Gabriel Maia Ciocchi - Colégio Ofélia Fonseca

Transcrição

Gabriel Maia Ciocchi - Colégio Ofélia Fonseca
COLÉGIO OFÉLIA FONSECA
A MÚSICA ELETROACUSTICA TENDO COMO FOCO A
VERTENTE TRANCE
Gabriel Maia Ciocchi
São Paulo
2014
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COLÉGIO OFÉLIA FONSECA
A MÚSICA ELETROACUSTICA TENDO COMO FOCO A
VERTENTE TRANCE
Texto apresentado como trabalho de
conclusão de curso do Ensino Médio.
Gabriel Maia Ciocchi
Orientadora: Carolina Oliveira Zambrana
São Paulo
2014
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“It’s not just love for music, it’s my passion. It goes
beyond liking, and beyond a hobby. It’s about a way of
living. Music is essential to my life.”
Armin van Buuren
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a todos que fizeram parte deste trabalho. Quero
agradecer a minha família e meus amigos por estarem sempre me apoiando em
todos os momentos, inclusive no TCC. E agradecer especialmente também a minha
querida orientadora que foi super paciente e mega colaborativa.
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RESUMO
Ao longo do trabalho contarei a história da música eletrônica que, por
definição, é toda música criada através do uso de equipamentos e instrumentos
eletrônicos. Seu marco inicial é o ano de 1987 com a criação de um aparelho
chamado Telharmonium. Conforme o tempo passou, criaram-se necessidades de
equipamentos mais compactos e portáteis. Atualmente, chama-se MIDI. Porém, a
música eletrônica é um gênero que tomou uma proporção muito vasta, sendo assim,
procurei focar em uma vertente especifica para exemplifica-lo.
Tendo em vista a música Trance, sua origem tem marco na década de 1970 em
Goa, India. Nesse momento a vertente adquiriu popularidade conforme eram
tocadas em raves (festivais que duravam 12 horas) por toda Europa. Mais tarde
adquiriu um patamar mundial e hoje é um dos grandes pilares da música eletrônica.
Palavras-chave: Música, Música eletrônica, Trance, Raves
5
Sumário
1.
Introdução ...................................................................................................................................... 7
2.
Referencial teórico........................................................................................................................ 8
2.1.
O que é música eletrônica .................................................................................................. 8
2.2.
A semente da música eletrônica ........................................................................................ 8
2.3.
Subgêneros da música eletroacústica ............................................................................ 13
2.4.
As Raves e a música eletrônica ....................................................................................... 15
3.
Objetivo ........................................................................................................................................ 17
4.
Desenvolvimento ........................................................................................................................ 18
4.1.
O embrião da música Trance ........................................................................................... 18
4.2.
Definição da música Trance ............................................................................................. 19
4.3.
O desenvolvimento da música Trance ............................................................................ 19
4.4.
Trance Clássico .................................................................................................................. 19
4.5.
Armin van Buuren ............................................................................................................... 20
4.6.
A aceitação do Trance nos dias atuais ........................................................................... 21
5.
Conclusão .................................................................................................................................... 26
6.
Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 27
Anexo ................................................................................................................................................... 28
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1. Introdução
Atualmente a música eletrônica é um dos mais importantes pilares da
indústria fonográfica. Os jovens de hoje impulsionam este gênero de tal forma como
ocorreu com o Rock nos anos 70. Desde seus gigantescos eventos até a
importância na composição da música contemporânea, a EDM (Electronic Dance
Music) é a vertente musical que mais cresceu nos últimos anos. Tendo isso em vista,
é de extrema importância estudar como chegou até esse momento e observa-lo
como um movimento cultural. Porém, como é uma vertente que cresceu muito nos
últimos anos e proporciona diversos subgêneros, foi necessário focar um deles para
tê-lo como exemplo. Este subgênero é o Trance.
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2.
Referencial teórico
2.1.
O que é música eletrônica
Por definição, música eletrônica é toda música criada através do uso de
equipamentos e instrumentos eletrônicos. Ela é gerada através do uso de recursos
digitais e tecnológicos, como sintetizadores, gravadores digitalizados, computadores
ou softwares de composição e o processo de criação não exige que o compositor
tenha algum dom ou vivencia no campo musical, pois hoje os softwares são criados
justamente para tornar mais acessível este processo.
