apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia

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apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia
COMUNICACIONES MÓVILES Y
DESARROLLO EN AMÉRICA LATINA
CASO 2: APROPRIAÇÃO DA
TECNOLOGIA MÓVEL POR
JOVENS DA PERIFERIA DE
SÃO PAULO
Estudo de caso com os participantes do projeto
Mergulho na Comunidade
Todos os relatórios em formato .pdf, bem como fotos,
vídeos e áudios de entrevistas estão disponíveis no site:
http://cmdal.ipso.org.br/
São Paulo, outubro de 2008
COMUNICACIONES MÓVILES Y
DESARROLLO EN AMÉRICA LATINA
CASO 2: APROPRIAÇÃO DA
TECNOLOGIA MÓVEL POR
JOVENS DA PERIFERIA DE
SÃO PAULO
Estudo de caso com os participantes do projeto
Mergulho na Comunidade
Supervisão científica:
Francis Pisani, coordenador regional - Brasil
François Bar, coordenador regional - Brasil
Equipe de pesquisa:
Carlos Seabra, coordenador do projeto
Eliana Dantas, assistente de pesquisa
Ilana Seltzer Goldstein, pesquisadora
Laura Tresca, pesquisadora
Mariana Di Stella Piazzolla, assistente de pesquisa
Mariane Ottati, coordenadora financeira e do convênio
Martina Otero, especialista em pesquisas
Simone Freitas, assistente de pesquisa
Com apoio de:
Jeremiah Spence, colaborador
Patrícia Andrade, colaboradora
Priscila Grison, colaboradora
São Paulo, outubro de 2008
CASO 2: APROPRIAÇÃO DA TECNOLOGIA MÓVEL
POR JOVENS DA PERIFERIA DE SÃO PAULO
Estudo de caso com os participantes do projeto
Mergulho na Comunidade
RESUMO
O estudo de caso 2 se refere a uma pesquisa realizada em uma Escola de Informática e
Cidadania (EIC) vinculada ao Comitê para Democratização da Informática (CDI), na cidade de
São Paulo. A EIC foi escolhida por ser um espaço informal de ensino que procura oferecer,
para além da capacitação técnica, o debate sobre temas atuais da comunidade em que atua,
como problemas ambientais, entre outros. A metodologia utilizada na pesquisa combinou 4
entrevistas abertas com uma pesquisa-ação, que envolveu os freqüentadores da Escola na
confecção e na aplicação de ferramentas de pesquisa. A idéia era que eles mesmos
formulassem suas próprias perguntas sobre o uso do telefone móvel aos vizinhos e colegas.
Entre as questões que nortearam esse estudo estavam: o telefone celular contribui para a
mobilização social e a transformação dessa comunidade? O celular funciona como elemento
de status dentro do grupo? Existe uma relação entre a posse do aparelho e a constituição da
identidade desses jovens? De acordo com os dados levantados, a resposta à primeira questão
remete a conjunturas econômicas e culturais que antecedem e ultrapassam a dimensão da
tecnologia, enfraquecendo a mobilização coletiva de uma maneira geral. A resposta à segunda
e à terceira questão é afirmativa. O aparelho celular é utilizado com muita freqüência como
emblema de prestígio e os jovens o consideram parte fundamental de sua identidade.
ÍNDICE
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1 1.1. APRESENTAÇÃO DO CASO E JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA ..................................... 2 1.2. OBJETIVOS E METODOLOGIA ........................................................................................ 5 CAPÍTULO 2. SISTEMATIZAÇÃO DE RESULTADOS ............................................................... 8 2.1. TEMAS RECORRENTES NAS ENTREVISTAS ABERTAS .............................................. 8 2.1.1. O TELEFONE CELULAR COMO PARTE DA IDENTIDADE DOS JOVENS. .................................... 8 2.1.2. TELEFONE PORTÁTIL E MEMÓRIA VISUAL .......................................................................... 9 2.1.3. O CELULAR COMO ELEMENTO DE STATUS ....................................................................... 10 2.1.4. O TELEFONE PORTÁTIL COMO MEDIADOR DE RELAÇÕES AFETIVAS ................................... 11 2.1.5. O POTENCIAL DO CELULAR ENQUANTO FERRAMENTA DE MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA........ 12 2.2. PERGUNTAS FORMULADAS PELOS JOVENS NA PESQUISA-AÇÃO ....................... 13 2.3. SITUAÇÕES SIGNIFICATIVAS OBSERVADAS EM CAMPO PELAS PESQUISADORAS
DO IPSO .......................................................................................................................... 15 CAPÍTULO 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 18 ANEXOS ..................................................................................................................................... 20 A.1. LISTA DE ENTREVISTADOS ......................................................................................... 20 A.2. ROTEIRO DE ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE (PRESENCIAL) ............................ 21 A.3. TRANSCRIÇÕES DE ENTREVISTAS ............................................................................ 23 A.3.1. ALEXANDRE, 15 ANOS .................................................................................................. 23 A.3.2. DIEGO, 18 ANOS .......................................................................................................... 30 A.3.3. JOSÉ ROBSON, 21 ....................................................................................................... 40 A.3.4. THAIS, 15 ANOS ........................................................................................................... 46 A.3.5. ENCONTRO – ANÁLISE DOS DADOS DOS CADERNOS DE ENQUETE.................................... 56 A.4. PERGUNTAS ELABORADAS PELOS JOVENS NA PESQUISA-AÇÃO ....................... 73 A.5. CADERNOS DE ENQUETE (4 PÁGINAS) ..................................................................... 98 A.6. LISTA DE FOTOS.......................................................................................................... 102 A.7. LISTA DE VÍDEOS ........................................................................................................ 103 A.8. FOLHETO DO CDI ........................................................................................................ 104 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................... 110 1
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Capítulo 1. Introdução
O segundo estudo de caso realizado pela equipe do IPSO teve como objeto a apropriação do
telefone celular por jovens da periferia de São Paulo, no bairro de Ermelino Matarazzo, na Zona
Leste. O universo recortado para este segundo estudo de caso foi o dos usuários de uma
Escola de Informática e Cidadania – EIC, que recebe suporte do Comitê para Democratização
da Informática – CDI, organização não-governamental com atuação na área de inclusão digital.
Em linhas gerais, a proposta do CDI é aliar o ensino da informática ao fortalecimento da
cidadania. Além disso, seus alunos são incentivados a desenvolver projetos coletivos que
levem em conta os problemas socioambientais da comunidade: pesquisas de opinião, mutirões,
campanhas, entre outros.
O CDI define sua missão da seguinte maneira:
“O Comitê para Democratização da Informática é uma organização nãogovernamental sem fins lucrativos que, desde 1995, desenvolve o trabalho
pioneiro de promover a inclusão social utilizando a tecnologia da informação como
um instrumento para a construção e o exercício da cidadania. Através de suas
Escolas de Informática e Cidadania - EICs, criadas principalmente em parceria
com organizações comunitárias, o CDI implementa programas educacionais (...)
com o objetivo de mobilizar os segmentos excluídos da sociedade para a
transformação da sua realidade. (...) O CDI acredita que o domínio das novas
tecnologias não só cria oportunidades de trabalho e geração de renda, como
também possibilita o acesso a fontes de informação e espaços de sociabilidade
que propiciam a busca coletiva de soluções para os problemas enfrentados pelas
comunidades.”1
Para nossa segunda investigação, escolhemos uma Escola de Informática e Cidadania – EIC
onde, além dos cursos de informática, também estava em andamento um projeto-piloto tendo
por base os aparelhos celulares. Antes de verticalizarmos nosso segundo caso, no entanto,
vale ressaltar as semelhanças e diferenças existentes em relação ao primeiro caso
apresentado.
O primeiro estudo já havia se debruçado sobre a relação dos jovens de baixa renda com seus
telefones móveis e também já havia optado por contatar apenas jovens cadastrados em uma
iniciativa de inclusão digital. Porém, enquanto naquele caso a ênfase do programa do qual os
jovens eram beneficiários recaía nas mensagens SMS, agora é a captação de imagens com o
celular o foco da iniciativa da qual os jovens participam. O vínculo dos jovens com o Programa
1
Citação retirada do texto institucional do site da organização. Disponível em: www.cdi.org.br, acesso em 29/09/2009.
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
“0800 Rede Jovem”, anteriormente estudado, era mais informal e esporádico do que os laços
dos usuários com a Escola de Informática e Cidadania que será descrita a seguir. Em termos
de metodologia, há uma diferença importante. Grande parte das entrevistas no Caso 1 foi feita
por uma única entrevistadora, por telefone, ao passo que no Caso 2 lançamos mão da
pesquisa-ação, indo a campo e envolvendo a própria comunidade na confecção e na aplicação
das ferramentas de pesquisa. Por fim, no primeiro caso, tratava-se de uma cidade da região
metropolitana de São Paulo, agora, de um bairro periférico da capital, ambos com baixos
índices de desenvolvimento humano.
1.1. Apresentação do caso e justificativa da escolha
A Escola de Informática e Cidadania (EIC) escolhida para o presente estudo se chama Nossa
Senhora Aparecida. Seus usuários criaram um blog, que contém fotos e notícias sobre ela2.
Nossa pesquisa foi realizada de maio a julho de 2008, na própria comunidade, e contou com o
apoio da coordenadora da Escola e de um educador, que se identificaram com a proposta da
pesquisa.
Figura 1. Localização da EIC – Nossa Senhora Aparecida
Fonte: Google Maps, 2008.
Nesta EIC foi implantado recentemente um projeto-piloto, intitulado “Mergulho na Comunidade”
que consiste na realização de pequenos vídeos, com os celulares, a fim de registrar e
comunicar, a partir dos próprios pontos de vista dos jovens, aspectos da realidade à sua volta
2
O endereço do blog é: http://inclusaoenois.multiply.com/
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e, eventualmente, intervenções suas nessa realidade. A experiência faz parte de uma proposta
do CDI de São Paulo de realização de oficinas para explorar os usos do celular para além da
telefonia – vídeos de bolso, fotografia e podcasting. Trata-se de um projeto experimental, em
fase piloto, que está acontecendo apenas nas unidades que manifestam interesse pela
iniciativa.
Figura 2. Igreja Nossa Senhora Aparecida
Fonte: François Bar, 2008.
Figura 3. Telecentro em frente à Igreja Nossa Senhora
Aparecida
Fonte: François Bar, 2008.
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A existência desse projeto voltado à apropriação de telefones móveis na EIC Nossa Senhora
Aparecida foi um fator decisivo para que a organização fosse escolhida como locus de nossa
pesquisa de campo. Ademais, a semelhança do perfil dos sujeitos pesquisados, em termos de
faixa-etária e de condição socioeconômica, permitiria traçar paralelos e preencher lacunas em
relação ao primeiro estudo de caso. Neste segundo caso os participantes do projeto também
eram jovens de 14 a 21 anos, sendo que 22 eram mulheres e 19 eram homens.
Figura 2. Jovens da EIC Nossa Senhora
Aparecida
Fonte: François Bar, 2008.
Existe uma característica da região na qual a EIC Nossa Senhora Aparecida atua que merece
destaque: ela fica em uma favela, assim reconhecida tanto pelos moradores, como por seus
vizinhos. De acordo com dois estudiosos de problemas urbanos e violência, favela é uma
“Área de habitações irregularmente construídas, sem arruamentos, sem plano
urbano, sem esgoto, sem água [encanada e tratada] e sem luz. Dessa
precariedade urbana, resultado da pobreza de seus habitantes e do descaso do
poder público, surgiram as imagens que fizeram da favela o lugar da carência, da
falta, do vazio a ser preenchido (...)” (Zaluar e Alvito, 1998: 7-8).
Essa localização física e simbólica da comunidade estudada dentro da geografia urbana deve
ser levada em conta como pano de fundo de toda a leitura do presente relatório, pois talvez
ajude a explicar a necessidade dos jovens de Ermelino Matarazzo de compensarem sua baixa
auto-estima com aparatos materiais. O estigma foi explicitado pela declaração de uma jovem
de 15 anos à nossa pesquisadora:
“- [Pesquisadora] Você gosta de morar aqui?”
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“- Ahhh! Gostar, eu gosto. Mas é ruim você falar que mora aqui, porque o povo já
acha que você é favelada, você é isso, você é aquilo. Mas é legal morar aqui. O
pessoal aqui é legal” (Thaís, 15 anos).
Figura 3. Rua da Vila Jacuí, em Ermelino
Matarazzo
Fonte: IPSO, 2008.
1.2. Objetivos e metodologia
Nossos objetivos iniciais eram observar e registrar as práticas de usos do celular pelos jovens
freqüentadores da EIC Nossa Senhora Aparecida e verificar se elas incluíam modalidades
voltadas à interação, mobilização e ação coletiva, que pudessem contribuir com o
desenvolvimento socioeconômico daquela comunidade. A observação participante, as
entrevistas e a análise posterior foram pautadas pelas hipóteses que se seguem:
1. O celular seria uma ferramenta adicional de mobilização social para a transformação da
comunidade.
2. O celular funcionaria como elemento de status: quem tem um celular com melhores
recursos assumiria papel de liderança do grupo.
3. Para esses jovens, ter um número de telefone celular seria como possuir um
complemento de sua identidade.
A metodologia consistiu de um estudo prioritariamente qualitativo, marcado pela interação facea-face e pela construção compartilhada do conhecimento. Na primeira etapa, promovemos uma
pesquisa ampla na comunidade, porém realizada pelos próprios jovens, apenas com o apoio da
equipe de pesquisadores do IPSO. Por sugestão do próprio CDI, optamos por trabalhar com a
metodologia da pesquisa-ação, para dar uma contribuição, uma contrapartida, em que ambas
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as partes sairiam ganhando. Propusemo-nos a passar aos jovens algumas noções básicas de
pesquisa e, em seguida, ajudá-los a realizar uma investigação sobre o uso do celular na
vizinhança da EIC. Adicionalmente, a idéia era coletar informações relevantes para a nossa
pesquisa através do olhar dos próprios sujeitos pesquisados. Imaginávamos que, talvez, eles
levantassem questões e enxergassem aspectos diferentes do que encontraríamos sozinhos.
Como conceitua Maria Amélia Franco:
“A condição para ser pesquisa-ação crítica é o mergulho na práxis do grupo
social em estudo, do qual se extraem as perspectivas latentes, o oculto, o não
familiar que sustentam as práticas, sendo as mudanças negociadas e geridas no
coletivo (...) A pesquisa-ação crítica considera a voz do sujeito, sua perspectiva,
seu sentido, mas não apenas para registro e posterior interpretação do
pesquisador: a voz do sujeito fará parte da tessitura da metodologia da
investigação. (...) Daí a ênfase no caráter formativo dessa modalidade de
pesquisa, pois o sujeito deve tomar consciência das transformações que vão
ocorrendo em si próprio e no processo.” (Franco, 2005: 486).
Para viabilizar a pesquisa-ação, foram organizados seis encontros, com base em uma
negociação pedagógico-metodológica com coordenadoras do CDI-SP e com o educador social
da EIC Nossa Senhora Aparecida:
•
Encontro 1 – Reflexão sobre celulares, tecnologia móvel e apresentação da proposta
de pesquisa;
•
Encontro 2 – Construção do caderno de enquete;
•
Encontro 3 – Coleta de depoimentos no bairro;
•
Encontro 4 – Reflexão sobre a construção e a execução de uma pesquisa;
•
Encontro 5 – Análise dos dados dos cadernos de enquete;
•
Encontro 6 – Estratégia de divulgação dos resultados da pesquisa: jornalismo
comunitário.
Convém ressaltar que, durante o terceiro encontro da pesquisa-ação, os jovens coletaram
depoimentos na comunidade de duas maneiras: anotando em seus cadernos de enquetes3 e
gravando pequenos vídeos. Temos a estimativa de 21 vídeos produzidos nessa ocasião, 9
deles com aparelhos celulares e 12 com câmeras. Os vídeos documentam o processo de
realização de entrevistas sobre telefonia móvel levado a cabo pelos próprios jovens durante a
3
Algumas páginas escaneadas de um caderno de enquete encontram-se no Anexo 5 deste relatório
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
pesquisa-ação. As perguntas e respostas dessas entrevistas filmadas e anotadas pelos jovens
são comentadas no item “Sistematização de Resultados”4.
Tanto a enquete como a entrevista documentada em vídeo foram introduzidas na pesquisaação para que os participantes do projeto pudessem comparar os benefícios e desvantagens
do uso de diferentes instrumentos de pesquisa e avaliar a condução de uma entrevista pessoal.
Além da pesquisa-ação, houve também uma etapa de entrevistas em profundidade realizadas
pela equipe do IPSO, para complementar as observações de campo. Entrevistamos alguns
jovens e educadores da EIC, além de lideranças da comunidade, para explorar mais
detidamente alguns pontos. A seguir apresentaremos alguns dos aspectos que mais nos
chamaram atenção, tanto na pesquisa-ação, quanto nas entrevistas em profundidade.
4
Infelizmente, não tivemos acesso a todos os registros de entrevistas filmados pelos jovens com celulares, por
problemas técnicos (o disco rígido que continha o material foi danificado). Além disso, a qualidade dos 9 vídeos que
chegaram a nós é muito baixa, dificultando uma análise mais detida do material (ver anexo 7). No entanto, para se ter
uma idéia da maneira como esses jovens se apropriam do celular para produzir vídeos, é possível assistir aos minivídeos de ficção que produziram um pouco antes da pesquisa, no âmbito de uma outra iniciativa da EIC. Eis os links de
quatro desses vídeos de ficcção na Internet:
http://br.youtube.com/watch?v=0U5mjwIAMD8
http://br.youtube.com/watch?v=3hztP-9LYgg
http://br.youtube.com/watch?v=c5dDci_FSGo
http://br.youtube.com/watch?v=zu-d4ijNJw8&feature=related
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Capítulo 2. Sistematização de resultados
2.1. Temas recorrentes nas entrevistas abertas
Optamos por trazer a voz dos jovens para o relatório, para ilustrar alguns dos temas que
emergiram, tanto nas entrevistas, como na pesquisa-ação. Listamos abaixo os temas mais
recorrentes, seguidos de transcrições das falas dos próprios jovens.
2.1.1. O telefone celular como parte da identidade dos jovens.
Alguns depoimentos sugerem que os jovens se sentem praticamente nus sem seus telefones
portáteis. Levando o argumento ao extremo, talvez estejamos diante de uma espécie de
“tecnofetichismo”, termo cunhado por De Kerckhove, para quem
“…estamos de fato a tornar-nos cyborgs e de que, à medida que cada tecnologia
estende uma das nossas faculdades e transcende as nossas limitações físicas,
desejamos adquirir as melhores extensões do nosso corpo.” (De Kerckhove, 1996:
32).
As falas dos jovens indicam que algo semelhante começa a se delinear:
“Eu sempre estou com ele [celular] (...) sempre que eu vou sair, eu nem sei se
está descarregado, ele vai para o bolso, ele se tornou até parte de mim. Estar sem
celular agora é como se estivesse sem nada, é como minha carteira. Celular é
como a identidade.” (Diego, 18 anos).
“[Se eu esquecer o celular sinto] que fui esquecido. Alguém ia querer me ligar e eu
estou sem o celular, e agora?” (Diego, 18 anos).
“Agora sem celular, né? Fico no anonimato...” (José Robson, 21 anos)
Fica evidente a presença constante do aparelho celular. O telefone está sempre com os jovens,
como uma extensão de seus corpos, uma prótese, aludindo ao cyborg mencionado por De
Kerckhove.
Há outros autores que usam a metáfora da prótese para se referir ao celular, atrelando-o à
identidade do indivíduo:
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“A possibilidade de interagir com outro a qualquer hora e lugar tornou o celular
quase uma prótese de interação, ampliando a capacidade de os sujeitos se
conectarem uns aos outros. Os grupos aos quais os indivíduos pertencem definem
quem eles pensam que são. Neste aspecto, o SMS é utilizado como um material
de identidade e partilha entre o grupo, assim como a personalização do aparelho é
uma forma de mostrar uma "face" e ser aceito no grupo. (Rheingold apud Grison,
2008: 97-98)
Da mesma maneira que o aparelho é como uma extensão do corpo dos jovens, o número do
telefone móvel parece ser uma extensão de sua identidade. Nesse contexto, para os jovens,
não possuir um telefone celular seria como negar sua personalidade.
