Minhas Senhoras Meus Senhores, Permitam-me que, em

Transcrição

Minhas Senhoras Meus Senhores, Permitam-me que, em
Minhas Senhoras
Meus Senhores,
Permitam-me que, em primeiro lugar, me dirija a todos os
representantes dos clubes que integram a Associação de Futebol de
Lisboa e lhes agradeça, de forma sensibilizada, a adesão que
demonstraram à candidatura que protagonizei e cujo programa assumo
solenemente hoje a responsabilidade de executar.
Dirijo-me a todos, independentemente das suas dimensão ou relevo
nacional. Todos são importantes e todos são decisivos. Esta Associação
é a vossa Casa e é tempo de a ela regressarem, irmanados no mesmo
espírito de solidariedade e cooperação, de olhos postos no futuro,
porque, meus amigos, só o futuro interessa.
Dirijo-me, em segundo lugar, a si, Senhor Presidente da Câmara
Municipal de Cascais. Agradeço a sua disponibilidade para ser o
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anfitrião desta cerimónia. E logo nesta casa que nos permite sentir os
traços de um dos principais expoentes da pintura portuguesa
contemporânea. E este “hino à cultura” expressa as novas relações a
que o desporto contemporâneo também está vinculado.
Dirijo-me, em terceiro lugar, aos Senhores Presidentes e representantes
das Associações Distritais e Regionais de Futebol. Somos nós que
damos voz aos nossos clubes. Somos nós os legítimos representantes
dos seus anseios e das suas expectativas. Somos nós, na nossa
comum diversidade, a expressão de uma vontade que nenhuma Lei
extingue, nem nenhum regulamento dispensa. E, nestes momentos,
temos que ter a ousadia de pensar em conjunto e de partilhar, com
responsabilidade, as medidas necessárias para as urgências múltiplas
destes novos tempos.
Dirijo-me, igualmente, aos representantes dos outros parceiros e
agentes do futebol. Agradeço a vossa presença que interpreto não
apenas como um gesto nobre em relação a uma Associação centenária.
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Entendo-a como uma manifestação de disponibilidade para uma
parceria estratégica que importa delimitar para um desenvolvimento
coerente e sustentado do todo do futebol português.
Dirijo-me, agora, e em especial, a Vª Ex.ª, Senhor Presidente da
Federação Portuguesa de Futebol que muito nos honra com a sua
presença e a todos os dirigentes federativos que o acompanham. Sejam
bem-vindos. Hoje e sempre. O movimento associativo é um corpo
dinâmico e interdependente. A sua força reside na capacidade de
diálogo, de entendimento e de colaboração, sabendo distinguir o que é
diferente, mas encontrar, potenciar e optimizar o que é comum.
V. Ex.ª, no seu percurso de Presidente da Liga de Clubes de Futebol
Profissional a Presidente da Federação Portuguesa de Futebol aportou
um discurso novo no qual, em grande medida, nos revemos.
Observando o seu programa percepcionamos sinais de mudança de
paradigma que saudamos. Esperamos e desejamos fortemente que
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esses sinais se concretizem. Para esse combate sentir-nos-á a seu lado,
porque esse é, também, o nosso combate.
Dirijo-me, neste momento, ao Senhor Presidente da Assembleia-Geral
cessante, Dr. Fernando Veiga Comes, para lhe expressar o
reconhecimento pelo trabalho realizado, por ter sabido agregar o
conjunto dos clubes de Lisboa e pela exemplar transição que liderou.
Em si, cumprimento, com respeito, todos os restantes membros dos
diferentes órgãos sociais cessantes na certeza que tudo fizeram pela
nossa Associação e pelo conjunto das suas atribuições e competências.
Dirijo-me, agora em particular, ao meu antecessor, Dr. Carlos Ribeiro,
que saúdo, e a todos os antigos Presidentes da Associação de Futebol
de
Lisboa.
Nenhuma
instituição
sobrevive
sem
memória.
Independentemente do juízo que os respectivos mandatos mereçam,
esta Associação está grata pelo serviço que lhe prestaram e é essa
gratidão e reconhecimento que aqui hoje desejo deixar e sublinhar.
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Agradeço, penhorado, a presença dos Senhores Deputados à
Assembleia da República, do Senhor Presidente do Instituto do
Desporto e Juventude e do Senhor Representante da Secretaria de
Estado do Desporto. Queremos continuar a ser interlocutores com o
poder político e estamos disponíveis para toda a colaboração que V.
Ex.as entendam como útil e proveitosa. Como sublinho a presença, bem
significante, do Senhor Presidente do Comité Olímpico de Portugal.
Dirijo-me, também, aos colaboradores e a todos os titulares dos órgãos
sociais hoje empossados. A todos expresso a minha gratidão por terem
aceite partilharem comigo esta imensa aventura e a todos desejo o
maior sucesso no exercício dos respectivos cargos, envolvendo-os num
abraço fraterno e solidário.