Trata-se de uma modalidade musical que não é fruto de um único artista, mas
sim de um grupo de artistas, que se inclinam sobre um acervo já produzido, e neste
trabalho conjunto cada um trabalha sua fração. Assim, não há uma divisão de
tarefas, pois todos atuam simultaneamente como geradores do material que
alimentará a composição integral, conversores de formas, criadores, intérpretes e
receptores do produto final, em um processo que se auto-estrutura.
2.2. A semente da música eletrônica
A música eletrônica teve início no ano de 1897, com um aparelho
eletroacústico inventado por Thaddeus Cahill chamado de Telharmonium (ver Figura
1). Este aparelho, que pesava 200 toneladas e tinha 18 metros de largura por 6
metros de comprimento, produzia sinais com uma frequência determinada e era
tocado como se fosse um teclado. Ele tinha como base um dínamo elétrico
associado a indutores eletromagnéticos, o qual transformava a energia mecânica em
energia elétrica, produzindo diferentes frequências sonoras.
8
Figura 1: Telharmonium - primeiro aparelho eletroacústico.
Cahill não só o inventou como também descobriu que a eletricidade poderia
gerar sons ao mesmo tempo que fosse distribuída, um exemplo prático: os impulsos
elétricos do Telharmonium começaram a se propagar pelas linhas telefônicas e mais
adiante em caixas de som para restaurantes, eventos, etc.
Na década de 1910, o compositor francês Edgard Varèse, foi pioneiro na
exploração de novos conceitos de expressão musical. A sua técnica de
instrumentação revelava uma ruptura com a escola vigente no Conservatório de
Paris, essencial para a aceitação de fontes eletrônicas na composição musical.
Mais adiante, com o final da Primeira Guerra Mundial os primeiros avanços foram
no sentido de tornar os equipamentos mais econômicos e compactos. Assim, em
1915 surge outro nome que marcou a história da música eletroacústica: o Theremin
(ver Figura 2). Criado por Leon Theremin, este instrumento é desprovido de teclado,
porém era composto de dois detectores de movimento que controlavam o volume e
a altura do som a partir do movimento livre das mãos do executante.
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Figura 2: Theremin – Instrumento eletrônico de caráter compacto.
A partir de 1930, os compositores começaram a usar ferramentas
eletrônicas para melhorar sua performance nos palcos, como exemplo em 1939
quando John Cage grava uma obra composta apenas de tons de frequências
tocados em mesas de sons de velocidades variáveis. Nesta mesma época, Darius
Milhaud e Percy Grainger utilizaram a capacidade de gravação e reprodução
em vinil para deformar sons gravados através da variação da velocidade de leitura.
O maior avanço ocorreu na Alemanha em 1935, com a invenção do magneto fone,
que utilizava fitas plásticas impregnadas de partículas de ferro (Figura 3). Até 1945,
as principais linhas de desenvolvimento foram na concepção do som musical, no
interesse pelos princípios da acústica, que permitiram o avanço no campo da música
eletrônica.
Figura 3: Fita cassete usada em magneto fones
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A Segunda Guerra Mundial forçou o desenvolvimento tecnológico a vários
níveis que, cessado o fogo, se revelou determinante no progresso da música
eletrônica. O clima de reconstrução econômica proporcionou incentivos de várias
instituições, sobretudo das emissoras de rádio, que dispunham de estúdios bem
equipados.
