Um Estudo de Algumas Metodologias de Ensino de Línguas

Transcrição

Um Estudo de Algumas Metodologias de Ensino de Línguas
Um Estudo de Algumas Metodologias de Ensino de Línguas Estrangeiras e a Realidade Brasileira de
Acordo com os PCN
Nathasa Rodrigues PIMENTEL
Universidade Estadual Paulista
Abstract
This article discusses some methods of teaching languages and focuses on the PCN of Foreign Language of the
third and fourth cycles of elementary school to try to indicate what would be the most appropriate teaching
methodology for the school context.
Método – Ensino/Aprendizagem – Língua Estrangeira
Introdução
Tomando por ponto de partida um trecho do PCN de Terceiro e Quarto ciclos do Ensino Fundamental de
Língua Estrangeira (BRASIL, 1998, p. 15) temos que
“A aprendizagem de Língua Estrangeira é uma possibilidade de aumentar a autopercepção do
aluno como ser humano e como cidadão. Por esse motivo, ela deve centrar-se no engajamento
discursivo do aprendiz, ou seja, em sua capacidade de se engajar e engajar outros no discurso de
modo a poder agir no mundo social.
Para que isso seja possível, é fundamental que o ensino de Língua Estrangeira seja balizado
pela função social desse conhecimento na sociedade brasileira. Tal função está, principalmente,
relacionada ao uso que se faz de Língua Estrangeira via leitura, embora se possa também
considerar outras habilidades comunicativas em função da especificidade de algumas línguas
estrangeiras e das condições existentes no contexto escolar.”
O trecho acima sugere que sejam trabalhadas em sala de aula as habilidades comunicativas no ensino de
Língua Estrangeira. O presente trabalho apresenta definições de método de estudiosos conceituados na área da
Lingüística, e as metodologias de ensino de língua estrangeira abordadas por Larsen-Freeman (2003). Tenta
ainda apontar qual seria o mais adequado para o contexto escolar de acordo com o PCN de Língua Estrangeira, a
fim de melhorar o processo de ensino/aprendizagem de uma Língua Estrangeira nas escolas brasileiras.
Fundamentação Teórica
Até hoje há quem pense que exista um método ideal para se ensinar uma língua estrangeira. Antes de
tentar defender ou repudiar essa idéia, tentemos discutir o que seria o método na visão de alguns teóricos que se
destacam entre os trabalhos acadêmicos.
Partindo da etimologia da palavra método, temos meta que significa sucessão, ordenação, e hodós que
denota via caminho. Assim, método significa o caminho ordenado para se atingir um objetivo.
Na perspectiva de Anthony (1963) o método seria um estágio entre a abordagem de ensino e as técnicas
escolhidas pelo professor no processo de ensino/aprendizagem, seria assim, o plano de ensino da língua. A
abordagem diz respeito às concepções, às visões do professor no que se refere à natureza da linguagem e aos
processos de ensino e aprendizagem. Por último o autor apresenta o conceito de técnica, que seria os recursos e
estratégias utilizados pelo professor para efetivar o método no contexto de sala de aula. Para o autor, a
abordagem dá espaço para o método que dá espaço para as técnicas.
No estudo desenvolvido alguns anos depois por Richards e Rodgers (1986) três componentes formam o
método: a abordagem, o design e os procedimentos. Há a renomeação de método para design e de técnica para
procedimento (BROWN, 2001). Os conceitos dos elementos são praticamente os mesmos, porém, para Richards
e Rogers (1986) o método não é mais uma prática intermediária, ele está diretamente combinado à abordagem,
ao design e aos procedimentos. O design, para os estudiosos, diz respeito aos objetivos e ao programa de ensino,
ao papel do professor e do aluno, aos materiais utilizados e tipos de tarefas aplicados em sala de aula, resumindo,
os autores apresentam uma descrição mais detalhada de um método.
Para Larsen-Freeman (1986) o termo método significa uma combinação de “princípios e técnicas”. Esse
ponto de vista é compartilhado por Brown (2001), onde o lingüista afirma que um método de ensino de língua
estrangeira deve ser regido por princípios, que, devidamente planejados e organizados, devem conduzir a uma
atividade docente coerente. Dessa forma podemos dizer em outras palavras que os princípios se referem à
estrutura teórica do método, já as técnicas seriam atividades praticadas em sala de aula. Os métodos podem
compartilhar princípios e técnicas em comum, porém, pode haver uma variação em como uma técnica será
desenvolvida quando ela aparecer em métodos que não apresentem princípios em comum.