2.1.2. Telefone portátil e memória visual
Entre as camadas economicamente menos favorecidas, no Brasil, os álbuns de família e as
fotos de infância são raros e preciosos, quase bens de luxo. Poucas são as famílias que
possuíam aparelhos fotográficos até pouco tempo atrás, ou que podiam gastar com filme e
revelação, a ponto de registrar detalhes de seu cotidiano ou as fases do crescimento de todos
os filhos. Com a chegada no mercado de aparelhos celulares que têm câmeras integradas,
com as quais se pode tirar fotos sem qualquer custo, a prática da fotografia ganhou novos
adeptos e novos usos e a memória visual das camadas C e D talvez ganhe novos contornos e
se fortaleça, como revelam as falas dos jovens entrevistados:
"(...) os vídeos eu não passei ainda nenhum, mas as fotos eu ponho tudo no
Orkut." (Thais, 15 anos)
"Quando eu via que aquele momento era inesquecível, eu tirava foto, pegava e
passava para o computador e quando eu tinha saudade daquele dia eu ia lá no
computador e via aquela imagem.” (Alexandre, 15 anos)
"A escola em frente minha casa pegou fogo. Nós acordamos de madrugada com
aquele calor batendo e a escola em chamas, nós tiramos fotos, depois chegou o
bombeiro e apagou e depois de muito tempo que eu vi a reportagem e começaram
a perguntar quem tinha foto e nós fomos lá e mostramos as fotos. Não ganhamos
nada com isso, foi a TV Globo." (José Robson, 21 anos)
Vale a pena, aqui, ressaltar o contraste desse resultado em relação ao obtido na websurvey, na
qual a maior parte dos entrevistados afirmou fazer uso do celular, prioritariamente, para efetuar
e receber ligações, para fins profissionais e quase nunca para fotografar. Há que se lembrar
que o perfil médio dos entrevistados da websurvey era bem diferente daquele dos
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entrevistados do estudo de caso 2: na websurvey, quase metade tinha Ensino Médio ou
Superior completo, a faixa etária média era de 26 a 35 anos e a renda média de 2 a 6 salários
mínimos. Isso talvez ajude a explicar porque a apropriação desta tecnologia se dá de forma tão
diversa em um e outro universo.
Mais uma vez, fica patente o peso dos fatores socioeconômicos na apropriação da telefonia
móvel. Quanto menor o nível de instrução e a renda dos entrevistados, mais freqüente é o uso
de recursos gratuitos do celular e mais escassas as chamadas efetuadas e os envios de
mensagens. No que se refere à produção e armazenamento de imagens, um aspecto
importante a destacar é que a maioria dos jovens pesquisados não envia fotos e vídeos por
MMS: prefere descarregá-los no computador por meio de cabos ou, como explicou a jovem
Thais, pelo sistema Bluetooth.
2.1.3. O celular como elemento de status
Essa questão apareceu também na pesquisa-ação, portanto trata-se de um assunto bastante
candente entre os jovens do universo pesquisado. O aparelho celular, mesmo sem créditos,
mesmo descarregado, parece funcionar como um emblema de prestígio e poder, que garante
destaque a seu proprietário.
É pertinente, aqui, uma breve alusão ao conceito de “distinção”, de Pierre Bourdieu (2007). O
sociólogo francês explica as diferenças de posicionamento político, de comportamento e de
preferências estéticas nos diferentes estratos da sociedade, por meio do conceito de habitus5,
argumentando que os atores sociais fazem um uso estratégico do gosto, manejando suas
capacidades ou suas posses sobretudo para se demarcar socialmente, obter reconhecimento
simbólico e prestígio. Nessa lógica, o consumo, mas também o saber, as posturas etc. podem
ser acionados como forma de distinção, ou seja, a familiaridade com certos bens traz, consigo,
associações como "competência", "educação", "atualidade". É exatamente o que parece estar
em curso com os telefones portáteis, de acordo com os depoimentos abaixo:
"Você tem um celular legal, tem uma roupa legal, então você deve ser um cara
legal. Às vezes nem sempre é assim como o pessoal pensa, mas... até o modo
como a sociedade te vê: como um cara que tá na atualidade, tá na moda" (Diego,
18 anos).
"(...) o pessoal fala: “Olha, ele tem um celular bacana, acabou de sair, ele dever ter
dinheiro" (Thais, 15 anos).
5
Para Bourdieu (2007), o habitus é uma espécie de cruzamento entre as determinações estruturais objetivas (origem
familiar, área de atuação profissional, situação financeira, escolaridade etc.) e as iniciativas individuais dos agentes; de
uma série de "disposições estáveis", que fazem com que operemos numa determinada direção e não em outras.
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"A maioria [tem um celular bonito] para dar inveja nos outros" (jovem não
identificado na gravação, durante o debate de encerramento da pesquisa-ação).
"As pessoas usam o celular para se mostrar, praticamente 99% para se mostrar,
pois as pessoas estão metidas" (jovem não identificado na gravação, durante o
debate de encerramento da pesquisa-ação).
"Ganhou celular que tira foto e grava tantas horas, se acha o tal" (jovem não
identificado na gravação, durante o debate de encerramento da pesquisa-ação).
O que se depreende das falas dos jovens é que o celular se tornou objeto de fetiche
tecnológico, assumindo o mesmo papel que um tênis de marca na geração anterior. Ao mesmo
tempo que o telefone móvel serve para despertar inveja nos demais, para garantir o que
Bourdieu chama de “distinção” a seu dono, ele também é importante para elevar a auto-estima
do jovem, que se orgulha de possuir um aparelho, um número, uma agenda de contatos, fotos
armazenadas e assim por diante.
2.1.4. O telefone portátil como mediador de relações afetivas
Este foi um dos resultados que mais se destacaram: por meio do telefone móvel, namoros
começam e terminam. Já na hora da primeira abordagem, o celular serve como cartão de
visitas e agenda:
"(...) você chega em uma menina para dar uma cantada, a primeira coisa é “-Me
passa seu celular”, entendeu? Acho que simplifica mais. Até para anotar o Orkut
ou MSN." (José Robson, 21 anos)
Mas, para dar prosseguimento à paquera por meio da telefonia móvel, é preciso ter condições
financeiras mínimas, senão a moça/o rapaz pode ficar mal impressionada (o):
"[Para ligar para as meninas] aí tem que ter crédito, né?! É osso!" (Diego, 18 anos)
Não foram poucos os casos que relacionaram o uso do celular com ciúmes e mesmo rupturas
de relacionamento:
"(...) gravaram minha namorada com outro cara e aí me mandaram um torpedinho,
aí eu terminei com ela na festa." (José Robson, 21 anos)
“(...) celular atrapalha por causa do ciúmes.” (Danielle, 15 anos, entrevistada na
pesquisa-ação)
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“Ajuda muito e atrapalha no namoro.” (Kete, 13 anos, entrevistada na pesquisaação)
Nesse ponto, é interessante notar a convergência dos resultados do estudo de caso 2 com os
da websurvey. Na sondagem exploratória realizada por e-mail junto a monitores e
coordenadores de telecentros e também com jovens cadastrados no Programa “0800 Rede
Jovem” já havia aparecido que o principal impacto do uso do celular na vida dos entrevistados
se dava na esfera pessoal e afetiva, intensificando a comunicação com amigos, aproximando
pais e filhos e propiciando “melhora nos relacionamentos” de uma maneira geral.
Observamos, portanto, na apropriação dos telefones celulares, algo que costuma acontecer
também com os demais instrumentos tecnológicos de informação e comunicação. As pessoas
utilizam-nos principalmente para atender às necessidades e interesses de suas relações
pessoais. Isso é verdade para o celular, mas também para o e-mail ou o chat no computador,
por exemplo. Não é por acaso que se costuma dizer que a Internet é uma rede de pessoas e
não de computadores. O mesmo parece aplicável à rede de telefonia móvel.
2.1.5. O potencial do celular enquanto ferramenta de mobilização
comunitária
Os sujeitos pesquisados têm a percepção de que esta tecnologia poderia contribuir para novas
formas de articulação que levassem a uma mobilização em prol do desenvolvimento local, no
entanto isso ainda não parece ocorrer com freqüência. Houve um único depoimento positivo
nesse sentido:
"O pessoal começou a sair na rua aí filmando lixo, filmando o foco mesmo quando
começamos a fazer a pesquisa do lixo, começou a fazer slide com o lixo, começou
a buscar fonte no celular para fazer isso aí para a melhoria da galera, da
comunidade." (Diego, 18 anos)
Contudo, no debate de encerramento da pesquisa-ação, foi consenso que a maioria dos
entrevistados da comunidade teria respondido que não gostaria de participar de iniciativas de
conscientização. Muitos jovens relatam um certo comodismo dos moradores da vizinhança, que
só se engajariam quando há algum ganho pessoal direto:
"Se tiver marmitex, todo mundo vem [ajudar em uma ação em benefício da
comunidade]." (Jovem não identificado na gravação, durante o debate de
encerramento da pesquisa-ação)
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"Se você pergunta para eles [moradores da comunidade] se querem participar e
vai ser amanhã, aí eles respondem: "Ah! Tenho que sair!" (Jovem não identificado
na gravação, durante o debate de encerramento da pesquisa-ação)
2.2. Perguntas formuladas pelos jovens na pesquisa-ação
Durante a pesquisa-ação, a partir dos encontros com a equipe do IPSO – descritos no item
sobre metodologia – 8 jovens da EIC Nossa Senhora Aparecida construíram um questionário e
entrevistaram 56 pessoas da comunidade vizinha è Escola. A elaboração de seu roteiro de
perguntas teve origem na discussão das questões utilizadas no websurvey, sendo que alguns
elementos foram mantidos, outros descartados, de acordo com o que parecia mais pertinente
aos jovens. Os próprios jovens fizeram uma tabulação parcial das respostas que obtiveram . No
âmbito de nosso estudo de caso, a formulação de suas questões pareceu-nos especialmente
relevante para análise, pois revela uma perspectiva particular de abordagem da tecnologia. Eis
algumas das perguntas que constam nos questionários dos jovens e que mais nos chamaram a
atenção.
a. Você já achou um celular? Qual foi sua reação?
A formulação da questão sugere que existe, nas entrelinhas, o desejo de possuir algo que é
difícil de obter pela compra. As respostas são variadas, por exemplo: ”Adorei”; “Vendi e pronto”;
“Devolvi ao dono”.
b. Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
A pergunta indica o grande papel que a aquisição do aparelho tem na vida desses jovens, bem
como a vinculação afetiva que se estabelece entre eles e seus celulares. Nas respostas, as
palavras “feliz” e “felicidade” são recorrentes.
c. Você já usou seu celular em locais não permitidos?
Aqui se percebe a situação de vigilância e de trânsito entre o lícito e o ilícito com que parte
dessa população deve conviver. As respostas dignas de nota, neste caso, são: “No banheiro do
serviço”; “Na escola, escutando música”; “No posto de gasolina”; “No trânsito”.
d. Já quis tacar seu celular na parede?
Como essa pergunta apareceu no questionário de dois grupos de jovens diferentes, durante a
pesquisa-ação – o verbo “tacar” é substituído por “jogar” em um deles - ela acabou sendo
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
incorporada também nas entrevistas abertas da pesquisadora do IPSO, na segunda fase da
pesquisa. O curioso é que tal pergunta dificilmente teria aparecido espontaneamente nos
questionários elaborados por nós. Vejamos algumas das respostas a esta questão:
“Sim, porque ele ficava desligando sozinho.” (Karina, 17 anos, entrevistada na
pesquisa-ação)
“Sim, porque estava com vírus.” (Jaqueline, 18 anos, entrevistada na pesquisaação)
“Sim, porque travou.” (Vanessa, 26 anos, entrevistada na pesquisa-ação)
“Sim, por causa do meu namorado.” (Kete, 13 anos, entrevistada na pesquisaação)
“Um dia eu joguei meu celular no chão de raiva porque não conseguia ligar.”
(Thais, 15 anos)
“Já joguei meu celular. [Estava] com raiva da pessoa, ela estava na minha frente e
eu joguei nela.” (José Robson, 21 anos)
A formulação dessa pergunta, por parte dos jovens, diz muito, tanto sobre a precariedade dos
aparelhos utilizados por eles, como sobre os vínculos afetivos que se estabelecem por meio do
celular – as duas causas principais apontadas pelos respondentes para terem querido jogar
seu celular na parede.
Castells já chamou a atenção para o aspecto da dependência em relação à tecnologia e a
frustração que dela pode decorrer:
"Quando eles [os aparelhos móveis] falham, os usuários tendem a se sentir
perdidos, devido a grande confiança que estes desenvolveram rapidamente em
relação ao aparelho. Por exemplo, os endereços e telefones estão armazenados,
muitas vezes, apenas no celular. Isto, somado ao fato de que atualmente não há
necessidade de memorizar os números, uma vez que estão sempre disponíveis no
aparelho, podem levar a uma situação em que a pessoa pode se sentir isolada se
o celular não funciona de forma apropriada." (Castells et al, 2004: 66).
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15
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
2.3. Situações significativas observadas em campo pelas
pesquisadoras do IPSO
Rosiane, 15 anos, estava usando o celular dentro do telecentro da EIC Nossa Senhora
Aparecida. Durante o intervalo, entre as atividades e o almoço, ela havia pedido emprestado o
celular do colega Diego, 18 anos, para ouvir música. A finalidade de sua ação era o
entretenimento. Ela estava sentada em frente a um computador, que porém não estava sendo
usado por ela, embora estivesse conectado à internet, dispusesse de recursos de sons, e não
tivesse restrições de navegação por conteúdos. O seu celular próprio se encontrava pendurado
no pescoço, em um cordão da operadora Vivo, enquanto ela utilizava o aparelho de seu amigo,
mais sofisticado.
A foto abaixo, que registra a cena observada pela pesquisadora, pode ser considerada
embemática de como a tecnologia celular está sendo apropriada pelos jovens freqüentadores
da Escola de Informática e Cidadania (EIC) Nossa Senhora Aparecida.
Figura 1. Rosiane escuta música no celular do amigo Diego
Foto tirada no telecentro da EIC Nossa Senhora Aparecida no encontro
de 8 de maio.
Fonte: IPSO, 2008.
Por que Rosiane pede o celular do amigo? Por que ela não usa o computador para esta
finalidade, já que está sentada em frente a um computador? Porque a velocidade da conexão é
muito lenta e o conteúdo provavelmente não estaria organizado como no celular do amigo –
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
fatos que poderiam prejudicar a diversão. Neste caso, o telecentro não foi a melhor solução
para atender uma demanda simples de Rosiane. O celular foi.
Convém fazer um breve comentário sobre o fato de o celular da moça estar pendurado em um
cordão, bem visível, superexposto, o que deixaria qualquer cidadão paulistano de sobreaviso,
com medo de roubo. De fato, não é comum encontrar pessoas nas ruas que andam com um
celular pendurado no pescoço. Há, pelo menos, duas explicações para isso. Uma refere-se à
falta de segurança6 e a outra à possível associação com uma expressão popular como
reprovação para pessoas que gostam de chamar a atenção: “Quer aparecer? Pendura uma
melancia no pescoço!”.
No caso da adolescente, não se pode esquecer que, em seu bairro, ela não se sente
ameaçada, porque conhece todo mundo7. Lá, as pessoas circulam pelas ruas, vielas e becos.
A quantidade de adultos sentada nas portas das casas e nos bares, mesmo em horário
comercial, é visivelmente maior do que em outras localidades. A identificação de quem é ou
não do bairro e o que a pessoa foi fazer na localidade tornam-se notícias, que correm
rapidamente de boca em boca. Ali, o controle social dos moradores é muito intenso, e, quando
eventualmente acontece algum problema de segurança pública, logo se sabe quem cometeu a
infração.
No entanto, em outras regiões da cidade de São Paulo, seria muito arriscado Rosiane andar
com um celular tão à mostra em locais públicos. Se nos espaços públicos da metrópole,
mostrar o celular pode se tornar perigoso, pelos motivos acima descritos, exibir telefones
portáteis é algo desejado especialmente em círculos sociais restritos, entre amigos, colegas e
vizinhos, quando agrega poder a quem possui os melhores aparelhos e planos. É o caso do
jovem Diego, que assume ter comprado um celular cheio de recursos para conquistar uma
posição de liderança em seu grupo. E o próprio Diego admite a relação entre a posse de um
aparelho sofisticado e a posição de referência que assume no grupo:
"No grupo que eu estava, não tinha um pessoal que tinha celular então acabou
sendo [importante ter um aparelho] porque o pessoal pedia para ver, pedia para
tirar foto para colocar em Orkut, sabe esse tipo de coisa." (Diego, 18 anos)
Nossas pesquisadoras presenciariam uma segunda cena na qual outra jovem, Tássia, pediu o
aparelho de um amigo emprestado, por possuir funções que o seu não possui: desta vez, foi
para olhar fotos que a moça pediu o celular de Marcos, conforme mostra a imagem abaixo:
6
Os aparelhos celulares são os objetos mais roubados da região metropolitana, conforme consta em reportagem
disponível em: http://www.estado.com.br/editorias/2007/01/30/cid-1.93.3.20070130.1.1.xml.
Na dinâmica realizada em grupo, dia 11 de julho de 2008, os jovens disseram não se lembrar de nenhum caso de
roubo ou furto de celulares no bairro. O educador Robson relata que seu celular foi furtado no caminho para o trabalho,
mas não no bairro.
7
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Figura 2. Tássia e Marcos
Ela pede a ele que a deixe ver um momento
registrado pela máquina fotográfica do seu telefone
celular.
Fonte: IPSO, 2008.
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Capítulo 3. Considerações finais
Durante a observação de campo, as pesquisadoras do IPSO perceberam que a dimensão do
lazer8 é a mais importante na apropriação do celular pelos jovens estudados. Grande parte
deles utiliza o aparelho para tirar fotos, ouvir música, “se mostrar” e namorar. Como existem
poucos espaços de lazer e cultura naquela região9 , é possível supor que ali, talvez mais do
que em outros locais, esta tecnologia assuma uma importância especial no campo da diversão
e do entretenimento. No entanto, não temos dados suficientes para comprovar tal hipótese,
trata-se de uma impressão das pesquisadoras de campo que não se conseguiu comprovar com
dados – a não ser pelo título do filme produzido pelos jovens com a câmera de um celular,
disponibilizado no You Tube “Nada pra fazer vamos zuar rsrs”10.
De qualquer maneira, é inegável que fatores socioeconômicos – da mesma maneira que
havíamos percebido no primeiro estudo de caso - tenham uma influência direta no fato de que
o celular, enquanto objeto, é tão ou mais importante para os jovens pesquisados que a
possibilidade de fazer ligações e mandar mensagens por meio dele. Como os serviços de
telefonia custam caro, no Brasil, o aparelho de telefonia móvel em si diverte, traz status,
armazena contatos, registra imagens e músicas, permite brincar com games, é útil na paquera,
serve até como válvula de escape da raiva...
Detectamos, em Ermelino Matarazzo, um fenômeno já descrito por François Bar e Francis
Pisani: os usuários reinventam a tecnologia para melhor atender a suas necessidades,
descobrindo novas aplicações e prioridades, processo que os coordenadores dessa pesquisa
chamam de apropriações antropofágicas11, ou “creolizações”. Trata-se de processos criativos
em que, não obstante a presença de relações assimétricas de poder, nações menos
desenvolvidas, grupos minoritários etc. conseguem subverter a lógica dominante ou estrangeira
(Bar, 2006).
Mas, se voltamos às questões iniciais que nortearam esse estudo, veremos que uma delas não
encontrou a resposta que esperávamos e duas encontraram. Partimos das seguintes questões:
o telefone celular contribui, nessa comunidade, para a mobilização social e a transformação da
8
O lazer se traduz por uma experiência pessoal criativa, de prazer e que não se repete no tempo/espaço, cujo eixo
principal é a ludicidade. Ela é enriquecida pelo seu potencial socializador e determinada, predominantemente, por uma
grande motivação intrínseca e realizada dentro de um contexto marcado pela percepção de liberdade. (...) Sua vivência
está relacionada diretamente às oportunidades de acesso aos bens culturais, os quais são determinados, via de regra,
por fatores sócio-político-econômico e influenciados por fatores ambientais (Bramante, 1998: 09).
9
Todos os jovens entrevistados disseram que sentem falta de mais espaços de lazer.
10
“Zuar”, no título do filme, refere-se ao verbo “zoar”, usado no registro coloquial, por jovens, com o significado de se
divertir, brincar, fazer bagunça. Segundo o Dicionário Aurélio, “zoar” vem de “zoada”, sinônimo de zumbido, gritaria,
confusão, derivado de “soada”, termo que denota reverberação de som. O vídeo mostra alguns rapazes lutando e
dançando, quase não há diálogos ou narrativa, apenas corpos em movimento ao ar livre. No You Tube, as duas partes
do vídeo podem ser assistidas em: http://br.youtube.com/watch?v=c5dDci_FSGo e http://br.youtube.com/watch?v=zud4ijNJw8&NR=1.
11
A metáfora da antropofagia faz sentido especialmente no Brasil, cujos símbolos nacionais são calcados na
mestiçagem étnica, cujo movimento modernista, na década de 1920, lançou um Manifesto Antropofágico, pregando a
deglutição das influências estrangeiras e sua combinação com as tradições locais e cuja música – do tropicalismo dos
anos 1960 aos dias de hoje – combina ritmos afrobrasileiros com rock e elementos eletrônicas.