Dirijo-me, ainda, aos membros da minha Comissão de Honra. Nomes
grandes do futebol português e nomes imensos de diferentes clubes de
Lisboa. Permitam-me que, de entre todos, referencie o Dr. Camacho
Vieira, médico que todos os homens do futebol conhecem e
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reconhecem. Também lhe agradeço, penhorado, ter tido o privilégio do
seu apoio.
Dirijo-me, por último, a um homem que tem rosto. Que partilhou comigo,
desde o primeiro minuto, a alegria de uma caminhada. E que me
ensinou muito acerca dos homens, das especificidades dos clubes e, em
particular, dos pequenos clubes. E que mostrou uma magnanimidade a
que não estamos habituados. O Dr. Vítor Filipe não integra nenhum
órgão social. Mas será a minha consciência permanente ao longo deste
mandato. Muito obrigado, Dr. Vítor Filipe! Um abraço do fundo do
coração!
Minhas Senhoras
Meus Senhores,
Não vou repetir, aqui, os meus compromissos eleitorais. Estes passam a
ser,
a
partir
deste
momento,
objectivos
institucionais
e
responsabilidades pessoais.
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Minhas Caras e Meus Caros Amigos,
Tenho trinta e três anos. Serei, porventura, dos mais jovens dirigentes
associativos do futebol português. Muitos me impetraram e criticaram,
no decurso do processo eleitoral, por esse facto. Respondo,
assegurando que não tenho culpa de ter nascido tão tarde…
Mas a minha idade – e a média etária da equipa que me acompanha –
é, a meu ver, a maior vantagem desta Direcção. Não tenho
cumplicidades, nem dependências à lógica das pequenas (ou grandes)
solidariedades informais que maculou tanto o movimento associativo
nestes anos.
Sou um homem livre e sou um homem independente.
Assumi a minha candidatura e assumo hoje este cargo sem medo, de
cara destapada, sem fantasmas que me persigam. Farei o que prometi
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fazer, independentemente de tudo o resto, porque sou um homem de
palavra e porque acredito que o primeiro e fundamental pilar do desporto
é a verdade. Sem ela mergulhamos no jogo de sombras onde todos se
escondem para prosseguir interesses individuais e grupais em
detrimento do interesse colectivo.
Sou novo. Mas não sou ingénuo. Sei para onde vim e sei o que me
espera. Acreditem.
Antevejo as dificuldades, os obstáculos, as resistências à mudança. Mas
uma coisa garanto. Nada, mas mesmo nada, me fará parar ou inflectir
no caminho que tracei.
A Associação de Futebol de Lisboa tem de reocupar o lugar que sempre
deveria ter sido o seu. O de primeira Associação de Futebol do País,
exercendo a influência e o poder que lhe correspondem. Representamos
cerca de 300 Clubes; temos cerca de 25.000 atletas inscritos e milhares
de outros intervenientes, como sejam dirigentes, árbitros e técnicos;
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conformamos no mapa desportivo português possivelmente o maior
parque de equipamentos desportivos vocacionados para a prática desta
modalidade. A nossa voz não pode ser tíbia, nem condescendente. Terá
de ser firme e decisiva. Não para negociações de lugares ou para
disputas de intendência. Mas no que concerne às políticas de marcam o
futebol, que regulam a prática da modalidade e que determinam os
equilíbrios entres as diversas realidades que o futebol compreende.
Para isso, é fundamental que a Associação se assuma como referencial
de unidade dos clubes do distrito de Lisboa. Que saiba fazer a ponte e a
interlocução entre as macro-realidades desportivas com vertentes
profissionais e as outras realidades, com menos meios, menos
condições, mas um apego transcendente ao desporto e ao futebol. Que
persuada os grandes clubes a manter relações de complementaridade e
estreita colaboração com os pequenos. Enfim, que se assuma como o
referencial comum e como embaixadora externa do que Lisboa
representa no panorama futebolístico nacional.
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Mas sejamos claros. Às associações distritais cabe um papel
absolutamente crucial na defesa do que alguns designam por “serviço
público do desporto”. Este é integrado por todas as centenas de
colectividades que se constituíram em torno da prática federada do
futebol mas que são hoje muito mais do que isso. São escolas de
formação desportiva, são instrumentos indispensáveis de integração
social e de luta contra a exclusão, são pólos de identificação local e de
intervenção cívica. Estas pequenas centralidades que aglutinam
praticantes, adeptos ou simples vizinhos, constituem a primeira barreira
contra a desagregação comunitária ou, visto de outra forma, o
derradeiro esteio de vida em comunidade. E esta realidade, num País a
viver uma crise tão severa, merece desta Associação todo o apoio e
todo o estímulo. Direi mais. Os dirigentes desportivos destas
colectividades, destes clubes, merecem todas as homenagens pelo
trabalho generoso que desenvolvem, pelo espírito solidário que revelam
e pela prática abnegada de voluntariado que exercem. É para eles que
vai a minha maior homenagem. São os heróis anónimos que este
desporto propicia, dando-lhe a dimensão universal e multidisciplinar que
o projecta. Contem comigo. Aqui estarei, como farei questão de
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convosco estar nas vossas sedes, nas vossas realizações,
acompanhando a vossa vida colectiva.