Em 1948 surge em Paris um nome o qual foi pioneiro da música
eletroacústica: o engenheiro eletrotécnico Pierre Schaeffer. Schaeffer transformou e
organizou sons para realizar suas obras músicas. Estes sons não só podiam ser de
qualquer natureza, como também poderiam ser gravados para servir de material
musical ao compositor. Com isso, Pierre lança sua primeira obra musical que foi
batizada de musique concréte (Figura 4). As primeiras composições de Schaeffer,
que incluíam a manipulação sonora por meio da variação da velocidade ou do
sentido de leitura das gravações, tinham um efeito musical fraco. Mais tarde, com a
melhoria da tecnologia e em associação com o compositor Pierre Henry e
o engenheiro Jacques
Poullin,
fundando
em 1958 o Groupe
de
Recherches
Musicales, surgiram as primeiras composições de resultado satisfatório: Symphonie
pour un homme seul e a ópera Orpheé 51. Em 1966, Schaeffer estabeleceu 33
critérios de classificação divididos pelas três dimensões fundamentais do fenômeno
sonoro, o plano harmônico, o plano dinâmico e o plano melódico, que permitiam
54000 combinações distintas.
Figura 4: Pierre Schaeffer compondo sua obra.
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Em 1951 é criado o primeiro estúdio de música eletrônica por Herbert Eimert
e Robert Bayer e inicia-se assim a nova era da música eletroacústica. Em 1956
neste mesmo estúdio, Karlheiz Stockhausen realiza a primeira junção de batidas
eletrônicas com vozes humanas.
No início dos anos 1960, Iánnis Xenakis começava já a utilizar os
computadores e Pierre Henry a montar seu próprio estúdio. Dois exemplos entre as
muitas outras linhas de inovação, chegando assim ao fim o monopólio de Schaeffer.
Devido à complexidade em compor com um sintetizador ou computador, a maioria
dos compositores continuavam a explorar a música eletrônica usando o musique
concrète ainda na década de 1960, entretanto, tais compositores buscavam novas
formas de criar novos sintetizadores. O primeiro sintetizador munido de um teclado
ao estilo de piano foi criado por Robert Moog em 1963 (Figura 5). Moog já havia
criado protótipos de osciladores controlados, e posteriormente criou um filtro
controlado por voltagem. Nesta mesma época, a música eletrônica é adotada pela
cultura popular, sendo o tema para a televisão do seriado Doctor Who.
Figura 5: Sintetizador analógico criado por Robert Moog.
Assim que a tecnologia evoluiu e os sintetizadores tornaram-se mais
baratos, foram sendo adotados por várias bandas de rock, tais como The Silver
Apples e Pink Floyd, usando os equipamentos como substitutos ao órgão.
Em meados dos anos 70, Kraftwerk potencializou este cenário. O grupo
alemão começou com trabalhos experimentais, no qual unia instrumentos comuns,
tais como baixo, guitarra, violinos, sintetizadores e osciladores, formando naquela
época um som único. Em 1974 alguns pianistas de jazz como Jan Hammer, Herbie
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Hancock e Joe Zawinul começaram a utilizar sintetizadores para a gravação de
suas obras.
A partir da década de 80 através da popularização dos computadores
pessoais, a música eletrônica foi amplamente difundida. Com isso era possível
representar qualquer instrumento musical ou sintetizador, seja na criação, seja na
apresentação. Porém, devido as diferentes tecnologias, os equipamentos não
conseguiam interagir entre si. A solução desenvolvida foi a criação do MIDI (Musical
Instrument Digital Interface) (Figura 6), um protocolo de comunicação destinado a
controle e sincronização de áudio entre os dispositivos tais como sintetizadores,
teclados e processadores de som. Desde 1983, quando o MIDI popularizou-se, ele
é aceito na maioria dos equipamentos de áudio e instrumentos eletrônicos.
No Brasil, a música eletrônica tem como sua origem o surgimento do instituto
Villa Lobos, onde aconteciam pesquisas a respeito da música experimental. Com o
passar dos anos, o estilo tornou-se conhecido e com as inovações de recursos de
computadores, permitiu-se a renovação em vários gêneros eletrônicos.
Figura 6: MIDI - Protocolo de comunicação destinado a controle e sincronização de áudio.
2.3. Subgêneros da música eletroacústica
Atualmente existem aproximadamente 78 gêneros de música eletrônica,
dentre os quais os mais populares são: Deep House, Dubstep, Electro House,
House, Techno e Trance.