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
comunidade? O celular funciona como elemento de status dentro do grupo? Existe uma relação
entre a posse do aparelho e a constituição da identidade desses jovens? De acordo com os
dados apresentados, a resposta à primeira questão é não e remete a conjunturas econômicas
e culturais que antecedem e ultrapassam a dimensão da tecnologia, enfraquecendo a
mobilização coletiva de uma maneira geral. Já as respostas à segunda e à terceira questão são
afirmativas. O aparelho celular é utilizado com muita freqüência como emblema de prestígio e
os jovens o consideram parte fundamental de sua identidade, como um fator capaz de
aumentar sua auto-estima. Estes dois pontos aparecem com muita força nos depoimentos
transcritos ao longo do relatório. A citação abaixo resume bem estes dois pontos:
"A mudança do nome de cellular phone para mobile ou apenas handy mostra uma
transformação de um aparelho tecnológico para um aparelho pessoal. Isso
representa o momento em que a tecnologia não é apenas uma ferramenta, mas
também parte do eu e parte de uma identidade." (Souza e Silva, 2006: 113)
Em relação a eventuais apropriações do telefone celular para finalidades ligadas ao
desenvolvimento social e ao protagonismo, mesmo depois dos seis encontros e da pesquisaação, os jovens não conseguiram formular um projeto concreto de uso do celular para ajudar a
enfrentar os desafios encontrados no bairro. Contudo, quando a pesquisadora citou o exemplo
do projeto Cidadania Móvel12, eles se mostraram motivados a participar. A percepção é que
esses jovens não conseguiram ainda perceber o potencial da ferramenta celular, não pensam
em fazer um projeto por conta própria, mas se engajariam em uma proposta já elaborada, em
que eles fossem apenas “mão de obra” – desde que isso não implicasse em custos.
De certa forma podemos notar uma diferença entre os jovens do projeto “Mergulho na
Comunidade” e os do “Rede Jovem”. No primeiro caso os jovens valorizam seu celular mesmo
quando ele está desligado ou sem crédito. No segundo afirmam gostar de receber torpedos,
mesmo sem escreverem suas próprias mensagens. Talvez estejamos diante de uma
apropriação com redução de expectativas.
12
O projeto Cidadania Móvel, ainda em fase de planejamento no IPSO, envolve a mobilização de jovens na captação e
no compartilhamento de conteúdo, com articulação e publicação dos mesmos em rede. A idéia é produzir e difundir
informações sobre a temática da cidadania, utilizando os recursos multimídia e de telefonia dos celulares, para
compartilhamento na internet e por SMS.
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Anexos
A.1. Lista de entrevistados
Nome
Alexandre
Diego
José Robson
Thais
Sexo
Idade
Data da
entrevista
masculino
masculino
masculino
feminino
15
18
21
15
26/05/2008
26/05/2008
26/05/2008
26/05/2008
Duração
* É possível ouvir os áudios das entrevistas no site: http://cmdal.ipso.org.br/
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20’05”
30’10”
21’05”
26’09”
Disponível
em áudio*
sim
sim
sim
sim
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
A.2. Roteiro de entrevista em profundidade (presencial)
Como estratégia para complementar as observações, serão feitas entrevistas em
profundidade com alguns freqüentadores da EIC e lideranças relacionadas à iniciativa.
Cada entrevista deve ser elaborada com base nas observações iniciais de campo. De
qualquer forma, o roteiro básico de entrevista é:
- Qual seu nome completo?
- Você estuda?
- Você trabalha?
- Em média, qual a renda mensal de sua família?
( ) Menos de um salário mínimo
( ) Até R$ 415 (um salário mínimo)
( ) De R$ 416 R$ 830 (dois salários mínimos)
( ) De R$ 831 a R$ 1660 (de 2 a 4 salários mínimos)
( ) De R$ 1661 a R$ 2.490 (de 4 a 6 salários mínimos)
( ) De R$ 2.491 a R$ 3.320 (de 6 a 8 salários mínimos)
( ) De R$ 3.321 a R$ 4.150 (de 8 a 10 salários mínimos)
( ) Mais de R$ 4.151 (acima de 10 salários mínimos)
( ) Não sei dizer
( ) Prefiro não dizer
- O que você faz para se divertir?
- Você costuma freqüentar atividades culturais ou esportivas?
- Onde você acessa costuma a internet?
( ) Na escola/faculdade
( ) No trabalho
( ) Na sua própria casa
( ) Na casa de amigos/parentes
( ) Locais públicos de acesso gratuito (telecentros, infocentros e outros)
( ) Locais públicos de acesso pago (cibercafés, lan house e outros)
( ) No celular
( ) Não costumo acessar a internet
- Em média, quanto tempo por semana você usa a Internet? (em número de horas)
- Qual foi sua reação ao adquirir seu primeiro celular?
- Por que você tem um celular?
- Como é sua relação com o seu celular?
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Geralmente, você é daqueles que é capaz de esquecer de recarregar a bateria do celular por
mais de uma semana ou daqueles que dorme com o celular?
- Como você faz para colocar créditos no seu celular?
- Você acha que celular e internet têm alguma coisa a ver um com outro?
Se sim: - Então, me dá um exemplo prático de qual é essa relação?
- Por que você acha que os jovens se interessam tanto por celulares?
- O que você troca usando o seu celular?
- O que você acha desta história de poder conversar, jogar, fotografar, filmar, navegar na
internet, assistir TV, acessar dados da sua conta bancária, conhecer pessoas tudo por um só
aparelho?
Se sim: - Isso faz parte da sua realidade? De que forma?
- Você atende o celular em qualquer situação?
Se sim: - E se você estiver tomando banho? E ai, como faz?
- Você usa o celular para driblar alguma situação que você não quer enfrentar? Por exemplo,
para uma pessoa não lhe abordar na rua, vendendo algo?
- Você acha que o celular poderia ser uma ferramenta importante para organização de grupos
para superar alguma situação? Você sabe me dar algum exemplo prático?
- Você costuma usar dar um toquinho no celular dos outros como uma estratégia de
comunicação?
Se sim: - Normalmente, você usa os toquinhos para quê?
- Você lembra de alguma situação em que você já quis atacar seu celular na parede?
- Você se lembra de algum momento de emergência em que o seu celular foi importante?
Qual?
- Você conhece alguma gambiarra que a galera faz com o celular?
Se sim: - Qual? Você usa?
<<< Encerrar a entrevista, registrando local, data e hora>>>
Com relação às opções, a orientação é primeiro fazer a pergunta aberta e esperar pela
resposta espontânea. Somente caso o entrevistado não alcance o objetivo da
pergunta, então, algumas opções são colocadas apenas como exemplos.
Se os entrevistados permitirem, todas as entrevistas em profundidade devem ser
registradas em áudio, vídeo e fotografia.
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23
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
A.3. Transcrições de entrevistas
Foram transcritas as seguintes entrevistas:
•
Alexandre, 15 anos;
•
Diego, 18 anos;
•
José Robson, 21 anos;
•
Thais, 15 anos;
•
Encontro 5 – Análise dos dados dos cadernos de enquete.
A.3.1. Alexandre, 15 anos
Pesquisadora: Alexandre, conte-me a sua história. Você sempre morou aqui?
Entrevistado: Sempre
Pesquisadora: Tem irmãos?
Entrevistado: Tenho um de 9 anos.
Pesquisadora: Seus pais são daqui mesmo?
Entrevistado: Não, são da Bahia. Eles vieram para cá bem cedo, minha mãe com 14 anos e
meu pai com 17 anos, cresceram aqui mesmo. Começaram a namorar em 1990, em 1992 eles
se casaram. Eu nasci em 1992, quando os dois estavam se casando, inclusive quando minha
mãe se casou, ela já estava grávida de mim, se não me engano era de 7 ou 8 meses. Quando
eu estava com 6 ou 7 anos, comecei a freqüentar (barulho de cadeira arrastando), que foi a
época que ela trabalhava aqui inclusive, ela foi professora aqui. Ela pedia para eu vir, só que
naquela época eu vinha como filho dela, porque naquela época só podia de 15 anos para cima.
Quando meu irmão nasceu eu tinha 10 anos e minha mãe conversou com eles e começaram a
ver para eles abrirem espaço para as crianças também (barulho de gavetas) ainda, só que eles
começaram a abrir as vagas para o pessoal de 6 anos, se não me engano, foi justamente
quando meu irmão fez 6 anos e meu irmão aprendeu a dançar. Eles acharam legal meu irmão
dançando e abriram a vaga aqui para o pessoal dançar também, da turma de 6 a 18 anos. A
partir daí eu comecei a fazer os cursos aqui, cursos em outros lugares e começando a
aprender várias coisas.
Pesquisadora: Então faz quanto tempo? Desde os 6 anos que você está aqui?
Entrevistado: Faz 9 anos.
Pesquisadora: E você acha que aprendeu bastante coisa aqui? O que você aprendeu?
Entrevistado: Primeiramente, eu aprendi a fazer a coisa que eu mais gosto, que é dançar. A
partir daí, eu comecei, por causa daqui inclusive eu já recebi convite para fazer parte de vários
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
grupos profissionais também. Aprendi a mexer no computador, coisa que eu não sabia muito
bem, aprendi a tocar instrumentos, aprendi a quase tudo. Geralmente quando eu tinha
problemas na escola, eles me ajudavam, me ensinavam e eu fazia, aprendi muita coisa
mesmo. Eu particularmente não lembro tudo de cor, mas foi muita coisa mesmo.
Pesquisadora: A sua história com o Hip Hop começou aqui, é isso?
Entrevistado: Isso.
Pesquisadora: Como que é a sua história com o Hip Hop?
Entrevistado: Foi uma coisa meio curiosa, porque aconteceu há quase 5 anos atrás, vai fazer 6
anos agora dia 23 de novembro. Foi justamente no aniversário, não sei se foi no de 10 ou 11
anos, acho que foi de 10 anos, eu acordei e minha mãe me mandou eu levantar para ir para o
curso porque estavam dando aula de dança, e eu fui. Fui ver o que era a aula de dança e
justamente era o Hip Hop, foi aí que eu aprendi meu primeiro passo, dançando. Eu achei legal
e nesse dia meu irmão também estava, foi quando ele começou a dançar. Em seguida, no
outro ano eles resolveram abrir para o pessoal de 6 a 14 anos para participarem do curso. Foi
aí que eu comecei a dançar, a participar com o pessoal daqui.
Pesquisadora: E você montou um grupo próprio?
Entrevistado: Hum hum!!
Pesquisadora: Há quanto tempo?
Entrevistado: A mais ou menos 3 anos.
Pesquisadora: E vocês têm músicas próprias? Vocês estão correndo atrás de...
Entrevistado: Hum hum! Estamos. Como a gente não tem tanta verba para ir a uma gravadora
profissional, eu consegui alguns microfones e um programa para tentar gravar pelo
computador, é um programa de edição de áudio. Temos melodias próprias que criamos. Enfim,
conseguimos várias coisas, esse ano principalmente porque começamos a conseguir as coisas
mais esse ano, porque no ano passado, nós fazíamos apresentações com músicas de outros
cantores, de outras pessoas. Este ano, se não me engano, semana retrasada, nós fizemos
uma apresentação e já pela nossa apresentação nós ganhamos uma medalha de ouro, o
pessoal gostou.
Pesquisadora: Onde foi esta apresentação?
Entrevistado: Foi no Jardim Rute, Itaquera, foi uma mostra de dança, só que a gente não dança
só, a gente canta também então dissemos que a gente pode dançar e cantar também. E o
pessoal adorou, todo mundo aplaudiu e ganhamos nossa medalha de ouro.
Pesquisadora: E vocês estão sendo convidados a se apresentar em outros lugares?
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Entrevistado: A apresentação mais recente seria amanhã, que a Soninha chamou a gente para
se apresentar aí. Estamos vendo para fechar contrato com uma pessoa, um vereador para a
gente se apresentar no comício dele que vai ser em Barretos. Provavelmente, se nós formos,
vamos passar três dias em Barretos e se o pessoal de lá gostar, nós vamos para outra cidade,
que vão fazer uma filmagem com a gente, tudo direitinho.
Pesquisadora: Você gosta desse bairro?
Entrevistado: Adoro! Para mim é o melhor lugar para se estar.
Pesquisadora: Você mudaria alguma coisa no bairro?
Entrevistado: Colocaria mais opções de lazer. Porque estavam reclamando que a gente não
tinha, quando tem, o pessoal quer quadras e quando a gente fala em lazer, não falamos só em
esportes, que é o que todo mundo pensa. Quando a gente quer lazer a gente não quer só
esportes, a gente quer quem sabe um salão de festa que abre todo final de semana, quem
sabe um shopping mais perto ou um CEU, quem sabe, que seriam outras opções de lazer
também. Eu acho que se eu pudesse mudar, seria isso.
Pesquisadora: Você tem celular?
Entrevistado: Eu tinha só que como eu comecei a fazer esse negócio com o grupo, eu deixei
ele de lado.
Pesquisadora: Qual a relação do celular com o grupo? Não entendi.
Entrevistado: Porque quando eu comecei com o grupo eu ficava mais dançando e antigamente
eu pegava o celular e ficava escutando música direto, tirava fotos, fazia ligações e agora eu
nem faço muitas ligações, quando eu tenho que falar com uma pessoa, por estar acostumado a
fazer muito exercício físico, eu vou à casa da pessoa, entendeu? Quando eu tinha celular não,
eu apenas ligava mesmo que a pessoa morasse alí na esquina da minha casa, eu ligava de
preguiça mesmo de sair de casa e depois que eu peguei o costume de ficar dançando, de fazer
exercícios físicos eu comecei a sair mais, andar mais, sair mais, porque eu era mais preso,
agora sou mais livre.
Pesquisadora: É que todo mundo fala que o bom do celular é que essa coisa de você
não precisar sair de casa, aliás, sair de casa e estar com o telefone e você, pelo
contrário, estar com o celular te deixava em casa.
Entrevistado: Hum hum!
Pesquisadora: E outra coisa também, que você tem vontade de conversar com uma
pessoa, você vai a casa dela, mas a maioria das pessoas dizem que o celular é bom
porque as pessoas ficam fora de casa, praticamente o dia todo e ela só pode ser
encontrada porque ela está com o celular. Mas quando você vai atrás você consegue
encontrar a pessoa?
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Entrevistado: Hum hum!
Pesquisadora: Mas as pessoas afirmam que elas estão fora o dia todo? Por isso que o
celular é importante.
Entrevistado: Geralmente, o difícil não é encontrar a pessoa, porque quando vou encontrar a
pessoa é na hora exata que ela está lá, quando eu tenho certeza, quando não tenho certeza eu
nem vou, fico em casa mesmo.
Pesquisadora: Mas agora, você não acha que pelo fato de vocês estarem com o grupo e
começando a fazer contato com as pessoas que querem contratar vocês, você não acha
que o celular vai te fazer falta?
Entrevistado: Não, porque quando a gente fala em comunicação a gente tem vários recursos,
por exemplo, a internet que a gente pode estar entrando num site, os blogs, por exemplo, eu
estava construindo um blog para o grupo mesmo, para quem quisesse contato, falar com a
gente é só entrar no blog e postar lá o que quiser, chamar a gente, falar se está achando legal,
se não está, ou então mandar por e-mail para mim.
Pesquisadora: E você sabe qual o endereço do blog?
Entrevistado: Não, ainda não, estou vendo. Eu estava só ajudando, mas quem está fazendo
mesmo é um amigo meu que é do grupo também, ele é perito em informática, aí deixei com ele
que sabe mais mexer nas ferramentas.
Pesquisadora: Mas o contato efetivamente está sendo como? Esse com o vereador, por
exemplo?
Entrevistado: Esse com o vereador foi boca-a-boca mesmo, um assistente dele me viu dando
aula em uma escola, ele achou legal, e nós nos apresentamos nesse dia. Eu estava num
planejamento do governo, em Educação Física, o professor chamou para eu dar uma palestra
e depois dançar o Hip Hop para o pessoal. O contato foi pelo telefone fixo de casa e ela me
deu o telefone dela.
Pesquisadora: Mas se eu chego em você hoje e digo: “Eu tenho interesse, me passa o
teu contato”, como é que faz?
Entrevistado: Eu dou o telefone da minha casa e o e-mail.
Pesquisadora: Você sabe, em média, a renda da sua família?
Entrevistado: Eu acho que chega a dois salários mínimos,
Pesquisadora: Quais são seus hábitos de lazer?
Entrevistado: Bom, geralmente eu vou em lan house e dançar com meu grupo.
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Pesquisadora: Você vai para lan house?
Entrevistado: De vez em quando
Pesquisadora: E aí o que você faz em lan house?
Entrevistado: Respondo meus e-mails, visito o Orkut, tento conhecer pessoas novas pela
internet, jogo quando não tenho nada para fazer.
Pesquisadora: Mas acontecesse muito de não ter nada o que fazer?
Entrevistado: Geralmente, entro na internet faço as coisas rápido e fico sem nada para fazer aí
acabo jogando a maior parte do tempo. Eu coloco 3 horas na lan house aí, pelo menos, duas
horas e meia eu fico jogando.
Pesquisadora: Você disse que deixou seu celular pra lá. O que aconteceu? Deixou ele
guardado na gaveta ou deu para alguém, o que aconteceu?
Entrevistado: Eu deixei ele em casa, só que como a operadora estava o que... acho que 6
meses sem colocar crédito, a operadora cortou.
Pesquisadora: O seu foi cortado?
Entrevistado: Hum hum!!
Pesquisadora: Porque a maioria diz que não acontece nada.
Entrevistado: É, mas o meu cortou. Aí tive que trocar de chip, minha mãe foi lá e arrumou só
que eu não estava mais usando ele, já não tinha mais utilidade, eu não precisava mais. Porque
os contatos, os que eu tinha pelo menos, não era tão de imediato que eu precisava para usar o
celular, aí acabei deixando ele de lado. Tanto foi que vendi para o meu primo, ele olhou lá na
prateleira, perguntou se eu não estava usando, eu disse que não e vendi para ele.
Pesquisadora: Era um celular bacana?
Entrevistado: Era bom, ele tinha: dava para gravar música, tirava fotos, tinha viva-voz,
mandava mensagens de texto, mms também, tinha toques polifônicos com 16 instrumentos
diferentes, dava para baixar jogos da internet por ele mesmo. Vamos dizer assim, última
geração de 2003, mais ou menos.
Pesquisadora: Você ganhou ou comprou?
Entrevistado: Comprei.
Pesquisadora: E o dinheiro veio de onde?
Entrevistado: De presente. É que naquela época eu era mais criança, então eu pedi: “Eu quero
um presente do dia das crianças” e minha mãe perguntou o que eu queria, e eu falei que queria
um vídeo game ou um celular, aí ela comprou um carrinho de controle remoto e eu pedi um
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celular com câmera e ela disse que não porque estava muito caro, aí eu falei “Ou um celular
com câmera ou então nada” e ela acabou me dando o celular com câmera.
Pesquisadora: E na época o que era legal em termos de celular?
Entrevistado: Adolescência era a era de gravar imagens mesmo, a gente até tem recordações,
quando eu via que aquele momento era inesquecível eu tirava foto, pegava e passava para o
computador e quando eu tinha saudade daquele dia eu ia lá no computador e via aquela
imagem.
Pesquisadora: E você acessa ainda aquelas fotos?
Entrevistado: Não porque o meu computador pegou um vírus e apagou do computador, só que
eu tinha cópia no celular. Como eu tinha tirado muitas fotos pelo celular, um amigo meu falou
que eu tinha só 10 fotos para tirar, ele pensou que não ia me fazer falta e acabou apagando
todas as fotos e acabei ficando sem foto nenhuma.
Pesquisadora: Perdeu tudo, do computador e do celular?
Entrevistado: Hum hum!! Acabei ficando sem as fotos.
Pesquisadora: E as memórias?
Entrevistado: As memórias são boas né, mas com as fotos ficava melhor. Porque tinha fotos da
família, quando fomos viajar, tinha várias fotos.
Pesquisadora: Quando você usava, você colocava crédito no celular?
Entrevistado: Hum hum!
Pesquisadora: Como é que você fazia para colocar crédito?
Entrevistado: Bom, geralmente eu comprava aqueles cartões.
Pesquisadora: Não, o dinheiro.
Entrevistado: Ah, o dinheiro? Bom, de vez em quando eu arranjava uns bicos ou então eu
pedia para o meu pai e ele me dava.
Pesquisadora: Bico de quê?
Entrevistado: Bom, depende. Minha avó tem um bar e eu trabalhava com ela, ajudava e ela me
dava dinheiro e eu colocava crédito. Meu tio também trabalhava de motorista numa dessas
Vans da 25 e eu trabalhava com ele também. Minha tia também quando pedia eu ajudava ela
nos afazeres domésticos, minha mãe também, e ia assim juntando dinheiro.
Pesquisadora: O que você acha da frase “Celular é para ser usado só em casos de
emergência”?
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Entrevistado: Essa frase, pelo menos para mim não seria um termo usado, porque se fosse
usado só para caso de emergência ele não teria todos os recursos que tem hoje. Para mim, no
caso o celular ele é usado tanto para caso de emergência como para objeto de diversão
também. Então serve para os dois.
Pesquisadora: Alguma coisa mudou na sua vida depois que você deixou de usar?
Entrevistado: Falar que não mudou seria mentira, mas mudou sim porque geralmente quando
eu tinha celular eu escutava mais música e conversava com mais gente em menos tempo. Eu
acho que depois que vendi meu celular eu perdi mais contato também. Meu celular eu tinha
uma lista de A á Z, se não me engano de 150 pessoas que eu tinha de contato, aí comecei a
perder contato, mais de 2/3 do pessoal que eu tinha no celular eu não tenho mais contato.
Pesquisadora: Então diminuiu seu círculo de amizade?