Rampazzo (2002) afirma que atualmente a palavra método refere-se a “um conjunto de etapas,
ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência, ou para um
determinado fim”.
Embora tenham mudado as nomenclaturas para o método, os conceitos continuam praticamente os
mesmos entre os autores citados acima.
Faz-se útil agora destacar um estudo que apresente os métodos de ensino de línguas. Inúmeros autores
trabalham com este tema. Neste trabalho será apresentado e discutido um estudo desenvolvido por LarsenFreeman (1986).
Notas
1. Metodologias
Larsen-Freeman (1986) trata de oito métodos de Ensino de Língua Estrangeira em seu trabalho
relacionando seus princípios e técnicas. São eles o método de gramática e tradução, direto, audio-lingual,
silencioso, sugestopedia (sugestopedagogia), comunidade de aprendizagem, total resposta física e abordagem
comunicativa.
1.1. Método da gramática e tradução
Este método contempla a tradução através da gramática. Não há espaço para a conversação. As
atividades são centradas através de traduções de textos, atividades que testam a compreensão de leitura dos
alunos. Além das traduções de textos, os alunos trabalham atividades que procuram relacionar sinônimos e
antônimos, identificar cognatos e falsos cognatos, atividades que permitem a aplicação dedutiva de regras,
exercícios de completar espaços com palavras que faltam no texto, atividades de memorização de palavras
(como no caso de decorar verbos no infinitive e past), atividades de composição de frases com as palavras
aprendidas na aula e escrita de pequenos textos, cujos tópicos são dados pelo professor. Em suma, o método de
gramática e tradução se baseia em ensinar regras gramaticais e vocabulário.
1.2. Método Direto
Este método trabalha com a língua alvo desde o começo, partindo da interação do professor com os
alunos e também de aluno para aluno, sempre na língua alvo. Dessa forma, os alunos são forçados a assimilar as
regras gramaticais não explicitadas pelo professor. O professor de utiliza de técnicas como leituras de textos na
língua alvo em voz alta, atividades de pergunta e resposta conduzidas na língua alvo, prática de conversação
sobre situações reais, ditados de textos na língua alvo, exercícios de completar espaços para avaliar regras
gramaticais e vocabulário e elaboração de textos pelos alunos com temas escolhidos em sala de aula.
1.3. Método áudio-lingual
O método áudio-lingual é muito parecido com o método direto. Uma das diferenças neste método é que
há uma interação maior entre os alunos, o que forçam a serem mais independentes para e formular conceitos
próprios acerca das regras gramaticais da língua alvo. As principais características do método áudio-lingual são:
a memorização de diálogos e frases longas, a conversação em pares, jogos que trabalhem a memorização (de
repetição, pergunta e resposta, completar diálogos e construção de frases a partir de pistas).
1.4. Método silencioso
Nesse método o que prevalece é o raciocínio. Para isso faz uso do silêncio do professor. O professor
aplica atividades de adivinhação e dedução, como, por exemplo, dizer o nome de uma cor na língua-alvo e
apontar para um objeto que seja dessa cor, para fazer com que os alunos deduzam o que o professor quer dizer, e
para forçá-los a se interessarem na estrutura da língua. O professor utiliza recursos como a correção em pares,
fichas coloridas associadas a sons ou palavras, a auto correção, uso de gestos, quadro de palavras, enfim,
qualquer atividade que faça com que os alunos tenham que prestar a atenção para responder, sem que o professor
precise explicar muito.
1.5. Susgestopedia (Sugestopedagogia)
O método da sugestopedia (sugestopedagogia) dispõe de recursos que ajudam o aprendiz a quebrar as
barreiras, impostas por ele mesmo, que o inibem de aprender a língua alvo. São os recursos: uso de pôsteres nas
paredes com informações gramaticais trocados à medida que o professor encerra o conteúdo, visualização com
olhos fechados de cenas imaginárias, dramatização de situações improvisadas, leitura ao ritmo de músicas,
escuta de leitura com os olhos fechados, leitura dramatizada de pequenos textos, enfim tudo que sugira aos
alunos algo que os ajudem a assimilar melhor a língua estrangeira.