O Deep House funciona como uma house music com
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sons mais puxados para o jazz, com BPM (Batidas por minuto) mais baixa e
influências de disco. O Dubstep é um subgênero bastante recente, tendo seu início
em Londres, marcado pelo intenso uso de subgraves, composição inconstante,
criação de texturas melancólicas e temas obscuros. O Electro House é um estilo de
house music com elementos techno, que surgiu em 1986. Já o House é o que mais
combina com as baladas. Esse subgênero que nasceu em Chicago, no final da
década de 80, é considerado uma evolução da música disco e que influenciou os
gêneros que surgiram depois. O Techno é uma variação da house music, com
batidas mais pesadas e BPM's mais altos (entre 126 e 130). Originário de Detroit,
não tem os claps (as famosas palmas), diferentemente de outros ritmos. Por fim o
Acid e drum and bass: O Acid foi um estilo derivado da house music levado para
o Reino Unido no final da década de 1980 para tornar-se parte integrante da cultura
local de raves. Foi amplamente dependente do sintetizador e sequenciador Roland
TB-303, o que tornava seu som bastante característico. O acid foi uma das maiores
influências
para
a
criação
do drum
and
bass (originalmente
conhecido
como jungle até por volta de 1995), um estilo de música eletrônica dançante
caracterizado pela batida rápida e pesada ("seca") da bateria, com a presença
marcante do baixo. A tabela 1 lista outros subgêneros da música eletroacústica.
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Tabela 1: Subgêneros da música eletrônica.
ORIGEM
COMEÇO
Breakbeat
Nova Iorque
Inglaterra
início da década de 1970
Dance music
Europa
Década de 1980
Raízes na década de 1970,
mais evidenciado na década
de 1990
Downtempo
OUTROS ESTILOS
ASSOCIADOS
Techno, hip hop, dance
hall
Pop
Dub, hip
hop, jazz, funk, soul, drum
and bass, ambiente,
bossa, pop
break beat, techno, hop,
reggae, dancehall, jazz
Synthpop, música
disco, funk
Drum and
bass(Jungle)
Londres e Bristol
Início da década de 1990
Electro
Detroit, Bronx, Nova
Iorque,Los Angeles
Início da década de 1980
Hardcore
Europa
Final da década de 1970
House
Nova
Iorque, Chicago,Londr
es, Manchester
Década de 1980
Eletro, funk, disco, synthpo
p, soul
Música
ambiente
Europa
Década de 1970
Krautrock, música erudita
do século XX
Música
industrial
Londres, Sheffield, Al
emanha,Vancouver, C
leveland, Chicago
Início da década de 1970
Musique
concrète, Fluxus, Noise
Techno
Detroit
Década de 1980
Eletro, industrial, synthpop,
house
Início da década de 1990
Techno, house, industrial
Meados da década de 1990
Música
psicodélico, industrial, acid
house
Trance
Trance
psicodélico
França, Alemanha, Pa
íses
Baixos, Bélgica e Rei
no Unido
Reino
Unido, Israel, Goa,
África
2.4. As Raves e a música eletrônica
Um elemento importante para o desenvolvimento da música eletrônica foi o
desenvolvimento das raves. Tais festas de música eletrônica começaram como
uma reação às tendências da música popular, a cultura de casas noturnas e
o rádio comercial. Seu objetivo era a interação entre pessoas e uma fuga da
realidade através de diversas formas, dentre elas os produtos entorpecentes
(especialmente LSD) que era visto como uma forma de elevação da consciência. A
música eletrônica teve papel fundamental nestas festas na medida que
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proporciona através das batidas repetitivas e progressivas um efeito hipnótico nos
participantes. O gênero que deixou impressa sua marca nessas festas foi o Psy
Trance, que mais tarde se tornaria o Trance. Segundo Ray Castle:
“Existe uma qualidade transcendental nessas festas, que
as habilita a serem eventos psíquicos de natureza
bastante transformadora, catalisando uma união de
mente coletiva, que é experimentada independentemente
de modismos, sexo, ego e comercio. Vejo meu papel
como sendo aquele de um intermediário que dirige as
frequências e as batidas para que massageiem e ativem
a inconsciência e a supraconsciência, através do transe
e da dança, que se traduzirá numa forma de catarse
eufórica coletiva.”
