nota técnica dq 01/2006
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NOTA TÉCNICA DQ 01/2006 INDICADORES DE QUALIDADE DOS SERVIÇOS PÓLOS DE CONCESSÃO RODOVIÁRIA DIRETORIA DE QUALIDADE DOS SERVIÇOS EQUIPE TÉCNICA: DENISE ZAIONS, Diretora de Qualidade dos Serviços CLEMENTE ROLAN SOARES, Técnico Superior, Eng.º Mecânico FRANCISCO JOSÉ V. DE ARAUJO, Técnico Superior, Eng.º Mecânico RENATO LUIZ ROMERA CARLSON, Técnico Superior, Estatístico ROBERTO ENGLERT, Técnico Superior, Eng.º Civil ALEXANDRE VEIGA MEIRELLES, Auxiliar Técnico APOIO: MELISSA RIBEIRO PIRES, Estagiária de Eng. Civil RODRIGO CITTON PADILHA DOS REIS, Estagiário de Estatística Novembro de 2006 SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO 4 2 INTRODUÇÃO 5 3 OBJETIVOS 8 4 FORMULAÇÃO DOS INDICADORES – METODOLOGIA 9 4.1 REQUISITOS E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 9 4.1.1 REFERIR-SE ÀS ETAPAS PRINCIPAIS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO E À INTERFACE COM OS USUÁRIOS 9 4.1.2 FORMULAÇÃO SIMPLES 10 4.1.3 DADOS DISPONÍVEIS E CONFIÁVEIS 10 4.1.4 COBERTURA 10 4.1.5 RASTREABILIDADE E AUDITORIA EXTERNA 10 4.2 VISÃO DOS USUÁRIOS 12 4.3 DADOS DISPONÍVEIS 13 4.3.1 DADOS PRIMÁRIOS 14 4.3.2 FORMA DE APRESENTAÇÃO DOS DADOS PRIMÁRIOS 16 AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇÃO 18 4.4.1 REFERIR-SE ÀS ETAPAS PRINCIPAIS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO E À INTERFACE COM OS USUÁRIOS 18 4.4.2 FORMULAÇÃO SIMPLES 18 4.4.3 DADOS DISPONÍVEIS E CONFIÁVEIS 18 4.4.4 COBERTURA 19 4.4.5 RASTREABILIDADE E AUDITORIA EXTERNA 20 4.4 5 DESCRIÇÃO DOS INDICADORES PROPOSTOS 22 6 APLICAÇÃO DOS INDICADORES PROPOSTOS PROBLEMAS ENCONTRADOS E SOLUÇÕES ADOTADAS 27 2 7 8 RESULTADOS 30 7.1 INDICADORES PROPOSTOS, POR PÓLO DE CONCESSÃO (2005) 30 7.1.1 ÍNDICE DE QUALIDADE DO PAVIMENTO – IQP 32 7.1.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DA SINALIZAÇÃO – IQS 33 7.2 RESULTADOS PARCIAIS, SEGMENTADOS POR TRECHO CONCEDIDO (2005) 37 7.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS BIBLIOGRAFIA 42 44 3 1. APRESENTAÇÃO Esta Nota Técnica é a consolidação dos trabalhos desenvolvidos por esta Diretoria de Qualidade dos Serviços/AGERGS para, nos termos de sua Lei de Criação (Lei 10.931/97) e em cumprimento ao Código Estadual de Qualidade do RS (Lei 11.075/98), fiscalizar a qualidade dos serviços regulados por meio de Indicadores de Qualidade específicos e de procedimentos amostrais. O setor regulado objeto deste trabalho é o das rodovias no âmbito do Programa Estadual de Concessão Rodoviária (PECR), uma vez que a elaboração de indicadores de qualidade para este setor vem sendo objeto de estudos contínuos da Diretoria de Qualidade dos Serviços. Neste sentido registre-se que a fonte originária, base sobre a qual se assenta a presente Nota Técnica e que possibilitou chegarmos aos resultados aqui apresentados, é o Processo n° 000393-39.00/03-8 originário da Diretoria de Qualidade dos Serviços. As atividades que vêm sendo desenvolvidas para a geração de Indicadores de Qualidade neste setor abrangem, também, pesquisa de opinião com os Usuários Voluntários específica para os Pólos de Concessão Rodoviária, desenvolvida na esteira dos resultados do Expediente Administrativo acima referido. Dando seqüência às atividades citadas, formulou-se, neste trabalho, uma proposta para os Indicadores de Qualidade para o Programa Estadual de Concessão Rodoviária, apresentando-se, ainda, resultados obtidos para o ano-base de 2005. Com o espírito científico e crítico somado à necessária transparência do Agente Regulador, sabemos que este trabalho poderá ser aprimorado ao longo do tempo, uma vez que a evolução na qualidade não deve ser algo externo ao Regulador e, sim, incluir-se no aprimoramento constante de seus instrumentos de controle regulatório, por óbvio aí se inserindo os Indicadores de Qualidade aqui apresentados. 4 2. INTRODUÇÃO No seu processo de consumo, o cidadão ao se tornar usuário dos serviços públicos interage, de forma simultânea, em duas dimensões: a Dimensão-Preço, que pode ou não estar expressando o valor subjetivo atribuído ao serviço, e a DimensãoQualidade, que igualmente pode ou não estar satisfazendo expectativas existentes. Quando se tratam daqueles serviços públicos cuja prestação está sob a égide privada, a Agência Reguladora deve aplicar, em cada uma dessas duas dimensões, Políticas Regulatórias específicas e integradas, sintonizadas com os usuários. A Dimensão-Qualidade dos serviços públicos delegados é o escopo desta Nota Técnica Regulatória. Sendo assim, como preâmbulo, cabe explicitar o papel do Agente Regulador neste âmbito. Praticamente a totalidade das empresas delegatárias dos serviços públicos atuam como monopolistas na sua área geográfica de mercado, seja por serem monopólios naturais ou por assim se constituírem através de barreiras legais impeditivas da entrada de concorrentes. Assim, devido à ausência de concorrência via preço, a teoria econômica aplicável aponta para o risco de os operadores buscarem o aumento da margem de lucro através da redução dos custos operacionais, deixando, neste caso, em segundo plano os esforços para a melhoria contínua da qualidade do serviço oferecido ao usuário. Mesmo a qualidade sendo a dimensão pivô do conceito de valor, há uma maior pressão dos usuários para a questão tarifária do que propriamente para analisar e aprimorar a qualidade dos serviços públicos delegados. Em que pese este contexto, o Agente Regulador reconhece a qualidade como um aspecto crucial para a valoração do serviço oferecido. Assim, num primeiro momento, a ação do regulador está em buscar a melhoria da qualidade através de eficiente alocação das rendas de monopólio, evitando que elas se convertam totalmente em lucros extraordinários e absorvam todo o excedente do consumidor. Parte destes ganhos de monopólio deve ser destinada à melhoria da qualidade do serviço oferecido. 5 Neste caso, a Política Regulatória da Qualidade visa corrigir as falhas dos mercados monopolistas, repartindo com a sociedade o excedente capturado pela vantagem da empresa ser a única ofertante do serviço naquele mercado. Neste primeiro momento não há que se falar de “trade-off” entre qualidade e tarifa, visto que o objetivo não é impactar na tarifa e sim redirecionar os ganhos sistematicamente auferidos pelas empresas monopolistas para a melhoria contínua da qualidade sem aumentar preços e sem desequilibrar a equação econômico-financeira da concessão. A primeira ação a ser implementada consiste em reconhecer o espaço disponível para melhorar a qualidade sem elevar os preços. Nesta ação o Regulador poderia, até mesmo, concluir que em um dado mercado o nível de qualidade já está no seu limite máximo àquele preço fixado. Neste contexto, a primeira ação para a implementação da Política Regulatória da Qualidade é reconhecer qual é o atual grau da qualidade dos serviços que estão sendo oferecidos aos usuários. Por isto, visando uma primeira aproximação, deve ser implementado um Programa que envolva a elaboração, mensuração e o monitoramento de Indicadores de Qualidade dos Serviços (IQS) que sejam comparáveis entre as concessionárias de um mercado selecionado e com os quais se viabilize a verificação sistemática do atingimento das metas estabelecidas pelo Regulador. A elaboração, pelo Agente Regulador, de metas de qualidade a serem cumpridas objetiva manter um estímulo constante às empresas delegatárias para a melhoria contínua da qualidade de seus serviços, inclusive comparando-as sistematicamente. Esta Regulação por Comparação constitui importante mecanismo complementar para regular aqueles mercados em que a tarifa já esta definida, independentemente do modelo tarifário adotado ter sido o do Custo do Serviço, o do “Second Best” 1 ou o do “Price-Cap”. Na Regulação por Comparação, o Regulador estabelece os padrões de desempenho a serem seguidos, definindo um “benchmark” a partir de uma firma ideal. Transcrevendo este tipo de regulação à Dimensão-Qualidade, a opinião dos usuários quanto aos atributos de qualidade que lhe são mais importantes durante o seu processo de consumo pode se constituir num bom “benchmark” inicial. 