Esta é, pois, a ideia de Associação que prometi e hoje vos transmito. A
de ser a plataforma de interacção das realidades diversificadas que
compreendem o futebol em Lisboa. Constituir essa mesa comum, onde
se ganhe músculo de unidade, se readquira o orgulho e se reassuma o
sentido de pertença. Grandes e pequenos, cumprem ambos um papel
essencial ao desporto e ao futebol. Todos com ambições. Todos com
esperança. Todos com a mesma ilusão de fazer sempre e sempre mais
e melhor.
Minhas Senhoras
Meus Senhores
A democratização do desporto foi conseguida pelas autarquias locais ao
interiorizarem, como interiorizaram, que o desporto e a cultura física
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eram direitos constitucionais cuja efectivação estava ao seu alcance. E
permitam-me que saúde e agradeça a presença dos Senhores
Presidentes de Câmara, tantos Vereadores e Autarcas de Freguesia. As
autarquias locais partiram para a construção de uma rede de infraestruturas desportivas que, infelizmente, aguarda ainda um inventário
nacional, sistematizado e integrado; promoveram campanhas de
ocupação de tempos livres com a prática desportiva como instrumento
de combate à droga e aos comportamentos aditivos; lançaram
campanhas de desporto para todos, com práticas no espaço público;
criaram modelos de prática desportiva para os sectores sociais mais
vulneráveis fisicamente, como os idosos e os deficientes; utilizaram o
desporto como forma de inserção social e integração comunitária; viram
no desporto forma de ressocialização e de combate à exclusão social;
fomentaram o desporto juvenil, os desportos radicais e a ideia de uma
vida activa e saudável; operaram requalificações urbanísticas, criando
novos espaços públicos, como campos de prática multidesportiva,
percursos pedestres, ciclo vias, entre outros.
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É por isso que a realidade municipal não se subsume aos clichés da
moda. É nas cidades e nas vilas que se criam as grandes perspectivas e
se geram as maiores frustrações. E ou os governos locais conseguem
contrariar, através dos instrumentos que a Administração Central lhe
proporciona, a tendência para a fractura social ou os fenómenos de
inconvivência se generalizam, com as consequências dramáticas que se
adivinham. E a Associação de Futebol de Lisboa quer ser parceira activa
nas relações com os Municípios do seu âmbito territorial nesta fase bem
complexa da vida nacional.
Na verdade, o desporto, a prática desportiva, constituem poderosos
instrumentos políticos de coesão social, de luta contra a discriminação,
de integração social e cultural, de participação, de cidadania, de
educação cívica, de identidade comunitária.
Por isso mesmo, o Conselho da Europa erige o desporto a um patamar
matricial destes novos tempos. Também por isso o Modelo Europeu do
Desporto é criado e debatido sob esta enorme responsabilidade de
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contribuir para a diluição dos fenómenos de erosão que vão pululando
no Continente Europeu.
Minhas Senhoras
Meus Senhores,
Que ninguém se iluda: Vivemos tempos muito difíceis que,
inexoravelmente, atingirão o desporto e as estruturas desportivas.
Tempos, porém, em que o papel do desporto será ainda mais
importante, embora mais exigente. Com menos exigir-nos-ão mais.
É por isso que o tema do rigor e da transparência assume neste
contexto uma importância absolutamente essencial. Rigor na gestão
orçamental, lutando contra o desperdício e optimizando as receitas, com
práticas de gestão adequadas e submetidas a escrupulosa auditoria.
Transparência nos procedimentos, tornando a publicidade regra
fundamental, pondo os meios ao serviço de todos, de forma regulada e
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no respeito pelos critérios que foram aprovados. Nada nesta Associação
será insindicável e nada – nem ninguém – nesta Associação será
tratado de forma arbitrária, infundamentada e sem ter na base o
interesse colectivo de todos os associados. Gerir em benefício de todos
o que é de todos, esta será, mais do que um lema, uma prática
quotidiana.
Nesse sentido, proporemos em Assembleia Geral que os Relatórios e
Contas de exercício sejam auditados para que os associados fiquem
perfeitamente seguros do destino dos proveitos e do cumprimento dos
orçamentos. Não haverá nem papéis escondidos, nem contabilidades
paralelas. Haverá exigência e verdade no exercício orçamental. O
crédito e a confiança só assim se conquistam. E esse é, como sabem,
um dos nossos grandes objectivos.