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3. Objetivo
O presente trabalho abordará temas associados ao estilo musical Trance,
desde o seu surgimento até os dias atuais, levantando temas que envolvam
questões sociais associadas e algumas de suas implicações e verificará sua
aceitação nos dias atuais.
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4. Desenvolvimento
4.1. O embrião da música Trance
Para falar de sua origem é necessário voltarmos até a década de 70 na
Índia, quando havia uma geração marcada pela cultura hippie a qual foi
fundamental para a criação deste gênero. Nessa época, nas praias de Goa,
ouvia-se o som de Detroit o qual se tornaria Techno anos mais tarde, porém,
paralelamente a isso havia o psicodelismo hippie. Com isso, alguns artistas
influenciados por Detroit, passaram a produzir músicas eletrônicas, contudo,
introduzindo o psicodelismo.
Um dos grandes nomes e pai deste gênero é Goa Gil, um musico
americano que vai a Goa em uma viagem espiritual e em busca de
autoconhecimento. Após sua chegada, Goa Gil começou a misturar os sons
eletrônicos vindo dos Estados Unidos juntamente com os sons nativos de Goa. A
partir daí surge o embrião da atual Trance, a Goa Trance.
Este estilo é considerado atualmente como o “Trance Dance” por ter um
ritmo energético de 150 bpm (do inglês: beats per minute) indo de 16 a 32 notas
e com músicas durando 8 a 12 minutos.
Inicialmente melódico e carregado de elementos orientais, foi levado a
Europa onde aos poucos se multiplicaram as festas inspiradas em tal gênero.
Conforme as festas se expandiam, o número de pessoas aumentava e
consequentemente o gênero ficara mais conhecido .
“Procuro me valer da experiência da música e da dança
trance para iniciar uma reação em cadeia no plano da
consciência, já que desde o início dos tempos a
humanidade tem se utilizado da dança e da música
como formas de comunhão com o espirito da Natureza
e do Universo.” – Goa Gil
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4.2.
Definição da música Trance
Em sua composição, o Trance tem três seções primordiais: a construção,
o clímax e o colapso. Possui um ritmo entre 130 e 160 batidas por minuto com
uma linha de básica de graves, com camadas de sons, batidas e vocais mixados
através de um sintetizador. O compasso utilizado é o 4/4. Esse tipo de música
depende de sintetizadores, baterias eletrônicas e de faixas gravadas de batidas
de instrumentos e vocais para criar os seus efeitos.
4.3.
O desenvolvimento da música Trance
Com o passar do tempo, o gênero se tornou cada vez mais aceito e
atingiu um patamar global. Foram criados diversos subgêneros devido a gama
de variedade que proporcionava. Atualmente existem diversas vertentes
relacionadas a esse subgênero, dentre as quais: Classic Trance, Classic Vocal
Trance, Dark Trance, Epic Trance, Goa-Psy Trance, Hard Trance, Progressive
Trance, Uplifiting Trance e Vocal Trance.
4.4.
Trance Clássico
Trance ou Trance Clássico como diz o nome tem uma estável ligação
com a música clássica, sendo assim, possui mais melodias e a adição de na
maioria das vezes, piano. Esse tipo de gênero oscila entre 132 e 138 bpm e o
compasso utilizado é 4/4 com sobreposições melódicas que abrangem de 16 até
32 batidas. Foi facilmente aceito pelo público que acompanhava o House de
Chicago e o Techno de Detroit e rapidamente chegou a Inglaterra onde se
popularizou com mais facilidade no cenário mundial da música eletrônica,
chegando a países que seriam pilares para o gênero como a Holanda.
Entre 2000 e 2008 houve um período chamado “Anos de ouro” pelo fato
de ser o gênero mais popular do mundo. Durante esse período o qual estava no
19
ápice era representado por grandes nomes tais como: Tiesto, Paul van Dyk e
Paul Oakenfold (ver figura 7). Anos mais tarde outro holandês entrou neste
cenário para engrandece-lo mais ainda: Armin van Buuren.
Figura 7: DJ Tiesto ao lado de Armin van Buuren em 2003.
4.5.