Entrevistado: Também, porque além dos amigos eu também tinha um pessoal que eu tinha
conhecido em apresentações, aí acabei perdendo os contatos.
Pesquisadora: E isso não é um problema?
Entrevistado: No momento não, porque geralmente, como tem o pessoal do CDI e já participei
de outros grupos também, aí já tenho alguns contatos que podem me conceder outros contatos
e assim por diante. Para mim não chegou a ser um problema.
Pesquisadora: Mas você tem vontade de ter um celular agora de novo?
Entrevistado: Eu acho que seria uma coisa boa de se fazer, apesar de que, para mim não vai
fazer tanta diferença.
Pesquisadora: Então você continua numa boa sem celular? Você acha que celular é uma
ferramenta importante para a organização de um grupo, para mobilizar uma causa,
alguma coisa assim ou você acha que tem outro jeito de fazer isso?
Entrevistado: Tanto sim quanto não, porque geralmente quando a gente fala, pensa logo em
ligar e nem todos os telefones fixos aceitam chamadas de celular, entendeu? Tanto sim quanto
não. Sim, se caso uma pessoa falte ou chegue atrasado, a gente pode ligar de imediato e não
porque nem todos os aparelhos fixos aceitam.
Pesquisadora: Gambiarra, você conhece alguma gambiarra que a galera usa, relacionada
á celular?
Entrevistado: Não.
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A.3.2. Diego, 18 anos
Pesquisadora: Você não está mais freqüentando aqui?
Entrevistado: Não, é que apareceu a oportunidade de outro curso que eu estava esperando.
Pesquisadora: Você está lá como educador?
Entrevistado: Não, estou lá como educando.
Pesquisadora: É curso de que?
Entrevistado: É um curso que faz tudo, faz elétrica... A base de lá para ensinar mesmo é
elétrica, hidráulica, construção civil predial, este tipo de coisa.
Pesquisadora: E é ligada a Associação Nossa Senhora Aparecida?
Entrevistado: Não, não. É ligado á Bolsa de Valores.
Pesquisadora: Ah, a BMF?
Entrevistado: BMF.
Pesquisadora: Agora que entendi. Mas é lá no centro da cidade?
Entrevistado: Não, é no Brás.
Pesquisadora: E você vai todo dia para lá?
Entrevistado: Todo dia, de segunda a sábado, das 8 às 17 horas.
Pesquisadora: E você ganha algum dinheiro?
Entrevistado: Na verdade nós temos benefícios: R$ 100,00, cesta básica, convênio
odontológico e médico, este tipo de coisa.
Pesquisadora: Mas você aprende ou constrói alguma coisa de fato?
Entrevistado: Constrói, constrói uma casa.
Pesquisadora: Mas uma casa de verdade, para alguém habitar?
Entrevistado: De verdade.
Pesquisadora: Há quanto tempo você está lá?
Entrevistado: Vai fazer 2 meses.
Pesquisadora: E aqui você ficou quanto tempo?
Entrevistado: Aqui eu tinha 4 anos.
Pesquisadora: Você era monitor?
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Entrevistado: Eu era monitor aqui
Pesquisadora: E você foi educando? Como que era?
Entrevistado: Eu fui educando. Quando eu entrei era mono, aí do mono eu passei para
informática com o Anísio, eram coisas básicas da informática. Na verdade eu fiz todos os
cursos aqui, depois me chamaram para a inclusão e depois da inclusão o Robson perguntou se
eu queria ser monitor e aí passei a ajudar o pessoal como monitor. Eu adorava ser monitor
porque era um ponto de referência e ajudava todo mundo.
Pesquisadora: Qual é a sua história? Você sempre morou aqui?
Entrevistado: Não, na verdade eu sou da Bahia, vim para cá com 2 anos. Meus pais vieram
primeiro e depois meus irmãos. Eu tenho 5 irmãos, 3 mulheres e 2 homens.
Pesquisadora: Mas vocês sempre moraram neste bairro?
Entrevistado: Não, a gente morou aqui na Nossa Senhora e depois moramos na rua Figueira
da Polinésia, que é um outro lugar aqui bem próximo, depois viemos morar aqui.
Pesquisadora: E você gosta daqui?
Entrevistado: Ah, show de bola.
Pesquisadora: E você mudaria alguma coisa no bairro?
Entrevistado: Ah, sempre tem alguma coisa que a gente quer mudar, principalmente na área do
lazer, porque para a criançada daqui fica tudo muito exposto. O lixo daqui é uma coisa que
estamos colocando como problema. Apesar de que o pessoal não deixa nada do jeito que está,
faz, mas acabam dando uma de vandalismo e aí é meio chato. Às vezes até entendo porque
não tem nada de lazer e as crianças merecem uma área de lazer.
Pesquisadora: E como você entende essa coisa do vandalismo?
Entrevistado: A gente tem uma escola aqui próximo que por incrível que pareça a gente acaba
ouvindo por aí que a escola não é boa e acaba acontecendo vandalismo por algumas pessoas
que gostam de fazer uma gracinha ou coisa parecida, mas assim, não é que seja vandalismo, é
que as pessoas não sabem cuidar. Não dão valor porque veio de graça, acho que só ralando é
que vai dar valor.
Pesquisadora: Você estuda?
Entrevistado: Estudo. Estou no 3º ano.
Pesquisadora: E você faz tantos cursos por quê?
Entrevistado: Olha, não é que eu faço tanto curso, é que o único curso que eu tenho é extenso,
a carga horária dele é grande.
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Pesquisadora: Mas, por que você faz então?
Entrevistado: Ah, porque assim, além de adquirir conhecimento porque todo mundo quer
adquirir conhecimento, fazer novas amizades também, vou ser bem sincero, gosto muito de
fazer amizade, ter contatos não só com pessoas daqui de Ermelindo Matarazo, mas do Itaim,
de Itaquá, eu gosto de fazer bastante amizade, conhecer novos lugares e mais do que tudo ter
uma profissão né?! A gente acaba tendo muitas escolhas de profissão por cursos.
Pesquisadora: E agora que você está acabando o colegial você quer fazer o que?
Entrevistado: Olha, eu ainda não pensei, mas estou quase achando, estou meio complicado
naquela fase de adolescente, meio confuso o que vai ser, não sabe o que quer ser, sabe?
Pesquisadora: Mas o que está pendendo?
Entrevistado: Ah, tá mais pendendo para o lado de Design.
Pesquisadora: E você quer continuar estudando mais para...
Entrevistado: Web Design.
Pesquisadora: Qual a renda mensal da sua família?
Entrevistado: Esta em torno de R$ 1.000,00, R$ 1.200,00.
Pesquisadora: Para se divertir o que você faz?
Entrevistado: Eu ando de skate, inclusive vou grupo do Alexandre, dançar no grupo deles
quando dá mais tempo, também danço Hip Hop, brinco de dançar pelo menos né?! Faço Le
Parkour também, esse novo esporte que saiu faz pouco tempo, vem da França, é como se
você estivesse fugindo da polícia, não é bem fugindo da polícia, é assim, você começa a pular
muro, pular de um lado para o outro, meio que zoeira, sabe?!
Pesquisadora: E tem regra?
Entrevistado: A regra é você não se machucar.
Pesquisadora: E tem um grupo por aqui que faz isso?
Entrevistado: Não, não. O grupo que eu tenho é só o pessoal do Brás, que eu faço lá, é o
pessoal do BMF.
Pesquisadora: E skate você anda por aqui?
Entrevistado: Ando por aqui.
Pesquisadora: Tem pista de skate por aqui?
Entrevistado: Tem, mas as pistinhas que tem aqui em Ermelindo Matarazzo mesmo é meio
acabadinha. Skate de rua é hooby, eu prefiro rua.
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Pesquisadora: Onde você mais acessa a internet?
Entrevistado: Como eu não tenho em casa é na lan house e aqui no curso quando dá tempo de
vir aqui, o que é raro eu aparecer por aqui.
Pesquisadora: Lan house de quanto em quanto tempo?
Entrevistado: Acho que 2 vezes na semana e fico 1 hora.
Pesquisadora: E o que você faz?
Entrevistado: Mexo no blog, mexo no Orkut.
Pesquisadora: Você tem um blog seu?
Entrevistado: Tenho.
Pesquisadora: Pode passar o endereço para a gente?
Entrevistado: Passo sim, é... é que não está na memória...
Pesquisadora: Pelo jeito você não atualiza muito? Você vai toda semana para a lan
house para acessar o blog e não lembra o nome do blog?
Entrevistado: Não, é que ele está linkado junto com o Orkut, é só clicar lá que aparece.
Pesquisadora: Ah tá, o link está dentro do Orkut?
Entrevistado: É, está dentro do Orkut.
Pesquisadora: Então a primeira coisa que você faz é acessar o Orkut?
Entrevistado: Aí depois linka o blog.
Pesquisadora: Mas você atualiza o blog sempre ou não?
Entrevistado: De vez em quando, só de vez em quando.
Pesquisadora: Então você não vai lá para acessar o blog?
Entrevistado: Não, eu olho o blog e fico pensando pô...será que eu coloco no Orkut, será que
não coloco, aí eu deixo quieto, deixa para a próxima.
Pesquisadora: Aí fica só no Orkut?
Entrevistado: Aí fico no Orkut, no MSN, de vez em quando ainda jogo um pouquinho na lan
house também.
Pesquisadora: Tá, que jogo você gosta?
Entrevistado: GTA, CS.
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Pesquisadora: Seu primeiro celular você teve com que idade?
Entrevistado: Peguei o celular acho que com 15 anos, era da minha irmã que ela tinha
comprado, aí ela falou que não queria mais e minha mãe comprou para mim. Nós fizemos uma
troca, ela comprava outro para ela e eu ficava com aquele. Mas acabou nem comprando e eu
fiquei com ele, se não me engano era um TIM, mas não lembro que modelo era, faz tanto
tempo.
Pesquisadora: Tinha recursos lá?
Entrevistado: Não, acho que era só ligação mesmo e joguinhos.
Pesquisadora: Quantos celulares você teve?
Entrevistado: Tive dois, aquele e esse que eu tenho agora.
Pesquisadora: E qual é o histórico desse que você tem agora?
Entrevistado: Esse aqui, certo dia, no começo do ano... lembrei, no dia 2 de janeiro, falei “-Pai,
preciso de um celular”, ele falou “-Como é que é? Precisa de um celular?”, ele perguntou se eu
garantia que eu iria pagar, eu disse que pagaria, a gente foi, desceu, tirou, voltou. Acho que é
por isso que eu acho estranho ele, porque foi uma coisa normal. Acho que é tão fácil tirar um
celular LG que...achei até normal.
Pesquisadora: E para pagar?
Entrevistado: Eu recebia benefício do curso Nossa Senhora e eu trabalhava na época com
empreendimento de condomínio. A gente ficava fazendo propaganda de condomínio, folheto,
esse tipo de coisa.
Pesquisadora: Eu achei que você tinha ido à Feira do Rolo?
Entrevistado: Não, não. É uma boa, mas...
Pesquisadora: Rola uns celulares bacanas?
Entrevistado: Rola bastante.
Pesquisadora: Você já foi lá?
Entrevistado: Eu passe uma vez só lá e faz tempo que não vou lá.
Pesquisadora: Você foi buscar alguma coisa específica?
Entrevistado: Não, passei com um colega. Na verdade eu nem passei assim, eu caminhei por
ela, caminhei e fui embora.
Pesquisadora: Você gosta de ter um celular bacana?
Entrevistado: Ah, é legal cara. Acho que é legal.
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Pesquisadora: Por quê?
Entrevistado: Acho que todo mundo vê isso, até o modo do pessoal ver o seu caráter pessoal,
seu caráter físico. Você tem um celular legal, tem uma roupa legal, então você deve ser um
cara legal. Às vezes nem sempre assim como o pessoal pensa, mas... até o modo como a
sociedade te vê como um cara que tá na atualidade, tá na moda.
Pesquisadora: E você acha que a partir do momento que você teve um celular legal, isso
te ajudou a ser uma referência dentro do grupo?
Entrevistado: Olha, no grupo que eu estava, na época, não tinha um pessoal que tinha celular
então acabou sendo, de certa forma porque o pessoal pedia para ver, pedia para tirar foto para
colocar em Orkut, sabe esse tipo de coisa.
Pesquisadora: E você deixava?
Entrevistado: Ah, eu deixava numa boa.
Pesquisadora: Não tinha ciúmes de alguém deixar cair?
Entrevistado: Não, não. Eu sei como era não ter um celular, entendeu. Eu via o pessoal que
tinha celular tirando foto e tudo mais então eu acabava ficando assim meio para baixo sabe,
pô, podia ter o meu e tudo mais, mas aí o pessoal pede, numa de boa pode tirar suas fotos, de
boa, não tem erro não.
Pesquisadora: Se fosse pós-pago você emprestaria também, para as pessoas ligarem?
Entrevistado: O pós-pago já é um pouco complicado de emprestar, você até pode perguntar
para onde a pessoa está ligando, para quem está ligando, mas não sabe o tempo que ela vai
falar, então acaba sabe... você não vai falar para o cara pô você falou muito, meu você não vai
falar né?! É uma questão de ser amigo, mas eu teria um pouco de cuidado na hora de
emprestar, para quem emprestar e como emprestar.
Pesquisadora: Se eu te oferecesse um I Phone ou um celular simples com pós-pago, o
que você preferiria?
Entrevistado: Ah, como eu não trabalho eu ia ficar com o I Phone, porque além de ser pré-pago
ele me dá inúmeras vantagens, apesar de não ter crédito para colocar nele, mas como eu não
trabalho o pós-pago ia pesar muito no bolso.
Pesquisadora: Como é sua relação com o celular, você é daqueles que esquece de
carregar, você sempre está com ele?
Entrevistado: Eu sempre estou com ele, mas às vezes acabo esquecendo, a gente fica
pensando tanta coisa que... mas sempre que eu vou sair, eu nem sei se está descarregado, ele
vai para o bolso, ele se tornou até parte de mim. Estar sem celular agora é como se estivesse
sem nada, é como minha carteira. Celular é como a identidade.
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Pesquisadora: Por quê?
Entrevistado: Identidade? Porque assim, eu coloco como identidade porque acabou fazendo
parte de mim. Quando eu saio sem ele eu me sinto assim sabe? De mãos vazias, como se eu
fosse para algum lugar e voltasse de mãos vazias, eu tenho que ter ele no bolso. Pode estar
descarregado, mas eu tenho que estar com ele no bolso.
Pesquisadora: Mas por quê?
Entrevistado: Aí que tá, eu não entendo, acho que acabou sendo um costume, acabei
acostumando demais com ele.
Pesquisadora: Se você estiver sem ele o que você vai sentir?
Entrevistado: Que eu fui esquecido. Alguém ia querer me ligar e eu estou sem o celular, e
agora? Vai acontecer uma coisa legal e eu podia tirar uma foto para mostrar para os colegas, e
agora? Está acontecendo uma festa legal, não posso gravar para mostrar para a galera, e
agora? Aí é o seguinte, aí você está sozinho, você não está sem amigos porque tem o celular
para gravar e depois mostrar para você, e agora? Aí acaba sendo aquela marretada, “-Putz, se
eu estivesse com ele aqui eu filmava, se eu estivesse com ele aqui, minha mãe ligava”, isso é
uma coisa até normal.
Pesquisadora: E toquinho, você usa toquinho?
Entrevistado: Faço isso direto.
Pesquisadora: Para quem geralmente?
Entrevistado: Para colegas não, mas para minha mãe é direto.
Pesquisadora: E para as minas?
Entrevistado: Ah, aí tem que ter crédito né?! É osso!
Pesquisadora: Não é legal?
Entrevistado: Não, acaba não sendo legal. Acaba você tendo menos chance do que você tem.
Pesquisadora: E aí você coloca crédito para ligar?
Entrevistado: É, ou crédito ou para fazer uma zoeira, vou colocar crédito para zoar mesmo.
Porque você faz ligação com crédito aí falam “-Pô, o cara tem crédito no celular”, e eu nunca
tenho crédito no celular.
Pesquisadora: Isso que eu ia perguntar você sempre tem crédito?
Entrevistado: Não, não. É raro eu ter crédito, é muito raro.
Pesquisadora: E elas não ficam achando que você esqueceu delas?
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Entrevistado: Elas ficam meio tristinhas, mas eu acabo me comunicando pelo telefone de casa.
Pesquisadora: Ah tá. Então você usa o fixo?
Entrevistado: É o jeito.
Pesquisadora: Mas aí não rola de você querer falar umas coisas e tem gente por perto?
Entrevistado: Rolar rola, mas a gente tem que segurar. Só ligo para dar um toque para não
dizer que esqueceu.
Pesquisadora: Você troca bastante músicas, jogos?
Entrevistado: Troco bastante, direto. É freqüente. Acaba sendo muito monótono.
Pesquisadora: Você está com seu celular aí?
Entrevistado: Estou.
Pesquisadora: Me diz quais foram as últimas coisas que você trocou com alguém.
Entrevistado: Músicas e vídeo.
Pesquisadora: Quais músicas?
Entrevistado: Se não me engano foi Pixote, Insegurança, eu gosto de pagode. Eu acho que foi
pagode e Black.
Pesquisadora: Quando foi a última ligação que você fez?
Entrevistado: Espera aí que eu vou achar. Não está aqui porque formatei o cartão, mas a última
ligação que eu fiz foi antes de ontem.
Pesquisadora: E mensagem, qual foi a última que você recebeu.
Entrevistado: Foi “Aproveite para dobrar o valor de sua recarga”, até 02/07 você carrega 11 e
ganha mais 11.
Pesquisadora: E enviada?
Entrevistado: Enviada? Nossa, eu nem vou procurar porque eu apago tudo, está em rascunho
e só dá para...
Pesquisadora: Você tem medo da mulherada pegar seu celular e descobrir, é isso?
Entrevistado: Pode até ser, mas... eu apago porque é costume, esse negócio de memória de
celular acaba para passar música.
Pesquisadora: Se fosse mais barato para colocar crédito, você acha que colocaria com
mais freqüência?
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Entrevistado: Sinceramente eu colocaria sim, porque nem sempre a gente está com aquele
dinheiro. Às vezes, até mesmo por ser barato não dá mesmo. Às vezes é coisa que você tem
que fazer urgente e não dá para colocar nada no celular, aí eu tenho um monte de coisa para
ajudar, meu pai, minha mãe acaba não tendo dinheiro, mesmo que fosse barato, ainda sim iria
ficar difícil.
Pesquisadora: Você conhece alguma gambiarra que a galera faz?
Entrevistado: Gambiarras, olha me falaram uma coisa uma vez que tinha um cara que colocava
crédito, você falava, falava, falava, depois você perdia seu chip. Aí eu fiquei pensando, será
mais vantajoso eu falar, falar e perder o chip ou ficar com meu chip aqui e não gastar nada
depois? Aí pensei bem e resolvi ficar com meu chip.
Pesquisadora: E por que é importante manter o chip?
Entrevistado: Ah, porque o chip armazena muita coisa. Se eu perder esse chip aqui eu iria
perder uma série de fotos que tem aqui, iria perder vídeos importantes que estão aqui também,
gravações da época que eu fazia...
Pesquisadora: Mas você não descarrega?
Entrevistado: Como a memória do celular não descarrega, só descarrega no cartão, aí tem que
mover e estou sem espaço, fica sem espaço, aí fica complicado.
Pesquisadora: E a coisa de troca de número, como é que você encara isso? Sempre foi o
mesmo número?
Entrevistado: Sempre foi o mesmo número.
Pesquisadora: E se você tivesse que trocar? Porque já aconteceu comigo, fui até a loja
porque queria trocar o aparelho e me disseram que tinha que trocar o número, aí
continuei com o aparelho que eu estava porque não queria trocar o número. Como é que
você reagiria? Faz tempo que você tem o celular, sempre o mesmo número? Como é que
você reagiria?
Entrevistado: Fica meio chato porque assim, até eu encontrar as pessoas para passar o novo
número iria ficar um pouco difícil. E, às vezes, tem caso de urgência, vai se saber, você troca o
número e a pessoa precisa ligar para você com urgência e não é mais aquele número, aí fica
complicado.
Pesquisadora: Então é uma coisa que você não gostaria de fazer?
Entrevistado: Eu não gostaria porque as pessoas já têm meu contato, já tem o meu número alí
gravado e eu acho que não é legal.
Pesquisadora: E para os jovens em geral?
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Entrevistado: Acho que também não porque está com o celular alí, com a galera já, todo mundo
está em sintonia já, tem o número de todo mundo, aí você troca e já quebra um pouco a
corrente, até você trocar e colocar o número novo, até você decorar seu número novo, você
fica com o velho na cabeça.
Pesquisadora: E aí por isso que vem aquela coisa que você falou da sua identidade né?
Entrevistado: É, vem um pouco disso aí também, até porque você já tem uma galera
estipulada.
Pesquisadora: Você freqüenta algum espaço cultural?
Entrevistado: Olha raramente eu freqüento... não, não, não freqüento. Faz tempo mesmo que
eu não freqüento. Acho que o último espaço cultural que eu freqüentei foi na estação Carlos
quando teve...
Pesquisadora: Por quê?
Entrevistado: Porque agora estou sem tempo, antes eu tinha tempo e não ia e podia falar que
sou preguiçoso, mas agora estou sem tempo.