1 Preço igual ao Custo Médio, ver PINDICK, R.S. E RUBINFELD(2006). 6 Este tipo de Regulação por Comparação é bastante eficiente em mercados com elevada assimetria de informação, ainda mais naqueles mercados onde há incertezas quanto ao atual nível de qualidade oferecido. Além de permitir elevada eficiência de alocação da mão de obra do agente regulador, este tipo de regulação implica em resultados rápidos e visíveis. Eles se expressam em indicadores de qualidade com metas praticáveis e que são facilmente compreendidos pelos empresários e usuários, produzindo um elevado grau de transparência, indispensável às ações regulatórias. O mercado a ser analisado nesta Nota Técnica Regulatória é o dos Pólos de Concessão Rodoviária. Os indicadores de qualidade deste Setor foram formulados através do reconhecimento dos atributos de qualidade que os Usuários Voluntários cadastrados na AGERGS informaram em Pesquisa de Opinião, captando-se, assim, a interface do usuário no processo produtivo do serviço. Foram incluídos como elementos fundamentais para a formulação dos indicadores os itens de conformidade do produto físico rodovias cujo levantamento sistemático é exigido pelo DAER às concessionárias por força de contrato. A integração destas duas abordagens, usuário-produto físico que formam um único processo produtivo, deu origem à formulação dos Indicadores de Qualidade dos Pólos Rodoviários. A metodologia empregada para este fim e os resultados obtidos para o ano de 2005 constituem o propósito deste trabalho cujos objetivos estão mais detalhadamente descritos no capítulo a seguir. 7 3. OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é o de criar uma base inicial para um efetivo Sistema de Qualidade dos Serviços Públicos Delegados através da publicação e divulgação periódica de Relatórios da Qualidade dos Serviços Concedidos. Através de tais relatórios a sociedade poderá conhecer o grau de qualidade mensurado periodicamente por meio de Indicadores de Qualidade publicamente reconhecidos, acompanhados por Pesquisas de Satisfação. Com isto oportunizarse-á uma visão crítica da dimensão qualidade dos serviços ofertados, bem como uma avaliação constante desta dimensão do serviço regulado. O objetivo específico é a geração de um conjunto de indicadores que mensurem os atributos de qualidade específicos da malha rodoviária no âmbito do Programa Estadual de Concessão Rodoviária (PECR). Obtido este conjunto de indicadores, ele será aplicado periodicamente gerando séries temporais comparáveis ao longo do tempo para uma mesma Concessionária, permitindo conhecermos a evolução na qualidade de seu serviço. A comparabilidade dos Indicadores de Qualidade entre Concessionárias também é um objetivo a ser atingido. Nesta Nota Técnica estaremos dando os primeiros passos neste sentido através de duas etapas principais complementares e contínuas que constituem o escopo do trabalho. Na primeira etapa definimos a formatação dos Indicadores de Qualidade dos Pólos Rodoviários, como expresso no Capítulo 4 – Formulação dos Indicadores. Mais adiante, no Capítulo 6 – Aplicação dos Indicadores Propostos, aplicamos esta metodologia aos dados primários de 2005, preparando os resultados que serão consolidados na etapa seguinte, no Capítulo 7 – Resultados. Neste Capítulo 7 são apresentados os valores finais dos Indicadores de Qualidade do ano de 2005, os quais serão a referência para o início da série temporal de indicadores. Ainda no Capítulo 7 são analisados os resultados obtidos, fazendo-se algumas ponderações sobre a qualidade do serviço oferecido no âmbito do PECR. 8 4. FORMULAÇÃO DOS INDICADORES – METODOLOGIA 4.1 REQUISITOS E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para a formulação de indicadores de qualidade a pergunta essencial a ser respondida é a de como medir a qualidade? A oferta de um serviço goza de uma característica peculiar que é de extrema relevância na mensuração de sua qualidade: o fato de produção e consumo ocorrerem simultaneamente. A forma ideal da medição da qualidade está ligada com o “feedback” dos próprios usuários, resultante de suas expectativas quanto à qualidade do serviço oferecido. A dimensão qualidade ganha o foco do usuário principalmente quando ele se desaponta com a qualidade do serviço recebido. Neste contexto, o desafio fundamental para a formatação de indicadores reside na dificuldade de mensurar conceitos abstratos traduzindo-os em fórmulas matemáticas perfeitamente objetivas sem, com isto, perder o caráter de indicar a percepção que tem o usuário quanto à qualidade do serviço. Desse modo, no processo de geração do indicador, há que se cumprir exigências técnicas para que esta aproximação matemática seja a melhor possível. Segundo TIRONI (1991), existem cinco requisitos importantes que devem ser atendidos para que um indicador seja considerado adequado, conforme se vê a seguir. 4.1.1 REFERIR-SE ÀS ETAPAS PRINCIPAIS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO E À INTERFACE COM OS USUÁRIOS O indicador deve captar as etapas essenciais da produção do serviço e a interface com o público usuário, visto produção e consumo ocorrerem simultaneamente na geração do serviço final, o que também é chamado de seletividade. Na primeira fase de identificação pelo Regulador do que deve ser medido, a interface com o usuário é um dos mais importantes aspectos a serem 9 considerados. A seleção das variáveis a serem medidas deve resultar da percepção do usuário de quais são os atributos mais relevantes para satisfazer adequadamente as suas expectativas quanto ao serviço oferecido. 4.1.2 FORMULAÇÃO SIMPLES A formulação do indicador deve ser simples no sentido de permitir uma fácil compreensão, evitando-se qualquer dubiedade na interpretação de seus resultados. Um bom indicador deve ser de fácil compreensão e entendimento tanto para os usuários quanto para os agentes regulados. Isto é um aspecto relevante para a transparência da Agência, tanto mais quando se trata de avaliar aquela dimensão do serviço concedido que traduz a sensibilidade subjetiva do usuário em satisfazer adequadamente as suas expectativas quanto à qualidade do serviço oferecido. Também há que se ressaltar a importância da simplicidade da aplicação, que viabiliza a geração de indicadores com o menor custo possível para o caso. 4.1.3 DADOS DISPONÍVEIS E CONFIÁVEIS Os dados primários que dão origem aos resultados do indicador devem ser confiáveis e regularmente obtidos pelo Agente Regulador. Assim, há que se ter garantias do comprometimento de quem fornece os dados, bem como da regularidade do fluxo com que os mesmos são fornecidos. 4.1.4 COBERTURA Também, tais dados devem ter um grau satisfatório de cobertura do universo a ser medido. Os indicadores escolhidos devem, também, ser suficientemente representativos do serviço a que se referem. 