Armin van Buuren
Para falar do atual momento da música Trance, é necessário citar um
dos maiores DJs que está inteiramente relacionado a esse gênero. Eleito o
melhor DJ do mundo nos anos de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2012 segundo a
djmag e possuir um dos maiores programas de rádio semanal (A State of
Trance) com 25 milhões de ouvintes de diferentes países, Armin van Buuren é
definitivamente um dos grandes pilares que representa esse gênero.
Nascido em Leiden, Holanda em 25 de dezembro de 1976, Armin foi
induzido a paixão com a música eletrônica desde pequeno. Nessa época
gastava todo seu dinheiro em obras musicais. Quando havia seus 10 anos, sua
mãe ganhou seu primeiro computador, atraindo seu interesse. Ele começou com
pequenas mixagens para amigos, e mais tarde com os ensinamentos de seu tio,
passou para mixagens mais elaboradas quando experimentou diferentes
sequencias que seu computador proporcionava.
Quando adolescente tocava em pequenos clubes. Paralelamente a isso,
transformava seu quarto de um estúdio simples para um estúdio profissional
onde produziu diversas músicas que o levaram para o topo, tais como
Communication e Touch Me.
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4.6.
A aceitação do Trance nos dias atuais
Para a realização desta pesquisa, foram entrevistadas 24 pessoas, com
idade inferior a 30 anos. Para analisar o quanto o gênero Trance estava presente
nos seus dia-a-dia, foram feitas perguntas, segundo o questionário:
Figura 8: Questionário aplicado com a intenção de analisar a aceitação do Trance no
dia-a-dia dos jovens.
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Com relação as músicas apresentadas, foram escolhidas letras
aleatórias do alfabeto para representa-las. A letra Q representa a música House,
a letra F representa o Dubstep, e a letra W o Trance. Os entrevistados ouviram
30 segundos de cada um dos estilos, em ambiente isento de barulho, para que
não houvesse interferência nos resultados. Segundo os gráficos apresentados,
podemos notar que dentre os jovens entrevistados, a maioria gosta mais da
música House e tem mais afinidade com a mesma (ver figura 10). É possível
inferir que a música House atualmente tem um poder de influência tão grande
nos jovens quanto os outros subgêneros. Tanto porque os melhores DJs do
mundo atuais representam a música House, dentre os quais Hardwell, Dimitri
Vegas & Like Mike, Martin Garrix. Segundo Armin, em uma entrevista que
realizou em Jakarta, Indonésia, ele afirma que para voltar ao topo teria que
compor House. Porém, talvez seja curioso o fato de que aproximadamente 50%
dos entrevistados saibam classificar o estilo Trance. Como adolescente e
frequentador de clubes, raramente ouço alguém falar sobre o Trance.
Tendo em vista o gráfico da frequência (ver figura 13), nenhum dos
entrevistados nunca ouviu música eletrônica. Isso se deve ao fato de que
atualmente, está vertente está muito presente em nosso cotidiano, seja na
academia, no colégio ou na rua (em comércios), sempre estamos em contato.
Figura 9: Idade dos entrevistados.
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Menos de 15 anos
8%
De 15 a 20 anos
67%
De 20 a 30 anos
25%
Acima de 30 anos
0%
Figura 10: Qual estilo musical o entrevistado gostou mais.
W
29%
F
33%
Q
38%
23
Figura 10: Qual dos gêneros o entrevistado classifica como Trance.
W
54%
F
29%
Q
17%
Figura 11: Com qual estilo o entrevistado possui mais afinidade.
W
25%
F
25%
Q
50%
24
Figura 12: Com qual frequência o entrevistado ouve música eletrônica.
Diariamente
46%
As vezes
42%
Pouco
13%
Nunca
0%
25
5. Conclusão
Segundo o que foi apresentado, é possível inferir que a música eletrônica
sempre esteve e está em constante evolução. É um movimento vasto que se
expande sem fronteiras. Sendo assim, os subgêneros também estão em constante
mudança e evolução, na medida em que sempre prioriza o gosto popular. Alguns
músicos, porém, consideram a arte da música apenas aquela que possa trazer
sentimentos
de
uma
forma
não
sistemática
através
de instrumentos
musicais manipulados fisicamente. Para eles, o processo de manipulação de faixas
de música anteriores (envolvendo elementos como amostras de som e mixagem)
não constitui um processo válido de criação de música, somente de cópia. Por outro
lado, há os que afirmam que justamente o fato de alterar o estado da mente através
da estimulação não somente dos ouvidos, mas também das batidas do coração e da
respiração, torna a música eletrônica uma forma única de criação e apreciação. Para
eles, o processo de criação musical também envolve a manipulação de som, e o
produto final da iteração entre elementos já existentes não constitui uma cópia, mas
sim uma composição nova, diferente.