Permitam-me, agora, quatro observações de natureza geral.
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O Regime Jurídico das Federações Desportivas tem os seus méritos e
os seus deméritos. Como lei geral do País impõe-se o seu respeito e
acatamento. A dicotomia entre futebol profissional e futebol não
profissional – ou entre a industria do futebol e o associativismo do
futebol – carece de um novo olhar e de uma nova perspectiva. Ambas
as realidades estão umbilicalmente ligadas, quer ao nível dos
mecanismos de solidariedade que a lei estabelece, quer ao nível da
formação dos praticantes desportivos, quer, finalmente, ao nível da
promoção da modalidade. Outras associações compreenderam, há
muito tempo, o proveito e interesse numa aproximação e interlocução
entre ambas as realidades. É tempo de em Lisboa se perceber isso
mesmo. E, em consequência, o desporto profissional se relacionar de
outra forma com o desporto amador e vice-versa. Algumas entropias
existentes – que só têm enfraquecido esta Associação – têm de ser
eliminadas. Culpas há de ambos os campos. Em vez de as expiarmos,
em contrições desajustadas, importa criar novos modelos de
relacionamento futuros. E este será uma das preocupações primeiras
deste mandato.
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Em segundo lugar, a Associação de Futebol de Lisboa estará vigilante
na defesa dos interesses dos seus associados. Não aceita ser
colonizada por terceiros e nunca, por nunca, admitirá que lhe tentem
comprar o silêncio ou a inacção. Estará sempre na primeira linha do
combate solidária com os seus clubes, na defesa do futebol e da
verdade desportiva. A Associação de Futebol de Lisboa não aceita
hegemonias. Saberá ser firme e dar-se ao respeito. E exigir ser
respeitada. Ela e os clubes que a compreendem, conformam e integram.
Em terceiro lugar, a Associação de Futebol de Lisboa vê com a maior
preocupação algumas notícias que atentam contra o princípio da
estabilidade dos quadros competitivos, susceptíveis de perverter a
competição, alterando regras de acesso e de descida no decurso das
próprias competições. Isto a acontecer, designadamente assegurando a
ausência de descidas na primeira liga profissional, comportaria um
atentado sem paralelo à competição e à verdade desportivas.
Esperamos – espero – que a Federação Portuguesa de Futebol, no
exercício dos seus poderes de tutela, assuma, na plenitude, as suas
responsabilidades.
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Em quarto lugar, a Associação de Futebol de Lisboa quer ser ouvida e
escutada acerca das questões fiscais e tributárias que afectam e
condicionam o futebol português. Como sejam o “Totonegócio” ou as
“apostas on-line”. O financiamento do futebol tem que ser visto como um
todo e não, em exclusivo, pela denominada indústria do futebol. Os
tempos que vivemos são angustiantes e exigem que haja uma visão
global acerca desta matéria. E não podemos ignorar que houve clubes
cumpridores e que o aparecimento de novos jogos sociais e a alteração
de fórmulas de repartição das receitas traduziram-se numa possível
alteração de circunstâncias que importa, com a cautela necessária,
equacionar. E tendo sempre presente que a par da casa mãe do futebol
– que é a Federação – estão as “casas comuns” que são,
indiscutivelmente, as Associações de Futebol.
Minhas Senhoras
Meus Senhores,
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Este foi mais do que um mero discurso de circunstância. Perdoar-me-ão
mas não sei ser asséptico e formal. Sou como sou. E gosto de dizer
cara a cara, sem máscaras nem sofismas, ao que venho e o que
pretendo.
Estou aqui para regenerar, para criar as rupturas necessárias, para
marcar posições, para agir, para intervir. Estarei aqui para congregar o
comum espírito associativo que a História regista e reconhece. Não
serei agente passivo. Estarei, aqui, sempre em defesa do futebol.
Sempre em defesa da Associação de Futebol de Lisboa. Sempre em
defesa dos Clubes, profissionais e não profissionais que são a alma, o
corpo e a vida desta casa que doravante será de todos e para todos.
Não se pode exigir um tempo novo para o futebol português e para a
Associação de Futebol de Lisboa sem a participação efectiva e
quotidiana de todos os clubes. E estes terão de encontrar na sua
Associação a intérprete pública da sua vontade de mudança!
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Este é o nosso lema, esta é a nossa razão, esta é a nossa missão! Uma
AFL para todos e com todos!
Conto verdadeiramente convosco! Contem verdadeiramente connosco!
Bem hajam pela Vossa presença!
Viva a Associação de Futebol de Lisboa!
Viva o futebol!
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