4.1.5 RASTREABILIDADE E AUDITORIA EXTERNA E, finalmente, como fonte de convergência do cumprimento desses requisitos, o indicador deve ter estabilidade, sendo gerado continuamente ao longo do tempo através da aplicação de uma metodologia rotinizada e internalizada na 10 Agência Reguladora. Isto permitirá conhecer a evolução da qualidade de uma empresa regulada ao longo do tempo, bem como oportunizará a comparabilidade entre empresas num mesmo período. Após a consolidação da definição teórica dos Indicadores de Qualidade vem a aplicação concreta da metodologia eleita. Através de procedimentos internos rotinizados serão gerados periodicamente indicadores comparáveis ao longo do tempo. Para tanto, todo o processo de origem e levantamento de dados, cálculos e geração final dos resultados deve estar bem documentado e organizado com clareza suficiente para, a qualquer momento, ser auditado. Aqui nos referimos ao conceito amplo de auditoria associado à necessária transparência do regulador perante a sociedade, de maneira geral, e perante aos agentes que integram o processo regulatório: empresas reguladas, poder concedente e usuários do serviço concedido. À empresa regulada deve ser assegurada a possibilidade de conhecer os procedimentos básicos que dão origem ao indicador que mensura a qualidade de seus serviços. Desta interação empresa regulada–agente regulador podem nascer aprimoramentos constantes na formatação do indicador, bem como novas metas de qualidade através da evolução do “benchmark”. De maneira equânime, neste mesmo processo de aprimoramento, deve haver a participação dos usuários, pois são eles que percebem o grau da qualidade do serviço concedido. Para que este processo de interação flua de maneira eficiente, não basta que os Indicadores de Qualidade sejam facilmente compreensíveis e inteligíveis, a fonte dos dados primários utilizados, os procedimentos e os cálculos que lhes deram origem devem estar disponíveis para analises de auditoria de qualquer natureza e de todos os agentes envolvidos na regulação. 11 4.2 VISÃO DOS USUÁRIOS No caso específico dos serviços prestados pelos Pólos de Concessão Rodoviária, a sensibilidade do usuário quanto aos quesitos de qualidade pode ser conhecida através da contribuição dos Usuários Voluntários/AGERGS. Anualmente a AGERGS envia questionários de avaliação da qualidade dos serviços públicos delegados àqueles usuários devidamente cadastrados na Agência. Através deste instrumento se pode obter uma percepção dos itens que esse grupo de usuários voluntários dos Pólos tem como os mais relevantes para a sua satisfação. Neste sentido, no ano de 2004, além da Pesquisa Geral de Opinião, aplicouse consulta exclusivamente destinada a avaliar atributos específicos da qualidade das rodovias concedidas. Na votação, os usuários atribuíram notas semelhantes aos diversos itens de conformidade empregados para avaliar a qualidade do pavimento. Sobre os dados informados pelos Usuários Voluntários dos Pólos de Concessão Rodoviária na Pesquisa Geral de Opinião no ano de 2005 aplicou-se o método estatístico de regressão logística com o procedimento “stepwise”. A partir daí foram verificadas, dentre as questões de satisfação apresentadas aos usuários, aquelas que estavam associadas significativamente à satisfação geral com o serviço. Através deste estudo se pôde verificar que as variáveis Pavimento, Acostamento, Sinalização Vertical e Sinalização Horizontal estavam relacionadas à satisfação geral, retiradas as inter-relações entre as variáveis. 12 4.3 DADOS DISPONÍVEIS Enquanto que por um lado temos esta avaliação subjetiva do usuário, por outro lado, mas ainda dentro do mesmo processo produtivo do serviço, temos que esta oferta só é possível porque, precedendo este contato direto com o usuário, há a geração do produto físico rodovias. Este produto físico rodovias se sujeita a avaliações de conformidade quanto às especificações técnicas e de engenharia. O Programa Estadual de Concessão de Rodovias (PECR) inclui, no contrato de outorga da concessão, especificações para as estruturas físicas componentes da rodovia a serem cumpridas pelas empresas concessionárias de cada um dos sete Pólos. O Plano de Monitoramento que integra o Projeto de Exploração de Rodovia (PER), parte integrante do contrato, apresenta as especificações técnicas exigidas pela Diretoria de Operação e Concessão/DAER-RS através de Relatórios Anuais. Os instrumentos utilizados para o monitoramento são a AVALIAÇÃO OBJETIVA, que consiste na avaliação das estruturas físicas e operacionais, sob o ponto de vista da qualidade, bem como em relação aos parâmetros mensuráveis, especificados e exigidos no PER, e a AVALIAÇÃO SUBJETIVA, para alguns sistemas em que não estão especificados os parâmetros de controle de qualidade a serem atendidos pela Concessionária, e para os quais é efetuada, em campo, avaliação subjetiva registrada em fichas próprias para cada serviço. Por definição, o monitoramento deve configurar-se como um processo de acompanhamento dos sistemas físicos, operacionais e ambientais das rodovias, durante o período da concessão, devendo ser desenvolvido e realizado pela concessionária com o objetivo de comprovar se as ações por ela praticadas satisfazem ou não ao conjunto de parâmetros de qualidade preestabelecidos e fixados no PER. Devido à natureza de um indicador de qualidade, e, principalmente, aos requisitos descritos no Capítulo 4.1, entendeu-se como o mais adequado utilizar-se exclusivamente a Avaliação Objetiva como fonte de dados primários. E, dentre as 13 medidas constantes nos relatórios de Avaliação Objetiva, as que se enquadraram nas citadas exigências foram as que seguem. 4.3.1 DADOS PRIMÁRIOS a) Quociente de Irregularidade Longitudinal ( QI ) Expressa as oscilações verticais irregulares e indesejáveis ( trepidações ) em função do deslocamento do veículo sobre o pavimento. A irregularidade longitudinal torna o rolamento sobre a superfície bastante desconfortável para o usuário, inseguro e antieconômico devido aos custos operacionais dos veículos. Este é um critério relevante para a aceitabilidade da rodovia visto mensurar o grau de conforto e suavidade de sua superfície. A seguir apresentamos um Quadro-Síntese que associa às contagens por quilômetros as várias condições do pavimento, especificando a contagem máxima estabelecida pelo DAER no PER Quadro 1 - Condições do pavimento quanto ao Quociente de Irregularidade de rodovias pavimentadas (QI) e meta exigida no PER em contagens por quilômetro. Condição Excelente Boa Regular Ruim Péssima Meta PER Fonte: PINTO e PREUSSLER (2002) Avaliação Objetiva/DAER - 2005 QI (contagem /km) 13-25 25-35 35-45 45-60 > 60 ≤ 59 b) Trilha de Rodas (TR) Expressa o aprofundamento longitudinal e contínuo do pavimento provocado pelo peso dos veículos. Além de afetar o conforto no deslocamento do veículo, impacta na segurança da trafegabilidade. 14 A unidade de medida da trilha de Rodas é em milímetros (mm), sendo de 10 mm o valor máximo de depressão no revestimento aceito pelo DAER no PER. c) Degrau Pista / Acostamento (DG) Expressa aspectos de segurança e pode ser mensurado através do grau de desnível identificado entre a pista de rolamento e o acostamento. Em condições normais poderá haver um pequeno desnível entre a pista e o acostamento, sendo de 5 cm a altura máxima de desnível aceito pelo DAER no PER. O Sistema Pavimento passa a ter nestes itens a), b) e c) a sua forma de avaliação através do controle da conformidade técnica das condições da pista e do acostamento. d) Retrorrefletividade (RT) Expressa a capacidade da pintura horizontal na pista de rolamento (Sinalização Horizontal) em refletir a luz, permitindo uma visualização adequada principalmente à noite e em condições climáticas adversas. A norma ABNT NBR 1423:2005 determina procedimentos para a avaliação da retrorrefletividade cuja unidade de medida é dada em mili-candelas por lux por m² (mcd.lx-1.m-2). Por sua vez, no PER, o valor mínimo para a retrorrefletividade inicial (de 24h a 48h após a aplicação da sinalização sobre o pavimento) é de 190 mcd.lx-1.m-2 e de 120 mcd.lx-1.m-2, respectivamente para a cor branca e cor amarela. Após este período, para a retrorrefletividade denominada residual, o valor mínimo aceito é de 80 mcd.lx-1.m-2. Este último valor é o estabelecido no PER como meta mínima a ser cumprida pelas Concessionárias. 