De fato, muitos estilos recentes de música eletrônica (como o trance
psicodélico) possuem como base a criação de um ambiente no qual o ouvinte entre
em estado de transe, usando como base a alteração do estado do corpo através das
batidas sequenciais. Nesse caso, a música é somente um apoio da experiência do
ouvinte, e não o elemento principal.
Por fim, quanto a vertente Trance, é possível perceber que atualmente há
uma influência direta da música House e que os jovens de hoje preferem um estilo
mais agressivo e repetitivo do que músicas melódicas e duradouras.
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6. Referências Bibliográficas
A PRODUÇÃO do Trance. Disponível em: http://www.ehow.com.br/diferencas-entretrance-trance-progressivo-info_48250/. Acessado em 2 de setembro de 2014.
O TRANCE Clássico. Disponível em: http://electrobeat.com.br/generos-da-musicaeletronica-trance-pt1/. Acessado em 10 de setembro de 2014.
MÚSICA Eletrônica. Disponível em: http://www.infoescola.com/musica/eletronica/.
Acessado em 13 de maio de 2014.
GUIA dos Subgêneros da Música Eletrônica. Disponível em
http://www.eletromusica.com.br/conteudo/materias/guia-dos-subgeneros-da-musicaeletronica/ & www.di.fm. Acessado em 18 de agosto de 2014.
TRANCE – A Historia. Disponível em: http://electrobeat.com.br/generos-da-musicaeletronica-trance-pt1/. Acessado em 1 de setembro de 2014.
RAVES. Disponível em: http://www.lastfm.com.br/tag/electronic/wiki. Acessado em
20 de agosto de 2014.
HISTÓRIA da música eletrônica. Disponível em:
http://www.analyrosa.blogger.com.br/histmusicaeletr.htm. Acessado em 12 de junho
de 2014
TCC Música eletrônica – Uma revolução cultural.
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Anexo
Entrevista: Dj Fino Lima Jr.
Araçatuba
P: O que significa a música eletrônica para você?
R: A música eletrônica é muito mais do que apenas música, é um movimento. Vejo
como algo que está em crescimento continuo e que não tem barreiras que possa
impedir.
P: Qual é a relação entre as festas e a música eletrônica?
R: Atualmente nenhuma festa ocorre sem o uso de equipamentos eletrônicos. Pelo
menos um equalizador. Seja de rock, reggae, pop. A música eletrônica está presente
em todos esses gêneros para falar verdade.
P: Quando está no palco tocando, qual é a energia que sente?
R: Tocar com todas aquelas pessoas te olhando e se sentindo bem é uma sensação
incrível, como se tivesse cumprido o meu trabalho. Para mim é extremamente
importante que todas aquelas pessoas saiam da festa com um sorriso no rosto”
P: Quais são os subgêneros da musica eletrônica mais populares atualmente?
R: Na maioria das vezes é House, digo 90%. O público gosta.
P: Se pudesse escolher entre um dos subgêneros, qual seria?
R: Acredito que ficaria com a House. É um subgênero que está crescendo e que é
legal de se ouvir.”
P: Qual DJ se inspira mais?
R: É difícil. Sou bem eclético na verdade, mas se fosse para escolher um seria
Avicii.
P: No meu trabalho estou desenvolvendo o subgênero Trance. Qual sua experiência
em relação a ele?
28
R: Não ouço falar muito, está meio apagado por aqui. DJs preferem House por ser
talvez um genero mais “energético”, mas conheço outros DJs que só escutam Armin
e que só falam nesse gênero. Não sei falar muito sobre isso.
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