1.6. Comunidade de aprendizagem
O próprio nome do método já explica quais são suas principais características. Os alunos trabalham em
comunidade para superar os medos, principalmente o medo de falar em público e errar. Para isso, são sugeridas
atividades em grupo para os alunos se ajudarem nas dificuldades encontradas durante o processo de
ensino/aprendizagem da língua alvo. Além das atividades em grupo, o professor utiliza-se de atividades como a
de gravação e transcrição de conversas entre os alunos, para trabalhar a pronúncia, tarefas em pares e/ou
pequenos grupos e também há o espaço aberto para reflexões a respeito das atividades em grupo.
1.7. Total Resposta Física
O método de total resposta física está ligado à abordagem de compreensão, ou seja, ele dá ênfase à
compreensão auditiva. O que para Jesus (2005, p. 132) faz sentido, uma vez que
“Na fase de aprendizagem da língua materna na forma oral, a criança forma conceitos, condição
para a estabilização do léxico; forma o sistema fonológico com o qual estabelecerá
equivalências com o sistema grafemático, quando aprender a escrita e a leitura; desenvolve as
estruturas morfossintáticas e semânticas, as quais serão comuns para a forma oral e escrita; por
fim, elabora os esquemas ou aqueles fragmentos de conhecimentos da realidade, dentro dos
quais as ocorrências existenciais se encaixam e podem ser interpretadas.”
São características desse método o uso de comandos pelo professor para ditar tarefas simples
aos alunos. Ocorre também o oposto, os alunos usam comandos para o professor executar. Ainda
podem ser aplicadas tarefas de ações seqüenciais, como pedir que o aluno pegue seus objetos e se
prepare para escrever um texto, por exemplo.
1.8. Abordagem comunicativa
No método de abordagem comunicativa o objetivo é fazer com que os alunos desenvolvam a
habilidade de se comunicar. Para isso há o uso de material autêntico que apresentem situações reais de
fala. Além dessa atividade o professor pode utilizar textos com frases desordenadas para os alunos
ordenarem, jogos de cartões com pistas para os alunos fazerem perguntas autênticas e obterem repostas
pessoais, uso de figuras em seqüência para que os alunos montem histórias, dramatização de cenas
propostas pelos alunos ou professor, entre outras atividades que representem situações reais de fala.
2. O que diz o PCN
O crescente ritmo da globalização tem levado as pessoas cada vez mais a procurar pelo aprendizado de
uma segunda língua a fim melhorar a qualificação profissional. Além de ajudar na qualificação profissional,
aprendizado da língua estrangeira promove pensamentos críticos, melhora as funções cognitivas dos indivíduos e
aumenta a tolerância cultural dos indivíduos em relação a outras culturas.
A justificativa de que o aluno precisa aprender a língua estrangeira para passar de ano, ou mesmo para
passar em provas de concurso não o convence da importância de aprender a língua. O professor deve fazê-lo
entender de que a língua estrangeira está presente no seu dia-a-dia. Nos jogos eletrônicos, nos manuais de
produtos, em nomes de lojas, em artigos que poderão lhe ser útil etc.
A parte inicial do PCN de Língua Estrangeira do Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental
(BRASIL, 1998) apresenta os objetivos de se ensinar a língua estrangeira nas escolas. Tais objetivos se referem
ao intuito de que os alunos sejam capazes de se posicionar de maneira crítica em sociedade, que sejam capazes
de saber utilizar diferentes fontes de conhecimento, de questionar o meio em que vivem a fim de melhorá-lo
O PCN de Língua Estrangeira (Brasil, 1998) justifica a inclusão da Língua Estrangeira nas escolas pelo
papel social que a língua desempenha na sociedade. É fato consumado que a língua inglesa ganhou uma
importância maior no mercado de trabalho, e cada vez mais as pessoas procuram se adequar às exigências
impostas pelo mercado. Conseqüentemente para que o aprendizado de uma língua estrangeira aconteça de
maneira eficaz, deve-se levar em consideração que o aprendiz desenvolva as habilidades essenciais desta língua
(leitura, fala, compreensão e escrita) comunicando-se com proficiência e pleno desempenho. Porém, a realidade
das escolas brasileiras hoje ainda deixa a desejar.