Pesquisadora: Você como monitor, o que você acha da iniciativa do CDI trabalhar com
celulares, não do IPSO, do CDI de fazer uma proposta de trabalhar com celulares?
Entrevistado: Olha, até chega ser interessante porque muita gente hoje em dia tem e até fica
mais fácil de você ter uma coisa portátil na sua mão, porque o CDI trabalha muito com
multimídia, com foto, vídeo, som. Então, no celular hoje em dia tem isso, tem esse tipo de
coisa, só não tão bom. Alguns até tem, são bons, mas não todos. E eu acho até interessante
porque... fazer com o celular cara, sabe que eu nunca tinha parado para pensar assim?
Celular... o que eu posso fazer com o celular? Tem tanta coisa que eu posso fazer né?! Aí fico
até pensando no CDI... eu acho que ia fazer uma escolha boa trabalhar com celular porque
todo mundo tem, aí você precisa fazer uma filmagem na hora e você não tem câmera, você usa
o seu, depois para passar fica meio complicado por causa da resolução, mas pode ter uma foto
para tirar.
Pesquisadora: O CDI tem uma proposta de ser uma escola de informática e cidadania
também né? Você acha que esse grupo aqui atingiu o objetivo de fazer essa reflexão do
celular para a cidadania?
Entrevistado: Acho que sim, acho que o grupo aqui em termo de... ele pensou muito nisso.
Antes a gente pensava... era só zueira, filmar uma coisinha aqui, uma foto alí, até fazer um
trote alí, aí beleza, aí veio a questão da cidadania, que nem você falou, aí o pessoal começou a
pensar um pouco mais sério, um pouco mais no foco, aí o pessoal começou a sair na rua aí
filmando lixo, filmando o foco mesmo quando começamos a fazer a pesquisa do lixo, começou
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a fazer slide com o lixo, começou a buscar fonte no celular para fazer isso aí para a melhoria
da galera, da comunidade.
Pesquisadora: Isso rolou de fato, é isso, que você está falando?
Entrevistado: Olha, até onde eu sei tava rolando. Hoje em dia eu estou meio fora daqui.
Pesquisadora: Há quanto tempo você está lá?
Entrevistado: Estou lá vai fazer 2 meses já.
Pesquisadora: Tem alguma coisa que você queira falar?
Entrevistado: Só uma frase: “O celular é essencial para mim!”
A.3.3. José Robson, 21
Pesquisadora: Você estuda?
Entrevistado: Faço faculdade de Web Design.
Pesquisadora: Você fez técnico?
Entrevistado: Fiz técnico em Web Design também, na Microcamp.
Pesquisadora: Você é educador aqui?
Entrevistado: Isso, há dois anos e meio.
Pesquisadora: E esse foi seu primeiro trabalho?
Entrevistado: Não, já trabalhei em outro também que eu ficava com os menores, dava aula
para os outros, aí surgiu oportunidade de vir para cá e eu vim, no ano retrasado.
Pesquisadora: Você não mora aqui no Santa Inês?
Entrevistado: Não, eu moro num bairro abaixo do Santa Inês.
Pesquisadora: Você freqüentou aqui?
Entrevistado: Eu freqüentei aqui, estudei 3 anos aqui, fiz todos os cursos que tinha para fazer
aqui, virei Auxiliar Administrativo, depois eu virei educador complementar depois eu virei
educador da EIC, essa é minha trajetória.
Pesquisadora: E você tem 2 irmãos, é isso?
Entrevistado: Isso, 2 irmãos, meu pai que é brigão e minha mãe.
Pesquisadora: Qual é a média de renda mensal da sua família?
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Entrevistado: São 3 salários mínimos.
Pesquisadora: O que você faz para se divertir?
Entrevistado: Saio para balada, toco também, danço para caramba, minha vida agora tem sido
mais dançar, bebo. Porque tem uns que saem com aquela meta: “-Eu vou sair para beijar”, eu
não, eu saio mais para dançar e me divertir. Acho que essa é uma coisa mais minha assim.
Pesquisadora: E qual é a tua galera? O pessoal daqui ou o pessoal de fora daqui?
Entrevistado: Assim, é um pouco o pessoal daqui, que são mais amigos e mais são as outras
pessoas que moram fora daqui, na zona sul, meu outro irmão adotivo.
Pesquisadora: Você costuma freqüentar espaços culturais?
Entrevistado: Costumo.
Pesquisadora: Qual por exemplo?
Entrevistado: Tem o Ponto de Coturno da Vila Buarque, tem outro Ponto de Coturno que é o de
Santo Amaro.
Pesquisadora: E o que você faz lá0?
Entrevistado: Lá tem teatro, filme, movimentos comunitários, é bem bacaninha, é Organização
Monte Azul.
Pesquisadora: Internet você acessa aqui e de casa, é isso?
Entrevistado: Isso é um vício diário né?! 12 horas por dia.
Pesquisadora: E lan house você usa?
Entrevistado: Não.
Pesquisadora: Por quê?
Entrevistado: É porque eu já uso em casa, então não tenho nenhuma noção de lan house.
Pesquisadora: E é banda larga, funciona bem?
Entrevistado: É banda larga Speedy, não funciona como eu queria né, mas dá-se um jeito.
Poderia ser mais rápido.
Pesquisadora: É daqueles planos limitados?
Entrevistado: O meu é 200 Kbps, um negócio assim. E mesmo assim ainda é lento. Eu hei de
ter um nitro.
Pesquisadora: Você tem celular desde que idade?
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Entrevistado: Desde os 10 anos de idade, porque eu fazia muito curso. Eu saia de casa 7 horas
da manhã e chegava às 23 horas. Eu tinha uma vida meio conturbada, aí minha mãe me deu
celular desde pequeno. Eu já tive uns 8 celulares já.
Pesquisadora: E agora você está sem?
Entrevistado: Agora estou sem.
Pesquisadora: Você falou que o seu celular é o seu rim? Por que você diz isso?
Entrevistado: Porque era o meio de contato com todo mundo, porque eu não paro em casa e
não paro aqui no núcleo também, então ou me liga aqui ou me liga em casa. Então o celular
era o único meio que o pessoal tinha para me achar. Agora sem celular né, fico no anonimato.
Pesquisadora: E por que é importante ser achado?
Entrevistado: Ah, várias coisas: emprego, estágio, acidentes, emergências.
Pesquisadora: Mas por que você fala que é o rim? Por que exatamente o rim?
Entrevistado: Porque é assim, é meio complicado. Você vive sem um rim, entendeu? Que
agora, estou vivendo sem o rim, que era meu celular. Então assim, não é a mesma coisa, você
sente falta. Porque era ele que te acordava, ele que chama para ir para a balada, vira um
companheiro.
Pesquisadora: Você contou que uma vez deixou cair na privada?
Entrevistado: Peguei rápido e deixei no sol, aí voltou a funcionar.
Pesquisadora: E já aconteceu outra história assim?
Entrevistado: Ah, tem a história de que gravaram minha namorada com outro cara e aí me
mandaram um torpedinho, aí eu terminei com ela na festa.
Pesquisadora: E foi na hora? E foi amigo ou alguém que estava a fim de você?
Entrevistado: Foi amigo que mandou para mim.
Pesquisadora: Você tinha pré-pago ou pós-pago?
Entrevistado: Eu tinha pré-pago.
Pesquisadora: E você colocava crédito sempre?
Entrevistado: De 3 em 3 meses quando tinha dinheiro, quando não tinha era de 6 em 6 meses,
no máximo 1 ano, aí ficava ligando a cobrar para casa.
Pesquisadora: E quando você colocava, colocava quanto?
Entrevistado: Quarenta, cinqüenta reais.
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Pesquisadora: E você gastava esses quarenta, cinqüenta reais com o que?
Entrevistado: Torpedo, eu sou viciado em mandar torpedo para os outros e é mais barato
também. Mesmo com crédito eu ligava a cobrar.
Pesquisadora: E dar toquinho no telefone dos outros, você dá?
Entrevistado: Direto, quando eu tinha celular, vixi. No CDI mesmo, eu tava na rua e dava um
toque no celular da Cíntia e ela sabia que era eu, ela pegava e me retornava.
Pesquisadora: Você falou que a galera não te acha, mas você não está 12 horas na
internet?
Entrevistado: Na internet, na maioria das vezes...
Pesquisadora: A maioria não está na internet?
Entrevistado: Não está. Eu posso estar o dia inteiro e a noite inteira, mas o pessoal não está
todas essas horas. Mesmo eu estando no MSN eles nunca estão.
Pesquisadora: Então o problema é que...?
Entrevistado: As pessoas não são tão viciadas quanto eu.
Pesquisadora: Entendi as pessoas com quem você se relaciona né! Então esquecer seu
celular é praticamente impossível?
Entrevistado: Com certeza.
Pesquisadora: A bateria acabou alguma vez?
Entrevistado: Várias. Aí eu andava com o carregador na bolsa.
Pesquisadora: Você acha que internet e celular tem alguma coisa a ver?
Entrevistado: Tem. Acho que é uma nova tecnologia a ser usada e a ser utilizada pelo pessoal.
Se não fosse tão caro acessar pelo celular eu acho que seria uma rotina nossa, porque é mais
básico de que você chegar, sentar em frente ao computador e aí começar a fazer as coisas, e
com o celular você vai andando e fazendo, é até mais fácil.
Pesquisadora: Você é viciado em internet não é? Quais são as atividades que você faz?
Você deixa de ir ao banco para fazer pela internet, você faz compras pela internet?
Entrevistado: Eu faço compras, acesso o site do banco, Orkut, MSN, estudo via on-line.
Pesquisadora: Você não recebe mensagens do Orkut no seu celular?
Entrevistado: Recebia.
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Pesquisadora: E MSN está cadastrado também para o celular?
Entrevistado: Também.
Pesquisadora: E você respondia na hora ou dependia do caso0?
Entrevistado: Dependia do crédito. Às vezes eu olhava assim, esse recado eu não vou receber.
Pesquisadora: Mas por que era importante receber no celular?
Entrevistado: Ah sei lá, acho que quando você não conseguia estar, estava no computador e
você ter o celular na mão e vê, conforta mais.
Pesquisadora: Mas paga para receber?
Entrevistado: Paga.
Pesquisadora: Você sabe quanto?
Entrevistado: Acho que é R$ 0,35, não é muito carinho não.
Pesquisadora: E você recebia muita mensagem?
Entrevistado: Recebia mais quando tinha crédito.
Pesquisadora: Por que você acha que os jovens se interessam tanto por celular?
Entrevistado: Acho que por causa do status, mas também pela comodidade, por exemplo, você
chega em uma menina para dar uma cantada, a primeira coisa é “-Me passa seu celular”,
entendeu? Acho que simplifica mais. Até para anotar o Orkut ou MSN
Pesquisadora: E você se lembra de alguma situação que você quis jogar seu celular na
parede?
Entrevistado: Já joguei meu celular.
Pesquisadora: Por quê?
Entrevistado: Com raiva da pessoa, ela estava na minha frente e eu joguei nela.
Pesquisadora: Você viveu alguma situação de emergência onde o celular foi importante?
Entrevistado: Já. Quando eu quebrei o joelho e o cotovelo. Eu chamei a minha mãe.
Pesquisadora: Você conhece alguma gambiarra que a galera faz no celular?
Entrevistado: Além da “diretinha” nenhuma.
Pesquisadora: E qual é a sua versão da “diretinha”?
Entrevistado: Você paga um certo preço, o cara vai lá e faz uma gambiarrinha e você usa de 3
a 6 meses, aí depois você joga o chip fora e tem que mudar de número.
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Pesquisadora: E você já fez?
Entrevistado: Eu não tinha coragem de fazer, dava uma dó de perder o número.
Pesquisadora: E não tem como comprar um chip em branco e manter o número? Como
se você fosse roubado?
Entrevistado: É não sei.
Pesquisadora: Se você quiser fazer, você sabe com quem?
Entrevistado: Não sei, mas conheço quem conhece a pessoa que faz.
Pesquisadora: Quando você coloca crédito é você quem coloca ou seus pais?
Entrevistado: Normalmente eu colocava via internet e eu que pagava, porque eu trabalho.
Pesquisadora: Como você faria essa experiência, a proposta do CDI para trabalhar com
celular?
Entrevistado: Acho que assim, é bacana. É uma coisa inovadora, traz uma outra visão de
mundo, seria essa a linguagem. Você enxergar o mundo da lente de um celular, acho que é um
desafio e ao mesmo tempo algo que gratifica, porque você vê assim: foi eu que fiz com o meu
celular, pô dá um tesão lascado, nossa dá uma coisa bem bacana. Acho que melhor
experiência que essa ainda não consegui achar uma.
Pesquisadora: E qual impacto social que essa ação dá para o CDI? O CDI tem uma
proposta da cidadania, qual o impacto social?
Entrevistado: Acho que seria ter o celular como aliado na busca pelo bem maior da
comunidade, que seria a ação transformadora, seja com vídeo ou só com áudio ou só com foto,
ele está alí ajudando a gente a mobilizar a comunidade a ir mais além.
Pesquisadora: Você acha que esse grupo aqui atingiu esse objetivo?
Entrevistado: Acho que não, eles estão tentando atingir só que eles esbarram no termo de
brincadeira, eles brincam muito e acabam não conseguindo dar uma seqüência bacana, mas
estão começando a aprender.
Pesquisadora: Quais estratégias você pensa em ter, porque você está a frente do grupo?
Você tem isso claro?
Entrevistado: Assim, bem bolado eu não tenho muitas, mas tentar incentivar eles a olhar para
dentro deles e ver se isso está bacana para fazer? Ou se não está, um pouquinho mais do que
isso, será que vai ficar melhor? Eu tenho lutado bastante com eles e tem mudado de
pouquinho em pouquinho. Nesses 6 meses de convívio a gente está conseguindo dar esta
mudada com eles.
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Pesquisadora: Você está sem celular né? Você está sem um rim. Eu tenho em casa um
celular sem recurso nenhum, mas dá para ter o número e usar. Isso já iria te deixar
satisfeito ou ...
Entrevistado: Sim, o pessoal já iria conseguir me encontrar, porque o mais difícil é isso, o
pessoal não está conseguindo falar comigo. Eu já perdi 3 estágios por não ter um celular, o
pessoal ligava em casa e eu não estava e estou sem celular também e a entrevista era naquele
dia então acabei perdendo.
Pesquisadora: Então isso acaba refletindo na sua vida profissional?
Entrevistado: Com certeza.
Pesquisadora: Não é só bate-papo com amigo e o importante não é só o entretenimento
que ele pode te trazer.
Entrevistado: Isso. A Laura mesmo estava tentando me ligar e não conseguia e a Cíntia, até
descobrirem que eu fui roubado.
Pesquisadora: Entre o celular pós-pago e um celular bacana o que você prefere?
Entrevistado: O médio (risos). Tipo um bacaninha, não precisa ser de última geração, podia até
ser de conta mas com poucos recursos, tipo agenda telefônica, normal só para conseguir ligar
mesmo. Era como eu usava o meu, ligação. Tinha foto mas eu nem usava, só em ocasiões
especiais, tipo a escola pegou foto e eu vou lá e tiro foto e mando para algum lugar.
Pesquisadora: Aconteceu alguma vez?
Entrevistado: Aconteceu. A escola em frente minha casa pegou fogo. Nós acordamos de
madrugada com aquele calor batendo e a escola em chamas, nós tiramos fotos, depois chegou
o bombeiro e apagou e depois de muito tempo que eu vi a reportagem e começaram a
perguntar quem tinha foto e nós fomos lá e mostramos as fotos. Não ganhamos nada com isso,
foi a Globo.
A.3.4. Thais, 15 anos
Pesquisadora: Você nasceu em São Paulo mesmo?
Entrevistado: Nasci em São Paulo.
Pesquisadora: Seus pais são daqui?
Entrevistado: Não, minha mãe é de Alagoas e meu pai de Pernambuco. Aí vieram para cá, eu
nasci no Belém, tenho dois irmãos mais velhos e eu sou a caçula que mora com a minha mãe.
Pesquisadora: Você sempre morou nesse bairro?
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Entrevistado: Sempre, desde 4 anos.
Pesquisadora: Você gosta de morar aqui?
Entrevistado: Gostar eu gosto, mas é ruim você falar, porque as pessoas acham que porque
mora aqui é favelado, você é isso, você é aquilo. Mas é legal morar aqui, o pessoal é legal.
Pesquisadora: Você tem muitos amigos por aqui?
Entrevistado: Sim.
E normalmente que fala isso são os de fora?
Entrevistado: São os de fora.
Pesquisadora: Você tem celular?
Entrevistado: Sim.
Pesquisadora: Você quem dividia com sua irmã, não era? Quando estivemos aqui na
primeira vez?
Entrevistado: Não.
Pesquisadora: Você lembra quem era?
Entrevistado: Não, não lembro.
Pesquisadora: Mesmo porque você só tem irmão não é?
Entrevistado: Não, eu tenho uma irmã e um irmão, mas como eles são mais velhos, cada um
teu seu celular.
Onde você estuda?
Entrevistado: Estudo no Pedro Moreira.
Pesquisadora: Você está em que ano?
Entrevistado: Estou no primeiro.
Pesquisadora: Você estuda de manhã, tarde ou noite?
Entrevistado: Eu estudo à tarde.
Pesquisadora: E agora está...
Entrevistado: Estou de férias.
Pesquisadora: Quando acabar o que você quer fazer?
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Entrevistado: Quero fazer vários cursos, curso de inglês, outras línguas e um emprego para
poder pagar minha faculdade.
Pesquisadora: Que fazer faculdade de que?
Entrevistado: Estou pensando em fazer Psicologia ou Turismo.
Pesquisadora: Inglês você já está fazendo?
Entrevistado: Não, vou começar em agosto.
Pesquisadora: E você pensa em trabalhar com o que?
Entrevistado: Meu primeiro emprego eu gostaria mesmo de trabalhar com comunicação. Eu
gosto de me comunicar com os outros, com público, telemarketing, eu acho legal.
Pesquisadora: Você faz parte há quanto tempo aqui?
Entrevistado: Desde fevereiro, entrei esse ano.
Pesquisadora: Porque tem um pessoal que vai passando de ano para ano?
Entrevistado: É, tem um pessoal que está aqui há muito tempo.
Pesquisadora: E o que você tem achado do projeto?
Entrevistado: Muito legal, não sabia que existia esse curso nem sabia que era tão legal, você
aprende várias coisas, vídeo, blog, essas coisas. Porque antes eu não sabia mexer em blog, aí
o Robson explicou tudo direitinho.
Pesquisadora: Você faz um blog?
Entrevistado: Faço.
Pesquisadora: No seu ou no da galera?
Entrevistado: No meu.
Pesquisadora: Qual é o nome, você pode falar?
Entrevistado: É loktalogspot.com.br
Pesquisadora: Pelo jeito faz tempo que você não atualiza?
Entrevistado: É, faz um tempinho que não atualizo porque agora estou sem internet e aí fica
difícil.
Pesquisadora: E aqui não dá?
Entrevistado: Ultimamente não está dando não, porque a gente está com muita coisa em cima
para fazer e como não tem espaço livre não dá. Só quando vou na lan house.
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Pesquisadora: Você freqüenta bastante lan house?
Entrevistado: Freqüento bastante.
Pesquisadora: Para que geralmente?
Entrevistado: Para falar com amigo na intranet, MSN, Orkut, só para isso.
Pesquisadora: E os amigos são de onde?
Entrevistado: Nossa, de Taubaté, de Goiânia.
Pesquisadora: E como você conhecer esse pessoal?
Entrevistado: O de Taubaté foi através de uma amiga, o de Goiânia foi através de bate-papo, a
maioria é através de bate-papo, de amigo adicionado no Orkut, aí começa a ser amigo.
Pesquisadora: E você já conheceu pessoalmente alguém?
Entrevistado: Não, então, o de Goiânia vai vir dia 23 para me conhecer.
Pesquisadora: Quantos anos ele tem?
Entrevistado: O de Goiânia? Ele tem 18 anos e o de Taubaté nós vamos marcar dia 26 para se
conhecer.
Pesquisadora: E vocês já se falam?
Entrevistado: Já nos falamos por telefone, já ligou a “cam” dele.
Pesquisadora: Telefone fixo ou celular?
Entrevistado: Celular, ele liga no celular.
Pesquisadora: Você não passou o telefone fixo?
Entrevistado: Eu passei, mas raramente ele me encontra em casa, então ele me liga mais no
celular mesmo.
Pesquisadora: E vocês ficam um tempão se falando no celular?
Entrevistado: Não muito tempo porque como é longa distância vai rapidinho, mas não fica muito
tempo não.
Pesquisadora: Você gosta?
Entrevistado: É legal falar com ele.
Pesquisadora: E você faz ligações?
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Entrevistado: Faço, quando minha mãe coloca crédito não dura uma semana porque começo a
mandar mensagem para eles também e para outras pessoas, ás vezes ligo também.
Pesquisadora: Você não está com seu celular aqui?
Entrevistado: Não, deixei em casa.
Pesquisadora: Eu ia te perguntar quais foram as últimas 10 pessoas para quem você
mandou mensagem.