15 Estes vários níveis de retrorrefletividade, considerando o período de tempo após a aplicação da pintura (inicial ou residual), conforme adotados pelos Departamentos de Estradas e Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) e do Rio Grande do Sul (DAER-RS), este último expresso no PER, bem como na ANTT em recente PPP da BR 116/324, estão apresentados no gráfico a seguir. Gráfico 1 - Níveis diversos para aceitação da retrorrefletividade Residual DER/MG 130 Inicial DER/MG Amarela 170 Inicial DER/MG Branca 220 Residual PER 80 Inicial PER Tinta Amarela 120 Inicial PER Tinta Branca 190 Residual ANTT - PPP (1) 120 0 50 100 150 200 -1 2 Retrorrefletividade (mcd.lx .m ) FONTE: DER/MG, PER/PECR-RS (1) Consulta Pública s/ Minuta de Edital e Contrato do PPP da BR-116/324 (BA). 4.3.2 FORMA DE APRESENTAÇÃO DOS DADOS PRIMÁRIOS Nos Relatórios Anuais de Avaliação Objetiva, especificamente no do ano de 2005, os dados das medições são apresentados em tabelas que especificam os sete Pólos de Concessão Rodoviária e respectivas Concessionárias, discriminando as rodovias que fazem parte de cada Pólo, segmentadas por trechos, estes últimos, por sua vez, desmembrados em quilômetros. Na medição da Retrorrefletividade há um detalhamento maior, pois as tabelas discriminam o bordo do Lado Esquerdo (LE), o bordo do Lado Direito (LD) e o eixo da rodovia. Abaixo apresentamos um quadro com os trechos e as respectivas extensões. As medições são apresentadas nas Avaliações Objetivas encaminhadas pelo DAER e seguem a distribuição por trecho especificada no quadro a seguir. 16 Quadro 2 – Extensão dos trechos utilizados nas planilhas de cálculo do IQP e IQS. Trecho Pólo / Concessionária Rodovia Extensão (Km) Metropolitano / Metrovias BR 116 Guaiba - Camaquã 98,00 BR 290 Eldorado do Sul - Pantano Grande 112,00 BR 290 Pantano Grande - Entr BR 153 93,00 BR 153 Entr BR 290 - Entr BR 392 25,55 RS 030 Gravataí - Osório 74,00 RS 040 Viamão - Pinhal 83,00 RS 784 Entr RS 040 - Cidreira 14,92 Caxias do Sul / Convias BR 116 Caxias do Sul - Campestre da Serra 62,74 BR 116 Caxias do Sul - Nova Petrópolis 30,10 RS 122 Caxias do Sul - Antônio Prado 46,48 RS 122 Caxias do Sul - Nova Milano 28,01 RST 453 Caxias do Sul - Nova Milano 6,42 RS 122 Caxias do Sul - Nova Milano (dupla LE) 9,00 Vacaria / Rodosul BR 285 Vacaria - Lagoa Vermelha 59,10 BR 116 Vacaria - Divisa RS/SC 35,32 BR 116 Vacaria - Campestre da Serra 38,24 Gramado / Brita RS 115 Gramado - Taquara 36,27 Gramado Nova Petrópolis RS 235 27,44 RS 235 Gramado – Canela LD 5,90 RS 235 Gramado – Canela LE 5,90 RS 235 Canela - São Francisco de Paula 27,14 RS 020 Contorno - São Francisco de Paula 6,38 RS 466 Canela - Caracol 7,24 RS 020 São Francisco de Paula – Taquara 21,60 Carazinho / Coviplan BR 285 Carazinho - Passo Fundo 40,00 BR 285 Carazinho - Panambi 52,50 BR 386 Carazinho - Sarandi 45,28 BR 386 Carazinho - Soledade 73,60 RST 153 Passo Fundo - Entr BR 386 39,02 Santa Cruz do Sul / BR 471 Santa Cruz do Sul - Pantano Grande 47,66 Santa Cruz RST 287 Santa Cruz do Sul - Tabaí 77,00 Santa Cruz do Sul Vila Paraíso RST 287 72,16 Lajeado / Sulvias BR 386 Estrela - Entr RST 287 39,72 BR 386 Lajeado - Soledade (Arroio Tatim -Lajeado) 91,42 RS 130 Lajeado – Guaporé 24,85 RS 129 Lajeado – Guaporé 59,30 RST 453 Estrela - Garibaldi 56,70 RST 453 Lajeado - Venâncio Aires 29,45 RS 128 Entr. BR 386 - Entr. RST 453 16,39 Fonte: Planilhas de cálculo/AGERGS. 17 4.4 AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇÃO O Código Estadual de Qualidade dos Serviços Públicos, Lei 11.075/982, determina dois indicadores para a avaliação das rodovias que são de simples compreensão, pois estabelecem a proporção do total das rodovias que estão adequadamente sinalizadas, isto é, percentual de quilômetros aprovados e a proporção do total das estradas em conjunto que necessitam manutenção, isto é percentual de quilômetros rejeitados. Assim, além de atender aos quesitos técnicos, como se demonstra a seguir, as medidas escolhidas atendem ao que está previsto na Lei para ser adotado como indicador de qualidade para o serviço de concessão rodoviária. 4.4.1 REFERIR-SE ÀS ETAPAS PRINCIPAIS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO E À INTERFACE COM OS USUÁRIOS O controle de conformidade expresso nas medidas aqui detalhadas, do QI, TR, DG e RT, vem ao encontro das variáveis, pavimento, acostamento e sinalização, apontadas pelo Usuário Voluntário em pesquisa de Opinião como atributos relevantes na sua percepção da qualidade do serviço de rodovias concedidas. 4.4.2 FORMULAÇÃO SIMPLES Dentre as variáveis disponíveis para avaliação dos atributos cobertos pelos indicadores aqui propostos, elegeram-se os mais facilmente compreensíveis pelo usuário e os que são facilmente obteníveis a partir dos relatórios anuais das avaliações objetivas. 4.4.3 DADOS DISPONÍVEIS E CONFIÁVEIS Nos relatórios anuais cada Pólo de concessão apresenta os seus resultados quanto ao atingimento das metas estabelecidas pelo DAER para os itens de controle do cumprimento do contrato. Logo, as medidas contidas nesses relatórios são regularmente disponibilizadas e têm confiabilidade verificável. 18 4.4.4 COBERTURA Por serem os dados primários oriundos dos Relatórios Anuais de Avaliação Objetiva cujos resultados são utilizados como “Proxies” para a geração dos Indicadores de Qualidade, o grau de cobertura existente nestes relatórios é que definirá a cobertura final dos Indicadores de Qualidade dos Pólos, da Sinalização(IQS) e do Pavimento(IQP). Cada empresa de consultoria contrata pelas Concesionárias para a realização das medições adota a sua própria metodologia, dentro da flexibilidade que as normas aplicáveis oferecem. Assim, determinados Pólos têm o Quociente de Irregularidade (QI) com valores apresentados de 320 metros em 320 metros, enquanto outros o fazem de quilômetro a quilômetro, podendo ou não o quilômetro inicial coincidir com o marco quilométrico da rodovia. Da mesma forma, no caso da medição da Fecha de Trilha de Roda (TR), encontramos situações em que o valor é apresentado para segmentos de um quilômetro e outros onde o valor é apresentado para segmentos de 10 (dez) quilômetros. Entretanto, apesar das diferenças, é de se frisar que a integralidade dos trechos concedidos é coberta por todas as medições escolhidas QI, TR e DG, não devendo haver segmentos que não apresentem valor para qualquer destes três itens de controle de conformidade utilizados no cálculo do IQP. Já para o Índice de Qualidade da Sinalização (IQS), o grau de cobertura é definido exclusivamente pelas medições da Retrorrefletividade (RT) aplicadas por segmentos de 10 km de extensão de cada faixa de demarcação: bordo lado esquerdo, lado direito (LE e LD) e eixo. 2 Art. 32, Inc.V e VI. 19 Ao longo de cada segmento de 10 km são eleitas três estações de medição, distantes em torno de 3 km entre si, sendo aleatoriamente escolhida a localização da primeira estação de medição, podendo a localização estar defasada com relação a cada uma das faixas de demarcação em análise. O grau de cobertura, portanto, será bastante satisfatório. Devido a diversidade dos métodos de medição da TR, do DG, do QI e da RT em termos de extensão de trecho, estas medições serão consideradas em segmentos de 10 metros. Isto permitirá conciliar tais itens de controle, garantindo a medida exata dos trechos sem arredondamentos nos extremos dos segmentos. 