Vejamos o que está no PCN de Língua Estrangeira (BRASIL, 1998, p. 21) em relação às dificuldades
enfrentadas nas escolas brasileiras
“Deve-se considerar também o fato de que as condições na sala de aula da maioria das escolas
brasileiras (carga horária reduzida, classes superlotadas, pouco domínio das habilidades orais
por parte da maioria dos professores, material didático reduzido a giz e livro didático etc.)
podem inviabilizar o ensino das quatro habilidades comunicativas. Assim, o foco na leitura
pode ser justificado pela função social das línguas estrangeiras no país e também pelos
objetivos realizáveis tendo em vista as condições existentes.”
O próprio PCN nos mostra a dificuldade em se trabalhar com outra habilidade que não seja a de leitura.
A partir dessa interpretação, a maioria dos professores opta por trabalhar a metodologia da gramática e tradução,
visto que é uma metodologia que se encaixa perfeitamente ao tempo das aulas e à quantidade de alunos na sala
de aula, e ao material utilizado pela maioria dos professores, o livro didático.
Os métodos de ensino não representam pacotes prontos para serem aplicados na prática (LARSENFREEMAN, 1986), portanto, a metodologia de ensino escolhida pelo professor, para se trabalhar em sala de
aula, refletirá tanto na posição ideológica dos aprendizes, como na do próprio professor.
É necessário esclarecer que o PCN (BRASIL, 1998, p. 24) não aponta qual o melhor método ou
abordagem a ser aplicado em sala de aula. Vejamos:
“Quanto aos objetivos, a maioria das propostas priorizam o desenvolvimento da habilidade de
compreensão escrita, mas essa opção não parece decorrer de uma análise de necessidades dos
alunos, nem de uma concepção explícita da natureza da linguagem e do processo de ensino e
aprendizagem de línguas, tampouco de sua função social. Evidencia-se a falta de clareza nas
contradições entre a opção priorizada e os conteúdos e atividades sugeridos. Essas contradições
aparecem também no que diz respeito à abordagem escolhida. A maioria das propostas situamse na abordagem comunicativa de ensino de línguas, mas os exercícios propostos, em geral,
exploram pontos ou estruturas gramaticais descontextualizados."
Como foi visto nos métodos descritos por Larsen-Freeman (1986), o da abordagem comunicativa visa
trabalhar com materiais autênticos, que sejam similares aos acontecimentos cotidianos, que expressem situações
reais de uso da língua. Isso não acontece com os materiais utilizados em sala de aula, de acordo com o
documento, visto que os materiais apresentam exercícios gramaticais descontextualizados da realidade e
necessidade dos alunos.
Como vimos o PCN não prescreve nenhuma metodologia. O documento como um todo afirma que o
objetivo de se ensinar a língua estrangeira é desenvolver no aluno as habilidades essenciais da comunicação.
Dessa forma, cabe ao professor analisar com cautela o que está no PCN e tentar encontrar a melhor forma de
trabalhar a língua estrangeira com seus alunos, visto que ele é o único que conhece sua realidade e a realidade
dos alunos em sala de aula.
3. Os métodos e o Livro Didático
Faz-se necessário levar em conta que os métodos vêm sendo altamente criticados por seu caráter
prescritivo, a sua descontextualização escolar, principalmente em relação ao Livro Didático (LD). O professor
afirma que segue um determinado método, porém a sua prática não é condizente com o método adotado. Isso
porque o professor se vê engessado ao LD, prefere seguir à risca as instruções do LD e não leva em consideração
se os alunos se adaptam bem à metodologia utilizada e se as atividades do livro serão relevantes para o processo
de ensino/aprendizagem, uma vez que a maioria dos livros didáticos comporta exercício de gramática e tradução
de textos que não despertam o interesse dos alunos.
O método mais utilizado em sala de aula (gramática e tradução) não permite aos alunos ouvir, nem
praticar a língua estrangeira. Talvez por falta de tempo, de espaço etc. Esse método vai em direção oposta a um
dos objetivos do PCN (BRASIL, 1998, p. 19) o qual diz que
“A aprendizagem de uma língua estrangeira deve garantir ao aluno seu engajamento discursivo,
ou seja, a capacidade de se envolver e envolver outros no discurso. Isso pode ser viabilizado em
sala de aula por meio de atividades pedagógicas centradas na constituição do aluno como ser
discursivo, ou seja, sua construção como sujeito do discurso via Língua Estrangeira. Essa
construção passa pelo envolvimento do aluno com os processos sociais de criar significados por
intermédio da utilização de uma língua estrangeira.”
