem anos de perdão”2 2 - Quem tudo quer, nada tem “Quem tudo quer, tudo perde”3 3 - Debaixo do angu tem molho “Debaixo desse angu tem caroço”4 4 - Asno com fome, espinho come “Burro com fome, cardos come” 5 - Quem se faz temer, não se faz amar idem 6 - Sob sete chaves “Guardado a sete chaves”5 Para refletir: Peça para que os alunos citem exemplos de provérbios. Contribua, exemplificando com alguns: Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço; Cada cabeça uma sentença; Deus ajuda quem cedo madruga; Quem não arrisca não petisca. Observe que falamos e repetimos essas frases/expressões sem pensar muito sobre o que significam e nem sempre as usamos com sabedoria. Para promover um debate capaz de agregar valores, cite um exemplo hipotético: Resposta ao texto Converse com os alunos a respeito dos sentidos que a leitura produziu. Valorize todas as contribuições e sugira a leitura de uma das primeiras versões (não adaptadas) das Mil e Uma Noites. Incentiveos a conversarem sobre o lido com os colegas, trocando informações e comparando as leituras realizadas. Essas tarefas ampliam o horizonte do leitor. Outra sugestão é, depois de o quadro ser completado e discutido com a turma, acrescentar algumas curiosidades como as sinalizadas aqui, em nota de rodapé e promover sua exposição em um espaço adequado, como a biblioteca da escola, por exemplo, para que os demais leitores do livro possam ampliar sua compreensão leitora. Significado no livro um aluno encontra um celular no chão durante o recreio da escola. Logo diz ao amigo: “achado não é roubado” e pega o aparelho para si. Questione: esta decisão está correta? O que há de errado nesta situação? Por que o provérbio está sendo usado de forma equivocada? Qual será a atitude certa? Por quê? Demonstre, por meio desse exemplo e de outros que os alunos referirem, que os provérbios não são uma verdade incontestável. 2 FONTE: http://aartedeensinarblog.blogspot.com.br/ 2008/03/utilizando-histrias-em-quadrinhos.html Esta frase é atribuída a Sir Francis Drake (1541-1596), que foi um pirata temido que agia nos mares da América Central, contratado pelos ingleses. Sua função era saquear caravelas (que já levavam material roubado). Ele próprio dizia que ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Seria uma maneira de se “auto perdoar”. “Drake's Voyages: a reassessment of their place in Elizabethan Maritime Expansion”, de Kenneth Andrews, 1967. Disponível em: http://www.clinicalucano.com/otorrinoefono/curiosidades.htm. Conclui uma das fábulas de Esopo, “A galinha dos ovos de ouro”. 3 Na hora da alimentação, os escravos recebiam sempre uma cuia com uma porção de angu de fubá. Quando podia, a cozinheira, também escrava, escondia um pedaço de carne ou torresmo debaixo do angu. Os escravos, ao perceberem, comentavam com o companheiro do lado, usando essa expressão. Leia mais em: http:// www.webartigos.com/artigos/algumas-expressoespopulares-e-a-sua-origem/5159/#ixzz3ijm2DqFc 4 No século XIII, em Portugal, joias e outros objetos valiosos eram colocados em um baú com quatro fechaduras; cada chave era entregue a um alto funcionário do reino. Hoje em dia, a expressão “guardado a sete chaves” é usada para designar algo muito bem guardado ou oculto. http://www.brasilescola.com/curiosidades/origemda-famosa-frase-guarddo-a-sete-chaves.htm 5 © Edelbra Editora | www.edelbra.com.br