4.4.5 RASTREABILIDADE E AUDITORIA EXTERNA Como descrito no item anterior, o conjunto das medidas de RT, QI, TR e DG, que constituem o “input” para a geração do “output” Indicadores de Qualidade, provém da monitoração da malha rodoviária exigida pelo DAER no Projeto de Exploração da Rodovia (PER), que é parte integrante do Contrato de Concessão dos sete Pólos Rodoviários. Seguindo metodologia uniforme estabelecida pelo DAER, bem como normas técnicas de engenharia pertinentes ao Setor Rodoviário, essas medidas são levantadas anualmente por cada uma das sete concessionárias em atendimento às metas postas no Plano de Monitoramento que integra o PER. Os resultados destas medições dão origem aos Relatórios de Avaliação Objetiva, apresentados por Pólos de Concessão. Daí é que provém o que, para nós, constitui os nossos dados primários utilizados como “Proxies” para medir a qualidade do Serviço Concedido Rodovias. Para tanto, esses dados devem ter elevada confiabilidade. O pressuposto de confiabilidade aqui adotado se assenta no fato dos Relatórios de Avaliação Objetiva serem de responsabilidade da Autarquia Estadual que representa o poder concedente no âmbito dos transportes (DAER). Além disto, cada Concessionária explicita em seus relatórios o cumprimento da metodologia exigida pelo DAER, as normas técnicas de engenharia adotadas no segmento rodoviário, bem como as empresas de consultoria tecnicamente responsáveis pelas medições in loco. 20 Em que pesem estes aspectos, aprimoramentos ulteriores quanto à confiabilidade destas medições deverão incluir auditorias amostrais e aleatórias feitas periodicamente pelo agente regulador que poderá acompanhar em campo os procedimentos de medição executados pelas empresas contratadas. Já no que concerne à disponibilidade destas medições, devido aos Relatórios de Avaliação Objetiva estarem assentados em exigências contratuais, incluindo aí considerações de comparabilidade ao longo do tempo, esta fonte de dados primários pôde ser utilizada. Esta é uma qualificação fundamental do “input” utilizado, uma vez que a continuidade regular dessas informações é que permitirá a geração contínua do “output” Indicadores de Qualidade. 21 5. DESCRIÇÃO DOS INDICADORES PROPOSTOS Expressando o que foi proposto na Lei n.º 11.075/98, matematicamente temos: a) Índice de Sinalização Adequada (%) Índice dos km que b) requerem manutenção (%) = km com sinalização aprovada x 100 km total = km com pavimento rejeitado x 100 km total onde, tanto para a avaliação da Sinalização quanto para a avaliação do Pavimento temos: c) km total = km Aprovados + km Rejeitados Considerando que os quilômetros totais referem-se à extensão de um Pólo de Concessão Rodoviária, temos que a métrica adotada é a proporção da malha rodoviária de um pólo que é aprovada em termos de qualidade de sinalização e rejeitada em termos de qualidade de pavimento. Sem distorcer a proposta original posta legalmente, mas buscando dar uniformidade interpretativa e simplificar ainda mais a compreensão, a avaliação do Pavimento (equação ‘b’) também será feita pelo critério de aprovação. Então ficamos com os seguintes indicadores: a1) b1) Índice de Qualidade de Sinalização – IQS (%) Índice de Qualidade do Pavimento – IQP (%) = km com sinalização aprovada x 100 extensão total do Pólo (km) = km com pavimento aprovado x 100 extensão total do Pólo (km) Nas equações acima, para os conceitos de qualidade na sinalização e de qualidade no pavimento, buscou-se encontrar uma forma de medida concreta que melhor se aproximasse de tais conceitos. Para tanto, utilizamos como variáveis 22 “Proxies” os indicadores de conformidade estabelecidos pelo DAER no PER e que estão sinteticamente descritas no item anterior. Por exigência contratual, estes indicadores de conformidade são apresentados anualmente na Avaliação Objetiva por Pólo de Concessão. Sendo assim, na equação ‘a1’ o conceito de Sinalização foi aproximado pela utilização de uma única variável “Proxy”: a Retrorrefletividade (RT) que mede a sinalização horizontal. Com isto, o outro aspecto da Sinalização, a Sinalização Vertical ficou a descoberto. Esta limitação proveio da dificuldade de obtenção de uma “Proxy” adequada que indicasse a qualidade deste tipo de sinalização, uma vez que este aspecto não é atualmente medido no levantamento objetivo do DAER através de um indicador de conformidade específico. Desta forma, os segmentos de trecho do pólo terão a sua sinalização aprovada quando atingirem um valor de retrorrefletividade igual ou superior à meta de 80 mcd.lx-1.m-2 estabelecida no PER. Tal mensuração é feita para cada intervalo de 10 km de rodovia e considerada na etapa de avaliação, preparando os dados para o cálculo, em segmentos de 10 metros. Matematicamente temos a seguinte relação funcional nos intervalos de 10 metros: d) IQS = f (RT ≥ 80 mcd.lx-1.m-2) Como o Índice de Qualidade de Sinalização medido pelo critério posto em ‘d’ foi maciçamente atendido nos trechos do PECR para o ano em estudo de 2005, ficou visível a pouca sensibilidade do IQS para avaliar o nível de qualidade da sinalização horizontal dos trechos analisados. Isto se consubtanciou num nível de aprovação igual ou superior a 96% (IQS>96%) considerando-se todos os Pólos de Concessão rodoviária. Admitindo-se, assim, um elevado grau de aprovação dos trechos do PECR no ano de 2005, buscou-se uma nova medida que avançasse na acurácia da 23 mensuração da qualidade da sinalização dos Pólos que tiveram 100% de sua malha rodoviária aprovada. Nesses Pólos, uma adequada abordagem analítica conduziu à necessidade de se verificar a magnitude em que a sinalização horizontal transcendeu as metas estabelecidas no PER, cabendo mensurar o grau desta superação. Para tanto se elaborou, para os Pólos de Concessão com IQS=100%, um Índice de Superação da Meta Contratual (ISMC) mínima de 80 mcd.lx-1.m-2 de retrorrefletividade. Para tanto, inicialmente, consolidou-se por Pólo o conjunto dos dados de retrorrefletividade considerados em intervalos de 10 metros. Disto resultou um valor médio para a retrorrefletividade naquele Pólo especifico. A média harmônica foi a medida estatística empregada para consolidar o conjunto dos dados de retrorrefletividade medidos nos trechos de concessão. Se levarmos em consideração a significativa variabilidade destes dados de retrorrefletividade somado ao fato do usuário perceber na regularidade um aspecto positivo para a qualidade do serviço, a média harmônica se ajusta bem, pois é uma medida de tendência central que valoriza a homogeneidade do conjunto. Se houver segmentos com valores elevados ao mesmo tempo em que outros têm valores baixos, eventualmente até abaixo da meta mínima preconizada, a média harmônica do pólo será inferior àquela de outro onde os valores da retrorrefletividade sejam mais regulares, com menores desvios dentro do conjunto. Assim, pondera-se a média considerando que o maior grau de regularidade eleva a qualidade percebida. Desta forma, depois de obtido o valor médio da retrorrefletividade para cada um dos Pólos o relacionamos com o valor da meta mínima exigida no PER de 80 mcd.lx-1.m-2. Matematicamente temos a seguinte expressão: e) Índice de Superação da Meta Contratual no Pólo ISMC (%) = Média harmônica da retrorrefletividade do Pólo ( -1)x 100 Meta mínima adotada no PER 24 A expressão ‘e’ acima nos mostra em que magnitude, em termos percentuais, o Pólo em análise está acima do mínimo legalmente estabelecido para a Sinalização Horizontal. Indo agora do Sistema de Sinalização para a qualidade do Sistema de Pavimento medido pelo IQP (índice b1), adotamos como “Proxies” três medidas de conformidade exigidas no PER. Como o Sistema Pavimento engloba a Pista de Rolamento e o Acostamento, estes Subsistemas devem constar no indicador com suas respectivas medidas de conformidade à qualidade mínima exigida no PER. Sendo assim, como “Proxies” para a qualidade da Pista de Rolamento utilizou-se a medida do Quociente de Irregularidade (QI) e a Trilha de Rodas (TR), já para a qualidade do Acostamento adotou-se a medida do Degrau Pista/Acostamento (DG). O critério adotado para a aprovação do Sistema Pavimento é o atendimento, de forma simultânea, de cada uma das três medidas, QI, TR e DG, aos seus correspondentes valores máximos aceitáveis como meta no PER. Para conciliar a verificação das três medidas na avaliação simultânea (aprovado/ reprovado), desmembrou-se em segmentos de 10 metros as medições feitas nos intervalos de extensão característicos dessas medidas. Então, matematicamente temos a seguinte expressão no intervalo de 10 metros: f) IQP = f (QI ≤ 59 cont/km e TR ≤10 mm e DG ≤5 cm) Sendo assim, se pelo menos uma dessas medidas não atingir o padrão mínimo de conformidade no intervalo de 10 metros, mesmo que as demais atendam ou superem a meta contratual, o intervalo em análise será considerado reprovado. 