Se houvesse uma preocupação maior em trabalhar com textos diferenciados, isso não ocorreria, uma vez
que “A utilização em sala de aula de tipos de textos diferentes, além de contribuir para o aumento do
conhecimento intertextual do aluno, pode mostrar claramente que os textos são usados para propósitos diferentes
na sociedade (BRASIL, 1998. P. 45).
4. A realidade da educação contemporânea de línguas estrangeiras
A realidade da escola brasileira não é muito favorável para o aluno desenvolver uma aprendizagem
satisfatória de uma língua estrangeira, já que não consegue aprender conceitos básicos da língua materna, da
variedade padrão que se tenta transmitir na escola. Sem aprender a articulação “correta” (padrão) da língua
materna, o aluno encontra barreiras que dificultarão sua aprendizagem da língua estrangeira, apesar de “a
aprendizagem de uma língua estrangeira, juntamente com a língua materna, é um direito de todo cidadão”
(BRASIL, 1998, p. 19)
As metodologias apresentadas por Larsen-Freeman (1986) são pertinentes. Em teoria seria maravilhoso
poder aplicá-las em sala de aula, mas a realidade das escolas públicas não permite que todas as metodologias
apresentadas pela autora sejam colocadas em prática. A escola pública não disponibiliza recursos para isso.
Um dos maiores problemas no quadro do ensino brasileiro hoje ainda é a má formação dos professores
de licenciatura. No caso dos professores de língua, o quadro se apresenta ainda pior. Um professor licenciado no
curso de Letras com habilitação em português assume disciplinas de língua estrangeiras sem a menor noção do
que irá ensinar. Dados da Folha de São Paulo (Pinho, 2009) mostram o dilema do que vem acontecendo com o
idioma Espanhol. Está vencendo o prazo para a língua ser obrigatória nas escolas brasileiras e “apenas 15% dos
alunos do ensino médio estudam em estabelecimentos que oferecem as aulas do idioma”. O problema é que não
há profissionais formados na área e não há concursos abertos para preencher as vagas.
Além da má formação de professores de língua, temos também o pouco tempo destinado às aulas de
língua estrangeira, escassez de material didático autêntico e a falta de apoio extracurricular, mas
“Isso não quer dizer, contudo, que dependendo dessas condições, os objetivos não possam
incluir outras habilidades, tais como compreensão oral e produção oral e escrita. Importa,
sobretudo, formular e implementar objetivos justificáveis socialmente, realizáveis nas
condições existentes na escola, e que garantam o engajamento discursivo por meio de uma
língua estrangeira. Portanto, o foco na leitura não é interpretado aqui como alternativa mais
fácil e nem deve comprometer decisões futuras de se envolver outras habilidades
comunicativas. Pode-se antever que, com o barateamento dos meios eletrônicos de
comunicação, mais escolas venham ter acesso a novas tecnologias, possibilitando o
desenvolvimento de outras habilidades comunicativas.” (BRASIL, 1998: 21)
É fato que há limitações para o ensino de línguas estrangeiras em escolas públicas. Mas isso não pode
ser justificativa para que o professor se acomode e se engesse em uma metodologia, a qual ele sabe não atender
as necessidades de seus alunos.
Considerações Finais
A verdade é que o PCN sugere, norteia, mas quem decide o que fazer a partir da realidade da sala de aula
é o professor. Somente o professor pode adaptar a metodologia que julga ser a mais adequada para transmitir os
conhecimentos que tem para os alunos. O método não é infalível em nenhuma disciplina. A melhor metodologia
é aquela que o professor domina para atingir seus objetivos no ensino de língua estrangeira.
O professor nada mais é do que o mediador do processo de ensino/aprendizagem, por isso deve levar em
conta as necessidades dos aprendizes. A resposta para a pergunta se existe um método ideal para se ensinar uma
língua estrangeira está no próprio aprendiz. É a partir dele que o professor deve planejar suas aulas, é em
conjunto com ele que o educador tem que avaliar suas metodologias e escolher o que condiz com a realidade e
necessidade da turma.