Entrevistado: Ultimamente não ando mandando mensagem não.
Pesquisadora: Faz tempo que não coloca crédito?
Entrevistado: Faz tempo, vou colocar sábado só.
Pesquisadora: Você acha que o celular é para ser usado a qualquer momento ou tem
certos momentos que ele deve ser usado?
Entrevistado: Não, a qualquer momento eu acho. Como na comunicação e como no lazer
também.
Pesquisadora: Nós vemos que as pessoas usam muito para se divertir...
Entrevistado: É, o pessoal jovem. Em minha opinião, a pessoa que trabalha esquece, por
exemplo, minha mãe ela tem, mas não sabe usar todos os recursos, ela não sabe nada que
têm no celular dela, eu que vejo tudo. Ela só usa mesmo para atender chamada, do serviço,
essas coisas.
Pesquisadora: O seu celular tem vídeo, câmera, essas coisas?
Entrevistado: Tem, tem câmera, tem vídeo, tem rádio, entendeu. E eu uso de tudo, uso para
atender, tirar fotos, fazer vídeo, um monte de coisas.
Pesquisadora: Com qual idade você teve o seu primeiro celular?
Entrevistado: Com 13 anos.
Pesquisadora: Então faz só 2 anos?
Entrevistado: Isso.
Pesquisadora: É você ganhou?
Entrevistado: Eu ganhei, era da minha mãe, ela disse que não queria mais e peguei ele para
mim. Como eu era pequena, não tinha muitos contatos. Quando eu fiz 14 anos eu ganhei outro
que minha mãe comprou que deu até raiva, ela pagou R$ 500,00, quando foi na próxima
semana estava custando R$ 300,00. Nem contei para ela, senão ela iria brigar comigo, mas
nem contei.
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Pesquisadora: Então ela não sabe? É o que você tem atualmente?
Entrevistado: Não, já troquei. Aquele eu perdi, aí de presente de aniversário ganhei outro
celular.
Pesquisadora: E o número do telefone continua o mesmo?
Entrevistado: Não.
Pesquisadora: O que você acha de trocar número, você prefere continuar sempre com o
mesmo número ou não se importa de trocar?
Entrevistado: Não, eu acho legal até pelas promoções. Porque nem toda a operadora tem
promoções. Mas eu acho complicado porque a pessoa pergunta o seu número e você passa o
atual depois você troca e depois não como ela te achar depois, o problema é esse.
Pesquisadora: Você concorda que quem tem o celular melhor acaba se destacando?
Entrevistado: No meio jovem sim, porque na sociedade o pessoal fala: “-Olha, ele tem um
celular bacana, acabou de sair, ele dever ter dinheiro”, é isso que as pessoas vêem. Mas as
pessoas que tem mais idade não ligam tanto com isso, se importam mais em receber
chamadas.
Pesquisadora: E você acha que quem tem um celular melhor tem mais dinheiro?
Entrevistado: Acho que sim, porque celular não é tão barato assim se for um celular bacana.
Pesquisadora: E porque é importante mostrar que tem dinheiro?
Entrevistado: Não sei, acho que é coisa de capitalismo. Acontece no dia a dia.
Pesquisadora: Você acha que o pessoal acha ruim ser pobre?
Entrevistado: Não, não é questão de ser ruim, nem questão de ter vergonha, não sei te
explicar. Você a pessoa com um celular bacana e pensa “Nossa”. E que adianta você ter um
celular bacana se não tem roupa bacana, se não se mostra entendeu? Aí não adianta, acho
que a pessoa tem que ver primeiro como ela está, as condições da casa dela para depois
pensar no celular. O celular não é tudo na vida de uma pessoa, eu acho que é isso.
Pesquisadora: O dinheiro para colocar crédito vem de onde?
Entrevistado: Da minha mãe.
Pesquisadora: Sempre dos pais?
Entrevistado: Sim sempre, porque como eu não trabalho.
Pesquisadora: E é tranqüilo para sua mãe ou ela tem que economizar muito, como que
é?
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Entrevistado: Não, é tranqüilo para minha mãe.
Pesquisadora: Porque deve ser difícil para algumas famílias...
Entrevistado: É, deve ser difícil para colocar, mas para minha mãe é tranqüilo.
Pesquisadora: Você tem celular desde os 13 anos, o que mudou na sua vida desde que
você teve um celular?
Entrevistado: Não mudou muita coisa, acho que o celular não pode mudar uma pessoa assim.
Pesquisadora: Você acha que não muda?
Entrevistado: Eu acho que não. A questão só é da comunicação ou senão como os jovens
estão utilizando muito, é questão de lazer também.
Pesquisadora: Se você pudesse trocaria seu celular de novo?
Entrevistado: Trocaria.
Pesquisadora: Qual seria?
Entrevistado: É que são tantos, eu queria um que tivesse mais memória.
Pesquisadora: Você grava muita coisa?
Entrevistado: É, bastante. Porque se tem pouca memória, você vai gravando e chega uma hora
que está cheia e tem que apagar alguma coisa para gravar o que está fazendo naquela hora.
Pesquisadora: E para descarregar como é que faz?
Entrevistado: Tem que ter o cabo, eu ainda não tenho, aí eu passo pelo Bluethooth, pelo da
minha amiga que tem o cabo, aí eu pego do dela e passo e depois apago do dela.
Pesquisadora: E o que você faz com esses vídeos e essas fotos?
Entrevistado: Eu coloco no Orkut, os vídeos eu não passei ainda nenhum, mas as fotos eu
ponho tudo no Orkut.
Pesquisadora: Você trabalha?
Entrevistado: Não, no momento não.
Pesquisadora: Mas faz bico de vez em quando?
Entrevistado: Não.
Pesquisadora: Em média, qual é a renda mensal da sua família?
Entrevistado: É de dois salários mínimos.
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Pesquisadora: O que você faz para se divertir?
Entrevistado: Eu saio com os amigos, fico na internet, é lógico, porque é a coisa que mais
gosto de fazer, vou ao shopping, vou à festa, balada, é isso.
Pesquisadora: Sair com amigos você quer dizer ir ao shopping?
Entrevistado: É, festas.
Pesquisadora: E as festas são muito longe daqui?
Entrevistado: Nem todas, não são tão longe, porque se for muito longe aí minha mãe não
deixa, mas nem todas são tão longe.
Pesquisadora: Onde você costuma acessar a internet?
Entrevistado: Bom, eu costumava acessar em casa, mas agora estou sem internet aí eu vou a
Lan ou então acesso pelo curso.
Pesquisadora: Você acha que aqui no bairro tem bastante alternativa de atividade
cultural, esporte?
Entrevistado: Não.
Pesquisadora: Tem algum lugar que você freqüenta?
Entrevistado: Não.
Pesquisadora: Por que você tem celular?
Entrevistado: Porque eu ganhei de presente e porque eu tenho os meus contatos. Como eu
não paro muito em casa, e ficam ligando em casa e minha mãe não gosta aí ligam no celular e
conversa, por causa de mensagem também.
Pesquisadora: Como é sua relação com o celular, você sempre se esquece de recarregar
o celular ou sempre está com ele?
Entrevistado: Normalmente eu sempre estou com ele, sempre levo para onde vou, mas não
levo sempre não. Porque o Robson foi roubado vindo para o curso e achei melhor não levar.
Pesquisadora: E por que os jovens se interessam tanto por celular?
Entrevistado: Eu acho que porque está na vida de cada um, esta na mão de cada um tem um
celular mesmo não sendo bacana, mas tem um celular. Você pode ver que até criança agora
tem um celular e porque os jovens usam bastante para divertimento e não muito para
chamadas.
Pesquisadora: Você falou que tem uma amiga que tem o Bluethooth e você passa para o
dela para poder descarregar e vocês trocam músicas, jogos, programas?
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Entrevistado: A gente troca bastante música, fotos que tem no dela e não tem no meu que é da
galera.
Pesquisadora: O que você acha de poder conversar, jogar, filmar, fotografar, logar na
internet, assistir TV?
Entrevistado: Eu acho legal, fotografar é legal porque você registra o momento e não precisa
ter a câmera, se você tem o celular ele tem várias utilidades para fazer tipo um vídeo, tirar foto,
entrar na internet também, só que como eu disse, acessar a internet gasta e o crédito vai
rápido e a maioria não tem crédito.
Pesquisadora: Você acha que o celular pode ser usado como uma ferramenta de
organização de grupos?
Entrevistado: Para se comunicar para falar que está tendo uma festa, já aconteceu várias
vezes isso, a pessoa está em uma festa e me liga e pergunta se eu quero ir e liga para os
outros avisando.
Pesquisadora: Você costuma dar um toquinho no celular de alguém?
Entrevistado: Ah sim, quando não tenho crédito eu dou um toquinho e minha amiga retorna.
Pesquisadora: Você faz bastante isso?
Entrevistado: Faço bastante.
Pesquisadora: Mesmo com pessoas que tem o pré-pago?
Entrevistado: Mesmo assim, se tem crédito eu dou um toquinho ela vem e retorna.
Pesquisadora: Você já quis jogar seu celular na parede?
Entrevistado: Já, por causa de ligações chatas e dá vontade de jogar, mas um dia eu joguei
meu celular no chão de raiva do celular porque não conseguia ligar e joguei no chão.
Pesquisadora: Você conhece alguma gambiarra que o pessoal faz?
Entrevistado: Conheço a “diretinha”: você paga R$ 60,00 e fica falando 6 meses, aí depois de 6
meses tem que jogar o chip fora e trocar por outro.
Pesquisadora: E você já usou?
Entrevistado: Não, estou pensando em fazer no meu.
Pesquisadora: O fato de você ter um celular te traz alguma liberdade, o que você sente
em relação a isso?
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Entrevistado: Sim, é bom porque quando tenho que receber ligações de amigos não precisam
ficar ligando em casa para minha mãe ficar escutando a conversa, eu pego o celular, saio e vou
atender, é melhor.
Pesquisadora: À noite você fala?
Entrevistado: Eu atendo sim a noite e minha mãe não reclama não, porque como é celular eu
tenho privacidade, mas se for no telefone fixo, ela quer saber quem é.
Pesquisadora: E o contato com seus pais através do celular?
Entrevistado: Então, quando ela quer saber onde eu estou e quando eu saio, ela liga, mas eu
não atendo não.
Pesquisadora: E ela não fica brava?
Entrevistado: Não, ela pergunta por que eu não atendi e eu digo que não escutei.
Pesquisadora: Mas você tem que levar e geralmente ela te liga?
Entrevistado: Ela liga bastante, só que aí eu falo que não escutei porque estava muito barulho.
Pesquisadora: Você usa normalmente essa desculpa quando não quer falar com
alguém?
Entrevistado: Só com meus pais mesmo, porque sei que vão pedir para voltar para casa, aí eu
nem atendo.
Pesquisadora: E você chega a usar o telefone como desculpa, por exemplo: você está
em uma festa e um cara chega para falar com você e você finge que está falando no
celular?
Entrevistado: Nossa já aconteceu isso. Uma vez eu estava com minha amiga e ela disse que
iria fazer o celular tocar para que os meninos que estavam na nossa frente viessem conversar
com a gente. Aí o celular tocou e eles vieram conversar.
Pesquisadora: Ah, porque tocou o celular?
Entrevistado: É (risos).
Pesquisadora: Você disse que quando sai geralmente você leva o celular junto? E qual a
sensação de quando sai correndo e se dá conta de que você não pegou o celular e não
dá mais para voltar para pegar o celular? Qual a sensação?
Entrevistado: Ah, é ruim. Como eu não gosto de andar com relógio eu sempre vejo a hora no
celular ou alguém está ligando e aí eu esqueci. E também quando eu saio e minha mãe liga e
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quer saber por que não estou atendendo, aí eu tenho que ligar para ela para dizer onde estou a
que horas vou voltar e é difícil ficar pegando o celular dos outros e, às vezes, não tem orelhão.
Pesquisadora: Então é importante ter o celular por perto mesmo que sem crédito. Você
se sente mais segura?
Entrevistado: É sim, entre aspas sim.
Pesquisadora: Entre um celular bacana e um celular pós-pago, o que você preferiria?
Entrevistado: Um celular bacana, porque o pós é para quem trabalha, quem tem dinheiro
mesmo. Porque você está usando o celular e não noção de quanto está gastando, aí chega o
final do mês e vem a conta enorme para você pagar, aí fica difícil. Com o pré não, você põe
crédito quando você quer.
Pesquisadora: Você sabe quanto custa uma ligação do pré-pago
Entrevistado: Não, não tenho nem noção. De operadora para uma mesma operadora é mais
barato, mas de uma operadora para outra complica mais. Acho que é uns R$ 00,30 ou R$
00,50 centavos, não sei.
Pesquisadora: Só sabe que acaba rapidinho. Se fosse R$ 00,30 centavos seria bom. Mas
a ligação, pelo menos da Vivo, que eu sei 1 minuto custa R$ 1,49. Você sabe quanto
custa um SMS?
Entrevistado: Acho que R$ 00,30... acho que depende da operadora, acho que é R$ 00,30 ou
R$ 00,50 centavos, não é, R$ 00,35 centavos?
Pesquisadora: R$ 00,31.
A.3.5. Encontro – Análise dos dados dos cadernos de enquete
O objetivo do encontro de hoje e a gente fazer uma reflexão das informações que vocês
pegaram fazer o que a gente chama de análise de dados, ai eu vou fazer uma introdução e
depois acho que o Robson vai continuar trabalhando com isso da questão da web radio, como
e que a gente pega e transforma isso em informação que a gente divulga na internet na radio
comunitário esse tipo de coisa, eu vi algumas sistematizações que vocês mandaram eu não
consegui, pois o cd travou em todos os computadores que coloquei, mas eu consegui ver
algumas tabelas que vocês enviaram.
A primeira coisa que eu vou dar para vocês da sistematização dos dados coisas que vocês já
sabem, para ter uma noção de um todo, nos temos que juntar as contribuições de todo mundo
coletou numa mesma tabela, então cada um fazendo individualmente, mas para nos termos
uma noção quantas pessoas no final vocês acabaram entrevistando aqui no bairro.
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No total foram entrevistadas 56 pessoas do bairro mais. Bom vocês entrevistaram 56 pessoas
isso aqui não e pouco não para fazer uma pesquisa, só que a gente só vai chegar a ter uma
conclusão depois que juntar todo mundo, e o importante também é as respostas repetidas que
eu havia falado, teve gente que passou no mesmo lugar, que estuda no mesmo lugar.
Pesquisadora: O que vocês olhando chama atenção? As respostas do caderno?
Entrevistado: As pessoas não leram, e copiavam as respostas uma das outras.
Pesquisadora: Em media olhando as resposta vocês diriam que as pessoas que
responderam... Deste caderninho tem quantos anos?
Entrevistado: Em media de 15 a 19 anos.
Pesquisadora: Não estou perguntando o mínimo ou Maximo e sim a media?
Entrevistado: De 15 a 20.
Pesquisadora: Pode se dizer que a gente não pesquisou, foi especifica se conseguimos
dizer isso aqui foi focado numa media, não podemos falar que pegamos o bairro inteiro e
sim um publico especifico do bairro, então a gente ta falando do uso do celular para
essas pessoas aqui, por mais que tenham algumas pessoas aqui destoam.
Pesquisadora: Você tem celular sim ou não? O que vocês tiram de conclusão?
Entrevistado: Hoje em dia quase todo mundo tem celular.
Entrevistado: A maioria.
Entrevistado: O engraçado aqueles que responderam que não tinha, não respondeu mais nada
do caderno, também as perguntas foram feitas para as pessoas que tem celular, o caso para
quem acha o celular ideal, o que acha que tem que melhorar especialmente para quem tem
celular.
Pesquisadora: Mas qual a opinião que você ia dar?
Entrevistado: Não e essa mesmo.
Pesquisadora: O que vocês acham essas pessoas que falaram que tem celular... Tem
celular há muito tempo?
Entrevistado: Não, em media de um ano.
Pesquisadora: Pouco tempo de qualquer forma?
Entrevistado: É.
Pesquisadora: Ai que vem analise, porque vocês acham que essas pessoas têm
celulares há pouco tempo?
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Entrevistado: A maioria das respostas por que são descuidados, porque um monte de gente La
estava escrito perdi e tenho outro, quebrei e tenho outro, agora tem celular com câmera hoje
todo mundo quer celular com câmera, tira foto, filma, hoje ta muito fácil comprar celular tem
celular de R$ 50,00.
Entrevistado: Você viu o iphone Marcos, vi no jornal.
Entrevistado: Esta saindo um novo parece que você leva o velho e pega um novo
Pesquisadora: Vocês vêem esse tipo de comportamento?
Entrevistado: Já vi, tinha pessoa com dois meses de celular para vender para comprar um
melhor.
Entrevistado: Eu deixo baixar o preço para comprar.
Pesquisadora: Vocês acham que essa e única explicação, que as pessoas têm celular há
pouco tempo porque são descuidados?
Entrevistado: Porque o mercado de celular esta crescendo há pouco tempo, antes era muito
caro e a pessoa não tinha condições de comprar hoje em dia não.
Entrevistado: Ou também porque precisa, antes era luxo e agora não e mais.
Entrevistado: O celular e essencial.
Pesquisadora: E essencial por quê?
Entrevistado: Ate o modo de você conseguir se comunicar ate os pais controlar o filho ou às
vezes não, eu estava vendo uma reportagem esses dias “Que você acha que o celular deixa
seu filho independente ou você controla mais a vida dele”. Eu acho que fica independente
eu tenho para mim que o pai não tem como controle das ligações que ele faz e ate essencial
para os pais controlar o filho, ate a empresa da celular para se comunicar de um lado para o
outro e uma coisa que esta crescendo cada vez mais para o mercado de trabalho.
Pesquisadora: Qual a importância do celular na sua vida? Vocês acham que tem padrão
de respostas as pessoas entenderam e responderam a mesma coisa?
Entrevistado: A maioria disse que para se comunicar, para não se perder, avisar para o pai a
hora que vai chegar, quando sair e avisar para o pai, alguns falam que vai tirar foto, colocar no
Orkut.
Pesquisadora: Não entendi como falam?
Entrevistado: Algumas pessoas falam se eu perder fala isso, mas nunca se perde.
Pesquisadora: Que mais de importância que acha que serve de padrão?
Entrevistado: Tira foto, o padrão mesmo foi à comunicação, e o que todo mundo quis colocar
porque você acha que todo mundo tem pré-pago para comunicar a maioria não e não e só para
não pagar conta só ligam a cobrar, pois não tem credito.
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Pesquisadora: Porque que a galera fala que celular e importante para se comunicar e a
maioria tem pré-pago, e normalmente sem credito?
Entrevistado: E por causa quem sempre coloca e pai e mãe. Bom olha só o cara comprar o
celular pré-pago se eu não colocar credito não vai ter problema, pois se eu não colocar credito
vão cancelar a linha, mas não cancelam, e eles estão fabricando tudo com câmera para ficar
tirando foto, e normalmente o pré-pago a comunidade compra e muitas vezes não tem dinheiro
e quando tem dinheiro ai coloca assim mesmo, mas nem sempre, pois acaba tendo que gastar
com outra coisa, eu acho que o pré-pago veio para facilitar a vida para que tem pouco dinheiro,
para o mais humildes.
Pesquisadora: Mas mesmo assim a gente não consegue explicar vocês percebem...
Porque as pessoas acham que o celular e importante para se comunicar, mas elas não
conseguem se comunicar e continuam achando que e importante para comunicar? Por
quê?
Entrevistado: Faz a pergunta de novo.
Pesquisadora: Porque as pessoas falam que o celular e importante para comunicar, mas
elas não se comunicam porque elas não têm dinheiro, porque elas continuam achando
que e para comunicar, mas não tem dinheiro para comunicar?
Entrevistado: Porque eles não ao carregar o telefone fixo no bolso à realidade essa.
Entrevistado: Mãe como à senhora não sabe onde eu estou então me da um celular com
câmera de preferência e mp3.
Pesquisadora: Então vocês acham que e desculpa para ganhar o celular?
Entrevistado: Isso para enganar a mãe.
Entrevistado: O bom e a primeira ligação que você faz o bônus acabam tudo.
Pesquisadora: Então vocês percebem que às vezes as pessoas afirmam certas coisas e
mais não fazem?
Entrevistado: Sei La e para sair bem na entrevista.
Pesquisadora: Mas se elas não usam celular para comunica então e para que?
Entrevistado: Tirar foto, jogar se exibir.
Entrevistado: Coloca no bolso que celular da hora, mas não tem credito e você vai pagar
prestação, mas não tem credito, pois o dinheiro do credito e para pagar prestação.
Pesquisadora: E porque e importante ter um celular bonito?
Entrevistado: Pega o celular bonito e coloca no bolso e entra no metro e na hora que vai ver foi
roubado.
Entrevistado: Ate a comunidade impõe isso.
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Entrevistado: A maioria e para dar inveja nos outros.
Pesquisadora: Então a idéia e para você não dar inveja nos outros e não pode mostrar?
Entrevistado: E o medo de ser roubado.
Entrevistado: Ai toca abre o celular atende e depois o deixa na mão, da um de boy.
Pesquisadora: Então da para dizer assim que e para causar inveja para um determinado
grupo de pessoas?