25 Sintetizando, para cada Pólo de Concessão Rodoviária teremos os seguintes indicadores de qualidade de periodicidade anual, para o Sistema de Sinalização: a1) e) Índice de Qualidade de Sinalização – IQS (%) Índice de Superação da Meta Contratual no Pólo ISMC (%) Extensão com sinalização aprovada = x 100 Extensão total do Pólo = Média harmônica da retrorrefletividade do Pólo ( -1)x 100 Meta mínima adotada no PER E para o Sistema de Pavimento: b1) Índice de Qualidade do Pavimento – IQP (%) = Extensão com pavimento aprovado x 100 Extensão total do Pólo 26 6. APLICAÇÃO DOS INDICADORES PROPOSTOS PROBLEMAS ENCONTRADOS e SOLUÇÕES ADOTADAS Pela dificuldade de adquirir dados padronizados, devido às diferenças no formato em que foram enviados os relatórios pelas concessionárias, aos resultados das medições, algumas feitas em 320 metros para o QI outras aplicadas quilômetro a quilômetro para QI, TR e DG e a cada dez quilômetros feita para a RT, foram aplicados critérios gerais, ajustando este fluxo do “input” para o cálculo do “output” Indicadores de Qualidade. Estes ajustes referem-se à forma de análise das medições informadas, ao critério de classificação dessas medições, bem como ao ajuste nas extensões dos trechos informados nos relatórios de Avaliação Objetiva 2005. O primeiro destes ajustes visou aprimorar a forma de aproveitamento dos dados informados nos relatórios da Avaliação Objetiva. As medições do QI, TR, DG e RT ao serem consideradas na etapa de avaliação, preparando os dados para o cálculo, foram desmembradas em segmentos uniformes de 10 metros. Deste modo pôde-se elevar a acurácia na captação da informação, conciliando as avaliações simultâneas (QI, TR e DG) exigidas pela metodologia de cálculo do IQP. As medições do QI, TR, DG e RT são realizadas de formas diferentes, tendo unidades diversas e limites próprios, assim para chegarmos a um resultado, utilizando dados não semelhantes, trabalhou-se apenas com os conceitos “aprovado/reprovado”. Neste sentido cabe registrar que, aqueles segmentos de trecho que deveriam submeter-se a avaliações do QI, da TR, do DG ou da RT e cujas medições não foram informadas pela Concessionária foram classificados como reprovados, exceção feita aos casos em que se pode facilmente constatar o motivo para a não existência de medida e considerar isto como justificativa. 27 Quanto à extensão dos trechos, considerando que a referência contratual desta informação é aquela constante no Volume 1 do PER e que, ao longo do trabalho, verificou-se que as extensões dos trechos do PECR não coincidiam entre as diversas fontes consultadas, Cadastro do DAER (site DAER), Vol.1 Vol. 2 e Vol. 3 do PER, tornou-se indispensável aprofundar este cruzamento de dados. Através da triangulação dessas várias fontes de informação, concluiu-se ser mais adequado, para esta primeira abordagem, considerar as extensões de trecho informadas no Volume 1 do PER. Como consequência, alguns trechos utilizados no cálculo dos Indicadores de Qualidade divergiram daqueles informados na Avaliação Objetiva 2005. 28 Quadro 3 – Extensão dos trechos, por Pólos de Concessão, segundo o Volume 1 do PER. Trecho Pólo / Concessionária Rodovia Metropolitano / Metrovias BR 116 Guaiba - Camaquã BR 290 Eldorado - Pantano BR 290 Pantano - Entr BR 153 BR 153 Entr BR 290 - Entr BR 392 RS 474 Entr RS 239 - Entr RS 030 RS 030 Gravataí - Osório RS 040 Viamão - Pinhal RS 784 Entr RS 040 - Cidreira Caxias do Sul / Convias BR 116 Caxias do Sul - Campestre da Serra BR 116 Caxias do Sul - Nova Petrópolis RS 122 Caxias do Sul - Antônio Prado RST 453 Caxias do Sul - Nova Milano RST 453 Caxias do Sul - Nova MIlano Vacaria / Rodosul BR 285 Vacaria - Lagoa Vermelha BR 116 Vacaria - Divisa RS/SC BR 116 Vacaria - Campestre da Serra Gramado / Brita RS 115 Gramado - Taquara RS 235 Gramado - Nova Petrópolis RS 235 Gramado - Canela RS 235 Canela - São Francisco de Paula RS 235 Contorno - São Francisco de Paula RS 466 Canela - Caracol RS 020 São Francisco de Paula – Taquara Carazinho / Coviplan BR 285 Carazinho - Passo Fundo BR 285 Carazinho - Panambi BR 386 Carazinho - Sarandi BR 386 Carazinho - Soledade RST 153 Passo Fundo - Entr BR 386 Santa Cruz do Sul / BR 471 Santa Cruz do Sul - Pantano Grande Santa Cruz RST 287 Santa Cruz do Sul - Tabaí RST 287 Santa Cruz do Sul - Vila Paraíso Lajeado / Sulvias BR 386 Estrela - Entr RST 287(Tabaí) BR 386 Lajeado - Soledade RS 130 Lajeado – Encantado RS 129 Encantado – Guaporé RST 453 Estrela - Garibaldi RST 453 Lajeado - Venâncio Aires RS 128 Fazenda Vila Nova - Teutônia Fonte: PER/DAER. Extensão 98,00 112,00 93,00 25,55 35,00 74,00 83,00 14,92 62,74 30,10 46,48 28,01 6,42 59,10 35,32 38,24 36,27 27,44 5,90 27,14 6,38 7,24 21,60 40,00 52,50 45,28 73,60 39,02 47,66 77,00 72,16 39,72 91,42 24,85 59,30 56,70 29,45 16,39 Foi desconsiderado o trecho, Entr. RST 453 – Caxias, no segmento dos quilômetros 61 ao 71, pista dupla LE, por estar compreendido no segmento do trecho Nova Milano - Caxias do Sul. No trecho Gramado - Canela, rodovia RS 235, foram analisados em separado os lados direito e esquerdo, pois os trechos com pista dupla nos dois 29 sentidos da rodovia, quando não desmembrados, foram calculados como apenas um trecho, eliminando possíveis distorções na análise do trecho. 7. RESULTADOS 7.1 INDICADORES PROPOSTOS, POR PÓLO DE CONCESSÃO (2005) Nos gráficos e quadros que seguem apresentamos os resultados para o ano de 2005 dos dois Indicadores de Qualidade dos Pólos de Concessão Rodoviária: o Índice de Qualidade do Pavimento – IQP e o Índice de Qualidade de Sinalização – IQS. Faz-se mister registrar que, para a completa interpretação destes dois indicadores eles vêm acompanhados de ilustrações complementares que aprofundam as informações segundo critérios que aprimoram a interpretação. Assim temos que o Gráfico 2, IQP/2005, vem complementado pelo Quadro 4 que expressa um detalhamento em valores absolutos. O gráfico 3, IQS/2005, por sua vez, é acompanhado pelo gráfico 4 que apresenta o ISMC/2005 dos Pólos de Concessão que tiveram a totalidade da extensão de sua malha com sinalização aprovada. Finalmente, temos o Quadro 5 com os valores de média harmônica da retrorrefletividade de todos os Pólos de Concessão inclusive para aquele que não obteve 100% no IQS/2005. Deste modo, recomendamos que a leitura interpretativa tanto do IQP/2005 quanto do IQS/2005 não prescinda das ilustrações que os acompanham. 