Na escolha da melhor metodologia para o ensino de língua estrangeira, o professor precisa levar em
consideração que a sala será heterogenia. Haverá alunos que já têm contato há mais tempo com a língua. Mas
haverá também alunos que não fazem idéia do que é o verbo to be. Por isso o professor deve prestar bastante
atenção ao na hora de planejar a aula e adaptar sua metodologia de ensino para atender razoavelmente a
necessidade dos alunos, ou pelo menos da maioria.
Os professores devem desenvolver tanto as suas idéias sobre ensinar assim como suas ações ou
técnicas. Os métodos não são imutáveis na prática. Decisões sobre a adequação da metodologia devem ser feitas
pelos educadores, considerando as necessidades dos alunos. O método mais eficaz depende, e muito, dos
objetivos dos aprendizes.
Referências Bibliográficas
ANTHONY, E.H. Approach, method and technique. Tesol Quarterly, 16/02 : 63-67, 1963.
BOHN, H. I.; HAGGE, M. J. o método “soberano” para o ensino e aprendizagem de língua inglesa. In: Ensino
aprendizagem de língua inglesa: conversa com especialistas/ Diógenes Cândido de Lima (org.). São Paulo:
Parábola Editorial, 2009.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos
do ensino fundamental: língua estrangeira. Brasília: MEC/SEF, 1998. 120 p.
BRITO, R.M.; SCHMITZ, J.R. Ensino/aprendizagem das quarto habilidades lingüísticas na escola pública: uma
meta alcançável. In: Ensino aprendizagem de língua inglesa: conversa com especialistas/ Diógenes Cândido
de Lima (org.). São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
BROWN, H.D. Principles of language learning and teaching. New Jersey : Prentice-Hall, 1987
BROWN, H. D. Teaching by Principles: an interactive approach to language pedagogy. Englewood Cliffs, New
Jersey: Prentice Hall Regents, 1994.
JESUS, O. F. Aspectos da Aprendizagem da Leitura e da Escrita. In: FIGUEIREDO, C. A e JESUS, O.F.
(Org.). Lingüística Aplicada - Aspectos da Leitura e do Ensino de Línguas. Uberlândia: EDUFU, 2005, v. 03, p.
30-49.
LARSEN-FREEMAN, D. On the appropriateness of language teaching methods in language and
development. 2000.
LARSEN-FREEMAN, D. Techniques and principles in language teaching. New York: Oxford University
Press,1986.
PINHO, Angela. Obrigatório em 2010, espanhol é ensinado hoje a só 15% dos alunos. Folha de São Paulo, São
Paulo, 8 de ago. 2009. Caderno 4.
PRABHU, N. S. Concept and conduction in language pedagogy. In: COOK, G; SEIDLHOFER, B. (org.).
Principle & Practice in Applied Linguistics. Oxford: Oxford University Press, 1995.
RAMPAZZO, L. Metodologia Científica: para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. São Paulo:
Loyola, 2002.
REAGAN, T. G.; OSBORN, T. A. When methodology fails: a critical look at foreign language education. In:
The foreign language educator in society: toward a critical pedagogy. Laurence Erlbaum Associates, 2002.
RICHARDS, J. C. & RODGERS. Approaches and Methods in Language Teaching. Second Edition. Cambridge:
Cambridge University Press, 2001.
SANTOS, J. A.; OLIVEIRA, L. A. Ensino de língua estrangeira para jovens e adultos na escola pública. In:
Ensino aprendizagem de língua inglesa: conversa com especialistas/ Diógenes Cândido de Lima (org.). São
Paulo: Parábola Editorial, 2009.
SENA, A. E. L. L.; PAIVA, V. L. M. O. O ensino de língua estrangeira e a questão da autonomia. In: Ensino
aprendizagem de língua inglesa: conversa com especialistas/ Diógenes Cândido de Lima (org.). São Paulo:
Parábola Editorial, 2009.
VILAÇA, M. L. C. Métodos de Ensino de Línguas Estrangeiras: fundamentos, críticas e ecletismo. Revista
Eletrônica
do
Instituto
de
Humanidades.
v.
7,
p.
73-88.
2008.
Disponível
em:
http://publicacoes.unigranrio.com.br/index.php/reihm/article/view/43/78. Acesso em: 10 jul. 2009.