Entrevistado: Da escola.
Entrevistado: Agora se for um rico vai causar inveja porque ele e rico.
Pesquisadora: Qual e vantagem para quem tem um celular bom?
Entrevistado: E mais memória.
Pesquisadora: Qual e vantagem que a pessoa ganha de ter um celular bacana?
Entrevistado: Tem mais memória, a imagem e melhor, filmar mais tira mais foto.
Pesquisadora: Não quero saber do celular e sim da pessoa? Qual a vantagem que ela
leva?
Entrevistado: Mais diversão.
Entrevistado: Ele e visto com um cara que esta na moda, que sabe o que usar.
Pesquisadora: Então vocês acham que celular da destaque para a pessoa? Da destaque
na escola?
Entrevistado: E isso ai.
Pesquisadora: Pega mais garota?
Entrevistado: Sim e não.
Entrevistado: Não pega, pois não tem roda se tivesse roda pegava.
Pesquisadora: Não entendi?
Entrevistado: Tem um cara excluído ele não conversa com ninguém se ele tem celular bacana
algumas vão conversar com ele por causa do celular.
Entrevistado: Precisa não se tiver uma moto.
Pesquisadora: Isso e interessante você acham que o celular não faz diferença, mas carro
faz diferença sim?
Entrevistado: Com certeza e muito.
Entrevistado: Carro, moto ate eu com skate vai.
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Pesquisadora: Então a gente pode falar assim que pessoas falarem celular e importante
para se comunicar, na verdade no fundo o celular e importante para?
Entrevistado: Para se mostrar, praticamente 99% para se mostrar, pois as pessoas estão
metidas.
Pesquisadora: Vocês conhecem alguém que tem pós-pago?
Entrevistado: O meu tio.
Entrevistado: Minha mãe.
Entrevistado: Minha amiga, mas ela usou tanto que o nome dela esta SPC.
Pesquisadora: Diz-me uma coisa quem consegue causar mais quem tem pré-pago ou
pós-pago?
Entrevistado: Quem em pós-pago.
Entrevistado: Quem tem celular modelo Nextel.
Entrevistado: Qual celular que você tem? A pessoa responde pós-pago.
Entrevistado: Hoje em dia e engraçado todos perguntam se você tem credito e não se o seu
celular e pré-pago.
Entrevistado: Só quem em pós-pago e quem trabalha, pois a maioria das adolescentes que tem
celular e pré-pago.
Entrevistado: O celular que não chama atenção e o Nextel, mas ele alcança não sei qual
distancia.
Pesquisadora: Tem alguém que concorda com o Douglas que e melhor ter um celular
pós-pago do que ter um celular bacana?
Entrevistado: Não.
Entrevistado: Depende, se a pessoa quer trabalhar e bom pós-pago.
Entrevistado: Depende da pessoa.
Pesquisadora: Então vocês acham que o fato de ter pós-pago esta ligado ao trabalho?
Entrevistado: Ao trabalho ou se ele e filho e papai.
Pesquisadora: Então quem realmente quer se comunicar tem um pós-pago e isso?
Entrevistado: Quem realmente quer se comunicar a vantagem para ele e pós-pago.
Pesquisadora: Para maioria aqui o mais vantajoso e ter celular bacana pelo que eu
percebi?
Entrevistado: Isso.
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Pesquisadora: Então nos pensando em fazer uma reflexão sobre a pergunta de qual a
importância do celular na vida... E essa pergunta você achou algum celular qual foi sua
reação... Tem muita gente que achou um celular?
Entrevistado: Não.
Entrevistado: A minha prima.
Entrevistado: A minha madrinha achou e devolveu o celular.
Pesquisadora: Então não e comum?
Entrevistado: Não.
Entrevistado: A minha Irmã perdeu.
Entrevistado: Se eu tivesse achado já teria vendido.
Pesquisadora: Não e comum achar celular, mas e comum perder?
Entrevistado: Se eu achasse primeira coisa que ia fazer jogar fora o chip.
Pesquisadora: Sempre tem gente que deixa celular no ônibus?
Entrevistado: Alguns.
Entrevistado: O povo só deixa cair àqueles celulares grandes modelos antigos.
Entrevistado: E simples são os mais pesados.
Pesquisadora: O que as pessoas responderam se acharem o celular ia gostar ou não?
Entrevistado: Muita das pessoas entrevistas entregou e só uma ficou
Pesquisadora: Qual foi a sua reação do seu primeiro celular?
Entrevistado: A maioria respondeu que legal.
Entrevistado: O meu amigo disse que a emoção foi igual quando ele ganhou a primeira
bicicleta dele.
Entrevistado: Primeiro ele fala legal depois de dois meses ele fala que droga.
Entrevistado: Quando eu comprei um parecido meu antigo TIM ele custava uns de R$ 700,00
depois de duas semanas ele caiu para R$ 400,00 fiquei com raiva não porque ele era feio e
sim que eu paguei tão caro e ele ficou barato.
Entrevistado: O meu paguei R$ 500,00 e depois de uma semana ele baixo para R$ 300,00.
Entrevistado: O meu R$ 400,00 e hoje ele nem existe mais.
Entrevistado: O meu R$ 500,00 e agora R$ 400,00.
Pesquisadora: Vocês acham que a maioria das pessoas não está falando de vocês e sim
as respostas, sente felizes e empolgadas no primeiro momento e depois se
desinteressam?
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Entrevistado: Na lógica, cada dia esta saindo celular mais novo, ou seja, as pessoas compram
sabendo que vai sair um melhor que o dele, então ele vai ficar sabendo que depois de um
tempo o dele não será tudo aquilo.
Pesquisadora: Você conhece todos os recursos do seu celular? Cite três.
Entrevistado: A maioria só conhece os básicos.
Entrevistado: Vídeo, câmera e mp3 só e jogo nem jogo estão jogando mais.
Entrevistado: Poucas pessoas falaram lista de contato, sms, mms poucas citaram o meio de
comunicação a maioria esqueceu.
Pesquisadora: Tem algumas perguntas quando a gente vai analisar interessante vê o
que destoa. Por exemplo: todo mundo citou o que vocês falaram vídeo, câmera e mp3.
Alguém citou internet que conhece internet?
Entrevistado: Não.
Entrevistado: Alguns sabem que tem, mas não acessa.
Entrevistado: Você coloca R$ 10,00 e acessa na hora que vê acabou os créditos.
Entrevistado: Eles respondem que tem quando alguém pergunta se tem.
Pesquisadora: Quais são os recursos que as pessoas mais usam?
Entrevistado: Câmera, vídeo, mp3 algumas coloca radio, pois não tem mp3.
Pesquisadora: E o que menos usa?
Entrevistado: Ligações, mensagens, sms, mms.
Entrevistado: Tudo que eles não utilizam e o que eles têm que pagar.
Entrevistado: O que eles não utilizam que e gratuito e o Rec.
Pesquisadora: Como você utiliza o celular no dia-dia?
Entrevistado: Escutando musica, tirando foto, atendendo chamada.
Entrevistado: No meu caderno responderam só como despertadores.
Pesquisadora: O que o celular ajuda ou atrapalha no seu dia-dia?
Entrevistado: Na escola quando atende.
Entrevistado: No trabalho, no transito.
Entrevistado: Na hora da festa liga mãe e pai dizendo volta para casa.
Pesquisadora: Vocês acham que as pessoas que mais atrapalha ou mais ajuda?
Entrevistado: Ajuda.
Pesquisadora: A função vídeo que vocês perguntaram especificamente as pessoas usam
os vídeos em quais momentos?
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Entrevistado: Quando estão juntos com a galera.
Entrevistado: Quando não tem nada para fazer.
Entrevistado: Para se divertir.
Entrevistado: Registrar alguns flagra.
Pesquisadora: Isso apareceu?
Entrevistado: Apareceu, a menina namora o cara e ele a trai e a amiga vai e pega o celular se
ela for inteligente grava e mostra para amiga, ele vai falar que não foi ai mostra para ela.
Pesquisadora: Vocês acham que celular muda algo ou alguém? O que vocês acham?
Entrevistado: A maioria falou que sim.
Entrevistado: Algumas disseram que celular sobe a cabeça.
Entrevistado: Ganhou celular que tira foto e grava tantas horas se acha o tal.
Entrevistado: No começo muda sim, mas depois acostumou com celular vira rotina.
Pesquisadora: Então a maioria respondeu que sim que muda?
Entrevistado: Sim.
Pesquisadora: Vocês conhecem pessoas que perderam a vida que reagiram num assalto
de celular?
Entrevistado: Não.
Pesquisadora: Sua vida mudaria sem celular? De um exemplo:
Entrevistado: Algumas disseram que não.
Entrevistado: Algumas disseram que sim em relação ao trabalho.
Entrevistado: Que sem celular não teriam nada para fazer.
Pesquisadora: Quem respondeu que sim tem o lance de não ter nada para fazer?
Entrevistado: Sim.
Pesquisadora: Mais alguma coisa?
Entrevistado: Se comunicar em relação ao serviço.
Entrevistado: As pessoas que falaram isso foram mínimas.
Entrevistado: Só quem trabalha que utiliza para comunicação.
Pesquisadora: E de jogar na parede? Então vocês acham que as maiorias das pessoas já
tiveram essa e a sensação de vocês que as respostas e que já tiveram vontade de jogar
o celular na parede e não joga porque e caro?
Entrevistado: Sim.
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Pesquisadora: Qual celular seria ideal para vocês acham que tem padrão nessas
respostas?
Entrevistado: Teve, o que tem mais memória, que filma mais tempo, que tira mais foto e que
agüenta mais musicas e a que tem a melhor câmera, imagem melhor, tem flash, tela maior.
Pesquisadora: Vocês acham que ideal das pessoas seria esse?
Entrevistado: Tira foto ate a noite com flash, filma 3 horas e agüenta mais de mil musicas e se
estivesse custando mais de R$ 3000,00 todo mundo se virava compra mesmo que ficasse
pagando durante quatro anos.
Pesquisadora: Porque você Alexandre que se virava para comprar o celular que gravava
13 horas?
Entrevistado: Porque o pessoal quer mais se aparecer, se te mais quer dizer que e mais caro
se e caro então a pessoa pode mais que as outras.
Pesquisadora: De quanto em quanto tempo você carrega o seu celular e quanto põem de
credito o que vocês acham?
Entrevistado: Um falo que coloca de três em três meses.
Entrevistado: O meu amigo coloca toda semana, 10 reais toda se mana.
Entrevistado: Eu coloquei só quando eu comprei o meu celular deste de fevereiro.
Pesquisadora: Então a gente pode pensar em analisar essa resposta de forma diferente
invés de pensar e analisar o que e comum a gente pode pensar o que não e comum,
comum e as pessoas carregar o celular nunca muito alto? Todo mundo recarrega um
momento?
Entrevistado: De três em três meses.
Pesquisadora: De onde vem à grana para carregar?
Entrevistado: Dos pais.
Pesquisadora: E quando os pais não podem?
Entrevistado: Ai a gente tem que trabalhar.
Entrevistado: Catar latinha vender papelão pegar com amigo, faz alguma coisa para avó.
Pesquisadora: Faz um bico?
Entrevistado: É
Pesquisadora: E essa coisa do bloqueado o que vocês acham? A maioria dos celulares e
bloqueados ou não?
Entrevistado: São bloqueados.
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Entrevistado: Desbloqueado e difícil viu.
Entrevistado: Só se a pessoa desbloquear mesmo.
Pesquisadora: Se desbloquear o celular nos podemos trocar o chip e fazer ligação mais
barato?
Entrevistado: Pode.
Pesquisadora: O que a galera não desbloqueia e fica trocando de chip toda hora?
Entrevistado: Porque esse povo são todos burros.
Entrevistado: Bom estou com o meu uns três meses eu só posso desbloquear com um ano.
Pesquisadora: Porque você acha que não compensa?
Entrevistado: Por causa do chip.
Entrevistado: O chip custa R$ 25,00.
Entrevistado: Você troca o chip e fica com dois e vai passar dois números e complicado.
Pesquisadora: Foi lançado um celular agora com dois chips ai você escolhe qual vai
usar e você recebe ligação dos dois, você coloca os dois chips ao mesmo tempo, mas
não sei se tem os recursos que vocês gostam.
Pesquisadora: Você já usou celular em local não permitido?
Entrevistado: Na escola.
No banheiro do trabalho.
Entrevistado: Porque a galera usa na escola?
Entrevistado: Irrita o professor, em dia de prova então, não tem jeito quando alguém liga você
da um jeito e continua a falar com a pessoa.
Pesquisadora: Depois de tudo respondido o que você diria sobre o celular?
Entrevistado: Que muito importante.
Entrevistado: Alguns disseram que celular e algo a mais.
Entrevistado: Ou celular e essencial para vida.
Pesquisadora: Você gostaria de participar de uma conscientização na comunidade o que
a maioria acha?
Entrevistado: A maioria respondeu que não.
Entrevistado: A maioria tem vergonha.
Pesquisadora: Porque vocês acham que rola essa vergonha?
Entrevistado: Falta de vontade, preguiça.
Pesquisadora: Vontade do que?
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Entrevistado: Sei La, o povo só faz alguma coisa se tiver benefícios.
Entrevistado: Todo mundo só faz as coisas em beneficio próprio.
Entrevistado: Se você falar eu vai dar dinheiro vem todo mundo.
Pesquisadora: Se for falar que vai arrumar o bairro? Essa coisa do lixo que vocês estão
fazendo?
Entrevistado: Os velhos que vão gostar os novos não.
Pesquisadora: Boca livre atrai?
Entrevistado: Se tiver marmitex todo mundo vem.
Entrevistado: Dinheiro, comida eles vem.
Entrevistado: Trás um caminhão de cesta básica para você ver.
Pesquisadora: Então vocês acham que e assim chegar para a galera do bairro seus
colegas seus amigos essas pessoas que vocês passaram no caderno, virar e falar da
proposta da correria digital que vocês estão trabalhando hoje, vamos nos reunir para
pensar m alguma coisa que pode fazer de bom para o bairro, vocês acham que só pelo
fato de melhorar a vida do bairro ninguém se mexe?
Entrevistado: Poucos vão.
Entrevistado: De 100 vão cinco ou menos
Pesquisadora: Mas porque vocês acham que as pessoas não gostam ou acham que não
tem nada para melhorar aqui?
Entrevistado: Geralmente eles não param para pensar a única coisa que eles param para
pensar o que vão receber alguma coisa em troca.
Entrevistado: O que eu vou ganhar eles nem pensam se será bom para mim ou para as outras
pessoas.
Pesquisadora: Mas isso não tem nada a ver achar aqui um lugar bacana ou que não tem
nada para melhorar?
Entrevistado: Eles pensam neles e não no lugar que eles moram e isso.
Entrevistado: Eles pensam mais em si próprios.
Entrevistado: Ai você pergunta para eles se eles querem participar e vai ser amanha ai eles
respondem a não tenho que sair.
Pesquisadora: Será que porque não vêem resultado?
Entrevistado: Em partes.
Entrevistado: Mas se da resultado ninguém liga.
Entrevistado: A maioria do pessoal e assim sem você faz alguma coisa de inicio eles não
querem, mas se eles virem que da resultado ai vem de pouco em pouco.
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Pesquisadora: Da correria digital as pessoas verem que as campanhas que vocês estão
fazendo esta dando resultado ai vocês acham que e capaz de outras pessoas quererem
ajudar?
Entrevistado: Por exemplo, um curso, quando ele começa quase ninguém vai vir por achar que
e chato caso começa a vir mais gente vão achar que e legal e vão chama as pessoas ate
começar a gostar, se gostar.
Pesquisadora: Posso falar que depende mais da galera?
Entrevistado: Sim.
Pesquisadora: Do animo da galera envolvida?
Entrevistado: O curso aqui tem muita gente que vem por causa da comida.
Entrevistado: O ideal seria ser obrigado.
Pesquisadora: Qual nota você daria para o celular o que as pessoas responderam?
Entrevistado: Tem muita gente mentirosa.
Entrevistado: A maioria deu 10.
Entrevistado: 10.
Entrevistado: A maioria que deu 10 copiou a resposta do outro.
Pesquisadora: Isso entra em contradição, pois todo mundo acha seu celular nota 10,
mas gostaria de ter outro?
Entrevistado: Isso
Entrevistado: Eu dou sete no meu.
Entrevistado: Eu seis porque o meu a câmera e ruim.
Pesquisadora: E as pessoas toparam participar da entrevista de áudio e vídeo?
Entrevistado: Não.
Pesquisadora: Então esbarra na questão da vergonha?
Entrevistado: Sim.
Pesquisadora: Beleza qual seria o processo ideal para fazer isso essa discussão que nos
fizemos. Juntar todas as respostas em uma única tabela, e a gente olhar todas as
respostas e colocar as resposta na vertical e ver se todo mundo respondeu e depois
processar. 25 deram nota 10, os outros 30 deram nota mil e os outros seis não sei. Ideal
seria te feito assim desde o começo.
Pesquisadora: Eu quero saber da web radio e uma coisa que vocês querem fazer?
Entrevistado: E.
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Pesquisadora: O que e noticia galera?
Entrevistado: E o que sai no jornal, revista.
Pesquisadora: Então esta no meio da comunicação?
Entrevistado: Isso.
Pesquisadora: Tudo que sai no jornal, revista e radio e noticia?
Entrevistado: A maioria, a revista fala mais das pessoas.
Entrevistado: Esse aqui e um jornal da comunidade, fora noticia o que ele tem de uma olhada?
DA uma folhada no jornal.
Entrevistado: Anúncios.
Entrevistado: Curiosidades.
Pesquisadora: Vamos pensar na radio fora anuncio, noticia o que mais tem na radio?
Entrevistado: Musica entretenimento, piada.
Pesquisadora: Para pensar em montar uma radio, o que a gente tem que pensar e uma
combinação disso da não são não, tem que pensar no meio, no conteúdo e tem que
pensar no publico, mas hoje nos iremos trabalhar só com o conteúdo e dentro do
conteúdo só uma parte que e a noticia certo.
Pesquisadora: Diz-me uma coisa se um cachorro morde alguém e noticia?
Entrevistado: Depende.
Entrevistado: Se virar fofoca e noticia.
Entrevistado: Se for pitbull e noticia se for shuaua não e noticia
Pesquisadora: O que vocês acham que e mais noticia cachorro comum sem serem esses
específicos e noticia o cachorro morde um homem ou um homem morde um cachorro?
Entrevistado: O homem morder o cachorro.
Pesquisadora: O que rola o que e noticia, e o que tem impacto diferente que não e
comum, o que foge a regra o que foge do cotidiano o que acontece todo dia, não preciso
anunciar, João acordou 06h00min horas da manha e foi esperar o ônibus e o ônibus
estava lotado deixou passa o primeiro ônibus, pois o ônibus estava lotado puxa vou
chegar atrasado ao trabalho e preciso entrar de qualquer jeito, pois demora duas horas
para chegar ao parque Dão Pedro ai chega ao trabalho e ele vai montar a peça do carro
ai da 12h00min dia toca o sinal ai ele vai comer e ele volta do almoço com sono o que
aconteceu de diferente, porque isso seria noticia?
Entrevistado: Porque a peça que ele estava montando caiu no pé dele.
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Pesquisadora: Se cair no pé dele vira noticia. Pode ser noticia dependendo do publico.
Isso tem interesse para toda sociedade.
Entrevistado: Não.
Entrevistado: Talvez não, mas dentro da empresa.
Pesquisadora: Mas quebrou o osso do pé dele ai vira noticia, porque noticia esta sempre
ligada a isso.
Entrevistado: Se a fabrica explode.
Pesquisadora: Se a fabrica explode sendo problema para fabrica e para a cidade, então
vocês têm que pensar em quem vocês. A gente acabou de fazer uma pesquisa aqui com
as pessoas da comunidade, como e que a gente transforma isso numa noticia, o que
vocês olhando ai o jornal o que vocês diriam fazer isso virar uma noticia. Com isso aqui
com os negócios do celular.
Pesquisadora: A pesquisa que vocês fizeram revelou o que?
Entrevistado: Que as pessoas não têm muito interesse.
Entrevistado: Colocar no trabalho celular e trabalho ou diversão isso que esta pegando nos não
sabemos se celular e um objeto de trabalho ou como objeto de diversão, eu acho que mais
pegou nesse trabalho.
Entrevistado: Você quer a noticia na questão do celular.
Pesquisadora: Da pesquisa o que vocês fizeram que mais chamasse atenção, mais
diferente que interessaria para o pessoal daqui?
A maioria dos jovens usa mais celular aqui do que pessoas
Pesquisadora: A pesquisa não diz isso?
Entrevistado: Não.
Pesquisadora: Porque vocês só pesquisam jovens praticamente de 15 a 20 anos?
Entrevistado: A pesquisa revela que o celular ser usado mais para comunicação ele e mais
usado para diversão.
Pesquisadora: Então nos temos uma noticia?
Entrevistado: Sim.