30 Gráfico 2 - Índice de Qualidade do Pavimento dos Pólos de Concessão Rodoviária - IQP/2005 100% 87% 90% 86% 81% 76% 80% 70% IQP/2005 73% 70% 64% 61% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Gramado Santa Cruz do Sul Carazinho Lajeado Caxias do Sul Metropolitano Vacaria PECR FONTE: Avaliação Objetiva/DAER – 2005 Quadro 4 - Extensão reprovada do pavimento, geral e segundo itens de reprovação e extensão total dos Pólos e do PECR ( Em Km ) Degrau Extensão Trilhas de roda Reprovada QI 10,81 0,00 43,00 43,00 39,61 144,50 51,42 332,34 4,14 26,60 3,40 26,41 8,00 27,00 0,00 95,55 4,78 14,55 2,54 11,09 14,98 26,20 0,00 74,14 18,61 26,90 48,54 75,71 55,59 180,50 51,42 457,27 Extensão Total do Pólo 137,87 250,40 317,83 182,75 500,47 132,66 1.718,80 Pólos Gramado 196,82 Santa Cruz Carazinho Lajeado Geral do Sul Caxias do Sul Metropolitano Vacaria PECR FONTE: Avaliação Objetiva/DAER – 2005 NOTA: À exceção do Pólo de Vacaria, em todos os demais Pólos a extensão geral reprovada é inferior ao somatório dos itens de reprovação devido o mesmo segmento ter sido reprovado simultaneamente em mais de um item. 31 7.1.1 ÍNDICE DE QUALIDADE DO PAVIMENTO – IQP O Índice de Qualidade do Pavimento – IQP expressa o percentual da extensão total do Pólo cuja qualidade do pavimento foi aprovada. O valor máximo possível para este indicador é de 100% no caso da Concessionária ter toda a extensão de sua malha rodoviária aprovada. Neste caso a Concessionária estará cumprindo as condições objetivas estabelecidas pelo DAER no PER no que concerne a qualidade do pavimento. Os valores do IQP inferiores a 100% estarão a indicar a existência de segmentos com problemas na qualidade do pavimento e, portanto, descumprimentos às exigências postas no PER. Assim, quanto menor o IQP menor é a proximidade da qualidade adequada preconizada pelo PER, devido a menor extensão relativa de segmentos aprovados. Há que se destacar que a abordagem do IQP é proporcional à extensão total do Pólo, expressando valores relativos, e não valores absolutos. Tal abordagem se não compreendida adequadamente pode levar a interpretações enviesadas, distorcendo os resultados. Devido a isto adicionamos o Quadro 4, como elemento complementar, logo abaixo do Gráfico 2, do IQP/2005. Nesse Quadro a abordagem é em termos absolutos, apresentando a quantidade total de quilômetros reprovados, discriminados por item de reprovação. Esta formatação do quadro permite identificar aqueles itens que mais pesaram para a reprovação no Pólo em análise. Na esteira destas ponderações, apresentamos a seguir os resultados do IQP/2005 no Gráfico 2 e o Quadro 4 complementando a análise. 32 7.1.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DE SINALIZAÇÃO - IQS O Índice de Qualidade de Sinalização – IQS, analogamente ao IQP, expressa o percentual da extensão do Pólo cuja qualidade de sinalização foi aprovada. Os valores IQS inferiores a 100% estarão a indicar descumprimentos da meta objetiva de retrorrefletividade, afastando-se da qualidade adequada preconizada pelo DAER. No caso da concessionária ter tido a sinalização de toda a extensão de sua malha rodoviária aprovada, o IQS assume o seu valor máximo possível de 100%. Neste caso, a concessionária estará cumprindo plenamente as condições objetivas de retrorrefletividade estabelecidas pelo DAER no PER. Este é o caso da quase totalidade das concessionárias em 2005 que superaram a meta mínima estabelecida no PER. Apenas o Pólo de Gramado não atingiu a plenitude deste Indicador. Sendo assim, para todos os demais Pólos que alcançaram IQS de 100%, calculamos o Índice de Superação da Meta Contratual – ISMC, como o exposto no Gráfico 4, ISMC/2005. O ISMC expressa o grau, em termos percentuais, em que a sinalização horizontal superou, em média, a meta contratual. Deste modo, mesmo os menores valores do ISMC/2005 estarão a indicar que a qualidade da sinalização foi igual ou superior ao mínimo exigido no contrato em toda a extensão do Pólo em análise. Isto ocorreu em seis dos sete Pólos de Concessão. Portanto, o Gráfico 4 mostra os diferentes graus de superação da meta, isto é, as magnitudes diferentes em que as concessionárias transcenderam a meta mínima de retrorrefletividade de 80 mcd.lx-1.m-2.. Se, por exemplo, o valor médio de retrorrefletividade do Pólo superar 160 mcd.lx-1.m-2, o ISMC ultrapassará o valor de 33 100%, indicando que o valor médio atingido no Pólo é mais do que o dobro do mínimo exigido pelo DAER. Finalmente, esses valores de retrorrefletividade consolidados por Pólo constam no Quadro 5 onde comparamos o valor da meta mínima de retrorrefletividade exigida no contrato com os valores médios efetivamente alcançados em cada Pólo de Concessão. Para calcularmos por Pólo o valor consolidado da retrorrefletividade aplicamos a média harmônica, pois ela valoriza a homogeneidade do conjunto, considerando que o maior grau de regularidade eleva a qualidade percebida. 34 Gráfico 3 - Índice de Qualidade da Sinalização dos Pólos de Concessão Rodoviária - IQS/2005 120% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Santa Cruz do Sul Lajeado Metropolitano Vacaria Caxias do Sul Carazinho IQS/2005 100% 100% 96% 80% 60% 40% 20% 0% FONTE: Avaliação Objetiva/DAER - 2005 Gramado PECR Pólos Gráfico 4 - Índice de Superação de Meta Contratual ISMC/2005 Retorrefletividade 121% 120% 101% ISMC/2005 100% 89% 80% 83% 68% 66% 55% 60% 40% 20% 0% Santa Cruz do Sul Lajeado FONTE: Avaliação Objetiva/DAER 2005 Metropolitano Vacaria Caxias do Sul Carazinho PECR Pólos 35 Quadro 5 - Valor mínimo de Retrorrefletividade exigido PER (Meta PER). Média Harmônica por Pólos de Concessão e média geral do PECR Pólo Média Harmônica dos Valores da Retrorrefletividade (mcd/lx/m2) Meta PER 80 Santa Cruz do Sul 177 Lajeado 160 Metropolitano 151 Gramado 145 Vacaria 134 Caxias do Sul 133 Carazinho 124 PECR 146 FONTE: Avaliação Objetiva/DAER - 2005 36 7.2 RESULTADOS PARCIAIS, SEGMENTADOS POR TRECHO CONCEDIDO (2005) Visando aprofundar a abordagem da qualidade dentro de cada Pólo específico, avaliamos o grau de aprovação do pavimento e da sinalização em cada um dos trechos que compõem a extensão total do Pólo de Concessão. Dentre outros aspectos, esta abordagem permite, por exemplo, identificar quais o trechos dentro do Pólo que mais divergiram dos valores de seus indicadores IQP, IQS e ISMC. Os resultados são apresentados no Quadro 6, a seguir. 37 Quadro 6 - Avaliação do Pavimento e da Sinalização por Pólos de Concessão Rodoviária e Trechos - 2005 Pólo / Rodovia Concessionária Carazinho / Coviplan 98,00 88% 100% Pantano Grande - Entr. BR/153 93,00 68% 100% 118% Eldorado do Sul - Pantano Grande 112,00 25% 100% 95% Entr. BR/290 - Entr. BR/392 25,55 23% 100% Gravataí - Osório 74,00 82% Guaíba - Camaquã BR/290 BR/290 64% Aprovação IQS 100% 100% 99% Viamão - Pinhal 83,00 79% 100% 83% RS/784 Entr. RS/040 - Cidreira 14,92 73% 100% 130% BR/116 Caxias do Sul - Campestre da Serra 62,74 73% 100% 75% Caxias do Sul - Nova Petropólis 30,10 58% 100% 60% Caxias do Sul - Antônio Prado 46,48 55% 100% 45% Caxias do Sul - Nova Milano 6,42 84% 70% 100% 100% 79% Caxias do Sul - Nova Milano ( Dupla LE ) 9,00 100% 100% 85% RS/122 Caxias do Sul - Nova Milano 28,01 86% 100% 84% BR/285 Vacaria - Lagoa Vermelha 59,10 42% 100% 61% BR/116 Vacaria - Divisa RS/SC 35,32 51% 100% 60% BR/116 Vacaria - Campestre da Serra 38,24 100% 100% RS/115 Gramado - Taquara 36,27 86% 100% RS/235 Gramado - Nova Petrópolis 27,44 97% 100% RS/235 Gramado - Canela (LD) 5,90 100% 59% RS/235 Gramado - Canela (LE) 5,90 95% RS/235 Canela - São Francisco de Paula 27,14 91% RS/020 Contorno de São Francisco de Paula 6,38 0% 86% RS/466 Canela - Caracol 7,24 100% 100% RS/020 São Francisco de Paula - Taquara 21,60 83% 93% BR/285 Carazinho - Passo Fundo 40,00 73% 100% 62% BR/285 Carazinho - Panambi 52,50 83% 100% 63% BR/386 Carazinho - Sarandi 45,28 86% BR/386 Carazinho - Soledade 73,50 80% 61% 87% 81% 83% 100% 100% 100% 96% 100% 100% - 32% 39,02 81% 100% 87% 99% 100% 107% 100% 77,00 81% 72,16 84% 100% 108% 39,72 90% 100% 109% 100% 146% BR/386 Estrela - Entr. RST/287 BR/386 Arroio Tatim - Lajeado 91,42 58% 100% 97% RS/130 Lajeado - Guaporé 24,85 96% 100% 140% Lajeado / Sulvias RS/129 Lajeado - Guaporé RST/453 Estrela - Garibaldi 59,30 87% 56,70 72% RST/453 Venâncio Aires - Lajeado 29,45 73% 100% 87% RS/128 16,39 98% 100% 114% Entr. BR/386 - Entr. RST/453 76% 100% 100% 68% 55% 48% 47,66 86% 66% - BR/471 Santa Cruz do RST/287 Santa Cruz do Sul - Tabaí Sul / Santa Cruz RST/287 Santa Cruz do Sul - Vila Paraíso 89% 89% RST/153 Passo Fundo - Entr. BR/386 Santa Cruz do Sul - Pantano Grande ISMC 76% RS/040 BR/116 Caxias do Sul / RS/122 Convias RST/453 (Univias) RS/122 Gramado / Brita Qualidade da Sinalização Superação da Meta 70% BR/116 Metropolitano / BR/153 Metrovias (Univias) RS/030 Vacaria / Rodosul Trecho (oficial) Qualidade do Pavimento Extensão (km) Aprovação IQP 100% 98% 94% Fonte: Avaliação Objetiva/DAER – 2005 38 121% 101% 7.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS Na análise dos valores do Índice de Qualidade do Pavimento – IQP apresentados no Gráfico 2, verificamos que em 2005 todos os Pólos de Concessão situaram-se abaixo de 100% – valor máximo possível para este indicador. Isto significa que em nenhum Pólo as condições objetivas estabelecidas pelo DAER quanto ao pavimento foram integralmente atingidas. Sendo assim, em todos os pólos foi descumprida pelo menos uma das três metas quanto ao Degrau Pista /Acostamento, Trilha de Rodas e Quociente de Irregularidade (QI), como pode ser observado no Quadro 4. O conjunto das rodovias que compõem o PECR apresentou um percentual de 73% de aprovação no que se refere à qualidade do pavimento – IQP. A maioria dos sete Pólos obtiveram IQP superior ao geral do PECR, na ordem: Gramado com IQP de 87%, Santa Cruz do Sul com IQP de 86%, Carazinho com IQP de 81% e Lajeado com IQP de 76%. Sendo assim, os Pólos de Gramado e de Santa Cruz do Sul foram os que apresentaram em 2005 a maior proporção de malha aprovada no sistema pavimento. Diversamente, os Pólos que obtiveram os menores IQPs foram: Caxias do Sul com IQP de 70%, Metropolitano com IQP de 64% e Vacaria com IQP de 61%. Destaque-se que faz parte deste conjunto o Pólo Metropolitano, o maior do PECR, pois a sua extensão de 500,5 quilômetros abarca 29% do total da malha concedida de 1.718,8 quilômetros. Note-se que o Pólo de Vacaria só foi reprovado no quesito Degrau Pista/Acostamento como pode se observado no Quadro 4. Isto converge com o principal quesito de reprovação geral do PECR. Dos 457,27 quilômetros reprovados no âmbito do Programa, 332,34 o foram devido ao item Degrau Pista/Acostamento, enquanto a Trilha de Rodas e o Quociente de Irregularidade reprovaram, respectivamente, 95,55 e 74,14 quilômetros do total da malha concedida. 39 Como nenhum pólo ficou isento de algum grau de reprovação, não há que se falar em Índice de Superação de Meta Contratual quanto ao Pavimento. Já a seguir, quando analisarmos a qualidade de sinalização – IQS, veremos que tal abordagem far-se-á pertinente. Neste sentido, no Gráfico 3 quanto à qualidade da sinalização, o Programa apresentou 99,66% de aprovação quando observado na sua totalidade – IQS de 100% devido ao arredondamento. Dos sete pólos abrangidos, apenas o Pólo de Gramado com IQS de 96% não atingiu o valor máximo possível para este indicador. Portanto, constata-se que no âmbito do PECR houve um grau maciço de cumprimento da meta de retrorrefletividade – medida esta utilizada como “Proxy” para a geração do IQS. Como pode ser observado no Quadro 5, a média de retrorrefletividade em todos os Pólos superou a meta mínima estabelecida no PER. Registre-se que, mesmo Gramado tendo apresentado alguns segmentos de rodovia abaixo do mínimo exigido para a retrorrefletividade, por isto IQS de 96%, os demais segmentos de sua malha rodoviária que tiveram valores acima do exigido geraram, no conjunto, um valor médio acima da meta do PER. Mesmo assim, por terem ocorrido alguns segmentos com retrorrefletividade abaixo do exigido, o Pólo de Gramado não foi considerado no cálculo do ISMC/2005 devido a própria natureza deste indicador. O ISMC só deve ser apresentado para os pólos com IQS de 100%, isto é, aqueles cuja integralidade de sua malha tenha sido aprovada em termos de sinalização. Sendo assim, a relação das retrorrefletividades médias de cada Pólo com a meta mínima exigida no PER, excluindo Gramado, gerou o Índice de Superação da Meta Contratual – ISMC apresentado no Gráfico 4. Como o ISMC expressa, em termo percentuais, em que grau a média de retrorrefletividade do pólo superou a meta exigida, este indicador pode ultrapassar o valor de 100%. Este, por exemplo, é o caso do Pólo de Santa Cruz do Sul. Enquanto 40 em Santa Cruz do Sul a média de sinalização foi mais do que o do dobro da meta exigida, com ISMC de 121%, em Lajeado tal medida foi pouco acima do dobro do exigido, com um ISMC de 101%. A seguir temos o Pólo Metropolitano com ISMC de 89%. Por outro lado, destaque-se que valores menores deste indicador também indicam que a Concessionária transcendeu a exigência de retrorrefletividade. Deste modo, o valor de ISMC de 55% no Pólo de Carazinho está a indicar que a sua retrorrefletividade média superou a exigência em mais de 50%. Por fim, abordando o PECR como um todo, tal magnitude de superação da meta de retrorrefletividade foi bastante elevada, com um ISMC de 83%. 41 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a continuidade dos trabalhos e o amadurecimento de conclusões oriundas do trabalho em conjunto, lançamos as bases para a criação de instrumentos de monitoração contínua da qualidade no âmbito do PECR. Para isto, apresentamos os Indicadores de Qualidade propostos – IQP, IQS e ISMC, bem como calculamos os seus valores para o ano de 2005. Com isto não temos a pretensão de esgotar a matéria, pois aprimoramentos constantes surgirão como uma condição natural da continuidade de aplicação da metodologia aqui proposta. Aprimoramentos estes entendidos de forma ampla, abarcando a formatação dos indicadores, os indispensáveis ajustes nos dados primários, bem como o necessário aprimoramento no fluxo contínuo de informações provenientes das Concessionárias e do Poder Concedente. Neste sentido, concernente à origem dos dados, constatamos que as informações não são uniformizadas, variando o padrão e a forma com que os dados são apresentados nos diferentes Pólos de Concessão. Nas planilhas não há referência explícita ao período em que foi realizada cada medição. Ainda, há diferença com relação à extensão informada no PER e a decorrente das quilometragens inicial e final efetivamente medidas. O estudo também buscou estabelecer critérios para os trechos não informados nos dados de origem, considerado-os como reprovados no cálculo dos índices, exceção feita aos casos em que se pode facilmante constatar o motivo para a não existência de medida e considerar isto como justificativa. Então, faz-se indispensável que nas medições de 2006 o segmento não informado tenha justificativa para a não medição, sob pena de ser considerado reprovado. Outro aprimoramento que sugerimos quanto aos dados primários é uma maior precisão na apresentação dos dados lançados no trecho da rodovia, utilizando talvez a georeferência para os segmentos medidos e com levantamentos mais freqüentes dos dados de origem. 42 Já quanto à formatação dos indicadores, os estudos também não se esgotam por aqui, pois há que se aprofundar o conjunto de variáveis que compõem o Índice de Qualidade do Pavimento – IQP e o Índice de Qualidade de Sinalização – IQS, com uma maior utilização do universo de dados referentes ao Setor de Rodovias Concedidas. Este processo deve sempre estar acompanhado da participação dos usuários dos serviços através de Pesquisas de Opinião como as que deram origem à formatação dos Indicadores aqui propostos. Em que pesem os possíveis aprimoramentos que advirão no futuro, os resultados aqui obtidos fornecem uma visão consolidada da qualidade das rodovias concedidas no ano de 2005 não só ao Agente Regulador mas, também e, principalmente, a todos os agentes envolvidos e interessados neste processo de concessão. 43 BIBLIOGRAFIA BRASIL, Lei Federal 8.987 de 13/02/1995 RIO GRANDE DO SUL. Lei Estadual 10.931/97, de 09/01/97. Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. RIO GRANDE DO SUL. Lei Estadual 11.075/98, de 06/01/98. Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. RIO GRANDE DO SUL. Lei Estadual 11.545 de 22/11/2000 Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. RIO GRANDE DO SUL. Projeto de Exploração de Rodovias (PER). DAER – Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem, Porto Alegre, RS. RIO GRANDE DO SUL. Avaliação Objetiva, dezembro/2005. DAER – Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem, Porto Alegre, RS. 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