Entrevistado: Então a pesquisa revela que ao invés do celular ser usado por jovens para
comunicação do jovem da Santa Inês, é usado para diversão isso ficou uma frase muito grande
não da para colocar em manchete, vamos analisar como um texto e tem um segredinho que
você vai ao jornal como a gente monta uma matéria muito importante que precisa ter o básico
da noticia isso serve para tanto radio teve ou impresso, isso que eu vou falar agora tem que
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71
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
responder a cinco ou seis respostas que em inglês a gente fala cinco ou seis a gente fala em w
em inglês começa tudo com w, mas aqui não começa com o que, quem, quando, onde e
porque normalmente e seguido por isso aqui a ultima pergunta que a gente responde o que
daqui a pesquisa certa, então pesquisa com jovens.
Entrevistado: A gente coloca aqui pesquisa foi realizada nos meses de maio e junho pelos
jovens da inclusão digital, em Santa Inês, para saber interesse das pessoas sobre o celular.
Entrevistado: Vocês percebem que conforme vou escrevendo mostra como esta sendo feito
vamos, mas como foi feito vamos detalhar mais gente.
Entrevistado: Como vocês fizeram a pesquisa?
Entrevistado: Os jovens da inclusão saem na comunidade para pesquisa.
Entrevistado: Eles saíram pela comunidade fazendo uma enquete.
Entrevistado: A principal conclusão e que e ai a gente volta para cá.
Entrevistado: Veja segundo Antonio isto também acontece no impresso o celular não e usado
para fazer ligações por causa do preço.
Pesquisadora: Se vocês tinham uma visão do celular e agora tem outra ou continuou a
mesma coisa, se vocês acham que o celular poderia ser usado de outra maneira?
Entrevistado: Para mim confirmou o que eu já sabia.
Entrevistado: Que o pessoal só usava o celular para diversão e se mostrar.
Pesquisadora: Vocês usariam o celular de um modo diferente?
Entrevistado: Eu acho que nos tivemos outra visão sim.
Entrevistado: A partir do momento da primeira visita de vocês aqui e falaram do vídeo ação nos
começamos a fazer nos sabíamos que existi vídeo anônimo, não com essa visão de vídeo ação
quer dizer vídeo de bolso logo nos primeiros dias nos começamos a brincar-nos já tínhamos,
mas não sabíamos como funcionar, ai vocês falaram que tinha vídeo feito de bolso, apesar de
não ser vídeo de bolso, pois vídeo de bolso tem 5 segundos ai nos fazemos colocamos no
yotube.
Pesquisadora: Qual o nome?
Entrevistado: Nada para fazer numa tarde louca
Pesquisadora: Mas vocês fariam um uso diferente do celular?
Entrevistado: Agora não, pois estou usando mais, mas alguns fazem entrevistas eu faço
entrevistas professoras, alunos.
Entrevistado: Individualmente você olha o que esta aconteceu ali no momento gravar e mostrar
para os amigos o que aconteceu ate mesmo ter criatividade, aumentou mais a nossa
criatividade por causa do valor ou do rec., brinco demais com ele para mim mudou.
Entrevistado: Para mim não mudou nada.
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72
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Entrevistado: Se nos fizermos um projeto aqui e tivesse uma proposta de uso de celular para
cidadania como e que seria esse projeto, teria um site e você usasse um Google Max e poder
ligar para um 0800 ou senão você pudesse ligar ou senão as pessoas tivessem credito para
ligar e mandar sms e postar isso num blog, mas com questões referentes ao bairro e questões
diferentes sobre cidadania, por exemplo, a questão do lixo vocês falando do lixo ou falando dos
cuidados que tem que ter quando tem a obra para que não se crie mais rato, vocês acham que
e umas coisas que vocês topariam fazer vocês pegariam o celular se fosse de graça para ficar
contado para ficar falando e chamando atenção para algumas coisas daqui do bairro para
postar no bairro e que isso virasse um documento para os políticos que vai ter eleição esse
ano, de quais são as necessidades do bairro?
Entrevistado: Sim.
Entrevistado: Legal.
Pesquisadora: Você não compraria um celular para isso?
Entrevistado: Tenho um pequeno problema muitos aqui vão cancelar e para comprar eu não
tenho dinheiro não.
Entrevistado: Vamos falar a verdade agora, você compra o celular hoje em dia por R$ 50,00
não um celular que vai ter câmera.
Entrevistado: Vocês acham que o problema e comprar o celular qual a idéia usar o celular e
para que vocês passassem na rua e filmassem e passar e com isso agilizar a dinâmica e
tirasse foto de registrar o momento por isso à idéia de usar o celular, mas pode usar o orelhão.
Entrevistado: Aqui não tem muito orelhão o mais perto daqui fica em barzinho aqui em cima.
Entrevistado: Mas a principio e uma idéia que agradaria?
Entrevistado: Sim, pois poderíamos ajudar a comunidade.
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73
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A.4. Perguntas elaboradas pelos jovens na pesquisa-ação
Nome?
Fabio Braga dos Santos
Idade?
20
Telefone?
25450323
E-mail?
Não tem
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
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Não
Por que perti
Atualmente nenhuma
Nunca achei
Boa
Conhecia
Eu mais usava o radio menosmensagens
Ligando pra outras pessoas
A fala com pessoa atrapalha quanto eu quero não ser incomotado
Não
Não que eu saiba
74
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe de
crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Não
Não
O que tem muita memoria
De 15 é 15 dias e cologava
Sim
Não
Muitas
Util
Não
7,5
Não
karina aparecida barbosa
Idade?
17 anos
Telefone?
9285-2837, 2544-1773
E-mail?
[email protected]
Você tem celular; sim ou não?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
sim
75
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe de
crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
6 meses
sem o cel. Eu não viveria
não
ficou muito feliz e emocianada
bluetooth , camera e video.
camera e ligações
fotos e escutando musica.
ajuda muito
sim nos momentos de zueira.
pode deixar algumas pessoas metidas
sim, eu ficaria muito triste
sim, porq ele ficava desligando sozinho.
o novo soni ericson
5 meses, 15 reais.
não
sim na escola, escutando musica.
63 pessoas
ele é essencial na minha vida.
76
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
sim
9
sim
Jaqueline da silva oliveira
Idade?
18 anos
Telefone?
7695-4884, 65452887
E-mail?
[email protected]
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
sim
2 anos
praticidade e util
não
felicidade
bluetooth, camera e video.
camera e bluetooth.
escutando musica e tirando foto.
ajuda
77
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe de
crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
sim momentos mais interesante
pode deixar as pessoas metidas
sim, deixei de mi comunicar com muitas pessoas
sim, porq estava com virus.
3G
3 a 3 meses, 20 reais.
sim
sim, na escola em ligações
80 pessoas
que ele é um amigo muito precioso.
sim
10
sim
Vanessa cabral ferreira
Idade?
26 anos
Telefone?
9193-8593
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78
E-mail?
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
[email protected]
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe de
crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
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sim
8 anos
muito importante
não
legal
bluetooth, mp3 e radio.
mp3 e infravermelho.
ligações
ajuda
sim parav gravar algo legal
não
não
sim, porque travou
o meu
o meu é de conta.
sim
não
79
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
muitas
o meu celular é tudo.
sim
10
sim
Cida
Idade?
44 anos
Telefone?
9950-3493
E-mail?
não tem
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
sim
14 anos
é muito importante para mim comunicar com as pessoas
não
ficou feliz , contente.
internet, jogos e ligações
ligações e mensagem.
80
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe de
crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
recebendo e fazendo ligações.
ajuda
não
depende, pode deixar as pessoas doidas da vida
não
sim, as vezes ele fica mudo
não tem preferencia.
uma vez ou nunca.
sim
não
10 pessoas
ele é util para a comunicação.
não
10
não
81
Nome?
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Daiane Cardoso
Idade?
18 anos
Telefone?
71218883
E-mail?
[email protected]
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
sim
6 meses
A importancia e que e muito bom porque a onde eu tivre eu posso falar
não
miuto boa
Sim,radio,mp3,blutoofth
mp3,blutooth
falo bastnte no celular
O celular ajuda eu me comunicar com as pessoas
Não poruqe eu não tenho video
não
Sim porque eu preciso dele pera falar com as pessoas
não
Um celular com bastante opiçôes
82
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe
de crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
eu carrego ele em 3em 3 horas e ponho r$ 20,00 credito
Sim
Sim na escola usei escondido
Muitas pessoas
Que ele é muito bom para o dia-dia da gente
Talvez
Nota 8
Sim
Ana Cristina
Idade?
16 anos
Telefone?
não tem
E-mail?
[email protected]
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
sim
4 meses
Toda porque faz parte do meu trabalho
não
83
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe
de crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
foi legal
Sim,identificador de chamadas,radio,jogos
identificador de chamadas
todo dia,mais na hora de almoço
ajuda
Não tem video
não
não
não
Um celular que não cobrase as ligacões
1 em1mês.no maximo R$ 20,00
Não
Não
Muitas
ta uma coisa muito boa que inventaram
Achei que sim
Nota 7
Sim
84
Nome?
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Christian Franklin
Idade?
16 anos
Telefone?
não tem
E-mail?
[email protected]
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
sim
1 ano 3 meses
E um meio de comunicação eficente no dia-a-dia
não
muito feliz
Sim,radio,mp3,bluetooth...
mp3,bluetoothe fotos
todo dia
O celular me ajuda no dia-a-dia
Não utilizo muito
não
Sim,seria dificil me achar
não
Gosto do meu
85
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe de
Dê 3 em 3 horas.Coloco R$20,00
crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Sim
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
Já,na escola
Hoje em dia são muitas
O celular hoje e um dos meios de comunicção mais usados
Talvez
Nota 9
Sim
Danielle
Idade?
15
Telefone?
8151-5583
E-mail?
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
Sim
4 meses
O celular é bom, pois posso ligar para dar recados ou receber
Não
86
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Fiquei muito Feliz
Sim.Gravado de voz, camêra, serviços da operadora.
camera. Nenhum
Eu fico sem mexendo nas funções.
Ele ajuda muito, mas também atrapalha por causa de ciumes
Não contem video
Não, na minha opinião depende da pessoa.
Não, pois não nasci com ele
Não, Mais meu namorado fez isso com o dele
O novo sony Ericcson
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe de
De mês em mês. Eu coloco R$15,00
crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Sim
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
Não
Muitas
Celular é tudo que uma pessoa precisa para ficar atualizado
Não
8
Sim
87
Nome?
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Amanda
Idade?
19
Telefone?
8502-9165
E-mail?
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
Sim
2 anos
Ele facilita a comunicação do meu dia-a-dia
Não
Ótima, não abandonei ele por nada
Quase todos! Agenda,câmera,videos
camera, aplicativos
Guardado no armário do serviço
Ele só me ajuda
Sim! Quando estou com os amigos
Não
Sim! Por causa dos meus contatos
Sim! Por causa do meu ex
88
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe
de crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
cCom TV
De mês em Mês R$ 15,00
Sim
Sim! No banheiro do serviço,ligando
Várias
Diria que ele já faz parte do meu dia-adia- e não vivo mais sem ele
Sim
9
Sim
Sidney
Idade?
27
Telefone?
8546-7520
E-mail?
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
Sim
5 meses
Ele ajuda no trabalho e na comunicação entre amigos
89
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe
de crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Sim! Normal e entreguei ao dono
A mesma reação de quando eu ganhei a minha 1º bicicleta (Ótima)
Um pouco! Registro de chamadas,câmera,videos
Agenda telefônica, Rádio
Recebendo e fazendo ligações
Ajuda no trabalho, e atrapalha no trânsito
Sim! Nas Horas vagas
Sim
Sim! Devido ao trabalho
Sim! Por causa de ligações indesejadas
Com Gpa
Todo sábado R$ 10,00
Não
Sim! No Trânsito, atendendo
Das pessoas que conheço 99% tem celular
Diria que ele é essenvial para os meus contatos
Não
5
90
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Sim
Suanne
Idade?
20
Telefone?
8942-2124
E-mail?
[email protected]
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina
Sim
12 meses
No momento para comunicação entre amigos distantes.
Sim: vendi e pronto
A melhor que se pode ter quando se quer muito algo ( maravilhosa)
Sim. Camera,mp3,filmadora
mp3 e wap
Recebendo ligações e escutando musica
Ajuda muito na comunicação a distância
Não utilizo muito
Sim
91
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe
de crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
Não ! É material sem tanta importância
Não
Com tv e teclado digital.
todo mês. R$10,00
Sim
Não
Todas que conheço
Celular nada mais é que modismo
Não
10
Sim
Silas
Idade?
19
Telefone?
7621-4370
E-mail?
Você tem celular; sim ou não?
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Sim
92
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe
de crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
2 anos
Para falar com amigos e parentes
Sim: Adorei
Felicidade
Bluetooth,camera,filmadora
Agenda e camera
Receber e fazer ligações
Ajuda e atrapalha ao mesmo tempo
Raramente
Sim
Sim, ficaria sem comunicação
Sim.estresse
O v8
2 vezes ao mês
Sim
Não
A maioria
Celular é bom, tudo de bom
93
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Não
9,5
Sim
Talita
Idade?
23
Telefone?
9100-6465
E-mail?
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
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Sim
3 meses
Na comunicação para trabalho
Sim, reação normal e entreguei ao dono
Normal
Quase todos. Rádio,agena,mensagens
Rádio / Agenda
Recebendo ligações
quando está sem sinal atrapalha e ajuda na comunicação
94
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe
de crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
Não
Não
Não
Sim, porque fiquei com muita raiva
Claro 3g
todos os meses R$10,00
Sim
Sim! No posto de Gasolina, recebendo
Todas as pessoas que conheço
Necessário!
Não
10
Não
Kete
Idade?
13
Telefone?
9766-4338
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95
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
E-mail?
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe
de crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
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Sim
7 meses
Para falar com amigos e parentes que mora longe.
Não
Fiquei super feliz
Sim.camera,agenda e serviços da operadora
Camera e nenhum
Recebendo e fazendo ligações
Ajuda muito e atrapalha no namoro
Todos os dias
Sim e muito
Não
Sim! Por causa do meu namorado
Claro 3g e o v8
De mês em mês R$ 15,00
Sim
Ligação
96
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
Nome?
Muitas
Celular é tudo na vida de alguém
Não
10
Sim
Leonardo
Idade?
17
Telefone?
86083294
E-mail?
Você tem celular; sim ou não?
Se tem celular, há quanto tempo tem? Se não tem, porque?
Qual importância do celular na sua vida? Por que?
Você ja achou um celular? Qual a sua reação?
Qual foi sua reação ao ter seu primeiro celular?
Você conhece todos os recursos de seu celular? Cite três.
Qual mais usa? Qual menos usa?
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Sim
4 anos
Para emergência
Não
Normal
mp3,camera,bluetooth
todos
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Como você utiliza o celular no dia-a-dia? Cite um modo.
O que o celular ajuda ou atrapalha você no dia-a-dia?
Você utiliza a função vídeo do seu celular? Em quais momentos?
O celular pode mudar algo ou alguém?
Sua vida mudaria sem o celular? Dê um exemplo?
Já quis tacar seu celular na parede? Por que?
Qual celular seria ideal para você?
De quanto em quanto tempo você carrega seu celular? E quanto põe
de crédito?
Seu celular é bloqueado (só pega uma operadora)?
Você ja usou seu celular em locais não permitidos? Onde e como
usou?
Quantas pessoas que você conhece quem tem celular?
Depois de tudo respondido, o que você diria sobre o celular?
Você gostaria de participar de uma conscientização da comunidade?
Qual nota você daria para seu celular?
Participaria de uma entrevista com áudio ou vídeo?
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No trabalho
Não Atrapalha
As vezes
Não
Não
Não
Tim, completo
Mês em Mês R$ 50,00
Não
Não
Varias
É necessario
Não
10
Sim
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98
Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
A.5. Cadernos de enquete (4 páginas)
Oito jovens da EIC Nossa Senhora Aparecida, que participaram da pesquisa-ação, elaboraram
uma enquete - após discussão baseada nas perguntas da websurvey. Em cada folha de um
pequeno caderno eles escreveram uma pergunta e distribuíram para amigos, vizinhos e
familiares responderem. Abaixo encontra-se quatro imagens scanneadas destes cadernos.
Figura 1. Caderno de enquete – folha 1
Fonte: Jovens da EIC Nossa Senhora Aparecida
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Figura 2. Caderno de enquete – folha 2
Fonte: Jovens da EIC Nossa Senhora Aparecida
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Figura 3. Caderno de enquete – folha 3
Fonte: Jovens da EIC Nossa Senhora Aparecida
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Figura 4. Caderno de enquete – folha 4
Fonte: Jovens da EIC Nossa Senhora Aparecida
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A.6. Lista de fotos
O presente estudo de caso tem 30 fotos:
•
Jovens do Projeto Mergulho na Comunidade - CDI
•
Telecentro do outro lado da rua, em frente à igreja
•
Igreja Nossa Senhora Aparecida, em frente ao Telecentro
•
7 fotos da Vila Jacuí, em Ermelino Matarazzo, onde está localizado o CDI
•
3 fotos do encontro com os jovens: dinâmica com celulares
•
Um dos jovens com seu celular
•
2 fotos de jovens no encontro sobre como se faz uma pesquisa
•
Pesquisadora no encontro com os jovens do CDI
•
Pesquisadora explicando como se faz uma pesquisa
•
Jovens usando seus celulares
•
2 fotos de outro encontro com os jovens do CDI
•
Uma das participantes da pesquisa-ação ouvindo música no celular durante o intervalo
•
Jovens durante encontro da pesquisa-ação
•
Pesquisadoras em um dos encontros da pesquisa-ação
•
Uma das participantes pede ao amigo para ver a foto que ele tirou com o celular
•
Entrevista com Thais, uma das participantes da pesquisa-ação
•
Entrevista com Alexandre, um dos participantes da pesquisa-ação
•
Entrevista com José Robson, educador da EIC - Escola de Informática e Cidadania do
CDI
•
Entrevista com Diego, um dos participantes da pesquisa-ação
•
As pesquisadoras Laura e Eliana no CDI
Todas as fotos estão disponíveis no site: http://cmdal.ipso.org.br/
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A.7. Lista de vídeos
Foram feitos 15 vídeos, que cobrem encontros, enctrevistas realizadas pelos jovens etc.:
•
8 vídeos registram momentos dos encontro realizados com o jovens, no âmbito da
pesquisa-ação, em que são discutidos conceitos de pesquisa e também os resultados
obtidos por eles na aplicação de seus questionários.
•
7 vídeos com trechos de 6 entrevistas realizadas pelos jovens na comunidade
Todos os vídeos estão disponíveis no site: http://cmdal.ipso.org.br/
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A.8. Folheto do CDI
Figura 5. Folheto “Correria Digial” – página 1
Fonte: CDI – Comitê para Democratização da Informática
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Figura 6. Folheto “Correria Digial” – página 2
Fonte: CDI – Comitê para Democratização da Informática
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Figura 7. Folheto “Correria Digial” – página 3
Fonte: CDI – Comitê para Democratização da Informática
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Apropriação da tecnologia móvel por jovens da periferia de São Paulo
Figura 8. Folheto “Correria Digial” – página 4
Fonte: CDI – Comitê para Democratização da Informática
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Figura 9. Folheto “Correria Digial” – página 5
EIC – Nossa Senhora Aparecida – que tem como projeto “Lutar para que a prefeitura faça a
coleta de lixo na comunidade” (grifo nosso).
Fonte: CDI – Comitê para Democratização da Informática
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Figura 10. Folheto “Correria Digial” – página 6
Fonte: CDI – Comitê para Democratização da Informática
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Referências bibliográficas
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baroque infiltration, creolization and cannibalism. Draft preparado para o Seminario sobre
Desarrollo Económico, Desarrollo Social y Comunicaciones Móviles en América Latina, 1: 41;
Buenos Aires, 20-21/04/2007, Fundación Telefónica.
http://arnic.info/Papers/Bar_Pisani_Weber_appropriation-April07.pdf. (21/09/2008).
Bourdieu, P. (ed.) (2007). A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp; Porto
Alegre: Zouk.
Bramante, A. C. (1998): Lazer: concepções e significados. Revista Licere do Centro de Estudos
de Lazer e Recreação, Belo Horizonte: UFMG, 1 (1).
Castells, M., Fernandez-Ardevol, M., Qiu Linchuan, J. e Sey, A. (2004): Mobile Communication
Society: A cross-cultural analysis of available evidence on the social uses of wireless
communication technology. Relatório de pesquisa preparado para o International Workshop on
Wireless Communication Policies and Prospects: A Global Perspective; Los Angeles, CA, 89/10, Annenberg School for Communication.
http://arnic.info/workshop04/MCS.pdf (03/10/2008).
De Kerckhove, D. (ed.) (1996): A pele da cultura. Lisboa: Relógio D’ Água..
Ferreira, A. B. de Holanda (1999): Novo Aurélio Século XXI. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira.
Franco, M. A. S. (2005): Pedagogia da Pesquisa-ação. Educação e Pesquisa, 31 (3): 483-502.
Grison, P. (2008): O Celular como Mídia: Condicionantes para a produção de conteúdo.
(Monografia de conclusão de curso). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina.
Souza e Silva, A. (2006): From cyber to hybrid: mobile technologies as interfaces of hybrid
spaces. Space & Culture, 9 (3): 261-278. http://sac.sagepub.com/content/vol9/issue3/
(29/09/2008).
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